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Quadro Estratégico

Empresarial e
Operacional para
uma Sociedade
Financeira da
Diáspora Africana
Projecto Legado da União Africana
sobre Investimento da Diáspora,
Financiamento Inovador e
Empreendimento Social em África
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Quadro Estratégico, Empresarial e Operacional
para uma Sociedade Financeira da Diáspora
Africana:
Projecto Legado da União Africana sobre
Investimento da Diáspora, Financiamento
Inovador e Empreendimento Social em África

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Quadro Estratégico, Empresarial e Operacional
para uma Sociedade Financeira da Diáspora Africana:
Projecto Legado da União Africana sobre Investimento da Diáspora,
Financiamento Inovador e Empreendimento Social em África

Índice

i. Abreviaturas 4
ii. Introdução e Principais Recomendações 5
iii. Resumo 10

1. Contexto para a Promoção do Investimento da Diáspora em África 15


1.1 Diáspora Definida como Colaboradores do Desenvolvimento Africano 15
1.2 Ligação da Definição de Diáspora ao Compromisso e Investimentos em África 16
1.3 Crises Económicas e Migração Africana 18
1.4 A Diáspora Pós-Guerra Fria como Principais Intervenientes no
Financiamento da Diáspora 19
1.5 Compromisso de Criação de uma Instituição de Investimento da Diáspora
em África 20
1.6 Urgência de Medidas Práticas 21

2. Definição e Estatuto do Investimento Estruturado da Diáspora em África 22


2.1 Classificação e Observações Contextuais sobre Investimento da Diáspora 22
2.2 Filantropia da Diáspora como Investimento no Desenvolvimento 24
2.3 Remessas da Diáspora como Investimento Socioeconómico 25
2.3.1 Remessas Formais, Informais e em Espécie para a África 25
2.3.2 Fluxos de Remessas para a África 26
2.3.3 Remessas, Socioeconomia e Desenvolvimento 27
2.4 Investimento Directo da Diáspora como Investimento Económico e Empresarial 28
2.4.1 Natureza do IDD em África 28
2.4.2 Perspectiva Geral de Influxos de IED em Africa 29
2.4.3 Observações Analíticas sobre a Avaliação do IDD 30
2.4.4 Estudos de Caso de IDD Estruturado 33

3. Situação e Condições de Mercado de Investimentos de Carteira em África 36


3.1 Perspectiva Geral dos Mercados de Capitais em África 37
3.2 Observações Analíticas sobre os Mercados de Capitais em África 38
3.3 Emissão de Obrigações Soberanas Africanas nos Mercados Internacionais
de Capitais 40
3.4 Perspectiva Geral do Investimento Estrangeiro de Carteira em África 42
3.5 Características e Estatuto do Investimento de Carteira da Diáspora em África 44
3.6 A Pilotagem e o Sucesso das Obrigações da Diáspora 46
3.6.1 Ghana Jubilee Bond (2007) 47
3.6.2 Ethiopia Millennium Bond (2008) e Renaissance Dam Bond (2011) 48
3.6.3 Kenya Infrastructure Bond (2011) 49

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3.6.4 Nigeria Diaspora Bond (2017) 50

4. Estratégia de Investimento para a Sociedade Financeira da Diáspora Africana 51


4.1 Fundamentação do DPI através de Obrigações da Diáspora, Fundos
Mútuos e de Dotações 52
4.2 Parcerias Estratégicas para o Investimento e Desenvolvimento da Diáspora
Africana 54
4.3 Quadros de Políticas e de Cooperação Globais 56

5. Finalidade, Produtos e Serviços da ADFC 60


5.1 Proposta de Visão, Missão, Abordagem e Serviços da ADFC 60
5.2 Obrigações da Diáspora: Obrigações Globais Personalizadas para
Investimento Responsável 62
5.2.1 Emissão e Gestão das Obrigações da Diáspora 63
5.2.2 Investimento do Dinheiro Angariado das Obrigações da Diáspora 64
5.3 Fundos Mútuos: Promoção de Investimentos de Capital em Títulos de Dívida 64
5.3.1 Gestão de Fundos Mútuos da Diáspora 65
5.3.2 Investimento do Dinheiro Angariado dos Fundos Mútuos da Diáspora 65
5.4 Fundos de Dotações: Financiamento Inovador para Empresas Sociais 66
5.4.1 Gestão do Fundo de Dotação da Diáspora 69
5.4.2 Aplicação das Verbas Geradas através do Fundo de Dotação 71
5.5 Serviços Técnicos e Suplementares da ADFC 71
5.6 Ilustração de Produtos e Serviços de Lançamento da ADFC 72

6. Quadro Operacional e de Gestão 73


6.1 Ferramenta do Processo Operacional: Linhas Gerais da Prestação de Serviços 73
6.2 Processo de Produção e Prestação de Serviços da ADFC 74
6.3 Linhas Gerais da Estrutura Organizacional da ADFC 76
6.4 Resumo dos Requisitos de Recursos Humanos 77
6.5 Resumo dos Recursos Físicos e Outros 81
6.6 Análise de Opções para a Estrutura Jurídica e Institucional da ADFC 82
6.6.1 Avaliação Analítica das Agências Especializadas da União Africana 82
6.6.2 Avaliação Analítica das Instituições Financeiras Africanas
Bem Sucedidas 84
6.6.2.1 Estudo de Caso de Ecobank 85
6.6.2.2 Estudo de Caso de Afreximbank 87
6.6.2.3 Estudo de Caso da Sociedade Financeira da África (AFC) 89
6.6.3 Principais Conclusões e Recomendações sobre a Estrutura da ADFC 91

7. Avaliação de Exequibilidade e Viabilidade 92


7.1 Exequibilidade e Viabilidade Estruturais e de Mercado 92
7.2 Viabilidade do Modelo de Empresa Social: Descrição dos Perfis 96
7.3 Fundamentação e Viabilidade das Obrigações da Diáspora da ADFC 97
7.4 Fundamentação e Viabilidade dos Fundos Mútuos da Diáspora da ADFC 100
7.5 Fundamentação e Viabilidade dos Fundo de Dotação da Diáspora da ADFC 102
7.6 Viabilidade do Financiamento Inovador: Estudo de Caso de UnitAid 104
7.7 Avaliação e Mitigação de Riscos 105

8. Plano para o Arranque Organizacional e Operacional 108


8.1 Criação de uma Nova Marca como Sociedade Financeira da Diáspora Africana

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(ADFC) 108
8.2 Modelo Empresarial da ADFC e Necessidades de Capital de Base 109
8.3 Considerações sobre o País Anfitrião e a Sede 110
8.4 Primeira Fase de Arranque (2019-21): Estabelecimento e Mobilização
de Recursos 111
8.5 Segunda Fase de Arranque (2021-22): Lançamento Institucional,
Comercial e de Produtos 112

Referências 113

Índice de Figuras
Quadro I:Notas Informativas sobre a Consulta de Investigação 8
Quadro II:Questões de Consulta de Investigação 9
Quadro III: Nova Classificação da Diáspora Africana 16
Quadro IV: Fluxos financeiros para África 2011-15 26
Quadro V: Investimento Estrangeiro Directo em África 29
Quadro VI: Estudo de Caso: Projecto Wakanda One Village 34
Quadro VII: Estudo de Caso: AFFORD Diaspora Finance 35
Quadro VIII: Bolsas de Valores em África 37
Quadro IX: Os 10 Melhores Mercados de Obrigações em África 38
Quadro X: Fluxos de Investimentos de Carteira Estrangeiros Mundiais e Africanos 42
Quadro XI:Ilustração de Produtos e Serviços de Arranque da ADFC 72
Quadro XII:Organograma da ADFC 76

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i. Abreviaturas
AAAA Agenda de Acção de Adis Abeba sobre o Financiamento para o Desenvolvimento
ACB Banco Central Africano
ADF AFFORD Diaspora Finance
ADFC Sociedade Financeira da Diáspora Africana
ADIF Fundo de Investimento da Diáspora Africana
AFC Sociedade Financeira da África
AFD Agência Francesa de Desenvolvimento
BAD Banco Africano de Desenvolvimento
AFFORD Fundação Africana para o Desenvolvimento
AFMI Iniciativa dos Mercados Financeiros Africanos
AIB Banco Africano de Investimento
IAR Instituto Africano de Remessas
FMI Fundo Monetário Internacional
UA União Africana
CUA Comissão da União Africana
ADE Apoio ao Desenvolvimento Empresarial
BRVM Bolsa Regional dos Valores Mobiliários
CIDO Direcção dos Cidadãos e da Diáspora (da Comissão da União Africana)
CRC Contribuições de Remessas Colectivas
DDI Investimento Directo da Diáspora
DFID Departamento de Desenvolvimento Internacional
DP Filantropia da Diáspora
DPI Investimento de Carteira da Diáspora
DPPP Parceria Publico-Privada da Diáspora
DRC Conselho Dinamarquês para os Refugiados
FCA Autoridade de Conduta Financeira
IED Investimento Estrangeiro Directo
FORIM Fórum das Organizações de Solidariedade Internacional Emergentes da Migração
FPI Investimentos Estrangeiros em Carteira
GADS Cimeira Global da Diáspora Africana
GCC Conselho de Cooperação do Golfo
GCM Pacto Global para uma Migração Segura, Ordenada e Regular
PIB Produto Interno Bruto
GKP GK Partners (Consultoria Empresarial e de Desenvolvimento)
GIZ Sociedade para a Cooperação Internacional
FMI Fundo Monetário Internacional
OPI Oferta Pública Inicial
KfW Kreditanstalt für Wiederaufbau (Banco Alemão de Desenvolvimento)
MFWA Making Finance Work for Africa
MTO Operadores de Transferência de Dinheiro
MPME Micro, Pequenas e Médias Empresas
APD Ajuda Pública ao Desenvolvimento
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
OPEP Organização dos Países Exportadores do Petróleo
PPP Parceria Publico-Privada
CRP Comité dos Representantes Permanentes (União Africana)
RMF Financiamento de Contrapartida de Remessas
SAP Programa de Ajustamento Estrutural
BV Bolsa de Valores
SEC Comissão de Títulos e Câmbios
ODS Objectivos de Desenvolvimento Sustentável
PME Pequenas e Médias Empresas
SSA África Sub-Sahariana
CNUCED Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento
UNECA Comissão Económica das Nações Unidas para a África
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
UNHLD Diálogo de Alto Nível das Nações Unidas
BM Banco Mundial

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ii. Introdução e Principais Recomendações
Em 2012, na Cimeira Global da Diáspora Africana (GADS) na África do Sul, os
Chefes de Estado e de Governo da União Africana concordaram com a criação de
um fundo de investimento da diáspora, como um projecto legado. Em Setembro de
2018, a Comissão da União Africana (CUA) e a Agência Alemã para o
Desenvolvimento Internacional (GIZ) encarregaram GK Partners (GKP) de
‘estabelecer o quadro de concepção e implementação do Fundo de Investimento da
Diáspora Africana, em conformidade com o Plano de Acção da Cimeira Global da
Diáspora Africana’. Este ‘Quadro Estratégico, Empresarial e Operacional para uma
Sociedade Financeira da Diáspora Africana’ é o resultado da missão de consultoria.
O documento é produzido para facilitar a implementação metódica da ADFC como
um projecto legado da UA. É apresentado para servir como um documento de
referência de factos e números relevantes, e como um manual para a
implementação prática do programa.

Metodologia de Investigação e Consulta

A metodologia de investigação envolveu uma avaliação e análise aprofundada da


literatura empresarial, financeira, jurídica, institucional e académica. A análise de
estudos de caso abrangeu instituições financeiras africanas, planos financeiros
inovadores e estruturas empresariais sociais. Foram utilizadas perguntas de
consulta de investigação para orientar entrevistas presenciais e telefónicas e
discussões com mais de 60 profissionais, responsáveis políticos e potenciais
investidores da diáspora.
As pessoas consultadas incluíam Comissários, directores e funcionários da União
Africana, directores do Afreximbank, e funcionários do Banco Africano de
Desenvolvimento, da Comissão Económica das Nações Unidas para a África, do
Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI). A participação em fóruns
como o Fórum Global sobre Migração e Desenvolvimento (GFMD) em Marraquexe e
a Feira Comercial Intra-África (IATF) no Cairo, em Dezembro de 2018, permitiu a
realização de consultas com responsáveis políticos e profissionais de
desenvolvimento e investimento do governo, de organizações multilaterais, da
diáspora, dos meios de comunicação social, da Transferência de Dinheiro e de
outras organizações.

Observações e Conclusões

O grande potencial da utilização de investimentos da diáspora para financiar o


desenvolvimento em África tem sido argumentado por diversos estudos e defendido
pelo Banco Mundial, FMI, Banco Africano de Desenvolvimento, organizações da
diáspora e uma vasta gama de outras instituições de renome. No entanto, quase não
existem fundos mútuos estruturados da diáspora, e apenas quatro países africanos
emitiram obrigações condicionadas e dirigidas especificamente para a diáspora
africana. Das Obrigações da Diáspora emitidas pelo Gana, Etiópia, Quénia e
Nigéria, apenas a Obrigação da Diáspora da Nigéria de 2017 foi totalmente
subscrita. Existe um grande fosso entre a potencialidade, o entusiasmo declarado e
a retórica geral sobre o financiamento da diáspora, e a realidade efectiva do
mercado.

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Esta descoberta exigiu uma maior investigação e análise contextual. Durante a
análise e consultas, notou-se que muitos dos que tinham um conhecimento profundo
das complexidades dos investimentos financeiros muitas vezes não compreendiam a
natureza multifacetada das diásporas africanas e o seu envolvimento no
desenvolvimento. Por outro lado, os peritos, activistas e mesmo empresários que
trabalham no desenvolvimento da diáspora não pareciam ter um conhecimento
profundo dos conceitos e práticas de investimento. Para que um empreendimento de
investimento da diáspora africana seja bem sucedido, é necessário colmatar essa
lacuna de conhecimentos. É por isso que os três primeiros capítulos deste
documento são dedicados a factos contextuais, números e observações analíticas
sobre o desenvolvimento da diáspora africana, e a situação dos diferentes tipos de
investimentos estruturados em África.

A investigação e análise também indicam que, com base em estimativas


conservadoras, o volume de poupanças anuais dos migrantes africanos é de 33,7
biliões de dólares (ou seja, 1.980 dólares de poupanças médias x 17 milhões de
migrantes africanos que vivem fora do continente). Isto não inclui os milhões de
diásporas africanas multigeracionais. Se 1% da poupança anual dos migrantes
africanos de 33,7 biliões de dólares for investido em África, isto significará um influxo
de 337 milhões de dólares. Além disso, se investimentos de 1.000 dólares forem
atraídos de 1% dos 40 milhões de diásporas africanas atlânticas na América do
Norte, os influxos anuais serão de mais 400 milhões de dólares. Entre outros, estes
factos demonstram a viabilidade de um negócio de investimento estruturado e
regulamentado da diáspora africana.

A análise do estudo de caso do mecanismo financeiro inovador denominado


‘UnitAid’ indicou que, nos 10 anos de 2006 a 2016, angariou 2,67 biliões de dólares
da Taxa de Solidariedade de 1 dólar em bilhetes de avião, e recebeu subvenções
adicionais de 100 milhões de dólares para projectos. Os fluxos dos países
participantes foram: França (1,6 biliões de dólares); Reino Unido (607 milhões de
dólares); Noruega (183 milhões de dólares); Brasil (90,3 milhões de dólares);
Espanha (81,6 milhões de dólares); República da Coreia do Sul (51 milhões de
dólares); Chile (33,5 milhões de dólares); Outros (20,8 milhões de dólares). A
incorporação de financiamento inovador num empreendimento de investimento da
diáspora africana irá reforçar a sua viabilidade e sustentabilidade.

O modelo empresarial da ADFC é baseado em: atrair 200 milhões de dólares de


investimento no seu primeiro Fundo Mútuo da Diáspora e Obrigações da Diáspora
de migrantes africanos, diásporas multigeracionais, e impacto e investidores ‘amigos
da África’ éticos; angariar 50 milhões de dólares no primeiro ano através do
mecanismo financeiro inovador do Financiamento de Remessas de Fundos (RMF)
de 2-3 países da OCDE participantes; reinvestir no desenvolvimento de empresas
sociais da ADFC; constituir reservas organizacionais da ADFC; desembolsar
excedentes para uma subvenção e co-financiamento de RemitAid™ Development
Trust (RDT). Considerando que não há accionistas comerciais, haverá uma
distribuição mínima ou nenhuma distribuição de lucros/excedentes.

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Principais Recomendações e Pontos de Acção sobre a Implementação
Empresarial

Para traduzir o empenho da União Africana num projecto legado de investimento da


diáspora em realidade prática, 10 principais recomendações e pontos de acção são
resumidos a seguir:

I. Estratégia de Investimento: A União Africana apoia e facilita a


implementação de uma estratégia de investimento e financiamento inovador
da diáspora baseada na criação, comercialização, emissão e gestão de
obrigações regulamentadas da diáspora, Fundos Mútuos e Fundos
Fiduciários de Dotação, através de uma Sociedade Financeira da Diáspora
Africana Continental (ADFC).

II. Visão e Missão: A visão da ADFC é realizar:'Utilização inovadora e


optimizada dos recursos da diáspora africana para o desenvolvimento
inclusivo em África e no seio da diáspora'.A missão da ADFC é a seguinte:
‘Mobilizar fundos directos e indirectos da diáspora para investimentos
estruturados em empreendimentos e programas socialmente responsáveis e
com impacto’.

III. Principais Produtos: Os três principais produtos e serviços financeiros de


arranque da ADFC são: Emissão e Gestão de Obrigações da Diáspora;
Gestão de Fundos Mútuos da Diáspora; Gestão do Fundo Fiduciário de
Dotação da Diáspora (o Fundo de Dotação a ser criado através do
mecanismo financeiro inovador de Financiamento de Remessas de Fundos).

IV. Sistema de Produção: Para conceber, estruturar, embalar, comercializar e


gerir os três produtos e serviços essenciais de arranque, a ADFC deve criar e
activar um processo de produção e operacional que envolva as principais
fases de: Concepção e Embalagem dos Produtos; Prospecto e Plano de
Marketing; Recolha de Fundos de Investimento; Gestão da Carteira de
Investimento; Gestão de Retorno dos Investimentos; e Gestão do Fundo de
Subvenção.

V. Estrutura Organizacional: Os elementos da estrutura da ADFC são:


Parceiros da ADFC; Conselho de Administração (Conselho); Conselho
Consultivo Internacional (IAC); Gabinete do Director Geral (OD); Direcção de
Gestão de Investimentos (IMD); e Directores de Departamentos, Pessoal e
Consultores. Os principais departamentos da IMD são: Concepção,
Marketing e Conformidade de Produtos (PDMC); Gestão de Investimentos,
Transacções e Operações (IMTO); Gestão de Activos e Valores e Geração de
Rendimentos (AVMIG); e Administração, Finanças e Desenvolvimento
Organizacional (AFOD).

VI. Parceria Institucional: A ADFC procurará obter apoio técnico, de


aconselhamento, lançamento, colaboração e desenvolvimento das
instituições de desenvolvimento africanas e globais relevantes, com vista a
aumentar a viabilidade, complementaridade, sinergia e sustentabilidade.

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VII. Estrutura Jurídica Baseada em Tratados: A ADFC será estruturada como
uma instituição financeira multilateral através de um tratado assinado por dez
(10) países africanos soberanos, e ratificado por seis (6) desses signatários
do tratado. Para além do Tratado da ADFC, haverá uma Carta da ADFC que
incorpora as melhores práticas de instituições financeiras e empresas sociais
orientadas para o desenvolvimento, e um Acordo de Sede, que confere
imunidades e privilégios diplomáticos à ADFC.

VIII. Membros do Conselho da ADFC da CUA: A Comissão da União Africana


(CUA) terá um assento ex officio no Conselho de Administração da ADFC,
para manter fortes ligações formais, reforçar a importância da ADFC como
uma instituição continental, e reflectir o facto de que a ADFC é um projecto
legado da UA.

IX. Parceiros da ADFC: Os Parceiros da ADFC são os membros fundadores da


ADFC, e a Assembleia Geral Anual dos Parceiros da ADFC será o mais alto
órgão de decisão. Elege o Conselho de Administração e delega-lhe poderes.
Os Parceiros da ADFC incluem: Países africanos signatários do Tratado da
ADFC (possivelmente representados pelos Ministros das Finanças); países
não africanos participantes no Financiamento de Contrapartida de Remessas
(possivelmente representados pelos Directores Gerais); organizações da
diáspora africana com projectos significativos em África (possivelmente
representadas pelos Directores Executivos); Operadores de Transferência de
Dinheiro participantes no Financiamento de Contrapartida de Remessas
(possivelmente representados pelos Chefes Executivos); Comissão da União
Africana (possivelmente representada pelo Comissário dos Assuntos
Económicos); Banco Africano de Desenvolvimento (possivelmente
representado pelo Director Executivo).

X. Acções de Lançamento: O lançamento organizacional e operacional deve


ser em duas fases. As acções ligadas à 1ª Fase (2019-2021) incluem:
sessões de informação e facilitação da Decisão do Conselho Executivo da
UA; nomeação do líder de implementação do programa; organização de
eventos introdutórios da ADFC; início de parcerias institucionais; criação do
Gabinete interino da ADFC; início da angariação de fundos institucionais. As
acções ligadas à 2ª Fase (2021-2022) incluem: Assinatura do tratado e
lançamento formal daADFC: recrutamento de pessoal especializado e de
apoio; estabelecimento de sedes oficiais; início do envolvimento de
intervenientes específicos; finalização de documentos de acção empresarial;
lançamento do primeiro conjunto de produtos da ADFC.

Em nome de GK Partners, expressamos os nossos sinceros agradecimentos a todas


as pessoas que forneceram informações, opiniões e comentários no quadro das
consultas. Agradecimentos especiais às equipas da Direcção de Cidadãos e
Diáspora da UA (CIDO) e da GIZ pelas suas considerações e apoio ao longo de toda
a consultoria. Aguardamos com expectativa o prosseguimento da cooperação e a
concretização da Sociedade Financeira da Diáspora Africana.

Prof. Gibril Faal FRSA, OBE, JP


GK Partners, Londres, Maio de 2019

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Notas Informativas sobre a Consulta de Investigação: Quadro Geral para a criação do
Fundo de Investimento da Diáspora Africana (ADIF) como um Projecto Legado
da União Africana

 Contexto do ADIF como um Projecto Legado da UA: Em 25 de Maio de 2012, na África do Sul, a União
Africana adoptou a ‘Declaração da Cimeira Global da Diáspora Africana’, aprovando a implementação de
cinco projectos legados, nomeadamente o Fundo de Investimento da Diáspora Africana (ADIF) e o Instituto
Africano de Remessas, como forma de concretizar o programa da Diáspora da UA, e ressaltando a
decisão da UA de 2005 que reconhece a diáspora como a sexta região da África.

 ADIF como um Fundo Continental Africano: As remessas são a forma mais visível de ligação financeira
entre a diáspora e a África. Contudo, o objectivo do Fundo de Investimento da Diáspora Africana (ADIF) é
facilitar a utilização de recursos e instrumentos financeiros para além das remessas, expandir e reforçar a
mobilização do capital da diáspora, para abordar os desafios de desenvolvimento enfrentados pelos
africanos no continente e na Diáspora. O compromisso da UA de considerar a criação do ADIF como um
fundo continental está incorporado na Agenda 2063, reflectido no ‘Primeiro Plano de Implementação
Decenal 2014-2023 de 2015 da Agenda 2063’ e incluído nas recomendações da ‘Estratégia de 2017 de
Financiamento da Agenda 2063, Mobilização de Recursos Internos e Parceria’.

 Integração do ADIF na Ecologia do Investimento Africano: A África já tem instituições financeiras


continentais e regionais, como o Banco Africano de Desenvolvimento, que investem nos diversos sectores
e prioridades do desenvolvimento sustentável. A União Africana está também empenhada em criar outras
instituições e fundos de investimento, como o Banco Africano de Investimento (AIB) e o Fundo de
Integração Africana (AIF). Organizações da diáspora, bancos comerciais e Estados Membros da UA
também desenvolveram as suas próprias iniciativas e vários planos para facilitar o investimento
diversificado da diáspora. As actuais consultas para a criação do ADIF em 2018 sublinham a importância
para o ADIF de se enquadrar na ecologia do investimento africano existente e emergente: preencher
lacunas, estabelecer ligações com planos relevantes, acrescentar valor, complementar e suplementar,
evitando ao mesmo tempo duplicações desnecessárias. O ADIF deve ser integrado e ligado internamente
com diferentes instituições e programas da UA, e ligado com os parceiros estratégicos e operacionais
externos relevantes.

 Objectivo e Actividades Propostos do ADIF: O ADIF facilitará a mobilização em parceria estruturada,


regulamentada e a nível continental de recursos directos e indirectos da diáspora que actualmente não são
canalizados para África, ou para actividades de desenvolvimento regenerativo. As principais operações
regulamentadas do ADIF serão: atrair e recolher fundos da diáspora africana e de outros investidores no
âmbito de quadros reguladores nacionais e internacionais relevantes; gerir e investir profissionalmente
esses fundos; criar realizações e resultados de desenvolvimento ligados aos ODS, Agenda 2063 e outras
prioridades continentais e nacionais acordadas; gerar rendimentos eticamente, para gerir todas as
operações, reembolsar investidores, pagar juros, dividendos ou outros retornos a taxas pré-acordadas; e
manter excedentes de reinvestimento para desenvolvimento organizacional e investimento em programas.

 Como estruturar o ADIF: O ADIF angariará fundos de: poupanças da diáspora realizadas fora da África;
segundo, diáspora multigeracional e histórica que não são remetentes activos; investimento gerido pela
diáspora e clubes e fundos filantrópicos; amigos da diáspora; financiamento de contrapartida e co-
investimentos de parceiros de desenvolvimento. Através de parcerias, o ADIF pode ajudar os Estados
Membros, especialmente os países mais pequenos a estruturar, emitir e gerir veículos de investimento
especializados, como títulos da diáspora, de forma a capitalizar o seu alcance continental e global, e a sua
capacidade de angariar fundos das diásporas multigeracionais e amigos da diáspora. Os fundos geridos
pelo ADIF podem ser investidos em sectores e prioridades de investimento sub-financiados, de alto
impacto, inovadores, de reparação e catalisadores, incluindo programas da UA existentes e planeados,
como mulheres, jovens, diáspora, empresas criativas, culturais e desportivas. ADIF pode ser uma
organização independente promovida e apoiada pela União Africana, ou uma agência especializada
autónoma da UA.

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Para comentários e mais informações, queira contactar:
Sra Eiman Kheir (CIDO - UA)OU Prof. Gibril Faal (Consultor)

Quadro I: Notas Informativas sobre a Consulta de Investigação (Outubro de 2018)

Fundo de Investimento da Diáspora Africana (ADIF)


Questões de Consulta de Investigação

Nome do Inquirido:
Ocupação / Instituição:
Email / Tel:

1. Fontes de Mobilização de Recursos: O ADIF propõe-se angariar fundos de: poupanças da diáspora
realizadas fora da África; segundo, diáspora multigeracional e histórica que não são remetentes activos;
investimento gerido pela diáspora e clubes e fundos filantrópicos; amigos da diáspora; fundos de
contrapartida e co-investimentos de parceiros de desenvolvimento.

 Qual é a sua opinião sobre esta estratégia de mobilização de recursos?


 Que outras fontes de investimento da diáspora são ignoradas?
 Existem oportunidades e desafios específicos sobre as fontes de investimento que devem ser
destacados?

2. Plataforma de Investimento Regulamentado: Através de parcerias, o ADIF pode ajudar os Estados


Membros, especialmente os países mais pequenos, a estruturar, emitir e gerir veículos de investimento
especializados tais como obrigações da diáspora de uma forma que capitalize o seu alcance continental
e global, e a sua capacidade de angariar fundos a partir de diásporas mutigeracionais e amigos da
diáspora.

 Qual é a sua opinião sobre esta abordagem prática de facilitação de investimentos?


 Que outras operações de facilitação de investimentos o ADIF deveria considerar a possibilidade de
realizar?
 Existem oportunidades e desafios específicos sobre as plataformas de investimento que devem ser
destacados?

3. Investimentos feitos em África: Os fundos geridos pelo ADIF podem ser investidos em sectores e
prioridades de investimento sub-financiados, de alto impacto, inovadores, de reparação e catalisadores,
incluindo programas da UA existentes e planeados, como mulheres, jovens, diáspora, empresas
criativas, culturais e desportivas.

 Qual é a sua opinião sobre os beneficiários propostos do investimento do ADIF?


 Em que outros empreendimentos ADIF deveria considerar a possibilidade de investir?
 Existem oportunidades e desafios específicos sobre os beneficiários dos investimentos que devem ser
destacados?

4. Estrutura Organizacional do ADIF: O ADIF pode ser uma organização independente promovida e
apoiada pela União Africana, ou uma agência especializada autónoma da UA.

 Qual é a sua opinião sobre a independência do ADIF ou sobre o facto de fazer parte da União Africana?
 Que outros quadros estruturais organizacionais possíveis devem ser considerados para o ADIF?
 Existem oportunidades e desafios específicos sobre a estrutura do ADIF que devem ser destacados?

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5. Outras Opiniões: Partilhem outras opiniões, observações e comentários sobre a proposta de ADIF:

Quadro II: Questões de Consulta de Investigação (Outubro de 2018)

iii. Resumo Executivo


O primeiro capítulo apresenta um contexto histórico da emergência da diáspora
africana, e do seu papel no desenvolvimento económico e investimento africanos.
Em 25 de Maio de 2012 em Joanesburgo, África do Sul, a Declaração da Cimeira
Global da Diáspora Africana (GADS) dos Chefes de Estado e de Governo da União
Africana concordou com a criação de um ‘Fundo de Investimento da Diáspora
Africana’ como um projecto legado. Em Setembro de 2018, a Comissão da União
Africana (CUA) e a Agência Alemã para o Desenvolvimento Internacional (GIZ)
encarregaram GK Partners (GKP) de ‘estabelecer o quadro de concepção e
implementação do Fundo de Investimento da Diáspora Africana, em conformidade
com o Plano de Acção da Cimeira Global da Diáspora Africana’. A consultoria
resultou na produção deste relatório sobre ‘Quadro Estratégico, Empresarial e
Operacional para uma Sociedade Financeira da Diáspora Africana: Projecto do
Legado da União Africana sobre Investimento da Diáspora, Financiamento Inovador
e Empreendimento Social em África’.

Tipos de Investimento da Diáspora

O segundo capítulo classifica o investimento da diáspora em quatro tipos principais,


nomeadamente: Filantropia da Diáspora, Remessas da Diáspora, Investimento
Directo da Diáspora (DDI), e Investimento de Carteira da Diáspora (DPI). A
filantropia da diáspora é uma importante forma de contribuição financeira para o
desenvolvimento. Contudo, não se enquadra na definição estrita de investimento
financeiro, na medida em que nenhum lucro ou retorno financeiro é considerado ou
recebido pelos migrantes que fazem as contribuições. As principais formas de
filantropia da diáspora são: Doações directas à sociedade civil, apelos e programas
religiosos, sociais e comunitários; remessas colectivas canalizadas através de
Associações de Cidades, Comunidades e Alunos (HCA) e redes da diáspora; e
Fundos Fiduciários nacionais como o Fundo de Desenvolvimento Agaciro do
Ruanda (ADF) criado em 2012, que tinha um valor patrimonial de cerca de 43
milhões de dólares em 2016, e o Fundo Fiduciário da Diáspora da Etiópia (EDTF)
que foi criado em Agosto de 2018 e tinha angariado aproximadamente 4 milhões de
dólares de 20.000 pessoas em 70 países até Abril de 2019.

Para além dos canais formais, os migrantes e a diáspora ainda utilizam canais não
registados e informais para o envio de dinheiro para a África. Também enviam
remessas em espécie. De acordo com o Banco Mundial, em 2018, as remessas
formais para a África atingiram 86 biliões de dólares. Deste montante, 70% foi
recebido pelo Egipto, Nigéria e Marrocos. Em cinco países, as remessas formais
representam por si só mais de 10% do PIB, nomeadamente Comores, Gâmbia,
Lesoto, Cabo Verde e Libéria. Tendo em conta os fundos enviados através de
remessas formais, informais e em espécie, estima-se que as remessas anuais para
a África podem atingir 200 biliões de dólares.

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O DDI refere-se a investimentos directos em que o investidor tem origem ou
património no país estrangeiro de investimento, independentemente da sua
nacionalidade. A noção de DDI africano baseado no património é praticamente útil
porque milhões de diásporas africanas são incapazes de identificar definitivamente
as suas origens para um determinado país em África. O DDI tem características
distintivas específicas, tal como identificadas no relatório. As instituições multilaterais
monitorizam os fluxos de IED, mas não DDI. Nas circunstâncias de não
disponibilidade de dados anuais estruturados sobre o DDI, foram feitas várias
observações analíticas e recomendações, abrangendo: DDI informal, em espécie e
imobiliário, e DDI através de clubes de investimento, investimento anjo e
financiamento pessoal.

Vários países africanos têm programas apoiados por políticas e legislação que
proporcionam incentivos ao DDI e benefícios fiscais comparáveis aos disponíveis
para o IED. Alguns países concedem subvenções, co-financiam e concedem
garantias de empréstimo a investidores da diáspora. Além dos incentivos estatais ao
IED, há vários sistemas de co-financiamento programático da diáspora que operam
a partir da Europa e da América do Norte. São nomeadamente: Subvenções à
empresa social ‘Apoio ao Programa da Diáspora’ no valor de 75.000 dólares
(Dinamarca); prémios do concurso do plano empresarial ‘Mercado da Diáspora
Africana’ no valor de 70.000 dólares (EUA); co-financiamento da empresa social
"AFFORD Diaspora Finance" no valor de 38.000 dólares; co-financiamento da
empresa ‘PRA/OSIM’ e do projecto no valor de 34.000 (França); apoio técnico ao
‘Empreendedorismo pela Diáspora para o Desenvolvimento’ (Países Baixos).

Mercados de Capitais em África

O terceiro capítulo examina o mercado de Investimento de Carteira em África. Dos


55 Estados Membros da União Africana, cerca de 30 têm Bolsas de Valores (BV).
Em 2018, as BV africanas angariaram 8,3 biliões de dólares. Nos cinco anos de
2014-18, foi angariado um total de capital de 55,4 biliões de dólares. A capitalização
do mercado do Índice de Obrigações Africanas do BAD/AFMI/Bloomberg era de 180
biliões de dólares em Janeiro de 2018. O valor total das Obrigações e Letras em
circulação em 2017 era de 413 biliões de dólares, mas 80% diz respeito a emissões
de apenas 5 países, nomeadamente: África do Sul, Egipto, Marrocos, Nigéria e
Quénia. As obrigações de dívida emitidas no Mercado Africano de Obrigações
tendem a vencer a curto prazo. Em 2017, foram emitidos 245 biliões de Obrigações
e Letras em África. Deste valor: 196 biliões de dólares (80%) venceram em menos
de 1 ano; 19 biliões de dólares (8%) venceram em 1 a 5 anos; 12 biliões de dólares
(5%) venceram em 5 a 10 anos; e 18 biliões de dólares (7%) venceram em 10 anos
ou mais. Isto indica que o Mercado Africano de Obrigações ainda é dominado pelos
Títulos de Tesouro convencionais e tradicionais, que tendem a ter prazos de
vencimento curtos.

A análise das Obrigações Soberanas nos últimos 15 anos mostrou que se tornou um
instrumento de investimento padrão utilizado repetidamente por poucos governos
africanos. Em Outubro de 2007, Gana tornou-se o primeiro País Pobre Altamente
Endividado (HIPC) a emitir uma Obrigação Internacional. Foi de 750 milhões de
dólares, durante 10 anos. Desde então, Gana tornou-se um emitente prolífico, com

Pág. 15
emissões de Eurobond em 2013, 2014, 2015, 2016 e 2018. Em 2018, quatro países
africanos emitiram 11 Eurobonds, elevando um total de 25,8 biliões de dólares. Os
fluxos de Investimentos Estrangeiros em Carteira (FPI) para África são captados
através dos mercados de capitais africanos e internacionais. Em comparação com
outras partes do mundo, o FPI em África encontra-se numa fase rudimentar. Nos 5
anos 2013-2017, o total global do FPI foi de 3,9 biliões de dólares, mas o fluxo para
África foi de apenas 71,7 biliões de dólares, sendo 1,8% dos fluxos globais.

Obrigações da Diáspora Africana

O grande potencial da utilização de investimentos da diáspora para financiar o


desenvolvimento em África tem sido argumentado por diversos estudos e defendido
pelo Banco Mundial, FMI, Banco Africano de Desenvolvimento, organizações da
diáspora e uma vasta gama de outras instituições de renome. No entanto, quase não
existem fundos mútuos estruturados da diáspora, e apenas quatro países africanos
emitiram obrigações condicionadas e dirigidas especificamente para a diáspora
africana. Existe um grande fosso entre a potencialidade, o entusiasmo declarado e a
retórica geral sobre o financiamento da diáspora, e a realidade efectiva do mercado.

Em 2007, Gana emitiu uma Obrigação de Poupança do Jubileu de Ouro. Da meta de


50 milhões de GHC (Cedis Ganeses), a subscrição foi apenas 20 milhões de GHC
(40%). Dos 20 milhões de GHC angariados, 18,73 milhões de GHC (94%) provieram
de vendas locais e 1,10 milhão de GHC (6%) proveio da diáspora ganesa no Reino
Unido, Canadá e EUA. Em 2008, a Etiópia emitiu Millennium Corporate Bond Dam
no valor de 4,8 biliões de dólares, substituída em 2011 por Renaissance Dam Bond
pelo mesmo valor. Em Junho de 2016, a Comissão de Títulos e Câmbios dos EUA
(SEC) anunciou que a Etiópia tinha concordado em pagar cerca de 6,5 milhões de
dólares como compensação por infringir as regras da SEC. Foram obtidos 5,8
milhões de dólares de 3.100 subscritores sedeados nos EUA entre 2011 e 2014.
Em 2011, Quénia emitiu Obrigações de Infra-estruturas no valor de 20 biliões de
KES (Xelins Quenianos), a subscrição foi de 14 biliões de KES, representando 70%
do objectivo.

Em 2017, a Nigéria tornou-se o primeiro país africano a emitir Obrigações da


Diáspora, estruturadas como Obrigações Internacionais (Global Bond), cotadas
conjuntamente nos mercados de capitais do Reino Unido e dos EUA, e
empacotadas como um instrumento de mercado a retalho. As Obrigações foram
denominadas em dólares, pelo valor de 300 milhões de dólares (aumentado de 100
milhões de dólares). A subscrição mínima era de 2.000 dólares, tendo sido
posteriormente negociada em múltiplos de 1.000 dólares. As Obrigações da
Diáspora foram oferecidas a uma taxa de juro fixa de 5,625%, com vencimento ao
fim de 5 anos. As ordens iniciais eram de 190%, e no fecho do leilão, a subscrição
foi excedida em 130%.

Estratégia de Investimento da ADFC

O quarto capítulo incide na estratégia de investimento da ADFC, e na


fundamentação da carteira proposta de produtos de Investimento de Carteira da
Diáspora (DPI). Analisa igualmente as parcerias estratégicas existentes para o
desenvolvimento africano, e os quadros de políticas globais que apoiam as

Pág. 16
actividades propostas de DPI da ADFC. Ao procurar transformar a Declaração de
GADS para um projecto legado sobre investimento da diáspora em realidade prática,
e com base em consultas, revisões, avaliações e análises do contexto, evolução,
estado actual, tendências, desafios e oportunidades nas finanças da diáspora
africana, recomenda-se que: ‘A União Africana deve apoiar e facilitar a
implementação de uma estratégia de investimento e financiamento inovador da
diáspora baseada na criação, comercialização, emissão e gestão de Obrigações
regulamentadas da Diáspora, Fundos Mútuos e Fundos Fiduciários de Dotação,
através de uma Sociedade Financeira da Diáspora Africana Continental (ADFC)’.

Os elementos essenciais da estratégia de investimento são resumidos como:


colmatar uma lacuna no financiamento da diáspora; capacidade reguladora e
institucional e desenvolvimento; ligações a iniciativas continentais; adopção de um
modelo empresarial de empresa social; activação do Financiamento de
Contrapartida de Remessas (RMF) como um mecanismo de Financiamento
Inovador.

A ADFC não é um empreendimento empresarial oportunista; foi concebida como


uma empresa social continental que utilizará mecanismos empresariais e de
mercado para prosseguir o benefício público e o desenvolvimento africano. Permite
a associação prática da Parceria Público Privada da Diáspora (DPPP), a um
financiamento misto e colaboração intersectorial com diversos parceiros
estratégicos, institucionais e operacionais. Desde a adopção da Declaração de
GADS em 2012, vários quadros de políticas entraram em vigor, reforçando a
importância dos recursos e dos investimentos dos migrantes e das diásporas no
desenvolvimento. Estes incluem o Pacto Global para uma Migração Segura,
Ordenada e Regular (GCM) de 2018, o Joint Valletta Action Plan (JVAP) de 2015 e a
Agenda de Acção de Adis Abeba sobre Financiamento para o Desenvolvimento
(AAAA).

Produtos e Serviços da ADFC

O quinto capítulo apresenta a visão, a missão e os três produtos de arranque da


ADFC. Para assegurar a conformidade global, a confiança dos clientes e a
atenuação do risco estrutural, as Obrigações da Diáspora serão denominadas em
dólares, Global Bonds a 5-7 anos, registadas no Reino Unido e nos EUA. Podem ser
Obrigações Empresariais, apoiadas ou garantidas pelos recursos da ADFC ou de
parceiros de desenvolvimento, e/ou Obrigações Soberanas em parceria com cada
país ou grupos de países africanos.

Considerando que o subsector do Fundo Mútuo da Diáspora do DPI é praticamente


inexistente em África, a ADFC como interveniente fundamental pode orientar o
mercado para investimentos em acções, em vez de se concentrar em investimentos
baseados na dívida. É mais provável que os fluxos de capitais estimulem acções
facilitadoras, como um maior apoio empresarial, desenvolvimento de recursos
humanos, gestão e aumento da produtividade.

É necessário capital inicial para criar a ADFC como um projecto legado da União
Africana (UA), enquanto a criação de uma iniciativa financeira inovadora baseada no
Financiamento de Contrapartida de Remessas (RMF) é há muito esperada, tendo

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sido proposta pela primeira vez em 2006 (antes da crise económica global de 2008).
Esta situação cria uma oportunidade única de ligar os dois sistemas, para aumentar
a viabilidade e a sustentabilidade. O Fundo de Dotação da Diáspora da ADFC
baseia-se no RMF como um mecanismo financeiro inovador.

Processos de Prestação de Serviços e Estrutura Organizacional

O sexto capítulo descreve os sistemas e processos operacionais, e a estrutura


jurídica, de gestão e organizacional da ADFC. Para conceber, estruturar, embalar,
comercializar e gerir produtos, serviços e actividades, a ADFC deve criar um sistema
de produção e processo operacional envolvendo: Concepção e Embalagem dos
Produtos; Prospecto e Plano de Marketing; Recolha de Fundos de Investimento;
Gestão da Carteira de Investimento; Gestão de Retorno dos Investimentos; e Gestão
do Fundo de Subvenção. Isto é concebido para optimizar a prestação de serviços, e
simplificar o planeamento, orientação, facilitação, gestão, supervisão e
responsabilização.

Os principais órgãos da estrutura organizacional da ADFC são: Parceiros da ADFC;


Conselho de Administração; Conselho Consultivo Internacional; Gabinete do Director
Geral; Direcção de Gestão de Investimentos; e Directores de Departamentos,
Pessoal e Consultores. Os Parceiros da ADFC são os membros fundadores, e a
Reunião Geral Anual dos Parceiros da ADFC será o mais alto órgão de decisão.
Elege o Conselho de Administração e delega-lhe poderes.

Para determinar a estrutura jurídica mais adequada para a ADFC, foram realizadas
pesquisas, consultas e análises exaustivas, incluindo avaliações de casos de estudo
de três instituições financeiras africanas bem sucedidas, como Ecobank,
Afreximbank e Sociedade Financeira Africana, e uma Agência Especializada da UA,
nomeadamente a Agência Capacidade Africana de Risco (ARC). Com base nas
conclusões, recomenda-se que: A ADFC seja estruturada como uma instituição
financeira multilateral através de um tratado assinado por dez (10) países africanos
soberanos, e ratificado por seis (6) desses signatários do tratado. Para além do
Tratado da ADFC, recomenda-se ainda que a ADFC seja regida por uma Carta da
ADFC que incorpora as melhores práticas de instituições financeiras e empresas
sociais orientadas para o desenvolvimento, e um Acordo de Sede, que confere
imunidades e privilégios diplomáticos à ADFC.

Avaliação de Exequibilidade e Viabilidade

O sétimo capítulo avalia a exequibilidade e viabilidade organizacionais. A proposta e


inovação da ADFC baseia-se em produtos experimentados, testados e bem
sucedidos, adaptados às necessidades, desejos e oportunidades de
desenvolvimento da diáspora africana. Os pilares de um sector africano de DPI
dinâmico já estão em vigor, como demonstrado pelo sucesso das instituições
financeiras apresentadas nos estudos de caso.

De acordo com a CNUCED, o défice anual de financiamento dos ODS em África é


estimado em cerca de 210 biliões de dólares. O Banco Africano de
Desenvolvimento estima que a necessidade anual de investimento se situa entre
130 e 170 biliões de dólares, com um défice de financiamento anual que varia entre

Pág. 18
68 e 108 biliões de dólares. A necessidade de investimento da diáspora africana e
dos ‘amigos de África’ na diáspora é esmagadora.

Segundo uma estimativa conservadora , o número de migrantes africanos da


primeira geração que vivem fora de África é de 17 milhões. O Banco Mundial
estimou que a população da diáspora africana global em 2008 era de 170 milhões,
incluindo: 39 milhões na América do Norte; 113 milhões na América Latina; 14
milhões nas Caraíbas; e 4 milhões na Europa. Utilizando estimativas conservadoras,
a poupança média anual dos migrantes africanos é calculada em 1.980 dólares, e o
volume da poupança anual dos migrantes africanos é de: 33,7 biliões de dólares (ou
seja, 1.980 dólares x 17 milhões de migrantes).

Em 2008, o Banco Mundial estimou que as Obrigações da Diáspora Africana podem


angariar 5-10 biliões de dólares por ano. Se a ADFC atrair um investimento de 1%
da poupança anual dos migrantes africanos de 33,7 biliões de dólares, isto
significará um influxo de 337 milhões de dólares para as Obrigações e Fundos
Mútuos da Diáspora todos os anos. Além disso, se a ADFC conseguir angariar 1.000
dólares de 1% dos 40 milhões da diáspora africana atlântica na América do Norte,
os influxos anuais serão de mais 400 milhões de dólares.

As organizações e agências que apoiam o desenvolvimento em África e noutros


países em desenvolvimento beneficiam de diversos sistemas de incentivos fiscais e
financeiros na OCDE, GCC e outros países. Incluem: Benefícios fiscais da Gift Aid
disponíveis para instituições de caridade que recebem donativos de um contribuinte
do Reino Unido; programas de incentivos a empresas como o Alívio Fiscal ao
Investimento Social (SITR), o Fundo de Capital de Risco (VCT) e o Programa de
Investimento nas Empresas de Sementes (SEIS); deduções fiscais dos EUA para
donativos a organizações qualificadas ‘Secção 170(c)’.

As remessas fazem contribuições significativas e substanciais para os ODS, mas


não beneficiam de incentivos fiscais e financeiros. O Financiamento de
Contrapartida de Remessas (RMF) através do Fundo de Dotação da ADFC
proporciona incentivos justos e razoáveis aos migrantes e diáspora, comparáveis a
benefícios fiscais, descontos e regimes de isenção de que beneficiam outros actores
do desenvolvimento.

A análise do estudo de caso de um mecanismo financeiro inovador denominado


‘UnitAid’ indicou que, nos 10 anos de 2006 a 2016, angariou 2,67 biliões de dólares
da Taxa de Solidariedade de 1 dólar em bilhetes de avião, e recebeu subvenções
adicionais de 100 milhões de dólares para projectos. Os fluxos dos países
participantes foram: França (1,6 biliões de dólares); Reino Unido (607 milhões de
dólares); Noruega (183 milhões de dólares); Brasil (90,3 milhões de dólares);
Espanha (81,6 milhões de dólares); República da Coreia do Sul (51 milhões de
dólares); Chile (33,5 milhões de dólares); Outros (20,8 milhões de dólares).

Programa de arranque da ADFC

O oitavo e último capítulo estabelece um programa metódico de "Arranque


Organizacional e Operacional" para criar e lançar a Sociedade Financeira da
Diáspora Africana (ADFC) e começar a fornecer os seus produtos e serviços. O

Pág. 19
programa reflecte a praticidade, o objectivo e a eficácia coerentes com a urgência
comercial e a ambição exigida no mundo das finanças multinacionais.

