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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

CAMPUS FLORESTAL

JEANE NATÁLIA RESENDE MARQUES

EXTENSÃO E COMUNICAÇÃO RURAL NA FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA: UMA


ANÁLISE DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA – CAMPUS FLORESTAL

FLORESTAL – MINAS GERAIS


1° Semestre/2023
I

JEANE NATÁLIA RESENDE MARQUES

EXTENSÃO E COMUNICAÇÃO RURAL NA FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA: UMA


ANÁLISE DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA – CAMPUS FLORESTAL

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Universidade Federal de
Viçosa como parte das exigências do
Curso de Graduação em Agronomia para
obtenção do título de Engenheiro
Agrônomo.

Orientador(a): Professora Dra. Gabriela


Calvi Zeidan

FLORESTAL – MINAS GERAIS


1º Semestre/2023
II

JEANE NATÁLIA RESENDE MARQUES

EXTENSÃO E COMUNICAÇÃO RURAL NA FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA: UMA


ANÁLISE DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA – CAMPUS FLORESTAL

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Universidade Federal de
Viçosa como parte das exigências do
Curso de Graduação em Agronomia para
obtenção do título de Engenheiro
Agrônomo.

Aprovado em 02 de junho de 2023.

_________________________________________________________________
Profª. Carlos Henrique de Figueiredo Vasconcellos
Universidade Federal de Viçosa – Campus Florestal

__________________________________________________________________
Profª. Dener Márcio da Silva Oliveira
Universidade Federal de Viçosa – Campus Florestal

___________________________________________________________________
Profª. Gabriela Calvi Zeidan
Universidade Federal de Viçosa – Campus Florestal
Orientadora
III

RESUMO
A Universidade Federal de Viçosa emerge como pioneira quanto a implementação
da Extensão Rural (ER) no Brasil, com vistas a criar um processo dialógico
unificador entre desenvolvimento tecnológico e saberes tradicionais do setor
agrícola. Apesar do forte o debate sobre o papel formativo educacional, é evidente a
carência no que se refere ao ensino de métodos de Comunicação Rural (CR)
enquanto disciplina, componente curricular e linha de pesquisa, causando ruídos na
construção de saberes entre a universidade e produtores rurais. A proposta deste
estudo foi analisar o Projeto Pedagógico do Curso de Agronomia da UFV Campus
Florestal, no que tange às temáticas de ER e CR na formação dos engenheiros
agrônomos, como registro analítico da evolução dos temas visando o aprimoramento
e abrangência relacionados às questões socioeconômicas. Foi realizada uma
pesquisa documental exploratória, quali-quantitativa, utilizando a análise de
Conteúdo de Bardin como instrumento interpretativo dos dados. Foi observado que
apenas 8.8% das disciplinas de todo o curso abordam as temáticas de ER e CR,
dais quais 4.9% são obrigatórias, 3.9% optativas e 5.88% necessitam de pré-
requisito para serem cursadas. A temática de ER é mais frequente que a de CR,
com ocorrência de 104 e 43 vezes, sendo as subcategorias mais representativas a
“Instituição” e “Trocas de saberes”, respectivamente. Apenas duas disciplinas
contemplam a categoria CR, deixando clara a baixa representatividade dessa
competência e habilidade na formação do profissional quando analisada a ementa
da matriz curricular. Conclui-se que apesar da maior prevalência da temática ER,
essa só é viabilizada por meio do processo comunicativo humanizado e de troca de
conhecimentos. Acredita-se que a nova resolução CEPE será uma oportunidade
para viabilizar a abordagem da CR para formação de profissionais capazes de lidar
com as demandas sociais, culturais e econômicas da população.

Palavras-chave: Diálogo, Análise de Conteúdo, ATER, Instituição, Extensionismo.


IV

ABSTRACT

The Federal University of Viçosa emerges as a pioneer regarding the implementation


of Rural Extension (RE) in Brazil, forwarding in unifying dialogical process between
technological development and traditional knowledge of agricultural sector. Despite
the strong debate about formative educational, it is evident a lack of teaching
methods of Rural Communication (CR) such as discipline, curricular component and
of research, causing noise in the construction of knowledge between the university
and farmers. The aim of this study was to analyze the Pedagogical Project of the
Agronomy Course at UFV Campus Florestal, regarding the themes of ER and CR in
the training of agronomist engineers, as an analytical record of the evolution of
themes aimed at improving and covering socioeconomic issues. An exploratory,
qualitative and quantitative documentary research was carried out, using Bardin's
Content Analysis as an instrument of data analisys. It was observed that only 8.8% of
the disciplines of the entire course address the themes of ER and CR, of which 4.9%
are mandatory, 3.9% optional and 5.88% require a prerequisite. The ER theme is
more frequent than the CR, occurring 104 and 43 times, with the most representative
subcategories being “Institution” and “Exchange of knowledge”, respectively. Only
two disciplines include the CR category, making clear the low representation of this
competence and ability in professional training when analyzing the curricular matrix.
It is concluded that despite the higher prevalence of the RE theme, this is only
possible through the humanized communicative process and knowledge exchange. It
is believed that the new CEPE resolution will be an opportunity to make the CR
approach viable for training professionals capable of dealing with the social, cultural
and economic demands of the population.

Keywords: Dialogue, Content Analysis, ATER, Institution, Extensionism.


V

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. Codificação dos dados


VI

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1. Frequência simples de ocorrência das subcategorias de Extensão


Rural
GRÁFICO 2. Frequência simples de ocorrência das subcategorias de Comunicação
Rural.
VII

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1. Questões-chaves utilizadas para norteamento das informações


analisadas no PPC do curso de Agronomia UFV-CAF.
VIII

LISTA DE TABELAS

TABELA 1. Caracterização sumária dos três períodos que marcam o processo


evolutivo da Extensão Rural no Brasil.
TABELA 2. Unidade de contexto e codificação para análise no PPC do curso de
Agronomia UFV-CAF.
TABELA 3. Análise das ementas das disciplinas do curso de Agronomia UFV-CAF.
TABELA 4. Informações analisadas no PPC do curso de Agronomia UFV-CAF.
IX

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ART: Artigo
ATER: Assistência Técnica e a Extensão Rural
CEPE: Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão
CONFEA: Conselho Federal de Engenharia e Agronomia
CR: Comunicação Rural
ER: Extensão Rural
ESAV: Escola Superior de Agricultura e Veterinária
EUA: Estados Unidos da América
INTERCOM: Congresso Brasileiro de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
MEC: Ministério da Educação
PIB: Produto Interno Bruto
PPC: Projeto Pedagógico do Curso
UFV: Universidade Federal de Viçosa
UFV-CAF: Universidade Federal de Viçosa - Campus Florestal
UREMG: Universidade Rural do Estado de Minas Gerais.
X

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................1
2. REVISÃO DE LITERATURA..............................................................................4
2.1.1. EXTENSÃO RURAL.......................................................................4
2.1.2. COMUNICAÇÃO RURAL..................................................................9
2.1.3. EXTENSÃO E COMUNICAÇÃO RURAL NA UNIVERSIDADE
FEDERAL DE VIÇOSA...................................................................11
3. MATERIAS E MÉTODOS ..................................................................................12
3.1.1. METODOLOGIA.........................................................................12
3.1.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................19
4. CONCLUSÃO................................................................................................28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................29
1

