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1.4.

A tabela dos doze caminhos


Nesta secção vamos contar, sob várias condições, o número de funções de um con-
junto finito para outro. Para fixar ideias, sejam X e Y dois conjuntos finitos com,
respectivamente, n e m elementos. Quantas funções há de X para Y ? A resposta
é muito simples: há mn . Com efeito, cada elemento de X tem m possibilidades
“à escolha” para a sua imagem (qualquer elemento de Y ). Como há n elementos
em X temos, ao todo, m · m · . . . · m (n vezes) possibilidades.

Há dois tipos de modificações naturais que podemos fazer a este problema de
contagem. No primeiro tipo restringimos as funções a considerar: o caso geral
(tratado acima), o caso em que as funções são injectivas e o caso das funções
sobrejectivas. Três casos, portanto. O segundo tipo de modificação prende-se com
situações em que é interessante considerar duas funções diferentes como sendo a
“mesma”. Estas situações variam conforme se “vêem” os conjuntos X e Y consti-
tuı́dos por elementos distinguı́veis ou indistinguı́veis entre si. Ao todo, há quatro
possibilidades e, portanto, quatro modos diferentes de “encarar” funções de um
conjunto para outro. Temos estado a usar aspas pois estamos, indulgentemente, a
(ab)usar a terminologia usual sem dizer exactamente o que pretendemos, i.e., temos
estado a usar a terminologia usual em novos contextos ainda não completamente
esclarecidos. Vamos esclarecer estas novas situações através de alguns exemplos.

Sejam X = [4] e Y = {a, b, c}, com a, b e c elementos distintos dois a dois.


Considere-se a função f : X → Y definida pelo seguinte diagrama:
f
1 a
2 b
3 c
4

Podemos interpretar esta função como uma maneira de pôr quatro bolas, nume-
radas de 1 a 4, em três caixas, rotuladas de a, b e c :

1 3 2 4

a b c

Se considerarmos os elementos do conjunto X indistinguı́veis (i.e., as bolas indis-


tinguı́veis), qualquer função que coloque duas bolas na caixa a, uma na caixa b e
a outra na caixa c, é considerada igual a f . É, por exemplo, o caso da função
g
1 a
2 b
3 c
4

a que corresponde a seguinte arrumação:

63
2 3 4 1

a b c
A justeza da identificação das funções f e g fica patente se retirarmos os números
das bolas (as bolas são indistinguı́veis, não são?). Em ambos os casos fica-se com
a mesmı́ssima situação:

a b c
Outra hipótese consiste em considerar os elementos de Y indistinguı́veis, ao invés
dos de X (i.e., as caixas são indistinguı́veis, não as bolas). Neste caso, qualquer
função que coloque as bolas 1 e 3 na mesma caixa, a bola 2 noutra e a 4 na restante,
é considerada a mesma função que f . Nesta nova situação, a função g já não é
“igual” a f , pois g não coloca as bolas 1 e 3 na mesma caixa. A função
h
1 a
2 b
3 c
4

já é, porém, “igual” a f (neste contexto). A arrumação correspondente é:

2 4 1 3

a b c
Se apagarmos os nomes das caixas, ficamos com:

2 4 1 3

e o caso da função f dá a mesma coisa:

Abstraia-se da ordem das 1 3 2 4

caixas!
Finalmente, consideramos a situação em que tanto os elementos de X como os
elementos de Y são indistinguı́veis. Neste caso, qualquer função que coloque duas
bolas numa caixa, outra noutra e a restante na restante é considerada “igual” a f .
Neste contexto, tanto g, como h, são iguais a f . Qualquer uma destas três funções
determina a arrumação:

Com todas estas cambiantes, conforme f é injectiva, sobrejectiva ou qualquer, e


conforme X e Y são constituı́dos por elementos distinguı́veis ou indistinguı́veis,
The Twelvefold Way. temos ao todo doze possibilidades. Assim, se X tem n elementos e se Y tem m
elementos, podemos dispor as várias contagens de funções de X para Y de acordo
com a seguinte tabela:

64
f qualquer f injectiva f sobrejectiva A Tabela dos
! " Doze Caminhos
elem. de X dist. n n
n
1. m 2. m 3. m!
elem. de Y dist. m
# $ # $ # $
elem. de X indist. n+m−1 m n−1
4. 5. 6.
elem. de Y dist. n n m−1
m ! " ! "
elem. de X dist. % m n
7. 8. #n ≤ m# 9.
elem. de Y indist. k m
k=0

elem. de X indist.
10. pm (n + m) 11. #n ≤ m# 12. pm (n)
elem. de Y indist.

Discussão da tabela. 1. Este caso já foi discutido.

2. Dado um elemento de X, há m lugares à sua disposição. O próximo elemento


já só tem m − 1 lugares à disposição, pois a função é injectiva. O próximo tem
m − 2 lugares. E assim sucessivamente. Onde é que eu já vi isto!?

3. Por f ser sobrejectiva, toda a caixa tem que ter pelo menos uma bola (pode ter
mais que uma, pois não se está a exigir que f seja injectiva). Uma tal arrumação
&n'
equivale a separar as n bolas em m partes — há m maneiras de o fazer —
e, seguidamente, em pôr cada uma das partes numa caixa — para o que há m!
maneiras possı́veis.

4. O problema consiste em contar o número de maneiras de distribuir n bolas por


m caixas distintas, em que apenas interessa o número de bolas por caixa. Isto
equivale a pôr todas as bolas numa fila e em colocar m − 1 separadores entre elas. Atenção a este truque!
A situação em que há cinco bolas e três caixas e em que duas bolas na primeira
caixa, uma na segunda e duas estão na terceira corresponde à seguinte configuração
de bolas e separadores:
%% | % | %%

Se não se puserem bolas na primeira caixa, se puserem três na segunda e duas na


terceira, tem-se a representação:

| % % % | %%

Outro exemplo: a configuração

% % % % % ||

corresponde a pôr todas as bolas na primeira caixa. Esta ideia dos separadores
para as bolas permite efectuar facilmente a nossa contagem. O número de maneiras
de escolher m − 1 lugares (o sı́tio dos separadores) numa fila de comprimento
n + m − 1 (o comprimento da fila constituı́da pelas bolas e pelos separadores) é,
( )
como sabemos, n+m−1
m−1 . O resultado sai pela lei da simetria.

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5. Neste caso temos apenas uma bola por caixa (pois a função é injectiva). Sendo
as bolas indistinguı́veis, basta escolher as n caixas (de entre m) que vão ter as
bolas.

