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MÓDULO 02 FELIZ_MENTE

A Ciência da Felicidade
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Definindo a felicidade

"Felicidade é o sen.do e o propósito da vida, o maior obje.vo e fim da existência


humana". Aristóteles.

No módulo anterior, introduzimos a Psicologia PosiRva – que representa o estudo


cienTfico do funcionamento humano óRmo, quando viram as implicações práRcas e
teóricas de um foco posiRvo, como lidar com emoções negaRvas através da
aceitação, a importância graRdão e apreciação, e por fim como alcançar mudanças
duradouras.
Agora, neste, vamos definir a Felicidade como a experiência completa de prazer e
significado. Vocês verão na teoria e na práRca como levar uma vida feliz, que
combina emoções posiRvas e um senso de propósito. Estudiosos do assunto
“felicidade” chegaram ao senso comum que esta palavra gera muitas polêmicas, e
preferira usar o termo “Bem Estar” para falar de felicidade. Assim, vamos aprender
que para se ter um bom nível de bem estar precisamos seguir muitas premissas
novas. Algumas citadas e vistas no módulo anterior e muitas outras, vocês verão
adiante.

Não se tem uma definição certa para este termo FELICIDADE – Seligman fala, hoje,
em bem estar.
Nossa expectaRva é que até o final deste curso, e claro, da leitura deste material,
você vá se tornando mais feliz do que era, ou do que é hoje. Este é nosso firme
propósito, faze-lo mais fazer do que só aprender em teorias e conceitos. Por isso,
vamos definir sim, o que você deve e pode fazer em sua vida para ser ainda mais
feliz.
É importante lembrar que:

O que pretendemos é prover vocês com algumas ferramentas, algumas ideias que
vocês poderão implementar em suas vidas, na medida que vão lendo estas ideias da
Psicologia PosiRva, que você possa se tornar mais feliz: como resultado da aplicação
dessas ferramentas em sua vida. Esta não é uma exploração teórica do que é a
felicidade, da boa vida, vocês verão muitas informações teóricas aqui, pesquisas,
ideias, mas o nosso propósito ao mostrar estas pesquisas e ideias é que você possa
aplicá-las em sua vida.
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Nas palavras de Willian James, trata-se de idenRficar o valor final, dos termos
experimentais, e gostaríamos que vocês idenRficassem o valor final destas aulas, ou
seja, a moeda final, que chamamos de FELICIDADE. E assim aprenda a usar as
ferramentas que vamos passando ao longo do caminho. Basta refleRr conosco, fazer
seu diário de graRdão, focar no que funciona e as dicas irão surgindo...
Você vai aprender que:

A MOEDA FINAL É A FELICIDADE!

Para entender um equação inventada por Tal Ben-Shahar, preciso explicar um pouco
mais sobre querer fazer tudo cer.nho, ser perfeito e não dar um tempo, ter uma
diversão, uma alegria extra. Aquela coisa que aprendemos que tudo tem que ser no
lema americano – no pain no gain – sem dor, sem ganho! Explico melhor. Na
verdade, todos nós quando aprendemos a dar duro sobre alguma coisa não
queremos perder o ganho daquilo. Uma dieta bem feita, por exemplo, eu aprendi
que leite e glúten fazem muito mal a minha saúde, e quando penso em pizza, minha
boca até saliva! Mas sei que não posso. Mas se eu pensar direito, poder eu posso;
não posso é comer toda hora, o tempo todo, pois me fazem mal. Mas Rrar um
gosRnho uma vez ou outra tudo bem.
Voltemos a explicação do modelo que ele nos ensinou a frente, lembrando que ele
adorava hambúrgueres e que vivia uma vida de atleta bem disciplinado, comendo
saladas, verduras, tudo cerRnho, para ganhar seus campeonatos de squash. E nas
palavras dele:
"Aqui eu tenho estes hambúrgueres e eles me darão um bene9cio presente, vou
aproveitá-los, ter prazer ao comê-los, mas no futuro, não me senCrei bem, me
trarão prejuízo futuro. Então pensei em um hambúrguer alternaCvo! E se eu
comesse um hambúrguer saudável, mas que não fosse tão gostoso, iria me prover
um prejuízo no presente, mas bene9cios no futuro, pois iria me senCr bem depois...
é combusIvel saudável para o corpo. ExisCa outra possibilidade, poderia ser pior!
Eu poderia comer uma hambúrguer ruim, e não saudável... é perder e perder,
prejuízo presente e futuro! Mas aí, Cnha também o "hambúrguer ideal"... aquele
que me traria bene9cios no presente e futuro... este hambúrguer seria gostoso e
saudável, e em minha mente eu vi um modelo... um modelo de felicidade”...
Vocês podem encontrar esta teoria toda, no livro, Happier, de Tal Ben-Shahar.
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O Modelo Hambúrguer

Esse modelo abaixo, feito por Tal, Rnha dois eixos:


O Modelo Hambúrguer
Presente x Futuro:

Beneocio futuro
Significado

Beneocio presente
Prejuízo presente

Prazer
Dor

Prejuízo futuro
Sem senRdo

Detalhando:
Prejuízo presente/Beneocio futuro: Saudável, mas ruim.
Prejuízo Presente/Prejuízo futuro: Não saudável e ruim.
Prejuízo futuro/Beneocio presente: Não saudável e muito gostoso.
Beneocio presente/Beneocio futuro: O IDEAL!!! Saudável e gostoso!!!

Então Tal deu um passo a frente, e criou o seu MODELO DE FELICIDADE, que foi
construído a parRr deste modelo do hambúrguer.

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No seu Modelo da Felicidade ele fez uma equivalência para os eixos futuro e
presente: eixo futuro equivale ao significado, e o eixo presente à noção de prazer.

Como resultado: “Se eu aproveito, comendo algo agora, estou senRndo prazer. Se eu
vejo beneocios futuros naquilo, isso leva a noção de significado”.

No caso são quatro Rpos de hambúrguer, cada um representando um arquéRpo


diferente, que procuram explicar onde estamos, em termos de modelo de vida e
felicidade, que descrevem um padrão disRnto de aRtudes e comportamentos:
1- CompeRdor Desenfreado,
2- Hedonista,
3- Niilista,
4- Feliz.

QUADRANTE "RATO" COMPETIDOR DESENFREADO

No Modelo do Hambúrguer, temos o quadrante: Hambúrguer saudável, mas ruim;


que traz beneocio futuro, mas não há prazer no presente. Para ilustrar esse
quadrante vejamos uma história imaginária que nos foi contado em curso com Tal:

“João nasceu em uma família cuidadosa e amorosa. Na idade de 3 anos, ele brinca
no jardim de infância, que é um ambiente extremamente compe..vo. Mas ele não
tem ideia do que seja, ele apenas brinca. Mas, mas aí ele vai para escola, e na escola,
as mensagens que ele começa a receber são: "você precisa trabalhar duro, chega de
brincar, você tem que ter sucesso!” E quando ele pergunta o porquê, seus pais e
professores dizem: "você tem que se sair bem para ter sucesso"... e ele pergunta por
que de novo, e eles dizem: "porque se você .ver sucesso, você sairá bem, irá a uma
boa universidade, e vai ter sucesso na vida"... então ele faz o que os pais e os
professores falaram pra fazer para ter sucesso na vida... ele se diverte de vez em
quando, mas a pressão começa a crescer, e quando ele faz 10 anos ele começa a
sen.r aquele nó no estômago, aquela pressão imposta pela sociedade de que ele
precisa ir a uma boa escola, e ele trabalha duro... ele até se diver.a com a
matemá.ca, ou ao ler, mas não gosta mais, pois a pressão é muito grande.

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Porém ele sabe, que se ele for para a escola que seus pais idealizaram para ele, ele
será feliz... ele se dá bem na escola, vira modelo para outras crianças, e ele entra no
ginásio, seus pais e professores comemoram, e quando ele entra no ginásio ele está
muito feliz, por 3 semanas... porque após 3 semanas a pressão começa de novo... Por
que? Porque ele precisa estudar muito para ter sucesso e entrar em uma boa
faculdade... Fazendo de tudo para entrar, ele começa a fazer parte de grupos, de
a.vidades extracurriculares, notas não são suficientes... Constantemente sob
pressão e sob estresse... "no pain, no gain", ele até fica feliz quando conquista "10",
ou ganha jogos, mas passa rápido... até que ele passa no ves.bular para a faculdade
que ele queria, fica muito feliz, conhece outras pessoas com o caminho parecido...
fica muito feliz, por duas semanas! Pois ele vê a pressão começando de novo, e agora
ainda pior! Ele está no meio dos alunos top, e precisa disso para ter o emprego dos
sonhos! ele sofre muito, as vezes se sente aliviado... Consegue o trabalho dos
sonhos... fica feliz... mas logo vem a pressão dos cargos, etc. Ele faz de tudo pois sabe
que quando chegar lá vai ser feliz... e por aí vai até que ele chega no topo da
empresa! Após todos esses anos ele diz: “Consegui! Não foi fácil, mas agora posso
ser feliz!” Ele comemora, ganha muito dinheiro, compra carros, casas, etc. Mas logo
depois ele já sente aquele nó no estômago, e procura ser um diretor sênior da
empresa... até que chega alguém falando que é a hora de aposentar! “

Esta é a história de um personagem, mas como todo personagem, de alguma forma


se assemelha a realidade de muitas pessoas de sucesso. Esse padrão pode ser
aplicado em qualquer área de trabalho! Pessoas que cresceram ouvindo que para ter
sucesso, é preciso pensar no seu futuro, e pensar no futuro significa desisRr do
presente. Beneocio futuro, prejuízo presente! Somos ensinados a nos
concentrarmos no objeRvo seguinte, perseguindo o futuro eternamente, não
apreciando a viagem em si.

É o que acontece normalmente com aqueles que confundem alívio com felicidade,
quando conseguem uma boa nota, ou uma promoção, pensam: "agora estou feliz",
mas é apenas alívio temporário, não felicidade duradoura. É o alívio que os moRva.
O mantra é "no pain, no gain" (sem dor, sem ganho). Como eles assimilam este
mantra? Pode vir dos pais, mas não precisa necessariamente vir deles, normalmente
vem do ambiente social, porque isso é dito ou mostrado desde criança.
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Coisas como: ignorar, esquecer, desperdiçar o presente, o aqui/agora, a dádiva do
presente!
O senRmento de alívio pressupõe que uma experiência desagradável se exRnguiu, e
isso não é felicidade. Ao se confundir esse alívio com felicidade reforça-se a ilusão de
que seremos felizes ao alcançarmos uma meta. A vivência do alívio é como uma
felicidade negaRva, pois sua origem é a negação da tensão ou da ansiedade.