1. INTRODUÇÃO
A conexão entre as novas tecnologias realizada pela pesquisa é fundamental
para o desenvolvimento rural. Para que ocorra a conexão respeitosa e efetiva entre
os conhecimentos científicos e o saber prático é fundamental a comunicação
realizada por meio da Assistência Técnica e a Extensão Rural. O termo “Extensão
Rural” não é autoexplicativo, os conceitos evoluíram ao longo do tempo,
acompanhando as mudanças conjunturais e particularidades da dinâmica e estrutura
socioeconômica de cada país.
O termo Extensão Rural proposto por Marcus Peixoto (2008) apresenta três
pilares conceituais: processo educativo de comunicação; organização pública
prestadora de serviço de ATER e política pública e dispositivos legais, traçados
pelos governos e executados pelas organizações. No Brasil, a Extensão Rural é
marcada por três períodos, nos quais o conceito trazido foi sendo construído: o
humanismo assistencialista, o difusionismo produtivista e o humanismo crítico, todos
caracterizados pela orientação filosófica e pelo modelo operacional predominantes
durante o período de sua ocorrência.
A terceira etapa, iniciada na década de 80, tendo como expoente o educador
brasileiro Paulo Freire, diferencia-se metodologicamente das fases anteriores. Para
Freire, é por meio da comunicação que ocorre a educação. Crítico da comunicação
rural baseada na transferência tecnológica, vertical, unilateral e opressora, Freire
(2013) apresenta uma relação participativa e ativa dos agricultores no processo de
construção do conhecimento de acordo com os seus interesses pessoais
(RODRIGUES, 1997). Em seu livro “Extensão e Comunicação" (1968), Freire analisa
a comunicação entre os técnicos e os camponeses e expõe que o extensionista
deve ser um comunicador no processo de construção do conhecimento coletivo.
Com a intensificação das discussões acerca da extensão rural, o conceito de
Comunicação Rural definido por Bordenave (1988, p. 08) se fortalece e serve como
base para a prática da extensão rural brasileira. Conforme o autor, a Comunicação
Rural é:
“Conjunto de fluxos de informação, de diálogo e de influência recíproca entre
os componentes do setor rural e entre eles e os demais setores da nação
afetados pelo funcionamento da agricultura, ou interessados no
melhoramento da vida rural” (1988, p. 08)”
2

No entanto, as escolas e as universidades não deram a devida atenção no


que se refere ao ensino da comunicação rural enquanto disciplina, componente
curricular e linha de pesquisa, ficando ainda impregnada pelo paradigma
educacional difusionista, distanciado da realidade, mas ainda presente no dia a dia
(KUNSCH, 1986).
Gonçalves (2015) traz que a problemática da Extensão e Comunicação Rural
foi a excessiva difusão e adesão de práticas agrícolas visando ao aumento da
produtividade e apresentando a função do “extensionista rural” como um transmissor
de técnicas, que não leva em consideração os aspectos sociais e culturais dos
agricultores, com foco em resultados imediatos. Conforme Melo (1993), esse é o
desafio enfrentado pela comunidade universitária da comunicação social, na medida
em que o Brasil permanece com um perfil econômico marcado pelo agronegócio,
fonte significativa da sua pauta de exportações e expoente econômico do PIB
(Produto Interno Bruto) brasileiro. Conforme o autor:
“Desde que se implantaram no Brasil, em meados da década de 60, as
Escolas de Comunicação Social, algumas tentativas têm sido feitas para
incorporar o universo da comunicação rural às atividades didáticas e
científicas daquelas instituições, todavia é forçoso reconhecer que o espaço
ocupado até agora pela Comunicação Rural é periférico e descontínuo”
(MELO, 1993, p. 73).

Outro aspecto relevante nesse contexto é o papel tradicionalmente atribuído à


área de formação socioeconômica nas Ciências Agrárias, área que historicamente é
considerada à margem ou tida como de importância questionável à formação
profissional, com exceção das disciplinas relacionadas à economia e à
administração, mais facilmente instrumentalizadas pela ideologia agronômico-
produtivista. Na prática, os estudantes sentem-se confusos, buscam relacionar
informações e conhecimentos pouco conectados, levando a dúvidas e
questionamentos frequentemente relacionados à “aplicabilidade” e à “praticidade”
dos conteúdos das disciplinas socioeconômicas que compõem os currículos. Essa
pressão por pragmatismo leva, muitas vezes, à elaboração e condução de
conteúdos instrumentalizados e pouco reflexivos, desconectados da realidade que
encontrarão junto ao produtor. Não raro, estudantes saem da universidade carentes
de formação básica em temas relacionados às ciências sociais, como a
comunicação rural (LEAL e BRAGA, 1993).
3

Como pioneira no Brasil, a Escola Superior de Agricultura e Veterinária


(ESAV/Viçosa-MG), atualmente Universidade Federal de Viçosa (UFV), foi a primeira
instituição a realizar atividades de extensão com o agricultor, preocupada com o
processo comunicativo. Segundo Duarte & Soares (2011), a instituição introduziu a
Sociologia Rural no Brasil com o propósito de despertar as relações humanas no
meio rural e proporcionar os elementos metodológicos básicos. Atualmente, A UFV
possui três Campus sendo Viçosa, Florestal e Rio Paranaíba e em todos é ofertado
o curso de Agronomia.
No curso de Agronomia do Campus Florestal (UFV-CAF), atualmente há 221
alunos matriculados. Os elaboradores das diretrizes curriculares do curso têm em
vista unir as competências profissionais e sociais por meio de disciplinas
obrigatórias, optativas e facultativas. No entanto, não há uma disciplina voltada à
Comunicação Rural, sendo essa abordada “dentro” do plano de ensino de algumas
disciplinas ligadas à abordagem social (UFV, 2022).
Com a expansão das atividades de Extensão prevista pela Resolução no 6, de
Março de 2022 da UFV, que estabelece 10% da carga horária exigida para a
integração de cursos de graduação, por meio da participação dos alunos em
atividades de extensão universitária, com orientação prioritária para áreas de grande
pertinência social e, partindo do princípio de que o processo de extensão é
construído a partir da comunicação social como proposto por Freire (1965) e
Bordenave (1983), surge a pergunta desta pesquisa: “Como a extensão e a
comunicação rural vêm sendo abordadas dentro do Projeto Pedagógico do Curso
(PPC) de Agronomia de na Universidade Federal de Viçosa – campus Florestal
antes da alteração prevista pela nova Resolução? ”
Portanto, esta pesquisa tem como objetivo analisar o PPC do curso de
Agronomia no que tange às temáticas de extensão e comunicação rural na formação
dos engenheiros agrônomos da Universidade Federal de Viçosa – campus Florestal.
Pretende-se com este trabalho criar um registro analítico da evolução da temática de
extensão e comunicação rural, visando ao aprimoramento e abrangência dessas
temáticas nas disciplinas do quadro do curso, não apenas as relacionadas às
questões socioeconômicas, uma vez que é uma competência inerente ao ser
humano comunicar-se.

1.1. Objetivo Geral


4

Analisar a estrutura do PPC do curso de Agronomia da UFV – Campus


Florestal, relacionada ao ensino, pesquisa, extensão e formação profissional que
envolva as temáticas Extensão e Comunicação Rural antes da alteração prevista em
2023.

