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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO

MARANHÃO – CAMPUS SANTA INÊS

Jorleanderson Moraes maia

HOMEM, CIÊNCIA E MEIO AMBIENTE

SANTA INÊS
2023
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO
MARANHÃO – CAMPUS SANTA INÊS

HOMEM, CIÊNCIA E MEIO AMBIENTE

Trabalho referente a
reposição para obtenção da
primeira nota na disciplina
de Ciências do Ambiente

SANTA INÊS
2023
Introdução

A relação entre homem, ciência e meio ambiente tem sido objeto de intensa discussão e
preocupação nas últimas décadas. À medida que a sociedade avança em termos de
desenvolvimento científico e tecnológico, torna-se cada vez mais evidente que nossas
ações e decisões têm um impacto profundo no meio ambiente em que vivemos. Esse
impacto se manifesta de diversas formas, desde a degradação dos ecossistemas naturais
até as mudanças climáticas globais, ameaçando a sustentabilidade do planeta e a
qualidade de vida das futuras gerações.

No entanto, essa relação também apresenta um conjunto de desafios e possibilidades


intrincados. Por um lado, a ciência desempenha um papel fundamental na compreensão
dos processos naturais, na descoberta de soluções inovadoras e na previsão de
consequências futuras. Através da pesquisa científica, podemos explorar a
complexidade dos ecossistemas, analisar os efeitos das atividades humanas sobre a
biodiversidade, medir a pegada de carbono e buscar alternativas sustentáveis para suprir
nossas necessidades. Além disso, a ciência também oferece ferramentas poderosas para
monitorar, mitigar e adaptar-se aos desafios ambientais, como tecnologias de energia
limpa, métodos de conservação e práticas agrícolas sustentáveis.

A aplicação prática desses conhecimentos científicos enfrenta uma série de obstáculos.


A primeira é a complexidade dos sistemas naturais, que muitas vezes são interligados e
têm efeitos em cascata difíceis de prever. Além disso, há desafios sociais e econômicos,
como interesses conflitantes, falta de conscientização e vontade política, bem como
barreiras financeiras para a implementação de soluções sustentáveis. A superação desses
desafios requer uma abordagem multidisciplinar, que integre ciência, política,
economia, ética e participação pública.

Paralelamente aos desafios, existem também inúmeras possibilidades na relação entre


homem, ciência e meio ambiente. A conscientização crescente sobre a importância da
sustentabilidade tem levado a mudanças significativas na sociedade, impulsionando a
busca por alternativas verdes e práticas mais responsáveis. O desenvolvimento de
tecnologias limpas e renováveis está se acelerando, oferecendo soluções viáveis para
reduzir nossa dependência de combustíveis fósseis e mitigar os efeitos das mudanças
climáticas. Além disso, a educação ambiental e a divulgação científica têm o potencial
de conscientizar as pessoas sobre a interconexão entre nossas ações individuais e o meio
ambiente, incentivando a adoção de comportamentos mais sustentáveis.

Em suma, a relação entre homem, ciência e meio ambiente é repleta de desafios e


possibilidades. Enfrentar esses desafios requer uma abordagem integral, que combine
conhecimento científico, políticas eficazes, participação da sociedade e uma mudança
de paradigma em relação ao nosso papel no ecossistema global.
Ciência, tecnologia e meio ambiente
O avanço da ciência e da tecnologia tem sido um dos empreendimentos mais notáveis
da humanidade. Esse progresso científico tem levado ao surgimento de sociedades
industriais modernas, caracterizadas pela riqueza e pela expectativa de disponibilidade
desses benefícios para todos. Os frutos desse progresso científico estão visíveis ao nosso
redor, resultando do intenso desenvolvimento tecnológico e da rápida aplicação do
conhecimento e das descobertas obtidas. No entanto, esse avanço também trouxe
desafios significativos para a relação entre homem e meio ambiente. MENON (1992).
No trecho a seguir o autor MENON discorre muito bem sobre a importância da
compreensão da sociedade sobre a utilização correta dos recursos tecnológicos e o papel
na preservação do meio ambiente, de forma a causar o mínimo de impacto possível.
Alguns diriam que é o avanço da ciência e da tecnologia que provocou estes
problemas, com que o mundo ora se depara. Ao contrário, nossos problemas
atuais advêm do modo pelo qual estes avanços foram utilizados. E não há
retorno. Nossa esperança por um futuro melhor reside em desenvolvimento
adicional da ciência e da tecnologia, que possa concentrar os grandes poderes
que elas conferem à humanidade para delinear novos caminhos de
desenvolvimento, os quais podem, e devem, ser seguros e sustentáveis do
ponto de vista ambiental. (MENON, 1992, p. 123).

