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FACULDADE MAURICIO DE NASSAU

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL


DISCIPLINA : HIDRÁULICA APLICADA
PROFESSOR(A): DANIELLE FREIRE DE ARAÚJO

HIDRÁULICA APLICADA

DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS HIDRÁULICOS

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I: DIMENSIONAMENTO HIDRÁULICO PREDIAL DE ÁGUA FRIA

CAPÍTULO II: DIMENSIONAMENTO HIDRÁULICO RESIDENCIAL DE ÁGUA FRIA

CAPÍTULO III: DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS HIDRÁULICOS DE INCÊNDIO

CAPÍTULO IV: DIMENSIONAMENTO DE ADUTORAS

CAPÍTULO V: DIMENSIONAMENTO DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA

CAPÍTULO VI: DIMENSIONAMENTO DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO

CAPÍTULO VII: DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS DE DRENAGEM DE ÁGUAS


PLUVIAIS

CAPÍTULO VIII: DIMENSIONAMENTO DE BARRAGENS

ANEXO I: PROJETOS DE HIDRÁULICA

REFERÊNCIAS

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CAPÍTULO I: DIMENSIONAMENTO HIDRÁULICO PREDIAL DE ÁGUA FRIA

1. INTRODUÇÃO

O presente texto sobre instalações prediais de água fria tem como principal preocupação à
necessidade de mostrar ao aluno a existência de uma Norma Brasileira sobre o assunto, ou seja, a NBR
5626 Instalações Prediais de Água Fria da ABNT(1). O conhecimento da terminologia e das
especificações desta Norma constitui-se do objetivo essencial destas notas, motivo pelo qual muitos de
seus trechos encontram-se aqui integralmente transcritos. Os principais objetivos de um projeto desse tipo
de instalação são:
1. Fornecimento contínuo de água aos usuários e em quantidade suficiente, amenizando ao máximo os
problemas decorrentes da interrupção do funcionamento do sistema público de abastecimento;
2. Limitação de certos valores de pressões e velocidades, definidos na referida Norma Técnica, asseg
urando-se dessa forma o bom funcionamento da instalação e, evitando-se assim, conseqüentes
vazamentos e ruídos nas canalizações e aparelhos;
3. Preservação da qualidade da água através de técnicas de distribuição e reservação coerentes e
adequadas propiciando aos usuários boas condições de higiene, saúde e conforto.

2. PARTES CONSTITUINTES DE UMA INSTALAÇÃO PREDIAL DE ÁGUA FRIA

Antes de se enumerar as diversas partes contribuintes de uma instalação de água fria, apresenta-se
a seguir algumas definições extraídas da NBR 5626 (1), que são necessárias à compreensão dos textos
que se seguem.
2.1 – Alimentador predial
Tubulação que liga a fonte de abastecimento a um reservatório de água de uso doméstico.
2.2 – Aparelho sanitário
Aparelho destinado ao uso de água para fins higiênicos ou para receber dejetos e/ou águas servidas.
Inclui-se nesta definição aparelhos como bacias sanitárias, lavatórios, pias e outros, e, também, lavadoras
de roupa e pratos, banheiras de hidromassagem, etc.
2.3 – Automático de bóia
Dispositivo instalado no interior de um reservatório para permitir o funcionamento automático da
instalação elevatória entre seus níveis operacionais e extremos.
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2.4 - Barrilete
Conjunto de tubulações que se origina no reservatório e do qual se derivam as colunas de distribuição,
quando o tipo de abastecimento adotado é indireto.
2.5 – Caixa de descarga
Dispositivo colocado acima, acoplado ou integrado às bacias sanitárias ou mictórios, destinados a
reservação de água para suas limpezas.
2.6 – Caixa ou válvula redutora de pressão
Caixa destinada a reduzir a pressão nas colunas de distribuição
2.7 – Coluna de distribuição
Tubulação derivada do barrilete e destinada a alimentar ramais
2.8 – Conjunto elevatório
Sistema para elevação de água.
2.9 – Consumo diário
Valor médio de água consumida num período de 24 horas em decorrência de todos os usos do edifício no
período.
2.10 – Dispositivo antivibratório
Dispositivo instalado em conjuntos elevatórios para reduzir vibrações e ruídos e evitar sua transmissão.
2.11 – Extravasor
Tubulação destinada a escoar os eventuais excessos de água dos reservatórios e das caixas de descarga.
2.12 - Inspeção
Qualquer meio de acesso aos reservatórios, equipamentos e tubulações.
2.13 – Instalação elevatória
Conjunto de tubulações, equipamentos e dispositivos destinados a elevar a água para o reservatório de
distribuição.
2.14 – Instalação hidropneumática
Conjunto de tubulações, equipamentos, instalações elevatórias, reservatórios hidropneumáticos e
dispositivos destinados a manter sob pressão a rede de distribuição predial.
2.15 – Instalação predial de água fria
Conjunto de tubulações, equipamentos, reservatórios e dispositivos, existentes a partir do ramal predial,
destinado ao abastecimento dos pontos de utilização de água do prédio, em quantidade suficiente,
mantendo a qualidade da água fornecida pelo sistema de abastecimento.

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2.16 – Interconexão
Ligação, permanente ou eventual, que torna possível a comunicação entre dois sistemas de abastecimento.
2.17 – Ligação de aparelho sanitário
Tubulação compreendida entre o ponto de utilização e o dispositivo de entrada de água no aparelho
sanitário.
2.18 – Limitador de vazão
Dispositivo utilizado para limitar a vazão em uma peça de utilização.
2.19 – Nível operacional
Nível atingido pela água no interior da caixa de descarga, quando o dispositivo da torneira de bóia se
apresenta na posição fechada e em repouso.
2.20 – Nível de transbordamento
Nível do plano horizontal que passa pela borda de reservatório, aparelho sanitário ou outro componente.
No caso de haver extravasor associado ao componente, o nível é aquele do plano horizontal que passa
pelo nível inferior do extravasor.
2.21 – Quebrador de vácuo
Dispositivo destinado a evitar o refluxo por sucção da água nas tubulações.
2.22 – Peça de utilização
Dispositivo ligado a um sub-ramal para permitir a utilização da água e, em alguns casos, permite também
o ajuste da sua vazão.
2.23 – Ponto de utilização (da água)
Extremidade de jusante do sub-ramal a partir de onde a água fria passa a ser considerada água servida.
2.24 – Pressão de serviço
Pressão máxima a que se pode submeter um tubo, conexão, válvula, registro ou outro dispositivo, quando
em uso normal.
2.25 – Pressão total de fechamento
Valor máximo de pressão atingido pela água na seção logo à montante de uma peça de utilização em
seguida a seu fechamento, equivalendo a soma da sobrepressão de fechamento com a pressão estática na
seção considerada.
2.26 - Ramal
Tubulação derivada da coluna de distribuição e destinada a alimentar os sub-ramais.

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2.27 – Ramal predial


Tubulação compreendida entre a rede pública de abastecimento e a instalação predial. O limite entre o
ramal predial e o alimentador predial deve ser definido pelo regulamento da Cia. Concessionária de Água
local.
2.28 – Rede predial de distribuição
Conjunto de tubulações constituído de barriletes, colunas de distribuição, ramais e sub-ramais, ou de
alguns destes elementos, destinado a levar água aos pontos de utilização.
2.29 – Refluxo de água
Retorno eventual e não previsto de fluidos, misturas ou substâncias para o sistema de distribuição predial
de água.
2.30 – Registro de fechamento
Componente instalado em uma tubulação para permitir a interrupção da passagem de água. Deve ser
usado totalmente fechado ou totalmente aberto. Geralmente emprega-se registros de gaveta ou esfera.
2.31 – Registro de utilização
Componente instalado na tubulação e destinado a controlar a vazão da água utilizada. Geralmente
empregam-se registros de pressão ou válvula-globo em sub-ramais.
2.32 – Regulador de vazão
Aparelho intercalado numa tubulação para manter constante sua vazão, qualquer que seja a pressão a
montante.
2.33 – Reservatório hidropneumático
Reservatório para ar e água destinado a manter sob pressão a rede de distribuição predial.
2.34 – Reservatório inferior
Reservatório intercalado entre o alimentador predial e a instalação elevatória, destinada a reservar água e
a funcionar como poço de sucção da instalação elevatória.
2.35 – Reservatório superior
Reservatório ligado ao alimentador predial ou a tubulação de recalque, destinado a alimentar a rede
predial ou a tubulação de recalque, destinado a alimentar a rede predial de distribuição.
2.36 - Retrossifonagem
Refluxo de água usada, proveniente de um reservatório, aparelho sanitário ou qualquer outro recipiente,
para o interior de uma tubulação, em decorrência de pressões inferiores à atmosférica.

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2.37 – Separação atmosférica


Distância vertical, sem obstáculos e através da atmosfera, entre a saída da água da peça de utilização e o
nível de transbordamento dos aparelhos sanitários, caixas de descarga e reservatórios.
2.38 – Sistema de abastecimento
Rede pública ou qualquer sistema particular de água que abasteça a instalação predial.
2.39 – Sobrepressão de fechamento
Maior acréscimo de pressão que se verifica na pressão estática durante e logo após o fechamento de uma
peça de utilização.
2.40 – Subpressão de abertura
Maior acréscimo de pressão que se verifica na pressão estática logo após a abertura de uma peça de
utilização.
2.41 – Sub-ramal
Tubulação que liga o ramal à peça de utilização ou à ligação do aparelho sanitário.
2.42 – Torneira de bóia
Válvula com bóia destinada a interromper a entrada de água nos reservatórios e caixas de descarga
quando se atinge o nível operacional máximo previsto.
2.43 – Trecho
Comprimento de tubulação entre duas derivações ou entre uma derivação e a última conexão da coluna de
distribuição.
2.44 – Tubo de descarga
Tubo que liga a válvula ou caixa de descarga à bacia sanitária ou mictório.
2.45 – Tubo ventilador
Tubulação destinada a entrada de ar em tubulações para evitar subpressões nesses condutos.
2.46 – Tubulação de limpeza
Tubulação destinada ao esvaziamento do reservatório para permitir a sua manutenção e limpeza.
2.47 – Tubulação de recalque
Tubulação compreendida entre o orifício de saída da bomba e o ponto de descarga no reservatório de
distribuição.
2.48 – Tubulação de sucção
Tubulação compreendida entre o ponto de tomada no reservatório inferior e o orifício de entrada da
bomba.

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2.49 – Válvula de descarga


Válvula de acionamento manual ou automático, instalada no sub-ramal de alimentação de bacias
sanitárias ou de mictórios, destinada a permitir a utilização da água para suas limpezas.
2.50 – Válvula de escoamento unidirecional
Válvula que permite o escoamento em uma única direção.
2.51 – Válvula redutora de pressão
Válvula que mantém a jusante uma pressão estabelecida, qualquer que seja a pressão dinâmica a
montante.
2.52 – Vazão de regime
Vazão obtida em uma peça de utilização quando instalada e regulada para as condições normais de
operação.
2.53 – Volume de descarga
Volume que uma válvula ou caixa de descarga deve fornecer para promover a perfeita limpeza de
uma bacia sanitária ou mictório.
A Figura 1 mostra as principais partes constituintes de uma instalação predial de água fria e
apresenta também a nomenclatura e terminologia correspondentes.

3. ESPECIFICAÇÕES E CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DOS TUBOS EMPREGADOS

3.1 – Materiais, Diâmetros e Pressões

De acordo com a NBR 5626, tanto os tubos como as conexões, constituintes de uma instalação
predial de água fria, podem ser de aço galvanizado, cobre, ferro fundido, PVC rígido ou de outros
materiais, de tal modo que satisfaçam a condição de que a pressão de serviço não deva ser superior a
pressão estática, no ponto considerado, somada a sobre-pressão devido a golpes de aríete. Esses materiais
devem ser próprios para a condução de água potável e devem ter especificações para recebimento,
relativo a cada um deles, inclusive métodos de ensaio.
Segundo a mesma Norma, o fechamento de qualquer peça de utilização não pode provocar
sobre-pressão, em qualquer ponto da instalação, que supere mais de 200 kPa (20 mca) a pressão
estática neste ponto. A máxima pressão estática permitida é de 40 mca (400 kPa) e a mínima pressão
de serviço é de 0,5 mca (5 kPa).

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Figura 1. Partes constituintes de uma instalação predial.

Os tubos e conexões mais empregados nas instalações prediais de água fria são os de aço
galvanizado e os de PVC rígido. Os tubos de aço galvanizado suportam pressões elevadas sendo por isso
muito empregado. O valor de referência que estabelece o diâmetro comercial desses tubos é a medida do

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diâmetro interno dos mesmos. Os tubos de PVC rígido são agrupados em três classes, indicadas pelas
pressões de serviço:
 classe 12 (6 kgf/cm2 ou 60 mca)
 classe 15 (7,5 kgf/cm2 ou 75 mca)
 classe 20 (10 kgf/cm2 ou 100 mca)
Para se conhecer a máxima pressão de serviço (em kgf/cm2) de cada classe, basta dividir o número da
classe por 2. As normas brasileiras dividem os tubos de PVC em duas áreas de aplicação:
 tubos de PVC rígido para adutoras e redes de água (EB-183)
 tubos de PVC rígido para instalações prediais de água fria (EB-892)
Os tubos de EB-183 são comercializados como PBA (Tubo de Ponta, Bolsa e Anel de Borracha),
PBS (Tubo em Ponta e Bolsa para Soldar) e F (Tubo Flangeado) e só são usados em adutoras, redes de
água, redes enterradas de prevenção contra incêndios e em instalações industriais. As classes destes tubos
são: 12, 15 e 20.
Os tubos referidos na EB-892 são destinados às instalações prediais de água fria e são de classe
15. Estes tubos podem ser com juntas soldáveis ou com juntas roscáveis e a Tabela 1 mostra as suas
referências e dimensões.
Os tubos de PVC rígido podem ser utilizados em instalações prediais de água fria desde que não
sejam ultrapassados, em nenhum ponto da instalação, os valores estabelecidos pela Norma, desde que não
hajam válvulas de descarga interligadas a esses tubos, e em prédios que não possuam grandes alturas. A
Tabela 2, mostra o diâmetro e as dimensões para os tubos plásticos (PVC).
A válvula de descarga é um dispositivo que produz valores elevados de sobre-pressão (golpe de
aríete) na rede em que estiver interligada. Tal fato ocorre porque esta peça, que possui uma grande
abertura ocasionando velocidades elevadas nas canalizações que a alimenta, causa golpes de aríete nas
tubulações, se a mesma apresentar fechamento rápido. Esses golpes podem romper ou causar vazamentos
nas canalizações, devendo-se por isso tomar cuidados especiais ao instalar tais válvulas.
Atualmente são fabricados dois tipos de válvulas de descargas que permitem minimizar o
problema do golpe de aríete por elas produzidas:
 Com fechamento gradativo: modifica-se a manobra de fechamento, fazendo-se com que o fluxo de
água ocorra paulatinamente durante o tempo de funcionamento da válvula.
 Fechamento lento: aumenta-se o tempo de funcionamento da válvula, havendo um acréscimo no
consumo.

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As caixas de descargas, principalmente as acopladas aos vasos, tem sido muito empregadas em
lugar de válvulas de descarga, por apresentarem as seguintes vantagens: requerem diâmetros menores de
tubulação, inexistência de problemas de pressões (golpes) e economia de construção.
Tabela 1 – Diâmetro e Dimensões de Tubos de PVC.

3.2 - Velocidades
As tubulações devem ser dimensionadas de modo que a velocidade da água, em qualquer trecho
de tubulação, não atinja valores superiores a 3,0 m/s.

4. ESTIMATIVA DO CONSUMO DIÁRIO

De acordo com a Tabela 2 de estimativa de consumo predial diário, é que uma pessoa consome em
média 150 litros de água por dia.
Por exemplo, o CD de um prédio residencial constituído de 10 pavimentos tipo, contendo 3 apartamentos
por pavimento e 5 pessoas por apartamento, é:
CD = 10 pav. x 3 apto./pav. x 5 hab./apto. x 200 1/dia hab.
CD = 30.000 l/dia .: CD = 30.000 litros .: CD = 30 m3
O valor de 200 l/dia pessoa é obtido na Tabela 2.

5. RAMAL PREDIAL

De um modo geral, o diâmetro do ramal predial é fixado pela Concessionária de água local. A
Norma prevê dois casos para que se possa determinar a vazão do ramal predial, quando se tem
distribuição direta, a vazão do ramal é dada por:
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QC P (1)

Onde: Q é em l/s
C é o coeficiente de descarga = 0,30 l/s
P é a soma dos pesos correspondentes a todas as peças de utilização alimentadas através do trecho
considerado (ver Tabela 3, extraída da NBR 5626).

Tabela 2 – Estimativa de consumo diário (*).


Tipo de construção Consumo médio (litros/dia)
Alojamentos provisórios 80 por pessoa
Casas populares ou rurais 120 por pessoa
Residências 150 por pessoa
Apartamentos 200 por pessoa
Hotéis (s/cozinha e s/ lavanderia) 120 por hóspede
Escolas - internatos 150 por pessoa
Escolas - semi internatos 100 por pessoa
Escolas - externatos 50 por pessoa
Quartéis 150 por pessoa
Edifícios públicos ou comerciais 50 por pessoa
Escritórios 50 por pessoa
Cinemas e teatros 2 por lugar
Templos 2 por lugar
Restaurantes e similares 25 por refeição
Garagens 50 por automóvel
Lavanderias 30 por kg de roupa seca
Mercados 5 por m² de área
Matadouros - animais de grande porte 300 por cabeça abatida
Matadouros - animais de pequeno porte 150 por cabeça abatida
Postos de serviço p/ automóveis 150 por veículo
Cavalariças 100 por cavalo
Jardins 1,5 por m²
Orfanato, asilo, berçário 150 por pessoa
Ambulatório 25 por pessoa
Creche 50 por pessoa
Oficina de costura 50 por pessoa
(*) Os valores citados são estimativos, devendo ser definido o valor adequado a cada projeto.

Quando se tem distribuição indireta a Norma admite que a alimentação seja feita continuamente,
durante 24 horas do dia e a vazão é dada pela expressão:

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Cd
Q (2)
86.400
Onde:
Q é a vazão em l/s
Cd é o consumo diário em l/dia
Uma vez conhecida a vazão do ramal predial, tanto no caso de distribuição direta ou indireta, o
serviço de água deverá ser consultado para a fixação do diâmetro. Geralmente, na prática, adota-se, para o
ramal predial, uma velocidade igual a 0,6 m/s, de tal modo a resultar um diâmetro que possa garantir o
abastecimento do reservatório mesmo nas horas de maior consumo.

Tabela 3 – Vazões dos Projetos e Pesos Relativos dos Pontos de Utilização.

6. CAPACIDADE DOS RESERVATÓRIOS E RECOMENDAÇÕES

A NBR 5626 (1) recomenda que a reservação total a ser acumulada nos reservatórios inferiores e
superiores não deve ser inferior ao consumo diário e não deve ultrapassar a três vezes o mesmo.
Os reservatórios com capacidade superior a 1000L devem ser compartimentados a fim de que o
sistema de distribuição não seja interrompido durante uma operação de limpeza, pois ao se levar um

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compartimento, o outro garantirá o funcionamento da instalação. Geralmente é recomendável a seguinte


divisão de volume entre os reservatórios superior e inferior:
 volume útil do Reservatório Superior = 40% do volume total
 volume útil do Reservatório Inferior = 60% do volume total
Essa divisão é válida quando o volume total a ser armazenado for igual ao consumo diário.
Quando se pretender armazenar um volume maior que o consumo diário, ele deve ser feito no reservatório
inferior. Seja, por exemplo, um edifício de apartamentos em que o consumo diário é de 100 m3 e o
volume total a ser armazenado é de 1,5 do consumo diário. Portanto:

Volume do reservatório inferior:


VRI = 0,6 x 100 x 1,5 = 90 m3

Volume do reservatório superior:


VRS = 0,4 x 100 = 40 m3

7. CANALIZAÇÃO DE DESCARGA DOS RESERVATÓRIOS


O diâmetro da canalização de descarga dos reservatórios é determinado através da expressão:
A
S  h (3)
4850  t
Onde:
A = área em planta de um compartimento (m 2)
t = tempo de esvaziamento ( 2 h)
h = altura inicial de água (m)
S = seção do conduto de descarga (m2)

8. DIMENSIONAMENTO DA INSTALAÇÃO ELEVATÓRIA DA ÁGUA PARA


ABASTECIMENTO

8.1 – Vazão Horária de Recalque (Qr)

A vazão de recalque deverá ser, no mínimo, igual a 15% do consumo diário, expressa em m3/h.
Por exemplo, para um consumo diário, igual a 100 m3, Qr será no mínimo, igual a 15 m3/h.

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8.2. Período de funcionamento da bomba

O período de funcionamento durante o dia será função da vazão horária. No caso em que Qr é
igual a 15% de do consumo diário, o período de funcionamento da bomba resulta a aproximadamente
igual a 6,7 horas.
8.3 Diâmetro de canalização de Recalque (Dr)

De acordo com a NBR 5626 (1), emprega-se a seguinte expressão:

D r  1,3  Q r  4 X (4)
Dr – diâmetro de recalque (m)
Qr – vazão de recalque (m3/s)
X = (número de horas por dia)/24
Por exemplo, se X = 6,70/24,279 = 0,279; Então: Qr = 15 m3/h ou Qr = 4,17 x 10-3 m3/s. Logo, o
diâmetro de recalque, Dr , será igual a 61 cm. Assim, deverá ser adotado Dr = 60 mm que é comercial
existente.

