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Sumário
Conceito da formulação
neoprogressista 11
Motivação: 11
Quem sou 13
1. Contexto Brasileiro 22
Industrialização Brasileira 23
Êxodo Rural 28
Princípios de família 31
Contexto: 31
Síntese: 34
Favelização 35
3
Contexto: 35
Síntese: 40
Social: 43
Educação: 46
Político 49
Introdução 51
V de Vargas 52
Pós Vargas 56
J de Jango 60
D de Ditadura 64
4
ORDEM: 67
Progresso: 79
D de Democracia 80
P de PT 83
CORRUPÇÃO 88
Setor privado 97
Ameaça 99
T de Temer 100
B de Bolsonaro 101
Gueto 116
Mídia 140
4. Neoprogressista 154
Palavras-chaves: 179
CONCLUSÃO: 187
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7
Prefácio
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em um futuro melhor, aquele medo que todos sentimos ao olhar
para o presente e não enxergar nada de melhor à frente.
Este livro está sendo escrito por alguém que anda no seu mundo,
mas vive em outro, totalmente diferente. Isto gera por si só
barreiras que poderiam ser irrelevantes se não fossem usadas
como ponto principal para manter o que vivemos hoje. É
preciso que se entenda que a falta de diálogo já é o projeto, o
problema e talvez aquilo que possa nos mostrar solução. Mas isso
é você quem vai dizer ao final da leitura deste livro.
Não falamos a mesma língua, e não é a favela que vai aprender a
falar a língua dos acadêmicos, não é a favela que vai disputar o
espaço dos empresários no Senado, “um de cada vez”. Não é
fazendo política que vocês vão mudar as coisas. Não é só pedindo
nosso voto. Através do que aqui escrevo, busco ainda que
minimamente, te fazer sentir algo do que sinto e compreender
um pouco do que penso. Este livro será apenas a primeira porta
para algo novo, e é preciso entender isso enquanto se lê, mas o
que está escrito aqui já é a principal coisa que tenho a te dizer.
Porque estou te dando uma arma, mas ainda não estou
dando a munição.
Espero que aprecie a leitura deste texto escrito por seu caro
amigo favelado. Espero te acrescentar a ideia de que algo novo é
possível e isso é tão real quanto as balas que furam nosso peito,
tão real quanto a dívida do aluguel que nos priva de comer. Sou
grato por sua leitura.
Mateus da Silva Sousa
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Conceito da formulação neoprogressista
Motivação:
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Quem sou
17
Em abril entrei na empresa que estou até hoje. Com mais
estabilidade e trabalhando em Ipanema, pude ver como as
relações de trabalho mudam em diferentes bairros do Rio de
Janeiro e como as condições de vida do ambiente em que se vive
interferem diretamente em quem você é. No mesmo mês entrei
no projeto das Brigadas Populares da Rocinha e para o pré-
vestibular Só Cria, projeto social que visava colocar jovens de
áreas carentes dentro de universidades públicas. Este foi um
espaço de transformação para mim, fiz amizades que quero levar
pra vida toda e acreditei pela primeira vez que podia entrar para
uma universidade pública e mudar não só minha vida, mas a
história da minha família.
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1. Contexto Brasileiro
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Industrialização Brasileira
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financeira. Desta forma é mais fácil controlar e garantir o lucro
massivo.
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Princípios de família
Contexto:
Para entender melhor este tipo de vida voltado à agricultura
familiar que até hoje se leva no interior do país, precisamos voltar
ainda mais na história da formação do Brasil.
O modelo de colonização brasileiro se deu pela exploração, e a
forma de colonizar dos portugueses iam além de dominar a terra
em si, mas também os corpos e as mentes dos colonizados. O
colono recebia terras da coroa no território brasileiro e ao chegar
aqui negociava escravos no comércio praticado nos principais
centros portuários, como Rio de janeiro e Salvador. Usados como
mão de obra escravizada, indígenas e negros eram a base da
economia brasileira, que girava em torno da família, a família
tradicional brasileira constituída pelo patriarca, a mulher com a
função de gerar filhos como mão de obra, e estes filhos como
alguém para ajudar na produção ou cuidando das terras, as
questões sobre as funções exercidas pelos filhos variavam de
acordo com o poder aquisitivo das famílias, aos pobres a lavoura
no serviço braçal, aos senhores de engenho a administração no
serviço intelectual. Era assim que eram legitimados pela igreja
católica e pelo poder real de Portugal nos seguintes termos: se os
colonos se relacionassem com as escravas e tivessem filhos,
em grande maioria concebidos através do estupro, e a estes
filhos fosse ensinada a fé católica e os costumes
portugueses, estes seriam reconhecidos como portugueses.
Deste modo, a dominação na mente deste filho, que era assumido
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e domesticado, fruto da escrava com o colono, servia como
tecnologia de separação na qual a ideia era torná-lo “diferente”.
Ele não era negro e sim “pardo”.
(A categoria pardo “livre”, foi criada pela necessidade de
categorizar uma crescente parte da população descendente de
africanos que não tinha sido escravizada, mas que ao mesmo
tempo não estava distante da escravidão e das restrições dos
direitos civis, ou seja, era um termo que marcava sua posição na
sociedade). Antes do fim da lei de mancha de sangue (1824) o
termo também era usado aos escravos de pele mais clara).
Síntese:
Favelização
Contexto:
Apenas em 1888 ocorreu o “fim da escravidão”, com a Lei Áurea,
assinada pela princesa Isabel. Ou seja, há apenas pouco mais 130
anos que os negros são livres no Brasil, isso enquanto a
escravatura durou mais de três séculos e meio. Milhões de
pessoas sofreram por séculos os piores horrores, pessoas vendidas
como objetos para atender os desejos de seus senhores, milhares
de pessoas alforriadas sem qualquer auxílio, sem terras, sem
emprego, sem fonte de renda, milhares de pessoas abandonadas.
Depois da abolição os recém libertos se aglomeraram no centro
do Rio em cortiços, vivendo os males do fato de que juntamente
com a lei que os libertava, foram impostas outras leis que os
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proibiam de agir segundo os costumes e cultura de seus povos
originários. Ou seja, além da dominação do corpo era
necessário dominar a mente, forjando um ódio coletivo
contra estas pessoas.
A partir daquele momento, todo negro era livre, até que fosse
preso, e as leis que o incriminavam iam desde posse de fumo da
angola (cannabis) até a lei de vadiagem. O próprio samba, tal
como a capoeira, eram passaporte certo para a cadeia. Apesar de
inúmeras lutas e revoltas que antecederam a libertação, não foi
por elas, mas pela chegada do novo modelo econômico,
capitalista, que a lei áurea acabou assinada. Essencialmente a
libertação se deu, entre outros fatores, porque esse novo modelo
econômico não demandava mão de obra escrava para existir. O
novo modelo econômico fez com que os senhores de escravos
perdessem significativamente poder político, e a liberdade já era
um direito de todos os brasileiros desde a constituição de 1824.
Acresce que o Brasil se mantinha como último baluarte da
escravidão, o que acumulava um preço diplomático bastante alto.
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A assinatura da lei não determinou o fim efetivo da escravidão
pelo fato de que a própria Constituição garantia o direito à
propriedade e ao domínio privado dos meios de produção. E
mais, aos escravizados era negada a cidadania brasileira, mesmo
aos que haviam nascido aqui como escravos, mas que já tinham
sido libertos. Somente os filhos deste liberto eram considerados
“ingênuos” (ingênuos eram pessoas que, independentemente da
cor, não havido nascido escravizadas). Apenas a elas era dado o
direito, por exemplo, de se candidatar nas eleições. Mas isso só se
possuíssem a riqueza mínima exigida a qualquer cidadão para fins
de candidatura.
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A sociedade nesta época era dividida entre três categorias:
Os nobres: que tinham direitos e privilégios.
Os livres em geral: que só tinham direitos.
E os escravos: que não tinham nem privilégios nem direitos.
Será que hoje podemos dizer que isso mudou? ou o gozo pleno da
vida e o privilégio da liberdade efetiva fica restrito aos 1% de
eleitos?
Síntese:
Fica óbvio que vivemos em uma sociedade que não tem espaço
para nós. Nossas famílias se espremem no alto de morros e na
beira de encostas, na margem de rios e de mangues, e quando a
chuva vem leva tudo embora. A ajuda não vem porque já se
acostumaram a olhar para nós e nos chamarem de ladrões, por
construirmos casas com o que temos e o que podemos para não
morar ao léo ou nas ruas. Quantos hoje dormem no centro, ou
em estações do BRT? Não é à toa que o maior sonho de qualquer
trabalhador por aqui é a casa própria. Vivemos em uma cidade
que já odeia a favela e o favelado desde quando o termo era
senzala e escravo. Hoje somos trabalhadores, mas nossa
posição dentro da sociedade carioca pouco mudou e continuamos
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sendo mortos todos os dias. O medo toma conta da mente de cada
morador e cada um sente com sua intensidade. Você sabe qual a
sensação de ter que se acostumar com a ideia de que a qualquer
instante você pode morrer? Ao mesmo tempo que o ódio
também nos toca junto com a revolta e a desilusão com
promessas de políticas vazias que pouco transformam esta
realidade, o máximo que chega é um asfalto meia boca em troca
de votos e depois nem existimos mais, ou até a próxima eleição.
O que é então falar de política para nós?
