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TEXTOS

FUNDAMENTAIS
DA LITERATURA
UNIVERSAL

Luara Pinto Minuzzi


Revisão técnica:

Gabriela Semensato Ferreira


Licenciatura em Letras
Mestrado em Letras

M668t Minuzzi, Luara Pinto.


Textos fundamentais da literatura universal / Luara
Pinto Minuzzi. – Porto Alegre : SAGAH, 2017.
206 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-172-3

1. Literatura universal. I. Título.

CDU 82-7

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094

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O romantismo (parte II):
Edgar Allan Poe e as
narrativas de contramão
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Relacionar as características do Romantismo com as obras de Edgar


Allan Poe.
 Relacionar as obras de Edgar Allan Poe com os gêneros policial e terror.
 Identificar alguns dos textos mais famosos de Edgar Allan Poe e
analisá-los.

Introdução
Imagine um jovem muito mau que encontra, em todos os lugares em
que vai, uma pessoa que é idêntica a si e que o repreende pelos seus
atos de maldade. Ou um irmão angustiado com o suposto enterro da sua
irmã enquanto a jovem ainda estava viva. Um inimigo que é emparedado
vivo em um ato de vingança. Duas mulheres brutalmente assassinadas e
um detetive para resolver o mistério que envolve esses crimes. Essas são
algumas das sombrias e misteriosas narrativas do escritor norte-americano
Edgar Allan Poe.
Neste capítulo, você vai ter a oportunidade de conhecer um pouco
melhor a biografia e a obra desse grande autor romântico. Vai refletir
sobre como os seus textos podem apresentar características do Roman-
tismo, apesar de algumas particularidades. Aqui, você vai se assustar e se
maravilhar com os contos e poemas de Poe.

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O romantismo (parte II): Edgar Allan Poe e as narrativas de contramão 101

Edgar Allan Poe e o Romantismo sombrio


O Romantismo foi um movimento artístico e cultural que teve início no século
XVIII. Você deve conhecer algumas das suas características: os sentimentos
exacerbados, o subjetivismo, o foco no “eu” (mais especificamente, no interior
e nas emoções do “eu”), a contemplação da natureza, a valorização da emoção,
dos sonhos, do imaginário, das fantasias e do inconsciente. Esse movimento tem
como tendência a oposição ao Iluminismo, que considerava a razão e a ciência
como as únicas formas de se conhecer o mundo. Os românticos ainda iam
contra algumas das consequências da Revolução Industrial, como o processo
de substituição do homem pela máquina e a preocupação com a produtividade,
com a quantidade de mercadorias fabricadas e vendidas, e com a quantidade
de dinheiro arrecadada. Os românticos queriam deixar de lado esse mundo de
efetividade exagerada e se refugiar em outro, com mais afetividade.
Assim, escritores como Wolfgang von Goethe, Victor Hugo, Stendhal,
Balzac, José de Alencar e Álvares de Azevedo cantam, nas suas obras, o amor
e o sentimentos. Muitas vezes, esse amor é impossível e leva ao desespero,
como é o caso da história de Os sofrimentos do jovem Werther, de Goethe. Em
outras, aquelas pessoas mais simples e humildes, aquelas que se encontram na
base da pirâmide social e que sofrem grandemente, são colocadas em destaque,
como em Os miseráveis, de Victor Hugo.
Portanto, apesar de todos esses autores serem românticos, eles escolhem
temas diferenciados para retratar. Além disso, algumas vezes, os amores são
impossíveis, enquanto, em outras, são concretizados. Você pode perceber,
assim, que muitas características são comuns às obras românticas, mas que
cada escritor e que cada texto tem as suas particularidades. É importante que
você compreenda que o Romantismo, assim como qualquer outro movimento
artístico, nunca é homogêneo, e que os escritores não escrevem obras iguais,
apesar de seguirem algumas tendências semelhantes.
Edgar Allan Poe (Figura 1) é um desses escritores românticos. A sua
obra, contudo, possui tantas peculiaridades que alguns estudiosos falam que
ele pertenceria a um subgênero do Romantismo: o Romantismo sombrio,
Romantismo gótico, Romantismo das trevas ou de contramão. Demônios,
criminosos, lobisomens, vampiros e fantasmas, seres de outros mundos, são
algumas das figuras bastante comuns nos textos desses românticos sombrios.
Se não existe um nome específico para o que seriam as obras de Poe, todos
esses citados anteriormente já dão uma ideia de como são as suas narrativas.

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Figura 1. Edgar Allan Poe.


Fonte: Edgar Allan Poe (2017).

