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PROJETO

HIDROSSANITÁRIO
Apresentação

As Organizações da Sociedade Civil (OSCs) têm representado um importante papel no contexto


atual, exigindo das entidades o estabelecimento de novos paradigmas.

Nesse cenário, a gestão profissional passa a ter cada vez mais um papel decisivo para o sucesso das
OSCs, independente do ramo de sua natureza.

Para garantir a qualidade dos serviços e sobrevivência organizacional, a Diretoria da Associação


dos Técnicos de Pernambuco - ATPE faz evoluir seu processo administrativo, adotando uma gestão
interativa, transparente e centrada em resultados.

Dentro deste contexto, a nossa gestão, atenta às mudanças, missão, visão e valores da ATPE dá
prioridade ao planejamento estratégico, objetivos, metas e resultados em busca da excelência
organizacional.

Diretoria da ATPE

Presidente da ATPE Conselho Fiscal


Augusto Carlos Vaz de Oliveira Pedro Rodrigo de Lima

Vice-Presidente da ATPE Conselho Fiscal


Luis Paulo de Sousa Teleones Eugênio do Nascimento

Primeiro Secretário Conselho Fiscal


Emauso Costa dos Santos José Otávio Barbosa Pontes

Primeiro Tesoureiro
Rodrigo Santiago do Nascimento
SUMÁRIO
CAPÍTULO I – ÁGUA FRIA

1. INTRODUÇÃO 1
2. TERMINOLOGIA-DEFINIÇÕES 1
3. VAZÃO 3
4. TIPOS DE SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO 8
5. SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO COM RESERVAÇÃO 8

CAPÍTULO II – ESGOTO PREDIAL

6. INSTALAÇÃO PREDIAL DE ESGOTO SANITÁRIO 24


7. SISTEMA DE ESGOTO DOMICILIAR 34
8. SISTEMAS PARA DISPOSIÇÃO DE EFLUENTES 45
9. SUMIDOUROS 48
10. FILTRO ANAERÓBIO DE FLUXO ASCENDENTE COM LEITO FIXO 49
PROJETO HIDROSSANITÁRIO

CAPÍTULO I – ÁGUA FRIA

1. Introdução
As instalações hidráulicas de água fria compreendem as tubulações e equipamentos utilizados ao
longo do percurso da água desde sua captação até chegar ao ser humano para seu consumo.

Este percurso é dividido em dois segmentos: o sistema de abastecimento e a instalação predial.

A instalação predial de água fria refere-se ao conjunto de tubulações, equipamentos, reservatórios


e dispositivos, a partir do ramal predial, destinados à distribuição e abastecimento dos pontos de
utilização de água do prédio, em quantidade suficiente e garantindo a qualidade de água fornecida
pelo sistema de abastecimento.

O projeto hidráulico de uma edificação é o conjunto de cálculos, plantas, detalhes e especificações


técnicas necessários para a elaboração do orçamento da instalação e sua posterior execução.

A Norma de Instalações Prediais de Água Fria da ABNT: NBR-5626, contempla as exigências


mínimas quanto a higiene, segurança, economia e conforto dessas instalações. Segundo essa
Norma, os objetivos do projeto e da construção devem ser:
a) “garantir o fornecimento de água de forma contínua, em quantidade suficiente, com pressões e
velocidades adequadas ao perfeito funcionamento das peças de utilização e dos sistemas de
tubulações"
b) “preservar rigorosamente a qualidade da água do sistema de abastecimento"

c) “preservar o máximo conforto dos usuários, incluindo-se a redução dos níveis de ruido"

2. Terminologia-Definições
A instalação predial de água fria é regida norma técnica NBR 5626:1998, da Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT). Seus principais componentes, bem como suas definições são
descritas a seguir:
a) ramal predial: tubulação compreendida entre a rede pública de abastecimento de água e
a instalação predial. O ponto onde termina o ramal predial deve ser definido pela concessionária;
b) hidrômetro: aparelho que mede o gasto de água de um consumidor;
c) alimentador predial: tubulação que liga a fonte de abastecimento a um reservatório de
água de uso doméstico;
d) válvula de flutuador: válvula com boia destinada a interromper a entrada de água nos
reservatórios e caixas de descarga quando se atinge o nível operacional máximo previsto;
e) reservatório inferior: destinado a reservar água e funcionar como poço de sucção da
instalação elevatória;
f) canalização de sucção; tubulação entre o ponto de tomada no reservatório inferior e o
orifício de entrada da bomba;
g) conjunto moto-bomba: constituído por bombas centrífugas acionadas por motores
elétricos;
h) canalização de recalque: tubulação compreendida entre o orifício de saída da bomba e o
ponto de descarga no reservatório de distribuição;
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i) reservatório superior: reservatório ligado ao alimentador predial ou à tubulação de
recalque, destinado a alimentar a rede predial de distribuição;
j) extravasor: tubulação destinada a escoar o eventual excesso de água de reservatórios onde
foi superado o nível de transbordamento;
k) tubulação de limpeza: tubulação destinada ao esvaziamento do reservatório para permitir
sua limpeza e manutenção;
l) barrilete: tubulação que se origina no reservatório e da qual derivam as colunas de
distribuição, quando o tipo de abastecimento é indireto. No caso de abastecimento direto, pode
ser considerada como a tubulação diretamente ligada ao ramal predial ou diretamente ligada à
fonte de abastecimento particular;
m) coluna de distribuição: tubulação derivada do barrilete e destinada a alimentar ramais;
n) ramal: tubulação derivada da coluna de distribuição e destinada a alimentar os sub-ramais;
o) sub-ramal: tubulação que liga o ramal ao ponto de utilização;
p) registro de fechamento: componente instalado na tubulação e destinado a interromper a
passagem da água. Deve ser utilizado totalmente fechado ou totalmente aberto. Geralmente
empregam-se registros de gaveta ou de esfera.
Em ambos os casos, o registro deve apresentar seção de passagem da água com área igual
à da seção interna da tubulação onde está instalado;
q) registro de utilização: componente instalado na tubulação e destinado a controlar a vazão
da água utilizada. Geralmente empregam-se registros de pressão ou válvula-globo em sub-ramais;
r) aparelho sanitário: componente destinado ao uso da água ou ao recebimento de dejetos
líquidos e sólidos. Incluem-se nessa definição aparelhos como bacias sanitárias, lavatórios, pias,
lavadoras de roupa, lavadoras de prato, banheiras, etc.; e,
s) metal sanitário: expressão usualmente empregada para designar peças de utilização e
outros componentes utilizados em banheiros, cozinhas e outros ambientes do gênero, fabricados
em liga de cobre. Exemplos: torneiras, registros de pressão e gaveta, misturadores, válvulas de
descarga, chuveiros e duchas, bicas de banheira.

O abastecimento de água para a edificação (fornecimento público, poços, acumulação de água


da chuva, captação direta de mananciais) será definido a partir de:
a) poços: tubulação do poço artesiano, bomba de recalque e tubulação de ligação para
distribuição;
b) acumulação de águas pluviais: sistema de captação através calhas e tubos em telhados e
lajes da água proveniente de chuvas e cisterna de acumulação;
c) captação direta de mananciais: sistema de captação, bombas de recalque, sistema de
tratamento e filtros e distribuição; e,
d) fornecimento público: ramal externo de ligação ao sistema de distribuição da rua, cavalete
com hidrômetro e ramal interno.

Numa instalação, o ramal de entrada para a edificação deve ser bem estruturado para que não
haja rupturas ou vazamentos decorrentes da má execução e montagens das partes componentes,
ocasionando, desta forma, prejuízos materiais na manutenção e no funcionamento da edificação.

Há em cada região normas das concessionárias de fornecimento de água indicando como deve
ser estruturado o sistema. O sistema é dividido em duas partes:
a) ramal externo: composto pela ligação entre a canalização pública e o sistema de medição
do consumo do edifício (cavalete com hidrômetro); e,
b) ramal interno: são estruturas destinadas a adquirir, guardar e distribuir até os pontos de
utilização no edifício a água limpa utilizada nos processos humanos.

Os sistemas de distribuição de água devem atender critérios de segurança, higiene, conforto do


usuário e economia. Devem ter como referência normativa a NBR 5626/92 da ABNT, como citado
anteriormente, que estima padrões destas estruturas, que devem ser seguidos para que esta
supra as necessidades do edifício.