Os principais objectivos do programa de arranque são: mobilizar parceiros, pessoas


e recursos para uma implementação prática e completa; organizar eventos de
importância essencial para intervenientes para introduzir a ADFC no mundo do
desenvolvimento; iniciar consultas e negociações para o Financiamento de
Contrapartida de Remessas; criar estruturas e sistemas jurídicos, de governação,
organizacionais e de gestão; finalizar a embalagem de produtos de investimento, o
planeamento empresarial e de mercado, e a conformidade regulamentar;
lançamento formal e operações empresariais em escala real.

1. Contexto para a Promoção do Investimento da Diáspora em


África
A Primeira Sessão da Conferência de Chefes de Estado e de Governo da União
Africana realizou-se em Durban, África do Sul, em 9 de Julho de 2002. Em 3 de
Fevereiro de 2003, a Primeira Sessão Extraordinária foi convocada em Adis Abeba,
Etiópia, entre outros, para adoptar o Protocolo sobre Alterações ao Acto Constitutivo.
O Artigo 3º introduziu três novos objectivos como Objectivos da União Africana (UA),
abrangendo: mulheres na tomada de decisões; políticas comuns sobre comércio,
defesa e relações externas; e participação da diáspora no desenvolvimento africano.

Artigo 3(q) do Protocolo: “convidar e encorajar a plena participação da Diáspora


Africana como parte importante do nosso continente, na construção da União
Africana”1. Esta alteração foi adoptada em consonância com as discussões da
diáspora como ‘Sexta Região da África’, liderada pelo Senegal e outros países. Foi
reiterada a evidência esmagadora do crescente interesse, capacidade e
envolvimento prático da diáspora africana em diferentes aspectos do
desenvolvimento socioeconómico e regeneração do continente.

1.1 Diáspora Definida como Colaboradores do Desenvolvimento Africano

Na Terceira Sessão Extraordinária do Conselho Executivo realizada em Sun City,


África do Sul, de 21 a 25 de Maio de 2003, a UA aprovou ‘O desenvolvimento da
Iniciativa da Diáspora no quadro da UA’, defendida pelo Presidente da Comissão da
UA. Um elemento importante da Iniciativa da Diáspora foi a definição da diáspora
africana. Consequentemente, realizou-se um seminário técnico de peritos do
continente e da Diáspora em Port of Spain, Trinidad e Tobago, de 2 e 4 de Junho de
2004. A definição que resultou dessa reunião foi apresentada ao Comité de
Representantes Permanentes (RPC) em preparação da Sexta Sessão Ordinária do
Conselho Executivo realizada em Abuja, Nigéria, de 27-28 de Janeiro de 2005. O
CRP rejeitou a definição proposta da diáspora, indicando que não incluía a Diáspora
moderna ou recente, nem especificava o compromisso explícito com as causas e o
desenvolvimento africanos. Estas objecções e as subsequentes alterações à
definição são relevantes para o investimento da diáspora africana, uma vez que
sublinham a importância das contribuições reais para o desenvolvimento.

1Relatórios oficiais dos procedimentos da UA: https://au.int/sites/default/files/treaties/7785-treaty-0025_-


_protocol_on_the_amendments_to_the_constitutive_act_of_the_african_union_e.pdf - Acedido em 31 de Janeiro de 2019

Pág. 20
Conforme decidido pela Sexta Sessão Ordinária do Conselho Executivo da UA (27-
28 de Janeiro de 2005), foi convocada uma reunião de peritos dos Estados Membros
para rever e modificar a definição rejeitada da diáspora africana. A reunião realizou-
se em Adis Abeba, Etiópia, em 11 e 12 de Abril de 2005, tendo sido aprovada por
consenso uma definição emendada. Na Sétima Sessão do Conselho Executivo em
Sirte, Líbia (28 de Junho a 2 de Julho de 2005), a União Africana adoptou a
definição formal da diáspora africana, nos seguintes termos:

“A Diáspora Africana é constituída por povos de origem africana que


vivem fora do continente, independentemente da sua cidadania e
nacionalidade e que estão dispostos a contribuir para o
desenvolvimento do continente e para a construção da União Africana”.2

1.2 Ligação da Definição de Diáspora ao Compromisso e Investimentos em


África

Antes da adopção da definição da diáspora da UA em 2005, a definição proposta


que surgiu da reunião da UA realizada em Trinidad e Tobago de 2 a 4 de Junho de
2004 referia-se à "dispersão de povos cujos antepassados, segundo a memória
histórica, são originários da África...”3,. Isto reflectia o trabalho académico existente e
as análises históricas da diáspora africana, a sua natureza evolutiva, e as
metodologias para a sua classificação4, 5, 6. Embora a definição final da UA utilizasse
a descrição generalizada ‘diáspora africana’, uma compreensão mais aprofundada
das diferentes categorias da diáspora africana continua a ser relevante por razões
práticas. Permite aos decisores políticos e aos profissionais conceber e implementar
políticas, estratégias e programas apropriados para o envolvimento, investimento e
desenvolvimento eficazes e óptimos da diáspora, tal como previsto na definição
adoptada pela UA de diáspora africana. Esta abordagem personalizada e
diferenciada já se reflecte no trabalho da Direcção dos Cidadãos e da Diáspora
(CIDO) da UA, que tem secções que lidam com as diferentes diásporas africanas em
todo o mundo.

Após a adopção da definição da diáspora, a UA, juntamente com parceiros,


convocou a Segunda Conferência dos Intelectuais Africanos e da Diáspora (CIAD II),
no Brasil de 12 a 14 de Julho de 2006, sobre "A Diáspora e o Renascimento
Africano’7. Um documento sob o tema ‘Conhecimento Mútuo entre a África e a

2 Decisão oficial do Conselho Executivo da UA: https://au.int/sites/default/files/decisions/9629-


council_en_28_june_2_july_2005_council_executive_council_seventh_ordinary_session.pdf - Acedido em 31 de Janeiro de 2019
3 Adisa, Jimni (2017), The African Union Perspective on the Diaspora, in Africa and its Global Diaspora: The Policy and Politics of

Emigration, in Jack Mangala (Ed), Africa and its Gobal Diaspora: The Policy and Politics of emigration, London, Palgrave Macmillan

4 Palmer, Colin (2000), ‘Defining and Studying the Modern African Diaspora’, Journal of Negro History, Vol. 85, No. 1-2, pp. 27-32

5 Akyeampong, Emmanuel (2000), Africans in the Diaspora: The Diaspora and Africa, African Affairs, Vol. 99, No. 395, pp. 183-215

6 Zeleza, Paul (2005), Rewriting the African Diaspora: Beyond the Black Atlantic, African Affairs, Vol. 104, No. 414, pp. 35-68

7 A UA tomou uma decisão do Comité Executivo sobre CIAD II em Janeiro de 2006 no quadro do processo África-Diáspora, e o
Presidente da UA preparou um relatório formal para o Comité de Representantes Permanentes em Janeiro de 2007, observando que
CIAD II “reuniu cerca de 700 intelectuais e líderes políticos [incluindo Chefes de Estado, Laureados com o Prémio Nobel e eminentes
intelectuais] da África e da Diáspora para...relançar, situar e aproveitar as contribuições dos intelectuais africanos e da Diáspora como um

Pág. 21
Diáspora: Identidade e Cooperação’8 foi sobre ‘Nova Classificação da Diáspora
Africana’9.

Tipo de Tipo de Período de Localização Principal


Diáspora Africana Memória da Onda Por todo o Mundo
Diáspora Migratória
Diáspora Primordial Memória Genética Cerca de 100 Toda a humanidade em todo o
000 BCE mundo
Diáspora Pré- Memória Cerca de 50 000 Australasia, Melanesia,
histórica Antropológica BCE Ilhas Andaman, etc.
Diáspora Oriental Memória Histórica Século VIII a Arábia, Levante, Subcontinente
XVIII Indiano,
Extremo Oriente
Diáspora Atlântica Memória Ancestral Século XVI a Brasil, América do Norte,
XIX Caraíbas,
América Latina
Diáspora Pós- Memória Parental & 1945 a 1990 Antigos países coloniais
Guerra Natal europeus, América do Norte
Diáspora Pós- Memória Natal & A partir da Europa Ocidental, América do
Guerra Fria Parental década de 1990 Norte
Diáspora Memória Nacional A partir da Famílias de profissionais e
Cosmopolita década de 1970 expatriados africanos nas
principais cidades do mundo

Quadro III: Nova Classificação da Diáspora Africana (Faal, 2006)

A classificação da diáspora africana apresentada em 2006 forneceu um “quadro que


liga a história migratória africana, as diásporas africanas e o desenvolvimento
socioeconómico contemporâneo dos estados-nação”, e postulou que “quanto mais
forte for a memória da diáspora, mais forte será o impulso inerente que contribui
para o desenvolvimento dos países de origem e patrimoniais” e recomendou pontos
de acção, incluindo os seguintes:

 Dar prioridade ao compromisso da diáspora com aqueles que têm memória


nacional, natal e parental

 Actualizar memórias e noções positivas de nação e património para diásporas


multi-geracionais

 Facilitar às diásporas a manutenção e/ou aquisição de múltiplas nacionalidades e


cidadanias

 Criar mecanismos e pacotes práticos para facilitar a agregação das contribuições


individuais da diáspora

veículo para ideias inovadoras, desenvolvimento e transformação social”. CIAD II é referida na Declaração da Cimeira Global da Diáspora
Africana de 2012 que acordou a criação de um Fundo de Investimento da Diáspora como um projecto legado.
https://au.int/sites/default/files/decisions/9639-ex_cl_dec_236_-_277_viii_e.pdf - Acedido em 15 de Abril de 2019
http://archives.au.int/bitstream/handle/123456789/4181/EX%20CL%20307%20%28X%29%20_E.PDF?sequence=1&isAllowed=y

8Ver programa da CIAD II, Salvador da Bahia, Brasil https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000146986 - Acedido em 31 de Janeiro
de 2019

9 Faal, Gibril (2006), A New Definition and Classification of the African Diaspora, London, GK Partners

Ver versão actualizada em: http://gambiandiaspora.net/wp-content/uploads/2018/04/MSDG-BP-3-Defining-the-African-Diaspora-Sep-


2017.pdf

Pág. 22
 Extrair capital de investimento das contínuas contribuições da diáspora
consumidora

 Criar legados duradouros e sustentáveis a partir das actuais contribuições


financeiras e não financeiras10.

A classificação e os pontos de acção recomendados fornecem uma base conceptual


e um quadro estratégico para optimizar a mobilização do desenvolvimento, e
maximizar os fluxos reais de investimento. Os programas de financiamento e
investimento da diáspora devem visar múltiplas gerações, incluindo as diásporas
atlântica, pós-guerra e pós-guerra fria, ao mesmo tempo que abordam as
necessidades, desejos, circunstâncias e expectativas específicas de cada uma
destas categorias.

1.3 Crises Económicas e Migração Africana

As economias da África pós-colonial enfrentaram o seu primeiro grande desafio


transnacional com a crise petrolífera de 1973-74, desencadeada pela subida dos
preços do petróleo da OPEP. O impacto incluiu défices da balança de pagamentos,
projectos de desenvolvimento incompletos, aumento do endividamento, e planos de
desenvolvimento nacionais descarrilados.11 Estes prejudicaram o optimismo da
independência e a aspiração da África de emergir como um continente
industrializado e desenvolvido. Conduziu a desvios rurais-urbanos internos
significativos e à migração para os países vizinhos, o que enfraqueceu ainda mais
as economias rurais e agrícolas, e intensificou as pressões sobre as infra-estruturas
e serviços urbanos12, 13. As remessas para as zonas rurais e dos países vizinhos
surgiram como transacções de rotina, para financiar as necessidades básicas das
famílias e o consumo geral. As ordens de pagamento postal eram o principal método
formal utilizado, e as remessas informais eram feitas principalmente através de
motoristas e entregadores interurbanos.

Após a crise petrolífera dos anos 70, uma série de factores de atracção e repulsão
aumentou a emigração de África. Os factores de atracção incluíram a procura de
trabalhadores pouco qualificados e de nível médio, e regimes de vistos flexíveis, de
autorizações de trabalho e de regularização do estatuto. Os factores de atracção
incluíram o declínio das condições macroeconómicas em África, a seca e a
desertificação. Na época da crise petrolífera de 1979-80, causada pela baixa de
produção e subida de preços resultantes da revolução iraniana e da guerra Irão-
Iraque, muitos países africanos foram confrontados com o agravamento das
condições económicas. A produção per capita nos sectores essenciais como a
agricultura e a indústria caiu, a produção diminuiu, e a capacidade de investimento
regenerativo local foi dizimada. A inflação e os défices orçamentais eram elevados, e

10 ibid
11 Johnson, Willard and Wilson, Ernest (1982), The Oil Crises and African Economies: Oil Wave on a Tidal Flood of Industrial Price
Inflation, Black Africa: A Generation after Independence,Vol. 111, No. 2, pp. 211-241

12Oucho, John (2001), Employment and Migration Perspectives in Africa, in Virchow D., von Braun J. (eds) Villages in the Future: Global
Dialogue EXPO 2000, Berlin, Springer

13 Adepoju, Aderanti (Ed.) (2010), International migration within, to and from Africa in a globalised world, Sub-Saharan Publishers, Accra

Pág. 23
muitos governos não conseguiam manter as despesas com serviços sociais básicos
como a saúde e a educação. Em grande medida, a situação foi exacerbada pelos
Programas de Ajustamento Estrutural (PAE) impostos pelo Banco Mundial e pelo
Fundo Monetário Internacional. Estes levaram à sensibilização e a acções de
anulação de dívidas no final da década de 1990 até meados dos anos 2000.
Independentemente dos méritos e inconvenientes do PAE, os impactos negativos
incluíram, entre outros: degradação e esgotamento dos serviços públicos básicos;
redução do sector público e aumento dos níveis de desemprego; privatização de
empresas públicas e agravamento das desigualdades de rendimentos;
endividamento pesado e fuga de capitais através do serviço da dívida; aumento da
migração e fuga de cérebros14,15,16.

Os factores económicos contribuíram para a mudança de perfil da diáspora africana


contemporânea residente fora do continente17. A má governação e os conflitos
políticos e civis aumentaram os fluxos migratórios e o número de migrantes de todas
as origens socioeconómicas. Estudantes africanos, profissionais altamente
qualificados, diplomatas e funcionários públicos internacionais juntaram-se na
diáspora a um grande número de migrantes pouco qualificados e semi-qualificados,
jovens e ilegais, constituindo a actual diáspora pós Guerra Fria e Cosmopolita18.

1.4 A Diáspora Pós-Guerra Fria como Principais Intervenientes no


Financiamento da Diáspora

As condições económicas dos anos 90 contribuíram para a intensificação dos novos


padrões de migração de África que surgiram no início dos anos 80. Além disso, os
anos 90 assistiram a dois importantes desenvolvimentos relevantes para a
compreensão dos investimentos da diáspora em África: em primeiro lugar, o
surgimento da ‘Diáspora Africana Pós-Guerra Fria’ e, em segundo lugar, a
conceptualização do desenvolvimento da diáspora.

A Diáspora Africana Pós-Guerra Fria é constituída por pessoas nascidas em África


ou com um ou ambos os pais nascidos em África. Têm uma forte memória natal ou
parental e ligações práticas com África. A categoria inclui grupos de diversas origens
socioeconómicas, como profissionais altamente qualificados, trabalhadores pouco
qualificados, refugiados e requerentes de asilo e migrantes ilegais19. Contrariamente
aos migrantes africanos dos anos 60 e 70, estes migrantes de Pós-Guerra Fria não
se consideram necessariamente como pessoas que possam ‘regressar a casa’ de

Mills, Cadman Atta (1989), Structural Adjustment in Sub-Saharan Africa, Seminar Report No.18, Economic Development Institute,
14

Washington DC, World Bank http://documents.worldbank.org/curated/en/570911468768036645/pdf/multi-page.pdf

15Heidhues, Franz and Obare, Gideon (2011), Lessons from Structural Adjustment Programmes and their Effects in Africa, Quarterly
Journal of International Agriculture 50 (2011), No. 1, pp. 55-64 https://ageconsearch.umn.edu/bitstream/155490/2/4_Heidhues.pdf

16Mkandawire, Thandika and Soludo, Charles (1998), Our Continent, Our Future: African Perspectives on Structural Adjustment, New
Jersey, CODESRIA, IDRC, and Africa World Press

17de Haas, Hein(2008),The Myth of Invasion: The inconvenient realities of African migration to Europe,Third World Quarterly, Vol 29, Issue
7, pp. 1305-1322

18 African Union (2018), The Revised Migration Policy Framework for Africa and Plan of Action 2018-2027, Addis Ababa, African Union
https://au.int/sites/default/files/newsevents/workingdocuments/32718-wd-english_revised_au_migration_policy_framework_for_africa.pdf

19 Koser, Khalid (Ed.) (2003), New African Diasporas, London, Routledge

Pág. 24
forma iminente; desenvolveram um sentido de transnacionalidade20. Juntamente
com as suas famílias e filhos residentes no estrangeiro, vêem-se a si próprios como
uma diáspora, com obrigações, desafios e oportunidades duplas ou múltiplas no que
diz respeito ao país de residência, bem como ao país africano de origem e
patrimonial21, 22, 23.

Ao contrário dos migrantes dos anos 60/70, alguns dos quais receberam fundos da
África para a educação e outros apoios24, para a diáspora Pós-Guerra Fria, as
remessas financeiras para a África tornaram-se uma forma importante de
envolvimento com a família, a comunidade e o país em África. As remessas
reforçam a concepção e percepção da identidade da diáspora. Isto foi intensificado
por políticas sobre migração, diáspora e desenvolvimento25. Esta nova categoria da
diáspora é um dos principais intervenientes em qualquer programa ou sistema de
investimento e financiamento da diáspora continental. Já têm uma relação
financeira activa com África através de remessas de fundos. Estão conscientes do
seu papel no desenvolvimento africano, e atentos aos avanços nas políticas e
práticas destinadas a optimizar as finanças da diáspora e a aumentar o impacto da
diáspora no desenvolvimento. Organizações pioneiras como AFFORD, criada em
1994, conseguiram mobilizar os migrantes e a diáspora, influenciando as políticas
internacionais, e facilitando programas práticos para reforçar proactivamente o papel
da diáspora no desenvolvimento da África26. Este sucesso ajudou a criar uma
sensibilidade e um movimento social distinto da diáspora para o desenvolvimento,
encorajando a busca propositada de resultados e impacto do desenvolvimento em
África, através de variadas formas de compromissos económicos, sociais e políticos.

1.5 Compromisso de Criação de uma Instituição de Investimento da


Diáspora em África

O empenho da União Africana em facilitar formas reforçadas de participação da


diáspora no desenvolvimento africano é tão antigo como a própria instituição. O
Protocolo de 2003 sobre Emendas ao Acto Constitutivo apelava à plena participação

20 Artigo de 2005 sobre 'Afropolitans' do escritor Taiye Selasi e visão geral sobre a nova diáspora africana
http://thelip.robertsharp.co.uk/?p=76
http://www.oxfordbibliographies.com/view/document/obo-9780190280024/obo-9780190280024-0044.xml - Acedido em 15 de Abril de
2019

21Okpewho, Isidore and Nzegwu, Nkiru (Eds.) (2009) The New African Diaspora, Bloomington, Indiana University Press

22 Zeleza, Paul (2010), African Diasporas: Toward a Global History, African Studies Review, Volume 53, Issue 1, pp. 1-19

23 Cohen, Robin (2008), Global Diasporas: An Introduction, Second Edition, New York, Routledge

24 Nos anos 60/70, muitos africanos que estudavam no estrangeiro receberam fundos da África através de bolsas de estudo do governo e

patrocínios familiares.

25 A partir dos anos 90, os governos africanos começaram a desenvolver políticas para se envolverem com as suas diásporas, e também
criaram programas para melhorar as contribuições da diáspora para o desenvolvimento. Em 1994, pela primeira vez nos quadros de
políticas globais, a Conferência das Nações Unidas sobre População e Desenvolvimento, no Cairo, estabeleceu uma ligação formal e
sólida entre migração internacional e desenvolvimento
https://www.un.org/popin/icpd/conference/offeng/poa.html - Acedido em 15 de Abril de 2019

26 Chikezie, Chukwu-Emeka (2011), Reinforcing the Contributions of the African Diasporas to Development, in Plaza, Sonia and Ratha,
Dilip (Eds.) Diaspora for Development in Africa, Washington DC, World Bank
http://documents.worldbank.org/curated/en/389011468191676942/pdf/616380PUB0Dias1351B0Extop0ID0182580.pdf

Pág. 25
da diáspora nos assuntos continentais e na construção da UA, e a definição de 2005
da diáspora africana ligava a identidade à vontade de contribuir para o
desenvolvimento africano e da UA. O investimento financeiro é uma das muitas
formas concretas através das quais as contribuições da diáspora podem ser
canalizadas para o desenvolvimento do continente e dos seus cidadãos, a nível
interno e externo. A UA reconheceu este facto e está empenhada em implementar
um projecto legado sobre o investimento da diáspora africana.

Em 25 de Maio de 2012 em Joanesburgo, África do Sul, a Declaração da Cimeira


Global da Diáspora Africana (GADS) aprovada pelos Chefes de Estado e de
Governo da União Africana salientou que:

“Acordamos ainda em adoptar cinco projectos legados como forma de


dar significado prático ao programa da Diáspora e de facilitar o
programa de implementação pós-cimeira..... Incentivar a sociedade civil
na Diáspora e em África a apoiar, defender e mobilizar recursos para o
desenvolvimento da África e da sua Diáspora..... Utilizar instrumentos
financeiros centrados em investimentos para facilitar a mobilização de
capital que reforcem os laços entre a África e a Diáspora.....Explorar a
possibilidade de criar um Fundo de Desenvolvimento e/ou um Fundo de
Investimento da Diáspora Africana para enfrentar os desafios de
desenvolvimento que se colocam aos africanos no continente e na
Diáspora”.27

Um dos cinco projectos legados do GADS é a criação de um ‘Fundo de Investimento


da Diáspora Africana’. No quadro do processo de implementação, este
compromisso alarga-se necessariamente para além de um único fundo, para
incorporar as oportunidades diversas e viáveis de investimento e financiamento da
diáspora. O compromisso da UA de ver a criação de um mecanismo e instituição
financeira da diáspora continental está incorporado na Agenda 2063 da UA. No
âmbito do Objectivo 20 (nomeadamente, ‘África assume plena responsabilidade pelo
financiamento do seu desenvolvimento’) do ‘Primeiro Plano de Implementação
Decenal 2014-2023 da Agenda 2063’, previa-se que o Fundo de Investimento da
Diáspora (DIF) seria totalmente conceptualizado até 2015, e desenvolvido e lançado
até 201828. A implementação de um DIF está também incluída como ‘pontos de
acção’ no âmbito do ‘compromisso da diáspora’ no ‘Quadro Revisto de Política de
Migração para a África e Plano de Acção 2018-2027’29.

Embora a conceptualização do ADIF e as datas específicas de lançamento não


tenham sido atingidas, em Setembro de 2018, a Agência Alemã para o
Desenvolvimento Internacional (GIZ) e a Comissão da União Africana (CUA)
encarregaram GK Partners (GKP) de ‘estabelecer o quadro de concepção e
implementação do Fundo de Investimento da Diáspora Africana, em conformidade
27Declaração do GADS, incluindo secções sobre ‘Mobilização de Apoio’ no âmbito de ‘Cooperação Política’ e ‘Mobilização de Capital’ no
âmbito de ‘Cooperação Económica’: https://au.int/sites/default/files/documents/30970-doc-global_diaspora_summit_declaration-e.pdf

28Page 94: https://au.int/sites/default/files/documents/33126-doc-ten_year_implementation_book.pdf - Acedido em 31 de Janeiro de


2019

29 Quadro Revisto de Política de Migração da União Africana (2018) para a África e Plano de Acção 2018-2027, Adis Abeba, União
Africana
https://au.int/sites/default/files/newsevents/workingdocuments/32718-wd-english_revised_au_migration_policy_framework_for_africa.pdf

Pág. 26
com o Plano de Acção da Cimeira Global da Diáspora Africana’. A consultoria
envolveu consultas e entrevistas com os intervenientes e peritos, e investigação e
análises aprofundadas. Foram recolhidas novas informações empresariais e
económicas, levando à identificação de oportunidades estratégicas e de
investimento específicas. Em Fevereiro de 2019, GKP propôs que o projecto de
legado de investimento da diáspora da UA fosse traduzido num projecto de
investimento prático e sustentável, empreendimento comercial e social através da
criação de uma Sociedade Financeira da Diáspora Africana (ADFC). A proposta é
apoiada por um quadro de implementação empresarial da ADFC, tal como
apresentado nos capítulos subsequentes deste documento.

1.6 Urgência de Medidas Práticas

Como recordado na Declaração da Cimeira Global da Diáspora Africana (25 de Maio


de 2012), houve muitas declarações, decisões, reuniões e cimeiras nos sete anos
entre a adopção da definição da diáspora africana em 2005 e GADS em 2012, com
poucos progressos feitos para facilitar a participação da diáspora nos órgãos da
UA30. Em mais de seis anos desde GADS, apenas um dos cinco projectos legados
propostos está plenamente operacional, nomeadamente o Instituto Africano de
Remessas (IAR). Convém realçar que o AIR como projecto efectivamente iniciado
cinco anos antes de GADS em 200731, e um Fundo de Investimento da Diáspora
Africana (ADIF) foi também formalmente proposto pelo Banco Mundial antes de
GADS32. Isto realça o facto de que a implementação de todos os ‘novos’ projectos
legados registaram atrasos. Para além da virtude inata do cumprimento das
obrigações da Declaração, a implementação prática e efectiva do projecto legado é
importante por uma série de outras razões económicas, financeiras e políticas,
conforme resumido abaixo:

 Oportunidades de Desenvolvimento Perdidas: O projecto legado visa


‘mobilizar capital para enfrentar os desafios de desenvolvimento com que os
africanos se confrontam no continente e na Diáspora’. Como tal, cada mês que
passa sem o plano de investimento da diáspora em funcionamento, é uma perda
de oportunidade, privando os diversos cidadãos, incluindo os grupos
desfavorecidos e socialmente excluídos, de benefícios tangíveis de
desenvolvimento.

 Compromisso Consistente da Diáspora: Nos seis anos desde que foi


assumido o compromisso de criar um Fundo de Investimento da Diáspora sem
que este fosse implementado, a diáspora africana aumentou as suas remessas
para a África em 25 biliões de dólares, de 61 biliões de dólares (2012) 33 para 86

30 A Declaração de GADS evocou e registou mais de 10 deliberações relevantes da UA:


https://au.int/sites/default/files/documents/30970-doc-global_diaspora_summit_declaration-e.pdf - Acedido em 15 de Abril de 2019

31 A cronologia do projecto do IAR; o autor deste relatório analisou o pedido de subvenção do IAR à UE em 2007; o contrato foi assinado

em Dezembro de 2009
http://www.worldbank.org/content/dam/Worldbank/document/Africa/african-institute-for-remittances-september-2013-brochure.pdf
Acedido em 15 de Abril de 2019

32 World Bank (2012) Frequently Asked Questions: African Diaspora, Washington DC, World Bank
https://siteresources.worldbank.org/INTDIASPORA/Resources/AFR_Diaspora_FAQ.pdf - Acedido em 15 de Abril de 2019

33 World Bank (2012), Migration and Development Brief 19: Migration and Remittances, Washington DC, World Bank

Pág. 27
biliões de dólares (2018)34, 35. O compromisso consistente e a contribuição da
diáspora devem ser complementados e reforçados através de uma acção
institucional oportuna e apropriada.

 Imperativo para a Implementação: Para gerir com sucesso um


empreendimento de investimento da diáspora como uma empresa comercial ou
social, o lento ritmo de progressos realizados dos últimos seis anos deve mudar.
A Agenda 2063 da UA proporciona um quadro de desenvolvimento continental,
complementado por uma preponderância de compromissos reiterados e
declarações sobre o investimento da diáspora. Consequentemente, é urgente
passar de deliberações às acções de implementação concretas e específicas,
para proporcionar benefícios de desenvolvimento a diversos intervenientes
directos e indirectos.

2. Definição e Estatuto do Investimento Estruturado da Diáspora


em África
Em termos gerais, um investimento financeiro é “um activo monetário adquirido com
a ideia de que o activo proporcionará rendimentos no futuro ou será vendido mais
tarde a um preço mais elevado para obter lucros”36. No contexto transfronteiriço e
internacional relevante para o financiamento da diáspora, o investimento é definido
pelos sistemas internacionais de arbitragem e tribunais que resolvem as disputas de
investimento e contratuais. Os dois quadros mais relevantes são a Comissão das
Nações Unidas para o Direito Comercial Internacional (UNCITRAL) e o Centro
Internacional para a Resolução de Litígios de Investimento (ICSID). Apesar das
opiniões divergentes de peritos, tanto as arbitragens de UNCITRAL como de ICSID,
a definição de investimento centra-se no Teste Salini alargado37, que exige que um
investimento satisfaça seis elementos essenciais38, 39, nomeadamente:

 Investidor deve fazer uma contribuição em dinheiro ou outros activos;


 O dispêndio de dinheiro ou de bens deve ser por um período determinado;
 Operação efectuada com o objectivo de desenvolver uma actividade económica
no país beneficiário;

https://www.knomad.org/sites/default/files/2017-08/MigrationDevelopmentBrief19.pdf

34 World Bank (2019), Migration and Development Brief 31: Migration and Remittances, Washington DC, World Bank
https://www.knomad.org/sites/default/files/2019-04/Migrationanddevelopmentbrief31.pdf

35 Os dados nos Resumos de Remessas do Banco Mundial são apresentados para a África Subsaariana (SSA) e Médio Oriente e África
do Norte (MENA). Os dados das remessas dos países da UA classificados no MENA (Argélia, Djibuti, Egipto, Líbia, Marrocos e Tunísia)
são adicionados aos dados das remessas da SSA para obter o total da África. De 2012: 30 Biliões de dólares (NA) + 31 Biliões de dólares
(SSA) = 61 Biliões de dólares; De 2018: 40 Biliões de dólares (NA) + 46 Biliões de dólares (SSA) = 86 Biliões de dólares. Ver fonte de
dados de remessas de cada país fornecidos pelo Banco Mundial:
http://www.worldbank.org/en/topic/migrationremittancesdiasporaissues/brief/migration-remittances-data - Acedido em 15 de Abril de 2019
36 Definição por Investopedia: https://www.investopedia.com/terms/i/investment.asp - Acedido em 1 de Abril de 2019

38 Grabowski, Alex (2014), The Definition of Investment under the ICSID Convention: A Defense of Salini, Chicago Journal of International

Law, Vol. 15: No. 1, pp. 287-309


https://chicagounbound.uchicago.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1058&context=cjil

39 Malik, Mahnaz (2009), Definition of Investment in International Investment Agreements, Best Practice Series, Bulletin 1, Winnipeg,

International Institute for Sustainable Development (ISSD)


https://www.iisd.org/pdf/2009/best_practices_bulletin_1.pdf

Pág. 28
 Actividade a ser empreendida para envolver um elemento de risco;
 Dinheiro ou activo distribuído de acordo com as leis do país beneficiário;
 Actividade deve ser de boa-fé, não falsa nem falaciosa

2.1 Classificação e Observações Contextuais sobre Investimento da


Diáspora

A diáspora contribui para o desenvolvimento africano através de intervenções


socioeconómicas e financeiras variadas e diversificadas. É evidente que nem todos
os tipos de financiamento da diáspora correspondem à definição geral e à dos
tribunais de investimento financeiro. Certos aspectos de financiamento da diáspora,
como a filantropia e as remessas colectivas alargam e melhoram o desenvolvimento
socioeconómico, mas os 'investidores' da diáspora não esperam necessariamente
retornos financeiros. Este capítulo classifica o investimento da diáspora em quatro
tipos principais, como se segue:

 Investimento de Desenvolvimento: Filantropia da Diáspora (DP)


 Investimento Socioeconómico: Remessas da Diáspora (DR)
 Investimento Económico e Empresarial: Investimento Directo da Diáspora (DDI)
 Investimento Financeiro Regulamentado: Investimento de Carteira da Diáspora
(DPI).

Explicação, resumo do estado e análises de PD, DR e DDI são apresentados


abaixo. O capítulo seguinte é dedicado à avaliação do estatuto e viabilidade do DPI,
que é o tipo de investimento da diáspora menos compreendido, e o foco do projecto
legado da União Africana de 2012.

A avaliação dos investimentos da diáspora africana é informada por uma


investigação consultiva aprofundada, literatura e avaliação on-line, análise crítica
das principais publicações sobre o tema40, 41, e discussões com os principais peritos,
profissionais e intervenientes42. Três principais observações subjacentes são
destacadas a seguir.

I. Classificação de Investimentos: Existe uma clara diferença entre o


discurso dos especialistas em financiamento da diáspora e as discussões
populares em geral. Para além das remessas, o financiamento e
investimentos da diáspora são frequentemente discutidos em
generalidades sem categorização técnica distinta. Como tal, existe
frequentemente uma confusão entre os diferentes tipos de investimentos
da diáspora, prejudicando assim comparações e observações analíticas.

40 A investigação incluiu a revisão da publicação de referência: Plaza, Sonia and Ratha, Dilip (Eds.) (2011), Diaspora for Development in
Africa, Washington DC, World Bank
http://documents.worldbank.org/curated/en/389011468191676942/pdf/616380PUB0Dias1351B0Extop0ID0182580.pdf

41Hack-Polay, Dieu and Siwale, Juliana (Eds.) (2018), African Diaspora Direct Investment: Establishing the Economic and Socio-Cultural
Rationale, London, Palgrave Macmillan

42Os peritos e profissionais consultados incluem: Comissários e Directores da Comissão da União Africana; Directores do Afreximbank;
Funcionários do Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento e Comissão Económica das Nações Unidas para a África;
profissionais do desenvolvimento da Diáspora nos EUA e no Reino Unido; jornalistas com experiência em financiamento da diáspora; e
peritos independentes em financiamento e investimentos da diáspora.

Pág. 29
Com o financiamento e os investimentos da diáspora a ocuparem um lugar
de destaque na agenda de desenvolvimento internacional, tem atraído
imenso interesse e comentários exaustivos. No entanto, o nível de
conhecimento e compreensão técnica parece ser relativamente baixo,
mesmo entre os profissionais do desenvolvimento. Consequentemente,
este relatório propôs uma simples classificação de trabalho do
investimento da diáspora, tal como acima exposto, servindo como um
quadro de trabalho e contextual.

II. Mais Planos do que Acções: Há muito mais planos, propostas e aspirações
do que programas de investimento da diáspora operacional real. As
pesquisas online fornecem muitos resultados sobre conferências, seminários
e workshops sobre investimentos da diáspora e propostas de novos
programas. Estas propostas e aspirações são apresentadas por organizações
e empresários da diáspora, bem como por governos africanos e instituições
multilaterais. Em alguns casos, governos e organizações têm discutido e
promovido programas específicos durante muitos anos sem que a proposta
se transforme em realidade operacional. As ‘histórias de investimento’ são
repetidas em publicações de renome, e referenciadas em plataformas globais
de alto nível. Isto cria e aprofunda a percepção da existência de uma
multiplicidade de regimes, enquanto a realidade é que o número de regimes
de investimento operacionais é relativamente pequeno.

III. Reorganização do ADIF para ADFC: Um dos projectos herdados da


Cimeira Global da Diáspora Africana (GADS) da UA de 2012 foi o chamado:
‘Fundo de Investimento da Diáspora Africana (ADIF)’, que é um nome
descritivo genérico. O 'ADIF' como título de programa tem a vantagem da
simplicidade, mas uma grande desvantagem é que também pode ser utilizado
por outros, como já é o caso43. Além disso, para que esta instituição comercial
proposta tenha êxito, teria de emitir diferentes Obrigações e gerir vários
Fundos, cada um dos quais com nomes e títulos específicos. Assim, ‘ADIF’
como um nome com a palavra singular ‘Fundo’ é limitativo, uma vez que o
programa incluiria não um mas vários Fundos. Por conseguinte, propõe-se
que o nome do projecto legado da UA seja alterado para Sociedade
Financeira da Diáspora Africana (ADFC). Este nome é mais abrangente para
um empreendimento que lidará com diversos e múltiplos produtos e serviços
de investimento. O nome também reflecte a natureza empresarial e
corporativa do empreendimento.

2.2 Filantropia da Diáspora como Investimento no Desenvolvimento

A filantropia da diáspora é uma forma importante de contribuição financeira para o


desenvolvimento; contudo, não se enquadra na definição estrita de investimento
financeiro, na medida em que nenhum lucro ou retorno financeiro é considerado ou
recebido pelos migrantes que fazem as contribuições44. É uma forma de
43 Em Dezembro de 2018, uma organização chamada RemitFund lançou o que chamou “o primeiro Fundo de Investimento da Diáspora
Africana do mundo” sem qualquer referência ao projecto legado da UA ADIF de 2012.
https://digestafrica.com/remitfund-african-diaspora-investment-fund/#.XHjAUPZ2vIU - Acedido em 1 de Abril de 2019
44 Newland, Kathleen, Terrazas, Aaron and Munster, Roberto (2010), Diaspora Philanthropy: Private Giving and Public Policy, Washington

DC, Migration Policy Institute

Pág. 30
investimento no desenvolvimento em que os beneficiários obtêm benefícios
socioeconómicos e de progressos a curto e longo prazo. A filantropia da diáspora é
também relevante na discussão dos investimentos porque os doadores são também
potenciais investidores em produtos de investimento financeiro que visam a
diáspora. Como doadores que proporcionam financiamentos sem qualquer lucro ou
retorno, são também susceptíveis de serem investidores de impacto social. As
principais características dos filantropos da diáspora como investidores são: eles
fornecem ‘Capital Paciente’ (esperando mais tempo pelos seus retornos); aceitam
‘Descontos Patrióticos’ (rendimentos financeiros abaixo das taxas de mercado, na
expectativa de que o desenvolvimento nacional esteja avançado); fazem
‘Investimentos de Impacto’ (aplicam os seus recursos a empreendimentos que sejam
positivamente sustentáveis, éticos e socialmente benéficos).

As principais formas de filantropia da diáspora são apresentadas a seguir.

 Doações Directas: As doações directas são feitas a membros da comunidade


que não são parentes nem amigos, e contribuições para a sociedade civil local,
apelos e programas religiosos, sociais e comunitários. Nos últimos anos, os
websites de financiamento colectivo como 'justgiving', 'globalgiving' e 'gofundme'
têm sido utilizados por profissionais do desenvolvimento da diáspora e activistas
para a angariação de fundos filantrópicos.

 Remessas Colectivas: As remessas colectivas indirectas são canalizadas


através de Home Town, Community and Alumni Associations (HCA) e redes de
diáspora, instituições de caridade, fundos fiduciários, fundações e organizações
humanitárias. Instituições como o Banco Mundial45 e o Instituto de
Desenvolvimento Ultramarino (ODI)46 confirmaram que as remessas directas das
famílias aumentam a resiliência antes e depois das catástrofes. Da mesma
forma, o projecto de Acção de Emergência e Coordenação da Diáspora
(DEMAC) que estudou o papel da acção humanitária da diáspora na Síria,
Somália e Sierra Leone afectada pelo Ebola, indica que as remessas colectivas
filantrópicas e outros recursos e competências da diáspora contribuem de forma
significativa para a ajuda, mecanismos de sobrevivência e resiliência comunitária
nos países beneficiários.47

 Fundos Fiduciários Nacionais: Alguns países criaram fundos fiduciários


nacionais, e recursos beneficentes. Em 2012, o Fundo de Desenvolvimento
Agaciro do Ruanda (ADF) foi lançado como um fundo soberano baseado nas
doações da diáspora, estrangeiras e locais. Em 2016, o seu valor patrimonial era

file:///C:/Users/user/AppData/Local/Packages/Microsoft.MicrosoftEdge_8wekyb3d8bbwe/TempState/Downloads/diasporas-
philanthropy%20(1).pdf

45Mohapatra, Sanket, Joseph, George and Ratha, Dilip (2009), Remittances and Natural Disasters: Ex-post Response and Contribution to
Ex-ante Preparedness, Washington DC, World Bank

46 Bragg, Catherine et al (2018), Remittances as aid following major sudden‐onset natural disasters, Disasters, Vol. 42 No 1, pp. 3-18

47DEMAC é gerido por um consórcio que inclui ECHO, o Conselho Dinamarquês para os Refugiados (DRC), a Fundação Africana para o
Desenvolvimento (AFFORD) e a Fundação Berghof. Ver website: http://www.demac.org/sharing-knowledge/demac-publications -
Acedido em 1 de Abril de 2019

Pág. 31
de cerca de 39 biliões de RWF (43 milhões de dólares)48. Em Agosto de 2018, o
Fundo Fiduciário da Diáspora da Etiópia (EDTF) foi criado para financiar
projectos de desenvolvimento de alto impacto. Em Abril de 2019, 20.000 pessoas
em 70 países tinham contribuído com cerca de 4 milhões de dólares 49, através
de uma plataforma de financiamento colectivo online e depósitos bancários.

2.3 Remessas da Diáspora como Investimento Socioeconómico

De todos os diferentes tipos de investimento da diáspora, as remessas são as mais


estudadas, mas ainda há aspectos que não são bem compreendidos. Para muitos
países africanos, os dados sobre fluxos informais, remessas em espécie, e utilização
de remessas para negócios informais ou investimentos formais de carteira são
escassos. Existem estudos sobre a utilização das remessas em sectores
específicos, mas ainda não foi descrito um quadro completo50, 51.

2.3.1 Remessas Formais, Informais e em Espécie para a África

O fluxo de remessas para a África é a prova mais importante do investimento da


diáspora em África. O Banco Mundial estimou que em 2018, a diáspora enviou 86
biliões de dólares americanos para a África através de canais formais como
Operadores de Transferência de Dinheiro (MTO), Bancos, Instituições Financeiras
Não Bancárias e Serviços Móveis de Transferência de Dinheiro. Para além das
instituições formais, os migrantes e a diáspora ainda utilizam canais não registados
e informais para o envio de dinheiro para a África, e envio de remessas em espécie.
Os métodos de remessas não formais incluem o seguinte:

 Empresas e agências de transferência de dinheiro não registadas52


 Dinheiro transportado por empresas de expedição, pela própria pessoa, amigos e
familiares que viajam para o país de origem ou dos seus familiares.
 Remessas em espécie via frete/transferência de bens de consumo, equipamento
empresarial e bens físicos

48O Relatório Financeiro de 2016 do Fundo de Desenvolvimento Agaciro (AGDF) reúne as contribuições da diáspora, dos Amigos do
Ruanda, dos doadores locais, e os rendimentos dos fundos investidos: http://agaciro.rw/fileadmin/user_upload/scan0042.pdf - Acedido
em 1 de Abril de 2019

49 Ver o website de EDTF: https://www.ethiopiatrustfund.org/about-us/#Mission - Acedido em 15 de Abril de 2019


50 Ogbuagu, Buster C.(2013), Remittances and in-kind products as agency for community development and anti-poverty sustainability:
Making a case for Diasporic Nigerians, International Journal of Development and Sustainability, Vol. 2 No. 3 pp. 1828-1857
https://isdsnet.com/ijds-v2n3-13.pdf

51 Plaza, Sonia, Navarrete, Mario and Ratha, Dilip (2011), Migration and Remittances Household Surveys in Sub Saharan Africa:

Methodological Aspects and Main Findings, Washington DC, World Bank and African Development Bank
http://pubdocs.worldbank.org/en/866251444753456291/Plaza-Navarrete-Ratha-MethodologicalPaper.pdf

52 O autor deste relatório faz a distinção entre remessas não registadas e informais. Existem Operadores de Transferência de Dinheiro

não registados que utilizam contas bancárias, documentos de depósito e recibo, alertas de telemóvel e outros processos formais, que não
estão registados junto das autoridades estatais ou entidades reguladoras. Algumas destas são operações ilegais, enquanto outras se
encontram numa zona jurídica cinzenta. As remessas informais, por outro lado, incluem transferências através de amigos e outras
transferências ad hoc, não estruturadas ou indirectas. Não está claramente determinado se os levantamentos em ATM e os pagamentos
por cartão de débito e de crédito no país de origem/da diáspora estão sempre incluídos nos fluxos de remessas formais. (As remessas
através de numerário em envelopes que utilizam o sistema postal quase se extinguiram)

Pág. 32
 Sistema 'Hawala’53e 'Hundi': O remetente faz o pagamento em dinheiro ao
corretor na diáspora; o corretor dá instruções a outro corretor para pagar em
dinheiro ao beneficiário da remessa no país beneficiário.
 Sistema de 'Fornecimento e Reembolso’54: O remetente paga os bens e serviços
na diáspora para um contacto ou empresário; o contacto ou empresário paga em
dinheiro ao beneficiário da remessa no país de destino
 Sistema de ‘Pagamento e Fornecimento’: O remetente efectua o pagamento em
dinheiro ao contacto ou empresário na diáspora; o contacto ou empresário
fornece bens e serviços ao beneficiário das remessas em espécie no país de
destino.

2.3.2 Fluxos de Remessas para a África

De acordo com o Banco Mundial, em 2018, as remessas formais para a África


totalizaram 86 biliões de dólares55, 56. Deste montante, 70%, ou seja, 60,6 biliões de
dólares foram recebidos apenas por três países, nomeadamente Egipto (28,9 biliões
de dólares, que representam 11,6% do PIB), Nigéria (24,3 biliões de dólares, que
representam 6,1% do PIB) e Marrocos (7,4 biliões de dólares, que representam
6,2% do PIB). Em termos de volume de receitas de remessas, a diferença entre
estes três países e o resto da África é enorme, sendo o quarto maior beneficiário o
Gana com 3,8 biliões de dólares (7,3% do PIB). Os cinco maiores destinatários das
remessas, depois do Gana, foram: Quénia com 2,7 biliões de dólares (3,0% do PIB);
Tunísia com 2,0 biliões de dólares (4,9% do PIB); Senegal com 2,2 biliões de
dólares (9,1% do PIB); Argélia com 1,9 biliões de dólares (1,0% do PIB); e
Zimbabwe com 1,9 biliões de dólares (9,6% do PIB). Para cinco países africanos, as
remessas formais representam, por si só, mais de 10% do PIB. São os seguintes:
Comores (19,1%); Gâmbia (15,3%); Lesoto (14,7%); Cabo Verde (12,3%); e Libéria
(12,0%).

O Banco Mundial confirmou que o custo de transacção de remessas para a África é


o mais elevado do mundo, com 9%, em comparação com o custo médio global de
7%. Os custos das remessas dentro da África são particularmente elevados, sendo
os custos mais elevados as transacções originárias da África do Sul, que chegam a

53 Hawala (referido como Hundi na Índia) é uma palavra árabe que significa ‘transferência’ e é um mecanismo antigo para a transferência

internacional de dinheiro e facilitação do comércio, sem o movimento imediato de fundos. Os clientes ou directores utilizam corretores
nos países de origem, que através da rede de outros corretores Hawala facilitam os pagamentos em dinheiro. O formato da liquidação e
os saldos efectivos são acordados entre os corretores. O sistema é baseado na confiança. Hawala é ainda amplamente utilizado na Ásia,
Médio Oriente e África Oriental, especialmente quando os serviços bancários formais são fracos, demorados ou caros. Ver:
WB and IMF (2003) Informal Funds Transfer Systems: An Analysis of the Informal Hawala System, Washington DC, World Bank and
International Monetary Fund http://documents.worldbank.org/curated/en/410351468765856277/pdf/multi0page.pdf

54 O autor documenta neste relatório os sistemas de remessas de ‘Fornecimento e Reembolso’ e ‘Fornecimento e Pagamento’ que não

são bem analisados ou descritos na literatura académica ou profissional.


55 World Bank (2019), Migration and Development Brief 31: Migration and Remittances, Washington DC, World Bank

https://www.knomad.org/sites/default/files/2019-04/Migrationanddevelopmentbrief31.pdf

56 Os dados nos Resumos de Remessas do Banco Mundial são apresentados para a África Subsaariana (SSA) e Médio Oriente e África
do Norte (MENA). Os dados de remessas de 2018 para os países da UA classificados no MENA são os seguintes: Argélia 1,9 biliões de
dólares; Djibouti 63 milhões de dólares; Egipto 28,9 biliões de dólares; Líbia (sem dados); Marrocos 7,4 biliões de dólares; e Tunísia 2
biliões de dólares (num total de 40 biliões de dólares). O total de remessas para SSA em 2018 foi de 46 biliões de dólares.
Ver fonte de dados de remessas de cada país fornecidos pelo Banco Mundial:
http://www.worldbank.org/en/topic/migrationremittancesdiasporaissues/brief/migration-remittances-data - Acedido em 15 de Abril de 2019

Pág. 33
atingir os 18%. Os dois corredores de remessas intra-africanas mais baratos foram
cerca de 3,5%, sendo Senegal-Mali e Côte d’Ivoire-Mali. Os corredores
internacionais mais baratos foram cerca de 4%, sendo França-Camarões e França-
Comores. Note-se que a Meta do ODS 10.7 (10.C) estabelece: “Até 2030, reduzir
para menos de 3% os custos de transacção de remessas dos migrantes e eliminar
os mecanismos de remessas com custos superiores a 5%”57.

