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Análise do crescimento de videiras produzidas no Cerrado a partir de diferentes

doses de potássio
Eliane Aparecida Silveira Ferreira (1); Daniela Martins Barbosa (2); Djalma Partolino Rodrigues da
Cunha (2); Cleber Tavares da Rocha Filho (3); Mariana Pina da Silva Berti (4)
(1)
Mestranda em Produção Vegetal; Universidade Estadual de Goiás; Ipameri, Goiás;
eliane73.agro@gmail.com; (2) Engenheiros Agrônomos, Universidade Estadual de Goiás; Ipameri,
Goiás; (3) Graduando em Agronomia; Universidade Estadual de Goiás; Ipameri, Goiás; (3) Prof. Dra.
em Agronomia; Universidade Estadual de Goiás; Ipameri, Goiás.

RESUMO

A viticultura na região centro oeste destaca-se no cenário nacional, não apenas pela expansão da área
cultivada e volume de produção, mas principalmente pelos altos rendimentos alcançados e na
qualidade da uva produzida. A nutrição mineral é uma componente chave do manejo do vinhedo e
tem o potencial de influenciar vários aspectos da produção da videira. Independente dos outros fatores
de produção, as adubações devem ser realizadas com base em uma análise criteriosa do solo e das
necessidades da videira. Um dos principais nutrientes para o cultivo da uva, é o potássio (K),
responsável pela maturação do fruto e o bom desenvolvimento do mesmo. Sendo assim, é de extrema
importância estar atento a dosagem do potássio na videira, sabendo que esse nutriente está
diretamente ligado a produção e rentabilidade financeira. Com isso o objetivo desse estudo é avaliar
o crescimento de videiras através de diferentes dosagens de Potássio.

Palavras-chave: maturação, Vitis labrusca L., uva comum de mesa, videira.

INTRODUÇÃO

A videira é pertencente à família das vitáceas e abrange diversos gêneros, porém o mais
importante pertence ao gênero Vitis. No centro oeste brasileiro, a produção de uva vem apresentando
grande expansão, pois, nesta região, fatores como luminosidade e temperatura favorecem a produção
desta cultura durante todo o ano e com excelente qualidade de cachos. (ALBUQUERQUE et al.,
2013).
A vitivinicultura apresenta-se como uma atividade economicamente importante no
agronegócio brasileiro (MELO, 2013). No cenário nacional, a produção de uvas em 2021 atingiu
cerca de 1,75 milhões de toneladas (IBGE, 2022).
Dentre os fertilizantes mais utilizados pelos agricultores para a cultura da videira encontram-
se os potássicos, justificado devido ao potássio (K) ser um dos elementos mais exigidos pela videira,
sendo absorvido na forma de K+, com maior necessidade na fase de lignificação dos ramos e
maturação dos frutos, variando sua absorção conforme o porta-enxerto (KODUR, 2010). Dentro desta
realidade pode-se afirmar que o potássio é o nutriente exportado em maior quantidade pela videira
(TERRA 2003; ALBUQUERQUE et al., 2005). E como ferramenta de trabalho aliada ao produtor
está a análise de solo, que vai providenciar um maior aproveitamento de adubo, levando a cultura a
dosagem correta destes macronutrientes.

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O potássio tem seu papel de importância para a cultura influenciando em diversas
característica, dentre elas destacam-se, a qualidade na composição química da uva, pois altos valores
de K diminuem os ácidos livres e aumentam o pH global das uvas e interferem na relação entre a
quantidade de ácidos tartárico e málico, comprometendo a qualidade dos vinhos (KODUR, 2011;
TECCHIO et al., 2012).
Trabalhos como os de Rocha et al. (2015) e Silva et al. (2016) demonstram que a
produtividade da vinífera não é influenciada de maneira significativa pelo aumento de fertilizantes
como o nitrogênio e potássio. Enquanto Prado (2008) afirma que a adubação potássica é importante
para a formação de carboidratos nas folhas e tem papel fundamental na translocação destes
assimilados para as diversas partes da planta, principalmente os frutos, demonstrando uma relação
com os teores de açúcares totais presentes na uva e o acúmulo de reservas nutricionais nas bagas.
Em plantas jovens de videiras pouco se conhece com relação ao impacto da adubação
potássica sobre crescimento de ramos ou diâmetro de caule, mas a expectativa é que esse nutriente
cause efeitos sobre as diversas reações fisiológicas que estimulam o crescimento vegetativo e
desenvolvimento da videira.
Considerando-se a importância da viticultura no cenário brasileiro e a expansão de sua
demanda, e buscando-se a melhoria do seu sistema produtivo, este trabalho objetivou avaliar o
crescimento de videiras através de diferentes dosagens de Potássio.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi desenvolvido em condições de campo, na Fazenda da Universidade


Estadual de Goiás, em Ipameri-GO. A área se situa a 17° 46’ 30,3” latitude sul e 48° 19’ 15,6”
longitude oeste, com altitude de aproximadamente 800 metros. O clima da região é classificado como
Aw tropical com estação seca no inverno, de acordo com as classificações de Köppen (CARDOSO
et al., 2014).
A temperatura média é de 25º C, com umidade relativa média do ar variando de 58% a 81%
e precipitação média anual de 1.447mm. Sendo cerca de 80% das chuvas nos meses de dezembro,
janeiro e março, enquanto o restante se distribui, principalmente, nos meses de outubro, novembro e
fevereiro (ALVARES et al., 2013). O solo é classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo e a área
está inserida dentro do bioma Cerrado (ROSSI et al., 2013).
Utilizou-se a cultivar Niágara Rosada, sendo a unidade experimental constituída de 120
plantas, com espaçamento de 1,5 m por planta, utilizando-se 20 plantas por parcela para análises. Os
tratamentos foram constituídos de doses de potássio mais a testemunha (0, 50, 100, 150, 200 e 250
kg ha-1 de K2O). A adubação com fonte de Potássio utilizada foi o cloreto de potássio, realizada no
período de dezembro, por cobertura, depois foi medido até fevereiro seu tamanho de 15 em 15 dias.
Os resultados colhidos no decorrer do experimento foram transformados em índice de
crescimento e submetidos a análise estatística ANOVA pelo programa. As análises estatísticas foram
conduzidas no software R versão 3.6.3 (R CORE TEAM, 2020).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises realizadas foram para crescimento das plantas a partir de diferentes dosagens de
Potássio, sendo feito o índice a partir da diferença do tamanho final como o tamanho inicial da planta.

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FONTE DE G.L. S.Q. Q.M F. VALOR P. VALOR
VARIAÇÃO
TRATAMEMTO 5 737.4 147.47 1.0027 0.4195N.S
RESIDUOS 114 16767 147.08 - -
TOTAL 119 17504.4 - - -

Não encontrou diferença significativa no índice de crescimento das videiras com diferentes
dosagens de K (Tabela 1). Fato este observado no estudo de Dalbó et al. (2015) em experimento com
adubação potássica o qual não representou ganho de produtividade na cv. Isabel nem no acúmulo de
sólidos solúveis totais nas uvas, em solos com alto teor de potássio.
Segundo Fogaça et al. (2007), a aplicação de K pode induzir maior crescimento das videiras,
aumentando a quantidade de podas, obtendo-se maior quantidade de massa seca, brotos e folhas, além
de colaborar no aumento da circunferência do tronco, fato este não observado no trabalho.

CONCLUSÃO

Não houve efeito da aplicação de potássio no crescimento inicial de mudas de uva cultivar
Niágara Rosada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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