6. Este caso difere do caso 4 por ter que haver pelo menos uma bola em cada caixa.
Em termos de separadores, isto equivale a excluir que hajam separadores conse-
cutivos e, também, a excluir que as filas comecem ou terminem com separadores.
Como podemos contar este número de situações? Uma abordagem directa é de-
sesperante. Observe-se, no entanto, que uma distribuição deste tipo equivale a pôr
primeiramente uma bola em cada caixa (há apenas uma forma de efectuar esta
tarefa, pois as bolas são indistinguı́veis) e, de seguida, distribuir as restantes n− m
( ) ( n−1 )
bolas (indistinguı́veis) pelas m caixas — ao todo, (n−m)+m−1 n−m = n−m possibi-
Um ovo de Colombo!!? lidades de distribuição, de acordo com o caso 4. O raciocı́nio acima pressupõe que
não hajam mais caixas do que bolas (senão n − m vinha negativo). No caso de
haver mais caixas que bolas, é claro que não há nenhuma maneira de distribuir
pelo menos uma bola por caixa. Por outras palavras, se m > n, então a resposta é
0. A expressão que aparece na tabela ainda está correcta neste caso, desde que se
De agora em diante, ressalve que um coeficiente binomial é zero se a sua entrada inferior for negativa.
adoptamos esta
convenção. 7. Visto que as caixas são indistinguı́veis, pretende-se contar o número de ma-
neiras de particionar as n bolas em m ou menos aglomerados. Ou seja: ou num
só aglomerado, ou em dois aglomerados, ou em três aglomerados, . . . , ou em m
aglomerados. A resposta é, pois:
! " ! " ! " ! "
˘n¯ n n n n
Note que = 0 (se + + + ... + .
0
1 2 3 m
n != 0).

8. Há, quando muito, uma bola por caixa e pouco importa qual bola, pois todas
as bolas vão para uma caixa e estas são indistinguı́veis. (No caso 11 acontece
exactamente o mesmo.) Esta situação apenas é possı́vel, e de uma única maneira,
se houver pelo menos tantas caixas como bolas. Logo, a resposta é zero, se m < n,
e é um, se m ≥ n. Este é, talvez, o momento apropriado para introduzir uma
notação muito conveniente: a notação de Iverson. Dada uma propriedade R,
denotamos por #R# (e lê-se norma de R) o valor 1, se R é verdade, e o valor 0,
se R é falsa. Assim, #n ≤ m# é 1, se n ≤ m, e é 0, no caso contrário.

9. Este caso é como o caso 7, com a ressalva de que se tem de particionar as n


bolas em exactamente m partes (pois a função é sobrejectiva).

10. Pretende-se contar o número de maneiras de particionar n bolas em m ou


menos partes, não interessando individuar as bolas mas, tão somente, saber o
número de bolas por cada parte. Tal é o número de maneiras de decompor o
número n como soma de m ou menos parcelas positivas. Assim, a solução é:

p1 (n) + p2 (n) + · · · + pm (n).

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Por um corolário da secção anterior:
%m
pk (n) = pm (n + m). Analogamente ao caso 7,
k=0 note que p0 (n) = 0 (se
n != 0).
11. Este caso dá origem às mesmas situações do caso 8.

12. Esta contagem justifica-se pela primeira parte da discussão do caso 10.

O problema seguinte ilustra o “truque dos separadores” que usámos na justificação


da entrada 4 da tabela dos doze caminhos.

Problema. Sejam n e r números naturais positivos. Quantas soluções nos núme-


ros naturais tem a equação x1 + x2 + . . . + xn = r? Em que é que isto difere
das partições numéricas?
Resolução. As soluções da equação acima podem ser representadas univocamente
por meio de sequências binárias com r uns e n − 1 zeros utilizando o “truque dos
separadores”. Por exemplo, para n = 3 e r = 10, a solução: x1 = 5, x2 = 2 e x3 =
( )
3, é representada pela sequência 111110110111 . A solução é, pois, r+n−1
r . Os zeros são os
separadores!
Finalizamos esta secção com duas contagens simples. Uma função f : [n] → [m]
diz-se estritamente crescente se f (i) < f (j), sempre que 1 ≤ i < j ≤ n. Se
enfraquecermos a conclusão do condicional anterior para f (i) ≤ f (j), obtemos as
funções crescentes (ou crescentes em sentido lato, como muitos preferem denominá-
-las).

Teorema. Sejam n e m números naturais. Tem-se:


(m)
1. O número de funções estritamente crescentes de [n] para [m] é n .
( )
2. O número de funções crescentes de [n] para [m] é n+m−1
n .

Demonstração. Uma função estritamente crescente f : [n] → [m] fica univoca-


mente determinada pela sua imagem, i.e., pelos n valores que toma em [m]. Com
efeito, se {a1 , a2 , . . . , an } é a imagem de f e se a1 < a2 < . . . < an , então necessa-
riamente f (1) = a1 , f (2) = a2 , . . . , f (n) = an . Em suma, uma função estritamente
crescente de [n] para [m] fica univocamente determinada por um subconjunto de
[m] com n elementos.

Uma função crescente (em sentido lato) f : [n] → [m] não fica determinada mera-
mente pela sua imagem, já que a função não tem que ser injectiva. No entanto, é
fácil convencermo-nos que fica determinada pela quantidade de elementos de [n]
que pode atingir (via f ) cada elemento de [m]. Eis um exemplo que pode ser
elucidativo: pense-se no caso em que n = 4 e m = 5 e em que três valores têm
imagem 2 e um valor tem imagem 5 (claro que, então, nenhum valor tem imagem
1, nem 3, nem 4). Neste caso, a função é dada por: f (1) = 2, f (2) = 2, f (3) = 2
e f (4) = 5. Portanto, o problema consiste em contar o número de maneiras de
distribuir n “bolas” (os elementos de [n]) por m “caixas” (os elementos de [m]),
em que apenas interessa o número de “bolas” por “caixa”. No exemplo anterior, as
primeira, terceira e quarta caixas (os números 1, 3 e 4) não têm bolas, a segunda

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caixa (o número 2) tem três bolas (os números 1, 2 e 3) e a quinta caixa (o
número 5) tem uma bola (o número 4). Bom, este problema foi resolvido na
entrada número quatro da tabela dos doze caminhos.

Exercı́cios

1. Lançam-se cinco dados indistinguı́veis. Quantos resultados é que pode haver?

2. Um corpo eleitoral de N pessoas é chamado a votar (por voto secreto) em 5


candidatos para a presidência da Associação dos Amantes das Ervas Dani-
nhas. Não são permitidas abstenções, mas é possı́vel votar em branco. De quantas
maneiras pode resultar o escrutı́nio?

3. Considere a seguinte situação: uma caixa contém n bolas diferentes, r das quais
são retiradas uma a uma. Qual o número de diferentes extracções se . . .
(a) . . . procedermos com reposição (i.e., sempre que se retira uma bola ela
é imediatamente reposta na caixa) e considerarmos a ordem pela qual as
bolas são retiradas.
(b) . . . procedermos sem reposição e considerando a ordem pela qual as bolas
são retiradas.
(c) . . . procedermos sem reposição e sem considerar a ordem pela qual as bolas
são retiradas.
(d) . . . procedermos com reposição e sem considerar a ordem pela qual as
bolas são retiradas.

*4. Liste todas as funções estritamente crescentes e todas as funções crescentes


de [2] para [4].

*5. Na demonstração do ponto 2 do último teorema desta secção, descrevemos


implicitamente uma bijecção entre o conjunto das funções crescentes de [n] para
[m] e o conjunto de todas as funções de [n] para [m] em que se considera o conjunto
[n] formado por elementos indistinguı́veis. De acordo com esta bijecção, quais são
as funções crescentes que correspondem às funções:
(a) f : [4] → [5] definida por f (1) = 4, f (2) = 5, f (3) = 3 e f (4) = 1.
(b) g : [6] → [6] definida por g(1) = 5, g(2) = 6, g(3) = 6, g(4) = 3, g(5) = 1 e
g(6) = 3.

