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CURSO

DE
INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS E SANITÁRIAS

Prof. MSc Ganem Jean Tebcharani

Campo Grande, 11 de Abril de 2010

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I- INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA

1. INTRODUÇÃO

1.1 Visão global do abastecimento da água

A fim de que o projetista de instalações possa ter uma visão global de um sistema de abastecimento d’água, com tratamento, na figura 1.1 são
indicadas as diferentes etapas que passa a água para que se possa se dizer potável, ou seja, apta a ser bebida sem riscos de contaminação.

Figura 1.1 – Sistema de abastecimento de água

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Basicamente, podem-se considerar três etapas na realização de um projeto de
instalações prediais de água fria: concepção do projeto, determinação de vazões e
dimensionamento.

A concepção é a etapa mais importante do projeto e é nesta fase que devem ser
definidos: o tipo do prédio e sua utilização, sua capacidade atual e futura, o tipo de sistema de
abastecimento, os pontos de utilização, o sistema de distribuição, a localização dos
reservatórios, canalizações e aparelhos.

A etapa seguinte consiste na determinação das vazões das canalizações constituintes


do sistema, que é feita através de dados e tabelas da Norma, assim como na determinação das
necessidades de reservação e capacidade dos equipamentos.

No projeto das instalações prediais de água fria devem ser consideradas as


necessidades no que couber, do projeto de instalação de água para proteção e combate a
incêndios.

O dimensionamento das canalizações é realizado utilizando-se dos fundamentos


básicos da Hidráulica.

O desenvolvimento do projeto das instalações prediais de água fria deve ser conduzido
concomitantemente, e em conjunto (ou em equipe de projeto), com os projetos de
arquitetura, estruturas e de fundações do edifício, de modo que se consiga a mais perfeita
harmonia entre todas as exigências técnico-econômicas envolvidas.

Na elaboração dos projetos de instalações hidráulicas, o projetista deve estudar a


interdependência das diversas partes do conjunto, visando ao abastecimento nos pontos de
consumo dentro da melhor técnica e economia. De maneira geral, um projeto completo de
instalações hidráulicas compreende:

a) Planta, cortes, detalhes e vistas isométricas, com dimensionamento e traçado dos


condutores;
b) Memórias descritivas, justificativas e de cálculo;
c) Especificações do material e normas para a sua aplicação;
d) Orçamento, compreendendo o levantamento das quantidades e dos preços
unitário e global da obra.

A escala do projeto mais usual é a de 1/50, podendo, em alguns casos, ser de 1/100;
porém, os detalhes devem ser feitos em escadas de 1/20 ou 1/25.

De acordo com a Norma, as instalações de água fria devem ser projetadas e


construídas de modo a:

a) Garantir o fornecimento de água de forma contínua, em quantidade suficiente,


com pressões e velocidades adequadas ao perfeito funcionamento das peças de
utilização dos sistemas de tubulações;
b) Preservar rigorosamente a quantidade de água dos sistemas de abastecimento;

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c) Preservar o máximo conforto dos usuários, incluindo-se a redução dos níveis de
ruído;

2. SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO

2.1. Sistema de Distribuição Direta

Através deste sistema, a alimentação dos aparelhos, torneiras e peças da instalação


predial é feita diretamente através da rede de distribuição, conforme mostra a figura 2.1.

Figura 2.1 - Abastecimento direto

2.1.1. VANTAGENS

 Água de melhor qualidade devido a presença de cloro residual na rede de distribuição


 Maior pressão disponível devido a pressão mínima de projeto em redes de distribuição
pública ser da ordem de 15 m.c.a.
 Menor custo da instalação, não havendo necessidade de reservatórios, bombas, registros
de bóia, etc.

2.1.2. DESVANTAGENS

 Falta de água no caso de interrupção no sistema de abastecimento ou de distribuição;


 Grandes variações de pressão ao longo do dia devido aos picos de maior ou de menor
consumo na rede pública;
 Pressões elevadas em prédios situados nos pontos baixos da cidade;

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 Limitação da vazão, não havendo a possibilidade de instalação de válvulas de descarga
devido ao pequeno diâmetro das ligações domiciliares empregadas pelos serviços de
abastecimento público;
 Possíveis golpes de aríete;
 Maior consumo (maior pressão);

2.2. Sistema de Distribuição Indireta

A alimentação dos aparelhos, das torneiras e peças da instalação é feita por meio de
reservatórios. Há duas possibilidades: por gravidade e hidropneumático.

2.2.1. DISTRIBUIÇÃO POR GRAVIDADE

A distribuição é feita através de um reservatório superior que por sua vez é


alimentado, diretamente pela rede pública ou por um reservatório inferior, conforme mostra a
Figura 2.2.

Figura 2.2 - Abastecimento indireto por gravidade

2.2.2. DISTRIBUIÇÃO POR SISTEMA HIDROPNEUMÁTICO

A escolha por um sistema hidropneumático para distribuição de água depende


de inúmeros fatores, destacando-se os aspectos arquitetônicos e estruturais, facilidade de
execução e instalação das canalizações e localização do reservatório inferior. Muitas vezes,
torna-se mais conveniente a distribuição de água por meio de um sistema hidropneumático,
dispensando-se o uso do reservatório superior. Além dos fatores anteriormente mencionados,
uma análise econômica, que leve em conta todos os custos das partes envolvidas, fornecerá os
elementos necessários para a escolha definitiva do sistema predial de distribuição de água. As
Figura 2.3, 2.4 e 2.5 mostram um esquema de uma distribuição hidropneumática.

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Figura 2.3 - Abastecimento indireto hidropneumático

Figura 2.4 – Sistema Hidropneumático

O sistema hidropneumático é constituído por uma bomba centrífuga, um injetor de ar


e um tanque de pressão. Além desses componentes principais, o sistema e automatizado por
meio do uso de um pressostato. Os aparelhos existentes na prática variam de acordo com o
fabricante, porém, o funcionamento difere muito pouco. A bomba, com características
apropriadas, recalca água (geralmente de um reservatório inferior) para o tanque de pressão.

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Entre a bomba e o tanque de pressão, localiza-se o injetor de ar (normalmente um Venturi)
que aspira ar durante o funcionamento da bomba e o arrasta para o interior do tanque de
pressão. O ar é comprimido na parte superior do tanque até atingir a pressão máxima, quando
a bomba é desligada, automaticamente pela ação do pressóstato. Tem-se, como resultado, um
colchão de ar na parte superior do tanque, cujo volume varia com a pressão existente. Quando
a água é utilizada em qualquer ponto de consumo, a pressão diminui, com conseqüente
expansão do colchão de ar, até que a pressão mínima seja atingida, quando pela ação do
pressóstato, a bomba é ligada.
O ciclo de funcionamento do sistema compreende o intervalo de tempo decorrido
entre dois acionamentos de “liga” da bomba. Conhecendo-se o ciclo de funcionamento, é
possível calcular o número médio de partidas da bomba por hora. De acordo com a NBR 5626,
a instalação elevatória deve operar, no máximo, seis vezes por hora.

Figura 2.5 - Esquema da instalação de um sistema hidropneumático

2.2.3 – VANTAGENS DOS SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO INDIRETA

 Fornecimento de água de forma contínua, pois em caso de interrupções no fornecimento,


tem-se um volume de água assegurado no reservatório;
 Pequenas variações de pressão nos aparelhos ao longo do dia;
 Permite a instalação de válvula de descarga;

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 Golpe de aríete desprezível;
 Menor consumo que no sistema de abastecimento direto.

2.2.4 – DESVANTAGENS

 Possível contaminação da água reservada devido à deposição de lodo no fundo dos


reservatórios e à introdução de materiais indesejáveis nos mesmos;
 Menores pressões, no caso da impossibilidade da elevação do reservatório;
 Maior custo da instalação devido a necessidade de reservatórios, registros de bóia e
outros acessórios.

2.3 Sistema Misto

Parte da instalação é alimentada diretamente pela rede de distribuição e parte


indiretamente.

2.3.1 - VANTAGENS:

 Água de melhor qualidade devido ao abastecimento direto em torneiras para filtro, pia e
cozinha e bebedouros;
 Fornecimento de água de forma contínua no caso de interrupções no sistema de
abastecimento ou de distribuição;
 Permite a instalação de válvula de descarga.

Geralmente em residências, sobrados, as pias de cozinha, lavatórios, chuveiros, têm


duas torneiras: uma delas, abastecida pela rede pública e a outra, pelo reservatório.

IMPORTANTE:

A Norma recomenda como mais conveniente, para as condições médias brasileiras, o


sistema de distribuição indireta por gravidade, admitindo o sistema misto (indireto por
gravidade com direto) desde que apenas alguns pontos de utilização, como torneira de jardim,
torneiras de pias de cozinha e de tanques, situados no pavimento térreo, sejam abastecidos no
sistema direto. A utilização dos sistemas de distribuição direta ou indireta hidropneumática
deve ser convenientemente justificada.

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3 PARTES CONSTITUINTES DE UMA INSTALAÇÃO PREDIAL DE ÁGUA FRIA

Antes de se enumerar as diversas partes contribuintes de uma instalação de água fria,


apresenta-se a seguir algumas definições extraídas da NBR 5626, que são necessárias à
compreensão dos textos que se seguem.

3.1 Definições

De acordo com a Norma são adotadas definições de 3.1.1 a 3.1.53.

3.1.1 – Alimentador predial


Tubulação que liga a fonte de abastecimento a um reservatório de água de uso
doméstico.

3.1.2 – Aparelho sanitário


Aparelho destinado ao uso de água para fins higiênicos ou para receber dejetos e/ou
águas servidas. Inclui-se nesta definição aparelhos como bacias sanitárias, lavatórios, pias e
outros, e, também, lavadoras de roupa e pratos, banheiras de hidromassagem, etc.

3.1.3 – Automático de bóia


Dispositivo instalado no interior de um reservatório para permitir o funcionamento
automático da instalação elevatória entre seus níveis operacionais e extremos.

3.1.4 - Barrilete
Conjunto de tubulações que se origina no reservatório e do qual se derivam as colunas
de distribuição, quando o tipo de abastecimento adotado é indireto.

3.1.5 – Caixa de descarga


Dispositivo colocado acima, acoplado ou integrado às bacias sanitárias ou mictórios,
destinados a reservação de água para suas limpezas.

3.1.6 – Caixa ou válvula redutora de pressão


Caixa destinada a reduzir a pressão nas colunas de distribuição.

3.1.7 – Coluna de distribuição


Tubulação derivada do barrilete e destinada a alimentar ramais

3.1.8 – Conjunto elevatório


Sistema para elevação de água.

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3.1.9 – Consumo diário
Valor médio de água consumida num período de 24 horas em decorrência de todos os
usos do edifício no período.

3.1.10 – Dispositivo antivibratório


Dispositivo instalado em conjuntos elevatórios para reduzir vibrações e ruídos e evitar
sua transmissão.

3.1.11 – Extravasor
Tubulação destinada a escoar os eventuais excessos de água dos reservatórios e das
caixas de descarga.

3.1.12 - Inspeção
Qualquer meio de acesso aos reservatórios, equipamentos e tubulações.

3.1.13 – Instalação elevatória


Conjunto de tubulações, equipamentos e dispositivos destinados a elevar a água para
o reservatório de distribuição.

3.1.14 – Instalação hidropneumática


Conjunto de tubulações, equipamentos, instalações elevatórias, reservatórios
hidropneumáticos e dispositivos destinados a manter sob pressão a rede de distribuição
predial.

3.1.15 – Instalação predial de água fria


Conjunto de tubulações, equipamentos, reservatórios e dispositivos, existentes a partir
do ramal predial, destinado ao abastecimento dos pontos de utilização de água do prédio, em
quantidade suficiente, mantendo a qualidade da água fornecida pelo sistema de
abastecimento.

3.1.16 – Interconexão
Ligação, permanente ou eventual, que torna possível a comunicação entre dois
sistemas de abastecimento.

3.1.17 – Ligação de aparelho sanitário


Tubulação compreendida entre o ponto de utilização e o dispositivo de entrada de
água no aparelho sanitário.

3.1.18 – Limitador de vazão


Dispositivo utilizado para limitar a vazão em uma peça de utilização.

3.1.19 – Nível operacional


Nível atingido pela água no interior da caixa de descarga, quando o dispositivo da
torneira de bóia se apresenta na posição fechada e em repouso.

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3.1.20 – Nível de transbordamento
Nível do plano horizontal que passa pela borda de reservatório, aparelho sanitário ou
outro componente. No caso de haver extravasor associado ao componente, o nível é aquele do
plano horizontal que passa pelo nível inferior do extravasor.

3.1.21 – Quebrador de vácuo


Dispositivo destinado a evitar o refluxo por sucção da água nas tubulações.

3.1.22 – Peça de utilização


Dispositivo ligado a um sub-ramal para permitir a utilização da água e, em alguns
casos, permite também o ajuste da sua vazão.

3.1.23 – Ponto de utilização (da água)


Extremidade de jusante do sub-ramal a partir de onde a água fria passa a ser
considerada água servida.

3.1.24 – Pressão de serviço


Pressão máxima a que se pode submeter um tubo, conexão, válvula, registro ou outro
dispositivo, quando em uso normal.

3.1.25 – Pressão total de fechamento


Valor máximo de pressão atingido pela água na seção logo à montante de uma peça de
utilização em seguida a seu fechamento, equivalendo a soma da sobrepressão de fechamento
com a pressão estática na seção considerada.

3.1.26 - Ramal
Tubulação derivada da coluna de distribuição e destinada a alimentar os sub-ramais.

3.1.27 – Ramal predial


Tubulação compreendida entre a rede pública de abastecimento e a instalação predial.
O limite entre o ramal predial e o alimentador predial deve ser definido pelo regulamento da
Cia. Concessionária de Água local.

3.1.28 – Rede predial de distribuição


Conjunto de tubulações constituído de barriletes, colunas de distribuição, ramais e
sub-ramais, ou de alguns destes elementos, destinado a levar água aos pontos de utilização.

3.1.29 – Refluxo de água


Retorno eventual e não previsto de fluidos, misturas ou substâncias para o sistema de
distribuição predial de água.

3.1.30 – Registro de fechamento


Componente instalado em uma tubulação para permitir a interrupção da passagem de
água. Deve ser usado totalmente fechado ou totalmente aberto. Geralmente emprega-se
registros de gaveta ou esfera.

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3.1.31 – Registro de utilização
Componente instalado na tubulação e destinado a controlar a vazão da água utilizada.
Geralmente empregam-se registros de pressão ou válvula-globo em sub-ramais.

3.1.32 – Regulador de vazão


Aparelho intercalado numa tubulação para manter constante sua vazão, qualquer que
seja a pressão a montante.

3.1.33 – Reservatório hidropneumático


Reservatório para ar e água destinado a manter sob pressão a rede de distribuição
predial.

3.1.34 – Reservatório inferior


Reservatório intercalado entre o alimentador predial e a instalação elevatória,
destinada a reservar água e a funcionar como poço de sucção da instalação elevatória.

3.1.35 – Reservatório superior


Reservatório ligado ao alimentador predial ou a tubulação de recalque, destinado a
alimentar a rede predial ou a tubulação de recalque, destinado a alimentar a rede predial de
distribuição.

3.1.36 - Retrossifonagem
Refluxo de água usada, proveniente de um reservatório, aparelho sanitário ou
qualquer outro recipiente, para o interior de uma tubulação, em decorrência de pressões
inferiores à atmosférica.

3.1.37 – Separação atmosférica


Distância vertical, sem obstáculos e através da atmosfera, entre a saída da água da
peça de utilização e o nível de transbordamento dos aparelhos sanitários, caixas de descarga e
reservatórios. (demonstrar figura)

3.1.38 – Sistema de abastecimento


Rede pública ou qualquer sistema particular de água que abasteça a instalação predial.