Os peritos afirmam que as remessas informais não registadas são tão elevadas, se
não superiores às transferências formais58. Tendo em conta os fundos enviados
através de canais formais e informais, e as remessas em espécie, estima-se que o
total anual de remessas para África possa atingir 200 biliões de dólares. As
remessas formais, que continuam a crescer, são superiores a todas as outras
formas de fluxos financeiros não comerciais, como se pode ver abaixo 59.

Fluxos para África (Biliões 2011 2012 2013 2014 2015


de dólares)
Remessas de Migrantes e 59,6 64,3 63,7 67,2 64,8
da Diaspora
Investimento Estrangeiro 49,8 49,4 53,1 56,0 51,3
Directo (IED)
Ajuda Pública ao 51,6 51,8 56,8 54,3 51,0
Desenvolvimento
Investimentos Estrangeiros 21,6 34,3 23,0 21,3 15,7
em Carteira (FPI)

Quadro IV: Fluxos financeiros para África 2011-15 (CNUCED, 2018)

2.3.3 Remessas, Socioeconomia e Desenvolvimento

O grosso das remessas privadas enviadas à família e amigos e para fins


filantrópicos é gasto em habitação, alimentação, educação, saúde, e em relações e
apoio social e comunitário. São de natureza consumista na medida em que são
geralmente gastas à medida que são recebidas, em bens e serviços que não geram
rendimentos ou bens económicos. A percentagem de remessas gastas em bens
imóveis, PME e outros empreendimentos empresariais pode ser descrita como
fazendo parte do sector de Investimento Directo da Diáspora (DDI); e as remessas
utilizadas como poupança podem parecer como potencial Investimento de Carteira
da Diáspora (DPI) - como discutido abaixo. Uma boa parte das poupanças das
remessas é eventualmente gasta em actividades de consumo e não regenerativas e

57https://www.un.org/sustainabledevelopment/inequality/ - Acedido em 15 de Abril de 2019

58 A Economista Chefe de Migração e Remessas no Banco Mundial, Dilip Ratha, declarou que “acredita-se que os fluxos não registados
através de canais informais sejam pelo menos 50% maiores do que os fluxos registados.”
Ver: https://www.imf.org/external/pubs/ft/fandd/basics/remitt.htm - Acedido em 15 de Abril de 2019

SSRC informou que as remessas informais variam, segundo as estimativas, de 35 % a 250 % dos fluxos formais.
SSRC (2009), Tópico 4: Formal vs. Informal Remittances,New York, Social Science Research Council
https://www.ssrc.org/publications/view/4297524A-B74F-DE11-AFAC-001CC477EC70/

59 AfDB (2017), African Economic Outlook 2017: Entrepreneurship and Industrialisation, Abidjan, Paris and New York, African

Development Bank (AfDB), Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD), United Nations Development Programme
(UNDP) http://www.undp.org/content/dam/rba/docs/Reports/African_Economic_Outlook_2017_EN.pdf - Ver páginas 44-45

Pág. 34
investimentos directos de pequena escala. Contudo, para além do influxo de divisas,
os fluxos de remessas circulam na economia local e nacional dos países
beneficiários, criando um efeito multiplicador económico, que é benéfico para a
economia social.

As remessas são agora globalmente reconhecidas como uma forma de


desenvolvimento e de investimento da diáspora socioeconómica, de importância
primordial para África e outras economias em desenvolvimento. Nem sempre foi este
o caso; o reconhecimento veio após anos de investigação, análises e sensibilização
por organizações da diáspora não tradicionais e pioneiras, como AFFORD. Em
2006, o relatório de Perspectivas Económicas Globais do Banco Mundial (GEP) foi
dedicado a ‘Implicações Económicas das Remessas e Migrações’ 60.Esta tornou-se
uma publicação de referência, levando os governos e as instituições multilaterais a
dar a devida atenção e consideração a esta forma de investimento e financiamento
da diáspora. As iniciativas e inovações para melhorar as remessas como forma de
financiamento do desenvolvimento socioeconómico aceleraram-se desde meados
dos anos 2000.

Em 2009, o projecto RemitPlus™ foi lançado como prova prática de conceito e


operação piloto, para desenvolver o financiamento da diáspora através de
'Remessas Melhoradas' e 'Para além das Remessas', utilizando o corredor Reino
Unido-Sierra Leone como um estudo de caso. O projecto foi implementado no
contexto do primeiro Diálogo de Alto Nível das Nações Unidas sobre Migração e
Desenvolvimento Internacional (UNHLD) de 2006, do relatório de GEP do Banco
Mundial, e do rescaldo da crise económica mundial de 2008. Para 'Remessas
Melhoradas', o projecto desenvolveu actividades sobre literacia financeira para
expedidores de remessas, e formação empresarial para destinatários; lançou uma
plataforma de remessas online; facilitou a uma Instituição de Micro Finanças tornar-
se um agente de pagamento de remessas nas áreas rurais e urbanas; ligou as
remessas a contas bancárias; utilizou o histórico de recibos de remessas para
classificação de crédito e perfil financeiro. Os agentes comerciais (por exemplo,
WorldRemit e Azimo) retomaram e desenvolveram os elementos de melhoria das
remessas abordados pelo projecto piloto. As actividades relacionadas com ‘Para
Além de Remessas’ do RemitPlus™ centraram-se no acesso à poupança (que não
são remetidas) e no aproveitamento de outros recursos da diáspora (por exemplo,
empréstimos) para DDI e DPI61.

2.4 Investimento Directo da Diáspora como Investimento Económico e


Empresarial

O parágrafo 6.8 do ‘Manual da Balança de Pagamentos e da Posição de


Investimento Internacional (Sexta Edição do BPM6)’, publicado pelo Fundo
Monetário Internacional (FMI), define ‘Investimento Directo’ como “uma categoria de
investimento transfronteiriço associado a um residente de uma economia com

60 World Bank (2006), Global Economic Prospects: Economic Implications of Remittances and Migration, Washington DC, World Bank
http://pubdocs.worldbank.org/en/346121443469727614/Global-Economic-Prospects-2006-Economic-implications-of-remittances-and-
migration.pdf

61 O projecto RemitPlus™ foi implementado pela AFFORD em 2009-11.


AFFORD (2012), RemitPlus™ Project Report, London, African Foundation for Development (AFFORD)
https://afford-uk.org/wp-content/uploads/2019/02/RemitPlus-Report-2012-Update.pdf

Pág. 35
controlo ou uma influência significativa na gestão de uma empresa residente de uma
outra economia”62. É geralmente referido como Investimento Estrangeiro Directo
(IED). As relações de investimento directo surgem quando o investidor possui
capital próprio que lhe dá direito a 10% ou mais do poder de voto. Um investidor é
considerado como tendo um grau de influência significativo se o seu poder de voto
estiver entre 10% e 50%. Se um investidor tiver um poder de voto igual ou superior a
50%, considera-se que tem o controlo da empresa.

O Investimento Directo da Diáspora (DDI) refere-se a investimentos directos em que


o investidor tem origem ou património no país estrangeiro de investimento,
independentemente da sua nacionalidade. A noção de DDI africano baseado no
património é praticamente útil porque milhões de diásporas africanas são incapazes
de identificar definitivamente as suas origens para um determinado país em África.
Como tal, o seu investimento em qualquer país africano qualifica-se como DDI. Esta
abordagem é reforçada pelo facto de a União Africana reconhecer a diáspora
africana global como a sexta região da África.

2.4.1 Natureza do DDI em África

Instituições como o FMI, o Banco Mundial e a CNUCED monitorizam anualmente os


fluxos globais de financiamento externo recebidos por países de todo o mundo.
Quatro destas formas de financiamento do desenvolvimento são: Ajuda Pública ao
Desenvolvimento (APD), Investimento Estrangeiro Directo (IED), Investimentos de
Carteira (acções e dívida) e Remessas. O IED são fundos de investimento utilizados
como capital para investir directamente em negócios e empreendimentos produtivos.
Os fundos de IED são geralmente recebidos por grandes empresas (privadas,
públicas ou Parcerias Público-Privadas), através de Fusões, Aquisições e
Empreendimentos Greenfield. Semelhante ao IED, o Investimento Directo da
Diáspora (DDI) é um financiamento externo de desenvolvimento investido em
empresas no país receptor. Contudo, o DDI em geral tem características distintas,
incluindo as seguintes63, 64, 65:

 Os investidores são indivíduos e entidades empresariais de origem ou do


património da diáspora.
 As entidades empresariais podem pertencer à diáspora ou lideradas por
directores e gestores da diáspora
 Os investimentos tendem a financiar a expansão de empresas baseadas na
diáspora e em empreendimentos Greenfield
 Os investimentos tendem a financiar tecnologia, consultorias e empresas
profissionais e baseadas em competências
 Os investimentos tendem a financiar empresas do sector imobiliário, património,
turismo e exportação

62https://www.imf.org/external/pubs/ft/bop/2007/pdf/chap6.pdf - Accessed 15 April 2019

63 Elo, Maria and Riddle, Liesl (Eds) (2015), Diaspora Business, Oxford, Interdisciplinary Press

64Ojo, Sanya et al (2013), African diaspora entrepreneurs: Navigating entrepreneurial spaces in ‘home’ and ‘host’ countries, International
Journal of Entrepreneurship and Innovation,14(4), pp. 289–299

65Rodriguez-Montemayor, Eduardo (2012), Diaspora Direct Investment: Policy Options for Development, Washington DC, Inter American
Development Bank

Pág. 36
 Os investimentos tendem a financiar os serviços e a indústria ligeira, em vez da
indústria transformadora e da indústria pesada
 Os investimentos incluem remessas colectivas utilizadas para diversos
empreendimentos e projectos
 Os investimentos são canalizados predominantemente para os amigos e
familiares dos trabalhadores independentes, e para as MPME
 Os investimentos são canalizados para comerciantes individuais não registados,
parcerias e empresas constituídas
 Os investimentos são canalizados para cooperativas, e empresas sociais e
comunitárias
 Os investimentos incluem contribuições em espécie, como competências
técnicas e instalações, máquinas e equipamento.

2.4.2 Perspectiva Geral de Influxos de IED em Africa

As medidas anuais de financiamento externo global e fluxos de investimento cobrem


o IED mas não o DDI. No entanto, mesmo com receitas relativamente elevadas da
África do Sul e dos países da África do Norte, enquanto continente, a África recebe
uma pequena percentagem de IED. O IED para África representava menos de 3%
do PIB, inferior às remessas e APD66. Com base nos números da CNUCED
ajustados em Janeiro de 2019, os fluxos de IED para África durante os 5 anos 2014-
18 foram cerca de 3% dos fluxos globais67.

Ano IED em IED em % do Fluxo


dólares dólares Global de
Global África IED para
África
2018 1 188 biliõe 40 biliões 3,37%
s de dólares
2017 1 470 biliõe 38 biliões 2,59%
s
2016 1 868 biliõe 53 biliões 2,84%
s
2015 1 921 biliõe 57 biliões 2,97%
s
2014 1 324 biliõe 71 biliões 5,36%
s

66 Dados de investimento do FMI e da UNCTAD tal como apresentados pelo Banco Mundial - Acedido em 15 de Abril de 2019
https://data.worldbank.org/indicator/BX.KLT.DINV.CD.WD?end=2017&locations=ZG&name_desc=false&start=1970&view=chart

67 UNCTAD World Investment Reports and Trends Monitor:

UNCTAD (2019), Investment Trends Monitor: Issue 31, Geneva, United Nations Conference on Trade and Development
https://unctad.org/en/PublicationsLibrary/diaeiainf2019d1_en.pdf?user=46

UNCTAD (2018), World Investment Report 2018: Investment and New Industrial Policies, Geneva, UNCTAD (page 15)
https://unctad.org/en/PublicationsLibrary/wir2018_en.pdf

UNCTAD (2017), World Investment Report 2018: Investment and the Digital Economy, Geneva, UNCTAD (page 4)
https://unctad.org/en/PublicationsLibrary/wir2017_en.pdf

Pág. 37
Total de 5 7 771 biliõe 259 biliões 3,33%
anos s

Quadro V: Investimento Estrangeiro Directo em África (CNUCED 2018; CNUCED, 2019)

Este baixo nível de fluxo é consistente com as tendências históricas de IED em


África ao longo das últimas décadas. Além disso, o IED não é distribuído
uniformemente, tendendo a ir para um pequeno número de países relativamente
industrializados, produtores de petróleo e ricos em minerais, como a África do Sul,
Egipto, Nigéria, Angola68.

Os fluxos de IED são também canalizados através de uma série de fundos de


investimento em Participações Privadas (PE), Capital de Risco (CR) e fundos de
investimento de impacto. Em 2018, os fundos de PE e CR realizaram 186 acordos
comerciais em África avaliados em 3,5 biliões de dólares. Nos 5 anos de 2014-18,
foi realizado um total de 836 acordos, avaliados em 21,6 biliões de dólares 69. Em
África se observa um aumento constante do número de fundos de investimento de
impacto. O crescimento é estimulado pelo Financiamento Misto, Parcerias Público-
Privadas, e outras colaborações para o desenvolvimento sustentável70, 71.

2.4.3 Observações Analíticas sobre a Avaliação do DDI

Considerando a indisponibilidade de dados anuais estruturados sobre o fluxo de DDI


para África, são apresentadas a seguir uma série de observações analíticas e
recomendações.

I. DDI Informal

O DDI tem características semelhantes às remessas na medida em que algumas


delas são formais, sendo investimentos em empresas registadas e constituídas,
enquanto que uma percentagem significativa é informal, sendo investimentos para
empresas não constituídas. Em África, o sector informal constitui uma percentagem
significativa da economia, proporcionando até 65% de todos os postos de trabalho 72.
Os inquéritos anuais e outros estudos e exercícios de recolha de dados sobre o
sector informal devem incluir estimativas da contribuição do DDI para a criação de
postos de trabalho. Isto é importante, pois o DDI é uma fonte vital e significativa de
capital no sector dos trabalhadores independentes, comerciantes em nome

68 Ketkar, Suhas and Ratha, Dilip (2009), Innovative Financing for Development, Washington DC, World Bank
http://pubdocs.worldbank.org/en/335011444766662755/e-book-Innovative-Financing-for-Development.pdf

69 AVCA (2019), 2018 Annual African Private Equity Data Tracker, London, African Private Equity and Venture Capital Association (AVCA)

70 UNDP (2016), Impact Investment in Africa: Trends, Constraints and Opportunities, New York, United Nations Development Programme
https://www.undp.org/content/dam/undp/library/corporate/Partnerships/Private%20Sector/Impact%20Investment%20in%20Africa/Impact%
20Investment%20in%20Africa_Trends,%20Constraints%20and%20Opportunities.pdf - Accessed 15 April 2019

71 IFC (2019), Creating Impact: The Promise of Impact Investing, Washington DC, International Finance Corporation
https://www.ifc.org/wps/wcm/connect/66e30dce-0cdd-4490-93e4-d5f895c5e3fc/The-Promise-of-Impact-Investing.pdf?MOD=AJPERES
Acedido em 15 de Abril de 2019

72 Medina, Leandro, Jonelis, Andrew and Cangul, Mehmet (2017), The Informal Economy in Sub-Saharan Africa: Size and Determinants,
IMF Working Paper WP/17/156, Washington DC, International Monetary Fund
file:///C:/Users/user/AppData/Local/Packages/Microsoft.MicrosoftEdge_8wekyb3d8bbwe/TempState/Downloads/wp17156%20(1).pdf

Pág. 38
individual, parcerias, agentes comerciais não registados, empresários ocasionais e
acidentais. À semelhança das remessas, os IDD individuais podem ser pequenos,
mas o agregado é susceptível de ser muito elevado.

II. DDI em Espécie

Os fundos de IED são utilizados, entre outros, para adquirir instalações, máquinas e
equipamento empresarial, acessórios, mobiliário e outros bens. Com o DDI, os bens
físicos são frequentemente fornecidos em espécie. Na qualidade de profissionais
qualificados, a diáspora também fornece contributos de gestão e técnicos em
espécie quando operam como empresários ou trabalham com associados
comerciais em África. Uma vez que a aquisição de contribuições em termos de
conhecimentos técnicos, de gestão e especializados é tomada em conta nos fluxos
de IED, as contribuições técnicas em espécie da diáspora devem ser reconhecidas
no quadro dos fluxos de IED. As metodologias de avaliação do IED teriam de
caracterizar e rentabilizar estes investimentos directos em espécie. Tem-se
argumentado que o DDI não só proporciona investimento de capital, mas também
oferece, como pacote, Ganho de Cérebros e desenvolvimento tecnológico, ao
mesmo tempo que serve de catalisador empresarial nos países de residência, e
facilitador do comércio bilateral e da cooperação para o desenvolvimento73.

III. DDI através de Clubes e Redes de Investimento

Convém realçar que algumas das remessas colectivas geradas pelas associações
das cidades de origem e de antigos alunos não são utilizadas para fins filantrópicos,
mas como investimentos de pequena escala com impacto na economia social
africana. Além disso, a diáspora cria fundos comuns através de clubes de
investimento da diáspora e de redes de business angels, com o objectivo específico
de fazer investimentos directos em diversas empresas, bem como investimentos nos
produtos financeiros regulamentados. Os dados sobre o valor desta fonte de DDI
muitas vezes não existem. Seria possível que agências multilaterais trabalhassem
com estes clubes e redes74 de investimento para começar a recolher dados anuais
agregados dos fluxos dos clubes de investimento para a África.

IV. DDI através de Financiamento Anjo e Pessoal

Há uma tendência para os amigos e familiares, e para os business angels


especializados da diáspora investirem em empreendimentos nos países de origem,
através de empresários conhecidos e de confiança da diáspora. Sabe-se também
que a inexistência de instrumentos de financiamento transfronteiriços dificulta à
diáspora a obtenção de empréstimos comerciais nos países de residência, para

73 Ardovino, Michael and Debass, Thomas (2009), Diaspora Direct Investment (DDI): The Untapped Resource for Development,

Washington DC, United States Agency for International Development (USAID)


file:///C:/Users/user/AppData/Local/Packages/Microsoft.MicrosoftEdge_8wekyb3d8bbwe/TempState/Downloads/ArdovinoDDIpaper%20(1).
pdf

74 As redes de investimento da diáspora continental e regional incluem: African Diaspora Network’s African Diaspora Symposium

https://www.adis2019.com/; Diaspora Investment Club https://diasporainvestmentclub.com/investing-2/investing-in-africa/; Club Efficience


https://club-efficience.com/en/efficience-africa-fund-en/; African Business Angel Network https://abanangels.org/the-aban-network/;
AFFORD Business Club https://afford-uk.org/what-we-do/projects/abc-2/; FORIM PRA/OSIM https://www.forim.net/contenu/praosim-0
- Acedido em 15 de Abril de 2019

Pág. 39
empreendimentos nos países de origem ou de património, especialmente para
investimento de PME. Como tal, a diáspora angaria empréstimos pessoais ou outras
formas de empréstimos nacionais para utilização como DDI. A metodologia de
avaliação do DDI deve incluir meios de identificar investidores anjo e
empreendimentos conjuntos, bem como de quantificar a reorientação dos
empréstimos nacionais para o investimento empresarial em África.

V. DDI Imobiliário

A aquisição e desenvolvimento de bens imobiliários é frequentemente o maior


investimento que os indivíduos da diáspora fazem nos seus países de origem ou de
património. A avaliação do DDI deve explorar a medida em que estes investimentos
são empreendimentos comerciais activos ou aquisições nacionais passivas. Há
indícios de que a diáspora investe em bens imobiliários no país de origem e
património para os seguintes fins gerais:

 Primeiro, fornecer habitação aos pais e à família alargada (totalmente ocupada;


não gerando nenhum rendimento de rendas)

 Em segundo lugar, adquirir habitação própria e para famílias nucleares


residentes no estrangeiro (parcialmente ocupada durante as visitas de férias; não
gerando nenhum rendimento de renda)

 Terceiro, desenvolver residência futura para família própria e nuclear (total ou


parcialmente ocupada durante vários anos por inquilinos que pagam renda)

 Quarto, desenvolver unidades residenciais e comerciais para arrendamento a


curto prazo, arrendamento a longo prazo ou venda imediata (gerando
rendimentos).

Para efeitos de avaliação do investimento, a quarta categoria enquadra-se


directamente no DDI. A terceira categoria é importante como DDI por várias razões.
Muitos investidores da diáspora encontram-se a ocupar cada vez menos as suas
casas devido à fácil acessibilidade a pacotes de férias relativamente baratos que
incluem alojamento em hotéis. Por vezes, o investidor da diáspora e a sua família
preferem ficar num local mais central e desejável do que onde se encontra a sua
propriedade. Tentam também evitar a ruptura dos contratos de arrendamento
existentes. Além disso, a diáspora utiliza o activo como alavanca e garantia para
empréstimos bancários locais para investir em outros empreendimentos imobiliários
e em outros negócios.

O aumento de aplicações de reserva online como a AirBnB significa que o


investimento e a componente geradora de rendimento da segunda categoria de DDI
imobiliária está a crescer. De realçar também que mesmo para a primeira categoria,
os investidores da diáspora tendem a construir ou investir em bens imobiliários de
unidades mistas. A habitação residencial é frequentemente complementada com
unidades de arrendamento no mesmo local. Por vezes, as unidades comerciais, tais
como lojas, escritórios e instalações de armazenamento são construídas no mesmo
lote onde a casa é construída.

Pág. 40
O Banco Mundial já realizou anteriormente inquéritos nacionais para estimar o valor
das remessas gastas em bens imobiliários75. Isto pode informar a metodologia para
a avaliação do DDI imobiliário em África.

VI. Incentivos ao DDI

Vários países africanos têm programas, apoiados por políticas e legislação, que
proporcionam incentivos ao DDI e benefícios fiscais comparáveis aos disponíveis
para o IED. Para alguns países como a Gâmbia e o Gana, o programa de incentivos
é gerido pela agência nacional de promoção do investimento interno e é uma
variante do programa de IED76, 77. Estes países tendem a estabelecer um limiar mais
baixo de exigência de investimento em dinheiro para a diáspora, para desencadear o
acesso aos incentivos. Alguns países criaram co-financiamentos adicionais
especializados da diáspora e Fundos de Desenvolvimento da Diáspora para
estimular o DDI. Para Marrocos, o programa ‘MDM Invest’ permite aos marroquinos
que vivem no estrangeiro aceder a uma subvenção de até 5 milhões de Dirham
(mais de 500.000 dólares) ou 10% dos custos, para projectos implementados em
Marrocos78. Para o Senegal, o programa "FAISE" prevê empréstimos a juros baixos,
a 5 anos, até 15 milhões de francos CFA (mais de 25.000 dólares), com prazos de
reembolso, para projectos da diáspora. . Outros países facilitaram o acesso da
diáspora a incentivos ao investimento interno, como sistemas de garantia de
empréstimos. Uma metodologia estruturada de avaliação do DDI teria de identificar e
monitorizar os resultados dos vários sistemas de incentivos da diáspora em toda a
África.

VII. Programas do DDI

Além dos empreendimentos colectivos e individuais do DDI como discutidos acima,


há vários sistemas de co-financiamento ocasional e programático da diáspora que
operam a partir da Europa e da América do Norte. Estes tendem a envolver
organizações da diáspora que trabalham em conjunto com parceiros para incentivar
e/ou aumentar os investimentos em determinados países ou sectores. Por exemplo:

 Subsídios de ‘Apoio ao Programa da Diáspora (DiPS)’ de aproximadamente


75.000 dólares para projectos que incluem empresas sociais geradoras de
rendimentos na Somália, geridos pelo Conselho Dinamarquês para os
Refugiados (DRC)79

 Prémios do concurso do plano de negócios ‘African Diaspora Marketplace (ADM)’


até 70.000 dólares, gerido pela USAID80

75 Plaza, Sonia, Navarrete, Mario and Ratha, Dilip (2011), Migration and Remittances Household Surveys in Sub Saharan Africa:

Methodological Aspects and Main Findings, Washington DC, World Bank and African Development Bank
http://pubdocs.worldbank.org/en/866251444753456291/Plaza-Navarrete-Ratha-MethodologicalPaper.pdf
76Gâmbia: http://giepa.gm/Investment%20and%20Export%20Incentives%20and%20Support%20to%20MSMEs
77Gana: https://www.gipcghana.com/invest-in-ghana/why-ghana/tax-regime-and-incentives.html
78 Marrocos: http://www.ccg.ma/en/votre-projet/mdm-invest
79 Dinamarca: https://drc.ngo/media/1893463/new-infographics_4-parts-in-one-file.pdf
80 EUA: http://diaspora.globalinnovationexchange.org/organizations/african-diaspora-marketplace

Pág. 41
 Co-financiamento da empresa social 'AFFORD Diaspora Finance (ADF)' de
38.000 dólares, co-financiada pelo Departamento do Reino Unido para o
Desenvolvimento Internacional e Comic Relief charitable trust81.

 Empresa da diáspora 'PRA/OSIM' e co-financiamento de projectos até cerca de


34.000 dólares, geridos pela FORIM e financiados pela Agência Francesa para o
Desenvolvimento (AFD)82

 Programa de apoio ao 'Empreendedorismo pela Diáspora para o


Desenvolvimento (ED4D)' para a diáspora ganesa e etíope nos Países Baixos,
gerido pela OIM e pelos Peritos Principais dos Países Baixos (PUM)83

A análise do sector financeiro da diáspora mostra que os subsectores de


conferências, seminários, workshops e estudos sobre os méritos, opções,
oportunidades e inovações do investimento da diáspora são muito dinâmicos. Os
tópicos de discussão vão desde propostas de DDI padrão a temas exploratórios
sobre moedas criptográficas e formas complexas de fluxos futuros e de titularização
de remessas da diáspora. Existe uma grande lacuna entre as aspirações do sector e
as acções e operações reais. Apresentam-se a seguir estudos de caso de um
grande sistema de DDI proposto, e um programa de co-financiamento efectivo de
DDI para as PME.

VIII. Questões de Impacto Social para Avaliação do DDI

Para a África, os fundos de IED tendem tradicionalmente a ir para as indústrias


extractivas, e nos últimos anos para as infra-estruturas lucrativas e sectores de
telecomunicações. Apesar de períodos de elevado desempenho económico e de
elevados retornos, a quota de IED em África continua a ser minúscula. Este
'Paradoxo do IED' é em parte causado por baixos níveis de infra-estruturas, capital
institucional e humano84. O 'Paradoxo do IED' é reforçado por percepções
desfavoráveis e negativas sobre o risco em África.

A metodologia de medição do DDI deve incluir avaliações de impacto social e


comparações com o IED. As questões de avaliação devem incluir:

 Em comparação com o IED, em que medida é o IED contracíclico, qual é o valor


dos fundos do IED canalizados para sectores sub-investidos?

 Em que medida o DDI cria empregos viáveis e decentes na economia local e


gera um efeito multiplicador nacional e regional?

 Em que medida os lucros do DDI são reinvestidos localmente, mantidos em


reservas localmente ou repatriados para o estrangeiro?

81 Reino Unido: http://www.afford-diasporafinance.org/ (Ver também estudo de caso sobre ADF acima)
82 França: https://www.forim.net/contenu/praosim-0
83 Países Baixos: https://www.connectingdiaspora.org/ed4d/call-for-business-ideas/

Acedido em 15 de Abril de 2019


84Odusola, Ayodele (2018), Foreign Direct Investment Paradox in Africa, Africa Renewal Online (Dec 2018 – Feb 2019), UN, New York

https://www.un.org/africarenewal/web-features/addressing-foreign-direct-investment-paradox-africa

Pág. 42
A metodologia de avaliação deve também monitorizar as remessas colectivas
utilizadas para empresas socialmente responsáveis, empresas sociais, cooperativas
e empreendimentos regenerativos, bem como os investimentos em equipamentos e
instalações comunitários.

2.4.4 Estudos de Caso de IDD Estruturado

O DDI para a África funciona como discutido acima, caracterizado pela ausência de
dados abrangentes. No entanto, não há falta de planos e propostas para expandir e
melhorar o DDI e outras formas de financiamento da diáspora. Há muito mais
sistemas planeados e prospectivos, do que empreendimentos de DDI estruturados
reais. Isto indica que é necessário apoio institucional para ajudar a implementar
novos sistemas e expandir os existentes. Exemplos de dois sistemas de DDI dos
Estados Unidos e do Reino Unido são apresentados a seguir.

I. Proposta do Fundo de Desenvolvimento da Diáspora dos EUA-África


(Projecto Wakanda One Village):
Fundo Mútuo nos EUA para Projectos Específicos em África

Origens & O Fundo foi concebido pelo Embaixador da União Africana nos
Promoção: EUA em Washington, que faz parte da diáspora africana nos
EUA e é um médico e empresário de renome.
Descrição O Fundo proposto será criado nos EUA, em parceria com os
Sumária: bancos e instituições financeiras afro-americanas. Os
investidores da diáspora contribuirão através de subscrições
flexíveis que podem ser de apenas 10 dólares por mês. Os
fundos comuns serão investidos nas ‘Aldeias Integradas de
Novas Tecnologias’ ambiciosas, inovadoras, icónicas e
sustentáveis em África, com hospital universitário, universidade
técnica, unidades de produção farmacêutica, complementados
por hotéis, centros comerciais e infra-estruturas rodoviárias para
as viaturas particulares, metro ligeiro, e outros equipamentos de
categoria mundial. As Aldeias Wakanda One atrairão pessoal
profissional, residentes, visitantes do Atlântico e da nova
diáspora africana, bem como outros de todo o mundo.

O projecto estará ligado ao lançamento de um Banco Africano


da Diáspora Mundial, que deve angariar 5 biliões de dólares de
capital de investimento, sendo 2 biliões de dólares necessários
para as duas primeiras Aldeias no Zimbabwe e na Zâmbia85.
Este é um exemplo de um grande projecto de DDI proposto.
Principais A Diáspora Africana nos EUA, incluindo africanos-americanos
Investidores:
Localizações Zimbabwe e Zâmbia (Primeiro conjunto de Wakanda One
dos Projectos: Village)
85 Discussão pessoal do autor deste relatório com S.E. Emb. Dr. Arikana Chihombori-Quao e relatórios noticiosos em Dezembro de 2018
https://face2faceafrica.com/article/aus-plan-of-building-a-real-wakanda-for-the-african-diaspora-gets-a-jumpstart
Acedido em 31 de Janeiro de 2019

Pág. 43
Cronograma de Conceito, consultas, estudos de viabilidade e parcerias (2018-
Implementação: 19)
Negociações, implementação jurídica, regulamentar e
operacional (2020-21)
Possíveis Como fundo de investimento colectivo na diáspora, Wakanda
ligações ao pode ser um investidor em Obrigações da Diáspora e Fundos
Investimento de Mútuos; Como promotor de activos e operador de programas em
Carteira África, as instituições de investimento em África podem ser
Africana: investidores nos projectos Wakanda baseados em activos em
África, especialmente para a reprodução e expansão de fundos
parciais para outros países.

Quadro VI: Estudo de Caso: Projecto Wakanda One Village

II. AFFORD Diaspora Finance (ADF) operacional baseado no Reino Unido:


Co-Financiamento para as Empresas da Diáspora em África

Origens & O ADF foi desenvolvido em 2013, após a importante conferência


Promoção: sobre o Financiamento de Impacto da Diáspora de 2012.
AFFORD é pioneira na política e prática de desenvolvimento da
diáspora, criada no Reino Unido em 1994, funcionando como
uma instituição de caridade registada e empresa limitada por
garantia, com uma carteira de projectos no Reino Unido e em
África, e trabalho de sensibilização e desenvolvimento de
políticas a nível global.
Descrição ADF foi criado no Reino Unido, em parceria com Comic Relief,
Sumária: Departamento de Desenvolvimento Internacional (DFID), Pharo
Foundation e Noel Buxton Trust. ADF é um sistema de co-
financiamento/fundo de contrapartida com contribuições
financeiras dos parceiros da AFFORD. AFFORD Business Club
(ABC) proporciona formação e orientação em desenvolvimento
empresarial e gestão de projectos a empresários e investidores
da diáspora que planificam projectos em África. Os estagiários e
outros participam num concurso público aberto do Plano de
Actividades da Diáspora (DBPC), para empresas socialmente
responsáveis e empresas sociais que operam em África, de alto
impacto e criadoras de emprego. Os vencedores recebem do
ADF um co-financiamento de 50% a 80% das suas
necessidades de capital sob a forma de subvenções,
empréstimos ou capital próprio, até um máximo de 30.000 Libras
(cerca de 38.000 dólares). Os beneficiários do co-financiamento
continuam a receber apoio empresarial durante 3-5 anos de
ABC no Reino Unido e dos parceiros de BDS da AFFORD em
África, incluindo: Empretec Zimbabwe, Federação do Sector
Privado do Ruanda, AFFORD Sierra Leone e Enterprise
Development Centre da Nigéria.

Do seu projecto-piloto em 2013-15 a 2018-19, a AFFORD

Pág. 44
realizou 5 rondas de co-financiamento do ADF, investindo em
40 empreendimentos liderados pela diáspora em 10 países
africanos. O investimento total em dinheiro do ADF é de cerca
de 1 milhão de dólares86. Este é um exemplo de um projecto
operacional de IED de PME.
Principais Agências Governamentais e Institucionais de Desenvolvimento
Investidores: Organizações Beneficientes e Fundações Privadas
Corporações e Organizações da Diáspora e Doadores
(Procuram-se novos financiadores para cada ronda de co-
financiamento)
Localização Camarões; Etiópia; Gana; Quénia; Nigéria; Sierra Leone;
dos Projectos: Somália; Uganda; Zâmbia, Zimbabwe

Cronograma de ADF1 (2013-14); ADF2 (2014-15); ADF3 (2015)


Implementação: ADF4 (2016); ADF5 (2017); ADF6 (2018); ADF6 (2019)

Possíveis Como fundo de co-financiamento do DDI na diáspora, o ADF


ligações ao pode ser um beneficiário do co-financiamento geral de parcerias
Investimento de de instituições de investimento em África; os Fundos Mútuos
Carteira Africanos também podem ser investidores nos
Africana: empreendimentos específicos da AFFORD baseados em
activos.

Quadro VII: Estudo de Caso: AFFORD Diaspora Finance (ADF)

(DPI, o quarto tipo de investimento da diáspora, que é o principal foco do


projecto legado da União Africana sobre investimento da diáspora, é discutido
num capítulo autónomo separado abaixo).

3. Situação e Condições de Mercado de Investimentos de


Carteira em África
O parágrafo 6.54 do ‘Manual da Balança de Pagamentos e da Posição de
Investimento Internacional (Sexta Edição do BPM6)’, publicado pelo Fundo
Monetário Internacional (FMI) define ‘Investimento de Carteira’ como “transacções e
posições transfronteiriças que envolvam títulos de dívida ou de participação no
capital, com excepção das incluídas no investimento directo ou activos de reserva”87.
Isto é geralmente referido como Investimentos Estrangeiros em Carteira (FPI). Os
títulos são instrumentos financeiros negociáveis e negociáveis que representam uma
posição de propriedade num activo, quer se trate de acções e participações de
empresas, obrigações empresariais ou soberanas ou títulos de crédito (debentures),
contratos derivados, ou outras formas de participação accionista ou dívida. Ao
contrário do investimento directo que dá origem a influência ou controlo significativo
da empresa, a propriedade de títulos não conduz geralmente ao envolvimento na
gestão da empresa, empreendimento ou activo. É uma forma de investimento
passivo, que é uma das razões pelas quais o sector é regulado pelas autoridades

86http://www.afford-diasporafinance.org/https://afford-uk.org/what-we-do/enterprise-and-employment/- Acedido em 31 de Janeiro de 2019


87https://www.imf.org/external/pubs/ft/bop/2007/pdf/chap6.pdf

Pág. 45
públicas para, entre outros, proteger os investidores. Os activos de reserva
mencionados na definição do FMI são moeda, mercadorias e outros capitais
financeiros facilmente transferíveis detidos pelos governos e autoridades
monetárias. Nem o Banco Mundial, nem o FMI ou qualquer outra Instituição
Financeira Multilateral global ou regional avalia e monitoriza o Investimento de
Carteira da Diáspora (DPI) de uma forma estruturada, normalizada e regular. Assim,
é importante realçar as observações contextuais sobre o DPI que se seguem.

I. Definição de DPI: Uma definição amplamente aceite de DPI é:


“Investimentos efectuados no país de origem por um membro da diáspora ou
grupos de diásporas, incluindo (1) a compra de obrigações soberanas
emitidas pelo governo do país de origem, (2) a compra de participações em
empresas do país de origem, (3) investimentos efectuados em títulos de
rendimento fixo ou outros títulos que emprestam dinheiro a empresas
exclusivamente no país de origem, (4) compras de acções no país de origem,
e (5) investimentos efectuados em fundos mútuos constituídos por empresas
do país de origem”88. Contudo, o DPI inclui investimentos de carteira
efectuados por diásporas multigeracionais no seu país de património (e não
apenas no país de origem natal ou parental), independentemente da sua
nacionalidade actual. O DPI africano inclui investimentos de africanos-
americanos, afro-brasileiros e outros membros da Diáspora Atlântica89 que
podem não ser capazes de identificar as suas origens num determinado país
em África. As Obrigações da Diáspora e os Fundos Mútuos da Diáspora
especificamente concebidos são importantes produtos emergentes do DPI.

II. Dados de FPI para Análise de DPI: Para avaliar o estatuto e viabilidade do
DPI em África (sob a forma de Títulos da Diáspora e Fundos Mútuos), é
necessário analisar uma série de indicadores e factores directos e indirectos.
Os regulamentos do mercado de capitais que regem a estruturação,
comercialização e gestão de obrigações, acções, fundos e outros produtos
financeiros são essenciais, para que o sector de investimento de carteira
possa existir e prosperar. Este capítulo avalia o estado das bolsas de valores
e dos mercados de obrigações em África, enquanto se discute também a
participação africana nos mercados de capitais internacionais. DPI tem
características distintivas, mas é um subconjunto do FPI, e pertence
directamente às limitações do mercado de capitais do FPI.

3.1 Perspectiva Geral dos Mercados de Capitais em África

A forma mais estruturada, formal e regulamentada de financiamento do


desenvolvimento internacional é o Investimento de Carteira Estrangeiro (FPI). Isto
está relacionado com o investimento em acções e participações, obrigações e
títulos, principalmente através de fundos mútuos e entidades de gestão de

88 Terrazas, Aaron (2010), Diaspora Investment in Developing and Emerging Country Capital Markets: Patterns and Prospects,

Washington DC, Migration Policy Institute


file:///C:/Users/user/AppData/Local/Packages/Microsoft.MicrosoftEdge_8wekyb3d8bbwe/TempState/Downloads/diasporas-
markets_1023%20(2).pdf

89Faal, Gibril (2006), A New Definition and Classification of the African Diaspora, London, GK Partners
Ver versão actualizada em: http://gambiandiaspora.net/wp-content/uploads/2018/04/MSDG-BP-3-Defining-the-African-Diaspora-Sep-
2017.pdf

Pág. 46
investimentos intermediados. Os produtos financeiros de acções e dívida são
geridos através de serviços bancários de empresas e de investimento, corretores de
investimento regulamentados, e outras instituições financeiras e de investimento
acreditadas que operam nos mercados de capitais e outros quadros estatutários
comparáveis. Dos 55 Estados Membros da União Africana, cerca de 30 deles têm
Bolsas de Valores, com BRVM a servir 8 países (7 países francófonos da África
Ocidental, mais a Guiné Bissau). Apesar de 55% dos países africanos serem
servidos por uma Bolsa de Valores (BV), apenas alguns países têm mercados de
capitais activos e de alto valor.

A maior parte das Bolsas de Valores compreende um pequeno número de empresas


cotadas (por vezes com listas em mais do que um país), e níveis comparativamente
baixos de negociação, como resumido abaixo90, 91, 92, 93.

Bolsas de Valores Bolsas de Valores em Bolsas de Valores em


em África de Maior África de Médio Alcance África de Menor Alcance
Alcance

África do Sul Botswana Angola


388 Listas; Fundada 44 Listas; Fundada em 1989 13 Listas; Fundada em
em 1887 2016
Egipto Namíbia Eswatini (Swazilândia)
265 Listas; Fundada 40 Listas; Fundada em 1992 10 Listas; Fundada em
em 1883 1990
Nigéria Cote d'Ivoire (BRVM) Ruanda
223 Listas; Fundada 39 Listas; Fundada em 1998 8 Listas; Fundada em
em 1960 2008
Maurícias Gana Moçambique
170 Listas; Fundada 37 Listas; Fundada em 1990 7 Listas; Fundada em
em 1988 1999
Marrocos Tanzânia Libia
81 Listas; Fundada em 25 Listas; Fundada em 1998 7 Listas; Fundada em
1929 2007
Quénia Zâmbia Argélia
64 Listas; Fundada em 24 Listas; Fundada em 1994 5 Listas; Fundada em
1954 1997
Zimbabwe Seychelles Lesoto
64 Listas; Fundada em 21 Listas; Fundada em 2012 5 Listas; Fundada em
1948 2016
Tunisia Uganda Cabo Verde
56 Listas; Fundada em 17 Listas; Fundada em 1997 4 Listas; Fundada em

90 Ver a lista de Wikipedia: https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_African_stock_exchanges - Acedido em 31 de Janeiro de 2019

91Informação da Associação Africana de Bolsa de Valores (ASEA) e revisão dos websites de diferentes Bolsas de Valores
http://african-exchanges.org/en/membership#contentCarousel/members - Acedido em 31 de Janeiro de 2019

92 Informações diárias sobre os mercados de uma selecção de Bolsas de Valores Africanas no website de Mercados Africanos
https://www.african-markets.com/en/tools/performance - Acedido em 31 de Janeiro de 2019

93 Artigo da revista The Economist Magazine de 1 de Dezembro de 2016 - Acedido em 31 de Janeiro de 2019
https://www.economist.com/finance-and-economics/2016/12/01/africas-stock-exchanges-meet-but-size-holds-them-back

Pág. 47
1969 2005
Sudão Malawi
54 Listas; Fundada em 14 Listas; Fundada em 1995
1994

Quadro VIII: Bolsas de Valores em África

A Iniciativa dos Mercados Financeiros Africanos (AFMI) fornece uma classificação


anual dos Mercados de Obrigações em África, e a sua última edição está resumida
abaixo94.

País Mercado de Mercado de


Obrigações Obrigações
Classificação Classificação
de 2017 de 2016
África do Sul 1 1
Botswana 2 4
Egipto 3 3
Namíbia 4 5
Maurícias 5 7
Nigéria 6 2
Quénia 7 8
Marrocos 8 6
Gana 9 9
Seychelles 10 11

Quadro IX: Os 10 Melhores Mercados de Obrigações em África (AFMI, 2018)

3.2 Observações Analíticas sobre os Mercados de Capitais em África

As principais observações sobre a situação e tendências dos mercados de capitais


em África são destacadas abaixo.

I. Empresas Cotadas: Existem outras pequenas BV, por exemplo, Camarões


(2001) e Somália (2015) cada um com duas listas. A Zâmbia tem uma BV
agrícola (2007), Uganda tem um mercado alternativo (2013), e a África do Sul
tem um mercado secundário (2017), com 20 listas. O número de empresas
cotadas não é por si só um indicador do valor da BV, mas é um indicador da
sofisticação e das actividades dos mercados de acções e de títulos. Entre
outros, o fluxo constante de novos investimentos (especialmente fundos não
cíclicos da diáspora) estimulará mais listas de novas empresas e
empreendimentos em busca de fundos.

94AFMI (2018), Índice de Desenvolvimento do Mercado de Obrigações da África: Relatório anual de 2017 sobre a Classificação e
Pontuação dos Países, Abidjan, Iniciativa dos Mercados Financeiros Africanos (AFMI)

Além das classificações do Mercado de Obrigações, é dada uma classificação geral dos países, com pontuações baseadas em vários
critérios, nomeadamente: factores económicos, de governação e de emissão; infra-estrutura do mercado de obrigações; base de
investidores nacionais; e diversidade de participantes institucionais e económicos. Em 2017, as 10 primeiras classificações gerais de
países foram exactamente as mesmas que as classificações do Mercado de Obrigações.

https://www.africanbondmarkets.org/fileadmin/uploads/afdb/pdf/Publications/ABMDI_Report_2017.pdf - Acedido em 1 de Abril 2019

Pág. 48
II. Hubs Financeiros: Para além das acções das empresas, as BV negociam
obrigações e outros títulos e dívidas. Para além das principais BV como a
África do Sul, Nigéria, Egipto e Marrocos, surgiram em África novos centros
financeiros on-shore e off-shore, nomeadamente Maurícias, Namíbia e
Seychelles. Estas BV enumeram uma série de empresas estrangeiras que
estão a capitalizar os incentivos ao investimento. As BV fazem parte da infra-
estrutura institucional necessária para expandir e melhorar o FPI e o DPI.

III. Negociação do Mercado de Acções: Em 2018, as BV africanas angariaram


8,3 biliões de dólares em acções, através de:. 17 Ofertas Públicas Iniciais
(IPO), que mobilizaram 2,2 biliões de dólares e 77 Outras Ofertas (FO), que
angariaram mais 6,1 biliões de dólares. Nos cinco anos de 2014-18, foi
angariado um total de 55,4 biliões de dólares, sendo 10,7 biliões de dólares
através de 130 IPO, e 44,7 biliões de dólares através de 413 FO. Isto indica
que as BV têm capacidade para angariar mais de 10 biliões de dólares por
ano em transacções de acções95.

IV. Mercado Africano de Obrigações: Em 2008, o Banco Africano de


Desenvolvimento (BAD) lançou a Iniciativa dos Mercados Financeiros
Africanos AFMI), e em Dezembro de 2014, lançou o Índice Africano de
Obrigações BAD/AFMI/Bloomberg. O índice inclui 212 dívidas soberanas em
moeda local de 8 países, nomeadamente Botswana, Egipto, Gana, Quénia,
Namíbia, Nigéria, África do Sul e Zâmbia, com capitalização de mercado de
180 biliões de dólares em Janeiro de 201896,97. Um mercado de obrigações
estruturado é também essencial para a expansão e valorização do FPI e do
DPI.

V. Capitalização do Mercado de Obrigações: O valor das Obrigações e Títulos


Africanos em circulação em 2017 foi de 413 biliões de dólares, sendo 70% de
Obrigações e 30% de Títulos e outras dívidas. O valor em circulação
aumentou 13% a partir de 2016, mas 80% do total diz respeito a emissões de
apenas 5 países, nomeadamente: África do Sul, Egipto, Marrocos, Nigéria e
Quénia (por ordem decrescente de capitalização de mercado). Apenas 8
mercados de países têm capitalização de 10 biliões de dólares ou mais, 19
são capitalizados abaixo de 1 bilião de dólares98.

VI. Emissões de Títulos de Curto Prazo: As obrigações de dívida emitidas no


Mercado Africano de Obrigações tendem a vencer a curto prazo. Em 2017,
foram emitidos 245 biliões de Obrigações e Títulos em África. Deste valor:
196 biliões de dólares (80%) venceram em menos de 1 ano; 19 biliões de

95 PwC (2019), Africa Capital Markets Watch 2018, Johannesburg, PwC


https://www.pwc.co.za/en/assets/pdf/africa-capital-markets-watch-2018.pdf - Acedido em 1 de Abril de 2019

96Comentário técnico: https://www.africanbondmarkets.org/en/african-domestic-bond-fund/about-the-african-domestic-bond-fund/african-


bond-index/ - Acedido em 31 de Janeiro de 2019

97 Website da Organização: https://bondfund.africanbondmarkets.org/en/the-index/ - Acedido em 15 de Abril de 2019

98Comentário de notícias: http://www.africancapitalmarketsnews.com/3869/african-bond-markets-statistics/ - Acedido em 31 de Janeiro


de 2019

Pág. 49
dólares (8%) venceram em 1 a 5 anos; 12 biliões de dólares (5%) venceram
em 5 a 10 anos; e 18 biliões de dólares (7%) venceram em 10 anos ou
mais99. Isto indica que os títulos do Tesouro convencionais e tradicionais, que
tendem a ter prazos de vencimento curtos, ainda dominam o mercado
africano de obrigações. Pelo contrário, as obrigações internacionais tendem a
ter prazos de vencimento mais longos, de 3 a 30 anos. É o caso dos
Eurobonds emitidos por países africanos nos últimos anos. No que diz
respeito aos prazos de vencimento, as Obrigações da Diáspora são mais
semelhantes aos Eurobonds do que aos Títulos do Tesouro nacionais.