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O hidrômetro, cujo esquema estrutural é ilustrado pela Figura 1 abaixo, é a forma de se verificar
o quantitativo de água consumida na edificação. Este é composto por uma “turbina” interna, que,
quando da passagem da água, gira e aciona um mecanismo regulado para dimensionar a
quantidade de água que passou pelo equipamento, este sistema indica o consumo a partir dos
seus diversos ponteiros.
Figura 1 - Esquema estrutural do hidrômetro

3. Vazão
Considera-se vazão hidráulica o volume de água a ser transportado que atravessa uma
determinada seção (tubo, calha, etc.) na unidade de tempo. No sistema prático de unidades, a
vazão é expressa em m3/h, podendo ser expressa também em l/s.
A vazão também pode ser denominada de descarga hidráulica. Em um projeto de instalações
hidráulicas prediais, são dimensionados vários tipos de vazões, a saber: dos de utilização, do
alimentador predial, do barrilete e colunas de distribuição, dos ramais e sub-ramais, do
reservatório superior.

3.1 Pressão nas Canalizações de um Prédio


Em Hidráulica Predial, a água contida em um tubo contém peso, o qual exerce uma
determinada pressão nas paredes desse tubo. A pressão que a água exerce sobre uma superfície
qualquer só depende da altura do nível da água até essa superfície. É o mesmo que dizer: a
pressão não depende do volume de água contido no tubo. Na maioria das vezes, no
dimensionamento das tubulações em Hidráulica Predial, a pressão considerada é devida a ação
exclusiva da gravidade. Nos prédios, conforme ilustrado pela Figura 2, o que ocorre com a pressão
exercida pela água nos diversos pontos das canalizações, só depende da altura do nível da água,
desde um ponto qualquer da tubulação, até o nível água do reservatório.

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Figura 2 - Pressão nas canalizações de um prédio

Fonte: LYRA (2000)

Deve-se verificar se a pressão se situa dentro dos limites estabelecidos pela norma. A NBR
5626:1998 estabelece que a pressão estática (quando não há escoamento) em qualquer ponto de
utilização da rede predial de distribuição seja inferior a 400kPa (40mca), para proteger a tubulação
contra pressão e golpe de aríete. Com relação à pressão dinâmica (com escoamento), a NBR
5626:1998 estabelece que seja superior a 5kPa (0,5mca). O Quadro 2 a seguir apresenta as
pressões dinâmicas mínimas para as peças de utilização conforme recomendações da NBR
5626:1998.

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Quadro 2 - Pressão dinâmica mínima nos pontos de utilização identificados em função do
aparelho sanitário e da peça de utilização

Quadro 2.1 - Altura recomendada para os pontos de utilização

3.2 Velocidade
A velocidade do escoamento é limitada em função do ruído, da possibilidade de corrosão e
também para controlar o golpe de aríete. A NBR 5626 recomenda que a velocidade da água, em
qualquer trecho da tubulação, não seja superior a 3m/s.

3.3 Golpe de Aríete


Quando a água, ao descer com velocidade elevada pela tubulação, é bruscamente
interrompida, os equipamentos da instalação ficam sujeitos a golpes de grande intensidade
(elevação de pressão).
Logo, denominados de golpe de aríete a variação da pressão acima e abaixo do valor de
funcionamento normal dos condutos forçados, em consequência das mudanças de velocidade da

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água, decorrentes de manobras dos registros de regulagem de vazões. O fenômeno vem
normalmente acompanhado de som que faz lembrar marteladas, fato que justifica o seu nome.
Além do ruído desagradável, o golpe de aríete pode romper tubulações e danificar aparelhos.
Por essas razões o projetista deve estudar quantitativamente o golpe de aríete e os meios
disponíveis para evitá-lo ou suavizar os seus efeitos.
Nas instalações prediais, alguns tipos de válvulas de descarga e registro de fechamento rápido
provocam o efeito de golpe de aríete, porém, no Brasil já existem algumas marcas de válvula de
descarga que possuem dispositivos antigolpe de aríete, os quais fazem com que o fechamento da
válvula se torne mais suave, amenizando quase que totalmente os efeitos desse fenômeno.

3.4 Perdas de Carga


3.4.1 Tubos
A perda de carga ao longo de um tubo depende do seu comprimento e diâmetro interno, da
rugosidade da sua superfície interna e da vazão. Para calcular o valor da perda de carga nos
tubos, recomenda-se utilizar a equação universal, obtendo-se os valores das rugosidades junto
aos fabricantes dos tubos. Na falta dessa informação, podem ser utilizadas as expressões de Fair-
Whipple- Hsiao indicadas a seguir.
Para tubos rugosos (tubos de aço-carbono, galvanizado ou não):

Para tubos lisos (tubos de plástico, cobre ou liga de cobre):

onde:
J é a perda de carga unitária, em quilopascals por metro;
Q é a vazão estimada na seção considerada, em litros por segundo;
d é o diâmetro interno do tubo, em milímetros.

3.4.2 Conexões
A perda de carga nas conexões que ligam os tubos, formando as tubulações, deve ser
expressa em termos de comprimentos equivalentes desses tubos. As tabelas A.2 e A.3
apresentam esses comprimentos para os casos de equivalência com tubos rugosos e tubos lisos,
respectivamente.
Quando for impraticável prever os tipos e números de conexões a serem utilizadas, um
procedimento alternativo consiste em estimar uma porcentagem do comprimento real da tubulação
como o comprimento equivalente necessário para cobrir as perdas de carga em todas as
conexões; essa porcentagem pode variar de 10% a 40% do comprimento real, dependendo da
complexidade de desenho da tubulação, sendo que o valor efetivamente usado depende muito da
experiência do projetista.

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Tabela A.2 - Perda de carga em conexões - Comprimento equivalente para tubo rugoso (tubo de aço-carbono,
galvanizado ou não)

Tabela A.3 - Perda de carga em conexões - Comprimento equivalente para tubo liso (tubo de plástico, cobre ou liga de
cobre)

3.4.3 Registros
Os registros de fechamento, geralmente utilizados na condição de passagem plena,
apresentam perda de carga pequena que, para efeito deste procedimento, pode ser
desconsiderada. Por outro lado, os registros de utilização apresentam elevada perda de carga,
que deve ser cuidadosamente computada. A perda de carga em registro de pressão pode ser
obtida através da seguinte equação:

onde:
Δh é a perda de carga no registro, em quilopascal;
K é o coeficiente de perda de carga do registro (ver NBR 10071);
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Q é a vazão estimada na seção considerada, em litros por segundo;
d é o diâmetro interno da tubulação, em milímetros.

3.4.4 Hidrômetros
A perda de carga em hidrômetro pode ser estimada empregando- se a seguinte equação:

onde:
Δh é a perda de carga no hidrômetro, em quilopascal;
Q é a vazão estimada na seção considerada, em litros por segundo;
Qmáx. é a vazão máxima especificada para o hidrômetro, em metros cúbicos por hora (ver tabela
A.4).

3.4.5 Verificação da pressão disponível


3.4.5.1 Sistema de tipo de abastecimento indireto
A pressão disponível inicial é usualmente considerada a partir da saída do reservatório. Cada
trecho de tubulação entre dois nós ou entre um nó e uma extremidade da rede predial de
distribuição deve ser dimensionado na base de tentativa e erro, começando pelo primeiro trecho
junto ao reservatório.
A pressão disponível residual no ponto de utilização é obtida subtraindo-se da pressão inicial
os valores de perda de carga determinados para os tubos, conexões, registros e outras
singularidades.
Se a pressão residual for negativa ou menor que a pressão requerida para o ponto, ou ainda
se tubos de diâmetros impraticáveis forem determinados, os diâmetros dos tubos dos trechos
antecedentes devem ser majorados e a rotina de cálculo repetida (ver A.4.3).

3.4.5.2 Sistema de tipo de abastecimento direto


A pressão disponível inicial depende das características da fonte de abastecimento. No caso
de rede pública, a pressão mínima no momento de demanda máxima deve ser obtida junto à
concessionária (ver 5.1.3). Se houver alguma dúvida sobre esse valor ser mantido no futuro, deve-
se aplicar algum tipo de coeficiente de segurança.
Uma vez estabelecida a pressão mínima, o método de dimensionamento das tubulações é
idêntico àquele usado quando o sistema é do tipo de abastecimento indireto.

4. Tipos de Sistemas de Distribuição


Para a distribuição de água na edificação podem sem empregados quatro tipos de sistemas:
a) direto: todos os aparelhos e torneiras são alimentados diretamente da rede pública;
b) indireto: todos os aparelhos e torneiras são alimentados pelo reservatório superior da
edificação, o qual é alimentado diretamente pela rede pública (caso haja pressão suficiente na
rede) ou por meio de recalque, a partir de um reservatório inferior;
c) misto: parte dos aparelhos e torneiras são alimentados diretamente pela rede pública e
parte pelo reservatório superior; e,
d) hidropneumático: todos os pontos de consumo são alimentados por um conjunto
hidropneumático, cuja finalidade é assegurar a pressão desejável no sistema, sem necessidade
de reservatório superior.