3.1.39 – Sobrepressão de fechamento


Maior acréscimo de pressão que se verifica na pressão estática durante e logo após o
fechamento de uma peça de utilização.

3.1.40 – Subpressão de abertura


Maior acréscimo de pressão que se verifica na pressão estática logo após a abertura de
uma peça de utilização.

3.1.41 – Sub-ramal
Tubulação que liga o ramal à peça de utilização ou à ligação do aparelho sanitário.

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3.1.42 – Torneira de bóia
Válvula com bóia destinada a interromper a entrada de água nos reservatórios e caixas
de descarga quando se atinge o nível operacional máximo previsto.

3.1.43 – Trecho
Comprimento de tubulação entre duas derivações ou entre uma derivação e a última
conexão da coluna de distribuição.

3.1.44 – Tubo de descarga


Tubo que liga a válvula ou caixa de descarga à bacia sanitária ou mictório.

3.1.45 – Tubo ventilador


Tubulação destinada a entrada de ar em tubulações para evitar subpressões nesses
condutos.

3.1.46 – Tubulação de limpeza


Tubulação destinada ao esvaziamento do reservatório para permitir a sua manutenção
e limpeza.

3.1.47 – Tubulação de recalque


Tubulação compreendida entre o orifício de saída da bomba e o ponto de descarga no
reservatório de distribuição.

3.1.48 – Tubulação de sucção


Tubulação compreendida entre o ponto de tomada no reservatório inferior e o orifício
de entrada da bomba.

3.1.49 – Válvula de descarga


Válvula de acionamento manual ou automático, instalada no sub-ramal de alimentação
de bacias sanitárias ou de mictórios, destinada a permitir a utilização da água para suas
limpezas.

3.1.50 – Válvula de escoamento unidirecional


Válvula que permite o escoamento em uma única direção.

3.1.51 – Válvula redutora de pressão


Válvula que mantém a jusante uma pressão estabelecida, qualquer que seja a pressão
dinâmica a montante.

3.1.52 – Vazão de regime


Vazão obtida em uma peça de utilização quando instalada e regulada para as
condições normais de operação.

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3.1.53 – Volume de descarga
Volume que uma válvula ou caixa de descarga deve fornecer para promover a
perfeita limpeza de uma bacia sanitária ou mictório.

3.2 Partes Constituintes de uma instalação predial

A Figura 3.1 mostra as principais partes constituintes de uma instalação predial


de água fria e apresenta também a nomenclatura e terminologia correspondentes.

As Figuras 3.2 e 3.3 mostram, respectivamente, a planta baixa, isométrica e


corte de uma instalação de água fria no interior de um compartimento sanitário. A título de
ilustração foi inserido junto à Figura 3.1, um quadro (ver Tabela 3.1) relacionando as peças e
suas quantidades, o qual deve fazer parte integrante desses isométricos num projeto deste
tipo.

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Figura 3.1 – Partes constituintes de uma instalação predial

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Figura 3.2- Planta baixa de um banheiro.

Figura 3.3- Isométrico do banheiro

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Tabela 3.1 - Lista de Peças

No DESCRIÇÃO Quantidade

1 Tê de redução 90o soldável 50 x 25 mm 1

2 Adaptador soldável curto com bolsa e rosca para registro 25 x ¾” 2

3 Joelho 90o soldável 25 mm 2

4 Tê 90o soldável 25 mm 1

5 Tê 90o soldável 25 mm 1

7 Tê 90o soldável 25 mm 1

8 Luva soldável e com rosca 25 mm x ¾” 1

9 Joelho 90o soldável 25 mm

1
1

10 Joelho 90o soldável e com bucha de latão e reforço com anel de


ferro zincado 25 mm x ¾”
2
o
Joelho de redução 90 soldável e com bucha de latão 25 mm x ½”
11
Joelho de redução 90o soldável e com bucha de latão 25 mm x ½”
2

12

13 Registro de gaveta ¾” 1

14 Registro de pressão para chuveiro ¾” 1

4 CONSUMO PREDIAL

Para fins de cálculo do consumo residencial diário, estimamos cada quarto social
ocupado por duas pessoas e cada quarto de serviço, por uma pessoa.

Na falta de outra indicação, consideramos a taxa de ocupação indicada na tabela 4.1


para os prédios públicos ou comerciais.

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Tabela 4.1 – Taxa de ocupação

Conhecida a população do prédio, podemos calcular o consumo, utilizando a tabela


4.2:

Tabela 4.2 – Consumo de água fria

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5 CAPACIDADE DOS RESERVATÓRIOS

Como em quase todas a localidades brasileiras há deficiência no abastecimento


público de água, é pouco usual a distribuição direta, ou seja, com pressão dos distribuidor
público (ascensional); então, somos levados a construir reservatórios superiores. É de boa
norma prevermos reservatórios com capacidade suficiente para uns dois dias de consumo
diário, tendo em vista a intermitência do abastecimento da rede pública; o reservatório
inferior deve armazenar 3/5 e o superior, 2/5 do consumo. Devemos prever também a reserva
de incêndio, estmiada em 15 a 20% do consumo diário. Nas figuras 10 e 11 são mostradas
detalhes de reservatórios

5.1 Canalização de Descarga dos Reservatórios

O diâmetro da canalização de descarga dos reservatórios é determinado através da


expressão:

A
S h
4850 t (5.1)

A – área em planta de um compartimento (m2)

t – tempo de esvaziamento (  2 h)

h – altura inicial de água (m)

S – seção do conduto de descarga (m2)

EXEMPLO

Edifício de apartamentos, com quatro apartamentos por pavimento, tendo cada


apartamento três quartos sociais e um de empregada, mais o apartamento do zelador.

Qual a capacidade dos reservatórios superior e inferior?

Cada apartamento: 7 pessoas

Cada pavimento: 28 pessoas

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Zelador: 4 pessoas

População do prédio: 284 pessoas

De acordo com a tabela, devermos computar 200 litros por pessoa:

- consumo diário: 200 x 284 = 56.800 litros

- reserva de incêndio: 20% = 11.360 litros

Total = 68.160 litros

Se quisermos armazenar o consumo de dois dias, pelo menos, o reservatório inferior


deverá ter capacidade aproximada de 85.000 litros e o superior, 50.000 litros.

6 VAZÃO DAS PEÇAS DE UTILIZAÇÃO

A peças de utilização são projetadas para funciona mediante certa vazão, que não deverá
ser inferior ao demonstrado na tabela 6.1:

Tabela 6.1 - Pesos relativos e vazão nos pontos de utilização identificados em função do
aparelho sanitário e da peça de utilização

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6.1 Consumo máximo provável

Com exceção de instalações cujos horários de funcionamento são rígidos, com


quartéis, colégio, etc. Nunca há o caso de se utilizarem todas as peças ao mesmo tempo. Há
um diversificação que representa economia no dimensionamento das canalizações.

A expressão seguinte, extraída da Norma NBR-5626 dá uma idéias da vazão provável


em função dos “pesos” atribuídos às peças de utilização.

𝑄 = 𝐶. √∑ 𝑃 (6.1)

Q = vazão em l/s

C = coeficiente de descarga = 0,30 l/s

∑ 𝑃 = soma dos pesos de todas as peças de utilização alimentada através do trecho


considerado.

De posse desses dados, podemos fazer um pré-dimensionamento dos encanamentos


pela “capacidade de descarga dos canos”, de acordo com o ábaco.

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Figura 6.1 – Instalações de Água Fria. Ábaco para o cálculo de canalizações

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EXEMPLO

Queremos dimensionar um encanamento (ramal) que alimenta um banheiro, com as


seguintes peças: vaso sanitário, um lavatório, um bidê, uma banheira e um chuveiro.

Os pesos correspondentes às peças são:

Vaso sanitário (com válvula) 32,0

Lavatório 0,3

Bidê 0,1

Banheira 1,0

Chuveiro 0,1

Soma 33,5

Entrando com esses dados no ábaco, temos:

Q = 1,74 l/s, o que correspondente ao cano de 1 ¼” (32mm)

7 PRESSÃO DE SERVIÇO

As peças de utilização são projetadas de modo a funcionar com pressões estática ou


dinâmica preestabelecidas. A pressão estática só existe quando não há fluxo da água, e a
pressão dinâmica resulta quando as peças estão em funcionamento. Na tabela 7.1 temos as
pressões estática e dinâmicas máximas e mínimas das principais peças de utilização.

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Tabela 7.1 – Pressões estáticas e dinâmicas máximas e mínimas nos pontos de utilização, em
metro de coluna d’água.

8 PRESSÕES MÁXIMAS E MÍNIMAS

Em edifícios mais altos, em que as pressões estáticas ultrapassam os valores da tabela


xxx, há necessidade de provocar uma queda de pressão. Para isso, podemos aumentar a perda
de carga, introduzindo no sistema válvulas redutoras de pressão ou caixas intermediárias. A
pressão estática máxima admissível pela NBR-5626 é de 40 m colunas de água (400 kPa).

Na figura 8.1 vemos três sistemas de instalação de válvulas redutoras de pressão e na


figura 8.2 o modo de ligação.

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Figura 8.1 – Instalação de válvulas redutoras de pressão em edifícios altos (mais de 12
pavimentos)

Figura 8.2- modo de ligação de uma válvula redutora de pressão à coluna

Sistema A – quando, no edifício, não temos nos andares a possibilidade de acesso às


válvulas e, sim, somente no subsolo. A coluna desce do reservatório superior, vem ao subsolo
e se ramifica em duas outras colunas, a partir de uma barrilete ascendente;

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Sistema B – quando podemoas zonear o prédio de tal modo que as colunas partam de
barriletes descendentes, com as pressões controladas de acordo com a altura do pavimento;

Sistema C – quando fazemos a redução da pressão na própria coluna de alimentação.


Devemos instalar sempre as válvulas redutoras de pressão em locais de fácil acesso e de
serventia comum (corredores, escadas etc.)

A pressão dinâmica mínima admissível em qualquer pondo da rede de distribuição é de


0,5m de coluna de água (5kPa), para evitar pressões negativas que possibilitem a
contaminação da água. Em geral, o ponto crítico de uma rede de distribuição predial é o
encontro do barrilete com as colunas.

9 VELOCIADE MÁXIMA

As velocidades máximas nas tubulações não devem ultrapassar 3,0 m/s (de acordo
com a NBR 5626/1998)

10 SEPARAÇÃO ATMOSFÉRICA

A NBR-5626 exige que haja uma separação atmosférica, computada na vertical entre a
saída d’água da peça de utilização e o nível de transbordamento dos aparelhos sanitários,
caixas de descarga e reservatórios. Essa separação mínima deve ser de duas vezes o diâmetro
da peça de utilização, conforme figura 10.1. Nessa figura, vemos exemplos de possibilidade de
contaminação da água, pelo fenômeno da “retrossifonagem”, que pode se verificar no
abastecimento direto ou ascendente. Na parte superior da figura, vemos uma banheira
abastecida de baixo para cima; se houver uma queda de pressão no abastecimento no
momento em que o nível da banheira ultrapassar a torneira de abastecimento e a torneira
inferior estiver aberta, poderá haver retrossifonagem e a água usada sair por essa torneira.
Essa que de pressão pode ser ocasionada por um acidente como mostrado na parte inferior,
que resulta de uma pressão negativa em conseqüência do refluxo d’água.

26
Figura 10.1- Separação atmosférica

11 DIÂMETROS DOS SUB-RAMAIS.

A tabela 11.1 a seguir, indica os diâmetros mínimos de uso corrente para os sub-
ramais.

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Tabela 11.1 – Diâmetro dos sub-ramais mínimos

12 DIMENSIONAMENTO DAS COLUNAS (MÉTODO HUNTER)

As colunas são dimensionadas trecho por trecho, e, para isso, será útil já dispomos dos
esquema vertical da instalação, com as peças que serão atendidas em cada coluna.

A NBR-5626 sugere uma planilha de cálculo que facilita o dimensionamento, além da


constatação das velocidades e vazões máximas e a pressão dinâmica a jusante.

12.1 Esquematização da instalação

Esquemas, isométricos ou não, ou projeções da rede predial de distribuição, devem ser


preparados. Esses desenhos devem ser feitos em escala, com vistas a facilitar a determinação
de cotas e de comprimentos de tubos.
Utilizando números ou letras, identificar cada nó (derivação de tubos) e cada ponto de
utilização (ou outra extremidade qualquer) da rede, em seqüência crescente de montante para
jusante. Os trechos de tubulação a serem dimensionados devem ser identificados, então, por
um número ou uma letra correspondente à entrada do trecho (montante) e por outro número
ou outra letra correspondente à saída do trecho (jusante).

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12.2 Planilha

Os cálculos necessários devem ser feitos através de uma planilha (ver modelo na figura
12.1). Os seguintes dado e operações devem ser considerados na execução da planilha:
a) trecho: identificação do trecho de tubulação a ser dimensionado, apresentando à
esquerda o número ou letra correspondente à sua entrada e à direita o número ou letra
correspondente à sua saída (ver coluna1);
b) soma dos pesos: valor referente à somatória dos pesos relativos de todas as peças
de utilização alimentadas pelo trecho considerado (ver coluna 2);
c) vazão estimada, em litros por segundo: valor da vazão total demandada
simultaneamente, obtida pela equação 6.1 (ver coluna 3);
d) diâmetro, em milímetros: valor do diâmetro interno da tubulação, podendo ser
obtida através da tabela 12.1, extraída do livro do Hélio Creder (ver coluna 4);
e) velocidade, em metros por segundo: valor da velocidade da água no interior da
tubulação (ver coluna 5);
f) perda de carga unitária, em quilopascal por metro: valor da perda de carga por
unidade de comprimento da tubulação, obtida pelas equações 12.2 e 12.3, conforme o tipo de
tubo empregado (ver coluna 6);
g) diferença de cota (desce + ou sobe -), em metros: valor da distância vertical entre a
cota de entrada e a cota de saída do trecho considerado, sendo positiva se a diferença ocorrer
no sentido da descida e negativa se ocorrer no sentido da subida (ver coluna 7);
h) pressão disponível, em quilopascals: pressão disponível na saída do trecho
considerado, depois de considerada a diferença de cota positiva ou negativa (ver coluna 8);
i) comprimento real da tubulação, em metros: valor relativo ao comprimento efetivo
do trecho considerado (ver coluna 9);
j) comprimento equivalente da tubulação, em metros: valor relativo ao comprimento
real mais os comprimentos equivalentes das conexões, obtidas através das tabelas 12.2 e 12.3
(ver coluna 10);
k) perda de carga na tubulação, em quilopascals: valor calculado para perda de carga
na tubulação no trecho considerado (ver coluna 11);
l) perda de carga nos registros e outros componentes, em quilopascals: valor relativo
da perda de carga provocada por registros, válvulas e outras singularidades ocorrentes no
trecho considerado, obtida pela equação 12.1 recomendada pela NBR 5626/98.
m) perda de carga total, em quilopascals: soma das perdas de carga verificadas na
tubulação e nos registros e outros (ver coluna 13);
n) pressão disponível residual, em quilopascals: pressão residual, disponível na saída
do trecho considerado, depois de descontadas as perdas de carga verificadas no mesmo
trecho (ver coluna 14);
o) pressão requerida no ponto de utilização, em quilopascals: valor da pressão mínima
necessária para alimentação da peça de utilização prevista para ser instalada na saída do
trecho considerado, quando for o caso (ver coluna 15).