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1.5. O princı́pio da inclusão/exclusão
1.5.1. Material básico

Como vimos, se X e Y são dois conjuntos finitos disjuntos, então a cardinalidade


da sua união é a soma das suas cardinalidades, i.e., #(X ∪ Y ) = #X + #Y . Esta
fórmula não é válida no caso em que X e Y têm elementos em comum. Com
efeito, visto que cada parcela da soma #X + #Y contribui em uma unidade para
a contagem de cada elemento comum a X e a Y , estes elementos comuns são
contados duas vezes. Assim, a fórmula correcta é:

#(X ∪ Y ) = #X + #Y − #(X ∩ Y )

onde X ∩ Y é o conjunto dos elementos comuns a X e a Y , i.e., a intersecção de


X com Y .

Qual será a fórmula para #(X ∪ Y ∪ Z)? Claro que, quando somamos as cardi-
nalidades #X, #Y , e #Z, estamos a contar mais do que uma vez os elementos de
X ∩ Y , de Y ∩ Z e de X ∩ Z. Podemos ser tentados a supor que a fórmula correcta
é: #(X ∪ Y ∪ Z) = #X + #Y + #Z − #(X ∩ Y ) − #(Y ∩ Z) − #(X ∩ Z). Isto
só é verdade se X ∩ Y ∩ Z = ∅, i.e., se não houverem elementos comuns aos três
conjuntos originais. Mas, quando isto não acontece, um elemento de X ∩ Y ∩ Z é
contado uma vez em cada parcela #X, #Y e #Z e, por sua vez, descontado uma
vez em cada uma das parcelas #(X ∩ Y ), #(Y ∩ Z) e #(X ∩ Z). Em suma, não
é contado pelo segundo membro da fórmula acima. Por conseguinte, a fórmula
correcta tem que ser:

#(X ∪ Y ∪ Z) = #X + #Y + #Z − #(X ∩ Y )
− #(Y ∩ Z) − #(X ∩ Z) + #(X ∩ Y ∩ Z).

Podemos chegar, de um modo rigoroso, a esta conclusão recorrendo à fórmula que


dá a cardinalidade da união de dois conjuntos:

#(X ∪ Y ∪ Z) = #(X ∪ Y ) + #Z − #((X ∪ Y ) ∩ Z)


= #X + #Y − #(X ∩ Y ) + #Z − #[(X ∩ Z) ∪ (Y ∩ Z)]
= #X + #Y + #Z − #(X ∩ Y )
− [#(X ∩ Z) + #(Y ∩ Z) − #(X ∩ Z ∩ Y ∩ Z)]
= #X + #Y + #Z − #(X ∩ Y )
− #(X ∩ Z) − #(Y ∩ Z) + #(X ∩ Y ∩ Z).

Em geral, a cardinalidade da união de n conjuntos finitos é dado pela Fórmula


da Inclusão/Exclusão:
n
% %
#(X1 ∪ X2 ∪ . . . ∪ Xn ) = #Xi − #(Xi ∩ Xj )
i=1 1≤i<j≤n
% %
+ #(Xi ∩ Xj ∩ Xk ) − #(Xi ∩ Xj ∩ Xk ∩ Xl )
1≤i<j<k≤n 1≤i<j<k<l≤n

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O (−1)n−1 fica menos, se + · · · + (−1)n−1 #(X1 ∩ X2 ∪ . . . ∩ Xn ).
n é par, e fica mais, se n
é ı́mpar. Pode demonstrar-se esta igualdade por indução em n. A ideia é reduzir o caso
n + 1 ao caso n, tal como se fez quando se deduziu a fórmula da cardinalidade da
união de três conjuntos a partir da fórmula para dois conjuntos. Há, porém, uma
demonstração alternativa mais perspicaz.

Demonstração da fórmula de inclusão/exclusão. A correcção da fórmula


fica garantida se mostrarmos que a expressão do membro direito contribui exac-
tamente uma vez para a contagem de cada elemento da união. Para ver isto,
considere-se um elemento qualquer x da união X1 ∪ · · · ∪ Xn . Este elemento x
vai ser comum a, digamos, t dos conjuntos X1 , . . . , Xn . Deste modo, a parcela
*n
k=1 #Xk = #X1 + · · · + #Xn contribui t vezes para a contagem de x. Por sua
*
vez, a segunda parcela 1≤k<i≤n #(Xk ∩ Xi ) desconta (i.e., contribui negativa-
()
mente) 2t para a contagem de x. Isto é assim, porque o número de conjuntos da
()
forma Xk ∩Xi de que x faz parte é, exactamente, 2t . De modo análogo, a terceira
()
parcela contribui 3t vezes para a contagem de x, enquanto a quarta parcela de-
()
sconta 4t para a contagem de x. E assim sucessivamente. Ao todo, a contribuição
da expressão da direita da fórmula de inclusão/exclusão para a contagem de x é
() () ( )
t − 2t + 3t − 4t + · · · . Somando e subtraindo 1, obtemos a contribuição
+ # $ # $ # $ ,
t t t
1− 1−t+ − + − · · · = 1 − (1 − 1)t = 1
2 3 4
como se queria.

A fórmula da inclusão/exclusão é muito útil para efectuar certas contagens. A


sua aplicação envolve, usualmente, a denominada Manobra da Passagem ao
Complementar, a qual vamos ilustrar com os três exemplos que se seguem.

Exemplo 1. Num baralho de 52 cartas qual é o números de mãos de seis cartas


que têm pelos menos uma carta de cada naipe?

Uma abordagem descuidada a este problema é a seguinte: há 13 cartas de cada


naipe; assim, começo por escolher uma carta de cada naipe (ao todo, 134 possibi-
lidades) e, depois, junto arbitrariamente duas cartas das 48 restantes; portanto, o
( )
resultado é 134 · 48
2 .

Há, porém, uma sobrecontagem neste raciocı́nio. Imaginemos que começamos por
escolher as quatro cartas 2♠, 4♦, D♣, 2♥ e que, em seguida, pegamos em 7♦ e R♦.
Ficamos com a mão 2♠, 4♦, D♣, 2♥, 7♦, R♦. Esta mesma mão também pode
ser obtida de duas outras maneiras de acordo com as especificações decorrentes
do raciocı́nio: vem, também, de se escolherem as cartas 2♠, 7♦, D♣, 2♥ seguidas
de 4♦, R♦ e, ainda, de se escolherem as cartas 2♠, R♦, D♣, 2♥ seguidas de 4♦,
7♦. Quer dizer, a mão 2♠, 4♦, D♣, 2♥, 7♦, R♦ é contada três vezes. Se todas as
mãos fossem contadas exactamente três vezes seria fácil remediar a sobrecontagem
- ( ).
(como já fizémos em outras ocasiões): a resposta correcta seria 31 134 · 48
2 .

70
O problema é, no entanto, mais complicado. Por exemplo, a mão 2♠, 3♠, 4♦, R♣,
2♥, 7♥ é contada quatro vezes. Se bem que seja possı́vel consertar a sobrecontagem
através de algumas manobras ad-hoc, a fórmula da inclusão/exclusão e (como
referimos) a manobra da passagem ao complementar fornecem-nos um método
uniforme de resolver este problema (este método funciona também para mãos com
um qualquer número de cartas — funciona, em particular, para as mãos de bridge,
que têm treze cartas).

