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Mossoró – RN
2012
IRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO
SÉRGIO LUIZ AGUILAR LEVIEN
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1
2. COMPONENTES DE UM SISTEMA DE IRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO .......... 3
2.1. SISTEMA DE BOMBEAMENTO ...................................................................... 3
2.2. TUBULAÇÕES .......................................................................................... 3
2.3. ACESSÓRIOS ........................................................................................... 4
2.4. DISPOSITIVOS DE ASPERSÃO ..................................................................... 4
3. CARACTERÍSTICAS DE FUNCIONAMENTO DO SISTEMA .......................... 9
3.1. MARCO DE IRRIGAÇÃO.............................................................................. 9
3.2. DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA ......................................................................... 10
3.3. VAZÃO ................................................................................................. 11
3.4. PRECIPITAÇÃO ...................................................................................... 11
3.5. PULVERIZAÇÃO ..................................................................................... 12
4. SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO ............................................ 13
4.1. SISTEMAS ESTACIONÁRIOS ...................................................................... 13
4.2. SISTEMAS MECANIZADOS ........................................................................ 20
5. SELEÇÃO DO ASPERSOR.......................................................................... 28
5.1. FATORES QUE AFETAM O DESEMPENHO DO ASPERSOR.................................... 28
5.2. ESPAÇAMENTO DOS ASPERSORES .............................................................. 31
5.3. INTENSIDADE DE PRECIPITAÇÃO ............................................................... 32
5.4. GRAU DE PULVERIZAÇÃO ......................................................................... 33
5.5. OUTRAS INFORMAÇÕES ........................................................................... 34
6. UNIFORMIDADE DE APLICAÇÃO DE ÁGUA ............................................. 36
7. RECOMENDAÇÕES PARA A ESCOLHA DA INSTALAÇÃO DE IRRIGAÇÃO . 40
7.1. FATORES CLIMÁTICOS............................................................................. 40
7.2. FATORES AGRONÔMICOS ......................................................................... 40
7.3. FATORES TÉCNICOS ................................................................................ 42
7.4. FATORES ECONÔMICOS ........................................................................... 42
Há muitos séculos o homem pratica a irrigação por aspersão, embora que seja
por processos primitivos, que é o caso do regador. A irrigação por aspersão começou
realmente no final do século XIX, sendo que os primeiros aspersores rotativos,
precursores dos utilizados hoje, apareceram no início do século XX. Após o final da II
Guerra Mundial a irrigação por aspersão começou a se difundir tanto na Europa
como nos Estados Unidos. No Brasil, a irrigação por aspersão começou em meados
do século XX na cultura do café.
O método de irrigação por aspersão não deve ser usado com água de irrigação
com alta concentração de sais, devido à redução da vida útil dos equipamentos e
possíveis danos às folhas dos vegetais.
2.2. TUBULAÇÕES
2.3. ACESSÓRIOS
- aspersores rotativos.
Os bocais dos aspersores são peças que apresentam orifícios para a saída do
jato d’água, sendo responsáveis por vazão, pulverização do jato, distribuição,
diâmetro de cobertura e tamanho das gotas d’água, quando operando a uma
determinada pressão. Quanto ao número de bocais por aspersor, tem-se aspersor
com um e com dois bocais, e normalmente se caracterizam os aspersores pelo
diâmetro de seus bocais; nos aspersores com dois bocais, o menor bocal é o que
tem menor raio de alcance.
- aspersores de turbina: nestes aspersores o jato incide sobre uma turbina, cujo
movimento se transmite a um eixo instalado ao longo do tubo do aspersor, e
deste, mediante engrenagens, à base do aspersor, para produzir um giro do
aspersor lento e uniforme.
- marco de irrigação;
- distribuição da água;
- vazão;
- precipitação;
- pulverização.
O marco de irrigação é a distância que existe, por um lado, entre duas linhas
laterais contíguas e, por outro, entre dois aspersores contíguos da mesma linha
lateral. As disposições que podem adotar os aspersores são:
- disposição em quadrado:
S a2 (1)
- disposição em retângulo:
S ab (2)
- disposição em triângulo:
a2 3
S (3)
2
Retangulo
Quadrado Triangulo
A distribuição no solo da água aplicada por cada aspersor não é uniforme, mas
varia ao longo do raio de alcance do aspersor. Em geral, a zona próxima ao aspersor
recebe mais água, decrescendo conforme aumenta a distância ao aspersor. Para
lograr uma maior uniformidade de distribuição no sistema é preciso solapar
(sobreposicionar) uma parte das áreas irrigadas por aspersores consecutivos. Quanto
à separação de aspersores em relação ao raio de alcance do jato há diversas
recomendações dadas por distintos autores e projetistas, que variam e um a outro,
para um mesmo marco de irrigação. Haja vista que cada modelo de aspersor tem um
Irrigação por aspersão / PPID Sérgio Levien (out/2012) 10
comportamento distinto, para projetar corretamente o marco de irrigação é
necessário que o fabricante forneça os dados do comportamento real da
uniformidade conseguida com tal modelo nos distintos marcos de irrigação. Na falta
destes dados (que deveriam ser sempre exigidos ao fabricante) podem servir de
orientação as seguintes recomendações de separação dos aspersores:
- em marco retangular: 75% (na separação de linhas laterais) e 40% (na separação
de aspersores dentro da mesma linha) do diâmetro molhado.