8.4 Diâmetro da canalização de sucção (Ds)

O diâmetro de canalização de sucção será, no mínimo, igual ao nominal superior a D r. Para o caso
anterior, onde Dr = 60 mm, tem-se que Ds = 75 mm.

8.5 Cálculo da perda de carga

Para o cálculo da perda de carga nas linhas de sucção e recalque, utiliza-se as equações:

a) Darcy-Weisbach (fórmula universal): determina a perda de perda de carga distribuída ao longo das
canalizações.
L V2
H f  (4)
D 2g
Onde:
f = fator de atrito; depende do número de Reynolds e da rugosidade equivalente (/D);

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L = comprimento da canalização (m);


D = diâmetro da canalização (m);
V = velocidade de escoamento da água (m/s)
g = aceleração da gravidade (m/s²)
Para calcularmos a perda de carga distribuída utilizando a equação (4) precisamos antes
determinar o valor do fator de atrito (f). Para escoamentos turbulentos, o fator de atrito pode ser
determinado experimentalmente. Moody (1944) compilou os resultados de diversas mediçõesdo fator de
atrito para uma vasta faixa de número de Reynolds e diversos valores de rugosidade equivalente. Os
resultados deste trabalho são reproduzidos no gráfico da Figura 2, que ficou conhecido por diagrama de
Moody.

Figura 2. Diagrama de Moody.

Para evitar a necessidade do uso de métodos gráficos na obtenção do fator de atrito para
escoamentos turbulentos, diversas expressões matemáticas foram criadas através de curvas de ajuste dos
dados experimentais. A expressão mais usual para o fator de atrito é a equação de Colebrook:

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1  /D 2,51 
 2,0 log   (5)
 
f  3,7 Re f 

Essa expressão, plenamente aceita para cálculos de engenharia, apresenta o inconveniente de apresentar o
fator de atrito de forma implícita, requerendo um processo de cálculo iterativo. Se julgarmos interessante
optar por equações que apresentem o fator de atrito de forma explícita, podemos utilizar a equação de
Haaland:

1  6,9   / D 1,11 
 1,8 log     (6)
f  Re  3,7  

Outra equação, mais moderna, desenvolvida para o cálculo do fator de atrito, é a equação de Petukov, que
além de expressar o fator de atrito de forma explícita, é adequada para cálculos em uma faixa mais ampla
de números de Reynolds (3500  Re  5x106):

f  0.790 ln Re  1,64


2
(7)

b) perda de carga localizada ou singular: A expressão mais comumente utilizada para modelar uma
perda de carga localizada, Hs, é:

V2
HS  KS  (8)
2g

Onde Ks é o coeficiente de perda de carga singular, função da geometria da singularidade (conexão).


Geralmente pode-se encontrar o valor para Ks em tabelas técnicas e Ábacos que são fornecido pelas
empresas responsáveis pela fabricação das conexões (Tigre, Amanco, Krona, etc.).

8.6 Escolha da Bomba

Para a escolha da bomba, deve-se ter Qr, Dr e Ds. Os desenhos (em planta e corte) fornecerão os
cumprimentos totais (real + equivalente) das canalizações de recalque e sucção. Se Hg for o desnível entre

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o nível mínimo no reservatório inferior e a saída de água no reservatório superior, a altura manométrica
(Hm) será:

Hm = Hg + Hs + Hg (9)
Onde:
Hr = perda de carga total no recalque
Hs = perda de carga total na sucção
Conhecendo-se Hm, pode-se determinar a potência da bomba através da expressão:

γ  Qr  H m
N (10)
η
Onde:
N = potência da bomba (watts ou CV)
 = peso específico da água (N/m3)
 = rendimento do conjunto elevatório (rendimento da bomba).

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CAPÍTULO II: DIMENSIONAMENTO HIDRÁULICO RESIDENCIAL DE ÁGUA FRIA

1. INTRODUÇÃO

O dimensionamento de um sistema hidráulico residencial, visa os seguintes objetivos:


 Suprir os ocupantes de uma edificação com água fria necessária para suas atividades higiênicas,
fisiológicas e domésticas diárias;
 Garantir abastecimento contínuo e suficiente de água fria em todos os pontos de consumo;
 Limitar a pressão e a velocidade aos valores estabelecidos por norma, em todos os trechos da
instalação;
 Proporcionar conforto ao usuário.garantir a qualidade da água, para garantir a higiene e saúde do
usuário;
 Tornar a instalação econômica, sem comprometer a qualidade.

2. SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO

Antes de se fazer o sistema de distribuição, deve-se tomar algumas precauções:


 Evite a passagem da tubulação pelo piso, porque, no caso de eventual vazamento em junta, torna-se
difícil sua localização e se faz necessária a quebra do piso. É aconselhável passar a tubulação pelo
muro ou parede.
 Eventualmente, se houver a necessidade de se instalar a tubulação no piso, observe se ela, na vala, foi
envolvida em material sem pedras ou corpos estranhos que possam danificá-la e, principalmente, se a
vala foi bem compactada (socada).
 Não cruze e nem encoste a tubulação de água fria com a tubulação de água quente. Evite também que
elas sejam instaladas próximas uma das outra ou próximas à chaminés (lareiras).
 Recomenda-se sempre a colocação de registros de gavetas em cada ambiente (banheiro, cozinha, área
de serviço etc.), para facilitar a manutenção e evitar perda de água no caso de vazamentos em
qualquer aparelho.
A instalação de água fria começa na rede pública ou, no caso de locais afastados, no poço onde se
coleta a água. Para efeito deste nosso estudo, vamos supor que a residência está ligada à rede pública, que
corre pela calçada ou até mesmo pelo meio da rua, conforme ilustra a Figura 1 abaixo.

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Quando se faz o pedido de ligação de água a concessionária faz uma sangria na tubulação que
chega até um registro localizado junto ao alinhamento do lote. Este registro pertence à concessionária,
que o usa para interromper o fornecimento caso o usuário não pague a conta.

Figura 1. Esquema de uma instalação hidráulica residencial.

Do registro de entrada da concessionária parte uma ligação que chega até o hidrômetro, que faz
parte de um conjunto chamado popularmente de “cavalete”. O cavalete é constituído pelo medidor de
consumo também pertencente à concessionária e o registro geral da água fria, este já pertencente ao
usuário.
Pelas normas das concessionárias, o cavalete pode ficar até 1,50 m afastado da frente do lote, mas
é conveniente colocá-lo bem na testada, voltado para fora, possibilitando a leitura do consumo sem que o
funcionário da concessionária precise adentrar o imóvel.
Do cavalete de entrada sai uma ramificação que sobe até o reservatório superior, a famosa “caixa
d'água”. No final desta alimentação, dentro da caixa d'água, está a torneira de bóia, encarregada de manter
o nível da água lá armazenada. Da mesma saída do cavalete, também se costuma levar uma tubulação que
alimenta a cozinha (torneira e filtro) e também a área de serviço, locais que precisam de mais pressão e/ou
de água mais límpida. Este ramal extra costuma ser usado também para alimentar as torneiras de jardim,
pois a maior pressão disponível facilita o uso de mangueiras para lavagem e irrigação.

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2.1 SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO

2.1.1 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DIRETO

A alimentação da rede predial de distribuição é feita diretamente da rede pública de


abastecimento, conforme ilustra a Figura 2. Nesse caso, não existe reservatório domiciliar, e a
distribuição é feita de forma ascendente, ou seja, as peças de utilização de água são abastecidas
diretamente da rede pública.

Figura 2. Sistema de distribuição de água direto

Esse sistema tem baixo custo de instalação, porém, se houver qualquer problema que ocasione a
interrupção no fornecimento de água no sistema público, certamente faltará água na edificação.

2.1.2 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO INDIRETO

No sistema indireto, adotam-se reservatórios para minimizar os problemas referentes à


intermitência ou a irregularidades no abastecimento de água e a variações de pressões da rede pública. No
sistema indireto, consideram-se três situações, descritas a seguir.

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A. SISTEMA INDIRETO SEM BOMBEAMENTO

Esse sistema é adotado quando a pressão na rede pública é suficiente para alimentar o reservatório
superior. O reservatório interno da edificação ou do conjunto de edificações alimenta os diversos pontos
de consumo por gravidade; portanto, ele deve estar sempre a uma altura superior a qualquer ponto de
consumo.
Obviamente, a grande vantagem desse sistema é que a água do reservatório garante o
abastecimento interno, mesmo que o fornecimento da rede pública seja provisoriamente interrompido, o
que o torna o sistema mais utilizado em edificações de até três pavimentos (9 m de altura total até o
reservatório).

Figura 3. Sistema indireto de abastecimento sem bomba hidráulica.

B. SISTEMA INDIRETO COM BOMBEAMENTO

Esse sistema, normalmente, é utilizado quando a pressão da rede pública não é suficiente para
alimentar diretamente o reservatório superior, como por exemplo, em edificações com mais de três
pavimentos (acima de 9 m de altura). Nesse caso, adota-se um reservatório inferior, de onde a água é
bombeada até o reservatório elevado, por meio de um sistema de recalque. A alimentação da rede de
distribuição predial é feita por gravidade, a partir do reservatório superior.
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C. SISTEMA INDIRETO HIDROPNEUMÁTICO

Esse sistema de abastecimento requer um equipamento para pressurização da água a partir de um


reservatório inferior. Ele é adotado sempre que há necessidade de pressão em determinado ponto da rede,
que não pode ser obtida pelo sistema indireto por gravidade, ou quando, por razões técnicas e
econômicas, se deixa de construir um reservatório elevado.
É um sistema que demanda alguns cuidados especiais. Além do custo adicional, exige manutenção
periódica. Além disso, caso falte energia elétrica na edificação, ele fica inoperante, necessitando de
gerador alternativo para funcionar.

Figura 4. Sistema de abastecimento indireto via hidropneumática.

D. SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO MISTA

No sistema de distribuição mista, parte da alimentação da rede de distribuição predial é feita


diretamente pela rede pública de abastecimento e parte pelo reservatório superior.
Esse sistema é o mais usual e mais vantajoso que os demais, pois algumas peças podem ser
alimentadas diretamente pela rede pública, como torneiras externas, tanques em áreas de serviço ou

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edícula, situados no pavimento térreo. Nesse caso, como a pressão na rede pública quase sempre é maior
do que a obtida a partir do reservatório superior, os pontos de utilização de água terão maior pressão.

Figura 5. Sistema de distribuição residêncial mista.

2.2 LIGAÇÕES DA CAIXA D'ÁGUA

Além da tubulação de alimentação, que termina na torneira de bóia, existem na caixa d'água mais
três tipos de ligação: ladrão, lavagem e barriletes. O ladrão fica localizado na parte superior da caixa
d'água, próximo à borda. Sua função é evitar que água transborde, caso a torneira de bóia falhar.
Justamente para isto, o diâmetro do ladrão tem que ser maior do que a tubulação de entrada. Em geral, nas
residências se usa tubo de 25 mm na alimentação e de 32 mm no ladrão e na tubulação de lavagem. Esta
última fica exatamente no fundo, bem rente à borda, e sua função é esvaziar totalmente a caixa para
limpeza ou manutenção. Para tanto a tubulação de lavagem tem um registro, para ser aberto única e
exclusivamente nesta ocasião.
Chegamos então aos barriletes. Este é o nome que se dá para as saídas onde serão conectadas as
tubulações de distribuição da água fria pelo imóvel. Mas qual é a diferença entre um barrilete e a saída
para lavagem? O barrilete coleta a água pelo menos 10 cm acima do fundo da caixa, para evitar que se use

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água contaminada pelos depósitos que vão sedimentando no fundo da caixa. A saída para lavagem coleta
a água o mais próximo possível ao fundo, justamente para retirar as partículas sedimentadas.
2.3 RAMAIS DE DISTRIBUIÇÃO

Como vimos, os barriletes são o ponto de ligação entre os ramais de distribuição e a caixa d'água.
Os ramais de distribuição, por sua vez, levam a água fria através do imóvel conduzindo-a até os pontos de
consumo, constituídos pelos chuveiros e torneiras. Em pequenas obras, costuma-se sair com um tubo de
50 mm (1 1/2”) para alimentar o banheiro (com válvula de descarga) e outra de 25 ou 32 mm para
alimentar cozinha, área de serviço e banheiros com bacia de caixa acoplada. Em obras maiores, com mais
cômodos, é conveniente fazer uma saída para cada banheiro, outra para a cozinha e outra para a área de
serviço. Com isto, um ambiente não interfere no funcionamento do outro, pois ficam totalmente
independentes.
Caso o banheiro utilize caixa acoplada ao invés de válvula de descarga, pode ser alimentado com
um único tubo de 25 ou 32 mm, que servirá também para o chuveiro e pia. Se o projeto estiver prevendo
aproveitamento de água de chuva, de cisterna ou de reuso, deverá haver uma caixa d'água e uma
tubulação especificamente para o vaso sanitário, pois não se deve utilizar água reciclada no chuveiro, nas
pias, na cozinha e na área de serviço.
As medidas de tubo que indicamos acima são genéricas, mas são também as mais usadas, tanto
que acabaram virando padrão para os dispositivos encontrados no comércio. Atendem realmente à
maioria dos casos de pequenas obras, mas se você tiver um projeto diferente, como um comércio ou
indústria, ou até mesmo uma residência um pouco mais sofisticada precisará dimensionar a tubulação,
conforme veremos adiante.

2.4 DIMENSIONANDO A TUBULAÇÃO

O cálculo preciso para saber o melhor diâmetro de um tubo de distribuição de água fria leva em
conta diversos parâmetros como comprimento e tipo do tubo, quantidade de curvas e tês, vazão e pressão
disponíveis. Em construções maiores, onde o custo passa a ser crítico, é conveniente fazer o cálculo
exato, pois cada centavo economizado será multiplicará várias vezes dando uma boa diferença no final do
custo da obra.
Em obras pequenas, digamos, com até três andares, você pode fazer um dimensionamento
simplificado utilizando o método dos pesos (já visto no capítulo I, para dimensionamento de sistemas

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hidráulicos prediais). Esse método baseia-se no consumo de cada tipo de aparelho sanitário, de acordo
com a Tabela 1.
Vamos supor um banheiro onde existe uma bacia sanitária, bidê, lavatório e chuveiro. É
improvável que tudo funcione ao mesmo tempo, assim, vamos admitir que funcionarão simultaneamente
apenas a descarga do vaso sanitário e o chuveiro. Portanto, o peso máximo será de 40 + 0,5 = 40,5.

Tabela 1. Pesos para cada tipo de aparelho.


Aparelho Peso
Vaso sanitário (com válvula) 40
Lavatório 0,5
Bidê 0,1
Banheira 1
Chuveiro 0,5

Com este valor em mãos, vamos ficar com o tradicional tubo de 50 mm, equivalente ao o de
1 1/2". Não se esqueça, nos tubos de PVC são especificados pelo diâmetro externo, portanto o de 2"
corresponde ao de 60mm e não ao de 50mm.
O dimensionamento pelo método dos pesos funciona a contento em pequenas obras, mas o correto
mesmo é contratar um profissional especializado que poderá fazer os cálculos exatos e especificar
corretamente os materiais. Como em tudo na Engenharia, os cálculos precisam ser interpretados,
considerando-se cada situação em especial.
O cálculo hidráulico das tubulações deve ser executado por métodos adequados para este fim,
sendo que os resultados alcançados têm que satisfazer a uma das seguintes equações apresentadas a
seguir:

a) Colebrook (“fórmula universal”):

onde:
hf = perda de carga, (mca);
f = fator de atrito;
L = comprimento virtual da tubulação (m);
D = diâmetro interno, (m);
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v = velocidade do fluido, (m/s);


g é a aceleração da gravidade, (m/s²).

b) Hazen Williams:

onde:
J = perda de carga por atrito, (kPa/m);
Q = vazão, (L/min);
C = fator de HazenWilliams;
D = diâmetro interno do tubo, (mm).

2.5 DIMENSIONAMENTO DOS RESERVATÓRIOS

De acordo com NBR 5626, a capacidade dos reservatórios deve ser estabelecida levando-se em
consideração o padrão de consumo de água no edifício e, onde for possível obter informações, a
frequência e duração de interrupções do abastecimento.
O volume de água reservado para uso doméstico deve ser, no mínimo, o necessário para 24 horas
de consumo normal no edifício, sem considerar o volume de água para combate a incêndio. No caso de
residência pequena, recomenda-se que a reserva mínima seja de 500 litros. Para o volume máximo, a
norma recomenda que sejam atendidos dois critérios: garantia de potabilidade da água nos reservatórios
no período de detenção médio em utilização normal; atendimento à disposição legal ou ao regulamento
que estabeleça volume máximo de reservação.
Para o cálculo do dimensionamento dos reservatórios, utiliza-se duas fórmulas básicas:
a) Cálculo do consumo diário

Cd  N  C

b) Cálculo da reserva de incêndio:

Vmin  Cd  I 1,25

Sendo: Vmin. = Volume mínimo em litros


Cd = consumo diário em litros
N = população abastecida

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C = consumo por unidade


I = reserva de incêncio
1,25 = coeficiente de segurança
2.6. DIMENSIONAMENTO DA BOMBA

A. Cálculo da Altura Manométrica Total (HMT): HMT = Pd + Hs + Hr


Onde:
HMT = Altura Manométrica Total
Pd = Pressão disponível
Hs = Perda de Carga na Sucção
Hr = Perda de Carga no Recalque

C. Cálculo da Perda de Carga localizada:


V2
HS  KS 
2g

K = coeficiente de perda de carga nas conexões

2.7 DIMENSIONAMENTO DO CONJUNTO MOTOR – BOMBA:


Hmt  Q
Potência 
75 
Onde: Hmt = Altura Manométrica total
Q = Vazão em l / Seg.
 = Rendimento Admitido = 85%

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CAPÍTULO III: DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS HIDRÁULICOS DE INCÊNDIO

1. INTRODUÇÃO

As Instalações Hidráulicas de Proteção Contra Incêndio sob comando são aquelas em que o afluxo
de água, do ponto de aplicação, faz-se através de controle manual de dispositivos adequados.
Para a instalação deste sistema, deverão ser obedecidas as exigências da NBR 13714 da ABNT,
sendo que somente serão aceitos esguichos especiais reguláveis.
As edificações que não possuírem sistema hidráulico sob comando, distando a mais de 30m da via
de acesso para veículos de combate a incêndio, deverão instalar rede seca.
Nas edificações onde houver reserva de água elevada, com capacidade superior a 10.000 L. (dez
mil litros), deverá ser instalado um ponto de tomada de água, com prolongamento até local de fácil acesso
para veículos de combate a incêndio.

2. OBJETIVOS
Extinguir o fogo; evitar a sua propagação; resfriar os materiais e o edifício.

3. CLASSIFICAÇÃO
1. Sistemas móveis: extintores portáteis e extintores sobre rodas.
2. Sistemas fixos:
 Sob comando: hidrantes e mangotinhos;
 Automáticos: chuveiros automáticos (sprinklers) e água nebulizada.

3.1 SISTEMA DE PROTEÇÃO POR EXTINTORES DE INCÊNDIO

Os Decretos Estaduais No. 37380/1997 e No. 38273/1998, RS, estabelecem:


 É obrigatória a instalação de extintores de incêndio em todas as edificações e estabelecimentos
existentes e em construção e a construir, excetuados os prédios unifamiliares.
 A existência de outros sistemas de proteção não exclui a obrigatoriedade da instalação de
extintores.

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 Será exigido, no mínimo, duas unidades extintoras por pavimento, exceto nos prédios
exclusivamente residenciais e estabelecimentos com risco de incêndio pequeno ou médio, com
área construída de até 30 m², onde será exigida apenas uma unidade.
 Somente serão aceitos extintores de incêndio cuja qualidade seja atestada pelo INMETRO e
demais órgãos credenciados.
 A classificação do risco de incêndio será feita com base nas normas do Instituto de Resseguros do
Brasil (IRB).

O acesso aos extintores, em hipótese alguma, poderá ser obstruído total ou parcialmente. Os
responsáveis pela segurança e atendimento dos prédios deverão possuir conhecimento de manuseio e
emprego dos extintores a ser administrado pela firma instaladora ou Corpo de Bombeiros. A instalação
dos extintores deverá ser permanentemente mantida em rigoroso
estado de conservação e funcionamento.

3.1.1 CLASSIFICAÇÃO DOS EXTINTORES

 CLASSE „A: Fogo em materiais combustíveis sólidos, tais como madeira, papel e assemelhados.
A extinção se dá por resfriamento, principalmente pela ação da água.
 CLASSE „B‟: Fogo em combustíveis líquidos e gasosos, tais como: inflamáveis, óleos, graxas,
vernizes, GLP e assemelhados. A extinção se dá por abafamento, pela quebra da cadeia química
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ou pela retirada do material. Os agentes extintores podem ser produtos químicos secos, líquidos
vaporizantes, CO2, água nebulizada e a espuma mecânica (mais indicado).
 CLASSE „C‟: Fogo em equipamentos elétricos tais como: transformadores, motores, aparelhos de
ar condicionado, televisores, rádios e assemelhados. São usados os pós químicos secos, líquidos
vaporizantes e o CO2.
 CLASSE „D‟: Fogo em metais pirofóricos, tais como: magnésio, titânio e zircônio. Esses metais
queimam mais rapidamente, o combate exige equipamentos, técnicas e agentes extintores
especiais, que formam uma capa protetora isolando o metal combustível do ar atmosférico.

Figura 1. Esquema de instalação do extintor de incêncio.