29
Figura 12.1 – Planilha de cálculo de Instalações Prediais de Água Fria

30
Tabela 12.2 – Perdas de cargas localizadas – sua equivalência em metros de tubulação de PVC rígido ou cobre.

31
Tabela 12.3 – Perdas de cargas localizadas – sua equivalência em metros de tubulação de aço-
carbono, galvanizado ou não.

12.3 Rotina

Apresenta-se na tabela 12.4 uma rotina que foi desenvolvida com base na planilha
apresentada na figura 12.1.

Os registros de fechamento, geralmente utilizados na condição de passagem plena,


apresentam perda de carga pequena que, para efeito deste procedimento, pode ser
desconsiderada. Por outro lado, os registros de utilização apresentam elevada perda de carga,
que deve ser cuidadosamente computada. A perda de carga em registro de pressão pode ser
obtida através da seguinte equação:

Δh = 8 x 106 x K x Q2 x π-2 x d-4 (12.1)

onde:

Δh é a perda de carga no registro, em quilopascal;

K é o coeficiente de perda de carga do registro (ver NBR 10071);

Q é a vazão estimada na seção considerada, em litros por segundo;

d é o diâmetro interno da tubulação, em milímetros.

32
Tabela 12.4 – Rotina para dimensionamento das tubulações

33
12.4 Perda de Carga

A perda de carga ao longo de um tubo depende do seu comprimento e diâmetro


interno, da rugosidade da sua superfície interna e da vazão. Para calcular o valor da perda de
carga nos tubos, recomenda-se utilizar a equação universal, obtendo-se os valores das
rugosidades junto aos fabricantes dos tubos. Na falta dessa informação, podem ser utilizadas
as expressões de Fair-Whipple- Hsiao indicadas a seguir (NBR-5626).
Para tubos rugosos (tubos de aço-carbono, galvanizado ou não):

J = 20,2 . 106 . Q1,88 .D -4,88 (12.1)

Para tubos lisos (tubos de plástico, cobre ou liga de cobre):

J = 8,69 . 106 . Q1,75 . D-4,75 (12.2)

onde:

J é a perda de carga unitária, em quilopascals por metro;

Q é a vazão estimada na seção considerada, em litros por segundo;

D é o diâmetro interno do tubo, em milímetros.

12.5 Ramal Predial

De um modo geral, o diâmetro do ramal predial é fixado pela Concessionária de água


local. A Norma prevê dois casos para que se possa determinar a vazão do ramal predial:

Quando se tem distribuição direta, a vazão do ramal é dada por:

Q=C P (12.3)

onde:

Q é em l/s

C é o coeficiente de descarga = 0,30 l/s

34
 P é a soma dos pesos correspondentes a todas as peças de utilização alimentadas
através do trecho considerado (ver Tabela 6.1, extraída da NBR 5626)

Quando se tem distribuição indireta a Norma admite que a alimentação seja feita
continuamente, durante 24 horas do dia e a vazão é dada pela expressão:

CD
Q
86.400

Onde:

Q é em l/s

CD é em l/dia

Uma vez conhecida a vazão do ramal predial, tanto no caso de distribuição direta ou
indireta, o serviço de água deverá ser consultado para a fixação do diâmetro. Geralmente, na
prática, adota-se, para o ramal predial, uma velocidade igual a 0,6 m/s, de tal modo a resultar
um diâmetro que possa garantir o abastecimento do reservatório mesmo nas horas de maior
consumo.

35
Exemplo:

Dado o esquema da figura abaixo, calcular a pressão no ponto E. O detalhe A e C


contém 01 bacia sanitária com válvula de descarga, 01 chuveiro e 01 lavatório e o detalhe B
contém 01 bacia sanitária com valvula de descarga e 01 lavatório.

36
Pesos Compr. Equivalentes Perdas de Carga
Dif cota
Diâm Pressão
Vazão Juntas e +desce Pressão à
Trecho interno Veloc. Tubulação Disponível TOTAL
Acum. (l/s) Conexões Total (m) (KPa/m) -sobe jusante (Kpa)
(mm) (m/s) (m) (Kpa) (Kpa)
(m) (Pa)

RA 488,500 6,631 62,500 2,162 1,000 10,300 11,300 7,500 0,702 7,932 10,000 9,568

AB 325,000 5,408 50,000 2,756 2,000 7,600 9,600 9,568 1,418 13,616 0,000 -4,048

RA 488,500 6,631 75,000 1,502 1,000 10,900 11,900 7,500 0,295 3,514 10,000 13,986

AB 325,000 5,408 62,500 1,764 2,000 7,800 9,800 13,986 0,491 4,816 0,000 9,171

BC 163,500 3,836 50,000 1,955 4,000 3,400 7,400 9,171 0,778 5,754 0,000 3,417

BC 163,500 3,836 62,500 1,251 4,000 3,700 7,700 9,171 0,269 2,074 0,000 7,096
CD 163,500 3,836 50,000 1,955 1,000 7,600 8,600 7,096 0,778 6,687 10,000 10,410
DE 130,800 3,431 50,000 1,748 3,000 7,600 10,600 10,410 0,640 6,780 30,000 33,630

37
II- INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA QUENTE

1. DISPOSIÇÕES GERAIS

O abastecimento de água quente para uma habitação é hoje uma necessidade e passa
a constituir uma exigência do usuário. Ao mesmo tempo, o aumento do padrão de vida e as
modificações introduzidas nos costumes da sociedade passaram a exigir que esse
abastecimento seja feito de maneira rápida. Também as quantidades têm aumentado
principalmente em função do aumento de padrão de vida da população.

Como fontes de energia para o aquecimento de água são utilizadas principalmente


eletricidades, gás, óleo e em menor escala a lenha ou carvão. Com o crescente aumento e
preços de derivados de petróleo e energia elétrica, hoje é bastante difundido o uso de energia
solar, principalmente em residências.

Convém destacar a importância de um projeto adequado de geração e distribuição de


água quente em habitações pelo simples fato de que quase a metade das despesas de uma
família com energia se faz para a obtenção de água quente.

Qualquer que seja o tipo de instalação, o projetista deverá ter em mente que o sistema
deverá respeitar as exigências técnicas mínimas quanto à segurança, à economia e ao
conforto, segundo a NBR7198, da ABNT, quando utilizado como fonte de calor, eletricidade,
gás ou óleo.

O abastecimento de água quente é feito em encanamentos separados dos de água fria


e pode ser de três sistemas:

 Aquecimento individual ou local;


 Aquecimento central privado (domiciliar);
 Aquecimento central do edifício.

Os aquecedores de água quente funcionam basicamente sob dois princípios:

- os de passagem ou instantâneos;

- os de acumulação;

2. DIMENSIONAMENTO

O dimensionamento procede-se de forma análoga ao de instalações de água fria, a


figura 2.1, demonstra as instalações de água fira e água quente.

38
Figura 2.1 – Instalações de Prediais de Água Fria e Água Quente

As tubulações de água fria, que alimentam misturadores, não podem estar conectadas
a colunas de distribuição e ramais que alimentam válvulas de descarga, devido à possibilidade
de uso simultâneo com outros aparelhos, provocando variação na quantidade de água fria,
trazendo desconfortos devido à variação de temperatura.

3. AQUECEDORES INSTANTÂNEOS

Á água é aquecida no momento em que passa pelo dispositivo e é usada


imediatamente (ex: chuveiros, torneiras elétricas, etc.)

4. AQUECEDORES DE ACUMULAÇÃO

39
Neste caso a água aquecida fica reservada e a medida que se utiliza a água quente tem
reposição automática de água dentro do reservatório. Quando a temperatura da água no
reservatório de acumulação cai de um certo valor, o dispositivo de aquecimento entra em
funcionamento, até atingir a temperatura desejada.

Podem ser elétricos, a gás, a óleo ,a energia solar e a lenha ou carvão.

Nos aquecedores de acumulação podem ser usados dois tipos de aquecimento:

- Direto: Nesse caso a água a ser utilizada entra em contato direto com a fonte de
calor;

- Indireto: Neste caso a fonte de calor aquece um fluido intermediário (óleo, água, etc)
que por sua vez transfere calor para a água.

4.1.1. Aquecedores elétricos

Os aquecedores elétricos do tipo boiler são aquecedores de acumulação, isto é, o


elemento resistivo aquece lentamente a água nas horas sem consumo, para que, nas ocasiões
de uso, a água já esteja na temperatura adequada. A potência elétrica em jogo é pequena, em
comparação com os chuveiros elétricos, por exemplo, em que o tempo que a água permanece
em contato com a resistência é muito pequeno. Daí a razão pela qual a potência dos chuveiros
elétricos deve ser muito maior do que a exigida pelos aquecedores.

A figura 4.1 mostra a instalação de água quente com o uso de Boiler.

40
Figura 4.1 – Esquema da Instalação Hidráulica do Aquecedor (CREDER, 2006)

41
5. AQUECEDORES SOLARES

Modernamente já se utiliza o coletor solar para aquecimento de água para uso


doméstico. Para a utilização doméstica, muitas vezes é complementado pelo aquecimento
elétrico, para os dias sem sol.

É fato conhecido que a radiação solar não é constante ao longo do dia e varia também
de acordo com as estações do ano. Portanto, para se obter o melhor rendimento, precisamos
orientar o coletor de modo a receber a maior incidência dos raios solares. Para os coletores
fixos, é fato comprovado experimentalmente que a inclinação que dá melhor incidência dos
raios solares durante todo o ano é, em relação à horizontal um ângulo resultante da soma da
latitude do lugar mais 5 ou 10º. O coletor deve ser voltado para o norte (no caso dos
habitantes do hemisfério sul).

Nas figuras 5.1 a 5.4 são mostrados detalhes e componentes de uma célula de coletor.
Na figura 5.6 é representado um esquema da instalação do coletor solar. Na figura 5.7 pode-se
observar um conjunto de coletores solares para uma edificação.

Figura 5.1 – Componentes de uma célula de coletor solar (Manual Técnico Soletrol)

42
Figura 5.2 – Componentes de uma célula de coletor solar. (Manual Técnico Comgás)

O coletor solar plano é composto por diversos elementos responsáveis pelo melhor
aproveitamento possível da radiação solar, conforme detalhado a seguir:

 Cobertura transparente (A): permite a passagem de grande parte da radiação solar


(baixos comprimentos de onda) e retém grande parte da radiação emitida pela placa
absorvedora. Reduz as perdas de calor por convecção entre a placa absorvedora e o
ambiente. Representa uma barreira mecânica à ação meteorológica sobre a placa
absorvedora. Este componente pode ser dispensado quando se deseja menores
temperaturas para o aquecimento da água.
 Placa absorvedora (B): componente de um coletor solar que absorve parte da energia
radiante e a transfere para um fluído.
 Isolamento térmico (C): materiais de baixo coeficiente de condutividade térmica, e
tem por objetivo reduzir as perdas de calor entre a placa absorvedora e a estrutura do
coletor (caixa).
 Caixa (D): estrutura que protege todos os componentes da ação do meio ambiente.
Deve ser estanque e ao mesmo tempo permitir a dilatação térmica dos componentes
 Tubulação do fluído (E): geralmente produzido em material metálico (bom condutor
de calor), tem a finalidade de conduzir o fluido a ser aquecido e transferir a energia
absorvida da placa absorvedora para o fluído.

43
Figura 5.3 - Coletor solar. (Manual Técnico Soletrol)

Figura 5.4 - Detalhes de Coletor solar. (Manual Técnico Soletrol)

As dimensões C, L e T representadas na figura 5.4 são catalogadas pelos fabricantes em


função das características técnicas do coletor.

44
Figura 5.5 – Esquema da instalação do coletor solar. Fonte: (GREEN, 2000, adaptado)

Figura 5.6 – Coletores Solares em um edifício (Fonte: Manual Técnico, Soletrol)

45
5.1. Posicionamento dos coletores

Para a escolha correta do posicionamento dos coletores solares, é necessário a


utilização de uma bússola. Os coletores devem ser instalados no Norte Geográfico que tem
direção diferente em alguns graus do Norte Magnético indicado pela bússola. Para qualquer
estado brasileiro, a orientação do Norte Geográfico fica sempre à direita do Norte Magnético.
Para saber quanto vale esta diferença, confira a figura 5.7. Como exemplo, para o estado de
São Paulo, a bússola irá apontar o Norte Magnético cerca de 20º à esquerda do Norte
Geográfico.

Figura 5.7 – Declinação magnética média por Estado. (Fonte: Manual Técnico Soletrol)

Na figura 5.8, verificam-se algumas situações para o correto posicionamento dos


coletores.

46
Figura 5.8 – Diferentes situações para o posicionamento dos coletores solares (fonte: Manual
Técnico, Soletrol)

5.2. Inclinação dos coletores

A inclinação em relação ao plano horizontal e a direção de instalação dos coletores


solares são os dois elementos que influenciam o dimensionamento do sistema de
aquecimento solar. Os coletores solares devem estar expostos ao sol de tal forma que a
incidência da radiação solar atinja o coletor o mais que possível perpendicularmente. Como há
uma variação da inclinação do sol, conforme a época do ano, os coletores são instalados com

47
uma inclinação que maximiza e uniformiza, mês a mês, a incidência da radiação solar durante
o período de um ano, conforme demonstrado na figura 5.9. (Manual Técnico Comgás)

Figura 5.9 – Inclinação dos coletores (manual técnico Comgás)

Na figura 5.10, são mostradas as latitudes de algumas cidades brasileiras e o ângulo de


inclinação ideal.

Figura 5.10 – Latitudes de algumas cidades brasileiras e ângulo de inclinação ideal (Manual
Técnico Soletrol)

48
5.3. Reservatórios Térmicos

O reservatório térmico, ou boiler como é chamado em algumas regiões do país, é o


responsável pelo armazenamento da água aquecida pelos coletores solares. Ele precisa ter o
volume compatível com um dia de consumo e ser isolado termicamente para manter a água
aquecida até que um novo ciclo de aquecimento pelo sol seja reiniciado. Para os períodos de
baixa radiação, baixas temperaturas ambientes ou ainda em dias de consumo de água quente
além do projetado, os reservatórios térmicos são equipados com resistências elétricas com
acionamento automático através de um termostato ou ainda através de um CDT - Controlador
Digital de Temperatura (Acessório Opcional). (Manual Técnico, Soletrol)

A figura 5.12 demonstra as dimensões de um bolier, que são catalogadas em função do


seu volume de armazenamento.

Figura 5.12 –Reservatório Térmico (Fonte: Manual Técnico, Soletrol)

5.4. Instalação (recomendações)

 Respiro (Suspiro)

Em reservatórios térmicos que trabalham com pressão menor que 10 mca (1 Kgf/cm²)
é obrigatório a instalação do respiro conforme indicado na figura 5.13.

A não colocação do mesmo poderá ocasionar danos ao reservatório térmico como


estufamento por excesso de pressão ou murchamento em função de pressão negativa (vácuo).

Em reservatórios térmicos de pressão maior que 10 mca, devem-se usar válvula de


segurança específica para a pressão do reservatório térmico, conforme demonstrado na figura
5.14.

49
Figura 5.14 – Detalhe do suspiro (manual técnico soletrol)

 Ligação Hidráulica em Reservatórios Térmicos de Alta Pressão

A ligação deve ser feita com tubos e conexões de cobre. É importante a utilização de
luvas de união entre o reservatório térmico e a rede hidráulica. No aquecedor solar de alta
pressão é obrigatório o uso de válvula de segurança na alimentação de água fria e obrigatória a
colocação das seguintes válvulas na conexão de respiro (figura 5.15):

a) Válvula de retenção tipo portinhola, com sede em borracha, instalada de forma


invertida;
b) Válvula quebra vácuo;
c) Válvula eliminadora de ar tipo ventosa predial

50
Figura 5.15 – Ligação hidráulica em reservatórios térmicos de alta pressão (manual técnico
soletrol)

 Isolamento Térmico

Os tubos de cobre devem ser isolados termicamente, mesmo se estiverem aéreos e ou


embutidos, para evitar-se perdas de calor da água quente enquanto esta circula pelos
mesmos. Quando estiverem externos também deverão ser protegidos com uma capa de
alumínio para proteção dos raios ultravioleta que decompõe o polietileno expandido,
conforme demonstrado nas figuras 5.16.

