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Neide Zamboni
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cruzando com os ramos de todos os nossos irmãos terráqueos, algumas vezes
mostrando que pertencemos ao mesmo galho, outras vezes que galhos
estranhos em determinado momento foram agregados à nossa árvore como
enxertos mágicos da natureza e dessa forma, vamos pertencendo às mais
diversas etnias que agregam cores e sabores ao nosso corpo e à nossa alma.
Essa magia deveria por si só garantir finais felizes. Afinal, somos todos
um. A organização sistêmica do universo nos prova isso. Pela dança
imperceptível de partículas invisíveis, o universo foi se constituindo e está em
absoluta e permanente mudança desde que o mundo é mundo e até que quem
sabe, um dia deixe de ser. Principalmente deixará de ser se esses finais nada
felizes, desencadeados pelo viajante mor, o ser humano, continuar a ignorar
esses vínculos intrínsecos que fazem com que eu, você, o japonês, o negro, a
água, o ar, o gato, o cachorro, o mato e a cidade sejam tudo uma coisa só.
Nessa altura da minha vida, estando nesse planeta desde 1948, já tive
meus filhos, já plantei inúmeras árvores e já escrevi muito. Meus escritos são
meus diários de bordo. Acredito que começaram a existir desde que fui
alfabetizada e esse encantamento que as letras me proporcionam vai desde os
meus primeiros registros à leitura prazerosa de tantos livros que fizeram parte
da minha bagagem através dessa nossa viagem compartilhada.
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Esses dons continuam na família, atravessando gerações. Prova de que o DNA
não determina só a cor dos olhos ou do tamanho do nariz .Foi através das
aulas de piano que começou a minha aventura pela Arte. Que desastre!
Acredito que o dom da música é um dos mais sutis. Ou você é bom ou é
medíocre. Ninguém aguenta escutar quem canta mal ou toca mal. Como todos
sabem, na Idade Média criança não tinha vez. Cada família tinha mais de dez
filhos, muitos morriam e isso era natural para aqueles tempos e continua assim
nos rincões desse Brasil. São tantos filhos que os pais às vezes nem
conseguem se lembrar dos nomes. Mesmo porque nesses rincões existe uma
criatividade enorme na hora de se batizar os filhos! Nasci bem depois da Idade
Média, mas também no meu tempo criança não chiava. Bastava um olhar para
compreendermos que era hora de sair da sala.Lembro da frase: Isso não é
assunto para criança. Dessa forma, na melhor das intenções meus pais fizeram
um enorme sacrifício para manter minhas aulas e até de comprar um lindo
piano, que ganhei de presente quando fiz quinze anos! Só que ninguém
perguntou se eu queria aquilo, mesmo porque naqueles anos dourados, nem a
criança tinha contato consigo mesma para saber se queria ou não algo. Os pais
agiam dentro dos padrões educacionais da época. Eu percebia isso nos meus.
Como criança que não ousava desobedecer, cursei o Conservatório até a
formatura. Ensaiei muito para apresentar-me no palco sob o olhar de pânico da
minha professora que sabia que como pianista eu era uma ótima sabe se lá o
quê! Resultado: Nunca mais voltei a tocar. Não é meu dom natural. Hoje sei
que nada que você faz que não te envolva em prazer é sofrimento! Entretanto
naqueles tempos foi assim. Existem planos que só vamos entender depois de
muitos anos de estrada! Apesar de zero em dom musical, os caminhos da Arte
sempre me apaixonaram. Afinal, Arte não é só desenho, música ou teatro. Arte
é a conexão do humano ao divino, através do tempo, do espaço, sem
necessidade de tecla SAP. A Arte atravessa fronteiras e com ela todo mundo
se entende. Através do curso de Piano, descobri as portas para esse mundo
mágico. Devido ao que sofri pedagogicamente durante esse curso, pude
desenvolver alguma força para dizer não, quando todas as minhas amigas
estudavam para serem professoras. Isso também era moda. Os pais ficavam
felizes quando suas filhas tocavam algum instrumento, bordavam as peças do
enxoval e eram professoras até que o príncipe encantado aparecesse para que
através da perpetuação da espécie, a vida transcorresse calma e sem sustos.
Consegui mudar o rumo da prosa. Não fiz magistério. Fui fazer Secretariado.
Curso de vanguarda nos anos sessenta. Daí surgiu o príncipe que queria que
eu fosse do lar. Quem aprendeu a obedecer ao pai, continua obedecendo ao
marido. Parei de trabalhar e cuidava da minha vidinha como quando brincava
de casinha, até que um belo dia, bateram na minha porta para que eu pudesse
substituir uma professora de Educação Musical, disciplina que fazia parte do
currículo do então Ginásio, hoje Ensino Fundamental. Essa substituição era só
por quinze dias e me consideravam habilitada pela formatura no curso de
piano. La fui eu. Isso aconteceu em 1972. A substituição foi prorrogada por
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sete meses. Quando terminou os alunos fizeram um abaixo assinado para que
eu continuasse com eles. Graças a Deus nunca precisei tocar piano em minhas
aulas! E daí, magicamente o currículo escolar foi alterado! Acabaram as aulas
de Educação Musical e surgiram as de Educação Artísticae a partir disso, foi
uma linda e bem aventurada trajetória! Parece que entrei no mundo da Arte,
pulando pela janela da música, mas ao fazer isso, descobri o encantamento
das múltiplas linguagens artísticas e com elas, ser professora foi um presente
que se renova infinitamente até o presente momento em que escrevo esse
registro. Virei mãe, virei professora, virei coordenadora, virei diretora de escola,
virei professora do ensino superior. O tempo passou rápido. Já me aposentei
duas vezes de jornadas às vezes estressantes, mas que graças à Arte, sempre
apaixonantes. A Arte e suas linguagens foram meu passaporte no cenário
educacional. A ludicidade, a criatividade, a vanguarda ditada pela minha
intuição são responsáveis por uma carreira que espero durar o quanto dure
minha vida. Dela fazem parte um número que não tem mais como medir de
crianças, jovens, adultos, idosos que compartilham comigo essa busca pelo
conhecimento. Aprender é maravilhoso! Nosso corpo reage de uma forma
peculiar quando incorpora essa aprendizagem. Incorporar. Fazer parte do
nosso corpo, da nossa cabeça, da nossa mente, da nossa alma. Transitando
por todos os nossos corpos sutis. Isso é aprender. È a percepção de que algo
passou a nos pertencer e esse pertencimento nos agrega aos movimentos sem
fim da vida. Quando você aprende, automaticamente, você ensina. Ensina com
seu modo de falar, ouvir, agir, ser. Esse tipo de professora nasceu para mim e
foi partejado dia após dia pelos meus próprios alunos. E tenho certeza de que
será sempre assim. Do livro encadernado do meu avô, às apostilas dos meus
filhos, aos sites dos meus netos e sabe se lá aonde chegaremos!
Hoje sou professora de professores. Feliz. Eles sabem que sou a chata
do pedaço. Consigo antever que ser professora é agir em escala geométrica.