3.2 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS DE COMBATE A INCÊNDIO SOB COMANDO


Os Decretos Estaduais No. 37380/1997 e No. 38273/1998, RS, estabelecem:
As edificações deverão ser dotadas de instalações hidráulicas de combate a incêndio quando:
I - possuírem altura superior a 12 m;
II - não sendo residenciais, tiverem área total construída superior a 750 m2;
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III - forem destinadas a postos de serviço ou garagem com abastecimento de combustíveis;


IV - destinadas à residência, com área de pavimento superior a 750 m2;
V - servirem como depósitos de gás liqüefeito de petróleo;
VI - Depósitos de líquidos inflamáveis e combustíveis.

3.2.1 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO SOB COMANDO:

São aquelas em que o afluxo de água, do ponto de aplicação, faz-se através de controle manual de
dispositivos adequados.
Para a instalação deste sistema, deverão ser obedecidas as exigências da NBR 13714 da ABNT,
sendo que somente serão aceitos esguichos especiais reguláveis.
As edificações que não possuírem sistema hidráulico sob comando, distando a mais de 30m da via
de acesso para veículos de combate a incêndio, deverão instalar rede seca.
Nas edificações onde houver reserva de água elevada, com capacidade superior a 10.000 litros,
deverá ser instalado um ponto de tomada de água, com prolongamento até local de fácil acesso para
veículos de combate a incêndio.

3.2.2 TERMINOLOGIA (NBR 13714/2000)

Bombas de incêndio:
a) Bomba principal: bomba hidráulica centrífuga destinada a recalcar água para os sistemas de combate
a incêndio.
b) Bomba de pressurização (Jockey): bomba hidráulica centrífuga destinada a manter o sistema
pressurizado em uma faixa preestabelecida.
c) Bomba de reforço: bomba hidráulica centrífuga destinada a fornecer água aos hidrantes ou
mangotinhos mais desfavoráveis hidraulicamente, quando estes não puderem ser abastecidos somente
pelo reservatório elevado.
d) Dispositivo de recalque: dispositivo para uso do Corpo de Bombeiros, que permite o recalque de água
para o sistema, podendo ser dentro da propriedade quando o acesso do Corpo de Bombeiros estiver
garantido.
e) Esguicho: dispositivo adaptado na extremidade das mangueiras, destinado a dar forma, direção e
controle ao jato, podendo ser do tipo regulável (neblina ou compacto) ou de jato compacto.

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f) Reserva técnica de incêndio: volume mínimo de água destinado exclusivamente ao combate a


incêndio.
h) Sistema de hidrantes ou de mangotinhos: Sistema de combate a incêndio composto por reserva de
incêndio, bombas de incêndio (quando necessário), rede de tubulação, hidrantes ou mangotinhos e outros
acessórios.

3.2.3 TIPOS DE SISTEMAS SOB COMANDO:

a) Sistema de Mangotinhos (tipo 1):


É constituído por tomadas de incêndio nas quais há uma (simples) saída, contendo válvula de
abertura rápida, de passagem plena, permanentemente acoplada nela uma mangueira semi-rígida,
esguicho regulável e demais acessórios.

b) Sistema de Hidrantes (tipos 2 e 3):


É constituído por tomadas de incêndio nas quais há uma (simples) ou duas (duplo) saídas de água.
São formadas por válvulas angulares com seus respectivos adaptadores, tampões, mangueiras de incêndio
e acessórios.

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3.2.3.1 Composição dos sistemas sob comando:

A instalação sob comando é constituída de reservatório, barrilete de incêndio, válvulas de retenção


e de gaveta, colunas de incêndio, caixas de incêndio, hidrantes de passeio ou recalque e sistema de
bombeamento. A reserva técnica para incêndio pode ser armazenada em reservatório superior ou inferior.
3.2.3.2 Abastecimento por reservatório superior ou elevado:

A instalação sob comando abastecida por reservatório superior utiliza o dispositivo de


bombeamento da instalação de abastecimento do prédio, em alguns casos é necessária à utilização de
bombas de reforço. O sistema é constituído basicamente de:
 reservatório superior;
 barrilete de incêndio;
 válvula de retenção e de gaveta;
 dispositivo de acionamento das bombas;
 sistema de bombas, se necessário;
 colunas de incêndio;
 abrigos ou caixas de incêndio;
 sistema de alarmes.
 hidrante de passeio ou recalque;

3.2.3.3 Abastecimento por reservatório inferior:

A instalação sob comando abastecida por reservatório inferior deverá utilizar dispositivo de
bombeamento próprio. O sistema é constituído basicamente de:
 reservatório inferior;
 válvula de retenção e de gaveta;
 sistema de bombas;
 linha de controle das bombas;
 colunas de incêndio;
 abrigos ou caixas de incêndio;
 sistema de alarmes.
 hidrante de passeio ou recalque;

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3.2.4 Recalque
Todos os sistemas devem ser dotados de dispositivo de recalque, consistindo em um
prolongamento de mesmo diâmetro da tubulação principal, com diâmetro mínimo DN50 (2”) e máximo
de DN100 (4”), cujos engates são compatíveis aos utilizados pelo Corpo de Bombeiros local.
Quando o dispositivo de recalque estiver situado no passeio (hidrante de passeio), este deverá ser
enterrado em caixa de alvenaria, com fundo permeável ou dreno, tampa articulada e requadro em ferro
fundido, identificada pela palavra “INCÊNDIO”, com dimensões de 0,40 m x 0,60 m, afastada a 0,50 m
do meio-fio; a introdução tem que estar voltada para cima em ângulo de 45° e posicionada, no máximo, a
0,15 m de profundidade em relação ao piso do passeio, conforme a Figura 2.
O volante de manobra da válvula deve estar situado a no máximo 0,50 m do nível do piso
acabado. Tal válvula deve ser do tipo gaveta ou esfera, permitindo o fluxo de água nos dois sentidos, e
instalada de forma a garantir seu adequado manuseio. O hidrante de passeio pode ser utilizado pelo corpo
de Bombeiros para bombear água para dentro da instalação predial de incêndio, devendo, por isso, o
barrilete de incêndio ser dotado de válvula de retenção.

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Figura 4. Detalhes construtivos do hidrante de recalque ou passeio (NBR 13714).

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4. DIMENSIONAMENTO

4.1 TUBULAÇÃO

A tubulação, conexões e outros acessórios são destinados a conduzir a água, desde a reserva de
incêndio até os hidrantes ou mangotinhos. A tubulação do sistema não deve ter diâmetro nominal inferior
a DN 65 (21/2”). A tubulação aparente do sistema deve ser em cor vermelha.

4.2 ESGUICHO

O alcance do jato compacto produzido por qualquer sistema não deve ser inferior a 8 m, medido
da saída do esguicho ao ponto de queda do jato.

4.3 ALARME

Todo sistema deve ser dotado de alarme, indicativo do uso de qualquer ponto de hidrante ou
mangotinho, que é acionado automaticamente através de pressostato ou chave de fluxo.

4.4 ABRIGO

As mangueiras de incêndio devem ser acondicionadas dentro dos abrigos: em ziguezague ou


aduchadas conforme especificado na NBR 12779, sendo que as mangueiras semi-rígidas podem ser
acondicionadas enroladas, com ou sem o uso de carretéis axiais ou em forma de oito, permitindo sua
utilização com facilidade e rapidez.
No interior do abrigo pode ser instalada a válvula angular, desde que o seu manuseio e
manutenção estejam garantidos.
Os abrigos devem ser em cor vermelha, possuindo apoio ou fixação própria, independente da
tubulação que abastece o hidrante ou mangotinho.

4.4 LOCALIZAÇÃO DOS HIDRANTES E MANGOTINHOS

Os pontos de tomada de água devem ser posicionados:


a) Nas proximidades das portas externas à área a ser protegida, a não mais de 5 m;
b) Em posições centrais nas áreas protegidas;

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c) Fora das escadas ou antecâmaras de fumaça;


d) De 1,0 m a 1,5 m do piso.

Nos hidrantes externos, quando afastados de no mínimo 15 m ou 1,5x a altura da parede externa
da edificação a ser protegida, poderão ser utilizados até 60m de mangueira (preferencialmente em lances
de 15m), desde que devidamente dimensionados hidraulicamente. Recomenda-se que sejam utilizadas
mangueiras de 65 mm de diâmetro para redução da perda de carga do sistema e o último lance de 40 mm
para facilitar seu manuseio.
A utilização do sistema não deve comprometer a fuga dos ocupantes da edificação; portanto, deve
ser projetado de tal forma que dê proteção em toda a edificação, sem que haja a necessidade de adentrar
as escadas, antecâmaras ou outros locais determinados exclusivamente para servirem de rota de fuga dos
ocupantes.
Todos os pontos de hidrantes ou de mangotinhos devem receber sinalização conforme a NBR
13435, de modo a permitir sua rápida localização.

5. CÁLCULOS

O cálculo hidráulico das tubulações deve ser executado por métodos adequados para este fim,
sendo que os resultados alcançados têm que satisfazer a uma das seguintes equações apresentadas a
seguir:

a) Colebrook (“fórmula universal”):

Onde:
hf = perda de carga, (mca);
f = fator de atrito;
L = comprimento virtual da tubulação (m);
D = diâmetro interno, (m);
v = velocidade do fluido, (m/s);
g é a aceleração da gravidade, (m/s²).

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b) Hazen Williams:

Onde:
J = perda de carga por atrito, (kPa/m);
Q = vazão, (L/min);
C = fator de HazenWilliams;
D = diâmetro interno do tubo, (mm).

2. DIMENSIONAMENTO DO RESERVATÓRIO DE INCÊNDIO

Para o cálculo do dimensionamento do reservatório de incêndio, utiliza-se duas fórmulas básicas:

a) Cálculo do consumo diário

Cd  N  C

b) Cálculo da reserva de incêndio:

Vmin  Cd  I 1,25

Sendo:
Vmin. = Volume mínimo em litros
Cd = consumo diário em litros
N = população abastecida
C = consumo por unidade
I = reserva de incêncio
1,25 = coeficiente de segurança

3. DIMENSIONAMENTO DA BOMBA DE INCÊNDIO


A. Cálculo da Altura Manométrica Total (HMT):

HMT = Pd + Hs + Hr + Hmh - Hres


Onde:
HMT = Altura Manométrica Total

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Pd = Pressão disponível
Hs = Perda de Carga na Sucção
Hr = Perda de Carga no Recalque
Hmh = Perda de Carga na Mangueira
Hres = Altura do reservatório ao último hidrante.

B. Pressão disponível (Pd):


Para atender simultaneamente os dois hidrantes mais desfavoráveis, segundo a TSIB:
Pd = 15 m.c.a em cada hidrante (Risco B).
Q = Qtotal x 2 hidrantes

C. Cálculo da Perda de Carga localizada:


V2
HS  KS 
2g
E. Cálculo da Perda de Carga na mangueira (Hmg):
Risco: B
Diâmetro da mangueira: 2 ½”
1,85
Hmg = 0,0678 x Q

4. DIMENSIONAMENTO DO CONJUNTO MOTOR – BOMBA:


Hmt  Q
Potência 
75 
Onde: Hmt = Altura Manométrica total; Q = Vazão em l / Seg e  = Rendimento Admitido = 85%.

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CAPÍTULO IV: DIMENSIONAMENTO DE ADUTORAS

1. INTRODUÇÃO:

Adutoras são canalizações dos sistemas de abastecimento de água que conduzem a água para as
unidades que precedem a rede de distribuição, conforme a ilustração da Figura 1.

Figura 1. Esquema do funcionamento de uma adutora.

A utilização de sistemas elevatórios de água remonta à Antigüidade e atende aos mais diversos
propósitos, sejam domiciliares, industriais ou agrícolas. Em relação ao último, a principal aplicação está
no suprimento de sistemas de irrigação e, nesse caso, a análise econômica assume grande importância,
pois o capital empregado é freqüentemente expressivo e os custos anuais podem viabilizar ou não as
atividades produtivas que os utilizam.
Os custos de um sistema elevatório são influenciados por muitas variáveis, porém o diâmetro da
adutora é o mais polêmico, uma vez que os demais são definidos, basicamente, pela vazão transportada,
comprimento da tubulação, desnível topográfico, pressão no final da adutora e comprimento da linha
elétrica de alta tensão (se o bombeamento utilizar motor à eletricidade), os quais estão relacionados às
condições físicas do local e às exigências dos equipamentos utilizados no final da adutora.
Sendo assim, a variação no diâmetro acarreta alterações nas variáveis que dele dependem
diretamente, como por exemplo, o modelo da bomba hidráulica e a potência do motor que a aciona, com
conseqüências nos custos fixos e variáveis do sistema. Por outro lado, o tipo de motor, ou seja, de

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combustão ou elétrico, também provoca intensa variação nos custos. Para o motor à eletricidade, é
importante considerar a modalidade de tarifação da energia elétrica que será aplicada ao consumidor, bem
como os custos com a linha de alta tensão, se o ramal elétrico da concessionária estiver distante da
estação de bombeamento.
Relativamente à energia consumida com bombeamento, grande ênfase tem sido dada nos últimos
anos, pois seu custo aumentou exageradamente em relação aos demais custos do sistema, cujo efeito seria
a seleção de maiores diâmetros de adutoras. Todavia, no dimensionamento de sistemas de irrigação
privados no Brasil a seleção econômica é pouco usual, sendo o custo de implantação o fator decisivo na
escolha do diâmetro das tubulações, ignorando-se a avaliação dos custos variáveis e o tempo na análise
dos custos fixos.

2. CLASSIFICAÇÃO DAS ADUTORAS

As adutoras podem ser classificadas quanto à natureza da água transportada e quanto à energia
para a movimentação da água.

2.1 Quanto à natureza da água transportada:

a) Adutoras de água bruta: transportam água sem tratamento (da captação até a Estação de tratamento
de água - ETA).

b) Adutoras de água tratada: transportam a água tratada (da ETA ate os reservatórios).

2.2 Quanto à energia para a movimentação da água:

a) Adutora por gravidade: são aquelas que transportam a água de uma cota mais elevada para uma cota
mais baixa aproveitando o desnível existente (energia hidráulica). A adução por gravidade pode ser feita
por conduto livre ou forçado.
Adutora por gravidade em conduto livre: é quando a linha piezométrica coincide com o nível da água no
conduto. Nessa situação a água escoa sempre em declive mantendo uma superfície livre sob o efeito da
pressão atmosférica.

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Figura 2. Adutora por gravidade em conduto livre.

Adutora por gravidade em conduto forçado: A pressão interna permanentemente superior à pressão
atmosférica permite à água mover-se, quer em sentido descendente quer em sentido ascendente, graças à
existência de uma carga hidráulica, como mostra a Figura 3.

Figura 2. Adutora por gravidade em conduto forçado.

Os condutos podem ser abertos ou fechados, não funcionando com seção plena (totalmente
cheios), conforme a Figura 4.

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Figura 4. Adutora por gravidade com condutos livres e forçados.

c) Adutora por recalque: quando, por exemplo, o local da captação estiver em um nível inferior, que
não possibilite a adução por gravidade, é necessário o emprego de equipamento de recalque, ou seja,
conjunto moto-bomba e acessórios, como mostra a Figura 5. O sistema de adução é composto por
condutos forçados. A adução pode ser feita por recalque simples ou recalque duplo (booster).

Figura 5. Traçado das adutoras – Adutora de recalque.

Observação: é possível também a utilização de adutoras mistas, recalque, parte por gravidade.

3. DIMENSIONAMENTO

Ao se verificar a equação que fornece a potência dos conjuntos elevatórios, observa-se que o
dimensionamentodas linhas de recalque constitui-se em um problema hidraulicamente
indeterminado, ou seja; há uma infinidade de pares diâmetro-potência que satisfazem uma determinada
necessidade de vazão. Com efeito, fazendo o recalque com velocidades de escoamento baixas, resultam

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diâmetros relativamente grandes, implicando em custos elevados da tubulação e menores gastos com as
bombas e energia elétrica, porque as alturas manométricas são menores. Velocidades altas requerem
diâmetros menores, de custos mais baixos, mas que provocam grandes perdas de carga. Como
conseqüência, as alturas manométricas são maiores, os conjuntos elevatórios mais potentes e mais
caros, exigindo maior consumo de energia elétrica.
Tecnicamente, entretanto, são feitas restrições quanto às velocidades mínimas (problemas de
deposição) e às máximas (problemas de abrasão), porém entre os valores mínimos e máximos de
velocidade há, em geral, diversos pares de diâmetro-potência que satisfazem os requisitos de demanda.
O dimensionamento de linhas adutoras pode ser realizado através da fórmula de Bresse, que
se aplica a estações de bombeamento que operam de forma contínua, através da fórmula da ABNT, que
se aplica para estações de bombeamento que funcionam algumas horas por dia ou através da elaboração
de estudos que possibilitam a comparação econômica entre várias alternativas de diâmetros. Dessa
forma a escolha do par mais adequado deve ser realizado em base a considerações econômicas para se
obter o menor custo, em termos de valor presente, levando-se em conta os custos decorrentes do
investimento inicial e de operação e manutenção do sistema.

3.1 MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO

3.1.1 Fórmula de Bresse: é uma equação que expressa:

Q = K.Q1/2 (1)

Onde: D = diâmetro econômico (m); K = coeficiente variável, função dos custos de investimento e de
operação; Q = vazão contínua de bombeamento (m3/s).

A fórmula de Bresse tem se mostrado de grande utilidade prática. O coeficiente K tem


sido objeto de vários estudos e, no Brasil, se tem utilizado valores que varia de 0,75 a 1,40. O valor de
K depende de variáveis tais como: custo médio do conjunto elevatório, inclusive despesas de operação
e manutenção, custo médio da tubulação, inclusive despesas de transporte, assentamento e conservação,
peso específico do fluído, rendimento global do conjunto elevatório, etc.
Cabe ao projetista eleger convenientemente o valor de K. Na realidade, escolher o valor de K
equivale fixar a velocidade. Ao explicitar a variável Q da fórmula de Bresse e aplicando-se na
equação da continuidade, tem-se que:

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4
V (2)
π  K2

Através desta expressão organizou-se o Quadro 01, que apresenta valores de K e de velocidade.
Geralmente a velocidade média das instalações situa-se entre 0,6 e 2,4 m/s. As maiores velocidades são
utilizadas em instalações que funcionam apenas algumas horas por dia.

Quadro 01. Valores para as variáveis K e velocidade da fórmula de Bresse.

Valor de K Velocidade (m/s) Valor de K Velocidade (m/s)

0,75 2,26 1,10 1,05

0,80 1,99 1,20 0,88

0,85 1,76 1,30 0,75

0,90 1,57 1,40 0,65

1,00 1,27 ---- ----

3.1.2 Fórmula da ABNT

De acordo com a fórmula sugerida pela ABNT (NB-92/66), o diâmetro econômico é calculado
pela expressão:
D  0,587  T   Q
0, 25
(3)

D = diâmetro econômico (m);


T = tempo de funcionamento (h/dia);
Q = vazão (m3/s).

Qualquer que seja a fórmula utilizada, os resultados freqüentemente obtidos diferem dos diâmetros
comerciais. Cabe ao projetista adotar o valor do diâmetro comercial mais conveniente e ajustar seus

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cálculos. É comum o projetista recomendar para a tubulação de recalque, o diâmetro comercial


imediatamente abaixo do calculado.
Assim determina-se, em primeira aproximação, o diâmetro da linha de recalque. Para o diâmetro
de sucção, toma-se o diâmetro comercial imediatamente superior ao adotado para o recalque. Esta prática
encontra justificativa no propósito de diminuirmos as perdas de carga e a velocidade na tubulação de
sucção, com o objetivo de evitar os efeitos danosos do fenômeno da cavitação.

3.1.3 Análise Econômica

De acordo com PERES (1996), quando se trata de irrigação de pequeno porte, a utilização da
fórmula de Bresse ou da ABNT para estimativa do diâmetro econômico da tubulação de recalque, é de
uso bastante comum. No entanto, quando se consideram obras de grande porte e de grande
responsabilidade técnica, recomenda-se realizar uma análise econômica detalhada, onde são
investigados diferentes diâmetros, levando-se em conta fatores importantes como o investimento inicial,
a vida útil do equipamento, a taxa de juros, o custo da energia consumida e o tempo de bombeamento.
Num determinado sistema de recalque, deve-se fazer o levantamento dos seguintes custos:
 Custos relativos ao investimento inicial;
 Edifício da casa de bombas;
 Equipamento hidro-eletromecânico;
 Serviços necessários para a implantação da tubulação de recalque (locação, remoção e reposição
de pavimentos, escavação, escoramento, esgotamento e reaterro);
 Fornecimento e assentamento da tubulação de recalque.
 Custos relativos à operação do sistema:
 Mão-de-obra para operação e manutenção;
 Materiais e equipamentos para manutenção preventiva, manutenção corretiva e reposição;
 Energia gasta para o acionamento dos conjuntos elevatórios.

Quanto aos custos relativos ao investimento inicial, o item fornecimento e assentamento de


tubulações é, geralmente o mais representativo, ao passo que relativo aos custos de operação do sistema, a
energia gasta para o acionamento do equipamento de recalque, constitui o item mais representativo na
escolha do diâmetro.

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A seguir apresentam-se os elementos de cálculo referentes à análise do diâmetro econômico de um


sistema de bombeamento.

