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15/01/2023

IRRIGAÇÃO POR SUPERFÍCIE


 Consiste em aplicar a água diretamente sobre a superfície do
IRRIGAÇÃO POR solo. A água é conduzida por canais ou tubos até a parte mais alta
da área de cultivo e daí distribuída por gravidade (adaptado de VIEIRA,
2005; BERNARDO, 2009).
SUPERFÍCIE

MANEJO DO SISTEMA E
PARÂMETROS DE
DIMENSIONAMENTO

1 2

IRRIGAÇÃO POR SUPERFÍCIE Irrigação por Sulcos


 Os sistemas de irrigação por gravidade são vários, da mesma  A água escoa lentamente por um sulco de irrigação e infiltra
forma que os métodos de aplicação da água em áreas irrigadas, no interior do perfil do solo explorado pelo sistema radicular
sendo basicamente por sulcos, faixas, inundação, inundação em das plantas.
desnível e corrugação.  Os sulcos (pequenos canais abertos na superfície do solo)
são equidistantes, normalmente distribuídos no sentido do
maior comprimento.
 A declividade dos sulcos deve ser mínima e uniforme, sendo
irrigados por pequenas vazões.
 A irrigação por sulcos é utilizada principalmente para
cultivos em linha.

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Irrigação por Sulcos Irrigação por Sulcos


Politubos

Canal Principal.
Canal de irrigação/ derivação

Sulcos

Foto Anderson Fagan- Cachoeira

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Irrigação por Sulcos Irrigação por Sulcos


Politubos Politubos

Foto Anderson Fagan- Cachoeira

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Irrigação por Sulcos Irrigação por faixas


 Na irrigação por faixas, a área é subdividida em parcelas
retangulares estreitas e compridas, delimitadas lateralmente
por taipas, com pequena declividade, onde escoa a água
aplicada e infiltra ao longo do comprimento da faixa.
 Trata-se de um método de irrigação semelhante ao dos sulcos,
embora a forma das faixas tenha maior semelhança a irrigação
por inundação, em parcelas longas e estreitas.

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Irrigação por faixas Irrigação por faixas


Canal Principal.

Canal secundário

Fluxo da água

Canal
Faixas 12m largura

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Irrigação por faixas


Ou Melgas, transbordamento Irrigação por Inundação
 Trata-se do método mais utilizado em todo o mundo.
 Consiste em aplicar água a parcelas geralmente retangulares,
com pequeno desnível (declividade quase nula), circundadas
por taipas que impedem a passagem da água de uma área
(quadro ou tabuleiro) irrigada para outra.
 A irrigação pode ser permanente, quando a água é mantida
sobre a superfície do solo praticamente durante todo o ciclo da
cultura, ou intermitente, quando apenas parte do ciclo da
cultura está sob inundação.
 Irrigar outras culturas anuais ou perenes (incluindo as
frutíferas) por alagamento temporário.

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Irrigação por Inundação Irrigação por Inundação

Taipas

Fluxo da água
Quadro/talhão

15

15 16

Irrigação por Inundação Irrigação por Inundação


Canal secundário

Canal Principal.
Taipas

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Foto de Luiz Glasenapp Junior - Uruguaiana

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Irrigação por Inundação Fatores para o uso da irrigação por superfície


1. Água: quantidade, qualidade e custo (bombeamento)
2. Solo
Alta capacidade de retenção de água
Textura Menor capacidade de infiltração de água
Profundidade (<12.5 mm/hora)
Salinidade Menor susceptibilidade a erosão

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Fatores para o uso da irrigação por superfície


1. Água: quantidade, qualidade e custo 4. Relevo
2. Solo:
3. Cultura

Hábito de crescimento
Característica da parte comercial
Especificidade quanto a doenças

4. Relevo: plano (até 2% de declividade)


5. Clima: pouco influenciado
6. Mecanização e tratos culturais

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21 22

Mecanização e tratos culturais Existência de Canais ou tubulações

Aplicação de produtos fitossanitários


Problemas
Adubação de cobertura

Canais
Problemas
Tubulações

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Topografia eIrrigação
estrutura desuperfície:
por distribuição da água (canais)
Relevo

Infraestrutura:

Canais e derivações
Estradas

Terrenos planos, com leve


declividade.
Sistematização

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25 26

Armazenamento e distribuição da água Infraestrutura de condução da água

Canais em terra ou canais com


revestimento

27 28

27 28

Infraestrutura de condução da água Infraestrutura de condução da água

Perímetros irrigados
Estruturas estatais
Particulares
Canais transposição Rio São
Francisco

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29 30
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Infraestrutura de condução da água


Critérios para a seleção do sistema de
irrigação por superfície

(Sulcos, faixas ou inundação)

a) Adequação às condições do terreno

b) Eficiência de aplicação

c) Disponibilidade de água

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31 32

Critérios para a seleção do sistema de irrigação


A irrigação por faixas (bordos/taipas) pode ser usada em terras mais
por superfície íngremes, até 5%, dependendo de outros fatores limitantes, como o
Declividade do terreno tipo de solo.