Figura 5.16 – Isolamento Térmico em tubulações (manual técnico Soletrol)

51
5.5. Associações de coletores

Os coletores solares devem ser instalados, e interligados entre si, conforme orientação
do fabricante, devendo ser verificado o sentido do fluxo da água e a configuração do sistema.

Como princípio básico de interligação dos coletores, podem-se resumir as associações


em: paralelo, em série ou misto, conforme a figura 5.17.

Figura 5.17 – Associação de coletores

As ligações em série permitem que um determinado volume de água obtenha uma


maior temperatura de água em função do maior tempo de percurso dentro dos coletores,
conforme apresentado na figura 5.18.

Figura 5.18 – Associação de coletores em série

Contudo, temperaturas elevadas tendem a reduzir a eficiência de troca de calor, entre


a água e o coletor. Dessa forma, evitam-se muitos coletores ligados em série mesclando o
sistema com fileiras de coletores em paralelo, conforme apresentado na figura 5.19.

Figura 5.19 – Associação de coletores em série e em paralelo

52
5.6. Reservatórios e Trocadores de Calor

Os reservatórios podem ser do tipo “sem trocador”, com trocador do tipo “serpentina
interna” e com trocador do tipo “camisa”. No reservatório sem trocador a água de consumo é
a mesma que passa pelo sistema de aquecimento, exceto quando utilizado trocadores
externos aos reservatórios. O reservatório com serpentina e o reservatório com camisa são
sistemas de troca de calor do tipo indireto, onde a água quente que circula pela serpentina, ou
pela camisa externa, troca calor por condução com a água destinada ao consumo. Esses
modelos são apresentados na figura 3.20.

Figura 5.20 – Modelos de Reservatórios com e sem trocador de calor

5.7. Trocadores de calor

Os trocadores de calor são equipamentos que promovem a troca de calor entre dois
fluídos sem que estes se misturem. Para isto existem diversos modelos, podendo ser do tipo
serpentina, placa, aletas etc. Na Figura 5.21 é apresentado um trocador de calor, do tipo placa.

53
Figura 5.21 – Detalhe de trocador de placa

A utilização de trocadores de calor nos sistemas de aquecimento solar instalados,


entre os coletores solares e o reservatório, ou o sistema de distribuição: permite que o circuito
do sistema de aquecimento solar utilize líquidos com aditivos de forma a minimizar efeitos de
corrosão e deposição de sólidos, assim como reduzir os efeitos de congelamento. São
geralmente utilizados com o intuito de aumentar a vida útil dos coletores solares.

5.8. Acessórios

5.8.1. Controles

Sistemas de controle são essenciais para otimizar o funcionamento dos sistemas de


aquecimento solar, de forma a permitir um melhor aproveitamento da radiação solar e da
redução das perdas térmicas do sistema.

O sistema mais simples utilizado, considerado como básico em qualquer instalação de


sistema de aquecimento solar com circulação forçada, é o de monitoramento da temperatura
diferencial entre os coletores solares e o reservatório térmico, conforme apresentado na figura
5.22.

54
Figura 5.22 – Sistema de controle com diferencial de temperatura

5.8.2. Válvulas termostáticas

As válvulas misturadoras, ou termostáticas, tem a função de controlar, ou limitar, a


temperatura da rede de distribuição de água quente, adicionando água fria, caso a rede esteja
com temperaturas mais elevadas que a pré-estabelecida. Na figura 5.23 há um exemplo de
válvula de controle de temperatura.

Figura 5.23 – Exemplo de válvulas de controle de temperatura

A temperatura de acionamento da válvula pode ser regulada, sendo que as mais


comuns trabalham com temperaturas entre 49 e 71 °C.

5.8.3. Vasos de expansão

Os vasos de expansão são itens de segurança imprescindíveis para os sistemas de


aquecimento indiretos, pois absorvem parte das variações de pressões da rede geradas por
expansão térmica (variação de temperatura). Nesses vasos existe uma câmara onde o ar é

55
preso dentro de um diafragma, que se expande ou contrai de acordo com a pressão no
sistema. A figura 5.24 apresenta um exemplo de vaso de expansão.

Figura 3.24 – Exemplo de vaso de expansão

5.9. Reservatório solar central e aquecedores de passagem individuais a gás natural

O funcionamento desta configuração consiste na utilização do sistema de aquecimento


solar como um pré-aquecimento de água, a ser complementado pelos aquecedores de
passagem a gás, localizados em cada unidade habitacional. A figura 5.25 apresenta um
esquema de funcionamento desse tipo de configuração.

Figura 5.25 – Esquema sistema solar com aquecedores de passagem a gás natural

56
O sistema solar é acionado sempre que a temperatura do coletor solar é superior à
temperatura da água fria do reservatório térmico, através de bombas de circulação que
promovem a movimentação dos fluídos entre trocador-coletor (primário) e trocador-
reservatório (secundário), transferindo assim o calor proveniente dos coletores para o
reservatório do sistema solar através de uma troca térmica em um trocador de calor. Esta
transferência de calor pode ser feita sem a utilização de trocadores de calor, sendo realizada
de forma direta com apenas uma bomba, porém impossibilita a utilização de outros tipos de
fluídos (permitindo maior durabilidade dos coletores e a incorporação de anti-congelante) no
circuito dos coletores solares.

Após o aquecimento da água do reservatório térmico, esta circula através de


prumadas que possibilitam sua distribuição entre os andares (rede de distribuição coletiva) de
forma a manter uma rede de água constantemente quente. Quem garante a manutenção
desta rede de água aquecida é a bomba de circulação da rede (distribuição), que extrai a água
quente e devolve a água morna para o reservatório térmico através de um controle de
temperatura (liga ou desliga a bomba conforme a temperatura da água na rede).

Quando o usuário solicita água quente para consumo, ela sai da rede de distribuição
coletiva e entra no apartamento. Antes de ir para o ponto de consumo a água passa por uma
válvula de controle de temperatura que tem por finalidade direcionar seu fluxo: a) direciona a
água quente diretamente para o consumo (quando a temperatura estiver adequada), ou
direciona para o aquecedor de passagem complementar o aquecimento de água para as
condições de uso. É recomendável que sejam utilizados aquecedores de passagem com
controle de temperatura, de forma que, quando acionado o aquecedor, este forneça apenas a
energia necessária para atingir a temperatura requisitada para uso.

5.10. Reservatório solar individual e aquecedores de passagem individuais a gás


natural

O funcionamento desta configuração consiste na utilização do sistema de aquecimento


solar como um pré-aquecimento da água, a ser eventualmente complementado pelos
aquecedores de passagem a gás, sendo que os reservatórios térmicos e os aquecedores são
localizados em cada unidade habitacional. Essa alternativa é apresentada na figura 5.26.

57
Figura 5.26 - Esquema sistema solar distribuído com aquecedores de passagem a gás natural

O funcionamento do sistema solar ocorre através do acionamento da bomba da rede


de distribuição coletiva sempre que a temperatura da água no coletor solar for maior do que o
retorno existente na rede de distribuição. Essa rede de água quente transfere o calor para os
reservatórios térmicos através de trocadores de calor (interno ou externo ao tanque). A
distribuição de água quente deve ocorrer de forma a permitir uma homogeneidade nas
pressões e vazões de água que circula por cada reservatório, evitando a priorização de
fornecimento de energia para uma ou outra unidade habitacional. Caso esta equalização não
seja possível podem ser utilizadas bombas de circulação individual para cada unidade
habitacional, acionadas em função de termostatos que indiquem a possibilidade de
complementação de água quente advindo do sistema solar.

A partir dos reservatórios térmicos de cada unidade habitacional, a quantidade de


água a ser solicitada para o consumo passará por um aquecedor de passagem para
complementar a temperatura até que atinja a temperatura adequada de consumo. Este
aquecedor deverá possuir dispositivo que analise a temperatura da água e deve ser acionado
somente quando necessário.

58
Embora o reservatório térmico esteja localizado no interior da unidade habitacional,
ele pode não fornecer água quente diretamente para o consumo, uma vez que pode ser
necessário o acionamento do apoio a gás. Neste caso deve-se considerar as limitações
associadas ao uso do aquecedor de passagem, particularmente a limitação de vazão no
fornecimento da água quente.

Através desta configuração a água quente para consumo não provém do sistema de
aquecimento solar. Deste sistema será retirado somente o calor, dispensando assim a
necessidade de medidores individuais para água quente, pois a medição de consumo será feita
pelo consumo de água fria que alimenta o reservatório térmico. O consumo de gás é medido
individualmente, vinculado à utilização dos aquecedores de passagem instalados nas unidades
habitacionais.

5.11. Sistema de aquecimento solar com apoio de aquecedor individual de


acumulação a gás natural

No sistema de aquecimento solar associado a um sistema de acumulação individual a


gás natural pode haver, ou não, a necessidade de um reservatório solar coletivo. Nesta
configuração o sistema de aquecimento solar transfere calor para diversos reservatórios de
acumulação localizados dentro de cada unidade habitacional. Desta forma, os reservatórios
também funcionam como apoio do sistema solar.

Deve-se prever uma rede de recirculação que distribua a água quente proveniente do
sistema de aquecimento solar. Válvulas monitoram a temperatura de cada reservatório
transferindo calor do sistema solar sempre que necessário. Dessa forma a distribuição de calor
ocorre apenas nos instantes em que os reservatórios necessitam, evitando uma distribuição
desigual da energia.

O aquecimento dos reservatórios é realizado normalmente através de serpentinas,


sem que haja a mistura de pressões da rede, o que evita a necessidade de redutoras de
pressão no sistema de distribuição coletivo de água quente (não dispensando, no entanto, a
redução da pressão do sistema de distribuição de água fria).

No caso em que o reservatório contenha água a temperatura inferior a desejável pelo


usuário, o sistema de aquecimento a gás natural é acionado.

A principal razão para o uso deste sistema é a necessidade de consumo de água


quente com vazões acima dos limites fornecidos pelos aquecedores de passagem existentes no
mercado, necessitando assim um armazenamento adicional de água quente.

5.11.1. Aquecedores de acumulação individuais

O funcionamento desta configuração consiste na utilização do sistema de aquecimento


solar como um pré-aquecimento de água a ser complementado através de aquecedores de

59
acumulação individuais localizados em cada unidade habitacional. A figura 5.27 ilustra esse
tipo de solução.

Figura 5.27 – Esquema sistema solar com sistemas de acumulação individual

O sistema solar é acionado sempre que a temperatura da água do coletor solar é


superior à temperatura na rede de distribuição coletiva, através do acionamento das bombas
de circulação do trocador-coletor (primário), transferindo assim o calor proveniente dos

60
coletores para o trocador de calor e depois para a rede de distribuição coletiva de água quente
(secundário). Esta transferência de calor pode ser feita sem a utilização de trocadores de calor,
fazendo-a de forma direta com apenas uma bomba. Neste caso observam-se cuidados
adicionais com a utilização de aditivos na água para uma maior durabilidade dos coletores e a
incorporação de anti-congelante no circuito dos coletores solares.

Quando a temperatura da água no interior do aquecedor de acumulação estiver abaixo


da temperatura programada de armazenamento, e se a temperatura da água na rede de
distribuição for maior que a do reservatório de acumulação, aciona-se o sistema de troca
térmica transferindo-se o calor disponível na rede de distribuição para o aquecedor de
acumulação. Este sistema pode ser composto por duas bombas de circulação no caso de
trocador de calor externo ao reservatório, ou através de uma única bomba de circulação caso
o trocador esteja dentro do reservatório. Nos casos em que a rede de distribuição não possui
temperatura suficiente para aquecimento do aquecedor de acumulação individual o
queimador a gás incorporado será acionado.

Desta forma é possível manter um volume de água quente armazenado garantido pelo
sistema solar e pelo sistema a gás, o que possibilita o consumo de água quente sem restrições
de vazão e demanda. É importante que o reservatório esteja adequadamente dimensionado
em função da demanda.

Nesta configuração não há o consumo de água quente permanente do sistema de


aquecimento solar, realizando-se apenas o consumo de calor, o que dispensa a necessidade de
medidores de água quente. O consumo de gás é individualizado em função da utilização dos
aquecedores de acumulação individuais instalados nas unidades habitacionais.

5.11.2. Aquecedores de acumulação conjugados individuais

Através desta configuração os reservatórios térmicos e aquecedores a gás estão


localizados em cada unidade habitacional. O funcionamento se dá utilizando-se o sistema de
aquecimento solar como um pré-aquecimento de água para os sistemas de aquecimento
conjugados individuais. Na figura 5.28 há um esquema típico deste tipo de sistema.

61
Figura 5.28 – Esquema sistema solar com sistemas conjugados individuais

Nesta configuração o sistema solar entra em funcionamento através da bomba de


circulação da rede de distribuição coletiva, sempre que a temperatura da água do coletor solar
for maior do que a da rede de distribuição. A transferência de calor entre a água aquecida
pelos coletores solares e a rede de distribuição pode ocorrer através da utilização de
trocadores de calor.

Conectados a rede de distribuição, há uma derivação para cada unidade habitacional,


na qual se encontra instalado um reservatório térmico, que possibilita a utilização do calor da
rede de distribuição coletiva para o aquecimento da água armazenada. A troca de calor é

62
realizada por bombas de circulação acionadas em função da diferença de temperatura entre os
reservatórios e a rede de distribuição de água quente.

Quando a temperatura do reservatório individual estiver abaixo da temperatura da


rede de água quente, é acionada a bomba de circulação individual que pega a água da rede de
distribuição, circula pelo trocador de calor do reservatório (que pode ser interno ao tanque ou
externo), transfere calor para o reservatório e envia a água fria para a rede de retorno do
sistema de distribuição, até que a temperatura do reservatório atinja a temperatura
programada.

Apenas quando a temperatura do reservatório atinge valores abaixo do limite mínimo


pré determinado (definido pelo usuário) é que o sistema auxiliar a gás será acionado, através
da bomba de circulação do aquecedor de passagem, a qual aciona o aquecedor, recuperando
assim, a temperatura do reservatório.

Dessa forma é possível manter um volume de água quente armazenado garantido pelo
sistema solar e pelo sistema a gás, permitindo um consumo de água quente sem restrições
específicas de vazão e demanda. Observa-se que o reservatório deva estar adequadamente
dimensionado e em função da demanda.

Nesta configuração não há consumo de água quente do sistema de aquecimento solar,


havendo apenas o consumo de calor, o que dispensa a necessidade de medidores de água
quente. O consumo de gás é individual, função da utilização dos aquecedores de passagem
instalados nas unidades habitacionais.

5.12. Aquecimento solar associado a sistema de aquecimento coletivo a gás


natural

Esta configuração é a que mais se aproxima do sistema convencional de aquecimento


solar. Nela o apoio a gás é feito através de uma central de água quente.

Dessa forma, o sistema de aquecimento a gás natural aquece apenas o reservatório


destinado e dimensionado para este apoio, otimizando o funcionamento de todo o sistema.