3.3. VAZÃO
q k hx (4)
onde:
3.4. PRECIPITAÇÃO
onde:
P = precipitação;
q = vazão do aspersor;
3.5. PULVERIZAÇÃO
- sistema móvel: todos os elementos da instalação são móveis, inclusive pode ser
o conjunto motobomba quando se faz uma tomada de água distinta em cada
posição de irrigação. Este sistema se utiliza só em pequenas superfícies ou pra
aplicar irrigações complementares. O conjunto motobomba móvel, que pode ser
acionado pela tomada de força de um trator, envia a água a uma tubulação onde
são instalados os aspersores. Com a finalidade de diminuir o número de posições
podem ser acopladas à tubulação umas mangueiras, em cujos extremos se
colocam os aspersores. Deste modo, cada aspersor ocupa várias posições de
irrigação antes que seja necessário mudar a tubulação.
- sistema fixo: todos os elementos deste sistema são fixos, salvo alguns casos
onde os aspersores ocupam sucessivas posições ao longo das laterais de irrigação.
A colocação da rede pode ser permanente (permanece enterrada a uma
profundidade de 0,6 a 1 m durante toda a vida útil) ou temporária (coloca-se ao
princípio da campanha de irrigação e se retira ao final da mesma). Esta última
modalidade requer um pouco mais de trabalho, mas oferece a vantagem de que o
equipamento pode ser utilizado cada ano em parcelas diferentes e é possível
variar o marco de plantação quando se crer conveniente. Um sistema onde todas
as tubulações e aspersores são fixos pode ser chamado de cobertura total. É
utilizado cada vez mais, devido a pouca mão de obra que requer, já que o
trabalho se reduz, praticamente, a abrir e fechar os registros. É o sistema mais
idôneo para parcelas pequenas ou medias de forma irregular. Quando o sistema é
automatizado, a partida e a parada dos aspersores é realizada mediante a
recepção de uns sinais enviados desde um programador central, onde pode existir
um programa de irrigação pré-estabelecido, ou então se utiliza a informação
enviada desde uns sensores situados em diversos pontos do terreno de irrigação,
que indicam a umidade existente neles.
Tubulação Lateral
Figura 3. Disposição bilateral e cobertura parcial, com dois ramais laterais e uma
posição de irrigação
- forma da parcela;
- topografia do terreno;
- cultura;
Quando não é possível atender a todos estes fatores se tomará a decisão mais
favorável. Dentro do possível se seguirão as seguintes recomendações relativas aos
ramais laterais:
Posições de Irrigação
Lateral Móvel
Posições de Irrigação
Tubulação
Hidrante Principal
Lateral móvel
com mangueiras
Tubulação Válvula
Principal
Tubulação
Secundária
Tubulação
Terciária
Válvula
Tubulação de Setor
Principal
Tubulação Tubulação
Secundária Terciária
Válvula
Tubulação
Secundária
Hidrante
Tubulação
Principal
Tubulação
de abastecimento
Lateral
Mangueira
Deslocamento
Tubulação
Hidrante
Cabo
Ancoragem
Mangueira
Carretel
Deslocamento
Tubulação
Hidrante
- quando existe uma linha de alta tensão, o canhão deve ser situado a uma
distância mínima da mesma de 30 m, procurando em todo o caso que o jato de
água se rompa antes de chegar aos cabos.
- sistema tipo rolão: consiste num sistema em que a linha lateral serve como eixo
das rodas, que deslocam o equipamento no sentido frontal desde uma posição de
irrigação até a seguinte. O sistema tem uma unidade propulsora, com motor de
combustão interna, colocada no centro ou num dos extremos da lateral de
irrigação. O comprimento máximo da lateral é de 400 m, com vazão de até 160
m3 h-1, sendo indicado para áreas de até 60 ha. Este sistema funciona com a
lateral estacionada numa posição até que a lâmina de água calculada seja
aplicada. O sistema é desligado e a água da tubulação é drenada
automaticamente. Com o auxílio da unidade propulsora, o sistema é deslocado
para a próxima posição e assim por diante. Cada aspersor possui uma válvula para
drenar a água após a irrigação em cada posição. Este equipamento, de baixo
custo inicial, adapta-se bem a parcelas grandes de forma retangular, logrando
uma boa uniformidade de irrigação. Desde o ponto de vista mecânico é pouco
resistente e não pode ser utilizado em culturas de porte alto nem em terrenos de
topografia irregular.
