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Universidade Estadual do Maranhão – campus Bacabal

Departamento de Ciências Exatas e Naturais


Curso: Engenharia Civil
Disciplina: Sistema de Esgotamento Sanitário
e Drenagem Urbana

SISTEMAS DE ESGOTOS
SANITÁRIOS

Prof.ª Esp. LIMA, Valéria de Freitas

UEMA 2023
SISTEMA DE ESGOTOS
SANITÁRIOS

OBJETIVO GERAL DA AULA:

• Estudar: tipos de sistemas de esgotos e concepção dos


sistemas.
• Conhecer a técnica de dimensionamento de sistemas de
esgotamento sanitário.

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TIPOS DE SISTEMAS
DE ESGOTOS

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TIPOS DE SISTEMAS DE ESGOTOS

Os sistemas de esgotos urbanos podem ser de três tipos:

a) Sistema de esgotamento unitário, ou sistema combinado, em que


as águas residuárias (domésticas e industriais), águas de infiltração
(água de subsolo que penetra no sistema através de tubulações e
órgãos acessórios) e águas pluviais veiculam por um único sistema.
b) Sistema de esgotamento separador parcial, em que uma parcela
das águas de chuva, provenientes de telhados e pátios das economias
são encaminhadas juntamente com as águas residuárias e águas de
infiltração do subsolo para um único sistema de coleta e transporte
dos esgotos.

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TIPOS DE SISTEMAS DE ESGOTOS
c) Sistema separador absoluto, em que as águas residuárias
(domésticas e industriais) e as águas de infiltração (água do subsolo
que penetra através das tubulações e órgãos acessórios), que
constituem o esgoto sanitário, veiculam em um sistema
independente, denominado sistema de esgoto sanitário. As águas
pluviais são coletadas e transportadas em um sistema de drenagem
pluvial totalmente independente.

No Brasil, basicamente utiliza-se o sistema separador absoluto.

No sistema unitário, ou combinado a mistura de águas residuárias


com as pluviais prejudica e onera consideravelmente o tratamento de
esgoto.
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TIPOS DE SISTEMAS DE ESGOTOS
Além desse aspecto há outros fatores relativos ao sistema combinado
que devem ser considerados:
• O sistema exige desde o início investimentos elevados, devido às
grandes dimensões dos condutos e das obras complementares;
• A aplicação dos recursos precisa ser feita de maneira mais
concentrada, reduzindo a flexibilidade de execução programada por
sistema;
• As galerias de águas pluviais, que em nossas cidades são executadas
em 50% ou menos das vias públicas, terão de ser construídas em todos
os logradouros;
• O sistema não funciona bem em vias públicas não pavimentadas, que
se apresentam com elevada frequência em nossas cidades;
• As obras são de execução mais difícil e mais demorada. 6
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TIPOS DE SISTEMAS DE ESGOTOS
O sistema separador absoluto, ao contrário, oferece reconhecidas
vantagens:
• Custa menos, pelo fato de empregar tubos mais baratos, de fabricação
industrial (manilhas, tubos de PVC etc.);
• Oferece mais flexibilidade para a execução por etapas, de acordo com as
prioridades (prioridade maior para a rede sanitária);
• Reduz consideravelmente o custo do afastamento das água pluviais, pelo
fato de permitir o seu lançamento no curso de água mais próximo, sem a
necessidade de tratamento;
• Não se condiciona e nem obriga a pavimentação das vias públicas;
• Reduz muito a extensão das canalizações de grande diâmetro em uma
cidade, pelo fato de não exigir a construção de galerias em todas as ruas;
• Não prejudica a depuração dos esgotos sanitários. 7
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TIPOS DE SISTEMAS DE ESGOTOS

Por outro lado, para o sucesso do sistema de esgoto


sanitário implantado é necessário um eficiente controle para
se evitar que a água pluvial, principalmente proveniente dos
telhados e pátios das economias esgotadas (águas não
drenadas), sejam encaminhadas, junto com as águas
residuárias, para esse sistema de esgoto.
Tem-se notado que, em grande parte das cidades
brasileiras, tal controle não existe.