QUADRANTE HEDONISTA

O hedonista só pensa no presente: "como posso maximizar meu prazer agora?".


Desiste do futuro como provedor de felicidade e foca apenas no presente. O que
eles fazem é focar apenas naquilo que dá prazer no momento: álcool, sexo, praia,
drogas, comida. Da mesma forma que o que é diocil passa a ser evitado. E eles o
fazem constantemente porque o outro modelo claramente não funciona, "olha para
esses corredores desenfreados loucos! Eu descobri a verdade! A vida é curta, é
preciso curR-la ao máximo!”
Para um hedonista é válida apenas a busca pela saWsfação dos seus desejos, sem
considerar a existência de um futuro.

O seu mantra é bem diferente: aproveite o momento, esteja no aqui agora. E


quando eles começam nesse caminho, especialmente se o modelo anterior for de
"corredor desenfreado", eles estão extasiados, mais felizes do que nunca, eles tem
certeza de que descobriram o segredo da felicidade, e existem vários gurus ao redor
do mundo dizendo: “sim, você descobriu! A vida é no presente, esqueça o futuro,
você não vive lá”. E será que eles são felizes para sempre? Já vi muito ex qualquer
coisa infeliz e sem dinheiro pra comer.
Para esse Rpo de pessoa apenas a jornada importa, o desRno é imaterial, não
importante, porque eles sabem que quando viveram para o desRno final eles não
foram felizes, aquele modelo não funcionou! Então aqui está a alternaRva: viver
apenas para o presente!
Eles pensam que encontraram a felicidade quando sentem prazer, mas confundem
prazer com felicidade. Assim como o rato comete o erro de confundir alívio com
felicidade. Seu mantra: "Busque prazer, evite a dor". E erram ao associar esforço à
dor e prazer à felicidade.
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Mas após um tempo, eles começam a se senRr indiferentes a estes prazeres,
insensíveis. Aquele copo de bebida não é mais suficiente, então ele começa a beber
mais, as relações bacanas que ele Rnha não são suficientes, ele procura por mais
prazer. E de repente, ele se encontra em um estado de completo desamparo, pois
nós não nascemos para estar apenas no presente. A falta de propósitos e objeRvos
futuros torna a vida sem senRdo, vazia. Nós também precisamos de uma meta a
longo prazo, e apenas estar no aqui/agora, pensando apenas no presente, não
funciona! E ele será infeliz novamente.
Os hedonistas vivem pensando que são felizes por um tempo, mas inevitavelmente
isso passa... Após um tempo apreciando a “felicidade” e gozando o fato de não ter
que pensar no amanhã, o hedonista acaba se aborrecendo e cai num estado de
resignação, renúncia e desamparo.

QUADRANTE DA RESIGNAÇÃO

As pessoas caem neste estado, pois pensam que já tentaram de tudo, tentaram ser
compeRdor desenfreado, vivendo pelo futuro; tentaram pelo prazer, pelo
hedonismo, viver no presente. Pensaram que eram felizes quando senRam alívio
mas, passou, e o mesmo com o prazer que também passou. Não enxergar nenhum
passo lógico que pudessem dar para aRngir a felicidade e então, renunciam para a
infelicidade.
MarRn Seligman fez um estudo, que captura esse estado de resignação muito bem:
"DESAMPARO APRENDIDO".

A pesquisa foi feita com cachorros, que foram divididos em três grupos:
1- Recebia eletrochoques dentro de uma caixa, mas os mesmos cessavam quando
saíam;
2- Recebia eletrochoques dentro e fora da caixa, independente do que fizessem;
3- Grupo controle, que não recebeu eletrochoque em nenhum momento.

Na primeira parte da pesquisa observou-se que quando os cachorros recebiam o


choque, eles tentavam sair da caixa, fugir. Para o primeiro grupo, assim que os
cachorros pulavam pra fora da caixa, o choque parava.

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Para o segundo grupo de cachorros, quando eles pulavam para fora ainda assim
recebiam o choque. Eles tentavam mais uma vez, mas recebiam novamente o
choque. Não importava o que eles fizessem, recebiam outro choque.

Na segunda parte da pesquisa os três grupos foram colocados na caixa de novo, e


quando os cachorros saíam da caixa o choque era interrompido para os dois
primeiros grupos. No primeiro grupo, assim que os cachorros recebiam o choque
eles saíam da caixa. Já o segundo grupo, que na primeira etapa recebeu choques na
caixa e saindo dela, na segunda etapa recebeu o choque e lá permaneceu; os
cachorros não tentaram sair, deitaram-se e começaram a ganir, aprenderam a ficar
indefesos.

Os cães do segundo grupo aprenderam o desamparo, é como se eles senRssem que


não podiam evitar a dor, então aceitavam o seu desRno. Aprenderam o desamparo.
Mesmo havendo muitas coisas para reverter a dor.
Seligman fez um estudo semelhante com seres humanos, submetendo dois grupos a
um barulho intenso. O primeiro grupo podia reverter a situação na primeira etapa, o
segundo grupo não. Na segunda etapa os dois grupos podiam desligar o barulho,
mas o que aconteceu? As pessoas do segundo grupo aprenderam o desamparo.
Mesmo quando podiam evitar o barulho, não evitavam. Pegando estes dois
experimentos você pode aplicá-los para a vida como um todo. A maioria de nós
sente-se desamparada, porque pensamos que não importa o que fazemos, nada vai
mudar.
A maioria de nós consegue sair da "caixa" metafórica, mas é diferente para as
pessoas que estão clinicamente deprimidas. A diferença entre tristeza profunda (a
qual todos nós senRmos) e depressão maior que algumas pessoas infelizmente tem,
é o desamparo associado. Porque se eu estou triste, eu sei que isso vai passar, me
sinto mal, terrível, mas darei a volta por cima, a pessoa deprimida não vê um
caminho fora. Esta pessoa aprendeu a ser desamparada, seja por moRvos reais ou
imaginários, ela para. E isso é o que acontece com aquela pessoa que se esforçou
para achar a felicidade conquistando mais e mais. É o que acontece com a pessoa
que no final das contas, vai para o quadrante hedonista e se esforça para achar a
felicidade no prazer do aqui e agora, e finalmente, após tentar todas as opções (que
eles acham que tentaram) ele entra neste quadro de desamparo, de resignação.
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Assim como o corredor desenfreado vive no futuro, e hedonista no presente, o
resignado vive no passado... “não importa o que eu fiz, eu não pude ser feliz, não há
nada que eu possa fazer...” O resignado aprende o desamparo, desiste da felicidade,
e de alguma forma desiste da vida.

Além disso, pode ver este arquéRpo várias vezes, com pessoas de muito sucesso,
você vê este padrão acontecer. Pense nas estrelas do rock, nos grandes arRstas, que
trabalharam duro para chegar até onde chegaram. Conseguem, tem sucesso. Eles
pensaram que seriam felizes depois de alcançar a fama, mas não são! Então eles
tentam outra alternaRva, começam com o hedonismo: drogas, sexo, álcool, e vão ao
extremo. Pensam "não estou feliz aqui também", e é quando entram em resignação,
em desamparo. E pode acontecer em uma idade nova, pois eles aprenderam, que
não importa o que eles façam, não importa o que eles conquistem, não importa
quantas pessoas o querem, não importa quanto dinheiro tem, eles conRnuam
infelizes. Então não existe mais nenhuma alternaRva que os fará mais felizes e
desistem, e entram em depressão, às vezes, cometem suicídio.
E vemos muitos casos assim. Pessoas de muito sucesso, que não entenderam o que
é a felicidade, que ao não conseguirem o resultado desejado, passam a acreditar
que não tem controle sobre as suas vidas e podem chegar ao desespero ou a morte.

Tal Ben-Sahar em seu livro Happier, fala do corredor desenfreado, do hedonista e do


resignado, como leitores incorretos da realidade, pois não conseguem idenRficar
qual é a verdadeira natureza da felicidade e o que é realmente preciso para ser
realizado na vida.

QUADRANTE DA FELICIDADE

A pessoa que é feliz aprende a reconciliar passado e futuro.


Ela entende que para ser feliz precisa encontrar significado em suas metas, pois nós
como seres humanos precisamos de algo que possamos olhar no futuro, prever.
Como um desRno, uma montanha para subir. Ao mesmo tempo também foca no
presente, na caminhada, no dia de hoje, na dádiva do agora. Esta é a pessoa que
reconcilia futuro e passado, que foca em prazer e significado, isso é o que pessoas
felizes fazem!
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Elas saem de víRmas do caminho "ou sou feliz no presente, ou sou no futuro", elas
aprendem a encontrar aRvidades, coisas em suas vidas nas quais elas possam
aproveitar a jornada e também ter uma meta que valha a pena, que as inspire.

Podemos comparar a vida como uma subida de montanha. Não tem volta e é só
subida. Se ficar parado, olhando para traz se cansa e vê que se fez pouco. Se olhar
pra cima e só pra cima, pensa-se que é preciso muito esforço, se cansa de só pensar
e não vê prazer em nada, só vê desafios a frente. Mas se curRr a jornada, sabendo
que é diocil, olhar volte e meia para trás e ver o quanto já caminhou. Parar e dar
aquela boa descansada, fazer um lanche gostoso, numa sobra, quem sabe até tomar
um banho de cachoeira de águas limpas, ver o horizonte de onde está, contemplar a
beleza...e depois seguir em frente a jornada. Dá força, moRva e nos faz feliz
enquanto caminhamos. E assim subimos mais um pouco, paramos de novo,
dormimos, descansamos, apreciamos nova vista, vemos um por do sol, um nascer do
sol e vamos em frente, sabendo que o caminho requer forças, habilidades, amigos,
uniões e muito mais...mas nos diverRmos, pois avida será sempre um caminhar...e
ainda teremos a descida da mesma montanha com o passar dos anos e talvez com
outros Rpos de obstáculos, por isso, melhor curRr subida e descida como der, todo
tempo!

PESSOAS FELIZES APROVEITAM A JORNADA E TÊM METAS QUE ELAS ACREDITAM


VALER A PENA!

Aproveitam a subida, e a chegada ao topo!