Poe foi um escritor norte-americano que nasceu em 1809 e morreu em


1849. Apesar de a sua vida ter sido relativamente curta, ele produziu muito, e
sua obra compreende diferentes gêneros, como o conto, a poesia e a novela.
A mãe do autor morreu quando ele era muito novo e, por isso, Poe viveu com
uma família adotiva, os Allan. A situação financeira da família permitiu que
ele estudasse em colégios de qualidade e tivesse uma boa educação. Porém,
brigas constantes com o pai adotivo, John Allan, acabaram por afastar Poe.
Ele trabalhou como colaborador em revistas e jornais e nunca chegou a se
formar na Universidade, a qual abandonou após contrair dívidas com jogo.
Casou-se com uma prima, Virginia Clemm, que tinha apenas 13 anos na
data da cerimônia. Com ela, foi feliz, mas essa felicidade foi interrompida pela
doença da mulher e pelo seu falecimento, um pouco mais de dez anos após o
casamento. A sua vida foi marcada por sofrimentos, desde a morte prematura
da mãe, até a doença e a morte de Virginia, além de Poe ter problemas com
o álcool, depressão e um péssimo relacionamento com o pai adotivo. Tudo
isso marcou a sua obra.

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Muitos textos de Poe contêm elementos góticos. Assim como os demais


românticos, Poe se preocupa, nas suas obras, em privilegiar a emoção. No en-
tanto, em vez de os sentimentos serem solares, como o amor e a felicidade, eles
pendem para o lado do sombrio. A morte, a decomposição física, a falibilidade
humana, a degradação, a loucura e o sofrimento são aspectos recorrentes na
sua obra. Ele também não estava preocupado em dar lições de moral ou em
dizer o que era certo e o que era errado — a sua maior preocupação era tocar
e causar grandes emoções nos seus leitores.
O tema do amor, recorrente entre os românticos, também aparece muito na
sua obra. Porém, você deve imaginar, pelo que já foi dito, que o amor em Poe não
é aquele amor feliz, tranquilo, realizado. O amor é fonte de sofrimento, e um
poema dele, “Annabel Lee”, mostra bem isso: a amada morre, o que transtorna
o eu lírico. Annabel Lee e o eu lírico se amavam e eram felizes:

Foi há muitos e muitos anos já,


Num reino de ao pé do mar.
Como sabeis todos, vivia lá
Aquela que eu soube amar;
E vivia sem outro pensamento
Que amar-me e eu a adorar. (POE, 2009).

O eu lírico ama Annabel Lee e é correspondido pela moça. Ele diz que
os dois vivem “num reino” e que essa história se passou “há muitos e muitos
anos já”. Essa estrutura não lembra a dos contos de fada? Essas histórias cos-
tumam começar com “Era uma vez, em um reino distante, há muito tempo”
ou com frases semelhantes a essa. Os contos de fada também são histórias
que costumam ter finais felizes. Portanto, por conta desses elementos que
remetem aos contos de fada e, igualmente, pelo conteúdo narrado (a felicidade
entre os dois), o leitor imagina uma época de alegrias. Porém, esse início de
felicidade é despedaçado:

E os anjos, menos felizes no céu,


Ainda a nos invejar...
Sim, foi essa a razão (como sabem todos,
Neste reino ao pé do mar)
Que o vento saiu da nuvem de noite
Gelando e matando a que eu soube amar (POE, 2009).

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A expectativa de felicidade é quebrada, pois os anjos, com inveja do amor