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CONCEPÇÃO DE SISTEMAS
DE ESGOTOS SANITÁRIOS

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CONCEPÇÃO DE SISTEMAS DE
ESGOTOS SANITÁRIOS

Entende-se por concepção de um sistema de esgoto


sanitário, o conjunto de estudos e conclusões referentes ao
estabelecimento de todas as diretrizes, parâmetros e
definições necessárias e suficientes para a caracterização
completa do sistema a projetar. .
No conjunto de atividades que constitui a elaboração do
projeto de um sistema de esgoto sanitário, a concepção é
elaborada na fase inicial do projeto.

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PARTES DE UM SISTEMA DE
ESGOTO SANITÁRIO
A concepção do sistema deverá estender-se às suas diversas
partes, relacionadas e definidas a seguir:
• rede coletora: conjunto de canalizações destinadas a receber e
conduzir os esgotos dos edifícios; o sistema de esgotos predial se
liga diretamente à rede coletora por uma tubulação chamada coletor
predial. A rede coletora é composta de coletores secundários, que
recebem diretamente as ligações prediais, e, coletores tronco. O
coletor tronco é o coletor principal de uma bacia de drenagem, que
recebe a contribuição dos coletores secundários, conduzindo seus
efluentes a um interceptor ou emissário.
• interceptor: canalização que recebe coletores ao longo de seu
comprimento, não recebendo ligações prediais diretas;
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PARTES DE UM SISTEMA DE
ESGOTO SANITÁRIO

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PARTES DE UM SISTEMA DE
ESGOTO SANITÁRIO

Rede de esgoto sanitário.


Fonte: CAGECE.
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PARTES DE UM SISTEMA DE
ESGOTO SANITÁRIO

• emissário: canalização destinada a conduzir os esgotos a um destino


conveniente (estação de tratamento e/ou lançamento) sem receber
contribuições em marcha;
• sifão invertido: obra destinada à transposição de obstáculo pela
tubulação de esgoto, funcionando sob pressão;
• corpo de água receptor: corpo de água onde são lançados os esgotos;
• estação elevatória: conjunto de instalações destinadas a transferir os
esgotos de uma cota mais baixa para outra mais alta;
• estação de tratamento: conjunto de instalações destinadas à
depuração dos esgotos, antes de seu lançamento.

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TÉCNICA DE
DIMENSIONAMENTO DO
SISTEMAS DE ESGOTOS
SANITÁRIOS

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TÉCNICA DE DIMENSIONAMENTO DO
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Regime hidráulico do escoamento em sistemas de esgoto

No cálculo e dimensionamento dos elementos de coleta e


transporte dos esgotos sanitários, surge a necessidade de uma
metodologia capaz de conduzir a resultados mais rigorosos.
Isto só pode ser conseguido com a utilização de técnica
mais aprimorada do que a empregada no passado e que, de
acordo com a orientação moderna, no tocante ao estudo do
escoamento em regime livre, se desviem das noções
rudimentares do movimentos uniforme, baseando-se no
regime variado que ocorre em quase todos os casos práticos.

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TÉCNICA DE DIMENSIONAMENTO DO
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Este fato exige considerações que abrangem o


regime variado nos canais, o ressalto hidráulico e os
remansos para um conhecimento mais exato do
funcionamento dos sistemas hidráulicos.
O Cálculo do Escoamento na Rede de Esgotos
Sanitários do Sistema Separador Absoluto enquadra-
se dentro destas condições, pois visa a obtenção dos
dados fundamentais para a determinação das vazões
de cálculo de projeto.
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TÉCNICA DE DIMENSIONAMENTO DO
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Isto acontece através de elementos resultantes de


observações e coletas realizadas diretamente na rede,
os quais, por isso, conduzem a valores muito mais
precisos.
Também é considerado o regime variado, nas
soluções dos problemas de dimensionamento dos
grandes coletores e interceptores.

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TÉCNICA DE DIMENSIONAMENTO DO
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As canalizações dos coletores e interceptores devem


ser projetadas para funcionarem sempre como
condutos livres. Os sifões e linhas de recalque das
estações elevatórias funcionam como condutos
forçados (gravidade ou recalque). Os emissários
podem funcionar como condutos livres ou forçados.