Cada aluno meu terá influência na vida de milhares de crianças, adolescentes,
jovens, adultos, idosos. Como já senti na pele os efeitos de uma educação à
moda antiga, onde a decoreba e os sem sentido das lições se transformavam
em letras mortas, acredito que essa subversão que a Arte nos traz é antídoto
para uma escola possível. Uma escola que mais do que nunca se faz
necessária. Onde criança possa ser criança. Onde brincar rime com estudar.
Onde o adolescente descubra dentro de si os canais de libertação e de plenas
possibilidades. Hoje ele busca nas drogas a adrenalina que deveria obter
naturalmente da escola e da melhor fase de sua vida, Os adultos que não
conseguiram estudar em época mais apropriada, na maioria das vezes,
simplesmente suportam os bancos escolares. A necessidade de um diploma
faz com que engulam sapos pedagógicos e quanto aos idosos, analfabetos
desse nosso Brasil, que ao descobrirem o mundo tardio das letras, possam
fazer isso com a alegria da criança que ficou lá atrás! A magia de ler e escrever
nos conecta ao melhor dos mundos e a Arte nos ensina desde os primeiros
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símbolos registrados nas cavernas. Até hoje me pergunto: Como estão lá até
hoje? Só pode ser mágica.
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para ele. Também não simpatizava com o professor e então, era reprovado
mais um ano. Teve um momento na escola pública que para esse tipo de aluno
o termo era “ ser jubilado”. Ou seja, repetiu três vezes a mesma série, perdia o
direito de estudar em escolas públicas. Depois isso caiu de moda. Quando fui
diretora pela primeira vez, encontrei vários históricos escolares que registravam
que o aluno levava em média oito anos para concluir o antigo ginásio que ia da
quinta à oitava série. Alguém consegue compreender a extensão desse dano?
Dano na autoestima do aluno, dano para a escola que passava a contar com
um aluno que a detestava, e danos financeiros. Indo para o ralo muito dinheiro
público destinado à educação. Vamos supor se isso acontecesse em uma linha
de montagem de uma fábrica de automóveis. Na esteira de produção, de cada
dez, cinco seriam descartados porque não ficaram bons. Em se tratando dessa
linha de montagem eu até posso concordar. Não ficaram bons devido a um
padrão de qualidade pré-determinado. Nas escolas, o “não está bom”
dependeu muitas vezes da TPM das professoras, que aliás, naqueles tempos,
também nem sabiam o que era isso!
Antes a escola era para poucos. Para os que podiam pagar ou para os
que conseguiam uma vaga em escola pública. O acesso aos níveis de
escolarização das escolas mantidas pelo governo era restrito. Exames
rigorosos de admissão e depois disso, o desenvolvimento de um currículo sem
sentido, baseado na crença de que a escola “tem que ser forte” e que dependia
dela a única chance de promoção social para as classes menos favorecidas.
“Se você não estudar, não será ninguém na vida”. Esse estudar na grande
maioria das vezes favorecia aquele tipo de aluno com memória de elefante. Ele
decorava tudo. Respondia feito papagaio nas chamadas orais ou nas provas,
exatamente o que tinha recebido do professor. Ai dele se ousasse trocar uma
palavra. Repetia o ano. Dessa forma, durante os anos cinquenta, sessenta,
setenta e oitenta, apesar da LDB, apesar da constante mudança no panorama
social do Brasil, com as cidades fervendo de tanta gente que saiu da roça e
veio pra “cidade grande” ganhar a vida, as escolas permaneceram
conteudistas, sendo que os conteúdos “transmitidos” geralmente não
apresentavam nenhum significado na vida do aluno. Vamos incluir também os
anos noventa, a passagem para o século XXI e até os dias de hoje. As
gerações passaram dos Baby Boomers, X, Y, Z, Indigo, Cristal e sabe-se lá o
que está por vir, mas concordando com nosso filósofo Mário Sergio Cortella,
escola é um lugar do Século Dezenove, com professores do Século Vinte,
tentando ensinar alunos do Século Vinte e Um! Poderia dar certo? A resposta
está estampada na rotina de nossos dias e na nossa convivência com uma
violência desenfreada nas salas de aula, no trânsito, na periferia, em plena
Avenida Paulista, no Rio de Janeiro, enfim, em todo Brasil e sua realidade
social injusta. Regiões dessa terra tão rica, classificadas como da mais extrema
pobreza.
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Acredito sim que a justiça social passa pela escola. Mas uma escola
formadora, saudável, que prepare cada um para o melhor de si mesmo, com
um currículo instigante, cujo termômetro de “escola boa” seria aquele onde o
aluno e professores adorassem estar nela todos os dias.
Mesmo com toda nossa desgraça educacional, essa escola pode existir.
Basta querer. Se pesquisarmos, encontraremos modelos fantásticos. Simples,
mas significativos e que são transformadores. Não vou me estender nessa
pesquisa. Ela é uma excelente lição de casa. Nem vou puxar a sardinha pra
minha brasa, mas sei que por onde passei e onde consegui trabalhar com
projetos e com um mínimo de educadores entusiastas, a realidade mudou. A
minha, a dos alunos, a dos professores, a da escola e seu entorno. Acredito
que mudamos o mundo quando conseguimos mudar pelo menos uma célula.
Quando salvamos uma célula desse organismo apodrecido, adormecido,
injusto e cruel, mudamos o nosso mundo e dos que nos cercam. Isso tem um
efeito na pedra jogada no lago. Vai se abrindo, vai crescendo, envolvendo,
transformando, deixando saudades, reformulando vidas, criando possibilidades,
estabelecendo condições de vida mais digna. Mas...alguém tem que atirar a
bendita pedra! Tem os que se contentam em ficar na beira do lago, falando do
mal cheiro e acreditando que um dia chegará um super herói pra nos salvar.
Por sorte minha e dos que convivem comigo, achamos esse super herói!
Ou seria uma heroína? A mais antiga, a mais nobre, a eterna, a que tem vida
própria, a que fala sem palavras, que faz rir, chorar e crescer, que transforma,
que humaniza, que iguala na grandeza, que amplia horizontes e tão forte que
ninguém nunca vai conseguir matar. Catastroficamente, quem sabe, o ser
humano suma do planeta, mas talvez ela e seus vestígios ficará para contar
nossa história: a Arte.
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representa cada movimento artístico, sempre à frente de sua época, contando-
nos de um vir a ser. A ousadia de pensar diferente traz alegria, realização, e,
ao mesmo tempo, muita dor de cabeça para o autor do fato ou da obra.
O Ensino de Arte nas escolas também tem sua linha do tempo. Houve
um tempo em que a escola acadêmica, “ensinava” Arte, também desta forma.
Exigia-se “perfeição”, em todas as linguagens artísticas e principalmente ela
era dirigida às elites sociais.
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Se Arte não se aprende na escola, é lá que ela pode ser desenvolvida..
Feliz daquele que como aluno teve a felicidade de contar com um educador
cujo dom foi o de “descobrir” talentos.
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alunos. Eles camuflam o não saber, com letra bonita. Enfim...Escrevem sem
alma. Ensinar Arte com reprodução endossa a crença de que o outro, o artista,
é melhor que o aluno. Quem nos garante que em nossa frente, não está
sentado um gênio? O ensino de Arte deve humanizar as relações. Mostrar o
que os outros fizeram. Valorizar cada feito, ir além do “gostei, não gostei”.
