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de orixás que acompanham esta obrigação de muito fundamento da nação africana.

O peixe, significa fartura e


prosperidade, é o símbolo da riqueza para os seguidores da religião africana. Geralmente a levantação do peixe é
realizada numa sexta-feira, enquanto o pessoal vai na praia para entregar os axés, o pai ou mão de santo
(sacerdote de Orixá) fica fazendo preparando os orixás que estavam arreados; fazem o que chamamos de " miosé
" , e logo os arruma nas prateleiras. Quando o pessoal chega da praia, já começa a obrigação de matança das aves
que é para saudar os Orixás que estavam arreados, e também cortar as aves para os Ibêjes, pois destas, será feito
a canja que será servida na "mesa das crianças", que antecede a obrigação de terminação.

"MESA DOS IBEJÊS E FESTA DO PEIXE" - ENCERRAMENTO

Mesa de Ibêjes: No sábado, após o por do sol, é realizada a cerimônia dedicada aos Ibêjes, e desta, fazem parte
grande número de crianças. Estende-se uma toalha no centro do salão e coloca-se ali: doces de toda qualidade,
inclusive doces de calda, arroz de leite, doce de abóbora, doce de batata doce, sagu, ambrusia, doce de coco,
bolos, tortas, balas, pirulitos, bombons, um amalá, uma vela grande vermelha e branca, um bouquê de flores, as
quartinhas de Oxum e Xangô, mel. Primeiramente é servido a canja feito com as aves sacrificadas para os ibêjes,
e em seguida os doces. Ao som de "rezas" (axés", cantigas) que fazem parte desta obrigação, as crianças sentam-
se no chão ao redor da toalha, e são servidas em número múltiplos de 6 (12,24,etc.). As crianças de colo vão
acompanhadas, e mulheres grávidas também sentam-se a mesa, depois de da canja, são servidos doces e
refrigerantes; distribui-se brinquedos. Nesta obrigação sempre "descem" alguns Orixás, principalmente Xangô e
Oxum. Ao terminar de comer, as crianças recebem uma colher de mel, um gole de água, suas mãos são lavadas e
enxugadas, levantam-se, dão voltas na mesa, ao som do alujá de xangô, enquanto é recolhido o que sobrou na
"mesa" para ser colocado no peji. Os orixás são "despachados" e ficam em axerô (erê), brincam com as crianças,
cantam, dançam etc... e é encerrada esta parte da obrigação. O pessoal descansa um pouco, pois logo em seguida
começará o batuque de encerramento das obrigações.

FESTA DO PEIXE OU "TERMINAÇÃO"

È uma cerimônia semelhante a primeira festa realizada no sábado anterior. Porém, desta vez não teremos a
obrigação da "balança". A obrigação se inicia pela "chamada" dos Orixás à porta do "quarto de santo". Depois
começam as "rezas" (cantos) para Bará, Ogum, Iansã, Xangô, Odé, Otim, Obá, Ossãe, Xapanã, guando termina o
axé de Xapanã despacha-se o "ecó" (conforme descrito antes) e da Oxum, Iemanja e Oxalá. Os Ibêjes, já foram
homenageados anteriormente na "mesa de Ibêjes". Se tiver entregas de axés (axé de facas e axé de búzios), a
cerimônia é feita após o axé da Oxum, estes graus de investidura são entregues somente aos "filhos" que tenham
"aprontamento completo" e que gozem de confiança do "pai ou mãe de santo", e a partir daí estão aptos para se
tornarem, também, babalorixas ou Ialorixas. Num determinado momento do axé do pai Oxalá, estende-se o Alá,
no "salão"; sob este pano branco, as pessoas dão uma volta na "roda"(de dança) para obter as bênçãos do orixá.
Terminado o axé de Oxalá, é feito uma obrigação, na qual os Orixás Ogum e Iansã, simulam uma bebedeira e o
combate de espada entre si, para lembrar a "passagem" (história oral) em que Iansã, legitima esposa de Ogum,
embebeda o Orixá para fugir com Xangô. Na dramatização do fato incluem-se a Adaga de Ogum e a Espada de
Iansã, para simulação da luta, e garrafas contento "Atã" (uma bebida ritualisticamente preparada para o Orixá
Ogum) , que os dois Orixás simulam beber , e Ogum acaba ficando "bêbado", dando margem para traição de
Iansã.

Terminada a "festa", há distribuição dos "mercados", as comidas rituais preparadas para os Orixás; neste é
obrigado ter peixe junto com outras iguarias como: acarajé, frutas, pipoca, polenta, etc.... Estes alimentos são
condicionados em bandejas descartáveis e enroladas em papel de embrulho, para que as pessoas levem para suas
casas a energia dos orixás, contidas nas "comidas". É bom deixar bem claro que nem todos os terreiros e casa de
nação tenham um segmento único, cada um tem seu particular ritual e as diferenças existem, cada um faz de
acordo com que aprendeu na sua raiz. As idéias contidas nestes textos, não são para porem a público os segredos
dos rituais, pois tudo que está escrito não representa um quinto das obrigações feitas nos terreiros, a cada passo
de uma obrigação de festa ou de matança envolve inúmeros afazeres que se fossemos escrever daria um livro de
proporção enorme, já que nossos fundamentos são passados de forma oral, não teria por que expor os segredos, o
conteúdo deste site, no entanto serve para os interessados na cultura africana, conhecerem um pouco do nosso
batuque praticado no sul do Brasil. Para formar um Babalorixá ou uma Ialorixá, leva-se muitos anos, não seria
estas poucas linhas o todo de nossa religião,. Não sou fanático pela, porém, amo demais os Orixás, tenho
consciência de seus poderes, e vou fazer o que puder para a preservação do culto, com as bênçãos de Oxalá.
NAÇÃO

Nação Cabinda

A nação Cabinda, originária de Angola, adotou o panteão dos Orixás Iorubas, embora estas divindades Bantus
teriam como nome correto Inkince.

