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ADUBAÇÃO NITROGENADA NA CANA DE AÇÚCAR;

Uso do Azospirillum assimilado ao Nitrogênio para uma melhor nutrição da cultura.


SILVA, André L.; SANTOS, Gabriella de P. R.; LISBOA, Luciano N.; OLIVEIRA, Pedro
L. F.; DANTAS, Simone N. M.. Projeto de Pesquisa realizado por graduandos do curso de
Eng. Agronomica da UFU. André Luiz Silva: Catalão, GO, andresilva2003@outlook.com;
Gabriella de Paula Rocha Santos: Uberlandia, MG, gabriella.paula.sr@ufu.br; Luciano
Nogueira Lisboa: ; Pedro Lucas Fernandes Olveira: Tupaciguara, MG,
pedro2018fernandes@gmail.com; Simone Nunes Morais Dantas: Uberlandia, MG,
simonendantas@hotmail.com.
RESUMO
A pesquisa aqui apresentada tem como principal objetivo avaliar o benefício em usar
adubações especificas na cultura da cana-de-açúcar para uma melhor nutrição e,
consequentemente, um melhor desenvolvimento e qualidade da cultura. Nesta, tratamos a
origem e importância da cultura, além dos benefícios para a sociedade. Porém, o foco
principal é a associação entre o nitrogênio e o azopirillum como fontes primordiais de
nutrição, a origem dos compostos como agente de nutrição e suas beneficiações para a cana.
E com a combinação entre os compostos químicos, o nitrogênio e o azopirillum,
conseguimos visualizar significativos benefícios para cultura.
Palavras-Chaves: Cana-de-açúcar; Nutrição; Nitrogênio; Azospirillum
1. INTRODUÇÃO
O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de cana-de-açúcar chegando a atingir
uma área total de 8.442 mil hectares, havendo a confirmação de crescimento de produção
baseado na temporada passada, chegando no total de 642,7 milhões de toneladas colhidas,
produzidas na safra de 2019/2020(CONAB 2020).
A cana-de-açúcar é considerada uma espécie de gramínea semiperene, pois não precisa
ser replantada logo após sua colheita, podendo permanecer no solo para a próxima safra. Seu
plantio se dá através de toletes ou olhaduras, que são nada mais que parte de uma planta
adulta, se diferenciando de outros cultivos que se dá através de semente. Dependendo de onde
será o cultivo, possui diversos sistemas de plantio e colheita atendendo a especificidade de
cada região e períodos distintos. Tendo o clima como um dos fatores que contribuem com a
baixa produtividade no Brasil.
Pesquisas realizadas com a cana-de-açúcar podem observar que a adubação
nitrogenada assimilado ao azospirillum pode beneficiar no desenvolvimento superior do
cultivo reduzindo o uso de fertilizantes na cultura. Logo o objetivo deste trabalho é avaliar e
apresentar a adubação nitrogenada na cultura da cana-de-açúcar com a incorporação do
Azospirillum.

2. DESENVOLVIMENTO

A cultura da cana de açúcar se destaca no Brasil desde o período da ocupação colonial,


sendo sua presença notória principalmente na região Nordeste. Ao longo dos anos, com o
aumento da demanda por açúcar na produção alimentícia, acompanhada por projetos como o
Proálcool, com o intuito de fortalecer a produção de álcool para automóveis, houve um
aumento na demanda da cultura. Em decorrência desse grande aumento da demanda por cana,
a produção de cana-de-açúcar precisou se espalhar ao longo do território brasileiro e se fixar
principalmente no estado de São Paulo, maior produtor nacional, criando o atual cenário
econômico de cadeia produtiva de commoditie atualmente conhecido.

Partindo da questão do aumento da produção de cana de açúcar, sua nutrição deve ser
levada em consideração como um dos principais fatores por ter se tornado esse grande
commoditie no país. Sob essa análise, a presença da adubação nitrogenada se torna um dos
assuntos mais abordados, uma vez que a cana de açúcar, em decorrência do seu ciclo
fotossintético C-4, tem a capacidade de aumentar sua taxa de fotossíntese em resposta à
temperatura, desde que não haja limitações na disponibilidade de água, sais minerais e na
concentração de O2 e CO2 na atmosfera. Embora a deficiência de nitrogênio na cana de
açúcar possa não apresentar sintomas visíveis, isso pode reduzir a atividade da enzima
Rubisco mais do que a atividade da enzima PEPC. Dessa forma, plantas com baixo teor de
Nitrogênio (N) que não conseguem realizar suas atividades básicas de assimilação de CO2 e
terão uma produção reduzida.

No entanto, apesar da grande importância da adubação nitrogenada para um bom


desempenho da cadeia produtiva da cana de açúcar, o N apresenta uma dinâmica complicada
em virtude das diversas transformações que ocorrem em seus sete diferentes estados de
oxidação e a sua capacidade de se transportar no sistema solo-planta. Os fertilizantes
contendo nitrogênio, quando aplicados ao solo, passam por várias transformações químicas e
microbianas que podem resultar em perdas para as plantas.

Além do empecilho associado aos desafios do aproveito do nitrogênio pela cana, a


interação solo/planta também se destaca com importante fator de avaliação, uma vez que a
vasta variabilidade de solos e processos de degradação espalhados ao longo do território
brasileiro alteram de forma diferente na adubação nitrogenada. Isto é, a distribuição de solos
mais ricos e férteis se faz de forma bem específica no Brasil, associando isso a escassez de
nutrientes no solo por meio da exploração excessiva e inadequada, além dos intemperismos
ambientais que ocorrem, alterando ainda mais as condições físico-químicas do solo.