3.1.4 Cálculos preliminares dos diâmetros prováveis:

No cálculo com vistas a determinação dos prováveis diâmetros a serem pesquisados, considerou-
se a perda de carga na linha de sucção mais a perda de carga no recalque dentro da casa de bombas,
incluindo acessórios, como curva de entrada, curvas diversas, válvulas de gaveta e de retenção, etc. Para o
cálculo da perda de carga nas linhas de sucção e recalque, utiliza-se as equações, já vistas nos capítulo I e
II - Dimensionamento de Sistemas Prediais e Residênciais.

4. MATERIAIS UTILIZADOS EM ADUTORAS

A escolha da adutora, segundo o material utilizado na fabricação do conduto, varia de acordo com
fatores como:
1. método de fabricação dos tubos e acessórios;
2. condição de funcionamento hidráulico;
3. pressão interna e durabilidade do material face às características do solo;
4. cargas externas;
5. natureza da água transportada;
6. custo.

 Os materiais mais empregados são:


1. PVC;
2. ferro fundido, cimentado internamente;
3. aço soldado;
4. aço com junta ponta e bolsa, junta travada, etc;
5. concreto armado;
6. fibra de vidro impregnado em resinas de poliéster;
7. polietileno.

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4.1 Estações Elevatórias (EE)


São instalações de bombeamento destinadas a transportar a água a pontos mais distantes ou mais
elevados, ou para aumentar a vazão de linhas adutoras. As estações elevatórias são mais utilizadas nos
sistemas de abastecimento de água para:
1. Captar a água de superfície ou de poço;
2. A recalcar a água a pontos distantes ou elevados;
3. A reforçar a capacidade de adução.

4.1.1 Componentes de uma EE


As instalações elevatórias típicas são formadas por:
1. Casa de Bombas: edificação própria destinada a abrigar os conjuntos moto-bomba. Deve ter
iluminação e ventilação adequadas e ser suficientemente espaçosa para a instalação e movimentação
dos conjuntos elevatórios, incluindo espaço para a parte elétrica (quadro de comando, chaves etc)
2. Bomba: equipamento encarregado de succionar a água retirando-a do reservatório de sucção e
pressurizando-a através de seu rotor, que a impulsiona para o reservatório ou ponto de recalque. As
bombas podem ser classificadas de uma maneira geral em:
o Turbobombas ou bombas hidrodinâmicas (bombas radiais ou centrífugas, as mais usadas para
abastecimento público de água; bombas axiais; bombas diagonais ou de fluxo misto);
o Bombas volumétricas, de uso comum na extração de água de cisterna (bombas de êmbolo ou
bombas de cilindro de pistão).
3. Motor de acionamento: Equipamento encarregado do acionamento da bomba. O tipo de motor mais
utilizado nos sistemas de abastecimento de água é o acionado eletricamente.
4. Linha de sucção: Conjunto de canalizações e peças que vão do poço de sucção até a entrada da
bomba.
5. Linha de recalque: Conjunto de canalizações e peças que vão da saída da bomba até o reservatório
ou ponto de recalque.
6. Poço de sucção: Reservatório de onde a água será recalcada. Sua capacidade ou volume deve ser
estabelecido de maneira a assegurar a regularidade no trabalho de bombea mento.
4.1.2 Desvantagens
A utilização das EE dentro do sistema de abastecimento de água tem as seguintes desvantagens:
1. Elevam despesas de operação devido aos gastos com energia;
2. São vulneráveis a interrupções e falhas no fornecimento de energia;
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3. Exigem operação e manutenção especializada, aumentando ainda mais os custos com pessoal e
equipamentos.
No entanto, dificilmente um sistema de abastecimento de água de médio ou grande porte deixa de contar
com uma ou mais estações elevatórias.
CAPÍTULO V: DIMENSIONAMENTO DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA

1. INTRODUÇÃO

A Estação de Tratamento de Água (ETA) deve ser projetada de forma a garantir qualidade da água
tratada que atenda aos padrões de potabilidade estabelecidos na Portaria Nº 518/2004 do Ministério da
Saúde que estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade
da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências. Deverá ser
informado quem vai operar a ETA após a execução do projeto. Para dimensionar uma estação de
tratamento de água, deve-se, inicialmente, fazer um estudo de campo a fim de obter todos os dados
necessários. Tal estudo deve conter:

1.1 População a ser atendida

Discorrer sobre o perfil da população a ser atendida e sua atividade econômica. Identificar o
número de pessoas que serão beneficiadas com o sistema que será implantado.
Elaborar o estudo do número de população existente no município e também o estudo do número de
pessoas que residem na comunidade onde se pretende implantar o sistema.
Realizar estudo da evolução do crescimento populacional do bairro e a distribuição espacial na área de
projeto, considerando os dados censitários disponíveis para alcance de, no mínimo, 20 anos. Nesta etapa
deverá também ser definida a população que será beneficiada no projeto, considerando a expansão urbana
e sua saturação.

1.2 Áreas de Influência Indireta:

Descrever os sistemas de captação, tratamento, reservação e distribuição. É importante informar os


sistemas que já atendem a população, ou seja, outros sistemas de tratamento de água que se encontram em
operação. Descrever a porcentagem da população que recebe água tratada. Consultar o Plano de Bacias e
o Relatório de Situação da Bacia.

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1.3 Áreas de Influência direta

Descrever sucintamente as características do bairro a ser atendido, como está classificado na Lei
de Uso e Ocupação do Solo e na Lei do Zoneamento Ecológico Econômico, se existir. Demarcar em
planta georreferenciada em escala 1:50.000 do IBGE ou 1:10.000 do IGC. A planta pode ser original ou,
reproduzida, devendo constar as informações descritas na carta:
 Bairro e a população que serão atendidos no novo projeto;
 Manancial no qual será feita a captação de água;
 Local onde será feito o tratamento da água, a reservação e a rede de distribuição;
 No caso de existência de zoneamento ecológico econômica, informar a zona que pertence à
comunidade que será atendida.

1.4 Estudo de alternativas locacionais

Justificar a viabilidade técnica de implantação e operação do sistema no local que está sendo
proposto, e indicar as alternativas técnicas e locacionais estudadas. Realizar a análise técnica comparativa
das áreas disponibilizadas para o projeto. Para isso é necessário desenvolver os estudos técnicos e
ambientais preliminares que deverão abranger os seguintes aspectos:
 O planejamento da pesquisa de campo, eventualmente com o auxílio de imagens de satélite, com
definição preliminar da amplitude da área a ser pesquisada e das vias a serem percorridas; e
disponibilização dos métodos e instrumentos a serem utilizados para a localização (com GPS) e
registro (gráfico e fotográfico) das glebas potencialmente utilizáveis a serem identificadas;
 A análise técnica sistemática das informações concernentes a cada uma das glebas identificadas e
vistoriadas, com a utilização de métodos e instrumentos que permitam comparar essas glebas entre si;
 A classificação das glebas vistoriadas quanto ao seu maior ou menor nível de adequação para a
implantação do empreendimento proposto;
 A seleção da gleba a ser utilizada para a realização do empreendimento proposto.

2. IDENTIFICAÇÃO DO MANANCIAL DE ABASTECIMENTO

O levantamento do perfil topográfico da localidade, da captação a estação de tratamento de água,


incluindo um esboço da bacia hidrográfica ou do reservatório (rio, lago, açúde, poço, etc.), bem como a
sua capacidade de vazão, qualidade da água e ponto de captação. Assim, deve-se:

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 Efetuar o levantamento dos possíveis mananciais disponíveis, superficiais e subterrâneos.


 Discorrer sobre as principais fontes de poluição localizadas à montante da área de captação de água.
Identificar as áreas que poderão contribuir negativamente na qualidade da água e as medidas de
proteção da bacia à montante da captação.
 Descrever as principais atividades que existem à jusante da captação pretendida, e que dependem do
manancial para lançamento, captação, ou outra atividade.
 Fazer a caracterização de qualidade da água bruta quanto aos parâmetros físico-químicos e
hidrobiológicos, observando que quando houver atividades industriais, levar em consideração os
poluentes específicos resultantes de suas atividades; e quando houver uso agrícola intensivo na área,
levar em consideração os agrotóxicos aplicados.
 Realizar a classificação do corpo d’água com o Decreto Estadual Nº 10.755 de 1977 e Resolução
Conama nº 357/2005.
 Determinar a vazão mínima e média, e obras necessárias à captação, tais como barragens, reservatório
e sistema de adução. Realizar estudo fluviométrico, no caso de captação superficial sem obras, para a
regularização do nível de reservação.
 Para manancial subterrâneo devem ser levantadas as ocupações existentes numa área dentro de um
raio mínimo de 2 km do poço de captação. Critérios diferentes poderão ser utilizados em função da
profundidade do poço e da vazão de água subterrânea a ser captada; e delimitar a bacia hidrográfica e
plotar as informações constantes nos iten 2 em planta georeferenciada em escala 1:10.000 do IGC. Na
planta, que pode ser original ou reproduzida, devem constar as informações descritas na carta. As
informações também podem ser complementadas com imagens obtidas por meio de satélite ou
fotografias aéreas.

3. VAZÕES DE TRATAMENTO E ABASTECIMENTO

Definir a vazão de abastecimento considerando a projeção da população e o nível de atendimento


do sistema de distribuição, para as etapas intermediárias e de fim do projeto. Esta vazão deverá ser
comparada com os dados atuais de vazão de água produzida, micromedida e de perdas.
É importante citar as vazões de abastecimento para as etapas intermediárias pois nem sempre o
projeto é implantado de uma só vez, devido ao seu alto custo. Lembre-se que a vazão de água tratada na
ETA é diferente daquela medida no hidrômetro, neste caso é chamada de micromedida. As perdas no

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sistema devem ser destacadas e medidas de reaproveitamento da água devem ser adotadas quando for o
caso.

4. PROJETO BÁSICO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA

Elaborar projetos básicos das obras necessárias à captação, tais como barragens,reservatórios e
sistema de adução, constituí de: memorial descritivo; memorial de cálculo; desenhos; especificações
técnicas, orçamento e cronograma de implantação da obra.

O projeto básico de uma Estação de Tratamento de Água deve ser constituído de memorial
descritivo, memorial de cálculo, desenhos, especificações técnicas, orçamento e cronograma de
implantação das obras.

4.1 Memorial Descritivo da Estação de Tratamento de Água

Apresentar uma descrição sucinta das principais unidades da ETA, responsáveis pelas operações e
processos unitários, das fases líquida e sólida, incluindo suas especificações básicas; Elaborar o Manual
de operação contemplando:
a) descrição das principais operações, incluindo a fase líquida e a fase sólida;
b) elaboração do plano de inspeção e manutenção;
c) elaboração do plano de monitoramento da qualidade da água bruta e do controle da água tratada,
envolvendo a localização dos pontos de amostragem, frequência e parâmetros de análise.

4.2 Memorial de Cálculo da Estação de Tratamento de Água

Os critérios para dimensionamento, equações e procedimentos de cálculo diferentes dos sugeridos


pelas Normas da ABNT, deverão ser justificados, bem como apresentadas as referências bibliográficas,
ou até mesmo resultados dos ensaios em laboratório (por exemplo, o “Jartest”, para fins de comprovação
dos parâmetros de projeto adotados) ou avaliações de desempenho das estações em escala piloto.
Apresentar a estimativa do consumo de insumos de processo, tais como coagulantes, ajustadores de pH,
agente desinfetante, flúor, polímeros, etc.

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4.3 Tratamento da fase sólida

No caso específico dos resíduos sólidos gerados durante a lavagem ou limpeza dos filtros, lodo
dos decantadores, bem como rejeito de limpeza dos tanques de preparo de produtos químicos deverão ser
apresentadas as seguintes informações complementares:
 Caracterização qualitativa e quantitativa do lodo;
 Definição da disposição final dos resíduos sólidos gerados na ETA. Caso os resíduos líquidos (lodo)
gerados na ETA venham a ser dispostos numa ETE, apresentar termo de anuência do responsável pela
operação da ETE;
 Apresentar o termo de anuência do responsável pela operação do sistema público de esgotos
sanitários, caso os líquidos clarificados resultantes do processo de tratamento de resíduos da ETA
venham a ser lançados na rede coletora de esgoto.

4.4 Especificações técnicas mínimas dos equipamentos e insumos de processo

Apresentar as especificações dos principais equipamentos de processo, tanto da fase líquida como
da fase sólida, com indicação de potência, unidades em operação e em reserva, e acessórios, capacidade
dos equipamentos, podendo ser apresentados catálogos dos fabricantes, caso o equipamento seja muito
específico. Apresentar as especificações técnicas dos principais insumos envolvidos no processo de
tratamento, bem como sua forma de armazenamento. Observar os critérios de qualidade destes insumos,
principalmente no tocante à presença de metais pesados, dentre outras impurezas e potenciais poluentes.

4.5 Relação mínima de desenhos

 Apresentar planta de localização com informações em planta oficial do IBGE, EMPLASA, dentre
outras entidades, em escala compatível (desejável 1:10.000) incluindo manancial, captação, adução e
localização da ETA, e a localização dos reservatórios de distribuição.
 Apresentar planta da área urbana em escala mínima de 1:10.000 (desejável 1:5.000 ou inferior) da
situação da ETA em relação à área de projeto, ao corpo receptor e habitações mais próximas.
 Apresentar planta do zoneamento urbano e ambiental com apresentação, se houver, do planejamento
de uso e ocupação do solo urbano, incluindo planta(s) em escala mínima de 1:10.000 (desejável
1:5.000 ou inferior).

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 Apresentar planta da área urbana contemplando as informações do sistema de abastecimento de água


existente.
 Elaborar layout da captação, incluindo detalhamento em planta e corte de todas as suas unidades.
 Elaborar layout da ETA, plantas e cortes de detalhamento de todas as unidades e órgãos acessórios
principais.
 Realizar os perfis hidráulicos das fases líquida e sólida da ETA ;
 Apresentar plantas, cortes e detalhes dos serviços de terraplenagem, com indicação do volume de
corte e aterro.

5. PRODUTOS

Relatórios parciais contendo as informações obtidas, os estudos realizados e os serviços


executados, de acordo com o cronograma físico proposto. O relatório deverá ser impresso em papel e
encadernado para avaliação e aprovação do Agente Técnico da Companhia de Abastecimento da cidade.
As correções/adequações relacionadas deverão ser incorporadas ao trabalho e apresentadas no
próximo relatório parcial.
A elaboração do Relatório Final deverá seguir a mesma sistemática proposta para os relatórios
parciais . Após a sua aprovação deverão ser entregues 3 (três) vias impressas encadernadas e também em
mídia digital (CD, DVD ou pendrive) com todos os arquivos digitais que integram o projeto. Esses
arquivos deverão ter o formato digital usual – texto (doc), planilha (xls), desenho (dwg), e outros (pdf)
etc.

6. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO E ESTIMATIVA DE CUSTOS

 Apresentar planilha de custos para o empreendimento, incluindo todos os custos referentes a


materiais, equipamentos, serviços e mão-de-obra, quer própria, quer contratada, informando a data
base dos valores.
 Apresentação de cronograma físico-financeiro, com a definição das principais etapas de implantação
 das obras.

7. NORMAS TÉCNICAS DE REFERÊNCIA

Quando aplicáveis deverão ser atendidas as seguintes normas técnicas da ABNT – Associação
Brasileira de Normas Técnicas, não se limitando a elas:
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NBR – 12211: Estudos de concepção de sistemas públicos de abastecimento de água.


NBR – 12212: Poço Tubular - Projeto de poço tubular para captação de água subterrânea.
NBR – 12213: Projeto de captação de água de superfície para abastecimento público.
NBR – 12214: Projeto de sistema de bombeamento de água para abastecimento público.
NBR – 12215: Projeto de adutora de água para abastecimento público.
NBR – 12216: Projeto de estação de tratamento de água para abastecimento público.
NBR – 12217: Projeto de reservatório de distribuição de água para abastecimento público.
NBR – 12218: Projeto de rede de distribuição de água para abastecimento público.
NBR – 12586: Cadastro de sistema de abastecimento de água.

8. ROTEIRO SIMPLIFICADO PARA DIMENSIONAMENTO HIDRÁULICO DE UMA ETA


CONVENCIONAL (ESA011)

Para informações complementares, consultar livros de tratamento de água e a NBR-12216. Na


Figura 1 tem-se a representação de alguns arranjos das principais unidades de tratamento que compõem
uma ETA convencional, sem o tanque de contato.

Figura 1 – Exemplo de arranjos das unidades de uma ETA convencional

8.1 Unidade de mistura rápida (roteiro simplificado)

Existem diversos tipos de unidades de mistura rápida, neste exemplo será considerado o emprego
de um medidor Parshall para promover a mistura rápida, o esquema é apresentado na Figura 2. Definir o
medidor Parshall que será utilizado com base na Tabela 1 a partir da vazão Q que será tratada na ETA.

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Figura 2 – Representação esquemática de um medidor Parshall

8.2 Unidade de floculação (roteiro simplificado)

Existem diversos tipos de unidades de floculação, neste exemplo será considerado o emprego da unidade
mecalizada cujo esquema é apresentado na Figura 3.

Figura 3 – Representação esquemática de um floculador mecanizado

Dimensionar a unidade de floculação de uma ETA considerando que deve haver no mínimo duas linhas
de floculação sendo que cada linha possui pelo menos três câmaras em série. Os gradientes de velocidade
médios de floculação (G), atendendo recomendação de norma, variarão de 10 a 70 s-1. Adotar um tempo
de floculação (Tf) que esteja compreendido entre 30 a 40 min. Adotar o seguintes dados:
a) Seção da câmara em planta: quadrada
b) Profundidade útil (Pf): 3,5 a 4,5 m
c) Lado da câmara (Lf) = máximo 7,5 m para o tipo de rotor considerado neste exemplo
d) Tipo de equipamento:turbina de escoamento axial

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e) Tipo de rotor: paletas inclinadas a 45o (Ktb1,4)


f) Diâmetro do rotor (Df) = adotar um valor que satisfaça as relações geométricas do item 4.
g) Distância do rotor ao fundo da câmara (hf)= 1,1 m

8.2.1 Determinação dos parâmetros físico-químicos.

1. Cálculo do tempo de detenção (Td) em uma câmara:

Td = Tf/n, em que n é o número de câmaras em série.

2. Cálculo do volume de 1 câmara:

V= Q’ x Td. (No caso, Q’=Q/(número de linhas de floculação).

3. Calcular o lado da câmara de floculação (Lf), sabendo que ela é quadrada em planta.
4. Relações geométricas a serem obedecidas (para unidades mecanizadas com equipamento do tipo
turbina de escoamento axial).
5. Cálculo do tempo de detenção (Td) em uma câmara:

Td = Tf/n, em que n é o número de câmaras em série.

6. Cálculo do volume de 1 câmara:

V= Q’ x Td. (No caso, Q’= Q/(número de linhas de floculação).

7. Calcular o lado da câmara de floculação (Lf), sabendo que ela é quadrada em planta.

8. Relações geométricas a serem obedecidas (para unidades mecanizadas com equipamento do tipo
turbina de escoamento axial).
Lf Pf hf
2,0   6,6 2,7   3,9 0,9   1,1
Df Df Df

9. Gradiente de velocidade médio e rotação

Pu = VG2 (fazer o cálculo para Gmin = 10 s-1 e Gmáx = 70 s-1)

10. Gradiente de velocidade médio e rotação

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Pu = VG2 (fazer o cálculo para Gmin=10 s-1 e Gmáx=70 s-1)

Pumáx = 0,001 x V x Gmáx2 = _________N.m/s (considerando  para a temperatura de 20o C)

Pumin = 0,001 x V x Gmin2 = ____N.m/s (considerando  para a temperatura de 20o C)

Este cálculo é feito para especificar a potência do motor que será utilizado nas unidades de floculação.

8.3 Unidade de decantação (roteiro simplificado)

Para este exemplo, considerar o projeto de um decantador convencional com escoamento


horizontal cuja remoção do lodo será realizada hidraulicamente. O esquema da unidade de decantação
está representado na Figura 4.

(a) seção transversal (b)seção longitudinal

Figura 4 – Representação esquemática de um decantador convencional com escoamento horizontal

1. Estabelecer o número de decantadores (no 5. Dimensionar a comporta de descarga do


mínimo 2) lodo. A área da comporta é calculada pela
2. Adotar uma taxa de aplicação superficial equação
(TAS) que esteja entre 20 e 40 m 3.m-2.d-1 e Apd
considerar a altura útil igual a 4,0 m. Com Ac  H
4850.t desc
esses dados e com a vazão, determinar a área
em que: Ac: área da comporta (m2), Apd: área
em planta. (A=Q/TAS)
em planta do decantador (m2), H: altura útil
3. Adotar a seguinte relação entre o
do decantador, tdesc: tempo para descarga do
comprimento (C) e a largura (L) do
decantador (h). O tempo para descarga (tdesc)
decantador: 2  C/L  5
deve ser inferior a 6 h, sendo que na prática a
4. Verificar se a velocidade de escoamento
comporta é usualmente projetada para
horizontal (VL) resultou menor ou igual a 18
permitir a descarga em menos de 2 h.
vezes a taxa de escoamento superficial:
6. Dimensionar o comprimento total das calhas
VL=(vazão afluente ao decantador)/(área da
de coleta de água decantada considerando
seção transversal)
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que a vazão máxima por metro linear de equação q=1,3.B.H1,5, sendo q a vazão por
vertedor é de 1,8 L.s-1.m-1 e que as calhas calha (m3/s), B a largura (m) e H a altura da
não devem ocupar mais do que 30 % do calha (m). Recomenda-se uma folga de
comprimento do decantador. Para aproximadamente 10 cm na altura da calha
dimensionar a seção transversal das calhas, em relação ao valor calculado.
considerando-as retangular, pode-se utilizar a

8.4 Unidade de filtração (roteiro simplificado)

Na Figura 5 tem-se a representação de uma unidade de filtração onde se pode identificar: canal de
descarga da água de lavagem, canal de entrada de água decantada, calhas de coleta de água de lavagem,
meio filtrante, camada suporte, fundo falso do filtro, tubulação de água para lavagem, tubulação de coleta
de água filtrada e vertedor de água filtrada.