dos dois, mandam um vento gelado que mata Annabel. Os anjos, figuras que,
em geral, protegem os seres humanos, aqui são os responsáveis pela morte da
mulher — o que cria uma inversão do esperado e aumenta o clima lúgubre. O
eu lírico acaba o poema afirmando que pensa na sua amada todos os dias e que
permanece sempre próximo ao “sepulcro ao pé do mar./Ao pé do murmúrio
do mar” (POE, 2009).
Não se sabe que mulher serviu de inspiração para Poe criar Annabel Lee
— se é que houve uma única a servir de modelo ou se essa personagem não
seria apenas fruto da imaginação do escritor. Muitos estudiosos apontam, por
outro lado, que o tema da amada morta é uma constante na obra de Poe e pode
estar relacionado às mulheres que ele perdeu ao longo de sua vida, como a
sua mãe biológica, a sua mãe adotiva e a sua esposa.
Contudo, não é tão importante se a personagem ficcional teve ou não uma
correspondente no plano do real — importa que você repare que Poe não diz
que Annabel morre de uma pneumonia, por exemplo. Ela morre com um
vento gelado que sai de uma nuvem de noite — ou seja, ele está menos preo-
cupado com explicações científicas da causa do óbito do que com a angústia
e o desespero sentidos por quem sofre a perda do ser amado. A fantasia e a
imaginação igualmente entram em cena, uma vez que um vento que sai de
uma nuvem para matar uma mulher em específico definitivamente não seria
uma explicação racional, lógica e científica apropriada. Mas, para o sonhador,
ao contrário, esse pode ser o melhor esclarecimento.
Portanto, Poe é um romântico e um sonhador — e, como afirma o poeta
francês Charles Baudelaire em um ensaio sobre o escritor americano, “para
ele, a imaginação era a rainha das faculdades” (POE apud BAUDELAIRE,
2012, p. 16). O poeta segue explicando que, para Poe, a imaginação seria algo
quase divino que chega a prever fenômenos e acontecimentos; que percebe “[...]
as relações íntimas e secretas das coisas, as correspondências e as analogias”
(POE apud BAUDELAIRE, 2012, p. 16). O contrário da imaginação seria a
ciência, que compartimentaliza tudo e, consequentemente, não percebe o elo
de ligação entre todas as coisas do mundo — e essa é justamente uma das
diferenças entre o Iluminismo e o Romantismo: o romântico procura sentir a
realidade como um todo, ao contrário do iluminista que a fatia para melhor
a estudar e analisar.

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Neste link, você pode conferir uma leitura dramática do


poema “Annabel Lee” na sua versão original:

https://goo.gl/wTPVAd

Nesse mesmo ensaio, Baudelaire discorre sobre “O corvo”, outro poema


de Poe. Nesse poema, novamente surge a saudade do eu lírico por uma amada
que já morreu. Baudelaire destaca três aspectos de “O corvo”:

 o refrão, “nada mais” ou “nunca mais” (nothing more e nevermore, em


inglês), que cria um clima de melancolia e desespero;
 a escolha pela representação de um corvo, pássaro cuja simbologia
remete para o funesto e fatal;
 o ambiente no qual o personagem se encontra, um local rico e magni-
ficamente mobiliado, pois, conforme explica Poe, a pobreza é trivial
e não é bela.

Confira um trecho de “O corvo” para perceber como tudo isso se organiza:

Abro a janela, e de repente,


Vejo tumultuosamente
Um nobre corvo entrar, digno de antigos dias.
Não despendeu em cortesias
Um minuto, um instante. Tinha o aspecto
De um lord ou de uma lady. E pronto e reto,
Movendo no ar as suas negras alas,
Acima voa dos portais,
Trepa, no alto da porta, em um busto de Palas;
Trepado fica, e nada mais (POE, 2017).

Esse é o primeiro momento em que o protagonista se encontra com o corvo.


Ele pergunta ao corvo qual é o seu nome e obtém como resposta “nunca mais”.
A todos os questionamentos feitos, essa é sempre a mesma réplica: “nunca
mais”. O eu lírico indaga, por exemplo, se a sua amada que já morreu, Lenora,

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pode escutá-lo — ao que o corvo diz “nunca mais”. O clima de pessimismo


vai aumentando e é quase desesperador quando chega essa estrofe:

Profeta, ou o que quer que sejas!


Ave ou demônio que negrejas!
Profeta sempre, escuta: Ou venhas tu do inferno
Onde reside o mal eterno,
Ou simplesmente náufrago escapado
Venhas do temporal que te há lançado
Nesta casa onde o Horror, o Horror profundo
Tem os seus lares triunfais,
Dize-me: existe acaso um bálsamo no mundo?”
E o corvo disse: “Nunca mais” (POE, 2017).

Não há cura, não há salvação, não há bálsamo possível, não há resolução


dos problemas. Por isso e por tudo o que já discutimos aqui, Edgar Allan Poe
é considerado um romântico, mas um romântico sombrio.

Edgar Allan Poe e os gêneros policial e terror


Poe escreveu textos satíricos e humoristas, textos sombrios, textos policias,
textos de terror, etc. Agora focaremos nas suas obras de terror e policiais,
pelas quais ele acabou ficando mais famoso.
Primeiramente, você sabe o que são romances ou contos policiais? Essas
narrativas giram em torno de um crime que precisa ser resolvido. Geralmente,
a história consiste nas tentativas de desvendar o mistério ao redor desse crime,
não no crime propriamente dito. E você sabia que o precursor desse gênero,
tão conhecido hoje e tão popular por tanto tempo, foi justamente Poe? Com o
seu personagem C. Auguste Dupin, o escritor lançou as bases do que viriam
a ser as histórias policiais.
O detetive Dupin é personagem de algumas tramas de Poe, como Os As-
sassinatos da Rua Morgue (Figura 2), O Mistério de Marie Rogêt e A Carta
Roubada. É no primeiro conto citado, Os Assassinatos da Rua Morgue, que