A maneira de responder à questão com que abrimos este exemplo é a seguinte.


Em vez de contar o números de mãos de seis cartas que têm pelo menos uma carta
de cada naipe, vamos contar exactamente o contrário, i.e., o número de mãos de
seis cartas em que não aparecem todos os naipes simultaneamente (manobra da
passagem ao complementar). Como o número de mãos de seis cartas simpliciter é, simpliciter é uma
( )
obviamente, 52
6 , a resposta à última questão permite resolver a questão original.
palavra latina que aqui dá
a entender que as mãos
Representemos por ♠ o conjunto de todas as mãos de seis cartas em que não em causa não sofrem de
figure o naipe de espadas e, análogamente, introduzamos os conjuntos ♦, ♣ e ♥. qualquer restrição.

Então, o conjunto de todas as mãos de seis cartas em que não aparecem todos os
naipes simultaneamente é ♠ ∪ ♦ ∪ ♣ ∪ ♥. Pela fórmula da inclusão/exclusão, a
cardinalidade deste conjunto é:

#♠ + #♦ + #♣ + #♥ − #(♠ ∩ ♦) − #(♠ ∩ ♣) − #(♠ ∩ ♥) − #(♦ ∩ ♣)


− #(♦ ∩ ♥) − #(♣ ∩ ♥) + #(♠ ∩ ♦ ∩ ♣) + #(♠ ∩ ♦ ∩ ♥) + #(♠ ∩ ♣ ∩ ♥)
+ #(♦ ∩ ♣ ∩ ♥) − #(♠ ∩ ♦ ∩ ♣ ∩ ♥).
( )
Ora, temos #♠ = #♦ = #♣ = #♥ = 39 6 , #(♠ ∩ ♦) = #(♠ ∩ ♣) = #(♠ ∩ ♥) =
( )
#(♦ ∩ ♣) = #(♦ ∩ ♥) = #(♣ ∩ ♥) = 26 6 , #(♠ ∩ ♦ ∩ ♣) = #(♠ ∩ ♦ ∩ ♥) =
(13)
#(♠ ∩ ♣ ∩ ♥) = #(♦ ∩ ♣ ∩ ♥) = 6 e #(♠ ∩ ♦ ∩ ♣ ∩ ♥) = 0, logo:
# $ # $ # $
39 26 13
#(♠ ∪ ♦ ∪ ♣ ∪ ♥) = 4 · −6· +4· − 0.
6 6 6
Por conseguinte, a resposta ao problema original é:
# $ # $ # $ # $
52 39 26 13
−4· +6· −4· .
6 6 6 6
//

Exemplo 2. Qual é o número de maneiras de n pessoas atirarem ao ar os seus


chapéus e cada uma apanhar um chapéu que não lhe pertence? Mais formalmente,
qual é o número de permutações de n elementos em que nenhum elemento fica
fixo? As permutações deste tipo chamam-se desarranjos. Por exemplo, há seis
permutações do conjunto [3]:

1, 2, 3, 1, 3, 2, 2, 1, 3, 2, 3, 1, 3, 1, 2 e 3, 2, 1,

mas apenas duas delas são desarranjos, a saber: 2, 3, 1 e 3, 1, 2. Como sabemos, o


número total de permutações de n elementos é n!. Representamos o número total
de desarranjos de n elementos por n¡ (lê-se “n subfactorial”) É este número que
pretendemos computar. Por exemplo, 1¡ = 0, 2¡ = 1 e, como vimos acima, 3¡ = 2. Por convenção, 0¡ é 1.

71
Para cada 1 ≤ k ≤ n, seja Pk o conjunto de todas as permutações de n que deixam
fixa a k-ésima posição (a k-ésima pessoa atira o seu chapéu ao ar e recupera-o).
O número que pretendemos computar é

n¡ = n! − #(P1 ∪ . . . ∪ Pn ).

Para contar os elementos da união, vamos usar a fórmula da inclusão/exclusão:


n
% %
#(P1 ∪ . . . ∪ Pn ) = #Pi − #(Pi ∩ Pj )
i=1 1≤i<j≤n
%
+ #(Pi ∩ Pj ∩ Pk ) − · · · .
1≤i<j<k≤n

Ora, #Pk = (n − 1)!, pois a k-ésima pessoa fica com o seu chapéu e os restantes
n − 1 chapéus podem permutar arbitrariamente pelas restantes n − 1 pessoas. De
igual modo, #(Pk ∩ Pi ) = (n − 2)! quando k .= i. Em geral,

#(Pk1 ∩ Pk2 ∩ · · · ∩ Pkr ) = (n − r)!

se os ı́ndices dos pês forem diferentes dois a dois (o número r destes ı́ndices é
inferior ou igual a n). Logo,
# $ # $
n n−1 n
#(P1 ∪ . . . ∪ Pn ) = n(n − 1)! − (n − 2)! + · · · + (−1) (n − n)!
2 n
n! n! n! n!
= − + − · · · + (−1)n−1
1! 2! 3! n!
# $
1 1 1 1
= n! − + − · · · + (−1)n−1
1! 2! 3! n!
e, portanto,
# $
1 1 1 n−1 1
n¡ = n! − n! − + − · · · + (−1)
1! 2! 3! n!
# $ n
1 1 1 1 % (−1)k
= n! 1 − + − + · · · + (−1)n = n! .
1! 2! 3! n! k!
k=0

Em termos probabilı́sticos, a probabilidade de uma permutação de n elementos


ser um desarranjo é o quociente entre o número de casos favoráveis e o número de
casos possı́veis. No caso em consideração, este quociente é
n
n¡ % (−1)k
= .
n! k!
k=0
Os leitores que já estudaram um pouco de cálculo infinitesimal sabem que, quando
n → ∞,
n
e é o número de Nepper.
% (−1)k 1
−→ ≈ 0, 367 . . .
k! e
k=0
Esta sucessão tem a particularidade de se aproximar rapidamente do seu limite.
Assim, excepto para n muito pequeno, a probabilidade de uma permutação de n
elementos ser um dessaranjo é aproximadamente 0, 367 — virtualmente indepen-
dente de n. //

72
Exemplo 3. Na secção anterior, obtivémos o número de funções sobrejectivas
entre dois conjuntos finitos à custa dos números de Stirling de 2a espécie. Agora,
vamos calcular este número de uma forma diferente.

Para cada 1 ≤ i ≤ m, seja Fi o conjunto de todas as funções de [n] para [m] \ {i}.
Previsivelmente, vamos contar o número de elementos da união F1 ∪ F2 ∪ . . . ∪ Fm
(i.e., o número de funções de [n] para [m] que não são sobrejectivas). Vê?

