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AULA 3

LAJES – PARTE 1
Profª Caterina Maria Pabst Veronese
caterina.veronese@estacio.br
Aula 3 – Lajes _ parte 1

• Unidade 2: Lajes Retangulares de Concreto Armado


2.1 Tipos de lajes
2.2 Carregamentos
2.3 Pré-dimensionamento
2.4 Determinação de Esforços
2.5 Dimensionamento a flexão simples
2,5.1 Estado limite último
2.5.2 Diagrama de tensões parábola-retângulo e retangular
2.5.3 Domínios de deformação
2.5.4 Cálculo prático com o uso de tabelas adimensionais
2.6 Prescrições da Norma e Detalhamento
2.7 Representação de projeto e lista de armadura
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As lajes são classificadas como elementos planos bidimensionais, que são aqueles onde
duas dimensões, o comprimento e a largura, são da mesma ordem de grandeza e muito maiores que
a terceira dimensão, a espessura. As lajes são também chamadas elementos de superfície, ou placas.

A principal função das lajes é receber os carregamentos atuantes no andar, provenientes do uso
da construção (pessoas, móveis e equipamentos), e transferi-los para os apoios.

Podem ser classificadas segundo diferentes critérios, como:

- Preenchimento;

- Tipo de apoio;

- Técnicas de moldagem.
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Quanto ao preenchimento as lajes podem ser maciças ou nervuradas. As lajes maciças são
totalmente preenchidas por concreto. As lajes nervuradas são preenchidas com algum tipo de material
inerte ou são ocas entre nervuras de concreto armado.

Quanto ao tipo de apoio as lajes podem ser:

- Lajes unidirecionais apoiadas sobre vigas ou paredes estruturais;

- Lajes bidirecionais apoiadas sobre vigas ou paredes estruturais;

- Lajes apoiadas sobre pilares.

Quanto à técnica de moldagem as lajes podem ser moldadas no local ou pré-moldadas.


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3.2.1.1 LAJES MAÇICAS

- a é aquela onde toda a espessura é composta por concreto;

- concebida no processo de obra;

- espessuras que normalmente variam de 7 a 15cm;

- contendo armaduras longitudinais de flexão e eventualmente armaduras transversais

- executada A partir da combinação de fôrmas que garantem a superfície onde o concreto é despejado

sobre a armadura de aço.


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3.2.1.1 LAJES COGUMELO

- as cargas e outras ações são transferidas diretamente aos pilares;

- podem ser maciças, de concreto armado ou protendido, ou incorporadas com material inerte, formando

lajes nervuradas

- pode dispor de capitel, quadrado ou circular, cuja laje se apoia sobre o mesmo.

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3.2.1.2 LAJES NERVURADAS

- Uma laje nervurada é constituída por um conjunto de vigas que se cruzam, solidarizadas pela mesa,

Esse elemento estrutural terá comportamento intermediário entre o de laje maciça e o de grelha;

- Segundo a NBR 6118:2003, lajes nervuradas são "lajes moldadas no local ou com nervuras pré-

moldadas, cuja zona de tração é constituída por nervuras entre as quais pode ser colocado material
inerte."

- Obs.: tais como blocos de cerâmica, de concreto celular, ou de EPS (isopor), que não contribuem para a

resistência final.

- a zona de tração é constituída por nervuras e a zona de compressão por uma mesa.

- A principal função dos elementos inertes é propiciar o alívio do peso da estrutura pela retirada de

material da zona tracionada do concreto e melhorar a eficiência da estrutura.


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3.2.1.2 LAJES NERVURADAS

- Resultantes da eliminação do concreto abaixo da linha neutra, elas propiciam uma redução no peso

próprio e um melhor aproveitamento do aço e do concreto. A resistência à tração é concentrada nas


nervuras, e os materiais de enchimento têm como função única substituir o concreto, sem colaborar na
resistência.