5. Sistemas de Distribuição com Reservação


Para suprir as deficiências do abastecimento, deve-se armazenar um volume de água para
pelo menos 1 dia de consumo. Normalmente se reserva de 2 a 3 vezes o consumo diário. Além
disso, é costume reservar água para combate a incêndio. Esta reserva é normalmente distribuída
entre o reservatório superior e inferior. As reservas devem ser feitas da seguinte forma:
a) o reservatório inferior deve armazenar 3/5 do consumo total;
b) o reservatório superior deve armazenar 2/5 do consumo total; e,
c) a reserva de incêndio é estimada em 15% a 20% do consumo diário.

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Quando o volume do reservatório superior ultrapassa 5.000 L, devee ser previstos 2
compartimentos e cada compartimento deve conter as seguintes tubulações:
a) alimentação;
b) saída para o barrilete de água para consumo;
c) saída para o barrilete de água de incêndio;
d) extravasor; e,
e) limpeza.
Observação: para cada compartimento dos reservatórios (superior e inferior), é necessária a
instalação de automáticos de boia, comandados eletricamente, por chave de reversão. O sistema
deverá ligar-se automaticamente quando houver água no reservatório inferior e o superior atingir
o nível inferior de água e deverá desligar-se quando atingir o nível superior desejado ou o nível de
água no reservatório inferior atingir um ponto muito baixo (10 cm antes da válvula de pé). A Figura
2 ilustra o esquema do sistema de entrava e reserva de água.
Figura 2 - Esquema do sistema de entrada, medição e reservação de água

5.1 Reservatórios (dimensionamento)


Para se estimar o consumo diário de água, é necessário que se conheça a quantidade de
pessoas que ocupará a edificação. Para o setor residencial, Creder (1995) recomenda que se
considere cada quarto social ocupado por duas pessoas e cada quarto de serviço, por uma
pessoa. A taxa de ocupação deve ser tal qual a equação:
Residências: 2 pessoas por QS + 1 pessoa por QE
Para outras edificações, verificar a Tabela 1 a seguir:
Tabela 1 - Taxa de ocupação para prédios públicos ou comerciais

Quanto ao consumo diário per capita (C), ver Quadro 1 a seguir.

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Quadro 1 - Consumo específico em função do tipo de prédio

Exemplo 1: Seja um prédio de 10 pavimentos, 4 apartamentos por andar, cada apartamento com
3 quartos e 1 de empregada, mais o apartamento do zelador com 2 quartos. Calcular o consumo
diário predial:
• Cada apartamento 3x2 + 1 = 7 pessoas, então: cada pavimento = 7 x 4 = 28 pessoas
• Apartamento do zelador = 2 x 2 = 4 pessoas
• População do prédio = (28 x 10) + 4 = 284 pessoas
• Consumo = 200 litros per capita
• Consumo diário total --> Cd = 284 x 200 = 56.800 litros

Exemplo 2: Calcular o consumo diário para um shopping center de 3.500 m², dos quais 500 m²
correspondem à área de alimentação
(A) Área de lojas e circulação
• Número de pessoas = 3.000 m² / 5,5 m² por pessoa = 545,45 = 546 pessoas
• Consumo = 50 litros per capita
• Consumo diário total --> Cd = 546 x 50 = 27.300 litros
(B) Área de alimentação
• Número de lugares = 500 m² / 4 m² por lugar = 125 lugares
• Consumo = 25 litros por refeição e por lugar
• Consumo diário total --> Cd = 25 x 125 x 3 = 9.375 litros
• Consumo Diário Total (A) + (B) = 27.300 + 9.375 = 36.675 litros

5.2 Dimensionamento dos Reservatórios


A NBR 5626:1998 estabelece que o volume de água reservado para uso doméstico deve ser,
no mínimo, o necessário para atender 24 horas de consumo normal do edifício, sem considerar o
volume de água para combate a incêndio.

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Em virtude das deficiências no abastecimento público de água em praticamente todo o país,
Creder (1995) recomenda que se adotem reservatórios com capacidade “suficiente para uns dois
dias de consumo” e que o reservatório inferior armazene 60% e o superior 40% do consumo.
1) População Total: N (nº de pessoas do prédio)
2) Consumo Diário: V = N x C (volume diário em litros)
3) Volume Total: Vt = V x (n), onde n é a reserva em dias
4) Distribuição Nos Reservatórios:
- Pela norma: V(RI) = 3/5Vt equivale a 60%
V(RS) = 2/5Vt equivale a 40%
5) Reserva para Incêndio:
- Prédios residenciais:
- Edificações até 4 pavimentos ou 14,00m - isento
- Edificações com mais de 4 pavimentos
- V(RS) = 2/5Vt + Ri
- Prédios não residenciais, atender as normas do Corpo de Bombeiros local.

Segundo a NBR 5626/82 os reservatórios devem ser projetados e construídos de maneira


que:
- Sejam perfeitamente estanques;
- Possuam paredes lisas, executadas com materiais que não alterem a qualidade da água
e que resistam ao ataque da mesma;
- Impossibilitem o acesso de elementos que poluam ou contaminem a água;
- Possuam abertura para inspeção, limpeza e eventuais reparos;
- Sejam dotados de extravasor, (conhecido como ladrão, que serve para regularizar o nível
máximo e aviso de não funcionamento da válvula de boia. Deverá ser desaguada em locais
visíveis e jamais poderá ser desaguada em caixas de esgoto sanitário, para não entrar gases
prejudicando a qualidade da água);
- Tenham canalização para esgotamento e, quando a área do fundo for superior a 2m², esta
deverá ser inclinada para o seu perfeito esvaziamento;
- O fechamento da tampa de inspeção do reservatório inferior deverá ser do tipo encaixe
(caixa de sapato) e preferencialmente com sistema de segurança (cadeado ou fechadura);
- O acesso deverá ser facilitado;
- A saída da alimentação d’água (saída do barrilete) deverá estar no mínimo 0,10m acima
do fundo do reservatório;
No reservatório superior:
- Deve haver um espaço livre de no mínimo 30cm acima do nível da água;
- Quando a capacidade for superior a 4000 litros, deve ser dividida em dois compartimentos
comunicantes através do barrilete;
- Os reservatórios devem ficar com o fundo no mínimo a 0,80m acima do último teto.
No reservatório inferior:
- O crivo da canalização de sucção deve ficar a, pelo menos, 0,10m do fundo, evitando,
assim, que a sucção revolva os lodos depositados;
- Deverá ficar afastado 5m do sistema de destino final de esgoto;
- Recomenda-se a limpeza com desinfecção a cada 6 meses.

5.3 Dimensionamento da Tubulação de Recalque


Em prédios de ocupação coletiva é conveniente que sejam instalados pelo menos 2 conjuntos
elevatórios, de modo que um deles sempre fique de reserva. As normas exigem que a
CAPACIDADE HORÁRIA mínima das bombas seja de 15% do consumo diário. Na prática,
tomamos 20%, o que obriga a bomba a funcionar durante 5 horas, para recalcar o consumo diário.
Q = ______consumo diário__________
horas de funcionamento da bomba
D = 1,3 √Q.√X ou ÁBACO (conforme ilustrado pela Figura 3)
Onde:

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D = diâmetro, em metros
Q = vazão, em m³/h
X = horas de funcionamento/ 24 horas
Figura 3 - Ábaco

5.4 Dimensionamento da Tubulação de Sucção


Dado prático:
- Um diâmetro (comercial) a mais do que o recalque.

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5.5 Dimensionamento do Extravasor e da Tubulação de Limpeza
Dado prático:
- Dois diâmetros (comercial) a mais do que o recalque.
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Diâmetro dos tubos (comercial) - ABNT EB – 892/77
Soldável Roscável Soldável Roscável
20mm → 1/2” 60mm → 2”
25mm → ¾” 70mm → 2 ½”
32mm → 1” 80mm → 3”
40mm → 1 ¼” 110mm → 4”
50mm → 1 ½”

A Figura 4 a seguir ilustra as tubulações necessárias para instalações de caixas de água.

Figura 4 - Tubulações essenciais para a instalação adequada da caixa d'água

Por que ventilar?