- sistema linear sobre rodas: consiste num sistema em que a linha lateral é
instalada em plano superior ao topo das rodas, suportada por torres ou armações,
apoiadas nas rodas com pneus. O espaçamento também pode ser de 12 m entre
aspersores, como no sistema tipo rolão. A água é fornecida por mangotes flexíveis
Irrigação por aspersão / PPID Sérgio Levien (out/2012) 25
de até 400 m que fazem a ligação da linha lateral com a linha de adução ou
principal. O equipamento tem um movimento contínuo feito através de uma
turbina hidráulica que transmite um movimento de rotação a uma bobina que, por
sua vez, é enrolada num cabo de aço estendido e preso a uma âncora fincada no
começo do campo irrigado.
Todos os trechos se mantêm alinhados mediante uns sensores que atuam sobre
o sistema motriz. Existe um dispositivo de segurança que detém o funcionamento do
equipamento quando o desalinhamento ultrapassa os limites previstos.
5.1.1. Bocal
h f x (6)
- diagrama tipo retangular: não existe na prática, nem teria grande interesse a
não ser para aspersores isolados, uma vez que seria prejudicado pela
superposição.
A B
C D
5.1.4. Superposição
Para obter uma boa uniformidade de aplicação d’água sobre a área irrigada, os
aspersores devem ser espaçados, de modo que se obtenha uma superposição entre
os perfis de distribuição d’água dos aspersores, ao longo da linha lateral e entre
linhas laterais ao longo da linha terciária. A porcentagem de superposição requerida
depende do tipo de aspersor e da intensidade do vento na área a ser irrigada.
5.1.5. Vento
4q
Pe (7)
D2
onde:
q = vazão do aspersor;
q
Pm (8)
S1 S 2
onde:
q = vazão do aspersor;
O impacto das gotas d’água grossas pode produzir danos a alguns cultivos,
como é o caso das flores que são bastante afetadas pelo choque com as gotas.
Quanto à sensibilidade das culturas à pulverização das gotas, podem ser classificadas
em cinco classes, que são as seguintes:
- muito sensíveis: culturas hortícolas e árvores com frutos delicados, feijão, milho
e outras;
Pulverizações muito finas, podem dar lugar a grandes perdas por evaporação e
a ação do vento é bastante significativa no arraste das mesmas, influenciando na
eficiência e uniformidade de aplicação.
PS
GP (9)
D
onde:
GP = grau de pulverização;
- do modelo de distribuição da água pelo aspersor, que depende, por sua vez do
projeto do aspersor, da pressão de serviço e do número e tipo de bocais.
x
i 1
i x
CUC 1 (10)
nx
onde:
x = precipitação média;
n = número de pluviômetros.
Irrigação por aspersão / PPID Sérgio Levien (out/2012) 36
- Coeficiente de Uniformidade de Distribuição (CUD);
x 25%
CUD (11)
x
onde:
x 25% = precipitação média dos 25% menores valores coletados nos pluviômetros;
x x
2
i 1
i
CUE 1 1 1 CV (12)
n 1 x 2 x
onde:
x = precipitação média;
n = número de pluviômetros;
CV = coeficiente de variação.
- reduzir a pressão de serviço dos aspersores até 20%, produzindo com isso gotas
mais grossas, quando não haja prejuízo para a cultura;
Para a escolha da instalação de irrigação tem que se levar em conta uma série
de fatores: climáticos, agronômicos, técnicos, econômicos e práticos.
7.1.1. Vento
7.1.2. Temperatura
7.2.1. Topografia
7.2.2. Solo
7.2.3. Cultura
O tipo de cultura, seu porte e sua cobertura sobre o solo condicionam o tipo de
instalação. Algumas culturas muito frágeis (flores, algumas plantas hortícolas)
necessitam precipitações débeis, com grande pulverização e uma excelente
uniformidade de irrigação, o que exige pouca separação entre aspersores. Em
culturas de porte alto (milho, sorgo, girassol) se aconselha a irrigação com
precipitações médias ou elevadas. Em fruteiras pode-se utilizar aspersores colocados
sobre hastes porta aspersores altas (para irrigar por cima da folhagem) ou
aspersores de ângulo baixo (para irrigar por debaixo da folhagem). Em pastagens se
utiliza aspersores de grande alcance, com a finalidade de diminuir o custo.