Tal Ben-Shahar define felicidade como:


"Felicidade é a completa experiência de prazer e significado. Uma pessoa feliz
experimenta emoções posi.vas enquanto percebe sua vida com um propósito. A
definição não é em relação a um momento somente, mas de forma generalizada e
agregada às experiências: a pessoa que é capaz de suportar dores emocionais às
vezes, e ainda assim ser feliz apesar disso".

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Trata-se de ter beneocios futuros e presentes, de ter as experiências emocionais do
aqui e agora mas também ter um senso de propósito, algo que inspire no futuro.
Trata-se da jornada e do desRno.

Então por exemplo, se eu trabalho com algo que gosto, como arquiteto, e ao mesmo
tempo vejo meu trabalho como significaRvo, tenho metas, coisas que quero
conquistar como arquiteto, sou feliz no trabalho. Faço projetos que gosto, que
façam meu cliente feliz onde vai morar ou trabalhar. Se sou médico, gosto de cuidar
de pessoas e Rrar dores.
Se estou em um relacionamento que tem significado, estar junto significa muito pra
mim, ter uma família, comparRlhar sonhos e aspirações, todo meu relacionamento
tem um significado importante para mim e ao mesmo tempo eu adoro, eu me
divirto estando com meu companheiro, de modo geral passamos bons tempos
juntos. E com meus filhos também!
É muito diocil estabelecer uma diferenciação entre significado e prazer, pois muitas
vezes eles se sobrepõem. Por exemplo, se estou engajado em algo que é significaRvo
para mim, tendo mais a experimentar prazer, assim como, se eu gosto de algo, sinto
emoções posiRvas em relação a esse algo. Sabemos através de pesquisas que isso
também aumenta os níveis de significado que temos naquilo que fazemos. Então
eles estão interconectados, e também, não só teoricamente que eles podem ser
separados.

Prazer é necessário, mas não é suficiente para felicidade. Precisamos de prazer e


significado, beneocio presente e futuro.
E quando eles são combinados, prazer e significado, presente e futuro, é quando
estamos prontos para embarcar no caminho a uma vida mais feliz.

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As três perguntas

ConRnuando a noção de felicidade vamos comparRlhar com vocês uma ferramenta


rápida que aprendemos com Tal. Ela pode ajudar a idenRficar o que na sua vida o faz
feliz, ou mais feliz. Uma ferramenta que pode ser usada com seus pacientes,
coachees, com seu parceiro, filhos, etc.
A técnica é baseada em três perguntas, que são importantes porque geralmente nós
não Rramos um tempo na nossa correria, para nos fazermos perguntas importantes.
Então vamos lá!

PROCESSO DAS TRÊS QUESTÕES (THE THREE QUESTION PROCESS - TQP)

1- O que é significaWvo para mim? O que é importante para mim? O que me traz
benehcio futuro, o que eu procuro?
2- O que é prazeroso para mim? O que eu gosto de fazer? O que me traz benehcios
presente?
3- Quais são as minhas forças? No que eu sou bom? Quais são minhas qualidades,
meus talentos, dons?

Faça estas perguntas, e crie uma lista de cada uma. Estas três perguntas irão ajudá-lo
a idenRficar o caminho a seguir para ter mais felicidade na vida...
Um exemplo:

Significado: Ajudar pessoas, praRcar o bem, estudar, evoluir como ser humano.
Prazer: Estudar, escrever, falar em público, ler.
Forças/qualidades: Facilidade em estudar, facilidade de falar em público,
criaRvidade, entusiasmo, generosidade.

O próximo passo é encontrar a união dos três círculos, a sobreposição, aquilo que é
comum entre eles, pois é na sobreposição que normalmente o caminho se forma,
isso é o que normalmente nos leva à felicidade.

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O moRvo pelo qual se introduziu a terceira pergunta é que não se trata de encontrar
apenas os beneocios presentes e futuros, a razão disso é para nos ancorarmos na
realidade, pois podemos amar algo, nos diverRrmos muito fazendo isso, mas se
queremos fazer uma contribuição para o mundo, precisamos ter também algum
talento para aquilo. Para que possamos melhorar naquilo e fazer uma contribuição
real para o mundo.
Isso não se aplica para hobbies, posso ter hobbies de coisas que são significaRvas e
prazerosas para mim, e não ser bom naquilo, não tem problema!
Mas se quero prosperar, é interessante que eu encontre algo que responda às três
perguntas:

SIGNIFICADO+PRAZER+TALENTO (SER BOM EM OU ME TORNAR).

Para prosperar e contribuir, temos que nos engajar em aRvidades que são
significaRvas, prazerosas e nas quais somos bons.
É importante fazer este exercício frequentemente, especialmente quando nos
encontramos em uma "bifurcação da vida".

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Fluir

Um dos componentes que faz parte da felicidade: o prazer (beneocio presente)


especificamente. Vamos discuRr como podemos fazer mais da dádiva do presente.

Um trabalho muito bom sobre estar absorvido, engajado no presente foi feito por
Mihaly Csikszentmihalyi. Ele chama este trabalho de FLUIR.
Mas o que é fluir?
Fluir é algo que todos nós experimentamos, é algo que você pode ter senRdo ontem
quando falava com seu melhor amigo, e você olha para seu relógio, minutos e horas
se passaram e você nem ao menos percebeu! Ou você estava trabalhando com
artes, e de repente percebeu que ficou de noite, você estava completamente
absorvido no presente.
Fluir é o estado de estar completamente engajado no presente.
Meditação em ação.
Estamos presentes, imersos, engajados enquanto fazemos algo, e isso pode ser
qualquer coisa. Existem certas condições para contribuir com as experiências de
fluir, mas podemos essencialmente experimentá-las fazendo qualquer coisa. Por ex.:
lendo um livro, escrevendo algo, fazendo planejamentos, tendo reuniões de
trabalho, escutando música, tocando, cozinhando, bordando... Trata-se de estar
completamente imerso, e absorvido no aqui agora, no presente.

Mihaly define o fluir como:


"Um estado dinâmico que se caracteriza pela consciência de quando a experiência é
feita pelo seu próprio interesse".

É quando ação e consciência estão fundidas.


É como se nada mais exisRsse quando você está vivendo esta experiência. É uma
experiência maravilhosa, muito boa de senRr, e existem muitas consequências
posiRvas ao senRrmos o fluir.

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Benehcios do fluir:

Experiência excelente e alta performance - desafia a ideia de "no pain, no


gain"( sem dor, sem ganho), eu aproveito, me divirto e faço o meu melhor.
Jogadores de basquete relatam que a cesta de basquete parece ser muito maior
quando eles estão em sua "zona" (outra palavra para fluir). No basebol,
frequentemente os jogadores falam da bola vindo em câmera lenta para eles,
quando estão experimentando este estado de fluir. Eles estão atuando em sua
melhor forma, e em termos de experiência, é maravilhosa, é muito bom estar ali.

MoWvação - Os níveis de moRvação crescem muito quando estamos fluindo, há uma


moRvação intrínseca (conRnuamos fazendo porque é bom), e existe moRvação após,
quando queremos voltar e senRr aquilo de novo. É por isso que volto a escrever,
porque sinto um estado de fluir quando escrevo, que é de novo estar imerso. Ensinar
coisas novas também me geram o mesmo prazer, ser inovadora!

CriaWvidade - Os níveis de criaRvidade são altos quando estamos fluindo, e a razão


disto é que estamos intrinsecamente moRvados. Não é algo externo nos dizendo o
que fazer ou como. Existem muitas pesquisas que mostram uma conexão entre
moRvação intrínseca e criaRvidade. Então, se estou trabalhando em uma solução de
um problema, ou em um planejamento para meu negócio, estou altamente criaRvo
se estou fluindo (como oposto de estar sendo distraído). Por isso, fica um conselho,
quer inovar na vida, ser mais criaRvo, dedique-se a fazer algo que gosta. A
criaRvidade brota!

AutoesWma – Uma aluna de Tal Ben-Shahar fez sua pesquisa em fluir e autoesRma,
que mostrou que pessoas que experimentavam mais o estado de fluir,
apresentavam altos níveis de autoesRma. Nós nos senRmos bem, confiantes,
competentes, por que estamos agindo na melhor forma, nos diverRndo, e isso tudo
contribui para nosso senso de self.

Serenidade - Quando estamos fluindo, temos uma sensação de serenidade. Assim


que saímos deste estado de fluir, nós estamos muito mais calmos e mais serenos do
que estávamos antes.
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Tem um efeito de cura em nossa consciência. Estas consequências são muito
similares aos resultados que vemos quando se praRca meditação, os beneocios são
muito parecidos. Estar fluindo é estar focado em algo, que é semelhante a meditar.
Pode-se ficar focado na respiração, num mantra, ou no seu corpo. No fluir, é estar
focado na música, no livro, na sua aRvidade. Parece muito com estado de
meditação! Estar presente, no aqui e agora, meditação em ação.

"Normalização" e cura - Normalização é um termo cunhado por Maria Montessori


(educadora). Ela percebeu, que quando as crianças estão completamente absorvidas
em qualquer aRvidade, quando estão imersas, depois que elas saem deste estado,
elas estão completamente diferentes do que estavam antes. Se estavam nervosas ou
ansiosas antes de entrar no estado de fluir, quando saem dele, elas estão normais,
centradas novamente. Temos um processo de auto-cura muito poderoso dentro de
nós, se nos cortamos, por exemplo, não temos que nos preocupar em cicatrizar,
nossa auto-cura toma conta disso, se permiRmos que ela funcione! Mas se
conRnuamos esfregando, "cutucando" a ferida, ela não vai melhorar. Se permiRrmos
que nossa energia de auto-cura trabalhe, vamos melhorar. Isto não funciona apenas
a nível osico. Mas também no cogniRvo e emocional.

Fluir permite que nosso mecanismo de auto-cura faça seu trabalho.

Sempre funciona? Não! Muitas vezes temos que analisar, deixar o tempo passar para
que possamos nos senRr melhores. Mas fluir acelera o processo, nos permite focar
em uma coisa, fazer aquilo sem pensar em outras. Saímos do que é ruim, damos um
tempo para que nossa mente faça o processo de normalização e auto-cura sozinha.
Basta se dar um tempo fluindo em algo que tem prazer em fazer. Eu gosto de ficar
ouvindo passarinhos e lendo ou meditando, escrevendo livros enquanto vejo
paisagens bonitas... Meu consultório tem uma vista do horizonte de Belo Horizonte,
cidade onde moro. Preciso dessa vista pra trabalhar! E ainda brinco com meus
pacientes que minha gaiolinha tem que ter vista se não entristeço! E você o que
precisa pra fluir em sua vida?