Caso não haja ventilação, podem ocorrer duas coisas:
1- Possibilidade de contaminação da instalação devido ao fenômeno chamado de retrossifonagem
(pressões negativas na rede, que causam a entrada de germes através do sub-ramal do vaso
sanitário, bidê ou banheira);
2- Nas tubulações sempre ocorrem bolhas de ar, que normalmente acompanham o fluxo de água,
causando a diminuição das vazões das tubulações. Se existir o tubo ventilador, essas bolhas serão
expulsas, melhorando o desempenho final das peças de utilização. Também no caso de
esvaziamento da rede por falta de água e, quando volta a mesma a encher, o ar fica “preso”,
dificultando a passagem da água. Neste caso a ventilação permitirá a expulsão do ar acumulado.

5.6 Dimensionamento dos Encanamentos


Todas as tubulações das instalações prediais de água fria são direcionadas para funcionar
como condutos forçados.

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Figura 8 - Perspectiva isométrica do banheiro, cozinha e área de serviço

5.7 Dimensionamento dos Sub-ramais


De fato, não existe um dimensionamento dos sub-ramais. Seu diâmetro é adotado em função
do tipo de peça servida e atendendo os padrões comerciais. A Tabela 2 a seguir apresenta os
diâmetros nominais mínimos adotados para os sub-ramais de alimentação para diferentes
aparelhos sanitários.
Tabela 2 - Diâmetros mínimos dos sub-ramais de alimentação

(*) Se a pressão estática de alimentação for menor que 30 kPa (3 mH2O), usar 1 ½” (50 mm
soldável).
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5.8 Dimensionamento dos Ramais
O ramal é uma tubulação derivada da coluna de distribuição e destinada a alimentar os sub-
ramais. Para se garantir a suficiência do abastecimento de água, deve-se determinar a vazão em
cada trecho da tubulação corretamente.

Para dimensionar os ramais, a forma mais simples consiste no uso do ábaco da Figura 5. Em
primeiro lugar deve-se determinar o somatório dos pesos dos pontos de utilização atendidos por
esse ramal. Entra-se no ábaco com esse somatório para obter a vazão ou consumo máximo
provável (método dos pesos) e o diâmetro correspondente, tal como indicado na página anterior.

Usa-se a Tabela 3 para atribuir os pesos.

Usa-se o ábaco, ilustrado pela Figura 5, para cálculo das tubulações.

Para utilizar o método dos pesos, deve-se:


a) dimensionar os sub-ramais = Tabela 2
b) atribuir pesos = Tabela 3
c) somatório dos pesos
d) ábaco para cálculo das tubulações = Figura 5

Tabela 3 - Vazão e peso relativo nos pontos de utilização identificados em função do aparelho
sanitário e da peça de utilização

Fonte: NBR 5626:1998

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Figura 5 - Ábaco para cálculo das tubulações - diâmetros e vazões em função dos pesos

Fonte: NBR 5626 (ABNT, 1998)

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5.9 Dimensionamento das Colunas de Distribuição (Método de Hunter)
Unidade Hunter de Contribuição (UHC) é um fator probabilístico numérico que representa a
frequência habitual de utilização associada à vazão típica de cada uma das diferentes peças de
um conjunto de aparelhos heterogêneos em funcionamento simultâneo em hora de contribuição
máxima no hidrograma diário.
A coluna de distribuição é a tubulação derivada do barrilete e destinada a alimentar ramais,
conforme ilustrado pela Figura 7 a seguir.
Figura 7 - Coluna de distribuição

Fonte: Lyra (2000)

As colunas são dimensionadas trecho por trecho, seguindo as etapas:


a) numerar a coluna;
b) marcar com letras os trechos em que haverá derivação para os ramais;
c) somar os pesos de todas as peças de utilização (Tabela 3) – PESO UNITÁRIO;
d) juntar os pesos acumulados no trecho – PESO ACUMULADO; e
e) determinar a vazão, em litros por segundo e o diâmetro, em (mm), usando o ábaco da
Figura 5.

5.10 Dimensionamento dos Barriletes


- Método das vazões:
a) somam-se as vazões das colunas (topo) que serão alimentadas pelo barrilete; e
b) com a vazão total obtida, entra-se no ábaco (Figura 5) encontrando-se o diâmetro.
- Método das seções equivalentes:
a) transformam-se os diâmetros das colunas que serão alimentadas pelo barrilete em
diâmetros de ½” equivalentes (Tabela 4).
b) Soma-se os valores dos diâmetros equivalentes.
c) Com o total, volta-se à Tabela 4 e encontra-se o diâmetro equivalente.

5.11 Colunas de Distribuição de Água Fria


Pelo método tradicional de projeto, em um edifício de apartamentos, cada apartamento pode
ter várias colunas de alimentação. Como temos banheiro sobre banheiro, cozinha sobre cozinha
e área de serviço sobre área de serviço, cada ambiente ou conjuntos próximos de ambientes
podem possuir colunas independentes, como ilustra a Figura 9 a seguir.

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Figura 9 - Colunas de distribuição de água fria

Fonte: Vasconcelos (2012)

Este sistema de distribuição através de colunas independentes por ambientes inviabiliza ou,
no mínimo, dificulta muito a medição individual de água e faz com que o consumo de água no
edifício seja rateado entre todos os moradores e cobrado na taxa de condomínio. Um apartamento
que tem um único morador paga o mesmo que outro apartamento que tem uma família de 5
pessoas.
Não podemos mais ter várias colunas atendendo um apartamento, pois se queremos fazer
uma medição individual, o apartamento terá uma única entrada para o abastecimento de todos os
ambientes. Um edifício com quatro apartamentos por andar, por exemplo, terá somente 4 colunas
de água fria com um hidrômetro em cada apartamento. A partir do hidrômetro é que será feita a
distribuição para todos os ambientes do apartamento por meio de tubulações horizontais, como
ilustrado pela Figura 10. Conceito totalmente diferente do anterior.

19
Figura 10 - Colunas de distribuição de água fria para medição individual

Fonte: Vasconcelos (2012)

Exemplo 3: Dimensionar sub-ramal, ramal, coluna e barrilete de um prédio que possui 10 andares
e 4 apartamentos por andar. Vão existir então 4 colunas de água-fria, sendo 3 colunas atendendo
10 apartamentos e 1 coluna atendendo 10 apartamentos, mais o apartamento do zelador, que
está localizado no pavimento térreo.
Chamaremos de AF1, AF2 e AF3 as colunas que atendem 10 apartamentos e de AF4 a coluna
que atende 10 apartamentos, mais o zelador.
Antes de dimensionar a coluna com 10 apartamentos, vamos dimensionar um apartamento.
Cada apartamento possui dois banheiros, uma cozinha e uma área de serviço, os outros 9
apartamentos são iguais.
O apto do zelador possui um banheiro, uma cozinha e uma área de serviço.

SUB-RAMAL (APARTAMENTOS)
- Banheiro
APARELHO DIÂMETRO DIÂMETRO
MÍNIMO ADOTADO
Chuveiro 20 25
Bacia com caixa de descarga 20 25
Lavatório 20 25
Ducha higiênica 20 25

20
- Cozinha
APARELHO DIÂMETRO DIÂMETRO
MÍNIMO ADOTADO
Pia 20 25
Filtro (bebedouro) 20 25

- Área de Serviço
APARELHO DIÂMETRO DIÂMETRO
MÍNIMO ADOTADO
Máquina de lavar roupa 25 25
Tanque 25 25

RAMAL (APARTAMENTOS):
- Banheiro
APARELHO PESO
Chuveiro 0,1
Bacia com caixa de descarga 0,3
Lavatório 0,3
Ducha higiênica 0,4
TOTAL 1,1
Aplicando a Somatória de Pesos no ábaco, temos: Q= 0,32 l/s e DN= 20 mm ou D= ¾” ou DN
(comercial) 25mm.

- Cozinha
APARELHO PESO
Pia 0,7
Filtro (bebedouro) 0,1
TOTAL 0,8
Aplicando a Somatória de Pesos no ábaco, temos: Q= 0,27 l/s e DN= 20 mm ou D= ¾” ou DN
(comercial) 25mm.

- Área de Serviço
APARELHO PESO
Máquina de lavar roupa 1,0
Tanque 0,7
TOTAL 1,7
Aplicando a Somatória de Pesos no ábaco, temos: Q= 0,39 l/s e DN= 20 mm ou D= ¾” ou DN
(comercial) 25mm.