3.3 Emissão de Obrigações Soberanas Africanas nos Mercados


Internacionais de Capitais

Para além dos mercados de capitais em África, países como a África do Sul e o
Egipto têm uma longa história de utilização dos mercados monetários internacionais
na angariação de fundos para programas de desenvolvimento nacional. A análise
das Obrigações Soberanas nos últimos 15 anos mostrou que se tornou um
instrumento de investimento padrão utilizado repetidamente por poucos governos
africanos100, 101, 102. Durante quase uma década após a anulação da dívida e a
reestruturação de meados dos anos 90, nenhum governo da África Subsaariana
(SSA) emitiu instrumentos de dívida privada nos mercados de capitais
internacionais. Esta situação mudou em Outubro de 2006, quando Seychelles emitiu
com sucesso um Eurobond de 200 milhões de dólares, e desde então o sector tem
crescido de forma constante, como resumido abaixo103, 104, 105. Isto é relevante para o
DPI porque as Obrigações da Diáspora emitidas no seio da diáspora (e não nos
países africanos) são abrangidas pela regulamentação do mercado de capital
internacional. Na realidade, a bem sucedida 2017 Nigerian Diaspora Bond foi emitida
como uma obrigação internacional, regulamentada no Reino Unido e nos EUA106.

I. Entrada da SSA no Mercado de Eurobonds: Em Outubro de 2007, Gana


tornou-se o primeiro País Pobre Altamente Endividado (HIPC) a emitir uma
Obrigação Internacional. Foi de 750 milhões de dólares, durante 10 anos. Os
juros foram de 8,5% e a sua subscrição foi excedida em 4 vezes, com ofertas

99 Ibid
100 Foi revista uma vasta gama de fontes primárias e secundárias sobre Obrigações Soberanas Africanas, incluindo as aqui referidas.
IMF (2018), Regional Economic Outlook: Sub-Saharan Africa – Capital Flows and the Future of Work, IMF, Washington DC.
file:///C:/Users/user/AppData/Local/Packages/Microsoft.MicrosoftEdge_8wekyb3d8bbwe/TempState/Downloads/sreo1018background%20(
1).pdf - Acedido em 31 de Janeiro de 2019

101Comentário de notícias: http://www.africancapitalmarketsnews.com/3970/africas-eurobond-outlook-2019/ - Acedido em 31 de Janeiro


de 2019

102 Dados de obrigações compilados por empresa de consultoria privada:

https://cytonnreport.com/research/sub-saharan-africa-ssa-eurobonds-cytonn-weekly-032019 - Acedido de 31 de Janeiro de 2019

103 Olabisi, Michael and Stein, Howard (2015), Sovereign Bond Issues: Do African Countries Pay More to Borrow?, Journal of African
Trade 2–2015, pp. 87-109
https://www.researchgate.net/publication/284232886_Sovereign_bond_issues_Do_African_countries_pay_more_to_borrow

104http://blogs.worldbank.org/opendata/sub-saharan-africa-s-sovereign-bond-issuance-boom
105https://cytonnreport.com/research/sub-saharan-africa-ssa-eurobonds-cytonn-weekly-032019
106https://www.rns-pdf.londonstockexchange.com/rns/6590I_-2017-6-20.pdf?_ga=2.2443632.1542841299.1506814147-

1372087311.1498165371
Acedido em 31 de Janeiro de 2019

Pág. 50
de 3,2 biliões de dólares. Desde então, Gana tornou-se um emitente prolífico,
com emissões de Eurobonds em 2013, 2014, 2015, 2016 e 2018. No mesmo
ano, a República do Congo também emitiu uma Obrigação de 480 milhões de
dólares, a 3,5% no quadro da reestruturação da sua dívida. No mesmo ano,
Seychelles emitiu uma segunda pequena Obrigação de 30 milhões de
dólares, e Gabão angariou 1 bilião de dólares para reestruturar a sua dívida
privada externa existente. A África do Sul continuou a estar activa no mercado
internacional de obrigações.

II. Emissão Durante a Crise Financeira Global: Em 2009, Senegal tornou-se o


único país da SSA a emitir uma obrigação durante a crise financeira. Foi
emitida uma Eurobond de 5 anos, que angariou 200 milhões de dólares, a
9,473%. Em 2010, Cote D'Ivoire emitiu a maior obrigação de sempre da SSA,
que angariou 2,3 biliões de dólares a 5,75%, para reestruturar a sua dívida
privada externa. (O valor mais elevado anterior foi a Obrigação do Gabão de
2007 de 1 bilião de dólares). Em 2010, Seychelles emitiram uma terceira
Obrigação de 167 milhões de dólares a 5%.

III. Novos Participantes no Mercado: Em 2011, Nigéria e Namíbia emitiram os


seus primeiros Eurobonds. Em 2012, Zâmbia emitiu o seu primeiro Eurobond
de 750 milhões de dólares, a 5,375%, com uma oferta fenomenal de 12
biliões de dólares, o que significa 16 vezes mais do que o valor da subscrição.
Angola também fez uma emissão de 1 bilião de dólares em 2012. Em 2013,
Moçambique, Tanzânia e Ruanda emitiram os seus primeiros Eurobonds, e
em 2014 Etiópia fez a sua estreia com uma emissão de 1 bilião de dólares a
6,25%.

IV. Consolidação da África do Norte: O Egipto tornou-se o primeiro país


africano a emitir um Eurobond em 2019, de 4 Biliões de dólares, com base na
sua carteira de 2018 de 9 Biliões de dólares, e a carteira pendente anterior de
10 Biliões de dólares em 2018107. A emissão mais recente de Marrocos foi
de1 bilião de dólares em 2014, mas o governo anunciou que em 2019 e 2020
serão emitidos novos Eurobonds de 11 biliões de MAD (mais de 1 bilião de
dólares)108. Em 2018, Tunísia emitiu um Eurobond de 0,5 biliões de dólares,
elevando o seu saldo pendente para mais de 7 biliões de dólares109.

V. Valor das Actuais Obrigações Soberanas: Em 2018, quatro países


africanos emitiram 11 Eurobonds, angariando um total de 25,8 biliões de
dólares. As Obrigações foram em média 4,5 vezes mais subscritas. Quénia
emitiu Obrigações de 10 e 30 anos em Fevereiro. Nigéria emitiu Obrigações
de 12 e 20 anos em Fevereiro, e Obrigações de 7, 12 e 30 anos em
Novembro. Senegal emitiu Obrigações de 10 e 30 anos em Março. Gana
emitiu Obrigações de 11 e 31 anos em Maio de 2018. A taxa de juro média foi
de 7,6%, a mais alta foi a Obrigação da Nigéria de 30 anos a 9,2% e a mais
baixa foi a Obrigação do Senegal de 10 anos a 4,8%. No final do ano, 20

107https://thebusinesstelegraph.com/2019/01/23/african-eurobonds-what-to-look-for-in-2019/
108https://www.moroccoworldnews.com/2019/03/268476/morocc-to-issue-2-international-bonds-of-mad-11-billion-each/
109http://cbonds.com/countries/Tunisia-bond

- Acedido em 1 de Abril de 2019

Pág. 51
Eurobonds, avaliados em 92 biliões de dólares, estavam em circulação. Deste
valor, mais de 50% diziam respeito a emissões da África do Sul (19 biliões de
dólares), Egipto (19 biliões de dólares) e Nigéria (11 biliões de dólares)110.

3.4 Perspectiva Geral do Investimento Estrangeiro de Carteira em África

Os fluxos de FPI para a África são obtidos através dos mercados de capitais
africanos ou internacionais, tal como discutido acima. Em comparação com outras
partes do mundo, o FPI em África é reduzido e relativamente subdesenvolvido. Em
2017, o valor dos activos globais do FPI foi de 60 trilhões de dólares 111. Não há
dados directamente comparáveis para África, mas o valor dos Eurobonds africanos
em circulação era de 92 biliões de dólares112. Isto indica que os activos dos FPI
africanos são uma fracção de um ponto percentual dos activos globais.

Ano Fluxos de FPI Fluxo de FPI % do Fluxo


em USD Global em USD Global de FPI
África para a África
2017 1 195 biliões 5,2 biliões 0,44%
2016 154 biliões 6,5 biliões 4,22%
2015 645 biliões 15,7 biliões 2,43%
2014 1 114 biliões 21,3 biliões 1,91%
2013 806 biliões 23,0 biliões 2,85%
Total de 5 3 914 biliões 71,7 biliões 1,83%
anos

Quadro X: Fluxos de Investimento de Carteira Estrangeira Global e Africana (Dados do BAD,


2017; FMI, 2019)

As principais observações sobre o FPI em África são resumidas a seguir.

I. Fluxos de FPI para a África: Embora esteja em vigor a principal infra-


estrutura institucional, como SE e os regulamentos do mercado de capitais,
na perspectiva dos fluxos globais, o FPI encontra-se numa fase rudimentar
em África. Nos 5 anos 2013-2017, o total global do fluxo do FPI foi de 3,9
trilhões113 de dólares, mas o fluxo para África foi de apenas 71,7 biliões114 de
dólares, sendo 1,8% dos fluxos globais do FPI.

110 Comentário de notícias: https://thebusinesstelegraph.com/2019/01/23/african-eurobonds-what-to-look-for-in-2019/ - Accessed 1 April


2019
111 IMF Coordinated Portfolio Investment Survey (CPIS):

http://data.imf.org/?sk=B981B4E3-4E58-467E-9B90-9DE0C3367363 - Acedido em 31 de Janeiro de 2019

112Comentário de notícias: https://thebusinesstelegraph.com/2019/01/23/african-eurobonds-what-to-look-for-in-2019/ - Accessed 1 April


2019

113 IMF Balance of Payments data, and World Bank International Debt statistics:

https://data.worldbank.org/indicator/BX.PEF.TOTL.CD.WD - Acedido em 1 de Abril de 2019

114 AfDB (2017), African Economic Outlook 2017: Entrepreneurship and Industrialisation, Abidjan, Paris and New York, African

Development Bank (AfDB), Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD), United Nations Development Programme
(UNDP) http://www.undp.org/content/dam/rba/docs/Reports/African_Economic_Outlook_2017_EN.pdf - Ver páginas 44-45

Pág. 52
II. FPI em Relação a Todos os Fluxos: O Banco Africano de Desenvolvimento
(BAD) controla quatro fontes de fluxos financeiros externos para a África,
nomeadamente a Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD), Remessas, IED
e FPI. De um total de 180 biliões de dólares de fluxos para a África em 2017,
apenas 5,2 biliões de dólares, ou seja 2,8%, foi FPI. Na última década, o
maior fluxo de FPI foi em 2012 de 34,3 biliões de dólares, ou seja, 17% do
total do fluxo externo de 200 biliões de dólares115.

III. Distribuição de FPI: Os fluxos de FPI concentram-se num pequeno número


de países em África, sendo a África do Sul o maior destinatário, seguida por
outros como Nigéria, Angola e Egipto. Quando surgem desafios políticos,
económicos e outros desafios sensíveis ao mercado num ou dois destes
países, todo o sector continental é afectado negativamente. Este factor
explica em parte o declínio significativo dos fluxos de FPI para a África de
2012 a 2017.

IV. Crescimento Sustentável do FPI: O sector do FPI africano pode estagnar


na sua fase actual ou descolar numa trajectória ascendente, dependendo das
políticas e acções implementadas. A maioria dos governos, agências
multilaterais e agências de desenvolvimento concordam que muito mais
capital deve ser injectado nos diversos países africanos para variados
empreendimentos públicos e privados. Contudo, existe também uma
preocupação crescente sobre os riscos de criação de encargos insustentáveis
da dívida nacional. O FPI e o DPI através de investimentos de capital em
acções e participações oferecem a opção de angariação de fundos sem
recorrer à dívida.

3.5 Características e Estatuto do Investimento de Carteira da Diáspora em


África

Tendo em conta a fase rudimentar em que o FPI se encontra em África, não é


surpreendente que o DPI exista a níveis mínimos de vestígios. Ao contrário do IED
que pode ocorrer a níveis informais, o FPI é fortemente regulamentado, de tal modo
que a informalidade é quase impossível por definição. Os recursos da diáspora
podem, de facto, ir para o FPI, mas não existem registos gerais de
acompanhamento das contribuições da diáspora para os fundos do FPI.

Não foi possível encontrar um estudo de caso credível de um fundo mútuo da


diáspora regulamentado ou produtos semelhantes, gerido e subscrito pela diáspora,
investindo em produtos de investimento de carteira de dívida e acções em África.
Parece que em Dezembro de 2018, uma organização chamada RemitFund registou
um instrumento de investimento na Bélgica, denominado ‘Fundo de Investimento da
Diáspora Africana (ADIF’), mas ainda não está operacional116. O Projecto Wakanda
One e a ideia do Banco Africano Global da Diáspora são propostas privadas do

115 ibid Em 2017, os fluxos financeiros externos para a África foram: APD 50,9 biliões de dólares (28%); Remessas 66,2 biliões de
dólares (37%); IED 57,5 biliões de dólares (32%); FPI 5,2 biliões de dólares (3%); Total 179,8 biliões de dólares. Em 2012, os fluxos
financeiros externos para a África foram: APD 51,8 biliões de dólares (26%); Remessas 64,3 biliões de dólares (32%); IED 49,4 biliões de
dólares (25%); FPI 34,3 biliões de dólares (17%); Total 199,8 biliões de dólares.
116https://www.crunchbase.com/fund/remitfund-raised-the-african-diaspora-investment-fund--ADFC---062ef397

https://www.myremitfund.org/press-centre - Accessed 31 January 2019

Pág. 53
embaixador da UA nos EUA. Estão na fase de planeamento, pré-registo e
concepção pré-técnica117. Rwanda Diaspora Bond baseado no primeiro projecto da
AFFORD está actualmente na fase de preparação do prospecto. AFFORD Bond
está ligada a um programa de habitação para os principais trabalhadores,
desenvolvido após 5 anos de consultas, negociações e trabalho técnico de
colaboração com o Governo do Ruanda, o PNUD e a principal firma de advogados
Latham & Watkins com sede no Reino Unido118. Evidências sugeriram que uma
série de diferentes grupos, organizações e instituições estão a discutir, a conceber
ou a desenvolver produtos de DPI, mas praticamente não existem produtos a serem
comercializados nos mercados de capitais africanos e internacionais
regulamentados.

Na prática, o DPI para a África ocorre a um nível relativamente baixo, através de um


ou mais dos formatos abaixo definidos.

I. Remessas Convertidas: Sabe-se que uma percentagem das remessas para


a família e amigos em África é utilizada para poupanças, quer para o
beneficiário, quer em nome do remetente. Algumas poupanças em remessas
são depositadas em produtos da carteira financeira, tais como fundos de
investimento, oferecidos pelos bancos de retalho. No entanto, esta forma de
DPI indirecto não é controlada nem analisada como uma questão de rotina,
pelo que as estimativas do volume não estão disponíveis.

II. Clubes de Investimento da Diáspora: Existem vários clubes de investimento


ad hoc e permanentes da diáspora que recolhem fundos de membros e
subscritores ocasionalmente ou mensalmente. Os fundos comuns são
normalmente utilizados para Investimentos Directos da Diáspora (DDI) nos
países de origem ou de património. De vez em quando, os fundos são
utilizados para investir na bolsa de valores e/ou comprar Bilhetes do Tesouro
do Estado e outras obrigações e títulos negociados nos mercados de capitais
nacionais. Estes investimentos de carteira do Clube de Investimento da
Diáspora são muito pequenos em comparação com as remessas para a
África e poupanças da diáspora nos países de residência.

III. Contas de Investimento da Diáspora: Nos últimos anos, os bancos


africanos têm desenvolvido unidades e departamentos bancários da
Diáspora. Começaram por fornecer contas correntes online e contas de
poupança bloqueadas no tempo, mas evoluíram oferecendo os seus produtos
de investimento de carteira directamente aos clientes da diáspora. Este é um
formato que tem boas perspectivas de atrair DPI significativos.

IV. Participação no Sector Imobiliário: Uma forma de investimento em acções


da diáspora é adquirir acções em empresas imobiliárias que possuem e
gerem carteiras imobiliárias a partir das quais geram rendimentos de rendas.
Isto é considerado atractivo para a diáspora porque possuir acções também
pode significar ter acesso gratuito ou com desconto a alojamento para

117https://face2faceafrica.com/article/aus-plan-of-building-a-real-wakanda-for-the-african-diaspora-gets-a-jumpstart

Acedido em 31 de Janeiro de 2019

118https://afford-uk.org/what-we-do/enterprise-and-employment/bonds/ - Accessed 31 January 2019

Pág. 54
arrendamento durante algumas semanas por ano. Tendo analisado as
empresas cotadas nas Bolsas de Valores Africanas, não se consegue saber
quantas destas empresas estão cotadas e regulamentadas segundo as
regras do mercado de capitais. No entanto, os bancos comerciais estão a
começar a oferecer Hipotecas da Diáspora.

V. Fundos Mútuos da Diáspora: Um Fundo de Investimento da Diáspora é uma


forma distinta de DPI em que os investidores são exclusivamente da diáspora
e amigos da diáspora. São estruturados para satisfazer os interesses e
necessidades da diáspora e as actividades de marketing são dirigidas a
investidores existentes e novos da diáspora. Bancos continentais como
Ecobank119 e bancos nacionais e regionais como KCB120 oferecem produtos
do Fundo Mútuo aos seus clientes que possuem contas bancárias distintas da
diáspora. Contudo, praticamente não existem Fundos Mútuos da diáspora à
medida disponíveis no mercado financeiro africano. A literatura faz referência
a programas como o Fundo de Investimento Social da Diáspora da Libéria, o
Primeiro Fundo de Investimento da Zâmbia e o Fundo Mútuo da Diáspora do
Ruanda (RDMF)121, mas nenhum deles arrancou, embora o RDMF tenha sido
aprovado pelo Banco Nacional do Ruanda em 2009.

VI. Obrigações da Diáspora: Uma Obrigação da Diáspora é uma forma distinta


de DPI, uma vez que visa a diáspora. São reguladas pelas leis do mercado
financeiro e de capitais, e são compradas pela diáspora africana. No entanto,
apesar da extensa literatura sobre o potencial e a conveniência das
obrigações da diáspora, apenas muito poucas destas foram emitidas pelos
governos africanos (ver abaixo). É também verdade que a venda de
obrigações da diáspora não se limita à diáspora africana, e é difícil determinar
quanto dos fundos angariados através das Obrigações da Diáspora são
atribuíveis a indivíduos e entidades da diáspora.

VII. Obrigações da Diáspora como Obrigações Internacionais: As Obrigações


da Diáspora podem ser emitidas e regulamentadas a nível nacional num país
africano, ou a nível internacional, principalmente na Europa ou na América do
Norte. As Obrigações da Diáspora emitidas a nível nacional reflectem os
interesses e requisitos da diáspora, mas assumem a forma padrão de
obrigações governamentais ou empresariais. A maioria dos países africanos
emite regularmente Bilhetes e Obrigações do Tesouro nacionais através dos
Bancos Centrais, qualquer que seja a actividade do mercado de capitais. As
Obrigações da Diáspora emitidas a nível internacional assumem a forma de
Eurobonds soberanos ou empresariais, Global Bonds ou outros produtos dos
mercados de capitais internacionais. Um número crescente de países
africanos tem conseguido emitir Eurobonds, o que é importante para o futuro
da DPI. A bem sucedida Obrigação da Diáspora da Nigéria de 2017 foi
emitida como uma Global Bond.

119https://ecobank.com/ng/personal-banking/everyday-banking/savings-accounts/diaspora - Acedido em 1 de Abril de 2019

120 KCB KCB é o antigo Banco Comercial do Quénia: https://ke.kcbgroup.com/diaspora/ - Acedido em 1 de Abril de 2019

121 World Bank (2011), Leveraging Migration for Africa: Remittances, Skills and Investments, Washington DC, World Bank

https://siteresources.worldbank.org/EXTDECPROSPECTS/Resources/476882-1157133580628/AfricaStudyEntireBook.pdf

Pág. 55
3.6 A Pilotagem e o Sucesso das Obrigações da Diáspora

As Obrigações de Israel foram emitidas desde 1951 e, até 2015, angariaram cerca
de 40 biliões de dólares122, financiando uma série de infra-estruturas, segurança e
desenvolvimentos estratégicos123. A Índia emitiu as Obrigações de Desenvolvimento
da Índia (IDB) no valor de 1,6 biliões de dólares em 1991 para fazer face à crise da
balança de pagamentos; as Obrigações da Índia Ressurgente (RIB) no valor de 4,2
biliões de dólares em 1998 para reagir às sanções económicas impostas após testes
nucleares; e as Obrigações Índia Millennium Deposits (IMD) no valor de 5,5 biliões
de dólares em 2000 para capitalizar esta nova fonte de financiamento do
desenvolvimento124 Em Janeiro de 2019, o Paquistão emitiu uma Obrigação da
Diáspora no valor de 1 bilião de dólares, denominada Pakistan Banao Certificates
(PDC), para fazer face aos défices fiscais e comerciais125.

O grande potencial da utilização de obrigações da diáspora para financiar o


desenvolvimento em África tem sido argumentado por diversos estudos e defendido
pelo Banco Mundial, FMI, Banco Africano de Desenvolvimento, organizações da
diáspora e uma vasta gama de outras instituições de renome126, 127. No entanto,
apenas quatro países africanos emitiram obrigações condicionadas e dirigidas
especificamente para a diáspora africana. Das Obrigações da Diáspora emitidas por
Gana, Etiópia, Quénia e Nigéria, apenas a Obrigação da Diáspora da Nigéria de
2017 foi totalmente subscrita. Existe um grande fosso entre a potencialidade, o
entusiasmo declarado e a retórica geral sobre zs obrigações da diáspora, e a
realidade efectiva do mercado128, 129, 130.

122 Website da Organização: https://israelbonds.com/About-Us/DCI-Israel-Bonds.aspx - Acedido em 31 de Janeiro de 2019

123 O autor deste relatório realizou uma viagem de estudo a Israel em 2012. Visitou projectos financiados por Israel Bonds e entrevistou os

então e anteriores Presidentes/CEOs da Cooperação para o Desenvolvimento de Israel (DCI) que gere Israel Bonds.

124 Ketkar, Suhas and Ratha, Dilip (2010), Diaspora Bonds: Tapping the Diaspora during Difficult Times, Journal of International

Commerce, Economics and Policy, Vol. 1, No. 2 pp. 251–263 http://www.dilipratha.com/index_files/DiasporaBonds-JICEP.pdf

125 O Banco Estatal do Paquistão fez um anúncio formal em 31 de Janeiro de 2019. O Pakistan Banao Certificate foi lançado pelo

Primeiro Ministro do Paquistão, e é comercializado através de um website específico: https://www.pakistanbanaocertificates.gov.pk/index


https://www.sbp.org.pk/dmmd/2019/C2.htm
https://www.ft.com/content/30927720-2568-11e9-8ce6-5db4543da632 - Accessed 1 April 2019

126 AfDB (2012), Diaspora Bonds: Some Lessons for African Countries, Africa Economic Brief 3 (13), Abidjan, African Development Bank

https://pdfs.semanticscholar.org/6bc3/c1f9a90208131e5ef362baecb349743b900d.pdf

127 World Bank (2013), A Billion Dollar Idea: Leveraging Migration for Financing Development, Washington DC, World Bank
http://blogs.worldbank.org/peoplemove/files/special_topic.pdf

128 Ketkar, Suhas and Ratha, Dilip (Ed.) (2009), Innovative Financing for Development, Washington DC, World Bank
http://pubdocs.worldbank.org/en/335011444766662755/e-book-Innovative-Financing-for-Development.pdf

129 Commonwealth Secretariat (2016), Action to Expand the Economic Impact of Diaspora Finance, London, Commonwealth Secretariat

http://thecommonwealth.org/sites/default/files/inline/FMM16O3%20-%20SOM_Diaspora.pdf

130 Rustomjee, Cyrus (2018), Issues and Challenges in Mobilizing African Diaspora Investment, Policy Brief No. 130, Waterloo, Centre for

International Governance Innovation https://www.cigionline.org/sites/default/files/documents/PB%20no.130.pdf

Pág. 56
Em 2011, Homestrings (agora denominado Movement Capital), que era uma
plataforma de investimento da diáspora, participou na comercialização de Kenya
Infrastructure Bond (ver abaixo) e do Senegal Eurobond. Isto pode ter dado a
impressão de que o Senegal tinha emitido uma Obrigação da Diáspora quando não
o fez. Com a onda de Eurobonds Africanas a partir de 2013, os comentadores
podem ter criado a percepção de que as Obrigações da Diáspora estavam a ser
emitidas. Esta percepção foi reforçada pelo facto de países como o Ruanda, que
tinham manifestado interesse e tomado medidas para emitir Obrigações da
Diáspora, terem passado a emitir Eurobonds soberanas gerais131.

3.6.1 Ghana Jubilee Bond (2007)

Já em 1996, o Afreximbank emitiu um empréstimo a médio prazo de 40 milhões de


dólares a um banco de desenvolvimento no Gana, apoiado por futuras remessas de
créditos da Western Union. Esta inovação que ligava o Pré-Financiamento dos
Fluxos Futuros às remessas, como uma forma de financiamento da diáspora,
ocorreu uma década antes de se colocar a ênfase nas Obrigações da Diáspora. É
interessante que foi também no Gana que o financiamento inovador das Obrigações
da Diáspora foi experimentado pela primeira vez em África132.

O Gana alcançou a independência do Reino Unido em 1957 no quadro de uma


ideologia política pan-africanista, influenciada por pensadores e activistas da
diáspora atlântica africana. Em 2007, no âmbito da comemoração dos 50 anos de
independência, o Governo do Gana emitiu Gold Jubilee Savings Bond. A Obrigação
de Moeda Local era de 50 milhões de GHC (Cedis Ganeses), com uma taxa de juro
de 15%. Esteve disponível apenas para os cidadãos ganeses, embora a
comercialização visasse particularmente a diáspora ganesa não-residente133 A
restrição da nacionalidade excluía os cidadãos da diáspora ganesa que não eram
cidadãos ganeses. Excluía também a diáspora africana-americana, que tinha uma
forte afinidade com o Gana. As receitas das Obrigações destinavam-se a financiar
projectos específicos de infra-estruturas em todo o país.

A obrigação deveria estar à venda de 10 de Dezembro de 2007 a 5 de Março de


2008, através de bancos comerciais, bancos rurais e comunitários, empresas de
poupança e de empréstimo, corretores, associações de cooperativas de crédito,
companhias de seguros de vida e Correios do Gana134. Em Fevereiro de 2008, foi
anunciado que o ‘Strategic African Securities Finance Group’, como consultores do
Governo do Gana, estava a liderar o lançamento da Obrigaçãp na Europa e América

131 O trabalho sobre um projecto de Obrigação da Diáspora para o Ruanda foi baseado nos resultados que emergiram do projecto

RemitPlus™ da AFFORD (2009-11). Beneficiou de amplas consultas e análises apoiadas no Reino Unido pelo Department for
International Development (DFID) e Comic Relief através da Common Ground Initiative 2011-14. O autor deste relatório efectuou
consultas e estudos de mercado com a diáspora. Também liderou discussões com os Ministros de Finanças e Comércio do Ruanda, Alto
Comissário para o Reino Unido, Governador do Banco Nacional do Ruanda e altos funcionários do governo e empresas estatais, a partir
de 2012.
132 Ketkar, Suhas and Ratha, Dilip (Ed.) (2009), Innovative Financing for Development, Washington DC, World Bank

http://pubdocs.worldbank.org/en/335011444766662755/e-book-Innovative-Financing-for-Development.pdf

133 Rustomjee, Cyrus (2018), Issues and Challenges in Mobilizing African Diaspora Investment, Policy Brief No. 130, Waterloo, Centre for
International Governance Innovation https://www.cigionline.org/sites/default/files/documents/PB%20no.130.pdf

134 Relatório de notícias: https://www.modernghana.com/news/149343/50-million-golden-jubilee-bond-launched.html

Pág. 57
do Norte, com eventos em Londres, Colónia e Amesterdão135. Um aviso do Banco
do Gana (ver abaixo), indicou que o período de venda foi reajustado para o
calendário de 27 de Dezembro de 2007 a 11 de Julho de 2008. Em Agosto de 2008,
a Ghana News Agency anunciou que da meta de 50 milhões de GHC, a subscrição
da Obrigação foi apenas de 20 milhões de GHC (40%), por isso a Obrigação não foi
bem sucedida136. Dos 20 milhões de GHC angariados, 18,73 milhões de GHC
(94%) provieram de vendas locais e 1,10 milhão de GHC (6%) proveio da diáspora
ganesa no Reino Unido, Canadá e EUA. No mesmo ano (2007), Gana angariou 750
milhões de dólares através de uma Eurobond, e desde então emitiu com sucesso
múltiplas obrigações internacionais soberanas, angariando biliões de de dólares no
total. Os últimos Eurobonds em 2 tranches (10 e 30 anos), angariaram 2 biliões de
dólares em 2018137.

Curiosamente, em 17 de Maio de 2013, o Banco do Gana (BG) publicou um aviso


declarando que “as datas de vencimento das Obrigações de Poupança do Governo
do Gana do Jubileu de Ouro de 5 Anos, emitidas para ganeses residentes e não
residentes entre 27 de Dezembro de 2007 e 11 de Julho de 2008, tiveram início em
25 de Dezembro de 2012 e terminarão em 10 de Julho de 2013”138 Não foi possível
confirmar com o BG se o aviso foi apenas para administração jurídica, ou se o
montante de 20 milhões de GHC angariado foi mantido apesar da Obrigação não ter
cumprido a sua meta de 50 milhões de GHC.

3.6.2 Ethiopia Millennium Bond (2008) e Renaissance Dam Bond (2011)

Em 2008, a empresa estatal Ethiopia Electric Power (EEPCO) emitiu Millennium


Corporate Bond, para financiar um projecto específico, nomeadamente a construção
de Millennium Dam. A Obrigação denominada em dólares foi de 4,8 biliões de
dólares, com uma taxa de juro de 4% a 5%, subscrição mínima de 500 dólares, e
vencimento em 5 anos. Esteve disponível apenas para os cidadãos etíopes, embora
a comercialização visasse particularmente a diáspora etíope139

Em 2011, o Governo da Etiópia mudou o nome do projecto para Great Ethiopian


Renaissance Dam (GERD), e a Renaissance Dam Bond foi emitida em substituição
da Obrigação de 2008. Estava disponível tanto para os etíopes como para os não
etíopes. O período de maturidade era de 5 a 10 anos, com uma subscrição mínima
fixada em 50 dólares. A Obrigação era denominada em Dólares, Euros, Libra
Esterlina e Birr Etíope, com uma taxa de juro flutuante. As taxas de juro eram
baseadas na data de vencimento e LIBOR: vencimento a 5 anos ganhava
LIBOR+1,25%; vencimento a 6-7 anos ganhava LIBOR+1,50%; e vencimento a 8-10
anos ganhava LIBOR+2%140, 141.
135Relatório de notícias: https://allafrica.com/stories/200802041186.html
136Relatório de notícias: https://www.ghanaweb.com/GhanaHomePage/business/Jubilee-Bond-offer-fails-to-meet-target-148418#
- Acedido em 1 de Abril de 2019

137 Anúncio do Ministério das Finanças do Gana: - Acedido em 1 de Abril de 2019


https://www.mofep.gov.gh/press-release/2018-05-14/ghana-raises-US%242.0-billion-in-eurobonds-with-the-lowest-interest-rate-ever

138 Notificação de reembolso emitida pelo Banco do Gana: - Acedido em 1 de Abril de 2019
https://bog.gov.gh/privatecontent/Public_Notices/Redemption%20of%20golden%20jubilee%20bond%20-%20may%202013.pdf
139 Rustomjee, Cyrus (2018), Issues and Challenges in Mobilizing African Diaspora Investment, Policy Brief No. 130, Waterloo, Centre for

International Governance Innovation https://www.cigionline.org/sites/default/files/documents/PB%20no.130.pdf

140 Ibid

Pág. 58
A GERD (também conhecida por Hedasė Dam) é um megaprojecto que, após a sua
conclusão, será a maior barragem em África, gerando mais de 6.000 megawatts de
electricidade. Permitirá à Etiópia exportar o excesso de electricidade, acabando por
se tornar o maior exportador de electricidade da África, com potencial para ganhar 1
bilião de dólares anuais142. A construção do GERD começou em 2011, e a data
inicialmente prevista de conclusão de 2017 não foi alcançada, devido a problemas
financeiros e de engenharia. Prevê-se que esteja totalmente operacional em 2022.
O montante de 4,8 biliões de dólares seriam obtidos tanto da diáspora como de
fontes internas. No entanto, consta que a China e a Itália forneceram parte do
financiamento143.

Em 8 de Junho de 2016, a Comissão de Títulos e Câmbios dos EUA (SEC) anunciou


que a EEPCO (que é propriedade do governo etíope) tinha concordado em pagar
cerca de 6,5 milhões de dólares a título de acordo por violação das regras da SEC
ao vender ilegalmente uma obrigação não registada nos EUA. A SEC revelou que
foram angariados 5,8 milhões de dólares de 3.100 subscritores sedeados nos EUA
entre 2011 e 2014144. Isto representa uma média de 1,870 dólares por subscritor nos
EUA. De acordo com o Conselho de GERD, até Março de 2016, a Obrigação tinha
angariado um total de 425 milhões de dólares, cerca de 10% da meta de 4,8 biliões
de dólares (de todas as fontes). Do total angariado, 33,7 milhões de dólares (8%)
provinham da diáspora, repartidos da seguinte forma: Médio Oriente 13,3 milhões de
dólares; EUA e Canadá 6,9 milhões de dólares; África 6,5 milhões de dólares;
Europa 6,1 milhões de dólares; e Ásia 0,9 milhões de dólares145. A emissão não foi
bem sucedida.

3.6.3 Kenya Infrastructure Bond (2011)

Quénia tem um historial de emissão bem sucedida de Obrigações de Infra-estruturas


locais, tendo emitido pelo menos 6 dessas Obrigações entre 2009 e 2011. Estas
Obrigações foram abertas a todos os investidores, incluindo indivíduos e instituições
estrangeiras que operam no Quénia. Em 2011, o Banco Central do Quénia emitiu
uma Obrigação de Infra-Estruturas a 12 anos em moeda local no valor de 20 biliões
de KES (Xelins Quenianos), cerca de 200 milhões de dólares), com juros de 12%,
com uma subscrição mínima de cerca de 100.000 KES (1.000 dólares). Ao contrário
das obrigações anteriores, esta era restrita apenas a cidadãos quenianos, com uma
componente específica da diáspora. As subscrições individuais foram também

141A Obrigação foi concebida com uma taxa de juro flexível baseada na London Interbank Offered Rate (LIBOR) que é uma taxa de juro
global de referência, utilizada para empréstimos interbancários, calculada e publicada diariamente. A Ethiopian Renaissance Dam Bond
acrescentou um prémio sobre a LIBOR de 1,25% a 2,00%, dependendo dos termos escolhidos pelo subscritor.

142 Análise do Instituto de Engenheiros Eléctricos e Electrónicos (IEEE), publicada no website da sua Spectrum Magazine:
Kumagai, Jean (2016), The controversial dam is nearly done, but will drought and lack of grid infrastructure lessen its impact?, IEEE
https://spectrum.ieee.org/energy/policy/the-grand-ethiopian-renaissance-dam-gets-set-to-open - Acedido em 1 de Abril de 2019

143 NEPAD (2015) Grand Ethiopia Renaissance Dam, Midrand, Johannesburg, New Partnership for African Development
https://www.nepad.org/project/grand-ethiopian-renaissance-dam - Accessed 1 April 2019

144 Comunicado de Imprensa da Comissão de Títulos e Câmbios dos EUA (SEC):


https://www.sec.gov/news/pressrelease/2016-113.html - Acedido em 31 de Janeiro de 2019

145Makonnen, Tesfaye (2016), The Imperative of Stepping-up Ethiopian Diaspora’s Contribution to Hedasė Dam (GERD), Online, Aiga
Forum http://aigaforum.com/article2016/GERD-and-Diaspora-041516.pdf - Acedido em 1 de Abril de 2019

Pág. 59
limitadas a 20 milhões de KES. As receitas deviam ser utilizadas para financiar
projectos de infra-estruturas de estradas, energia e água. A subscrição de
obrigações foi de 14 biliões de KES, sendo 70% da metat 146, 147. A emissão não foi
bem sucedida.

Depois de 2011, Quénia emitiu com sucesso outras Obrigações em moeda local,
não designadas como Obrigações da Diáspora. Foram comercializadas a residentes
locais, à diáspora e a todos os outros investidores. O sucesso continuou com a
primeira emissão de Eurobond (em 2 tranches de 5 e 10 anos) por 2,6 biliões de
dólares em 2014, e uma emissão de 2018 de 2 biliões de dólares, em 2 tranches de
10 e 30 anos148.

Em 2017, Quénia deu mais um passo pioneiro ao lançar M-Akiba como a primeira
Obrigação baseada ligação telefónica móvel do mundo. Mais de 300.000 pessoas
registadas na plataforma, mas apenas cerca de 6.000 pessoas (2%) subscreveram a
Obrigação, angariando 2,4 milhões de dólares (24%) da meta de 10 milhões de
dólares. Apesar da baixa adesão, os indicadores foram suficientemente positivos
para o governo queniano relançar M-Akiba em Fevereiro de 2019, O relançamento
aumentou a subscrição da Obrigação para 79%, e o número de pessoas registadas
na plataforma subiu para 450.000149, 150.

3.6.4 Nigeria Diaspora Bond (2017)

Em 2017, a República Federal da Nigéria tornou-se o primeiro país africano a emitir


uma Obrigação da Diáspora estruturada como uma Obrigação Internacional (Global
Bond); cotada conjuntamente nos mercados de capitais do Reino Unido e dos EUA,
regulada pela Financial Conduct Authority (FCA) e pela Comissão de Títulos e
Câmbios (SEC); e embalada como um instrumento de retalho e comercializada
através de gestores de património e bancos privados. O Prospecto de Obrigações
da Diáspora foi lançado junto da SEC em 19 de Junho de 2017, e depositado na
Bolsa de Valores de Londres em 20 de Junho de 2017. Os International Joint Lead
Managers foram o Bank of America Merrill Lynch e o Standard Bank da África dos
Sul, e os Joint Lead Managers da Nigéria foram o First Bank da Nigéria e o United
Bank da África151.

146 Rustomjee, Cyrus (2018), Issues and Challenges in Mobilizing African Diaspora Investment, Policy Brief No. 130, Waterloo, Centre for

International Governance Innovation https://www.cigionline.org/sites/default/files/documents/PB%20no.130.pdf

147 Banco Central do Quénia (2011), Prospecto para a Obrigação de Infra-estruturas do Governo do Quénia com a Componente da

Diáspora Queniana: Issue No. IFB 1/2011/12, Nairobi, Central Bank of Kenya
https://www.centralbank.go.ke/images/docs/BondProspectus/2011/sep_10_2011_ifb.pdf

148 Relatório de notícias: Acedido em 1 de Abril de 2019


https://www.businessdailyafrica.com/markets/capital/Kenya-says-fresh--2bn-Eurobond-oversubscribed-seven-times/4259442-4315350-
14pr01l/index.html

149 Característica analítica baseada na investigação de FSD do Quénia sobre M-Akiba:


https://fsdkenya.org/blog/the-story-of-m-akiba-selling-kenyan-treasury-bonds-via-mobile/ - Acedido em 1 de Abril de 2019

150 Relatório de notícias: https://kenyanwallstreet.com/m-akiba-2-attracts-79-per-cent-subscription/ - Acedido em 1 de Abril de 2019


151 O Prospecto de Obrigações da Diáspora Nigeriana, lançado na Bolsa de Valores de Londres e na Comissão de Títulos e Câmbio:
https://www.rns-pdf.londonstockexchange.com/rns/6590I_-2017-6-20.pdf?_ga=2.2443632.1542841299.1506814147-
1372087311.1498165371
https://www.sec.gov/Archives/edgar/data/1627521/000119312517207957/d334746d424b4.htm - Acedido em 31 de Janeiro de 2019

Pág. 60
O Prospecto apresenta todas as informações necessárias para que os clientes
tomem decisões informadas, e cumpram os requisitos regulamentares. As
Obrigações foram denominadas em dólares, pelo valor de 300 milhões de dólares
(i.e. Preço da Oferta Pública de 300 milhões de dólares). O Desconto de Subscrição
foi facturado em 0,8%, ou seja 2,4 milhões de dólares, o que significa que o 'Produto
Antes das Despesas para o Emissor' foi de 99,2%, ou seja 297,6 milhões de dólares.
. A subscrição mínima era de 2.000 dólares, tendo sido posteriormente negociada
em múltiplos de 1.000 dólares. As Obrigações da Diáspora foram oferecidas a uma
taxa de juro fixa de 5,625%, com vencimento após 5 anos em 27 de Junho de 2022.
Os pagamentos de juros são efectuados aos subscritores de obrigações duas vezes
por ano,em 27 de Junho e 27 de Dezembro de cada ano, com início em 27 de
Dezembro de 2017. A Obrigação não é reembolsável antes da data de vencimento.
A subscrição foi aberta a nigerianos e não nigerianos, assim como a investidores
privados e institucionais. A emissão foi um sucesso, mas não se dispõe de
informações sobre o perfil dos diferentes investidores. As ordens das Obrigações
Iniciais eram de 190%, e no encerramento do leilão, a subscrição da primeira
Obrigação da Diáspora Nigeriana foi de 130%. A Obrigação foi posteriormente
cotada na NSE em 21 de Dezembro de 2017152

O Plano de Financiamento 2011-12 do Gabinete de Gestão da Dívida (DMO) do


Governo Nigeriano incluiu uma proposta para a emissão de uma Obrigação da
Diáspora de 100 milhões de dólares. Em 28 de Agosto de 2013, o DMO publicou os
Termos de Referência solicitando assessores técnicos (até 10 de Março de 2014)
para a emissão da Obrigação da Diáspora de 100 milhões de dólares 153, 154. Em
Janeiro de 2014, o Presidente da Nigéria Goodluck Jonathan escreveu ao Senado
solicitando que o montante da Obrigação da Diáspora fosse triplicado, de 100
milhões de dólares para 300 milhões de dólares devido aos juros decorrentes da
diáspora desde o anúncio da proposta da Obrigação em 2013. A Nigéria
empreendeu quatro anos de consultas e de envolvimento com a diáspora nigeriana
e as entidades reguladoras estrangeiras através de exposições itinerantes na
diáspora, e de coordenação com embaixadas, missões e organização da diáspora,
sob a direcção do Conselheiro Especial Principal do Presidente para os Negócios
Estrangeiros e a Diáspora155.

152 Anúncios de Nigerian in Diaspora Commission (NIDCOM) e da Bolsa de Valores da Nigéria: - Acedido em 1 de Abril de 2019

http://diaspora.gov.ng/nigeria-raises-300-million-from-first-diaspora-bond/
http://www.nse.com.ng/mediacenter/pressreleases/Pages/DMO-lists-Diaspora-Bonds-and-Eurobonds-on-NSE.aspx

153 Artigo pela Economist intelligence Unit: - Acedido em 1 de Abril de 2019


http://www.eiu.com/industry/article/1640920948/nigeria-abuja-seeks-advisers-for-us100m-diaspora-bond/2013-09-03

154 Termos de Referência publicados pelo Gabinete de Gestão da Dívida: - Acedido em 1 de Abril de 2019
http://www.bpp.gov.ng/wp-content/uploads/2019/01/DMO-RFP-FOR-DIASPORA-BOND.pdf

155 Relatório de Bloomberg; avisos de consultas da Embaixada da Nigéria e de Chatham House: - Acedido em 1 de Abril de 2019
https://www.bloomberg.com/news/articles/2014-01-22/nigerian-president-wants-diaspora-bond-tripled-to-300-million
http://nigeria-consulate-atl.org/the-federal-republic-of-nigeria-diaspora-bond/
https://www.chathamhouse.org/sites/default/files/events/160516partnership-in-practice-meeting-summary.pdf

Pág. 61
4. Estratégia de Investimento para a Sociedade Financeira da
Diáspora Africana
Em 25 de Maio de 2012 em Joanesburgo, África do Sul, na Cimeira Global da
Diáspora Africana (GADS), os Chefes de Estado e de Governo da União Africana
decidiram realizar um projecto legado: “.....Como uma forma de dar um sentido
prático ao programa da Diáspora....[e].....explorar a possibilidade de criar um Fundo
de Desenvolvimento e/ou Fundo de Investimento da Diáspora Africana para
enfrentar os desafios de desenvolvimento que se colocam aos africanos no
continente e na Diáspora”.156

Ao procurar transformar a Declaração de GADS num projecto legado sobre


investimento da diáspora em realidade prática, e com base em consultas, revisões,
avaliações e análises do contexto, evolução, estado actual, tendências, desafios e
oportunidades no financiamento da diáspora africana, recomenda-se que:

‘A União Africana deve apoiar e facilitar a implementação de uma


estratégia de investimento e financiamento inovador da diáspora
baseada na criação, comercialização, emissão e gestão de Obrigações
da Diáspora regulamentadas, Fundos Mútuos e Fundos Fiduciários de
Dotação, através de uma Sociedade Financeira da Diáspora Africana
(ADFC) continental’.

Os principais elementos da estratégia de investimento são resumidos como se


segue:

I. Preencher uma lacuna no Financiamento da Diáspora: O Investimento de


Carteira, que incorpora Obrigações e Fundos Mútuos é a forma menos
desenvolvida de investimento da diáspora em África, representando uma
lacuna e um nicho no mercado financeiro da diáspora que pode ser
preenchido, aproveitando assim novas formas de recursos da diáspora para
um desenvolvimento africano inclusivo e sustentável.

II. Capacidade Reguladora e Institucional: As Obrigações e Fundos Mútuos


da Diáspora são produtos financeiros altamente regulamentados que
requerem o desenvolvimento de uma nova capacidade institucional
continental em África, através da criação de uma sociedade financeira da
diáspora de classe mundial, que está em conformidade com os regulamentos
financeiros e de investimento nacionais, continentais e internacionais, bem
como quadros globais e continentais para negócios responsáveis. Os
excedentes da ADFC (após taxas e despesas legítimas) serão
desembolsados para uma entidade de concessão e co-financiamento do
desenvolvimento, nomeadamente RemitAid™ Development Trust (RDT).

156 Ver a Declaração de GADS, incluindo secções sobre ‘Mobilização de Apoio’ no âmbito de ‘Cooperação Política’ e ‘Mobilização de

Capital’ no âmbito de ‘Cooperação Económica’: https://au.int/sites/default/files/documents/30970-doc-


global_diaspora_summit_declaration-e.pdf

Pág. 62
III. Ligações a Iniciativas Continentais: Os fundos obtidos através de produtos
financeiros regulamentados emitidos por uma Sociedade Financeira da
Diáspora Africana institucionalizada (ADFC) podem ser utilizados para investir
numa vasta gama de infra-estruturas prioritárias nacionais, continentais,
públicas, privadas e de colaboração, iniciativas de economia social e de
desenvolvimento, empreendimentos, programas e projectos.

IV. Modelo de Negócio de Empresa Social: Uma ADFC multilateral criada em


busca de um compromisso da UA com um projecto legado duradouro pode
ser estruturada como uma empresa social, utilizando assim ferramentas e
técnicas comerciais e empresariais eficazes e responsáveis para gerar e
reinvestir lucros e excedentes para um maior desenvolvimento africano e da
diáspora. Como empresa social, a ADFC pode também receber subsídios e
outras fontes de rendimento não comerciais, para empreender actividades
complementares tais como investigação e desenvolvimento, assistência
técnica e cooperação, e Apoio ao Desenvolvimento Empresarial.

V. Financiamento de Remessas de Fundos: A União Africana tem um poder


de convocação e de influência único, não só em África, mas a nível global
através das suas parcerias estratégicas com diferentes regiões do mundo.
Isto oferece uma oportunidade sinérgica para a ADFC se tornar uma empresa
social multilateral que activa o Financiamento de Remessas de Fundos (RMF)
como um mecanismo financeiro inovador, e gere sistemas como Fundos
Fiduciários e de Dotação para programas filantrópicos e legados, com o apoio
de parceiros em todo o mundo.

4.1 Fundamentação do DPI através de Obrigações da Diáspora, Fundos


Mútuos e de Dotações

Investimentos Estrangeiros em Carteira (FPI) abrangem muitos tipos de títulos e


produtos e instrumentos financeiros. Naturalmente, estes podem ser adaptados às
necessidades, desejos, e expectativas dos investidores da diáspora, para criar uma
multiplicidade de produtos de Investimento de Carteira da Diáspora (DPI). O Manual
da Autoridade de Conduta Financeira fornece uma longa lista de títulos negociáveis,
incluindo: acções, obrigações, obrigações governamentais, stocks e fianças de
empréstimos, certificados e opções, unidades, regimes de pensões, licenças de
emissão157.