Figura 5 – Unidade de filtração

1. Calcular a área total de filtração com base na Considerar uma folga de aproximadamente
equação TF = Q/AF, em que TF: taxa de 10 cm no valor calculado de H.
filtração (considerar valores compreendidos Tabela 1 – Informações sobre filtros de
entre 180 e 360 m3m-2d-1), AF: área total de algumas ETAs brasileiras
filtração (m2) ETA Filtros Vazão
2. Definir o número de unidades de filtração (m3/s)
tomando como base os casos reais mostrados Araras – SP 6 0,4
na Tabela 1. Deve-se prever no mínimo dois Campinas – SP 16 2,1
filtros. Fortaleza – CE 10 6
3. Dimensionamento das calhas de coleta de Guaraú – SP 48 33
água de lavagem. Considerar velocidade Morro Redondo – 6 0,75
ascencional da água de lavagem igual a 0,8 MG
m/min e calha retangular com descarga livre Rio Manso – MG 10 4,1
cuja vazão pode ser calculada por Rio das Velhas – 16 6
Q=1,3.B.H1,5. Supor B=0,5m e calhas MG
espaçadas entre si de no máximo 2,5 m. São Carlos 7 0,5

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8.5 Tanque de contato (roteiro simplificado)

É recomendado que a cloração da água visando a desinfecção seja realizada em pH inferior a 8,0 e
que o tempo de contato seja, no mínimo 30 min. Conhecendo-se a vazão a ser tratada e definindo-se o
tempo de contato pode-se então calcular o volume do tanque. Supondo, por exemplo, que a altura do
tanque de contato seja h, o tempo t e a vazão Q, resulta a seguinte área em planta (A):
A = Q.t/h

Tabela 1 – Dimensões do Medidor Parshall (cm) e Vazão com escoamento livre (L/s)
Vazão com
W W
A B C D E F G K N X Y Escoamento
(pol) (cm)
Livre (L/s)
1'' 2,5 36,3 35,6 9,3 16,8 22,9 7,6 20,3 1,9 2,9 - - 0,3 - 5,0
3'' 7,6 46,6 45,7 17,8 25,9 45,7 15,2 30,5 2,5 5,7 2,5 3,8 0,8 - 53,8
6'' 15,2 61,0 61,0 39,4 40,3 61,0 30,5 61,0 7,6 11,4 5,1 7,6 1,4 - 110,4
9'' 22,9 88,0 86,4 38,0 57,5 76,3 30,5 45,7 7,6 11,4 5,1 7,6 2,5 - 252,0
1' 30,5 137,2 134,4 61,0 84,5 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 3,1 - 455,9
1 1/2' 45,7 144,9 142,0 76,2 102,6 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 4,2 - 696,6
2' 61,0 152,5 149,6 91,5 120,7 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 11,9 - 937,3
3' 91,5 167,7 164,5 122,0 157,2 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 17,3 - 1427,2
4' 122,0 183,0 179,5 152,5 193,8 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 36,8 - 1922,7
5' 152,5 198,3 194,1 183,0 230,3 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 45,3 - 2423,9
6' 183,0 213,5 209,0 213,5 266,7 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 73,6 - 2930,8
7' 213,5 228,8 224,0 244,0 303,0 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 85,0 - 3437,7
8' 244,0 244,0 239,2 274,5 349,0 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 99,1 - 3950,2
10' 305,0 274,5 427,0 366,0 475,9 122,0 91,5 183,0 15,3 34,3 - - 200,0 - 5660,0

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CAPÍTULO VI: DIMENSIONAMENTO DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO

1. INTRODUÇÃO

A Estação de tratamento de esgoto (ETE), consiste no conjunto de unidades de tratamento,


equipamentos, órgãos auxiliares, acessórios e sistemas de utilidades cuja finalidade é a redução das
cargas poluidoras do esgoto sanitário e condicionamento da matéria residual resultante do
tratamento. Para o dimensionamento das unidades de tratamento e órgãos auxiliares, os parâmetros
básicos seguintes devem ser obtidos para as diversas etapas do plano:
a) vazões afluentes máxima e média;
b) demanda bioquímica de oxigênio (DBO) ou demanda química de oxigênio (DQO);
c) sólidos em suspensão (SS).
Os valores dos parâmetros b e c devem ser determinados através de investigação local de
validade reconhecida. Na ausência dessa determinação, podem ser usados os valores de 54 g de
DBO5/hab.d e 60 g de SS/hab.d. Outros valores adotados devem ser justificados.Os critérios gerais
de dimensionamento das unidades e órgãos auxiliares, excetuados os casos explicitados adiante,
devem ser os seguintes:
a) Dimensionados para a vazão máxima:
 estações elevatórias de esgoto bruto;
 canalizações;
 medidores;
 dispositivos de entrada e saída;

b) Dimensionados para a vazão média:


Todas as unidades e canalizações precedidas de tanques de acumulação com descarga em
regime de vazão constante.
Deve ser prevista canalização de desvio (by-pass) para isolar a ETE. Recomenda-se que as
unidades de tratamento da ETE possuam dispositivos que permitam seu isolamento. Deve ser
previsto pelo menos o dispositivo de medição da vazão afluente à ETE. As canalizações devem ser
dimensionadas de modo a evitar deposição de sólidos, em função das características do líquido
transportado. No caso de canalização de transporte de lodo, a velocidade de escoamento deve estar
compreendida entre 0,5 m/s e 1,8 m/s.
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O acesso às unidades deve ser fácil e adequado às condições de segurança e comodidade da


operação. Escadas tipo “marinheiro” não devem ser permitidas.
Devem ser previstos condições ou dispositivos de segurança de modo a evitar concentração
de gases que possam causar explosão, intoxicação ou desconforto.
O projeto hidráulico-sanitário deve incluir o tratamento e destino final do lodo removido.O
relatório do projeto hidráulico-sanitário da ETE deve incluir:
a) memorial descritivo e justificativo, contendo informações a respeito do destino a ser dado aos
materiais residuais retirados da ETE, explicitando os meios que devem ser adotados para o seu
transporte e disposição, projetando-os quando for o caso;
b) memória de cálculo hidráulico;
c) planta de situação da ETE em relação à área de projeto e ao corpo receptor;
d) planta de locação das unidades;
e) fluxograma do processo e arranjo em planta (lay-out) com identificação das unidades de
tratamento e dos órgãos auxiliares;
f) perfis hidráulicos das fases líquida e sólida nas diversas etapas;
g) plantas, cortes e detalhes;
h) planta de escavações e aterros;
i) especificações de materiais e serviços;
j) especificações de equipamentos e acessórios, indicando os modelos selecionados para elaboração
do projeto;
k) orçamento;
l) manual de operação de processo, contendo no mínimo o seguinte:
 descrição simplificada da ETE;
 parâmetros utilizados no projeto;
 fluxograma e arranjo em planta (lay-out) da ETE com identificação das unidades e órgãos
auxiliares e informações sobre seu funcionamento;
 procedimentos de operação com descrição de cada rotina e sua freqüência;
 identificação dos problemas operacionais mais freqüentes e procedimentos a adotar em cada
caso;
 descrição dos procedimentos de segurança do trabalho;
 modelos das fichas de operação a serem preenchidas pelo operador.

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2. TRATAMENTO PRELIMINAR

Consiste na instalação de gradeamentos para proteção de dispositivos dos esgostos contra


obstruções, tais como bombas, registros, tubulações, peças especiais, etc. São importantes para a
proteção de equipamentos de tratamento, bem como do aspecto estético dos corpos receptores e
fluxo.
O gradeamento provome uma remoção parcial da carga poluidora, consequentemente maior
eficiência nas etapas subsequentes.

2.1 Tipos de Grades

O espaçamento entre as grades (barras) é escolhido em função do tipo de material que ser
quer deter e dos equipamentos a proteger, sendo assim podemos classificá-las:
a) Grades Grosseiras: são instaladas à montante de bombas de grandes dimensões, turbinas, etc.; e
quase sempre precedem grades comuns.
b) Grades Médias: com menor espaçamento entre barras (normalmente 2,5 cm). São empregadas
normalmente em estações de águas residuárias, na entrada das ETEs.
c) Grades Finas: são empregadas quando são bem determinadas as características do esgoto a tratar
(empregadas para reduzir escumas em tanques de digestão, para proteção de filtros lentos e os
equipamentos de dosagem, etc.). Apresentam problemas de limpeza e geralmente são mecanizadas.

Tabela 1 – Espaçamento entre grades de proteção.


ESPAÇAMENTO
TIPO
Polegadas Centímetros
Grosseiras Acima de 11/2 4,0 a 10,0
Médias 3/4 a 11/2 2,0 a 4,0
3/8 a 3/4 1,0 a 2,0

d) Grades Simples: de limpeza manual (pequenas instalações). Geralmente são grosseiras,


apresentando aberturas geralmente grandes, instaladas à montante de grades médias mecanizadas,
bombas de grande capacidade, etc. Destinam-se a retirada de objetos de grandes dimensões (madeira,
latas, etc.) que podem danificar aqueles equipamentos.

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Grades Mecanizadas: de limpeza mecânica, automática ou não (instalações maiores).

Tabela 2 – Seção das grades de proteção.

2.2 Inclinação das Barras

De acordo com o tipo de limpeza manual ou mecanizada, as grades apresentam uma inclinação
das barras já bastante definida.
- Limpeza Manual (rastelo): 30º a 45º;
- Limpeza Mecânica: 45º a 90º, (comum 60º).
Existem também certas instalações que adotam grades instaladas verticalmente. No, entanto, as
grades inclinadas têm apresentado melhor rendimento, uma vez que a inclinação evita que o material
arrastado se desprenda com facilidade e retorne ao canal de chegada (afluente).

2.3 Remoção e destino do material

Material retido no gradeamento deve ser removido tão rapidamente quanto possível e
armazenado em depósitos próprios em condições de permitir as seguintes operações subseqüentes:
drenagem parcial do líquido agregado ao material grosseiro; fácil transporte ou transbordo para
depósitos maiores, apropriados para esta função; e cobertura com a finalidade de evitar a proliferação
de vetores. Tratamento de esgotos sanitários, normalmente o destino é a incineração ou aterro
sanitário. Assim, teremos para:

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a) Pequenas Instalações: material poderá ser enterrado com um recobrimento mínimo de 30 a 40 cm


de terra para evitar maus odores e permitir a ação das bactérias.
b) Grandes Instalações com remoção mecanizada recomenda-se a incineração, digestão ou
trituração.
c) Tratamento de Efluentes Líquidos Industriais: o destino do material retido dependerá da natureza
do material, podendo ser encaminhado para compostagem ou biodigestão no caso de resíduos
agroindustriais, etc.

2.4 Dimensionamento das Barras

Deve-se escolher previamente o seu formato (mais comum retangular), dimensão, espaçamento e
tipo de barra. Deve-se garantir a velocidade adequada através das barras
 Velocidade mínima: 0,40 m/s
 Velocidade máxima: 0,75 m/s
Esses valores devem ser verificados para vazões mínima, média e máxima. Velocidades
pequenas propiciam a deposição de areia no canal da grade, enquanto velocidades altas
desfavorecem a retenção do material grosseiro (problemas de entupimento).

2.4.1 Cálculos

Para fazer o dimensionamento deve-se determinar os seguintes parâmetros:


S = área do canal até o nível d’água (seção de escoamento), em m 2 ;
Au = área útil (área entre as barras), em m 2 ;
a = espaçamento entre as barras, em m;
t = espessura da barra;
V = velocidade – canal aprox. (V = 0,7 a 1,0 m/s) usual 0,8 m/s;
v = velocidade de escoamento (v = 0,4 a 0,75 m/s) usual 0,6 m/s;
E = eficiência
OBS: Relação B  3 e que H não seja maior que 0,5m (usualmente considera-se B = 5H ou B = 6H).

2.4.2 Canal de Aproximação

a) Área (canal aproximação):


A = Q/V
b) Largura Recomendada (canal aproximação):
A=BxH, onde: B  3 (usualmente considera-se B = 5H)
c) Seção de Escoamento: verificar dados de acordo com o tipo de grade.

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d) Área útil: Au = Qmáx /v

e) Cálculo da eficiência:
Para o cálculo para eficiência das grades de dimensões usuais, para várias situações, pode-se
fazer o emprego da equação, E = a/(a+t), através da Tabela 3 abaixo:

Tabela 3 – Parâmetros para o cálculo da eficiência de grade de proteção.

f) Seção do canal:
S = Au / E
S = Au / (a/ a+t)
S = B x H (B  3, usualmente B = 6H)
g) Área da barras:
Abarras = S – Au
h) Número de barras (n):
Número de barras (n) = B / a+t
Ou S – Au = t x H x n
2.5 Cálculo da perda de carga
A perda de carga é a variação do nível da linha de energia entre dois pontos em um
escoamento.
Hf = 1,43 (V2 – 2 ) / 2g
Onde:
Hf = perda de carga, m;
 = velocidade entre as barras, m/s;

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V = velocidade a montante da grade, m/s;


g = aceleração da gravidade, 9,8 m/s2.

APLICAÇÃO I: Uma estação de tratamento recebe em média 500 m 3/h de água residuária, com
uma vazão máxima de 900 m3/h e uma vazão mínima de 200 m3/h. Pretende-se dimensionar um
sistema de grades verticais para remoção de sólidos grosseiros, utilizando barras com 10 mm de
espessura (t) e igualmente espassadas de 20 mm (a). Assuma para o nível médio da água no canal (h)
uma altura de 0,5 m.

Resolução: Considerando a vazão média água residuária (500 m 3/h = 0,1389 m3/s) e uma velocidade
média de passagem da água através da grade de 0,6 m/s, será necessário instalar uma grade com uma
área útil de 0,232 m2.
Q 0,1389m3 / s
Au    0,232m 2
v 0,6m / s

Nas condições indicadas no enunciado (t = 10 mm e a = 20 mm), a eficiência da grade (ε) será de


0,667 o que corresponde a uma superfície total da grade de 0,347 m 2.

Q(a  t ) 0,1389(20  10)


S   0,347m 2
va 0,6  20

Para grades colocadas em posição vertical (α = 90°), e considerando uma altura de água no canal (h)
de 0,5 m, a largura do canal (L) deverá ser 0,694 m.

Q 0,347
L   0,694m
v   h 0,5

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Nesta largura é possível instalar 23,8 barras, ou seja, efetivamente deverão ser colocadas 24 barras
(número inteiro).
L  a 695  20
   23,8  24
ta 10  20

A instalação de 24 barras faz com que a largura do canal seja na realidade de 0,7 m, o que
corresponde a uma superfície da grade de 0,35 m2 (S = 0,7 × 0,5).

L  t  ( 1)a  24 10  (24 1)20  700mm

A velocidade média de passagem da água através da grade será então de 0,595 m/s (como esperado
um valor muito idêntico ao considerado inicialmente).

Q 0,1389
   0,595m / s
S   0,35  0,667

EXERCÍCIO: Uma estação de tratamento recebe em média 400 m 3/h de água residual, com uma
vazão máxima de 700 m3/h e uma vazão mínima de 100 m3/h. Dimensione um sistema de grades
verticais para remoção de sólidos grosseiros, utilizando barras de 8 mm de espessura igualmente
espaçadas de 15 mm, colocadas em uma posição vertical de 90 o . Assuma para o nível médio da água
no canal uma altura de 0,5 m.

2.5 Desarenadores - Caixas de Areia

Tem a finalidade de reter substâncias inertes, como areias e sólidos minerais sedimentáveis,
originárias de águas residuárias. Via de regra com diâmetro igual ou superior a 0,20 mm e peso
específico de 2,65 g/cm3. Evita a abrasão nos equipamentos e tubulações (bombas, válvulas, etc.) e
também elimina ou reduz a possibilidade de obstruções em tubulações e demais unidades
subseqüentes do sistema; e facilitar o transporte do líquido.

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2.5.1 Dimensionamento de desaeradores

 Para caixas tipo Canal – fluxo horizontal (mais comum):

 Princípio de Funcionamento

O esgoto, ao deslocar-se horizontalmente na caixa de areia, deve estar possuído da


velocidade de 0,30 m/s, enquanto as partículas de areia com 0,2mm de diâmetro e de 2,65 g/cm 3 de
peso específico devem encontrar condições para depositar-se no fundo. Como no esgoto em repouso
a 20°C as partículas de areia com tamanho de 0,2mm decantam com velocidade aproximada de 2,0
cm/s. Para que todas as partículas de 0,2mm se depositem, basta que a partícula situada em condição
mais desfavorável possa depositar-se. A situação mais desfavorável é a da partícula que se encontra
na superfície líquida e na extremidade de montante da caixa de areia. O tempo que a partícula de
0,2mm leva para atingir o fundo da caixa e o que ela leva para percorrer toda a extensão da caixa de
areia é igual. Em decorrência, para uma caixa de areia de altura útil H, o seu comprimento é definido
segundo a proporção L / H = V / v .

a) Velocidade de escoamento:

São dimensionadas de modo que se tenha velocidade nos canais no intervalo de 0,15 a
0,40m/s, sendo recomendado o valor de 0,30m/s, e deve-se manter uma variação de +/- 20%.
Velocidades inferiores a 0,15m/s provocam deposição excessiva de partículas orgânicas, e
velocidades superiores a 0,40 m/s propiciam a saída de areia nociva.

b) Velocidade de Sedimentação:

A Tabela 4 apresenta valores velocidade de sedimentação em função do tamanho das


partículas, para grãos de areia de peso específico de 2,65 g/cm 3 a 20°C, em água tranqüila.

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Tabela 4 – Valores de velocidade de sedimentação.

c) Comprimento:
L = comprimento de caixa, m.
H = altura de lâmina d’água, m
V = velocidade de escoamento horizontal (0,15 a 0,40), usual 0,30m/s
v = 2cm/s = 0,02m/s (velocidade de sedimentação da partícula desejada).

Pela igualdade de triângulos:


L / H = V / v ou L=V/vxH
Para valores usuais V = 0,30 m/s e v = 0,02 m/s
L=V/vxH
L = 0,30 / 0,02 x H
L = 15 x H
Dando-se um acréscimo de 66% (Para compensar efeitos de turbulência)
L = 25 x H

d) Largura da caixa (b):


É calculada em função da lâmina de água (H) e de forma a garantir a velocidade desejada
(0,30 m/s), aplicando a equação da continuidade (Q = S x V) se a seção da caixa for retangular S = B
x H. Deve-se adotar B 3 H (adotar B = 4 a 5H)
Para projeto: Hprojeto x 4 (coeficiente de segurança)

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e) Taxa de Aplicação:
É a relação entre a vazão dos esgotos (Q) e a área da planta da caixa de areia (A) e é
fisicamente igual a velocidade de sedimentação da partícula de determinado tamanho. É
recomendado uma taxa de aplicação na faixa de 600 a 1200 m 3/m2.dia. Caso a taxa fique fora do
intervalo permissível, recomenda-se variar o valor da velocidade.

f) Controle de velocidade:
Umas das principais dificuldades no projeto e na operação das caixas de areias esta em
conseguir manter a velocidade desejada com a variação da vazão (Q). Para se contornar esta
dificuldade usa-se projetar uma seção de controle, a jusante da caixa de areia, que faça com que a
altura da lamina d água varie de acordo com a vazão, mantendo assim aproximadamente constante a
velocidade do fluxo na câmara de sedimentação.
As seções de controle normalmente utilizadas são: os vertedores proporcionais – tipo Sutro,
calhas tipo Parshall e calhas tipo Palmer Bowlus.

Figura 1 – Arranjo Típico Caixa de Areia.


 Dimensionamentos
Cálculo do comprimento mínimo da caixa de areia. Uma partícula que se encontra no Ponto 1
deverá atingir o Ponto 2 decorrido t segundos. Portanto, decorridos t segundos, podemos afirmar que:
t = H / V - tempo de deslocamento na vertical - (I)
t = L / V1 - tempo de deslocamento na horizontal - (II)
(I) = (II)  L / V1 = H / V  H = L . V / V1 - (III)

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S = B.H.
Q = V.S
Q = V.B.H
B.H = Q/V Eq. (IV)
S = B.H adotam-se valores convenientes
para B e H. Adotar um coeficiente em
torno de 1,5 .