- Cálculo dos pesos dos equipamentos por apto


EQUIPAMENTOS POR APTO. QUANTIDADE PESO RELATIVO TOTAL
Chuveiro elétrico 2 0,1 0,2
Lavatório 2 0,3 0,6
Bacia com caixa de descarga 2 0,3 0,6
Ducha higiênica 2 0,4 0,8
Pia cozinha 1 0,7 0,7
Filtro (bebedouro) 1 0,1 0,1
Máquina de lavar roupas 1 1,0 1,0
Tanque 1 0,7 0,7
TOTAL (PESO) 4,7
Aplicando a Somatória de Pesos no ábaco, temos: Q= 1,3 l/s e DN= 25 mm ou D= 1” ou DN
(comercial) 32mm.

21
Para dimensionar a coluna, é só fazer a somatória de pesos por andar. No 1º andar, a coluna
só vai atender 1 apartamento, somatória de peso 4,50. No 2º andar, a coluna terá que atender os
apartamentos do 1º e do 2º andar, somatória de peso 9,00, e assim por diante até chegar ao 10º
andar, quando a coluna terá que atender todos os 10 apartamentos abaixo com somatória de
pesos 45,00 (10 vezes 4,50). A partir das somatórias de peso, é só aplicar o ábaco (Figura 5) para
determinar os diâmetros dos trechos, conforme orientado pela Tabela a seguir.

- Diâmetro das colunas AF1, AF2 e AF3 por trechos


ANDAR TRECHOS SOMATÓRIO DIÂMETRO DAS DN (COMERCIAL) DAS
DOS PESOS COLUNAS AF1, AF2 E COLUNAS AF1, AF2 E
AF3 AF3
10º B-C 47,0 40 – 1 ½” 50
9º C-D 42,3 40 – 1 ½” 50
8º D-E 37,6 32 – 1 ¼” 40
7º E-F 32,9 32 – 1 ¼” 40
6º F-G 28,2 32 – 1 ¼” 40
5º G-H 23,5 32 – 1 ¼” 40
4º H-I 18,8 32 – 1 ¼” 40
3º I-J 14,1 25 – 1” 32
2º J-K 9,4 25 – 1” 32
1º K-L 4,7 25 – 1” 32
Térreo - - - -

A coluna AF4 possui os mesmos equipamentos das colunas AF1, AF2 e AF3, mais o
apartamento do zelador no pavimento térreo.

- Cálculo dos pesos dos equipamentos do apto do zelador


EQUIPAMENTOS POR APTO. QUANTIDADE PESO RELATIVO TOTAL
Chuveiro elétrico 1 0,1 0,1
Lavatório 1 0,3 0,3
Bacia com caixa de descarga 1 0,3 0,3
Ducha higiênica 1 0,4 0,4
Pia cozinha 1 0,7 0,7
Máquina de lavar roupas 1 1,0 1,0
Tanque 1 0,7 0,7
TOTAL (PESO) 3,5

Aplicando a Somatória de Pesos no ábaco, temos: Q= 0,98 l/s e DN= 25 mm ou D= 1” ou DN


(comercial) 32mm.

22
Logo, AF4, conforme Tabela 8:
Tabela 8 – Diâmetros da coluna AF4 por trechos
ANDAR TRECHOS SOMATÓRIO DIÂMETRO DAS DN (COMERCIAL) DAS
DOS PESOS COLUNAS AF1, AF2 E COLUNAS AF1, AF2 E
AF3 AF3
10º B-C 50,5 40 – 1 ½” 50
9º C-D 45,8 40 – 1 ½” 50
8º D-E 41,1 32 – 1 ¼” 40
7º E-F 36,4 32 – 1 ¼” 40
6º F-G 31,7 32 – 1 ¼” 40
5º G-H 27 32 – 1 ¼” 40
4º H-I 22,3 32 – 1 ¼” 40
3º I-J 17,6 32 – 1 ¼” 40
2º J-K 12,9 25 – 1” 32
1º K-L 8,2 25 – 1” 32
Térreo L-M 3,5 25 – 1” 32
Para determinar o diâmetro do barrilete, vamos precisar do somatório das vazões das quatro
colunas de água-fria, AF1, AF2, AF3 e AF4, no topo ou seja, no 10º andar:
AF1, AF2, AF3 peso = 47,00........vazão = 2.1 l/s x3 = 6,3 l/s
AF4 peso = 50,5..........vazão = 2,25 l/s
Q = 6,3 + 2,25 = 8,55 l/s como o reservatório terá duas células então Q/2 = 4.27 l/s, que
voltando para o ábaco teremos o diâmetro de 50mm ou 2’’ = DN (comercial) 60mm.

23
CAPÍTULO II – ESGOTO PREDIAL

6. Instalação Predial de Esgoto Sanitário


A instalação predial de esgoto sanitário diz respeito a um conjunto de tubulações,
equipamentos e dispositivos destinados a receber os despejos provenientes do uso da água,
mantendo as condições necessárias de higiene, segurança, economia e conforto dos usuários. A
norma técnica que o regula é a NBR 8160/1999.

6.1 Terminologia e Definições


a) desconectores: aparelho destinado a impedir a passagem dos gases gerados pela
decomposição do esgoto na rede. Os gases ficam impedidos de passar devido a presença do
fecho hídrico;
b) fecho hídrico: é uma camada líquida que impede a passagem dos gases;
c) aparelho sanitário: componente destinado ao uso da água ou ao recebimento de dejetos
líquidos e sólidos. Incluem-se nesta definição aparelhos como bacias sanitárias, lavatórios, pias,
lavadoras de roupa, lavadoras de prato, banheiras, etc.;
d) ramal de descarga: é a tubulação que recebe os esgotos de um aparelho sanitário;
e) ramal de esgoto: é a tubulação que recebe os esgotos dos ramais de descarga;
f) ramal de ventilação: tubo ventilador interligando o desconector ou ramal de descarga de um
ou mais aparelhos sanitários a uma coluna de ventilação ou tubo ventilador primário;
g) coluna de ventilação: tubulação vertical destinada a receber os gases presentes na rede,
produzidos pela decomposição de matéria orgânica, e levá-los para o exterior da edificação;
h) tubo de queda: tubulação vertical que recebe os esgotos dos ramais de esgoto, ramais de
descarga e subcoletores;
i) subcoletores: tubo que recebe contribuição de um ou mais tubos de queda ou ramais de
esgoto;
j) coletor predial: é o trecho de tubulação compreendido entre a última inserção de subcoletor,
ramal de esgoto ou descarga e o coletor público ou particular;
k) caixas de inspeção: caixa destinada a permitir a inspeção, limpeza e desobstrução das
tubulações; e,
l) caixa de gordura: caixa destinada a reter os óleos e graxas provenientes de pias de
cozinhas, postos de lavagem de veículos, etc. Devem ser instaladas entre a coluna que recebe os
efluentes com óleos e graxas e a caixa de inspeção.

A ilustrações 11 a 13 ilustram os esquemas e componentes de instalações de esgoto predial.

24
Figura 11 - Esquema vertical das instalações de esgoto predial

Fonte: Creder (1995)

25
Figura 12 - Partes componentes da instalação de esgoto sanitário de um banheiro

Fonte: Porto (2007)

26
Figura 13 - Partes componentes da instalação de esgoto sanitário de um banheiro

Fonte: Porto (2007)

6.2 Dimensionamento dos Sistemas Prediais de Esgoto Sanitário


Cada equipamento hidráulico vai contribuir com uma quantidade de águas servidas. Esta
quantidade de contribuição por equipamento é chamada de PESO, e é baseada na Unidade
Hunter de contribuição que, para acharmos o diâmetro correto apenas fazemos o somatório do
peso de cada equipamento e, com a tabela, verificamos a tubulação correspondente, conforme
ilustrado na Tabela 9 a seguir.

27
Tabela 9 - Diâmetros mínimos dos tubos para cada equipamento sanitário

Fonte: NBR 8160 (ABNT, 1999)

No Banheiro, temos os ramais de descarga de um ralo seco e de um lavatório ligados em uma


caixa sifonada (CS) e a tubulação de saída da caixa sifonada ligada à tubulação do ramal de
descarga da bacia sanitária, como se pode observar na Figura 14 abaixo.

28
Figura 14 - Representação unifilar do sistema de esgoto do banheiro

Fonte: NBR 8160 (ABNT, 1999)

29
Começaremos dimensionando os ramais de descarga do ralo seco (RS) do chuveiro e do lavatório
utilizando a Tabela 10 de UHCs e diâmetros mínimos:
Tabela 10 – Contribuição de UHCs e diâmetros mínimos

Fonte: NBR 8160 (ABNT, 1999)

Para os ramais de esgoto, após a caixa sifonada (CS), temos a soma das UHC = 3, e de acordo
com a Tabela 11 a seguir temos:

30
Tabela 11 - Diâmetro mínimo dos tubos do ramal de descarga do equipamento

Fonte: NBR 8160 (ABNT, 1999)

A Tabela 12 a seguir ilustra o diâmetro para os tubos do ramal de esgoto.