1.2. Objetivos Específicos

. Analisar a carga horária das disciplinas que abordam as temáticas Extensão e


Comunicação Rural como conteúdo programático e como assuntos correlatos;

· Investigar a sequência de disciplinas que configuram como pré-requisito para


cursar as disciplinas que trabalham as temáticas de Extensão e Comunicação
Rural, quanto à relação existente entre elas;

· Examinar as disciplinas optativas e as oportunidades de complementação de


conhecimentos e habilidades relacionadas à Extensão Rural oferecidas pelo
curso aos alunos, quanto à oportunidade;

. Classificar a frequência de ocorrência das temáticas de Comunicação e


Extensão Rural no PPC do curso.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. EXTENSÃO RURAL


O conceito de Extensão vem das antigas civilizações egípcias que foram
orientadas a como plantar, construir e organizar associações para eliminar
intermediários (OLINGER, 1996). Os conceitos de Extensão Rural foram evoluindo
com o tempo e as mudanças do cenário, conforme as estruturas socioeconômicas e
culturais de cada país. Vários autores (ALEX et al., 2002; SWANSON, 2006;
RIVIERA e QAMAR, 2003) analisam e propõe modelos ou sistemas de extensão, em
geral sugerindo aí sua maior diversificação.
Nesta pesquisa, assumimos o conceito de “Extensão Rural” de Peixoto
(2008), que pode ser definido como um processo, instituição e política. Como
processo, o termo “Extensão Rural” pode ser entendido como um procedimento
educativo de comunicação² de conhecimentos de qualquer natureza, sejam técnicos
ou não (PEIXOTO, 2008). Ainda para o autor, o conceito de assistencialismo rural se
5

diferencia do conceito de Extensão Rural como processo, uma vez que o primeiro
prioriza apenas soluções para o produtor sem capacitá-lo, não havendo o processo
educacional.
Consequentemente, a Extensão Rural, por ter a estrutura educacional, é
realizada por instituições públicas de ATER, organizações não governamentais,
cooperativas e o setor corporativo que prestam assistência técnica. Mesmo com o
conceito educacional, na Extensão Rural haverá assistencialismo por parte do setor
corporativo como indústrias, comércios, fornecedores de insumos, equipamentos e
outros serviços de caráter rural com atividades de vendas, pós-vendas ou de
compras (PEIXOTO, 2008).
Enquanto conceito de Extensão Rural, as instituições, organizações estatais e
prestadores de serviços de ATER desempenham um papel importante no processo
de desenvolvimento dos pequenos produtores. Ainda conforme Peixoto (2008), não
há justificativa para a intervenção pública da Extensão Rural como meio de
redistribuição de renda ou de igualdade de oportunidade pelas instituições públicas.
Essas devem atuar na construção e estimulação de novas técnicas produtivas
“geradoras de externalidades positivas para toda a população (barateamento de
alimentos, aumento do saldo comercial do país com impacto positivo sobre toda a
economia, etc.).”
Dirigidos às políticas de Extensão Rural, temos os dispositivos legais
traçados pelos governos Federal, Estaduais e Municipais (programas, políticas e
resoluções) em relação ao modelo de Extensão Rural resultante e adotado por um
Estado e executados em suas estruturas institucionais. O modelo de prestação de
serviço adotado pode ser público ou privado, a depender da forma adotada pelo
Estado e/ou pela sociedade. No Brasil, o primeiro modelo (público e gratuito) foi
privilegiado e direcionado prioritariamente para os agricultores familiares e exercido
pelas instituições estaduais de ATER. Nesse sentido, há quatro modelos básicos de
políticas coexistentes: público e gratuito; público e pago; privado e gratuito; e privado
e pago.
Rodrigues (1997) apresenta a Extensão Rural brasileira em três fases de
orientação filosófica e modelos predominantes de acordo com as intervenções do
Estado e as macrodefinições políticas dos planos de desenvolvimento. Para que os
processos não sejam homogêneos e lineares para as regiões do país, foram
6

descritos como Humanismo assistencialista, Difusionismo produtivista, Humanismo


crítico e representados na tabela ilustrativa feita pelo autor (TABELA 1).
Desse modo, o Humanismo assistencialista marcou o momento com a visão
de promover, por meio de um extensionista agrícola e de um extensionista
doméstico, mudanças de hábitos, condutas e habilidade para a melhor condição dos
pequenos produtores rurais, a metodologia deveria permitir “aprender fazendo”
(RODRIGUES, 1997). Nele a interação era de técnicos-agricultores com a relação
de sujeito-objeto (BRASIL, 2010).
Rodrigues (1997) expõe o Difusionismo Produtivista como uma ação de
promoção de pacotes tecnológicos e a revolução verde com ênfase em mudanças
sem considerar as estruturas econômicas e sociais dos produtores, apresentando o
mesmo padrão de interação do Humanismo assistencialista (BRASIL, 2010).
Bordenave (1985) retrata o Difusionismo Produtivista subdividindo-o em
modelo difusionista, modelos de pacotes e o modelo da inovação induzida pelo
mercado. O Modelo Difusionista ocorre com a introdução e difusão de novas ideias e
inovações pelas pesquisas promovidas que enfatizam a maior eficiência de
produção para os agricultores (Bordenave,1985).
Entretanto, a difusão estimulou a segregação do homem da cidade do homem
do campo, gerando o estereótipo do agricultor como “mal-educado” e "resistente" e
que o produtor era defasado em conhecimentos de agricultura (Duarte e Soares,
2011).
O Modelo de Pacotes é tratado como um processo de produção no qual a
combinação dos fatores terra, capital, mão de obra, administração e tecnologia não
estavam ao alcance da maioria dos produtores na América Latina, tornando o
modelo difusionista mal sucedido. (Navarro e Pedroso, 2011).
Bordenave (1985) apresenta o Modelo de Pacotes como estratégia para
difusão generalizada que combinava comunicação em massa, programas de
créditos, melhoria nas condições de comercialização e o envolvimento de lideranças
políticas. O Modelo de Pacotes deveria colocar um pacote de serviços ao alcance do
produtor. (BORDENAVE, 1985).
Rodrigues (1997) ao explanar sobre o Humanismo Crítico em sua primeira
fase (Fase I), relata que o extensionista atuava para processos sociais de
mudanças, havendo uma crítica em relação ao processo de difusionismo que gerou
exclusão social e impactos ambientais. O autor evidencia a necessidade de que a
7

relação de interação entre técnicos–agricultores seja vista como relação sujeito–


sujeito (BRASIL, 2010).
A segunda fase (Fase II) do Humanismo Crítico é descrita pelo mesmo autor
como semelhante à Fase l, porém com foco nos agricultores familiares, assentados
da reforma agrária e nas comunidades tradicionais, retornando em forma de
elaborações de projetos para crédito e orientações sobre legislação sanitária e
ambiental. Nessa fase, observa-se que a interação técnicos-agricultores evolui para
sujeito–sujeito (BRASIL, 2010).
O modelo associado ao Humanismo Crítico por Bordenave (1985) é baseado
na Organização e Participação, no qual o desenvolvimento deve estar orientado
para o bem-estar da população, havendo participação decisória. Esse modelo surgiu
das críticas ao modelo difusionista e seus derivados com a contribuição do êxodo
rural, exclusão de produtores familiares e a degradação do recursos naturais
(BORDENAVE, 1985).
8

Tabela 1 - Caracterização sumária dos três períodos que marcam o processo evolutivo da Extensão Rural no Brasil.

HUMANISMO DIFUSIONISMO
ESPECIFICAÇÕES HUMANISMO CRÍTICO
ASSISTENCIALISMO PRODUTIVISTA
Prevalência 1948 - 1962 1963 – 1984 1985 – 1989
Público preferencial Pequenos agricultores Grandes e médios agricultores Pequenos e médios agricultores
Unidade de trabalho Família rural Produtor rural Família rural
Orientação pedagógica “Ensinar a fazer fazendo” Difusionista Dialógica, problematizadora
Papel do agente de Indutor de mudança de Elaborador de projetos de crédito Catalizador de processos
extensão comportamento rural sociais
Tipo de planejamento Vertical ascendente Vertical descendente Circular
Apenas subjacente; Finalístico: modernizar o Essencial, mas dentro de
instrumento para melhorar as processo produtivo aumento a padrões de equilíbrio ecológico
Papel da tecnologia
condições de vida da família produtividade da terra e do energético e social
rural trabalho
Supervisionado; cobre Orientado; voltado para produtos Orientado; voltado
Tipo e uso do crédito investimentos no lar e na com a finalidade de viabilizar preferencialmente para viabilizar
rural propriedade (produtivos ou tecnologias de uso intensivo de tecnologias “apropriadas”
não) capital
Cria grupos de agricultores, Não se preocupa com este tipo Estimula a organização e o
Organização da
donas de casa e jovens de ação associativismo rural autônomos
população
rurais
Fonte: Cadernos de Ciência & Tecnologia, Brasília, v.14, n.1, p.113-154, 1997.
9

2.2. COMUNICAÇÃO RURAL


Bordenave (1988) conceitua Comunicação Rural como um processo de
informação e extensão rural que identifica os desafios, promove a articulação
entre os produtores e busca soluções para os problemas e as demandas
vivenciados por eles. Conforme o autor:

“Comunicação rural é o conjunto de fluxos de informações, de


diálogo e de influência recíproca existentes entre os
componentes do setor rural e entre eles e os demais setores
da nação afetados pelo funcionamento da agricultura, ou
interessados no melhoramento de vida rural.” (Bordenave,
1988; p. 08).