Para calcular #(F1 ∪ F2 ∪ . . . ∪ Fm ), vamos utilizar a fórmula da inclusão/exclu-


são. Dados k ı́ndices i1 , i2 , . . . , ik compreendidos entre 1 e m (inclusives),
Fi1 ∩Fi2 ∩. . .∩Fik é o conjunto de todas as funções de [n] para [m]\{i1 , i2 , . . . , ik }.
Esta intersecção tem, portanto, (m − k)n funções. Aplicando a fórmula da in-
clusão/exclusão, a cardinalidade da união F1 ∪ F2 ∪ . . . ∪ Fm é, pois,
m # $
k+1 m
%
(−1) (m − k)n .
k
k=1

Consequentemente, o número de sobrejecções de [n] para [m] é:


m # $ m # $
k+1 m k m
% %
n n
m − (−1) (m − k) = (−1) (m − k)n .
k k
k=1 k=0

Comparando com a entrada número 4 da tabela dos doze caminhos, obtemos a


igualdade
! " m # $
n 1 % k m
= (−1) (m − k)n
m m! k
k=0
que, no caso particular n = m, dá a seguinte igualdade curiosa:
m # $
% m
m! = (−1)k (m − k)m .
k
k=0

//

1.5.2. Material avançado

Esta secção contém material mais avançado sobre variantes do princı́pio da in-
clusão/exclusão. Alguns cálculos são mais técnicos e engenhosos, e o leitor menos
à vontade com manipulações de somatórios poderá querer esperar pela primeira
parte do próximo capı́tulo antes de estudar detalhadamente as demonstrações que
se seguem. Para formular perspicuamente uma generalização do princı́pio da in-
clusão/exclusão, começamos por introduzir alguma notação conveniente.

Sejam X1 , X2 , . . . , Xn conjuntos finitos. Dado Ω, um subconjunto de [n], deno-


/
tamos por SΩ a intersecção i∈Ω Xi . Para k ∈ [n] escreve-se
%
Sk = #SΩ .
Ω⊆[n]
#Ω=k

0n
Denotamos por Nk o conjunto dos elementos da união i=1 Xi que estão exacta-
mente em k dos conjuntos X1 , X2 , . . . , Xn , e denotamos por N≥k o conjunto dos

73
elementos que estão em pelo menos k dos conjuntos X1 , X2 , . . . , Xn . Observe-se
que Nk = N≥k − N≥k+1 . O princı́pio da inclusão/exclusão pode formular-se da
seguinte forma:
n
%
N≥1 = S1 − S2 + S3 − S4 + . . . = (−1)k−1 Sk .
k=1

A segunda igualdade da próxima proposição generaliza este princı́pio:

Proposição. Com a terminologia acima, têm-se as seguintes igualdades:


n # $ n # $
k−r k k−r k − 1
% %
Nr = (−1) Sk e N≥r = (−1) Sk ,
r r−1
k=r k=r
para quaisquer números naturais r e n com 1 ≤ r ≤ n.

Demonstração. Para demonstrar a primeira igualdade, vamos utilizar um argu-


mento análogo ao que foi utilizado na demonstração do princı́pio da inclusão/ex-
clusão: vamos ver que o somatório
n # $
%
k−r k
(−1) Sk
r
k=r
contribui um número apropriado de vezes para a contagem de cada elemento de
0n
i=1 Xi . Seja x um elemento arbitrário desta união. Este elemento vai ser comum
a, digamos, t destes conjuntos. Se t < r, cada Sk no somatório acima é soma de
cardinalidades de intersecções de mais do que t conjuntos e, por isso, contribui
nulamente para a contagem de x, como se quer. Se t = r, apenas a parcela Sr
contribui para a contagem de x, e apenas uma vez, como se quer. Finalmente, se
()
t > r, a primeira parcela do somatório contribui rt vezes para a contagem de x,
(r+1)( t )
a segunda parcela contribui − r r+1 vezes para a contagem de x, a terceira
( )( t )
parcela contribui r+2
r r+2 vezes para a contagem de x, et cœtera. Ao todo, o
somatório contribui
t # $# $
% k t
(−1)k−r
r k
k=r
vezes para a contagem de x. Ora, pela fórmula da revisão trinomial, esta soma
fica
t # $# $ # $% t # $
% t t−r t t−r
(−1)k−r = (−1)k−r
r k−r r k−r
k=r k=r
# $%t−r # $
t t−r
= (−1)i = (1 − 1)t−r = 0,
r i=0 i
como se queria.

A segunda igualdade da proposição pode demonstrar-se por indução em r uti-


lizando a primeira igualdade. O caso base r = 1 é o princı́pio da inclusão/exclusão.
Admitindo, por hipótese de indução, que a igualdade é válida para N≥r vem, su-
cessivamente:
n # $ n # $
%
k−r k−1 %
k−r k
N≥r+1 = N≥r − Nr = (−1) Sk − (−1) Sk
r−1 r
k=r k=r

74
n +# $ # $, %n # $
%
k−r k−1 k k−(r+1) k − 1
= (−1) Sk − = (−1) Sk
r−1 r r
k=r k=r
onde, no último passo, utilizámos a lei de Pascal.

A proposição acima diz-nos como escrever os números Nr e N≥r à custa dos


números Sk . O inverso também é verdadeiro, i.e., os números Sr podem escrever-
-se à custa dos números Nk e N≥k .

Lema da Inversão. Têm-se as seguintes igualdades:


n # $ n # $
% k % k−1
Sr = N k e Sr = N≥r ,
r r−1
k=r k=r
para quaisquer números naturais r e n com 1 ≤ r ≤ n.

Demonstração. Vamos demonstrar a primeira igualdade e deixamos a outra


como exercı́cio. Ora, pela primeira igualdade da proposição anterior,
n # $ n # $% n # $
% k % k i−k i
Nk = (−1) Si .
r r k
k=r k=r i=k
Este somatório de somatórios é, sucessivamente, igual a
n % n # $# $ n % i # $# $
% k i % k i
(−1)i−k Si = (−1)i−k Si
r k i=r
r k
k=r i=k k=r
onde efectuámos uma troca da ordem dos somatórios. Por sua vez, atendendo à
lei da revisão trinomial, ficamos com
n % i # $# $ n # $ i # $
%
i−k i i−r % i %
i−r i − r
(−1) Si = Si (−1) .
i=r
r k−r i=r
r k−r
k=r k=r

Analisemos, agora, o somatório interior. Fazendo uma mudança de variável, obte-


mos
i # $ i−r # $ i−r # $
% i−r % i−r % i−r
(−1)i−r = (−1)j+r−i = (−1)r−i (−1)j
k−r j=0
j j=0
j
k=r

e esta útima expressão não é mais do que (−1)r−i (1 − 1)i−r . Ora, isto dá 0, se
i > r, e dá 1, se i = r. Assim, substituindo este resultado no somatório original,
ficamos com
n # $ i # $
% i % i−r
Si (−1)i−r = Sr
i=r
r k−r
k=r
como se queria concluir.

As sucessivas parcelas do princı́pio da inclusão/exclusão podem ver-se como su-


cessivas aproximações a N≥1 . A primeira aproximação é S1 e esta, como veremos,
peca (em geral) por excesso. A segunda aproximação é S1 − S2 , a qual peca
(em geral) por defeito. A terceira aproximação, S1 − S2 + S3 , volta a pecar (em
geral) por excesso. E por aı́ adiante, alternadamente. Em geral, dada uma soma
*n
N = k=0 (−1)k ak , onde os ak ’s são números reais não negativos, diz-se que esta
soma tem a propriedade das desigualdades alternadas se N ≤ a0 , N ≥ a0 − a1 ,

75
N ≤ a0 − a1 + a2 , N ≥ a0 − a1 + a2 − a3 , et cœtera. Mais precisamente, se
1 t
2
%
t+1 k
(−1) N− (−1) ak ≥ 0
k=0
para todo 0 ≤ t ≤ n.