Os Inkinces são para os Bantus o mesmo que os Orixás para os Yorubás, e o mesmo que os Voduns são para os
Jêjes. Não se trata da mesma divindade, cada Inkince, Orixá ou Vodum possui identidade própria e culturas
totalmente distintas. A linguagem ritual originou-se predominantemente das línguas Kimbundo e Kikongo; são
línguas muito parecidas e ainda utilizadas atualmente. O Kimbundo é o segundo idioma nacional em Angola. O
Kikongo, provém do Congo, sendo também falado em Angola.

Aqui no Rio Grande do Sul a raiz forte da Cabinda foi o Sr. Valdemar Antonio dos Santos, filho do Orixá Xangô
Kamucá Baruálofina; e uma de suas descendentes foi a Sra. Madalena de Oxum, que se destacou grandiosamente
dentro desta nação.

Outros que se iniciaram pelas mãos de Valdemar de Xangô, e alguns, com sua morte passaram para as mãos de
Mãe Madalena de Oxum: Pai Tati de Bará, Mãe Palmira de Oxum, Ramão de Ogum, Moacir de Xangô (tinha o
apelido de Guri Bontito), Pai Mario de Ogum e Pai Nascimento de Sakpatá, oriundo de outra nação. Depois
foram surgindo outros ícones da nação Cabinda, onde podemos citar Pai Romário de Oxalá, filho de santo de
Mãe Madalena de Oxum; Mãe Olê de Xangô, mulher de Pai Tati de Bará; Pai Henrique de Oxum, enteado e filho
de santo de Mãe Palmira de Oxum; Pai Adão de Bará de Exu Biomi; Pai Cleon de Oxalá; Antonio Carlos de
Xangô, Alabê e Babalorixá, Mãe Marlene de Oxum, filha de santo de Pai Romário; Pai Paulo Tadeu de Xangô;
Pai Genercy de Xangô; Hélio de Xangô, Pai Adão de Bará; Didi de Xangô; João Carlos de Oxalá, de Pelotas;
Juarez de Bará; Pai Gabriel de Oxum, que foi um grande Babalorixá da Nação Cabinda, filho de santo de
Romário de Oxalá; Lurdes do Ogum; Enio de Oxum, também da casa de Pai Romário; Luiz vó da Oxum Docô,
foi filho de santo de Pai Romário de Oxalá; Ydy de Oxum, filho de santo de Pai Henrique de Oxum, entre muitos
outros que conservam, ainda, os fundamentos desta Nação tão importante nos rituais Africanos do Sul.

Os praticantes da Nação Cabinda também se valem dos rituais da Nação Ijexá, já que esta última é atualmente a
modalidade ritual predominante aqui no Rio Grande do Sul; a diferença se dá basicamente no respeito à memória
de seus ancestrais e a outros fatores como o início dos fundamentos da Nação Cabinda, que é justamente onde
termina os das outras Nações: o cemitério.

O Orixá Xangô é considerado Rei desta nação, e é o dono dos Eguns, juntamente com Oyá e Xapanã; E o culto
aos Eguns é tão forte que na maioria dos terreiros desta nação, se encontra o assentamento de Balé (culto aos
Eguns); Os filhos de Oxum, Yemanja e Oxalá, podem entrar e sair de cemitérios quando necessário for, sem
nenhum prejuízo a sua feitura, já nas outras nações estes só entram no cemitério em extrema necessidade; Se
estiver acontecendo uma festa num terreiro de Cabinda, e se o Orixá Xangô, tendo recebido oferendas de quatro
pés, e vier a falecer algum membro da casa ou da família religiosa, não ficará a obrigação prejudicada, conforme
acontece nos outros terreiros, nos quais teriam que interromper toda a obrigação.

Os Orixás cultuados na Nação Cabinda são os mesmos da Nação Ijexá acrescentando Bará Elegba, Oyá Dirã e
Oyá Timboá que são cultuados em alguns terreiros desta Nação. Na maioria das vezes as oferendas também são
iguais com pouca diferença como por exemplo a obrigação do peixe que em alguns terreiros de Cabinda
oferecem Pintado a determinados Orixás, que no Ijexá damos Jundiá.