Para efeitos de simplicidade empresarial, viabilidade operacional e comercial,


recomenda-se que uma Sociedade Financeira da Diáspora Africana (ADFC) apoiada
pela UA se concentre na realização de um programa de investimento central da
diáspora que inclua um pequeno número de classes de produtos, nomeadamente
Obrigações, Fundos Mútuos e de Dotações/Fundos Fiduciários. Os elementos
fundamentais da estratégia de investimento, tal como acima definidos, ajudam a
definir o quadro para a implementação e operações comerciais, abrangendo os
tópicos essenciais de produtos, serviços, sistemas operacionais, processos,
estruturas, governação, conformidade e gestão (discutidos nos capítulos abaixo). A
lógica,fundamentação e justificação da estratégia de investimento é resumida a
seguir.
157https://www.handbook.fca.org.uk/handbook/glossary/G1061.html - Accessed 15 April 2019

Pág. 63
I. Foco na Poupança da Diáspora e Financiamento Inovador

As análises e o planeamento de como traduzir o programa legado da UA sobre


financiamento da diáspora em referências reais e reconhece a importância das
remessas para o panorama financeiro africano. No entanto, o modelo empresarial
necessário para implementar a estratégia de investimento não se baseia no acesso
às remessas existentes; pelo contrário, concentra-se na atracção de poupanças da
diáspora e finanças inovadoras para a economia africana. Isto permite à ADFC,
entre outros:

 Facilitar o acesso a recursos financeiros da diáspora, que não sejam remessas,


para o desenvolvimento africano.
 Activar instrumentos de investimento sub-utilizados para expandir o acesso aos
recursos da diáspora
 Iniciar mecanismos de financiamento inovadores para aceder ao Financiamento
de Contrapartida de Remessas
 Atrair novos fluxos de poupança da diáspora para a economia social africana
 Atrair novos fluxos de co-financiamento governamental e empresarial no
desenvolvimento africano
 Aceder aos recursos dos não-remetentes da diáspora multigeracional
 Aceder aos recursos dos amigos da diáspora que não são da diáspora
 Criar financiamento sustentável a longo prazo para o desenvolvimento da
diáspora através de dotações.

II. Além das Remessas e das Fundações do DPI

O projecto de validação prática do conceito e as operações de 2009 RemitPlus™


foram apoiados nas análises e propostas sobre o financiamento e investimento da
diáspora formuladas por decisores políticos, académicos, profissionais e peritos de
diversas agências e instituições em todo o mundo. O relatório RemitPlus™ foi
apresentado em 2011, centrando-se, nomeadamente, em acções 'Beyond
Remittances'. As suas recomendações para o desenvolvimento do financiamento da
diáspora africana incluíram a criação de: Contas Bancárias da Diáspora; Fundos
Mútuos da Diáspora; Fundos de Desenvolvimento das PME da Diáspora; e
Obrigações da Diáspora158. Estes tipos de produtos são a base primária do DPI159.
As recomendações do relatório foram incorporadas nas consultas e procedimentos
do segundo UNHLD em 2013160. Muitos bancos comerciais em África tomaram a

158 A proposta para o projecto RemitPlus™ foi desenvolvida em 2008 com base em ideias práticas discutidas e desenvolvidas através de

processos políticos globais, incluindo o Diálogo de Alto Nível das NU sobre Migração e Migração Internacional de 2006. O projecto-piloto
de validação do conceito foi implementado pela AFFORD em 2009-11, com actividades concentradas no corredor de financiamento da
diáspora Reino Unido-Sierra Leone.
AFFORD (2012), RemitPlus™ Project Report, London, AFFORD

https://afford-uk.org/wp-content/uploads/2019/02/RemitPlus-Report-2012-Update.pdf

159 Terrazas, Aaron (2010), Diaspora Investment in Developing and Emerging Country Capital Markets: Patterns and Prospects,

Washington DC, Migration Policy Institute


file:///C:/Users/user/AppData/Local/Packages/Microsoft.MicrosoftEdge_8wekyb3d8bbwe/TempState/Downloads/diasporas-
markets_1023%20(2).pdf

Pág. 64
iniciativa e criaram Contas Bancárias da Diáspora, fornecendo serviços de conta
corrente, poupança e investimento. Fundos Mútuos da Diáspora e Obrigações da
Diáspora estruturados, formais, regulamentados e baseados no mercado estão
ainda subdesenvolvidos, criando uma oportunidade para a ADFC preencher uma
lacuna no mercado financeiro a nível continental.

III. Obrigações e Fundos como Produtos de Mercado Eficazes

Em 2018, Making Finance Work for Africa (MFWA), uma organização apoiada e
acolhida pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), encomendou um estudo
sobre 'A Systematic Approach to Supporting Diaspora Investment in Africa' (Uma
Abordagem Sistemática de Apoio ao Investimento da Diáspora em África). O estudo
analisou 47 iniciativas de investimento da diáspora em todo o mundo, incluindo 17
em África. Das 47 iniciativas, foram utilizados 19 tipos diferentes de
veículos/instrumentos de investimento. Dos 19 veículos de investimento, apenas 5
foram utilizados mais do que uma vez, nomeadamente: Obrigações da Diáspora
(utilizadas 12 vezes); Fundo de Investimento/Fundo Mútuo (utilizado 6 vezes);
Crowd Funding (utilizado 3 vezes); Community Investment Note (utilizada 2 vezes); e
Plataformas Online 'Peer to Peer' (P2P) (utilizadas 2 vezes)161. Esta descoberta
corrobora as descobertas anteriores RemitPlus™ que indicam que o DPI deve incidir
nos Fundos Mútuos e Obrigações da Diáspora, para aceder efectivamente às
enormes fontes inexploradas de financiamento do desenvolvimento da diáspora. A
introdução de uma vasta gama de produtos cria uma complexidade e confusão
indevidas num mercado que prospera essencialmente sobre as Obrigações e os
Fundos de Investimento. Um pequeno número de outros títulos e produtos
especializados pode ser introduzido como ofertas futuras, à medida que e quando se
estabelece uma procura lucrativa no mercado.

4.2 Parcerias Estratégicas para o Investimento e Desenvolvimento da


Diáspora Africana

A ADFC não é um empreendimento empresarial oportunista; foi concebida como


uma empresa social continental que utilizará mecanismos empresariais e de
mercado para prosseguir o benefício público e o desenvolvimento africano. Permite
a associação prática da Parceria Público Privada da Diáspora (DPPP), a um
Financiamento Misto e colaboração intersectorial com diversos parceiros
estratégicos, institucionais e operacionais. O desenvolvimento e as operações da
ADFC devem ser prosseguidos no contexto da política e prática de desenvolvimento
internacional, incorporando pontos e objectivos identificados abaixo.

160http://hldcivilsociety.org/wp-content/uploads/2013/12/HLD-2013-Matrix-of-multi-stakeholder-convergence.pdf

Acedido em 31 de Janeiro de 2019

161 DMA Global (2018), A Systematic Approach to Supporting Diaspora Investment in Africa: A Final Summary Report (Unpublished

Report), Abidjan, DMA Global and African Development Bank

Os 19 veículos de investimento utilizados nos 47 planos de investimento avaliados pela DMA Global em 2018 foram: Fundos Mútuos;
Fundo de Investimento; Títulos e Obrigações do Tesouro; Obrigações de Poupança; Obrigações de Desenvolvimento Social; Obrigações
da Diáspora; Investimento Colectivo; Sistemas SACCO; Crowd-Funding; Plataformas P2P Online; Investimento Directo da Diáspora; Nota
de Investimento Comunitário; Certificados de Dívida; Certificado de Depósito; Fundo de Capital de Risco; Fundo de Desenvolvimento com
Incentivos Fiscais; Marketing/Financiamento de Sementes; Organismo de Investimento Interno; Instituição Apex de Financiamento.

Pág. 65
I. Colaboração em Políticas Públicas

Os mercados financeiros africanos enfrentam múltiplos desafios, como o paradoxo


de um baixo influxo de IED apesar de um elevado crescimento económico 162,
percepções de risco negativas, baixa liquidez, estagnação comercial e crescimento
reduzido. O impasse dos desafios pode ser desbloqueado através de uma
intervenção política pública propositada em conformidade com quadros globais
como a Agenda de Acção de Adis Abeba (AAAA) sobre Financiamento para o
Desenvolvimento e outros acordos internacionais de desenvolvimento. Juntamente
com parceiros de defesa de políticas, a ADFC pode ser um investidor ‘activista do
desenvolvimento’ e um gestor de mercado, trabalhando para reduzir o fracasso do
mercado e as disfunções sectoriais.

II. Instituições Africanas e de Desenvolvimento

Com a UA a declarar a diáspora como a Sexta Região da África, as actividades da


ADFC podem também alinhar-se com as instituições financeiras continentais
planeadas da UA, como a União Monetária Africana, o Banco Africano de
Investimento (AIB), o Fundo Monetário Africano (FMA) e o Banco Central Africano
(ACB). A nível operacional, a ADFC pode colaborar com vários programas e
projectos em curso e previstos da UA no domínio de negócios e desenvolvimento,
cooperativas, empresas sociais e outros programas e projectos de desenvolvimento
continental. Como promotor original da ADFC, a UA pode utilizar o seu poder de
convocação e influência para facilitar a cooperação estratégica e técnica com
diversas instituições, em conformidade com o Código Pan-Africano de Investimento
da UA163. Entre outros, a cooperação incluirá instituições como:

 Instituições Africanas Relevantes incluindo: o Banco Africano de


Desenvolvimento (BAD); Afreximbank; Sociedade Financeira Africana; Africa50;
Instituto Africano de Remessas (IAR); Associação Africana de Capital Privado e
de Capital de Risco (AVCA); Programa de Desenvolvimento de Infra-estruturas
em África (PIDA); Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (NEPAD);
Fundação da União Africana; Fundo de Paz da União Africana; Comissões
Económicas Regionais (CER); Comissão Económica das Nações Unidas para a
África (UNECA).

 Parceiros internacionais de desenvolvimento incluindo: Banco Mundial;


Corporação Financeira Internacional; Fundo Monetário Internacional; Banco
Europeu de Investimento (BEI); Agência Alemã para o Desenvolvimento
Internacional (GIZ); Departamento para o Desenvolvimento Internacional do
Reino Unido (DFID); Agência Francesa para o Desenvolvimento (AFD); Agência
Sueca para o Desenvolvimento Internacional (SIDA); Agência dos Estados
Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID); Agência Canadiana para
o Desenvolvimento Internacional (CIDA); Ajuda Externa dos EAU; Gabinete de

162Odusola, Ayodele (2018), Foreign Direct Investment Paradox in Africa, Africa Renewal Online, Dec 2018 – Feb 2019, UN, New York

https://www.un.org/africarenewal/web-features/addressing-foreign-direct-investment-paradox-africa

163 Código Pan-Africano de Investimento da União Africana (2016), Adis Abeba, União Africana
https://au.int/sites/default/files/documents/32844-doc-draft_pan-african_investment_code_december_2016_en.pdf

Pág. 66
Financiamento das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável;
Fundação Financeira Inovadora.

III. Diáspora Multigeracional e Amigos de África

Países como Israel, China, Índia e Líbano conseguiram angariar biliões de dólares
através de Obrigações que visam quase exclusivamente a sua diáspora. Isto está
de acordo com a história e perfil específicos dessas diásporas, e a força das
ligações da diáspora com o país de origem e património. A ADFC deve ser envolver-
se deliberadamente não só com os 17 milhões de migrantes africanos164, mas
também com os mais de 150 milhões165 de diásporas multigeracionais, que são
nacionais de países da Europa, das Américas, do Médio Oriente e da Ásia. Além
disso, a ADFC comercializará os seus produtos de investimento a ‘amigos de África’,
‘amigos da diáspora africana’, bem como a investidores éticos e responsáveis. Isto
reflecte o facto de que o investimento de carteira em África é subdesenvolvido, e que
a necessidade de financiamento do desenvolvimento para a África é enorme.

IV. Incorporação de Fluxos Contracíclicos

Uma das principais características das remessas que a torna uma forma sustentável
de financiamento do desenvolvimento é a sua natureza contracíclica; em geral, os
influxos são mantidos e aumentados (excepto as baixas ocasionais),
independentemente de os indicadores macroeconómicos estarem a agravar ou a
melhorar. Esta situação deriva das afinidades pessoais, familiares, comunitárias,
culturais e patrióticas que caracterizam a psicologia e sociologia da diáspora. A
ADFC trabalhará com parceiros para procurar incorporar e enraizar fluxos de
investimento contracíclicos no mercado emergente de DPI em África.

4.3 Quadros de Políticas e de Cooperação Globais

Desde a adopção da Declaração da UA da Cimeira Global da Diáspora Africana em


2012, vários quadros de políticas multilaterais globais entraram em vigor, reforçando
a importância dos recursos e dos investimentos dos migrantes e das diásporas no
desenvolvimento. São nomeadamente: o Pacto Global para Migração Segura,
Ordenada e Regular (GCM) de Dezembro de 2018; o Plano de Acção Conjunto
África-Europa de Valletta (JVAP) de Novembro de 2015; a Agenda 2030 das Nações
Unidas sobre Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de Setembro de
2015; a Agenda de Acção de Adis Abeba sobre Financiamento para o
Desenvolvimento (AAAA) de Julho de 2015; a Agenda 2063 da União Africana de
Janeiro de 2015; a Década Internacional dos Povos de Ascendência Africana de
Novembro de 2014. Além disso, o quarto Fórum das Nações Unidas sobre
Financiamento para o Desenvolvimento (Abril de 2019) reforça a necessidade
urgente de financiamento inovador e investimento da diáspora.

164http://www.un.org/en/development/desa/population/migration/data/estimates2/estimatesgraphs.shtml?0g0

- Acedido em 31 de Janeiro de 2019

165https://www.worldatlas.com/articles/where-is-the-african-diaspora.html - Acedido em 31 de Janeiro de 2019

Pág. 67
I. Pacto Global para uma Migração Segura, Ordenada e Regular

O Pacto Global para uma Migração Segura, Ordenada e Regular (GCM) é o primeiro
quadro global de governação da migração, adoptado pelas Nações Unidas.
Reconhece a importância de facilitar o aumento dos recursos dos migrantes e da
diáspora, e apela explicitamente ao apoio ao investimento da diáspora e ao
financiamento de contrapartida166.

O Objectivo 16 (f) do GCM sobre ‘Capacitar os migrantes e as sociedades para a


plena inclusão e coesão social’, afirma: “Estabelecer..... programas a nível local para
facilitar a participação dos migrantes na sociedade de acolhimento, envolvendo
migrantes, membros da comunidade, organizações da diáspora, associações de
migrantes e autoridades locais no..... desenvolvimento de laços comerciais que
melhorem os resultados da integração e promovam o respeito mútuo”.

O Objectivo 19 (e) do GCM sobre ‘Criar condições para que os migrantes e as


diásporas contribuam plenamente para o desenvolvimento sustentável em todos os
países’, afirma:

“Desenvolver programas de apoio específicos e produtos financeiros que


facilitem os investimentos e o empreendedorismo dos migrantes e da
diáspora, nomeadamente prestando apoio administrativo e jurídico na criação
de empresas, concedendo capital inicial adequado, estabelecer títulos da
diáspora e fundos de desenvolvimento da diáspora, fundos de investimento, e
organizar feiras comerciais especializadas”.

O Objectivo 20 (g) do GCM sobre ‘Promover transferências de remessas mais


rápidas, mais seguras e mais baratas e fomentar a inclusão financeira dos
migrantes”, afirma:

“Desenvolver programas e instrumentos para promover os investimentos dos


remetentes de remessas no desenvolvimento local e empreendedorismo nos
países de origem, como através de mecanismos de subvenção de
contrapartida, obrigações municipais e parcerias com associações de cidades
de origem, a fim de aumentar o potencial transformador das remessas para
além das famílias individuais de trabalhadores migrantes a nível de
competências”.

II. Plano de Acção Conjunto Africa-Europa de Valletta

O Plano de Acção Conjunto de Valletta (JVAP) foi além do compromisso do


Objectivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de ‘reduzir os custos de
transacção das remessas para menos de 3% até 2030’. Estabeleceu um novo
objectivo de redução significativa do custo das remessas nos corredores UE-África
seleccionados até 2020 (dez anos antes da meta do SDG), afirmando que a Europa

166 O autor deste relatório foi um dos líderes mundiais que proferiu declarações sobre ‘Acção e Cooperação Internacional: A Via a Seguir’

na Cimeira da Assembleia Geral das NU para os Refugiados e Migrantes de 19 de Setembro de 2016, que desencadeou o processo do
Pacto Global para as Migrações (GCM). Serviu como ‘Perito Principal’ das NU durante a fase de consultas do GCM e prestou apoio
técnico durante as fases de negociação e elaboração.

Versão Final do GCM (2018): https://refugeesmigrants.un.org/sites/default/files/180711_final_draft_0.pdf - Accessed 31 January 2019

Pág. 68
e a África: ‘identificarão corredores para as transferências de remessas onde os
parceiros se comprometem a reduzir substancialmente os custos até 2020, da
Europa para África e dentro de África’. Além disso, o JVAP incluiu um novo
compromisso de:

“Desenvolver acções específicas por país destinadas a aumentar o impacto


do desenvolvimento das diásporas migrantes, [e] modelos de investimento
das diásporas de desenvolvimento destinados a alavancar as poupanças dos
migrantes para o desenvolvimento das empresas locais e como meio de
impulsionar o desenvolvimento económico local”167.

III. Agenda 2030 sobre Objectivos de Desenvolvimento Sustentável

Os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 tem uma


meta que consiste em ‘Até 2030, reduzir para menos de 3% os custos de transacção
de remessas dos migrantes e eliminar os mecanismos de remessas com custos
superiores a 5%’.A Meta do ODS 10.7, de ‘Reduzir as Desigualdades’, inclui o
compromisso de:

“Implementar o princípio do tratamento especial e diferenciado aos países em


desenvolvimento, em particular aos países menos desenvolvidos... Incentivar
a ajuda pública ao desenvolvimento e os fluxos financeiros, incluindo o
investimento estrangeiro directo, aos Estados onde a necessidade é maior,
em particular aos países menos desenvolvidos, aos países africanos...”168

IV. Agenda de Acção de Adis Abeba sobre o Financiamento para o


Desenvolvimento

Nos termos do parágrafo 62 da Agenda 2030 (Meios de Implementação e Parcerias


Globais): “Esta Agenda, incluindo os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável,
pode ser cumprida no quadro de uma Parceria Global para o Desenvolvimento
Sustentável revitalizada, apoiada pelas políticas e acções concretas definidas na
Agenda de Acção de Adis Abeba, que é parte integrante da Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável”169.

O parágrafo 40 da Agenda de Acção de Adis Abeba sobre o Financiamento para o


Desenvolvimento (AAAA) afirma: “Reconhecemos a contribuição positiva dos

167 O autor deste relatório prestou assistência técnica à Comissão da União Africana durante a Cimeira Europa-África de Valletta de 2015,

que conduziu ao JVAP. Apoiou o Comissário dos Assuntos Sociais da UA, em ligação com as equipas da UE, e forneceu o projecto de
texto para o JVAP, incluindo a secção sobre remessas e investimento transfronteiriço. Ver secção 1.2 do JVAP sobre ‘Benefícios da
migração para o desenvolvimento’:
https://www.consilium.europa.eu/media/21839/action_plan_en.pdf - Accessed 1 April 2019

168O autor esteve envolvido nas consultas e negociações pós-2015/Agenda 2030, trabalhando com países desenvolvidos e em
desenvolvimento, organizações internacionais e da diáspora, especialmente sobre migração, diáspora, desenvolvimento, investimento e
cooperação. Em Novembro de 2015, ele testemunhou no primeiro inquérito parlamentar do ODS pela Câmara dos Comuns do Reino
Unido sobre ‘Business and the SDGs’.

United Nations (2015), Transforming Our World: The 2030 Agenda for Sustainable Development - A/RES/70/1, New York, United Nations
https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/21252030%20Agenda%20for%20Sustainable%20Development%20web.pdf

169 ibid

Pág. 69
migrantes para o crescimento inclusivo e o desenvolvimento sustentável nos países
de origem, e nos países de trânsito e de destino. Trabalharemos para assegurar a
disponibilidade de serviços financeiros adequados e acessíveis aos migrantes e
suas famílias, tanto nos países de origem como nos países de acolhimento". O
parágrafo 111 afirma que: “Reconhecemos que a migração internacional é uma
realidade multidimensional de grande relevância para o desenvolvimento dos países
de origem, de trânsito e de destino que deve ser abordada de uma forma coerente,
abrangente e equilibrada”.

O parágrafo 35 de AAAA afirma: "A actividade empresarial privada, o investimento e


a inovação são os principais motores de produtividade, crescimento económico
inclusivo e criação de emprego.....Apelamos a todas as empresas para que apliquem
a sua criatividade e inovação na resolução dos desafios do desenvolvimento
sustentável....Os fluxos de capital privado internacional....juntamente com um
sistema financeiro internacional estável, são complementos vitais para os esforços
de desenvolvimento nacional. Contudo, observamos que existem lacunas de
investimento em sectores essenciais para o desenvolvimento sustentável. O
investimento estrangeiro directo está concentrado em poucos sectores em muitos
países em desenvolvimento e frequentemente ultrapassa os países mais
necessitados, e os fluxos internacionais de capital são frequentemente orientados
para o curto prazo”170.

O último ponto da secção sobre ‘Financiamento Privado’ da ‘Declaração do Fórum


da Sociedade Civil de Adis Abeba sobre o Financiamento do Desenvolvimento’
afirma: “Os migrantes e a diáspora são parceiros activos no desenvolvimento
através do seu empreendedorismo transfronteiriço, transferência de competências, e
financiamento inovador. Observamos que para alguns corredores o custo das
remessas já é inferior a 3%. Exortamos os Estados Membros a reflectirem a
ambição esperada do FFD, comprometendo-se a facilitar a redução dos custos de
transacção das remessas para uma meta de 1% até 2025, e a financiar sistemas de
investimentos transfronteiriços e da diáspora”171.

V. Agenda 2063 da União Africana

A primeira linha da ‘Agenda 2063’ da União Africana: A África que Queremos"


(versão popular, Setembro de 2015), reconhece o papel da diáspora no
desenvolvimento africano, afirmando que:

“Nós, o povo de África e a sua Diáspora, unidos na diversidade, jovens e


idosos, homens e mulheres, raparigas e rapazes de todas as camadas
sociais, profundamente conscientes da história, expressamos o nosso enorme

170 Agenda de Acção de Adis Abeba da Terceira Conferência Internacional das NU sobre o Financiamento para o Desenvolvimento
(2015), Nova Iorque, Nações Unidas
https://www.un.org/esa/ffd/wp-content/uploads/2015/08/AAAA_Outcome.pdf

O autor deste relatório esteve envolvido nas negociações finais da AAAA em Julho de 2015, fornecendo informações técnicas sobre
remessas e investimentos transfronteiriços aos Ministros das Finanças e Chefes de Delegação da OCDE e da África. Proporcionou a
formulação sobre investimento da diáspora para a Declaração da Sociedade Civil sobre FFD.

171 Declaração de CSO sobre FFD: https://csoforffd.files.wordpress.com/2015/07/addis-ababa-cso-ffd-forum-declaration-12-july-2015.pdf


(Page 6)
- Acedido em 31 de Janeiro de 2019

Pág. 70
apreço a todas as gerações de pan-africanistas..... Reafirmamos o nosso
apoio à visão pan-africana duradoura de “uma África integrada, próspera e
pacífica, impulsionada pelos seus próprios cidadãos e representando uma
força dinâmica na arena internacional.” O parágrafo 20 compromete-se a: “Ter
laços dinâmicos e mutuamente benéficos com a sua Diáspora” e o Parágrafo
67 declara: “Um apelo à acção dirigido a todos os africanos e povos de
origem africana, para que assumam a responsabilidade pessoal pelo destino
do continente e como principais agentes de mudança e transformação”.172

VI. Década Internacional dos Povos de Ascendência Africana

O Financiamento de Contrapartida de Remessas como mecanismo de financiamento


inovador para um Fundo de Dotação da Diáspora depende em parte do apoio
institucional à participação da diáspora africana nos processos de desenvolvimento.
O parágrafo 19 do ‘Programa de Actividades para a Implementação da Década
Internacional dos Povos de Ascendência Africana’ afirma que:

“De acordo com a Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento, os


Estados devem adoptar medidas destinadas a garantir a participação activa,
livre e significativa de todos os indivíduos, incluindo as pessoas de origem
africana, no desenvolvimento e na tomada de decisões relacionadas com o
mesmo, bem como na distribuição justa dos benefícios daí resultantes”173.

VII. Quarto Fórum das Nações Unidas sobre Financiamento para o


Desenvolvimento

De 15 a 18 de Abril de 2019, o Conselho Económico e Social das NU (ECOSOC)


acolheu o quarto Fórum sobre Financiamento para o Desenvolvimento. O projecto
de conclusões e recomendações destacou o actual estado de sub-financiamento
para o desenvolvimento. Isto reforça a necessidade urgente de investimento
inovador e da diáspora. O ECOSOC afirmou que:

"Os investimentos que são essenciais para alcançar os Objectivos de


Desenvolvimento Sustentável continuam a ser sub-financiados. Os riscos
sistémicos estão a aumentar, incluindo a volatilidade do fluxo de capital e os
riscos crescentes de angústia da dívida, e partes do sistema multilateral estão
sobrecarregadas. A maioria das pessoas vive em países em que a
desigualdade aumentou, e a degradação ambiental continua a um ritmo
acelerado. Com esta trajectória, não conseguiremos satisfazer as aspirações
da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, e muitos ficarão para
trás. Reconhecemos que, neste contexto difícil, pode estar a oportunidade de
reformular os sistemas financeiros nacionais e internacionais em consonância
com o desenvolvimento sustentável. Estamos determinados a aproveitar esta

172 União Africana (2015), Agenda 2063: A África Que Queremos (Versão Popular), Adis Abeba, União Africana:

https://au.int/sites/default/files/documents/36204-doc-agenda2063_popular_version_en.pdf

173Resolução das NU (2014): https://www.un.org/en/events/africandescentdecade/pdf/A.RES.69.16_IDPAD.pdf - Acedido em 1 de Abril


de 2019

Pág. 71
oportunidade através de uma acção colectiva a nível global para avançar com
o financiamento do desenvolvimento”174.

VIII. Acordos de Parceria da União Africana

A União Africana tem acordos formais de parceria e cooperação estratégica com


diferentes partes do mundo. Isto é relevante para a mobilização da ADFC de
financiamento inovador através do Fundo de Dotação da Diáspora, que requer que
os países participantes proporcionem Financiamento de Contrapartida das
Remessas. As parcerias da UA abrangem todos os países da OCDE, e países com
elevado número de migrantes e diásporas da África.

Estas parcerias estratégicas da UA incluem: África-Árabe (a partir de 1977); África-


Japão (1993); África-União Europeia (2000); África-China (2000); África-Coreia do
Sul (2006); África-América do Sul (2006); África-Índia (2008); África-Turquia (2008);
África-Estados Unidos (2010); e África-Austrália (2010)175.

5. Finalidade, Produtos e Serviços da ADFC

A Sociedade Financeira da Diáspora Africana (ADFC) deve conceber, estruturar,


comercializar, gerir e prestar serviços essenciais, enraizados nas provas e análises
esmagadoras e credíveis de como as diásporas globais se expandem e reforçam as
suas contribuições para o desenvolvimento dos países de origem e património.
Desde que a União Africana proclamou um projecto legado sobre investimento da
diáspora em 2012, as políticas e acordos globais e continentais africanos têm
reiterado e enfatizado a importância e urgência do desenvolvimento do sector
financeiro e de investimento da diáspora africana.

5.1 Proposta de Visão, Missão, Abordagem e Serviços da ADFC

I. Visão: ‘Utilização inovadora e optimizada dos recursos da diáspora


africana para o desenvolvimento inclusivo em África e no
seio da diáspora’.

II. Missão ‘Mobilizar fundos directos e indirectos da diáspora para


investimentos estruturados em empreendimentos e planos
socialmente responsáveis e de impacto’.

III. Abordagem: A ADFC deve empreender o seu trabalho através de:

 Mobilização de recursos da diáspora africana multigeracional global


 Mobilização de recursos de parceiros de desenvolvimento através de
financiamento inovador
 Operações empreendidas a nível continental para promover a integração africana
 Investimento em empreendimentos e planos lucrativos, regulamentados e
estruturados

174 Documento de ECOSOC das NU (2019): https://undocs.org/E/FFDF/2019/L.1 - Acedido em 15 de Abril de 2019

175 Website da CUA: https://au.int/en/continent-and-country-partnerships - Acedido em 15 de Abril de 2019

Pág. 72
 Investimento em empreendimentos e planos intermediários continentais e da
diáspora
 Parceria estratégica e operacional com instituições financeiras e de
desenvolvimento globais
 Investigação, cooperação técnica, co-financiamento e outros projectos e
programas de desenvolvimento

IV. Fundamentação da Abordagem da ADFC: A fundamentação da abordagem


é resumida abaixo:

 A Diáspora e o Quadro da Agenda 2063 da UA: África continua a ser o


continente mais pobre da Terra apesar da sua enorme riqueza de recursos
naturais e humanos. O efeito negativo do subdesenvolvimento é sentido pelos
Africanos no continente e na diáspora.

Tal como estabelecido na Agenda 2063 da União Africana, a transformação do


continente é uma tarefa pan-africana de auto-ajuda que envolve todos os seus
povos e todos os seus amigos em todo o mundo.

 Implementação dos Acordos Multilaterais: Nos últimos 15 anos, as instituições


mundiais e os governos africanos têm vindo a reconhecer a contribuição
financeira imensa e qualitativa da diáspora para o desenvolvimento. Na era da
implementação de AAAA, ODS e GCM, é imperativo que a aplicação e o impacto
do financiamento e dos recursos da diáspora sejam reforçados utilizando
políticas inovadoras e sistemas práticos já analisados, recomendados e
aprovados através de acordos multilaterais.

 Solução Prática Orientada para os Resultados: A carteira de produtos e


serviços proposta pela ADFC, a sua orientação prática e centrada nos
resultados, e as suas parcerias estratégicas globais e continentais proporcionam
uma solução oportuna, viável e sustentável para os desafios urgentes e as
oportunidades perdidas do financiamento da diáspora africana.

V. Características da Oferta da ADFC

 Produtos financeiros padronizados, embalados e comercializados para a


diáspora africana
 Produtos e serviços especializados concebidos e comercializados para a
diáspora africana
 Produtos e serviços financeiros condicionados para bancos e outras instituições
financeiras
 Produtos e serviços de dotação para instituições doadoras e organizações
filantrópicas
 Produtos e serviços oferecidos publicamente e acessíveis ao público em geral
 Produtos e serviços oferecidos a título privado através de corretores e
intermediários regulamentados
 Produtos e serviços regulamentados no Reino Unido, EUA e outras jurisdições
estatutárias e reguladoras

Pág. 73
 Produtos que atraem um elevado número de investidores e elevados volumes de
investimento
 Reserva de fundos utilizados para investimentos futuros nos projectos de
desenvolvimento e de infra-estruturas em África
 Dotações/rendimentos fiduciários utilizados para subvenções e co-
financiamentos de empresas sociais

VI. Carteira de Produtos e Serviços da ADFC:

A principal carteira de produtos novos, serviços e actividades da ADFC é a seguinte:

A. Emissão e Gestão de Obrigações da Diáspora (Obrigações da Diáspora)


B. Gestão de Fundos Mútuos da Diáspora (Fundos Mútuos)
C. Gestão do Fundo Fiduciário e de Dotação da Diáspora (Fundo de Dotação)
(Fundo de Dotação criado através de um mecanismo de financiamento inovador de
Financiamento de Contrapartida das Remessas)

 Avaliação dos Principais Produtos: A carteira de principais produtos e serviços


de arranque será revista após 3 anos de operações para avaliar se novos
produtos e serviços devem ser acrescentados à carteira.

 Actividades Suplementares: Para além dos principais produtos e serviços, a


ADFC empreenderá actividades suplementares sob a forma de investigação,
cooperação técnica, co-financiamento e outros projectos e programas de
desenvolvimento, em colaboração com parceiros de obrigações e doações,
investidores de desenvolvimento e doadores.

 Desembolso de Excedentes: Após reinvestimentos para o desenvolvimento


organizacional e empresarial da ADFC, os excedentes líquidos das Obrigações e
Fundos de Investimento da Diáspora da ADFC serão utilizados para aumentar o
activo do Fundo de Dotação da Diáspora, e co-financiar a proposta de concessão
de subvenções RemitAid™ Development Trust.

5.2 Obrigações da Diáspora: Obrigações Globais Personalizadas para


Investimento Responsável

Com base nos ensinamentos obtidos sobre Títulos Soberanos e da Diáspora,


compreensão dos mercados de capitais regulados, especialmente no Reino Unido e
nos EUA, e compreensão das necessidades financeiras, desejos e expectativas da
diáspora africana e dos amigos da diáspora, os Títulos da Diáspora propostos pela
ADFC deverão aproveitar os recursos da diáspora para optimizar o investimento
responsável em África, tal como resumido abaixo.

I. Padrão de Obrigações Globais: Para assegurar a conformidade global, a


confiança dos clientes e a atenuação do risco estrutural, as Obrigações da
Diáspora da ADFC serão Obrigações Globais a 5-7 anos, denominadas em
dólares, registadas no Reino Unido e nos EUA, abertas à maioria dos
investidores, com termos e condições padronizados, complementadas por
características únicas da diáspora. Devem ser instrumentos socialmente
responsáveis, com as melhores características da classe sobre: conformidade

Pág. 74
legal e regulamentar; marketing, relações com clientes e serviço ao cliente;
gestão de pagamentos e protecção dos investidores. As Obrigações da
Diáspora da ADFC podem assumir a forma de Obrigações de Empresas,
apoiadas ou garantidas por recursos da ADFC ou de parceiros de
desenvolvimento. A ADFC poderá também emitir Obrigações Soberanas em
parceria com países africanos indivíduais ou grupos de países africanos.

II. Personalização da Diáspora: As Obrigações da Diáspora serão as


melhores da categoria de Eurobond/Global Bond, aumentadas com
características complementares e suplementares que capitalizam as
potencialidades de desenvolvimento da diáspora. A personalização deve
incluir: estruturação e condicionamento que permite obter taxas de juro
competitivas, reflectindo descontos ‘patrióticos e de desenvolvimento’;
marketing relacional não convencional, conforme à regulamentação, por
medida, que consulta, envolve e conquista a confiança da diáspora africana
multigeracional diversificada; incentivar a diáspora a investir nos projectos
regionais e continentais, para além dos seus países de origem e património
específicos.

III. Impacto no Desenvolvimento: Além dos retornos financeiros, as Obrigações


da Diáspora da ADFC devem oferecer aos investidores a oportunidade de
contribuir para programas, empreendimentos e projectos em África que
tenham elevados impactos socioeconómicos e de desenvolvimento. A relação
entre investimento e desenvolvimento deve ser demonstrada através de
características incorporadas, incluindo: utilização de fundos obrigacionistas
para financiar projectos e empreendimentos específicos e identificáveis; a
detecção de ‘fundos abutre’ e investidores pouco éticos; relatórios de
detecção transparentes através de painéis de controlo online e outros
métodos, dando actualizações e provas de progresso e impacto; manutenção
de projectos prontos para investimento que possam ser financiados por
futuras emissões de Obrigações da ADFC.

5.2.1 Emissão e Gestão das Obrigações da Diáspora

O serviço proposto de Obrigações da Diáspora da ADFC terá as seguintes


características:

I. Obrigações Baseadas em Projectos: Obrigações da diáspora concebidas


como obrigações baseadas nos projectos, em que os fundos de investimento
angariados são utilizados para financiar o desenvolvimento específico,
empresas sociais e instalações e equipamentos comunitários, dando
prioridade a projectos autónomos, físicos e tangíveis, e programas e
empreendimentos de alto impacto, inovadores, correctivos e catalisadores
que reflectem os interesses de desenvolvimento da diáspora.

II. Carteira de Projectos: Fundos gerados a partir de Obrigações da Diáspora a


serem utilizados para financiar carteira de projectos, programas e
empreendimentos de pequena/média escala, orçados em 10 a 25 milhões de
dólares.

Pág. 75
III. Embalagem de parcerias Obrigações da diáspora e carteira de projectos a
serem preparados pela ADFC em parceria com os países africanos,
empresários sociais da diáspora, instituições e organizações continentais
africanas, e outros parceiros multilaterais e de desenvolvimento.

IV. Apoio financeiro: As Obrigações da Diáspora a serem subscritas, garantidas


ou apoiadas financeiramente pelos governos africanos relevantes, instituições
financeiras e de desenvolvimento regionais ou continentais, e/ou outras
agências e instituições internacionais de desenvolvimento; no futuro, tendo
construído reservas adequadas, a ADFC deverá também proporcionar
garantias financeiras adequadas sempre que necessário.

V. Gestão Integrada: Obrigações da diáspora a serem concebidas, preparadas,


comercializadas e geridas pela ADFC, com conformidade regulamentar
adequada em jurisdições relevantes a nível mundial, e através de Veículos
para Fins Especiais (SPV) e parcerias profissionais e operacionais
adequadas.

VI. A Diáspora e os Investidores Estrangeiros: As Obrigações da Diáspora a


serem comercializadas principalmente para a diáspora africana (fora da
África), amigos da diáspora e instituições apropriadas orientadas para o
desenvolvimento, a fim de aumentar o investimento ético interno em África.

VII. Plataforma de Comercialização de Obrigações ADFC para promover e


comercializar outras obrigações adequadas da diáspora, impacto social,
desenvolvimento, obrigações soberanas e empresariais emitidas por diversos
governos, empresas, diásporas e instituições de desenvolvimento africanas.

VIII. Principais Termos e Condições: Emissão de Obrigações da Diáspora a ser


regulada por jurisdições relevantes em África, Europa e América do Norte,
com termos e condições estabelecidos em prospectos aprovados. Primeira
emissão de Obrigações da Diáspora pela ADFC a ser fixada em 100 milhões
de dólares; investimentos individuais mínimos de 1.000 dólares denominados
em dólares americanos; receitas para financiar a carteira de projectos,
programas e empreendimentos de pequena e média escala; montantes de
investimento a serem reembolsados na data de saída; taxas de juro a serem
fixadas (não flutuantes) no momento da emissão, indexadas a cerca de 5% a
7%, sendo as taxas fixadas por obrigações africanas bem sucedidas e com
subscrição excessiva; juros a serem pagos duas vezes por ano aos
investidores; período de saída do investimento de 5 anos.

5.2.2 Investimento do Dinheiro Angariado das Obrigações da Diáspora

As receitas das Obrigações da Diáspora da ADFC, ou seja, os fundos de


investidores angariados, serão investidos em diversos projectos, programas,
empreendimentos e planos lucrativos que apresentem algumas das seguintes
características:

Pág. 76
 Bens físicos e patrimoniais, como infra-estruturas, instalações e equipamentos
comunitários.
 Resultados de desenvolvimento de alto impacto, como criação de emprego,
saúde, educação e prestação de assistência social
 Serviços que apoiam as PME e indústrias, como aluguer de instalações,
máquinas e equipamento
 Serviços catalíticos que incentivam actividades económicas como o
processamento e a comercialização agrícola
 Inovações para a reabilitação ambiental, regeneração económica e
desenvolvimento sectorial
 Empresas sociais e comerciais existentes e previstas para a diáspora
 Programas da UA das CER existentes e planeados, como empresas de mulheres
e jovens
 Empresas científicas, tecnológicas, criativas, culturais e desportivas do
continente e da diáspora.

5.3 Fundos Mútuos: Promoção de Investimentos de Capital em Títulos de


Dívida

Considerando que o subsector do Fundo Mútuo da Diáspora do DPI é praticamente


inexistente, a ADFC como interveniente fundamental pode orientar o mercado para
investimentos em acções, em vez de se concentrar em investimentos baseados na
dívida. Isso deve ser consistente com a política de maximização do benefício
público, e com a prática de desenvolvimento responsável. Os principais pontos
sobre esta orientação estratégica são resumidos abaixo.

I. Crescimento em Investimentos de Capital Global: Em 2017, o FPI global


foi de 59,7 trilhões de dólares, e pela primeira vez, o FPI das acções (a 30
trilhões de dólares) foi superior ao FPI da dívida (a 29,7 trilhões de
dólares)176. As políticas de investimento e os incentivos práticos devem
centrar-se na promoção de mais Investimentos de Carteira em acções, em
oposição à promoção de títulos baseados na dívida, ou ao abandono dos
ditames das forças de mercado orientadas para a dívida.

II. Minimização do Ónus da Dívida: Uma mistura de dívida e de capitais


próprios é uma característica integrante do FPI, contudo, o peso insustentável
da dívida em África terá impactos negativos na economia, na sociedade e nas
perspectivas de desenvolvimento. A dívida insustentável em África, seja por
governos ou empresas, deve ser evitada, especialmente nesta área nascente
do financiamento da diáspora para a África.

III. Melhoria da Empresa e da Gestão Existem razões de desenvolvimento


económico positivas que justificam a promoção da equidade FPI. É mais
provável que os fluxos de capitais estimulem acções fundamentais e
facilitadoras, como um maior apoio empresarial, desenvolvimento de recursos
humanos, avanço da gestão e aumento da produtividade. Resultam em
melhores resultados, impactos e lucros, para o benefício de diversos

176 IMF Coordinated Portfolio Investment Survey (CPIS):

http://data.imf.org/?sk=B981B4E3-4E58-467E-9B90-9DE0C3367363 - Acedido em 31 de Janeiro de 2019

Pág. 77
intervenientes directos e indirectos. As responsabilidades de propriedade e a
dependência dos lucros líquidos, que vêm com participações no capital,
constituem um catalisador para a prática empresarial sustentável.

5.3.1 Gestão de Fundos Mútuos da Diáspora

O Fundo Mútuo da Diáspora da ADFC proposto terá as seguintes características:

I. Integração dos Recursos da Diáspora: Mobilização de fundos de


investimento através de subscrições/depósitos mensais, trimestrais ou
ocasionais de contas por migrantes africanos recentes e estabelecidos,
primeira e multi-geração da diáspora, e amigos da diáspora; os pequenos
investimentos individuais são agrupados em fundos abertos ou com limite
temporal para serem investidos em África numa carteira de produtos
financeiros e títulos com diferentes perfis de risco, tais como bilhetes do
tesouro, obrigações soberanas, municipais e da Diáspora não ADFC, dívidas
de curto prazo, acções e participações.

II. Fundos Geridos Profissionalmente: As acções próprias dos investidores


individuais nos Fundos Mútuos da ADFC que são protegidas por
regulamentos nas jurisdições relevantes, e são geridas pelos Gestores de
Fundos profissionais da ADFC para diversificar a carteira de investimentos
feitos pelos Fundos Mútuos, reduzir a exposição ao risco, e maximizar os
retornos em benefício dos investidores individuais.

III. Oferta de Investimento Diferenciada: A diáspora africana inclui pessoas


com perfis financeiros e económicos variados, pelo que os Fundos Mútuos da
ADFC oferecerão diferentes tipos de oportunidades de investimento em toda
a África, reflectindo os objectivos financeiros dos investidores, o apetite pelo
risco, a orientação para o desenvolvimento e outros factores.

IV. Principais Termos e Condições: A emissão de Fundos Mútuos será


regulada pelas jurisdições relevantes em África, Europa e América do Norte,
com termos e condições definidos em prospectos aprovados; até 4 Fundos
Mútuos da ADFC a serem lançados, visando diferentes investidores da
diáspora; dimensão dos Fundos Mútuos colectivos a serem definidos no
momento do lançamento com um possível objectivo total de 100 milhões de
dólares; investimentos individuais mínimos de 100 dólares denominados em
dólares; Fundos Mútuos da ADFC de elevada liquidez, permitindo que as
acções individuais sejam resgatáveis no prazo máximo de 14 dias, em
conformidade com os regulamentos relevantes; base de cálculo dos
rendimentos de investimento variáveis (rendimentos) e comissões a
estabelecer em prospectos aprovados, com rendimentos provenientes
principalmente de dividendos sobre títulos, mais-valias líquidas sobre
participações, e Valor Activo Líquido (NAV) da carteira.

Pág. 78
5.3.2 Investimento do Dinheiro Angariado dos Fundos Mútuos da Diáspora

As receitas do Fundo Mútuo da ADFC, ou seja, os fundos de investidores


angariados, devem ser investidos em títulos que rendam juros diversos, tais como:

 Títulos do Tesouro de baixo risco e outros fundos do mercado monetário


regulamentados em África
 Obrigações soberanas, municipais e de projectos apoiados pelo governo
 As Obrigações da Diáspora não da ADFC e outras obrigações de impacto social
e de desenvolvimento
 Obrigações de empresas e outras dívidas de curto prazo regulamentadas
 Acções e participações de empresas e Fundos Indexados
 Fundos de Capital de Risco e outros Fundos de Crescimento e de Rendimento
 PME e outros fundos específicos do sector e da indústria
 Fundos de Reforma e de Ciclo de Vida que fornecem montantes fixos em datas
específicas.

5.4 Fundos de Dotações: Financiamento Inovador para Empresas Sociais

É necessário capital inicial para criar a ADFC como um projecto legado da União
Africana (UA), enquanto a criação de uma iniciativa financeira inovadora baseada no
Financiamento de Contrapartida das Remessas (RMF) é há muito esperada 177. Esta
situação cria uma oportunidade única para ligar os dois sistemas, para capitalizar as
sinergias e optimizar o potencial de contribuições da diáspora para o financiamento
do desenvolvimento sustentável em África.

I. Definição de Financiamento Inovador: Financiamento inovador refere-se à


mobilização, governação e distribuição de novos mecanismos e sistemas
criativos e não tradicionais, envolvendo parcerias público-privadas e
transacções financeiras baseadas no mercado, para criar novas fontes e
fluxos de financiamento do desenvolvimento previsíveis, eficientes, regulares
e estáveis para os países em desenvolvimento, que são adicionais e
complementares às formas convencionais de financiamento do
desenvolvimento. Sistemas de financiamento inovadores podem envolver
micro-contribuições, micro-taxas, micro-impostos, financiamento de
contrapartida, encargos, garantias, obrigações, agrupamento de receitas,
fundos fiduciários e sistemas de seguros, criados através de parcerias
público-privadas e transacções financeiras baseadas no mercado, envolvendo
parceiros novos e diversificados, e frequentemente centrados em temas
específicos de desenvolvimento, mitigando falhas do mercado, aumentando
as soluções orientadas para resultados, e incentivando intervenções
catalizadoras178.

177 RemitAid™ como uma forma de financiamento inovadora baseada no Alívio Fiscal Comunitário (CTR) e Financiamento de

Contrapartida das Remessas foi desenvolvida pela primeira vez em 2003.

178 A definição aqui apresentada é uma síntese de diferentes definições dadas pelas Nações Unidas, Banco Mundial, Organização para a

Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), e o Grupo Líder sobre Financiamento Inovador para o Desenvolvimento (LGIFD).

Girishankar, Navin (2009), Innovating Development Finance: From Financing Sources to Financial Solutions, Washington DC, World Bank
http://documents.worldbank.org/curated/en/796631468340177673/pdf/WPS5111.pdf

Pág. 79
II. Fundo de Dotação da Diáspora como Financiamento Inovador: O
conceito e a prática de financiamento inovador para o desenvolvimento
surgiram no início do século XXI à medida que novas ideias eram exploradas
para financiar as ambiciosas disposições dos Objectivos de Desenvolvimento
do Milénio. Relatórios plurianuais do Secretário Geral das NU em 2004, 2005,
2006, 2008 e 2009 realçaram a necessidade e a importância do
financiamento inovador. Consultores do sector privado como McKinsey e
redes multilaterais como o Grupo Líder sobre Financiamento Inovador para o
Desenvolvimento, reconheceram novas abordagens na optimização das
remessas no quadro do panorama financeiro inovador179, 180, 181.

III Financiamento Inovador e Misto: A Agenda de Acção de Adis Abeba 2015


(AAAA) sobre Financiamento para o Desenvolvimento (FFD) proporcionou um
acordo político global actualizado para a promoção de Financiamento
Inovador e Misto, sendo ambas as estruturas apropriadas para o
desenvolvimento do Fundo de Dotação da Diáspora proposto, baseado no
Financiamento de Contrapartida das Remessas (RMF)182.

IV. Reactivar e Implementar RemitAid™: Redução de Taxas de Remessas e


Financiamento de Contrapartida das Remessas como mecanismos para
financiamento inovador foram desenvolvidos no quadro do sistema de
RemitAid™, iniciado em 2003. RemitAid™ foi aprovado em conferências
ligadas ao primeiro Diálogo de Alto Nível das Nações Unidas sobre Migração
Internacional e Desenvolvimento (UNHLD),nomeadamente a ‘Primeira
Conferência Ministerial dos Países Menos Desenvolvidos sobre as Remessas
de Migrantes’ (Fevereiro de 2006, Cotonou, Benin) e ‘Workshop sobre
Migração, Desenvolvimento e Redução da Pobreza’ (Agosto de 2006, Dakar,
Senegal), com resolução formal dos Ministros e dos Delegados para:
Reconhecer que as remessas, como uma forma de financiamento que
contribui para o desenvolvimento, devem atrair incentivos fiscais semelhantes
aos disponíveis para a ajuda e o investimento estrangeiro directo, e exortar os

World Bank (2010), Innovative Finance for Development Solutions: Initiatives of the World Bank Group, Washington DC, World Bank
http://siteresources.worldbank.org/CFPEXT/Resources/IF-for-Development-Solutions.pdf

Benn, Julia and Mirabile, Mariana (2014), Innovating to Finance Development, in Development Cooperation Report: Mobilising Resources
for Sustainable Development, Paris, Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD)
https://read.oecd-ilibrary.org/development/development-co-operation-report-2014_dcr-2014-en#page179

179 Nota de LGIFD: http://www.leadinggroup.org/article194.html - Accessed 1 April 2019

180 UNDP (2012), Innovative Financing for Development: A New Model for Development Finance? New York, United Nations Development
Programme (PNUD)
https://www.undp.org/content/dam/undp/library/Poverty%20Reduction/Development%20Cooperation%20and%20Finance/InnovativeFinan
cing_Web%20ver.pdf

181 Bensoussan, Eytan, Ruparell, Radha and Taliento, Lynn (2010), Innovative Development Financing: How can more resources be
applied toward development in the world’s poorest countries? London, McKinsey & Company
https://www.mckinsey.com/industries/social-sector/our-insights/innovative-development-financing
182 A Agenda de Acção de Adis Abeba das NU (AAAA) é um quadro global para o financiamento do desenvolvimento sustentável,

reconhecido no âmbito da Agenda 2030 dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável. O autor deste relatório esteve envolvido nas
negociações e na adopção final em Julho de 2015. Os parágrafos 48 e 69 abrangem Financiamento Misto e Financiamento Inovador,
respectivamente.
https://www.un.org/esa/ffd/wp-content/uploads/2015/08/AAAA_Outcome.pdf - Accessed 31 January 2019

Pág. 80
países de acolhimento a introduzir reduções fiscais sobre as remessas para o
desenvolvimento”183. RemitAid™ mereceu a mais elevada consideração no
Reino Unido184, e foi lançado nas Jornadas Europeias do Desenvolvimento
(EDD) inauguradas em Novembro de 2006, em Bruxelas185.