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ele aparece pela primeira vez. Dupin é um homem extremamente reservado,


que sai muito pouco de casa — quando sai, o faz somente pela noite. Ele lê e
estuda muito e tem uma capacidade de observação e de análise muito acima
da média. Nesse conto, o narrador se estabelece em Paris por um tempo, onde
conhece Dupin, e os dois decidem morar juntos. Em inúmeras ocasiões, ele
fica espantado com todas as informações que Dupin podia depreender a partir
de pequenos detalhes — em um passeio dos dois pela rua, por exemplo, Dupin
adivinha o que o narrador estava pensando. Sobre essa faculdade, o próprio
personagem explica: “Vangloriava-se, para mim, com uma pequena risada,
que a maioria dos homens, no que lhe dizia respeito, portava janelas em seus
peitos, e costumava fazer acompanhar tais asserções de provas diretas e assaz
surpreendentes de seu conhecimento [...]” (POE, 2012, p. 306).

Figura 2. Ilustração para o conto “Os assas-


sinatos da Rua Morgue”.
Fonte: Os assassinatos da rua Morgue (2017).

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Era desta forma que Dupin desvendava crimes recobertos de mistério: a


partir da análise lógica de detalhes que passavam despercebidos aos outros.
Apenas olhando para um indivíduo que ele nunca encontrara antes, sobre o qual
não tinha nenhum conhecimento e sem fazer quaisquer tipos de perguntas, ele
era capaz de deduzir inúmeras informações: talvez a roupa usada indicasse a
profissão, um tique denunciasse algum distúrbio psicológico ou a sujeira no
solado do sapato demonstrasse por onde o sujeito havia andado — tudo podia
servir de fonte de conhecimentos para Dupin.
O narrador e Dupin já estão morando juntos há algum tempo quando o
jornal diário noticia dois brutais assassinatos ocorridos na Rua Morgue: uma
mulher e a sua filha são mortas com uma força e violência completamente
desnecessárias e exageradas. Nenhum detalhe desse macabro crime é escondido
do leitor: a garganta degolada, as escoriações e a forma como os corpos foram
encontrados ajudam a criar o clima de horror e de suspense e causam um grande
impacto — um dos objetivos de Poe, como você já viu. Este é, inclusive, um
dos maiores objetivos de uma narrativa policial: causar medo no leitor. Esse
medo é consequência, principalmente, do contato com o desconhecido. Nesse
caso, duas mulheres morreram (de uma forma bárbara), e ninguém é capaz de
apontar sequer uma pista para descobrir quem foi o culpado. Além do medo,
a curiosidade também é aguçada.
Os policiais ficam bastante perdidos e não sabem por onde o criminoso
poderia ter entrado ou saído, pois não há evidência de arrombamento. Além
disso, no momento das mortes, assim que os gritos das duas mulheres foram
ouvidos, vários vizinhos correram e entraram na casa, não encontrando nin-
guém lá. Como o assassino teria fugido e como teria conseguido fazê-lo tão
rápido? Essas são algumas das questões que não são respondidas.
Dupin toma para si a tarefa de descobrir o que realmente aconteceu na
rua Morgue e logo encontra a solução. Ele visita a cena do crime e lê os
depoimentos. Depois disso, fala ao narrador: “Na verdade, a facilidade com
que chegarei, ou cheguei, à solução desse mistério está em proporção direta
com sua aparente insolubilidade aos olhos da polícia” (POE, 2012, p. 318). A
sua capacidade de observação, muito mais aguçada do que a da maioria das
pessoas, faz, inclusive, com que o personagem assuma uma atitude de soberba
em alguns momentos.

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Quando falamos em Dupin e na sua capacidade de resolver crimes a partir da análise


dos detalhes envolvidos, você se lembra de algum outro famoso personagem? Talvez
essa figura criada por Poe faça com que você se recorde do detetive Sherlock Holmes,
inventado por Arthur Conan Doyle. E foi justamente em Dupin, bem como em outras
figuras, que Conan Doyle pensou para criar Homes e o seu fiel amigo, o doutor Watson.

