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Brazilian Journal of Development 117583

ISSN: 2525-8761

A evolução dos cimentos endodônticos: revisão de literatura

The evolution of endodontic cements: literature review

DOI:10.34117/bjdv7n12-491

Recebimento dos originais: 12/11/2021


Aceitação para publicação: 15/12/2021

Ozeir Cavalcante Fernandes


Aluno Finalista do Curso de Bacharelado em Odontologia
Centro Universitário Fametro
Av. Constantino Nery, 3204- Chapada, Manaus-AM
CEP: 69050-000
E-mail: oz.cavalcante432@gmail.com

Júlia Maria Faia Mendes


Aluna Finalista do Curso de Bacharelado em Odontologia
Centro Universitário Fametro
Av. Constantino Nery, 3204- Chapada, Manaus-AM
CEP: 69050-000
E-mail: juliafaia97@gmail.com

Amanda Farias de Oliveira


Aluna Finalista do Curso de Bacharelado em Odontologia
Centro Universitário Fametro
Av. Constantino Nery, 3204- Chapada, Manaus-AM
CEP: 69050-000
E-mail: amandfarias4@gmail.com

Erika Maia de Souza


Aluna Finalista do Curso de Bacharelado em Odontologia
Centro Universitário Fametro
Av. Constantino Nery, 3204- Chapada, Manaus-AM
CEP: 69050-000
E-mail: erikamaia9441@gmail.com

Silas Fernandes Goes


Aluno Finalista do Curso de Bacharelado em Odontologia
Centro Universitário Fametro
Av. Constantino Nery, 3204- Chapada, Manaus-AM
CEP: 69050-000
E-mail: silasfgoes@gmail.com

Mariana Mena Barreto Pivoto João


Doutora em endodontia pela UNESP-FOAR
Professora Doutora do curso de bacharelado em Odontologia do Centro Universitário
Fametro
Av. Constantino Nery, 3204 - Chapada, Manaus - AM, 69050-000
E-mail: mariana.joao@fametro.edu.br

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Gabriela de Figueiredo Meira


Doutora em odontopediatria e docente do curso de odontologia do Centro Universitário
Fametro
Av. Constantino Nery, 3204 – Chapada, Manaus-AM, 69050-000.
E-mail: gabriela.meira@fametro.edu.br

André Luiz Cabral da Silva


Especialista em Endodontia pela ABCD- AM / Fa Serra
Professor Especialista do Curso de Bacharelado em Odontologia do Centro
Universitário Fametro
Av. Constantino Nery, 3204 - Chapada, Manaus - AM, 69050-000
E-mail: alcabrals@live.com

RESUMO
A Endodontia tornou se uma alternativa eficaz no restabelecimento da saúde bucal, dando
importância para toda etapa clínica e principalmente quando se trata da obturação dos
sistemas de canais radiculares. O tratamento endodôntico se dá pela eliminação e
diminuição dos microrganismos no sistema de canais radiculares, através da
instrumentação, desinfecção com solução química auxiliar e a obturação com cimentos
endodônticos, sendo a etapa da obturação a responsável pelo selamento e preenchimento
dos espaços dos sistemas de canais radiculares por um selo hermético com efeitos
terapêuticos, a partir daí o profissional precisa ter o conhecimento sobre as propriedades
dos cimentos endodônticos que serão utilizados. O objetivo desse estudo é apresentar
através de revisões bibliográficas a evolução dos cimentos endodônticos em relação as
suas propriedades físico-químicas e biológicas apresentadas durante seu desenvolvimento
para a contribuição ao tratamento endodôntico. Concluiu que com a evolução desses
materiais avaliou-se as propriedades desses cimentos por serem aceitáveis e bastante
promissoras ao cirurgião dentista de maneira que esses cimentos possam contribuir ao
tratamento para a obtenção de um melhor resultado clínico.

Palavras-chave: Tratamento, evolução, cimentos endodônticos.