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Os estudos citados podem ser resumidos nas seguintes etapas


fundamentais:
̶ cálculo das vazões de escoamento baseado no inter-
relacionamento de vazões medidas na rede e de área edificada
contribuinte, minuciosamente cadastrada na bacia contribuinte;
̶ técnica de dimensionamento das canalizações, baseada na
delimitação de velocidade e lâminas d’água mínimas, de forma
a assegurar um comportamento hidráulico capaz de garantir
uma eficiente autolimpeza;

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TÉCNICA DE DIMENSIONAMENTO DO
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̶ técnica de dimensionamento dos grandes coletores, na qual se


utilizam hidrogramas característicos que exprimem a variação
das vazões em função do tempo e que são devidamente
compostos ao longo do trajeto do escoamento;
̶ técnica de dimensionamento dos interceptores nos quais por
ser regime de escoamento não uniforme, torna-se necessário
considerar-se no cálculo das vazões do hidrograma, o efeito
das variações de profundidade a montante e a jusante dos
trechos estudados, cujos volume em marcha sujeitam-se à
influência das cunhas de remanso.

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1. VAZÕES DE ESGOTO
Em nosso país, os sistemas públicos de esgotos são projetados
considerando-se o sistema separador absoluto e tendo acesso à rede
coletora os seguintes tipos de líquidos residuários:
• esgoto doméstico;
• águas de infiltração (águas subterrâneas originárias do subsolo que
penetram indesejavelmente nas canalizações da rede coletora de
esgotos);
• resíduos líquidos industriais.
O conjunto desses líquidos é denominado esgoto sanitário.
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1. VAZÕES DE ESGOTO

➢Hidrograma Residencial de Esgoto Sanitário

Este cálculo se baseia no conceito de que a vazão de cada


instante é uma consequência simultânea dos aparelhos ou conjuntos
sanitários que cresce com a solicitação até um limite máximo
consequente com o seu uso satisfatório.

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1. VAZÕES DE ESGOTO

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1. VAZÕES DE ESGOTO

LEME, Francisco Paes.

A análise do consumo, tendo em vista a determinação do


efluente de uma residência, mostrou que este é proveniente dos
dois tipos de consumo:

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1. VAZÕES DE ESGOTO

̶ o consumo relativo a “trabalhos domésticos”, abrangendo gastos


na lavagem de utensílios e roupas de uso comum, cozinha,
limpeza geral e proveniente de vazamentos.
̶ o consumo relativo a “uso pessoal”, abrangendo gastos com
banhos, por exemplo.

Também permitiu que fossem estabelecidas as seguintes


observações:

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1. VAZÕES DE ESGOTO
a) o hidrograma reletivo aos gastos de trabalhos domésticos reflete a
regularidade da rotina destes trabalhos, que é quase uniforme em
todas as residências de uma dada região;
b) a influência do número de moradores da residência é
insignificante em cada uma das fontes de consumo dos trabalhos
domésticos, porque na cozinha predominam os gastos gerais
provenientes da lavagem de utensílios que são utilizados pelo
conjunto de moradores e porque na limpeza geral a lavagem de
roupas de uso comum e dispêndio de água é independente da
flutuação do número de moradores;
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1. VAZÕES DE ESGOTO

c) o hidrograma de “uso pessoal” depende do consumo de água


através dos aparelhos ou de seus conjuntos disponíveis e, embora
varie com o número de moradores, tem a sua variação restringida
ao número de aparelhos existentes.

Das observações feitas, deduziram-se as seguintes conclusões:

Continua...

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1. VAZÕES DE ESGOTO

O hidrograma de consumo total de uma residência – que se


acha representado na figura 1.1 – compõe-se de dois hidrogramas
parciais e indica, por meio de uma análise, que o consumo e sua
variação não resultam exclusivamente da influência direta do
número de consumidores, dependendo, também, da utilização
simultânea dos aparelhos que se acham correlacionados à área
edificada, isto é, à área total de uso da residência contribuinte.

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1. VAZÕES DE ESGOTO

As contribuições devem ser avaliadas através de parâmetros


obtidos e de medições diretas efetuadas na rede e que traduzem a
influência de todos os fatores que interferem no consumo.
Para obtenção desses parâmetros foram efetuadas umas séries de
medidas na rede que fornecem hidrogramas como o que se acha
representado na Figura 1.2, adotando-se como “vazão máxima” a
média de todas as descargas máximas obtidas em horas de pico.