Em função das variações no suprimento de água quente e da capacidade de


recuperação do sistema de aquecimento solar, o tamanho do reservatório térmico necessário
para atender a demanda prevista do edifício pode tornar a solução inviável do ponto de vista
prático. Nesses casos é possível a adoção de reservatórios independentes, uma para
armazenamento da água quente proveniente do sistema de aquecimento solar e outro para o
sistema de aquecimento central a gás.

5.12.1. Sistema conjugado central (geradora de água quente)

O funcionamento desta configuração consiste na utilização do sistema de aquecimento


solar como um pré-aquecimento de um sistema central conjugado a gás (ou de uma geradora

63
de água quente a gás). A figura 5.29 ilustra um sistema de aquecimento solar com apoio de
sistema de aquecimento central a gás natural.

Figura 5.29 – Esquema sistema solar com sistema conjugado coletivo

O sistema solar é acionado sempre que a temperatura do coletor solar for superior à
temperatura da água fria do reservatório térmico do sistema solar, acionando as bombas de
circulação do trocador-coletor (primário) e do trocador-reservatório (secundário), transferindo
assim o calor proveniente dos coletores para o trocador de calor e depois para o reservatório
do sistema solar. Esta transferência de calor pode ser feita sem a utilização de trocadores de
calor, de forma direta com utilização de uma bomba de circulação, porém impossibilita a
utilização de aditivos na água (como anti-congelante) que possibilitam maior durabilidade dos
coletores solares.

O reservatório do sistema coletivo a gás é instalado em série ao reservatório do


sistema solar. Dessa forma, a água quente proveniente do trocador de calor passa por uma
válvula controladora de temperatura que vai analisar a temperatura da água e direcionar para
o reservatório do sistema solar ou para o reservatório do sistema coletivo a gás. Essa decisão
do direcionamento da água quente ocorre para permitir que a água com temperatura elevada

64
mais seja direcionado para o reservatório do sistema a gás, aumentando a temperatura média
deste reservatório de forma mais rápida, evitando a entrada em operação dos aquecedores;
porém, no caso de temperatura da água abaixo da temperatura média do reservatório do
sistema a gás, a água é direcionada para o reservatório do sistema solar, evitando o
resfriamento do sistema coletivo a gás.

Seja pelo consumo de água quente pelas unidades habitacionais, ou pelo acionamento
da bomba de circulação da rede de distribuição de água quente (com o objetivo de manter a
temperatura mínima da água na rede de distribuição coletiva), a água sai do ponto mais alto
do reservatório do sistema a gás (região na qual a água está com maior temperatura) fazendo
com que a água mais quente do reservatório solar entre no ponto mais baixo do reservatório
do sistema a gás.

No sistema de circulação da rede de distribuição de água quente, o retorno da rede


também passa por uma válvula controladora de temperatura que analisa a temperatura da
água e direciona o fluxo de água para o reservatório do sistema solar ou para o reservatório do
sistema gás, com o objetivo de aproveitar o calor residual da rede, porém sem resfriar o
reservatório do sistema a gás.

Através da medição de água quente é possível fazer o rateio do consumo de gás, de


forma proporcional ao consumo de água quente.

5.12.2. Aquecedores de passagem coletivos

O funcionamento desta configuração consiste na utilização de um sistema de


aquecimento solar central que se utiliza de um conjunto de aquecedores de passagem a gás
para aquecimento complementar. A figura 5.30 ilustra um sistema de aquecimento solar com
apoio através de aquecedores de passagem centrais.

65
Figura 5.30 – Esquema sistema solar com central de passagem coletivo

O sistema solar é acionado sempre que a temperatura do coletor solar for superior à
temperatura da água fria do reservatório térmico do sistema solar, acionando as bombas de
circulação do trocador-coletor (primário) e do trocador-reservatório (secundário), transferindo
o calor proveniente dos coletores para o reservatório térmico do sistema solar. Esta
transferência de calor pode ser feita sem a utilização de trocadores de calor, de forma direta
com utilização de uma bomba, porém impossibilita a utilização de aditivos na água que
possibilitem maior durabilidade dos coletores solares.

A água quente sai do ponto mais alto do reservatório do sistema solar (onde a água
possui temperatura mais elevada), e passa pelos aquecedores de passagem, para atendimento
direto do consumo de água quente pelas unidades habitacionais, ou para atendimento da
circulação da rede de distribuição de água quente (com o objetivo de manter a temperatura
mínima da água na rede de distribuição coletiva).

Os aquecedores de pessagem a gás têm por objetivo complementar o aquecimento da


temperatura de saída da água do reservatório coletivo do sistema solar até atingir uma
temperatura adequada de uso. Em função da vazão de água solicitada, bem como da sua
temperatura, um número determinado de aquecedores é acionado de forma a garantir
adequado atendimento da demanda das unidades habitacionais. Para que haja uma sequência

66
no acionamento de cada aquecedor deverá ser previsto um sistemas de controle, que além de
determinar a quantidade exata de aquecedores a serem acionados, organizará o acionamento
em forma de rodízio evitando o desgaste desproporcional dos aparelhos a gás.

Os aquecedores de passagem devem ser dimensionados pela vazão máxima que o


sistema poderá solicitar, e não apenas pela potência instalada.

Através da medição de água quente é possível fazer o rateio do consumo de gás, de


forma proporcional ao consumo de água quente.

6. DIMENSIONAMENTO DE COLETORES SOLARES SEGUNDO HÉLIO CREDER

Para o dimensionamento da superfície coletora (painel), de ordem prática, pode-se


considerar 1m2 de coletor para 50 a 65 litros de água quente necessários, ou seja, uma
superfície para uma habitação unifamiliar de 3 a 6 m2. Ou pela fórmula:

𝑄
𝑆 = 𝐼.𝜂 (3.1)

Onde:

S = área em m2

Q = quantidade de calor necessária em kcal/dia

I = intensidade de radiação solar em kWh/m2 x dia ou kcal.h/m2

𝜂 = rendimento do aproveitamento da energia por painel, estimado, para fins práticos,


em 50%.

7. CONSUMO DE ÁGUA QUENTE

O consumo de água quente pode ser estimado de acordo com a tabela 4.1

Tabela 7.1 – Estimativa de consumo de água quente

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Estimativa de consumo de água quente
Prédio Consumo l/dia
Alojamento provisório de obra 24 por pessoa
Casa popular ou rural 36 por pessoa
Residência 45 por pessoa
Apartamento 60 por pessoa
Quartel 45 por pessoa
Escola (internato) 45 por pessoa
Hotel (sem incluir cozinha e 36 por hóspede
lavanderia)
Hospital 125 por leito
Restaurantes e similares 12 por refeição
Lavanderia 15 por kg de roupa seca

Exemplo: Supondo uma residência unifamiliar de 5 pessoas, desejamos calcular qual a área do
coletor necessária. Pela NBR-7198, o consumo diário por pessoa é de 45 litros.

8. MODELOS DE ISOMÉTRICOS

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72
9. Orientações Gerais para a elaboração do projeto

1. Deve-se possuir o projeto Arquitetônico completo.


2. Dimensionar o reservatório superior e o boiler e estabelecer suas localizações (ideal,
sobre banheiros).
3. Traçar em planta a canalização, representando os locais de descida. Bem como o
alimentador da caixa d’água e a localização do hidrômetro.
4. Fazer isométricos de cada ambiente, representar em escala de 1:20 ou 1:25. Deve-se
nomear as colunas de descida (ex: AF-1, AF-2, AQ-1, AQ-2) de cada isométrico, seguido
do respectivo diâmetro. Tal nomenclatura deve fazer correspondência à nomenclatura
também colocada na planta (item 3).(Exemplos de Isométricos em anexo).
5. Elaborar um esquema vertical desde a caixa d’água, para a obtenção da quantidade e
os tipos de acessórios, o comprimento das canalizações, para que possa ser feito o
dimensionamento com a tabela de dimensionamento de Instalações prediais de água
fria e água quente.
6. Com os diâmetros obtidos no item anterior, deve-se colocar na planta (item 3), sobre a
linha que representa a canalização.
7. Fazer o detalhamento da instalação de esgoto (segue em anexo exemplo) de cada
ambiente, indicando os diâmetros das canalizações. No caso de não haver tubo de
queda, representar a caixa de distribuição.
8. Fazer Planta de Esgosto, representando a localização das caixas de distribuição, das
caixas de gorduras, da fossa séptica e do sumidouro (quando necessário). Bem como a
representação dos subcoletores prediais, tubos de queda e colunas de ventilação,
indicando seus respectivos diâmetros e declividades (quando forem sub-coletores).
9. Nomear os tubos de queda da seguinte maneira: TQ-01, TQ-02, seguidos dos
respectivos diâmetros. Igualmente as colunas de ventilação: CV-01, CV-02.
10. Fazer detalhamento (corte) da fossa e do sumidouro, indicando também suas medidas
em planta.
11. Dimensionar as calhas, condutores verticais e horizontais das instalações de águas
pluviais e também representar na planta de Esgoto. Os condutores verticais poderão
ser representados da seguinte maneira: AP-01, AP-02, seguidos dos respectivos
diâmetros.
12. Sugestão da forma de apresentação do projeto:
a. Deve-se representar em uma ou mais folhas A0, A1, A2 ou A3 a planta de
esgoto e de água fria e quente, em escala 1:50.
b. Em outra folha ou mais representar os isométricos e detalhes das instalações
de esgoto devendo fazer referencia à planta, para que seja facilmente
identificadas, em escala 1:20 ou 1:25.
c. Na mesma folha do item anterior ou em folha separada pode-se representar o
detalhamento da fossa e do sumidouro.
d. É opcional representar o esquema vertical em três dimensões, mencionado no
item 5.
e. Deve-se atentar para a estética da apresentação, distribuição adequada dos
desenhos nas folhas. Pode-se utilizar de outras formas de representação para
facilitar o entendimento do projeto. O projeto deve ser de fácil entendimento
para quem irá executá-lo.

73
III- INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO

1. INTRODUÇÃO

NBR 8160/99 - Esta Norma estabelece as exigências e recomendações relativas ao projeto,


execução, ensaio e manutenção dos sistemas prediais de esgoto sanitário, para atenderem às
exigências mínimas quanto à higiene, segurança e conforto dos usuários, tendo em vista a
qualidade destes sistemas.

2. PRINCIPAIS DEFINIÇÕES:

barrilete de ventilação: Tubulação horizontal com saída para a atmosfera em um ponto,


destinada a receber dois ou mais tubos ventiladores.

caixa de gordura: Caixa destinada a reter, na sua parte superior, as gorduras, graxas e óleos
contidos no esgoto, formando camadas que devem ser removidas periodicamente, evitando
que estes componentes escoem livremente pela rede, obstruindo a mesma.

caixa de inspeção: Caixa destinada a permitir a inspeção, limpeza, desobstrução, junção,


mudanças de declividade e/ou direção das tubulações.

caixa sifonada: Caixa provida de desconector, destinada a receber efluentes da instalação


secundária de esgoto.

coletor predial: Trecho de tubulação compreendido entre a última inserção de subcoletor,


ramal de esgoto ou de descarga, ou caixa de inspeção geral e o coletor público ou sistema
particular.

coletor público: Tubulação da rede coletora que recebe contribuição de esgoto dos coletores
prediais em qualquer ponto ao longo do seu comprimento.

coluna de ventilação: Tubo ventilador vertical que se prolonga através de um ou mais andares
e cuja extremidade superior é aberta à atmosfera, ou ligada a tubo ventilador primário ou a
barrilete de ventilação.

74
desconector: Dispositivo provido de fecho hídrico, destinado a vedar a passagem de gases no
sentido oposto ao deslocamento do esgoto.

dispositivo de inspeção: Peça ou recipiente para inspeção, limpeza e desobstrução das


tubulações.

instalação primária de esgoto: Conjunto de tubulações e dispositivos onde têm acesso gases
provenientes do coletor público ou dos dispositivos de tratamento.

instalação secundária de esgoto: Conjunto de tubulações e dispositivos onde não têm acesso
os gases provenientes do coletor público ou dos dispositivos de tratamento.

ralo seco: Recipiente sem proteção hídrica, dotado de grelha na parte superior, destinado a
receber águas de lavagem de piso ou de chuveiro.

ralo sifonado: Recipiente dotado de desconector, com grelha na parte superior, destinado a
receber águas de lavagem de pisos ou de chuveiro.

ramal de descarga: Tubulação que recebe diretamente os efluentes de aparelhos sanitários.

ramal de esgoto: Tubulação primária que recebe os efluentes dos ramais de descarga
diretamente ou a partir de um desconector.

ramal de ventilação: Tubo ventilador que interliga o desconector, ou ramal de descarga, ou


ramal de esgoto de um ou mais aparelhos sanitários a uma coluna de ventilação ou a um tubo
ventilador primário.

subcoletor: Tubulação que recebe efluentes de um ou mais tubos de queda ou ramais de


esgoto.

tubo de queda: Tubulação vertical que recebe efluentes de subcoletores, ramais de esgoto e
ramais de descarga.

tubo ventilador: Tubo destinado a possibilitar o escoamento de ar da atmosfera para o


sistema de esgoto e vice-versa ou a circulação de ar no interior do mesmo, com a finalidade de
proteger o fecho hídrico dos desconectores e encaminhar os gases para atmosfera.

unidade de Hunter de contribuição (UHC): Fator numérico que representa a contribuição


considerada em função da utilização habitual de cada tipo de aparelho sanitário.

3. DISPOSIÇÕES GERAIS

O sistema predial de esgoto sanitário deve ser projetado de modo a:

75
a) evitar a contaminação da água, de forma a garantir a sua qualidade de consumo, tanto
no interior dos sistemas de suprimento e de equipamentos sanitários, como nos
ambientes receptores;
b) permitir o rápido escoamento da água utilizada e dos despejos introduzidos, evitando
a ocorrência de vazamentos e a formação de depósitos no interior das tubulações;
c) impedir que os gases provenientes do interior do sistema predial de esgoto sanitário
atinjam áreas de utilização;
d) impossibilitar o acesso de corpos estranhos ao interior do sistema;
e) permitir que os seus componentes sejam facilmente inspecionáveis;
f) impossibilitar o acesso de esgoto ao subsistema de ventilação;
g) permitir a fixação dos aparelhos sanitários somente por dispositivos que facilitem a
sua remoção para eventuais manutenções.

O sistema predial de esgoto sanitário deve ser separador absoluto em relação ao


sistema predial de águas pluviais, ou seja, não deve existir nenhuma ligação entre os dois
sistemas.

A disposição final do efluente do coletor predial de um sistema de esgoto sanitário


deve ser feita:
a) em rede pública de coleta de esgoto sanitário, quando ela existir;
b) em sistema particular de tratamento, quando não houver rede pública de coleta de
esgoto sanitário.

Deve ser evitada a passagem das tubulações de esgoto em paredes, rebaixos, forros
falsos, etc. de ambientes de permanência prolongada. Caso não seja possível, devem ser
adotadas medidas no sentido de atenuar a transmissão de ruído para os referidos ambientes.

As mudanças de direção nos trechos horizontais devem ser feitas com peças com
ângulo central igual ou inferior a 45°.

As mudanças de direção (horizontal para vertical e vice-versa) podem ser executadas


com peças com ângulo central igual ou inferior a 90°.

É vedada a ligação de ramal de descarga ou ramal de esgoto, através de inspeção


existente em joelho ou curva, ao ramal de descarga de bacia sanitária.

Os ramais de descarga e de esgoto devem permitir fácil acesso para desobstrução e


limpeza.

3.1 Tubos de quedas

Os tubos de queda devem, sempre que possível, ser instalados em um único


alinhamento. Quando necessários, os desvios devem ser feitos com peças formando ângulo
central igual ou inferior a 90°, de preferência com curvas de raio longo ou duas curvas de 45°.