Essas narrativas eram pensadas pelo escritor em cada pormenor — quando


ele redigia a primeira linha, já sabia exatamente o que aconteceria no fi-
nal. Dessa forma, todos os detalhes eram planejados, assim eles poderiam
encaminhar para a solução com perfeição. Preste atenção na colocação de
Poe, que Baudelaire traz no seu estudo sobre esse escritor: “’Acredito poder
me exaltar’, diz ele com um orgulho divertido que não considero de mau
gosto, “por nenhum ponto da minha composição ter sido deixado à sorte e
porque a obra toda caminhou passo a passo rumo à sua meta com a precisão
e lógica rigorosa de um problema matemático” (POE apud BAUDELAIRE,
2012, p. 22).
Meta. Precisão. Lógica rigorosa. Problema matemático. Você pode até
pensar que essa não parece ser uma forma muito romântica de construir
um texto literário, já que são usadas a razão e a lógica e, por outro lado, a
fantasia e a inspiração ficam um pouco esquecidas. Além disso, Dupin se
baseia justamente na lógica e na razão para desvendar os crimes, o que vai
na contramão da tendência romântica. Contudo, você deve lembrar que, na
realidade, as coisas não funcionam de uma forma tão simples: a obra de um
escritor romântico pode apresentar inúmeras características românticas,
mas também uma ou outra característica realista, simbolista ou o que for.
Poe também escreveu outro tipo de histórias: as histórias de terror ou narra-
tivas góticas. Nelas, há um aspecto de extrema importância: o estranhamento.
Para causar o estranhamento no leitor, as suas histórias apresentam fenômenos
violentos, bizarros e sobrenaturais. Muitos dos seus personagens vivem em
um estado de desespero ou estão à beira da loucura. “William Wilson”, “O
poço e o pêndulo” (Figura 3), “O gato preto”, “O barril de amontilhado” e “O
escaravelho de ouro” são alguns exemplos de contos de terror escritos por Poe.
Para entender um pouco mais esse tipo de texto, você deve analisar o conto
“A queda da casa de Usher”, publicado pela primeira vez na revista Burton’s
Gentleman’s Magazine em 1839.

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Figura 3. Ilustração de 1819 de “O poço e


o pêndulo”.
Fonte: The Pit and the Pendulum (2016).

A história desse conto é a seguinte: o narrador recebe uma carta do seu


amigo, Roderick Usher, pedindo-lhe ajuda, pois estava doente, e convidando-o
a se hospedar na sua casa. Quando chega à casa, o narrador nota uma racha-
dura desde o telhado da construção. Algo no aspecto do prédio lhe causa um
grande sentimento de opressão:

Não sei dizer como — mas, ao primeiro relance do edifício, uma sensação
de insuportável desespero invadiu meu espírito. [...] Havia uma gelidez,
uma prostração, uma repulsa no coração - uma irremediável consternação
do pensamento que estímulo algum da imaginação podia instigar ao
que quer que fosse de sublime (POE, 2012, p. 221).

Apesar de o narrador não saber apontar qual elemento do prédio causava-


-lhe essa sensação, a verdade é que não conseguia evitar sentir-se mal. Toda
essa descrição já inicia a criar a atmosfera sombria que tomará conta do
resto da narrativa. Além disso, você deve prestar atenção em como essa
descrição é feita: o leitor não tem muitos dados objetivos sobre a casa,
como o seu tamanho ou a sua cor; em compensação, sabe muito sobre que
tipos de sentimentos ela causa no seu observador. Esta é uma das marcas do

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Romantismo: a realidade objetiva dá lugar ao subjetivismo. Aqui, o horror


não surge de algo específico e não tem explicação. Esse é um horror muito
mais do plano onírico, algo que simplesmente surge como das profundezas
do inconsciente.
O estado de Roderick realmente não é muito bom: a sua ansiedade é doentia,
ele se preocupa em demasia com a possibilidade de contrair doenças e revela
ter a sensação de que a casa que os abriga está viva. O medo surge em todos
os momentos da sua vida: “A uma espécie anômala de terror descobri que era
escravizado. “Perecerei’ disse-me, ‘estou fadado a perecer nessa deplorável
loucura. Desse modo, e de nenhum outro, conhecerei minha ruína” (POE,
2012, p. 226).
A sua irmã gêmea, apesar de nunca aparecer em cena, é assunto das con-
versas de Roderick: segundo ele, Madeline igualmente está doente e tem crises
em que parece estar realmente morta, apesar de não estar verdadeiramente.
Depois de algum tempo, Roderick conta que a sua irmã morreu — mais
uma morte de uma bela mulher na obra de Poe. Contudo, quando vão en-
terrar o corpo dela, o narrador nota que as bochechas da mulher estão
rosadas. Ele nota “[...] um tênue rubor no busto e nas faces, e esse sorriso
suspeitosamente relutante no lábio que é tão terrível na morte” (POE, 2012,
p. 234). Porém, justifica o seu aspecto pelo tipo de morte que a jovem teve
e não pensa mais nisso.
Depois disso, a condição psicológica de Roderick vai piorando cada vez
mais, e aquela sensação de terror, inspirada inicialmente pela fachada da
casa, vai se intensificando. A partir de um determinado momento, o narrador
também começa a ouvir barulhos estranhos que, inicialmente, apenas o dono
da casa parecia perceber: ele escuta “[...] o som de algo gritando ou rapando,
baixo, aparentemente distante” (POE, 2012, p. 238). De onde vem esses sons? O
que os causa? A causa do rubor de Madeline, quando foi enterrada, realmente
devia-se à doença que a levara ao óbito? O que acontece com Roderick? E
o narrador? É envolvido completamente pela loucura da casa de Usher ou
consegue escapar? Todas essas indagações e curiosidades são despertadas no
leitor ao longo da leitura desse misterioso e envolvente conto. Para resolvê-las,
basta ler a narrativa até o final.
Nessa história, portanto, surgem temas recorrentes da obra de Poe: a morte,
a loucura, o medo, a melancolia. Como um bom romântico, Poe coloca em foco
o psiquismo e os sentimentos dos seus personagens, os dois irmãos gêmeos
que desenvolvem uma ligação bastante doentia. A presença de elementos
fantásticos e inexplicáveis, no que diz respeito à razão e à ciência, ainda o
identificam a essa escola literária.