A Comunicação Rural no Brasil iniciou com a transferência de tecnologia


dos Estados Unidos (EUA) para a zona rural brasileira. Segundo Duarte e
Soares (2011), as teorias de comunicação e desenvolvimento rural brasileiro
foram baseadas nos seminários da Fundação Rockfeller dos EUA sobre a
comunicação em massa, tendo como campo de pesquisa a comunicação e
persuasão. Um modelo com caráter difusionista, unidirecional e verticalizado
(Cavalcante e Nóbrega, 2017) conforme tratado na sessão 2.1.
Iniciou nesse período a propaganda para transferência dos pacotes
tecnológicos, utilizando uma comunicação persuasiva a fim de convencer os
produtores a optarem pelo uso intensivo de insumos e máquinas, visando à alta
produção. A comunicação rural da época era voltada para a propaganda de
técnicas agrícolas e para a difusão de tecnologias (Duarte e Soares, 2011),
sem levar em consideração os aspectos culturais, sociais ou ambientais.
A disseminação das tecnologias agrícolas foi feita em vários canais de
comunicação, objetivando influenciar o produtor a usar as técnicas modernas
para solucionar problemas antigos. Silva e Müller (2014) relatam que, no início,
a comunicação rural no Brasil era "cheia de extensionismo, funcionalismo e
difusão de inovação, fortemente influenciada por paradigmas importados e,
portanto, distante da realidade brasileira".
Desse modo, a comunicação rural apresentou-se como uma ferramenta
do modelo "tecnicista", com a abordagem do assunto problema sendo resolvido
pela difusão de tecnologia no espaço rural, sempre de forma verticalizada. No
entanto, a Comunicação Rural visa a outro tipo de desenvolvimento,
10

estimulando a prática de “troca de saberes”, a valorização da participação


comunitária com a comunicação horizontal e multidirecional (PNUD, 2011, p.
2).
Como relata Duarte e Soares (2011), a partir da década de 80, inicia-se
a mudança paradigmática da comunicação rural, de transferência de
conhecimento para a troca de saberes, trazendo novos olhares para os velhos
problemas: [...] “comunicação comunitária”, “comunicação participativa e
desenvolvimento local, integrado e sustentável”, “comunicação e redes
solidárias”, “comunicação e ecologia no campo”, “educação ambiental”,
“comunicação nas organizações rurais”, entre outros.
Entretanto, a mudança apresentou uma divisão política: de um lado
quem preserva o meio ambiente a partir da comunicação comunitária
(comunicação rural) e do outro quem busca crescimento rural por meio do
agronegócio, mediante a extensão e assistência técnica no campo. Logo, a
ideia que vem sendo repassada da mudança social entre o tradicional e o
moderno, vem sendo o alvo das ações institucionais de pesquisas acadêmicas
e projetos do governo (Duarte e Soares, 2011).
Silva e Müller (2014) afirmam que, para o extensionista, a comunicação
é instrumento indispensável. A escolha da forma de se comunicar ou o método
de comunicação em relação a outro ocorrem de acordo com o desenvolvimento
adotado pelo país (BORDENAVE, 1983). Dessa forma, a comunicação rural
acontece por meio de três métodos de informação descritos por Bordenave
(1993) no seguinte fluxo infomativo:
“articulação de baixo para cima das necessidades dos agricultores
para a produção de políticas públicas para o setor; articulação
horizontal e dialógica dos agricultores com serviços de apoio
(pesquisa, extensão, crédito e reforma agrária); articulação
coordenada entre esses serviços de apoio, unificando as informações
e o discurso compartilhado entre os agricultores; e fomento de
educação a distância, de caráter popular, com o uso do Rádio
(DUARTE; SOARES, 2011, p. 409)”

O desenvolvimento rural e a comunicação estão relacionados, uma vez


que o método de comunicação é o meio usado para a tomada de decisões
sobre as formas de produção e convivência. A partir disso, o Estado
providencia ações de política agrárias, financeiras e técnicas com intuito de
informar e conscientizar sobre os insumos, equipamentos e de disponibilidade
de alimentos ao público alvo: os agricultores familiares (OLINGER, 1996).
11

2.3 Extensão e Comunicação Rural na Universidade Federal de


Viçosa
As primeiras experiências em Extensão Rural tiveram início em 1930, na
Escola Superior de Agricultura e Veterinária de Viçosa, Minas Gerais
(ESAV/Viçosa-MG), onde já havia o cuidado humanístico no processo de
comunicação entre os extensionistas e os agricultores (DUARTE e SOARES,
2011). O marco inicial para incluir a Comunicação Rural na mídia nacional foi
no XI INTERCOM (Congresso Brasileiro de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação), realizado em setembro de 1988, na Universidade Federal de
Viçosa, em Minas Gerais (CARVALHO E BRAGA, 2001), com o tema
“Comunicação Rural”.
Bordenave (1993) frisa que a Comunicação Rural vai além de diálogos
técnicos educativos, alcançando o diálogo político.
A instituição teve um papel importante na criação da Sociologia Rural no
Brasil por intermédio dos professores John B. Griffing e Edgard
Vasconcelos, que na época quiseram estimular os alunos para a "conexão
humana" em ambientes rurais e forneceram elementos metodológicos básicos
[...]“ com que pudéssemos observar, mais atentamente, em suas atividades de
campo, a influência dos fatores humanos na vida e no trabalho rural” (DUARTE
e SOARES, 2011). Como relatou Vasconcelos (1977, p. 11), eles tentaram
aproximar o conhecimento acadêmico ao senso comum do camponês.
O curso de graduação de Agronomia da Universidade Federal de
Viçosa - Campus Florestal (UFV-CAF) foi aprovado no dia 13 de agosto de
2009, na quadringentésima sexagésima quarta reunião do Conselho de Ensino,
Pesquisa e Extensão (CEPE) (Anexo I: item 10.2.1 da pauta), mas, foi
somente no dia 30 de outubro de 2013 que a Pró-Reitoria de Ensino da UFV
postou no Ministério da Educação (MEC) o Pedido de Reconhecimento do
Curso de Agronomia da UFV – Campus Florestal (Presencial – Bacharelado)
sob o Processo Número 201357759. (Projeto Político Pedagógico (PPC) - UFV,
2018.).
O Projeto Político Pedagógico do curso de Agronomia UFV-CAF foi
elaborado em 2018 e tem como objetivo capacitar profissionais habilitados
conforme a legislação, sendo desenvolvido o exercício crítico com valores e
12