Nação Jêje

Quando se fala em Nação Jêje, aqui no sul do Brasil, logo se lembra do Pai de Santo mais famoso desta nação
que foi o Pai Joãozinho de Bará (Exu Bý), que sem dúvidas foi a maior expressão desta nação, famoso no Brasil
e em outros países como Uruguai e Argentina. Ele era filho de Santo de Mãe Chininha de Xangô Aganju, a mais
antiga mãe de santo da nação Jêje que se tem notícias aqui no Rio Grande do Sul. A primeira filha de santo de
pai João foi a Sra. Vandina de Oxum e depois dela vieram outros importantes adeptos do Jêje que se tornaram
Babalorixás ou Yalorixás feitos pela mão de Pai Joãozinho de Bará como a Tia Nica de Bará, Alzira de Xangô,
Dêde de Oxum, tio Cristóvão de Oxum, tia Conceição (irmã de Cristóvão de Oxum), Valdomiro de Bará Lodê,
muito respeitado e temido por todos, foi um dos maiores feiticeiros de que se teve conhecimento no Rio Grande
do Sul; Cotinha de Xangô, Valina da Oyá, irmã de Vandina de Oxum; Pai Pirica de Xangô, Jurema de Xangô,
tamboreira, teve sua iniciação pelas mãos de Pai Paulino de oxalá da Nação Ijexá , e com a morte deste passou a
ser filha de santo de pai João, Evinha de Xangô, também uma das melhores tamboreiras do sul; tia Licinha da
Oyá, vó Aurora do Ogum, vó de Pirica de Xangô; tia Eva de Bará, João vó da Oxum Docô, falecido em outubro
de 2003; Rosália de Odé, Landa de Bará, Tirôni de Xapanã; Rení da Iansã, filha de criação do Pai João; Pequeno
de Bará Lodê, esposo de Reni de Oyá; Tia Tereza de Oxalá, filha carnal de Alzira de Xangô; tia Jaci de Yemanja;
Valdir de Xangô, Mesquita de Xangô, Nadir de Ogum, Zé de Xangô, tio de Valdir de Xangô; Nelson de Xangô,
Pai de Santo de Vinicios de Oxalá; Zé da Saia de Xangô; Ziza de Odé, Zaida de Oxalá; Julieta de Odé, Patinha
de Bará, Marta de Bará, famosa por sua vidência, também praticava Umbanda, as mulheres grávidas faziam filas
para saber qual era o sexo do filho, quando a pessoa entrava em seu portão ela já sabia o que foi fazer em sua
casa; Leda de Xangô, também famosa por seus feitos na Umbanda e vidente das melhores, tenho muitos
agradecimentos a esta grande mãe de Santo; Santa de Yemanja, Catarina de Ogum, Tião de Bará, Elaine de
Oxum, Cleusa de Oyá, Elza de Oxalá, morava no Rio de Janeiro, para onde Joãozinho de Bará viajava
freqüentemente. A Nação de Jêje puro já deixou de existir a muito tempo, a maioria das casas praticam junto a
nação Ijexá (Nagô), cujas rezas e rituais são utilizadas por todas as casas de batuque do Rio grande do Sul e para
os países onde o ritual africano, do sul, foi levado como Uruguai e Argentina. Nas festas de ritual Jêje as rezas
não são na linguagem Yorubá e sim na linguagem Fon, e a dança é feita de par, as pessoas dançam de par uma de
frente para o outra e alternam os lugares conforme muda o rítimo dos tambores. Os tambores usados para os
rituais são parecidos com os tambores da Nação Ijexá, embora sejam em tamanhos bem menores e sempre tem
que ser em número de dois tambores, um toca com dois Aquidavís e o outro faz a marcação com um só aquidavi,
que são os famosos "pausinhos", erradamente usam-se o termo "Jêje de pausinhos', que na verdade são os
Aquidavís usados para tirar o som dos tambores de Jêje, o acompanhamento é feito por um instrumento chamado
Gãn. Joãozinho de Bará e Tia Licinha, sua irmã, tocavam Jêje juntos, dizem que era um dos melhores rituais
quando esses dois se juntavam.

Joãozinho do Bará doutrinava muito bem seus filhos de santo, ensinava os filhos a tirar as rezas dos Orixás e a
tocar tambor; ele ensinava os filhos tocando na mesa com duas colheres e no outro dia já os colocava a tocar no
tambor com os aquidavís, e com certeza logo aprendiam. Ele foi uma árvore que deu muitos frutos, eu diria que
foi João de Bará no Jêje e Manoelzinho de Xapanã no Ijexá. Ainda há algumas casas que conseguem fazer o
ritual Jêje, destas podemos citar a casa de pai Pirica e a do Tião do Bará e seus descendentes, que também
completam seus rituais com as rezas da nação Ijexá de linguagem Yorubá, mas são nestes terreiros que ainda se
vê acontecer o ritual jêje-nagô à moda antiga. O que é chamado de nação Jêje é o ritual africano formado pelos
povos fons vindo da região de Daomé, hoje Benin. Os povos Jêjes, chegados ao Brasil, em sua grande maioria se
estabeleceram em São Luiz do Maranhão, onde ainda existe a Casa das Minas, Salvador e Cachoeira de São
Félix (Bahia), Rio de Janeiro e para o Rio Grande do Sul sabe-se que vieram alguns descendentes do Daomé,
inclusive um príncipe. O Daomé foi colônia de diversos países , e quando passou a ser propriedade da Grã-
Bretanha, os Ingleses tiveram que entrar em acordo com os Reis e príncipes negros que governavam as terras.
Um desses acordos resultou a vinda de um príncipe de São João Batista de Ajudá, que deixou sua terra na Costa
da Mina; este escolheu o Brasil, inicialmente fixou-se em Rio Grande e, mais tarde foi para o interior de Bagé,
onde ficou conhecido por manter viva a tradição religiosa Africana. De Bagé veio para Porto Alegre, adotou
como nome Custódio Joaquim de Almeida, conhecido no meio religioso como Príncipe Cústódio. Seu ilê era
freqüentado por figuras importantes da época, inclusive foi ele quem fez o assentamento de um Bará no mercado
público de Porto Alegre, onde todos adeptos do culto africano fazem reverencia cada vez que terminam uma
obrigação aos seus Orixás.

Nação Oyó

A maioria dos rituais africanos praticados dentro do Rio Grande do Sul, vem do interior da África,
principalmente das regiões da Nigéria onde encontramos as cidades de Ìlèsà, cujo povo é conhecido como da
nação Ijexá e Oyó, a terra de Xangô, o Obá (Rei) de Oyó. No Brasil a vida útil do negro, escravo, era muito
curta, pois passavam a maior parte de suas vidas trabalhando para seus servos; fora as epidemias e outras
doenças, na época incuráveis, que acabaram matando centenas dos nossos antepassados. Devido a estas e outras
dificuldades, nossos antigos sacerdotes acabaram levando para o túmulo muitos conhecimentos dos rituais
sagrados africanos; Contudo ainda conseguimos guardar boa parte dos fundamentos das diversas nações vindas
da África, berço histórico do Brasil; entre estes fundamentos temos a nação Oyó cujas tradições de seus rituais
permanecem vivos aqui em Porto Alegre, e em algumas cidades do interior do estado. Para nós Riograndenses é
um privilégio ter a presença desta nação, pois quase não se ouve falar de Oyó em outras partes do Brasil, pois
raras foram as vezes em que os interessados na captura de escravos conseguiram atingir as localidades do interior
da Nigéria, como as cidades de Oyó e Ilexá.