Tabela 12 - Diâmetro mínimo dos tubos do ramal de esgoto do ambiente

Fonte: NBR 8160 (ABNT, 1999)

Mas como a saída da CS mínima é 50mm, usaremos 50mm.


A NBR-8160/83 determina que o diâmetro mínimo do ramal de descarga de uma bacia
sanitária é 100 mm.
Mesmo após a junção da CS com a bacia sanitária, o UHC será 9. Teremos que considerar a
norma que diz que se um ramal receber o esgoto de uma bacia sanitária, o diâmetro mínimo é de
100mm.

31
- Dimensionamento dos ramais de ventilação:
- Tabela 13
- Somatório das unidades de descarga – diâmetros
Tabela 13 - Dimensionamento dos ramais de ventilação

Fonte: NBR 8160 (ABNT, 1999)

- Dimensionamento do tubo de queda:


- Tabela 14
- Somatório das unidades de descarga - diâmetros

Tabela 14 - Dimensionamento do tubo de queda

Fonte: NBR 8160 (ABNT, 1999)

O diâmetro mínimo de um tubo ventilador é 75 mm. Um tubo de 75 mm é capaz de atender


uma residência com até 3 bacias sanitárias. Acima disso, o tubo ventilador deve ser de 100 mm.
- Dimensionamento da coluna de ventilação:
- Somatório das unidades de descarga
- Diâmetro do tubo de queda
- Comprimento da coluna
- Tabela 15

32
Tabela 15 - Dimensionamento de colunas e barriletes de ventilação

Fonte: NBR 8160 (ABNT, 1999)

33
- Dimensionamento dos coletores e subcoletores:
- Somatório das unidades de descarga - diâmetros
- Tabelas 16

Tabela 16 - Dimensionamento dos coletores e subcoletores

Fonte: NBR 8160 (ABNT, 1999)

7. Sistema de Esgoto Domiciliar


O sistema de esgoto domiciliar é a estrutura destinada ao tratamento e disposição dos
efluentes no lote, quando da inexistência de um sistema público de coleta. Fazem parte do
tratamento os tanques sépticos e filtros, e do destino dos líquidos por valas de infiltração superficial
ou sumidouros.
Figura 15 - Rede coletora pública

Fonte: Porto (2007)

34
35
36
7.1 Definições
a) decantação – processo em que, por gravidade, um líquido se separa dos sólidos que
continha em suspensão;
b) taxa de acumulação de lodo – número de dias de acumulação de lodo fresco equivalente
ao volume de lodo digerido a ser armazenado no tanque, considerando redução de volume de
quatro vezes para o lodo digerido;
c) efluente – parcela líquida que sai de qualquer unidade de tratamento;
d) esgoto afluente – água residuária que chega ao tanque séptico pelo dispositivo de entrada;
e) lodo – material acumulado na zona de digestão do tanque séptico, por sedimentação de
partículas sólidas suspensas no esgoto;
f) profundidade total – medida entre a face inferior da laje de fechamento e o nível da base
do tanque;
g) tanque séptico – unidade cilíndrica ou prismática retangular de fluxo horizontal, para
tratamento de esgotos por processos de sedimentação, flotação e digestão;
h) tanque séptico de câmara única – unidade de apenas um compartimento, em cuja zona
superior devem ocorrer processos de sedimentação e de flotação e digestão da escuma,
prestando-se a zona inferior ao acúmulo e digestão do lodo sedimentado;
i) tanque séptico de câmaras em série – unidade com dois ou mais compartimentos
contínuos, dispostos sequencialmente, no sentido do fluxo do líquido e interligados
adequadamente, nos quais devem ocorrer, conjunta e decrescentemente, processos de
sedimentação, flotação e digestão;
j) caixa coletora – caixa situada em nível inferior ao do coletor predial e onde se coletam
despejos, cujo esgotamento exige elevação;
k) câmara de decantação – compartimento do tanque séptico, onde se processa fenômeno
de decantação da matéria em suspensão nos despejos;
l) câmara de digestão – espaço do tanque séptico destinado à acumulação e digestão das
matérias sobrenadantes nos despejos;
m) despejos: refugo líquido dos imóveis, excluídas as águas pluviais;
n) despejos domésticos – despejos decorrentes de atividades domésticas;
o) despejos industriais – despejos decorrentes de atividades industriais;
p) digestão – decomposição bioquímica da matéria orgânica em substâncias e compostos
mais simples e estáveis;
q) dispositivos de entrada e saída – peças instaladas no interior do tanque séptico, à entrada
e à saída dos despejos, destinadas a garantir a distribuição uniforme do líquido e de impedir a
saída da escuma;
r) escuma – massa constituída por graxos e sólidos em mistura com gases, que ocupa a
superfície livre do líquido no interior do tanque séptico;
s) lodo digerido – massa semilíquida, resultante da digestão das matérias decantadas no
tanque séptico;
t) lodo fresco – massa semilíquida, constituída pelas matérias retidas no interior do tanque
séptico, antes de se manifestarem os fenômenos da digestão;
u) período de armazenamento – intervalo de tempo entre duas operações consecutivas de
remoção de lodo digerido do tanque séptico, excluído o tempo de digestão;
v) período de detenção dos despejos – intervalo de tempo em que se verifica a passagem
dos despejos através do tanque séptico;
w) período de digestão – tempo necessário à digestão do lodo fresco;
x) profundidade útil – distância entre o nível do líquido e o fundo do tanque;
y) sumidouro – poço destinado a receber o efluente do tanque séptico e a permitir sua
infiltração subterrânea;
z) tratamento primário – remoção parcial e digestão da matéria orgânica em suspensão nos
despejos;
aa) tubo de limpeza – tubo convenientemente instalado no tanque séptico, com a finalidade
de permitir o fácil acesso do mangote de sucção da bomba para remoção do lodo digerido;

37
bb) tubulação de descarga do lodo – dispositivo hidráulico, convenientemente construído e
instalado no tanque séptico, para descarga do lodo digerido, por pressão hidrostática;
cc) filtro anaeróbio – unidade de tratamento biológico, de fluxo ascendente em condições
anaeróbias, cujo meio filtrante mantém-se afogado;
dd) vala de infiltração – valas destinadas a receber o efluente do tanque séptico, através de
tubulação convenientemente instalada, permitindo sua infiltração em camadas superficiais do
terreno; e,
ee) volume útil – é a capacidade eminente da unidade projetada, ou seja, é o espaço interno
necessário ao correto funcionamento do equipamento.

7.2 Tanque Séptico


O tanque séptico ou fossa séptica é uma das soluções recomendadas para destino dos
esgotos (afluentes) em edificações providas de suprimento de água. É um dispositivo de
tratamento biológico, destinado a receber a contribuição de um ou mais domicílios e com
capacidade de dar aos esgotos um grau de tratamento compatível com sua simplicidade e custo
para áreas desprovidas de coletor público, de modo a preservar a higiene, a segurança e o
conforto dos prédios, bem como os recursos hídricos e o Meio Ambiente.
Os tanques sépticos podem ser cilíndricos ou prismático-retangulares, sendo que estes
últimos favorecem a decantação, basicamente dos tipos com câmara única, com câmaras em
série e com câmaras sobrepostas. Pode ser todo construído de concreto ou as paredes podem
ser de alvenaria de ½ tijolo, de tijolos maciços (35 tijolos maciços por m2) revestidos com
argamassa de cimento e areia, no traço 1:3, adicionados de impermeabilizante.
As paredes são executadas sobre base de concreto simples feita sobre terreno apiloado, nas
dimensões determinadas pelo projeto. As chicanas, responsáveis pelo direcionamento do afluente
dentro do tanque, podem ser de madeira ou concreto pré-fabricado, com espessura 0,05m, sendo
a da entrada menor que a da saída. A laje que serve para tampar e vedar a fossa, normalmente é
confeccionada de concreto armado, 0,06 a 0,08m de espessura, e é septada, composta por partes
de 0,50m de largura que facilitam a abertura para limpeza. As tubulações de entrada e saída são
de 4”.

