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IRRIGAÇAO
José Monteiro Soares
Francisco Fernandes da Costa
• Consumo de energia.
• Manutenção do emissor.
Aplicação da água no solo Fig. 9. Fileira de plantas com um sulco de cada lado.
O manejo da água aplicada ao solo,
ao longo do ciclo vegetativo da videira,
pode ser dividido em cinco períodos dis-
tintos, como seguem:
a) Período de pré-plantio - A irrigação
de pré-plantio deve ser iniciada logo após o
preparo definitivo da cova. O transplantio
das mudas só pode ser feito quando o bulbo
ou faixa molhada estiver formado e a maté-
ria orgârúca aplicada estiver totalmente fer-
mentada. Quando o solo estiver seco, serão
necessários, no mínimo, 15 dias para a
formação do bulbo ou faixa molhada. Por
outro lado, o tempo necessário para a fer-
mentação da matéria orgânica posta na
cova, depende da proporção de esterco
misturado com solo, bem como, do grau de Fig.l0. Fileira de plantas com dois sulcos laterais
fermentação do esterco posto na cova. interligados por um segmento de sulco.
Quando essa proporção for de seis partes de
terra para uma de esterco, a fermentação por dia, para as condições em que o siste-
pode ocorrer dentro de um período de 15 a ma foi dimensionado. Recomenda-se, ain-
20 dias, se as irrigações forem feitas diaria- da, posicionar as linhas com gotejadores
mente. Caso as proporções entre solo e em relação à planta, de modo que o emis-
esterco sejam inferiores, o tempo de fer- sor coincida com a muda.
mentação pode variar de 30 a 45 dias,
Quando se utiliza o sistema de irriga-
mesmo com irrigações diárias.
ção por microaspersão, recomenda-se ado-
b) Período de plantio e de desenvolvi- tar o mesmo procedimento descrito para o
mento inicial - Durante os primeiros gotejamento, caso o emissor utilizado apre-
dias após o transplantio das mudas, as sente a possibilidade de inversão ou de
irrigações deverão ser feitas diariamente e
permuta do seu defletor. Esse recurso pro-
o período de tempo dependerá do tipo de
porciona uma redução substancial do al-
sistema de irrigação localizada.
cance do microaspersor, e permite que
Quando se utiliza o sistema de irriga- toda a água aspergida seja concentrada
ção por gotejamento, recomenda-se irrigar num pequeno círculo. Dessa maneira, é
de 20% a 30% do tempo máximo de rega possível concentrar toda a água aplicada na
Uva de Mesa Produção Frutas do Brasil, 13
cova onde a muda de videira foi transplan- de 30 a 45 dias que antecede a enxertia.
tada. O microaspersor deve continuar nes- O estresse hídrico imposto, que, na maioria
sa posição até o 6° mês, após o transplante das vezes, condiciona a queda das folhas
das mudas, ou até quando a evolução do mais velhas, proporciona melhor estado de
crescimento do sistema radicular indicar a maturação dos ramos a serem enxertados.
necessidade do aumento da área umedecida.
Os produtores defensores desse ma-
Nessa fase, a utilização de culturas em
nejo de água, argumentam que a hidratação
consórcio fica impossibilitada. Caso se uti-
excessiva dos ramos tende a dificultar a
lizem emissores que não permitem a inver-
cicatrização ou pega do enxerto, em decor-
são ou a troca do defletor (microaspersores
rência do isolamento dos tecidos cortados.
de longo alcance), onde a área molhada tem
a forma de taça ou de faixa, recomenda-se Após a enxertia, a irrigação deve ser
irrigar durante 70% a 80% do tempo máxi- mantida normalmente, caso tenha sido
mo de rega por dia, para as condições em deixado um ramo-ladrão para absorver o
que o sistema foi dimensionado. excesso de seiva bruta extraída pelo siste-
ma radicular. Caso contrário, recomenda-
Toda a atenção deve ser dada para a se minimizar o volume de água aplicado
primeira semana de rega, a partir do trans- em cada irrigação.
plantio, especialmente quando a muda vem
em substrato argiloso e endurecido. Nesse d) Período de produção - Durante as
caso, recomenda-se verificar, no final da irrigações seguintes, para facilitar a admi-
primeira irrigação, se a água penetrou no nistração do manejo de água na proprieda-
de, recomenda-se que a lâmina de irrigação
torrão da muda.
seja constante ao longo de uma semana, ou
c) Período de enxertia de campo - seja, calculada com base na evaporação
Tem-se observado, no Submédio do Vale média diária do tanque classe A, instalado
do São Francisco, duas maneiras distintas na fazenda. Sugere-se utilizar a evaporação
de manejo de água na preparação do porta- ocorrida no período de sábado a sexta-feira,
enxerto, durante o período de 30 a 45 dias para o cálculo da evaporação média diária.
que antecedem a enxertia de campo.
