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Água quente: Componentes e

dimensionamento

APRESENTAÇÃO

O fornecimento de água quente em edificações é um sistema que visa melhorar a qualidade de vi


da dos residentes pelos serviços prestados (banho quente, cuidados pessoais, utilização na cozin
ha, etc.), bem como reduzir a utilização de sistemas de aquecimento e fornecimento de energia p
rejudiciais ao meio ambiente.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer os principais componentes de um sistema d


e Instalações Prediais de Água Quente (conhecido como IPAQ), sua terminologia específica, dis
positivos e materiais utilizados.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer a nomenclatura e a função dos componentes de uma Instalação Predial de Águ


a Quente (IPAQ).
• Selecionar materiais utilizados em uma IPAQ.
• Aplicar a metodologia das normas para dimensionamento de instalações de água quente.

INFOGRÁFICO

Os sistemas de recirculação de água quente são fundamentais para melhorar o nível de conforto
do abastecimento. Por meio dele, a água quente que não é utilizada é reenviada até a central de g
eração de calor, garantindo assim que a a água não esfrie na tubulação. Existem algumas variaçõ
es do sistema quanto à localização da central de aquecimento, mas o objetivo do sistema de recir
culação é sempre o mesmo: manter sempre a água num nível mínimo de temperatura. Você já de
ve ter visto em lugares com instalação de gás central que quando a torneira/chuveiro é aberta, le
va alguns segundos para a água sair realmente quente.

Durante esse tempo, a água tratada que não está na temperatura desejada é desperdiçada. O objet
ivo do sistema de recirculação é diminuir esse desperdício.
CONTEÚDO DO LIVRO

Neste capítulo, você vai conhecer algumas terminologias importantes para nivelamento de conh
ecimentos nesta área, definições sobre os principais componentes e metodologia de dimensiona
mento das instalações de água quente. Inicie seus estudos em Terminologia dos componentes de
uma IPAQ até Dimensionamento dos componentes de uma IPAQ.

Boa leitura!
INSTALAÇÕES
HIDRÁULICAS

Eliane Conterato
Lélis Espartel
Vinicius Simionato
Revisão técnica:
Shanna Trichês Lucchesi
Mestre em Engenharia de Produção (UFRGS)
Professora do curso de Engenharia Civil (FSG)

C761i Conterato, Eliane.


Instalações hidráulicas / Eliane Conterato, Lélis
Espartel, Vinicius Simionato. – Porto Alegre : SAGAH, 2017.
237 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-096-2

1. Instalação hidráulica – Engenharia hidráulica. I.


Espartel, Lélis. II. Simionato, Vinicius. III. Título.
CDU 696.1

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Água quente: componentes
e dimensionamento
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Conhecer a nomenclatura e função dos componentes de uma insta-


lação predial de água quente (IPAQ).
 Selecionar os materiais utilizados em uma IPAQ e compreender suas
diferenças.
 Aplicar a metodologia das normas para o dimensionamento de ins-
talações de água quente.

Introdução
Um sistema de fornecimento de água quente em edificações busca
melhorar a qualidade de vida dos residentes ao oferecer serviços e co-
modidade (banho quente, cuidados pessoais, utilização na cozinha, etc.).
Outra vantagem advinda desse sistema é a redução do uso de sistemas
de aquecimento e fornecimento de energia que são prejudiciais ao meio
ambiente.
Assim, neste capítulo você vai estudar os principais componentes de
um sistema de instalações prediais de água quente (conhecido como
IPAQ), com foco na terminologia específica, e nos dispositivos e materiais
utilizados.

Terminologia dos componentes de uma IPAQ


A norma que estabelece os pré-requisitos de um projeto de instalações de
águas prediais no Brasil é a ABNT NBR 7198:1993. Este documento contém
as diretrizes que norteiam fatores importantes, como o tipo e a finalidade
das edificações, o tipo do projeto concebido, o nível de conforto desejado, o
consumo provável de água quente e o custo da energia consumida. Por possuir
Água quente: componentes e dimensionamento 157

apenas 6 páginas, muitas vezes os assuntos são abordados de maneira um


tanto superficial, logo, para o completo entendimento deste sistema, você vai
precisar ler materiais complementares.
Segundo a ABNT NBR 7198:1993, as instalações de água quente devem
ser projetadas e executadas de modo a:

 garantir o fornecimento de água de forma contínua, em quantidade


suficiente e temperatura controlável, com segurança, aos usuários, com
as pressões e velocidades compatíveis com o perfeito funcionamento
dos aparelhos sanitários e das tubulações;
 preservar a potabilidade da água;
 proporcionar o nível de conforto adequado aos usuários;
 racionalizar o consumo de energia.