Em geral, todos os sistemas de irrigação por superfície preferem Formato do terreno.


terrenos planos, uma vez que, encostas íngremes exigiriam um
nivelamento excessivo da terra para evitar a erosão. Para todos os três tipos (inundação, faixas ou sulcos), os campos
com formato regular são preferíveis.
Terrenos planos com uma inclinação de 0,1% ou menos são mais
adequados para a irrigação em tabuleiro (que precisa de um declive Disponibilidade de mão de obra.
zero), uma vez que requer o mínimo nivelamento de terra.

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33 34

Sistematização do terreno

Terrenos
podem ter
declividade
corrigida

FASES DA IRRIGAÇÃO
POR SUPERFÍCIE

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FASES DA IRRIGAÇÃO POR SUPERFÍCIE FASES DA IRRIGAÇÃO POR SUPERFÍCIE


FASE DE AVANÇO
Inicia com a entrada de água e termina quando chega ao final Fase de avanço
do sulco/faixa/quadro/tabuleiro
Irrigação
FASE DE REPOSIÇÃO OU DE INFILTRAÇÃO Fase de reposição
Inicia quando o avanço é concluído e continua até o
fornecimento de água, ou seja até atingir o tempo de irrigação.

FASE DE DEPLEÇÃO Fase de depleção


Da interrupção no fornecimento de água até que no início da
parcela, toda a água foi removida da superfície por escoamento
ou infiltração.
Fase de recesso

FASE DE RECESSO
Até que a água desapareça completamente de superfície

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FASES DA IRRIGAÇÃO POR SUPERFÍCIE FASES DA IRRIGAÇÃO POR SUPERFÍCIE

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FASES DA IRRIGAÇÃO POR SUPERFÍCIE

TEMPO DE AVANÇO Irrigação (rega) por sulcos


O avanço da água no solo pode ter uma duração muito
diferente dependendo do tipo de sistema irrigação de
superfície, mas depende basicamente da:

 Vazão aplicada;
 Declividade do sulco/faixa/tabuleiro;
 Comprimento do sulco/faixa/tabuleiro;
 Capacidade de infiltração do solo.
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Conceito
Implicações – baixa uniformidade

A irrigação por sulcos é um sistema que consiste na distribuição


de água através de pequenos canais (os sulcos), paralelos às Torna-se impossível conseguir uniformidade na distribuição
fileiras de plantas.
de água ao longo do sulco porque, inevitavelmente, infiltra
maior quantidade de água no perfil do solo no extremo
Considera-se que:
superior da área irrigada (entrada da água) que no extremo
O tempo que a água levar para infiltrar e escoar deve ser inferior (final do sulco).
suficiente para umedecer a zona do perfil do solo onde estão
as raízes das espécies cultivadas.

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43 44

Lâmina de água percolada


Distribuição da água no perfil do solo
Corresponde à lâmina de água que foi perdida por percolação (infiltrou, mas não
ficou armazenada no solo, pois este atingiu a sua capacidade de campo). Esta água
pode contribuir para a recarga de aquíferos ou para o escoamento de base dos rios.

Li  Lf Lp = lâmina percolada (mm)


Lâmina
Escoada
Lp  mm  Li = lâmina infiltrada no início do sulco
Lf = lâmina infiltrada no final do sulco

Lâmina Camada Radicular


2
Lâmina
Início
Final
(Li) Lâmina percolada (Lp) Percentagem percolada
(Lf)

Lp
Pp  %  
A água está mais tempo em contato com o solo no Pp % = lâmina percolada (%)
início do sulco... *100 Lp = lâmina percolada (mm)
LB LB= lâmina bruta (mm)

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45 46

Lâmina de água escoada


Características principais da irrigação por sulcos
A lâmina de água escoada, se houver, corresponde aquela água que
foi perdida por escoamento ao final do sulco

Le = lâmina escoada (mm)


• Utilizada para irrigar espécies plantadas em linha (muito
Le  LB  ( Lf  Lp) LB = lâmina bruta (mm)
Lp = lâmina percolada (mm)
comum para árvores, milho, algodão, soja);
Lf = lâmina infiltrada no final do sulco (mm)
• Não molha toda a superfície do solo (30 a 80% apenas),
o que contribui para reduzir as perdas por evaporação;
Porcentagem escoada
• Necessidade de grande quantidade de mão de obra por
unidade de área(derivação para sulcos);
Le
Pe (%) 
Pe%= Porcentagem escoada (%)
*100 LB = lâmina bruta (mm)
LB Le = lâmina escoada (mm)

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Molha apenas uma parte (porcentagem) da área: diminui as perdas Necessidade de mão de obra
por evaporação

A água deve ser derivada


individualmente para cada
Cultivos em linha sulco.