Uma das fontes da nação Oyó na cidade de Porto Alegre foi a Sra. Ermínia Manoela de Araújo, conhecida como
mãe Donga de Oxum. Era filha de Oxum (Osun) com Ossãe (Osányìn); morava na colônia africana, nas
imediações onde é hoje o Auditório Araújo Viana.

Dona Ermínia nasceu no dia cinco de maio de 1889, era uma negra de grande sabedoria, e seguia as tradições
religiosas de acordo com o que herdou de seus genitores, que praticavam as culturas de Oyó e Ijexá juntos, já
naquela época, até por que são nações de muita proximidade dentro do território nigeriano, inclusive a língua
Yorubá é o idioma falado pelos dois povos, com apenas algumas diferenças no dialeto.
Nas aldeias africanas os assentamentos de Orixás eram feitos para servir uma comunidade inteira, até mesmo
uma cidade, e toda população se dedicavam aquele Orixá cultuado na região; os assentamentos, os rituais, as
obrigações ficavam de uma geração para outra; tem lugares que ainda hoje, conservam assentamentos de Orixás
com quatrocentos anos ou mais, eu mesmo visitei um terreiro em Salvador que mantém um Xangô Ogodô,
trazido da África, cujo assentamento foi feito a mais de duzentos anos. Foi esta tradição que deu origem ao
Xangô Aganjú do Povo. As tradições deste ritual foram passados à mãe Donga, e não é apenas um okutá de
Xangô, é sim um conjunto de Orixás (Irúnmòle), que foram preparados para servir a comunidade inteira daquela
família religiosa de tradição Oyó da bacia de mãe Donga de Oxum, e ser passado pelas gerações vindouras. E
assim aconteceu; os assentamentos após passar por vários terreiros de Oyó, hoje estão, nas mãos de uma
descendente direta de mãe Donga, a Yalorixá Nélia de Ossãe, que humildemente tem a guarda destes
assentamentos em seu terreiro. Antigamente era escolhido um Axogum (Asògún), ou seja, um homem que teria a
função de fazer o sacrifício dos animais para este ritual; um deles foi o senhor Mário Lopes, que após um
derrame passou o cargo ao Sr. Rolim de Oxalá, que morou na rua Lucas de Oliveira, e antes de falecer passou a
responsabilidade para o sr. Jorge de Xapanã; após sua morte não se teve uma pessoa exclusivamente para fazer
os sacrifícios para Xangô Aganjú do Povo, hoje a responsabilidade da matança é da pessoa que tem a guarda dos
assentamentos em seu terreiro, e a data da festa é sempre o dia vinte e dois de julho, que antigamente
movimentava todo o povo de santo de Porto Alegre e arredores.

Ermínia Manoela de Araújo teve quatro filhos: Maria Rosaura de Araújo Souza, ficou conhecida como mãe
Rosália de Xangô, nasceu em 8 de abril de 1911 e faleceu em 05 de agosto de 1989; Luiza de Araújo Souza,
conhecida como tia Luiza de Ogum, nasceu em 25 de novembro de 1915 e morreu em 19 de julho de 1994;
Mário de Araújo Souza, conhecido como Mário Bocão, filho de Odé, não temos certeza das datas de seu
nascimento e morte; e a outra filha era Lurdes de Araújo Souza, cujo Orixá era Xapanã, também não temos
certeza das datas de seu nascimento e morte. Dona Ermínia (Donga de Oxum) contraiu a gripe espanhola e
faleceu em 1918, deixando os quatro filhos pequenos, tia Rosália de Xangô com seis anos e sua irmã Luiza de
Ogum com dois anos de idade, e os outros dois filhos também pequenos. Em Porto alegre, foi criado um
cemitério especialmente para as vitimas da gripe espanhola, que matou em todo país cerca de 300 mil pessoas.

O único filho de santo que Dona Donga de Oxum deixou pronto com todos os assentamentos foi o Sr. Antoninho
de Oxum, que herdou além das tradições religiosas, também todos os seu filhos de ventre e de axé (filhos de
santo); as informações sobre a vida de mãe Donga me foram passadas pela Yalorixá Nélia de Ossãe, filha carnal
de tia Luiza de Ogum.

Dona Donga tinha uma cunhada que também seguia as tradições da nação Oyó, chamada dona Leopoldina de
Oxalá, que também passou ser filha de santo e auxiliar de Pai Antoninho, junto com uma outra senhora chamada
carinhosamente de Velha, que também foi uma luz neste antigo terreiro. Antoninho de Oxum trabalhava fora e
ainda arrumava tempo para se dedicar a inúmeros filhos de santo e consulentes que o procuravam; teve dois
filhos carnais, e outros tantos de criação, entre elas dona "dona Maria Garçoneta" que morava nas imediações da
Igreja Nsra. Do Trabalho, tive a felicidade participar de um batuque em seu ilê, na Vila Ipiranga.

Em tempos passados os Babalorixás e Yalorixás, além da prática religiosa, dedicavam-se à caridade, a maioria
tinha muitos filhos de criação, inclusive se um indivíduo estivesse passando necessidades, era acolhido no
terreiro até que tivesse condições de sobrevivência, aquele ia embora e já dava lugar a outro.