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Nova realidade da favela:
34
Social:
Por volta de 1940 se dá o início do processo de industrialização
no Brasil. Com ele assistimos a um aumento vertiginoso da
migração no processo de êxodo rural. Este êxodo se dá pela
demanda de mão de obra da indústria que surge, mas também
pela ociosidade provocada no campo pela concentração de terras
nas mãos de um grupo seleto, gerando vertiginoso avanço do
agronegócio extensivo e automatizado pelo maquinário. Esse
processo de duplo viés fez com que milhares de nordestinos
viessem para as capitais do Sudeste, trazendo suas numerosas
famílias promovendo um aumento desenfreado e desassistido das
favelas cariocas. Cada dia mais gente chegava do interior. E, ao
chegar, passavam a viver o mesmo drama até então reservado às
famílias negras. Logo seriam ou expulsos, vítimas da
especulação imobiliária, exceto os que vivessem em Locais
inabitáveis, sem saneamento, expostos a doenças e a todos os
tipos de violência. Um dos maiores exemplos desse processo
atende pelo nome de favela da Rocinha, onde vivo. A grande
maioria das pessoas aqui são naturais da Paraíba, Sergipe,
Maranhão, Mato Grosso, Bahia, Pernambuco, Ceará... e apenas
alguns, em aclarada minoria, se originam do Sul do país. Ou seja,
em sua grande maioria os cariocas na favela são os filhos destas
famílias que migraram para cá e tiveram seus filhos aqui no Rio
de Janeiro. Exatamente como no meu próprio caso.
Muitos dos problemas sociais que temos até hoje nas grandes
cidades advêm deste período, do choque entre estas duas
realidades, a dos negros livres e a dos brancos pobres que vieram
para as favelas durante o êxodo rural. Em uma cidade que nunca
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pensou em pessoas, pelo menos não nestas pessoas, a quem
sempre foram negados direitos, dignidade e cidadania.
Até 1824, ser cidadão era basicamente ser descendente de
europeus, e apenas com o fim da lei da mancha de sangue para
descendentes de africanos, estes foram aceitos como brasileiros.
Negros escravizados vindos de povos da África, mesmo sendo
alforriados não teriam direito à nacionalidade brasileira.
Portanto, estavam inaptos a se eleger, votar, ou ocupar cargos
públicos (inaptos a ter qualquer tipo de poder na sociedade).
Apenas mestiços descendentes destas famílias, a partir de 1824,
puderam ser aceitos como brasileiros, mesmo que só pudessem
exercer seus plenos direitos dependendo do seu poder
econômico. Ou seja, eram muito poucos logo no período em que
começava um embrião de uma classe média negra no Brasil,
houve uma grande imigração de diversos povos europeus para o
Brasil estimulados por uma política de eugenia que queria acabar
com os pretos no Brasil. Aos pretos libertos nada foi concedido,
nem terras, nem direitos, nem trabalho. Já os imigrantes
europeus ganhavam passagens e lhes eram ofertadas terras para
cultivar, com a posse definitiva. Na outra ponta, nas cidades, os
pretos recém libertos, sem o mínimo de estrutura, sem ter
recebido qualquer instrução ou capacitação, tinham que disputar
o mercado capitalista de trabalho com os brancos europeus. O
fato é que isso se mantém de forma quase inalterada nesses
últimos 132 anos. Disso fácil se depreende o porquê de a
população afrodescendentes exercer cargos inferiores, fora dos
espaços de poder, além de compor a expressiva maior parte da
massa carcerária.
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37
Educação:
38
Mas mesmo assim estou tentando prova para uma faculdade
federal do Rio de Janeiro. Como muitos outros jovens por aqui
estou tentando.
39
Político
Introdução
42
V de Vargas
45
Pós Vargas
46
As perguntas que sempre devem ser feitas são: que tipo de
emprego foi gerado? Qual era o salário oferecido ao trabalhador?
Era o suficiente para ele viver dignamente com sua família?
Recentemente, ao conversar com colegas recém chegados da
Paraíba, eles me falaram que a empresa terceirizada que os
contratou entrou em contato com eles para virem trabalhar no
Rio de Janeiro. Perguntei a eles se a empresa pagou a passagem
deles e a resposta foi não, eles juntaram dinheiro lá e pagaram
suas passagens com a promessa de emprego aqui. Os cargos que
eles ocupam hoje já foram ocupados por funcionários CLT da
minha empresa, e além dos benefícios serem bem reduzidos os
seus salários também são menores, proporcionais a seus direitos
se for comparar com os que ocupavam o mesmo cargo antes de
serem demitidos pela minha empresa e colocar esses terceirizados
no lugar.
Isso é um padrão, os terceirizados são em grande maioria
nordestinos recém-chegados, com pouco estudo e os favelados
cariocas.
Até hoje vejo muitos nordestinos, como meu próprio pai, entre
outros parentes, que ao chegar no RJ ficaram super felizes em
ganhar um salário mínimo, querem fazer festa, comer muito,
fazer churrasco e estão certos em comemorar porque lá eles não
conseguiam nem isso, mas isso faz pensar em outras questões.
Muitos vão afirmar sem nenhuma vergonha que fazem questão
de gastar com comida por que já passaram muita necessidade.
47
Pode ser muito para quem sempre viveu com pouco, mas não
leva muito tempo vivendo aqui para eles perceberem que aquele
salário não era tanto quanto parecia ser.
O que são, de verdade, os R$980,00 para quem vivia com
R$250,00 por mês?
Aqui na cidade os R$250 por mês não te garantem nem um teto
para morar. Na renda o que realmente conta é o Poder de
compra, que leva em conta não o valor nominal que você recebe,
mas o valor real que fica disponível para sobrevivência. Nesse
sentido, R$ 250,00 por mês morando no barraco próprio e tendo
como cultivar parte dos alimentos que se vai consumir, podem
gerar uma qualidade superior aos R$ 980,00 em que tudo tem de
ser pago, restando, muitas vezes, menos que esses R$ 250,00.
Os nordestinos são um povo muito trabalhador, eles saíram de
sua terra natal para viver nas cidades na busca por um futuro
melhor, e esta seria a versão brasileira do famoso sonho
americano. Esta mão de obra barata e cheia de vontade é a
fórmula perfeita para o mercado, enquanto a lógica da mão de
obra é trabalhar sempre mais a busca de algo melhor, a
lógica do mercado é sempre o lucro máximo e o custo
mínimo. Custo e Lucro são duas palavras que movem o corpo
e a mente do capitalista.
Ao trabalhador resta o: “melhor pingar do que secar.”
E aos patrões o: “se não quiser tem quem queira, e ainda
cobra mais barato”.
48
J de Jango
49
A instabilidade política foi ao nível máximo, com o impedimento
que o vice voltasse para assumir o cargo. Depois de muito embate
e lances heroicos, com a participação fenomenal de Leonel
Brizola, finalmente Goulart assumiu a presidência, mas sob novo
golpe, o golpe parlamentarista, que mantinha Tancredo Neves
(mais tarde substituído) como primeiro-ministro. Depois de um
ano foi realizado um plebiscito, e o povo escolheu o
presidencialismo como forma de governo, podendo assim,
finalmente, João Goulart assumir a presidência de fato e de
direito, mas para o temos geral da elite brasileira.
Suas ideias eram muito progressistas para uma sociedade muito
conservadora. Eram ideias que atendiam aos anseios da
população mais pobre, tanto a que viva no campo quanto a que
vivia na cidade. Entre as propostas de João Goulart estavam as
reformas de base, como a reforma agrária (ou seja, a
redistribuição de terras para o povo) e limitação dos lucros dos
bancos e das indústrias estrangeiras. Jango ainda visava um
capitalismo, mas buscando uma socialdemocracia, que
reduzisse as desigualdades, criando um modelo de governo
que não fosse dependente dos Estados Unidos. E isso em
plena Guerra Fria. Depois dos eventos de Cuba em 1959, que
instalaram o comunista Fidel Castro no poder, os Estados Unidos
temiam uma "ameaça comunista" na América Latina, e
enxergaram isso como um problema para seus interesses.
Assim, instalaram o que hoje conhecemos como think tank no
Rio de Janeiro e passaram a agir junto às instituições brasileiras
em favor dos interesses americanos do governo de John Kenedy
50
e, depois do assassinato deste, do governo de Jhonson. Houve o
escândalo das candidaturas apoiadas com dinheiro americano
dessa agência no Rio, e com a câmara eleita por eles o essencial
para dar o golpe estava dado, tanto aqui quanto no império do
norte. Facilitou o trabalho dos golpistas o medo do comunismo
que já havia sido insuflado nos brasileiros e alguns percalços do
governo Goulart, como a inflação, que estava em cerca de 92% ao
ano no fim do governo de João Goulart.
Os militares, que desde a fundação da República sempre
estiveram no poder, direta ou indiretamente acabaram dando o
golpe no presidente João Goulart, que acabou tendo de fugir do
Brasil ou então encarar uma guerra civil com êxito muito
improvável. Acabou sendo assassinado no exterior, por meio de
uma ação multinacional que era mantida em todos os países sul-
americanos que tinham militares no poder e os Estados Unidos
da América.
Inclusive seu antecessor de viés moderadamente progressista,
Juscelino Kubistchek também acabou sendo eliminado pela
ditadura, como ficou comprovado recentemente.
A verdade é que sob o discurso de caça aos comunistas e a
melhoria da economia, a ditadura militar acabou sendo bem
recebida pelos setores conservadores brasileiros.
51
D de Ditadura
53
A ideia do governo militar era reafirmar o lema do positivismo
“ordem e progresso”, mas agora no sentido de, “ordem” no
controle armado da população, e o “progresso” para os mais
poderosos. Tudo sob o lema do “precisamos primeiro fazer o bolo
crescer para depois dividi-lo”. O bolo cresceu como nunca antes
na história do Brasil, mas deste bolo o povo nunca comeu, assim
como nunca comerá caso o PIB cresça assim de novo, porque
crescimento do PIB por si só não representa melhoria na vida da
população, e às vezes até o contrário acontece.