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➢ ESGOTO DOMÉSTICO
Dessa forma, o esgoto doméstico é um despejo líquido resultante do
uso da água pelo homem em trabalhos domésticos, hábitos higiênicos e
necessidades fisiológicas.
A contribuição de esgoto doméstico depende dos seguintes fatores:
• população: estudo do crescimento populacional;
• consumo de água efetivo, contribuição “per capita” (𝑞𝑒 );
• coeficiente de retorno esgoto/água (C);
• coeficientes de variação de vazão:
o coeficiente do dia de maior consumo (𝐾1 );
o coeficiente da hora de maior consumo (𝐾2 );
o coeficiente da hora de menor consumo (𝐾3 ).
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✓ População: estudo do crescimento populacional

Métodos para o estudo demográfico


Diversos são os métodos aplicáveis para o estudo demográfico,
destacando-se os seguintes:
• método dos componentes demo gráficos;
• métodos matemáticos;
• método de extrapolação gráfica.

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✓ População: estudo do crescimento populacional


Método dos componentes demográficos:

Este método considera a tendência passada.


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✓ População: estudo do crescimento populacional


Métodos matemáticos:
• Método aritmético

onde t representa o ano da projeção e ka, é uma constante.

Este método admite que a população varie linearmente com o tempo e


pode ser utilizado para a previsão populacional para um período pequeno,
de 1 a 5 anos.

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✓ Contribuição “per capita” (𝑞𝑒 )

A contribuição per capita de esgoto é o consumo de água


efetivo per capita multiplicado pelo coeficiente de retorno.

Na tabela a seguir são apresentados os consumos de água


efetivo per capita e o consumo por economia da Unidade de
Negócio Pardo e Grande da Vice Presidência do Interior da
SABESP, com sede em Franca, Estado de São Paulo, para o
período de 1995 a 1997.

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✓ Coeficiente de Retorno: Relação Esgoto/Água


O coeficiente de retomo é a relação entre o volume de esgotos
recebido na rede coletora e o volume de água efetivamente
fornecido à população.
De modo geral, o coeficiente de retomo situa-se na faixa de 0,5
a 0,9, dependendo das condições locais.
A NBR 9649 da ABNT recomenda o valor de 0,8 para o
coeficiente de retomo, na falta de valores obtidos em campo.

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✓ Coeficientes de variação de vazão

Conhecida a população, o consumo de água efetivo per capita e


o coeficiente de retomo, pode-se calcular a vazão média de esgoto
doméstico. Entretanto, essa vazão não é distribuída uniformemente
ao longo dos dias.

A vazão de esgoto doméstico varia com as horas do dia, com os


dias, meses e estações do ano, e depende de muitos fatores, entre
os quais, a temperatura e a precipitação atmosférica.

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✓ Coeficientes de variação de vazão


Para o projeto dos sistemas de esgoto sanitário são importantes
os seguintes coeficientes:

• 𝐾1 coeficiente de máxima vazão diária - é a relação entre a maior


vazão diária verificada no ano e a vazão média diária anual;
• 𝐾2 coeficiente de máxima vazão horária - é a relação entre a
maior vazão observada num dia e a vazão média horária do
mesmo dia;
• 𝐾3 coeficiente de mínima vazão horária - é a relação entre a
vazão mínima e a vazão média anual.

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✓ Coeficientes de variação de vazão

Na tabela a seguir são apresentadas os coeficientes de variação


de vazão de esgoto obtidas em medições ou recomendadas para
projeto.

Na falta de valores obtidos através de medições, a NBR-9649 da


ABNT recomenda o uso de 𝐾1 = 1,2, 𝐾2 = 1,5 e 𝐾3 = 0,5. Esses
valores são 'admitidos constantes ao longo do tempo, qualquer que
seja a população existente na área.