A comunidade científica desempenha um papel crucial na conscientização atual sobre o


meio ambiente. Os cientistas, por meio de suas pesquisas e estudos, têm contribuído
significativamente para o entendimento dos desafios ambientais que enfrentamos, como
mudanças climáticas, perda de biodiversidade, poluição e degradação dos ecossistemas.
MENON (1992).

Menon (1992) destaca que, através do processo de coleta de dados, análise e


interpretação, os cientistas fornecem evidências objetivas e confiáveis sobre os impactos
das atividades humanas no meio ambiente. Suas descobertas científicas são
fundamentais para informar políticas públicas, orientar tomadas de decisão e moldar
estratégias de conservação e sustentabilidade, e com base nesses dados podem ser
criadas tecnologias específicas para cada determinado problema ecológico.

Através de seus estudos, os cientistas também alertam sobre os riscos e consequências


de ações prejudiciais ao meio ambiente, ajudando a despertar a conscientização e a
urgência de tomar medidas para preservar e proteger o nosso planeta. Essa
conscientização impulsiona ações individuais e coletivas, influencia políticas e promove
mudanças em prol da sustentabilidade. MENON (1992).

Segundo Andrade (2004), quando a ciência e a tecnologia são aplicadas de maneira


sustentável, levando em consideração os impactos ambientais e sociais, é possível
promover o desenvolvimento econômico sem comprometer os recursos naturais e os
sistemas ecológicos essenciais. Isso implica em adotar práticas e tecnologias que
reduzam a pegada ecológica, promovam a eficiência energética, favoreçam o uso de
energias renováveis, incentivem a economia a circular e minimizem a geração de
resíduos e poluentes.
Além disso, a ciência e a tecnologia sustentáveis podem impulsionar a transição para
uma economia de baixo carbono, promovendo a adoção de processos produtivos limpos
e a criação de produtos e serviços com menor impacto ambiental. Essa abordagem
também incentiva a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias verdes, como energias
renováveis, agricultura sustentável, transporte limpo e materiais biodegradáveis.

Ao utilizar a ciência e a tecnologia de forma sustentável, é possível equilibrar as


necessidades humanas com a preservação dos ecossistemas e a proteção do meio
ambiente. Isso contribui para a promoção da justiça social, uma vez que assegura que o
desenvolvimento ocorra com o mínimo de impacto negativo nas vidas das pessoas que
não se beneficiam diretamente da exploração do meio ambiente, beneficiando não
apenas as gerações presentes, mas também as futuras. ANDRADE (2004).

Em resumo, a importância da ciência e tecnologia utilizada de forma sustentável reside


na capacidade de encontrar soluções inovadoras para os desafios ambientais, promover
o desenvolvimento econômico sustentável e preservar os recursos naturais essenciais.
Essa abordagem é crucial para garantir um futuro equilibrado e sustentável para a
humanidade e o planeta como um todo.

inovação, sociedade e meio ambiente

Durante os anos 80, ocorreu uma mudança significativa na perspectiva dos economistas
devido à crescente globalização da economia e à flexibilização dos formatos
organizacionais. Isso levou os pesquisadores a direcionarem sua atenção para a
formação e desenvolvimento de redes como um tema central no campo da inovação.
Assim surgiu o conceito de sistemas nacionais de inovação, nos quais as interações
entre os diversos agentes econômicos, instituições de pesquisa e órgãos governamentais
desempenham um papel fundamental na criação das condições necessárias para
impulsionar a inovação. Nesse contexto, políticas locais e setorizadas ganham
importância vital na compreensão do potencial inovador de uma nação ou região,
independentemente das flutuações da demanda e das características específicas de cada
setor econômico. ANDRADE (2004).