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ORDEM:
Todos já estão cansados de ouvir várias histórias sobre
espancamentos, torturas e perseguições, mas importa focar aqui
no aspecto da aplicação desta ordem. Vemos as vontades dos
poderosos e as mudanças políticas afetarem as classes brasileiras,
principalmente as mais pobres. Podemos simplificar os interesses
em dois tipos de política. Existem as políticas voltadas para a
melhora das condições de vida do povo, que até hoje
raramente foram utilizadas no Brasil, chamadas de políticas
sociais ou socialistas e políticas voltadas ao mercado, que visam
estimular as empresas, seja através do estímulo à instalação de
empresas estrangeiras, por meio de isenções milionárias, seja
por meio da facilitação da sonegação, que fez surgir um caso
como o da Cervejaria Petrópolis (Itaipava) que juntou um
débito absolutamente impagável. Um imposto que, ao sair da
planilha de custos já se tornou lucro, um tipo de lucro que
invariavelmente vai parar em paraísos fiscais, gerando famílias
ricas por muitas gerações, mas a custa da pobreza de milhares de
outras famílias.
De forma nenhuma a intervenção militar veio como salvadora
da pátria ou para trazer quaisquer melhorias nas vidas dos mais
pobres.
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macroeconômicos.
Fonte: IPEA. Disponível em: <http://www.ipeadata.gov.br>.
56
Caso você não tenha entendido claramente, vou explicar. Mais
precisamente no ano de 1984 (36 anos atrás) em que os 10% se
apropriaram de 47,60 % do PIB REAL QUE FOI DE
1.733.387.688.100,00 (um trilhão, setecentos e trinta e três bilhões,
trezentos e oitenta e sete milhões, seiscentos e oitenta e oito mil e
cem cruzeiros), vamos repartir como na tabela para que você
entenda.
Lembrando que a riqueza não se produz sozinha, é a classe
trabalhadora, e só ela quem a produz. Senão vejamos, existe ouro
no subsolo, é uma riqueza, não! Passará a representar uma
riqueza depois que algum trabalhador escavar e peneirar a terra
para o separar.
Um tronco de madeira de lei é uma riqueza? Não, pelo menos
não antes de ser manufaturado e transformado em tábuas e
sarrafos. É fundamental entender isso: só e só o trabalho gera
riqueza.
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A partir desse entendimento é que podemos ter noção da
injustiça na tributação brasileira. Porque, como ficará
demonstrado, é só quem gera riqueza que paga imposto, quem
fica com a riqueza produzida sem nada fazer... não paga nada ou
quase nada.
Vejamos, uma indústria paga imposto? Não, repassa para o
produto que produz. Com uma prestadora de serviços ou um
empreendimento comercial, a mesma coisa. E com o banco?
Tanto mais, veja que se você fizer um empréstimo o IOF vem
destacado e é você quem paga.
As empresas efetivamente repassam grandes volumes de
impostos ao governo, mas não de impostos que elas estão
pagando, mas de impostos pagos por seus clientes, e do qual elas
foram fiéis (e nem sempre tão fiéis) depositárias.
Já o trabalhador tem o imposto já descontado em folha, porque o
sistema não confia nele, acha que se deixar pra ele pagar depois
ele não vai pagar.
Como no Brasil toda a carga tributária está calcada no consumo,
o trabalhador da base, o favelado, gasta 100% do que ganha,
portanto paga 35% de impostos (no mínimo) sobre 100% de sua
renda. Além do imposto de renda, caso sua renda não seja de
fome.
Já o rico, que gasta 5% do que ganha, por exemplo, paga 35%
sobre 5%. Ou seja, enquanto o trabalhador da base paga no
mínimo 35%, esse rico paga 1,75%. E, talvez, mais 0,25% sobre o
restante, que será investido em banco, por exemplo. Um
tremendo absurdo. Mas se esse rico tiver uma empresa, na hora
58
que ele tirar o lucro tem de pagar imposto, não? Não no Brasil. Só
no Brasil e na Estônia a retirada de dividendos é livre de imposto
de renda. Um presente do FHC para os brasileiros.
FHC retirou o imposto sobre dividendos alegando que a empresa
já pagou sobre os lucros, no CNPJ dela, e cobrar no CPF do dono
seria bitributação. BALELA!
Temos dez razões para mostrar que é balela. Primeiro que, como
vimos, a CNPJ não pagou nada, apenas repassou o que recebeu.
As demais razões estão prejudicadas, desnecessárias.
Tanto que no demais do mundo essa alíquota é cobrada,
oscilando entre 30 e 60 por cento...
59
Quando falam de Brasil grande e poderoso, eles não estão falando
de você, que ganha um salário-mínimo e mora na favela. Eles
estão falando dos empresários, estes são os Brasileiros que eles
querem fazer grande. Exceto se começarem a disputar o mercado
internacional, aí toca em interesses geopolíticos que são os
maiores fatores de golpe, como o golpe de 2016 no Brasil.
Para o império importa que sejamos muitos, trabalhemos muito,
mas ganhemos pouco, para consumir pouco, porque assim o
produto de nosso trabalho, a riqueza produzida por ele, será
ofertada no mercado internacional, e o que plantamos comem os
ricos do norte. E quanto mais estivermos produzindo e menos
consumindo, mais oferecemos, portanto, baixando mais o preço
pela lei natural de oferta e procura.
Tornar a mão de obra minimamente qualificada e pagar um
salário minimamente digno quebra esse ciclo, porque aí vamos
produzir e consumir aqui mesmo, como acontecia basicamente
entre 2005 e 2015 no Brasil, e que injuriou a elite local e os
interesses geopolítico da metrópole do norte.
O que significa um “BRASIL SER GRANDE E FORTE”
Nada importa um Brasil grande e forte se você mal consegue
sustentar sua família.
Teria algum sentido um diálogo assim?
" – Amor, você tem o dinheiro pra pagar o aluguel deste mês?”
- Calma mulher, não precisamos pagar. O Brasil está grande e
forte!"
60
Algo assim aconteceu na ditadura. Tivemos PIB de até 14% ao
ano, durante o milagre econômico, o bolo realmente cresceu
nessa época, mas o povo nunca comeu.
O fato é que durante a ditadura fomos largados, roubados, usados
e empobrecidos sem qualquer atenção ou dignidade, sem
perspectiva de futuro além do que comer amanhã. Muita gente
passou a roubar, e muita gente terá de roubar enquanto poucos
tiverem tudo e muitos não tiverem nada.
61
Tanto os bons resultados que o país teve ao longo de sua história
são frutos da política, quanto os piores resultados que o país
também teve e terá. E neste ponto falamos também das pessoas.
Se as pessoas estão morrendo mais, se a mortalidade infantil é
maior, se o encarceramento é maior. Será que é só por que as
pessoas querem ser ruins ou por que as condições de vida delas
também estão sendo desumanizadas? Quem é educado e delicado
como uma flor dentro de um BRT lotado?
Se todos fossem confortavelmente sentados durante a viagem, se
ninguém precisasse se empilhar, em pé, não tenderíamos todos a
sermos mais afáveis? Se os ônibus te dessem dignidade, você acha
que o seu transporte para o trabalho seria tão cansativo,
estressante, perigoso e esculachado como é?
62
Você conseguiria olhar para o cliente chato que te atormenta no
trabalho com mais calma se duas horas antes você não estivesse
em pé, esmagada/o em um ônibus lotado, fechado e sem
circulação de ar?
E se os seguranças do BRT começassem a bater com porretes nos
passageiros toda vez que o BRT ficasse lotado? Não faz sentido? É
o que produzem as políticas de repressão...
Jango (João Goulart) visava melhorias nas condições de vida das
pessoas, e levou o Golpe da Ditadura por isso.
O encarceramento aumentou exponencialmente de 1969 para
1988. Os presídios superlotados foram palco para o nascimento
das primeiras facções, como o Comando Vermelho no Rio de
Janeiro. A facção nasceu no presídio de Ilha Grande, durante a
ditadura militar, e o lema da facção é “Paz, justiça e liberdade”.
Essa facção foi responsável pelos maiores assaltos a bancos da
época e usava o dinheiro para contratar advogados, reivindicar
melhorias nos presídios através da caixinha e financiar fugas. Era
mais do que uma organização, era uma ideologia, uma forma de
sobrevivência em condições extremas, em um vácuo onde não
existe a presença do estado (além do momento em que a polícia
sobre o morro) justamente nas favelas, por isso se espalhou
rapidamente por todo o Brasil.
Isso nos leva a pensar que a ditadura se apresentou como
salvadora de uma sociedade violenta e com uma economia
quebrada. Os índices ao fim do regime eram muito piores que os
do começo e a facção nasceu justamente neste período, no qual a
ordem era reprimir violentamente a classe mais pobre, e ainda
63
assim as pessoas acham que para solucionar o problema das
facções precisamos de mais uma ditadura, de mais violência e
repressão. Não conseguem entender que ao ponto em que o
governo militar dificultou mais do que antes a vida das classes
mais pobres, crimes como furto cresceram assustadoramente, e
que o grande crescimento da facção está como um filho
ligado à mãe pelo cordão umbilical, onde a grande adesão
ao crime é justamente alimentada pela grande desigualdade
e a violência é potencializada pela repressão.
Veja-se o exemplo dos antológicos saques no Nordeste, sempre
que a seca apertava. Bastou fazer-se uma política de distribuição
de renda, mesmo a mais básica, e os saques desapareceram. Existe
o crime do psicopata, do desiquilibrado, mas os pequenos delitos
mais acontecem pela necessidade.
O sentimento é ódio.
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Progresso:
Os governos militares adotaram uma postura
desenvolvimentista, criaram mais de 250 estatais, concederam
inúmeras isenções para empresas, fizeram mudanças nas taxações
e políticas monetárias criando o ambiente favorável às
multinacionais.
Em 1964, o 1% mais rico tinha 17% de toda a renda do país, já em
1985, fim da ditadura, os mesmos 1% tinham quase 30%.
Por estarem alinhados com as políticas econômicas dos Estados
Unidos, conseguiram crédito internacional e assim puderam
bancar as grandes obras, como a ponte Rio-Niterói, a usina de
Itaipu, a Transamazônica etc.