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49 50

Redução da necessidade de mão de obra Construção de sulcos e canais

Poli tubos
Tubos janelados
Automação

52

51 52

Momento de construção do sulco Construção dos sulcos e canais


 Antes da semeadura
 Durante a semeadura (umidade
semeadura x construção sulco)
 Após a semeadura

53 Foto Anderson Fagan e PIPEBrasil

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Mão de obra dos sulcos e canais


Construção Mão de obra dos sulcos e canais
Construção

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Mão de obra dos sulcos e canais


Construção

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57 58

Características do sistema....
Características do sistema....

 Exige experiência dos irrigantes para derivar água do canal • Necessita grande vazão inicial para evitar desuniformidade
aos sulcos e para controlar a vazão durante a irrigação;
na lâmina de irrigação aplicada ao longo do sulco;

 Requer pequenas declividades e relevo da superfície uniforme


(0.5 a 2%); • Não exige água limpa;

 Se o terreno não exigir sistematização, é o método de menor • Não é afetado pelo vento.
custo;

 O solo deve ser homogêneo ao longo do comprimento do


sulco (textura e estrutura);

 Utiliza menos energia que a irrigação pressurizada;

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Forma e Estrutura dos sulcos


Derivação da água para o sulco
Cultura
Equipamentos
 Sifões
Área de umedecimento Área de umedecimento
 Bocas ou pequenos canais
Água Água  Politubos ou tubos janelados
Sistema
radicular

Controle da vazão
25 a 30 Sulco
Sulco cm
em “U” 15 a 25cm  Evitar erosão
em “V” 15 a 30cm
 Uniformidade de distribuição de água
20 a 60
cm

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61 62

Derivação de água para o sulco – Sifões Derivação de água para o sulco – Sifões
O irrigante precisa ser capaz de controlar a entrada e saída de água
dentro do sulco
 Controle da vazão (Número de sifões; Diâmetro sifão; Carga hidráulica)

A entrada da água no sulco não pode ser muito


rápida = erosão!

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Derivando a água para o sulco – Comportas Derivando a água para o sulco – Comportas
Uso de comporta para ingressar a área dentro dos sulcos ou direto Uso de comporta para ingressar a área dentro dos sulcos ou direto
na área irrigada. na área irrigada.

A entrada muito rápida da água provoca


Abrindo a comporta
erosão!!!!

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Derivando a água para o sulco – Comportas Derivando a água para o sulco – Comportas

Bocas ou
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pequenos
canais
67 68

Derivando a água para o sulco Derivando a água para o sulco


Politubos e tubos janelados Politubos e tubos janelados

69 70

69 70

Derivando a água para o sulco Derivando a água para o sulco


Politubos e tubos janelados Politubos e tubos janelados

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https://www.youtube.com/watch?v=HXIhHAzWcVQ

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Derivando a água para o sulco Derivando a água para o sulco


Politubos na irrigação por inundação Politubos na irrigação por inundação

Fonte: PIPEBR
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Derivando a água para o sulco Derivando a água para o sulco


Politubos na irrigação por inundação Politubos na irrigação por inundação

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75 76

Derivando a água para o sulco Espaçamento entre sulcos


Politubos na irrigação por inundação
O espaçamento entre sulcos deve ser escolhido para que
“o movimento lateral da água entre sulcos adjacentes”
permita umedecer toda a zona radicular antes de umedecer regiões
abaixo dela.
Pode ser de até 3,5 m, em solos de boa permeabilidade.

Padrão de infiltração e distribuição da água


(infiltração vertical e horizontal)
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Espaçamento entre sulcos Espaçamento entre sulcos


Tipo de solo x espaçamento linhas de cultivo
Solos argilosos
•A água infiltra lentamente/ risco de erosão se a água é 4 fileiras de cultivo por sulco 2 fileiras de cultivo por sulco
aplicada muito rapidamente.
•A água infiltrada permanece mais tempo no solo – maior
retenção de água
•Espaçamento entre sulcos maiores
Solos arenosos
•A água infiltra rapidamente
•A água fica retida por menos tempo (menor intervalo entre
irrigações)
•Espaçamento entre sulcos menores
1 fileiras de cultivo
Fileiras pareadas 2 sulcos por fileira
•A água não se alastra na horizontal, como nas argilas por sulco

Solos francos
•Ótimo para as plantas
•A água infiltra em uma taxa moderada
•A água permanece disponível às plantas por um tempo
maior que nos solos arenosos

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Declividade dos sulcos Vazão derivada para os sulcos


• Diretamente relacionada com a eficiência de aplicação
da água na irrigação. Qual deve ser a vazão derivada a cada sulco?