É necessário superar o determinismo presente no discurso econômico, que enfatiza a


lógica e os modelos de inovação baseados na eficiência e racionalidade dos agentes
econômicos. Em vez disso, é fundamental adotar uma abordagem contextual e
multilinear, que reconheça a influência de fatores sociais, crenças e interesses dos
diversos grupos e setores estratégicos envolvidos na atividade tecnológica. ANDRADE
(2004).

Segundo Andrade (2004), o trabalho de Callon contribui significativamente com a ideia


de sociologia na inovação ao ressaltar as inter-relações entre os profissionais da
tecnologia e os setores não técnicos. Ele argumenta que todo engenheiro envolvido em
um projeto tecnológico age como um sociólogo, estabelecendo critérios e
procedimentos técnicos com base em conhecimentos sociológicos. Em resumo, a
compreensão do curso das inovações técnicas requer a análise das práticas dos
engenheiros e seus materiais, considerando também elementos físicos e não humanos.
A relação entre meio ambiente e sociologia é fundamental para compreender os desafios
e as dinâmicas socioambientais da nossa sociedade. A sociologia nos permite analisar
como as estruturas sociais, as relações de poder, as normas culturais e os processos
sociais influenciam e são influenciados pela forma como interagimos com o meio
ambiente.

Através da sociologia ambiental, podemos explorar questões como desigualdade


ambiental, justiça ambiental, movimentos sociais e mobilização em torno de causas
ambientais, e transformações sociais necessárias para uma transição para a
sustentabilidade.

O debate em torno do meio ambiente e avanço tecnológico envolve o dilema entre risco
e inovação. A teoria do risco argumenta que a prática científica e tecnológica gera
instabilidades e incertezas, exigindo vigilância e precaução para lidar com os riscos. No
entanto, a inovação tecnológica, apesar de ser vista como potencialmente arriscada, é
fundamental para o progresso e a renovação social. A inovação não busca apenas novas
tecnologias, mas também a compatibilização entre avanço tecnológico e instituições
sociais existentes. ANDRADE (2004).

Para Andrade (2004) incerteza e o risco são inerentes à inovação, pois permitem a
abertura para o contingente e o imprevisível. A regulação da prática inovativa é
importante para controlar os efeitos indesejados, mas a inovação não pode ser
totalmente controlada, pois a indeterminação é necessária para o desenvolvimento de
novas soluções técnicas. A inovação deve ir além do incremento e da substituição
tecnológica para promover avanços significativos. A abertura para o desconhecido e a
experimentação constante são essenciais para impulsionar a inovação.

A imposição de políticas e instituições pré-determinadas pelos formuladores de políticas


e gestores industriais busca eliminar a incerteza e imprevisibilidade do avanço
tecnológico. No entanto, essa abordagem organizada restringe a capacidade de adaptar a
atividade tecnológica que é um dos elementos cruciais da inovação. Encontrar um
equilíbrio entre diretrizes e espaço para experimentação é essencial para aproveitar todo
o potencial da inovação. ANDRADE (2004).

Andrade (2004) fala também que, a inovação não deve se limitar à criação de novas
tecnologias, mas também envolver a adaptação dessas tecnologias às instituições sociais
existentes. A capacidade de lidar com a incerteza e as contingências da vida moderna é
crucial nesse processo. Ao integrar o avanço tecnológico de forma compatível com as
esferas sociais, a inovação promove soluções mais relevantes e sustentáveis para as
necessidades da sociedade.

Mas infelizmente o excesso de planejamento e controle sobre o progresso tecnológico


introduz fatores não técnicos na transformação tecnológica, visando somente o lucro no
mercado. Isso resulta em restrições à capacidade de assumir riscos e realizar
experimentações livres, devido à formação de estruturas institucionais, financeiras e
econômicas em torno da prática da inovação. Assim, os agentes sociais envolvidos na
inovação são obrigados a se adaptar a práticas de investimento que visam controlar os
aspectos incertos e instáveis da pesquisa tecnológica. ANDRADE (2004).
Com isso, muitos projetos de cunho sociais e ambientais acabam sento colocados de
lado pois não conseguem o devido investimento para serem colocados em pratica. O
foco no controle dos aspectos econômicos e administrativos da inovação acaba
relegando questões sociais e ambientais a segundo plano, prejudicando iniciativas que
poderiam trazer benefícios significativos para a sociedade e o meio ambiente. Essa falta
de investimento adequado impede o desenvolvimento e a implementação de soluções
inovadoras para desafios sociais e ambientais, resultando em perdas tanto para a
comunidade como para o planeta.