APLICAÇÃO II: Dimensionar a caixa de areia de uma tomada d’água com uma vazão máxima de
0,5 m3/s. Estima-se uma quantidade de sólidos em suspensão de 0,1 L por m 3 de água e se deseja que
a caixa de retenção de areia tenha uma autonomia mínima de três dias. Adotar um coeficiente de
segurança s=1,4.
Resolução:
 Dimensionamento do canal de aproximação:
Para V = 0,6 m/s.
Q=V.SS=Q/V
S = (0,5 . 1,4) / 0,6  S = 1,17
Para B = 1,5m  H = 0,78m
 Dimensionamento do comprimento “L” da caixa de areia:
Pela equação (III):
H = L . V / V1
0,78 = L . 0,02 / 0,3
L = 11,67
Adotado: L = 12,0m
Pela equação (IV):
B.H = Q/V
B.H = 0,5 / 0,3
B.H = 1,67
Como H = 0,78m  B = 1,67 / 0,78
B = 2,14m
Adotado: B = 2,20m

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O valor de BL, borda livre, pode ser adotado entre (0,10 e 0,25m).
 Dimensionamento da Caixa de Retenção de Areia:
1. Cálculo do volume de retenção diário de areia.
Sólidos em suspensão:
Ss = 0,1 L / m3
Ss = 0,0001 m3/m3
VRD = Ss . Vol. diário
VRD = 0,0001 . 0,5 . 86400
VRD = 4,3 m3/dia
O volume da caixa de retenção de areia deverá, conforme enunciado, ter a autonomia de no mínimo 3
dias.
VCR = 4,3 . 3 = 12,9 m3
VCR = B . L . C
C = VCR . s / B . L
C = 12,9 . 1,4 / 2,2 . 12,0
C = 0,68m
Adotado: C = 0,70m

EXERCÍCIOS PROPOSTOS:

1)Dimensionar a caixa de areia de uma tomada d’água com uma vazão máxima de 200 litros/s.
Estima-se uma quantidade de sólidos em suspensão e 0,075 L por m 3 de água e se deseja que a caixa
de retenção de areia tenha uma autonomia mínima de uma semana. Adotar um coeficiente de
segurança s=1,5.

2) Dimensionar a caixa de areia de uma tomada d’água com uma vazão máxima de 0,3 m 3/s. Estima-
se uma quantidade de sólidos em suspensão de 0,005 L por m 3 de água e se deseja que a caixa de
retenção de areia tenha uma autonomia mínima de uma semana. Adotar um coeficiente de segurança
s=1,4.

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CAPÍTULO VII: DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS DE DRENAGEM DE ÁGUAS


PLUVIAIS

1. INTRODUÇÃO

Por muito tempo a drenagem urbana foi realizada de maneira a esgotar rapidamente as águas
de montante para jusante numa concepção higienista com origem na Europa (SILVEIRA, 1998). Esta
prática tinha o intuito de afastar rapidamente o volume indesejado das águas de origem pluvial como
também os esgotos sanitários. Neste contexto se realizaram obras onerosas para conduzir tais
volumes precipitados e gerados, enquanto que a conscientização sobre os erros admitidos deste
procedimento era deixada de lado. Foi necessário, com o passar do tempo, que aquelas medidas
estruturais compostas por obras vultosas fossem aliadas a medidas não‐estruturais juntamente com a
integração de planos estaduais e federais.
A ausência de sistemas de drenagem eficientes afeta à saúde pública por trazer à tona doenças
de veiculação hídrica bem como perdas econômicas decorrentes das inundações. A importância de
tais sistemas talvez não se apresente de forma clara, contudo são peças fundamentais no
planejamento urbano e são responsáveis diretamente pela sustentabilidade do ambiente urbano frente
às adversidades da natureza como as tormentas.

1.1 CLASSIFICAÇÕES DOS SISTEMAS DE DRENAGEM:

Os sistemas de drenagem urbana podem ser dimensionados em dois níveis (TUCCI, 2004):
a) Macro‐drenagem: relaciona‐se aos escoamentos em fundos de vale que normalmente são bem
definidos mesmo que não correspondam a um curso de água perene;
b) Micro‐drenagem: relaciona‐se a áreas onde o escoamento natural não é bem definido e, portanto,
acaba sendo determinado pela ocupação do solo. Em áreas urbanas é essencialmente definida pelo
traçado das ruas.
Segundo a PNSB ‐ Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (IBGE, 2002 apud BRASIL,
2003) e do mesmo modo consoante o Guia para elaboração de planos municipais de saneamento
(BRASIL, 2006), a micro‐drenagem é considerada como o conjunto da rede formada por galerias
tubulares com diâmetro igual ou superior a 0,30m e inferior a 1,20m, assim como pelas galerias
celulares cuja área da seção transversal é inferior a 1m². A macro/meso‐drenagem é constituída pelas

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estruturas que recebem a contribuição da micro-drenagem, sendo formadas por cursos d’água,
galerias tubulares com diâmetro igual ou superior a 1,20 m e galerias celulares cuja área da seção
transversal seja igual ou superior a 1m². Pode‐se ainda subdividir o sistema de micro‐drenagem em
sistema inicial de drenagem e sistema de galerias de águas pluviais; sendo o primeiro composto pelas
ruas, valetas e sarjetas e o segundo pelas bocas de lobo, poços de visita e tubulações coletoras de
águas pluviais. Ambas as explanações são complementares e não divergem entre si.

2. DIMENSIONAMENTO

2.1 DIMENSIONAMENTO PELO MÉTODO RACIONAL

Desde a primeira exposição da famosa Teoria Racional por Emil Kuichiling (1880) apud
Wilken (1978) que originou a Equação Racional (1) e assim o Método Racional muitos ainda a
utilizam. Esta equação expressa o máximo caudal ou a maior vazão em uma seção da bacia
contribuinte dada, em função das características da própria bacia e da quantidade de chuva
precipitada.
CIA
Q (1)
3,6
Onde:
Q = vazão superficial local (m³/s ou L/s);
C = coeficiente de escoamento superficial;
I = intensidade da chuva (mm/h ou m/s);
A = área da bacia contribuinte local (m² ou km²).
Obs.: o valor 3,6 é fator de ajuste para se trabalhar com unidades diferentes.

Para o dimensionamento das galerias de águas pluviais pelo Método Racional, em síntese,
utiliza‐se a Tabela 1, baseada na equação de Manning que fornece o valor da velocidade e vazão para
um certo diâmetro comercial arbitrado. Esta escolha obedece frequentemente à decisão mais
econômica adotando‐se inicialmente a declividade do terreno conduzindo a menores custos
relacionados à escavação.

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Com o cálculo da vazão à seção plena e tendo a vazão a ser escoada pela tubulação
determina‐se a razão Q/Qp e pela tabela determina‐se por interpolação a velocidade do escoamento.
Caso os valores ultrapassem os limites estabelecidos para a velocidade e também para a relação
altura‐diâmetro, galerias dimensionadas como condutos livres, deve‐se decidir pela troca de diâmetro
ou proceder a alterações na declividade da galeria.
Deve‐se ressaltar que apesar do procedimento ser simples, o processo torna‐se dispendioso
visto a não observância dos limites estabelecidos em projetos quando do dimensionamento das
galerias de águas pluviais e a necessidade de sucessivas interpolações para se chegar à solução.

2.2 MÉTODO DE SAATÇI

Como a rotina de cálculo pode consumir tempo e limitar possíveis alternativas quanto ao
cálculo da velocidade e da profundidade do escoamento, Saatçi (1990) introduziu uma solução
usando considerações geométricas (Figura 1) e a Equação de Manning. Sendo dados a vazão (Q), a
declividade (I) e o diâmetro (D), calcula‐se a constante “k” pela Eq. 2 e o ângulo central () pela Eq.
3. Calcula‐se a área molhada (Am) pela Equação 4 e procede‐se ao cálculo da velocidade (V) e da
profundidade com as Equações 5 e 6 respectivamente.

K  Q  n  D 8/3  l 1/2 (2)


Onde:
K = constante;
Q = vazão (m³/s);
D = diâmetro (m);
I = declividade (m/m).
n = coeficiente de Manning (m‐1/3.s).
Sendo:

θ 1  1  πK (3)
2
Onde:  = ângulo central (radianos)
K = constante

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Por meio da Figura 1, tem‐se que:

D 2 θ  senθ 
Am  (4)
8

Onde: Am = área molhada (m²) e D = diâmetro (m).

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Deste modo, calcula‐se a velocidade e a relação altura lâmina d’água‐diâmetro:

V = Q/Am (5)

h 1  θ 
 1  cos  (6)
D 2  2 

Onde:
V = velocidade do escoamento (m/s);
h/D = relação altura lâmina d’água‐diâmetro;
h = profundidade do escoamento (m);
D = diâmetro (m).
Deve‐se ressaltar que a aplicação deste método é válido para o ângulo central ө variando de 0° até
265° (0 a 4,625 radianos), equivalente a uma relação altura‐diâmetro (h/D) de 0,84.

2.3 CRITÉRIOS ADOTADOS PARA O DIMENSIONAMENTO DAS GALERIAS DE


ÁGUAS PLUVIAIS

As galerias de águas pluviais consistem em condutos destinados a captar as águas pluviais por
meio das bocas de lobo e ligações privadas e conduzi‐las a um desaguadouro natural como um
córrego ou rio ou a um sistema adequado de disposição provisória ou permanente. Elas são
compostas de tubos de ligação (ramais) e poços de visita.
Os poços de visita são instalados nas mudanças de direção, de declividade, de diâmetro e
servem para a inspeção e limpeza das canalizações. A porção entre dois poços de visita é
denominada trecho. Na Figura 2 tem‐se um esquema geral destes elementos.
Diversos são os critérios e parâmetros adotados para o dimensionamento de uma rede de
águas pluviais, envolvendo grandezas como o tempo de concentração, velocidade mínima e máxima,
tipo de escoamento considerado no cálculo, influência de remanso, dentre outros. Tendo em vista a
diversidade observada, é preciso analisar os critérios e fixá‐los dentro de certas restrições para se
dimensionar as galerias de águas pluviais. Na Tabela 2 tem‐se uma gama de parâmetros e critérios
adotados por autores e instituições, notando‐se a variação de valores quanto à velocidade máxima
"Vmáx", mínima "Vmín", recobrimento mínimo "rm", tempo de concentração inicial "tci", relação

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máxima da lâmina de água‐diâmetro adotada "h/D" e o tipo de escoamento sendo uniforme "Unif. "
ou gradualmente variado "Grad. Variado".

a
Valor citado, porém, segundo o autor pode estar superestimado, necessitando ser calculado em caso de dúvida; bFonte: Curso de
Canais, EE‐UFMG, Dep. Engenharia Hidráulica, Edições Engenharia 58/72; c valor não fixado; d valores adotados pela ASCE (1992) –
American Society of Civil Engineers; e Pode‐se adotar até 6m/s se for previsto revestimento adequado para o conduto.

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Vmín = velocidade mínima.


Vmáx = velocidade máxima.
Vméd = velocidade média.
Tci = tempo de concentração inicial.
rm = recobrimento mínimo.
h/D – relação altura‐diâmetro.

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CAPÍTULO VIII: DIMENSIONAMENTO DE BARRAGENS

1. INTRODUÇÃO

As barragens, compreendendo o barramento, as estruturas associadas e o reservatório, são


obras necessárias para uma adequada gestão dos recursos hídricos, contenção de rejeitos da
mineração ou de resíduos industriais.
A construção e a operação das barragens podem, no entanto, envolver danos potenciais para
as populações e para os bens materiais e ambientais existentes no entorno.
A segurança de barragens é um aspecto fundamental para todas as entidades envolvidas, tais
como as autoridades legais e os empreendedores, bem como os agentes que lhes dão apoio técnico
nas atividades, relativas à concepção, ao projeto, à construção, à operação e, por fim, ao
descomissionamento (desativação), as quais devem ser proporcionais ao tipo, dimensão e risco
envolvido.
Para garantir as necessárias condições de segurança das barragens ao longo da sua vida útil
devem ser adotadas medidas de prevenção e controle dessas condições. Essas medidas, se
devidamente implementadas, asseguram uma probabilidade de ocorrência de acidente reduzida ou
praticamente nula, mas devem, apesar disso, ser complementadas com medidas de defesa civil para
minorar as consequências de uma possível ocorrência de acidente, especialmente em casos onde se
associam danos potenciais mais altos. As condições de segurança das barragens devem ser
periodicamente revisadas levando-se em consideração eventuais alterações resultantes do
envelhecimento e deterioração das estruturas, ou de outros fatores, tais como, o aumento da ocupação
nos vales a jusante.
A Lei nº 12.334 de 20 de setembro de 2010, conhecida por Lei de Segurança de Barragens,
estabeleceu a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), considerando os aspectos
referidos, além de outros, e definiu atribuições e formas de controle necessárias para assegurar as
condições de segurança das barragens. A Lei de Segurança de Barragens atribui aos empreendedores
e aos responsáveis técnicos por eles escolhidos a responsabilidade de desenvolver e implementar o
Plano de Segurança da Barragem, de acordo com metodologias e procedimentos adequados para
garantir as condições de segurança necessárias.

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No Brasil, os empreendedores são de diversas naturezas: públicos (federais, estaduais ou


municipais) e privados, sendo a sua capacidade técnica e financeira, também, muito diferenciada.

1.1 TIPOS DE BARRAGENS

Quanto à dimensão as barragens podem ser classificadas como grandes ou pequenas, de


acordo com a extensão que ocupam.
Para ser classificada como Grande Barragem, deve ter altura maior ou igual a 15 metros, a
partir de seu alicerce, de acordo com a Comissão Internacional de Grandes Barragens. Se a barragem
tiver entre 5 e 15 metros de altura e seu reservatório tiver capacidade superior a 3 milhões de m 3,
também é classificada como Grande Barragem. Partindo-se desta definição, existem hoje no mundo
cerca de 50.000 grandes barragens.
As barragens de pequeno porte são freqüentemente construídas, havendo uma tendência atual
de um aumento acelerado no número de empreendimentos a serem instalados. Isto, devido às suas
aplicações como citado e também devido às dificuldades de se construir grandes barramentos, tendo
em vista a falta de lugares, os impactos ambientais e também o custo elevado de sua implantação.
Dependendo do material de construção, as barragens podem ser classificadas em dois grandes
grupos: barragens de concreto e barragens convencionais de terra e/ou enrocamento.
As barragens de concreto são aquelas construídas essencial mente com materiais granulares
produzidos artificialmente aos quais se adicionam cimento e aditivos químicos. As barragens de terra
e/ou enrocamento são aquelas construídas com materiais naturais tais como argilas, siltes e areias ou
com materiais produzidos artificialmente tais como britas e enrocamentos. No caso de barragens de
contenção de rejeitos, os próprios rejeitos podem ser utilizados como materiais de construção e,
assim, estas estruturas são denominadas barragens de rejeitos.

1.1.1 BARRAGENS DE CONCRETO

As barragens de concreto são caracterizadas pela sua forma, dimensões e materiais utilizados
na construção, tais como, o concreto convencional vibrado e o concreto compactado com rolo. Essas
barragens construídas em concreto armado utilizam formas, armação e lançamento de concreto
semelhantes à construção de outras estruturas civis tais como pontes e outras.

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As barragens construídas em concreto rolado (ou compactadas a rolo) utilizam concreto com
traço especial (seco), lançado e compactado com os mesmos equipamentos utilizados na construção
de barragens de terra e enrocamento. Exigem fundações e ombreiras em maciços rochosos. Essas
barragens são, em geral, classificadas nos seguintes tipos fundamentais:

a) barragem de concreto gravidade: apresenta forma triangular típica e estabilidade garantida pelo
peso próprio da estrutura.

Figura 1. Barragem de concreto gravidade (usina hidrelétrica).

b) barragem de concreto em arco: apresenta estrutura delgada e em arco, apoiada em ombreiras e


fundações rochosas.

Figura 2. Barragem de concreto arco

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c) barragem de concreto em contrafortes: apresenta a utilização de lajes de sustentação (contrafortes)


ao longo do corpo da barragem.

Figura 3. Barragens de concreto em contraforte.

1.1.2 BARRAGENS DE REJEITOS

Uma barragem de rejeito é uma estrutura de terra construída para armazenar resíduos de
mineração, os quais são definidos como a fração estéril produzida pelo beneficiamento de minérios,
em um processo mecânico e/ou químico que divide o mineral bruto em concentrado e rejeito. O
rejeito é um material que não possui maior valor econômico, mas para salvaguardas ambientais deve
ser devidamente armazenado.
As características dos rejeitos variam de acordo com o tipo de mineral e de seu tratamento em
planta (beneficiamento). Podem ser finos, compostos de siltes e argilas, depositados sob forma de
lama, ou formados por materiais não plásticos, (areias) que apresentam granulometria mais grossa e
são denominados rejeitos granulares (Espósito, 2000). Os rejeitos granulares são altamente
permeáveis e contam com uma boa resistência ao cisalhamento, enquanto os rejeitos de
granulometria fina, abaixo de 0.074mm (lamas), apresentam alta plasticidade, alta compressibilidade

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e são de difícil sedimentação. De acordo com Chammas (1989) o rejeito em forma de polpa passa
por três etapas de comportamento:
 Comportamento de lâmina líquida, com floculação das partículas de menor tamanho.
 Em processo de sedimentação, apresentando comportamento semi-líquido e semi-viscoso.
 Em processo de adensamento, comportando-se como um solo. É importante mencionar que o
rejeito não é propriamente um solo, mas para fins geotécnicos seu comportamento é considerado
equivalente a de um solo com características de baixa resistência ao cisalhamento.

Figura 4. Funcionamento de uma barragen de rejeitos.

1.1.2.1 MÉTODOS CONSTRUTIVOS DE BARRAGENS DE CONTENÇÃO DE REJEITOS

A construção de uma barragem de rejeitos se dá a partir de um dique inicial ('dique de


partida') em aterro compactado (acumulação dos rejeitos ao longo de um período de 2 a 3 anos
usualmente);
A execução da estrutura ocorre em múltiplas etapas, em função dos volumes de rejeitos
produzidos. Existe a utilização de diferentes materiais de construção nos alteamentos sucessivos,
incluindo-se os estéreis da mina e os próprios rejeitos.

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Deve-se ter a adoção de métodos de alteamento para montante, jusante ou pela linha de
centro, definidos em função da direção de deslocamento do eixo da barragem em relação ao eixo do
dique de partida.

Figura 5. Etapas para construção de uma barragem de rejeitos.

Figura 6. Barragens de Rejeitos.

1.1.3 BARRAGENS DE TERRA E ENROCAMENTO

As barragens de terra/enrocamento são mais comumente utilizadas. Destinam-se ao


armazenamento permanente de água devem possuir um elevado grau de estanqueidade (presença de

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um elemento de vedação). Estas barragens são construídas, via de regra, com materiais oriundos de
áreas de empréstimo, devidamente selecionadas, que são transportados, lançados e compactados,
com equipamentos especiais, sob rigoroso processo de controle executivo.
Possuem comumente um sistema de drenagem interna eficiente (presença de um elemento
drenante) e coeficientes de segurança elevados, tanto para a possibilidade de ocorrência de erosão
interna como para possibilidade de ruptura por cisalhamento (presença de um elemento
estabilizante).
As barragens de terra/enrocamento devem ter sistemas de extravasamento bem
dimensionados que lhes confiram elevados coeficientes de segurança contra a possibilidade de
galgamento. Essas barragens apresentam as seguintes vantagens:

 Utilizam materiais naturais com um mínimo de processamento;


 Podem ser utilizadas em condições de fundações menos resistentes;
 É um maciço constituído por solos compactados em camadas sucessivas;
 Podem ser homogêneas ou zonadas;
 Apresentam zona de vedação (núcleo);
 Apresentam zona resistente (espaldares);
 Possuem sistema de drenagem interna;
 Apresentam menor interferência no cronograma de execução;
 Menores volumes de aterro;
 Permitem a adoção de ensecadeira incorporada.

As principais desvantagens são:


 Cronograma de construção pode ser afetado pelas condições climáticas (execução do aterro
paralisada em períodos chuvosos);
 Seu maciço é constituído por enrocamentos (blocos de rocha) lançados ou compactados em
camadas com núcleo de material terroso;
 Exigem fundações em rocha sã ou alterada.

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2. PROJETOS DE BARRAGENS

O projeto de uma barragem consiste em uma sequencia de etapas, precedida pelo estudo
geológico, hidrológico da área a ser utilizada para a construção, até a faze de execução do projeto. A
seguir são descitas as fases de Estudos em Projetos de Barragens:

a) Fase I: reconhecimento da bacia


 Pesquisa Bibliográfica;
 Aerofotogeologia da Bacia;
 Escolha do Local do Barramento: os critérios para a escolha do local do barramento estão
associados diretamente à concepção e aos objetivos do empreendimento. Exemplo: barragens
para geração de energia elétrica (custo por kwh):
 maior vazão média regularizada (maior área da bacia hidrográfica e maior volume do
reservatório)
 maior desnível topográfico (maior altura de queda)
 menor interferência no reservatório (menores custos de desapropriação, de remanejamento de
infra-estrutura ou de população)
 menor linha de transmissão.

b) Fase II: inventário da bacia


 Otimização do Potencial Hídrico da Bacia;
 Infra-estrutura Existente
 Geologia regional;
 Seleção dos locais de barramento;
 Jazidas de materiais de construção
 Sobrevôo dos Rios Principais
 Cidades;
 Estradas;
 Indústrias;
 Áreas de proteção ambiental, etc
 Geologia e Geotecnia Preliminar da Bacia

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 Mapas geológicos;
 Estabilidade de taludes naturais;
 Condições de fundações;
 Materiais de construção disponíveis;
 Condicionantes geológico-geotécnicos locais

c) Fase III: viabilidade


 Alternativas de locação dos Eixos da Barragem;
 Estudos dos Tipos de Barragens;
 Estudos de Arranjos
 Estudos Geológico – Geotécnicos dos Locais de Barramento
 Análises de Viabilização Econômica e de Impactos Ambientais.

d) Fase IV: projeto básico da barragem


 Concepção e Definição Final da Obra
 Memoriais descritivos;
 Memoriais de cálculo;
 Desenhos de projeto;
 Especificações técnicas;
 Especificações construtivas;
 Quantitativos de materiais e serviços;
 Cronograma e orçamento;
 Normas de medição e pagamento

e) Fase V: projeto executivo


 Detalhamento do Projeto Básico;
 Prescrições Adicionais para :
 Execução de obras civis;
 Montagem de equipamentos;
 Fiscalização;
 Metodologias de controle e teste de equipamentos, etc.
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2.1 DIMENSIONAMENTO

Apresentam-se, em seguida, os elementos base e os estudos do projeto, comuns aos diferentes


tipos de barragens, visando a obter os elementos a incluir nos projetos, independentemente da etapa
em que se encontram e do tipo de barragem.