• O sulco deve possuir uma declividade que proporcione • Etapa 1


uma máxima velocidade e que, ao mesmo tempo, não
provoque erosão. • Inicialmente aplica-se a máxima vazão que o sulco possa
conduzir (vazão máxima não erosiva);

Entre 0,5 e 2% de declividade

• Solos arenosos: menores declividades, maiores perdas “O objetivo é formar um espelho que cubra todo o
por percolação. comprimento do sulco com rapidez, pois aí a água estará
infiltrando em todos os pontos ao mesmo tempo”

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Vazão derivada a cada sulco


Como proporcionar vazão
máxima?
• Etapa 2
Quando a água atingir o final do sulco, a vazão inicial
deve ser reduzida para a menor quantidade (1/2 ou 1/3 da
vazão inicial), capaz de manter o espelho de água em todo o
comprimento do sulco.

(A água deve continuar escoando por algum tempo depois de


alcançar o final do sulco = até completar o tempo de irrigação
(Ti) para aplicar a lâmina desejada)

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Vazão derivada a cada sulco

Observação:
Se for mantida uma vazão alta durante todo o tempo de
irrigação, haverá perdas por escoamento no final do sulco
(água que vai para o canal de drenagem);

Se for mantida uma vazão baixa durante todo o tempo da


irrigação, haverá perdas por percolação profunda (infiltração
abaixo da zona das raízes) no início do sulco.

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FASES DA IRRIGAÇÃO e UNIFORMIDADE FASES DA IRRIGAÇÃO e UNIFORMIDADE


Caso 1 Tempo de irrigação= 480 minutos;
Ta= 120 minutos
Tempo de infiltração

No início do sulco= 480 min.


No final do sulco: 480 -120= 360 min.

Caso 2 Tempo de irrigação= 480 minutos;


Ta= 240 minutos
Tempo de infiltração

No início do sulco= 480 min.


No final do sulco: 480 -240= 240 min.

Quanto MENOR for a diferença entre o tempo de infiltração no inicio, e o tempo de


infiltração no final do sulco MAIS uniforme será a irrigação

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Controle da vazão no sulco


Sem controle da vazão
O uso de dois ou mais (lâmina escoada no final do
sifões propicia uma vazão sulco)
inicial elevada (tempo de
avanço curto).

Com o uso de sifões é muito fácil realizar


a redução de vazão:
Quando houver mais de um sifão, basta
reduzir seu número para que a água
permaneça escoando pelo sulco sem Com controle da vazão
Comportas, tubos janelados, número de sifões,
grandes perdas no final. carga hidráulica

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Como fazer funcionar um “sifão”?


1 – note que a parte “A” tem uma curva maior
pra cima, comparada com a parte “B”

2 – posicione o lado B na água, fazendo um ângulo


de forma a posicionar a maior fração possível do
sifão na água
3 – tape a extremidade “A” do sifão
com a mão; a parte “complicada” é
que se precisa “bombear” o sifão pra
frente e pra trás, pressionando
firmemente a abertura do tubo
enquanto o tubo é empurrado pra
trás e soltando levemente o tubo
quando este é puxado pra frente.

4 – quando a água começa a jorrar,


direcione o sifão para dentro do sulco.

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ESTIMATIVA DA VAZÃO MÁXIMA NÃO EROSIVA ESTIMATIVA DA VAZÃO MÁXIMA NÃO EROSIVA
“Equação de Gardner” “Equação SCS-USDA”

c
Qmáx  Textura C a
Sa
Muito fina 0,892 0,937
•Qmax é vazão máxima não
erosiva (l/s); Fina 0,988 0,550
•c e a são coeficientes
Média 0,613 0,733
relacionados com a textura do
solo; Grossa 0,644 0,704
•S é declividade do sulco (%).
Muito 0,665 0,548
grossa

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ESTIMATIVA DA VAZÃO MÁXIMA NÃO EROSIVA Vazão derivada a cada sulco


Sistema bem manejado:
- vazão mínima no final do sulco.

Manejo deficiente

- elevadas perdas
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TEMPO DE AVANÇO DA ÁGUA NO


SULCO
DETERMNAÇÃO PRÁTICA DO
TEMPO DE AVANÇO DA ÁGUA NO
SULCO

É altamente recomendável realizar um teste de avanço da


água no sulco.
Este teste é um procedimento de campo, que relaciona o
tempo que a água leva para percorrer distâncias pré definidas.