Foi um período em que a dívida externa cresceu muito rápido,
mas foi com a crise do petróleo que tudo começou a desandar,
pois o preço do barril subiu 4 vezes, e o crédito internacional
ficou escasso. O Brasil já devia muito e os juros aumentaram, com
isso o PIB que era de 14% em 1973, caiu para 9% em 1974 e 5,2%
em 1975. Os militares decidiram continuar com o Progresso e
65
fizeram mais dívidas com os juros lá no teto, mas em 1979 com
outra crise do petróleo, a inflação explodiu e em 1985 já batia
223%.
Lembre do Jango, que levou o Golpe com 92% de inflação e em
resposta ao caos que a ditadura veio para livrar a todos? Em 1964,
com o início da ditadura, foram presas 40 mil pessoas. E em 1985,
no fim da ditadura, foram presas 253 mil pessoas.)
A dívida externa cresceu 30 vezes, passou de 3,4 bilhões para
mais de 100 bilhões de DÓLARES.
D de Democracia
Após este período da ditadura militar, o Brasil entra na
democracia em 1985, ainda que por meio de uma eleição indireta.
E a recém nascida democracia já nasceu com uma dívida externa
enorme de 100 bilhões com juros altíssimos, uma inflação de
230% (150% a mais que antes da ditadura). Durante a década de
1980, chamada de década perdida, o país cresceu muito pouco
pois tinha que lidar com o pesadelo da inflação descontrolada
que, 4 anos após o fim do regime militar, já batia 1.900%. Nesse
contexto, o Brasil troca de moeda diversas vezes, a população
mais pobre mergulha na miséria e como sempre sem que o
governo olhe para esta grande parcela da população.
A estabilização da economia só veio após o Plano Real, em 1994,
implantado no governo Itamar Franco, e continuou no governo
Fernando Henrique Cardoso (FHC). O governo de FHC mais
uma vez foca na política de incentivo à indústria estrangeira
66
com incentivos fiscais adotando políticas neoliberais
(políticas de estado mínimo, privatizações, diminuição do
investimento público, abertura a empresas estrangeiras e
mais uma vez alinhada com os interesses norte-
americanos), com privatizações em massa de grandes estatais
vendidas por preços muito abaixo do mercado. Em síntese, o bolo
cresceu a indústria estrangeira/interna juntamente aos poderosos
e o capital estrangeiro comeu, e ao longo de todas estas décadas o
povo passou fome. Se fala sempre em desenvolvimento, em
progresso e avanço, mas nunca este avanço e progresso se refletiu
na vida das pessoas que pertenciam à classe C ou mais baixas, o
salário-mínimo cortado pela metade levou mais de 30 anos
para se elevar ao mesmo patamar de antes da ditadura (que
já era ruim) e as perguntas que restam são:
Ordem para quem?
Progresso para quantos?
Para os 1%?
P de PT
68
Vou explicar como foi possível citando exemplos de como se faz
isto que chamo de “caminho da demanda pública para o privado”.
Para atender as demandas por moradia, o PT criou o PAC, que
funcionava desta forma: empreiteiras privadas participavam de
uma licitação e a ganhadora fazia um contrato com o governo
para as obras públicas. Isto não valeu só para o PAC, mas para
todos os projetos. Desta forma, o dinheiro público ia para estas
empresas que contratavam os trabalhadores e entregavam o
projeto. A demanda pública sendo levada até o setor privado.
Com a demanda por saúde o PT investiu no SUS, uma porta
universal da saúde. Ou seja, você pode ser homem, mulher, rico
ou pobre, todos têm direito a usar o SUS. O caminho do público
para o privado vem com os leitos do SISREG, já que o SUS é um
sistema complexo, gigantesco e magnífico que não possui leitos,
sendo assim o encaminhamento é feito a hospitais privados e os
leitos custeado pelo SUS, ou seja, pelo governo, outra vez do
setor público para o privado.
Com a luta pela educação, o PT investe no FIES. Desta forma o
estudante de baixa renda recebe um financiamento do governo
para entrar nas faculdades privadas e ao fim do curso paga as
parcelas com condições especiais. Neste caso, o setor público se
mistura com o privado da seguinte forma, o aluno de baixa renda
precisa tirar uma nota mínima no Enem, nota que é baixa
justamente para aumentar o acesso de alunos de escola pública
com baixa renda. Aí inicia-se uma explosão do número de jovens
entrando em faculdades privadas, alavancando ainda mais o
setor privado, sendo que em média o estudante do FIES paga
69
20% mais caro pela faculdade que o aluno normal. Outra vez do
público ao privado.
Por último, leis trabalhistas brasileiras, onde o PT fortaleceu a
CLT e os sindicatos, melhorando condições de trabalho e
aumentando salários. Fez com que a classe mais popular, ou seja,
a dos trabalhadores, que em toda história do Brasil sempre saiu
perdendo, pudesse ter poder de compra, o que fez a economia
girar. O trabalhador consumindo gerava riqueza tanto para o
governo (imposto no consumo) e para o setor privado em todas
as esferas.
Esta conquista não seria possível sem o fortalecimento dos
sindicatos e não pense que esta conquista foi pequena, apesar dos
nossos salários não serem lá grande coisa passou de R$ 200,00 no
ano de 2002 para R$ 880,00 em Janeiro de 2016.
Isto mudou a realidade da geração da minha mãe e do meu pai
também, e consequentemente mudou todo o futuro de nossa
família.
Mas aí você dizer o PT é corrupto, #Lula preso.
Beleza, se você souber me responder algumas perguntas
71
CORRUPÇÃO
72
Em primeiro lugar, o que seria a corrupção na política
corrupção burocrática.
Está acontecendo da seguinte forma. Imagine que Guilherme
mora no Morro da Cascata (nome fictício) e não possui
saneamento básico na sua comunidade. Durante a campanha para
as eleições, um candidato a deputado visita sua comunidade e
promete saneamento básico, a comunidade da Cascata o elege e
este, o que já era de se esperar, não cumpre com sua palavra.
Guilherme sente muita vontade de ajudar sua comunidade, mas
73
sabe que apenas organizada em coletividade ela vai ter voz e peso
político para exigir o básico. Após muito esforço, Guilherme
junta 600 moradores e todos juntos vão até a câmara de
deputados e batem no escritório do parlamentar que para se
"redimir" recebe todos. Eles apresentam o projeto do que eles
pedem e o deputado pede um prazo para apresentar o
ORÇAMENTO (VALOR DA OBRA). Guilherme, junto com seu
coletivo retorna e aguarda a resposta. Logo o deputado entra em
contato e chama os representantes até seu gabinete e lá eu faz seu
discurso de amigo do povo, tira fotos, sorri, faz até oração e diz a
Guilherme que lançou o projeto de saneamento do Morro da
Cascata e que ao total a arrecadação para fazer a obra será de 1
milhão.
Esta seria a "corrupção burocrática". Na verdade o
projeto custaria 500 mil, mas o parlamentar superfatura o
orçamento sabendo que a arrecadação não chegará a um milhão.
Pouco tempo depois ele chama novamente o coletivo de
Guilherme e explica que a arrecadação que foi feita chegou
apenas aos 700 mil e que por isso não possui o orçamento
necessário para a obra. Ele se coloca como prestativo ao lado da
comunidade, diz que está ali para servir ao povo e no fim das
contas a comunidade continua sem o saneamento básico,
pensando “bom, não foi dessa vez, mas pelo menos ele tentou né,
pessoal”.
75
Informações sobre cada AP
http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/1529762/DLFE-
220205.pdf/1.0
76
3° A CORRUPÇÃO DO SETOR PRIVADO
79
Setor privado
Ameaça
Se Lula foi tão bom para todos, porque ele está preso?
Vou ser bem breve e direto, o PT se torna uma ameaça pelo
simples fato de agir como estado investidor, ou seja, governo
e setor privado são responsáveis por gerar riqueza e o
trabalho. Se o governo cria o bem estar social, leis que
defendem o trabalhador e melhoram salários, como as
indústrias vão explorar o trabalhador para obter lucro?
81
Quem vai ser o Uber? Ou o Ifood? Quando existe pleno
emprego com direitos e carteira assinada? Empregos estes
que hoje são comemorados como o crescimento esperado
pela economia e todas as leis de contingência.
Desta forma o governo do PT se torna uma pedra no caminho da
elite brasileira que desde sempre quer que o pobre viva miserável,
porque assim se lucra mais. Desta forma, a elite brasileira se une a
estrangeira para dar início a um projeto cruel que iniciam
com...
82
T de Temer
B de Bolsonaro
83
Agora a política é ao contrário, o estado não é mais investidor, o
trabalho da política agora é desconstruir qualquer política social
para o bem-estar do trabalhador, mergulhar a sociedade no caos
enquanto promete reformas que nunca darão certo, como a
reforma da previdência e a reforma trabalhista e como já
era de se esperar, mantendo o acúmulo das elites. Desta forma o
setor privado (aquele mesmo que sempre lucra com tudo) agora
é o único responsável pela geração de empregos e riqueza
sem "concorrência" do estado, livre para fazer exigências
como as reformas que servem simplesmente para deixar a mão de
obra novamente barata e o tempo de trabalho mais longo.
Desta forma vai ter mais gente para trabalhar que vagas de
emprego já que ninguém vai se aposentar e todos trabalharão
barato até morrer. Assim, o lucro será cada vez maior e o
poder também. Quem vai desobedecer às ordens correndo o
risco de perder a única pouca renda que tem? Você já está
trabalhando feriados? Domingos? Recebendo algo por isso?
84
O
estado
é
míni
mo
para o povo mas é só o capitalismo/mercado apresentar algum
problema e o estado estará lá para salvá-los. Seja com políticas
econômicas de isenções, perdão de dívidas, concessões, estímulos
ou até mesmo liberação de verba direto nos bancos.
85
Como agora durante a crise do corona vírus o congresso discute a
verba emergencial para os trabalhadores informais, inicialmente
a proposta do governo era de 200 reais e a oposição chegou no
valor de 600 até 1200 reais. Enquanto esta política de amparo aos
trabalhadores terá impacto de 90 bilhões na economia, o governo
sem nem pensar injeta 1,2 trilhões aos bancos enquanto estuda
cortar salários em até
70% e suspender contratos de trabalho para “salvar os empregos”,
ou será que é para salvar os patrões?