princípios estéticos, políticos, éticos e com base acadêmica sólida, de modo


que possa contribuir para o desenvolvimento do país de forma sustentável e
com melhoras nas condições socioeconômicas (UFV, 2018).
Para cumprir as exigências das resoluções e legislações específicas do
Engenheiro Agrônomo, o curso de Agronomia definiu a carga horária da
seguinte forma: disciplinas obrigatórias (3.255 horas) e disciplinas optativas
divididas em quatro grupos (540 horas). Para integralização do curso, o
estudante obrigatoriamente deve cursar pelo menos três disciplinas do Grupo I
e pelo menos 2 disciplinas do Grupo II; Estágio supervisionado (300 horas) e o
Trabalho de Conclusão de Curso (120 horas), totalizando dessa forma 4.215
horas (UFV, 2018).
Em função da fundamentabilidade das atividades de Extensão em seu
caráter formativo, o Plano Nacional de Educação (PNE) em seu Art. 8º, meta
12, estratégia 12.7, prevê que as atividades de extensão deverão fazer parte
do currículo com o percentual mínimo de 10% da carga horária total dos cursos
de graduação. A fim de atender às metas previstas, em 2022 foi aprovada a
Resolução CEPE nº 6 da UFV, que objetiva “ampliar a inserção e a articulação
de atividade de extensão nos processos formativos dos discentes, de forma
indissociável da pesquisa e do ensino, por meio da interação dialógica com a
comunidade externa e os contextos locais, com vistas ao aperfeiçoamento da
qualidade da formação acadêmica nos cursos de graduação” (UFV, 2022).
Para entendermos as mudanças que serão geradas a partir da nova
resolução, é fundamental conhecermos como as temáticas de Extensão e
Comunicação Rural vêm sendo trabalhadas em diferentes eixos dentro do PPC
do curso. Dessa forma, esta pesquisa objetiva compreender a abordagem da
Extensão e Comunicação Rural a partir do documento PPC Agronomia UFV-
CAF e identificar como essas temáticas vêm sendo abordadas no que tange ao
ensino, a pesquisa, a extensão e a formação do futuro profissional, para assim
termos uma memória metodológica capaz de traçar um histórico do curso de
agronomia.

3. MÉTODO E DADOS
3.1. METODOLOGIA
13

Este estudo se propõe a apresentar como as temáticas de Extensão e


Comunicação Rural são trabalhadas no PPC do curso de Agronomia da
Universidade Federal de Viçosa - Campus Florestal antes da alteração prevista
na Resolução 06 do CEPE de 13 de março de 2022.

Classificação da pesquisa e percurso metodológico

Para o alcance do objetivo proposto, esta pesquisa foi delineada


segundo as especificidades metodológicas descritas por Triviños (1987),
Pimentel (2001), Veiga (2001) e Gil (2007). A caracterização metodológica
utilizada para análise do PPC do curso de Agronomia da UFV-CAF foi
exploratória quanto a sua natureza, quali-quantitativa quanto a abordagem,
utilizando como instrumento de coleta de dados a pesquisa documental e para
interpretação dos dados a Análise de Conteúdo de Bardin (2011).

A pesquisa exploratória tem “como objetivo proporcionar maior


familiaridade com o problema” e objetiva torná-lo mais explícito ou facilitar a
construção de hipóteses. Esse tipo de pesquisa tem como principal objetivo o
aprimoramento ou a descoberta de novas ideias (GIL, 2007). A pesquisa quali-
quanti, é a combinação das duas abordagens, utilizando em parte do estudo a
concepção fenomenológica para análise interpretativa dos dados coletados,
validado pela concepção positivista (NOVIKOFF, 2010).

A coleta de dados foi realizada por meio da análise documental do PPC


do curso de Agronomia da UFV-CAF. Segundo Triviños (1987), a análise
documental oferece ao pesquisador a capacidade de reunir uma grande
quantidade de informação com base num questionamento a ser respondido,
por isso a importância de analisar tal documento para a Instituição de Ensino.
Pimentel (2001) considera que esses estudos baseados em documentos, como
material primordial, extraem deles toda a análise, organizando-os e
interpretando-os segundo os objetivos da investigação proposta. O documento
analisado no presente estudo foi considerado como fonte primária por não ter
domínio cientifico ou tratamento analítico, conforme relatam Sá Silva, Almeida
e Guindani (2009). Como base teórica para a pesquisa, foram utilizadas as
orientações de Veiga (2001) sobre “questões-chaves” que devem constar neste
14

documento. Para tanto, foi construída uma matriz analítica, seguindo as


orientações de Mallmann (2015), como estratégia de registro de análise
interpretativa-crítica dos dados, conforme o quadro 1, com questões que
orientam e consideradas primordiais para a análise documental do PPC:

Quadro 1 – Questões-chaves utilizadas para norteamento das informações


analisadas no PPC do curso de Agronomia UFV-CAF.

1. Qual o dimensionamento da carga horária de disciplinas que abordam a temática


Extensão Rural e Comunicação Rural?

2. Existem disciplinas no rol de optativas que abarcam a temática de Extensão Rural e


Comunicação Rural?

3. Qual a sequência de disciplinas consideradas pré-requisito para abordagem da


temática de Extensão Rural e Comunicação Rural?

4. Como as temáticas de Extensão Rural e Comunicação Rural são trabalhadas no PPC


do curso de Agronomia ?

Análise dos dados


A Análise de Conteúdo constitui uma metodologia sistemática de
interpretação do material bruto das comunicações resultantes de documentos,
entrevistas e questionários, de forma qualitativa ou quantitativa. No caso desta
pesquisa, a abordagem será quali-quanti, uma vez que levará em consideração
tanto os aspectos subjetivos textuais (MORAES, 1999) como a frequência em
que aparecem determinadas características do conteúdo. Conforme Bardin
(2011), a Análise de Conteúdo organiza-se em três momentos diferentes: a
pré-análise; a análise do material; o tratamento dos resultados, a inferência e a
interpretação.

Pré-análise
Nessa fase, os objetivos foram organizados e sistematizados a partir das
ideias iniciais. A escolha do documento que constitui o corpus da pesquisa foi
realiza a priori. Em seguida, foi realizada a leitura flutuante do texto a partir da
15

qual foram identificados os elementos que compõe os objetivos e hipóteses


testados, com o auxílio de teorias que já fazem parte do conhecimento
(BARDIN, 2011; OLIVEIRA et al., 2003). A formulação da hipótese, dos
objetivos e dos indicadores foi do tipo dedutiva. O texto foi analisado com base
na regra da Pertinência. A categorização dos dados se deu pela unidade de
registro de temas, cujas categorias foram Extensão Rural e Comunicação
Rural. A partir das leituras, foram definidas as subcategorias, unidades de
registro e os códigos, como mostra a Figura 1.

Figura 1 - Codificação dos dados

Legenda: PPC – Projeto Pedagógicos do Curso; 9p5l4 – página


9, parágrafo 5, linha 4; Ex- Extensão Rural; pr – processos
Fonte: Autor, 2023.

Análise do material
A categorização é um procedimento de classificação e agrupamento de
dados, considerando a parte comum existente entre eles, reunindo um grupo
de elementos (unidade de registro) sob um título genérico, com base nos
caracteres comuns. O critério de categorização da presente pesquisa foi do tipo
semântico, agrupados pelas categorias temáticas como apresentado na Tabela
2.
Após a preparação do material, foi realizada a transformação dos dados brutos
do texto, por processos de decomposição, classificação, agrupamento e
enumeração, que permitiram atingir uma representação do conteúdo e analisar
sua frequência simples dos resultados, apresentados em forma de tabelas com
as informações condensadas e destacadas.
16

Tratamento dos resultados obtidos e interpretação

A partir do resultado do processo de descrição foi elaborado um texto


síntese para cada uma das categorias, capaz de representar os significados de
cada unidade de análise e, posteriormente, foram elaborados novos
significados às características dos elementos.
Na pesquisa qualitativa, a teoria fundante, objetivos, hipóteses e
achados da pesquisa (os indicadores) foram confrontados sistematicamente, a
fim de proceder inferências, redigir sínteses interpretativas e responder às
questões-chaves da pesquisa. Como objeto de validação, foi utilizada a
estatística. Dessa forma, as informações quantitativas obtidas por meio das
porcentagens e frequências simples foram organizadas em um banco de dados
no software Microsoft Office Excel versão 2019 e transcritos por meio de
gráficos e tabelas.
17

TABELA 2. Unidade de contexto e codificação para análise no PPC do curso de Agronomia UFV-CAF.