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97 98

Determinação do tempo de avanço Determinação do tempo de avanço

O avanço da água no sulco também é denominado de As etapas da determinação da curva de avanço da água
Velocidade de deslocamento lateral da água no sulco. no sulco são apresentadas a seguir:

Serve para determinar o tempo de irrigação (Ti) e a) No campo, construir um sulco com as características desejadas
comprimento do sulco. (declividade e comprimento);

Isto se dá para podermos diferenciar o avanço da b) Realizar duas ou três irrigações iniciais para que o sulco possa ficar
velocidade de deslocamento vertical da água no sulco, com a forma e a rugosidade definitivas;
que é a INFILTRAÇÃO.
c) Colocar estacas para marcar o avanço da água a cada 10, 20 ou 40
metros;

99 100

Determinação do tempo de avanço Determinação do tempo de avanço

d) No campo, construir um sulco com as características desejadas


(declividade e comprimento);
Faz-se uma irrigação para
emparelhar o sulco
e) Anotar o tempo que a frente de avanço leva para chegar em cada
estaca ao longo do sulco, até o final do sulco;

f) Com os dados de distância entre as estacas e tempo que a água leva


para atingir estas estacas, construir a curva de avanço da água no sulco.

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Determinação do tempo de avanço Determinação do tempo de avanço


Aplicar a Q máxima
permitida (não erosiva)
Teste com diferentes Q

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Dados do tempo de avanço da água no sulco Curvas de avanço da água no sulco


(determinar a equação de avanço) Equação de Avanço
Distância (m) Tempo de avanço
Estaca (X) (min) (Y)
Eq. Potencial: T= a.Lb
- 0 0
1 10 0,8 Eq. Exponencial: T= a.(e(bL-1) )
2 20 2,2 Eq. Quadrática: T= a.L + b.L2
3 30 4,1
4 40 6,4
5 50 8,9
6 60 11,8
7 70 14,9 Ex.: T= 0,0325.L1,6693
8 80 18,3
9 90 21,9
10 100 25,7

105

105 106

Curvas de avanço da água no sulco Exercício:


Equação de Avanço Comprimento do sulco: 480 m
Equações Potenciais Calcular o tempo de avanço
500
1.6
Tempo de avanço (minutos)

r ² = 0.989 1,66
1.4
Y=-1.62 + 1.51X Ta = 0,01135L
400
Log Tempo (minutos)

1.2

1.0 Antilog a' = 10^(-1,62)


300
0.8

0.6
200
0.4 Ta = 0,024L1,51

0.2
100
0.0
1.2 1.4 1.6 1.8 2.0 2.2 2.4
Log Distância (metros)
b = 1,51 0
a = 0,024 0 100 200 300 400 500 600
Distância percorrida (metros)
107 108

107 108
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Comprimento máximo dos sulcos (L) Inconvenientes de sulcos muito longos (> 200 m)

Causam maior perda de água por percolação profunda (água que infiltra
Método de Criddle: abaixo da zona das raízes) gerando menor uniformidade de irrigação;

O comprimento máximo do sulco deve ser tal que permita um Maior possibilidade de acumulação da água das chuvas causando erosão.
tempo de avanço da água até o final do sulco igual a ¼ do tempo
necessário para aplicar a lâmina de água desejada no sulco. Inconvenientes de sulcos muito curtos (< 50 m)
Tornam o processo de irrigação mais trabalhoso (maior número de sulcos
 Procura-se construir sulcos com o maior comprimento exige mais mão de obra para a irrigação);
possível.
Exigem a construção de mais canais de condução, o que gera maior custo
“O tempo que a água leva para chegar até o final do sulco é de manutenção e maior perda de área de cultivo;
denominado tempo de avanço”.
Dificulta a mecanização da área.
110

109 110

Fatores que devem ser considerados na escolha do comprimento


Fatores que devem ser considerados na do sulco
escolha do comprimento do sulco 200m 200m

canal canal
 Forma e tamanho da área

O comprimento dos sulcos deve ser igual em toda a


área; desta maneira a vazão e o tempo de aplicação da vazão 200m
serão os mesmos para todos os sulcos.

• Área pequena: comprimento do sulco deve ser igual ao


comprimento de um dos lados da lavoura.

• Área grande: comprimento dos sulcos deve ser


submúltiplo do comprimento total da área. Ex.: área de 400
400m
metros, 2 sulcos de 200 metros.
 SULCOS DE MESMO COMPRIMENTO FACILITAM O MANEJO DA IRRIGAÇÃO.