Importante salientar que tanto o ambientalismo quanto a teoria do risco desempenham


um papel importante na sociologia ambiental, mas suas abordagens precaucionistas
acabam por restringir a inovação ao negar sua essência de indeterminação. Enquanto o
ambientalismo enfoca principalmente os impactos conhecidos das tecnologias, a teoria
do risco não reconhece plenamente as possibilidades e os potenciais futuros que a
inovação pode trazer. ANDRADE (2004). E é nesse ponto que surge um grande
problema para o desenvolvimento de soluções ambientais advindas da tecnologia
inovação, pois devido a esse contraponto do ambientalismo, os inovadores acabam
evitando o contado com questões do tema por acreditar que serão completamente
limitados por tais questões, pois a inovação esta diretamente ligada a mudança, o que
não é algo que faça parte das questões ambientais que sempre buscam manter tudo
como está, sem alterações.

Ainda no século passado, um grupo diversificado de intelectuais de diferentes correntes


teóricas concentrou suas críticas no desenvolvimento tecnológico ao abordar a crise
ambiental. Barry Commoner, Michel Bosquet e os cientistas do Clube de Roma
destacaram a oposição ao desenvolvimento tecnológico dentro de suas críticas ao
capitalismo industrial. Eles argumentaram que os problemas socioambientais eram
resultado das condições e relações de produção capitalistas, que não levavam em
consideração os impactos ambientais. ANDRADE (2004).

Andrade (2004) ainda destaca que as tecnologias modernas, que dependiam


intensamente de recursos e geravam poluição, foram apontadas como a principal fonte
de desestabilização do meio ambiente. Barry Commoner, em seu livro "The Closing
Circle", ressaltou a poluição como a maior ameaça às condições de vida, destacando as
mudanças tecnológicas como a principal responsável pelo aumento da poluição nos
Estados Unidos. Essa perspectiva sublinha que a poluição não é apenas resultado do
crescimento econômico, mas também da alteração do padrão tecnológico que orienta a
atividade econômica.

Com isso é fácil entender a polarização contraria entre cientistas inovadores e


ambientalistas que se deu a partir de então, pois os ambientalistas preocupados com o
meio ambiente acabaram por gerar prejuízos imensos às grandes empresas da época, e
justamente dos grupos de investidores de grandes empresas que costumam sair os
recursos para investimentos em inovação.

Segundo Andrade (2004) os teóricos ambientalistas costumam abordar a tecnologia de


forma limitada, focando apenas nos efeitos visíveis, como poluição e impactos
ambientais, sem considerar sua complexidade interna. Isso leva a uma redução da
análise tecnológica aos resultados mensuráveis. No entanto, é importante reconhecer
que a tecnologia engloba mais do que apenas esses efeitos, envolvendo também
aspectos como a circulação de recursos e materiais. Portanto, é necessário avaliar de
forma abrangente o contexto técnico, social e ambiental da tecnologia, indo além dos
efeitos superficiais, a fim de compreender sua implicação ambiental de maneira mais
completa.

“Essa aproximação determinista entre tecnologia industrial e poluição ambiental ocupou


durante um bom tempo o topo da agenda ambiental, muitas vezes dentro de uma postura
defensiva e retrógrada.” ANDRADE (2004, p. 97).

Essa abordagem determinista, que associa diretamente a tecnologia industrial à poluição


ambiental, dominou por muito tempo a agenda ambiental, resultando muitas vezes em
uma postura defensiva e resistente à mudança. Nessa perspectiva, houve uma tendência
de limitar e restringir os processos e componentes tecnológicos, sem explorar todo o
potencial transformador que a inovação tecnológica pode oferecer para promover uma
sustentabilidade efetiva. ANDRADE (2004).