Instigar a descoberta do que está contido na obra e até no que não está
explícito. Muito aluno consegue ver além da visão do crítico de Arte. É quando
alma conversa com alma.
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O que podemos antever é que sem Arte, em nosso tempo, nada
funciona. Ela está no mundo do trabalho, nas relações profissionais, nas
propagandas, em todos os meios de comunicação, sem falar dos avanços
tecnológicos. Que seria de tudo isto, sem o poder de criar?
Existia uma expressão antiga que dizia:” Deixa ver se as crianças não
estão fazendo arte”.
RELAÇÕES HUMANAS:
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Mesmo assim, as crianças viviam em meio à natureza e cercadas de
uma infinidade de primos, tios, avós. No início dos tempos, nômades com suas
tribos, aprendiam com a própria vida e com os mais velhos e pescar e a caçar.
O sol ensinava a todos qual a hora de dormir e a de acordar. Muitos sóis e
muitas luas depois, as tribos transformadas em civilizações continuaram a
desenvolver o tipo de relação social pertinente a cada cultura. Curioso notar
que as crianças e as mulheres, mesmo com muitas páginas dos calendários já
trocadas, continuaram a ser tratadas da mesma forma. Criança não chiava e
mulher, menos ainda.
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Na relação professor aluno, uma tática de manutenção da paz
representada pela criança quieta e de boca fechada é entupi-la de lição.
Material programado muitas vezes sem nenhum significado para o
desenvolvimento da criança. Retrato da formação que os professores tiveram
porque não deixaram que eles fossem crianças e hoje como educadores que
não tiveram acesso a esse tipo de aula, não conseguem ensinar através da
ludicidade, da brincadeira, do espírito de descoberta, das pesquisas.
Como teria sido nossa vida no tempo das tribos? Neste momento faço um
esforço sobre humano para ultrapassar as barreiras do tempo e tentar me
conectar à minha origem primária. Como teriam sido as relações pessoais
originais? Aquelas que não eram influenciadas pela mídia, pela política, pela
opinião dos vizinhos, dos concorrentes, das rivais, dos formadores de opiniões,
ou será que também recebiam influências? Do líder da tribo, talvez?
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O que me leva a fazer estas considerações é na realidade um grande
cansaço. Ao longo desta minha carreira de educadora que teve início em 1972
tenho visto muita coisa que deu um sentido maravilhoso ao meu viver e
também coisas que me entristecem até hoje.
Acredito que cada ser humano é tão único quanto sua impressão digital.
Que cada um é uma potência. Que talentos fazem parte da natureza humana.
Que como já diziam os gregos, cada um de nós já nasce sabendo. Trazemos
gravadas em nossas células ancestrais, arquivos únicos que falam do nosso
“EU”, de nossa individualidade. Caberia então ao professor, dar o “toque” que
despertariam essas memórias e com isto, conduzir o educando a
prazerosamente ir construindo sua aprendizagem ao longo de toda sua vida.
Pois assim é: Aprendemos a cada dia desde que nascemos até nosso último
suspiro. A Maiêutica nos fala disto. Ato de gerar, dar à luz. O professor seria
então, um parteiro. Aquele que traz à vida do aluno, conhecimentos, talentos
latentes, adormecidos.
Esta permanente tensão tem um preço muito alto. Como hoje a informação
está a um toque do dedo, a “aula dada” geralmente não corresponde às
expectativas da alma do aluno. Ele não tem interesse em aprender o que está
sendo “ensinado” e muito menos cobrado nas provas. Os resultados mostram
as consequências disto: Professores desestimulados, crianças que adoram ir
para a escola, mas que ficam felizes só no recreio ou quando o professor falta.
Uma das quebras de valores que identifico como a mais significativa é com
relação ao desrespeito ao próprio aluno. Durante séculos a escola tenta
ensinar a todos da mesma forma, como se fossem “pão de forma” todos iguais.
A ludicidade está fora do ambiente escolar e como nos afirma Carlos Cipriano
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Luckesi, somente quando a pessoa está envolvida com o ato criativo é que ela
está inteira. Mergulhada em sua inspiração. Isto é um estado de graça que
poderia estar acontecendo em todas as aulas, através dos próprios conteúdos
tradicionais, envolvidos com a magia das descobertas.
No momento em que a escola perceber que na nossa era não vai mais
poder contribuir com a tarefa de informar, talvez volte ao seu papel principal: a
de formar. Formar para a Ética, para os valores humanos que promovam
justiça social, para os valores que defendam a própria vida do planeta.
Que guerra é esta? Com certeza não é a do bom combate. Vejo alunos
perdidos, professores exaustos, semestres após semestres que se somam sem
um final feliz. Percebo isto nas escolas públicas de ensino fundamental, nas do
ensino médio e nas faculdades. Eterno caminhar do nada ao nada. O que fica
disto tudo? Uma parcela enorme da população que não consegue viver na
plenitude da dignidade humana.
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mais as consequências da estima enfraquecida, já que os níveis de desafios e
exposição são maiores.”
A criança deve brincar. É assim que ela aprende. O adolescente deve estar
envolvido em todas as áreas de conhecimento que são importantes, cujos
conteúdos abrirão portas para novas descobertas. Os alunos dos cursos
superiores também. Minha pergunta: Qual a razão da escola, em seus vários
níveis tornar tudo isto maçante, massacrante, desestimulante?
É fácil para cada um de nós lembrarmos dos nomes dos professores que
fizeram a grande diferença positiva em nossas vidas. Nossos olhos brilham
nessas lembranças. Como eu disse acima, nossas células tem memória e
acordam felizes com estes registros. Eles não se apagam com o tempo.
Embora a montanha de coisas que tivemos que suportar sejam bem maiores
do que estas lembranças, são elas, as lembranças boas, as responsáveis pela
nossa autoestima elevada.
Receitas? Voltarmos para a nossa tribo, onde todos aprendam com todos,
onde TUDO está no TODO , onde a intuição nos conecta ao sentido da vida e
que os próprios mistério ou sua magia, sejam suficientes para nossas reflexões
e nosso crescimento.
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necessariamente ser assinada pelo seu autor. A boa ideia toma corpo, passa a
existir no tempo e no espaço, uma boa ideia, muda o mundo. Não é a pessoa
que muda o mundo. São suas ideias! Uma aula construtiva, que traga em si
seu próprio sentido, traz a sensação de que a aprendizagem ocorreu. Fica
feliz o aluno, fica feliz o professor, fica feliz a família, fica feliz a direção da
escola, um pedacinho do mundo, fica mais feliz!
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Antes a mulher não podia nada. Desde os primórdios da civilização que
se convencionou que ela cuidaria da prole e da elaboração da caça que o
marido, forte e corajoso, trouxesse para casa.
Parece que a linha do tempo demorava mais para passar. Ela ficou
nessa posição durante séculos. Era considerada como propriedade dos pais,
dada com dote para o marido em casamento. Não podia aprender a ler, depois
que aprendeu, não podia votar e apanhava calada.
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questões das escolas que em sua grande maioria continuam estáticas,
refratárias ao passar do tempo, organizadas como pilares únicos e
indestrutíveis., embora constem na maioria das pesquisas como ineficientes
para a educação do aluno contemporâneo. Conteúdos são desenvolvidos de
forma tradicional, sem conexão com a realidade de vida dos estudantes, suas
histórias, suas pretensões para a vida adulta, enfim,.aulas sem significados
construtivos e com intenções indeléveis da manutenção de valores
distanciados do que hoje poderíamos chamar como educação humanitária,
justa, ampla quanto aos direitos e deveres de todos os seres.