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Fatores que devem ser considerados na


escolha do comprimento do sulco
 Espécie cultivada
 Tipo de solo
Espécies com sistema radicular profundo permitem
Em solos argilosos, os sulcos podem ser mais sulcos mais longos, pois a maior quantidade de água que
longos pois a taxa de infiltração é menor, resultando em está infiltrando no início do sulco será aproveitada pelo
menor perda por percolação profunda. Em solos arenosos, sistema radicular da cultura.
os sulcos devem ser mais curtos, pela razão oposta.

 Declividade
PROCURA-SE CONSTRUIR SULCOS COM O MAIOR
Em terrenos com grande declividade devemos ter COMPRIMENTO POSSÍVEL
sulcos mais curtos para evitar erosão.

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COMPRIMENTO MÁXIMO DO SULCO


Valores práticos do máximo comprimento do sulco (m), em função da (RECOMENDAÇÕES DE BOOHER)
declividade, tipo de solo, vazão máxima no sulco e lâmina líquida de
irrigação (mm) Textura fina Textura média Textura grossa
Lâmina de irrigação aplicada (cm)
Vazão Argila Silte Areia Declividade 7,5 15 22,5 30 5 10 15 20 5 7,5 10 12,5
Declividade Lâmina líquida de irrigação (mm) (%)
máxima
do sulco 0,05 300 400 400 400 120 270 400 400 60 90 150 190
por sulco
(%) 50 75 50 75 50 75
(l/s) 0,1 340 440 470 500 180 340 440 470 90 120 190 200

0.0 3.0 100 150 60 90 30 45 0,2 370 470 530 620 220 370 470 530 120 190 250 300
0.1 3.0 120 170 90 125 45 60 400 500 620 800 280 400 500 600 150 220 280 400
0,3
0.2 2.5 130 180 110 150 60 95
0,5 400 500 560 750 280 370 470 530 120 190 250 300
0.3 2.0 150 200 130 170 75 110
1,0 280 400 500 600 250 300 370 470 90 150 220 250
0.5 1.2 150 200 130 170 75 110
1,5 250 340 430 500 220 280 340 400 80 120 190 220

2,0 220 270 340 400 180 250 300 340 60 90 150 190

115

115 116

Teste de Infiltração da água no sulco


Teste de Infiltração (método do infiltrômetro de sulco)
da água no sulco
Durante o teste de avanço é
(método do importante medir também a
infiltrômetro de infiltração da água no sulco.
sulco)
Usam-se medidores apropriados
para determinar a vazão de
entrada e de saída no sulco.

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117 118

Teste de Infiltração da água no sulco


(método do infiltrômetro de sulco)

 O valor estabilizado da
Velocidade de Infiltração será
utilizado para determinar a vazão
reduzida.

 VAZÃO REDUZIDA: é aquela


que garante que não haverá
escoamento superficial no fim do
sulco, pois a água será totalmente
infiltrada ao longo do trecho.

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Determinação da velocidade de infiltração pelo método


da “entrada - saída” da água no sulco. Tempo Infiltração

Tempo Estaca A Estaca B Vel. de infiltração


Hora Tempo Taxa I
Hora Tempo Carga Vazão Carga Vazão l/min em mm/h acumulado l/min em Lâmina
acumulado (cm) (cm) 40m (min) 40m Infiltrada Log X log Y x.y X.X
(l/min) (l/min)
(min)
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8)
(1) (2) (3) (4) 0,78 -0,23 -0,18 0,61
8:27 0 8,0 30 - - - -
8:27 0 0,70 0,00 0,00 0,49
8:33 6 8,1 31 4,0 13,0 17,0 25,5
8:33 6 0,59 0,59 1,20 0,15 0,18 1,45
8:38 11 7,9 28 4,5 15,5 14,5 21,7 8:38 11 0,41 1,00
8:43 16 8,0 30 5,0 17,5 12,5 18,7 1,32 0,26 0,34 1,75
8:43 16 0,41 1,41
8:48 21 8,1 31 5,3 19,0 11,0 16,5 8:48 21 1,41 0,33 0,46 2,00
0,39 1,81
8:53 26 8,0 30 5,6 20,5 9,5 14,2 8:53 26 0,31 2,12 1,49 0,38 0,57 2,22
8:58 31 8,0 30 5,8 21,0 9,0 13,5 8:58 31 0,30 2,42 1,56 0,43 0,67 2,42
9:03 36 8,0 30 5,9 21,5 8,5 12,7 9:03 36 0,28 2,70 1,61 0,47 0,76 2,60
9:08 41 0,26 2,96
9:08 41 8,0 30 5,9 21,5 8,5 12,7
1,66 0,51 0,85 2,76
9:13 46 0,30 3,26
9:13 46 8,1 31 6,0 22,0 8,0 12,0
9:18 51 0,26 3,52 1,71 0,55 0,93 2,92
9:18 51 8,0 30 6,0 22,0 8,0 12,0
9:23 56 0,26 3,78 1,75 0,58 1,01 3,06
9:23 56 8,0 30 6,0 22,0 8,0 12,0
122