76
Para os edifícios de dois ou mais andares, nos tubos de queda que recebam efluentes
de aparelhos sanitários tais como pias, tanques, máquinas de lavar e outros similares, onde
são utilizados detergentes que provoquem a formação de espuma, devem ser adotadas
soluções no sentido de evitar o retorno de espuma para os ambientes sanitários, tais como:
a) não efetuar ligações de tubulações de esgoto ou de ventilação nas regiões de
ocorrência de sobrepressão, conforme detalhado em abaixo;
b) efetuar o desvio do tubo de queda para a horizontal com dispositivos que atenuem a
sobrepressão, ou seja, curva de 90° de raio longo ou duas curvas de 45°; ou
c) instalar dispositivos com a finalidade de evitar o retorno de espuma.

São considerados zonas de sobrepressão (ver figura 3.1):

a) o trecho, de comprimento igual a 40 diâmetros, imediatamente a montante do desvio


para horizontal;
b) o trecho de comprimento igual a 10 diâmetros, imediatamente a jusante do mesmo
desvio;
c) o trecho horizontal de comprimento igual a 40 diâmetros, imediatamente a montante
do próximo desvio;
d) o trecho de comprimento igual a 40 diâmetros, imediatamente a montante da base do
tubo de queda,
e) o trecho do coletor ou subcoletor imediatamente a jusante da mesma base; e) os
trechos a montante e a jusante do primeiro desvio na horizontal do coletor com
comprimento igual a 40 diâmetros ou subcoletor com comprimento igual a 10
diâmetros;
f) o trecho da coluna de ventilação, para o caso de sistemas com ventilação secundária,
com comprimento igual a 40 diâmetros, a partir da ligação da base da coluna com o
tubo de queda ou ramal de esgoto.

Figura 3.1 – Zonas de sobrepressão num tubo de queda

77
Devem ser previstos tubos de queda especiais para pias de cozinha e máquinas de
lavar louças, providos de ventilação primária, os quais devem descarregar em uma caixa de
gordura coletiva

3.2 Coletores e subcoletores

O coletor predial e os subcoletores devem ser de preferência retilíneos. Quando


necessário, os desvios devem ser feitos com peças com ângulo central igual ou inferior a 45°,
acompanhados de elementos que permitam a inspeção.

3.3 Caixas de gordura, coletora e de inspeção

As caixas de gordura, poços de visita e caixas de inspeção devem ser perfeitamente


impermeabilizados, providos de dispositivos adequados para inspeção, possuir tampa de fecho
hermético, ser devidamente ventilados e constituídos de materiais não atacáveis pelo esgoto.

É recomendado o uso de caixas de gordura quando os efluentes contiverem resíduos


gordurosos. Quando o uso de caixa de gordura não for exigido pela autoridade pública
competente, a sua adoção fica a critério do projetista.
A figura 3.2 demonstra o funcionamento da caixa de gordura.

Figura 3.2 – Funcionamento de uma caixa de gordura

As caixas de gordura devem ser instaladas em locais de fácil acesso e com boas
condições de ventilação. As caixas de gordura devem possibilitar a retenção e posterior
remoção da gordura, através das seguintes características:

a) capacidade de acumulação da gordura entre cada operação de limpeza;


b) dispositivos de entrada e de saída convenientemente projetados para possibilitar que
o afluente e o efluente escoem normalmente;
c) altura entre a entrada e a saída suficiente para reter a gordura, evitando-se o arraste
do material juntamente com o efluente;

78
d) vedação adequada para evitar a penetração de insetos, pequenos animais, águas de
lavagem de pisos ou de águas pluviais, etc.

As pias de cozinha ou máquinas de lavar louças instaladas em vários pavimentos


sobrepostos devem descarregar em tubos de queda exclusivos que conduzam o esgoto para
caixas de gordura coletivas, sendo vedado o uso de caixas de gordura individuais nos andares.

Os desvios, as mudanças de declividade e a junção de tubulações enterradas devem


ser feitos mediante o emprego de caixas de inspeção ou poços de visita.

Em prédios com mais de dois pavimentos, as caixas de inspeção não devem ser
instaladas a menos de 2,00 m de distância dos tubos de queda que contribuem para elas.

Não devem ser colocadas caixas de inspeção ou poços de visita em ambientes


pertencentes a uma unidade autônoma, quando os mesmos recebem a contribuição de
despejos de outras unidades autônomas.

Os efluentes de aparelhos sanitários e de dispositivos instalados em nível inferior ao


do logradouro devem ser descarregados em uma ou mais caixas de inspeção, as quais devem
ser ligadas a uma caixa coletora, disposta de modo a receber o esgoto por gravidade.

A partir da caixa coletora, por meio de bombas, devem ser recalcados para uma caixa
de inspeção (ou poço de visita), ramal de esgoto ligado por gravidade ao coletor predial, ou
diretamente ao mesmo, ou ao sistema de tratamento de esgoto.

No caso de esgoto proveniente unicamente da lavagem de pisos ou de automóveis,


dispensa-se o uso de caixas de inspeção, devendo os efluentes ser encaminhados, neste caso,
a uma caixa sifonada de diâmetro mínimo igual a 0,40 m, a qual pode ser ligada diretamente a
uma caixa coletora.

As bombas devem ser de construção especial, à prova de obstruções por águas


servidas, massas e líquidos viscosos.

3.4 Tubo ventilador e coluna de ventilação

A extremidade aberta do tubo ventilador primário ou coluna de ventilação deve estar


situada acima da cobertura do edifício a uma distância mínima que impossibilite o
encaminhamento à mesma das águas pluviais provenientes do telhado ou laje
impermeabilizada.

A extremidade aberta de um tubo ventilador primário ou coluna de ventilação,


conforme mostrado na figura:

79
a) não deve estar situada a menos de 4,00 m de qualquer janela, porta ou vão de
ventilação, salvo se elevada pelo menos 1,00 m das vergas dos respectivos vãos;
b) deve situar-se a uma altura mínima igual a 2,00 m acima da cobertura, no caso de laje
utilizada para outros fins além de cobertura; caso contrário, esta altura deve ser no
mínimo igual a 0,30 m;
c) deve ser devidamente protegida nos trechos aparentes contra choques ou acidentes
que possam danificá-la;
d) deve ser provida de terminal tipo chaminé, tê ou outro dispositivo que impeça a
entrada das águas pluviais diretamente ao tubo de ventilação.

A figura 3.3 demonstra a localização da coluna de ventilação numa instalação de


esgoto. E, a figura 3.4 demonstra o prolongamento do tubo de queda ou coluna de ventilação
para cima da cobertura

Figura 3.3 – Instalação de esgoto

80
Figura 3.4 – Prolongamento do tubo de queda ou da coluna de ventilação para cima da
cobertura

O tubo ventilador primário e a coluna de ventilação devem ser verticais e, sempre que
possível, instalados em uma única prumada; quando necessárias, as mudanças de direção
devem ser feitas mediante curvas de ângulo central não superior a 90°, e com um aclive
mínimo de 1% (ver figura 3.5)

Em prédios de um só pavimento, deve existir pelo menos um tubo ventilador, ligado


diretamente a uma caixa de inspeção ou em junção ao coletor predial, subcoletor ou ramal de
descarga de uma bacia sanitária e prolongado até acima da cobertura desse prédio, devendo-
se prever a ligação de todos os desconectores a um elemento ventilado, respeitando-se as
distâncias máximas indicadas na tabela 3.1.

Toda tubulação de ventilação deve ser instalada com aclive mínimo de 1%, de modo
que qualquer líquido que porventura nela venha a ingressar possa escoar totalmente por
gravidade para dentro do ramal de descarga ou de esgoto em que o ventilador tenha origem.

81
Figura 3.5 – Desvio de tubo de queda

Tabela 3.1 – Distância máxima de um desconector ao tubo ventilador

82
As ligações da coluna de ventilação aos demais componentes do sistema de ventilação
ou do sistema de esgoto sanitário devem ser feitas com conexões apropriadas, como a seguir:
a) quando feita em uma tubulação vertical, a ligação deve ser executada por meio de
junção a 45°; ou
b) quando feita em uma tubulação horizontal, deve ser executada acima do eixo da
tubulação, elevando-se o tubo ventilador de uma distância de até 0,15 m, ou mais,
acima do nível de transbordamento da água do mais elevado dos aparelhos sanitários
por ele ventilados, antes de ligar-se a outro tubo ventilador, respeitando-se o que
segue:

1) a ligação ao tubo horizontal deve ser feita por meio de tê 90° ou junção 45° com a
derivação instalada em ângulo, de preferência, entre 45° e 90° em relação ao tubo de
esgoto, conforme indicado na figura 3.5;
2) quando não houver espaço vertical para a solução apresentada acima, podem ser
adotados ângulos menores, com o tubo ventilador ligado somente por junção 45° ao
respectivo ramal de esgoto e com seu trecho inicial instalado em aclive mínimo de 2%;
3) a distancia entre o ponto de inserção do ramal de ventilação ao tubo de esgoto e a
conexão de mudança do trecho horizontal para a vertical deve ser a mais curta
possível;
4) a distância entre a saída do aparelho sanitário e a inserção do ramal de ventilação
deve ser igual a no mínimo duas vezes o diâmetro do ramal de descarga.

Quando não for possível ventilar o ramal de descarga da bacia sanitária ligada
diretamente ao tubo de queda (para a distância máxima, ver tabela 3.1), o tubo de queda deve
ser ventilado imediatamente abaixo da ligação do ramal da bacia sanitária (ver figura 3.6).

É dispensada a ventilação do ramal de descarga de uma bacia sanitária ligada através


de ramal exclusivo a um tubo de queda a uma distância máxima de 2,40 m, desde que esse
tubo de queda receba, do mesmo pavimento, imediatamente abaixo, outros ramais de esgoto
ou de descarga devidamente ventilados, conforme mostrado na figura 3.7.

Bacias sanitárias instaladas em bateria, devem ser ventiladas por um tubo ventilador
de circuito ligando a coluna de ventilação ao ramal de esgoto na região entre a última e a
penúltima bacias sanitárias, conforme indicado na figura 3.8.

Deve ser previsto um tubo ventilador suplementar a cada grupo de no máximo oito
bacias sanitárias, contadas a partir da mais próxima ao tubo de queda.

Quando o ramal de esgoto servir a mais de três bacias sanitárias e houver aparelhos
em andares superiores descarregando no tubo de queda, é necessária a instalação de tubo
ventilador suplementar, ligando o tubo ventilador de circuito ao ramal de esgoto na região
entre o tubo de queda e a primeira bacia sanitária.

83
Figura 3.5 – Ligação de ramal de ventilação

Figura 3.6 – Ligação de ramal de ventilação quando da impossibilidade de ventilação do ramal


de descarga da bacia sanitária

84
Figura 3.7 – Dispensa de ventilação de ramal de descarga de bacia sanitária

Figura 3.8 – Ventilação em circuito

85
3.5. Documentação básica de projeto

A documentação básica do projeto deve contemplar:

a) projeto executivo, composto pelos seguintes itens:

1) planta baixa da cobertura, andar(es) tipo, térreo, subsolo(s), com a indicação dos
tubos de queda, ramais e desvios, colunas de ventilação (no caso de sistema com
ventilação secundária), dispositivos em geral;
2) planta baixa do pavimento inferior, com traçados e localização dos subcoletores,
coletor predial, dispositivos de inspeção, local de lançamento do esgoto sanitário e
suas respectivas cotas;
3) esquema vertical (ou fluxograma geral) apresentado em separado ou em conjunto
com o sistema predial de águas pluviais, sem escala, indicando os componentes do
sistema e suas interligações;
4) plantas, em escala conveniente, dos ambientes sanitários, com a indicação do
encaminhamento das tubulações;
5) detalhes (cortes, perspectivas, etc.) que se fizerem necessários para melhor
compreensão do sistema;

b) memorial descritivo e especificações técnicas;

c) quantificação e orçamento.

4. DIMENSIONAMENTO

4.1. Desconectores

Todo desconector deve satisfazer às seguintes condições:

a) ter fecho hídrico com altura mínima de 0,05 m;


b) apresentar orifício de saída com diâmetro igual ou superior ao do ramal de descarga a
ele conectado.

As caixas sifonadas devem ter as seguintes características mínimas:

a) ser de DN 100, quando receberem efluentes de aparelhos sanitários até o limite de 6


UHC;
b) ser de DN 125, quando receberem efluentes de aparelhos sanitários até o limite de 10
UHC;
c) ser de DN 150, quando receberem efluentes de aparelhos sanitários até o limite de 15
UHC.

86
O ramal de esgoto da caixa sifonada deve ser dimensionado conforme indicado na
tabela 4.

4.2. Ramais de descarga e de esgoto

Para os ramais de descarga, devem ser adotados no mínimo os diâmetros


apresentados na tabela 4.1.
Para os aparelhos não relacionados na tabela 4.1, devem ser estimadas as UHC
correspondentes e o dimensionamento deve ser feito com os valores indicados na tabela 4.2.
Para os ramais de esgoto, deve ser utilizada a tabela 4.3.

87
Tabela 4.1 – Unidades de Hunter de Contribuição dos aparelhos sanitários e diâmetro nominal
mínimo dos ramais de descarga

Tabela 4.2 – Unidades de Hunter de Contribuição para aparelhos não relacionados na tabela 4

88
Tabela 4.3 – Dimensionamento de ramais de esgoto

4.3. Tubos de queda

Os tubos de queda podem ser dimensionados pela somatória das UHC, conforme
valores indicados na tabela 4.4.
Quando apresentarem desvios da vertical, os tubos de queda devem ser
dimensionados da seguinte forma:
a) quando o desvio formar ângulo igual ou inferior a 45° com a vertical, o tubo de queda
é dimensionado com os valores indicados na tabela 4.4;
b) quando o desvio formar ângulo superior a 45° com a vertical, deve-se dimensionar:

1) a parte do tubo de queda acima do desvio como um tubo de queda independente,


com base no número de unidades de Hunter de contribuição dos aparelhos acima do
desvio, de acordo com os valores da tabela 4.4;
2) a parte horizontal do desvio de acordo com os valores da tabela 4.5;
3) a parte do tubo de queda abaixo do desvio, com base no número de unidades de
Hunter de contribuição de todos os aparelhos que descarregam neste tubo de queda,
de acordo com os valores da tabela 4.4, não podendo o diâmetro nominal adotado,
neste caso, ser menor do que o da parte horizontal.

4.4 Coletor predial e subcoletores

O coletor predial e os subcoletores podem ser dimensionados pela somatória das UHC
conforme os valores da tabela 4.5. O coletor predial deve ter diâmetro nominal mínimo DN
100.
No dimensionamento do coletor predial e dos subcoletores em prédios residenciais,
deve ser considerado apenas o aparelho de maior descarga de cada banheiro para a somatória
do número de unidades de Hunter de contribuição.
Nos demais casos, devem ser considerados todos os aparelhos contribuintes para o
cálculo do número de UHC.

89
Tabela 4.4 – Dimensionamento de tubos de queda

Tabela 4.5 – Dimensionamento de subcoletores e coletor predial

4.5. Tubo de Ventilação

Para o dimensionamento do tubo de ventilação e ramais de ventilação, devem ser


utilizadas as tabela 4.6 e 4.7, respectivamente.

90
Tabela 4.6 – Dimensionamento de colunas e barriletes de ventilação

91
Tabela 4.7 – Dimensionamento de ramais de ventilação

5. DISPOSITIVOS COMPLEMENTARES

5.1 Caixas de gordura

As caixas de gordura devem ser dimensionadas levando-se em conta o que segue:

a) para a coleta de apenas uma cozinha, pode ser usada a caixa de gordura pequena ou a
caixa de gordura simples;
b) para a coleta de duas cozinhas, pode ser usada a caixa de gordura simples ou a caixa
de gordura dupla;
c) para a coleta de três até 12 cozinhas, deve ser usada a caixa de gordura dupla;
d) para a coleta de mais de 12 cozinhas, ou ainda, para cozinhas de restaurantes, escolas,
hospitais, quartéis, etc., devem ser previstas caixas de gordura especiais.