A elaboração do projeto das instalações prediais de água quente é de


responsabilidade de um profissional de nível superior, legalmente habilitado
pelas leis do país. O projeto terá de conter todas as informações necessárias
à sua perfeita compreensão e materialização.
A ABNT NBR 7198:1993 aplica-se a instalações prediais de água quente
para uso humano, cuja temperatura seja, no máximo, de 70ºC. Em casos
em que seja necessário o fornecimento de água em temperaturas mais altas
(cozinhas industriais, lavanderias ou hospitais, por exemplo), você terá de
consultar normas específicas.
Quanto aos componentes que constituem uma IPAQ, a norma traz as
seguintes definições:
158 Instalações hidráulicas

Tabela 1. Componentes de uma IPAQ e suas definições.

Aquecedor Aparelho destinado a aquecer a água.

Aquecedor de Aparelho que se compõe de um reservatório


acumulação dentro do qual a água acumulada é aquecida.

Aquecedor Aparelho que não exige reservatório, aquecendo


instantâneo a água quando de sua passagem por ele.

Barrilete Tubulação que se origina no reservatório e da qual


derivam as colunas de distribuição, quando o tipo
de abastecimento é indireto. No caso de tipo de
abastecimento direto, pode ser considerado como
a tubulação diretamente ligada ao ramal predial ou
diretamente ligada à fonte de abastecimento particular.

Coluna de Tubulação derivada do barrilete,


distribuição destinada a alimentar os ramais.

Diâmetro Número que serve para classificar o diâmetro de uma


nominal (DN) tubulação e que corresponde aproximadamente ao
seu diâmetro interno ou externo, em milímetros.

Dispositivo Dispositivo destinado a impedir o retorno


antirretorno de fluidos para a rede de distribuição.

Dispositivo de Dispositivo destinado a manter sob pressão a rede


pressurização de distribuição predial, composto de tubulação,
reservatórios, equipamentos e instalação elevatória.

Engate Tubulação flexível ou que permite ser curvada,


utilizada externamente para conectar determinados
aparelhos sanitários – geralmente bidês e lavatórios
– aos respectivos pontos de utilização.

Isolamento Procedimento para reduzir as perdas de calor nas instalações.


térmico

Misturador Dispositivo que mistura água quente e fria.

Ponto de Extremidade a jusante do sub-ramal.


utilização

Ramal Tubulação derivada da coluna de distribuição,


destinada a alimentar aparelhos e/ou sub-ramais.

Registro de Dispositivo, geralmente do tipo pressão, instalado


controle em uma tubulação para regular e/ou interromper
de vazão a passagem de água (ver NBR 10071).

(Continua)
Água quente: componentes e dimensionamento 159

(Continuação)

Tabela 1. Componentes de uma IPAQ e suas definições.

Reservatório Reservatório destinado a acumular a


de água água quente a ser distribuída.
quente

Respiro Dispositivo destinado a permitir a saída de


ar e/ou vapor de uma instalação.

Separação Distância vertical, sem obstáculos e através


atmosférica da atmosfera (sem ligação física), entre a saída
da água da peça de utilização e o nível de
transbordamento do aparelho sanitário.

Tubulação Tubulação que conduz a água quente de volta ao


de retorno reservatório de água quente ou aquecedor.

Válvula de Dispositivo que permite o escoamento


retenção da água em um único sentido.

Válvula de Dispositivo destinado a evitar que a temperatura


segurança de da água quente ultrapasse determinado valor.
temperatura

Dilatação Variação nas dimensões de uma tubulação,


térmica devida às alterações de temperatura.

Junta de Dispositivo destinado a absorver as


expansão dilatações lineares das tubulações.