Terminamos esta secção com o seguinte resultado:

Proposição (Desigualdades de Bonferroni). Para quaisquer números natu-


rais r e n com 1 ≤ r ≤ n, as somas
n # $ n # $
% k % k−1
Nr = (−1)k−r Sk e N≥r = (−1)k−r Sk
r r−1
k=r k=r
têm a propriedade das desigualdades alternadas.

Demonstração. Vamos demonstrar a proposição para a segunda soma e dei-


xamos a primeira para os exercı́cios. Pretende-se mostrar que, para t ≥ r,
1 n # $ t # $ 2
% k − 1 % k − 1
(−1)t−r+1 (−1)k−r Sk − (−1)k−r Sk ≥ 0.
r−1 r−1
k=r k=r
Ora, a expressão do membro esquerdo simplifica-se do seguinte modo
n # $ n # $
% k−1 % k−1
(−1)t−r+1 (−1)k−r Sk = (−1)t+1 (−1)k Sk
r−1 r−1
k=t+1 k=t+1
n # $% n # $
k k−1 j−1
%
t+1
= (−1) (−1) N≥j
r−1 k−1
k=t+1 j=k
n n # $# $
k k−1 j−1
% %
t+1
= (−1) (−1) N≥j .
r−1 k−1
k=t+1 j=k

Trocando a ordem dos somatórios e, de seguida, aplicando a fórmula da revisão


trinomial, obtemos
n j # $# $
t+1
% %
kk−1 j−1
(−1) (−1) N≥j
j=t+1 k=t+1
r−1 k−1
n j # $# $
% % j−1 j−r
= (−1)t+1 (−1)k N≥j
j=t+1 k=t+1
r−1 k−r
n # $ j # $
t+1
% j−1 %
k j−r
= (−1) N≥j (−1)
j=t+1
r−1 k−r
k=t+1
n # $ j # $
% j−1 % j−r
= N≥j (−1)k+t+1 .
j=t+1
r−1 k−r
k=t+1

Utilizando a lei de simetria e efectuando uma mudança de variável apropriada, o


somatório interior da última expressão é igual a
j−t−1
% #j − r$
(−1)j−i+t+1 ,
i=0
i
( )
o qual, pela fórmula da adição alternada do ı́ndice inferior, dá j−r−1
j−t−1 . Pela
( )
fórmula da simetria, isto é o mesmo que j−r−1
t−r . Assim, a expressão com que

76
começámos a trabalhar simplifica-se para
n # $# $
% j−1 j−r−1
N≥j
j=t+1
r−1 t−r
que é, obviamente, uma soma não negativa.

Exercı́cios

1. Num grupo de 67 pessoas, 47 falam inglês, 35 falam francês e 23 falam ambas


as lı́nguas. Quantas pessoas é que não falam, nem inglês, nem francês? Se, além
disso, 20 falam alemão, das quais 12 também falam inglês, 11 falam francês e 5
falam as três lı́guas, quantas pessoas do grupo é que não falam nenhuma destas
lı́nguas?

2. Considere os números naturais de 1 a 300.


(a) Quantos é que são divisı́veis por 3? E por 3 e por 7, simultaneamente?
(b) E quantos é que não são divisı́veis, nem por 3, nem por 7?
3. (a) Quantas palavras se podem formar com dois U’s, um A, um E e um T?
(b) Em quantas dessas palavras não ocorrem as sequências EU e TU?

4. Pretende-se arrumar numa estante quatro livros de Computação, seis livros


de Álgebra e dois livros de Geometria. Quantas são as possı́veis maneiras de os
arrumar, sabendo que:
(a) Os livros de um mesmo assunto devem ficar juntos.
(b) Os livros de Computação devem ficar juntos.
(c) Apenas os livros de Computação devem ficar juntos.

5. Quantas soluções tem a equação

x1 + x2 + x3 + x4 = 30

onde cada xi é um número natural menor ou igual a 10. [Sugestão. Se não


houvesse a restrição de cada xi ser menor ou igual a 10, tratar-se-ia de um problema
discutido na secção anterior. A sugestão é a seguinte: considere S1 o conjunto
de soluções da equação com x1 > 10 (tais soluções correspondem a soluções da
equação (y1 + 11) + x2 + x3 + x4 = 30 nos números naturais); considere também
S2 , S3 e S4 e aplique convenientemente a fórmula da inclusão/exclusão).]

6. Quantas maneiras há de distribuir seis bolas idênticas por quatro caixas se a
primeira caixa só puder conter uma bola, a segunda duas bolas, a terceira três
bolas e a quarta quatro bolas?

7. Quantas são as sequências formadas por três a’s, três b’s e três c’s em que não
aparecem três letras iguais consecutivas?

77
8. Uma pessoa tem sete amigos e durante uma semana convida para jantar um
conjunto diferente de três amigos. De quantas maneiras se pode isto fazer de modo
a que todos os amigos vão jantar pelo menos uma vez?

Não é muito difı́cil, mas 9. Mostre combinatorialmente que


tem somatórios de n # $
% n
somatórios. . . n! = k¡
k
Se quiser, tente só depois k=0

de estudar o próximo para qualquer número natural n.


capı́tulo.
*10. Complete as demonstrações do lema da inversão e das desigualdades de Bon-
ferroni.

78
1.6. Enumerabilidade
O Hotel Maravilha, situado em Infinitópolis, tem um número infinito de quartos,
um por cada número natural. O Sr. Fulano chega, um dia ao fim da tarde, à
recepção e pede um quarto. “Tenho muita pena, mas o hotel está cheio,” responde
a recepcionista. “Porém, como não é muito tarde e os hóspedes ainda não estão
a dormir, talvez se consiga arranjar uma solução. Aguarde um momento, por
favor!” Passado alguns minutos, a recepcionista volta com um largo sorriso e diz:
“Conseguimos arranjar-lhe um quarto: o número 0. Sabe, tivemos que mudar o
hóspede do quarto 0 para o quarto 1, o hóspede do quarto 1 para o quarto 2, e
assim sucessivamente. Felizmente, todos concordaram.” E lá foi o Sr. Fulano,
todo satisfeito, para o quarto número 0. Meia hora depois, chega ofegante à
recepção o Sr. Sicrano e dispara: “Tenho um grupo de turistas lá fora e ainda
não consegui arranjar um hotel para pernoitar. A senhora é a minha última
esperança.” A recepcionista lamenta-se que o hotel está cheio mas, perante a
insistência e o desespero do Sr. Sicrano, acaba por perguntar-lhe: “E quantas
pessoas são?” “Olhe, é um daqueles grupos infinitos, que ficam muito baratos.
Uma pessoa por cada número natural,” diz embaraçado. A recepcionista manifesta
o seu descontentamento, atira-lhe que é uma irresponsabilidade andar com um
grupo tão grande sem ter feito reservas atempadamente e, depois de acalmar, diz-
-lhe que talvez seja possı́vel arranjar quartos para o grupo mas que, para isso,
vai ter que incomodar os hóspedes do hotel. “E não sei se o devo fazer, pois já
os incomodei uma vez esta noite. Deixe-me falar com o gerente.” Depois de um
telefonema rápido ao gerente, que autoriza que se faça uma tentativa de vagar os
quartos, a recepcionista diz ao Sr. Sicrano: “Olhe, o seu grupo fica nos quartos
ı́mpares. Conseguimos mudar todos os hóspedes para os quartos pares!”