2.1.1 CÁLCULO DA PRECIPITAÇÃO MÁXIMA PROVÁVEL (PMP)

A cheia de projeto deve ser fixada, recorrendo-se a métodos estatísticos, incorporando a


informação histórica disponível, de simulação hidrológica (modelos precipitação-escoamento) e a
fórmulas empíricas, com a análise crítica dos valores obtidos pelas diferentes vias de cálculo, e
considerando cheias originadas por precipitação com duração igual e múltipla do tempo de
concentração.
Os tempos de recorrência a adotar no dimensionamento dos órgãos extravasores e proteção
contra cheias devem ser fixados, de acordo com o tipo, altura e classificação da barragem quanto ao
dano potencial associado. Os tempos de recorrência mínimos, recomendados para as cheias de
projeto são indicados no Quadro 2. Em alternativa e na falta de dados de base suficientes para a
estimação da PMP poderá utilizar-se o valor correspondente à cheia com o período de recorrência de
10.000 anos.

Quadro 2. Tempos de recorrência mínimos (anos) recomendados para as cheias de projeto.


Altura, h (m) Dano potencial associado
Aterro Concreto Alto à Médio Baixo
- h < 15 500 100
h < 15 15  h  60 1000 500
15  h < 60 60  h < 100 2000 1000
h  60 h  100 5000 à CMP 2000

No caso de barragens com dano potencial associado alto e/ou se a entidade fiscalizadora o
determinar, devem ser elaborados os estudos de rompimento de barragem e o Plano de Ação de
Emergência (PAE), e com a definição de sistemas de aviso e previsão de cheias. Várias organizações

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vinculadas à segurança de barragens recomendam a PMP para o caso de grandes obras que envolvem
grandes riscos. A PMP pode ser estimada pela fórmula estatística:

Pt = Pm + Dp. Kt (1)

Onde Kt é estimado pela equação:

Kt = 0,7797 x ln(tr) – 0,45 (2)


Onde:
Pt = Precipitção com um período de recorrência tr
tr = Período de recorrência (em anos)
Pm = Precipitação Média da série de precipitações máxima observadas
Dp = Desvio padrão das precipitações observadas
Kt = fator de frequência

2.1.2 FATORES QUANTIFICÁVEIS

Na prática corrente, têm-se considerado como fatores quantificáveis os associados às ações do


vento (ondulação e maré de vento) e dos sismos.
A velocidade do vento e a altura das ondas geradas são condicionadas pela topografia da área
do reservatório (desenvolvimento e forma), fatores representados pelo fetch máximo (maior
comprimento que é possível traçar sobre o reservatório) e pelo fetch efetivo (que considera a forma
do reservatório). Este último pode ser obtido pela média dos valores correspondentes ao fetch
máximo e dos oito valores, obtidos para ângulos afastados 3º entre si, quatro para um e outro lados
(USBR, 1992).
A ação do vento origina uma maré (wind setup ou wind tide) no reservatório, com uma sobre-
elevação do nível da água que pode ser estimada pela expressão (USBR, 1992, 2012):

S  V 2  Ft  (6,3 10 4  H) (3)


Onde:
S = sobre-elevação do reservatório (m);
V = velocidade do vento (km/h);

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Ft = fetch efetivo (km);


H = profundidade média do reservatório na área de medição do fetch (m).
O espraiamento (run-up) sobre o talude de montante contribui também para uma significativa
elevação das ondas, que pode ser avaliada pela expressão (MEER; JANSSEN, 1994):

S1  1,6  ε  tgα  (Hs ) 2  L (4)

Onde:
S1 = representa a sobre-elevação devida ao espraiamento (m);
 = fator que caracteriza a rugosidade da superfície do talude de montante da barragem;
α = ângulo do talude com a horizontal (admite-se inclinação constante do paramento na área
pertinente);
Hs = altura significativa das ondas (média aritmética das alturas do terço das ondas mais altas); e
L = comprimento de onda.

Os valores do fator de rugosidade (K) são indicados no Quadro 3 abaixo:

Para estimar a altura significativa das ondas (Hs) existem também fórmulas, tal como (MARTINS,
2002):
HS  V  (1,23Ft )  (0,5422) (5)

Sendo: Hs expresso em (m), V em (km/h) e Ft em (km). O comprimento de onda L e o período T


calculam-se pelas expressões:

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L = 1,56.T2 e T = 0,33.(V)0,41.(Ft)0,33 (6)

Relativamente à ondulação gerada pelo sismo, a altura da onda (Hs) em metros, pode também ser
estimada pela expressão (CINS, 1968):

Hs = Kh .T. g .(Hmt)2 (7)

sendo:
Kh = coeficiente sísmico horizontal;
T = período predominante do sismo (segundos);
g = aceleração da gravidade (m/s²);
Hmt = a altura máxima de água a montante (m).

2.1.3 CÁLCULO DO VOLUME DE ÁGUA ARMAZENADO

Para estimar o volume de água que deverá ser represado, deve-se:


 Definir o local adequado para a construção da barragem;
 Realizar o levantamento planialtimétrico da bacia de acumulação (local onde será formado o
lago);
 Interporlar curvas de nível às cotas do terreno e determinar a área interna a cada curva, como
mostra a Figura 7;

Figura 7. Determinação do volume acumulado.

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Para estimar o volume de água armazenado até a cota mais externa (definida, por exemplo,
pela cota 103 da Figura 7), deve-se primeiro estimar o volume de água armazenado para cada metro
de altura da lâmina de água. O volume contido dentre duas curvas de nível sucessivas pode ser
obtido multiplicando-se a média entre as áreas definidas por cada curva de nível pela alturas entre
elas, ou seja:
A n  A n 1
V h (8)
2
Para os dados representados na Figura 7, o volume armazenado é mostrado no Quado 1:

Quadro 1. Determinação do volume armazenado para uma barragem a partir das curvas de
nível às cotas do terreno.
Área definida Área Média Diferença de Volume
Cota da Curva
pela curva (m²) Acumulada (m²) Altura (m) Armazenado (m³)

99,5 0 0 0 0
100 980 490 0,5 245
101 1.680 1.330 1,0 1.330
102 2.048 1.864 1,0 1.864
103 2.720 2.384 1,0 2.384
Total: 5.823

2.1.4 CÁLCULO DO VOLUME DE TERRA EMPREGADO NA CONSTRUÇÃO DA


BARRAGEM.

Para a estimativa do volume de terra necessário para a construção de uma barragem ter uma
maior precisão, deve-se divirdir o maciço de terra em pequenos trapézios de volume conhecido. Cada
um deles representará o volume de terra entre duas curvas de nível consecutivas (com 1m de
desnível).
As condições hidrogeológicas do maciço devem ser avaliadas com segurança, através de
ensaios de perda da água, infiltração, bombeamento, instalação de medidores de nível da água,
piezômetros, etc.

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Para exemplificar o cálculo, considere uma barragem que foi dividida em 11 trapézios, com
alturas diferentes em função da sua posição. O trapézio número 1 está no centro da barragem, e os
demais à sua direita e esquerda, numerado de 2 a 11, conforme ilustra a Figura 8.

Figura 8. Vista frontal do maciço de terra dividido em trapézios.

O cálculo do volume de cada trapézio pode ser feito conhecendo-se apenas a altura h e a largura L de
cada um deles, empregando a seguinte fórmula:

5h 2  6h
VT  L (9)
2

Esta equação é válida apenas quando o talude de montante tem inclinação 3:1, o de jusante 2:1 e a
largura da crista tiver no máximo 3 m, como mostra o esquema da Figura 9 abaixo:

Figura 9. Representação dos taludes recomendados.

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APLICAÇÃO 1: Calcular o volume de água armazenada e o volume de terra necessário para a


construção de uma barragem que deverá ter profundidade máxima de 4 m de lâmina d’água,
conforme os dados que são fornecidos no quadro, abaixo.

Número do Volume do
Altura, h (m) Largura, L (m)
Trapézio Trapézio (m³)
1 5,5 3,0 276,4
2 5,0 3,0 232,5
3 5,0 3,0 232,5
4 4,0 2,5 130,0
5 4,0 2,5 130,0
6 3,0 1,5 47,3
7 3,0 1,5 47,3
8 2,0 1,0 16,0
9 1,0 1,0 5,5
Total: 1.117,5

Utilizando-se a equação (9), obtemos o volume para cada trápézio, completando o quadro
acima e obtendo o volume total de maciço de terra.
Para o cálculo do volume total de água, deve-se considerar a relação entre o volume de água
acumulado no lago e o volume de terra empregado na construção, que é deve ser no mínimo de 3:1.
Assim, o volume total de água será:
Vágua = 1.117,5 x 3,0 = 3.352,5 m³ de água.

2.1.5 CÁLCULO DA ALTURA DA BARRAGEM

O cálculo da altura da barragem, é feito considerando-se a altura da lâmina de água que


atravessa o extravasor da barragem, que consiste na canalização destinada a escoar eventuais
excessos de água dos reservatórios. Pode-se utilizar a seguinte equação para o cálculo da altura da
barragem:
H = Hn + He + f (10)
Onde:
Hn = desnível do terreno (m);

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He = altura máxima da lâmina de água (m);


f = folga
É importante ressaltar que acima do nível da água deve haver uma folga de 1,0 m para evitar
transbordamentos.

APLICAÇÃO 2: Cálcular a altura que deverá ter uma barragem, para represar a água de um rio,
para fins de geração de eletricidade, cujo terreno possui um desnível de 2 m e a profundidade da
lâmina d’água é de 5m.

Resposta: como deve haver uma folga de 1,0 m para evitar transbordamentos, acima do nível de
água, teremos: H = Hn + He + f  H = 2 + 5 + 1 = 8 m.

2.1.6 DIMENSIONAMENTO DO EXTRAVASOR

O extravasor é um dispositivo de segurança, que tem a finalidade de eliminar o excesso de


água quando a vazão assumir valores que tornem perigosa a estabilidade da barragem ou impedir que
o nível de água suba acima de uma certa cota. O extravasor deve ter capacidade suficiente para
permitir o escoamento máximo que pode ocorrer na seção considerada. A vazão de dimensionamento
deve ser igual à máxima vazão do curso de água, o que ocorre por ocasião das cheias. Os passos
para o dimensionamento do extravasor são:

a) Delimitação a bacia de contribuição

A delimitação da bacia hidrográfica, na qual será feito o represamento da água por meio da
construção de uma barragem, deve levar em conta as seguintes etapas:
 Etapa 1: deve-se definir o ponto em que será feita a delimitação da bacia, situado na parte mais
baixa do trecho em estudo do curso d’água principal. Para isso, é necessário reforçar a marcação
do curso d’água principal e dos tributários (os quais cruzam as curvas de nível, das mais altas
para as mais baixas, e definem os fundos de vale).

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 Etapa 2: para definir o limite da bacia hidrográfica, partir da foz e conectar os pontos mais
elevados, tendo por base as curvas de nível e os pontos cotados. O limite da bacia circunda o
curso d’água e tributários, não podendo nunca cruzá-los. Próximo a cada limite marcado, deve-se
verificar se a água da chuva escoará sobre o terreno rumo às partes baixas (cruzando
perpendicularmente as curvas de nível) na direção dos tributários e do curso d’água principal (se
ela correr em outra direção, é porque pertence a outra bacia). É importante observar se dentro da
bacia poderá haver locais com cotas mais altas do que as cotas dos pontos que definem o divisor
de águas da bacia.

b) Determinação da intensidade de precipitação (I)

A obtenção das intensidades de chuvas, são feitas em função de diversos tempos de


recorrência ou retorno e do tempo de duração da precipitação. O uso da equação de intensidade-
duração-frequência (IDF) é o método mais utilizado para a determinação da intensidade de
precipitação, o qual corresponde a seguinte equação:

a  Trb
I(mm/h)  (12)
(t  c) d
Onde:
Tr = tempo de recorrência ou retorno em anos
t = duração da precipitação em minutos ou horas
a, b, c e d = são parâmetros relativos ao regime pluviométrico local.

A intensidade de uma precipitação varia inversamente com a amplitude do tempo e diretamente com
a sua raridade.

c) Determinação do coeficiente de escoamento superficial (C)

O coeficiente de escoamento superfícial ou coeficiente de escoamento de deflúvio, depende


da distribuição da chuva na bacia, das condições do solo no início da precipitação, do tipo de solo, da
rede de drenagem existente, da duração e intensidade da chuva. O valor de C pode ser tratado como
sendo à razão entre o volume de água escoado superfícialmente e o volume de água precipitado.
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C
Ve
 C
A  Pe   C
Pe
Vp A  P 
p Pp
(11)

Entretanto, são propostas expressões para o cálculo de C, entre elas destacam-se os seguintes
métodos:

1. Método Racional

No método racional utiliza-se um coeficiente C, que, multiplicado pela intensidade da


precipitação de projeto, fornece o pico da cheia (vazão) considerada por unidade de área.

CIA
Q (12)
3,6
Onde:
I = intensidade de precipitação (mm/h)
A = área da bacia hidrográfica (km²)
C = coeficiente de escoamento
Q = vazão de pico (m³/s)

O coeficiente de escoamento varia com as características da bacia. Para bacias


impermeáveis, que geram maior escoamento superficial relativamente, em áreas urbanas, o valor do
coeficiente de escoamento é: 0,7 < C < 0,9; para áreas rurais: 0,1 < C < 0,3.

2. Fórmula de Gregory: o coeficiente de escoamento depende da duração da precipitação (minutos).

C = 0,175.t1/3 (13)

3. Fórmula de Horner: O coeficiente de escoamento depende da percentagem de impermeabilidade


da bacia (r) e da duração da precipatação (em minuto). É descrito por:

C = 0,364log(t) + 0,0042(r) – 0,145 (14)

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d) Determinação do tempo de concentração da bacia (tc)

O tempo de concentração de uma bacia corresponde ao tempo necessário para que toda a
área de drenagem passe a contribuir para a vazão da seção estudada. Como não é constante para uma
dada área, e varia com o estado de recobrimento vegetal e a altura e distribuição da chuva sobre a
bacia. Mas, para períodos de recorrência superiores a 10 anos, a influência da vegetação parece ser
desprezível.
Muitas expressões têm sido propostas para o cálculo de t c por pesquisadores que procuram
levar em conta algumas das características físicas da bacia: área; comprimento e declividade do canal
principal; comprimento ao longo do curso principal; desde o centro da bacia até a seção de saída
considerada; rugosidade do canal; etc. O quadro abaixo apresenta alguns dos métodos empíricos para
a determinação do tempo de concentração de uma bacia.

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e) Dimensionamento do sistema extravasor

Em barragens de terra o tipo de sistema extravasor mais recomendado é um canal lateral


construído fora do aterro, em terreno firme em uma das laterais do maciço, com fundo situado em
cota mais elevada em relação ao leito natural do rio, e de uma estrutura de dissipação de energia de
modo a conduzir a água excedente até o encontro com o curso d’água mais a jusante. É
recomendável verificar a possibilidade de projetar o canal lateral extravasor, sem revestimento. Caso
não seja possível, é necessário realizar a proteção do fundo e dos taludes das margens contra a
erosão. São quatro as soluções básicas:

1. Extravasamento por canal lateral com declividade e vertedor com escada de dissipação de
energia;

No dimensionamento do extravasor em canal lateral considera-se dois parâmetros básicos:


descarga máxima prevista de extravasamento e características do material natural no local onde se
pretende construir o canal extravasor. A Figura 10 ilustra um canal extravasor lateral com
declividade moderada construído fora do aterro.

Figura 10. Croquis de um canal extravasor lateral com declividade moderada construído fora do aterro.

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O canal extravasor é dimensionado como um canal qualquer, podendo-se, nesse caso, utilizar a
equação de Manning (15):
1
V   R 2/3  I1/2 (15)
n

Em que V é a velocidade da água no canal (m/s). Como a vazão (Q) é igual ao produto da área (A)
pela velocidade (V), tem-se que:
Q=V.A (16)

Substituindo-se a velocidade “V” da equação (16) na equação (15) obtêm-se:

1
Q  A  R 2/3  D c
1/2
(17)
n
Onde:
n = coeficiente de rugosidade de Manning;
R = raio hidráulico (m);
Dc = declividade do canal (m/m);
Q = vazão máxima de cheia (m3/s);
A = área molhada (m2);

O raio hidráulico utilizado na equação de Mannning é estimado como sendo:

A
R (18)
P

A equação da área (A) e do perímetro molhado (P) variam de acordo com a geometria do canal. No
caso de canal trapezoidal as equações utilizadas são:

A = b.h + z.h² e P = b + 2h . (1+ z²)1/2 (19)

Sendo,
P = perímetro molhado (m);
b = largura da base do canal (m);
h = altura máxima no canal (m); e
z = inclinação dos taludes de acordo com a estabilidade do canal.

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De posse do valor da vazão máxima de cheia, e com base no coeficiente de rugosidade de


Manning (Tabela 1), na inclinação dos taludes de acordo com a estabilidade do canal (Tabela 2) e
na velocidade limite recomendada em função do tipo de canal (Tabela3) e fixando-se o valor da
altura do canal (h) pode-se calcular o valor da largura da base do canal (b) e o valor da declividade
(Dc) de forma que a velocidade no canal projetado não ultrapasse a velocidade recomendada em
função o tipo de material utilizado na construção do canal.

Tabela 1 – Valores do coeficiente de rugosidade “n” de Manning.


Condições das paredes
Natureza das paredes
Muito boas Boas Regulares Más
Canais de terra, retilíneos e uniformes 0,017 0,020 0,0225 0,025

Canais abertos em rocha, lisos e uniformes 0,025 0.030 0,0330 0,035


Canais curvilíneos e lamosos 0,025 0,025 0,0275 0,030
Canais com leito pedregoso e vegetação nos
0,025 0,030 0,0350 0,040
taludes
Canais com fundo de terra e talude com
0,028 0,030 0,0330 0,035
pedras
Canais com revestimento de concreto 0,012 0,014 0,016 0,018
Canais dragados 0,025 0,028 0,030 0,033
Gabião 0,022 0,030 0,035 -

Tabela 2 – Inclinação dos taludes de acordo com a estabilidade de canais


Natureza dos taludes Inclinação (z:1)
Rocha dura, alvenaria comum, concreto 0:1 a 0,5:1
Rocha fissurada, alvenaria de pedra seca 0,50:1
Argila dura 0,75:1
Aluviões compactos 1,00:1
Cascalho grosso 1,50:1
Enrocamento, terra, areia grossa 2,00:1
Terra mexida, areia normal 3,00:1

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Tabela 3 – Velocidades limites em função do material das paredes do canal


Tipo de canal Velocidade (m/s)
Canal em areia muito fina 0,20 a 0,30
Canal em areia grossa pouco compactada 0,30 a 0,50
Canal em terreno arenoso comum 0,60 a 0,80
Canal em terreno sílico-arenoso 0,70 a 0,80
Canal em terreno argiloso compactado 0,80 a 1,20
Canal gramado 1,00 a 1,50
Canal em rocha 2,00 a 4,00
Canal de concreto 4,00 a 10,0

2. Extravasamento por canal lateral sem declividade e vertedor com escada de dissipação de
energia

Quando o excesso de água que escoa em canais extravasores deve ser restituídas ao curso
d’água à jusante da barragem em cota muito abaixo daquela do canal extravasor devem ser instaladas
estruturas de dissipação, as quais têm finalidade de reduzir o excesso de energia à níveis compatíveis
e suportáveis pelas condições de montante. A solução de dimensionamento, aqui apresentada segue
recomendação da ELETROBRÁS (1984). O vertedor e a escada de dissipação de energia são
necessários para a proteção do local de restituição das águas vertidas ao rio. Esta proteção deverá ser
realizada por uma soleira afogada ao final do canal, seguida de uma escada de dissipação de energia
construída em alvenaria de pedra argamassada (Figura 11).

Figura 11. Soleira afogada e escada de dissipação de energia a serem construídas junto ao canal
extravasor lateral.

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A lâmina máxima de água a verter sobre a soleira pode ser calculada por meio da equação:

2/3
 Q 
h sol   max  (20)
 1,71 b 
Onde:
hsol = altura de água sobre a soleira (m);
Qmax = vazão máxima m3/s;
b = largura do vertedor (m).

A altura da soleira (p), em metros, pode ser calculada por:

p = hmax – hsol (21)

Deve ser adotado para p um valor mínimo de 0,5m.

O comprimento da soleira (Figura 11) pode ser estimado por:

lsol = 2,5 . hsol (22)

Onde, lSOL = espessura da parede do vertedor (m).

A soleira afogada deve ser construída com pedras soltas, para ser permeável à água. O material para
a construção da soleira deve ser determinado, considerando a velocidade média do escoamento sobre
ela.
 Q 
Vsol   max  (23)
 h sol  b 

Onde, Vsol é a velocidade média de deslocamento da água (m/s) sobre a parede da soleira,
considerando-se os valores apresentados nas Tabelas 4, 5 e 6.

Como a cota de fundo do canal extravasor corresponde ao nível de água normal do


reservatório, há a necessidade do dimensionamento de uma escada de dissipação de energia (Figura
12), para proteção do local de restituição das águas vertidas para o rio. Recomenda-se que o

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comprimento de cada degrau seja, no mínimo, o dobro de sua altura. Essa proteção deve acompanhar
a topografia do terreno natural.