Hoje, em alguns casos, é difícil até mesmo a própria sobrevivência dos sacerdotes, já não da mais para seguir o
exemplo de amparar os necessitados nos terreiros.

A maioria do pessoal que escreve sobre a religião africana no Rio Grande do Sul, cita o Príncipe Custódio como
introdutor dos rituais de Batuque aqui no sul, não é bem assim, pois o negro se faz presente neste Estado muito
antes da família de Osuanlele (Príncipe Custódio) ser retirada em 1897 de Benin (antigo Daomé), já no censo da
população do Rio Grande do Sul, feita no ano de 1814, nos mostra uma população negra expressiva perfazendo
um total de 36,7% de afro-brasileiros, contra um total de 45,6% de brancos no estado, outro dado relevante é que
pesquisadores, sérios, situam o período inicial do Batuque nesta região entre os anos de 1833 e 1859, na mesma
época em que o Candomblé ganhava espaço na Bahia. O lendário Príncipe Custódio só pisa em solo gaúcho no
ano de 1899, na cidade de Rio Grande, e já encontra aqui rituais religiosos de origem africana, popularmente
denominada de Batuque. Ele contribuiu sim com nossa religião, com seus contatos políticos, pois Custódio,
vinha de uma família nobre, sua saída da África foi política; ele sabia como se destacar e fazia bom uso de sua
sabedoria religiosa, o que ajudou a travar as perseguições as casas de culto africano. As pesquisas realizadas para
saber sobre as nações Oyó, Cabinda, Ijexá e Jêje nos comprovam que o Batuque se estabeleceu aqui no Rio
Grande do Sul há quase dois séculos;
Ainda falando da nação Oyó outra contemporânea de mãe Donga de Oxum foi mãe Andrezza Ferreira da Silva,
que foi pronta na religião por um velho babalorixá que ainda tinha a sua volta alguns africanos nativos, e ela teria
vivido de 1882 a 1951 em Porto Alegre.

Dos descendentes religiosos da raiz de Pai Antoninho de Oxum, os que mais se destacaram foram: a yalorixá
Rosália de Xangô, que morreu com 79 anos de idade; morou alguns anos na rua Souza Lobo, na vila jardim,
onde tive o privilégio de participar de um ritual de Batuque em seu ilê; sua irmã de ventre e de axé que foi tia
Luiza de Ogum que morreu com 78 anos, morou na avenida Saturnino de Brito, 408 na vila jardim, deixou dois
filhos, uma é Nelia de Ossãe, que é quem mantém vivo o ritual do Xangô Aganjú do Povo em Porto Alegre, e o
outro filho já é falecido. Outra mãe de santo que se destacou muito, uma das mais importantes, depois de
Antoninho, foi a sra. Lídia Gonçalves da Rocha, popularmente conhecida como mãe "Moça de Oxum", que
entrou para a religião africana aos cuidados de pai Antoninho de Oxum por motivos de doença e se tornou a mais
destacada yalorixá da nação Oyó dos últimos tempos; podemos citar também, Cecília de Xangô Aganjú; mãe
Leopoldina de Oxalá que era cunhada de mãe Donga de Oxum; Mocinha de Oxalá; Mário "bocão" se destacou
como Alabê (tamboreiro) da nação Oyó e também aprendeu a tocar Jêje com os aquidavis; Jorgina de Xapanã;
Dilina de Oxum; mãe Manoela Mendonça de Oxum; Pai Máximo de Odé, que também era tamboreiro; pai
Máximo de Odé também foi pai de santo de Tia Valesca, esposa de pai Antoninho; Mijica de Yemanjá;
Benjamim de Oxalá; Camarada de Yemanjá; mãe Quininha de Oyá, mãe Andressa de Oxum; mãe Manoelinha de
Oxum, mãe Miguela de Xangô, esta Yalorixá foi uma das ultimas a fazer durante os toques, a fogueira de Xangô,
e paramentava todos os Orixás com suas vestes e indumentárias; A mãe Oxum de pai Antoninho também se
paramentava quando "incorporada" em seu filho, usava suas vestes com muitas pedrarias. Doralice da Silva
Alves, conhecida como Chininha de Oxalá, era casada com pai Máximo de Odé, ela também tinha o apelido de
"Caquinha" e aprontou outros bons descendentes do Oyó como a mãe Vera de Ossãe e Sarinha de Xangô, que
completou 60 anos de assentamento de seu pai Xangô no dia 18 de outubro de 2004; outros da raiz Oyó que
podemos citar são as pessoas de Guilhermina de Yemanjá, que era cozinheira da casa de Antoninho, e também
fez "pirão" na casa de muita gente antiga do Oyó; João Gumercindo Saraiva, esposo de dona Doralvina; Yatolá
de Oyá, pai Darci de Oxalá, entre outros; Felisberto de Ossãe. Outras pessoas que também se destacaram na
nação Oyó foram: mãe Apolinária Batista, Olga da Iansã, Fábio de Oxum, Tim de Ogum, mãe Albertina de Obá;
Edelvira de Oxalá, pai Acimar de Xangô; Luiz de Bará; Paulinho de Xangô (filho de santo de mãe Rosália de
xangô);; Esperança de Oyá; Toninho de Xangô, herdeiro espiritual de pai Acimar de Xangô. Vários informantes
dizem que pai Joãozinho de Bará, também teve uma breve passagem pelas mãos de pai Antoninho de Oxum.

Pai Antoninho de Oxum morou no Mont'Serrat, na cidade de Porto Alegre, e segundo consta faleceu no ano de
1932.