As caixas de gordura devem ser divididas em duas câmaras, uma receptora e outra
vertedoura, separadas por um septo não removível.

As caixas de gordura podem ser dos seguintes tipos:

a) pequena (CGP), cilíndrica, com as seguintes dimensões mínimas:

1) diâmetro interno: 0,30 m;


2) parte submersa do septo: 0,20 m;
3) capacidade de retenção: 18 L;
4) diâmetro nominal da tubulação de saída: DN 75;

b) simples (CGS), cilíndrica, com as seguintes dimensões mínimas:

1) diâmetro interno: 0,40 m;


2) parte submersa do septo: 0,20 m;
3) capacidade de retenção: 31 L;
4) diâmetro nominal da tubulação de saída: DN 75;

92
c) dupla (CGD), cilíndrica, com as seguintes dimensões mínimas:

1) diâmetro interno: 0,60 m;


2) parte submersa do septo: 0,35 m
3) capacidade de retenção: 120 L;
4) diâmetro nominal da tubulação de saída: DN 100;

d) especial (CGE), prismática de base retangular, com as seguintes características:

1) distância mínima entre o septo e a saída: 0,20 m;


2) volume da câmara de retenção de gordura obtido pela fórmula: V = 2 N + 20
onde:

N é o número de pessoas servidas pelas cozinhas que contribuem para a caixa de gordura no
turno em que existe maior afluxo;
V é o volume, em litros;
3) altura molhada: 0,60 m;
4) parte submersa do septo: 0,40 m;
5) diâmetro nominal mínimo da tubulação de saída: DN 100.

5.2 Caixas de passagem

As caixas de passagem devem ter as seguintes características:

a) quando cilíndricas, ter diâmetro mínimo igual a 0,15 m e, quando prismáticas de base
poligonal, permitir na base a inscrição de um círculo de diâmetro mínimo igual a 0,15
m;
b) ser providas de tampa cega, quando previstas em instalações de esgoto primário;
c) ter altura mínima igual a 0,10 m;
d) ter tubulação de saída dimensionada pela tabela de dimensionamento de ramais de
esgoto, sendo o diâmetro mínimo igual a DN 50.

5.3 Dispositivos de inspeção

As caixas de inspeção devem ter:

a) profundidade máxima de 1,00 m;


b) forma prismática, de base quadrada ou retangular, de lado interno mínimo de 0,60 m,
ou cilíndrica com diâmetro mínimo igual a 0,60 m;
c) tampa facilmente removível, permitindo perfeita vedação;
d) fundo construído de modo a assegurar rápido escoamento e evitar formação de
depósitos.

Os poços de visita devem ter:

93
a) profundidade maior que 1,00 m;
b) forma prismática de base quadrada ou retangular, com dimensão mínima de 1,10 m,
ou cilíndrica com um diâmetro interno mínimo de 1,10 m;
c) degraus que permitam o acesso ao seu interior;
d) tampa removível que garanta perfeita vedação;
e) fundo constituído de modo a assegurar rápido escoamento e evitar formação de
sedimentos;
f) duas partes, quando a profundidade total for igual ou inferior a 1,80 m, sendo a parte
inferior formada pela câmara de trabalho (balão) de altura mínima de 1,50 m, e a parte
superior formada pela câmara de acesso, ou chaminé de acesso, com diâmetro interno mínimo
de 0,60 m.

6. SIMBOLOGIA

94
95
IV- TANQUES SÉPTICOS

1. DISPOSIÇÕES GERAIS

Em áreas não favorecidas por rede de esgotos públicos, torna-se obrigatório o uso de
instalações necessárias para a depuração biológica e bacteriana das águas residuárias. Os
despejos lançados sem tratamento propiciam a proliferação de inúmeras doenças como tifo,
disenterias, etc.

A NBR 7229//93 fixa as condições exigíveis para projeto, construção e operação de


sistemas de tanques sépticos, incluindo tratamento e disposição de efluentes e lodo
sedimentado. E, tem por objetivo preservar a saúde pública e ambiental, a higiene, o conforto
e a segurança dos habitantes de áreas servidas por estes sistemas.

1.1 Principais Definições

Decantação: Processo em que, por gravidade, um líquido se separa dos sólidos que
continha em suspensão.

Despejo industrial: Resíduo líquido de operação industrial.

Diâmetro nominal (DN): Designação numérica de tamanho, que é comum a todos os


componentes de um sistema de tubulação, exceto os componentes designados pelo diâmetro
externo ou pelo tamanho da rosca.

Taxa de acumulação de lodo: Número de dias de acumulação de lodo fresco.

Digestão: Decomposição da matéria orgânica em substâncias progressivamente mais


simples e estáveis.

Dispositivo de descarga de lodo: Instalação tubular para retirada, por pressão


hidrostática, do conteúdo da zona de digestão.

Efluente: Parcela líquida que sai de qualquer unidade de tratamento.

Efluente do tanque séptico: Efluente ainda contaminado, originário do tanque séptico.

Escuma: Matéria graxa e sólidos em mistura com gases, que flutuam no líquido em
tratamento.

Água residuária: Líquido que contém resíduo de atividade humana.

Esgoto afluente: Água residuária que chega ao tanque séptico.

Esgoto doméstico: Água residuária de atividade higiênica e/ou de limpeza.

Esgoto sanitário: Água residuária composta de esgoto doméstico, despejo industrial


admissível a tratamento conjunto com esgoto doméstico e água de infiltração.

96
Filtro anaeróbio: Unidade destinada ao tratamento de esgoto, mediante afogamento
do meio biológico filtrante.

Intervalo entre limpezas: Período de tempo entre duas operações consecutivas e


necessárias de remoção do lodo do tanque séptico.

Lodo: Material acumulado na zona de digestão do tanque séptico, por sedimentação


de partículas sólidas suspensas no esgoto.

Lodo desidratado: Lodo com baixo teor de umidade.

Lodo digerido: Lodo estabilizado por processo de digestão.

Lodo fresco: Lodo instável, em início de processo de digestão.

Período de detenção do esgoto: Tempo médio de permanência da parcela líquida do


esgoto dentro da zona de decantação do tanque séptico.

Período de digestão: Tempo necessário à estabilização da parcela orgânica do lodo.

Profundidade total: Medida entre a face inferior da laje de fechamento e o nível da


base do tanque.

Profundidade útil: Medida entre o nível mínimo de saída do efluente e o nível da base
do tanque.

Sedimentação: Processo em que, por gravidade, sólidos em suspensão se separam do


líquido que os continha.

Sistema de esgotamento sanitário: Conjunto de instalações que reúne coleta,


tratamento e disposição das águas residuárias.

Sistema de tanque séptico: Conjunto de unidades destinadas ao tratamento e à


disposição de esgotos, mediante utilização de tanque séptico e unidades complementares de
tratamento e/ou disposição final de efluentes e lodo.

Sumidouro ou poço absorvente: Poço seco escavado no chão e não impermeabilizado,


que orienta a infiltração de água residuária no solo.

Tanque séptico: Unidade cilíndrica ou prismática retangular de fluxo horizontal, para


tratamento de esgotos por processos de sedimentação, flotação e digestão.

Tanque séptico de câmara única: Unidade de apenas um compartimento, em cuja


zona superior devem ocorrer processos de sedimentação e de flotação e digestão da escuma,
prestando-se a zona inferior ao acúmulo e digestão do lodo sedimentado.

Tanque séptico de câmaras em série: Unidade com dois ou mais compartimentos


contínuos, dispostos seqüencialmente no sentido do fluxo do líquido e interligados
adequadamente, nos quais devem ocorrer, conjunta e decrescentemente, processos de
flotação, sedimentação e digestão.

97
Vala de filtração: Sistema de tratamento biológico do efluente do tanque séptico, que
consiste em um conjunto ordenado de caixa de distribuição, caixas de inspeção, tubulações
perfuradas superiores, para distribuir o efluente sobre leito biológico filtrante, e tubulações
perfuradas inferiores, para coletar o filtrado e encaminhá-lo à disposição final.

Vala de infiltração: Sistema de disposição do efluente do tanque séptico, que orienta


sua infiltração no solo e consiste em um conjunto ordenado de caixa de distribuição, caixas de
inspeção e tubulação perfurada assente sobre a camada-suporte de pedra britada.

Volume total: Volume útil acrescido de volume correspondente ao espaço destinado à


circulação de gases no interior do tanque, acima do nível do líquido.

Volume útil: Espaço interno mínimo necessário ao correto funcionamento do tanque


séptico, correspondente à somatória dos volumes destinados.

1.2. Fossa Séptica

As fossas sépticas são instalações que atenuam a agressividade das águas servidas,
tendo emprego já muito difundido. Destinam-se a separar e transformar a matéria sólida
contida nas águas de esgoto e descarregar no terreno.

Nas fossas, as águas servidas sofrem a ação de bactérias anaeróbica (microorganismos


que só atuam na ausência de oxigênio). Sob a ação dessas bactérias, parte da matéria orgânica
sólida é convertida em gases ou em substâncias solúveis que, dissolvidas no líquido contido na
fossa, são esgotadas e lançadas no terreno. Durante o processo, depositam-se no fundo da
fossa as partículas minerais sólidas (lodo) e forma-se, na superfície do líquido, uma camada de
espuma ou crosta constituída de substâncias insolúveis mais leves que contribui para evitar a
circulação do ar, facilitando a ação das bactérias.

A figura 1.1 demonstra o funcionamento de uma fossa séptica.

98
Figura 1.1 – Funcionamento geral de um tanque séptico

1.3 Indicações do Sistema

O uso do sistema de tanque séptico somente é indicado para:

a) área desprovida de rede pública coletora de esgoto;

b) alternativa de tratamento de esgoto em áreas providas de rede coletora local;

c) retenção prévia dos sólidos sedimentáveis, quando da utilização de rede coletora


com diâmetro e/ou declividade reduzidos para transporte de efluente livre de sólidos
sedimentáveis.

É vedado o encaminhamento ao tanque séptico de:

a) águas pluviais;

b) despejos capazes de causar interferência negativa em qualquer fase do processo de


tratamento ou a elevação excessiva da vazão do esgoto afluente, como os provenientes de
piscinas e de lavagem de reservatórios de água.

2. LOCALIZAÇÃO DA FOSSA SÉPTICA

Os tanques sépticos devem observar as seguintes distâncias horizontais mínimas:

a) 1,50 m de construções, limites de terreno, sumidouros, valas de infiltração e ramal


predial de água;

99
b) 3,0 m de árvores e de qualquer ponto de rede pública de abastecimento de água;

c) 15,0 m de poços freáticos e de corpos de água de qualquer natureza.

As distâncias mínimas são computadas a partir da face externa mais próxima aos
elementos considerados.

3. DIMENSIONAMENTO

O volume útil total do tanque séptico deve ser calculado pela fórmula:

V = 1000 + N (CT + K Lf)

Onde:

V = volume útil, em litros

N = número de pessoas ou unidades de contribuição

C = contribuição de despejos, em litro/pessoa x dia ou em litro/unidade x dia (ver


Tabela 3.1)

T = período de detenção, em dias (ver Tabela 3.2)

K = taxa de acumulação de lodo digerido em dias, equivalente ao tempo de


acumulação de lodo fresco (ver Tabela 3.3)

Lf = contribuição de lodo fresco, em litro/pessoa x dia ou em litro/unidade x dia (ver


Tabela 3.1)

100
Tabela 3.1 – Contribuição diária de esgoto (C) e de lodo fresco (Lf) por tipo de prédio e de
ocupante

Tabela 3.2 – Período de detenção dos despejos, por faixa de contribuição diária

101
Tabela 3.3 – Taxa de acumulação total de lodo (k), em dias, por intervalo entre limpezas e
temperatura do mês mais frio

3.1. Geometria dos tanques

Os tanques sépticos podem ser cilíndricos ou prismáticos retangulares. Os cilíndricos


são empregados em situações onde se pretende minimizar a área útil em favor da
profundidade; os prismáticos retangulares, nos casos em que sejam desejáveis maior área
horizontal e menor profundidade.

3.1. Medidas internas mínimas (ver Figuras 3.1 e 3.2)

As medidas internas dos tanques devem observar o que segue:

a) profundidade útil: varia entre os valores mínimos e máximos recomendados na


Tabela 3.4, de acordo com o volume útil obtido mediante a fórmula de cálculo de volume útil;

b) diâmetro interno mínimo: 1,10 m;

c) largura interna mínima: 0,80 m;

d) relação comprimento/largura (para tanques prismáticos retangulares): mínimo 2:1;


máximo 4:1.

102
Tabela 3.4 – Profundidade útil mínima e máxima, por faixa de volume útil

3.2 Número de câmaras

O emprego de câmaras múltiplas em série é recomendado especialmente para os


tanques de volumes pequenos a médio, servindo até 30 pessoas. Para observância de melhor
desempenho quanto à qualidade dos efluentes, recomendam-se os seguintes números de
câmaras:

a) tanques cilíndricos: três câmaras em série;

b) tanques prismáticos retangulares: duas câmaras em série.

3.3 Proporção entre as câmaras (ver Figura 3.2)

Conforme sua conformação, cilíndrica ou prismática, os tanques têm as seguintes


proporções entre câmaras:

a) tanques cilíndricos: 2:1 em volume, da entrada para a saída;

b) tanques prismáticos retangulares: 2:1 em volume, da entrada para a saída.

3.4 Intercomunicação entre as câmaras

As câmaras devem comunicar-se mediante aberturas com área equivalente a 5% da


seção vertical útil do tanque no plano de separação entre elas. As seguintes relações de
medida devem ser observadas para as aberturas (ver Figura 3.2):

a) distância vertical mínima da extremidade ou geratriz superior da abertura ao nível


do líquido: 0,30 m;

103
b) distância vertical mínima da extremidade inferior da abertura à soleira do tanque:
metade da altura útil para tanques dimensionados para limpeza a intervalos de até três anos, e
dois terços da altura útil para tanques dimensionados para limpeza a intervalos superiores a
três anos;

c) menor dimensão de cada abertura: 3 cm.

3.5 Dispositivos de entrada e saída

Os dispositivos de entrada e saída, constituídos por três sanitários ou septos, devem


observar as seguintes relações de medidas (ver Figura 3.2):

a) dispositivo de entrada: parte emersa, pelo menos 5 cm acima da geratriz superior


do tubo de entrada, e parte imersa aprofundada até 5 cm acima do nível correspondente à
extremidade inferior do dispositivo de saída;

b) dispositivo de saída: parte emersa nivelada, pela extremidade superior, ao


dispositivo de entrada, e parte imersa medindo um terço da altura útil do tanque a partir da
geratriz inferior do tubo de saída;

c) as geratrizes inferiores dos tubos de entrada e saída são desniveladas em 5 cm;

d) entre a extremidade superior dos dispositivos de entrada e saída e o plano inferior a


laje de cobertura do tanque, deve ser preservada uma distância mínima de 5 cm.