O programa foi arquivado após a crise financeira global de 2008.


Reactivação adequada e oportuna no contexto das acções de implementação
de 2018 do projecto legado da União Africana sobre investimento da
diáspora, e a adopção em 2018 do Pacto Global das Nações Unidas para as
Migrações, que apela especificamente a “programas e produtos financeiros
que facilitem os investimentos dos migrantes e da diáspora..... concedendo
títulos de capital inicial..... da diáspora e fundos de desenvolvimento da
diáspora, fundos de investimento..... que combinem mecanismos de
subvenção, obrigações municipais e parcerias com associações de cidades
de origem, a fim de aumentar o potencial transformador das remessas para
além das famílias individuais dos trabalhadores migrantes.....”186. O programa
foi originalmente concebido para se aplicar a todos os Países Menos
Desenvolvidos (PMD) do mundo, mas está a ser reorientado para se aplicar
especificamente a África. (A revisão após 3 anos de implementação prática
pode levar uma reprodução nos outros PMD)

V. Fundo de Dotação como Âncora para a Empresa Social da ADFC Para


além da sua importância fundamental de inovação e desenvolvimento, o
Fundo de Dotação da Diáspora serve de estímulo e âncora para a criação da
ADFC como uma empresa social continental exemplar. A OCDE define a
empresa social como “a actividade privada realizada no interesse público,
organizada com uma estratégia empresarial, mas cujo objectivo principal não
é a maximização do lucro mas a consecução de certos objectivos económicos
e sociais, e que tem a capacidade de trazer soluções inovadoras para os
problemas da exclusão social e do desemprego”187. A criação de empresas
sociais requer geralmente a contribuição de capitais de fontes
governamentais, públicas e filantrópicas, e é particularmente o que ocorre em
África, uma vez que os desafios institucionais e de capacidades são
elevados188. As contribuições dos doadores que participam no Fundo de
183 IOM (2007), Migration, Development and Poverty Reduction: Report on the Workshop on Migration, Development and Poverty

Reduction 2006, Geneva, International Organization for Migration (IOM) and African Capacity Building Foundation (ACBF) pp. 16-17 and
52-54 https://publications.iom.int/system/files/pdf/migration_dev_pvrtyreduction.pdf

184 European Union (2007) European Development Days: 2006 Proceedings Report, Brussels, European Union pp. 111-117

https://eudevdays.eu/sites/default/files/documents/EDD2006-proceedings-final.pdf

185 Informações actualizadas de 2005 sobre RemitAid™, relacionadas com o acolhimento no Reino Unido da Cimeira do G8 e o

acolhimento pela AFFORD da Professora Wangari Maathai, laureada com o Prémio Nobel, que se tornou apoiante do programa
RemitAid™.
https://www.pambazuka.org/pan-africanism/afford-calls-remittances-africans-be-g8-summit-agenda - Acedido em 1 de Abril de 2019

186 Versão Final do GCM (2018): https://refugeesmigrants.un.org/sites/default/files/180711_final_draft_0.pdf - Acedido em 31 de Janeiro


de 2019
187 OECD (1999), Social Enterprises, Paris, Organisation for Economic Co-operation and Development

188 OECD (2013), Policy Brief on Social Entrepreneurship: Entrepreneurial Activities in Europe, Paris, OECD & European Union

https://www.oecd.org/cfe/leed/Social%20entrepreneurship%20policy%20brief%20EN_FINAL.pdf

World Bank (2017), Emerging Social Enterprise Ecosystems in East and Southern African Countries, Washington DC, World Bank
http://endeva.org/wp-content/uploads/2017/08/wb_africa-se-ecosystem_may8.pdf

Pág. 81
Dotação da Diáspora podem ser utilizadas para criar estruturas e sistemas, e
contratar pessoal profissional, para desenvolver, lançar e gerir as Obrigações
da Diáspora, Fundos Mútuos e de Dotação. A gestão pela ADFC de um
Fundo de Dotação de vários milhões de dólares reforça igualmente a
credibilidade e o potencial de alavancagem da ADFC como uma nova
empresa social continental.

5.4.1 Gestão do Fundo de Dotação da Diáspora

O Fundo de Dotação da Diáspora da ADFC proposto terá as seguintes


características:

I. Financiamento de Contrapartida de Remessas como Financiamento


Inovador: No contexto do Pacto Mundial para a Migração (GCM), da Agenda
de Acção de Adis Abeba sobre Financiamento para o Desenvolvimento
(AAAA), da Agenda 2030 das Nações Unidas sobre Objectivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS), e da Agenda 2063 da UA, a ADFC
deverá reactivar e implementar um programa actualizado e simplificado
RemitAid™, centrado no Financiamento de Contrapartida de Remessas
(RMF). Isto implica que os países doadores participantes forneçam fundos de
contrapartida para o Fundo de Dotação da Diáspora. A contribuição é
calculada como uma percentagem das remessas enviadas para a África pelo
país participante, utilizando como pontos de referência regimes comparáveis
de benefícios fiscais e de incentivos189.

II. Fundo Especial de Dotação da Diáspora: A ADFC empreenderá e concluirá


consultas e negociações com os governos da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e Conselho de
Cooperação do Golfo (CCG) e outros países não africanos para fornecer
Financiamento de Contrapartida de Remessas (RMF), a taxas percentuais
acordadas, sobre fundos remetidos pelos migrantes e pela diáspora para os
países africanos a partir destes países da OCDE, CCG e outros países,com
vista a financiar o Fundo de Dotação da ADFC, que cria um legado financeiro
e de desenvolvimento positivo e duradouro, resultante das contribuições
produtivas dos migrantes e da diáspora. (A contribuição pode ser feita sob a
forma de Redução Fiscal de Remessas Comunitárias (CRTR) ou qualquer
outro mecanismo apropriado). O objectivo do pré-lançamento é gerar 50
milhões de dólares por ano, a partir de 2-3 países participantes. Prevê-se que
tanto as contribuições por país como o número de países contribuintes
aumentem ao longo do tempo.

III. Contribuições Suplementares para o Fundo de Dotação: A ADFC


realizará e concluirá consultas e negociações com Operadores de
Transferência de Dinheiro (MTO) para que estas empresas forneçam

189 Faal, Gibril (2012) Introduction to RemitAid™: Remittance Match Funding and Remittance Tax Relief, London, African Foundation for

Development (AFFORD)
http://gkpartners.co.uk/GK_Partners_RemitAid_Introduction.pdf

Initial 2006 RemitAid™ Briefing:


https://www.qmul.ac.uk/geog/media/geography/docs/research/citycentre/remit_aid.pdf - Accessed 31 January 2019

Pág. 82
Financiamento de Contrapartida de Remessas (RMF), a taxas percentuais
acordadas sobre fundos remetidos através das suas plataformas por
migrantes e da diáspora de países não africanos para países africanos; e
para que os MTO integrem opções sobre os seus sistemas de pagamento e
plataformas para que os remetentes façam Contribuições Colectivas de
Remessa (CRC) para o Fundo de Dotação da ADFC, a montantes ou taxas
nominais para cada transacção.

IV. Cooperação e Parceria com os Intervenientes O Fundo de Dotação da


Diáspora baseia-se no quadro das NU para o financiamento inovador do
desenvolvimento e a ligação entre a diáspora e o desenvolvimento. ADFC,
apoiada pela Comissão da União Africana, colabora com governos,
Operadores de Transferência de Dinheiro e instituições financeiras e de
desenvolvimento relevantes a nível mundial e em África.

V. Recolha e Mobilização de Fundos: A ADFC ('RemitAid™ Claims Unit')


trabalhará com os parceiros com o objectivo de determinar o volume dos
fluxos de remessas para a África, e utilizar esses dados verificados para fazer
pedidos trimestrais de desembolso do Financiamento de Contrapartida de
Remessas (RMF) acordado para a ADFC da OCDE, do GCC e de outros
países participantes; e assegurar a ligação com os MTO para desembolsos
semanais para a ADFC, e auditorias trimestrais. As auditorias incidirão sobre
os fluxos de Financiamento de Contrapartida de Remessas (RMF) dos MTO,
e as Contribuições de Remessas Colectivas (CRC) dos remetentes que
utilizam as plataformas de MTO.

VI. Gestão do Fundo de Dotação: A ADFC trabalha com parceiros para


receber, reunir e gerir: o RMF dos países participantes; o RMF dos MTO; e as
CRC do remetente. Do RMF e das CRC recolhidos, 80% dos fundos serão
investidos numa carteira de programas éticos, incluindo programas de baixo
risco, alto rendimento e outros programas apropriados em África e no mundo,
gerando assim um rendimento regular e criando um activo financeiro a longo
prazo cada vez maior.

VII. Desembolso de Subvenções: A ADFC terá uma ‘Unidade de Subvenções’


afiliada (RemitAid™ Development Trust [RDT]) que irá receber e gerir fundos
de subsídios, sendo: 20% do RMF dos países participantes; 100% do RMF
dos MTO; 100% das CRC dos remetentes; e 100% dos rendimentos obtidos
através de investimentos de dotações. (No futuro, uma percentagem dos
rendimentos de investimento poderá ser reinvestida no Fundo de Dotação). O
RemitAid™ Development Trust desembolsará subvenções, empréstimos em
condições favoráveis e outros prémios de co-financiamento do
desenvolvimento para actividades estruturais, produtivas, regenerativas,
empresariais, comunitárias e outras actividades da diáspora, para fazer
avançar o desenvolvimento em África, aumentar as contribuições da diáspora
para o desenvolvimento, e prevenir, minimizar e mitigar os efeitos
secundários negativos ligados à migração. As subvenções e o co-
financiamento devem ser baseados em critérios transparentes, abertos e
objectivos.

Pág. 83
5.4.2 Aplicação das Verbas Geradas através do Fundo de Dotação
Oitenta por cento do Financiamento de Contrapartida de Remessas (RMF) dos
países participantes será canalizado para o Fundo de Dotação da Diáspora. Os
fundos serão investidos numa carteira equilibrada de diversos títulos e programas
em África e a nível mundial, incluindo os seguintes:

 Títulos do Tesouro de baixo risco e outros Fundos do Mercado Monetário


regulamentados
 Obrigações soberanas, municipais, empresariais e de projectos
 Obrigações de empresas e outras dívidas de curto prazo regulamentadas
 Acções e participações de empresas e Fundos Indexados
 Fundos de Cobertura, Capital Privado, Capital de Risco e outros Fundos de
Crescimento.

20% do RMF dos países participantes; 100% do RMF dos MTO; 100% das
Contribuições de Remessas Colectivas (CRC) dos remetentes; e 100% das receitas
anuais dos investimentos do Fundo de Dotação serão desembolsadas em
RemitAid™ Development Trust (RDT). Os fundos do RDT serão utilizados para fazer
subvenções, empréstimos em condições favoráveis, investimentos de doentes e
outros co-financiamentos de desenvolvimento para apoiar actividades continentais e
da diáspora, nomeadamente:

 Programas que previnem e mitigam os efeitos negativos da migração irregular e


disfuncional
 Diáspora e grupos da sociedade civil que melhoram a capacidade e o bem-estar
da diáspora africana
 Criação de emprego e sistemas de redução da pobreza, especialmente para
grupos desfavorecidos e vulneráveis
 Actividades regenerativas em localidades com elevados factores de risco
económico, social e ambiental
 Empresas cooperativas, comunitárias e sociais nos sectores onde há deficiência
de mercado e o investimento é insuficiente
 Apoio aos africanos jovens, idosos, doentes e vulneráveis no continente e na
diáspora
 Outras actividades que apoiam o desenvolvimento pessoal da diáspora e dos
africanos continentais
 Parte das actividades e desenvolvimento da UA, incluindo a Direcção dos
Cidadãos e da Diáspora.

5.5 Serviços Técnicos e Suplementares da ADFC


Para além dos três principais produtos e serviços financeiros básicos, a ADFC
proporcionará serviços suplementares, financiados através de subvenções de
cooperação técnica de doadores e instituições de desenvolvimento. Estas
actividades suplementares incluem:

 Investigação, desenvolvimento e inovações no desenvolvimento da diáspora


 Revisões e análises de mercado, sectoriais, de investimento e estratégicas
 Desenvolvimento de projectos e apoio à preparação do investimentos
 Análises e melhoria da política e prática de desenvolvimento

Pág. 84
 Advocacia, sensibilização e promoção do financiamento da diáspora
 Cooperação e assistência técnica à medida.

5.6 Ilustração de Produtos e Serviços de Básicos da ADFC

FINANCIAMENTO DE DIÁSPORA &


CONTRAPARTIDA DE INVESTIDORES DE IMPACTO
REMESSAS (RMF)
Migrantes Africanos & Diáspora
Diáspora Multigeracional
Países da OCDE Amigos da África
Países de Cooperação do Investidores de Impacto
Golfo
Operadores de 200 milhões de dólares
REMITAID™ Transferência de Dinheiro
DEVELOPMENT TRUST
Remetentes de Diáspora
Subvenções & Prémios
50 milhões de dólares
Empréstimos Suaves &
Co-Financiamento
Financiamento de OSC & RemitAid™ Fundos Obrigações da
da Diaspora Endowment Fund Mútuos da Diáspora
Co-Investimento das Diáspora
PME 39,5 milhões de
Financiamento de dólares 99 milhões de
Programas da UA 99 milhões de dólares
(Taxa de cerca de 1%
) dólares
10 milhões de dólares (Taxa de cerca
(20% de RMF) (Taxa de cerca de 1% )
Juros & Dividendos em de 1% )
dólares
Investimento em Investimento
Excedente da ADFC em
Acções & Títulos em Projectos
dólares
Específicos

RENDIMENTO LÍQUIDO E RENDIMENTOS DE INVESTIMENTOS


(Rendimento Líquido após Taxas e Encargos)

PAGAMENTOS DE
JUROS E DIVIDENDOS

REINVESTIMENTO E
RESERVAS DA ADFC RETIDAS

EXCEDENTE DE
EMPRESAS SOCIAIS

Quadro XI: Ilustração de Produtos e Serviços Básicos da ADFC

Pág. 85
6. Quadro Operacional e de Gestão

Para implementar o projecto legado da União Africana sobre investimento da


diáspora, será criada a estrutura jurídica, de gestão e operacional da Sociedade
Financeira da Diáspora Africana (ADFC). Isto envolverá os sistemas e a estrutura
organizacionais para implementar e entregar a carteira de produtos e serviços da
ADFC, tendo ao mesmo tempo capacidade para cumprir os requisitos operacionais,
de gestão, regulamentares e de governação. A estrutura integrada cobrirá todas as
necessidades de implementação, desde a produção, entrega, atendimento ao
cliente, revisão, monitorização, avaliação, governação, responsabilização,
aprendizagem e melhoria e desenvolvimento contínuos.

6.1 Ferramenta do Processo Operacional: Sistemas da Prestação de


Serviços

Os serviços a serem prestados serão baseados em modelos de ‘Sistema de


Prestação de Serviços (SDO)’. Os SDO são documentos operacionais activos e
vivos, a serem utilizados para assegurar uma prestação e implementação
competentes e eficazes. Os SDO como instrumento cobrem os seguintes pontos
principais para cada serviço:

 Porquê: Objectivos específicos do serviço, os resultados e o impacto


necessários do serviço

 O quê: Breve descrição do serviço, com metas de produção quantitativas e


qualitativas

 Quem: Utilizadores, beneficiários, consumidores, clientes e outros intervenientes


e parceiros relevantes

 Onde: Locais onde o serviço será prestado, incluindo online, presencialmente ou


outras interfaces, um ou vários países, cidades e sítios específicos

 Quando: Datas em que ocorrerá a prestação aos diferentes beneficiários,


destacando a frequência da prestação, intervenções e interfaces com os
beneficiários

 Como: Método, meios e/ou sistema de prestação de serviços, incluindo as


principais fases do processo de prestação, recursos humanos internos e externos
necessários, e recursos físicos e outros recursos necessários para a prestação
do serviço

 Quais são os próximos passos: Opções para a progressão dos utilizadores e


beneficiários do serviço, incluindo opções para a melhoria e expansão do serviço.

Os serviços prestados constituem o núcleo da organização. É através destes


serviços que as desejadas mudanças positivas (impactos) devem ser alcançadas.
Como tal, é essencial que haja clareza e transparência sobre o que os serviços são,

Pág. 86
e o que não são. Esta abordagem serve também para assegurar a eficácia
operacional. Ao saber quais são os principais objectivos e componentes do serviço,
torna-se mais fácil para os gestores e o pessoal utilizar estes factores como
"especificações do serviço" - em relação aos quais avaliar o sucesso da prestação e
implementação do serviço.

6.2 Processo de Produção e Prestação de Serviços da ADFC

Para conceber, estruturar, embalar, comercializar e gerir os três serviços básicos da


ADFC de Obrigações da Diáspora, Fundos Mútuos e Fundo de Dotação, a ADFC
deve criar e activar um processo de produção e operacional que envolva as
principais fases indicadas a seguir. As fases são baseadas em processos padrão
para produtos financeiros comercializados a nível mundial.

I. Concepção e Embalagem de Produtos: A ADFC realiza pesquisas e


análises quantitativas e qualitativas, e estrutura e embala os produtos
financeiros da ADFC em consulta com parceiros estratégicos como o Banco
Africano de Desenvolvimento, Afreximbank, Banco Mundial, Fundo Monetário
Internacional, Banco Europeu de Investimento. Os produtos e serviços devem
cumprir os requisitos regulamentares e as normas de melhores práticas da
indústria. As jurisdições legais e regulamentares relevantes incluirão a
Comissão de Títulos e Câmbios dos Estados Unidos (SEC) e Autoridade de
Conduta Financeira do Reino Unido (FCA). Estes dois regimes
regulamentares têm elementos de "passaporte financeiro" que permitem a
comercialização de produtos financeiros na maioria dos países da OCDE e do
GCC, onde reside a diáspora africana. A Obrigação da Diáspora da Nigéria
de 2017 que ultrapassou o número de subscrições foi registada na SEC e
FCA. A ADFC deve também cumprir os regulamentos empresariais e
financeiros do país africano em que está sediada

II. Prospecto e Plano de Marketing: A ADFC deve produzir prospectos e


planos e materiais de marketing aprovados em conformidade com os
regulamentos pertinentes. As actividades de marketing incluirão a utilização
de instituições institucionais e intermediárias, como bancos, bem como canais
online, telemóveis e redes sociais. A ADFC utilizará também métodos de
marketing de redes apropriados através de grupos empresariais, comunitários
e da diáspora, semelhantes às técnicas efectivamente utilizadas pelas
Obrigações de Israel190.

III. Recolha de Fundos de Investimento: A ADFC criará contas fiduciárias


gerais e outros tipos de contas bancárias para recolher e receber fundos de
investimento da diáspora africana e investidores de impacto, bem como
outros financiadores parceiros. As contas bancárias e os mecanismos de
cobrança de investimentos estarão em conformidade com o Conheça o Seu
Cliente (KYC), Luta contra o Branqueamento de Capitais (LBC) e Combate
ao Financiamento do Terrorismo (CFT) e outra legislação e regulamentos
relevantes.

190As Obrigações de Israel são comercializadas no quadro de reuniões privadas organizadas por membros de redes comunitárias, e por
pessoas influentes no domínio social e industrial. São também promovidas como presentes para Bar Mitzvahs, e aniversários.

Pág. 87
IV. Gestão da Carteira de Investimentos: A ADFC deve gerir os fundos de
investimento recebidos através de actividades, incluindo investimento em
diversos rendimentos e títulos regulamentados socialmente responsáveis,
acções e outros produtos financeiros, programas e empreendimentos;
acompanhar, monitorizar, supervisionar e gerir cuidadosamente a carteira de
investimentos com profissionalismo, competência e atenção; assegurar que o
investimento de capital é seguro, e que os rendimentos são gerados enquanto
os ganhos de capital e o Valor Líquido Patrimonial (NAV) são apreciados;
utilizar as comissões cobradas aos investidores e os rendimentos gerados
pelos investimentos para executar as operações da ADFC diligentemente em
conformidade com os regulamentos e melhores práticas, e cumprir as
obrigações de capital, rendimento e contratuais devidas aos investidores;
gerir os excedentes através de reinvestimento, investigação e análises
técnicas, desenvolvimento de carteira e organizacional, e aumento das
reservas financeiras.

V. Gestão do Retorno do Investimento: A ADFC deve gerir de forma


profissional e diligente os pagamentos de juros, dividendos ou outras formas
de retorno aos investidores de forma atempada. A ADFC deve também gerir
reembolsos de capital, reinvestimentos, liquidações de fim de contrato e
relações com clientes, bem como desembolsos para o RemitAid™
Development Trust.

VI. Gestão do Fundo de Subvenção: A ADFC estabelece o quadro de governação


e operacional do RemitAid™ Development Trust. As actividades incluirão o
recrutamento e o apoio operacional de um Conselho Consultivo independente que
supervisionará, entre outros: a criação de elegibilidade para subvenções e co-
financiamento, prioridades e termos e condições; convites à apresentação de
propostas, e avaliação de candidaturas; atribuição de financiamento, e
monitorização do desempenho e cumprimento dos beneficiários; monitorização,
avaliação e melhoria do programa.

Pág. 88
6.3 Linhas Gerais da Estrutura Organizacional da ADFC
A proposta estrutura organizacional e de implementação da ADFC é concebido para
optimizar a prestação de serviços, e simplificar o planeamento, orientação,
facilitação, gestão, supervisão e responsabilização. A estrutura e as interligações
são apresentadas a seguir.
I. Parceiros da ADFC
II. Conselho de Administração (Conselho)
III. Conselho Consultivo Internacional (CCI)
IV. Gabinete do Director Geral (GDG)
V. Direcção de Gestão de Investimentos (IMD)
VI. Directores de Departamento, Pessoal e Consultores

ADFC
PARCEIROS

CONSELHO DE
ADMINISTRAÇÃO
(Presidente)
Conselho
Consultivo
Internacional
GABINETE DO DIRECTOR GERAL
(Director Geral)

DIRECÇÃO DE GESTÃO DE INVESTIMENTOS


(Director Executivo)

Administração, Finanças & Concepção do Produto Gestão de Investimentos Gestão de Activos e


Desenvolvimento Marketing & Transacções & Operações Valores & Geração de
Organizacional Conformidade Rendimentos
[Director & Pessoal] [Directores & Pessoal de Prestação de Serviços]
(Apoio ao RDF) (Gestores & Analistas, Especialistas & Conselheiros, Consultores &
Assistentes)

REMITAID™ RENDIMENTOS PARA OS BENEFICIÁRIOS


DEVELOPMENT TRUST
(Fiduciários & Pessoal) Investidores privados em Obrigações da Diáspora &
Fundos Mútuos
Subvenção, Rendimentos do Fundo de Dotação
Empréstimo & Desembolsado ao RemitAid™ Development
Destinatários de Co- Fund
Financiamento
Quadro XII: Organograma da ADFC

Pág. 89
6.4 Resumo dos Requisitos de Recursos Humanos

A ADFC requer pessoal profissional qualificado de diferentes disciplinas para


desenvolver e entregar os produtos e serviços, e gerir a organização a níveis
estratégico, táctico e operacional. O pessoal deve servir nas diferentes unidades da
estrutura organizacional da ADFC, tal como acima estabelecido.

I. Parceiros da ADFC

Os Parceiros da ADFC são os membros fundadores da ADFC. A Assembleia Geral


Anual dos Parceiros da ADFC será o mais alto órgão de decisão da ADFC. Elege o
Conselho de Administração e delega-lhe poderes. Os Parceiros da ADFC abrangem os
seguintes:

 Países africanos signatários do Tratado da ADFC (Possivelmente representados


pelos Ministros das Finanças)
 Países não africanos que participam no Financiamento de Contrapartida de
Remessas
(Possivelmente representados pelos Directores Gerais)
 Organizações de desenvolvimento da diáspora africana com projectos significativos
em África
(Possivelmente representados pelos Directores Executivos)
 Operadores de Transferência de Dinheiro que participam no Financiamento de
Contrapartida de Remessas
(Possivelmente representados pelos Chefes Executivos)
 Comissão da União Africana (Possivelmente representada pelo Comissário dos
Assuntos Económicos)
 Banco Africano de Desenvolvimento (possivelmente representado pelo Director
Executivo).

Para que o Tratado da ADFC entre em vigor, deve ter a assinatura de Dez (10) países
africanos e a ratificação der Seis (6) Parceiros.

II. Conselho de Administração

O Conselho de Administração (Conselho) é constituído por 7-11 membros,


nomeados por um período de 3 anos, renovável por mais 3 anos, conforme o caso.
Os membros do Conselho de Administração incluirão representantes dos diferentes
tipos de Parceiros do Acordo, e um nomeado do país anfitrião da ADFC. Os critérios
gerais para os candidatos ao Conselho de Administração são: conhecimentos,
competências, especialização e experiência pertinentes em investimento,
desenvolvimento da diáspora e financiamento; e experiência em matéria de
governação empresarial e a nível do Conselho de Administração.

O Director Geral será um membro do Conselho de Administração. Outros


intervenientes e parceiros podem ser convidados como observadores nas reuniões,
se e quando necessário. As reuniões serão realizadas trimestralmente, com apoio
administrativo fornecido pelo Gabinete do Director Geral. O Conselho de
Administração será presidido por um profissional independente com competências,
experiência e influência relevantes.

Pág. 90
As principais funções do Conselho são resumidas a seguir:

 Assegurar a conformidade estatutária, contratual, de projectos e programas


(supervisão)
 Proporcionar ideias que liguem os pontos de vista e as aspirações da diáspora às
actividades da ADFC (visão)
 Fornecer orientação estratégica de acordo com as realidades do sector financeiro
internacional (prospectiva)
 Fornecer orientação que liga necessidades, desejos e expectativas a serviços e
actividades adequados
 Prestar aconselhamento e apoio para activar oportunidades, prevenir problemas
e mitigar desafios.
 Criar comités estatutários e outros comités de direcção e de governação
empresarial
 Actuar como promotor, influenciador e 'embaixador' da ADFC.

III. Conselho Consultivo Internacional

O papel do Conselho Consultivo Internacional (IAC) é de natureza meramente


consultiva e de apoio, sem autoridade legal ou responsabilidades de governação. O
Director Geral em consulta com o Conselho nomeia indivíduos para o IAC, utilizando
Termos de Referência (TdR) aprovados. O papel é de natureza voluntária, sem
qualquer remuneração. A ADFC será responsável por despesas e honorários
razoáveis, a fim de facilitar aos membros do IAC a prestação de aconselhamento e
apoio.

IAC deve ser estabelecido e mantido de modo a criar oportunidades:

 Para que a ADFC obtenha acesso fácil e rápido a aconselhamento, orientação e


apoio semi-formais de diversos profissionais, peritos e especialistas

 Envolver profissionais, peritos e especialistas africanos da diáspora e


internacionais nas actividades gerais da ADFC de uma forma flexível e semi-
formal

 Para profissionais individuais com experiência exemplar participarem na direcção


estratégica da ADFC de forma independente, e não como membros do Conselho
de Administração ou consultores.

Os membros do IAC devem, de comum acordo, levar a cabo as seguintes


actividades principais, segundo as necessidades:

 Fornecer orientação e aconselhamento de projectos, programas e especialistas


ao Conselho de Administração e ao Gabinete do Director Geral

 Servir em painéis ad hoc e outros painéis de gestão e operacionais como


selecção, entrevista e painéis de revisão relacionados com a aquisição de
serviços, recrutamento de pessoal, monitorização, avaliação e gestão da
qualidade das actividades da ADFC;

Pág. 91
 Fornecer apoio técnico, prático e operacional discreto e pontual ao pessoal da
ADFC, conforme apropriado

 Actuar como promotor, influenciador e 'embaixador' da ADFC entre redes


profissionais, temáticas e outras redes, sectores e audiências

 Assumir outras funções e actividades ad hoc e pontuais de aconselhamento e


apoio, conforme considerado apropriado pelo Director Geral.

O IAC é constituído por 5-9 membros, nomeados por um período máximo de 3 anos,
renováveis por mais 3 anos, conforme o caso. Para além do requisito fundamental
de experiência, competências e conhecimentos relevantes, o conjunto de membros
do IAC pode reflectir a representação regional, de mulheres e jovens. O IAC deve
reunir-se pelo menos uma vez por ano, e pode ser convidado a participar em
reuniões na qualidade de observadores, conforme for necessário.

IV. Gabinete do Director Geral

A ADFC será dirigida por um Director Geral (DG) a ser nomeado por um período de
5 anos, renovável por mais 5 anos, conforme o caso. O DG será nomeado com
base, entre outros em: vastos conhecimentos, competências, especialização e
experiência em desenvolvimento e financiamento internacional e da diáspora;
envolvimento numa abordagem do desenvolvimento centrada na prestação de
serviços; compromisso em relação à visão e missão da ADFC; vastas redes globais;
conhecimentos especializados em matéria de sensibilização, influência e
mobilização de recursos. O DG irá liderar a Equipa de Direcção constituída pelo
DG, Director Executivo e Directores de Departamento. O ODG será apoiado por uma
pequena equipa de gestão e administração.

As principais funções do DG são resumidas a seguir:

 Responsabilidade geral pela implementação da estratégia da ADFC e pela


direcção do Conselho
 Responsabilidade global pela angariação de fundos e mobilização e
aproveitamento de recursos
 Responsabilidade geral pela gestão de riscos e oportunidades
 Liderança organizativa, desenvolvimento, desempenho e responsabilização
 Supervisão e desenvolvimento do RemitAid™ Development Trust
 Criação de redes, construção de parcerias, representação externa e defesa de
políticas internacionais
 Liderança intelectual sobre a política e prática de investimento e financiamento
da diáspora
 Manutenção e reforço da credibilidade, reputação e sustentabilidade da ADFC.

V. Direcção de Gestão de Investimentos

A Direcção de Gestão de Investimentos da ADFC (IMD) será dirigida por um Director


Executivo (DE) a ser nomeado num contrato em curso, sujeito a revisões anuais e
trienais. O DE será nomeado com base, entre outros, nos seguintes elementos:

Pág. 92
vastos conhecimentos, competências, especialização e experiência em gestão de
investimentos internacionais; compreensão e experiência de desenvolvimento,
financiamento e investimento da diáspora; compromisso em relação ao investimento
socialmente responsável; antecedentes em matéria de gestão de fundos e gestão de
carteiras de investimento bem sucedidas e de alto rendimento; compromisso com a
visão e missão da ADFC; credibilidade e boa reputação no mundo do investimento
internacional. O DE irá liderar uma equipa profissional de Directores de
departamento.

As principais funções da IMD sob a liderança do DE são resumidas a seguir:

 Responsabilidade pelas funções técnicas, de gestão e operacionais da ADFC


 Preparação e implementação de propostas e planos de investimento e geração
de rendimentos
 Elaboração de prospectos e planos de actividades em conformidade com os
regulamentos
 Análises e orientações sobre política de dividendos e taxas de juro a pagar aos
investidores
 Concepção, desenvolvimento e prestação de serviços de investimento a clientes
e consumidores
 Elaboração de orçamentos, contas de gestão, relatórios de actividade e
financeiros trimestrais e anuais
 Recrutamento, selecção e supervisão de pessoal qualificado, consultores e
assessores
 Gestão e melhoria do desempenho, e reforço da capacidade e do impacto
 Gestão táctica e geral das actividades da ADFC.

VI. Directores de Departamento, Pessoal e Consultores

A Direcção de Gestão de Investimentos da ADFC será inicialmente constituída por


quatro Departamentos principais, nomeadamente:

 Concepção, Marketing e Conformidade de Produtos [PDMC]

 Gestão de Investimentos, Transacções e Operações [IMTO]

 Gestão de Activos e Valor e Geração de Rendimentos [AVMIG]

 Administração, Finanças e Desenvolvimento Organizacional [AFOD].

Estes departamentos serão liderados por Directores, que serão peritos sectoriais
altamente qualificados e experientes, com um historial de resultados práticos
significativos e uma execução bem sucedida do programa. Os Directores de
Departamento irão gerir equipas de técnicos profissionais, especialistas, quadros
médios e pessoal operacional e de apoio, complementados por consultores e
conselheiros que trabalhem em contratos de curto prazo, conforme for necessário.
Os Directores e as suas equipas serão responsáveis pela prestação e operações
quotidianas de todos os serviços da ADFC.

Pág. 93
As principais funções dos Departamentos sob a chefia dos Directores são resumidas
a seguir:

 Gestão do investimento, dos sistemas e processos de programas e operacionais


 Comercialização diária dos produtos, vendas e prestação de serviços, e gestão
de contratos
 Investimento e gestão de fundos, planeamento financeiro e gestão orçamental
 Conformidade quotidiana, funções analíticas, técnicas, operacionais e
administrativas
 Preparação de planos de acção mensais operacionais e de gestão de programas
 Monitorizar a constância e consistência da qualidade e impacto dos serviços e
actividades
 Modificações em curso e implementação de medidas correctivas e de melhoria
 Publicação de relatórios trimestrais e anuais de actividade, desempenho e
conformidade
 Publicação de relatórios operacionais, de actividade e financeiros trimestrais
 Capacidade e desenvolvimento profissional do pessoal, e bem-estar do pessoal.

Para lançar a ADFC, um Director Geral Fundador pode ser nomeado numa
base provisória ou de 3 anos, após consultas entre os principais promotores,
financiadores e intervenientes, e apoiado por um Conselho de Administração
provisório. Para complementar este documento, será elaborado um plano de
implementação da ADFC, que terá um complemento completo de pessoal e um
orçamento totalmente justificado.

6.5 Resumo dos Recursos Físicos e Outros

Para conceber, desenvolver, produzir, realizar e melhorar serviços e cumprir todas


as obrigações e requisitos contratuais, regulamentares e de responsabilização, a
ADFC requer um conjunto de recursos físicos e outros, para complementar os seus
recursos humanos. Além dos recursos humanos da ADFC acima identificados, os
recursos físicos e outros recursos são resumidos abaixo.

I. Recursos Físicos: Os recursos físicos incluem:

 Espaço de escritórios da Sede em África


 Reuniões, seminários, salas de impressão/armazenamento, e mobiliário e
acessórios de escritório
 Veículos a motor, geradores e equipamento e acessórios de escritório
 Informática, TI, telefonia e equipamentos audiovisuais
 Plataformas informáticas de negociação e gestão de investimentos compatíveis
com a regulamentação
 Aplicações online, telefones inteligentes, e infra-estrutura Fintech
 Fornecimento de produtos de impressão, papelaria e consumíveis de escritório.

Deve ser mantido um inventário do mobiliário e equipamento, mesmo quando estes


recursos físicos são amortizados a 100% (ou seja, anulados nas contas anuais).
Quando os recursos são depreciados abaixo dos 100%, são registados como activos
fixos no Balanço das contas anuais auditadas.

Pág. 94
II. Recursos Técnicos: Os recursos técnicos incluem:

 Ferramentas de gestão, comunicação e operacionais sob a forma de: website,


correio electrónico, meios de comunicação social e plataformas de
teleconferência.

 Aprovações, licenças e certificações de conformidade e melhores normas de


prestação de serviços financeiros e de investimento em jurisdições relevantes; e
materiais e recursos de marketing e promoção de produtos conformes.

 Políticas e recursos organizacionais como: manual do pessoal; manual de


compras e aquisições; procedimentos financeiros, bancários, de pagamentos e
de auditoria; manual operacional do escritório; Linhas Gerais da Prestação de
Serviços (SDOs) e processos; modelos, guias e formulários; e conjuntos de
ferramentas de monitorização, avaliação e aprendizagem.

Estes recursos serão criados para cumprir as normas legais e regulamentares,


aspirando ao mesmo tempo às melhores práticas sectoriais e à excelência
operacional. Devem ser revistos e actualizados regularmente e utilizados no quadro
da iniciação do pessoal (e consultores, se for necessário).

III. Recursos Financeiros: Os recursos financeiros incluem:

 Fundos de desenvolvimento do programa para consultas, planeamento da


implementação e devida diligência
 Fundos de arranque para os recursos humanos, físicos e técnicos iniciais
 Fundos operacionais, fluxo de caixa e reservas organizacionais
 Fundos de garantia para subscrever as Obrigações iniciais da Diáspora
 Financiamento de Contrapartida de Remessas (RMF) a ser investido no Fundo
de Dotação.

6.6 Análise de Opções para a Estrutura Jurídica e Institucional da ADFC

Entre Novembro de 2018 e Janeiro de 2019, foram realizadas consultas com um


vasto leque de peritos e profissionais de investimento e financiamento da diáspora
africana sobre a possível estrutura jurídica da Sociedade Financeira da Diáspora
Africana (ADFC). As consultas incluíram inquéritos semi-estruturados e discussões
com altos funcionários e Comissários da União Africana, gestores de investimentos,
banqueiros, investidores da diáspora e analistas e consultores independentes. As
opiniões e observações analíticas comuns foram que a estrutura jurídica da ADFC
deveria ter as seguintes características:

 Facilitação da óptima eficácia e eficiência operacional


 Liberdade de restrições burocráticas e influência política
 Flexibilidade para capitalizar oportunidades à medida que surgem
 Empresa social ou modelo mútuo com participação mínima ou nenhuma
participação comercial.

Pág. 95
As consultas aos intervenientes foram complementadas por uma extensa
investigação, que reduziu as estruturas jurídicas e institucionais relevantes a duas
grandes opções, nomeadamente Agências Especializadas da União Africana, e
formatos jurídicos utilizados para estruturar uma amostra de instituições financeiras
continentais africanas bem sucedidas. Foram realizadas análises aprofundadas de
estudos de caso, como a seguir se resume.

6.6.1 Avaliação Analítica das Agências Especializadas da União Africana

As principais observações analíticas relevantes sobre as Agências Especializadas


da União Africana como estruturas jurídicas e analíticas são resumidas a seguir.

I. Definição de Agência Especializada: Uma agência especializada da União


Africana é definida como “um organismo independente estabelecido pelos
Estados Membros da União fora das regras e regulamentos de gestão e
orçamentais, bem como o controlo da União Africana ou da Comissão para
desempenhar uma função específica ou especializada mas relacionada com o
mandato da União Africana..... [são.....] autónomos..... tem uma personalidade
jurídica própria..... orçamento separado independente do orçamento da UA
..... independência de gestão própria..... própria estrutura..... próprio Estatuto
e Regulamento do Pessoal..... próprio Regulamento Financeiro”191.

II. Autonomia e Influência Política: As agências especializadas da UA podem


ser criadas directamente pela União Africana através de uma decisão da
Conferência, ou por 15 dos 55 Estados Membros da UA, sob reserva da
subsequente aprovação da Conferência. Embora sejam autónomas, a
influência política pode ainda ser exercida indirectamente. O estatuto
depende inteiramente da decisão dos Estados Membros e da aprovação da
Conferência, que pode ser influenciada pelas vicissitudes da política regional,
continental e global. A independência real e percebida é de importância
capital no reforço da confiança entre as diversas diásporas africanas globais,
bem como nos mercados financeiros internacionais. Deste modo, o estatuto
de Agência Especial da UA não é a estrutura ideal para a ADFC192.

III. Tipos de Agências Especializadas: Das 34 agências especializadas


analisadas, a maioria pode ser classificada como: organizações de
investigação, educação, assistência técnica e desenvolvimento de
capacidades ; e organismos profissionais, sectoriais e industriais
continentais193. A Agência Africana de Capital de Risco (ARC) parece ser a
única agência especializada envolvida nos serviços financeiros utilizando
mecanismos de mercado e industriais (tal como proposto pela ADFC). A
Fundação para o Reforço de Capacidades em África (ACBF) parece ser a

191 ‘Nota Conceptual sobre Instituições e Agências Especializadas da União Africana’:


https://au.int/sites/default/files/newsevents/conceptnotes/14601-cn-olc_conecpt_note_specialized_agencies_and_institutions.pdf

192 Os altos funcionários da CUA a nível de Comissários expressaram ao autor deste relatório a importância da independência real e

percebida da ADFC, para assegurar a máxima eficácia e o sucesso final.

193 Website da CUA: https://au.int/en/specialised-agencies-institutions - Acedido em 31 de Janeiro de 2019

Pág. 96
única agência especializada envolvida no financiamento de importantes
bolsas e programas (tal como proposto através do RemitAid™ Development
Trust). Contudo, a ACBF recebe os seus fundos de subvenção principalmente
de doadores, e não de gestão de dotações ou comércio (tal como proposto
pela ADFC).

IV. ARC como Instituição de Seguros: A ARC foi criada por um Acordo de
Tratado em 2012 ‘para melhorar as suas capacidades de planeamento,
preparação e resposta a Eventos Meteorológicos Extremos e Catástrofes
Naturais’. Tem mais de 30 membros, mas em 2017, o Tratado ainda não tinha
sido ratificado. O Conselho de Administração é constituído por oito
profissionais de alto nível que actuam a título pessoal, todos são eleitos para
o cargo, 5 pelos Membros, 2 pela União Africana e a pessoa eleita para o
cargo de Director Geral pelo Conselho de Administração é um membro ex
officio, sem direito a voto do Conselho. O órgão máximo de tomada de
decisões é a Conferência das Partes (COP). O volume de negócios da
Agência ARC em 2017 foi de aproximadamente 14 milhões de dólares 194, 195.
Nenhuma das agências especializadas da UA tem um perfil semelhante ao da
ADFC proposta, como empresa financeira e social de investimento com um
influxo anual de mais de 250 milhões de dólares.

V. Empresa Social Afiliada: A entidade com um grau de semelhança com a


ADFC (na medida em que fornece produtos e serviços financeiros) é a
Companhia de Seguros ARC Limitada. Contudo, este sistema de seguro
mútuo soberano é uma empresa social, não uma agência especializada da
UA. É uma sociedade mútua de responsabilidade limitada, filial da Agência
ARC, registada nas Bermudas em 2014. Recebeu uma injecção de capital de
mais de 150m milhões de dólares de agências de desenvolvimento incluindo
DFID (Reino Unido) e KfW e BMZ (Alemanha). Entre 2015 e 2018, pagou
32,8 milhões de dólares a 5 países que foram afectadas pelas secas. Esses
países pagaram um prémio total de 14,1 milhões de dólares. A ARC
Insurance é gerida como uma empresa social, sendo o Director Executivo e o
Conselho de Administração nomeados através de um processo de
recrutamento aberto196. Isto indica que uma empresa social que recebe apoio
financeiro de doadores, e está ligada à União Africana, embora não seja uma
Agência Especializada, pode ser uma estrutura adequada para a ADFC. Uma
das vantagens da ligação da UA é que ela concede apoio estratégico e
legitimidade continental. Os fundamentos deste benefício já existem para a
ADFC na medida em que o empreendimento é formalmente um projecto
legado da UA. É importante que a aprovação pela UA da ADFC como um
projecto legado prioritário e inovador seja formalmente renovada e reafirmada
no quadro do processo de implementação da ADFC.

194 Acordo para a Criação da Agência Africana de Capacidade de Risco (ARC), Pretória, 13 de Novembro de 2012

https://www.africanriskcapacity.org/wp-content/uploads/2016/11/AUDecisiontoEstablishARCSA-1.pdf

195 ‘Relatório da Sexta Sessão da Conferência das Partes da Agência Africana de Capacidade de Risco (ARC)’.

14-15 de Março de 2018 Nouakchott, Mauritânia


http://www.africanriskcapacity.org/wp-content/uploads/2018/06/COP6_FINAL-REPORT_EN_20180507.pdf

196 Informação do website ARC sobre capital, impacto e estrutura:


https://www.africanriskcapacity.org/arcltd/https://www.africanriskcapacity.org/impact/
https://www.africanriskcapacity.org/about/who-is-arc/management/# - Acedido em 31 de Janeiro de 2019

Pág. 97
VI. ACBF como Agência de Concessão: ACBF foi criada como uma “agência
autónoma sem fins lucrativos” pela Constituição em 1991. A ACBF é
constituída por mais de 30 países africanos, para além dos membros da
agência internacional de desenvolvimento. Os membros escolhem o
Conselho de Administração que, por sua vez, nomeia um Conselho
Executivo. A ACBF tornou-se uma agência especializada da UA em 2017,
após 26 anos de existência, tendo estabelecido a sua própria estabilidade,
credibilidade e historial. Desde 1991, a ACBF tinha gasto 700 milhões de
dólares em 45 países, uma média anual de 27 milhões de dólares. Em 2016,
o rendimento total desta Fundação não comercial foi de cerca de 22 milhões
de dólares, dos quais cerca de 17 milhões de dólares (75%) foram
subvenções e cerca de 2,4 milhões de dólares (10%) foram contribuições
directas dos membros. O elemento de concessão de subvenções da ACDF é
relevante para a proposta da ADFC para RemitAid™ Development Trust, mas
isto é de importância pouco relevante, uma vez que a ADFC é principalmente
uma instituição que negoceia e gere activamente produtos financeiros.

6.6.2 Avaliação Analítica das Instituições Financeiras Africanas Bem


Sucedidas

As consultas com os principais informadores foram complementadas com uma


extensa revisão e análise de documentos empresariais e legais de organizações e
instituições africanas com estruturas que podem ser relevantes para a ADFC
proposta. Para além da análise das Agências Especializadas da União Africana, foi
realizada uma avaliação pormenorizada de três organizações africanas
continentais197. A avaliação e análise centaram-se no Ecobank, no African Export-
Import Bank (Afreximbank) e na Africa Finance Corporation (AFC) por várias razões.
Tal como a ADFC proposta, estas instituições:

 Surgiram para enfrentar os desafios e oportunidades financeiras existentes


 Desenvolveram e fornecem produtos e serviços de investimento e financeiros
 Empreendem serviços e actividades relevantes para o fluxo e as potencialidades
do financiamento da diáspora.

Além disso, Ecobank, Afreximbank e AFC:

 São governados e geridos eficazmente com base em normas internacionalmente


aceites
 São comercial e financeiramente bem sucedidos em vários produtos e mercados
 Funcionam com elevados níveis de investimentos, transacções e rentabilidade
 São instituições africanas exemplares que começaram como iniciativas de
desenvolvimento lideradas por africanos.

197 Os documentos revistos e avaliados foram: Instrumentos constitutivos como Acordos de Estabelecimento, Cartas, Acordos de Sede,
Relatórios Anuais e Contas Auditadas, Publicações de Relações com Investidores, e Websites de Empresas.
https://www.ecobank.com/grouphttps://afreximbank.com/investor-centre/
https://www.africafc.org/Country-Investor-Relations/Investing-in-AFC.aspx

Pág. 98
6.6.2.1 Estudo de Caso de Ecobank

I. Objectivo e Origens do Ecobank

A visão do Ecobank é ‘construir um banco pan-africano de classe mundial e


contribuir para o desenvolvimento económico e integração financeira da África’e a
missão é ‘proporcionar a todos os nossos clientes produtos e serviços financeiros
convenientes e fiáveis’.Presta diversos serviços financeiros através dos Serviços
Bancários aos Consumidores, Serviços Bancários Comerciais e Serviços Bancários
às Empresas e Investimento. Ecobank é um dos principais fornecedores de serviços
de remessas em África, ao mesmo tempo que oferece serviços especializados de
Contas Correntes da Diáspora. Opera em 36 países da África Subsaariana, como
uma instituição pan-africana que faz a ponte entre os francófonos e anglófonos198.

Nos anos 70/80, a actividade bancária na África Ocidental era dominada por bancos
estrangeiros e estatais. O sector privado considerava esse facto como um factor
restritivo importante para o comércio regional e o desenvolvimento e integração
económica. Isto impulsionou a Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da
África Ocidental a iniciar um projecto de criação de uma instituição bancária regional
privada. Em 1984, Ecopromotions S.A. foi incorporada e utilizada como veículo para
angariar fundos para estudos de viabilidade e promoção do banco regional previsto.
Isto levou à criação do Ecobank Transnational Incorporated (ETI) que é a empresa
holding do Grupo Ecobank199, 200.