ABSTRACT
Endodontics has become an effective alternative in restoring oral health, giving
importance to every clinical stage and especially when it comes to filling root canal
systems. Endodontic treatment involves the elimination and reduction of microorganisms
in the root canal system, through instrumentation, disinfection with auxiliary chemical
solution and filling with endodontic cements, the filling stage being responsible for
sealing and filling the spaces of the root canal systems by a hermetic seal with therapeutic
effects, from there, the professional needs to have knowledge about the properties of the
endodontic cements that will be used. The aim of this study is to present, through
bibliographical reviews, the evolution of endodontic cements in relation to their
physicochemical and biological properties presented during their development for the
contribution to endodontic treatment. It was concluded that with the evolution of these
materials, the properties of these cements were evaluated as they are acceptable and very
promising for the dental surgeon, so that these cements can contribute to the treatment to
obtain a better clinical result.

Keywords: Treatment, evolution, endodontic cements.

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1 INTRODUÇÃO
O cuidado com o sistema estomatognático é de suma importância no
restabelecimento da saúde e é na cavidade bucal que esta atenção se faz necessária, pois
a presença de microbiota bacteriana pode provocar o desequilíbrio na região oral. Um dos
fatores que podem levar a essa alteração, caracteriza-se pela cárie, uma doença crônica e
multifatorial, apresentando instabilidade entre a perda de minerais (desmineralização),
provocando um impacto na saúde bucal dos indivíduos tanto adulto, como crianças
(VASCONCELLOS, 2021).
Existem manejos que envolvem tratamentos preventivos e terapêuticos para a
cárie dentária. Os métodos preventivos, como o próprio nome supõe, visam proteger os
dentes do aparecimento da cárie, incluindo uma boa higienização bucal, assim como de
condições que favoreçam as repercussões danosas. As condutas terapêuticas possibilitam
cessar ou estabilizar a progressão da doença, uma das alternativas para a não perda do
elemento dentário, se tem o tratamento endodôntico, mesmo assim as lesões cariosas não
tratadas comprometem a qualidade de vida da população, desenvolvendo, por
conseguinte, a patologia pulpar, tendo por necessidade a terapia endodôntica (BATISTA;
VASCONCELOS; VASCONCELOS, 2020).
A intervenção endodôntica consiste na manutenção do dente por meio de
prevenção, diagnóstico, tratamento, controle das alterações da polpa e dos tecidos
perirradiculares e prognóstico. Tendo como, tipos de tratamento endodôntico, tratamento
expectante, pulpotomia, biopulpectomia e necropulpectomia. Quando a polpa é afetada
ocorre à inflamação e logo a infecção pulpar, dessa forma o canal radicular é limpo,
modelado e preenchido com materiais obturadores (BURKOVSK, 2019).
Um tratamento endodôntico satisfatório, deve realizar a eliminação dos
microrganismos do sistema de canais radiculares (SCR), através da limpeza e modelagem
restabelecendo a saúde dos tecidos perirradiculares (em casos de lesões), devolvendo a
função do elemento dentário e bem estar do paciente, todas as etapas clinicas são
essenciais para o restabelecimento da saúde dentária, no entanto, o da obturação é a
responsável pelo selamento e preenchimento dos espaços do sistema de canais radiculares
(SANZ et al., 2019).
A importância da obturação é promover a vedação de toda cavidade endodôntica,
manter a antissepsia no canal radicular e proporcionar condições para que ocorra o
processo de reparo tecidual. Esse selamento do canal radicular gera desafios,
principalmente devido à adaptação dos materiais obturadores propostos nos espaços do