121 122

EQUAÇÃO DA VELOCIDADE DE INFILTRAÇÃO


Para o exemplo, a equação ajustada foi:
(VI) E INFILTRAÇÃO ACUMULADA (I) DE AGUA
NO SULCO. VI = 60*0,135*0,67*T-0,33

Esta equação pode ser transformada na


VI = 60abT(b-1) equação da infiltração acumulada, mediante
integração:
VI é a velocidade de infiltração(cm/h);
I =aTb
t é o tempo de oportunidade que a água tem de infiltrar no sulco,
em minutos (cada trecho do sulco terá um tempo diferente);
Em que “I” é a Infiltração acumulada, em cm.
a e b são parâmetros de solo.

123 124

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Tempo de irrigação e a lâmina aplicada


Determinando o Tempo de irrigação
pelo equação da infiltração  Capacidade de infiltração do solo;
acumulada
 Perímetro molhado do sulco;
Dada a equação de infiltração acumulado I =0,135 T 0,67
 Conteúdo de água no solo;
Qual deve ser o tempo de irrigação para aplicar uma laminina
bruta de 50 mm?
 Rugosidade superficial;

 Eficiência de irrigação.

A lâmina aplicada depende da infiltração acumulada e do tempo


de exposição
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O tempo de irrigação para aplicar a lâmina requerida Lâmina de irrigação para vazão constante
pela cultura pode ser determinado de três formas:

(Ti*qc)
LI  m m   3600
 Em função da Capacidade de infiltração do solo (L s *E s )
 Em função da vazão constante

 Em função da vazão reduzida LI (mm) = lâmina líquida de irrigação, mm


Ti= tempo total de aplicação de vazão constante (h)
qc = vazão constante aplicada (l/s)
Ls = comprimento do sulco (m)
Es = largura (espaçamento) do sulco irrigado (m)

128

127 128

Controle da vazão em função do diâmetro do sifão (l/s) e carga Controle da vazão em função do diâmetro do sifão (l/s) e carga
hidráulica (cm) hidráulica (cm)

q (1”) = 0,3323*ln(H)-0,3175

129 130

129 130

Lâmina de irrigação pela vazão reduzida Eficiência do sistema de irrigação por sulcos
Eficiência de condução:
(Ta*qmax)  (Tr*qred) São as perdas que ocorrem entre a captação (bomba ou barragem)
LI  mm  3600 e a entrada de água na parcela (área)

(Ls *Es ) (Va)


Ec  * 100 > 90%
Ta = tempo de aplicação de vazão máxima (h)
(Vd)
qmax = vazão máxima não erosiva (l/s)
Tr = tempo de aplicação de vazão reduzida (h) Ec = eficiência de condução (%)
qred = vazão reduzida (l/s) Va = volume de água aplicado na área (m3)
Ls = comprimento do sulco (m) Vd = volume de água derivado da barragem ou bomba (m3)
Es = largura (espaçamento) do sulco (m)

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Eficiência do sistema de irrigação por sulcos


Eficiência do sistema de irrigação por sulcos
Eficiência de distribuição:
Refere-se a infiltração de água no solo. Não considera perdas, Eficiência de aplicação:
apenas a uniformidade de distribuição É a percentagem de água aplicada na irrigação que é útil às
culturas. A eficiência de aplicação mínima deve ser de 60%
(Lf)
Ed  *100 > 70% (Lf)
Li  Lf Ea  * 100 > 60%
( ) (Lt)
2
Ed = eficiência de distribuição (%) Ea = eficiência de aplicação (%)
Li = lâmina infiltrada no início do sulco (mm) Lf = lâmina infiltrada no final do sulco (mm)
Lf = lâmina infiltrada no final do sulco (mm) Lt = lâmina total aplicada no sulco (mm)

133 134

133 134

IRRIGAÇÃO POR INUNDAÇÃO IRRIGAÇÃO POR INUNDAÇÃO


Entrada de água no
quadro/tabuleiro
Para realizar a irrigação, duas etapas são fundamentais

Saturação do solo
Profundidade do perfil
Camadas “impermeáveis”

Formação da lâmina e
manutenção
Perdas por fluxo vertical,
horizontal, evaporação e
transpiração