Reservatório Reservatório elevado que alimenta por


superior de gravidade os aquecedores.
água fria

Dispositivo de Dispositivo destinado a manter a água quente em


recirculação circulação, a fim de equalizar sua temperatura.

Fonte: ABNT NBR 7198:1993.

Veja na Figura 1 a seguir a ilustração de alguns dos elementos citados e a


sua localização em um projeto de instalação de água quente.
160 Instalações hidráulicas

Figura 1. Desenho esquemático de instalação tipo de uma IPAQ.

Além do projeto e da terminologia, a norma apresenta alguns comentários


importantes quanto à execução das instalações (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE NORMAS TÉCNICAS, 1993):

 A execução das instalações prediais de água quente, inclusive a insta-


lação dos aquecedores, bem como o remanejamento destas instalações
devem ser de responsabilidade de profissional de nível superior, legal-
mente habilitado pelas leis do país.
 A execução de qualquer uma das partes constituintes das instalações
deve ser feita observando-se, além das condições específicas, as pres-
crições do projeto e as normas brasileiras relativas aos materiais com-
ponentes utilizados.
 Qualquer modificação na execução das instalações projetadas deve ter
a aprovação prévia do autor do projeto.

Materiais utilizados em uma IPAQ


Tão importante quanto a escolha do sistema é a especificação dos materiais
utilizados, a fim de garantir o correto funcionamento de uma instalação predial
de água quente. Os materiais mais empregados para as tubulações são os tubos
de cobre, de polipropileno (conhecido como PPR), de policloreto de vinila
clorado (CPVC) e de polietileno reticulado (PEX). Você vai ver a seguir uma
breve descrição de cada um desses materiais.
Água quente: componentes e dimensionamento 161

Tubos de cobre
Na instalação de aquecedores de passagem, a utilização de tubulações e
conexões de cobre é obrigatória por questão de segurança aos usuários. O
cobre é o único material que possui resistência a elevadas temperaturas, sem
sofrer rompimentos, deformações ou estrangulamentos, logo, seu uso se torna
mandatório também devido a essa característica. Qualquer outro produto não
deve ser empregado na instalação de aquecedores, uma vez que podem sofrer
rompimentos, provocar vazamento de água aquecida ou até causar a explosão
do aquecedor no caso de estrangulamento da tubulação, decorrente do processo
de incrustação ou derretimento de tubos (MARTINHO; AGUIAR, 2003).
Quando opcional, a principal vantagem dos tubos de cobre é a menor
perda de carga, uma vez que sua superfície é menos áspera do que as demais.
Outro ponto positivo é que as tubulações feitas com esse metal podem ser
projetadas com diâmetros menores do que as dos outros materiais, sem colocar
em risco a vazão e a pressão da instalação. A resistência mecânica do cobre
supre as necessidades da pressão causada pela coluna d’água, sendo também
uma vantagem para instalações com elevadas pressões. Sua durabilidade
também é um dos principais motivos para a escolha deste material. Os tubos
rígidos de cobre apresentam 99,9% de cobre (no mínimo) na composição e são
fabricados com os mesmos diâmetros das conexões, de acordo com a ABNT
NBR 13206:2010.
Para evitar a perda de calor, as tubulações devem ser envoltas em um
material isolante, como a lã de vidro.

Tubos de PPR
A procura por um sistema de condução de água quente que suportasse altas
temperaturas e pressões e, ao mesmo tempo, garantisse a estanqueidade das
junções foi o que motivou o desenvolvimento dos tubos PPR na Europa. Pro-
duzido no Brasil já há alguns anos, e utilizado em água quente e fria, o sistema
é composto por tubos e conexões de polipropileno copolímero Random tipo
3, uma resina plástica atóxica e de baixa condutividade térmica. Isso evita a
transmissão de calor para a parte externa do tubo, dispensando a necessidade
de isolamento térmico. Esse tipo de tubulação não requer roscas, soldas e colas.
A instalação dos tubos de PPR utiliza o processo de termofusão, em que o
material se funde a 260°C, passando a formar uma tubulação contínua. Para
isso, é preciso usar uma ferramenta específica para o processo: o termofusor.
162 Instalações hidráulicas