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maioria das relações humanas. Entretanto, quando escolhemos ser
professores, optamos por uma série de situações que envolvem esta profissão.
Infelizmente o que percebemos no dia a dia é que a maioria dos professores
continua alimentando a ilusão do aluno ideal. Ao longo de muito tempo
enquanto educadora detecto este choque entre o imaginário do professor
(aluno ideal) e a realidade do aluno que responde presente diariamente nas
salas de aula. Isto é bastante desgastante e produz resultados
assustadoramente nefastos ao desenvolvimento escolar. Refiro-me
principalmente às escolas públicas. Não generalizando, muitas fazem um
trabalho bonito e construtivo, embora em exemplos isolados e não efetivos ao
longo dos anos. A grande maioria consta da atual estatística promovida pelo
Ministério da Educação, divulgada nos meios de comunicação neste ano de
2020 e que aponta um resultado de que 80% dos alunos matriculados em
escolas públicas do Ensino Fundamental e do Ensino Médio não dão conta de
satisfatoriamente ler, escrever e resolver cálculos matemáticos elementares.
Com relação às mudanças que ocorrem nas gerações desde o período dos
Baby Bommers, pessoas que nasceram entre 1946 e 1964, que viam na escola
um direito de todos, passamos pela geração X, pessoas que nasceram de 1965
até 1981 onde o sentido era: “estudar para ser alguém na vida”, observando a
geração Y, de 1982 a 1993, onde estudar já era considerado “um mal
necessário” e desembocamos na geração Z, de 1994 a 2010, onde a escola já
perdeu quase todo o significado. Essa geração é ligada à mídia social sem
fronteiras e plugada na era da informação. Ir à escola torna-se uma obrigação
única e exclusivamente pela busca de certificação, diplomas, sem os quais
ainda não conseguimos avançar em direção às universidades, aos cargos mais
elevados nas empresas, aos cursos de aperfeiçoamento, aos intercâmbios.
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Me parece que o que a escola perdeu ao longo destas décadas foi o seu
sentido original que pode ainda ser buscado em Sócrates que afirma “Tudo que
sei é que nada sei”. A escola de hoje se arvora em uma utopia de que é a única
fonte do saber e o resultado disto é que não consegue mais sustentar essa
pretensão.
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realidade menos cruel. Foi assim com meus avós maternos, húngaros e
paternos que vieram da Itália. Imigrantes para ajudar na lavoura, assim como
de tantos outros lugares e idiomas diferentes. Japoneses, Chineses, Coreanos,
Poloneses., Portugueses, Espanhóis. Cada qual aqui se instalou, da lavoura ao
desenvolvimento de suas profissões originais. Enriqueceram essa terra de
novas tecnologias. Em cada pedacinho desse país gigante, a reprodução e
reconstrução do que ficou para traz. Temos cidades, bairros inteiros que
retratam cenas, paisagens, moradias, comidas, vinhos com o sabor da origem
distante.
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questão da constituição das defesas imunológicas do bebê, quanto ao adulto
que ele será, provavelmente mais calmo, focado, otimista e feliz do que os que
foram criados em chocadeiras humanas, com aleitamento artificial e celular
aclopado ao bercinho. As ciências da Psicologia já falam do “Autismo”
fabricado pelo constante estímulo causado pelas tecnologias que
disponibilizam celulares que passam a fazer parte do enxoval da maternidade.
As fraldas e as chupetas perderão o sentido conforme o bebê for crescendo,
mas os celulares acompanharão os reizinho e princesas durante toda sua vida
como utensílios de primeira necessidade.
Arte nos bancos escolares de acordo com pesquisas que realizei com
alunas do curso de Pedagogia, limitou-se ao caderno de desenho livre e às
apresentações nas datas comemorativas para que a escola fizesse bonito para
os pais, comunidade e diretorias de ensino. Afinal, escola é coisa séria e
ninguém será alguém sem ela. Arte é para quem não tem o que fazer.
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horas extras ficam fazendo falta nos lares. Mamãe e papai trabalhando.
Escolas sem diretrizes humanitárias exigindo a padronização das aparências e
dos sentimentos, afinal, o diferente atrapalha! O celular alienando. Não existem
mais quintais onde primos e vizinhos descobriam o sentido da vida sob o olhar
atento das avós e das tardes com café com leite e bolinho de chuva.
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A partir do ano de 1990 o cenário da psicologia passou a ter um novo
recurso de estudos através dos trabalhos de Daniel Goleman que nos
revelou os aspectos da denominada Inteligência Emocional.
“E somente conhecendo o que acontece na sua cabeça que você
consegue controlar o que você sente.” – Daniel Goleman.
Goleman dedicou anos de sua vida para elaborar a teoria revolucionária
que redefine o que é ser inteligente.Ele nos explica que temos duas
mentes: uma que raciocina e outra que sente. A mente racional é a do
modo de compreensão de que temos consciência: É mais atenta e
capaz de ponderar e refletir. A mente emocional, ao contrário, é
impulsiva, imediatista.
Na maior parte do tempo, essas duas mentes trabalham em harmonia,
entrelaçando os seus modos de conhecimento para que possamos
encontrar o nosso caminho no mundo. Mas nem sempre é assim. Cada
tipo de emoção que vivenciamos nos predispõe para uma ação imediata
e quando são as emoções que tomam conta do nosso ser, o intelecto se
abala e não consegue nos levar a lugar nenhum. De acordo com
Goleman “Isso indica que nossos mais profundos sentimentos, as
nossas paixões e anseios são diretrizes essenciais e que nossa espécie
deve grande parte de sua existência à força que eles emprestam nas
questões humanas.”
Essas duas mentes e a capacidade ou incapacidade de andarem juntas
em equilíbrio é o que pode determinar o sucesso das pessoas em suas
vidas. Goleman nos diz que de nada adiante um altíssimo QI, ou seja,
uma grande inteligência e capacidade de raciocínio intelectual se o
indivíduo não consegue controlar a sua ansiedade, seus estados de
humor, sua natureza ao se relacionar com as demais pessoas.
- As ideias que citei acima foram baseadas no livro de Daniel Goleman
Inteligência Emocional – A teoria revolucionária que redefine o que é ser
inteligente – e na matéria da Revista Coaching – Ano I – Edição I.-
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seu futuro, influenciando a maneira como seus professores pensarão
sobre ela e estabelecendo sua elegibilidade para determinados
privilégios. A importância vinculada à nota não é inteiramente
inadequada, afinal, o escore em um teste de inteligência de fato prevê a
habilidade da pessoas haver-se com matérias escolares embora preveja
pouco sobre o sucesso na vida posterior.
A cena acima descrita e resumida por mim a fim de não nos determos
demasiadamente em minúcias é repetida milhares de vezes ao dia no
mundo inteiro. Muita importância é dada até nos dias de hoje à nota
obtida, mas, felizmente muitos estudiosos nos mostram que este tipo de
aprendizagem bem pouco pode auxiliar na construção do conhecimento
do indivíduo, responsável para que ele tenha sucesso na vida, sendo o
melhor dele mesmo.