Categoria Subcategori Unidade de Unidade de Contexto Código


a registro

Extensão Processos Interdisciplinar e “(...) tornando-o capaz de atuar de forma multi e interdisciplinar (...).” [PPC-9p5l4]EXpr
Rural multidisciplinaridad
e

Mobilidade “(...) com amplas possibilidades de participação conjunta em [PPC-9p6l4]EXpr


projetos de pesquisa, extensão e mobilidade acadêmica.

Divulgação “(...)exercer atividades de docência, pesquisa e extensão no ensino técnico profissional, ensino [PPC-12p2l16]EXpr
superior, pesquisa, análise, experimentação, ensaios e divulgação técnica e extensão(...).”

Transformação “(...)todas as organizações que optaram pelo desenvolvimento e difusão do [PPC-7p1l2]EXpr


conhecimento como vetores de crescimento transformaram-se em referências nas suas áreas
de atuação, como a Universidade Federal de Viçosa (UFV)(...).”

Instituição Experimentação e “(...)exercer atividades de docência, pesquisa e extensão no ensino técnico profissional, ensino [PPC-12p2l16]EXi
ensaios superior, pesquisa, análise, experimentação, ensaios e divulgação técnica e extensão
(...).”

Desenvolvimento Exercer uma ação integrada das atividades de ensino, pesquisa e extensão, visando à [PPC-1p1l2]EXi
universalização da educação superior de qualidade, à promoção do desenvolvimento das
ciências, letras e artes (...)”.

Projetos “(...) O Projeto Político Pedagógico do Curso de graduação em Agronomia da UFV [PPC-9p4l1]EXi
Campus Florestal está em discussão permanente e deve ser continuamente aperfeiçoado

Política Políticas públicas “(...)suscitando interesse na análise da [PPC-9p1l3]EXp


estrutura produtiva do estado, de forma a contribuir para a elaboração de políticas públicas
para o desenvolvimento do setor em Minas Gerais (Bastos e Gomes, 2008).”

Comunicaçã Informação Comunicação “(...)a formação crítica dos [PPC-16p1l4]CRi


o Rural fenômenos sociais; a ética; a formação científica; o aperfeiçoamento contínuo da técnica de
produção vegetal; o contexto socioeconômico, cultural, educacional e de saúde da região de
abrangência do Curso, do Brasil e do mundo; a capacidade de comunicação(...).”
18

Diálogo “(...)Pautar-se por princípios da ética democrática: responsabilidade social e ambiental, [PPC-17p1l2]CRi
dignidade humana, respeito mútuo, participação, diálogo e solidariedade, além de
atuar em defesa do direito à vida e à justiça (...).”

Troca de Integração “(...)Exercer uma ação integrada das atividades de ensino, pesquisa e extensão, visando à [PPC-1p1l1]CRi
saberes universalização da educação superior de qualidade(...).”

Saberes “(...) o sujeito utiliza para estabelecer relações entre objetos, saberes teóricos e fatos da vida, [PPC-16p2l3]CRts
experiências que geram novos conhecimentos pertinaz e eficazmente (...).”

Sociabilidade “(...) região, em bases socialmente justas e ambientalmente compatíveis, através de ações de alto [PPC-10p7l6]CRts
nível, demandadas por todos os segmentos da sociedade(...).”

Educação “(...)Exercer uma ação integrada das atividades de ensino, pesquisa e extensão, visando à [PPC-1p1l2]CRts
universalização da educação superior de qualidade(...).”
19

3.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Considerando as questões-chaves do Quadro 1 da presente pesquisa, a


primeira pergunta abarca o dimensionamento da carga horária de disciplinas que
abordam as temáticas Extensão Rural e Comunicação Rural. A segunda, quais
disciplinas optativas que também seguem a mesma abordagem temática e a
terceira, qual delas necessita de pré-requisito. Dentre as 102 disciplinas, 8.8% (n=
09) apresentam na ementa a abordagem das temáticas, sendo 4.9% referentes às
disciplinas obrigatórias (n=05) e 3.9% às optativas (n=04), totalizando 410 horas de
abordagem de Extensão e Comunicação Rural, das quais 381 horas são
obrigatórias. Dentre as disciplinas, 5.88% necessitam de pré-requisito para serem
cursadas. A Tabela 3 apresenta os dados das disciplinas e o dimensionamento das
cargas horárias relativas às temáticas de Extensão e Comunicação Rural, com base
no programa analítico das disciplinas.

Tabela 3. Análise das ementas das disciplinas do curso de Agronomia UFV-CAF que abordam as
temáticas de Extensão Rural e Comunicação Rural.
Carga horária
Disciplina Código Semestre Grupo de Pré-requisito
abordagem
Introdução à
AGF100 1 Obrigatória 2h n.a
Agronomia
Agroecologia AGF401 7 Obrigatória 14h AGF 300 ou AGF 330
Economia Rural AGF483 7 Obrigatória 5h MAF 107
Sociologia,
Ter cursado, no mínimo,
Extensão e
AGF484 8 Obrigatória 60h 2.220 horas de disciplinas
Desenvolvimento
obrigatórias
Rural
Ter cursado 1200 horas
Estágio
AGF486 10 Obrigatória 300h de disciplinas obrigatórias
Supervisionado
do curso de Agronomia
Produção de
AGF472 GRUPO 2 Optativo 2h AGF 270
Monogástrico
Sistema
AGF362 GRUPO 3 Optativo 10h AGF 330 e AGF 360
Agroflorestais
Tópicos Especiais
TBC493 GRUPO 4 Optativo 15h n.a
em Políticas de
20

Saúde e Cidadania
Educação
TGA370 GRUPO 4 Optativo 2h n.a
Ambiental

Para cumprir as exigências das resoluções e legislações específicas do


Engenheiro Agrônomo, as disciplinas de Estágio Supervisionado e de Sociologia,
Extensão e Desenvolvimento Rural, com 300h e 60h respectivamente, necessitam
tanto da teoria como da prática de vivência do acadêmico para a sua realização,
justificando a necessidade de pré-requisito em horas de disciplinas já cursadas. O
acadêmico entrará em contato com a sociedade e aplicará os conhecimentos
apreendidos no ambiente universitário, a fim de socializar e construir novas soluções
para os produtores e/ou empresas rurais (UFV, 2018).
De acordo com a análise de Conteúdo, em relação à maneira como as
temáticas de Extensão Rural e Comunicação Rural são trabalhadas no PPC do
curso de Agronomia (Quadro 1, pergunta 4), observou-se a frequência de ocorrência
de 104 e 43 vezes, respectivamente, considerando as categorias ER e CR (Gráfico
1). É evidente a maior representatividade no que se refere à subcategoria Instituição.
Conforme Peixoto (2008), as instituições são organizações que atuam na construção
e estimulação de novas técnicas produtivas. Dessa forma, fica claro no PPC que a
instituição UFV-campus Florestal tem uma preocupação evidente no
desenvolvimento de tecnologias geradas a partir da integração entre a população e
o meio acadêmico. Nota-se que as bases fundamentais para criação do PPC do
curso estão alicerçadas na unidade de registro desenvolvimento, abordado 46 vezes
ao longo de todo o documento em diferentes sessões (TABELA 3).

