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(Conto Tradicional)
Por que é que em Cabo Verde, sempre que passa uma iace
Otu dia, Nho Lobu tornâ bá kaza di Tia Ganga. El konkô na pórta, ma
minis ka abri-l pórta. Se vós inda ka staba sima di ses mai. Nho Lobu
tornâ bá kaza di Tubinhu. Tubinhu frâ m’el mestaba pratikâ kel vós
mas inda. Tanbe, el da-l un txifri p’el pô riba kabésa. Nho Lobu tuma
kel txifri y el pidi Tubinhu un kórda p’el marrâ-l na se kabésa. Na ben
k’el ta ben pa kaza, el ba biziâ Tia Ganga. Dipos el ba se kaminhu.
Tia Ganga ben txigâ. El konkô na pórta, mas ningen ka abri pórta. El
pintxâ pórta, el entrâ. El spiâ pa tudu kabu p’el odjâ s’el ta odjaba se
kabritinhu. Nada el ka atxâ. El konpô, el marrâ séti lénsu na kabésa, el
dâ kaminhu pa fêsta. Dj’el sabeba m’el ta atxaba Nho Lobu la.
Narrador – Agora: quem qué mas grande te bâ panhá, quem qu'ê mâs
peq'nin te bá cercá.
Este conto foi-me enviado por Rui, que fez uma interessante reflexão
sobre o mesmo em Aulil, a qual vos recomendo!
Gostei imenso desta versão da história do Ti Lobo, pois neste registo
gráfico faz-se uma forte aproximação fonética ao crioulo de Santo
Antão, e como lá trabalhei uns anos recordo esse falar com bastante
agrado. Achei também imensa piada às formiguinhas a dançar o colá
sanjon! Ê ke sabi! É na inclusão destes pequenos detalhes étnicos que
se enriquece a estória, fazendo dela algo de único, fruto do saber de
cada contador e de cada comunidade.
O Foguense Tem Sempre Razão!
Este conto foi-me relatado por um amigo da ilha do Fogo, que ma
contou como exemplo de caturrice dos foguenses. Reencontrei-a na
net em http://home.no.net/oaa/tiaganga.htm#_Toc34660866 .
Tradução:
Um homem do campo vai à vila. Ele leva o seu cachimbo dentro do
seu surrão. Antes de ele regressar ao campo, sentou-se na ponte
Xaguate, e fumou o seu cachimbo, enquanto esperava o seu
compradre. O compadre chegou, eles começaram a caminhar de
regresso a suas casas. Andaram, andaram, andaram. Até que
chegaram à ribeira do campo. Nisto, o homem teve vontade de fumar.
Procurou o cachimbo dentro do seu surrão, mas como tinha comprado
muita coisa (açúcar, bolachas, pirão, peixe, cebola, arroz, petróleo) na
vila, e tinha-as posto a todas no surrão, portanto não conseguia
encontrar o cachimbo.
O Sol inquietava-se. Nunca mais pôde ver a sua menina. Todos os dias
ele se levantava e percorria o povoado, a ilha toda, todos os
continentes, todos os cantos do mundo, perguntando, a todas as
criaturas que iluminava, pela menina mais linda que jamais tivessem
visto.
Perguntava ao mar:
- "Mar, não viste a criatura mais bela?"
O mar respondia: "Se mais bela que as minhas ondas pergunta então à
nuvem."
E o Sol, virando-se para a branca nuvem, perguntava: - "Não viste,
querida nuvem, a criatura mais bela?"
E a nuvem, empalidecida, sempre se julgara a mais bela - respondia:
- "Não, Senhor Sol, se não é a mim que procurais..."
Era assim todos os dias. E no final de cada dia, o Sol, exausto, caía de
sono na sua imensa cama no fundo do mar, para na manhã seguinte
despertar muito cedo e repetir o mesmo ciclo.