O paragrafo acima está diretamente ligado ao termo "Antropoceno" que se refere a uma
nova época geológica marcada pela influência e impacto significativo da atividade
tecnológica humana sobre as condições de vida no planeta. Essa expressão reconhece
que os seres humanos, através de suas ações, têm alterado de forma substancial e única
o meio ambiente, resultando em mudanças ambientais e geológicas significativas. O
Antropoceno representa uma nova era em que os efeitos da atividade humana são
reconhecidos como uma força poderosa e duradoura na história da Terra. PIMENTA
(2022).

É evidente que, se a interferência humana no meio ambiente natural do nosso planeta


ocorrer de maneira irresponsável e negligente, os resultados podem ser catastróficos. O
desrespeito pelos recursos naturais, a poluição desenfreada, a destruição de habitats e a
alteração do equilíbrio ecossistêmico são exemplos de ações que podem levar a
consequências desastrosas para a vida na Terra. É crucial reconhecer a importância de
uma abordagem sustentável e responsável em relação ao meio ambiente, a fim de
preservar nosso planeta para as gerações presentes e futuras. PIMENTA (2022).

Com isso, atualmente, existe um crescente reconhecimento da importância de integrar a


perspectiva da inovação no debate ambiental. Sociólogos construtivistas, economistas e
filósofos que estudam o desenvolvimento tecnológico têm chamado a atenção para as
limitações dos termos utilizados pelo ambientalismo tradicional ao abordar a relação
entre ambiente e tecnologia. Esses estudiosos argumentam que é necessário adotar uma
abordagem diferenciada nesse tema. ANDRADE (2004).

De acordo com Andrade (2004), as abordagens predominantes do ambientalismo em


relação à prática tecnológica se baseiam principalmente em métodos de regulação e
incentivos econômicos, mas não dão ênfase suficiente a formas alternativas de
organização, mudanças institucionais e compartilhamento de experiências. A inovação
desempenha um papel crucial na adaptação das demandas tecnológicas e sociais às
condições ambientais. Portanto, é necessário abandonar uma abordagem limitada e
circunstancial, e adotar uma visão abrangente que considere as múltiplas interações
entre as condições ecossistêmicas e os conjuntos técnicos.

Enquanto o capitalismo industrial pode gerar desperdício, redundância e


incompatibilidade tecnológica, a integração da inovação com a sustentabilidade busca
reduzir o desperdício, promover a eficiência energética, estimular a economia circular e
criar soluções que atendam às necessidades presentes sem comprometer as gerações
futuras. Essa abordagem valoriza a responsabilidade ambiental e social, incentivando a
criação de produtos e serviços que sejam economicamente viáveis, ambientalmente
amigáveis e socialmente justos. ANDRADE (2004).

Para Andrade (2004), o desafio da construção de inovações tecnológicas como


ambientalismo previdente reside na busca por soluções que, além de promoverem
avanços tecnológicos, também sejam ambientalmente conscientes e sustentáveis. Isso
envolve considerar cuidadosamente os impactos ambientais ao longo de todo o ciclo de
vida de um produto ou processo, desde a extração de matérias-primas até o descarte
final. É essencial pensar além dos efeitos visíveis e quantificáveis, levando em conta as
múltiplas interações entre a tecnologia, o meio ambiente e a sociedade.

“Faz-se necessário ir mais além (scaling up), ou seja, abandonar o olhar tópico e
imediato para determinadas tecnologias e processos específicos e procurar entender a
inovação enquanto fórmula de compatibilização complexa de um sistema tecnológico
enquanto ambiente técnico e social.” ANDRADE (2004, p.101).

Para avançar na discussão tecnológica, é imprescindível ir além de meras análises


superficiais sobre máquinas e fontes de energia específicas. É preciso adotar uma
abordagem ampla e abrangente, considerando elementos como o adequado
armazenamento de materiais, a possibilidade de intercâmbio de componentes industriais
e a criação de sistemas de comunicação e transporte abertos. ANDRADE (2004).