90
80
70
Frequência simples

60
50
40
30
20
10
0
Processos Instituição Política
Subcategorias de Extensão Rural
21

Gráfico 1. Frequência simples de ocorrência das subcategorias de Extensão Rural.

A temática de Comunicação Rural foi claramente menos expressiva ao longo


de todo o PPC, quando comparada à de Extensão Rural. Conforme o Gráfico 2, a
subcategoria “troca de saberes” foi a mais representativa (36 vezes), tendo como
unidade de registro mais frequente “educação” (27 vezes). O conceito de
Comunicação Rural assumido nesta pesquisa trata-a como um “conjunto de fluxos
de informação, de diálogo e de influência recíproca entre os componentes do setor
rural e entre eles e os demais setores da nação afetados pelo funcionamento da
agricultura, ou interessados no melhoramento da vida rural” (BORDENAVE,1988, p.
08)”. Esse conceito alinha-se com a filosofia Freiriana (2013 p. 91) que trata a
educação como comunicação e diálogo, “na medida em que não é a transferência
de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significação dos
significados”.
40

35

30
Frequência simples

25

20

15

10

0
Informação Troca de Saberes
Subcagtegorias de Comunicação Rural

Gráfico 2. Frequência simples de ocorrência das subcategorias de Comunicação Rural.

Neste ínterim, assumimos que essa categoria só é alcançada quando há


troca de saberes e informações entre o meio social e o meio acadêmico. As sessões
que abordam mais frequentemente esta categoria são: (i) A Fundamentação Legal,
que traz a proposta pedagógica do Curso de Agronomia da UFV - Campus Florestal,
com referências básicas à LDB (Lei no 9.394/96), as Diretrizes Curriculares
Nacionais para os Cursos de Agronomia (Parecer CNE 306/2004), Diretrizes
Curriculares Nacionais para os Cursos de Formação de Professores (Resoluções 01
e 02 do CNE/2006) e a (ii) Política de Educação Ambiental, que perpassa toda
22

matriz curricular como um tema transversal e interdisciplinar, e é entendida como


fundamental na formação profissional do Engenheiro Agrônomo.
No entanto, ao analisar os conteúdos programáticos das disciplinas que
compõe o curso, as únicas que contemplam a comunicação rural, enquanto
informação e troca de saberes, são as disciplinas de Introdução à Agronomia
(AGF100) e Sociologia, Extensão e Desenvolvimento Rural (AGF 484), deixando
clara a baixa representatividade dessa competência e habilidade na formação do
profissional quando analisada a ementa da matriz curricular. Como forma de superar
este desafio, a nova Resolução CEPE no 6 de março de 2022, considerando o
princípio da indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão, previsto no artigo
207 da CF, regulamenta a creditação de 10% mínimo de carga horária total de
atividades de extensão em todos os cursos de graduação da UFV. Com relação a
essa ampliação para o curso de Agronomia, destaca-se o objetivo de interagir
dialogicamente com a comunidade externa e os contextos locais, com vista ao
aperfeiçoamento da qualidade da formação acadêmica nos cursos de graduação
(UFV, 2022). Como forma de alcançar tal meta, é possível propor a criação de
programas e projetos de extensão articulados interdisciplinarmente entre as diversas
disciplinas do curso, trazendo o caráter de comunicação rural de modo transversal.
Entretanto, não é possível desassociar esta ação das novas tecnologias da
informação e comunicação (TIC) no cotidiano rural para o desenvolvimento do
diálogo e pesquisa alinhados ao novo cenário dos contextos rurais. Segundo Frey
(2003), as TICs representam um possível novo canal viável, de baixo custo,
facilitador e eficiente para comunicação entre os atores envolvidos ao longo do
processo de diálogo e tomada de decisão (FREY, 2003), capaz de garantir a grande
demanda de informações de que o meio rural necessita.
23
TABELA 4. Informações analisadas no PPC do curso de Agronomia UFV-CAF.
Categoria Subcategoria Unidade de Código Onde no PPC Frequência de ocorrência
Registro
EXTENSÃO PROCESSOS Interdisciplinar e [PPC-9p5l4]EXpr Apresentação do curso (1x)
multidisciplinarida
RURAL (ER) [PPC-25p1l11]EXpr Estrutura curricular (4x)
de
[PPC-26p2l2]EXpr
[PPC-26p3l4]EXpr
[PPC-29p1l2]EXpr

Mobilidade [PPC-9p6l4]EXpr Apresentação do curso (1x)

[PPC-10p7l1]EXpr Fundamentação legal (1x)

[PPC-9p6l4]EXpr Metodologia de Ensino e Aprendizagem (1x)

Divulgação [PPC-12p2l16]EXpr Concepção do curso (2x)


[PPC-14p6l2]EXpr
22x
[PPC-18p7l2]EXpr Perfil e competências profissionais do
egresso (1x)
[PPC-36p4l1]EXpr Tecnologia de informação e Comunicação –
TICs – no processo ensino-aprendizagem
(1x)
[PPC-40p2l4]EXpr Política de avaliação (1x)
[PPC-44p2l6]EXpr Outras atividades do Curso (3x)
[PPC-44p2l8]EXpr
[PPC-44p5l4]EXpr
Transformação [PPC-7p1l2]EXpr Apresentação do Curso (1x)
[PPC-11p1l12]EXpr Concepção do curso (2x)
[PPC-12p2l17]EXpr
[PPC-15p9l3]EXpr Objetivo do Curso (1x)
[PPC-17p5l2]EXpr Perfil e competência profissionais do egresso
[PPC-18p9l1]EXpr (2x)
INSTITUIÇÃO Experimentação e [PPC-12p2l16]EXi Concepção do curso (2x)
ensaios [PPC-14p9l1]EXi
[PPC-15p10l1]EXi Objetivo do curso (1x)
[PPC-16p2l7]EXi Perfil e competências profissionais do
24
[PPC-18p8l1]EXi egresso (2x)
[PPC-20p5l3]EXi Estrutura curricular (2x)
[PPC-20p7l1]EXi
[PPC-31p5l6]EXi Trabalho de Conclusão de Curso (1x)
[PPC-31p5l6]EXi Metodologia de Ensino e Aprendizagem (1x)
[PPC-80p2l1]EXi Anexo V: Regulamento do Trabalho de
Conclusão de Curso (TCC) (1x)
Desenvolvimento [PPC-1p1l2]EXi Missão Universidade Federal de Viçosa (1x) 80X
[PPC-7p1l1]EXi Apresentação do Curso (8x)
[PPC-7p2l1]EXi
[PPC-7p6l4]EXi
[PPC-9p1l4]EXi
[PPC-9p2l4]EXi
[PPC-9p3l4]EXi
[PPC-9p5l5]EXi
[PPC-9p7l2]EXi
[PPC-12p7l1]EXi Concepção do curso (5x)
[PPC-12p1l1]EXi
[PPC-13p1l1]EXi
[PPC-14p5l1]EXi
[PPC-14p11l6]EXi
[PPC-15p1l6]EXi Objetivos do Curso (7x)
[PPC-15p3l2]EXi
[PPC-15p4l2]EXi
[PPC-15p5l2]EXi
[PPC-15p6l1]EXi
[PPC-15p7l3]EXi
[PPC-15p10l3]EXi
[PPC-16p1l7]EXi Perfil e competências profissionais do
[PPC-17p6l1]EXi egresso (3x)
[PPC-18p2l4]EXi
[PPC-21p1l3]EXi Estrutura curricular (1x)
[PPC-27p6l1]EXi Trabalho de Conclusão de Curso (2x)
[PPC-28p4l2]EXi
[PPC-28p6l2]EXi Educação das Relações Étnico-raciais e para
o Ensino de História e Cultura Afrobrasileira
e Africana (1x)
[PPC-29p2l9]EXi Políticas de Educação Ambiental (1x)
[PPC-31p2l1]EXi Metodologia de Ensino e Aprendizagem (6x)
25
[PPC-31p4l6]EXi
[PPC-31p5l3]EXi
[PPC-32p4l4]EXi
[PPC-32p4l6]EXi
[PPC-32p5l3]EXi
[PPC-33p1l2]EXi Avaliação do processo de ensino e
aprendizagem (1x)
[PPC-34p2l2]EXi Tecnologia de Informação e Comunicação –
[PPC-34p6l1]EXi TICs – no processo ensino-aprendizagem
[PPC-35p4l4]EXi (3x)
[PPC-39p1l1]EXi Apoio discente (2x)
[PPC-39p2l2]EXi
[PPC-40p9l1]EXi Política de avaliação
[PPC-44p1l4]EXi Outras atividades do curso (4x)
[PPC-44p5l5]EXi
[PPC-45p8l4]EXi
[PPC-46p6l1]EXi
[PPC-48p1l3]EXi Colegiado do Curso (1x)
Projetos [PPC-9p6l4]EXi Apresentação do curso (1x)
[PPC-12p2l4]EXi Concepção do curso (2x)
[PPC-13p3l4]EXi
[PPC-3p3l2]EXi Perfil e competências profissionais do
egresso (1x)
[PPC-20p5l3]EXi Estrutura curricular (1x)
[PPC-27p3l2]EXi Atividades complementares (2x)
[PPC-27p3l3]EXi
[PPC-28p5l4]EXi Educação das Relações Étnico-raciais e para
o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira
e Africana (1x)
[PPC-29p2l9]EXi Políticas de Educação ambiental (1x)
[PPC-32p4l2]EXi Metodologia de Ensino e Aprendizagem (1x)
[PPC-38p8l2]EXi Apoio discente (1x)
[PPC-43p8l3]EXi Outras atividades do Curso (6x)
[PPC-44p1l5]EXi
[PPC-44p2l3]EXi
[PPC-46p8l3]EXi
[PPC-47p1l5]EXi
[PPC-47p3l4]EXi
[PPC-69p3l2]EXi 19.4. Anexo IV: Regulamento das Atividades
26
[PPC-70p2l2]EXi Complementares – AGF 490 (3x)
[PPC-70p3l2]EXi
[PPC-75p13l1]EXi Anexo II- Relação das Atividades
[PPC-76p5l1]EXi Complementares (2x)

