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O Que é Ser Bruxa(o)

Uma bruxa é, antes de tudo, alguém que está em


contato com energias sutis. Olhamos ao nosso
redor e vemos mais do que matéria. Vemos o
íntimo, o Espírito das coisas nas coisas. E
trabalhamos com este espírito. – Fernanda Suhet

Introdução
Bruxa em português, Bruja em espanhol, Sorcière em francês,
Strega em italiano, Witch em Inglês... Cada um desses idiomas nos
daria uma etimologia diferente e, portanto informações diferentes
sobre o que é ser Bruxa(o). Em inglês, por exemplo, “Witch” vem
de “Wise” (sábia), assim como o masculino “Wizard”. Em
contrapartida, em português, é difícil determinar a etimologia do
vocábulo. É muito provável que seja uma palavra já existente em
dialetos falados na Península Hibérnica antes da chega dos
romanos. Assim sendo, a maioria dos autores se baseiam no
Inglês como ponto de partida para dizer “O Que é Ser Bruxa(o)” –
naturalmente, sem levar em conta os livros que são traduzidos do
idioma inglês.

Porém, esse é apenas o primeiro problema de conceituação! Há


outro muito mais relevante: “Bruxa” é uma palavra muito
genérica! Talvez o único ponto de total concordância entre os
bruxos e bruxas seja a adoração da Deusa, todo o resto vai
depender da tradição que se estuda e de uma série de outras
coisas. Pode-se dizer que, hoje em dia, Bruxa(o) seja um sinônimo
de Pagã(o), e sobre essa palavra já há muito mais informação e
consenso. Falemos um pouco da construção da Religião da Deusa
e do desenvolvimento do conceito de “Pagãos”.

O Advento da Nova Religião


Os cultos pagãos foram sendo desenvolvidos à medida que o ser
humano foi compreendendo o mundo que o cerca, e desse modo,
divinizava tudo o que não sabia explicar. Havia um Deus para
fazer o rio correr, um Deus que favorecia a caça, um Deus que
fazia o sol nascer e se pôr, uma Deusa que fazia a Lua nascer e
se pôr, uma Deusa da fertilidade... Tudo isso, baseado na

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observação. Por exemplo, a caça, sendo atividade física, e,
portanto, característica masculina, nada mais natural do que um
Deus (masculino) reger a caça. Outro exemplo é a fertilidade, pois
sendo a mulher quem dá à luz aos bebês (e o mesmo processo
sendo observado em relação às fêmeas dos animais), mais uma
vez se torna óbvio que a Deusa da Fertilidade só poderia ser
fêmea. Foi nesse desenvolvimento de compreensões de divindades
que com o tempo, os Deuses mais importantes foram sendo mais
cultuados. O Deus que fazia chover era importante, mas o Deus
da Caça era mais presente, e com o advento da agricultura, assim
como da pecuária, a Deusa da Fertilidade suplantou a importância
do Deus da Caça, pois cuidava do nascimento dos humanos, do
gado e da plantação. Ou seja, na mesma medida que a espécie
humana foi evoluindo, a sua concepção de Deuses também o foi, e
assim os cultos pagãos foram sendo lentamente desenvolvidos,
experimentados e absorvidos por seus praticantes.

Dando um considerável salto histórico e analisando agora o


período em que o Cristianismo começou a aparecer nas cidades já
estabelecidas, é registrado que os monarcas e líderes adotaram a
Nova Religião antes do povo, e com isso, os demais habitantes das
cidades foram obrigados a se adaptar à mesma. Diferentemente
do processo lento de assimilação da Antiga Religião, a Nova
chegou para o povo das cidades como uma nova cartilha a ser
seguida, mesmo sem entender. Porém, o povo do campo demorou
a ouvir falar sobre a tal Nova Religião, e a grande maioria se
recusou a abdicar de suas crenças para abraçar uma nova,
quando o Cristianismo chegou a eles. Assim, os “Pagani” (povo do
campo) foram associados a “não cristãos”. Ou seja, ser pagão é,
em sua origem, morar no campo, mas podemos dar um passo
além e compreender que é também (ou pelo menos o é
atualmente) cultuar a manifestação dos Deuses na natureza.

Bruxas e Bruxos na Atualidade


Uma vez contextualizados, chegamos à discussão que realmente
nos afeta: “Ser Bruxa(o) na atualidade”.

Vivemos em uma sociedade judaico-cristã, e muitas são as


pessoas que não assimilam como religião o que não for
cristianismo; e ainda pior, há quem considere tudo o que não for
cristianismo como “obra de Satã”. Sendo assim, nossa primeira

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obrigação enquanto bruxos é não revidar o mesmo
comportamento. Mesmo que tenham ideias erradas (e muitas
vezes absurdas) sobre nossas práticas, ainda que não respeitem
nossa visão religiosa, é nossa obrigação respeitar as demais
visões! E mais do que respeitar, é preciso entender que todas as
religiões possuem uma parte da verdade, todas as religiões são
sagradas a seu modo; e o principal: “TODOS OS DEUSES SÃO UM SÓ!”

Ser bruxa(o) não é, e nunca foi, apenas utilizar magia a seu bel
prazer. Ser bruxa(o) é harmonizar-se com o universo, é ser a
mudança que se deseja no mundo, é ser o exemplo que
gostaríamos que outros também fossem! É espargir o Amor, ao
invés de fortalecer a cadeia de ódio que se fortalece cada dia
mais em nossa sociedade. Sim! Nossos irmãos e irmãs foram
queimados e torturados no passado, mas de que adiantará
mantermos a sede de vingança desperta, se podemos, ao invés
disso, privar as próximas eras de tal fatalidade?! Qual o futuro de
uma corrente de ódio como essa? Será saudável se no futuro
houver uma “Inquisição Pagã”? Se passarmos de torturados a
torturadores seremos pessoas melhores? Teremos evoluído? É
fácil perceber que a resposta é “NÃO”...