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O legado de Edgar Allan Poe


Edgar Allan Poe, além de um grande escritor, ainda teorizou sobre a literatura e
os seus escritos. O autor pensou, em especial, sobre um gênero muito cultivado
por ele: o conto. Pensar teoricamente sobre a literatura foi algo que outros
românticos também fizeram — o romântico alemão Karl Wilhelm Friedrich von
Schlegel, por exemplo, pensou sobre quais eram os aspectos mais importantes
do Romantismo na sua obra Fragmentos Sobre Poesia e Literatura.
Em algumas resenhas publicadas nas revistas nas quais colaborava e em
um texto intitulado “A filosofia da composição”, Poe concebeu uma espécie
de poética do conto — aspectos sobre os quais ele refletiu incluem:

 como esse tipo de texto deve ser estruturado;


 qual é o seu tamanho ideal;
 que temas podem ser escolhidos.

Uma das suas ideias dizia respeito ao tempo ideal de leitura de um conto,
que deveria ser uma hora. Um conto excessivamente grande ou excessiva-
mente curto, segundo Poe, não teria o impacto que os contos deveriam ter.
Um leitor pode terminar a leitura de um conto dessa extensão sem pausas,
o que contribuiria para levar a cabo a intenção do autor e a sensação que ele
deseja causar no seu leitor. Essa seria, portanto, uma vantagem do conto sobre
o romance: a leitura totalizadora, a unidade de efeito e de impressão. Essa
ideia estaria relacionada com uma nova forma de as pessoas se relacionarem
com a realidade e com um mundo pautado pela pressa e pela rapidez.
Sobre a sua teorização do conto, Baudelaire comenta as vantagens desse
gênero sobre todos os outros tipos de narrativas. O conto, por poder ser lido de
uma só vez, “[...] deixa no espírito uma marca muito mais poderosa que uma
leitura intermitente, muitas vezes interrompida por problemas de negócios e
preocupações com interesses mundanos” (POE apud BAUDELAIRE, 2012,
p. 17). Essa totalidade do efeito lhe dá uma vantagem muito especial.

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A sistematização do conto como gênero foi extremamente importante em uma época


na qual esse tipo de narrativa ainda era tomado como menos importante ou menos
sério quando em comparação com o romance ou a poesia — e Poe é considerado
o primeiro a refletir teoricamente sobre esse gênero. A sua preferência pela escrita
de contos, ainda muito pouco cultivados, igualmente aponta para a originalidade do
escritor dentro do contexto em que vivia.