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canal radicular, devidamente a modelagem do sistema do canal radicular deficiente,


dificultando assim a adaptação do cone de guta-percha e material obturador
(RODRIGUES; PAIVA, 2019).
Constituição da obturação é feita pelos cones de guta-percha que apresentam
estabilidade dimensional, não aderem às paredes dentinárias, não alteram a cor dentária,
radiopacos e de fácil remoção. E a outra parte da obturação é constituído pelos cimentos
endodônticos que devem alcançar o melhor resultado clínico, idealmente, combinada por
um selamento hermético com efeitos terapêuticos, de fácil transporte ao canal e que
estabeleça propriedades físico-químicas compatíveis, sendo fundamental para o tecido
periapical com finalidade de redução da interface presente entre a guta pecha e a parede
dentaria (ELTAIR et al., 2018; GUEDES et al, 2021).
Os cimentos endodônticos apresentam uma função primordial na obturação, além
de serem biocompatíveis, devem selar as interfaces existentes entre os materiais de
obturação e entre a parede do canal radicular, com o intuito de alcançar uma obturação
em três dimensões de forma hermética e efetiva. Esses cimentos ainda devem ser capazes
de penetrar nos canais acessórios, laterais e túbulos dentinário não preenchidos pela guta-
percha, a fim de evitar o insucesso do tratamento ao longo prazo (CASTRO et al., 2020;
GUEDES et al, 2021).
Portanto, nota-se a eficácia dos cimentos e suas vantagens ao tratamento
endodôntico. Dessa forma, o objetivo desse estudo foi realizar uma revisão da literatura
sobre a evolução dos cimentos endodônticos e suas propriedades desenvolvidas
atualmente.

2 REVISÃO DE LITERATURA
Esta revisão tem por objetivo apresentar a evolução dos cimentos endodônticos
utilizados nos últimos anos, abordando suas propriedades físico-químicas, assim como as
vantagens na prática clínica, publicados no período de 2011 até 2021. As referências
bibliográficas foram realizadas em forma eletrônica nas bases de dados do PubMed,
DOAJ, Scielo, Dialnet e Google Acadêmico. Foram utilizados os seguintes termos para
a pesquisa: dental cements; bioceramic cement; root bioceramic cement; obturation
endodontic; obturação de canais radiculares; cimentos endodônticos, cimento sealer, e
cárie dentária, no período de quatro meses entre agosto e novembro de 2021.
Na Endodontia, os cimentos utilizados precisam ter uma boa adesão entre os
cones e paredes radiculares, precisam proporcionar uma vedação hermética, ser

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radiopaco, de fácil manipulação, bacteriostático, não deve manchar as estruturas


dentinarias, insolúveis nos tecidos, de fácil remoção do canal radicular e biocompatível
com o tecido periapical, possuir uma fluidez que permitirá a introdução do material em
pequenos espaços e irregularidades principalmente porque induzem a formação de
hidroxiapatita durante a colocação do material (CANDEIRO et al., 2019; FONSECA et
al., 2017; FRANÇA et al., 2019). São propriedades que devem fazer parte do cimento
endodôntico para obtenção de resultados clínicos favoráveis e aceitáveis para o
restabelecimento da saúde do dente (KOMABAYASHI et al., 2020).
O cimento à base de óxido de zinco e eugenol (OZE) foi introduzido na endodontia
para obturação de canais radiculares, é conhecido por ter presa na reação entre esses
componentes que possuem alta atividade antibacteriana e escoamento otimizado quando
seguido os passos de manipulação do fabricante (DONG et al, 2020). Esse cimento é
apresentado na forma de pó e líquido, destacando a capacidade de selamento e
solubilidade, variam diretamente em função da proporção pó/líquido. É radiopaco, de
fácil manipulação, como também possui uma boa adesão na dentina (CASTRO et al.,
2020). Reduzindo a inflamação ou ação antibacteriana e apresentando uma boa
biocompatibilidade (COELHO et al., 2012).
O Cimento de hidróxido de cálcio (CaOH2), promove uma densidade óptica com
radiopacidade maior, é bioativo liberando íons que estimulam uma resposta pulpar, o
hidróxido de cálcio possui pH alcalino tornando sua atividade antimicrobiana ligada a
dissociação iônica em íons hidroxila e íons cálcio e não promovem reações tóxicas
quando inserido ou quando entra em contato com o tecido vivo, sendo um material
biocompatível e promove ação anti-inflamatória e formação de tecido duro (AGUIAR et
al, 2021; BALDI et al., 2019).
Apresenta baixa solubilidade e biocompatibilidade adequada, à base de hidróxido
de cálcio estimulando a menor inflamação no tecido periapical e absorve a maioria de
CO2 presente na região, inibindo o desenvolvimento bacteriano. A manipulação deve ser
eficiente para chegar a uma cor uniforme, viscosidade adequada e boa condutibilidade
térmica (DAUSAGE et al., 2017). O Ca (OH)2, tem como objetivo evitar a contaminação
do canal radicular e manter a cadeia asséptica, dentre os benefícios de seu uso destacaram-
se a sua atuação como indutor na formação de tecido duro (NASCIMENTO et al., 2018).
Os cimentos à base de resina epóxica tem sido considerado bastante eficazes pelas
suas propriedades como: radiopacidade, biocompatibilidade e bom tempo de trabalho,
também apresenta propriedades biológicas e físico-químicas satisfatórias, e tem sido