3.6 Aberturas de inspeção (ver Figura 3.3)

As aberturas de inspeção dos tanques sépticos devem ter número e disposição tais que
permitam a remoção do lodo e da escuma acumulados, assim como a desobstrução dos
dispositivos internos. As seguintes relações de distribuição e medidas devem ser observadas:

a) todo tanque deve ter pelo menos uma abertura com a menor dimensão igual ou
superior a 0,60 m, que permita acesso direto ao dispositivo de entrada do esgoto no tanque;

b) o máximo raio de abrangência horizontal, admissível para efeito de limpeza, é de


1,50 m, a partir do qual nova abertura deve ser necessária;

c) a menor dimensão das demais aberturas, que não a primeira, deve ser igual ou
superior a 0,20 m;

d) os tanques executados com lajes removíveis em segmentos não necessitam de


aberturas de inspeção, desde que as peças removíveis que as substituam tenham área igual ou
inferior a 0,50 m2;

104
e) os tanques prismáticos retangulares de câmaras múltiplas devem ter pelo menos
uma abertura por câmara;

f) os tanques cilíndricos podem ter uma única abertura, independentemente do


número de câmaras, desde que seja observado o raio de abrangência disposto e que a
distância entre o nível do líquido e a face inferior do tampão de fechamento seja igual ou
superior a 0,50 m.

105
Figura 3.1 – Detalhes e dimensões de um tanque séptico de câmara única

106
Figura 3.2 – Dimensões dos Tanques Sépticos

107
Figura 3.3 – Tanques com múltiplas abertura e disposição das aberturas

108
Figura 3.4 – Junção da laje de fundo com as paredes laterais

109
V- SUMIDOUROS

1. DISPOSIÇÕES GERAIS

Sumidouros são poços escavados no chão e não impermeabilizado, sem laje de fundo e
que orienta a infiltração de água residuária no solo. Podem ser prismáticos ou cilíndricos com e
sem enchimento, conforme a figura 1.1.

Os sumidouros devem ter as paredes revestidas de alvenaria de tijolos, assentes com


juntas livres, ou de anéis(ou placas) pré-moldadas de concreto convenientemente furados, a
ter enchimento no fundo de cascalho, pedra britadas, de pelo menos 0,50m de espessura.

As lajes de cobertura dos sumidouros devem ficar ao nível do terreno, ser de concreto
armado e dotadas de abertura de inspeção com tampão de fechamento hermético, cuja
menor dimensão seja de 0,60m.

As dimensões do sumidouro são determinadas em função da capacidade de absorção


do terreno, devendo ser considerada como superfície útil de absorção a do fundo e das parede
laterais até o nível de entrada do efluente da fossa.

Os sumidouros são indicados para locais em que o nível do lençol freático não é muito
próximo da superfície. O fundo deve estar distante no mínimo 1,5m do nível do lençol freático.
Caso não seja possível utilizar sumidouro, devem-se ser utilizadas valas de infiltração.

As valas de infiltração consistem em um sistema de disposição do efluente do tanque


séptico, que orienta a sua infiltração no solo e consiste em um conjunto ordenado de caixa de
distribuição, caixas de inspeção e tubulação perfurada assente sobre camada suporte de pedra
britada. Conforme demonstrado na figura 1.2

O sistema é composto por um conjunto de canalizações assentado a uma


profundidade racionalmente fixada, em um solo cujas características permitam a absorção do
esgoto efluente da fossa séptica conectada ao sistema.

110
Figura 1.1 – Sumidouro cilíndrico

111
Figura 1.2 – Vala de infiltração

112
2. DIMENSIONAMENTO

2.1 Sumidouros

De acordo com a norma técnica, pode-se considerar como área de infiltração do


sumidouro a área do fundo e a área lateral.

Para o cálculo da área de infiltração necessário, utiliza-se a seguinte fórmula:

A = V/Ci

Onde:

A = área em m2, necessária para o sumidouro ou vala de infiltração;

V = volume de contribuição diária em l/dia, da edificação. Na ausência de dados, pode-


se considerar como o volume útil da fossa séptica.

Ci = coeficiente de infiltração, obtido pela curva mostrada na figura 2.1

Figura 2.1 – Gráfico para determinação do coeficiente de infiltração

Para a obtenção do tempo de infiltração, isto é, para se determinar a capacidade de


absorção do solo é necessário a realização de um ensaio, seguindo o seguinte roteiro:

113
1) Escolher três pontos do terreno próximo ao local onde será lançado o efluente; em
cada ponto, escavar um cova quadrada de 0,30m de lado e 0,30m de profundidade.
2) No caso de sumidouro, os pontos são em diferentes profundidades; pode-se usar um
pré-dimensionamento, conforme dados da tabela 2.1
3) No caso de valas de infiltração a seção do fundo, as covas devem estar a uma
profundidade de 0,60m a 1,0m do nível do terreno.
4) Raspar o fundo e os lados da cova e colocar uma camada de 5 cm de brita nº 1
5) No primeiro dia de ensaio, manter as covas cheias de água durante 4 horas
6) No dia seguinte, encher as covas com água e aguardar que se infiltrem totalmente
7) Encher novamente as covas até uma altura de 0,15m e cronometrar o tempo de
rebaixamento de 0,15 para 0,14m
8) Quando esse rebaixamento se der em menos de 3 minutos, refazer o ensaio cinco
vezes, adotando a quinta medição.
9) Com os tempos acima obtidos, obter os coeficientes de infiltração do solo em l/m 2 por
dia, na curva da figura 2.1
10) Adotar o menor dos coeficientes determinados nos ensaios.

Tabela 2.1 – Possíveis faixas de variação de coeficiente de infiltração

Após a obtenção a da área de infiltração necessária do sumidouro, procede-se o


dimensionamento, considerando como área de infiltração a área lateral e a área do fundo.

2.2 Valas de Infiltração

O dimensionamento das valas de infiltração é realizado de forma análoga a dos


sumidouros, considerando-se com área útil de infiltração apenas a área do fundo. As valas de
infiltração deverá ter comprimento máximo de 30m e também deverão ser observadas as
outras prescrições da norma conforme demonstradas na figura 1.2.

114
Exemplo:

Dimensionar um ou mais sumidouros (prismáticos ou cilíndricos) para atender um


edifício com 4 pavimento e 2 apartamentos por pavimento. Os apartamentos são de 3 quartos
sociais e um de serviço. Tendo como hipótese a impossibilidade de se utilizar sumidouros,
efetuar o dimensionamento de valas de infiltração.

115
VI- ÁGUAS PLUVIAIS

1. DISPOSIÇÕES GERAIS

É fato conhecido que a água da chuva é um dos elementos mais danosos para a
durabilidade e boa aparência das construções, cabendo ao instalador projetar o escoamento
das mesmas, de modo a se realizar pelo mais curto trajeto e no menor tempo possível.

O sistema de esgotamento das águas pluviais deve ser completamente separado dos
esgotos sanitários.

O projeto de esgotamento das águas pluviais deve obedecer às prescrições da


NBR10844/89. Essa norma fixa exigências e critérios necessários aos projetos das instalações
de drenagem de águas pluviais, visando a garantir níveis aceitáveis de funcionalidade,
segurança, higiene, conforto, durabilidade e economia. Aplica-se à drenagem de águas pluviais
em coberturas e demais áreas associadas ao edifício, tais como terraços, pátios, quintais e
similares. Esta Norma não se aplica a casos onde as vazões de projeto e as características da
área exijam a utilização de bocas-de-lobo e galerias.

2. TERMINOLOGIA

Apresentam-se abaixo algumas das definições associadas aos conceitos de hidrologia e


hidráulica:

Altura pluviométrica: é o volume de água precipitada (em mm) por unidade de área, ou é a
altura de água de chuva que se acumula, após um certo tempo, sobre uma superfície
horizontal impermeável e confinada lateralmente, desconsiderando a evaporação.

Intensidade pluviométrica: é a altura pluviométrica por unidade de tempo (mm/h).

Duração de precipitação: é o intervalo de tempo de referência para a determinação de


intensidades pluviométricas.

Período de retorno: número médio de anos em que, para a mesma duração de precipitação,
uma determinada intensidade pluviométrica é igualada ou ultrapassada apenas uma vez.

Área de contribuição: soma das áreas das superfícies que, interceptando chuva, conduzem as
águas para determinado ponto da instalação.

Tempo de concentração: intervalo de tempo decorrido entre o início da chuva e o momento


em que toda a área de contribuição passa a contribuir para determinada seção transversal de
um condutor ou calha.

Calha: canal que recolhe a água de coberturas, terraços e similares e a conduz a um ponto de
destino.

116
Condutor horizontal: canal ou tubulação horizontal destinada a recolher e conduzir águas
pluviais até locais permitidos pelos dispositivos legais.

Condutor vertical: tubulação vertical destinada a recolher águas de calhas, coberturas, terraços
e similares e conduzí-las até a parte inferior do edifício.

Perímetro molhado: linha que limita a seção molhada junta as paredes e ao fundo do condutor
ou calha.

Área molhada: área útil de escoamento em uma seção transversal de um condutor ou calha.

Raio hidráulico: é a relação entra a área e o perímetro molhado.

Vazão de projeto: vazão de referência para o dimensionamento de condutores e calhas.

3. FATORES METEOROLÓGICOS

A determinação da intensidade pluviométrica “I”, para fins de projeto, deve ser feita a
partir da fixação de valores adequados para a Duração de precipitação e o período de retorno.
Tomam-se como base dados pluviométricos locais.

O período de retorno deve ser fixado segundo as características da área a ser drenada,
obedecendo ao estabelecido a seguir:

T = 1 ano, para áreas pavimentadas, onde empoçamentos possam ser tolerados;

T = 5 anos, para coberturas e/ou terraços;

T = 25 anos, para coberturas e áreas onde empoçamento ou extravasamento não


possa ser tolerado.

A duração de precipitação deve ser fixada em t = 5min.

Para construção até 100m2 de área de projeção horizontal, salvo casos especiais,
pode-se adotar:

I = 150mm/h.

Na tabela 3.1, extraída da NBR 10844/89, são apresentadas as intensidade


pluviométrica de algumas cidades.

117
Tabela 3.1 – Chuvas intensas no Brasil (Duração – 5 min)

118
4. ÁREA DE CONTRIBUIÇÃO

O vento deve ser considerado na direção que ocasionar maior quantidade de chuva
interceptada pelas superfícies consideradas. A área de contribuição deve ser tomada na
horizontal e receber um incremento devido à inclinação da chuva. Conforme demonstrado na
figura 4.1

5. VAZÃO DE PROJETO

A vazão de projeto deve ser calculada pela fórmula:

Q = (I.A)/60

Onde:

Q = Vazão de projeto, em L/min

I = intensidade pluviométrica, em mm/h

A = área de contribuição, em m2

119
Figura 4.1 – Indicações para cálculos da área de contribuição

120
6. COBERTURAS HORIZONTAIS DE LAJE

As coberturas horizontais de laje devem ser projetadas para evitar empoçamento,


exceto aquele tipo de acumulação temporária de água, durante tempestades, que pode ser
permitido onde a cobertura for especialmente projetada para ser impermeável sob certas
condições.

As superfícies horizontais de laje devem ter declividade mínima de 0,5%, de modo que
garanta o escoamento das águas pluviais, até os pontos de drenagem previstos.

7. CALHAS

A inclinação das calhas de beiral e platibanda deve ser uniforme, com valor mínimo de
0,5%.

As calhas de água-furtada têm inclinação de acordo com o projeto da cobertura.

Em calhas de beiral ou platibanda, quando a saída estiver a menos de 4m de uma


mudança de direção, a Vazão de projeto deve ser multiplicada pelos coeficientes da Tabela
7.1.

Tabela 7.1 – Fatores multiplicativos da vazão de projeto

O dimensionamento das calhas deve ser feito através da fórmula de Manning-Strickler,


indicada a seguir, ou de qualquer outra fórmula equivalente:

Onde:

Q = vazão da calha (l/min);

121
S = área molhada (m²);

RH = raio hidráulico = S/P (m);

P = perímetro molhado (m);

i = declividade da calha (m/m);

n = coeficiente de rugosidade;

K = 60000 (coeficiente para transformar a vazão em m³/s para l/min).

A Tabela 7.1 indica os coeficientes de rugosidade dos materiais normalmente


utilizados na confecção de calhas.

Tabela 7.1 – Coeficientes de Rugosidade

A Tabela 7.2 fornece as capacidades de calhas semicirculares, usando coeficiente de


rugosidade n = 0,011 para alguns valores de declividade. Os valores foram calculados
utilizando a fórmula de Manning-Strickler, com lâmina de água igual à metade do diâmetro
interno.

122
Tabela 7.2 – Capacidades de calhas semicirculares com coeficientes de rugosidade n=0,011
(vazão em L/min)

8. CONDUTORES VERTICAIS

Os condutores verticais devem ser projetados, sempre que possível, em uma só


prumada. Quando houver necessidade de desvio, devem ser usadas curvas de 90º de raio
longo ou curvas de 45º e devem ser previstas peças de inspeção.

Os condutores verticais podem ser colocados externa e internamente ao edifício,


dependendo de considerações de projeto, do uso e da ocupação do edifício e do material dos
condutores.

O diâmetro interno mínimo dos condutores verticais de seção circular é 70mm.

O dimensionamento dos condutores verticais deve ser feito a partir dos seguintes
dados:

Q = Vazão de projeto, em L/min

H = altura da lâmina de água na calha, em mm

L = comprimento do condutor vertical, em m

O diâmetro interno (D) do condutor vertical é obtido através dos ábacos da Figura 8.1.

Para calhas com saída em aresta viva ou com funil de saída, deve-se utilizar,
respectivamente, o ábaco (a) ou (b)

dados: Q (L/min), H (mm) e L (m)

- H incógnita: D (mm)

- Procedimento: levantar uma vertical por Q até interceptar as curvas de H e L


correspondentes. No caso de não haver curvas dos valores de H e L, interpolar entre as curvas

123
existentes. Transportar a interseção mais alta até o eixo D. Adotar o diâmetro nominal cujo
diâmetro interno seja superior ou igual ao valor encontrado.

Figura 8.1 – Ábacos para a determinação de diâmetros de condutores verticais

124
9. CONDUTORES HORIZONTAIS

Os condutores horizontais devem ser projetados, sempre que possível, com


declividade uniforme, com valor mínimo de 0,5%.

O dimensionamento dos condutores horizontais de seção circular deve ser feito para
escoamento com lâmina de altura igual a 2/3 do diâmetro interno (D) do tubo.

As vazões para tubos de vários materiais e inclinações usuais estão indicadas na Tabela
9.1.

Nas tubulações enterradas, devem ser previstas caixas de areia sempre que houver
conexões com outra tubulação, mudança de declividade, mudança de direção e ainda a cada
trecho de 20m nos percursos retilíneos.

A ligação entre os condutores verticais e horizontais é sempre feita por curva de raio
longo, com inspeção ou caixa de areia, estando o condutor horizontal aparente ou enterrado.

Tabela 9.1 – Capacidade de condutores horizontais de seção circular (vazões em L/min)

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10. Caixa de areia

Devem ser previstas inspeções nas tubulações aparentes nos seguintes casos:

- conexão com outra tubulação;

- mudança de declividade e/ou de direção;

- a cada trecho de 20 metros nos percursos retilíneos.

Devem ser previstas caixas de areia nas tubulações nos seguintes casos:

- nas conexões com outra tubulação;

- mudança de declividade e/ou direção;

- a cada trecho de 20 metros nos percursos retilíneos.

Em ambos os casos, em cada descida (condutor vertical) ou no pé do tubo condutor


vertical deverá ser instalada uma caixa de areia. De acordo com a NBR 10844, a ligação entre
os condutores verticais e horizontais é sempre feita por curva de raio longo com inspeção caixa
de areia. A Figura 10.1 indica um modelo desta caixa.

Figura 10.1 – Caixa de areia

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Exemplo. Dimensionar a calha e os condutores horizontais e verticais da edificação abaixo:

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