38
Figura 16 - Esquema do tanque séptico de câmara única

Fonte: Manual Técnico CPRH (2004)

39
Figura 16.1 - Esquema do tanque séptico de câmara única

Fonte: Manual Técnico CPRH (2004)


40
O lodo retido no tanque séptico deve ser periodicamente removido, de acordo com o período
de armazenamento estabelecido no dimensionamento, sendo recomendados intervalos de 1 a 3
anos ou quando o lodo atingir camada de 1/3 da profundidade do líquido.
O material estável sólido retirado do interior da fossa séptica deve ser depositado em área
destinada para este fim.
O efluente da fossa séptica pode ser disposto em poços absorventes ou em sistemas de filtros
anaeróbios montados com brita e areia. Os filtros anaeróbios, assim como os poços sumidouros,
recebem a parte líquida do esgoto, previamente tratado pela fossa séptica, a qual retém
essencialmente a parte sólida (matéria orgânica). A sequência de diferentes granulometrias de
brita e areia permite uma filtração dos diferentes componentes que não foram transformados pela
fossa. O efluente pode ser ainda descarregado no solo por meio de valas de infiltração, desde que
se disponha de áreas suficientemente grandes e solo com permeabilidade favorável à percolação
do líquido.
O emprego de tanques sépticos para destino dos esgotos sanitários é limitado a despejos de
um ou mais prédios, de forma que, como forma de facilitar a manutenção e/ou operação, o volume
útil máximo admissível para um tanque séptico seja de 75.000 litros.
Devem ser encaminhados aos tanques sépticos todos os despejos domésticos oriundos de
cozinhas, lavanderias domiciliares, chuveiros, lavatórios, bacias sanitárias, bidês, banheiras,
mictórios e ralos de pisos de compartimentos internos. É vedado o encaminhamento ao tanque
séptico de águas pluviais, bem como de despejos capazes de causar interferência negativa em
qualquer fase do processo de tratamento ou a elevação excessiva da vazão do esgoto afluente,
tais como os provenientes de piscinas e de lavagem de reservatórios de água.
Os tanques sépticos devem observar as seguintes distâncias horizontais mínimas para sua
instalação, sendo considerada a distância mínima a partir da face externa mais próxima aos
elementos considerados:
a) 1,0 m de construções, limites de terreno, sumidouros, valas de infiltração e ramal predial
de água;
b) 3,0 m de árvores e de qualquer ponto de rede pública de abastecimento de água.
c) 15,0 m de poços freáticos;
d) 5,0 m para reservatórios de água enterrados e piscinas;
e) distância mínima de 30,0 m para qualquer corpo de água, conforme Lei Federal nº
4771/65 (Código Florestal).

7.2.1 DIMENSIONAMENTO
• Cálculo do Volume
O cálculo do volume útil do tanque séptico é dado pela seguinte expressão:
V = 1000 + N (CT + KLf), onde:
V = volume útil, em litros.
N = número de contribuintes.
C = contribuição de despejos, em litros / pessoa x dia (Quadro 1).
T = tempo de detenção, em dias (Quadro 2).
K = taxa de acumulação de lodo digerido em dias, equivalente ao tempo de acumulação de lodo
fresco (Quadro 3).
Lf = contribuição de lodo fresco em litros / pessoa x dia (Quadro 1).

• Cálculo do Número de Contribuintes


No caso de residências unifamiliares, o cálculo de contribuintes deve se basear na seguinte
fórmula matemática:
N = 2Q + 2, onde:
N = número de contribuintes.
Q = número de quartos sociais.

Observação:

41
No caso de habitação multifamiliar, cada unidade residencial será considerada individualmente e
somado o número de contribuintes para um mesmo sistema.

Nos sistemas dimensionados para atender a mais de 03 (três) unidades residenciais, admite-se
uma redução de 02 (dois) contribuintes por cada unidade excedente das três iniciais, ou seja:
N = (2 Q + 2) 3 + (2 Q) (n – 3), onde:
N = número de unidades residenciais

Observação:
A expressão acima só é válida para condomínios verticais.
O cálculo para contribuição de despejos deverá ser efetuado segundo o número de contribuintes
adotado e as contribuições de esgotos específicas, segundo a destinação do prédio, conforme
Quadro l.

• Contribuição de Despejos
No cálculo da contribuição de despejos, deverá ser considerado:
- Número de pessoas atendidas.
- 80 % do consumo de água.

O Quadro 1 abaixo dá alguns exemplos que relaciona a contribuição diária de esgotos (C) e de
lodo fresco (Lf) em função do tipo de atividade do empreendimento e do tipo de ocupante.

Quadro 1 - Contribuição diária dos despejos

Fonte: Manual Técnico CPRH (2004)

42
Tempo de detenção, em dias: (Quadro 2) da norma do CPRH.

Quadro 2 - Tempo de detenção

Fonte: Manual Técnico CPRH (2004)

• Taxa de Acumulação Total de Lodo


É obtida em função de:
- Volumes de lodo digerido e em digestão, produzidos por cada contribuinte, em litros.
- Média da temperatura ambiente do mês mais frio, em º C.
- Intervalo entre limpezas, conforme Quadro 3.
No Quadro 3 são apresentadas as taxas de acumulação total de lodo (K), em função do intervalo
entre limpezas e temperatura do mês mais frio:

Quadro 3 - Determinação da taxa de acumulação

Fonte: Manual Técnico CPRH (2004)

• Contribuição de Lodo Fresco


A contribuição de lodo fresco é estimada conforme Quadro 1. Deverá ser adotado o valor de
1 litro / dia para todos os prédios de ocupação permanente e valores variáveis para prédios de
ocupação temporária.

• Geometria dos Tanques


Os tanques sépticos podem ter seções cilíndricas ou prismáticas. Os cilíndricos são
utilizados quando se pretende minimizar a área em favor da profundidade. Já os prismáticos,
nos casos de priorizar maiores áreas e menores profundidades.

Os tanques sépticos de forma cilíndrica deverão obedecer às seguintes condições:


43
- Diâmetro interno mínimo (D) = 1,10 m.
- Profundidade útil mínima (h) = 1,20 m.
- O diâmetro interno (D) não deverá ser superior a duas vezes a profundidade útil (h).

Os tanques sépticos de forma prismática retangular deverão obedecer às seguintes


condições:
- Largura interna mínima (L) = 0,70 m.

- Relação entre o comprimento e a largura


- Profundidade útil (h) mínima = 1,20 m.
- Profundidade útil (h) máxima = 2,50 m.

Os tanques sépticos de forma prismática retangular deverão ainda obedecer aos seguintes
detalhes construtivos:
a) a geratriz inferior do tubo de entrada dos despejos no interior do tanque deverá estar
0,05 m acima da superfície do líquido;
b) a geratriz inferior do tubo de saída dos efluentes deverá estar 0,05 m abaixo da geratriz
inferior do tubo de entrada;
c) as chicanas ou cortinas deverão ocupar toda largura da câmara de decantação,
afastadas 0,20 a 0,30 m da parede de entrada e de saída dos efluentes, imersas no mínimo 0,30
m e no máximo 0,50 m, enquanto a parte emersa terá, no mínimo, 0,20 m e distará, no mínimo,
0,10 m da laje superior do tanque;
d) deve ser reservado um espaço para armazenamento e digestão da escuma, determinado
por toda superfície livre do líquido no interior do tanque e, no mínimo, com 0,20 m de altura acima
da geratriz inferior do tubo de entrada;
e) para fins de inspeção e eventual remoção do lodo digerido, deverão os tanques sépticos
possuir, na laje de cobertura, entradas dotadas de tampas de fechamento hermético, cuja menor
dimensão em seção será de 0,60 m e as aberturas de inspeção deverão ficar no nível do terreno.
Quando a laje de cobertura estiver abaixo desse nível, devem ser necessárias construções de
chaminés de acesso com diâmetro mínimo de 0,60m;
f) os tanques com mais de 4 (quatro) metros de comprimento devem ter 2 (duas) tampas
de inspeção, localizadas acima da chicana de entrada e imediatamente antes da chicana de saída,
enquanto os tanques com até 4(quatro) metros podem possuir apenas 1 (uma) tampa de inspeção,
localizada no centro da laje de cobertura; e,
g) os tanques sépticos com capacidade para atendimento de contribuição diária superior a
6.000 (seis mil) litros devem ter a laje superior de fundo com uma inclinação mínima de 1:3, no
sentido transversal, das paredes laterais para o centro do tanque séptico.
Os tanques sépticos com câmaras em série deverão obedecer às seguintes condições e
detalhes construtivos:
a) o volume útil de um tanque séptico de duas câmaras em série é calculado pela fórmula
geral;
b) o volume útil mínimo admissível é de 1.650 litros;
c) largura interna mínima (b) = 0,70 m;
d) profundidade útil mínima (h) = 1,20 m;

e) relação entre comprimento (L) e largura;


f) a largura interna (b) não pode ultrapassar duas vezes a sua profundidade útil (h).
g) a primeira e a segunda câmara devem ter um volume útil, respectivamente, de 2/3 e 1/3
do volume útil total (V);
h) o comprimento da primeira câmara é de 2/3 L e o da segunda, 1/3 L;
i) as bordas inferiores das aberturas de passagem entre as câmaras devem estar a 2/3 da
profundidade útil (h);

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j) as bordas superiores das aberturas de passagem entre as câmaras devem estar, no
mínimo, a 0,30 m abaixo do nível do líquido;
k) a área total das aberturas de passagem entre as câmaras deve ser de 5 a 10% da seção
transversal útil do tanque séptico entre as câmaras devem estar, no mínimo, a 0,30 m abaixo do
nível do liquido; e,
l) a área total das aberturas de passagem entre as câmaras deve ser de 5 a 10% da seção
transversal útil do tanque séptico.