Figura 12. Escada de dissipação de energia.

A escada deve ter, no mínimo, a mesma largura do canal extravasor, e servir como meio de
proteção do talude da margem do curso d’água contra a erosão. Os degraus da escada devem ser
construídos em alvenaria de pedra ou concreto, podendo ser cogitada a utilização de gabiões.

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O canal extravasor de seção trapezoidal deve ser dimensionado com base no tipo e nas
condições do material de que é feito ou com o qual é capeado, na largura determinada para o vertedor
e na vazão que deve comportar. Dependendo do material e de suas condições, pode-se ter diferentes
recomendações de taludes a serem utilizados (Tabela 2) e velocidades de escoamento de água
(Tabelas 4, 5 e 6), para que não ocorram problemas de desbarrancamento ou erosão do leito do canal.
A velocidade máxima de escoamento de água no canal extravasor trapezoidal pode ser obtida pela
equação:
Q max
Vmax  (24)
h max  b  z  h 2max

As bocas de entrada e saída do canal deverão estar situadas a uma distância igual a sua largura ou de,
no mínimo, 5 m do maciço da barragem. A Seqüência de procedimentos recomendada no
dimensionamento do canal extravasor é:
 Fixar como cota de fundo do canal extravasor a do N.A. normal do reservatório;
 Fixar uma inclinação dos taludes que garanta a estabilidade das margens, atendendo aos
valores apresentados na Tabela 2.
 Fixar a lâmina de água máxima a ser vertida sobre a soleira do vertedor (valores entre 1.0 a
1,5 m);
 Calcular a largura do vertedor que, por sua vez, é idêntica à do canal extravasor;
 Calcular a altura máxima de água no canal extravasor, considerando-se que a soleira do
vertedor deva estar a no mínimo 0,5 m do fundo do canal;
 Calcular a velocidade máxima admissível no canal extravasor e verificar se o valor não
supera os máximos admissíveis a partir das características do material natural formador do
leito (Tabelas 4, 5 e 6);
 Escolher o material que irá capear o vertedor (Tabela 4), com base na velocidade de
escoamento calculada, de forma a minimizar a erosão do leito e das laterais;
 Verificar a viabilidade da execução do canal extravasor com a largura necessária calculada.
Caso esta seja muito grande ou as condições topogeológicas não sejam favoráveis à execução
do canal com tal largura, recomenda-se aumentar o valor da lâmina máxima de água (hmax) a
escoar no canal extravasor, até no máximo de 2 m.

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Tabela 4 – Velocidades máximas admissíveis em canais com lâmina de 1m.


Material do leito do canal Diâmetro (mm) Velocidade (m/s)
Lodo 0,005 a 0,05 0,15 a 0,20
Areia Fina 0,05 a 0,25 0,20 a 0,30
Areia Média 0,25 a 1,00 0,30 a 0,55
Areia Grossa 1,00 a 2,50 0,55 a 0,65
Pedrisco fino 2,50 a 5,00 0,65 a 0,80
Pedrisco Médio 5,00 a 10,00 0,80 a 1,00
Pedrisco Grosso 10,00 a 15,00 1,00 a 1,20
Cascalho Fino 15,00 a 25,00 1,20 a 1,40
Cascalho Médio 25,00 a 40,00 1,40 a 1,80
Cascalho Grosso 40,00 a 75,00 1,80 a 2,40
Pedra Fina 75,00 a 100,00 2,40 a 2,70
Pedra Média 100,00 a 150,00 2,70 a 3,50
Pedra Grossa 150,00 a 200,00 3,50 a 3,90
Pedra Grande (bloco) 200,00 a 300,00 3,90 a 4,50
Observação: Ao menor diâmetro da faixa que caracteriza o material corresponde o menor valor da faixa de velocidade.

Tabela 5 – Velocidade máximas admissíveis (m/s) em materiais coesivos


Grau de Muito pouco Pouco Compactado Muito
Material compactação compactado compactado compactado
Argila arenosa (areia < 50%) 0,45 0,90 1,30 1,60
Solos argilosos 0,40 0,85 1,25 1,70
Argilas 0,35 0,80 1,20 1,65
Argilas 0,32 0,70 1,05 1,35
Observação: Para canais com lâmina diferente a 1 m, ver Tabela 6 para correção dos valores das velocidades máximas admissíveis.

Tabela 6 – Velocidades máximas admissíveis em canais com lâmina de 1m.


Lâmina média
0,3 0,5 0,75 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
(m)
Fator de
0,8 0,9 0,95 1,0 1,1 1,1 1,2 1,2
correção (Fc)

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3.Extravasamento por canal lateral sem declividade e rampa extravasora

A rampa extravasora é muito utilizada como estrutura de dissipação de energia. Esta estrutura
de dissipação é constituída em uma rampa co declividade de 2:1 ou menor, indo de encontro com o
fundo do canal. A Figura 13 representa o escoamento em uma rampa extravasora através do ressalto
hidráulico.

Figura 13. Escoamento em uma rampa extravasora.

De acordo Carvalho, J. A (2008) a velocidade teórica, de forma simplificada, ao pé da rampa


extravasora pode ser estimada por:

 V2 
V1  2g   Z  Y0  0  Y1  (25)
 2g 
Onde:
Z = desnível geométrico entre o fundo do canal extravasor e a extremidade final da rampa
extravasora (m);
Y0 = altura da água no canal extravasor (m);
V0 = velocidade de escoamento no canal extravasor (m/s);
Y1 = altura da água no final da rampa extravasora (m).

Em conseqüência da perda de energia que sempre ocorre no escoamento em um extravasor, a


velocidade real é sempre menor que a velocidade teórica. O valor da diferença entre elas varia com a

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carga hidráulica inicial, com o tamanho do desnível, da declividade da rampa extravasora e da


rugosidade de sua superfície. A velocidade teórica, de forma simplificada, pode ser obtida por:

 Y 
V1  2g   Z  0  (26)
 2 

Do ponto de vista prático, o ressalto hidráulico é um meio útil de dissipar o excesso de energia de
escoamentos supercríticos. Sua maior importância reside no fato de minimizar o potencial erosivo de
escoamentos a jusante de vertedores de barragens, rampas, comportas, etc., reduzindo, rapidamente,
a velocidade para valores incapazes de provocar maiores danos ao canal de jusante. Quando o valor
da profundidade conjugada do ressalto a montante (y1 e Fr1) são conhecidas, y2 é dado por:

y2 
y1
2
 
 1  8Fr12  1 (27)

No caso em que se conhecem os valores da profundidade de jusante (y2) e o tipo de escoamento


(Fr2), o valor de y1 é dado por:

y1 
y2
2

 1  8Fr22  1  (28)

O número de Froude (Fr) é um adimensional que serve para classificar o tipo de escoamento. É dado
pela relação entre a velocidade de escoamento (v) e a raiz do produto da aceleração da gravidade (g)
e a profundidade corrente (y):
v
Fr  (29)
gy

Ainda segundo o mesmo autor, os ressaltos sempre acontecem quando há passagem de um


regime supercrítico, caracterizado por um escoamento rápido para um outro regime de velocidade
mais baixa, denominado subcrítico.Com a criação do ressalto, pode haver muita turbulência com
redução da velocidade e conseqüente diminuição do potencial erosivo.
Em algumas situações, para dissipação de energia através de ressalto hidráulico, este é
confinado em estruturas denominadas de bacia de dissipação, as quais possuem o fundo revestido
para resistir a força de cisalhamento do escoamento. Na prática, raramente a bacia é projetada para

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conter o ressalto em todo e seu comprimento, o que constitui em obras dispendiosas. Para aumentar a
dissipação de energia, estabilização do ressalto, e diminuir as dimensões da bacia, com conseqüente
redução de custos, são construídas obras acessórias, tais como blocos amortecedores, blocos de
queda e soleiras. Existem bacias com projetos já desenvolvidos e testados, denominados bacias
USBR. A formação e controle do ressalto também podem ser obtidos por meio de estruturas mais
simples, como é o caso de uso de soleiras, elevação brusca e depressão do fundo do canal.

4. Extravasamento através de vertedor em tulipa.

Normalmente, este dispositivo encontra-se conectado a tubulação do desarenador. Utilizado


como obra de arte, exige no seu dimensionamento maior responsabilidade técnica. De acordo com
vários autores pode-se utilizar para o seu dimensionamento a equação:

A  1,55  P  h1 
1,42
(30)
Onde:
A = área do extravasador (m²);
P = perímetro do círculo maior de diâmetro d (m);
h1 = diferença de nível entre a lâmina d’água e a superfície de entrada da tulipa (m).

(a) (b)

Figura 14. Estravasor com dispositivo em tulipa: (a) esquena de uma tulipa extravasora; (b) barragem em
enchimento com vertedor em tulipa.

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ANEXOS I – PROJETOS DE HIDRÁULICA

PROJETO 1: DIMENSIONAMENTO DE SISTEMA HIDRÁULICO PREDIAL

Considere o sistema predial da figura. Sabendo que o prédio abriga 1 cinema de 200 m², um
restaurante que serve 500 refeições por dia, 900 m² de lojas, metade delas no térreo, 1 supermercado
de 300 m². Prever 6000 litros para combate de incêndio.

PROJETO 2: DIMENSIONAMENTO DE SISTEMA HIDRÁULICO RESIDENCIAL

Considere uma residencia que possui 5 moradores. Um dos moradores, deseja que seja feito o projeto
hidráulico, semelhante ao da figura. Assim, ele contratou um engenheiro, que neste caso foi você,
para fazer o dimensionamento da caixa d’água, da canalização, etc. Desta forma:
- Apresente o tipo de material que deverá ser utilizado para o projeto hidráulico;
- Dimensione o reservatório superior (caixa d’água);
- Apresente o cálculo das perdas de carga;
- Descreva o tipo de abastecimento;

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PROJETO 3: DIMENSIONAMENTO DE SISTEMA DE ADUTORAS

Uma bomba B eleva água do reservatório A para um sistema com os reservatórios D e E. Ao


reservatório D chega um caudal de 250l/s. Sabendo que as cotas dos reservatórios e as dimensões das
condutas são as indicadas no esquema junto, que o rendimento da bomba é h = 0,75 e que as
condutas são em ferro fundido, calcule o vazão elevada e a potência da bomba.

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PROJETO 4: DIMENSIONAMENTO DE SISTEMA DE COMBATE A INCÊNDIO

Deseja-se fazer o dimensionamento de um sistema de combate a incêndio para uma edificação de 20


metros de altura, ilustrado na figura. Para isso contrata-se uma empresa de construção civil, na qual
você e a sua equipe de engenheiros trabalham e serão os responsáveis por elaborar e fazer a execução
do projeto, com base nos dados fornecidos:

 O prédio tem 3 andares, sendo 2 apartamentos por pavimento e cada pavimento tem em
média 2,80 metros de altura. O prédio abriga ao todo 27 moradores, e o consume de água por
dia é em média de 110 litros por pessoa.

DADOS NECESSÁRIOS AO PROJETO


A) Cálculo da Perda de Carga na Sucção (Hs):
Tubulação de Ferro Galvanizado 2 ½”
Registro de gaveta aberto 2
Cotovelo 90º raio longo 1
Te de saída bi-lateral 1
Comprimento desenvolvido na sucção :_____________________________
B) Cálculo da Perda de Carga no Recalque (Hr):
Tubuluação de Ferro Galvanizado 2 ½”

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Válvula de retenção horizontal 2


Registro de gaveta aberto 1
Cotovelo 90º raio longo 6
Cotovelo 45º 2
Te de saída bilateral 2
Te de passagem direta 1
Registro globo angular 2
Comprimento desenvolvido no recal que:____________________________

C) Cálculo da Perda de Carga na mangueira (Hmg):


Risco: B
Diâmetro da mangueira: 2 ½”
1,85
Hmg = 0,0678 x Q

D) Dimensionamento do conjunto motor – bomba:


Hmt  Q
Potência 
75 

Onde: Hmt = Altura Manométrica total


Q = Vazão em l / Seg.
 = Rendimento Admitido = 85%

PROJETO 5: DIMENSIONAMENTO DE SISTEMA INDUSTRIAL

Em uma indústria alimentícia, a água a 20ºC é bombeada de um tanque A para um tanque B


conforme indicado na figura. A tubulação de interligação do tanque A à bomba, denominada
tubulação de sucção, é de PVC, tem diâmetro interno igual a 53,4 mm e comprimento b = 20 m. A
tubulação de recalque também é de PVC, porém, tem diâmetro interno de 44,0 mm e as seguintes
dimensões: c = 10 m, d = 20 m, e = 5 m, f = 15 m, g = 5 m. As três válvulas indicadas na figura são
do tipo gaveta, e os dois cotovelos existentes na tubulação de recalque são de 90º. Sabendo que a =
7,0 m, o rendimento da bomba é igual a 67% e que deverão ser transferidos 20,5 m³/h de água do

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tanque A para o B, pede-se para avaliar a pressão manométrica da água nas seções 2 e 3 e a potência
requerida pela bomba.

PROJETO 6: DIMENSIONAMENTO DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA

Dimensionar uma Estação de Tratamento de Água que deverá atender a vazão de 50 L/s, sendo 25,77
L/s para a área urbana, e 24,23 L/s para atender futura instalação de uma área industrial cuja adutora
de água bruta ainda será instalada.
Dados gerais
- ETA convencional, utilizando mistura rápida e lenta mecanizada;
- Floculadores e decantadores em uma mesma estrutura;
- As dosagens do sulfato, leite de cal e ácido fluossilícico são por meio de bombas dosadoras;
- Adotar: 20 mg/L de sulfato de alumínio (a partir de ensaio de laboratório)
- Espaços pré-determinados:
- Para a casa de química: 10 x 20 m;
- Para a galeria de filtros: 4 m de largura;
- Distância mínima livre entre estruturas (ETA e reservatórios) e entre estruturas e divisas: 5 m;

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- Espessura das paredes de concreto (preliminar): 0,25 m e


- Largura dos canais (preliminar): 1,0 m

Tanque de mistura rápida


- t = 20 s
- G = 1.000 s-1 (gradiente de velocidade)
- Altura últil = 1,56 m
- μ (20oC) = 1,029 × 10-4 kgf.s/m2

Decantadores e floculadores
- Tempo de detenção: 30 min
- Floculadores por decantador: 02
- Tempo de decantação: 3h
- Taxa de aplicação superficial: 30 m³/m² dia
- Relação comprimento/largura = 4
- Densidade de potência dos agitadores (gradiente de velocidade): G = 111 s-1

PROJETO 7: DIMENSIONAMENTO DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO

Escolher entre os exercícios 1 e 2 da página 74, para fazer o projeto.

PROJETO 8: DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS DE DRENAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS

Dimensionamento do sistema de microdrenagem


1. Traçar o sentido do escoamento
2. Dimensionar o sistema de microdrenagem
Sarjetas
Boca-de-lobos
Galerias
3. Traçar o perfil da rede de galeria projetada
Dados: Largura via 10 m e da sarjeta 45cm
Z = 16
L da sarjeta = 0,02 m/m

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I = mm/min; t = min
Tr = 2 anos
Duração da chuva = 10min
C (área residencial) = 0,50
Rugosidade Manning n = 0,017
Dimensão da BL → L = 1,00 m

PROJETO 9: DIMENSIONAMENTO DE BARRAGENS PARA SISTEMAS HIDRELÉTRICOS

Para construir uma hidrelétrica de médio porte, foi necessário represar a água de um rio que faz parte
de uma bacia hidrográfica na região sudeste no Brasil, através da construção de uma barragem,
conforme a figura abaixo. A precipitação média sobre essa bacia é de 1000 mm/ano e sua a área de
drenagem é de 650 km². Assim, como Engenheiro, avalie a quantidade de água que escoa através da
camada arenosa indicada na barragem da figura, por um período de 24 horas. Considere uma camada
drenante de 1m de largura e o fato dos 10m finais serem constituídos por um material diferente do
lançado no trecho inicial. Com base em experiências anteriores, acredita-se que 30% da perda de
carga total ocorra no trecho a jusante. Determine as distribuições de carga total e de pressão ao longo
da camada drenante.

PROJETO 10: DIMENSIONAMENTO DE BARRAGENS DE REJEITO

O acidente em Mariana (MG), em 2015, provocou uma série de impactos negativos no meio
ambiente. O rompimento da barragem de rejeitos de mineração levou lama, por exemplo, aos rios,
afetando diretamente a cadeia alimentar. O diretor de uma mineradora, com o intuito de evitar um
acidente semelhante ao que ocorreu em Marina (MG), contratou uma empresa de engenharia

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especializada em projetos de barragens de rejeitos, para avaliar a situação da barragem da


mineradora, quando o nível da água na barragem atingir 1,0 m acima da sua crista. Assim, sendo
você o Engenheiro Chefe da empresa, responsável pela avaliação da estrutura da barragem, deverá
encaminhar ao diretor um relatório, contento as seguintes informações:
1) A vazão de água que escoa sobre a crista de uma barragem, quando o nível da água na barragem
atingir 1,0 m acima da sua crista, considerando que a soleira é espessa, plana e com 50 m de largura.
Considerando duas hipóteses:
 caso de vertedor de soleira espessa de Cd = 0,525;
 que a cristada barragem foi adaptada a um perfil de forma que o coeficiente de descarga seja
0,735.
2) Vazões e dimensões do extravasador.

REFERÊNCIAS

1. COELHO, J. C.M. Energia e Fluidos – Mecânica dos Fluidos. Volume 2. Editora Blucher.
São Paulo, 2016.
2. Exercícios Propostos – Faculdade de Engenharia: Departamento de Estruturas e Fundações.
UERJ -RJ
3. FEHIDRO – Fundo Estadual de Recursos Hídricos – Roteiros Básicos para Termo de
Elaboração de Referência da FEHIDRO. Estação de Tratamento de Água. Março de 2011.
4. ABNT NBR 12209. Elaboração de Projetos Hidráulicos-Sanitários de Estações de
Tratamento de Esgotos Sanitários.
5. BOHN, A. R. Instalação Predial de Água Fria. Universidade Federal de Santa Catarina –
Centro Tecnológico - Departamento de Engenharia Civil.
6. Manual do Empreendedor. Guia para Elaboração de Projetos de Barragens. Agência Nacional
de Água e Ministério do Meio Ambienre. Volume 5. Brasília, 2015.
7. SEIXAS, A.C. Processos de Tratamento de Águas Residuárias. Notas de Aula.
8. FILHO, F. C. M. Menezes; Costa, A. Ribeiro,Sistemática de Cálculo para o
Dimensionamento de Galerias de Águas Pluviais: Uma Abordagem Alternativa. REEC –
Revista Eletrônica de Engenharia Civil. Nº 4, Volume 1, 2012. 12-22.

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9. COSTA, R. N. T. Dimensionamento Econômico de Adutoras ou Linhas de Recalque.


Universidade Federal do Ceará – Departamento de Engenharia Agrícola. Hidráulica
Aplicada.
10. FRIZZONE, J. A. Análise de custos de sistemas de recalque de água. Piracicaba:
Departamento de Engenharia Rural – ESALQ/USP, 2000. Notas de aulas
11. GAVA, R. Diâmetro econômico de linhas de recalque. São Carlos: Departamento de
Hidráulica e Saneamento – USC/USP, 1992. Notas de aulas.
12. NETO, A.; ALVAREZ, G. A. Manual de Hidráulica. 7a ed. Revista e complementada. São
Paulo: Ed. Edgard Blucher, 1982.
13. PERES, J. G. Hidráulica Agrícola. Araras: Departamento de Recursos Naturais e Proteção
Ambiental – UFSC, 1996. 182p.
14. SILVESTRE, P. Hidráulica Geral. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora S.
A., 1982.
15. GOMES, R.C. Barragens de Terra e de Enrocamento. Departamento de Engenharia Civil –
UFOP. Notas de Aula.
16. LISTA DE EXERCÍCIOS – SANEAMENTO AMBIENTAL I Universidade Federal do
Paraná – Setor de Tecnologia Engenharia Ambiental. 2º semestre/2015.
17. CTB - C.T. BRAHUNA ENGENHARIA E REPRESENTAÇÕES. Implantação do Sistema
de Combate a Incêndio e Pânico
18. ABNT (1990) NBR 10897 - Proteção contra incêndio por chuveiro automático.
Procedimento.
19. ABNT (2003) NBR 10897 - Proteção contra incêndio por chuveiro automático. Projeto de
revisão.
20. ABNT (2000) NBR 13714 - Sistema de Hidrantes e de Mangotinhos para Combate a
Incêndio.
21. ABNT (1998) NBR 14100 - Proteção contra incêndio – Símbolos gráficos para projeto.
22. BRENTANO, T. (2005) Instalações hidráulicas de combate a incêndios nas edificações.
Porto Alegre: EDIPUCRS, 2ª Edição. 450p.
23. CREDER, H. (2006). Instalações hidráulicas e sanitárias. Rio de Janeiro: LTC – Livros
Técnicos e Científicos Editora, 6ª Edição. 423p. il.
24. MACINTYRE, A.J. (1990) Manual de instalações hidráulicas e sanitárias. Ed.Guanabara.

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25. PAIVA, J. B. D. de e IRION, C. A. O. (2003) Notas de aula – Instalações Hidrossanitárias


Prediais. Santa Maria: Departamento de Hidráulica e Saneamento da Universidade Federal de
Santa Maria, RS.
26. Página da internet: www.tupy.com.br, acesso em maio de 2006.

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