A tecnologia PPR facilita a instalação, já que bastam alguns segundos


para a fusão acontecer. Essa facilidade de instalação, contudo, não o isenta
de tomar alguns cuidados. O principal deles é o respeito ao tempo necessário
para a termofusão, indicado pelos fabricantes. Outra tarefa que exige precisão
é a marcação da profundidade da bolsa de conexão. Além disso, não descuide
da limpeza, pois rebarbas e poeiras podem comprometer o desempenho da
fusão. Entre as principais vantagens da termofusão estão a segurança (pois há
a garantia de uma tubulação contínua com uniões permanentes); a praticidade
(já que não existe a necessidade de isolamento térmico adicional); e a alta
qualidade (há uma maior resistência a eventuais golpes de aríete).
Os tubos e as conexões em PPR devem atender à norma ISO 15874:2003:
Sistemas de tubulações de plástico para instalações de água quente e fria –
Polipropileno (PP), que supera as especificidades exigidas pela ABNT NBR
7198:1993 Projeto e execução de instalações prediais de água quente.

Tubos de CPVC
O CPVC (Cloreto de Polivinila Clorado) é um PVC com maior adição de cloro
em sua composição, ideal para utilização em prumadas de água quente. No
Brasil, tem sido utilizado desde a década de 1980 e há mais de 50 anos nos
Estados Unidos.
Seus pontos fortes são: o material atóxico, que proporciona mais segurança
para os usuários; a dispensa de isolamento térmico; a alta impossibilidade
de corrosão (como o CPVC tem alta resistência química, ele proporciona
durabilidade e elimina o risco de trocas e vazamentos devido à oxidação); a
inexistência de incrustações (por ter paredes internas extremamente lisas
e não conduzir energia elétrica, o CPVC permite que, ao longo do tempo, a
instalação fique sem incrustações e sem redução do diâmetro da tubulação);
a alta resistência (suporta uma pressão de serviço de 8,6 Bar −86 mca−,
conduzindo água a 82°C, e de 30 Bar −300 mca−, conduzindo água a 20°C; e
a junta simples (a união de tubos e conexões é feita por junta soldável a frio
com Adesivo Plástico CPVC).

Tubos de PEX
Apropriado para a condução de água fria e quente, o sistema PEX (polietileno
reticulado) tem a capacidade de fazer curvas, reduzindo a quantidade de
conexões. O mais indicado é fazer instalações com o uso de um distribuidor
(manifold), mas também é possível adotar ramais, sub-ramais, joelhos e co-
Água quente: componentes e dimensionamento 163

nexões em “T”. Neste caso, aumenta-se a quantidade de conexões e perde-se


a facilidade para manutenção. De acordo com os fabricantes, o PEX possui
elevada resistência térmica (sendo capaz de suportar até 95°C) e baixa con-
dutividade térmica (o que significa pouca perda de calor).
A vantagem primordial do sistema PEX é garantir acessibilidade total
às instalações para que, em caso de eventual manutenção, os condutores de
fluido possam ser substituídos sem a necessidade de quebrar paredes. Outra
importante propriedade construtiva é o fato de ele ser totalmente compatível
com o sistema de paredes divisórias com painéis de gesso acartonado, que está
em franco crescimento mundial. O sistema já é muito utilizado na construção
de banheiros pré-fabricados especialmente para edifícios comerciais e hotéis.
Os banheiros chegam prontos na obra e são içados até o local por meio de
gruas. Com o banheiro fixado no local, é só fazer as ligações da alimentação
do manifold, das saídas de esgoto e da instalação elétrica.

Como ainda não existe normatização específica para estes tipos de tubulação, os
fabricantes e instaladores devem seguir as recomendações da Norma Internacional
ISO 15875:2003.

Dimensionamento dos componentes de uma


IPAQ
O dimensionamento para as instalações de água quente segue as mesmas
premissas e metodologia de cálculos para o sistema de água fria no que se
refere a pressões e perda de carga. Todavia, você deve ficar atento para o
fato de a perda de carga com água quente ser menor do que a perda com
água fria, devido à diminuição da viscosidade do líquido. É importante que
você lembre também que as canalizações de água quente não poderão ser
superdimensionadas, para não funcionarem como reservatórios, ocasionando
uma demora excessiva na chegada da água até os pontos de consumo, o que
provoca seu resfriamento.
164 Instalações hidráulicas

Para o dimensionamento, a atualização de 1993 para a ABNT NBR


7198:1993 retirou os quantitativos sugeridos para o dimensionamento, porém
os dados da versão de 1982 ainda servem de base para os cálculos, como você
vai ver nos passos a seguir:

1. População a ser atendida

Veja na Tabela 2 os valores de referência de acordo com os diferentes


tipos de edifício.