8. Sistemas para Disposição de Efluentes


Para o sistema de disposição de efluentes serão utilizados os tanques sépticos ou de outro
tipo de tratamento de esgotos, que poderão ser dispostos das seguintes maneiras:
a) No Solo
Utilizando-se dos seguintes meios:
- Por infiltração subterrânea, através de sumidouros.
- Por infiltração subsuperficial, através de valas de infiltração.
- Por infiltração subterrânea e por irrigação subsuperficial, sistema misto.
b) Em Águas de Superfície
Com tratamento complementar por meio de sistemas de tratamento anaeróbios e/ou aeróbios,
desde que atendam as legislações vigentes.
Para a escolha do modo de disposição do efluente, o projetista deverá conhecer a capacidade
de absorção do solo e o nível do lençol freático do terreno, cabendo à CPRH aceitar ou exigir
comprovação da informação, através de entidades especializadas e credenciadas, a fim de
comprovar o resultado apresentado pela requerente.

8.1 Valas de Infiltração


É o processo de tratamento/disposição final do esgoto, que consiste na percolação do mesmo
no solo, onde ocorre a depuração devido aos processos físicos (retenção de sólidos) e bioquímicos
(oxidação). Como utiliza o solo como meio filtrante, seu desempenho depende grandemente das
características do solo, assim como do seu grau de saturação por água.
As valas de infiltração, de acordo com a Figura 15, devem obedecer aos seguintes itens
conforme norma técnica 001 da CPRH:
- Deverá haver no mínimo 02 valas, espaçadas 1,00m. E nunca a menor não poderá ser
2/3 da maior nem ultrapassar 30 m;
- Valas com profundidade entre 0,40 e 0,90 cm. Tendo largura entre 0,50 e 1,00m. e
distantes 0,50m do lençol freático;
- Os tubos devem ter diâmetro mínimo de 100mm. Espaçados 0,1cm. Entre os tubos e
inclinação mínima de 2%;
- Serem dispostos em meio a brita 25, e coberto por manta impermeável.

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Figura 16 - Valas de infiltração

Fonte: Manual Técnico CPRH (2004)

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- Dimensionamento:
O cálculo da área necessária para disposição do efluente de tanque séptico no solo, através de
valas de infiltração, é dado pela seguinte expressão:

A absorção = área de absorção necessária para percolação do efluente através de valas de


infiltração:
C = contribuição per capitã.
N = número de contribuintes.
T absorção = taxa de absorção (percolação) do solo.
1/1000: conversão de unidade m³ para Litro.

Taxa de Percolação

Figura 17 - Valas de infiltração

Fonte: Manual Técnico CPRH (2004)

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9. Sumidouros
O sumidouro é um tipo de unidade de depuração e disposição final do efluente de tanque
séptico, verticalizada em relação à vala de infiltração.
Para o cálculo da área de absorção, adota-se o mesmo critério da vala de infiltração. No
entanto, sendo o sumidouro uma unidade verticalizada, deve ser considerada a altura útil do
sumidouro, a área vertical interna, acrescida da superfície do fundo.
A disposição do efluente de tanque séptico em camadas subterrâneas consiste em distribuir
os efluentes em sumidouros devendo, na sua construção, ser observado o seguinte:
a) Os sumidouros deverão ter o fundo em terreno natural e as paredes em alvenaria de
tijolos assentes com juntas verticais livres ou de anéis premoldados de concreto
convenientemente furados. As paredes serão contornadas externamente por uma camada de
pedra (brita 50) e o fundo recoberto por uma camada de 0,10 m de altura da mesma pedra.
b) As lajes de cobertura dos sumidouros serão de concreto armado e dotadas de abertura
de inspeção ao nível do terreno e possuir tampa de fechamento hermético, cuja menor dimensão
será 0,60 m.
c) As dimensões dos sumidouros serão determinadas em função da contribuição diária (C
x N) e da capacidade de absorção do terreno, devendo ser considerada como superfície útil de
absorção, a do fundo e das paredes laterais, até o nível de entrada do efluente no tanque.
d) Os sumidouros deverão resguardar uma distancia mínima de 1,0 (um) metro entre o
fundo e o nível máximo do lençol freático.
e) Os sumidouros de forma retangular terão um comprimento máximo de 30,00 m e largura
mínima de 0,60 m e máxima de 1,50 m.
f) O espaçamento mínimo entre dois sumidouros retangulares é de 3 vezes sua largura ou
de 2 vezes sua altura útil, adotando-se sempre o maior valor.
g) O espaçamento mínimo entre sumidouros de forma circular é de 3 vezes o seu diâmetro
e nunca menor que 6,00 metros.
h) No caso de habitação multifamiliar ou de uso público, será sempre exigida a construção
de, no mínimo, dois sumidouros não-interligados, não podendo qualquer um deles possuir área
de absorção maior que 2/3 da área total necessária.

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Figura 18 - Sumidouros

Fonte: Manual Técnico CPRH (2004)

10. FILTRO ANAERÓBIO DE FLUXO ASCENDENTE COM LEITO FIXO


O filtro anaeróbio consiste em um reator biológico, onde o esgoto é depurado por meio de
microorganismos anaeróbios, dispersos tanto no espaço vazio do reator, quanto nas superfícies
do meio filtrante, sendo este utilizado mais para retenção de sólidos.

10.1 DIMENSIONAMENTO
O cálculo do volume útil do filtro anaeróbio é dado pela seguinte expressão:
Vu = 1,6 NCT ,onde:
Vu = volume útil do filtro, em litros.
N = números de contribuintes.
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C = contribuição de despejos, em
T = tempo de detenção hidráulico, em dias (conforme quadro 2).

Quanto à seção horizontal do filtro, a expressão é a seguinte:

S = seção horizontal.
H = profundidade útil do filtro: 1,80 m.

Observações:
• O leito filtrante deve ter altura (h) igual a 1,20 m, que é constante para qualquer volume
obtido no dimensionamento.
• A profundidade útil (H) do filtro anaeróbio é de 1,80 m para qualquer volume de
dimensionamento.
• O diâmetro (d) mínimo é de 0,95 ou a largura (L) mínima de 0,85 m.
• O diâmetro (d) máximo e a largura (L) não devem exceder a três vezes a profundidade útil
(H).
• O volume útil mínimo é de 1.250 litros.
• A carga hidrostática mínima no filtro é de 1 kPa (0,10 m). Portanto, o nível de saída do
efluente do filtro deve estar a 0,10m abaixo do nível do tanque séptico.
• O fundo falso deve ter aberturas de 0,03 m, espaçadas de 0,15 m entre si.
• O dispositivo de passagem da tanque séptico para o filtro pode constar de Tê, tubo e curva
de máximo DN 100 ou de caixa de distribuição quando houver mais de um filtro.
• O dispositivo de saída deve consistir de vertedor tipo calha, com 0,10 m de largura e
comprimento igual ao diâmetro (ou largura) do filtro. Deve passar pelo centro da seção e situar-se
em cota que mantenha o nível do efluente a 0,30 m do topo do leito filtrante.

Observação:
O fundo falso utilizado nos filtros anaeróbios poderá ser substituído por outro dispositivo que
tenha a mesma finalidade da placa, ou seja, distribuir uniformemente o efluente no interior do filtro,
desde que sua concepção seja aprovada pela CPRH.

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Figura 19 - Filtro

Fonte: Manual Técnico CPRH (2004)

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Figura 20 – Caixa de gordura

Fonte: Manual Técnico CPRH (2004)

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