A historieta que acabei de contar põe a nu o enorme abismo entre o finito e o


infinito. Se X é um conjunto finito, então toda a função injectiva de X para si
próprio é, necessariamente, uma bijecção (vide anexo a seguir à secção “O que é
contar?”). Este princı́pio falha redondamente no caso infinito. A função f : N → N
definida por f (n) = 2n é injectiva e, no entanto, não é uma bijecção.

Definição. Um conjunto não vazio diz-se enumerável se for possı́vel listá-lo por
meio de uma sequência infinita: x0 , x1 , x2 , x3 , x4 , . . . De um modo mais formal,
diz-se que um conjunto não vazio X é enumerável se for imagem sobrejectiva do
conjunto dos números naturais. Por conveniência, diz-se que o conjunto vazio ∅ é
enumerável.

Vejamos alguns exemplos importantes.

1. O conjunto dos números inteiros é enumerável:

0, 1, −1, 2, −2, 3, −3, 4, −4, . . .

79
2. Todo o conjunto finito {a1 , a2 , . . . , an } é enumerável, pois (caso não seja vazio)
podemos repetir um dos seus elementos um número infinito de vezes:

a1 , a2 , . . . , an , an , an , an , . . .

(observe que na definição de enumerabilidade, não se exige que a sequência infinita


não tenha repetições)

3. A união de dois conjuntos enumeráveis ainda é um conjunto enumerável. Com


efeito, se enumerarmos cada um dos conjunto por

x0 , x1 , x2 , . . . e y0 , y1 , y2 , . . . ,

então a união pode enumerar-se por

x0 , y0 , x1 , y1 , x2 , y2 , . . .

4. Se X é um conjunto enumerável e f : X → Y é uma aplicação sobrejectiva,


então Y é um conjunto enumerável. De facto, se x0 , x1 , x2 , . . . for uma enumeração
de X, então f (x0 ), f (x1 ), f (x2 ), . . . é uma enumeração de Y . Note que, como
consequência, se houver uma correspondência biunı́voca entre dois conjuntos, então
um é enumerável sse o outro o for.

5. O conjunto de todas as sequências binárias finitas é enumerável. Basta começar


pela sequência de comprimento zero e, em seguida, enumerar sucessivamente as
sequências de comprimento um, comprimento dois, comprimento três, et cœtera.
É a ordem do dicionário. Dentro de cada comprimento, usamos a ordem lexicográfica, no pressuposto de que
0 vem antes de 1:

!, 0, 1, 00, 01, 10, 11, 000, 001, 010, 011, 100, 101, 110, 111,
0000, 0001, 0010, 0011, 0100, 0101, 0110, 0111, 1000, 1001, . . .

Este exemplo é um caso particular de uma situação mais geral. Dado um conjunto
A, finito e não vazio, denota-se por A∗ o conjunto de todas as sequências finitas de
elementos de A. Neste contexto, diz-se que A é um alfabeto, os seus elementos
dizem-se as letras (ou os “sı́mbolos”) e os elementos de A∗ dizem-se as palavras
desse alfabeto. Por exemplo, se o alfabeto é {0, 1}, então o conjunto {0, 1}∗ das
suas palavras é o conjunto de todas as sequências binárias finitas. O que queremos
observar é que o conjunto das palavras de um alfabeto (finito) é enumerável. A
estratégia para obter a enumeração é a mesma do caso das sequências binárias.
Começa-se pela palavra de comprimento zero e prossegue-se, sucessivamente, com
as palavras de comprimento um, comprimento dois, comprimento três, et cœtera.
Dentro de cada comprimento, usamos a ordem lexicográfica baseada numa or-
denação prévia dos elementos de A. Por exemplo, se A = {a, b, c, d}, ficamos com
a enumeração:

!, a, b, c, d, aa, ab, ac, ad, ba, bb, bc, bd, ca, cb, cc, cd, da, db, dc, dd,
aaa, aab, aac, aad, aba, abb, abc, abd, aca, acb, acc, acd, ada,

80
adb, adc, add, baa, bab, bac, bad, bba, bbb, bbc, bbd, bca, . . .

6. Se X é um conjunto enumerável de conjuntos enumeráveis, então a sua união,


0
representada por X∈X X, também é um conjunto enumerável. Com efeito, se
X0 , X1 , X2 , . . . é uma enumeração de X e se, para cada n ∈ N, xn0 , xn1 , xn2 , . . . é
0
uma enumeração de Xn , podemos dispor todos os elementos de X∈X X segundo
a seguinte tabela infinita:
x00 x01 x02 x03 x04 x05 x06 ···
x10 x11 x12 x13 x14 x15 x16 ···
x20 x21 x22 x23 x24 x25 x26 ···
x30 x31 x32 x33 x34 x35 x36 ···
x40 x41 x42 x43 x44 x45 x46 ···
.. .. .. .. .. .. .. ..
. . . . . . . .
0
Esta disposição dos elementos de X∈X X sugere uma forma de os enumerar.
Começamos pelo canto superior esquerdo e varremos sucessivamente as diagonais
de direcção nordeste-sudoeste, no sentido de cima para baixo. Fica assim:

x00 , x01 , x10 , x02 , x11 , x20 , x03 , x12 , x21 , x30 , x04 , x13 , x22 , x31 , x40 , x05 , x14 , . . .

7. Se X e Y são conjuntos enumeráveis, então o produto cartesiano X × Y é


enumerável. Com efeito, se x0 , x1 , x2 , . . . é uma enumeração de X, então X ×Y é a
união de todos os seguintes conjuntos enumeráveis: {x0 }×Y , {x1 }×Y ,{x2 }×Y ,. . .
O resultado acima permite-nos, agora, concluir o desejado.

Conspicuamente, o conjunto N × N é enumerável.

8. Se X é um conjunto enumerável e Y ⊆ X, então Y também é enumerável.


Apenas interessa argumentar o caso Y .= ∅. Nestas circunstâncias, fixando um
elemento c ∈ Y , obtém-se a seguinte enumeração de Y :

xn , se xn ∈ Y,
yn =
c, se x ∈ / Y. n

Definição. Um conjunto X diz-se numerável se tiver a mesma cardinalidade


que N (i.e., se existir uma bijecção entre X e N). Também se diz que X tem
cardinalidade ℵ0 . Pronuncia-se “alefe zero”.
ℵ é a primeira letra
Lema. Todo o subconjunto infinito de N tem cardinalidade ℵ0 . maiúscula do alfabeto
hebraico.
Demonstração. Seja X um subconjunto infinito de N. A bijecção s : N → X
que vamos considerar, vai enumerar, por ordem crescente, os elementos de X.
Informalmente, s(n) é o (n + 1)-ésimo elemento de X (aparece o ordinal n + 1
porque se começa a contar a partir do zero). Formalmente, estamos perante uma
definição por recorrência: s(0) é o menor elemento de X e

s(n + 1) = o menor elemento x ∈ X tal que s(n) < x

para todo o número natural n.