Tabela 2. Tabela para definição da população na edificação.

Tipo de edifício População

Escritório 1 pessoa/3 m2

Loja 1 pessoa/3 m2

Hotel 1 pessoa/15 m2

Hospital 1 pessoa/15 m2

Apartamento/residência P = 2 Nds + Nde ou 5


pessoas por unidade

Nds = número de dormitórios sociais. Nde = Número de dormitórios de serviço

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1993).

2. Determinação do consumo diário de água quente:

Para o cálculo do consumo diário de água quente, você vai usar a seguinte
fórmula:

CD = C × NP

onde:
CD = consumo diário (L/dia);
C = consumo diário per capita (L/dia);
NP = número de pessoas a serem atendidas.
Água quente: componentes e dimensionamento 165

Veja na Tabela 3 os valores de referência para o consumo diário de água


morna de acordo com o tipo da edificação.

Tabela 3. Tabela para a definição da população na edificação.

Consumo de água morna


Prédio (litros/dia)

Alojamento provisório de obra 24 por pessoa

Casa popular ou rural 36 por pessoa

Residência 45 por pessoa

Apartamento 60 por pessoa

Quartel 45 por pessoa

Escola (internato) 45 por pessoa

Hotel (sem incluir cozinha e lavanderia) 36 por pessoa

Hospital 125 por leito

Restaurantes e similares 12 por refeição

Lavanderia 15 por kg de roupa seca

Fonte: ABNT (1993).

3. Mistura AQ+AF

Para determinar a mistura adequada, você vai utilizar a seguinte fórmula:

VMIST × TMIST = VAQ × TAQ + VAF × TAF

onde:
TAQ = temperatura da água quente (no aquecedor = 70ºC);
VAQ = volume de água quente (incógnita);
TAF = temperatura da água fria (no inverno):17ºC;
TMIST = temperatura da água morna (42ºC);
VMIST = volume de água morna utilizada (consumo diário).
166 Instalações hidráulicas

Equação da continuidade:

VMIST = VAQ + VAF

4. Distribuição

O dimensionamento do sistema de distribuição de água quente é feito de


maneira análoga ao do sistema de água fria, ou seja, consideramos o regime
permanente em conduto forçado, onde fazemos um balanceamento entre o
diâmetro da tubulação, a vazão de projeto esperada e as pressões necessárias
para o funcionamento adequado dos aparelhos e equipamentos sanitários,
tendo em vista a carga disponível.
4.1. Vazão
Para determinar a vazão, você vai seguir o mesmo método para a instalação
de água fria (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1998):

Q = 0,3√∑P

onde:
Q= vazão, L/s;
0,30 = coeficiente de descarga, L/s;
∑P = soma dos pesos relativos de todas as peças de utilização alimentadas
pela tubulação considerada.
Veja na Tabela 4 os valores de referência para a vazão mínima de algumas
peças de utilização.
Água quente: componentes e dimensionamento 167

Tabela 4. Vazão mínima das peças de utilização.

Peça de utilização Vazão (L/s) Peso

Banheira 0,30 1,0

Bidê 0,10 0,1

Chuveiro 0,20 0,4

Lavatório 0,15 0,3

Pia de cozinha 0,25 0,7

Pia de tanque 0,25 0,7

Lavadora de roupa 0,30 0,7

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1998).