II. Estrutura Jurídica, Participação Accionista e Crescimento do Ecobank

A ETI foi constituída em 3 de Outubro de 1985 como uma ‘Sociedade Anónima’


(equivalente a uma sociedade anónima de responsabilidade limitada) na República
do Togo. O capital social autorizado era de 100 milhões de dólares, e o capital inicial
realizado era de 32 milhões dólares. O maior accionista era o braço financeiro de
desenvolvimento da Comissão Económica Regional, ou seja, o Fundo de
Cooperação, Compensação e Desenvolvimento da CEDEAO (Fundo da CEDEAO).
Mais de 1.500 indivíduos e instituições dos países da África Ocidental também
compraram acções, alcançando o objectivo de criar um banco regional liderado pelo
sector privado.

Em 5 de Outubro de 1985, ETI assinou igualmente um Acordo de Sede com o


Governo do Togo que concedeu o estatuto, direitos e privilégios de uma organização
internacional, facilitando as operações efectivas de uma instituição financeira
regional não residente. Entre 1986 e 1988, ETI recebeu assistência técnica do
Citibank, lançando as bases para as operações e o crescimento regional201.

198Relatório Anual do Ecobank 2017:


https://ecobank.com/upload/publication/201803280354538286G3B564AQE/20180425034438836V.pdf

199Website da Federação das Câmaras de Comércio da África Ocidental: https://fewacci.com/background.html - Acedido em 31 de


Janeiro de 2019

200 Website do Ecobank: https://ecobank.com/group/about-us/history - Acedido em 31 de Janeiro de 2019

201Prospecto de 2008 para a Emissão dos Direitos e Oferta de Subscrição de Ecobank TransnationaI Incorporated (ETI)

http://www.annualreportsghana.com/Home/Documents/Circulars/Companies/Ecobank-Transnational-Inc--(Rights-Offer-and-Fresh.aspx

Pág. 99
A ETI iniciou as suas operações com a sua primeira filial no Togo em Março de
1988. Em 1989 iniciou as suas operações em Côte d’Ivoire e na Nigéria, e em 1990
abriu filiais no Gana e no Benim. Essa expansão inicial em importantes mercados
francófonos e anglófonos da África Ocidental foi um elemento central da visão e da
estratégia de integração económica regional. Foi em 1994 que o lucro operacional
líquido ultrapassou a marca dos 5 milhões de dólares, e em 1995 os dividendos
foram pagos pela primeira vez. Em 1998, a ETI recebeu investimento da sociedade
gestora de participações sociais da Arábia Saudita (Saudi Arabian investor Kingdom
Holdings). Em 2006, a ETI foi cotada nas Bolsas de Valores da Nigéria e do Gana e
na bolsa regional da África Ocidental Francófona (BRVM), sediada em Cote D’Ivoire,
servindo 8 países202.

De um capital social de 100 milhões de dólares em 1985, o capital social em 2017


tinha aumentado para 2,17 biliões de dólares, e os principais accionistas eram:
Nedbank (África do Sul) 21,2%; Qatar National Bank (Qatar) 20,1%; International
Finance Corporation (Investimento directo e fundos geridos) 14,1%; Public
Investment Corporation (Para Empregados do Governo, Fundo de Pensões, África
do Sul) 13,5%; Social Security and National Insurance Trust (SSNIT, Gana) 3.9%;
Outros 27,2%. O total de activos em 2017 foi de 22,4 biliões de dólares 203.

III. Governação e Direcção do Ecobank

Os principais documentos de governação do Ecobank são os Estatutos, a Carta de


Governação Corporativa e o Acordo de Sede. O poder último da empresa pertence
aos accionistas, que elegem o Conselho de Administração e lhe delegam poderes.
O Conselho de Administração delega as operações quotidianas do Grupo à Direcção
Executiva, tal como definido nas várias cartas e termos de referência. Os Estatutos
limitam a dimensão do Conselho de Administração a 15 membros, abrangendo: 7 ou
8 representantes de accionistas com participações importantes; 1 representante do
Banco de Investimento e Desenvolvimento da CEDEAO (BIDC); 1 ou 2 Directores
Executivos, incluindo o Director Executivo do Grupo; e 5 directores independentes,
incluindo directores seleccionados das áreas geográficas em que o banco opera. O
Presidente do Conselho de Administração é umDirector independente204.

202 Website do Ecobank: https://ecobank.com/group/about-us/history - Acedido em 31 de Janeiro de 2019

203 Relatório Anual do Ecobank 2017:


https://ecobank.com/upload/publication/201803280354538286G3B564AQE/20180425034438836V.pdf
- Acedido em 31 de Janeiro de 2019

204 ibid

Pág. 100
6.6.2.2 Estudo de Caso de Afreximbank

I. Objectivo e Origens do Afreximbank

A visão do Banco Africano de Exportação-Importação (Afreximbank) é ‘ser o Banco


de Financiamento do Comércio para a África’ e a sua missão é ‘estimular uma
expansão, diversificação e desenvolvimento consistentes do comércio africano,
operando como uma instituição financeira de primeira classe, orientada para o lucro,
socialmente responsável e um centro de excelência em matéria de assuntos
comerciais africanos’. Fornece serviços financeiros ligados ao comércio, incluindo
Linhas de Crédito, Consórcios, e Financiamento Directo de Projectos205. O
Afreximbank é um dos pioneiros do Pré-Financiamento de Fluxo Futuro em África.
Emitiu empréstimos de mais de 250 milhões de dólares a instituições financeiras
africanas, apoiados por fluxos futuros titularizados de remessas206.

Tal como a ADFC, a existência do Afreximbank é o resultado de uma iniciativa


ousada dos promotores africanos que utilizaram produtos e serviços financeiros para
lidar com um conjunto de desafios e oportunidades económicas e financeiras -
facilitada pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD). Na Reunião Geral Anual
do Conselho de Governadores (CG) do BAD, realizada em Junho de 1987 no Cairo,
Egipto, foi aprovada uma resolução solicitando o BAD a realizar estudos de
viabilidade dos mecanismos financeiros destinados a promover o comércio intra-
africano e externo. (O CG é o mais alto órgão de decisão do BAD, constituído
principalmente pelos Ministros das Finanças e Governadores dos Bancos Centrais
da África. Nessa reunião de 1987, foi tomada uma outra decisão importante no
sentido de aumentar o capital autorizado do BAD em 200%)207.

O estudo de viabilidade foi lançado em 1987, mas só foi concluído em 1992. Esse
estudo constituiu a base para a formação do Afreximbank. Com a liderança e apoio
técnico do BAD, o ‘Acordo para a Criação do Banco Africano de Exportação-
Importação (Afreximbank)’ foi assinado e adoptado em 8 de Maio de 1993 em
Abidjan, Cote D’Ivoire. O Acordo necessitou de 10 assinaturas e 7
ratificações/aprovações pelos Estados Participantes e organizações internacionais
para a sua entrada em vigor. O Afreximbank foi formalmente estabelecido na
primeira Assembleia Geral de Accionistas em 27 de Outubro de 1993, em Abuja,
Nigéria. A reunião também adoptou a Carta do Afreximbank que rege a sua estrutura
e as suas operações, e decidiu que a sua sede social seria situada no Cairo, Egipto.
O Acordo de Sede foi assinado com o Governo do Egipto em 31 de Agosto de 1994.
No final do primeiro período financeiro (30 de Setembro de 1994 a 31 de Dezembro
de 1995), 29 países e organizações tinham assinado o Acordo e 16 tinham
ratificado208.

205 Relatório Anual do Afreximbank 2017: https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/demo2.opus.ee/afrexim/ANNUAL-REPORT-2017.pdf

206 Ketkar, Suhas and Ratha, Dilip (Ed,) (2009), Innovative Financing for Development, Washington DC, World Bank
http://pubdocs.worldbank.org/en/335011444766662755/e-book-Innovative-Financing-for-Development.pdf

207Website do Banco Africano de Desenvolvimento: https://www.afdb.org/en/about-us/corporate-information/history/ - Acedido em 31 de


Janeiro de 2919

208Primeiro Relatório Anual do Afreximbank (1994-95):


Afreximbank (1996), Africa Export-Import Bank Annual Report and Statement of Accounts 1994/1995, Cairo, Afreximbank

Pág. 101
II. Estatuto Jurídico, Participação Accionista e Crescimento do Afreximbank

Afreximbank é uma organização multilateral, estabelecida por um tratado


internacional, “para facilitar, promover e expandir o comércio intra-africano e extra-
africano”. É regida pelo ‘Acordo de Estabelecimento’, uma Carta, e um Acordo de
Sede. Como instituição internacional multilateral, tem plena personalidade jurídica.
Nas jurisdições dos Estados Participantes, o Afreximbank goza do estatuto,
imunidades, isenções, privilégios, facilidades e concessões geralmente concedidos
às organizações internacionais. Beneficia igualmente de isenção de impostos e
direitos aduaneiros sobre os seus bens, activos, rendimentos, operações e
transacções209.

Os accionistas são os membros do Afreximbank, e existem quatro tipos de


accionistas, nomeadamente Governos africanos, bancos centrais, instituições
regionais e sub-regionais africanas (Classe A); investidores privados africanos e
instituições financeiras africanas (Classe B); instituições financeiras não africanas,
agências de crédito à exportação e investidores privados não africanos (Classe C);
qualquer pessoa ou entidade jurídica (Classe D). Os accionistas de classe A, B e C
foram definidos no Acordo de Estabelecimento em 1993. Na Reunião Geral
Extraordinária em Dezembro de 2012 em Harare, Zimbabwe, os accionistas do
Afreximbank decidiram aumentar o capital social autorizado do Banco de 750
milhões de dólares para 5 biliões de dólares, sendo 500.000 acções a 10.000
dólares cada. Foitambém criado o novo tipo de accionista de Classe D210.

Em 1995, do capital autorizado de 750 milhões de dólares, o capital total realizado


foi de 137 milhões de dólares (18%). Em 2017, do capital autorizado de 5 biliões de
dólares, o capital social total realizado foi de 2,12 biliões de dólares (42%). Havia
146 accionistas: 45 instituições do sector público africano (Classe A) detinham 58%
das acções emitidas; 86 investidores do sector privado africano (Classe B) detinham
25%; 14 instituições financeiras não africanas (Classe C) detinham 11%. Havia um
investidor de entidade privada (Classe D), nomeadamente a SDM Securities Limited
(Maurícias), que detinha 6% do total das acções emitidas. O total de activos
aumentou de 144 milhões de dólares em 1995 para 11,9 biliões de dólares em
2017211.

III. Governação e Direcção do Afreximbank

O órgão máximo de decisão do Afreximbank é aAssembleia Geral dos Accionistas,


que elege o Conselho de Administração. O Conselho de Administração é constituído
por 10 membros: 4 Directores representando accionistas de Classe A (incluindo um
Director designado pelo Banco Africano de Desenvolvimento); 4 Directores
representando accionistas de Classe B; 2 Directores representando accionistas de
Classe C. O Conselho de Administração mantém vários comités para facilitar uma
governação empresarial adequada. O Director Executivo Principal tem o título de

209 Afreximbank ‘Establishment Agreement’, Charter and Headquarters Agreement - Acedido em 31 de Janeiro de 2019
https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/demo2.opus.ee/afrexim/Agreement-for-the-Establishment-of-Afreximbank-and-the-Charter.pdf

210 Relatório Anual do Afreximbank 2012: https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/demo2.opus.ee/afrexim/Annual-Report-2012.pdf (Página


74)
211 Relatório Anual do Afreximbank 2017: https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/demo2.opus.ee/afrexim/ANNUAL-REPORT-2017.pdf

- Acedido em 31 de Janeiro de 2019

Pág. 102
Presidente e serve simultaneamente como Presidente do Conselho, nomeado pela
Assembleia Geral sob recomendação do Conselho de Administração, por um
mandato de cinco anos, renovável uma vez por mais cinco anos.

O Presidente e a Presidência podem recomendar ao Conselho de Administração a


nomeação de um Primeiro Vice-Presidente Executivo,e um ou mais Vice.Presidentes
Executivos O Presidente, os Vice-Presidentes, os Directores de Departamentos e
os Directores Executivos constituem a Equipa de Gestão. As funções de Secretário
Executivo e de Auditor Interno são também cargos estatutários. O Presidente,
directamente ou por delegação, nomeia a o pessoal directivo, profissional e de
apoio.

6.6.2.3 Estudo de Caso da Sociedade Financeira da África (AFC)

I. Origem e Origens da AFC

A visão da Sociedade Financeira da África (AFC) é: ‘ser a principal instituição


africana no financiamento de infra-estruturas no continente’ e a missão é: ‘promover
o crescimento económico e o desenvolvimento industrial dos países africanos,
proporcionando ao mesmo tempo um retorno competitivo do investimento aos
nossos accionistas’. Os serviços da AFC no desenvolvimento de projectos de infra-
estruturas estão em: dívida, capital social, tesouraria, consultoria, sindicação e
financiamento do comércio. As especialidades do sector são: energia, infra-
estruturas de transportes, indústria pesada, recursos naturais e telecomunicações212.
Em Dezembro de 2006, KPMG produziu um Memorando de Informação para o
Banco Central da Nigéria (CBN), relativo à criação de AFC213. Isto levou a CBN a
criar a AFC em 2007 como uma estrutura para Parcerias Público-Privadas. Foram
feitos investimentos de 204 milhões de dólares em 2008. Oprimeiro conjunto de
contas auditadas abrangeu um período de catorze meses, de 1 de Novembro de
2007 a 31 de Dezembro de 2008, assinado pelos auditores em Agosto de 2009 214.

II. Estrutura Jurídica, Participação Accionista e Crescimento da AFC

A AFC é uma organização multilateral, estabelecida por um tratado internacional de


Estados soberanos africanos, e governada pelo Acordo para a Criação da
Sociedade Financeira Africana (Tratado de AFC), uma Carta, e um Acordo de Sede,
datado de 28 de Maio de 2007. Em Setembro de 2010, o governo nigeriano ratificou
os Instrumentos Constitutivos da AFC e conferiu estatuto diplomático à
organização215.

212 AFC (2018) AFC: An Introduction - Realising the Vision: A Decade of Delivery, Abuja, Africa Finance Corporation
https://www.africafc.org/Publications/Publications-Documents/AN-INTRO-TO-AFC-SEPTEMBER-2018.aspx
O website da AFC tem uma redacção diferente para a missão da AFC, afirmando: “Responder às necessidades de desenvolvimento de
infra-estruturas em África, procurando simultaneamente um retorno competitivo do capital para os seus accionistas”.

213 KPMG (2006) Africa Finance Corporation: Information Memorandum (for Central Bank of Nigeria), Abuja, KPMG Professional Services
https://www.cbn.gov.ng/out/Publications/reports/GOV/2007/rpt12-3-07C.pdf

214 Primeiro Relatório e Contas Anuais da AFC (2008):

https://www.africafc.org/Publications/Publications-Documents/ANNUAL-REPORT-2008.aspx - Acedido em 31 de Janeiro de 2019

215 Relatório e Contas Anuais de 2010 da AFC:


https://www.africafc.org/Publications/Publications-Documents/AFC-ANNUAL-REPORT-2010-ECOPY.aspx - Acedido em 31 de Janeiro
de 2019

Pág. 103
Para AFC, é possível ser um Membro, sem ser um accionista. Os países africanos
podem tornar-se Membros da AFC mediante assinatura e ratificação do Tratado e da
Carta da AFC. Os Membros recebem também o ‘Estatuto de Credor Preferencial’,
que lhes permite o acesso à assistência técnica no desenvolvimento de projectos, e
um custo mais baixo da dívida para projectos de infra-estruturas. No final de 2008,
havia seis países africanos como Membros, representados pelos Bancos Centrais,
Fundos Soberanos e Fundos de Pensões do Estado. Em 2018, este número tinha
aumentado para 17, com mais pedidos em diferentes fases da progressão da
adesão216.

A AFC tem apenas uma classe de Accionista Ordinário com os mesmos direitos e
direito a dividendos, pro rata às participações. Em 31 de Dezembro de 2008, o
capital social autorizado foi de 2 biliões de dólares, dos quais 1,1 biliões de dólares
foram mobilizados, emitidos e integralmente pagos. Havia 38 accionistas, com os
bancos comerciais africanos (principalmente nigerianos) com cerca de 46%, o
governo da Nigéria com 43%, e poucos indivíduos e empresas com 11%. A Nigéria
é o maior accionista, detendo 42% das acções, através do Banco Central da Nigéria.
Em 2017, o capital social e a composição da participação não tinham mudado muito,
mas o total dos activos tinha aumentado de 1,09 biliões de dólares para 4,16 biliões
de dólares.

III. Governação e Direcção da AFC

Todos os membros do Tratado da AFC têm direito a participar na Assembleia Geral


Anual, mas apenas os accionistas detentores de acções de 50 milhões ou mais têm
direito a um assento no Conselho de Administração. O Conselho tem a
responsabilidade última pela formulação de políticas, estratégia e tomada de
decisões, com autoridade específica delegada aos Comités do Conselho e Direcção
Executiva. O Conselho é constituído pelo Presidente, Presidente e Director
Executivo, três altos executivos, e 10 Directores Não Executivos (DNE), incluindo os
DNE independentes. A Direcção Executiva, liderada pelo Presidente e Director
Executivo (CEO) é responsável pelas operações correntes.

Após a assinatura, em Maio de 2007, dos Instrumentos Constitutivos da AFC, o


Governador do Banco Central da Nigéria exerceu o cargo de Presidente do
Conselho de Administração. De 2006 à 2008, os vínculos estreitos entre o Estado
nigeriano, accionista maioritário da AFC e os banqueiros e industriais ricos que
investiram na AFC suscitaram preocupações217. A Declaração do Presidente de
2008 reconheceu esta preocupação, afirmando que “a empresa foi sujeita a um
intenso escrutínio público e inquérito sobre o seu estatuto jurídico, ligações com o
governo anfitrião, e operações internas; no entanto, emergiu com uma equipa forte e
uma série de projectos viáveis”. Em 2009, foi nomeado um novo CEO/Presidente, e
um profissional de investimentos do sector privado foi também nomeado como

216 Relatório e Demonstrações Financeiras Anuais de 2017 da AFC:


https://www.africafc.org/Publications/Publications-Documents/2017-ANNUAL-REPORT-FINAL2.aspx - Acedido em 31 de Janeiro de
2019
217 Novo artigo dos Repórteres do Sahara: - Acedido em 1 de Abril de 2019

http://saharareporters.com/2006/01/14/uba-15-million-finehow-charles-soludo-laundered-cbnafc-funds-through-uba-new-york-branch

Pág. 104
Presidente. O desempenho financeiro e a governação empresarial avançaram muito
na última década, com a AFC a operar com sucesso nos mercados globais218219.

6.6.3 Principais Conclusões e Recomendações sobre a Estrutura da ADFC

As principais conclusões e recomendações relativas à estrutura jurídica e


institucional da proposta Sociedade Financeira da Diáspora Africana (ADFC) são
apresentadas a seguir.

I. Instituição Multilateral Baseada em Tratados: Muitas das instituições


financeiras continentais e globais bem sucedidas orientadas para o
desenvolvimento são estruturadas utilizando o mecanismo comprovado de
instrumentos baseados em tratados para criar instituições multilaterais
(organizações internacionais). Este é o caso do Afeximbank e da Africa
Finance Corporation. Recomenda-se que a ADFC seja estruturada como
uma instituição financeira multilateral através de um tratado assinado
por dez (10) países africanos soberanos, e ratificado por seis (6) desses
signatários do tratado. Para além do Tratado da ADFC, recomenda-se
ainda que a ADFC seja regida por uma Carta da ADFC que incorpora as
melhores práticas de instituições financeiras e empresas sociais
orientadas para o desenvolvimento, e um Acordo de Sede, que confere
imunidades e privilégios diplomáticos à ADFC.

II. Relação com a União Africana: As agências especializadas da União


Africana (UA) são entidades autónomas, mas podem estar sujeitas a
influência política indirecta e a pressões nacionais e regionais indevidas.
Podem também ser consideradas como não sendo totalmente independentes,
ou livres de constrangimentos burocráticos. Como tal, a estrutura não tem
sido utilizada por organizações e instituições envolvidas em actividades
empresariais comerciais e sociais. Recomenda-se que a Comissão da
União Africana (CUA) tenha um assento ex officio no Conselho de
Administração da ADFC, para manter fortes ligações formais, reforçar a
importância da ADFC como uma instituição continental, e reflectir o
facto de que a ADFC é um projecto legado da UA.

III. Mecanismo de Incorporação: É prática corrente as organizações e


instituições envolvidas em actividades comerciais, sociais, caritativas e
filantrópicas se constituírem como sociedade para criar uma entidade jurídica
distinta e separada dos seus membros e/ou proprietários, com o objectivo de
limitar a responsabilidade e facilitar a eficácia operacional. Algumas
instituições constituem-se como sociedade através de registo como
organização sem fins lucrativos, fundação ou trust, empresa privada, ou
empresas públicas, antes de adoptarem outras estruturas institucionais, como
sendo uma Agência Especializada da UA, ou uma Organização Internacional.

218 Primeiro Relatório e Contas Anuais da AFC (2008):


https://www.africafc.org/Publications/Publications-Documents/ANNUAL-REPORT-2008.aspx - Acedido em 31 de Janeiro de 2019

219 Relatório Anual da AFC 2017:


https://www.africafc.org/Publications/Publications-Documents/2017-ANNUAL-REPORT-FINAL2.aspx - Acedido em 31 de Janeiro de
2019

Pág. 105
Recomenda-se que a ADFC utilize um mecanismo único do Tratado da
ADFC para se tornar uma entidade jurídica corporativa, e consolidar um
modelo empresarial social, em que a participação na ADFC é nominal, e
os lucros e excedentes são principalmente reinvestidos e
desembolsados para a concessão de subvenções RemitAid™
Development Trust (RDT), em vez de serem distribuídos aos accionistas.

IV. Apoio Técnico e de Lançamento: CEDEAO, Citibank, Banco Africano de


Desenvolvimento, e Banco Central da Nigéria desempenharam funções
essenciais no lançamento e sucesso do Ecobank, Afreximbank e Africa
Finance Corporation. Prestaram apoio técnico e financeiro, e actuaram como
paladinos e mentores para essas empresas. DFID, KfW e BMZ também
forneceram capital inicial para o arranque da companhia de seguros soberana
mútua ARC. Recomenda-se que a ADFC procure obter apoio técnico, de
aconselhamento, lançamento, colaboração e desenvolvimento das
instituições de desenvolvimento africanas e globais relevantes, com
vista a aumentar a viabilidade, complementaridade, sinergia e
sustentabilidade.

7. Avaliação de Exequibilidade e Viabilidade


As principais questões de exequibilidade e de viabilidade são: é praticamente
possível criar uma Sociedade Financeira da Diáspora Africana (ADFC) que conceba,
embale, comercialize e administre Obrigações regulamentadas, Fundos Mútuos e de
Dotação Mútua?; ‘vale a pena, numa perspectiva de desenvolvimento e comercial,
fornecer a carteira de produtos e serviços da ADFC? A prova de viabilidade da
ADFC é apresentada nos factos e observações analíticas resumidos abaixo.

7.1 Exequibilidade e Viabilidade Estruturais e de Mercado

A exequibilidade e viabilidade da ADFC como uma instituição multilateral baseada


em tratados, com um modelo de negócio de empresa social, que fornece
Investimentos de Carteira da Diáspora (DPI) e produtos e serviços financeiros
inovadores baseia-se em diversos factores determinantes, incluindo os factores
práticos a seguir indicados. Estes factores de exequibilidade e viabilidade reflectem
os potenciais pontos fortes da organização interna da ADFC, bem como as
oportunidades estratégicas e de parceria externas.

I. Modificação de Produtos e Formatos Padrão: A proposta da ADFC baseia-


se numa inovação bem pesquisada e analisada, fundamentada em produtos,
estruturas e sistemas padrão testados, comprovados e bem sucedidos. As
Obrigações da Diáspora, os Fundos Mútuos da Diáspora e o Fundo de
Dotação da ADFC são baseados em Investimentos de Carteira padrão e
financiamentos inovadores, modificados para capitalizar os recursos
relacionados com a diáspora e a migração. A estrutura jurídica, o sistema
operacional e o pessoal qualificado necessários para uma ADFC bem
sucedida já existem nos principais sectores financeiros e de desenvolvimento.
Os recursos, esforços e acções necessários para mobilizar os factores de
produção e activar as operações da ADFC são bem pesquisados, analisados
e documentados.

Pág. 106
II. Arquitectura de Mercado do DPI em África: A revisão e análise exaustivas
realizadas mostram que os pilares de um sector de DPI africano dinâmico
foram implementados nos últimos 15 anos. Para o subsector de DPI das
Obrigações da Diáspora, o excesso de subscrições das Obrigações da
Nigéria de 2017 demonstra que as lições foram aprendidas sobre como
angariar montantes substanciais a taxas competitivas, em conformidade com
os regulamentos internacionais do Mercado de Capitais. Para o subsector de
DPI dos Fundos Mútuos, existe um mercado viável em África através das
diferentes Bolsas de Valores, produtos dos bancos de investimento, e um
mercado de obrigações continental em crescimento, apoiado pelo Banco
Africano de Desenvolvimento (BAD) através da Iniciativa Africana para os
Mercados Financeiros (AFMI).

III. Necessidade de Investimento em África: A necessidade de novas fontes de


fundos para infra-estruturas e desenvolvimento geral em África é grande. De
acordo com a CNUCED, o défice anual de financiamento dos Objectivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) em África é estimado em cerca de 210
biliões de dólares220. O BAD estima que a necessidade anual de investimento
se situa entre 130 e 170 biliões de dólares, com um défice de financiamento
anual que varia entre 68 e 108 biliões de dólares221.

IV. Marketing Transnacional e Inclusivo: A dupla necessidade de


desenvolvimento de um programa de investimento a nível continental e um
programa de mobilização de recursos da diáspora africana inclusiva
apresentaram-se como uma oportunidade de mercado. A ADFC está a
aproveitar a oportunidade, preenchendo assim uma lacuna no mercado e
sector de financiamento do desenvolvimento africano e internacional. Os
princípios de transnacionalidade e inclusividade significam que a ADFC
comercializará as suas Obrigações da Diáspora não só à primeira geração da
diáspora, mas também à diáspora multigeracional, bem como aos amigos não
pertencentes à diáspora da África, incluindo fundos éticos e organismos
multilaterais. As receitas serão também gastas em projectos elegíveis e
viáveis nos 55 países da União Africana.

V. População da Diáspora como Base de Clientes: Em 2017, do número total


de migrantes africanos de 36,3 milhões, 16,9 milhões estavam fora da África,
enquanto 19,4 milhões viviam em outros países africanos222. Estes números
são uma sub-estimativa da diáspora africana, uma vez que excluem muitos
migrantes a longo prazo que se tornaram cidadãos no seu país de residência,
bem como a diáspora da segunda geração e multigeracional. Segundo uma
estimativa conservadora, o número de migrantes africanos da primeira
geração que vivem fora da África é de 17 milhões. O Banco Mundial estimou
que a população da diáspora africana global em 2008 era de 170 milhões,
220United Nations (2016), Economic Development in Africa Report: Debt Dynamics and Development Finance in Africa, Geneva and New York,
United Nations https://unctad.org/en/PublicationsLibrary/aldcafrica2016_en.pdf

221 AfDB (2018), African Economic Outlook 2018, Abidjan, African Development Bank
https://www.afdb.org/fileadmin/uploads/afdb/Documents/Publications/African_Economic_Outlook_2018_-_EN.pdf

222 Dados de migração da Divisão de População de UNDESA:


http://www.un.org/en/development/desa/population/migration/data/estimates2/estimatesgraphs.shtml?0g0 - Acedido em 31 de Janeiro de
2019

Pág. 107
abrangendo: 39 milhões na América do Norte; 113 milhões na América Latina;
14 milhões nas Caraíbas; e 4 milhões na Europa223.

VI. Volume das Poupanças da Diáspora: A estimativa preliminar do Banco


Mundial em 2011 era de que a poupança anual da diáspora africana nos
países de residência era de 52,7 biliões de dólares (incluindo os migrantes
africanos dentro do continente africano). 30,4 biliões de dólares foram
atribuíveis a 21,8 milhões de pessoas das diásporas da África Subsaariana, e
22,3 biliões de dólares foram poupanças de 8,7 milhões da diáspora da África
do Norte. A estimativa das poupanças da diáspora limita-se às ‘pessoas
nascidas num país mas que actualmente vivem fora do país’224. Não inclui os
100 biliões de dólares detidos pela diáspora africana multigeracional e
diáspora histórica africana nas Américas e na Europa. Utilizando os números
do Banco Mundial, calcula-se que a média anual de poupanças dos migrantes
da África Subsaariana é: 1.395 dólares; e a média da poupança anual dos
migrantes da África do Norte é de 2.560 dólares. Esta estimativa não reflecte
o rendimento mais elevado dos migrantes em 2019, particularmente os da
América do Norte e da Europa. Utilizando estas estimativas conservadoras, a
poupança média anual dos migrantes africanos é calculada em 1.980
dólares, e o volume da poupança anual dos migrantes africanos é
de:33,7 biliões de dólares (ou seja, 1.980 dólares x 17 milhões de
migrantes).

VII. Acesso à Diáspora e aos Investidores de Impacto:Se a ADFC atrair um


investimento de 1% da poupança anual dos migrantes africanos de 33,7
biliões de dólares, isto implicará um fluxo de 337 milhões de dólares
para as Obrigações e Fundos Mútuos da Diáspora todos os anos. Além disso,
se a ADFC conseguir angariar 1.000 dólares de 1% dos 40 milhões da
diáspora africana na América do Norte, os fluxos anuais serão de mais
400 milhões de dólares. Desde 2015, a AFC tem emitido com sucesso
Obrigações Empresariais com subscrição excessiva nos mercados
internacionais de capitais, angariando mais de 5 biliões de dólares 225. O
desafio comercial e empresarial de alcançar estes investidores migrantes, da
diáspora e de impacto ético é parte integrante do trabalho estratégico e
operacional da ADFC. Plataformas de gestão de fundos padrão e
personalizadas, baseadas na Internet e em plataformas móveis, permitem às
instituições financeiras gerir milhões de contas de clientes como uma questão
de rotina. Além disso, as empresas de classificação de crédito, perfil e outros
dados são capazes de facilitar o marketing direccionado e o envolvimento
com categorias específicas de potenciais clientes. No quadro das operações
de rotina, a equipa de marketing da ADFC seguirá estes investidores de
forma diligente e profissional, em conformidade com os regulamentos e
normas éticas. Em 2008, estimou-se que as Obrigações da Diáspora Africana

223 World Bank (2012) Frequently Asked Questions: African Diaspora, Washington DC, World Bank

https://siteresources.worldbank.org/INTDIASPORA/Resources/AFR_Diaspora_FAQ.pdf

224 Ratha, Dilip and Mohapatra, Sanket (2011), Migration and Development Brief 14, Washington DC, World Bank
http://siteresources.worldbank.org/INTPROSPECTS/Resources/334934-
1288990760745/MigrationAndDevelopmentBrief14_DiasporaSavings.pdf - Acedido em 31 de Janeiro de 2019
225 Website da AFC: https://www.africafc.org/Country-Investor-Relations/Funding-Programs.aspx - Acedido em 1 de Abril de 2019

Pág. 108
podem angariar 5-10 biliões de dólares por ano226. Contudo, a diferença entre
a intenção da diáspora de investir e o investimento real é grande 227, daí a
necessidade de dispor de mecanismos de investimento apropriados, tal como
proposto pela ADFC.

VIII. Incentivos de Desenvolvimento Comparáveis: As organizações e agências


que apoiam o desenvolvimento em África e em outros países em
desenvolvimento beneficiam de diversos sistemas de incentivos fiscais e
financeiros na OCDE, GCC e outros países. Incluem: Benefícios fiscais da
Gift Aid disponíveis para instituições de caridade que recebem donativos de
contribuintes do Reino Unido; programas de incentivos a empresas como o
Alívio Fiscal ao Investimento Social (SITR), o Fundo de Capital de Risco
(VCT) e o Programa de Investimento nas Empresas de Sementes (SEIS);
deduções fiscais dos EUA para donativos a organizações qualificadas
‘Secção 170(c)228. Estes programas estão em conformidade com as políticas
que visam incentivar e reforçar as actividades que permitem alcançar os
Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e outros índices de
desenvolvimento humano. As remessas dos migrantes e da diáspora fazem
contribuições significativas e substanciais para os ODS, mas não beneficiam
de incentivos fiscais e financeiros. O Financiamento de Contrapartida de
Remessas (RMF) através do Fundo de Dotação da ADFC proporciona
incentivos justos e razoáveis aos migrantes e diáspora, comparáveis a
benefícios fiscais, descontos e isenções de que beneficiam outros actores do
desenvolvimento229.

IX. Fluxos de Rendimentos Comerciais e Não Comerciais: A ADFC propõe


começar com uma Obrigação da Diáspora de 100 milhões de dólares, um
Fundo Mútuo de 100 milhões de dólares e um Fundo de Dotação de 50
milhões de dólares (dos quais 10 milhões vão directamente para o fundo de
subvenção de RemitAid™ Development Trust ). Isso permitirá criar um fundo
comum de 240 milhões de dólares sob a gestão da ADFC. Se a Taxa de
Gestão for inicialmente fixada em 1%, contribuirá com 2,4 milhões de dólares
para o volume de negócios. Poderão ser cobradas taxas e comissões
adicionais de transacção. Os juros e dividendos dos investimentos a prazo da
ADFC constituirão um rendimento comercial importante. São calculados como
rendimentos brutos, menos os impostos, as taxas e os pagamentos aos
investidores sob a forma de juros das Obrigações da Diáspora e
compromissos do Fundo Mútuo. No quadro do ‘programa de lançamento’ da
ADFC, serão produzidos Sistemas completos de Prestação de Serviços
(SDO), plano de actividades e orçamentos abrangentes. A ADFC poderá

226 Ratha, Dilip Mohapatra, Sanket and Plaza, Sonia (2008), Beyond Aid: New Sources and Innovative Mechanisms for Financing
Development in Sub-Saharan Africa, Policy Research Working Paper 4609, Washington DC, World Bank
file:///C:/Users/user/AppData/Local/Packages/Microsoft.MicrosoftEdge_8wekyb3d8bbwe/TempState/Downloads/SSRN-
id1149112%20(1).pdf - Acedido em 1 de Abril de 2019

227 Commonwealth Secretariat (2016), Action to Expand the Economic Impact of Diaspora Finance: Discussion Note, Commonwealth

Senior Finance Officials, London, Commonwealth Secretariat


http://thecommonwealth.org/sites/default/files/inline/FMM16O3%20-%20SOM_Diaspora.pdf

228Website do Governo do Reino Unido: https://www.gov.uk/donating-to-charity/gift-aid


229No quadro do ‘programa de lançamento’ da ADFC, a ADFC trabalhará com a OCDE e outros parceiros para analisar todos os
benefícios fiscais relevantes e comparáveis e outros programas de desenvolvimento e incentivos ao investimento.

Pág. 109
também receber apoio técnico e financeiro para o lançamento, bem como
apoio contínuo não comercial. A existência de um significativo Fundo de
Dotação da Diáspora do Financiamento de Contrapartida de Remessas
(RMF) sob a gestão da ADFC reforçar a comercialização das Obrigações da
Diáspora e dos Fundos Mútuos da Diáspora.

X. Política de Excedentes: O modelo empresarial da ADFC é baseado em:


atrair 200 milhões de dólares de investimento no seu primeiro Fundo Mútuo
da Diáspora e Obrigações da Diáspora de migrantes africanos, diásporas
multigeracionais, e impacto e investidores ‘amigos da África’ éticos; angariar
50 milhões de dólares no primeiro ano através do mecanismo financeiro
inovador do Financiamento de Remessas de Fundos (RMF) de 2-3 países da
OCDE participantes; reinvestir no desenvolvimento de empresas sociais da
ADFC; constituir reservas organizacionais da ADFC; desembolsar excedentes
para uma subvenção e co-financiamento de RemitAid™ Development Trust
(RDT). Considerando que não há accionistas comerciais, haverá uma
distribuição mínima ou nenhuma distribuição de lucros/excedentes.

XI. Política de Retorno Financeiro: Dado que os investidores não são


accionistas da própria entidade jurídica da ADFC, convém que a ADFC
adopte uma ‘Política de Retorno Financeiro’ mais vasta, em vez de uma
‘Política de Dividendos’. Os critérios e a base de cálculo dos retornos aos
investidores devem ser claramente estabelecidos nos prospectos relevantes
para cada produto, em conformidade com os regulamentos. Os retornos dos
investimentos em Obrigações da Diáspora serão através do pagamento de
juros, com base em taxas fixas ou variáveis. Estes são pagos a partir dos
rendimentos e excedentes obtidos pela ADFC através do seu investimento de
Fundos de Obrigações em projectos e empreendimentos de infra-estruturas e
desenvolvimento em África. Os retornos dos Fundos Mútuos e de Dotação
serão através da partilha dos rendimentos dos investimentos a prazo da
ADFC em acções e títulos. Estes rendimentos serão principalmente sob a
forma de dividendos sobre acções e títulos, ganhos líquidos de capital sobre
participações, e Valor Líquido Patrimonial (NAV) da carteira. A ADFC deve
assegurar que os retornos sejam competitivos em comparação com produtos
complementares no mercado internacional, mesmo quando for claro que a
diáspora, o impacto e os investidores éticos estão preparados para aceitar
‘descontos patrióticos e de desenvolvimento’. Em vez de reduzir as taxas de
rendimento financeiro, a ADFC deve utilizar a ‘boa vontade patriótica e de
desenvolvimento’ para encorajar a lealdade dos investidores, o reinvestimento
e a expansão das participações; e para oferecer a oportunidade e os
mecanismos que permitem aos investidores fazer contribuições filantrópicas
para o RemitAid™ Development Trust (RDT).

XII. ADFC Pronto para Lançamento: A oferta única da ADFC significa que não
tem concorrentes directos. Os produtos das Obrigações e do Fundo Mútuo da
Diáspora não estão em oferta geral em África, apesar do imenso interesse. O
Fundo de Contrapartida de Remessas como financiamento inovador não está
actualmente disponível. O tempo e as circunstâncias são oportunos para o
lançamento da ADFC como um empreendimento transformador da diáspora e
do continente. Serão realizadas informações detalhadas do mercado e

Pág. 110
análises de devida diligência para cada lançamento de produto da ADFC,
mas o mercado emergente de DPI e financiamento inovador está pronto para
um líder continental ambicioso e socialmente responsável, em linha com os
compromissos da UA para que a ADFC seja um projecto legado.

7.2 Viabilidade do Modelo de Empresa Social: Descrição dos Perfis

Duas das empresas sociais de maior sucesso no mundo são o Tata Group e
Mondragon Corporation. A África não tem o equivalente a estas empresas sociais. A
ADFC pode tornar-se não só pioneira e líder na diáspora e no financiamento
inovador, mas também um exemplo de empresa social e de negócio responsável.

Os perfis gerais do Tata Group and Mondragon Corporation são apresentados a


seguir.

I. Perfil de Tata Group: O conglomerado multinacional indiano Tata Group foi


fundado em 1868. Opera em mais de 100 países em todo o mundo,
empregando mais de 702.000 pessoas, e está estruturado como uma
empresa social. É líder de mercado em muitos aspectos do comércio e da
indústria, mas 66% do seu capital social (detido pela Tata Sons holding
company) pertence a um conjunto de cinco fundos caritativos e filantrópicos,
que apoiam a educação, a saúde e os meios de subsistência. Os fundos de
Tata remontam a 1892. As empresas são comercialmente as melhores da
categoria, e os lucros gerados são utilizados para o desenvolvimento
humano. Em 2017/18, o rendimento consolidado de Tata Group foi de 110,7
biliões de dólares, e a capitalização de mercado combinada foi de 145,3
biliões de dólares230. Em 2016/17, os fundos filantrópicos que detêm dois
terços do Tata Group, tinham rendimentos combinados de 460 milhões de
dólares, fundos e reservas de 850 milhões de dólares, e desembolsaram
subvenções de 98 milhões de dólares231.

II. Perfil de Monfragon: Mondragon Corporation é um conglomerado


multinacional espanhol fundado em 1956. Opera como uma cooperativa, com
todos os lucros destinados a projectos sociais, reinvestimento e recompensa
ao pessoal que é co-proprietário nas cooperativas de trabalhadores. Os
negócios de Mondragon são nos domínios de finanças, indústria, comércio a
retalho e educação. Em 2017, operou 98 cooperativas e 146 filiais em 97
países, empregando 80.800 pessoas. O seu rendimento foi de 11,9 biliões de
euros (cerca de 16 biliões de dólares)232.

7.3 Fundamentação e Viabilidade das Obrigações da Diáspora da ADFC

As observações de exequibilidade e viabilidade indicam porque é que as Obrigações


da Diáspora da ADFC são praticamente possíveis, e teriam um impacto a nível do
desenvolvimento e seriam financeiramente rentáveis.

230 Website de Tata Trusts: https://www.tata.com/business/tata-sons


231 Tata Trusts 2016-17 Annual Report https://www.tatatrusts.org/upload/pdf/tata-trusts-srtt-consolidated-16-17.pdf
232 Mondragon 2016-17 Report https://www.mondragon-corporation.com/en/about-us/economic-and-financial-indicators/annual-report/

- Acedido em 31 de Janeiro de 2019

Pág. 111
I. Lições das Emissões de Obrigações da Diáspora: As principais lições
aprendidas com as falhas anteriores das Obrigações da Diáspora em África
foram integradas na estruturação da ADFC e da sua carteira de produtos. As
principais lições são: não restringir as vendas de Obrigações aos cidadãos,
mas colocá-las à disposição da diáspora e dos amigos da África,
independentemente da nacionalidade; emitir Obrigações em moeda
internacional através de mecanismos internacionais do Mercado de Capitais;
não limitar os níveis de investimento por indivíduo; e comercializar
Obrigações através de instituições financeiras regulamentadas e
intermediários licenciados. As consultas das Obrigações da Diáspora em
2011-12 indicaram que a diáspora tinha a percepção de que os governos
africanos não pagam as suas dívidas, e que é provável que convertam as
receitas das Obrigações em utilizações ilícitas devido à corrupção. Também
foi considerado que é inadequado e ineficaz que os funcionários
governamentais e diplomatas, que não são profissionais financeiros
acreditados, sejam os principais comerciantes de Obrigações da Diáspora 233.
No que diz respeito às Obrigações da Diáspora Etíope, observou-se que um
dos factores que causou o seu fracasso foi que as organizações anti-
governamentais da diáspora montaram uma oposição coordenada ao
programa234. Essas conclusões fazem parte da justificação de uma instituição
financeira profissional independente, sob a forma de ADFC.

II. Oportunidades de Projectos de Investimento: As informações sobre a


emissão de Obrigações Soberanas Africanas mostraram a sua viabilidade e
atractividade nos mercados internacionais de capitais. Este é também o caso
das infra-estruturas e das Obrigações Empresariais baseadas em projectos.
O funcionamento no âmbito das regras do Mercado internacional de Capitais
atenua muitos dos riscos subjacentes e percepções negativas associadas à
África. Um dos principais factores para a atracção das Obrigações Africanas é
a viabilidade financeira dos projectos a serem financiados. Devido à
necessidade de infra-estruturas e desenvolvimento relacionado, as
oportunidades de negócio e investimento em África são grandes, tal como
demonstrado por avaliações fidedignas das perspectivas económicas e de
desenvolvimento para a África235, 236, 237, 238.

233 O autor deste relatório conduziu as consultas sobre as Obrigações da Diáspora e estudos de mercado com a diáspora no Reino Unido,

no âmbito da Common Ground Initiative (2011-14), apoiada pelo Departamento do Desenvolvimento Internacional (DFID) e Comic Relief.

234 Beyene B. M. (2017) The Grand Ethiopian Renaissance Dam and the Ethiopian Diaspora, Online, Aiga Forum

http://aigaforum.com/articles/GERD-and-the-Ethiopian-Diaspora.pdf - Acedido em 1 de Abril de 2019

235 AfDB (2017), African Economic Outlook 2017: Empreendedorismo e Industrialização, Abidjan, Banco Africano de Desenvolvimento

(BAD), Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD)
http://www.undp.org/content/dam/rba/docs/Reports/African_Economic_Outlook_2017_EN.pdf

236 AfDB (2019), African Economic Outlook 2019, Abidjan, African Development Bank
https://www.afdb.org/fileadmin/uploads/afdb/Documents/Publications/2019AEO/AEO_2019-EN.pdf

237 World Bank (2019), Global Economic Prospects: Darkening Skies, Washington DC, World Bank
file:///C:/Users/user/AppData/Local/Packages/Microsoft.MicrosoftEdge_8wekyb3d8bbwe/TempState/Downloads/9781464813863%20(1).p
df

238 African Union et al (2018), Africa Sustainable Development Report: Towards a transformed and resilient continent, Addis Ababa,
African Union, UN Economic Commission for Africa, African Development Bank and United Nations Development Programme

Pág. 112
III. Objectivo de Investimento Prudente: O objectivo de investimento inicial
prudente é fixado em 100 milhões de dólares, com base em provas empíricas
de sucesso e fracasso de obrigações relevantes em África. As obrigações da
diáspora etíope deviam financiar projectos hidroeléctricos que custaram cerca
de 5 biliões de dólares. A viabilidade de angariar biliões de dólares através de
obrigações da diáspora africana é questionável. Por outro lado, a Nigéria
aumentou o seu objectivo de investimento em Obrigações da Diáspora de 100
milhões de dólares para 300 milhões de dólares, e a emissão em 2017
excedeu a subscrição em 130%. Isto indica que um objectivo de 100 milhões
de dólares para uma Obrigação da Diáspora continental africana (incluindo
investidores da diáspora nigeriana) é razoável e prudente. No quadro da
embalagem e da devida diligência para a primeira emissão de Obrigações da
Diáspora da ADFC, a meta será revista para assegurar que a ADFC capitaliza
de forma optimizada as condições prevalecentes no mercado. A ADFC
também garantirá que dispõe de uma linha adequada e de uma série de
projectos prontos para investimento, no caso de ser capaz de gerar mais de
100 milhões de dólares na primeira emissão.

IV. Apoio Complementar a Parceiros: A emissão de obrigações soberanas e


empresariais exige que os bancos, os escritórios de advogados e outras
organizações jurídicas e consultivas desempenhem um papel. As Obrigações
da Diáspora como forma de financiamento internacional do desenvolvimento
exigem que os parceiros de desenvolvimento, tais como doadores e
Instituições Financeiras de Desenvolvimento (IFD), forneçam garantias
financeiras e outras formas de apoio financeiro e organizacional ao
desenvolvimento. Ao conceber uma Obrigação da Diáspora única, a ADFC
deve congregar organizações e redes da diáspora, e instituições de
desenvolvimento como parceiros. Isto facilita um quadro integrado,
complementar e sinérgico para optimizar a aquisição e o impacto
socioeconómico das Obrigações da Diáspora da ADFC.

V. Investimento Específico de Projecto Transparente: O facto de as receitas


da Obrigação da Diáspora da ADFC não irem para fundos do tesouro
nacional ou outros fundos de finalidade geral é de particular importância para
os investidores da diáspora. A especificidade baseada em projectos permite
aos investidores identificar e determinar para onde vão os seus fundos e para
que resultados directos de desenvolvimento contribuem, aumentando a sua
satisfação, orgulho e empenho no investimento para o desenvolvimento em
África. Isto é particularmente relevante, uma vez que muitos investidores
financiarão projectos nos países dos quais não são originários. A
simplicidade, transparência e rastreabilidade ajudam a reforçar a confiança da
diáspora na ADFC, considerando que a desconfiança, suspeita e cepticismo
em relação às instituições africanas é generalizada. A abordagem baseada
em projectos também permite à ADFC proporcionar assistência técnica
significativa (no planeamento da preparação do investimento) a diversos
projectos e programas, alguns dos quais podem ter acesso a financiamento
através de outras fontes não pertencentes à ADFC.

file:///C:/Users/user/AppData/Local/Packages/Microsoft.MicrosoftEdge_8wekyb3d8bbwe/TempState/Downloads/undp-rba-asdr-
2018_en%20(1).pdf

Pág. 113
VI. Foco na Produtividade e no Impacto: Através da eficiência e elevados
níveis de produtividade, os resultados e impactos do desenvolvimento dos
investimentos em títulos da Diáspora da ADFC serão expandidos e
melhorados. As parcerias e apoios complementares dos intervenientes, a
infra-estrutura financeira regulamentada, os conhecimentos técnicos e de
desenvolvimento de projectos e todos os outros activos tangíveis e técnicos
serão utilizados de forma eficaz para melhorar os resultados e os impactos.
Na prática, isto significaria utilizar a plataforma da ADFC para comercializar
outras obrigações relevantes, fornecer serviços técnicos e financeiros
suplementares, e ajudar os projectos de investimento a optimizar o seu
desempenho e resultados.