86
Este é o jogo político brasileiro e o meu objetivo é mostrar que
nosso inimigo não está no meio do povo e não é o próprio povo.
Independentemente do que você acredite, se você é trabalhador
também está no mesmo barco. E onde eles querem chegar com
isso? Lembra do Vargas? Então, o objetivo é acabar com a CLT,
depois de todas as reformas e políticas eles finalmente vão acabar
com a CLT e assim depois de tudo vão dizer que tentaram. O
Brasil só vai voltar a crescer quando voltar a ter um estado
investidor, e vai voltar a ter, não por causa do povo mas sim
pela mesma elite que o destruiu, e agora o investimento vai ser
diretamente no setor privado, sem política de bem estar social
e sem direitos para os trabalhadores. Resumindo, todo esse caos
é criado com o objetivo de acabar com a CLT, deixar o trabalho
mais barato e por mais tempo, em condições piores, e assim a
elite brasileira e a internacional lucram mais.
Pense em que Brasil você nasceu? Que Brasil seu filho terá?
Abertura na educação
90
Bem, a resposta da política para mascarar o tamanho deste
problema está sendo usada até hoje enquanto você lê isso. Tudo
que importa são números, porcentagens e gráficos para mostrar
na televisão que tudo está dando certo.
92
Certo, acho que você já entendeu, mas agora que você entendeu
as necessidades destas famílias trabalhadoras de uma boa
educação a seus filhos para mudar a realidade de suas vidas, o que
é dizer que os pobres tem fetiche em diplomas? É não
entender o que estas famílias passam porque você nunca teve que
passar por isso? É dizer que nossa indústria não tem espaço para
uma classe popular com nível superior? Ou seja, ameaçar acabar
com mais esta migalha que o povo ainda tem? Nem seus filhos
aguentam mais ir para a escola, a gente devia se perguntar porque
o aluno fica na escola até o fim do Ensino Médio, porque a
evasão é realmente o projeto. De um lado eles preservam a
ignorância porque estudar se torna horrível, e dos que seguem
em frente até a universidade eles ganham dinheiro com
financiamento estudantil, enquanto os filhos deles estão nas
melhores universidades públicas do país. Eu mesmo até hoje
tenho o nome sujo em 2 mil reais com a faculdade privada em
que tentei cursar engenharia de produção e acabei refém de uma
mensalidade que começou em 529 reais e no terceiro período já
era de 800 reais. Na época eu trabalhava na obra, então além do
desgaste físico e mental não tive condições de continuar
pagando. Até cheguei a vender brigadeiro para inteirar a
passagem que faltava.
Enfim, no entanto houve algo muito positivo e isto não veio da
política ou de nenhum político, veio e até hoje vem de milhares
de professores que todos os dias lutam contra a corrente para dar
tudo que podem a estes jovens, seus filhos, a oportunidade de
serem mais do que se espera deles. Assim como eu tive ótimos
93
professores que mesmo com o salário atrasado, mesmo na pior
escola do meu bairro, mesmo em uma sala com 50 alunos no
verão carioca de 40 graus, houve quem acreditasse em mim, mais
até do que minha própria família.
Professores que acreditam em um mundo melhor, por isso
se esforçam e se dedicam para começar a mudança pelas crianças
e jovens. Começou com minha mãe, passou por mim e hoje
minha avó que era analfabeta até os 45 anos de idade está em uma
sala de aula como professora lutando pelo futuro dos seus filhos.
O maior legado disso tudo, de todo este esforço, veio com a
minha geração. Apesar de ser tão pouco o que nos deram foi o
máximo que já tivemos em 500 anos, sendo que só há 130
anos somos "livres" e há menos de 70 nossos avós nem
sabiam o que era escola.
O legado destes profissionais da educação é a esperança, nós
somos a esperança. Hoje um favelado de 21 anos está
escrevendo este livro para você, contrariando tudo que
esperavam de mim. Para ser sincero até o que eu mesmo
esperava de mim. Hoje os jovens estão sendo voluntários em
movimentos em defesa da igualdade, da educação, do
futuro, das oportunidades, agora mais do que em qualquer
outra época do nosso país temos uma juventude consciente.
Ainda não somos a grande maioria, mas já somos muitos. Com
essa abertura na educação o seu filho ganhou uma mínima
oportunidade de mudança e hoje essa oportunidade está
ameaçada. Por quê? Porque nos tornamos uma ameaça em
potencial àquelas elites, elas mesmas, os que sempre ganham, eles
temem nossa revolta, a consciência, a verdade, eles temem a
94
libertação. É aí que entra a PEC de congelamento dos gastos
públicos, aí entra o fim de bolsas e cotas, aí entra o desmonte
da educação, do medo, medo de perderem o controle.
Realmente o estudo te liberta da venda.
Nunca houve uma juventude tão crítica, e se depender das
políticas que interferem, na geração do meu filho não haverá
outra. Congelar gastos por 20 anos não significa manter o nível
atual, porque hoje é dividir 100 por 10, amanhã é dividir 100 por
10.000. O investimento não vai suprir nem o básico e os pais
trabalhadores que quiserem dar educação aos seus filhos vão ter
que dar seu jeito para colocá-los em escolas privadas, do jardim
até o segundo grau.
O objetivo deste capítulo é mais do que só criticar, é mais do que
só apresentar problemas, é mostrar que não devemos só lutar
para não acabar com o ensino público. Não deixar acabar mas
lutar por algo melhor, pois este modelo de educação não
funciona. As pessoas que estão decidindo o futuro de todos não
entendem, não conhecem e nem vivem a sua realidade. Por que
estas pessoas decidem seu futuro? Estas mesmas que sempre
escolhem um futuro onde somente elas ganham.
Gueto
95
A definição de gueto na Wikipédia é a seguinte: é um bairro ou
região de uma cidade onde vivem os membros de uma etnia
ou qualquer outro grupo minoritário, frequentemente
devido a injunções, pressões ou circunstâncias econômicas
e sociais. Por extensão, designa todo estilo de vida ou tipo
de existência resultante de um tratamento
discriminatório.
97
(Com o gráfico é fácil avaliar a relação entre casas e prédios até
mesmo no subúrbio, em tese, quanto mais prédios em um local
maior é a especulação na região. A exemplo o jacarezinho com os
menores índices, também é o lugar com menor renda média
dentro da ap3
Sendo está em torno de R$704,00 por mês em 2010.)
Neste capítulo não há espaço suficiente para analisar por
completo a situação geográfica do Rio de Janeiro e do Brasil, por
isso elaborei a minha tese quintais de trabalho, onde abordo a
estrutura social, geográfica, política e econômica e os poderes
paralelos dentro de uma organização estrutural da cidade e do
país para facilitar controle da mão de obra e a repressão
violenta contra o gueto, a fim de gerar um êxodo entre os
bairros de determinada facção para os locais onde o estado
tem controle através do poder paralelo, criando
verdadeiros currais eleitorais. Pretendo tratar esta tese em
um próximo livro.
(Para a criação do segundo livro, estarei contando com a venda
deste livro a fim de me dedicar às pesquisas, trazendo algo que
nunca foi escrito por nenhum sociólogo em 500 anos de Brasil).
98
Voltando aos guetos, devemos compreender que o preço dos
aluguéis tem um fator principal na criação desses e em sua
perpetuação também. Funciona assim, o aluguel no gueto da
zona oeste é mais barato porque a zona oeste ainda não tem um
polo comercial que seja mais próximo que o centro do Rio. Este
polo está em construção na Barra da Tijuca e no Recreio dos
Bandeirantes, portanto lá na zona oeste (Campo Grande, Santa
Cruz e adjacências) você encontra casas para alugar com 2
quartos, sala, cozinha, banheiro e quintal por 450 reais. Já nas
favelas próximas ao Centro e zona sul pelo mesmo valor você
encontra quitinetes de um cômodo com banheiro, medindo
3,5m x 3,5m. Para ficar mais próximo do trabalho, os
trabalhadores chegam a gastar 70% do seu salário ou até mais
apenas com o pagamento do aluguel para continuar morando na
favela próxima a zona sul. Observe a tendência dos mais
pobres estarem se deslocando para a zona oeste
gradativamente simplesmente pelo preço do aluguel, e isso
piora com a gentrificação das favelas como no caso do
Vidigal, que já virou uma favela gourmet.
Do outro lado da moeda temos os preços na "pista". Vou dar um
exemplo usando Jacarepaguá, Freguesia, Pechincha e Taquara,
áreas residenciais de fácil deslocamento para qualquer área
do Rio. Quando um lugar é estruturado e pensado para
morar com qualidade em um local "privilegiado", ao invés
de casas se constroem prédios em condomínios, o que eleva
os preços e o padrão local.
Em Jacarepaguá você encontra apartamentos de 50 metros
quadrados com valor de 800 reais, e é aí que o problema começa
99
a aparecer. 800 reais neste apartamento é um valor relativamente
barato, mas o preço cobrado pelo condomínio é de 1350 reais.
Exatamente. Por que o condomínio é mais caro que o
apartamento em si?
Aí entra um fator muito importante para este livro, o
poder da mídia. Mas antes de fugir ao tema dos guetos irei
analisá-lo na questão da especulação imobiliária ligada à
guerra às drogas.
Guerra às drogas
101
Quando a sensação de insegurança aumenta, os preços de
condomínios e apartamentos disparam pelo simples fator
proteção, e com imóveis cada vez mais caros os preços de
aluguéis sobem assustadoramente, como no caso da quitinete
de 450 reais. Desta forma, você cria um piso para o mercado
imobiliário onde o mínimo que se paga para ter um teto sobre
sua cabeça é este valor, e os imóveis de médio e alto padrão não
possuem limite de valorização. Assim a especulação aumenta.