4.2. Pressão
Você deve obedecer algumas orientações:

 A pressão estática máxima nos pontos de utilização não deve ultrapassar


400kPa (40mca).
 Para pressões maiores, deve ser instalada uma válvula redutora de
pressão.
 As pressões dinâmicas mínimas não devem ser inferiores a 5kPa
(0,5mca).
 As pressões dinâmicas mínimas devem ser:
■ aquecedor a gás: 2mca
■ aquecedor elétrico: 0,5mca
■ chuveiro: 1mca

4.3. Velocidade
A ABNT NBR 7198:1993 recomenda que as velocidades devem ser infe-
riores a 3m/s. É recomendado fazer ainda a verificação por 14(D)0,5.
168 Instalações hidráulicas

5. Dimensionamento

5.1. Sub-ramais
Veja na Tabela 5 os valores de referência para os diâmetros das peças de
utilização para os sub-ramais.

Tabela 5. Diâmetros sugeridos para sub-ramais.

Peças de utilização Diâmetro (mm)

Banheira 15

Bidê 15

Chuveiro 15

Lavatório 15

Pia de cozinha 15

Pia de despejo 20

Lavadora de roupa 20

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1998).

5.2. Ramais e colunas de distribuição


Para determinar este item, você deve seguir o mesmo procedimento adotado
para a canalização de água fria.
5.3. Perdas de carga
Como a norma não fixa uma equação de perda de carga, muitas vezes
acabam sendo adotadas equações de perda de carga de água fria, uma vez
que os resultados ficam a favor da segurança. Veja na Figura 2 as equações
que você deve utilizar de acordo com o material da tubulação.
Água quente: componentes e dimensionamento 169

Tubos de aço galvanizado Tubos de cobre ou Tubos de cobre ou


e ferro fundido (água fria) plástico (água fria) latão (água quante)

Q1,88 Q1,75 Q1,75


J = 20,2 x 106 J = 8,69 x 106 J = 6,92 x 106
D 4,88 D 4,75 D 4,75

Figura 2. Equações para perda de carga de acordo com o material da tubulação.


Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1998).

5.4. Aquecedores
No dimensionamento dos aquecedores, você deve considerar:

 o volume do reservatório, se houver;


 o tempo de aquecimento da água do reservatório, se houver;
 a produção de água quente (litros/hora), se houver.

Como existem diversos tipos de aquecedores e sistemas de fornecimento


de energia (elétrica, gás, solar, etc.), a melhor forma de dimensionar é buscar
as especificações dos fornecedores, que apresentarão os dados técnicos do
produto de maneira detalhada.
170 Instalações hidráulicas

1. Sobre as limitações que a norma funcionamento dos aparelhos


impõe para o dimensionamento, sanitários e das tubulações.
assinale a alternativa correta: c) Fornecer água na temperatura
a) A velocidade da água necessária, independentemente
nas tubulações deve ser do consumo energético.
superior a 3 m/s. d) Fornecer água na maior
b) A pressão máxima em um temperatura possível
chuveiro alimentado por para o usuário.
um sistema de água quente e) Fornecer água quente em
central é de 0,5kPA. todos os pontos da edificação.
c) A norma NBR 7198/1993 se aplica 3. No que diz respeito aos
às instalações prediais de água componentes que constituem uma
quente para o uso humano, IPAQ, assinale a alternativa correta
cuja temperatura, em graus sobre a terminologia:
Celsius, seja, no máximo, 42ºC. a) Aquecedor de acumulação:
d) A pressão estática máxima aparelho destinado a
nos pontos de utilização não aquecer a água.
deve ser superior a 400 mca. b) Aquecedor instantâneo:
e) Deve ser levado em consideração aquecedor que transfere calor e
no projeto o efeito de dilatação e acumula água para utilização.
contração térmica da tubulação, c) Barrilete: tubulação que se
e devem ser cumpridas as origina no reservatório e da
especificações de instalação qual derivam as colunas de
para cada tipo de material. distribuição, quando o tipo de
2. Segundo a ABNT NBR 7198:1993, abastecimento é indireto.
as instalações de água quente d) Coluna de distribuição: tubulação
devem ser projetadas e que parte do reservatório até
executadas de modo a: os ramais de distribuição.
a) Garantir a chegada de água e) Dispositivo antirretorno:
quente até o ponto de elemento do sistema de
consumo, independentemente recirculação que impede a
de sua potabilidade. passagem de água fria para a
b) Garantir o fornecimento de tubulação de água quente.
água de forma contínua, 4. Sobre os componentes de uma IPAQ,
em quantidade suficiente e assinale a afirmativa correta:
temperatura controlável, com a) O isolamento térmico é
segurança, aos usuários, com obrigatório em todas as
as pressões e velocidades tubulações, independentemente
compatíveis com o perfeito do material.
Água quente: componentes e dimensionamento 171