- Essas reduções propiciam uma economia de materiais, de mão-de-obra e de fôrmas, aumentando

assim a viabilidade do sistema construtivo. Além disso, o emprego de lajes nervuradas simplifica a
execução e permite a industrialização, com redução de perdas e aumento da produtividade,
racionalizando a construção.

- As lajes nervuradas podem ser moldadas no local ou podem ser executadas com nervuras pr é -

moldadas.

-
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3.2.2.1 LAJES MOLDADAS IN LOCO

- Todas as etapas de execução são realizadas "in loco". Portanto, é necessário o uso de fôrmas e de
escoramentos, além do material de enchimento. Pode -se utilizar fôrmas para substituir os materiais
inertes.

-
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3.2.2.2 LAJES PRÉ FABRICADAS

- Produzidas através de processos industriais;

- são projetadas de forma criteriosa para que tenham resistência e leveza;

- o cálculo estrutural é muito cuidadoso e adota-se rigoroso controle de qualidade dos materiais

utilizados;

- Com grande resistência e regularidade dimensional são excelentes opções para diversos tipos de

construção.
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3.2.2.2.1 LAJES COM VIGOTAS DE CONCRETO ARMADO E LAJOTAS CERÂMICAS

- seu funcionamento é unidirecional e equivalente às lajes nervuradas armadas em uma única direção;

- as vigotas possuem a forma de um “T” invertido cuja altura varia entre 8 a 9 cm

- a da laje corresponde a soma das alturas dos blocos com o capeamento.


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3.2.2.2.2 LAJES TRELIÇADAS

- sistema constituído por uma laje nervurada, unidirecional, onde as vigotas treliçadas são intercaladas

com elementos inertes em conjunto a uma capa de concreto.

- Essas lajes possuem grande capacidade de carga conseguindo vencer vãos relativamente grandes (10

a 15 m);

- O modelo estrutural é composto por uma treliça espacial, hiperestática, com banzos paralelos e nós

rígidos;

- Os elementos inertes podem ser blocos de cerâmica ou de EPS (isopor)

-
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3.2.2.2.2 LAJES TRELIÇADAS


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3.2.2.2.3 LAJES PAINÉIS TRELIÇADAS

Essa tipologia de laje pré-fabricada assemelha-se muito às lajes treliçadas com lajotas
cerâmicas e com isopor, contanto, neste caso, utiliza apenas as vigotas de concreto com armação
treliçadas em largura superior aos casos anteriores, que então, são instaladas lado a lado.
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3.2.2.2.4 LAJES AVEOLARES

Compostas por painéis protendidos de grandes dimensões, permitem vencer grandes vãos,
indicadas a projetos de grande porte.
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3.2.2.2.4 LAJES AVEOLARES


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As bordas de uma laje podem ser:

- Borda livre, sem apoio algum;

- Borda simplesmente apoiada;

- Borda engastada.
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Normalmente considera-se um engaste nas bordas em que a laje apresenta continuidade. O


engastamento é promovido pela laje adjacente.
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- Quando as lajes adjacentes têm espessuras muito diferentes, apenas a menor é considerada engastada

na maior.

- Quando o momento negativo em uma das lajes é muito maior que na laje adjacente (mais que o dobro),

a de menor momento negativo deve ser considerada engastada e a de maior momento negativo deve
ser considerada apoiada.

- Em situações em que não é evidente o modo como a borda de uma laje se vincula na vizinha,

recomenda-se analisar as duas possibilidades, (simplesmente apoiada e engastada) e dimensiona-la


para com os maiores esforços obtidos em cada situação. (momentos negativos para o caso da borda
consideradas engastada, e momentos positivos para a borda admitida como simplesmente apoiada).

- As situações de lajes justapostas com espessuras muito diferentes também deve ser analisada com

cuidado e, se for o caso, deve-se verificar as duas possibilidades (simplesmente apoiadas e


engastadas).

-
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- Pode acontecer de uma laje ter uma borda parcialmente engastada


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- Se a laje for unidirecional, pode ser dividida em trechos diferentes: um para cada condição de

apoio.