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Quando estamos fluindo, a existência está temporariamente suspensa, aquilo é a
única coisa que você foca, não tem mais espaço no cérebro para pensar, elaborar,
em relação a outras coisas. E é quando você sente uma sensação de calma,
serenidade, normalização, pois nosso mecanismo de auto-cura está livre para fazer
seu trabalho.
O estado de fluir é tão importante em adultos quanto em crianças. Quando uma
criança esRver absorvida fazendo algo, não a perturbe! É o estado mais importante
que uma criança pode estar. Um dos problemas de nossas escolas hoje em dia, é que
não permiRmos que as crianças entrem no seu estado de fluir suficientemente. Pois
elas têm que fazer tanta coisa, nós as levamos de uma aRvidade para outra e para
outra, que elas não têm tempo. Nas aulas de Maria Montessori, os alunos estudam
de duas a três horas direto, e muito frequentemente absorvidos o tempo todo, são
desafiados e então o desenvolvimento saudável pode acontecer.

Condições para o estado de Fluir

Metas claras - Primeiramente, mesmo que fluir seja um estado de estar no presente,
trata-se também de ter metas claras para o futuro. Por quê? Porque ter um
propósito no futuro, libera para aproveitar o aqui e agora. Uma analogia: Imagine
que vou fazer uma viagem "pé na estrada", e não faço a menor ideia de onde irei, a
cada momento preciso estar atento aos caminhos, à direita e à esquerda, para me
assegurar que não estou perdido. Já se eu vou a uma jornada que sei aonde quero
chegar (ex. vou chegar até o topo daquela montanha), então posso brincar de pegar
outras rotas, posso olhar para as flores, apreciá-las! Porque já tenho um senso de
direção! Então neste senRdo, ter uma meta, um desRno, me libera para aproveitar o
aqui e agora, sem ficar preocupado se estou perdido, o que estou fazendo, e para
onde estou indo. Foco nas METAS é muito importante até para distrair.
“Porque eu acordei hoje?” Ter uma meta - e temos esse senso de propósito,
podemos fazer o que estamos fazendo. O que Mihaly encontrou na sua pesquisa, é
que durante períodos em que você tem caminhos claros e metas, a probabilidade de
você conseguir entrar em um estado de fluir é maior do que se você acordar e
pensar: O que faço hoje? Será que faço isso? Outra coisa?
Metas nos focam, e fluir é um estado de foco, elas nos focam naquilo que estamos
fazendo, e assim, estamos liberados para aproveitar o aqui e agora.
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E neste senRdo, pegamos as ideias da teoria das metas e viramos de cabeça para
baixo. Por quê? Porque normalmente pensamos em metas como fim. Quando na
verdade, metas são meios, a jornada é o fim. São meios que nos ajudam a aproveitar
o fim, o fim como sendo a jornada, o agora, o presente. Ter uma meta clara é
importante porque nos ajuda a aproveitar o presente, a vivê-lo. E isso é quando
beneocio futuro e presente se encontram.

Feedback imediato (não ameaçador) - Precisamos de feedback se quisermos


experimentar o fluir, o feedback pode ser externo ou interno. Para um jogador, por
exemplo, ver a bola fora ou dentro. Para um músico: “isso soa bem?” O feedback
pode ser um escritor avaliando sua escrita, ou solicitando a opinião do seu "coach".
Mas o feedback só é importante para fluir se não for ameaçador. Se for acrescentar
algo que nos ajude. Se alguém recebe um feedback ameaçador no seu local de
trabalho, estará menos susceTvel a fluir no trabalho. O feedback interno deve ser
real, por exemplo: “se não acerto esta cesta então sou um desastre, o Rme todo vai
perder como resultado”, isso é um feedback ameaçador. Porém se recebemos
feedback, no aqui e agora sobre sucesso, ou falha, e não é ameaçador, é condutor
para o estado de fluir.
O feedback imediato não significa necessariamente receber feedback de fora, de
uma pessoa me dizendo que sou bom ou ruim, o feedback ideal é aquele feito sobre
a aRvidade propriamente dita. Exemplo: se arremesso a bola, imediatamente recebo
feedback, fora ou dentro. Se sou escritor, normalmente sinto quando produzo uma
boa sentença, ou me desenvolvo para isso. Então, idealmente o feedback dever ser a
respeito da aRvidade, não externo, pois pode ser que o feedback externo nos leve
para fora do fluir. Se uma pessoa está tocando piano, e alguém grita: “não, nota
errada!” Este comentário a Rra da experiência, enquanto se ela tocasse
normalmente saberia quando a nota saísse errada. Seu próprio feedback.
O oposto disso é quando não recebemos nenhum feedback, quando fazemos algo e
não temos as habilidades, o know-how para avaliar aquilo, e então também ficamos
menos susceTveis a senRr o fluir.
O ideal é o feedback interno, às vezes feedback externo.

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Paixão - Mihaly fala sem surpresas, que quando fazemos coisas que amamos, que
gostamos de fazer, fica mais fácil fluir naquilo. É mais fácil eu me senRr fluindo
escrevendo do que fazendo cálculos para economizar dinheiro! Com outra pessoa
acontecerá o contrário se matemáRca for a sua paixão, ou as finanças!
Nas palavras de Anita Roddick, da The Body Shop: "Olhe para suas paixões. O que o
faz se senRr empolgado? O que te anima?"

Nível apropriado de desafio - Algo não muito diocil, não muito fácil.
Se a aRvidade é muito diocil como, por exemplo, se estou na quinta série e tenho
que ler Machado de Assis, mas não estou neste nível ainda; qual é a probabilidade
de senRr frustração e ansiedade? Por outro, lado se estou na oitava série e me dão
SíRo do Pica Pau Amarelo para ler, muito fácil, não compaTvel com a minha
habilidade, qual é a probabilidade de senRr tédio e apaRa?

Uma das melhores formas de aumentar o estado de fluir em nossas vidas é olhando
para o nosso passado...

Quando eu experimentei este estado?

O que estava fazendo que me absorveu tanto?

Aprender a olhar para as boas experiências do passado pode nos ajudar a criar um
futuro melhor. Porque você vê que esteve lá, e reaplica para sua vida... olhar para o
passado pode inspirar o presente e criar um futuro melhor.

ENTÃO, COMO CONSEGUIMOS CHEGAR NESTE NÍVEL ÓTIMO DE FLUIR, ONDE NÍVEIS DE HABILIDADES
E NÍVEIS DE DIFICULDADES SE ENCONTRAM?

Se estamos entediados, precisamos então introduzir mais desafios em nossas vidas.

Bexton, em 1954, realizou um estudo sobre a necessidade de desafios. Ele convidou


alunos para parRciparem de um experimento, pagando-lhes para não fazerem nada.
Era um paraíso! O jardim de Éden, fazer nada e ganhar por isso!

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O que ele descobriu em cada aluno foi que, em algumas poucas horas, eles estavam
entediados, não queriam conRnuar mais, e queriam parRcipar de outros
experimentos que pagariam menos, mas que dessem algo para eles fazerem, onde
eles pudessem se engajar, senRr algum desafio. Todos nós temos esta noção de que
paraíso é não fazer nada, ficar só de férias, mas é uma noção falsa! Nós fomos
abençoados com esta necessidade de desafios, de trabalhar.

Temos uma necessidade de desafios que é inata. Muito frequentemente, as pessoas


falam sobre aRngir o estado de Nirvana (não ter estresse, pressão e desafio), muitas
pessoas acreditam ser este o estado de fluir, mas na verdade, se aRngimos este
estado, o que percebemos bem rápido é infelicidade, tédio, apaRa,
desapontamento.
Este mal entendido, como por exemplo, ser pago para não fazer nada, muitas vezes
leva a pessoa para o quadrante Hedonista, porque eles pensam que se eles não
Rverem nenhuma pressão, estresse, se puderem apenas ter prazer no aqui e agora,
relaxar, então serão felizes. Ledo engano! Sim, eles serão felizes, mas por um mês...
Ou 2 horas... e aí suas necessidades de serem desafiados aparece, e a natureza
humana sempre ganha no final!

Uma meta desafiadora contribui para o sucesso e bem-estar.


Nós precisamos de metas altas para nos inspirar.

Esta ideia do "fácil demais" é muito comum em nosso mundo hoje em dia. Estamos
vivendo em um patamar relaRvamente bom (financeiramente). Muitas pessoa no
mundo de hoje em dia, vivem bem financeiramente, e mesmo assim, muitas pessoas
que parecem ter tudo externamente, estão muito infelizes internamente. Por quê?
Porque para muitas pessoas, crianças e adultos, as coisas ficaram muito fáceis.

Suniya Luthar fez uma pesquisa sobre os custos psicológicos da riqueza material (The
Culture of Affluence: Psychological Costs of Material Wealth). Nós vemos este
fenômeno entre os influentes, os ricos, que apresentam muitos sintomas parecidos
com aqueles que você encontra nas populações de risco. Seja depressão, ansiedade,
drogas, álcool, falta de senRdo e propósito na vida, e uma das grandes razões para
que você encontre tanto disso entre os ricos, é que as coisas se tornaram muito
fáceis.
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Eles foram privados de lutar, de enfrentar desafios em suas vidas. Se eu sou um pai,
e sou bem de vida, eu posso dar às minhas crianças tudo que elas quiserem, fazer a
vida deles mais fácil.

Nós não podemos nos privar, ou privar os outros do privilégio da luta e desafio.

Lutar é importante para crescer, para aprender e se tornar mais forte. Se queremos
fortalecer um músculo precisamos nos esforçar! Desafiar! O mesmo acontece com
nossas mentes, é preciso desafiar. Como pai é muito diocil ver os filhos se
esforçando. Pois, “se eu tenho os meios para ajudá-los, por que não tornar mais fácil
para eles?” Mas ao fazermos isso, estamos na verdade prejudicando nossos filhos.

Se esforçar é importante para o crescimento.

Existe perigo quando as coisas são muito fáceis, e também existe um perigo quando
as coisas são muito dioceis. O que é muito fácil gera tédio, apaRa, e o que é muito
diocil leva a ansiedade e frustração.