A teoria de Poe foi tomada como parâmetro por vários escritores que vieram
depois dele. Dois importantes exemplos são o argentino Júlio Cortázar e o
brasileiro Machado de Assis. Se Machado de Assis faz uma referência ao autor
norte-americano no prefácio do seu livro Várias histórias, Cortázar publica
inúmeros artigos e ensaios nos quais procura compreender os ensinamentos
de Poe, levando-os muito adiante. Ele mesmo afirma que rastros dos textos de
Poe podem ser encontrados no seus próprios textos. Também sentencia que,
se não tivesse lido alguns dos contos fantásticos de Poe, ele próprio talvez
não tivesse enveredado por esse caminho.
Antes deles, outro grande escritor, o francês Charles Baudelaire, já havia
mostrado grande interesse pela obra de Poe, tendo traduzido inúmeros dos seus
textos. Além disso, tendo sido Poe o precursor do gênero policial, você pode
concluir que nenhuma narrativa policial da atualidade, seja ela em formato de
livro, filme, história em quadrinho, etc., existiria se não fosse pelo personagem
Dupin e as histórias por ele protagonizadas.
A lista dos escritores inspirados nas narrativas de Poe é imensa. Alguns
deles são os americanos Mark Twain e Herman Melville, os franceses Verlaine,
Rimbaud, Valéry e Mallarmé, o argentino Jorge Luis Borges e o russo Fiódor
Dostoiévski.
Mas o impacto das suas obras não é sentido apenas na literatura. Há estudos
mostrando como o estilo musical Heavy Metal se aproxima das narrativas de
Poe. Além disso, as adaptações das suas obras para o cinema já são contabi-
lizadas em mais de uma centena. Muitas histórias em quadrinhos e desenhos
também devem muito à sua obra. Há, inclusive, um museu dedicado à vida
e à obra do escritor: o Poe Museum. Localizado no estado de Virginia, nos
Estados Unidos, o museu conta com manuscritos, cartas, primeiras edições
e objetos pessoais de Poe.

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114 O romantismo (parte II): Edgar Allan Poe e as narrativas de contramão

Por fim, toda vez que você se deparar com uma história que possui uma
atmosfera lúgubre, com mortes misteriosas e inexplicáveis, crimes aparente-
mente insolúveis e detetives que o resolvem por meio da observação, acredite:
você provavelmente está lidando com algum dos muitos frutos da obra de
Edgar Allan Poe.

Você pode ter acesso a poemas e contos de Edgar Allan


Poe no site:

https://goo.gl/QwKzf

1. Edgar Allan Poe foi um escritor em destaque em todos


romântico. Apesar disso, as suas os seus textos.
obras apresentam algumas d) Poe compartilha de muitas
peculiaridades. Sobre a relação características do movimento
do escritor com a Romantismo, romântico. Muitos estudiosos,
é correto afirmar que: contudo, consideram a sua obra
a) um dos temas dos textos de Poe como parte de um subgênero,
é o amor. Porém, diferentemente o Romantismo sombrio.
do que encontramos na e) Poe retrata, nas suas obras, as
obra de muitos românticos, pessoas mais pobres e miseráveis,
o amor nas obras de Poe é e o sofrimento delas por não
um amor realizado e feliz. terem meios de sobreviver.
b) o escritor prezava pela inspiração: Muitos escritores românticos
escrevia as suas histórias também retrataram esse tema.
sem saber que final daria a 2. Poe escreveu alguns contos policiais.
elas para que essa liberdade Sobre essas histórias e sobre o
estimulasse a sua imaginação. gênero policial, é possível dizer que:
c) como os românticos, Poe a) Poe foi o precursor do gênero
colocava os sentimentos com as suas histórias, que têm

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como personagem central Dupin. conto deveria apresentar.


b) nas histórias policiais de Poe, os e) o estranhamento é um
personagens desvendam crimes dos efeitos causados
misteriosos a partir da intuição. por essas narrativas.
c) o gênero policial tem como 4. O poema “O corvo”, de Edgar
foco o próprio ato do crime: Allan Poe, é um dos seus textos
o momento em que alguém mais famosos e mais adaptados.
é assassinado, por exemplo, Leia as duas primeiras estrofes
poderia ser a narrativa de do poema e assinale a alternativa
uma história policial. correta sobre a sua interpretação.
d) o protagonista das histórias Em certo dia, à hora, à hora
policiais de Poe, Dupin, é Da meia-noite que apavora,
um agente da polícia muito Eu, caindo de sono e
correto e honesto. A sua exausto de fadiga,
figura é quase como a de Ao pé de muita lauda antiga,
um herói que salva todos. De uma velha doutrina, agora morta,
e) essas narrativas não têm Ia pensando, quando ouvi à porta
como intenção causar Do meu quarto um
medo nos leitores, apenas soar devagarinho,
aguçar a sua curiosidade. E disse estas palavras tais:
3. Poe escreveu muitas histórias “É alguém que me bate à
consideradas como de terror. porta de mansinho;
Sobre tais narrativas e o seu Há de ser isso e nada mais.”
gênero, é possível afirmar que: Ah! bem me lembro!
a) fogem da estética romântica bem me lembro!
por trazerem um clima Era no glacial dezembro;
lúgubre e sombrio. Cada brasa do lar sobre
b) todos os acontecimentos o chão refletia
aparentemente sobrenaturais A sua última agonia.
dos seus contos acabam Eu, ansioso pelo sol, buscava
sendo explicados e Sacar daqueles livros que estudava
esclarecidos de forma racional Repouso (em vão!) à dor esmagadora
ao final das narrativas. Destas saudades imortais
c) “Os assassinatos da Rua Morgue” Pela que ora nos céus anjos
é um exemplo de conto de chamam Lenora.
terror de Poe, pois coloca em E que ninguém chamará mais.
cena assassinatos macabros a) Poe utiliza o refrão como um
que não são desvendados. recurso nesse poema: todas as
d) Poe não segue a sua própria estrofes acabam com “mais”,
teoria do conto ao escrever “nada mais” ou “nunca mais”.
esses contos de terror: eles b) Quando o eu lírico fala “É
costumam ser compridos e não alguém que me bate à porta
obedecer à teoria da unidade de mansinho; / Há de ser isso
que Poe acreditava que o e nada mais”, ele expressa a