- Os métodos simplificados para cálculo do momento em lajes bidirecionais consideram apenas

uma condição de apoio para cada borda. Desta forma, é preciso utilizar um critério para
determinação do tipo de apoio a ser considerado. Levando em conta as distâncias mostradas
na figura na figura anterior, pode ser adotado o seguinte critério:

• Se , 𝑙1 ≤ 𝑙 3considera-se borda totalmente apoiada;

• Se, 𝑙 ≤ 𝑙1 < 2∗𝑙 calculam-se os esforços para as duas situações e adotam-se os


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maiores valores de momentos positivos e negativos;

• Se, 𝑙1 ≥ 2∗𝑙 3considera-se borda totalmente engastada.


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As cargas atuantes nas lajes podem ser:

- permanentes, devidas ao peso próprio, contra-piso, revestimento, paredes, etc.;

- acidentais, decorrentes das condições de uso da laje (residência, escritório, escola, biblioteca, etc.).

3.3.1 PESO PRÓPRIO:

O peso próprio é calculado para cada metro quadrado de laje. Portanto, sua unidade será em
unidade de peso por unidade de área, 𝑘𝑁 𝑚2 , por exemplo. O peso específico do concreto
armado é de25 𝑘𝑁 𝑚3 . Desta forma, o peso próprio de uma laje é determinado por:

- ℎ = espessura da laje;

𝑝𝑝 = ℎ ∗ γ𝑐 - γ𝑐 = peso específico do concreto armado, em 𝑘𝑁 𝑚3 .


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3.3.2 PESO DE REVESTIMENTO DE PISOS E FORROS:

O cálculo do peso de cada camada de revestimentos também deve ser feito por metro
quadrado de laje. Para tanto, deve ser consultado o projeto arquitetônico, do qual se obtém as
espessuras das camadas. Caso não esteja indicado no projeto, pode ser consultado o
construtor. O peso de cada camada de revestimento é determinado por:

- 𝑒 = espessura da camada;
𝑝𝑟 = 𝑒 ∗ γ𝑟
- γ𝑟 = peso específico do material considerado.

*A NBR 6120 (1980) fornece valores de pesos específicos de diversos materiais

.
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3.3.3 PESO DE REVESTIMENTO DE PISOS E FORROS:

Para materiais de acabamento ou coberturas, podem ser adotados os seguintes valores,


considerando pesos por unidade de área:

cerâmica ................................................................................................................................ 0,70 kN/m2


tacos ...................................................................................................................................... 0,65 kN/m2
cobertura de telhas francesas (com vigamento) ................................................................. 0,90 kN/m2
cobertura de telhas coloniais (com vigamento) .................................................................. 1,20 kN/m2
cobertura de fibro-cimento (com vigamento) ...................................................................... 0,30 kN/m2
cobertura de alumínio (com vigamento) ............................................................................. 0,16 kN/m2
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A ABNT NBR 6120 apresenta uma série de valores que podem ser assumidos para as cargas acidentais
que venham a constituir carregamento em lajes. Alguns valores são reproduzidos a seguir:

arquibancadas ................................................................................................................ 4,0 kN/m2