Os testes acima que dizem presente até nas universidades, são meros
treinamentos de memória e ainda por cima, podem acabar com a
autoestima do indivíduo porque costuma compará-los como melhores ou
piores dependendo da nota que cada um conseguir tirar.
Howard Gardner através do livro citado nos fala, assim como Daniel
Goleman que de nada adianta medirmos Q.I. Que o importante é o que
fica para cada um dos estudos que fez, dos caminhos escolares que
decidiu seguir e como conseguirá equacionar conhecimento intelectual e
inteligência emocional em cada inúmero conflito que encontrará na vida.
Aprendemos com Gardner que não existe só um tipo de inteligência.
Cada ser humano possui desde o seu nascimento, dentro das
combinações hereditárias representadas pelo seu D.N.A, um tipo de
inteligência, ou uma combinação de tipos de inteligências que o situarão
na vida já como perspectiva do seu tipo de personalidade. Naturalmente
que através de suas experiências, aprendizagem com o meio ambiente,
com as pessoas de sua convivência, com os cursos que escolherá fazer,
vários outros tipos de inteligência poderão ser desenvolvidos
acrescentados aos que já trouxe ao nascer. Podemos enumerar as
seguintes formas de inteligência: Inteligência Linguística, Musical,
Pictórica, Lógico Matemática, Espacial, Corporal Cinestésica,
Naturalista, Interpessoal,Intrapessoal
Inteligência Linguística – Aparece na criança por volta dos dois anos e
vai se desenvolvendo ao longo da vida. As pessoas que tem este tipo de
inteligência conseguem falar bem, organizar seus pensamentos, mesmo
não sendo cultas. Apresentam este tipo de inteligência os poetas,
escritores, publicitários, jornalistas, apresentadores de programas
televisivos, entre outros.
Inteligência Musical- Aparece nas pessoas que tem facilidade para
dançar, cantar, aprender música, compor melodias. São pessoas com
bastante sensibilidade sonora. A música faz parte do seu corpo.
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Inteligência Pictórica – São desta forma de inteligência, os artistas
plásticos, as pessoas que sabem e gostam de desenhar, fazer
esculturas, arquitetos. Crianças com este tipo de inteligência são
bastante criativas.
Inteligência lógico-matemática – facilidade em realizar cálculos
matemáticos, lidar com formas geométricas, resolver problemas que
envolvam raciocínio, sucesso com novas tecnologias, informática, são
os químicos, físicos, pedreiros, mestres de obras, engenheiros e outros
com as mesmas características.
Inteligência Espacial – Pessoas que apresentam facilidade em se
localizar no tempo e no espaço. Tem bom sentido de direção, facilidade
em entender mapas. Crianças com este tipo de inteligência costumam
ter amigos imaginários. Geralmente tem este tipo de inteligência os
esportistas de várias modalidades, indo do futebol ao automobilismo,
jogadores de xadrez, navegadores, pilotos.
Inteligência corporal cinestésica – São pessoas com extrema
sensibilidade corporal e coordenação motora fina – cirurgiões médicos,
dentistas, mecânicos, bailarinos, esportistas.
Inteligência Naturalista – pessoas que sabem pertencer à organização
sistêmica da vida. Se identificam e sentem-se parte da cadeia de vida
planetária, de todo ser vivo, animal, vegetal, mineral.
Inteligência Interpessoal – facilidade nas relações humanas. São bons
vendedores, professores, políticos, religiosos.
Inteligência Intrapessoal- pessoas que nutrem boa autoestima, cultivam
o auto respeito, geralmente otimistas. Geralmente são psicólogos,
místicos, filósofos, romancistas.
Acredito que ser professor exige muito de cada ser que optou por
esta profissão. Nos dias de hoje, em plena era da informação é
inadmissível de acordo com a minha opinião e não estou sozinha com
ela, posto que muito autor que admiro também a externam, que não
existe mais o “dar aulas”. Isto atualmente para mim esbarra na
arrogância. Ninguém consegue saber tudo de tudo. O conhecimento se
processa na troca, na soma, na vivência. Nesse momento que escrevo,
sinto-me como aquela pessoa que tem a função de abrir portas em um
edifício. Tem nas mãos uma grande argola, cheia de chaves e vai
abrindo portas e mais portas para que o visitante consiga se decidir em
qual ambiente entrará. Meu desejo é que essa sopa de letrinhas aponte
chaves certeiras para que portas sejam abertas para que educadores
possam se transformar em pesquisadores. Que cada um perceba que
uma porta escolhida leva a inúmeras outras que deverão às vezes ser
arrombadas porque nem tudo ainda nos foi revelado sobre essa caixa de
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surpresas que é a alma humana. Tenho certeza de que os que forem
motivados por estes assuntos conseguirão pesquisá-los nas mais
diversas fontes. Irão busca-los em livros, revistas, na internet, na mídia,
nas palestras, nos seminários, nas apresentações de trabalhos e talvez
muito mais no bate papo informal que vocês terão com cada pessoa que
fizerem parte de suas vidas.
A vida é a verdadeira escola. Tudo que vivenciamos nos ensina e tudo
que servir de “aperitivo” significa que caiu na sua alma e está apontando
para novas chaves, novas portas, novas descobertas! Boa travessia!
Tais afirmações tem origem na realidade. Até a bem pouco tempo atrás
eu era uma entusiasta da Educação Infantil, principalmente das escolas que
pude acompanhar enquanto orientadora de turmas da Pós Graduação.
Vivenciei trabalhos fantásticos onde a maestria do regente da classe em
parceria com a direção e o total envolvimento dos alunos, me mostravam um
cenário promissor. Meu pensamento: Se existem tantas queixas a respeito da
família que “deposita” seu filho quase que recém nascido nas escolas, que o
deixa lá, mesmo quando poderiam ficar com ele em casa, isto para a criança
deve ser benéfico. Afinal, estão sendo educados por pessoas que estão
preparadas, com alegria, capacidade e foco no que estão fazendo. Ainda hoje
esta é a minha visão da Educação Infantil nas escolas públicas desta cidade.
Hoje sabendo o que ocorre em algumas escolas particulares de Educação
Infantil, fico assustada. Não é só os pais carentes financeiramente que
“depositam” seus filhos nas escolas. Muitos pagam uma mensalidade bastante
salgada para que eles fiquem nestas escolas das sete horas da manhã às sete
da noite, com câmeras espalhadas por toda parte, onde de casa ou de seus
trabalhos podem ser acessadas, quando então estes pais, dão pitácos na
educação de seus filhos. Que seres estarão sendo formados deste jeito?
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Infantil que a criança desta fase ama a escola. Tem brilho no olhar. Brilho este
que se perde com o passar dos anos e às promoções para as séries mais
avançadas.
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Conhecendo um pouco de Rousseau, percebemos que antes dele, a
educação era dirigida pelo clero, onde o objetivo era a educação das pessoas
para Deus ou para um aristocrático convívio em sociedade. Com Rousseau
aparece o desejo de que o indivíduo seja” educado para si mesmo:” Viver é o
que desejo ensinar-lhe. Quando sair de minhas mãos, ele não será magistrado,
soldado ou sacerdote, ele será, antes de tudo, um homem.” Trecho que se
encontra na página 178 do livro citado, 3º edição, Editora Moderna.