[PPC-80p63l6]EXi Regulamento das normas para a realização


do Trabalho de Conclusão do Curso de
Agronomia da UFV - Campus Florestal (1x)
POLÍTICA Políticas públicas [PPC-9p1l3]EXp Apresentação do curso (1x)
2x
[PPC-13p1l4]EXp Concepção do curso (1x)
COMUNICAÇÃO INFORMAÇÃO Comunicação [PPC-16p1l4]Cri Perfil e competências profissionais do
RURAL (CR) [PPC-18p1l1]Cri egresso (2x)
[PPC-34p2l1]Cri Tecnologia de Informação e Comunicação –
[PPC-34p5l3]Cri TICs – no processo ensino-aprendizagem
7x
[PPC-34p9l2]Cri (3x)
[PPC-47p1l4]Cri Outras atividade do Curso (1x)
Diálogo [PPC-17p1l2]Cri Perfil e competências profissionais do
egresso (1x)
TROCA DE Integração [PPC-9p5l1]CRts Apresentação do Curso (1x)
SABERES [PPC-11p1l3]CRts Fundamentação Legal (1x)
[PPC-16p1l4]CRts Perfil e competências profissionais do
egresso (1x)
[PPC-31p4l6]CRts Metodologia de Ensino e Aprendizagem (2x)
[PPC-31p6l2]CRts
[PPC-44p5l1]CRts Ingresso no curso (1x)
[PPC-79p5l5]CRts 19.5. Anexo V: Regulamento do Trabalho de
Conclusão de Curso (TCC) (1x)
Saberes [PPC-16p2l3]CRts Perfil e competências profissionais do
egresso (1x) 36x
Sociabilidade [PPC-20p4l1]CRts Estrutura curricular (1x)
Educação [PPC-1p1l2]CRts Missão da Universidade Federal de Viçosa
(1x)
[PPC-7p6l2]CRts Apresentação do Curso (2x)
[PPC-8p2l3]CRts
[PPC-10p3l1]CRts Fundamentação Legal (6x)
[PPC-10p5l1]CRts
[PPC-10p5l3]CRts
[PPC-11p1l1]CRts
[PPC-11p1l3]CRts
27
[PPC-11p1l5]CRts
[PPC-13p3l3]CRts Concepção do Curso (1x)
[PPC-20p1l3]CRts Estrutura curricular (2x)
[PPC-20p1l5]CRts
[PPC-27p1l3]CRts Atividades complementares (2x)
[PPC-27p1l5]CRts
[PPC-28p6l1]CRts Educação das Relações Étnico-raciais e para
[PPC-28p8l1]CRts o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira
[PPC-28p8l4]CRts e Africana (3x)
[PPC-29p1l1]CRts Políticas de Educação Ambiental (5x)
[PPC-29p2l1]CRts
[PPC-29p2l3]CRts
[PPC-29p3l2]CRts
[PPC-29p3l7]CRts
[PPC-33p7l6]CRts Avaliação do processo de ensino e
aprendizagem (1x)
[PPC-34p4l1]CRts Tecnologia de Informação e Comunicação –
TICs – no processo ensino-aprendizagem
(1x)
[PPC-40p2l7]CRts Política de avaliação (1x)
[PPC-46p7l2]CRts Outras atividades do Curso (2x)
[PPC-46p9l1]CRts
28

4. CONCLUSÃO
Apesar da evolução histórica das técnicas de comunicação em Extensão
Rural, ainda é evidente as raízes difusionistas como práticas de viabilização e
adoção de técnicas com relação verticalizada entre sujeitos-objetos. A UFV foi
pioneira na história do desenvolvimento da Extensão Rural brasileira ao realizar
atividades de extensão com o agricultor, preocupando-se com processo
comunicativo. Enquanto instituição, foi a primeira a introduzir, nos cursos de
Agronomia, a disciplina de Sociologia Rural, com o objetivo de fortalecer as relações
humanas no meio rural e apresentar a relação pedagógica das metodologias básicas
para promoção da extensão enquanto construção.
Apesar da relevância e pioneirismo, ainda são poucas as disciplinas em seu
Projeto Pedagógico do Curso (PPC) que dialoguem com as temáticas de modo
interdisciplinar no que tange à Extensão Rural (ER) e à Comunicação Rural (CR),
ficando como responsabilidade de poucos componentes curriculares ao longo do
curso, tornando-os incipientes e isolados quando se pensa na formação do
profissional atuante no mercado. Mesmo com a prevalência mais representativa da
temática Extensão Rural, essa só é construída com base na relação sujeito-sujeito,
que se dá pela Comunicação Rural.
Contudo, é pela necessidade de formar profissionais egressos que tenham
base teórica e prática para atuação com o público, que conheçam aspectos técnicos,
econômicos, sociais e que valorizem e construam junto ao produtor soluções
conjuntas e valorizativas, que a comunicação rural deve ser trabalhada de forma
transdisciplinar e integralizada pelos componentes curriculares como um todo.
Assim sendo, acredita-se que com a nova resolução CEPE será uma
oportunidade para viabilizar a abordagem da Comunicação Rural para formação de
profissionais capazes de lidar com as demandas sociais, culturais e econômicas da
população, por meio da criação de ações que alinhem ER e CR de modo transversal
de troca de conhecimentos.
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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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