7.2.4. Água
Com águas sujas utiliza-se aspersores com bocais grandes, para evitar sua
obstrução.
Cada aspersor é projetado para operar dentro de uma faixa de pressões, dentro
da qual a distribuição da água se ajusta a um modelo de distribuição de água
normal. Quando a pressão é inferior, o jato se fraciona em gotas grandes, e se essa
diminuição é excessiva a chuva se concentra em dois círculos concêntricos, um na
zona próxima ao aspersor, e outro na periferia do diâmetro molhado. Em troca,
quando a pressão é excessiva se produz uma grande pulverização, o que provoca
uma diminuição do alcance do jato e um excesso de precipitação na zona próxima ao
aspersor.
- sempre que seja possível, fazer irrigação noturna, pelos seguintes motivos: é mais
barata a energia elétrica, o vento é mais suave e há menos perdas por
evaporação; tem o inconveniente de que se necessita certa automatização.
- utilizar aspersores de média pressão (de 20 a 40 mca), com dois bocais (melhor
do que com um), em marcos médios (12 X 12 m a 24 X 24 m) para grande
variedade de cultivo extensivos e intensivos. Em aspersores com dois bocais
- projeto (design);
- instalação;
- manejo.
As características de dita tecnologia são tais que cada uma destas etapas deve
ser implementada corretamente. Se uma das etapas resulta deficiente, o sistema de
irrigação como um elemento dum sistema de produção agrícola será deficiente sem
importar o grau de perfeição que se tenha obtido nas outras duas etapas.
- manutenção do sistema.
Para projetar um sistema de irrigação por aspersão tem que ser determinadas
todas as características técnicas da irrigação, com a finalidade de que a distribuição
da água seja uniforme e eficiente. Faz-se em duas etapas: no projeto agronômico se
consideram aqueles aspectos relacionados com o meio (solos, clima, culturas, e
outros), e no projeto hidráulico se dimensiona a rede de distribuição. Os dados
imprescindíveis que se necessita são os seguintes:
O projeto agronômico tem por finalidade garantir que a instalação seja capaz
de aplicar a quantidade suficiente de água, com um controle efetivo de sais e uma
boa eficiência na aplicação da água. É desenvolvido em duas fases:
Nl ETc Pe Ac A (13)
Salvo em casos muito particulares não se leva em conta o aporte capilar desde
o lençol freático nem a variação no armazenamento de água no solo. Em irrigação de
alta frequência também não se considera a chuva efetiva, devido à grande
frequência na aplicação da água.
- por evaporação direta desde o jorro (jato) de água nos sistemas que pulverizam a
água;
- por distribuição deficiente da água: esta perda é produzida quando nas zonas
menos irrigadas se quer aplicar a quantidade de água necessária para cobrir as
necessidades das plantas, com o que nas zonas mais irrigadas se aplica um
excesso.
Nl
Nt (14)
Ea
onde:
onde:
Rp = relação de percolação;
FL = fator de lixiviação;
CU = coeficiente de uniformidade.
Nl
Nt (16)
Rp CU
Nl
Nt (17)
1 RL CU
onde:
FL 1 RL (18)
sendo:
RL = requerimento de lixiviação.
CEa
RL (19)
5 CEe CEa
Irrigação por aspersão / PPID Sérgio Levien (out/2012) 50
Em irrigação por aspersão de alta frequência o requerimento de lixiviação é:
CEa
RL (20)
2 CEemax
onde:
Se RL 0,1
Nl
Nt (21)
E a
Se RL 0,1
0,9 Nl
Nt (22)
E a 1 RL
Dl CC PM da Z f (23)
onde:
Dl CC PM Z f (24)
A dose total é:
Dl
Dt (25)
Ea
sendo:
Ea = eficiência de aplicação.
R H 2O
i (26)
Nl diárias
ou
Dl
i (27)
Nl diárias
ou
Dl
i (28)
ETc Pe
S Dt
Q 10 (29)
ir T
onde:
Dt
t (30)
pm
onde:
Q
N (31)
q
onde:
Q = vazão necessária;
Este mesmo critério poderia ser aplicado (como se faz em irrigação localizada)
a um bloco de irrigação formado por uma tubulação terciária e pelas laterais que
derivam dela. Neste caso, o custo mínimo da instalação ocorre quando 55% das
perdas admissíveis no bloco são produzidas nas laterais, enquanto 45% restantes
são produzidas na tubulação terciária.
Já, utilizar dois ou mais diâmetros nas linhas terciárias, não gera problemas,
pois as mesmas geralmente são fixas no terreno.
he
Ea (32)
ha
onde:
Ea = eficiência de aplicação;
O tempo ideal para cada teste deve ser igual ou maior do que a metade do
tempo que o sistema funcionará por posição, durante as irrigações normais.