VII. Emissões de Obrigações de Empresas: A maioria dos projectos de


desenvolvimento em África envolve o sector privado como responsáveis ou
como intervenientes em Parcerias Público-Privadas (PPP). Veículos de Fins
Especiais (SPV) e outras estruturas jurídicas são utilizados conforme for
necessário para estruturar contratos. As instituições financeiras privadas
africanas emitem regularmente com sucesso Obrigações Empresariais de
curto prazo239. Em Abril de 2017, a Africa Finance Corporation tornou-se a
segunda empresa africana a emitir uma Corporate Eurobond por um período
superior a 5 anos. A Eurobond da AFC foi de 500 milhões de dólares, por 7
anos, a 4%. Foi subscrito em excesso quase 5 vezes, atraindo ofertas de 2,4
biliões de dólares, de 231 investidores. Como ocorreu com o sucesso da
Obrigação da Diáspora Nigeriana, a AFC empreendeu uma vasta campanha
de marketing e de compromisso antes do seu lançamento no Reino Unido,
EUA e outros centros do mercado de capitais240. Angariou 5 biliões de dólares
através de Corporate Bonds desde 2015241. A ADFC procurará acompanhar o
acesso a este mercado de investimento para complementar os investidores
da diáspora.

VIII. Síntese do Desempenho da AFC Considerando a imensa necessidade de


infra-estruturas e fundos de desenvolvimento, a ADFC pode, até certo ponto,
reflectir a trajectória de crescimento da AFC. O seu rendimento líquido em
2008 foi de 4,4 milhões de dólares. Em 2009 fez o seu primeiro investimento
sob a forma de dívida no Gana, em 2011 teve investimentos de 775 milhões
de dólares, e em 2015 teve projectos em 22 países e uma carteira combinada
de investimentos em dívida e acções de 3,2 biliões de dólares. Em 2017, o
lucro líquido foi de 100 milhões de dólares242.

239 INSEAD (2012), African High Yield Corporate Bond Market, Paris, INSEAD
https://www.insead.edu/sites/default/files/assets/dept/centres/gpei/docs/insead-student-african-corporate-bond-market-oct-2012.pdf

240 Notícias empresariais do Standard Bank: - Acedido em 1 de Abril de 2019


https://corporateandinvestment.standardbank.com/CIB/Latest-News/Standard-Bank-leads-on-2016-Eurobond-issuance-in-Africa

241 Website da AFC: https://www.africafc.org/Country-Investor-Relations/Funding-Programs.aspx - Acedido em 31 de Janeiro de 2019

242 Relatório e Demonstrações Financeiras Anuais de 2017 da AFC:


https://www.africafc.org/Publications/Publications-Documents/2017-ANNUAL-REPORT-FINAL2.aspx - Acedido em 31 de Janeiro de
2019

Pág. 114
7.4 Fundamentação e Viabilidade dos Fundos Mútuos da Diáspora da ADFC

As observações de exequibilidade e viabilidade indicam porque é que os Fundos


Mútuos da ADFC são praticamente possíveis, e teriam um impacto a nível do
desenvolvimento e seriam financeiramente rentáveis.

I. Contas Online e Móveis: Através do envio de remessas, os migrantes e a


diáspora estão habituados a fazer pequenas transferências financeiras
regulares para África. A subscrição dos Fundos Mútuos da ADFC reflectirá
este comportamento financeiro, uma vez que os investidores da diáspora
podem fazer pequenos investimentos regulares, através de plataformas online
e móveis de fácil utilização. A diáspora também está habituada a fazer
transferências através destes mecanismos de Fintech. Mesmo os Operadores
de Transferência de Dinheiro (MTO) mais tradicionais utilizam plataformas
online e aplicações móveis, e é típico dos migrantes e da diáspora terem
contas online e baseadas em aplicações com múltiplas MTO.

II. Regulamentos e Normas Internacionais: A ADFC irá registar-se junto dos


reguladores do mercado internacional de capitais e cumprir as regras de
marketing financeiro. Isto dará confiança aos investidores da diáspora,
sabendo que a ADFC é regulada por autoridades no Reino Unido, EUA e
outras jurisdições internacionais. Uma das normas internacionais para Fundos
Mútuos é que os investimentos são flexíveis, podendo os investidores retirar
os seus fundos a curto prazo, normalmente no prazo de 7 a 28 dias. Esta
flexibilidade faz com que os Fundos Mútuos sejam semelhantes às Contas de
Poupança bancárias, com as quais a diáspora está familiarizada. As normas
internacionais proporcionam vantagens de comercialização à ADFC.

III. Melhores Rendimentos Financeiros: As taxas de juro na América do Norte


e Europa têm sido muito baixas durante a última década. Isto significa que o
rendimento da poupança no seio da diáspora é muito baixo. Os Fundos
Mútuos da ADFC irão oferecer melhores rendimentos financeiros aos
investidores. Dado que a ADFC denominará os seus investimentos em
dólares e outras moedas internacionais, o principal problema de depreciação
das moedas africanas não é uma preocupação relevante para os investidores
da ADFC. Os rendimentos financeiros atractivos significam também que a
ADFC pode ter acesso a um número significativo de investidores ‘Amigos da
África’, que não são da diáspora. Entre outros títulos, os Fundos Mútuos da
Diáspora investirão numa série de Obrigações do Estado e Bilhetes do
Tesouro emitidos em moedas locais.

IV. Acesso ao Financiamento para Migrantes: Há milhões de migrantes e


diásporas africanos que estão efectivamente excluídos do acesso aos
serviços financeiros nos seus países de residência. A exclusão financeira
pode dever-se ao estatuto de baixo rendimento, emprego temporário,
itinerante e precário, estatuto de imigração irregular ou não regularizada ou
outros factores que impossibilitam, tornam indesejável ou inseguro o acesso
aos serviços financeiros. Os Fundos Mútuos da ADFC com baixos níveis de
investimento de 100 dólares, fácil entrada e saída, fácil acesso através da
Fintech, aplicações online e móveis, permitirão à diáspora africana

Pág. 115
financeiramente excluída aceder e participar nos fundos de desenvolvimento
ético em África.

V. Envolvimento Produtivo da Diáspora: Os Fundos Mútuos da ADFC


oferecem diferentes tipos de serviços de investimento flexíveis e de fácil
acesso. Isto permite às diásporas africanas que são reticentes ao risco darem
os primeiros passos no sentido de um envolvimento económico e financeiro
produtivo em África. Os investidores dos Fundos Mútuos incluirão diásporas
de alto, médio e baixo rendimento, incluindo profissionais e reformados. O
investimento bem sucedido nos Fundos Mútuos da ADFC levará
provavelmente à repetição e expansão do investimento, e ao envolvimento
em diferentes aspectos do desenvolvimento africano, em todo o continente.

VI. Mercados de Capitais e de Desenvolvimento Rentáveis Para além de


instituições financeiras internacionais especializadas, as instituições
financeiras africanas continentais têm investido com sucesso e de forma
rentável no mercado africano de infra-estruturas e de desenvolvimento.
Instituições privadas e público-privadas como o Ecobank e o Afreximbank têm
estado a obter benefícios importantes dos seus diversos investimentos em
África. Isto demonstra que a necessidade óbvia de desenvolvimento em
África é também uma procura comercial genuína, com benefícios comerciais
e margens de rentabilidade.

VII. Crescimento de Instituições Financeiras Comparáveis: Na última década,


o Ecobank cresceu e tornou-se a maior rede bancária em África, operando
em 36 países africanos, com operações licenciadas e escritórios de
representação em Pequim (China), Luanda (Angola), Paris (França)
Joanesburgo (África do Sul), Dubai (Emiratos Árabes Unidos), e Londres
(Reino Unido). Em 2017, a sua oferta incluiu serviços bancários ao
consumidor, comerciais, empresariais e de investimento para cerca de 14
milhões de clientes, desde indivíduos, PME, empresas, instituições
financeiras, organizações internacionais e governos. Tinha 927 agências e
escritórios, 2.665 ATM e serviços bancários abrangentes online e móveis.
Conta com cerca de 16.000 funcionários. Desde o início das operações em
1994, o Afreximbank cresceu, com escritórios nacionais em Abidjan (Cote
D’Ivoire), Nairobi (Quénia), Abuja (Nigéria) e Harare (Zimbabwe), e opera em
37 países africanos.

VIII. Síntese do Desempenho do Ecobank:Em 2017, o Ecobank concedeu


empréstimos de 9,4 biliões de dólares, e a sua carteira de empréstimos mais
elevada de sempre foi de 12,3 biliões de dólares em 2014. As receitas
geradas foram de 1,83 biliões de dólares, dos quais o lucro foi de 229 milhões
de dólares. 2014 registou o maior volume de negócios de sempre de 2,28
biliões de dólares, com um lucro de 520 milhões de dólares. O Rendimento
do Capital Médio dos Accionistas foi de 11,6%, sendo o mais elevado de
16,5% em 2014. O valor dos activos do Ecobank em 2017 foi de 22,43 biliões
de dólares243.

243 Relatório Anual do Ecobank 2014 e 2017: - Acedido em 31 de Janeiro de 2019


Relatório de 2014:
https://ecobank.com/upload/publication/20160607015116375F6KRSS7YPK/201506180747401989953EexagDPBd.pdf

Pág. 116
IX. Síntese do Desempenho do Ecobank: No final do primeiro período
financeiro (30 de Setembro de 1994 a 31 de Dezembro de 1995), o
Afreximbank concedeu empréstimos de 141 milhões de dólares a clientes
africanos sob a forma de créditos de importação e exportação de curto prazo.
As receitas geradas foram de 12,1 milhões de dólares, dos quais o lucro foi
de 6 milhões de dólares. O valor dos activos foi de 143,9 milhões de dólares.
Em 2017, o Afreximbank concedeu empréstimos e facilidades de
financiamento no valor de 11,91 biliões de dólares, sendo as Linhas de
Crédito, Sindicações e Financiamento Directo de Projectos os instrumentos
mais utilizados. As receitas geradas foram de 372,13 milhões de dólares, dos
quais o lucro foi de 220,9 milhões de dólares. O Rendimento do Capital Médio
dos Accionistas foi de 11,76%, e o valor dos activos do Afreximbank foi de 14
biliões de dólares. O dividendo pago aos accionistas em 2017 foi de 57,53
milhões de dólares244.

7.5 Fundamentação e Viabilidade do Fundo de Dotação da Diáspora da


ADFC

A exequibilidade e viabilidade do Fundo de Dotação da Diáspora da ADFC baseia-se


em diversos factores determinantes, incluindo os factores práticos a seguir
indicados.

I. Iniciativa Financeira da Diáspora Planeada: ADFC está bem colocada


para captar, consolidar, concluir e implementar o trabalho analítico e de
sensibilização sobre a criação de um Fundo de Dotação de Fundos a partir
das actuais remessas de emigrantes e da diáspora (RemitAid™), tal como
iniciado por peritos da diáspora africana há 15 anos245, 246. Os recentes
acordos continentais e multilaterais como a Agenda 2063 (2014) da UA, a
Agenda de Acção de Adis Abeba para o Financiamento do Desenvolvimento
(2015) e o Pacto Global para as Migrações (2018) proporcionam a
oportunidade ideal para implementar esta iniciativa transformadora no
desenvolvimento internacional e no financiamento da diáspora.

II. Quadro Operacional Simples: O quadro operacional do Fundo de Dotação


da ADFC facilita a recolha e gestão simples, transparente e de baixo custo do
Financiamento de Contrapartida de Remessas (RMF) e das contribuições
ligadas às remessas da diáspora. Os MTO já geram, arquivam e mantêm
dados de fluxos de remessas para fins de luta contra o branqueamento de
capitais (LBC) e outros fins regulamentares. O Banco Mundial também

Relatório de 2017: https://ecobank.com/upload/publication/201803280354538286G3B564AQE/20180425034438836V.pdf

244 Primeiro Relatório Anual do Afreximbank (1994-95):


Afreximbank (1996), Africa Export-Import Bank Annual Report and Statement of Accounts 1994/1995, Cairo, Afreximbank
Relatório Anual do Afreximbank 2017: https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/demo2.opus.ee/afrexim/ANNUAL-REPORT-2017.pdf
245 Faal, Gibril (2007), Mitigating the Structural Imperfections and Negative Impacts of Remittances, in Migration und Entwicklung:

Chancen.Gemeinsam.Nutzen Tagungsdokumentation, Blaue Reihe, Nr. 103, Berlin, United Nations Association of Germany (Deutsche
Gesellschaft für die Vereinten Nationen), pp. 57-65 http://edoc.vifapol.de/opus/volltexte/2009/1279/pdf/Blaue_Reihe_103.pdf

246 Faal, Gibril (2007), Diaspora Engagement in Public-Private Partnerships for African Socio-Economic Development: The RemitAid™
Case Study, in Migration, Development and Poverty Reduction: Report on the Workshop on Migration, Development and Poverty
Reduction 2006, Geneva, International Organization for Migration (IOM) and African Capacity Building Foundation (ACBF) pp. 52-54
https://publications.iom.int/system/files/pdf/migration_dev_pvrtyreduction.pdf

Pág. 117
recolhe dados semelhantes para análise e publicação. Ao contrário de outros
programas de incentivos fiscais, para o Fundo de Dotação da ADFC, o
financiamento correspondente não vai para os remetentes individuais, em vez
disso são integrados no Fundo de Dotação. Ao abrigo do programa não há
ganho financeiro directo para os remetentes individuais migrantes e da
diáspora, em vez disso, eles próprios são contribuintes filantrópicos opcionais.
Isto elimina motivos, meios e oportunidades para esquemas fraudulentos,
como ‘passagens de ida e volta’ e pedidos de múltiplos descontos,
associados a alguns tipos de incentivos fiscais247.

III. Financiamento do Desenvolvimento Sustentável: As verbas mobilizadas


criam um activo financeiro duradouro sob a forma de um Fundo de Dotação.
Este Fundo existirá como um testamento duradouro e um legado financeiro
sustentável do papel da diáspora no desenvolvimento - mesmo quando os
actuais padrões de migração mudam. O capital de dotação, que aumenta
anualmente através de novos fundos de contrapartida, é investido em
carteiras éticas semelhantes aos fundos de dotação existentes de instituições
de caridade, fundações e trusts. A prazo, o investimento produzirá um
rendimento anual substancial, mesmo quando as remessas anuais e os
fundos de contrapartida diminuem. Parte do financiamento de contrapartida e
do rendimento anual do investimento será utilizado para conceder
subvenções, empréstimos em condições favoráveis e co-financiamento do
desenvolvimento através do RemitAid™ Development Trust, como um fundo
de desenvolvimento de capacidades que reforça e complementa os actuais
fundos de desenvolvimento que operam em África e na diáspora. Para os
governos que procuram uma parceria viável e eficaz para apoiar a diáspora e
os ODS, o Fundo de Dotação da ADFC é uma solução prática.

IV. Resultados Específicos do Desenvolvimento: O Fundo de Dotação da


ADFC com a concessão de subvenções do RemitAid™ Development Trust
deverá produzir uma série de realizações e resultados específicos que
reforçam o papel e o impacto das contribuições da diáspora para o
desenvolvimento africano. Estes benefícios incluem, entre outros:

 Aumento das utilizações economicamente produtivas e regenerativas das


remessas
 Aumento do volume das remessas utilizadas para fins de desenvolvimento
explícito
 Aumento da utilização de canais formais para os fluxos de remessas para
a África
 Incentivar a expansão do investimento das PME e do apoio ao
desenvolvimento empresarial em África
 Incentivar a expansão de produtos financeiros e de investimento
estruturados e geridos
 Incentivar a expansão das remessas colectivas para projectos
comunitários

247 OECD (2009), Report on Abuse of Charities for Money Laundering and Tax Evasion, Paris, Organisation for Economic Co-operation
and Development and Centre for Tax Policy and Administration
https://www.oecd.org/ctp/exchange-of-tax-information/42232037.pdf

Pág. 118
 Promover a diáspora e o envolvimento dos migrantes em parcerias
público-privadas
 Promover a integração da diáspora e dos migrantes nos países de
residência
 Criar paridade entre remetentes e outros beneficiários de incentivos fiscais
 Formalizar o reconhecimento da diáspora e da contribuição dos migrantes
para o desenvolvimento internacional.

7.6 Viabilidade do Financiamento Inovador: Estudo de Caso de UnitAid

O programa RemitAid™ foi desenvolvido em 2003 como uma forma de


financiamento inovador para o desenvolvimento internacional, baseado na Redução
Fiscal de Remessas Comunitárias (CRTR) e no Financiamento de Contrapartida de
Remessas (RMF). Foi aprovado pelos Ministros das Finanças dos Países Menos
Desenvolvidos em 2006, arquivado após a crise económica global de 2008, e
actualizado em 2012 na perspectiva de consultas sobre o desenvolvimento global
pós-2015. Quando RemitAid™ foi lançado pela primeira vez na Europa nas
primeiras Jornadas Europeias de Desenvolvimento (EDD) em 2006, outro programa
financeiro inovador, denominado UnitAid, foi lançado no mesmo evento. A proposta
financeira inovadora da UnitAid é que os países participantes cobrem uma taxa de
solidariedade de 1 dólar em bilhetes de avião seleccionados.

A missão da UnitAid é "contribuir para aumentar o acesso ao tratamento do


VIH/SIDA, malária e tuberculose por parte das populações dos países em
desenvolvimento, através da redução dos preços dos medicamentos e diagnósticos
de qualidade, actualmente inacessíveis para a maioria dos países em
desenvolvimento, e acelerar o ritmo da sua disponibilização” Concede subvenções
a programas e projectos de saúde pública inovadores e de impacto. UnitAid é regida
por uma Constituição, que estabeleceu o Conselho Executivo como o órgão de
tomada de decisões, chefiado por um presidente. Tem um Secretariado chefiado por
um Director Executivo, responsável pela implementação do programa, gestão e
operações diárias. A Constituição é complementada por Procedimentos
Operacionais do Conselho de Administração e Regulamentos do Secretariado. A
UnitAid é acolhida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em Genebra, Suíça.
O Conselho Executivo é constituído por 12 membros, incluindo os cinco Estados
Membros fundadores (Brasil, Chile, França, Noruega e Reino Unido), e um
representante dos países africanos, nomeado pela União Africana248, 249.

Nos 10 anos de 2006 a 2016, a UnitAid angariou 2,67 biliões de dólares, e recebeu
subvenções adicionais de 100 milhões de dólares da Fundação Bill e Melinda Gates.
Os influxos através da Taxa de Solidariedade foram os seguintes: França (1,6 biliões
de dólares); Reino Unido (607 milhões de dólares); Noruega (183 milhões de
dólares); Brasil (90,3 milhões de dólares); Espanha (81,6 milhões de dólares);
República da Coreia do Sul (51 milhões de dólares); Chile (33,5 milhões de dólares);
Outros (20,8 milhões de dólares). Os outros países participantes são: Camarões,
República Democrática do Congo, Guiné, Luxemburgo, Madagáscar, Mali, Maurícias
e Niger. A UnitAid concedeu subvenções no valor de 2,5 biliões de dólares. Em

248 Website da UnitAid: https://unitaid.org/about-us/#en


249 Constituição da UnitAid: https://unitaid.org/assets/UNITAID-Constitution-revised-version-15-June-2018.pdf

Pág. 119
2017, a carteira de subsídios da UnitAid incluía 47 subsídios, no valor de 1 bilião de
dólares.250

Para a UnitAid, os fluxos do mecanismo de Financiamento Inovador da Taxa


Solidária de Bilhetes Aéreos são geralmente desembolsados como subsídios. Para a
ADFC, o Mecanismo de Financiamento Inovador do Fundo de Contrapartida de
Remessas (RMF) do RemitAid™ será parcialmente desembolsado em subvenções
(para necessidades e oportunidades imediatas e urgentes de desenvolvimento
africano e da diáspora), e parcialmente investido através do Fundo de Dotação do
RemitAid™ (para gerar receitas para futuros desembolsos de subvenções).

7.7 Avaliação e Mitigação de Riscos

Os factores de risco aqui apresentados derivam das principais fraquezas internas e


ameaças externas enfrentadas pela proposta da Sociedade Financeira da Diáspora
Africana (ADFC). A avaliação abaixo incide nos riscos com uma classificação global
de médio e alto (excluindo os factores de baixo risco). A avaliação também utiliza
uma abordagem ‘prudencial’ que consiste em sobrestimar os riscos, ameaças e
responsabilidades, ao mesmo tempo que subestima as oportunidades, opções e
activos.

Principais Factores de Risco Probabili Gravid Classificação


dade ade Global dos
RIscos
1. Relutância dos países africanos em Baixo Alto Médio
assinar e ratificar o Tratado da ADFC
Principais Pontos de Acção de Mitigação de Riscos
Apoio formal da UA através de Decisão do Conselho Executivo da UA; Promoção
e defesa da ADFC pelos Comissários da CUA e outras personalidades influentes
continentais; Elaboração de um projecto de Tratado da ADFC e utilização como
base para consultas preliminares: Identificação, consultas e envolvimento com os
países africanos que já defendem as questões relativas à diáspora.

Principais Factores de Risco Probabili Gravid Classificação


dade ade Global dos
RIscos
2. Relutância do país africano em assinar Baixo Alto Médio
o Acordo de Sede.
Principais Pontos de Acção de Mitigação de Riscos
Analisar e identificar uma pequena lista de países anfitriões ideais para a ADFC;
Utilizar a aprovação formal da ADFC pelo Conselho Executivo da UA para
identificar e envolver os defensores nos potenciais países anfitriões; Preparar um
projecto de Acordo da Sede da ADFC para consultas informais e negociações
preliminares.

Principais Factores de Risco Probabili Gravid Classificação


dade ade Global dos
RIscos

250Relatório Anual da UnitAid 2016-17: https://unitaid.org/assets/Annual-report2016-17.pdf


- Acedido em 31 de Janeiro de 2019

Pág. 120
3. Preocupações no sector do Médio Médio Médio
desenvolvimento sobre a viabilidade e
sustentabilidade do Financiamento da
Diáspora.
Principais Pontos de Acção de Mitigação de Riscos
Realizar análises intersectoriais dos intervenientes para identificar as principais
instituições, organizações, indivíduos e personalidades influentes; Elaborar perfis
de apoiantes, adversários e cínicos actuais e potenciais; Realizar envolvimento
directo e consultas com intervenientes essenciais em todas as secções do sector;
Procurar aprovações formais e informais de diversas instituições; Construir
alianças e parcerias sectoriais com instituições e redes nacionais, internacionais,
ONG, académicas e outras instituições e redes de renome e influentes; Criar
ligações formais e colaboração com o Gabinete das Nações Unidas para o
Financiamento do Desenvolvimento; Produzir e publicar briefings audiovisuais e
impressos de fácil utilização sobre a ADFC e o Financiamento da Diáspora.

Principais Factores de Risco Probabili Gravid Classificação


dade ade Global dos
RIscos
4. Baixos níveis de compreensão pública Médio Médio Médio
dos produtos de Financiamento da
Diáspora e Investimento de Carteira da
Diáspora (DPI).
Principais Pontos de Acção de Mitigação de Riscos:
Realizar análises para definir os sectores da diáspora global e a população de
investidores a serem alvo do envolvimento da ADFC; Analisar o perfil de mercado
e sociopsicológico dos potenciais clientes da ADFC, incluindo migrantes, diáspora
multigeracional, investidores de impacto e aforradores éticos; Encaminhar e
publicar materiais audiovisuais profissionais de meios de comunicação social
sobre DPI; Recrutar e empregar personalidades influentes dos meios de
comunicação social conceituados, como futebolistas e músicos da diáspora, que
sejam eficazes para chegar ao migrante, diáspora, financiamento de impacto,
financiamento ético e outras populações relevantes para a ADFC e a DPI;
Associar a sensibilização de DPI ao marketing de produtos, e.g. através da
anexação de uma marca apelativa da ADFC a materiais de comunicação social, e
facilitando os registos de pré-lançamento e as manifestações de interesse.

Principais Factores de Risco Probabili Gravid Classificação


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RIscos
5. Ausência de financiamento para o Médio Alto Médio
arranque da ADFC, desenvolvimento de /Alto
produtos e organização.
Principais Pontos de Acção de Mitigação de Riscos:
Cooperar com financiadores actuais e anteriores do trabalho de desenvolvimento
da diáspora para desenvolver e fazer progredir o trabalho actual sobre a ADFC;
Produzir um orçamento abrangente para o programa de 'arranque organizacional e
operacional da ADFC'; Utilizar o 'programa e orçamento de arranque' para realizar
o exercício de angariação de fundos, com os financiadores actuais; Solicitar aos

Pág. 121
financiadores e apoiantes actuais que actuem como campeões e corretores para a
continuação da angariação de fundos; Organizar um evento paralelo no Diálogo de
Alto Nível das NU sobre Financiamento para o Desenvolvimento Sustentável
(UNHLD) a 26 de Setembro de 2019 na Assembleia Geral das NU; Utilizar o
evento paralelo UNHLD e ADFC para apresentar formalmente a ADFC ao sector
do desenvolvimento, e demonstrar a sua relevância para os quadros políticos
globais e parcerias estratégicas existentes na UA; Utilizar o evento paralelo de
UNHLD e ADFC para lançar formalmente consultas sobre a assinatura do
Financiamento de Contrapartida de Remessas (RMF) e o financiamento do
'programa de arranque da ADFC'; Utilizar o evento paralelo UNHLD e ADFC para
demonstrar o empenho e apoio de alto nível da ADFC por parte dos países
doadores, instituições africanas e mundiais; Utilizar o evento paralelo de UNHLD e
ADFC ou evento similar para reforçar a confiança e dar ímpeto à angariação de
fundos e implementação do programa da ADFC.

Principais Factores de Risco Probabili Gravid Classificação


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6. Atraso na inauguração da ADFC e na Médio Médio Médio
realização prática da organização.
Principais Pontos de Acção de Mitigação de Riscos:
Utilizar este 'Quadro Estratégico, Comercial e Operacional da ADFC' para iniciar o
processo de implementação e actualização da ADFC; Utilizar o evento paralelo
proposto pela ADFC no UNHLD em Setembro de 2019 como marco de curto
prazo; Realizar briefings, consultas e reuniões internas, externas e dos
intervenientes; Utilizar a preparação e organização do evento paralelo proposto
para criar um impulso para a implementação da ADFC; Conceber, preparar e
apresentar a identidade corporativa preliminar para a ADFC, incluindo o registo do
nome, logótipo, cores corporativas e fontes; Conceber e lançar o website inicial da
ADFC; Actualizar o 'programa de arranque' conforme incorporado neste
documento 'Estrutura da ADFC'.

Principais Factores de Risco Probabili Gravid Classificação


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7. Relutância dos países da Europa, Médio Alto Médio
América do Norte e do Médio Oriente em /Alto
concordar com o Financiamento de
Contrapartida de Remessas (RMF).
Principais Pontos de Acção de Mitigação de Riscos:
Identificar 3-4 países como defensores do RMF, a partir de uma lista restrita,
incluindo: Canadá, França, Alemanha, Itália, Holanda, Arábia Saudita, Suécia,
Suíça, Emirados Árabes Unidos e Reino Unido; Rever e analisar a sua actual
estratégia internacional de financiamento do desenvolvimento, os seus sistemas
de incentivo ao investimento e beneficência, e os fluxos de remessas para a
África; Demonstrar a relevância directa do RMF para as políticas, estratégias e
prioridades nacionais; Demonstrar e quantificar como o seu RMF actuará como
alavanca para a sustentabilidade através dos investimentos do Fundo de Dotação
da Diáspora e do desenvolvimento de produtos rentáveis do DPI; Demonstrar
como o seu apoio pioneiro actua como catalisador de financiamento inovador e

Pág. 122
incentiva outros países a subscreverem o RMF; Demonstrar o compromisso da UA
através de uma decisão formal do Conselho Executivo; Demonstrar o apoio do
Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e.g. através de Carta de Apoio e/ou
apoio técnico com a redacção e finalização do Tratado, Carta e Acordo de Sede
da ADFC; Demonstrar apoio continental e institucional através de Cartas de Apoio
e/ou apoio técnico de organismos como as CER, Banco Mundial, CNUCED, OIM,
OCDE, OIM; Procurar a presença e destaque da ADFC em fóruns, redes e
conferências globais, industriais e sectoriais relevantes e reconhecidos.

Principais Factores de Risco Probabili Gravid Classificação


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RIscos
8. Relutância dos Operadores de Médio Médio Médio
Transferência de Dinheiro em concordar
com o Financiamento de Contrapartida
de Remessas (RMF).

Principais Pontos de Acção de Mitigação de Riscos:


Identificar 1-2 países como defensores do RMF, a partir de uma lista restrita,
incluindo: Moneygram, Ria, Small World, UAE Exchange, Western Union,
WorldRemit e Xpress Money; Rever e analisar as suas actuais políticas de
Responsabilidade Social Empresarial (RSE); Demonstrar a relevância directa do
RMF para a sua RSE; Demonstrar e quantificar como o seu RMF actuará como
alavanca para a sustentabilidade através dos investimentos do Fundo de Dotação
da Diáspora e do desenvolvimento de produtos rentáveis de DPI; Demonstrar
como a criação de opções nas suas plataformas de Contribuições de Remessas
Colectivas (CRC) para remetentes irá criar fundos adicionais para o Fundo de
Dotação da Diáspora; Demonstrar como o seu apoio pioneiro actuará como
catalisador de financiamentos inovadores e encoraja outras empresas a
subscreverem RMF e CRC; Demonstrar apoio formal da UA, países da OCDE e
apoio institucional global; Demonstrar como o apoio do MTO será reconhecido e
publicitado pela ADFC.

Principais Factores de Risco Probabili Gravid Classificação


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RIscos
9. Baixos níveis de Contribuições de Médio Baixo Médio
Remessas Colectivas (CRC) por parte da /Baixo
diáspora africana.
Principais Pontos de Acção de Mitigação de Riscos:
Marcar CRC como RemitAid™ com logótipo distintivo apropriado para meios de
comunicação social e plataformas móveis; Negociar com os MTO participantes a
opção CRC/ RemitAid™ a ser destacada nas plataformas de pagamento MTO;
Conceber e implementar mecanismo de reconhecimento e divulgação da
dimensão e impacto da CRC; Realizar campanhas direccionadas para os meios de
comunicação social para promover a CRC; Destacar as promoções CRC em geral
da ADFC que visam o público migrante e da diáspora; Ligar a CDC a países
individuais mostrando montantes angariados pelos remetentes para cada país
africano; Conceber e realizar campanhas especiais da CDC ligadas a festivais
nacionais, do dia da independência e religiosos, e respostas a catástrofes

Pág. 123
humanitárias em África; Conceber e realizar competições e desafios apropriados e
amigáveis entre os remetentes para diferentes países africanos.

Principais Factores de Risco Probabili Gravid Classificação


dade ade Global dos
RIscos
10. Baixos níveis de subscrição das Médio Alto Médio
Obrigações da Diáspora e dos Fundos /Alto
Mútuos da Diáspora.
Principais Pontos de Acção de Mitigação de Riscos:
Realizar um estudo de mercado detalhado para mapear e gerar uma base de
dados inicial das diferentes categorias de clientes da ADFC; Trabalhar com
empresas de classificação de crédito, dados e perfil para gerar uma inteligência de
mercado detalhada e perfis de comportamento de investimento dos grupos de
clientes da ADFC, incluindo migrantes de primeira geração, diáspora
multigeracional, investidores de impacto que não são da diáspora e aforradores
éticos; Realizar estudos de marketing e vendas por medida, abordando os factores
que determinam o investimento real por potenciais investidores dos grupos de
clientes alvo da ADFC; Criar uma aplicação online e móvel de classe mundial para
os produtos da ADFC, incorporando marcas específicas das autoridades
reguladoras internacionais; Embalar produtos da ADFC para poupança familiar e
'vales-prenda' para promover a poupança da diáspora e o investimento
responsável em África; Realizar campanhas publicitárias e promocionais em curso
nos meios de comunicação social; Executar programa estruturado de marketing
social relacional e relacionado com as causas, indicando tanto o retorno financeiro
como o impacto do desenvolvimento dos produtos ADFC; Realizar marketing
direccionado através de centros da diáspora, tais como MTO, agências de
viagens, embaixadas e equipas desportivas nacionais; Realizar marketing
baseado na comunidade e exposições itinerantes com associações Hometown,
Community e Alumni, clubes sociais e culturais; Realizar marketing de parceria e
de referência através de bancos, consultores financeiros, corretores e eventos da
indústria; Realizar campanhas de apoio através de parcerias com personalidades
influentes de renome, como figuras públicas respeitadas, e estrelas e artistas
desportivos africanos e da diáspora proeminentes.

8. Plano para o Arranque Organizacional e Operacional

Com base no 'Memorando de Informação' de Dezembro de 2006, o Governo da


Nigéria formalizou a criação da Sociedade Financeira Africana (AFC) em Maio de
2007 e iniciou as operações durante três anos antes do Acordo de Sede da AFC ser
ratificado em Setembro de 2010. A AFC fez o seu primeiro investimento de capital
de 37 milhões de dólares em 2008, tornando-a um dos maiores accionistas da
MainOne Cable Company que tinha um capital social de 120 milhões de dólares. O
projecto destinava-se a um sistema de cabo submarino de fibra óptica que liga a
Costa Ocidental de África à Europa e às redes globais. A rede tinha 7.000 km de
comprimento, da Nigéria a Portugal, com sucursais no Gana, Cote D’Ivoire,
Marrocos e Ilhas Canárias, co-financiada com uma dívida de 120 milhões de dólares
do Banco Africano de Desenvolvimento e um consórcio de bancos nigerianos251.
251 Notícias sobre a indústria:

https://subtelforum.com/16afc-leads-the-financing-of-a-pan-african-submarine-cable-system/ - Acedido em 31 de Janeiro de 2019

Pág. 124
A praticidade, o propósito e a eficácia do lançamento da AFC demonstram o tipo de
urgência e ambição comercial exigida no mundo das finanças multinacionais. Com
base neste ‘Quadro Estratégico, Empresarial e Operacional’, recomenda-se que a
Comissão da União Africana, juntamente com os seus parceiros, apoie a
implementação do plano de acção de lançamento sem atrasos ou intervalos, a fim
de concretizar a visão e as aspirações do financiamento da diáspora africana. Os
principais objectivos do programa de lançamento:

 Mobilizar parceiros, pessoas e recursos para uma implementação prática e plena


 Organizar eventos de grande importância para os intervenientes a fim de
introduzir a ADFC no mundo do desenvolvimento
 Iniciar consultas e negociações para o Financiamento de Contrapartida de
Remessas
 Criar estruturas e sistemas jurídicos, de governação, organizacionais e de gestão
 Finalizar a embalagem de produtos de investimento, o planeamento de negócios
e de mercados, e a conformidade regulamentar
 Lançamento oficial e operações comerciais em grande escala.
O programa de arranque deve ser desenvolvido em duas fases: Criação e
mobilização de recursos (2019-2021); lançamento institucional, empresarial e de
produtos (2021-22). Para orientar o processo de arranque, são apresentadas a
seguir uma série de observações e recomendações analíticas.

8.1 Criação de uma Nova Marca como Sociedade Financeira da Diáspora


Africana (ADFC)
A aspiração da União Africana a um projecto legado de investimento na diáspora vai
necessariamente para além da criação de um ‘fundo de investimento’. Uma
organização que procura esse legado deve conceber, criar e gerir muitos ‘fundos’ ao
longo do tempo. Neste documento 'Quadro Empresarial', recomenda-se que o
lançamento se concentre em 3 grandes produtos, nomeadamente: Fundo de
Dotação de RemitAid™, Obrigações da Diáspora e Fundos Mútuos da Diáspora. Ao
longo do tempo, serão criados muitos Fundos e Obrigações com duração limitada,
no quadro de negócios de rotina. Para maior clareza e para evitar confusões no
futuro, a palavra ‘Fundo’ não deve fazer parte do nome da organização. Além disso,
existe um registo de 'Fundo de Investimento da Diáspora Africana (ADIF)' efectuado
na Bélgica em Dezembro de 2018.

Recomenda-se ainda que o nome ‘African Diaspora Finance Corporation (ADFC)’


seja registado com urgência no quadro dos pontos de acção de lançamento. O
nome é suficientemente descritivo para indicar o objectivo geral da organização. Ao
incluir a palavra 'Corporation' no nome, a orientação comercial é também anunciada.

8.2 Modelo Empresarial da ADFC e Necessidades de Capital de Base

A Sociedade Financeira da Diáspora Africana (ADFC) proporciona uma


oportunidade única para a África instituir uma diáspora financeira, de investimento e
uma sociedade financeira inovadora, operando com base em princípios socialmente
responsáveis para aproveitar os recursos inexplorados da diáspora. Promovida pela
União Africana, a ADFC pode tornar-se uma grande empresa social continental com
um modelo empresarial flexível.

Pág. 125
Para as instituições financeiras africanas como Ecobank, Afreximbank e Africa
Finance Corporation, estas empresas precisavam de capital inicial substancial, e
podem continuar a precisar de injecções de capital de vez em quando. Isto requer
investimento de capital e pagamento de dividendos. Para a ADFC, a situação é
favoravelmente diferente.

As necessidades de lançamento e de desenvolvimento organizacional custarão


poucos milhões de dólares, em vez de 10 milhões de dólares, que podem ser
financiados pelos parceiros de desenvolvimento sob a forma de subvenções
pontuais e de assistência técnica. Mais importante ainda, o modelo empresarial
prevê um grande fluxo de dinheiro sob a forma de Financiamento de Contrapartida
de Remessas (RMF) da OCDE, GCC e outros países parceiros, bem como RMF
mais pequenos de Operadores de Transferência de Dinheiro, e Contribuições de
Remessas Colectivas filantrópicas (CRC) de remetentes individuais. Esta forma de
financiamento inovador deve constituir uma base importante de capital.

Além disso, os fluxos de caixa provenientes do RMF devem continuar e crescer a


tempo à medida que mais países participem no programa. Tal como outras
instituições de gestão de investimentos, a ADFC cobrará taxas e obterá rendimentos
através de uma gestão bem sucedida de diferentes fundos. Estes excedentes serão
reinvestidos para o desenvolvimento organizacional e empresarial, e para a
constituição de reservas. O modelo empresarial da ADFC permite-lhe continuar a
receber subvenções para projectos e desenvolvimentos, assistência técnica e
honorários suplementares de consultoria.

A incorporação do mecanismo financeiro inovador RemitAid™ do Financiamento de


Contrapartida de Remessas (RMF) tem por si só méritos significativos e
substanciais. Como fundo de dotação e subvenção, RemitAid™ cria um legado
financeiro e de desenvolvimento duradouro a partir do fenómeno histórico e moderno
da migração e das remessas. Os seus fundos substanciais são geridos
profissionalmente pela ADFC, o que permitirá que a instituição funcione de forma
viável e rentável sem injecção de capital dos accionistas, tornando assim a ADFC
uma importante empresa social africana.

Como empresa social, a ADFC deve operar com eficácia e eficiência operacional e
de gestão de classe mundial, aderindo aos mais elevados padrões de ética e de
práticas empresariais. Os lucros/excedentes não são distribuídos aos accionistas,
são reinvestidos no negócio, e desembolsados para RemitAid™ Development Trust
(RDT), que concederá subvenções e co-financiará prémios a programas, projectos e
planos de desenvolvimento de impacto continental e da diáspora.

8.3 Considerações sobre o País Anfitrião e a Sede

Além das disposições de um Acordo de Estabelecimento (Tratado da ADFC), é


necessário um Acordo de Sede separado. O Afreximbank e a Africa Finance Corporation
beneficiam de concessões, isenções fiscais e privilégios diplomáticos, oferecidos pelos
países da sua sede estatutária, nomeadamente Egipto e Nigéria. A ADFC requer um
Acordo de Sede semelhante com um país anfitrião africano. A ADFC investe e gere
operações em muitos países africanos e pode abrir escritórios nos países, quando for

Pág. 126
necessário, para complementar a sede.

O anfitrião adequado deverá ter mercados de capitais bem desenvolvidos, para


complementar um quadro regulamentar favorável ao investimento, o que seria benéfico
para um arranque ambicioso como a ADFC. Para além dos países com Bolsas de
Valores bem estabelecidas, outros países africanos criaram centros de investimento,
incluindo Maurícias, Namíbia e Seychelles. A Iniciativa dos Mercados Financeiros
Africanos (AFMI), que gere o Mercado Africano de Obrigações, está sediada em Cote
D’Ivoire. Estes países podem fazer parte de uma lista restrita a ser avaliada de forma
aprofundada na fase de lançamento. Outros factores a considerar incluem a
acessibilidade a viagens, disponibilidade e custo de instalações e serviços comerciais,
como energia, telefonia e Internet de alta velocidade, e custo de vida em geral.

Um negócio financeiro internacional dinâmico pode funcionar eficaz e eficientemente


através da estrutura jurídica de uma organização multilateral baseada no Tratado,
constituída por países soberanos e outras entidades, com privilégios fiscais e
diplomáticos disponíveis no país anfitrião e em todos os outros países que tenham
assinado e ratificado o Tratado. Este é o caso do Afeximbank e da Africa Finance
Corporation (AFC). No quadro do ‘programa de lançamento’, a ADFC coordenará a
assinatura dos Instrumentos Constitutivos, nomeadamente:

 Tratado para a Criação da Sociedade Financeira da Diáspora Africana (Tratado


da ADFC)
 Carta da Sociedade Financeira da Diáspora Africana (Carta da ADFC)
 Acordo de Sede entre a ADFC e o País Seleccionado (Acordo de Sede da
ADFC).

Para que o Tratado da ADFC entre em vigor, deve ter a assinatura de Dez (10) Parceiros
e a ratificação de Seis (6) Parceiros.

8.4 Primeira Fase de Arranque (2019-21): Estabelecimento e Mobilização de


Recursos
Entre outros, as actividades da Primeira Fase Inicial incluem o seguinte:

I. Briefings e Decisão da UA: Briefing formal dos especialistas, directores,


Comissários e Presidente da CUA, e directores dos parceiros estratégicos e
doadores relevantes; Implementação de um calendário para as actualizações
e briefings consultivos da CUA e dos parceiros; Validação dos intervenientes
do relatório sobre 'Quadro Estratégico, Empresarial e Operacional para uma
Sociedade Financeira da Diáspora Africana'; Decisão formal do Conselho
Executivo da UA para a criação da ADFC através da implementação do
documento 'Quadro Empresarial da ADFC’.

II. Líder de implementação: Nomeação de consultor para liderar a


implementação do programa de arranque da ADFC, realizando trabalhos
práticos sobre a influência internacional, sensibilização, promoção do
programa, e desenvolvimento organizacional; Nomeação de consultor como
‘Conselheiro Especial/Representante do Presidente da UA sobre
Financiamento Inovador e da Diáspora’ para facilitar consultas de alto nível e
influência, conforme exigido pelo exercício de lançamento da ADFC.

Pág. 127
III. Eventos Introdutórios da ADFC: Organizar eventos técnicos e de alto nível
para apresentar a ADFC aos parceiros continentais, da diáspora e
internacionais; Organizar evento paralelo no Diálogo de Alto Nível das NU
sobre Financiamento para o Desenvolvimento Sustentável (UNHLD) em 26 de
Setembro de 2019 na Assembleia Geral das NU, para apresentar
formalmente a ADFC ao sector do desenvolvimento, lançar consultas sobre a
adesão ao Financiamento de Contrapartida de Remessas (RMF), e
financiamento do programa de arranque da ADFC; Demonstrar apoio de alto
nível da UA, países doadores, instituições africanas e mundiais.

IV. Parcerias Institucionais: Criar relações de trabalho técnicas práticas e


eficazes com parceiros estratégicos, incluindo o Banco Africano de
Desenvolvimento (BAD), e procurar assistência técnica ou destacamentos
destas instituições parceiras para a ADFC; Recrutar um pequeno número de
defensores estratégicos e de programas, como Estados Membros da UA,
agências de desenvolvimento dos países da OCDE e do CCG, e MTO
globais, para complementar a UA/BAD no apoio à influência e negociações
iniciais para o RMF, estruturação jurídica e desenvolvimento organizacional;
Acordar Memorandos de Entendimento com outras instituições financeiras de
desenvolvimento africanas, para colaborar e complementar-se mutuamente
no esforço de financiamento do desenvolvimento africano; Consultas e
negociações do projecto de Tratado, Carta e Acordo da Sede da ADFC.

V. Gabinete provisório da ADFC: Criar um escritório provisório da ADFC,


possivelmente acolhido pelo Banco Africano de Desenvolvimento ou pelo
Gabinete do Presidente da UA ou país defensor da OCDE; Montar uma
equipa central de consultores e associados para realizar o trabalho
necessário em matéria de desenvolvimento empresarial e organizacional,
consultas e trabalho em rede, posicionamento, influência e negociações
(referindo-se aos ‘Pontos de Acção de Mitigação de Riscos’ neste
documento).

VI. Angariação de Fundos Institucionais Consultas directas e negociações


com agências internacionais de desenvolvimento e Estados Membros da
OCDE e países do CCG para o arranque do Financiamento de Contrapartida
de Remessas (RMF) de RemitAid™, para utilizar como capital para a devida
diligência nas estruturas, sede, produtos e serviços da ADFC, e para a
criação do Fundo de Desenvolvimento (RDT) de RemitAid™ como subsídio e
co-financiamento de fundos de caridade.

8.5 Segunda Fase de Arranque (2021-22): Lançamento Institucional,


Comercial e de Produtos
Entre outros, as actividades da Segunda Fase de Arranque incluem o seguinte:

I. Assinatura e Lançamento do Tratado: Concluir as negociações do Tratado


e Carta da ADFC que reflectem a ética empresarial social, e o Acordo de
Sede; Facilitar a assinatura e a ratificação dos instrumentos jurídicos e de
governação; Lançar a ADFC como uma empresa social financeira multilateral
da diáspora baseada no Tratado; Facilitar a eleição do Conselho de

Pág. 128
Administração da ADFC de acordo com o Tratado e Carta; Lançar
formalmente a ADFC através de uma sensibilização e uma promoção
institucionais e multimédias adequadas e específicas, para reforçar o
reconhecimento da marca e o posicionamento estratégico nos sectores de
financiamento internacional, desenvolvimento, diáspora, empresas
responsáveis e empresas sociais.

II. Complemento do Pessoal: Utilizar o pessoal do Gabinete Interino e da


agência de recrutamento externa especializada para empreender um
processo de recrutamento e selecção para Director Geral e complemento total
de pessoal para a Direcção da ADFC; Recrutar, seleccionar e nomear outros
peritos técnicos como destacados de organizações parceiras ou consultores
externos, e empreender a admissão e destacamento adequados; Recrutar,
seleccionar e integrar Membros do Conselho Consultivo Internacional, de
acordo com a Carta e Termos de Referência relevantes.

III. Instalação da Sede: Instalar a sede física com equipamento e mobiliário


adequados, e adquirir veículos e todos os outros recursos físicos relevantes
necessários; Nomear prestadores de serviços e agências para o fornecimento
de todos os recursos logísticos, de utilidade pública e técnicos necessários
para um funcionamento eficaz e eficiente da ADFC.

IV. Envolvimento dos Intervenientes: Empreender um envolvimento específico


com mensagens apropriadas para os diversos intervenientes estratégicos,
técnicos e operacionais da ADFC, incluindo parceiros do Financiamento de
Contrapartida de Remessas, reguladores, retalhistas e corretores de produtos
financeiros, indivíduos e organizações da diáspora; Lançar programa de
envolvimento relacional e relacionado com as causas, parceria e marketing da
ADFC e dos seus produtos de investimento ético (referindo-se aos 'Pontos de
Acção de Mitigação de Riscos' neste documento).

V. Documentações de Acção Empresarial: Investigar, analisar e finalizar os


Sistemas de Prestação de Serviços (SDO) da ADFC, planos de actividades e
pontos de acção, cobrindo a carteira inicial de produtos e processos
relacionados; Negociar e acordar o Financiamento de Contrapartida de
Remessas com o novo conjunto de países e os MTO, assegurando o fluxo de
dinheiro para expansão do RemitAid™ Development Trust (RDT), e o
lançamento do Fundo de Dotação da Diáspora; Finalizar a lista de
oportunidades específicas do mercado de capitais para investimento dos
Fundos Mútuos da ADFC; Trabalhar com parceiros comerciais para finalizar o
conjunto de projectos prontos para investimento de fundos das Obrigações da
Diáspora da ADFC.

VI. Lançamento do Primeiro Conjunto de Produtos: Completar a estruturação


da carteira inicial de produtos financeiros da ADFC, em conformidade com as
leis e regulamentos em jurisdições internacionais, incluindo os EUA e o Reino
Unido; Lançar programa de exercícios de marketing específicos; Lançar
formalmente o primeiro conjunto de produtos de DPI da ADFC, e iniciar a
gestão das relações de investimento.

Pág. 129
Referências
As referências abaixo fazem parte da bibliografia seleccionada e centenas de documentos da
União Africana, multilaterais, governamentais, institucionais, organizacionais, mediáticos,
empresariais, financeiros e jurídicos revistos e analisados no processo de produção deste
‘Quadro Estratégico, Empresarial e Operacional para uma Sociedade Financeira da Diáspora
Africana’.

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