Essa recomendação é válida para cul-
Na primeira opção, muitos produ- turas perenes. O volume de água a ser
tores mantêm as irrigações normais, aten- aplicado em cada subunidade de rega de-
dendo plenamente às necessidades hídricas pende da lâmina de irrigação e do número
das plantas, enquanto outros aumentam de plantas por subunidade de rega.
ainda mais a lâmina de água aplicada nos
Vale salientar que algumas proprie-
dias que antecedem a enxertia, de modo a
dades da Região do Submédio do Vale
aumentar o estado de hidratação da planta
do São Francisco vêm utilizando valores
e facilitar o pegamento do enxerto.
diários de evaporação do tanque clas-
A segunda opção, completamente dife- se A, em vez de valores médios diários.
rente da anterior, vem mostrando melhores Com a sofisticação técnica dos empreen-
resultados. Trata-se de suspender ou reduzir dimentos agrícolas, essa é a tendência que
substancialmente as irrigações, no período deverá prevalecer.
E~=M+~+~+~+~+~+~
7
Em que:
Etm = Evaporação média diária (mm).
Et1, 2, 3... 7 = Evaporação diária (mm).
Frutas do Brasil, 13 Uva de Mesa Produção
Lb = Kp x Kc x Etm x Kl
CU
Em que:
Lb = Lâmina de irrigação (mm).
Kc = Coeficiente de cultura.
Kp = Fator de tanque.
Etm = Evaporação do tanque classe A, média diária (mm).
eu = Coeficiente de uniformidade do sistema de irrigação (%), podendo também ser substituído
pela eficiência de irrigação (%).
KI = Efeito de localização. Para plantas com 6 a 12 meses de idade, utilizar valores de 0,40 a 0,60;
para plantas com idade superior a um ano e meio, utilizar 1,0.
Em que:
NE = Nível de equivalência de água no solo (mm).
CC =
Capacidade de campo em base peso (%).
=
Da Umidade atual em base peso (%).
Da =
Densidade global (g/cm3).
Pr = Profundidade do solo (mm).
Ei = Eficiência de irrigação (%), obtida em teste de campo.
no solo, por meio do sistema de irrigação e a redução das perdas de água por escoamen-
a segunda, ao monitoramento da água no to superficial no final dos sulcos.
volume de solo explorado pelas raízes da
O sistema de irrigação por sulcos
planta. A seguir, apresenta-se uma discus-
presta-se para consorciar a videira com
são referente a cada uma des;as fases.
outras culturas anuais, proporcionando
Manejo da água aplicada ao solo maior eficiência de uso do solo.
a)Período de pré-plantio - Recomen- Quando a videira for consorciada com
da-se proceder como descrito no item outras culturas, as lâminas de água deman-
"Aplicação da água no solo", subitem a. dadas pelas culturas utilizadas devem ser
b)Período de plantio e de desenvolvi- calculadas com base nos seus respectivos
mento inicial- Recomenda-se proceder coeficientes de cultura, pois os sulcos dis-
como descrito no item "Aplicação da água põem-se de maneira independente.
no solo", subitem b, Entre os fatores que influem de ma-
c)Período de produção -Após o desen- neira sigruficativa no manejo de água, des-
volvimento inicial das mudas, as irriga- tacam-se a capacidade de retenção de água
ções devem ser feitas de acordo com a no solo e a eficiência de irrigação.
evaporação do tanque. A lâmina de irriga-
d) Período de repouso fenológico
ção deve ser calculada com base na eva-
Recomenda-se proceder como descrito no
poração acumulada do tanque classe A
item "Aplicação da água no solo", subitem e.
instalado na fazenda e nos parâmetros
tabelados já publicados. Monitoramento da água no solo
O procedimento para o cálculo da O mesmo procedimento utilizado
lâmina de irrigação para os sistemas de para o monitoramento da água no solo, no
irrigação por sulcos é similar ao do método sistema de irrigação por aspersão, deve
de irrigação por aspersão. ser utilizado para os sistemas de irrigação
Quando se trata de sulcos com decli- por sulcos.
ve, deve-se dar um tempo de oportunidade A Fig. 11 ilustra o esquema de insta-
no final do sulco, para se aplicar a lâmina de lação e de leitura dos tensiômetros.
irrigação desejada. Sugere-se o uso de sul-
cos parcialmente fechados no final, visando
Frutas do Brasil, 13 Uva de Mesa ProduCjão
1-
-----{-
h2; AL 1
hm = - (12,6h - h1 - h2)/10
DE
Em que:
hm = Potencial de água no solo (cb).
H20_ h = Altura da coluna de mercúrio (em de Hg).
h1 = Altura do nível de mercúrio na cuba, em
relação à superfície do solo (em).
h2 = Profundidade da cápsula porosa, em relação
CÁPSULA à superfície do solo (em).
POROSA-
Fig. 11. Equemade instalação e de leitura Os dados obtidos deverão ser colocados num
de um tensiômetro de mercúrio. mesmo gráfico, para cada área piloto. A Fig. 12 mostra
o comportamento do nível de água num solo do tipo
Latossolo, sob irrigação por gotejamento. Com base no
As tensôes de água no solo aceitáveis
comportamento desse gráfico, serão feitos os ajustes dos
para o manejo das irrigaçôes dependem do
fatores utilizados no cálculo dos parâmetros de irrigação.
tipo de solo. Para solos arenosos, as tensôes
podemvariar entre 15 e 25 centibarese, para
solos argilosos, podem alcançar de 40 a 60 -35
o o PROF. 30
centibares(Gurovich& Steiner, 1986). • PROF.90
-30