E mais recente, na história do Oyó, podemos citar alguns descendentes da geração de mãe Moça de Oxum, que
também contribuem ou contribuíram para continuidade dos rituais de Oyó como: Laudelina de Bará; Valdomiro
de Oxalá, alabê, Zeca Neto de Oxalá; Carola de Oxum; Eva de Oxum; Leinha de Oxum, (falecida em fevereiro
de 2005) e Odete de Oxum entre outros.

Há uma outra grande raiz da nação Oyó que derivou de uma famosa mãe de santo chamada Emília fontes de
Araújo, Mãe Emília de Oyá. Era descendente de uma família nobre da África, morou na rua Visconde do Herval
em Porto Alegre, era contemporânea de Antoninho da Oxum, porém não tinham ligações de bacia, apenas elos
de nação. Segundo informações coletadas junto a Pai Paulinho de Agandjú, Mãe Emília faleceu por volta de
1930 e deixou vários herdeiros de seu ritual, onde podemos citar: Mãe Alice de Oxum; Pai Alcebíades de Xangô;
Vó Dóca de Yemanjá que morava na av. Praia de Belas esquina com a rua Rodolfo Gomes, Mãe Matilde
Fabrício, mãe carnal de Mãe Nenéca de Xangô, que também é herdeira espiritual desta raiz do Oyó; Mãe
Cadinha de Odé; Mãe Araci de Odé, que faleceu com 112 anos de idade, e seu Orixá Ode tinha 91 anos de
assentamento. Dona Araci fez um ritual de entrega de Axé de Búzios na casa de mãe Ilda de Obá no qual eu
estava presente, e até então nunca tinha assistido algo igual. As obrigações do ritual fúnebre de mãe Araci foram
feitas por Pai Paulinho de Agandjú, por recomendações expressas da própria Araci, que deixou gravado sua
exigência. Eram também da casa de Mãe Emília as pessoas de Negrinha de Odé; Ramiro de Ogum; Dona Rola,
esposa de Pai Alcebíades de Xangô.

Mãe Alice de Oxum, se destaca também nesta ramificação do Oyó, deixando vários herdeiros espirituais, entre
estes podemos citar a mãe Nicóla de Xangô Dadá, que morou na rua Cuibá, 95 e faleceu em 1975 aos 69 anos de
idade, vitima de derrame. Mãe Nicóla deixou vários filhos de santo, um dos que mais se destacou e ainda hoje
cumpre os rígidos rituais de sua raiz é a pessoa que nos passa estas informações, Pai Paulinho de Agandjú, com
64 de idade, e seu Orixá com 50 anos de assentamento. Com a morte de Mãe Nicóla, terminou de aprontar na
religião alguns de seus descendentes como, Pai Adãozinho de Bará, um dos principais Alabês da Nação Oyó. Pai
Paulinho fala com autoridade dos rituais que pratica, como a obrigação de Tumbê, Arikú e muitas outras que
ainda mantém; e nos cita como sendo ordem de toque para os Orixás de seu terreiro a seguinte seqüência: Bará,
Ogum, Xapanã, Odé, Ossãe, Orunmilá, Obokun, Xangô, Ibejis, Agandjú, Yemanjá, Otim, Obá, Nana Buruku,
Yewa, Oxum, Oyá e Oxalá.

Alguns sacerdotes nos dão a informação no tocante aos rituais de Batuque da nação Oyó, dizendo que a ordem
de toque para os Orixás em seus terreiros seguem quase a mesma seqüência da nação Ijexá: Bará, Ogum. Oyá,
Xangô, Ibejis, Odé, Otim, Obá, Ossãe, Xapanã, Oxum, Yemanjá e Oxalá; e outros dizem que as casas antigas de
Oyó, tocavam primeiro para os Orixás masculinos, e depois para as Yabás (Orixás femininos) na seguinte ordem:
Bará, Ogum, Ossãe, Xapanã, Odé e Otim, Xangô, Ibejis, Obá, Oyá, Oxum, Yemanjá e Oxalá. O fato é que há
varias fontes da mesma nação, cada uma seguindo os costumes de seu terreiro de origem, muitos se vendo num
segmento de nação pura, outras mesclando com outras nações, e assimilando outras práticas em seus rituais.

Das antigas nações africanas que se fixaram no Rio Grande do Sul, e que foram submetidas, a variados graus de
mudança e assimilação, ressalta a do Ijexá como a que melhor conservou a configuração africana original
absorvendo outras nações. Os sacerdotes e iniciados por mais antigos que sejam, nos cultos africanos no Rio
Grande do Sul, na maioria, se mesclaram com o Ijexá, esse processo, entretanto, não eliminou de todo a
consciência histórica e certas tradições religiosas que predominam tanto no Oyó como também no Jêje e na
Cabinda; se alguém tiver alguma informação que possa nos ajudar no resgate a história das nações africanas no
Estado do Rio Grande do Sul, por favor entrar em contato via e-mail deste site, pois toda informação é bem
vinda.

Candomblé

O Candomblé é um segmento religioso que pratica as tradições, ritos e crenças africanas, trazidos pelos
antepassados, cujos rituais tem origens nas culturas Jêje, Ketu, Angola, entre outras nações que fazem parte das
religiões afro-brasileiras.

A cultura religiosa africana foi desenvolvida no Brasil através do conhecimento de sacerdotes negros, que com
parte de seu povo, foram capturados e escravizados, juntamente com seus Orixás, entre 1532 e 1888.

Com o "fim" da escravatura em 1888, o candomblé se expandiu consideravelmente, e prosperou muito desde
então. Hoje, cerca de 3 milhões de brasileiros declaram ser seguidores das religiões afro, mas acredito que o
número seja bem maior, visto que, conforme o local e ocasião os seguidores dizem ser católicos, com medo da
discriminação; (os católicos, de acordo com o censo somam 75%, enquanto os que praticam as religiões afro-
brasileiras aparecem com 1,5% da população brasileira).