ENTÃO, O QUE FAZEMOS QUANDO AS COISAS SÃO MUITO DIFÍCEIS?

Vamos supor que temos uma meta ambiciosa para conquistar algo, mas é muito
diocil. O que temos que fazer é:

DIVIDIR E CONQUISTAR!
Para quem vai escrever um livro, por exemplo, se pensar que tem que escrever um
livro de 200/300 páginas parece ser muito pesado e grande, parece uma tarefa
muito diocil! O que se pode fazer é escrevê-lo como cartas para as pessoas ou
capítulos separados como se esRvesse dando aulas. As cartas tem mais ou menos 4
páginas, as aulas também e você fala sobre um tópico que gosta, eventualmente
todas estas cartas ou capítulos se juntam, são revisadas, mas já se tem ali o
fundamento de um livro. Assim, escrevo meus livros. Divido para conquistar e no
final nem parece que foi muito trabalho!

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O mesmo pode ser feito com exercícios osicos! Como começar um hábito de
ginásRca? Faça gradualmente! Não é preciso acordar e correr 10 Km de uma vez, é
possível começar com uma caminhada e gradualmente chegar lá. Numa dieta não é
preciso perder 30 kg em 3 meses, mas pode-se perder 3 Kg em um mês por 10
meses e ainda, aprender a comer corretamente. Estudar para um concurso, um
vesRbular diocil também, dividir para conquistar. Ir aos poucos no estudo,
conquistando as matérias.

Dividir e conquistar é gerenciável.

Elen Langer, em 1989, fez uma pesquisa para invesRgar a importância de dividir e
conquistar. Ela trabalhou com dois grupos dos melhores alunos das diferentes
ciências (matemáRca, osica, etc.). Ela os chamou e começou a falar sobre os grandes
cienRstas, aqueles que conseguiram grandes feitos, prêmios Nobel, invenções, etc.
Com o primeiro grupo, depois de falar sobre vários célebres ela perguntou aos
alunos: “O quanto vocês acreditam ser possível conquistar o que eles
conquistaram?” E eles, que admiravam muito aqueles grandes exemplos diziam:
"bem, eu não acho que posso fazer isto, é muito diocil pra mim...”
Com o segundo grupo de estudantes, com o mesmo perfil, ela apresentou
exatamente os mesmos grandes cienRstas para eles, com uma diferença. Ela lhes
disse sobre o caminho que eles trilharam, as batalhas que eles passaram para aRngir
suas metas. Suas falhas, sucessos, suas pequenas vitórias, em outras palavras ela
apresentou a eles a "caminhada", o percurso, dividiu o sucesso dos cienRstas em
etapas. E ela então perguntou aos alunos: “O quanto vocês acreditam ser possível
conquistar o que eles conquistaram?” E eles disseram: "sim, eu acho que posso
fazer, com muito trabalho, luta, posso fazer!" Ela tornou mais gerenciável, dividiu
em pedacinhos a conquista em seus componentes reais. Porque uma conquista não
apenas acontece!

A conquista é um produto de muito trabalho, esforço e batalhas.

Como afirma Ellen Langer: "As pessoas podem se imaginar dando passos, enquanto
grandes alturas parecem ser inteiramente proibidas".

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Um fator importante que pode contribuir para esse processo de conquista é o
desenvolvimento da sensibilidade ao nosso ritmo natural:

Maximizar o estado de fluir atendendo aos nossos ritmos naturais.

Não é coincidência que as crianças experimentam muito mais o estado de fluir que
os adultos. Por quê? Porque crianças são muito mais atentas ao seu ritmo natural. Se
elas estão cansadas, elas dormem. Se elas estão com fome elas comem, se não estão
com fome, elas não comem. Se elas estão tristes, choram; se estão felizes no meio
da rua elas dão pulos de alegria, são muito mais sensíveis à sua natureza.
Quando escutamos a nossa natureza, tendemos muito mais a senRr o estado de
fluir. Quando estamos cansados, exaustos, quando nos mantemos acordados por
esRmulantes, tendemos a experimentar menos o fluir do que se ouvíssemos nosso
ritmo natural.
Em outras palavras, ao ficarmos mais sintonizados com a nossa natureza, desejosos
e demandas, tendemos mais a experimentar o estado de fluir, engajamento, alta
performance e boas experiências.
Para trabalhar essa sintonia Tal, em seus livros e cursos, sugere o uso de uma
ferramenta que você pode mudar sua vida para melhor:

O Princípio Pareto - A Regra 80/20

Pareto era um economista italiano que argumentava que 20% das pessoas têm 80%
das riquezas. 20% dos clientes dão 80% do lucro, e ele viu este fenômeno de 20/80
acontecer em vários lugares, seja na macroeconomia ou no nível microeconômico.
Recentemente pessoas pegaram esta ideia e aplicaram para a arte ou ciência do
gerenciamento do tempo, observando consequências marcantes! Essencialmente,
aplicada a gerenciamento do tempo, o que dizem é que nós temos e
experimentamos uma diminuição do retorno com o nosso tempo. Em certo tempo
produzimos muito, digamos que 20% do nosso tempo produzimos bem, e aí 80% do
tempo precisamos colocar muito mais esforço.
Um exemplo:
Posso escrever um arRgo bom o suficiente, em 40 minutos, mas aí preciso passar 3
horas a mais para fazê-lo muito bom.
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Às vezes é necessário e importante (nem sempre) 100% do tempo. 100% são
certamente importantes quando estou buscando algo que exige perfeição. Por
exemplo: construir um avião, uma turbina que pode causar um grande acidente,
então é importante estar 100%, não posso ser checado só nos 80% e dizer que está
bom o suficiente! Precisa ser 100%.”
Mas na maioria das coisas que fazemos na vida, 80% é bom o suficiente. Não para os
perfeccionistas, que são tudo ou nada (e se paga um preço muito alto para esta
abordagem tudo ou nada se usamos indiscriminadamente o tempo todo). Em
algumas situações nós podemos deixar pra lá o perfeccionismo e nos contentar com
o bom o bastante.

Também pode se aplicar a regra ao tempo em mais senRdos. Todos nós temos
tempos onde somos mais produRvos do que em outros. Para alguns pode ser de
manhã, para outros à tarde, outros pode ser à meia-noite. E isso é um resultado dos
nossos diferentes ritmos internos que não são iguais. Cotovias e corujas.
Todos nós temos nossas "horas produRvas", a hora em que funcionamos em nossa
melhor performance, em que somos mais produRvos.
Todos nós precisamos dormir, mas algumas pessoas são mais produRvas, mais
sintonizadas de manhã, à noite ou à tarde.

SenRr o estado de fluir, estar engajado no aqui e agora, no presente pode nos levar a
altos níveis de bem-estar, serenidade, calma, autoesRma saúde osica e mental.
Escutar o nosso ritmo interno, nosso corpo, nossa natureza, pode fazer uma grande
diferença em termos das nossas experiências, e no nosso sucesso.

A regra 80/20 não quer dizer que em exatamente 20% do tempo você irá produzir
80%, quer dizer em média. A essência desta regra é que com relaRvamente pouco
invesRmento, seja no nosso tempo, ou em termos de aRvidades que fazemos, nós
ganhamos muitas recompensas. Diminuir retornos em nossos esforços, em nosso
tempo, no começo, nos primeiros 20%, temos muito retorno, após isso temos muito
pouco retorno para muito trabalho. E nós temos que idenRficar em nossas vidas, em
quais áreas, em qual hora invesRmos relaRvamente pouco esforço e temos muito
em retorno.

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E quando idenRficamos, podemos ficar muito mais produRvos, criaRvos e podemos
reduzir significaRvamente a quanRdade de estresse que temos em nossas vidas,
porque se tentarmos fazer 100% de tudo o tempo todo, estamos fadados a
frustração, ansiedade, estresse e infelicidade.

Significado e propósito

A felicidade se trata da completa experiência de:

- Prazer (beneocio presente);


- Significado (beneocio futuro).

Vamos aprender o que é significado.


É muito diocil viver uma vida "abastecida", completa, sem que exista um senso de
propósito, sem ter algo para esperar, um beneocio futuro para que possamos
contextualizar o resto de nossas vidas, e experimentarmos o engajamento, fluir,
presente.

Mas qual a definição de propósito?

A razão pela qual algo existe ou é feito, usado, etc. Quando experimentamos um
senso de propósito, fazemos aquilo que sen.mos que devemos fazer, o que fomos
feitos para fazer, o mo.vo pelo qual estamos nesta Terra. É quando nos sen.mos
mais vivos, este é o propósito real.

Quando você sente que este é seu eu verdadeiro?

Quando você sente que tem um propósito?

Quando você experimenta um senso profundo de significado?

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Seu propósito pode ser trabalhar com clientes, se abrir para as pessoas, conversar
com elas, inventar, criar coisas novas, ser professor de yoga, ser um fotógrafo, ou
um pai, ou um parceiro. Não precisa ser um, podem ser alguns, mas para viver uma
vida feliz, PRECISAMOS de um propósito, uma meta, um objeRvo, algo que nos faça
nos senRrmos vivos.
No mundo de hoje, propósito está "fora de moda", pois o niilismo prevalece. Tanto
nos jovens como nos adultos falta senso de propósito, e claro, isso afeta o seu bem-
estar, sua felicidade.
Muito disso é resultado da revolução cienTfica, como resultado de certa forma do
"aproveitar"', pois as pessoas Rnham um senso de propósito, eles acordavam e
sabiam que havia a religião. Mas o mundo mudou, a ciência tomou a cena e fizemos
muitas coisas maravilhosas. Mas o que fez também que as pessoas jogassem fora a
espiritualidade, jogassem fora qualquer coisa que não fosse quanRficada, jogassem
fora a psicologia e o propósito de viver.
Em 1946, Viktor Frankl falou sobre algo que várias pessoas estavam vivenciando,
chamado "vácuo existencial", um senso de vazio. Hoje, nós temos os dados e as
pesquisas, muito mais estudantes, jovens entre 14 a 24 anos, assim como adultos e
adultos mais velhos estão vivendo este vácuo existencial. Estamos vivendo na era do
niilismo, do vazio.
Em seu livro "O caminho para o objeRvo" (The Path to Purpose), William Damon olha
para este fenômeno, olha especificamente entre os jovens, mas seu estudo se aplica
também na população adulta.
"O problema mais disseminado hoje em dia é um senso de vazio que toma conta de
muitos jovens em longos períodos de caminhada, em um tempo de suas vidas que
eles deveriam estar definindo suas aspirações e fazendo progressos em direção à sua
saRsfação. Para muitos jovens hoje em dia, apaRa e ansiedade tem se tornado seu
humor dominante, e a falta de engajamento ou até mesmo o cinismo tem
subsRtuído a esperança natural da juventude".
Este é o moRvo pelo qual vemos tanto cinismo em nosso mundo hoje, este é o
moRvo pelo qual vemos tanta infelicidade...
Ele conRnua:
"Estudos atrás de estudos têm mostrado que o senso de propósito na vida de uma
pessoa está inRmamente conectado a todas as dimensões do bem-estar".