81
Proposição. Um conjunto infinito é numerável se, e somente se, é enumerável.

Demonstração. Se X é numerável, sendo f : N → X uma bijecção de N para X,


f (0), f (1), f (2), . . . é uma enumeração de X.

Reciprocamente, suponhamos que x0 , x1 , x2 , . . . é uma enumeração de X. Se esta


enumeração não tem repetições, então a função f : N → X definida por f (n) =
xn é uma bijecção. O problema surge quando a enumeração x0 , x1 , x2 , . . . tem
repetições (neste caso, a função f definida há pouco não é injectiva). A solução
está em considerar o conjunto dos ı́ndices para os quais os elementos de X aparecem
pela primeira vez: I = {i ∈ N : para todo j < i, xj .= xi }.

Decorre da definição de I que a função φ : I → X, definida por φ(i) = xi , é


uma bijecção. Como I é um conjunto infinito, o lema anterior garante que existe
uma bijecção ψ : N → I. Visto que I e X têm a mesma cardinalidade e que
N e I também têm a mesma cardinalidade, conclui-se que X e N têm a mesma
cardinalidade (a função composta φ ◦ ψ é uma bijecção de N para X).

Dado este estudo preliminar de conjuntos infinitos, uma questão intrigante que
se coloca é saber se todo o conjunto infinito tem cardinalidade ℵ0 (ou, equivalen-
temente, se é enumerável). Há pouco mais de cem anos, o matemático alemão
George Cantor (1845-1918) respondeu negativamente a esta questão.

Lema da Diagonalização. Dada uma qualquer “matriz” quadrada infinita de


zeros e uns cujas entradas αij estão indexadas por pares de números naturais
α00 α01 α02 α03 ···
α10 α11 α12 α13 ···
α20 α21 α22 α23 ···
α30 α31 α32 α33 ···
.. .. .. .. ..
. . . . .
existe necessariamente uma sequência binária infinita d0 , d1 , d2 , d3 , . . . que difere
de toda a linha (e de toda a coluna) da matriz dada.

Demonstração. Para obter uma tal sequência, considere-se a diagonal da matriz,


i.e., considere-se a sequência binária infinita α00 , α11 , α22 , α33 , . . . , e defina-se dn =
1 − αnn . Observe que a sequência dos d’s é diferente de cada uma das linhas
da matriz: uma dada linha αn0 , αn1 , αn2 , αn3 , . . . difere de d0 , d1 , d2 , d3 , . . . pelo
menos no lugar n + 1, visto que dn toma o valor 1 se, e somente se, αnn toma o
valor 0.

Teorema de Cantor. O conjunto de todas as sequências binárias infinitas não


é enumerável.

Demonstração. A demonstração deste resultado é um exemplo paradigmático


do método de redução ao absurdo. Suponhamos, com vista a um absurdo, que
s0 , s1 , s2 , . . . é uma enumeração de todas as sequências binárias infinitas. Cada

82
entrada si desta enumeração é uma sequência binária infinita, i.e.,

si = si0 , si1 , si2 , si3 , . . .

onde cada sij é 0 ou 1. Então, pelo lema anterior, existe uma sequência binária
infinita que difere de toda a linha da “matriz” quadrada infinita de zeros e uns
s00 s01 s02 s03 ···
s10 s11 s12 s13 ···
s20 s21 s22 s23 ···
s30 s31 s32 s33 ···
.. .. .. .. ..
. . . . .
Dito de outro modo, existe uma sequência binária infinita que não ocorre na lista
s0 , s1 , s2 , . . . , o que (obviamente!) contradiz a suposição de que s0 , s1 , s2 , . . . enu-
mera todas as sequências binárias infinitas.

É surpreendente! Nem todos os infinitos são semelhantes. Num certo sentido, o


conjunto de todas as sequências binárias infinitas tem uma cardinalidade maior
que o conjunto dos números naturais. Esta cardinalidade denota-se por c ou por c de contı́nuo.
ℵ0
2 .

Vamos terminar esta secção (e este capı́tulo) com dois exemplos muito importantes
em matemática.

Exemplo. O conjunto Q dos números racionais é o conjunto de todas as


n
fracções da forma ± m , onde n e m são números naturais, o segundo dos quais
é diferente de zero. O conjunto de todos os números racionais é numerável. É
bastante simples ver porquê. O conjunto de todos os pares ordenados da forma
(n, m), com n e m inteiros positivos é enumerável, pois é o produto cartesiano do
conjunto {1, 2, 3, . . . } por ele próprio. Ora, uma tal enumeração dá imediatamente
origem a uma enumeração dos números racionais positivos: basta substituir cada
n
par (n, m) pela fracção m. Quem enumera os racionais positivos, também enumera
os negativos (ponha-se um sinal de menos atrás de cada número). Logo, a união,
que é constituı́da por todos os racionais diferentes de zero, também é enumerável.
Juntando o zero, ainda fica enumerável! //

Deve contrastar-se a possibilidade de enumerar o conjunto Q de todos os números


racionais com a impossibilidade de enumerar o conjunto R de todos os números
reais.

Corolário. O conjunto de todos os números reais não é enumerável.

Demonstração. Admitamos, com vista a uma contradicção, que o é. Então,


o conjunto X de todos os números reais x, com 0 ≤ x < 1, em cuja expansão
decimal apenas ocorrem os digitos 0 e 1 é enumerável (porque, por suposição, é
um subconjunto de um conjunto enumerável). Por outras palavras, o conjunto X

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dos números reais que se podem escrever na forma

% δk
10k
k=1
onde cada δk , ou é 0, ou é 1, é enumerável. Como este conjunto X está em
correspondência biunı́voca com o conjunto de todas as sequências binárias infinitas,
concluı́mos que este último conjunto é enumerável. Mas isto contradiz o Teorema
de Cantor!

Exercı́cios

1. Seja Seq∞ o conjunto de todas as sequências binárias infinitas. Mostre que


Seq∞ e o conjunto P(N) das partes de N têm a mesma cardinalidade. Conclua
que P(N) não tem cardinalidade ℵ0 .

2. Seja A = {a0 , a1 , a2 , a3 , . . . } um conjunto infinito enumerável.


(a) Mostre que o conjunto de todas as sequências finitas de elementos de A é
enumerável.
(b) Será que o conjunto de todos os subconjuntos finitos de A é enumerável?
(c) Será que o conjunto de todos os subconjuntos de A é enumerável?

3. Sendo X = {x0 , x1 , x2 . . . } e Y = {y0 , y1 , y2 . . . }, pode apresentar-se a seguinte


enumeração de X × Y :
(x0 , y0 ) (x0 , y1 ) (x1 , y0 ) (x0 , y2 ) (x1 , y1 ) (x2 , y0 ) (x0 , y3 ) ···
| | | | | | |
0 1 2 3 4 5 6 ···
Obtenha uma fórmula em i e j que permita obter a posição do par (xi , yj ) nesta
lista (comece a partir da posição 0).

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