Agora, a tendência a migrar para zona oeste nunca foi tão
grande. Por isso você acorda e liga a TV na Globo e vê que
pela sétima vez naquele mês o Bope está invadindo a Cidade
de Deus, por isso o foco está nos homens com fuzis no final do
baile e não nas fronteiras, nem nos cargueiros nem nos
poderosos.
Lucro, essa é a resposta para todo o mal da sociedade brasileira, e
como de costume são sempre as mesmas famílias lucrando.
Vivemos em um país onde mais de 50% das pessoas possuem
renda inferior a 500 reais por mês, o desemprego chegando aos
15%, 48 milhões de pessoas trabalhando sem carteira assinada e
sem direitos, a mão de obra cada vez mais explorada, cada vez
mais precária, enquanto tudo fica mais caro. Um abismo criado
entre você e sua família daqueles que tem dinheiro.
102
Especulação imobiliária
104
O aluguel de um conjugado barato com 15 metros quadrados em
Ipanema custa 1800 reais por mês. Ou seja, praticamente um
quartinho medindo aproximadamente quatro por quatro. Se você
for um solteiro que ganha no mínimo 3 salários mínimos você
pode ter o prazer de dizer que mora em Ipanema. Mas é
praticamente impossível para nós meros mortais com família e
filhos, ganhando menos de 1200 para trabalhar 26 dias no mês.
3.Crítica à esquerda:
106
Por todo o lugar que ando, dentro e fora da esfera partidária,
observo algo que já não é novidade para ninguém, uma enorme
falha da esquerda em se articular para alcançar este mesmo
povo que descrevi durante todo o livro. Não por não querer
alcançar, mas por não saber alcançar. Está além da falta de
articulação, está também na falta de comunicação e de
entendimento da nossa realidade, de como nós pensamos, daquilo
que estamos sentindo.
Como já ouvi da boca de um progressista cansado que hoje é
conservador, a esquerda brasileira sabe de tudo, os caras são
formados, leem milhares de livros, mas não sabem falar com o
povo. E, infelizmente, esta é a realidade, é por onde a direita
conservadora vem crescendo de forma avassaladora em um
movimento de contradição que usa a falha da comunicação da
esquerda para colocar este mesmo povo que eu descrevi durante
o livro inteiro do lado de uma política de direita que apenas
visa algo que já é bem claro a esta altura da leitura, garantir
que aqueles que sempre ganharam continuem ganhando
mais.
109
Isso gera alguns efeitos:
Demonizar a política;
Satiriza a política;
Deturpar os princípios do que é e como é aplicado o
socialismo com base nas experiências passadas de governos
contraditórios;
Gera ódio e polarização;
Cria um novo campo a ser explorado pelos interesses das
elites.
110
esquerda brasileira é através da cultura e da educação. Analisando
que 7% da população possui nível superior e destes a grande
maioria não vem das classes mais pobres, para quem a
esquerda está falando?
Muita gente acha que o povo é ignorante e que não tem vontade
de mudar essa realidade que vive, onde recebe apenas o
suficiente para se manter vivo até o próximo dia para trabalhar
113
de novo. Nisso ainda estamos falando dos que têm emprego
fixo. A realidade brasileira é cruel, nós aprendemos a ser fortes
para viver antes de aprendermos a ser críticos sobre a situação
em que vivemos, mas isso não tira o fato de que sentimos toda
essa exploração mesmo que não saibamos de Marx ou Foucault.
Então entendam nosso sentimento de desesperança e
trabalhem nossos sentimentos, já que as teorias não tem mais o
poder de entrar pelos ouvidos desta classe.
Sintetizando: muitos setores da esquerda fazem a luta no dia a dia
das famílias trabalhadoras buscando lutar por dignidade,
melhorias, unidade e organização. Eu acredito no poder
transformador que isso tem, e a estes dedico toda minha luta e
todo meu apoio.
114
Mídia
Não só no Brasil, mas em todo o mundo existe um controle
sobre a informação que chega até você e sua família. No Brasil, os
50 veículos de mídia mais assistidos, são controlados por 26
grupos, e deles 13 são controlados por apenas 5 famílias. O
maior é o grupo Globo, da família Marinho, que possui 9 dos 50
maiores veículos de mídia. Segundo pesquisa, este grupo
sozinho possui maior audiência somada que o segundo, o
terceiro, o quarto e o quinto lugares da audiência brasileira
juntos.
115
Desta forma a mídia não te manipula apenas sobre
posicionamento político, como entre a direita e à esquerda,
independentemente de quem vença eles irão ganhar. A questão é
apenas de qual lado se ganhará mais ou menos. Ao avaliar o quão
presente a mídia está nas ideias e no dia a dia das pessoas, é
possível entender como ela dita costumes e padrões de
consumo. Há quem diga que a mídia tem a cara do povo
porque o mercado precisa dar ao povo o que o povo quer
consumir. Já se tratando do nosso cenário, isso se dá de forma
contrária, já que estes oligopólios constituem a face do
marketing no mercado. Então aqui a ordem é inversa, ou seja, a
mídia diz o que o povo consome, seja uma marca, seja um
produto específico, seja apenas para legitimar e ganhar apoio do
próprio mercado onde atua fora da mídia, como no agronegócio,
igrejas, lojas online etc., e com ênfase no mercado imobiliário
onde os grandes grupos possuem investimentos no Brasil,
incluindo o Rio de Janeiro. Não é à toa, como já dito em um
capítulo anterior, que a repetição das notícias que geram pânico,
medo e caos sobre a violência no Rio tem impacto direto na
especulação imobiliária. Desta forma as informações noticiadas
deixam de ter meramente um caráter informativo já que estas
servem para aumentar os lucros destes grupos.
119
conhece, e a mídia, sua amiga, fala para você as piores coisas
sobre esta tal de esquerda, com horas e horas de associações a
todo tipo de negatividade. Como você reagiria quando esta tal de
esquerda viesse conversar com você?
120
Mas por incrível que pareça tudo o que descrevi para você
anteriormente faz parte dos Direitos Humanos, e por que há esta
associação?
A resposta é este capitulo todo, este é o poder da mídia, este é
o recurso utilizado pelo sistema para se apropriar das pautas e
invalidá-las.
Esta já é uma tática antiga que o filósofo Schopenhauer já
falava, a tática de ridicularizar o discurso do adversário. Desta
forma, lutas sérias como moradia, respeito e igualdade podem
simplesmente ser transformadas a partir do momento em que são
associadas à ideia de que feminismo são mulheres querendo pisar
em homens, ou a pauta LGBT a alguém enfiando uma cruz na
bunda, e desta forma os ouvidos do povo estarão fechados
para as pautas da esquerda, que como já disse são pautas que
devem ser debatidas, mas que neste momento não devem ser a
base principal do trabalho de uma esquerda que se enxerga
como necessária para mudança desta realidade que o povo vive
todos os dias. Qual trabalhador tendo esta visão formada teria
coragem de se dizer de esquerda? Qual família gostaria de dizer
que seus filhos são de esquerda? Este é o ponto do que vem
acontecendo por aqui, pessoas que nunca sequer leram livros já
possuem posicionamento político de direita conservadora
simplesmente porque acham que sabem o que é a esquerda, o
cidadão médio brasileiro não precisa entrar em um curso
intensivo de conservadorismo a vida em sociedade através das
instituições, da mídia, dos dogmas cristãos, das interações e da
cultura já moldam no subconsciente do indivíduo um forte
caimento para esse pseudomoralismo Brasileiro.
121
E este pensamento vem sendo reforçado todos os dias pela mídia,
que por sua vez visa defender seus interesses criando esta fenda
na sociedade, pais contra filhos e filhos contra pais. Lembra do
capítulo onde falo da tática usada pelo colonizador? Esta é a
versão do século 21.
122
luta cotidiana do povo, estas pautas seriam menos mal vistas e até
mesmo teriam a oportunidade de serem mostradas ao povo antes
que a mídia manipulasse e vendesse do jeito que a interessa,
interferindo diretamente no jogo político.
Apresentação da visão:
123
Todos sabem que se trata de mais do que apenas proximidade a
um candidato ou a um partido, mas sim a um conjunto de ideias e
ações que eles representam. Isso gerou a famosa polarização. Em
síntese, me faz lembrar a estratégia usada pelos europeus para
colonizar povos maiores, eles exploraram as diferenças entre
grupos ou povos da região e estimulavam guerras entre os dois, e
assim eles não resistiriam ao ataque estrangeiro. Basicamente
dividir para conquistar, estratégia clássica do monstro em
filmes de terror. Já na realidade não é tão simples assim, por isso
vale lembrar da rixa entre os tutsis e os hutus no Congo Belga.
Os tutsis eram minoria no território e com isso sujeitos aos
hutus. Os belgas, percebendo esta relação, ao começarem a
colonizar a região em 1885 logo após a partilha da África pelos
europeus, processo que se deu em todo o continente (o Congo
era propriedade do Rei da Bélgica como um objeto, e assim todos
os que lá viviam), os belgas deram poder aos Tutsi, que ficaram
responsáveis por manter os hutus (maioria) sob controle.
Os tutsi contribuíram na dominação belga com extrema violência
contra os hutus, até que em 1962, com a independência do
Congo, os hutus tomaram o poder com ajuda dos belgas (no
estilo “se fode aí”. Alguns dos tutsis foram exilados e se
prepararam para um conflito, que teve início na década de 1990.
Após este fato os hutus se rebelam e decidem assassinar todos os
tutsis para acabar com toda a linhagem do que eles chamavam de
baratas, e assim os tutsi são massacrados. A quantidade de
mortos em pouco tempo chega a um número entre 500.000 e 1
milhão de pessoas, e no fim temos colonizados contra
colonizados, pobre contra pobre, preto contra preto. Isso
parece um pouco com o lugar que você vive?
124
Pensando que assim como Vargas e Lula, este novo governo só
usa o povo para beneficiar as elites (os que sempre saem
ganhando) e nós vamos nos dividir cada vez mais como os tutsis
e os hutus até que todo nosso sangue escorra pelo chão.