Assim sendo, ser bruxa(o) é antes de tudo ser Amor. Não temos a
obrigação de perdoar, não temos a obrigação de “dar a outra
face”, não temos a obrigação de sermos passivos! Nossas regras
se baseiam em outra estrutura e em outra noção de atuação em
vida e de post-mortem. Mas, a nós bruxos, cabe romper com a
“Corrente de Ódio”, assim como temos a obrigação constante de
fazer parte da “Corrente do Amor”!

Citações de Outras(os) Bruxas(os)


Perguntei no Facebook “o que é ser Bruxa(o)?” e recebi as
seguintes respostas:

Diego Cristelli
“Ser bruxo é saber viver em harmonia com a natureza, e mesmo
que a vida produza dificuldades, saber que elas existem para um
único propósito, serem superadas, através do dom da fé e da
sabedoria interior, guardada e protegida por quem a domina. Ser
bruxo é saber manusear o tempo e o espaço da forma certa e
secreta para o bem dos que estão à volta, a fim de ajudar e dar
suporte àqueles que necessitam da magia. É saber usar de forma

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única, e ao mesmo tempo universal, o dom que lhe foi dado, para
que o mundo seja um lugar melhor, para que assim, a cada
energia negativa que surja você combata com uma energia
puramente positiva e carregada de emoções poderosas, banindo
as que estejam opostas à sua. Isso e muito mais, é ser bruxo,
apenas cabe àquele que conhece o termo, julgar optando pelo lado
correto, através das experiências e também pela intuição, usando
conhecimentos adquiridos durante o tempo vivido, para optar de
maneira sábia e crítica pelos caminhos do bem, e do que torna o
espaço humano melhor.”

Giovani Landim
“Ser Bruxo é um resgate ao nosso ser, como filhos e filhas da
Graciosa mãe nos faz relembrar de onde viemos do útero
Sagrado e para onde retornaremos, é relembrar tudo que está
dentro de nós, é saber que todos estamos conectados nessa teia
de alguma forma é conhecer que todos os elementos se fazem
presentes em nosso ser. Ser Bruxo é reconhecer em cada ser
vivente seu irmão e respeitá-lo como parte do todo, uma unidade
que faz de todos os povos, irmãos e irmãs, filhos e filhas de um
mesmo pai e de uma mesma mãe. É ser a própria natureza, se
orgulhar disso todos os dias. é se orgulhar e emocionar ao ver
uma simples árvore, ou ao ver o por do sol, o raiar do dia , o luar
rios ,cachoeiras, e sentir que somos parte de tudo e de todos...
Enfim que somos uno! Hail!”

Maria Lua
“Ser bruxa e renovar seu mundo respeitar todas as coisas ao seu
redor, buscar na magia o entendimento do ciclo da vida, amar e
restaurar a antiga arte, plantar a verdade no coração da
humanidade.”

William de Burghersh
“Ser bruxo é usar todo nosso intelecto em prol de nós mesmos,
levando em consideração a Divindade que existe em nós e a teia
imanente que nos une a tudo e todos! Blessed Be!"

Karla Cris
“Ser Bruxo é não ser distraído. Se pensarmos uma escala de 0 a
10 para sensibilidade valeria dizer que as pessoas distraídas estão
entre 0 e 5 e os bruxos 5 a 10. É o que nos diferencia, a
sensibilidade para perceber o movimento da natureza e de tudo a
nossa volta. A sensibilidade para perceber a alegria ou a dor em

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nós mesmos e nos outros. A sensibilidade para saber a hora de
começar ou de parar. A sensibilidade para sabermos quando
mudar é necessário, o que mudar, como e em quem ou que irá
refletir. (...) A sensibilidade para se deliciar com coisas simples e
com tudo que a Deusa criou. A sensibilidade para falar ou
silenciar sabendo discernir exatamente qual a melhor hora e para
que. A sensibilidade para deixar o fluxo da vida seguir com
naturalidade sem precisar criar questionamentos que só fazem
dificultar o fluxo. A Sensibilidade para a gratidão. A sensibilidade
de perceber que ter sensibilidade é um exercício que só aprimora
as sensibilidades complexas, de forma que podemos passar a
perceber com mais facilidade o lugar, as pessoas, as missões, a
saúde, a paz, onde há fluxo e onde há influxo, qual a melhor
vizinhança, qual a melhor ação, qual o caminho mais curto e
seguro. Sensibilidade trabalhada e intencional é o que torna um
bruxo, a intenção potencializada é a bruxaria.

Celta Dayrin
Ser bruxa pra mim é ser uma gota de cada conhecimento.
Atravessamos mutações desde o início dos tempos, somos a
difusão de todas as religiões e de todos os mundos. Somos livres,
podendo caminhar por nossas escolhas entre o bem e o mal, cabe
a cada ser escolher sua trilha a seguir. Ser bruxa é ser uma
alquimista dos mistérios da vida e semear tudo aquilo que você
absorver de bom e necessários para si e para o próximo.
Shanáaa!”

Reflexão Final
Depois de tanta reflexão, ainda nos falta uma. Crowley explicou o
conceito de “magia” como “a arte de causar mudança através da
vontade”. Logo, se na análise mais simples e direta, ser Bruxa(o) é
praticar magia, necessariamente, ser Bruxa(o) é causar mudança
através da vontade...

É com esse pensamento que quero que você assista o filme


indicado para esse estudo. Não assista por assistir, ou por
obrigação. Assista de coração aberto e “passe pra frente”...

Estude também:
y Filme: A Corrente do Bem (Pay It Foward)

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