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utilizado como parâmetros frente a novos cimentos (COELHO et al., 2012; FIORUCCI;
OROSCO, 2019). Cimentos resinosos possuem alto escoamento, preenchendo as
irregularidades do canal radicular e os espaços existentes entre os cones de guta-percha e
as paredes dentinárias promovendo um bom selamento do SCR (NASCIMENTO et al.,
2018).
A vedação entre o cimento resinoso e a dentina possui menor infiltração ao tempo
de presa (DONNERMEYER et al., 2018). Dispõe maior atividade antibacteriana,
bactericida causando a morte das bactérias e bacteriostático inibindo o crescimento
bacteriano no interior do canal radicular como uma das características. Apresentando
fluidez adequada, espessura de película e bioatividade suficiente que possa ser utilizado
em aplicações clínicas (SUN et al., 2020).
O agregado de trióxido mineral (MTA) é um cimento usado extensivamente para
terapias de polpa vital, protegendo montagem de degraus durante procedimentos
endodônticos regenerativos, barreiras apicais em dentes com polpas necróticas e ápices
abertos, auxilia na vedação de perfuração, bem como obturação de canais radiculares e
obturação endodôntica durante a endodontia cirúrgica (TORABINEJAD, 2017). Esse
cimento forma um pó de finas partículas hidrofílicas que tomam presa quando entram em
contato com a umidade, ao encontrar um ambiente úmido, o pó torna-se um gel coloidal
logo em seguida apresenta-se em estrutura rígida, com propriedades físicas como
liberação de cálcio, atividade alcalinizante, radiopacidade, solubilidade e porosidade
(SIBONI et al., 2017).
Cimentos à base de silicato de cálcio como agregado de trióxido mineral,
apresenta uma excelente capacidade de vedação e biocompatibilidade, esses cimentos são
manipulados para muitas aplicações clínicas, como capeamento pulpar em dentes
decíduos e permanentes, preenchimento do sistema canal radicular e contém uma
expansão maior, tem fluxo adequado, baixa solubilidade e é indicado para uso em
obturação termoplástificada, favorece a formação dos tecidos duros, apresentam respostas
inflamatórias aceitáveis na manutenção da vitalidade pulpar quando empregados como
agentes de capeamento (TORABINEJAD, 2017; ZAFAR; JAMAL; CHAFOOR, 2020).
Cimentos biocerâmicos são materiais constituídos por silicatos de cálcio, óxido
de zircônio, fosfato de cálcio monobásico. Retratam ótimas propriedades de
biocompatibilidade que ocorre por conta da sua equivalência com o processo biológico
em composição de hidroxiapatita e obtendo uma resposta regenerativa no organismo,