b) O uso de liras ou juntas de é totalmente diferente do


expansão é recomendado dimensionamento de uma IPAF.
em tubulações com várias b) As tubulações de cobre,
mudanças de direção. por ser um material
c) Ponto de utilização é a metálico, não necessitam
extremidade a jusante de isolamento térmico.
do sub-ramal. c) As instalações de água quente
d) Respiro é o dispositivo utilizado nunca devem ser enterradas, pois
para evitar que a temperatura da pode haver corrosão pelo solo e
água esteja acima da necessária. infiltrações de água na tubulação.
e) A função da válvula de retenção d) A durabilidade das tubulações
é evitar que trechos tenham de CPVC é geralmente maior do
pressão acima do permitido. que a das tubulações de cobre.
5. Sobre o projeto de instalações e) Apropriado para a condução
prediais de água quente (IPAQ), de água fria e quente, o
assinale a alternativa correta: sistema PEX (polietileno
a) O dimensionamento hidráulico reticulado) tem a capacidade
(pressões, vazões, velocidades) de fazer curvas, reduzindo a
quantidade de conexões.
172 Instalações hidráulicas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5626:1998. Instalação


predial de água fria. Rio de Janeiro: ABNT, 1998.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 7198:1993. Projeto e
execução de instalações prediais de água quente. Rio de Janeiro: ABNT, 1993.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 13206:2010. Tubo de
cobre leve, médio e pesado, sem costura, para condução de fluidos – Requisitos.
Rio de Janeiro: ABNT, 2010.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ISO 15874:2003. Sistemas de tubu-
lações de plástico para instalações de água quente e fria – Polipropileno (PP). Rio de
Janeiro: ABNT, 2003.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ISO 15875:2003. Plastics piping
systems for hot and cold water installations – Crosslinked polyethylene (PE-X). Rio
de Janeiro: ABNT, 2003.
MARTINHO, E.; AGUIAR, J. G. Instalações de cobre para condução de água quente. [S.l.]:
Pini Web, 2003. Disponível em: <http://piniweb.pini.com.br/construcao/noticias/
instalacoes-de-cobre-para-conducao-de-agua-quente-80099-1.aspx>. Acesso em:
28 maio 2017.

Leituras recomendadas
AMANCO. Água quente: Amanco PPR. [S.l.]: Amanco, 2017. Disponível em: <http://
amanco.com.br/produtos/predial/agua-quente/amanco-ppr>. Acesso em: 28 maio
2017.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5899:1995. Aquecedor de
água a gás tipo instantâneo – Terminologia. Rio de Janeiro: ABNT, 1995.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 8130:2004. Aquecedor
de água a gás tipo instantâneo – Requisitos e métodos de ensaio. Rio de Janeiro:
ABNT, 2004.
ELUMA. Tubos de cobres: conexões e acessórios. [S.l.: s.n., 2010]. Disponível em: <http://
www.hidraulicapotenza.com.br/downloads/catalogos/eluma/catalogo-tubos-de-
-cobre>. Acesso em: 28 maio 2017.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR

Um detalhe que o engenheiro deve levar em conta no projeto de uma IPAQ é em relação aos efe
itos da dilatação térmica, que provoca a expansão da tubulação. Na dica do professor você vai c
onhecer os efeitos da expansão da tubulação e como mitigar este problema.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

NA PRÁTICA

Cícero foi contratado como projetista, e o cliente demanda a ele que dê a sugestão de um aquece
dor de acordo com a necessidade da família. O cliente gosta de pesquisar preços de fornecedores
e solicitou que Cícero indicasse as especificações técnicas para que ele pudesse fazer uma pesqu
isa de mercado e comprasse um equipamento com as melhores condições de pagamento e que at
endessem às necessidades do projeto. O projeto é para uma casa, em que espaço não é problema.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

SAIBA +

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professo
r:

Dimensionamento das tubulações de água quente.

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Instalação hidráulica - Água quente planejamento.

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