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Propósito e bem-estar

Bem-estar psicológico - AutoesRma, felicidade, níveis de depressão são muito mais


altos em pessoas que não tem um senso forte de propósito na vida. A ansiedade é
muito mais alta.
Bem-estar hsico - Aumento do sistema imunológico, quando temos algo para viver
somos muito mais saudáveis. Ouvimos várias histórias de pessoas que estavam
doentes, mas que gostariam de estar no casamento da filha e que sobrevivem até o
casamento e morrem alguns dias depois. Sabemos de várias histórias de pessoas que
saem dos seus empregos, após trabalharem 40 anos, e logo após saírem, eles ficam
muito doentes, às vezes até morrem. Por quê? Porque o trabalho dá-lhes senso de
propósito, uma razão para acordar de manhã, e de repente não está mais lá. E mesmo
que ele esRvesse esperando sua aposentadoria por muitos anos, aquilo não promove o
que ele estava esperando. Não gera a moeda final como ele esperava que seria. Por
outro lado, vemos pessoas que saem do trabalho e ficam óRmos, porque eles
subsRtuem o senso de propósito que exisRa no trabalho por outra coisa. Mas se não
subsRtuímos, se tudo que Rvermos for este vazio, não é o suficiente para ter uma vida
mais completa e realizada.

Para termos uma vida completa e realizada precisamos de um senso de


propósito.

Seja quando temos 17, 27 ou 77 anos, precisamos de um senso de propósito, uma


razão para acordarmos. Nós não fomos feitos para não fazermos nada, precisamos
trabalhar, precisamos batalhar, precisamos de um propósito, tanto psicologicamente
quanto fisicamente.

Em seu livro “The Blue Zones”, Dan Bue†ner descreve as zonas azuis, que são as áreas
no mundo onde as pessoas vivem mais. São os lugares com os maiores números de
centenários, mais do que em outros lugares no mundo. O que o autor queria fazer era
idenRficar o que era único nestes lugares, e estes lugares eram conhecidos como zonas
azuis.

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No seu livro ele idenRfica 4 delas:

- Okinawa (uma ilha no Japão);


- Sardenha (Itália), uma vila da ilha;
- Uma cidade perto de Los Angeles;
- Uma cidade da Costa Rica.

Nestas quatro áreas, eles isolaram os genes, estudaram os mesmos e viram que não se
tratava dos genes. Eles não Rnham genes melhores que o resto de nós. Eles
encontraram comportamentos, coisas que eles faziam, pensamentos que eles Rnham
que faziam toda diferença. Coisas que eles comiam, como por exemplo castanhas,
frutas, raízes, muita água, muito exercícios. Mas era naturalmente, como parte de suas
vidas. Naqueles lugares, eles Rnham um senso de propósito. Uma fala de uma pessoa
que morava em Okinawa:

"O grande senso de propósito que as pessoas mais velhas de Okinawa possuem, talvez
funcione como um amortecedor contra estresse e ajuda a reduzir suas chances de
sofrer de doenças como Alzheimer, artrites e derrames."

Olhem para o efeito de um senso de propósito. Eles não Rnham genes melhores, mas
Rnham um senso de propósito que os disRnguiam e os levavam a ter uma vida mais
longa, saudável e melhor. Fisicamente e psicologicamente.

Propósito e Resiliência
Propósito também contribui para a resiliência. Foi Nietzsche que disse que quando
existe um "para que" todo "como" se torna possível.
Quando temos um senso de propósito, algo que realmente queremos, isso nos permite
cair, pois ao ver aquele propósito nos levantamos de novo e conRnuamos.

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Propósito e Persistência
Um senso de propósito também nos leva a persistência. Luthaes, Toussef e Avolio
escreveram em seu livro "Psychological Capital" sobre o senso de propósito que é tão
necessário e importante para o sucesso dos indivíduos, assim como para as
organizações:
"É surpreendente ver como algumas pessoas são persistentes a uma causa se eles têm
uma crença profunda em sua causa, propósito ou missão"
Pense em J. Kennedy, que criou um senso de propósito, missão, meta, beneocio futuro
para os trabalhadores da NASA, e eles fizeram o impossível, de acordo com muitas
pessoas, porque eles eram persistentes, resilientes, criaRvos e moRvados.

Propósito e Sucesso
Não é uma coincidência que a maior parte das pessoas de sucesso no mundo, são
pessoas com um forte senso de propósito. Assim como as grandes empresas de
sucesso do mundo tem um grande senso de propósito, com uma visão e algo que os
empregados realmente acreditam.

Existem implicações práRcas para termos um propósito, um ideal. Para nos tornamos
mais felizes, com mais sucesso, é práRco ser um idealista. Em outras palavras, ser um
idealista é ser um realista, no senRdo mais profundo da palavra, se trata de ser práRco,
de ouvir sua natureza: precisamos de um senso de propósito na vida. De ouvir nosso
ideal, nosso chamado interior (sonho).

Apenas ser um idealista não é o suficiente, pois vemos muitas pessoas pelo mundo que
são muito idealistas, mas também dissociados da realidade.
Ter um ideal, um senso de propósito é necessário, mas não é suficiente.

Vamos agora ilustrar um processo que pode ajudar a definir metas, metas com
propósito. IdenRficar aqueles ideais que vão te ajudar a ser mais feliz e ter mais
sucesso. É um processo de quatro fases, baseado no trabalho de alguns autores.

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Fase 1: Relembrando seu passado posiRvo (PP)
Fase 2: Imaginando um futuro fantásRco (FF)
Fase 3: Ancorando com compromeRmentos concretos (CC)
Fase 4: Realizando com ações autênRcas (AA)

Vamos explicá-las uma por uma e ilustrar como nós podemos introduzir estas fases em
nossas vidas, para que possamos viver uma vida com propósito.

Fase 1: Relembrando seu passado posiWvo (PP)


É um exercício muito simples que pode te ajudar a encontrar experiências posiRvas,
prazerosas, diverRdas, significaRvas do seu passado.

Descreva um momento de sua vida em que você "floresceu". Reflita sobre o que
aconteceu durante aquela fase - onde você estava, com quem, e o que você fez. Mais
especificamente, com o que você contribuiu para fazer com que aquele período fosse
um momento de prosperidade e florescimento?

Você pode fazer isso com seus clientes, com você mesmo, com seus filhos. É um
exercício importante, porque podemos aprender muito com as nossas experiências
do passado e aplicá-las no futuro.
O que ela faz é nos levar a ancorar posiWvidade, como oposto de pensar no posiRvo,
no bom de nossas vidas de forma dissociada.

Nas palavras de Barbara Fredrickson, “emoções posiWvas ampliam e constroem”, elas


nos fazem pensar além do imediato.
Emoções posiRvas nos ajudam a pensar no todo e nos energiza.
É exatamente disso que precisamos quando estamos pensando sobre um propósito em
nossas vidas. Nós precisamos estar inspirados, precisamos de emoções posiRvas,
precisamos "pensar fora da caixa", precisamos ver coisas que talvez não tenhamos
visto antes. Sermos criaRvos! E emoções posiRvas induzem este estado de ampliação e
construção. E quando escrevemos sobre nosso passado posiRvo, naturalmente nos
senRmos bem. Experimentamos emoções posiRvas novamente ao lembrar e nos
colocamos no estado certo para a próxima fase.

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Fase 2: Imaginando um futuro fantásWco (FF)

Este é o que você sonha! O que você imagina quando pensa que deu tudo certo, é o
que você cria em sua mente, a vida ideal. Segue um exercício que ajuda muito a criar
isso, baseado no trabalho de Laura King.
Ela fez o seguinte experimento, ela pediu para os estudantes responderem o seguinte:

"Pense em sua vida no futuro. Imagine que tudo deu o mais certo possível. Você
trabalhou duro e teve sucesso em conquistar todas as suas metas de vida. Pense nisso
como a realização de todos os seus sonhos. Agora, escreva sobre o que você imaginou”

Seus alunos fizeram isso por 20 minutos em 4 dias consecuRvos. Um total de 80


minutos imaginando, pensando, escrevendo sobre seu futuro fantásRco. Como
resultado destes 80 minutos, o que ela percebeu foram beneocios mentais e osicos a
longo prazo. Eles estavam mais tendenciosos a conquistar, eles estavam mais felizes, e
fisicamente mais saudáveis. 80 minutos de intervenção os levaram a maior bem-estar
osico e mental.
Esta é uma fase na qual não precisamos ancorar nosso sonho, já fizemos isto na fase 1,
a chance de acessarmos este futuro fantásRco, realizável, é muito maior se fizermos a
fase 1 primeiro. Porque naturalmente acessaríamos mais coisas que se relacionam a
outras que já fizemos no passado. Nem sempre isto será possível, tudo bem! Mas a
Fase 1 seguida da Fase 2 é uma boa combinação, especialmente quando seguimos com
compromeRmentos concretos.

Fase 3: Ancorando com compromeWmentos concretos (CC)

Aqui é quando realmente traçamos metas concretas que são baseadas nas fases 1 e 2.
Metas com propósitos. Metas que nos "puxam", que são dioceis, que talvez até não
conquistemos, mas que seja algo que queiramos muito.
Metas desafiadoras, que nos puxam, nos levam a altos níveis de moRvação e melhor
performance, e é aqui também que dividimos e conquistamos.
Aqui, é quando estamos naquele ponto certo entre dificuldade da tarefa e níveis de
habilidade. E tendemos mais a experimentar o fluir como resultado daquele propósito
que definimos para nós mesmos.
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Então começamos com metas a longo prazo. O QUE EU QUERO FAZER? O QUE EU
QUERO CONQUISTAR CONCRETAMENTE? Não é um sonho dissociado, o que quero
conquistar concretamente em 10 anos, em 30 anos, daqui a 1 ano? E aí fracionamos
em partes, assim como Ellen Langer fez em seu estudos sobre conquistas divididas.
Dividimos em pequenas partes.
O que quero fazer a médio prazo? Em 30 dias?
O que quero fazer a curto prazo? Nesta semana, ou nesta noite?
E podemos dividir ainda mais! E esta divisão não é muito praRcada, mas talvez seja a
mais importante, quando se trata de trazer melhorias reais, mudanças a longo prazo
em nossas vidas. Isso é trazer mudança "Kaizen".