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selantes biocerâmicos mais recentes foram desenvolvidos para apresentar similares


características (FALCÃO et al., 2018).
Tem o mesmo potencial e pode modular o ambiente apical do tecido, permitir a
cura previsível, apontam ótimas propriedades físico-químicas e biológica, com ph
alcalino, atividade antimicrobiana, radiopacidade, biocompatibilidade, possuem um alto
teor de escoamento do canal radicular, desta forma deve ser acompanhada com o cone de
guta pecha para apresentar uma adequada adesão. (WASHIO; MOROTOMI; YOSHII;
KITAMURA, 2019).
A bioatividade vai ainda mais longe, é apenas atribuída aos materiais que são
capazes de induzir uma resposta desejada do tecido pelo uso de abordagens biomiméticas,
estando relacionado aos efeitos celulares induzidos por íons biologicamente ativos e
substâncias liberadas de biomateriais no campo da engenharia de tecidos, mas conhecidas
como capacidade do biomaterial de formar mineral de hidroxiapatita em sua superfície in
vitro, in vivo e no campo da ciência do biomaterial (SANZ et al., 2019). A bioatividade
de um cimento biocerâmico no canal radicular apresenta capacidade de deposição de
tecido duro e diferenciação odontogênica de células-tronco germinativas humanas
(GIACOMINO; WEALLEANS; KUHN; DIOGENES, 2019).

3 DISCUSSÃO
O presente estudo avaliou a evolução das propriedades dos cimentos endodônticos
que ao longo do tempo esses materiais tiveram uma grande melhora e desempenho em
relação a obturação do canal radicular e na elaboração deste estudo notou se que os
cimentos endodônticos, apesar de sua constante evolução, ainda predominam o bom
escoamento e biocompatibilidade. Nos cimentos utilizados na endodontia, no entanto
materiais recentes desenvolvidos precisam de estudos mais aprofundados principalmente
quando se trata da bioatividade dos cimentos biocerâmicos, por outro lado, as
propriedades acima não devem interferir nas características dos cones de guta percha e ao
mesmo tempo necessitam ser tolerados pelos tecidos periapicais (FAGOGENI et al.,
2019).
A ação antimicrobiana é preponderante na eliminação dos remanescentes
microbianos no preparo biomecânico, todavia, precisa associar a um alto poder de
escoamento e preencher os espaços vazios que a instrumentação, limpeza química não
alcançam (SEUNG et al., 2018). Os cimentos à base de óxido de zinco e eugenol, apontam
boa tolerância pelos tecidos apicais, impermeabilidade, boa radiopacidade e escoamento

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eficiente. Sendo assim, a compressão deve ao fato da quantidade de eugenol encontrada


nos selantes endodônticos por não serem tóxicos (FONSECA et al., 2017). Foram
apresentadas algumas desvantagens dos cimentos OZE, como maior solubilidade quando
comparados a outros cimentos endodônticos como os cimentos AH PLUS, maior risco de
manchar a coroa dentaria e enfatiza que o eugenol quando entra em contato com os tecidos
periapicais têm poder citotóxico (DONG et al, 2020).
O hidróxido de cálcio é embasado pelas propriedades químicas apresentadas
como: ação antibacteriana (bactericida e bacteriostático) promove efeito mineralizador,
neutralizante de substância tóxica, inibição de reabsorções inflamatórias e função de
barreiras físicas (NAJJAR et al., 2019). O Hidróxido de cálcio é o cimento mais utilizado
para combater bactérias no SCR, porém, quando aplicado isoladamente pode não
conseguir eliminar esses microrganismos (BENNETI et al., 2019). E devido ao seu
selamento marginal deficiente pode ocorrer micro infiltrações devido a sua utilização
como material não definitivo (ULUSOY; OLCAY; ULUSOY, 2020).
Cimentos resinosos apresentam excelentes propriedades físico-químicas, fluxo
adequado e alta radiopacidade (CANDEIRO et al, 2019), entretanto, apresentam uma
redução significativa na sua adesão a parede do canal radicular (VASCONCELLOS et
al., 2021). Dentre todos os cimentos, o resinoso foi o que demostrou baixa toxidade
celular e não apresentam potencial de bioatividade adequada para o uso clínico
(FONSECA et al., 2017). Mesmo assim, a citóxidade desses cimentos podem levar a
degeneração das células quando entram em contato com o tecido periapical, apresentam
uma inflamação mais intensa e duradoura e tem maior potencial de irritação dos tecidos,
ainda foi destacado a grande importância em estudar a biocompatibilidade e bioatividade
desses materiais recentes desenvolvidos (SUN et al., 2020).
O MTA é um cimento vastamente utilizado por apresentar resultados satisfatórios
na sua obturação retrógrada, possuindo propriedades físico-químicas e biológicas
apropriadas em diversos casos clínicos, principalmente por sua biocompatibilidade
indispensável e seu potencial de ação osteoindutivo (FALCÃO et al., 2018). Utilizado
como material de obturação retrógrada é indiscutível, entretanto, o MTA é uma alteração
do cimento de Portland, na qual ainda encontra se algumas limitações em relação ao seu
custo e dificuldade na remoção do material em um retratamento endodôntico devido à sua
dureza e o maior tempo gasto no processo para remover partes significativas de resíduos
gerados (HADDAD; AZIZ, 2016).