Observei a extrema necessidade de sermos capazes de dialogar
entre os "opostos", mas não apenas no diálogo, mostrar para os
dois “lados" quem é o verdadeiro inimigo, quem é o colonizador
belga. Quem é o responsável pelo caos, por você hoje ter que
pilotar na Uber com carro alugado por mais de 12 horas ao dia
pagando veículo, combustível, seguro e etc., sem qualquer
direito? Quem é o responsável por você pedalar 90 km por dia no
Ifood, pagar pela bike e pela mochila, dia, noite, sol, chuva, sem
direitos? E se você sofrer um acidente? Espero que tenha
pedalado bastante, porque remédio é caro e agora não existe
mais DPVAT né (até o momento, fevereiro de 2020). Isso tudo
porque o emprego de carteira assinada está se tornando cada vez
mais um sonho distante, a estabilidade cada vez mais longe. E o
futuro cada vez mais desanimador.
Por isso trago neste livro esperança em algo novo, esperança
de transformar, de virar o jogo a nosso favor, de entender que
estamos todos fodidos e a política serve aos interesses da elite
(eles mesmos que sempre saem ganhando).
Trago a esperança de que a verdade vos libertará.
125
Não acredito em uma esperança de que eles nos deem o que
queremos e precisamos simplesmente porque levantamos a
bunda do sofá a cada 4 anos para apertar uma tecla verde e
assim achamos que estamos construindo um Brasil melhor para
nós e nossos filhos. Não há esperança em que essa política vá
salvar o Brasil só quem pode nos salvar somos nós mesmos. Por
fim, trago a você a tese neoprogressista como uma arma de
reflexão, união, e contra-ataque.
4. Neoprogressista
126
meczada, papo reto, menor, mandado, desenrolar, e outras
palavras que no nosso dia a dia são usadas para se comunicar sem
que no nosso meio haja nenhuma discriminação, e desta forma
você acaba se acostumando a esse tipo de diálogo. Agora, imagine
alguém que nunca andou na favela parar para reparar na nossa
conversa. Não vai entender muita coisa. O ponto que quero
chegar é que a falha realmente está na forma de falar muito
acadêmica, por isso o discurso não vai ser entendido ou sequer
levado a sério se não fala a língua do seu público. E não estou
falando que a esquerda tem que começar a falar gírias, mas estou
dizendo que deve “desacademicar” a comunicação e os meios
de diálogo - este último será entendido mais à frente.
Termos como, fascismo, neoliberal, liberalismo, necropolítica,
marxismo, entre outros, são termos que nós não conhecemos e o
contato que temos com estas palavras muitas vezes vem da
direita, então entram naquela questão de não entrar no ouvido da
classe trabalhadora pelo fato de já ter sido distorcida antes. Ou
seja, o diálogo deve ser feito de forma clara e objetiva, o que
nós da favela chamamos de dar o papo reto. Então dê o papo
reto que você vai ser ouvido. Em outras palavras, você deve
evitar usar termos acadêmicos para descrever ideias e, ao invés
disso, explicar de fato as ideias de forma que o público entenda, e
esta forma vai ser tratada a frente neste capítulo. Em síntese, vejo
muita gente que não conseguem entender o Bolsonarismo e o
porquê de os pobres estarem apoiando uma política que é
claramente contra eles mesmos, e tudo que a esquerda consegue
usar para justificar é que as pessoas são burras e ignorantes.
Neste momento você não está sendo diferente em nada de
um conservador que acredita na “natureza humana” como
127
justificativa da violência e da desigualdade. Há de se
entender que existe uma lógica por trás, tanto da falha da
comunicação quanto deste posicionamento da classe trabalhadora
em rejeitar a esquerda.
131
Enquanto todos falavam de gráficos e dados divulgados, o debate
continuava, mas no fim ninguém quer o mal para si ou para
sua família e é aí que entra o próximo ponto.
Acredito que após este exemplo você tenha entendido tanto a
importância do ponto cruz no diálogo quanto a aplicação dele.
É uma fórmula fácil, razão + emoção = comoção. E realmente a
comoção no sentido mais amplo da palavra tem poder para
transformar, unir em prol de algo, e este seria o poder do “nós”
ou simplesmente os sentimentos de pertencimento e unidade.
Estes só vêm por meio da comoção, e juntamente do sentimento
de comoção deve haver o de empatia. Abro espaço no texto para
dar ênfase à relação da empatia dentro da comoção. O que
observamos hoje é uma polarização política debruçada em uma
falha no diálogo que é profundamente explorada como peça
nesse jogo político, pelo simples fato de que tanto a
administração anterior de esquerda deixou muito a desejar
quanto ao fato que as próprias pautas que a esquerda utiliza hoje
como bandeiras principais são muito polarizadas por si só, ou
seja, não que não devam ser debatidas, mas como estratégia é
essencial entender em que momento deste tabuleiro nós estamos.
Temos este espaço para agir como temos agido ultimamente?
Hoje ainda podemos falar, e amanhã, ainda poderemos? Então, se
estas forem nossas últimas palavras como elas vão pesar no jogo,
serão as palavras que nos salvarão ou serão as palavras que vão
nos sepultar. O ponto é que o discurso polarizador parece
surtir efeito apenas quando se está dentro de uma bolha, ele
é capaz de unir a esquerda dentro de ideias cada vez mais radicais
(na ideia de atingir a raiz do problema), mas no fim das
132
contas o efeito disso é afastamento e enfraquecimento e não um
efeito de adesão às ideias e ao debate, é aí que está sendo criado e
explorado o abismo na comunicação entre esquerda e a classe
trabalhadora. As pautas principais são polarizadoras e no
geral não condizem muito com a realidade diária destas
famílias, ou seja, não que os trabalhadores sejam burros ou
fascistas, mas simplesmente eles não conseguem se identificar
nas pautas que a esquerda trabalha, e mesmo que se identifique
com alguma delas, ainda assim há o peso de todas aquelas outras
que hoje possuem um fator social de ridicularização nas
ideias de um indivíduo que se diz de esquerda. Ou seja, além
de ser o abismo entre o povo também se torna o próprio abismo
entre as “esquerdas” que se encontram fragmentadas em várias
correntes de pensamento contrárias umas às outras. Por fim, este
ponto da empatia só se dá no discurso “pré-comoção”
quando o discurso conversa com a realidade destas pessoas,
quando conversa com os sentimentos dessas pessoas, de forma
que nem mesmo a racionalidade do cérebro humano possa
bloquear o poder deste discurso e este é o berço da empatia.
Está além da racionalidade.
Gostaria de dar um exemplo para que fique claro de uma vez por
todas como é enraizado e até o quão profundo pode chegar esta
ideia de ponto cruz. Observando a esquerda brasileira hoje, posso
notar o sentimento de depressão. Após a morte de Marielle e a
derrota nas eleições presidenciais, a esquerda possui um misto de
perda com algo similar a revolta. Imagine que faltando dois
minutos para acabar a final da libertadores, o flamengo toma um
gol e fica na desvantagem. O sentimento é de “nos fodemos”,
mas o jogo ainda não acabou, e nestes dois últimos minutos
133
temos que dar o máximo do time para pelo menos empatar e ir
para os pênaltis. O sentimento do jogador, “a esquerda”, é de
tudo ou nada. Nestes últimos 120 segundos seria a “revolta da
esquerda” como um instinto de gritar mais forte, gritar
com toda força e lutar com unhas e dentes antes que a
democracia acabe em 120 segundos. Não se pode dizer que a
ideia é virar o jogo, mas dentro destes 2 últimos minutos marcar
um gol que faria com que o time não fosse derrotado na hora, e
ainda tivesse a chance de ganhar nos pênaltis. Seria justamente a
reconciliação da esquerda com a classe trabalhadora, e este é o
sentimento da revolta da esquerda hoje. Infelizmente, gritar
com mais força e agir da mesma forma está apenas nos afastando
de marcar este gol. Mas o sentimento que quero analisar no
discurso é o da perda, este é um sentimento ao qual nós das
famílias mais pobres, em especial das favelas, conhecemos bem. O
sentimento de perda dos nossos filhos, parentes e amigos que são
arrancados de nós de uma forma tão violenta, como meu primo
Dudu que faleceu na favela do Manguinhos, ou vários amigos que
se foram em várias favelas pelo RJ. Este sentimento é
partilhado tanto pela esquerda quanto pelas famílias da
favela, e é através deste sentimento que tem se aberto um grande
espaço para a pauta sobre a violência policial dentro das favelas,
como, por exemplo, no recente caso da menina Ágatha, morta
por policiais em operação no Complexo do Alemão. É um fato
muito triste de se analisar, mas necessário para a compreensão
deste ponto do livro. Apenas partilhando do mesmo sentimento
de uma perda covarde o diálogo pode gerar empatia com estas
famílias, e esta conexão gerou comoção, que gerou união, e
esta união possibilitou que dentro do governo Witzel, num
134
momento crítico para as favelas cariocas, o PSOL conseguisse se
unir a estas famílias que perderam parentes vítimas da violência
policial e organizasse um coletivo de 1500 cartas escritas por
crianças denunciando à ONU a realidade vivida das operações
policiais em horário de entrada e saída em escolas e creches. A
iniciativa, juntamente com outras manifestações como a “parem
de nos matar”, na Maré, teve como resultado uma ação do
ministério público que solicitou e elaborou um plano de
operações policiais dentro das favelas do RJ onde ficam proibidas
as operações policiais próximas a escolas e creches. É mais do que
a razão, é algo diretamente ligado à emoção. A questão é: quem
vai buscar dominar esta arma?
135
136
Perfil psicológico:
Baseando se nesta dualidade entre um padrão básico presente em
todas as famílias, peço ao leitor que reflita sobre sua criação e sua
família. Farei a apresentação deste dos tipos e em seguida vou
mostrar a associação com a política nacional e mundial.