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IRRIGAÇÃO POR INUNDAÇÃO IRRIGAÇÃO POR INUNDAÇÃO


• Etapa 1: • Etapa 1:
• Volume de saturação do solo • Volume de saturação do solo
Vol saturação (m³/ha) = (Φ - Өi) x A x prof. Sat Vol saturação (m³/ha) = (Φ - Өi) x A x prof. Sat
EXEMPLO
Perfil do solo com 50 cm
• Φ: Porosidade total do solo, ou umidade no ponto de saturação
Saturação: 0,50 cm³cm³
(%); ou 50%=0,5
• Өi: Umidade inicial do solo (%); Para saturar este solo
CC: 0,35 cm³cm³
• A: Área (m²); são necessários
• prof. Sat: Profundidade de saturação do solo (ou profundidade da Umidade atua: 0,25 cm³cm³ 1250m³ por hectare
camada impermeável ou profundidade das raízes) (m). ou 125 mm
PMP: 0,15 cm³cm³

DRENAGEM

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15/01/2023

IRRIGAÇÃO POR INUNDAÇÃO IRRIGAÇÃO POR INUNDAÇÃO


• Etapa 1:
• Etapa 1:
• Volume de formação da lâmina de água:
• Volume de evapotranspiração:
Vol lâmina (m³/ha) = L x A
Vol EvaP (m³/ha) = ETc x A x nd
L: Lâmina de irrigação (m);
• ET: Evapotranspiração é função da Evapotranspiração
Potencial e da Coeficiente de cultivo (ET = ETo x Kc) (m); A: Área (m²) Após o solo saturado,
• ETo: Evapotranspiração Potencial (m/dia); Para formar uma
• Kc: Coeficiente de cultivo; lâmina sobre o solo de
10 cm, são necessários
• A: Área (m²);
1000m³ por hectare
• Nd: Nº de dias etapa 1. ou 100 mm

139 140

IRRIGAÇÃO POR INUNDAÇÃO IRRIGAÇÃO POR INUNDAÇÃO


• Etapa 1: • Etapa 1:
• Volume de fluxo vertical:
• Volume de fluxo horizontal:
Vol Fv (m³/ha) = Fv x A x nd Vol FH = Fh x prof. Sat x nd

Onde: Onde:
Fv: Fluxo vertical (Fv = Ksatv x H/d) (m/dia); Fh: Fluxo horizontal (Fh = Ksath x H/b) (m/dia);
Ksatv: Condutividade hidráulica saturada vertical (m/dia); Ksath: Condutividade hidráulica saturada horizontal (m/dia);
H/d: Gradiente de potencial hidráulico entre superfície e prof. H/b: Gradiente de potencial hidráulico entre a montante e a
de saturação (H/d = (L/2 + d - h2)/d); jusante da taipa do lado de fora da lavoura (H/b = l/2/b) (m/dia);
L: Lâmina (m);
l: Lâmina (m);
d: Profundidade de saturação;
b: Largura da base da taipa (m);
h2: Potencial de pressão.

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IRRIGAÇÃO POR INUNDAÇÃO IRRIGAÇÃO POR INUNDAÇÃO


• Etapa 2:
Fluxo horizontal • Volume de evapotranspiração:
Vol EvaP (m³/ha) = ET x A x nd
Lâmina
(saturação)
• ET: Evapotranspiração é função da Evapotranspiração
Potencial e da Coeficiente de cultivo (ET = ETP x Kc);
Solo
• ETP: Evapotranspiração Potencial (m/dia);
• Kc: Coeficiente de cultivo;
Fluxo vertical
• A: Área 1 hectare (m²);
• Nd: Nº de dias etapa 1.

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IRRIGAÇÃO POR INUNDAÇÃO


• Etapa 2: Referências
• Volume de evapotranspiração:
Vol EvaP (m³/ha) = ET x A x nd BERNARDO, S.; SOARES, A. A.; MANTOVAMI, E. C. Manual de Irrigação. 8. ed.
Viçosa: Ed. UFV, 2006.
• Volume de fluxo horizontal: CASTRO, N. Apostila de Irrigação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Vol FH = Fh x prof. Sat x nd Instituto de Pesquisas Hidráulicas. Porto Alegre-RS, 2003.

MELLO, J. L. P.; SILVA, L. D. B. Irrigação – Polígrafo de aulas. Universidade


• Volume de fluxo vertical: Federal Rural do Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia. Rio de Janeiro-RJ,
2007.
Vol Fv (m³/ha) = Fv x A x nd
VIEIRA, D. B. As Técnicas de Irrigação. 2. ed. São Paulo: Globo, 1995. (Coleção
do Agricultor – Publicações Globo Rural).

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