A abordagem de questionar o modelo de financiamento e utilização de artefatos e


máquinas pautado pelo capitalismo desperta interesse. Inspirado pelo conceito de
concretização de Simondon, Feenberg propõe uma constante adaptação do design e da
compatibilidade dos objetos técnicos. Essa perspectiva incentiva a busca por
alternativas e soluções inovadoras, visando superar as limitações impostas pelo sistema
capitalista e promover um uso mais consciente e sustentável das tecnologias. É um
convite para repensar as estruturas estabelecidas e explorar novos caminhos na criação
de sistemas técnicos mais equitativos e voltados para o bem-estar coletivo. ANDRADE
(2004).

Andrade (2004) destaca que, a implementação de dispositivos versáteis e altamente


compatíveis desempenha um papel fundamental na resposta às demandas complexas,
permitindo a redistribuição de propriedades técnicas e sociais de forma mais equitativa.
Nessa perspectiva, a Sociologia da Inovação enfatiza a interconexão entre as dimensões
técnicas e ambientais, destacando que os impactos dos projetos inovadores são
percebidos principalmente na transformação dos espaços urbanos e na melhoria dos
sistemas de transporte, em vez de se concentrarem exclusivamente na redução das
emissões de resíduos convencionais. Essas abordagens ressaltam a necessidade de
considerar a integração de fatores sociais e técnicos para alcançar soluções
ambientalmente sustentáveis

Isso mostra as diversas possibilidades de inovação para melhoria do meio ambiente e


social moderno, não ficando preso somente a problemas inteiramente naturais, pois há
varias formas de diminuir o impacto no meio ambiente natural começando pela
aplicação mais assertiva possível dos recursos extraídos para produção de bens e
utensílios tecnológicos por exemplo.
Conclusão

O avanço da ciência e tecnologia trouxe benefícios significativos para a humanidade,


resultando no surgimento de sociedades industriais modernas e na disponibilidade de
recursos tecnológicos. No entanto, também trouxe desafios para a relação entre o
homem e o meio ambiente. É fundamental que a sociedade compreenda a importância
da utilização correta dos recursos tecnológicos e seu papel na preservação do meio
ambiente.

A comunidade científica desempenha um papel crucial na conscientização sobre o meio


ambiente, fornecendo evidências objetivas e confiáveis dos impactos das atividades
humanas. Suas descobertas científicas informam políticas públicas, orientam tomadas
de decisão e promovem estratégias de conservação e sustentabilidade. Além disso, os
cientistas alertam sobre os riscos e consequências de ações prejudiciais ao meio
ambiente, despertando a conscientização e a urgência de tomar medidas para preservar e
proteger nosso planeta.

A inovação tecnológica, quando aplicada de maneira sustentável, pode promover o


desenvolvimento econômico sem comprometer os recursos naturais e os sistemas
ecológicos essenciais. Ela implica em adotar práticas e tecnologias que reduzam a
pegada ecológica, favoreçam a eficiência energética, incentivem o uso de energias
renováveis e minimizem a geração de resíduos e poluentes.

Além disso, a inovação sustentável impulsiona a transição para uma economia de baixo
carbono, promovendo processos produtivos limpos e a criação de produtos com menor
impacto ambiental. No entanto, é importante superar o excesso de controle e
planejamento sobre o progresso tecnológico, que muitas vezes restringe a capacidade de
assumir riscos e realizar experimentações livres. A inovação requer abertura para o
desconhecido e a experimentação constante, além de considerar os aspectos sociais,
econômicos e ambientais. É essencial encontrar um equilíbrio entre diretrizes e espaço
para a inovação, integrando o avanço tecnológico às esferas sociais existentes e a
preservação do meio ambiente de forma saudável à vida humana.
Referências
MENON, M. G. K. O papel da ciência no desenvolvimento sustentável. Revista Estudos
Avançados, 6(15),123-127. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/eav/article/view/9587.
Acesso em 13/09/2022.
ANDRADE, Thales de. Inovação tecnológica e meio ambiente: a construção de
novos enfoques. Revista Ambiente & Sociedade – Vol. VII nº. 1 jan./jun. 2004.

PIMENTA, Pedro Paulo. Antropoceno. Apontamentos para a história de uma ideia.


IN: MARRAS, Stelio e TADDEI, Renzo (Orgs.) O Antropoceno: sobre modos de compor
mundos. Ebook - Belo Horizonte [MG]: Fino Traço, 2022.

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