Boa pergunta!
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desertos, voltaram assolados pelo vento e calor, percorreram muitas
montanhas, voltaram exaustos, correram para as florestas e perceberam que
em todos estes lugares além de não encontrarem solução, acabavam
espalhando mais medo ainda e o mar ficou revolto, os desertos espalharam
suas areias, as florestas gemeram de medo e enfim,.munidos da maior
coragem, foram perguntar para o astro Rei, o Sol, o que deveriam fazer para
acabar com a escuridão que se avizinhava. Tremendo de medo contaram ao
Sol o que estava acontecendo e este compadecido acalmou os mensageiros
prometendo: Fiquem aqui e esperem: Vou andar por toda Terra e verei onde
está escondida esta escuridão que amedronta a todos. Isto feito, pouco depois
retornou e falou para os sábios: Podem voltar tranquilos. Percorri toda Terra e
por onde eu passei tudo estava iluminado. Não existe nenhum perigo. Foi sé
uma questão de fake news!.
Aprenda a ser luz durante o túnel! Ainda que seja com a lanterna do
celular! Utilize toda tecnologia possível. Esteja ciente que ela muda a cada dia.
Não se surpreenda com isto, porque seu aluno também muda a cada dia. Cada
geração traz a sua marca característica desde que nos foi apresentado o
homens sapiens até os bebês de proveta e tudo que quem estiver vivo verá,
como transformação da raça humana. Alguém nos dirá que esta é a evolução
natural e eu me pergunto: evolução ou involução? Até que ponto um ser que
ficou parado no passado ou aquele que não pensa no futuro, que consome
absurdamente, que esgota recursos naturais, que utiliza a práticas de subir a
qualquer custo, pode ser concebido como “ser em evolução”? E a escola o que
tem a ver com isto? Será que se ela deixar de ensinar o padre nosso para o
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vigário, uma vez que os alunos de hoje conseguem acessar informação muito
mais rapidamente que seus professores, se ela voltar a fazer o que os gregos
faziam:” Ética - Bom e Belo” será que se ela se lembrar de Rousseau ou de
Terezinha Rios, conseguiremos uma escola que pensa? Que reflete? Que
filosofa? Onde Filosofia deva rimar com alegria. Será que o verbo educar não
conseguiria desta forma ser conjugado de forma muito mais humana?
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o Home Schooling de uma forma bastante doméstica. Com a anuência dos
pais, esses alunos teriam uma carga bastante expressiva para realizar lições
de casa em forma de pesquisa, mas que os resultados deveriam ser
apresentados sempre em uma linguagem artística escolhida pelo aluno.
Somente uma vez por semana eles compareceriam à escola para suas
apresentações. Foi mágico! Como eram brilhantes! Como sabiam lidar com o
computador e criar apresentações através da poesia, da música, das telas
pintadas! A escola passou a fazer sentido para eles. Incomodavam nas
anteriores porque talvez eram protagonistas do Mito da Caverna de Platão!
EU NÃO POSSO ACREDITAR!!!!! Como não tem para onde fugir, chega
o Home Scholling goela abaixo ou portas adentro de cada casa. Lidar com a
tecnologia, apertar botões, escolher sistemas de transmissão, foi sofrido, mas
todos sobreviveram! Afinal essa era a única tábua de salvação, ninguém teve
outra escolha, a não ser, se professor, ficar desempregado.
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frente do computador, adolescentes surtando e alunos adultos se virando nos
trinta!
Esse conhecido poema faz parte do longo poema “No caminho com
Maiakóvski” (1968) do brasileiro Eduardo Alves da Costa. Apareceu
tamborilando em minha mente e acredito que tem muito a dizer sobre o que
estamos vivendo nesse momento.
1. O DOMÍNIO DA LEITURA
2. A CAPACIDADE DE FAZER CÁLCULOS E RESOLVER PROBLEMAS
3. A CAPACIDADE DE ANALISAR, SINTETIZAR E INTERPRETAR
DADOS, FATOS E SITUAÇÕES
4. A CAPACIDADE DE COMPREENDER E OPERAR O SEU ENTORNO
SOCIAL
5. A CAPACIDADE DE RECEBER CRITICAMENTE OS MEIOS DE
COMUNICAÇÃO
6. A CAPACIDADE DE ACESSAR INFORMAÇÕES
7. A CAPACIDADE DE TRABALHAR EM GRUPO
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1 – APRENDER A CONHECER
2 – APRENDER A FAZER
3 – APRENDER A CONVIVER
4 – APRENDER A SER
Parece tão simples, tão óbvio! Para que complicar? Infelizmente essa
“Pandemia dos Currículos Sem Sentido” parece que contaminou o ambiente
escolar, da maioria das escolas, da maioria dos países e ainda não se inventou
nenhuma vacina para que ela seja erradicada.
LORIS MALAGUZZI
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mais exitoso dos currículos escolares. Percebam na poesia o recado que ainda
não chegou na maioria das escolas brasileiras.
CEM PENSAMENTOS.
O JOGO E O TRABALHO,
A REALIDADE E A FANTASIA,
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A CIÊNCIA E A RAZÃO,
O CÉU E A TERRA
A RAZÃO E O SONHO
AS CEM EXISTEM ! “
PSICOLOGIA INFANTIL
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diariamente. A criança podia ser criança. Sempre havia por perto um adulto
para tomar conta delas, tanto em casa, quanto nas escolas. Esta presença
estabelecia limites e as coisas corriam bem.
É uma pena, mas as crianças de hoje são netas das pessoas que já não
tiveram música boa em suas escolas. Se a escola não prezar pela tradição,
quem o fará? Nossos artistas de séculos atrás inventaram a notação musical.
Isto faz com que hoje, um músico formado consiga ler as partituras e reproduzir
na íntegra aquilo que foi escrito há tanto tempo atrás, encantando nossos
ouvidos, elevando nossa alma.
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É tão mais fácil e mais divertido deixar a própria criança manusear os
materiais para a construção da ideia que a professora trouxe. A grandiosidade
está no produto final, cheio de imperfeições para o fantasma do chicote, mas
inigualável para a criança que participou da elaboração. Ela sabe: Este é o
meu! Bem diferente dos painéis diários das escolas cheios de reproduções
idênticas, pintadas sem prazer, das quais, nem a criança reconhece a sua.
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ainda que bem pequenas, perceberem e incentivarem a aprendizagem através
do seu próprio canal de percepção, sem descuidar é claro de incentivar os
demais, porque aprendemos e nos desenvolvemos sempre, durante cada
momento de nossas vidas.
Podemos a partir disso descobrir porque tanto criança não vai bem na
escola? Uma classe tem muitos alunos, cada um com seu canal de percepção.
O professor é um só e também tem o seu canal de percepção e expressão.
Quem está “falando a mesma língua” se entende, os demais? Ficam boiando.
Vamos falar um pouco sobre Jean Piaget e seus estudos que nos
mostraram várias fases do desenvolvimento infantil. Os demais autores citados,
aparecerão em nossos próximos textos, valendo a citação para aguçar o poder
de pesquisador que habita dentro de cada professor.