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➢ INFILTRAÇÕES
As contribuições indevidas nas redes de esgoto podem ser
originárias do subsolo - genericamente designadas como infiltrações
- ou podem provir do encaminhamento acidental ou clandestino de
águas pluviais . Embora a rede sempre sofra a ação dessas
contribuições, a NBR 9649 da ABNT recomenda que apenas a
infiltração seja considerada na elaboração dos projetos hidráulico
sanitários das redes coletoras de esgotos . Quanto às contribuições
de águas pluviais, segundo a NB 568 da ABNT, devem ser
consideradas apenas para o dimensionamento dos extravasores dos
interceptores de esgoto sanitário .
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➢ INFILTRAÇÕES
As águas de infiltração são águas subterrâneas originárias do
subsolo ,quando os sistemas de coleta e afastamento estão
construídas abaixo do nível do lençol freático, sendo que este nível
pode ser alto naturalmente ou devido às chuvas excessivas. As
águas do subsolo penetram nos sistemas através dos seguintes
meios:
• pelas juntas das tubulações;
• pelas paredes das tubulações;
• através das estruturas dos poços de visita, tubos de inspeção e
limpeza, terminal de limpeza , caixas de passagem , estações
elevatórias etc.
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➢ INFILTRAÇÕES

A tabela a seguir apresenta os principais resultados obtidos


sobre taxas de infiltração nos sistemas de coleta e afastamento de
esgoto sanitário. Com o fatores fundamentais na diminuição da
vazão de infiltração pode-se destacar a melhoria na qualidade dos
materiais e das juntas e os controles mais eficientes de execução
de obras.

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➢ INFILTRAÇÕES

A norma NBR 9649 da ABNT, no que se refere ao coeficiente


de infiltração, diz o seguinte: "TI, Taxa de contribuição de
infiltração, depende de condições locais tais como:
• NA do lençol freático;
• natureza do subsolo; qualidade da execução da rede;
• material da tubulação e tipo de junta utilizado .
O valor entre 0,05 a 1,0 l/s.km adotado deve ser justificado " .

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➢ DESPEJOS INDUSTRIAIS

Em cada caso deverá ser estudada a natureza dos efluentes


industriais para verificar se esses resíduos podem ser lançados in
natura na rede de esgotos, ou se haverá necessidade de um pré-
tratamento.
Quando a indústria já se encontra instalada, a estimativa de vazão
de despejo industrial deve ser realizada através de uma pesquisa
junto ao estabelecimento, inclusive com previsão de vazões futuras.

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➢ DESPEJOS INDUSTRIAIS

Entretanto, nos casos em que há necessidade de estimar vazões


de áreas destinadas às indústrias futuras, na falta de dados, pode-se
admitir valores compreendidos entre 1,15 l/s.ha a 2,30 l/s.ha,
quando a perspectiva é de implantação de indústrias que utilizam
água em seus processos produtivos. Para áreas industriais, onde
serão instaladas indústrias que não utilizam quantidades
significativas de água em seus processos produtivos, pode-se
estimar a contribuição de esgotos em 0,35 l/s.ha.

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1. VAZÕES DE ESGOTO
A vazão de esgoto sanitário é composta pelas seguintes parcelas:

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1. VAZÕES DE ESGOTO

A vazão concentrada ou singular refere-se à contribuição de


esgoto, bem superior aquelas lançadas na rede coletora ao longo do
seu caminhamento e devido ao seu valor altera sensivelmente a vazão
do trecho de jusante na rede.
Geralmente são consideradas contribuições concentradas aquelas
provenientes de grandes escolas, hospitais, clubes, estações
rodoviárias, shopping centers, grandes edificações residenciais e/ou
comerciais, estabelecimentos industriais que utilizam água em seu
processo de produção etc.

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Referências
1. ABNT – 9648 – Estudo de concepção de sistemas de esgoto sanitário. Rio de
Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas. 1986.
2. ABNT – 9649 – Projeto de redes coletoras de esgoto sanitário. Rio de
Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas. 1986.
3. LEME, Francilio Paes. Panejamento e Projeto dos Sistemas Urbanos de
Esgotos Sanitários. CETESB, São Paulo, 1977.
4. NINA, Ademar Delle. Construção de Redes de Esgotos Sanitários. CETESB,
São Paulo, 1975.
5. TSUTIYA, M. T.; SOBRINHO, P. A. Coleta e transporte de esgoto sanitário.
2º ed. São Paulo: Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo, 2000. ISBN 85-900-823-1-8 ou
9788570221681.

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