Os negros escravos pertenciam a diversos grupos étnicos, incluindo os Yorubá (Nagôs), os Ewe, os Fon, e os
Bantos, que contribuíram não só com seus rituais religiosos, mas, também com a música, dança, alimentação,
língua e outras manifestações culturais como o samba, capoeira, em fim a contribuição cultural negra é
inestimável. O negro escravizado ao invés de se isolar, aprendeu a conviver entre grupos étnicos diferentes. A
religião africana ao chegar no Brasil sofreu uma transformação imposta pela nova fronteira e pela nova
sociedade em transformação. O homem africano foi proibido de praticar seus ritos, no entanto nossos Orixás
mais importantes chegaram até hoje com a proteção do sincretismo católico, contudo, o negro conseguiu
preservar as crenças étnicas principalmente os ritos de iniciação, os cânticos em linguagens africanas, o culto aos
antepassados entre outras tradições. Através do tempo os vários cultos foram se transformando até assumirem
uma postura mais ou menos fiel a sua origem.

Os Orixás da Mitologia Yorubá, foram criados por um Deus supremo chamado Olorum (Olóòrun) ou Olodumare
(Olódùmarè); já os Voduns da Mitologia Fon ou Mitologia Ewe, foram criados por Mawu e Lisa; e os Nkisis
(inquices) da Mitologia Banto, foram criados por Zambi, Deus supremo e criador.

Candomblé de Ketu

Ketu é o nome de um antigo reino da África, na região agora ocupada pela República Popular do Benin e pela
Nigéria. Seu rei tem o nome de alaketu, de onde vem o sobrenome da conhecida ialorixá Olga de Alaketo.
Também indica o nome do povo dessa região, que veio como escravo para o Brasil. Em termos de identidade
cultural, forma uma subdivisão da cultura iorubana. Em geral, membros de origem ketu são responsáveis por boa
parte dos terreiros mais tradicionais da Bahia. É a maior e mais popular nação do Candomblé, e a diferença das
outras nações está no idioma utilizado, no caso o Yorubá, no toque dos seus atabaques, nas cores e símbolos dos
Orixás, e nas cantigas; Os fundamentos são passados oralmente por sacerdotes de Orixás que são chamados de
Babalorixá (masculino) Yalorixá (feminino). Os rituais mais conhecidos são: Padê, Sacrifício, Oferenda, lavar
contas, Ossé, Xirê, Olubajé, Águas de Oxalá, Ipeté de Oxum e Axexê. Uma outra grande diferença é em relação
ao culto dos Eguns; existe um sacerdote preparado para este ritual especifico chamado Ojé ou Baba Ojé, que faz
o uso de um ixãn para dominar os Eguns; conforme informações de um antigo sacerdote de Ketu, chamado
Balbino de Xangô, quem lida com Orixás não lida com Eguns; Já no Rio Grande do Sul, sempre, é o próprio
Sacerdote de orixá quem faz os rituais de Eguns.

Os cargos principais na nação Ketu são:

- Babalorixá ou Yalorixá: autoridades máximas no Candomblé


- Iyakekerê: mãe pequena
- Babakekerê: pai pequeno
- Yalaxé: mulher que cuida dos objetos ritual.
- Agibonã: mãe criadeira supervisiona e ajuda na iniciação.
- Egbomi: pessoa que já cumpriu sete anos de obrigação.
- Iyabassê: mulher responsável pela preparação das comidas de santo.
- Iaô: filha de santo (que já incorpora Orixá).
- Abian: novato.
- Axogun: responsável pelo sacrifício de animais.
- Alagbê: responsável pelos atabaques e pelos toques.
- Ogan: tocadores de atabaques.
- Ajoiê ou Ekedi: camareira de Orixá.

Os Orixás cultuados na nação Ketu são: Exu, Ogum, Oxossi, Logunedé, Xangô, Obaluayê, Oxumaré, Ossaim,
Oyá ou Iansã, Oxum, Iemanjá, Nana, Ewa, Oba, Axabó (Orixá feminino da família de Xangô),Oxalá, Ibeji,
Irôco, Ifá ou Orunmila.

Na nação Ketu, existente principalmente na Bahia, predominam os Orixás de origem Yorubá, e os terreiros mais
conhecidos são: a Casa Branca do Engenho Velho, o Ilê Axé Opô Afonjá, o Gantois; o Candomblé de Alaketu e o
Ilê Axé Opô Aganjú localizado em Lauro de Freitas. O Candomblé de origem ketu já se espalhou por todos os
grandes centros urbanos do Brasil e também para o exterior, e nota-se um movimento de recuperação de raízes
africanas, que rejeita o sincretismo católico, procurando reaprender o yorubá como língua original e tenta
reproduzir os rituais que estavam perdidos ao longo do tempo, há casos em que muitos sacerdotes procuram
viajar até a África para descobrir mais sobre a cultura dos Orixás.

Candomblé de Angola

Religião afro-brasileira, de origem banto, que compreende as nações de Angola e Congo (Cassanges, Kikongos,
Kimbundo, Umbundo e Kiocos), e se desenvolveu entre os escravos africanos que falavam a linguagem
Kimbundo e Kikongo e são facilmente reconhecidos pela maneira diferente de cantar, dançar e percutir seus
tambores.

Na hierarquia de Angola o cargo de maior importância é para homem Tata Nkisi (tata de inquinces) e para
mulher Mametu Nkisi (Mametu de inquices), que correspondem ao Babalorixá e a Yalorixá dos Yorubás, e o
Deus supremo é Zambi (Nzambi) ou Zambiapongo (Ndala Karitanga).