Kaizen é a palavra em japonês que significa melhoria, progresso (improvement).


Tratam-se de pequenas mudanças adicionais, invisíveis, mas que estão lá,
acontecendo!
Mudanças a longo prazo podem começar com um invesRmento de um minuto por dia.
E a maioria das mudanças assusta! Uma vez que começamos com mudanças Kaizen, a
mudança por si só é recompensadora. E você diz: "Na verdade me sinto bem andando
por dois minutos, vou andar por 3 amanhã" e aí você constrói gradualmente. Ou uma
mensagem para o parceiro, e você vai melhorando, construindo em cima das pequenas
mudanças a caminho da sua meta a longo prazo.
Um dos grandes "gigantes" da psicologia posiRva é Rick Snyder, ele fala da Teoria da
Esperança. A teoria da Esperança está muito relacionada a ter compromeRmentos
concretos e os realizar. Ele fala que pessoas tem esperança naquilo que estão fazendo,
que as pessoas tem esperança ao contrário da falta dela, quando elas tem força de
vontade.
Em outras palavras quando eles dizem coisas como: "Eu acredito que posso fazer". Ou
quando estão moRvados a fazer algo dizem: "Eu estou determinada a conquistar minha
meta".
Pessoas têm esperança quando elas têm mais do que só força de vontade, mas "força
de ação".

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Fase 4: Realizando com ações autênWcas (AA)

Um arRgo publicado em 1994 analisava as falhas dos CEOs. E a pergunta que o arRgo
fazia era: "Por que CEOs falham?" E procuravam as caracterísRcas diferentes entre eles
e aqueles que Rveram sucesso.
Não era pela inteligência, não era pela grande visão que eles Rnham (ou não), o que se
destacou era a diferença na execução. Seja em como eles faziam as coisas aconteceram
ou como eles se cerRficavam que as coisas estavam sendo feitas. Ideias não eram o
problema, eles Rnham grandes ideias! A caracterísRca chave que disRnguia os grandes
líderes era a sua habilidade de se assegurar que as coisas estavam sendo feitas, por
eles ou pelos funcionários. Jack Welch foi eleito pela revista Fortune como o CEO do
século XX, em entrevista ele disse que as coisas que ele sempre fazia era se cerRficar
que as coisas estavam sendo feitas.

Em liderar os outros e a nós mesmos, precisamos ter certeza que as coisas estão
sendo feitas.

Você tem que executar e ter certeza que os outros estão executando também, isso se
aplica em liderar os outros e a você mesmo. Então apenas sonhar sobre um futuro
fantásRco, apenas pensar em passado posiRvo, apenas traçar aquelas metas,
escrevendo-as, não é suficiente, nós temos que FAZER.

Estresse e ProcrasWnação

É muito importante que possamos aprender a lidar com o estresse e a procrasRnação,


porque suas consequências aRngem diretamente nossa felicidade.
O estresse é na atualidade uma epidemia, na verdade uma pandemia. Os níveis de
estresse nos EUA estão muito altos, o governo chinês está preocupado com o nível de
estresse entre seus estudantes e adultos, até mesmo os australianos estão
preocupados com o estresse. Pessoas ao redor do mundo estão lutando contra isso.
Isso porque o estresse é um grande problema e o que precisamos fazer é tomar um
tempo para entender este conceito, esta ideia.

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O custo do estresse

Saúde psicológica - Existe uma relação causal entre estresse por um longo tempo e
depressão. Aumento da ansiedade não é bom sinal. Descarrega nossa reserva de
serotoninas, e depressão pode vir por excesso de sobrecarga.
Saúde osica - O preço é muito alto, a medicina mostra que muitas das nossas doenças
são resultados do estresse ou estão relacionadas ao estresse. E você sabe pela sua
história pessoal, quando passamos por um período muito estressante, é muito comum
ficar doente durante ou depois, porque seu sistema imunológico fica fraco, ou mais
fraco como resultado.
Redução da produRvidade e criaRvidade - Estresse ou doenças relacionadas a ele, hoje
em dia, são a razão número um do absenteísmo no trabalho. É um grande preço
também para a economia, além do fato dos níveis de criaRvidade irem lá embaixo
quando estamos estressados.
Então o preço é incrivelmente alto, pessoalmente, interpessoalmente, assim como
nacionalmente e globalmente. E o que fazemos em relação a isso?

Vejamos primeiramente como nos fazermos as perguntas certas em relação ao


estresse, pois as perguntas que fazemos sobre o estresse e sobre este fenômeno
progressivo são muito importantes.

Psicologia tradicional - A psicologia tradicional, por muitos anos perguntou: "Por que
tem tanta gente estressada?" É uma pergunta importante, com respostas
interessantes, mas não promove respostas que são práRcas para resolver o problema.

Psicologia posiRva - A Psicologia PosiRva usou uma abordagem diferente. As pesquisas


no campo da PP, ao invés de fazerem a pergunta negaRva - por que as pessoas estão
estressadas? - fazem a pergunta de forma posiRva, que é: O que aqueles que têm
sucesso e habilidade para viver uma vida saudável e feliz fazem?

Sabemos que existem pessoas assim... Então a pergunta não deve ser SE isso é ou não
possível, a pergunta deve ser: COMO isso é possível?

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Os psicólogos começaram a estudar estas pessoas que pareciam conseguir viver uma
vida bem sucedida, com ambições, com caminhos, mas ao mesmo tempo ter uma vida
saudável e feliz. Então vamos aprender com estas pessoas, vamos ver o que os
psicólogos idenRficaram, pois eles idenRficaram coisas bem previsíveis e do senso
comum, mas também coisas surpreendentes.

Um resultado interessante e surpreendente da pesquisa entre esta minoria, estas


pessoas que vivem uma vida bem sucedida e saudável, foi que na verdade estavam
durante todos estes anos de pesquisa sobre estresse, procurando no lugar errado. Que
na verdade, estresse não é o problema. Estresse é bom, nos faz mais forte, mais
resilientes e mais abertos, susceTveis a felicidade.

O problema não é o estresse. O estresse é bom pra gente! O problema é a falta de


recuperação.

O que pessoas saudáveis, felizes e de sucesso fazem não é evitar o estresse, eles
experimentam estresse como todos nós. Faz parte da vida, e não só da vida moderna.
Há 5000 anos, o estresse era um leão nos perseguindo, isso é bem estressante! Ou não
ser capaz de juntar comida o suficiente para os meses de inverno. Hoje o estresse é o
relatório bimestral que está chegando. Nós podemos lidar com o estresse! Deus nos
deu, ou a evolução nos deu capacidade para lidar com ele, e lidar bem!

Nós temos uma capacidade inata de lidar com o estresse.

A diferença entre 5.000 anos atrás, ou mesmo 50 anos atrás e hoje é que antes Rnha-
se muito mais tempo para recuperação.
Se quisermos ter uma vida bem sucedida, não desisRrmos de nossas ambições, e ao
mesmo tempo quisermos ser felizes e saudáveis, precisamos pontuar as nossas vidas
(dias, meses, anos) com recuperação!

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Recuperação em vários níveis

Micro (minutos, horas)


Durante o dia, a cada duas horas, 15 minutos para:
Escutar sua música favorita, meditar, almoçar fora com seu melhor amigo (não almoçar
fazendo mil coisas ao mesmo tempo, ficar no telefone ou trabalhar, isso não é
recuperar, é adicionar estresse), ir a academia (recuperar do estresse do trabalho),
caminhar, pontuar nossos dias com recuperações! Cochilo pós almoço, meditação de
15 minutos, faça sua escolha...Eu escolhi Rrar um cochilo depois do almoço e terminar
meu dia uma hora mais cedo! Como foi bom! Fiquei mais bem humorada, mais
criaRva! E você o que vai mudar?
Médio (noites, dias)
Dormir (talvez não as 10 horas, mas 7 ou 8 horas de bom sono), se possível, Rrar um
cochilo após o almoço também, Rrar um dia de folga .
Macro (semanas, meses)
Férias!
JP Morgan dizia: "Posso fazer o trabalho de um ano em 9 meses, mas não em 12".

A outra coisa que as pessoas bem sucedidas, saudáveis e felizes fazem é SIMPLIFICAR!

Elas entendem (por causa de suas experiências pessoais, ou de outras pessoas) que
menos é na verdade mais. Porque o que sabemos é que o estresse, tentar fazer mais e
mais coisas em menos tempo, afeta nossa vida inteira!

Nós pagamos um preço muito alto por querer fazer mais e mais em menos e menos
tempo, em todas as áreas da vida.

Sabemos através de muitas pesquisas que dinheiro não leva a felicidade (acima das
necessidades básicas como saúde, comida, higiene e educação), dinheiro adicional não
nos traz felicidade. O que foi descoberto por psicólogos como Tim Casser, é que
riqueza material não predita o bem-estar, riqueza de tempo sim! "Riqueza de tempo" é
simplesmente o senRmento de que temos tempo, que não estamos constantemente
"correndo atrás do rabo".
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É ter tempo para saborear, aproveitar, apreciar nossos filhos, ou uma conversa ao
telefone com nosso melhor amigo, ou tomar um tempo no trabalho para focar. Ou
ouvir os pássaros cantando, o silêncio.

Riqueza de tempo = fazer menos ao invés de mais, é um previsor melhor de bem-


estar, da moeda final do que riqueza material.

Trata-se de ter por exemplo...


Tempo para brincar
Tempo para a família e amigos

Para simplificar, precisamos aprender a dizer não...