138
para que aquela pessoa em formação possa ser capacitada e
preparada para este mundo, sendo um ser questionador e
um conquistador, e não alguém que viva conformado com esta
realidade. Dando ao filho o poder de mudar o mundo através
desta bagagem, para que possa conquistar as oportunidades.
e mesmo quando essa família progressista vem da periferia onde
há pouco ou nenhum acesso à cultura, artes e etc. esses pais
costumam pensar na ascensão de seus filhos da mesma forma que
uma família progressista de classe média, o pensamento dessa
família é, “mesmo que eu coma o pão que o diabo amassou eu não
vou deixar faltar nada para os meus filhos e o que eu mais quero é
que eles não precisem viver o que eu vivi”, como diria nosso MC
PQD “ O maior orgulho de uma mãe é ver o filho bem formado,
trabalhando numa faculdade….” - Essência da favela (MC PQD).
Note que oportunidade é a palavra-chave para um
progressista, mas o progressista entende que a oportunidade
vem apenas em um cenário de políticas que visam a
melhorias da qualidade de vida em todas camadas, desde o
salário até acesso a graduação em medicina. Portanto, este
tipo de família se alinha com políticas sociais voltadas para
melhores condições de vida. Por isso o PT teve tanto apoio ao
direcionar sua fala para políticas mais progressistas e melhorias
reais no poder aquisitivo das famílias nas esferas mais pobres. Na
visão progressista, um governo que investe nas pessoas é positivo
para as famílias, gerando as tão preciosas oportunidades para
que estas famílias vivam em condições melhores, não só
para as famílias mas para o país como já foi citado em outro
capítulo.
139
Note aí um ponto comum, há pontos progressistas na
família disciplinadora e pontos disciplinadores na família
progressista. Estas são as famílias que hoje disputam, divergem e
se agridem, estas duas famílias possuem em comum uma
insatisfação com a realidade em que vivem, estas duas famílias
partilham de uma visão de bem maior para a geração
futura. Os dois desejam o bem, portanto ninguém é mal ou
um monstro, em resposta a citação do Mano Brown, o que
divergem são os meios de se alcançar este bem, assim como a
própria visão do que seria o bem que se busca. Acredito que esta
separação é perigosa, e busco com isso esclarecer algo que a
esquerda ainda não entendeu. Esta é a lógica por trás de um
favelado que vota no Bolsonaro e no Witzel, ele está
insatisfeito com a realidade que vive e estes homens
vieram pregando as doces palavras da disciplina nos seus
ouvidos. Tudo que esta pessoa deseja é segurança, um mundo
onde o militarismo impeça seu filho de virar bandido, já que nem
ele consegue isso porque está ocupado demais trabalhando 44
horas por semana sem ganhar o suficiente para pagar todas as
contas e comprar comida. De certa forma, a promessa de
proteção feita por eles é de restituir um mundo que era
bom, na realidade um mundo que não existiu, e por isso o
período escolhido aqui no Brasil foi o da ditadura militar. O
discurso da repressão é apelativo a família disciplinadora,
no mesmo ponto em que o castigo físico aplicado aos filhos
em sua visão servem para educá-los, até mesmo o medo é
algo bom para te afastar das coisas impuras e imorais.
140
Em tempos onde todos possuem um posicionamento político
baseado em uma enxurrada de notícias falsas, onde quase
todos entendem superficialmente sobre o contexto e os reais
interesses por trás de cada discurso, o alinhamento fica
basicamente a par deste padrão de comportamento herdado pela
instituição familiar.
Já pessoas que mesmo sem saber nada sobre política vieram de
uma família progressista, tendem a possuir maior grau crítico
sobre a realidade da sociedade como um todo, e não apenas a
sua própria realidade. Estas pessoas possuem um grau maior
de empatia, que é conseguir enxergar o mundo a partir da visão
do outro. Estas pessoas acreditam em justiça, também
acreditam no bem e nenhuma delas apoia o erro, no entanto
por possuir um entendimento sobre a complexidade das
relações que formam um acontecimento, enxergam com
mais facilidade a interferência dos interesses de grupos
poderosos na realidade do seu dia a dia. Por exemplo, alguém
entra no BRT lotado e fala: “nossa um monte de bicho se
espremendo”. Um progressista consegue enxergar que o fato de
todos estarem sendo transportados em pé, esmagados feito
bichos, se trata de algo além de simplesmente todos não terem
educação. Ele entende que para o dono da empresa de transporte,
se o BRT sair apenas com o número de pessoas por cadeiras,
ou seja, todos sentados, o lucro será bem menor, então é
mais vantajoso para o dono deste transporte remover
alguns bancos que os passageiros iriam sentados para que
possam ir mais pessoas em pé. Um ônibus que tem 100
assentos sai do terminal com 300 pessoas. Esta é a diferença de
141
uma visão crítica, e uma capacidade de enxergar as relações de
interesse que interferem na sua realidade.
Por isso, alguém que cresceu em uma família progressista acredita
que as pessoas poderiam se comportar melhor se o transporte
tivesse dignidade para aqueles trabalhadores que chegam a passar
duas horas em pé para ir ao trabalho.
Assumir que isso não está dando certo e abrir espaço para
tentar algo novo reformulando o discurso é um dos pontos
principais.
146
Palavras-chaves:
Tendo isso em mente organizei uma sequência de palavras
chaves que, se aparecerem em qualquer debate, reduzirão a zero
suas chances de achar um ponto comum de aproximação pelo
simples fato de estas ideias que vejo sendo debatidas atualmente
servirem apenas para inflar o ego e não de fato chegar a algum
lugar, além da dificultar no diálogo e até mesmo tornar a
violência verbal e física (localiza-se no fim do livro).
150
Seja por corrupção, golpe, intervenções militares ou até mesmo
intervenções estrangeiras, é assim que as coisas são, lutar pra
entrar um de cada vez na casa deles é apenas uma ilusão de
progresso e conquista.
152
CONCLUSÃO:
Para nós é um erro achar que a política, do dia pra noite vai
salvar nossas vidas e o nosso futuro, assim como é um erro achar
que vivemos uma democracia popular e que a justiça tanto
quanto as forças militares existem para nos servir e proteger, a
justiça funciona para você? a mesma justiça que solta o filho do
Eike Batista, a mesma justiça que inocenta militares que matam
crianças nas nossas favelas, a justiça que permite um militar da
FAB transportar 37 KG de cocaína em um voo presidencial para
Europa e além de estar em liberdade permanece recebendo o seu
salário de militar, a mesma justiça que remove centenas de
famílias de ocupações no meio da noite de forma violenta
necessitando apenas uma canetada, a mesma justiça que
condenou Rafa Braga e a mesma Política que impediu o
Impeachment do Crivella em setembro de 2020.
153
Nós trabalhadores brasileiros não chefiamos este País, nós somos
reféns dele e essa realidade dura, difícil de aceitar não vai mudar
com lágrimas, o messias não vem, só nós podemos nos salvar.
154
Minha resposta pro mundo:
O Brasil é uma peça chave na política mundial para alcançarmos
uma verdadeira libertação e assim começarmos a transição para
uma nova política que mude a vida dessa população e da américa
latina, somos a favela do mundo e é dela que virá o novo mundo.
Pretendo escrever mais um livro focado diretamente nessa
“resposta pro mundo” onde vou propor e idealizar uma política
nacional e internacional para o Brasil onde a realidade da
população mude estruturalmente e quebre a pirâmide social que
nos condena a viver por baixo alimentando os de cima, vou traçar
um plano em que Formaríamos uma américa latina forte e
independente da intervenção das metrópoles, um eixo forte e
emergente, um verdadeiro risco para aqueles que querem se
perpetuar no topo.
156
Essas são algumas das palavras-chave, e existem muitas outras
que você mesmo deve ter percebido. O que proponho ao fazer
essa análise não é abandonar essas palavras, mas sim passar a
perceber o impacto que ela tem em quem as ouve. Você deve
partir do ponto em que o cidadão brasileiro médio não sabe nada
ou muito pouco sobre assuntos políticos "complexos", e muitos
por não gostarem de pensar, já que isso dá trabalho, preferem
seguir pensamentos prontos e adotar como seus.
Quando o objetivo do diálogo vai além da disputa para ver quem
está certo ou quem sabe a "verdade" e passa a ser encontrar um
ponto comum com que possamos trabalhar uma mudança
estrutural, devemos evitar tópicos que apenas geram polarização
e tapam os ouvidos daqueles com que estamos tentando nos
conectar, já que dificilmente alguém vai mudar de ideia sobre
suas convicções. Isso se torna apenas um desgaste de energia
tremendo. Outra forma de utilização destas palavras-chave
servem para identificar o posicionamento da pessoa com quem
você está conversando. Por exemplo, um dia estava no Uber e o
piloto estava falando sobre como o Brasil está ruim, em um breve
momento ele falou que nasceu durante o golpe militar, e aí a
própria palavra Golpe já mostra que ele não tem alinhamento
com o pensamento negacionista que chama 1964 de revolução.
Nessas sutilezas você já encontra espaço por onde pode abordar
de diversas formas mesmo com pessoas que tem um pensamento
avesso ao seu, como por exemplo liberais que, apesar de tudo,
concordam que o indivíduo que não tem o mínimo para existir
não tem condições de uma disputa "justa" dentro dos seus
parâmetros de capitalismo meritocrático. Através disso encontro
157
espaço para o debate sobre distribuição de renda e reforma
agrária, como a que foi feita nos Estados Unidos em 1862.
No Brasil foi prometida terras aos milhares de soldados que ao
retornarem da guerra não viram essa promessa ser cumprida e
assim se dá início a ocupação massiva do morro da providência
(1897).
158
que passe a ser uma esquerda periférica e trabalhadora nunca
alcançaremos qualquer mudança profunda na sociedade.
A saída é coletiva.
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Quer entrar em contato comigo para falar sobre o livro,
desabafar, falar das suas experiências e expectativas?
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