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esquema de desequilíbrio, assimilação e acomodação citados, chegando aos
mágicos “clicks” das descobertas.
Para viajar no tempo, podemos nos referir à Maiêutica dos gregos que
também nos fala que todo conhecimento é latente no ser humano. Basta que
alguém o traga à Luz (função de parteiro que o professor deve exercer).
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A inteligência é anterior à fala
A estimulação do ambiente ajuda o desenvolvimento através da
exploração manual e visual de objetos
Ações práticas que denotam o desenvolvimento: agarrar, sugar, bater,
chutar.
Noção de permanência do objeto.
Introdução à linguagem
Pensamento egocêntrico intuitivo e mágico
Confusão entre aparência e realidade
Noção de irreversibilidade
Características do animismo: vida a seres inanimados (interesse por
desenhos animados com personagens irreais)
Em base a estas teorias deduzimos que a Psicologia é uma ciência que nos
apoia no enfrentamento de problemas e situações do dia a dia, entretanto
não podemos esquecer que para toda criança, o natural desenvolvimento
ocorre mediante uma ação correta e necessária tanto da família quanto da
escola. Ambas são primordiais para a manutenção de condições para que a
criança possa se desenvolver em todos os aspectos, sensorial, físico,
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motor, emocional, intelectual garantindo a formação de estruturas que
regerão o futuro adulto como um ser feliz e equilibrado.
Sugestão de brinquedos apropriados para esta fase: Brincar, sorrir, falar com o
bebê enquanto ele estiver no colo. No berço, pendurar móbiles, objetos
coloridos. No bebê conforto, utilizar chocalhos.
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Seus brinquedos passam a ser o subir em cadeiras, sofás, abrir e fechar portas
dos armários. Retirar as coisas das gavetas. Reconhece figuras. “fala” com
elas.
Fazer parte desde mundo infantil resgata a criança que fomos um dia e isto
é muito bom. Essa nossa criança interna deve ser alimentada por todos os dias
de nossa vida. É ela que vai te acalentar, te fazer sorrir, dançar, acreditar na
vida. Quanto mais perto você estiver de sua criança interior, mais fácil para
você será ser um adulto de sucesso! Esse contato com a criança que você foi
um dia, vai ajudar até a entender Piaget e todos os demais grandes amigos
nossos que com seus ensinamentos nos pegam pelas mãos e nos colocam
frente a frente com a fase na qual, a vida tem início.
Quando o educar chegou para esta faixa etária, lamento dizer e assumo
integralmente a minha fala com a pergunta: Educar com qual finalidade?
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A criança é normalmente alegre, viva, feliz. Infelizmente muito disso se
perde em ambientes escolares desestimuladores onde o principal é mantê-las
em ordem e de preferência quietas.
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ESTE CUIDADO É COMO UM ALEITAMENTO RELACIONAL –
ESTABELECE CONFIANÇA PARA QUANDO O BEBÊ PRECISAR
FICAR SEM O ADULTO POR PERTO
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NECESSIDADE DO BRINQUEDO CERTO PARA A ETAPA
CORRESPONDENTE
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disse que esse faro todo professor tem, mas cuidado! Muitos tem medo de agir
em busca da real educação da criança, não porque não sabem, mas porque
isso dá trabalho e muitos se escondem atrás das papeladas burocráticas,
apaziguando suas almas com o “não tenho tempo” e são os reais responsáveis
pela educação do país estar do jeito que está e dessa criança virar um adulto
com síndrome do pânico ou dos que se doparão de remédios para aguentar a
vida, com direito a outros desfechos muito mais sinistros.
O ditado diz: cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. Sou
vegetariana e portanto sei que caldo de galinha com certeza faz mal para a
galinha! Perdeu a chance de brincar alegre nos quintais! O mesmo pode
acontecer com as crianças. Portanto: Cautela, Arte e Terapia!
PSICOLOGIA DO ADOLESCENTE
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Não é só a questão de estilo das roupas, afinal, isso poderá ser
inofensivo e o que é lindo em uma cultura é ridículo em outra. Exemplo disso
são os biquines das brasileiras comparados com os das outras praias da
Europa ou dos Estados Unidos. Lá fora entretanto, usar só a parte debaixo dos
biquines é normal, no Brasil, só nas praias reservadas ao Naturismo. Enfim,
vamos voltar ao ser humano nu e cru!
Com roupa ou sem roupa, nosso corpo revela o que nossa alma
sente. Em se tratando do período da adolescência, então, bota corpo e bota
alma nisso! Tudo é muito exagerado nessa transição. Quando um bichinho
nasce, depois do desmame, a vida corre linda e solta. Um bicho adolescente
segue seus instintos e pronto é vida que segue. Com o ser humano é muito
mais complicado! A criança nasce e vai se tornando gente modulada pelos que
estão à sua volta. Na adolescência muita coisa já foi construída ou destruída,
dependendo da sorte de cada um. Daí,” de repente, não mais que de repente”
ela vai virar gente grande.
SONETO DE SEPARAÇÃO
Inglaterra , 1938
Nosso grande Vinícius de Moraes, com a poesia linda que como tudo em minha
vida que chamo de intuição, aparece tamborilando em meus sentidos e é só segui-los que
“de repente, não mais que de repente”, tudo faz sentido!
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Diferentemente da criança que foi conduzida, agora ela deve escolher
caminhos. Escolhas são momentos difíceis para todo mundo, imaginem para
um ser que geralmente ainda não sabe o que vai ser quando crescer.
O adulto trata o adolescente como criança nas horas que lhe convém e
exige atitudes de adulto, quando o adolescente ainda sente que é criança. Vai
entender! Ainda bem que para isso temos a Psicologia para nos ajuda!
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que esses casais deram origem a uma família linda. Talvez a cumplicidade da
entrega tenha sido mais forte para sustentar toda crise de se iniciar um
relacionamento já a três, muitas vezes sem condições financeiras e tudo o mais
que esse conflito desencadeia.Final feliz para uns, drama mexicano para
outros.
Então entre sexo, drogas e rock and roll, entra a Arte Educação e
Terapia! A adolescência com certeza será um período de transição que deixará
saudades se os dons dos adolescentes forem despertados, incentivados,
direcionados. É muito comum o adolescente ser um desenhista maravilhoso ou
um cantor promissor ou um dançarino de primeira ou um ator de teatro que nos
faça rir ou chorar.
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Se assim não for, que pelo menos as Terapias possam ajudar para os
que extrapolaram os conflitos, os que perderam o encanto pela vida, os que se
perderam em caminhos tristes. Nessas horas, os terapeutas terão muito mais
trabalho para que esses seres possam fazer algum tipo de Arte. Será com
certeza através dos desenhos, da poesia, das expressões corporais e do teatro
que eles serão resgatados.
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Como adultos, em muitas situações será a nossa criança interior ou o
adolescente que fomos que virá nos salvar, principalmente se foram crianças e
adolescentes saudáveis que tiveram o direito de curtir essas fases.
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foram abertas. Parei de brigar com a vida. Afinal, a gente põe e Deus dispõe.
Tudo tem seu tempo. Na sincronicidade e na organização sistêmica da vida,
vale a velha frase: Nada acontece por acaso. Ela é extremamente verdadeira.