Bibliotecas
sala de leitura .................................................................................................................. 2,5 kN/m2
sala para depósito de livros ............................................................................................. 4,0 kN/m2
sala com estantes ............................................................................................................ 6,0 kN/m2
Cinemas
plateia com assentos fixos .............................................................................................. 3,0 kN/m2
estúdio e plateia com assentos móveis ........................................................................... 4,0 kN/m2
banheiro ........................................................................................................................... 2,0 kN/m2
Corredores
com acesso ao público .................................................................................................... 3,0 kN/m2
sem acesso ao público .................................................................................................... 2,0 kN/m2
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Edifícios residenciais
dormitório, sala, copa, cozinha e banheiro ...................................................................... 1,5 kN/m2
dispensa, área de serviço e lavanderia ........................................................................... 2,0 kN/m2
Escadas
com acesso ao público .................................................................................................... 3,0 kN/m2
sem acesso ao público .................................................................................................... 2,5 kN/m2
Escolas
anfiteatro, corredor e sala de aula ................................................................................... 3,0 kN/m2
outras salas ..................................................................................................................... 2,0 kN/m2
Escritórios ........................................................................................................................ 2,0 kN/m2
forros sem acesso de pessoas ........................................................................................ 0,5 kN/m2
ginásio de esportes ......................................................................................................... 5,0 kN/m2
Hospitais
dormitório, enfermarias, sala de recuperação ou cirurgia, banheiro ............................... 2,0 kN/m2
corredor ........................................................................................................................... 3,0 kN/m2
lojas ................................................................................................................................. 4,0 kN/m2
restaurantes ................................................................................................................. 3,0 kN/m2
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teatros
palco .............................................................................................................. ......... ......... 5,0 kN/m2
platéia com assentos fixos ................................................................................................... 3,0 kN/m2
estúdio e platéia com assentos móveis ................................................................................. 4,0 kN/m2
banheiro ............................................................................................................................. ...... 2,0 kN/m2
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Determinar o carregamento em uma laje de edifício comercial. A laje terá de 10 cm de espessura, contrapiso
(argamassa de cimento e areia) de 1 cm, acabamento superior com tacos e acabamento inferior com forro de
gesso com 1 cm de espessura.

Dados:
γ𝑐𝑜𝑛𝑐𝑟𝑒𝑡𝑜 = 25𝑘𝑁 𝑚3
γ𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑝𝑖𝑠𝑜 = 21𝑘𝑁 𝑚3
γ𝑔𝑒𝑠𝑠𝑜 = 12,5𝑘𝑁 𝑚3
𝑔𝑡𝑎𝑐𝑜 = 0,65𝑘𝑁 𝑚3
ℎ𝑐𝑜𝑛𝑐𝑟𝑒𝑡𝑜 = 10cm
ℎ𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑝𝑖𝑠𝑜 = 1cm
ℎ𝑔𝑒𝑠𝑠𝑜 = 1cm
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3.3.4 PAREDES

As paredes podem ser consideradas como cargas concentradas ou serem uniformemente


distribuídas na laje.

Em geral, as paredes paralelas à menor direção de lajes unidirecionais são consideradas como
cargas distribuídas numa faixa da laje.
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3.3.4 PAREDES
Quando a parede é paralela ao maior vão de lajes unidirecionais, normalmente é considerada
como carga concentrada

Em lajes bidirecionais, o peso de parede costuma ser uniformemente distribuído em toda a laje,
dividindo-se o peso total pela área da laje.
Quando forem previstas paredes divisórias com posições indefinidas, pode ser adotado um
carregamento de paredes, uniformemente distribuído, igual a 1 kN/m2
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A altura útil de uma laje maciça de concreto é a distância do centro da armadura até a face
comprimida, onde d representa a altura útil.

Na figura é possível observar que a espessura, ou altura total, de lajes maciças pode ser
determinada por:
h: espessura da laje;
d: altura útil da laje;
ℎ =𝑑+∅ 2+𝑐 Ø: diâmetro da armadura (estimado, no caso de pré‐dimensionamento);
c: cobrimento nominal da armadura.
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A NBR 6118 (2007) apresenta valores de altura mínima para lajes:


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Para as lajes com bordas apoiadas e/ou engastadas, a altura útil pode ser pré‐dimensionada
por:

- n: número de bordas engastadas (bordas com lajes adjacentes);


2,5 − 0,1 ∗ 𝑛 ∗ 𝑙 ∗
𝑑= 𝑙𝑥
100 - 𝑙∗ ≤ 0,7 ∗ 𝑙
𝑦

onde:

- 𝑙𝑥 : menor vão da laje;

- 𝑙𝑦 : maior vão da laje;


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Para as lajes em balanço, pode‐se adotar o critério:

- 𝑙𝑥 : menor vão da laje;


𝑙𝑥 - φ: coeficiente que leva em consideração o tipo de aço utilizado,
𝑑=
0,5 ∗ φ segundo tabela:

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