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sua vontade de permanecer vago e onírico. Ele transmitiu à alma


sozinho e não receber visitas. a ideia de rotação — talvez por
c) O eu lírico relata os associar-se em minha imaginação
acontecimentos como se eles ao rumor de uma roda de moinho. E
estivessem acontecendo no contudo, por um tempo, eu vi; mas
exato momento de sua narração. com que terrível exagero! Vi os lábios
d) Lenora é a amada do eu lírico e dos juízes em seus mantos negros.
ele desespera-se, pois ela não a) O momento em que o narrador
corresponde ao seu amor. recebe a sua sentença de
e) Nos versos “Repouso (em morte é descrito de forma
vão!) à dor esmagadora / direta e bastante objetiva.
Destas saudades imortais”, b) A subjetividade do narrador
a expressão “em vão” foi altera a forma como ele
colocada entre parênteses percebe a realidade ao seu
por não ser tão importante ao redor. Você pode notar isso, por
sentido do que é expressado. exemplo, quando ele afirma:
5. “O poço e o pêndulo” é uma “E, contudo, por um tempo,
narrativa de Edgar Allan Poe. eu vi; mas com que terrível
Nela, o narrador conta ao leitor exagero! Vi os lábios dos juízes
que foi condenado à morte. Leia em seus mantos negros”.
a abertura da narrativa, abaixo, e c) O leitor sabe que o narrador
assinale a alternativa correta. e seus inquisidores estão
Eu estava esgotado — mortalmente perto de um moinho.
esgotado por aquela longa agonia; d) A sentença de morte
e quando enfim me desataram, chegou como uma grande
e foi-me dada a permissão de surpresa ao narrador, que
sentar, percebi que os sentidos me não esperava nada do tipo.
faltavam. A sentença — a pavorosa e) O narrador fala em “murmúrio
sentença de morte - foi a última de vago e onírico”, porque ele
distinta articulação a chegar aos finalmente consegue descansar
meus ouvidos. Depois disso, o som após a longa agonia a que
das vozes inquisitoriais pareceu se refere na primeira frase.
fundir-se em um único murmúrio

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O romantismo (parte II): Edgar Allan Poe e as narrativas de contramão 117

ANNABEL LEE. In: Wikipédia. 2016. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/


Annabel_Lee>. Acesso em: 9 ago. 2017.
OS ASSASSINATOS DA RUA MORGUE. In: Wikipédia. 2017. Disponível em: <https://
pt.wikipedia.org/wiki/Os_Assassinatos_da_Rua_Morgue>. Acesso em: 9 ago. 2017.
EDGAR ALLAN POE. In: Wikipédia. 2017. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/
Edgar_Allan_Poe>. Acesso em: 9 ago. 2017.
POE, E. A. Contos de imaginação e mistério. São Paulo: Tordesilhas, 2012.
POE, E. A. Annabel Lee. 2009. Disponível em: <http://licrisdevaneiosliterarios.blogspot.
com.br/2009/06/annabel-lee-edgar-allan-poe.html>. Acesso em: 10 ago. 2017.
POE, E. A. O corvo. 2017. Disponível em: <https://pt.wikisource.org/wiki/O_Corvo_
(tradu%C3%A7%C3%A3o_de_Machado_de_Assis)>. Acesso em: 12 ago. 2017.
THE PIT AND THE PENDULUM. In: Wikipédia. 2016. Disponível em: <https://pt.wikipedia.
org/wiki/The_Pit_and_the_Pendulum>. Acesso em: 9 ago. 2017.

Leitura recomendada
FREITAS, A. Romance policial: origens e experiências contemporâneas. [2017]. Disponível em:
<http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:MUnNG5sUim4J:www.
uff.br/revistacontracultura/Adriana%2520Freitas_artigo_romance_policial.
pdf+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em: 12 ago. 2017.

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Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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