Precisamos dizer não para pessoas, e para oportunidades. É uma palavra simples, mas
diocil de dizer, pois temos medo de machucar os outros, então dizemos sim em
ocasiões que deveríamos dizer um bom não. Temos medo de perder uma
oportunidade, então dizemos sim sem entender que pagamos um preço alto por isso.
Geralmente é muito diocil aprender a dizer não. Mas podemos aprender, a vida às
vezes, nos ensina do jeito mais diocil que é preciso dizer não. Porém podemos
aprender a dizer não com sensibilidade, e sem arrependimento ou com pouco
arrependimento, porque algumas vezes dizemos não e nos arrependemos depois. Mas
uma coisa é certa, se dissermos sim para tudo, estaremos fadados à infelicidade e
menos sucesso. Então às vezes, cometemos erros e dizemos não para a coisa errada ou
pessoa errada. Mas isso faz parte, é um preço relaRvamente pequeno a pagar pelos
beneocios de simplificar nossas vidas. O que precisamos aspirar, e não é fácil, leva
tempo e esforço, precisamos aspirar por um nível óWmo de simplicidade.

E você o que deseja para sua vida ficar melhor com um pouco menos?
Na verdade não dá pra ter tudo! E isso é muito diocil de aceitar.
Ao invés de procurar pela vida perfeita, procure pela vida "boa o suficiente".

Mudar da perfeição para "bom o suficiente" nos leva da frustração à saWsfação!

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Vida óWma significa o melhor cenário possível dentro da realidade dada.

Perfeito significa a melhor realidade. ÓRmo significa o melhor dentro da realidade


pessoal, se na sua realidade você quer passar um tempo com seus filhos, esposa,
amigos, família e dedicar-se ao trabalho alguma coisa você terá que ceder, não é
possível ser perfeito em todas as áreas.

ProcrasWnação

O outro extremo, o outro problema, é fazer pouco demais. É a procrasRnação.


ProcrasRnação significa afastar as coisas, é não fazer as coisas que são importantes,
deixando as coisas para amanhã ou depois. É deixar pra lá, atrasar, especialmente
algo que requer atenção imediata.

O preço da procrasRnação é extremamente alto: altos níveis de frustração, ansiedade,


insônia e um sistema imunológico fraco.

Mas como podemos superar a procrasRnação?

Tirar 5 minutos - Uma das ilusões que os procrasRnadores acreditam é que para fazer
alguma coisa, precisam realmente "se senRr no clima" de fazer. Isso é uma ilusão:
Desejo verdadeiro, realmente estar com vontade de fazer algo, não é um pré-
requisito para agir. Uma boa técnica para começar a não procrasRnar, como mostram
as pesquisas, é esta de Rrar 5 minutos Dizer para si mesmo: "Muito bem, eu não me
sinto no clima de fazer, mas vou tentar por 5 minutos" e normalmente estes 5 minutos
nos levam ao clima que precisamos para agir.

Recompense você mesmo - Se você fez, se invesRu seu tempo em algo, se dê uma
recompensa, vá passear um pouco, ou diga a você mesmo: "Se eu me concentrar 3
horas e fizer meu trabalho, então vou me recompensar com minha música favorita, ou
sair à noite". Nós usamos recompensas nas empresas, porque não usarmos conosco?
De uma forma ideal, esta recompensa será intrínseca, a experiência do fluir é
prazerosa, mas às vezes moRvação intrínseca não é suficiente e precisamos de
moRvação externa para nos ajudar a conRnuar.
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Vá a público, declare para o mundo o que você fará - Tomas Edson, quando estava
trabalhando na invenção da lâmpada, antes de inventar declarou ao mundo que dia
31/12/1879 iria gerar luz da eletricidade. Ele fez um compromisso público, então ficou
muito mais susceTvel a conseguir do que se Rvesse feito um compromisso consigo
mesmo. Normalmente somos muito mais susce{veis a realizar um compromisso
público do que pessoal, "privado".

Use a abordagem em grupo (Wme) - Um parceiro pode nos ajudar a agir e sustentar a
ação. Então, se você deseja fazer um trabalho, porque não fazer com um colega de
trabalho? Para a maioria das pessoas, nem todas, uma abordagem em Rme ajuda na
procrasRnação.

Faça planos, metas, listas e histórias - Escreva sobre o que você quer conquistar, use
os exercícios das lições anteriores, pois quando está escrito fica muito mais susceTvel
de realmente acontecer, assim como declaramos as palavras em público, porque
palavras criam mundos, conceitos idealizados.

Permissão para recriar - Não se esqueça que recriar é importante, hoje em dia não nos
damos tempo suficiente para não fazer nada.

A revolução da felicidade

Mihaly escreveu um arRgo chamado "Se somos tão ricos, porque não somos felizes?",
pois incomoda o fato de o mundo ter se tornado muito mais rico desde a Revolução
Industrial, que nos trouxe coisas maravilhosas, porém, a felicidade não cresceu na
mesma proporção.
A Revolução Industrial e o progresso nos trouxeram muitas coisas boas! Contudo,
sempre há o outro lado da moeda. Não foi tudo bom, existem limites. Se você
comparar os níveis de depressão dos anos 60 até hoje, o que você encontra é que hoje,
10 vezes mais pessoas estão deprimidas.
A média de idade da incidência da depressão nos anos 60 era por volta de 30 anos de
idade para iniciar a doença, hoje a média é de abaixo de 15 anos. Os níveis de
depressão têm aumentado, e a média de idade de sua incidência tem diminuído. O
mundo mudou.
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Se somos tão ricos, porque não somos felizes?

O argumento encontrado é que estamos focando nas coisas erradas. Vamos começar a
fazer duas perguntas, estas são perguntas que MarRn Seligman faz no começo de seus
workshops quando ele fala sobre educação.

O que você mais quer para seus filhos? (No presente ou futuro) Felicidade, Sucesso,
CriaRvidade, Realização, Saúde, Amor, Diversão, Independência, Responsabilidade,
Família.
O que as crianças aprendem nas escolas? Ler, Escrever, Pensar, Português, Sucesso,
Trigonometria, CompeRção, Informação, A se dar bem nas provas...

Das coisas que mais queremos para nossas crianças quase nenhuma delas são
ensinadas na escola. E isso é um problema!

Temos esta discrepância entre as duas listas, intuiRvamente nós sabemos o que é
importante para as nossas crianças. E sabemos também que as escolas são produtos,
não da nossa intuição e conhecimento, elas são produtos da Revolução Industrial.
As coisas que mencionamos tais como conformidade, aprender a ler, escrever,
matemáRca, são coisas que potencialmente contribuem, ou contribuíram para a era
industrial, mas não são necessariamente coisas que fazem as pessoas felizes. O que
acontece desde a Revolução Industrial? Porque foi tão bem sucedida? É que entramos
em uma era de PERCEPÇÃO MATERIAL.
Percepção material se trata de situar o material como o maior, mais alto fim na
hierarquia dos valores.

A alternaWva para a percepção material é a PERCEPÇAO DA FELICIDADE.

A percepção da felicidade se trata de ver a felicidade como o fim mais alto da


hierarquia de valores, não é abrir mão do material, é ter uma percepção da felicidade,
e uma percepção material em níveis diferentes em nossas hierarquias. O material é
muito importante, pode servir a nossa felicidade, nosso bem-estar, mas todas as metas
se viram para o mais alto nível da hierarquia que é felicidade.

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Como já disse Aristóteles: "Felicidade é o sen.do e o propósito da vida, o maior
obje.vo e fim da existência humana".

Este entendimento não é peculiar apenas ao pensamento ocidental, o Dalai Lama


disse: "Se uma pessoa acredita em uma religião ou não, se uma pessoa acredita
nesta ou naquela religião, o propósito maior de nossas vidas é a felicidade, o maior
movimento de nossas vidas é em direção à felicidade.”

E Felicidade não é definida como uma série de emoções posiRvas, felicidade não é
hedonismo, felicidade como prazer, mas também um senso profundo de significado
em nossas vidas.

Felicidade é a moeda final.


É a moeda que medimos, que desejamos para medir as nossas vidas.

Sucesso e Felicidade

Como mensuramos o sucesso? Se felicidade é a moeda final, então uma vida de


sucesso, é uma vida feliz. A ideia não é ser feliz ou não, mas se tornar mais feliz,
porque não temos como de fato medir se uma pessoa é feliz ou não. Para se ter
mais sucesso, precisamos nos tornar MAIS felizes, já que felicidade é a moeda final.

Percepção da felicidade em nossas vidas


Kennon M. Sheldon afirma que pessoas em busca do bem-estar deveriam ser
aconselhadas a focarem em:
a) Metas que envolvam crescimento, conexão e contribuição ao invés de metas
envolvendo dinheiro, beleza e popularidade.
b) Metas que são interessantes e pessoalmente importantes ao invés de metas
"forçadas" ou pressionadas a seguir.

Soa como algo simples, mas não é fácil de implementar em nossas vidas. Nós temos
passado por uma "lavagem cerebral", pela noção de que a única coisa que importa é
o material, que as coisas que contam são coisas contabilizáveis.

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Nossa cultura pós Revolução Industrial nos traz a noção de que a coisa que mais
importa no mundo é a riqueza material, o dinheiro. Ignoramos coisas muito
importantes da vida, as quais não podem ser contadas, medidas ou dioceis de
quanRficar. Mas estas são as coisas que nos levam a moeda final.

Como podemos trazer mais desta percepção da felicidade para nossas vidas?

Experiências valem mais que produtos


Uma pesquisa feita por Carter & Gilovich (Experiences over products), mostrou que
pessoas tem mais prazer e significado, mais felicidade, comprando experiências do
que comprando coisas.

Fazer as perguntas certas


Outra maneira de trazer uma percepção da felicidade em nossas vidas é fazendo as
perguntas certas, para nós mesmos e para as outras pessoas. Geralmente, quando
um adolescente vai a uma orientação profissional, as perguntas que eles vão fazer
são: No que você é bom? O que você faz bem? Onde você poderá ter sucesso? Onde
você poderá ganhar muito dinheiro?
Quando na verdade, as perguntas mais importantes são: O que é mais significa.vo
para você? O que irá lhe proporcionar maior prazer? E aí, na terceira pergunta (não
na primeira), no que você é bom?

A revolução da felicidade

Esta revolução trata-se de pessoas no mundo mudando da percepção do material


para o imaterial, dos bens para o espírito. Não é para se livrar do material como
importante. Sim, é importante trabalhar duro, é importante produzir bens. Apenas
a revolução da felicidade destrona o material de ser o topo na hierarquia dos
valores subsRtuindo-o pela felicidade!

A revolução da felicidade acontece quando uma quanWdade de pessoas suficiente


entende, entende de verdade não só intelectualmente, mas em todo seu ser, que
o valor mais alto, o fim para quais todos os fins levam, é a FELICIDADE!

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