Quando sairmos da nossa arrogância de acharmos que sabemos tudo e
recebermos da própria vida os sinais de bem-aventurança que é parte
intrínseca dela, perceberemos essa magia.
Como se faz isso? O único jeito que conheço é através da Arte. Para
mim, Arte, intuição, processo criativo, chama, chamamento, inspiração, sentido
de plenitude, direito às coisas boas, alegria, felicidade, satisfação pessoal,
sucesso, fartura, abundância, energia, realização positiva, vem tudo do mesmo
lugar, da mesma fonte. Está na nossa matriz. Essa matriz, como o nome
sugere, é única. É autêntica. É verdadeira. Está na origem de tudo e o melhor:
é só nossa! Não existe ninguém que não tenha a sua própria matriz. O uso que
fazemos dela é o que faz a diferença.
Quando a pessoa chega nesse estado, não sabe mais quem é, porque
nasceu ,e nem o que está fazendo aqui. Torna-se o chato de galocha que se
pendura feito vampiro na energia alheia. Que só faz reclamar, chorar, implorar
afeto. Quando alguma alma boa tenta socorrer, como alerta Osho,meu grande
inspirador oriental, acaba correndo o risco de se afogar junto nesse mar de
lamentações. Tem situações em que as pessoas se colocam que fica
realmente difícil de serem ajudadas. É como um precipício ou uma bola de
neve. Começa com o mal humor, caminha pela má vontade, envereda pela
dificuldade em dormir, come mal ou come muito, busca socorro nos remédios,
nas bebidas, no cigarro e segue muitas vezes por caminhos sem volta.
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adultos que precisam ser medicados para curar suas feridas emocionais e
percebermos que eles ficam dependentes dos remédios ou ficam alucinados
ou dopados, enfim sem nenhum brilho no olhar. Quanta energia e tempo de
vida que podem significar o aborto desse ser humano. Triste.
Sinto demais ter que admitir que muita coisa foge de nossa vontade de
que as coisas não deveriam ser assim. Seria maravilhoso o nascer, crescer,
plantar uma árvore, escrever um livro, ter filhos e morrer em paz. Isso não é
para todo mundo.
Vou chegando nos finalmente das razões que me levaram a fazer esses
registro.
Como já disse, ser humano, caixinha de surpresas, cada qual com suas
escolhas e seu destino. #.com.
Vai ficar mais fácil para a criança livre rabiscando paredes, cantando,
dançando, imitando, crescendo forte e feliz.
Vai ficar mais fácil para o adolescente rebelde sem causa, quando puder
compor suas músicas, tocar sua guitarra, dançar seus ritmos alucinantes, criar
arte digital, grafites e quando começar a pichar é porque não encontrou
ninguém para conversar., se abrir e poder descobrir-se enquanto ser humano
importante para si mesmo ou para alguém.
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preguiça, a má vontade, a violência, a apatia, a anorexia, a obesidade, o
fanatismo religioso, o abuso do álcool, o sexo sem prazer ou responsabilidade,
a vida insossa, trabalhar demais ou de menos, a vulgaridade, a falta de
empatia, a busca frenética por uma razão de viver ou de um significado para a
própria vida.
Coisas que lápis colorido, tinta na cara e nos cabelos, castelos de areia,
cantigas de roda, rodas de conversa, contação de histórias, coreografias,
peças teatrais, grupos de pagode, de danças folclóricas, de orquestra de
violões, fotografias, arte digital, poesia, grafite, projetos de voluntariado, ajuda
a animais abandonados, preservação da natureza, ecologia na prática e ouso
dizer, palpitar, por que não? Incentivo ao vegetarianismo. Grupos organizados
para enfeitar os postes cinzas da selva de pedra, festivais de música ao por do
sol na praça em frente a escola, desfiles temáticos pelo bairro, chá das avós e
das mães nas escolas ao invés das catastróficas reuniões de pais, reunião dos
pais que saibam fazer algum tipo de Arte para dar vida à escola: carpintaria,
jardinagem, murais, mosaicos. FAMÍLIA NA ESCOLA, EDUCAÇÃO PARA A
PAZ!
Que não seja mais assim. Que ARTE e INTUIÇÃO se movimente tanto
dentro de você que te faça partejar a cada dia um novo ser. Cada vez mais
autêntico, mais forte e mais feliz.
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encarar a vida. Tentativas válidas na reconstrução de nossa trajetória em
busca de nós mesmos. Enfim, “Tudo vale a pena quando a alma não é
pequena” grande Pessoa! Só o Fernando não daria conta de tantos recados de
alma para alma, talvez por essa razão, às vezes fala por ele Alberto Caeiro,
Ricardo Reis e Álvaro de Campos.
A Arte faz isso com a gente. Nos multiplica. A busca pela comunicação
daquilo que importa tem que fazer acrobacias. A intuição abre essas portas.
Podem ter certeza. Se o motivo é importante, a porta se abrirá com a chave
mágica que sairá do além, em forma de dança, de literatura, de pinturas ou da
música. A esperança é que a Arte salve, antes que as terapias tenham que
fazer isso à força. Antes que a vida se despeça dos corpos. Antes que a chama
se apague. Antes que os olhos se fechem ou antes que o último suspiro
aconteça, vamos exercitar a grande magia da ARTE DE VIVER!
AGRADECIMENTOS
A todos meus mestres citados durante minha escrita. Nunca utilizei uma frase
que não fosse minha, sem reverenciar aquele que me inspirou. Acredito que
essa reverência me faz melhor do que ter que citá-los em forma de referencias
bibliográficas que exigem que eu aperte as teclas “Control C e Control V” e me
enchem de tédio quando tenho que ler tudo que as normas cultas recomendam
como instrução. Não acredito em instrução. Acredito em construção prazerosa
do conhecimento. Isso para mim não se dá, quando estou lendo um texto
importante e o curso das minhas reflexões tem que ser interrompidas pelas
citações hermeticamente ajustadas às normas da ABNT. Elas cortam meu
pensamento igual às propagandas comerciais que aparecem cortando os
filmes encantadores que estamos assistindo.
Não sei se publicarei esse texto ou de que forma farei isso. Minha intenção é
deixá-lo como folhas soltas que distribuídas aleatoriamente seguirão os
impulsos dos ventos para que caiam na hora certa, nas mãos certas..Estou
buscando dentro dos modernos meios de divulgação, uma forma pela qual eu
possa fazer isso com a mesma alegria, prazer e desprendimento que sinto ao
escrever.
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Um dia uma aluna me disse: “Quando leio teus textos eu aprendo
tranquilamente porque parece que estou escutando sua voz.” E em outra
ocasião, daquelas que nos ensinam e das quais a gente não mais se esquece,
um aluno, após ler um texto meu, chegou pertinho da minha mesa e disse:
“Professora, adorei seu texto, você não vai publicar tudo que escreve?”
Respondi que nunca havia pensado nisso. Afinal publicar , exige até as
normas da ABNT das quais tenho alergia, e ele continuou;” Então você vai
morrer e tudo que você escreveu vai ficar perdido?” PERDIDO?
Isso não, mestres queridos. Que a vida de educadores possa ser tão feliz para
vocês quanto está sendo para mim, então, vale esse textão de 58 páginas que
socializo com vocês para que juntos essa TRAVESSIA possa valer a pena!
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