Ademais, analisando-se essa dificuldade que a adubação nitrogenada representa, um


dos processos de fixação de nitrogênio ainda mais utilizados na cadeia produtiva brasileira é a
queima da palha visando a reciclagem do nitrogênio presente na parte seca das plantas.
Porém, por meio dos grandes debates e discussões acerca das mudanças climáticas em virtude
de práticas como essa de despalha a fogo, há também a grande liberação de CO2 na
atmosfera. No entanto, em uma segunda analise a respeito dessa reciclagem de nitrogênio, a
despalha sem o uso de fogo seria uma saída eficiente para esse empecilho, utilizando como
base a decomposição biológica do nitrogênio, no qual, a manutenção da palha da cana-de-
açúcar, com a prática da colheita sem despalha a fogo, poderia contribuir para a melhoria da
fertilidade do solo, onde a produção de palha de um canavial sob colheita mecanizada pode
apresentar variação entre 10 a 30 t ha-1 de matéria seca e contém de 40 a 80 kg ha-1 de N, se
tornando potencialmente disponível à cultura futura da cana sob a ação dos microrganismos
do solo .

Outrossim, uma possibilidade para aprimorar a utilização eficiente de nitrogênio e,


consequentemente, reduzir a dependência de fertilizantes nitrogenados na cultura, é o
emprego de bactérias diazotróficas, que têm a capacidade de estimular a fixação biológica de
nitrogênio (FBN). Assim, segundo Cassán (2020), é possível citar o Azospirillum, que trata-
se de um tipo de bactéria que pertence ao grupo das Gram-negativas, sendo microaerófila, não
fermentadora e capaz de fixar nitrogênio, a qual desde sua descoberta por Martinus Beijerinck
na Holanda em 1925, tem sido objeto de extensas pesquisas como uma das bactérias benéficas
para o crescimento das plantas, conhecidas como PGPB (bactérias promotoras de crescimento
vegetal). Apesar do Azospirillum brasilense ser a espécie mais reconhecida, foram
identificadas pelo menos 22 espécies, incluindo 17 espécies devidamente validadas, isoladas
não apenas de solos agrícolas, mas também de habitats tão diversos como solos contaminados,
produtos fermentados, fontes de sulfeto e células a combustível microbianas.

Tendo isso em vista, de acordo com Gonçalves (2020), foi realizado um estudo com o
propósito de analisar os resultados da combinação entre a inoculação da muda pré-brotada
com Azospirillum brasilense e a aplicação de adubação nitrogenada posterior no crescimento
das plantas de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum). Com isso, a resposta dos diferentes
genótipos à inoculação de A. brasilense varia de acordo com as condições edafoclimáticas,
sendo mais eficaz em solos de baixa e média fertilidade, assim como em condições ambientais
desfavoráveis. A FBN na cultura de cana-de-açúcar no Brasil resulta em ganhos médios de
aproximadamente 40 kg/ha de N. Nesse contexto, a utilização da inoculação com bactérias
diazotróficas pode aprimorar a contribuição da FBN para a produção da cultura,
possibilitando uma agricultura mais rentável e com menor impacto ambiental, uma vez que se
torna viável reduzir a dependência de fertilizantes nitrogenados na cultura.

Desse modo, a análise de variância demonstrou efeitos estatisticamente significativos


da interação entre a inoculação com A. brasilense e a aplicação de diferentes doses de
nitrogênio em cobertura. À vista disso, aumentar a quantidade de nitrogênio aplicado durante
a fase de cobertura resultou em um crescimento linearmente crescente na altura das plantas de
cana-de-açúcar inoculadas com A. brasilense. No entanto, a altura das plantas não inoculadas
não foi significativamente afetada pela adubação nitrogenada em cobertura. Quando as
plantas foram inoculadas com A. brasilense, observou-se um aumento de 5,3 cm (10%) na
altura das plantas com a aplicação de 120,0 mg/dm³ de nitrogênio em cobertura, em
comparação ao grupo controle que não recebeu fertilização com nitrogênio (0,0 mg/dm³).
Ademais, observa-se uma resposta linear no diâmetro do colmo das plantas de cana-de-açúcar
inoculadas com A. brasilense, enquanto o diâmetro do colmo das plantas não inoculadas não
foi afetado pela adubação nitrogenada em cobertura. No entanto, quando as plantas foram
inoculadas com A. brasilense, observou-se um aumento de 3,1 mm (19%) no diâmetro do
colmo com a aplicação de 120,0 mg/dm³ de nitrogênio em cobertura, em comparação ao
grupo controle que não recebeu fertilização com nitrogênio (0,0 mg/dm³). Portanto, é evidente
que esses resultados evidenciam que o crescimento mais significativo das plantas de cana-de-
açúcar em resposta à adubação nitrogenada em cobertura foi condicionado pela inoculação
das mudas com A. brasilense.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em virtude de sua grande importância nacional, o assunto sobre os cuidados com a


nutrição da cultura da cana-de-açúcar tomaram espaço nos estudos acadêmicos e comerciais.
Assim, um novo agente de nutrição surgiu para complementar uma nutrição já muito
utilizada, a nutrição por meio de base nitrogenada, que é a bactéria Azospirillum brasiliense,
que ao se associar com diferentes bases nitrogenadas elevou o padrão de nutrição das culturas
de cana-de-açúcar, concluindo enfim, que as mudas que passaram pela devida inoculação com
a bactéria obtiveram resultados significativos pela potencialização do nitrogênio que a A.
brasiliense propiciou.
4. REFERENCIAS

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