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O agregado trióxido de mineral (MTA) possui uma boa resposta inflamatória


tecidual, menor infiltração devido ao seu PH básico, no entanto, quando é submetido a
um ambiente ácido, á aparecimentos de falhas permitindo a entrada de bactérias para o
interior do dente dificultando o processo de cicatrização (TORABINEJAD, 2018).
Portanto, para evitar falhas, esse cimento precisa apresentar associação com proteína
morfogênicas do osso levando a um nível de produção adequada de células e
consequentemente a uma maior e mais rápida mineralização da estrutura dentaria
(DAWOOD et al., 2017).
Materiais biocerâmicos apresentam boas propriedades seladoras sendo eficiente
de aumentar a resistência dos dentes tratados (BENETTI et al, 2019). Os biocerâmicos
apresentam biocompatibilidade aceitável, não induzindo efeitos citotóxicos críticos, por
tanto, para estimular sua aplicação clínica, observou se a necessidade de estudos mais
aprofundados, in vivo (BUKHARI; KARABUCAR, 2019).
Assim, estas substâncias foram aplicadas na prática odontológica, principalmente
devido a sua alta biocompatibilidade e elevada atividade antibacteriana. Esses cimentos
não sofrem contração volumétrica, são quimicamente estáveis no ambiente biológico e
possuem maior resistência de união à dentina radicular, além do mais, sua característica
diferencial é a bioatividade, que tem capacidade durante o processo de endurecimento ou
presa em formar hidroxiapatita, que desempenha sua ligação entre dentina e o material
obturador tornando se simples e com resultados (GIACOMINO; WEALLEANS; KUHN;
DIOGENES, 2019).
Neste sentido, os estudos referentes aos cimentos endodônticos e sua constante
evolução, notou-se que ainda são encontrados selantes com algumas limitações como
poder citotóxicos apresentados no oxido de zinco e eugenol, diferente do hidróxido de
cálcio e o resinoso que apresentam características essenciais como um bom escoamento
e são biocompatíveis quando entra em contato com os tecidos perirradiculares. No
entanto, os cimentos que apresentam um melhor desempenho ao tratamento endodôntico
são o MTA e os biocerâmicos por possuírem uma bioatividade excelente e resistência a
união com a dentina radicular contribuindo para o sucesso do tratamento endodôntico,
sendo fundamental estudos mais aprofundados relacionados a bioatividades desses
cimentos.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao analisarmos os estudos através da Revisão da Literatura, de autores diversos,
no que diz respeito "A Evolução dos Cimentos Endodônticos", concluiu se de que com o
passar do tempo foram descobertos e estudados novos cimentos com desempenhos
otimizados e favoráveis contribuindo ao tratamento e proporcionando opções melhores
ao profissional na escolha desses materiais.
No entanto, alguns cimentos recentes desenvolvidos mostraram necessidade de
estudos in vivo mais aprofundados para melhoria dos resultados clínicos.

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