O Candomblé de Caboclo é uma modalidade desta nação, e cultua os antepassados indígenas. Há uma nação que
faz parte do Batuque do Rio Grande do Sul que descende de Angola, que é a Cabinda.

Os rituais da nação Angola começam com o Massangá, que é o batismo na cabeça do iniciado, feito com água
doce e Obi; Bori com sacrifício de animais para o uso do sangue (menga); ritual de raspagem, conhecido como
feitura de santo; ritual de obrigação de 1 ano; ritual de obrigação de 3 anos, onde muda o grau de iniciação; ritual
de obrigação de 5 anos, com o uso de frutas, obrigação de 7 anos, quando o iniciado recebe seu cargo, é elevado
ao grau de Tata Nkisi (zelador) ou Mametu Nkisi (zeladora). Após 7 anos de obrigações, será renovado a cada
ano com o rito de Obi ou Bori, conforme o caso, e de 7 em 7 anos se repete as obrigações para conservar o
individuo forte, se transformando em Kukala Ni Nguzu, que quer dizer um ser forte. Além dos búzios, outro
sistema antigo de consulta é o Ngombo, no qual o adivinhador recebe o nome de Kambuna.

Os principais Nkisi são: Aluvaiá (também conhecido como: Nkuyu Nfinda, Tata Nfinda, Tona e Cubango),
Bombo Njila(Bombojira), Vangira(feminino), Pambu Njila, Pambuguera; Nkisi Nkosi Mukumbe, Roxi
Mukumbe, Burê; Nkisi Kabila, Mutalambô, Gongobila, Lambaranguange; Nkise Katendê; Nkisi Zaze (Nsasi,
Mukiamamuilo, Kibuco, Kiassubangango) Loango; Nkisi Kaviungo ou Kavungo, Kafungê; Nkise Angorô e
Angoroméa; Nkisi Kitembo ou Tempo; Nkisi Tere-Kompenso; Nkisi Matamba, Bamburussenda,
Nunvurucemavula; Nikisi Kisimbi, Samba; Nkisi Kaitumbá, Mikaiá; Nkisi Zumbarandá; Nkise Wunge; Nkisi
Lembá Dilê, Lembarenganga, jakatamba, Kassuté Lembá, Gangaiobanda; Nkisi Nwunji, Nkisi Kaitumbá,
Mikaiá, Kukueto; Nkisi Ndanda Lunda; Nkisi Kaiangu; Kariepembe, Pungu Wanga; Kobayende; Pungu
Kasimba; Nkita Kiamasa; Nkita Kuna; Lukankazi, Luganbe, Nzambi Bilongo; Mutalambô, Katalombô, Gunza,
Nkuyo Watariamba;

Os cargos e divisão do poder espiritual são:


Mam'etu ria Mukixi - Sacerdotisa chefe (Angola)
Nengua ia Nkisi - Sacerdotisa chefe (Congo)
Tat'etu ria Mukixi - Sacerdote chefe (Angola)
Dise ia Nkisi - Sacerdote chefe (Congo)
Tata Kivonda - Pai sacrificador de animais (Congo)
Kambodu Pokó - Sacrificador de animais (Angola)
Muxikiangoma - Tocador de atabaque
Njimbidi - Cantador (Angola)
Ntodi - Cantador (Congo)

Candomblé Jêje

Dahomé, o berço da nação Ewe e fon, denominados Jêjes, no Brasil, enumeram-se em diversas tribos como os
Agonis, Axantis, Gans, Popós, Crus etc. Os primeiros povos jêjes tiveram como destino São Luis do Maranhão,
onde ainda se mantém vivas as tradições religiosas trazidas da terra mãe, África. Também se encontra o ritual
jêje em Salvador, Cachoeira de São Félix, Pernambuco entre outros estados do Brasil como Rio Grande do Sul e
São Paulo, que também importou os rituais desta nação.

O negro descendente do Dahomé, hoje Benin, trouxe consigo o culto à suas divindades chamadas Voduns, cujo
Deus Supremo é Mawu , a quem são subordinados, assim como Olodumaré o Deus Supremo dos Orixás
Yorubás. Diz a Mitologia Fon que Mawu tinha um companheiro chamado Lisa, e são filhos de Nana Buruku (ou
Nana Buluku), a grande mãe criadora do mundo. Mawu era a Lua, que teve força ao longo da noite e viveu no
oeste. Lisa era o Sol, que fez sua morada no Leste. Quando existia um eclipse dizia-se que Mawu e Lisa estavam
fazendo amor. Eles eram pais de todos os outros Deuses. E existem quatorze destes deuses, que eram sete pares
de gêmeos. Este relato é um mito do primeiro povo do Dahomé, os Fons.

O culto aos Voduns teve ênfase na Bahia, conhecido como Candomblé Jêje, e no Maranhão Tambor de Mina.

Nos terreiros mais influenciados pela mina jêje, o predomínio, em certos grupos, é de mulheres como filhas de
santo. Os devotos têm que se submeter a longo processo de iniciação. Os detalhes dos rituais são pouco
comentados, não há rituias públicos de iniciação; a cada comunidade, apenas duas ou três pessoas se dedicam ao
ritual completo de iniciação. Em geral as Vodunsis dão poucas informações sobre os rituias relacionados com o
culto, os segredos são mantidos a sete chaves.

Assim como os Orixás do Batuque, os Voduns incorporados, conversam com a assistência, dando bênçãos,
conselhos, deixam recados e mantêm os olhos abertos. È comum no culto jêje fazer provas com os iniciados
incorporados com os Voduns, como, por exemplo, mergulhar a mão no azeite de dendê fervendo.

Algumas casas de jêje tiveram influencias dos yorubás e vice-versa, formando o que se chama de cultura Jêje-
Nagô. A exemplo do candomblé, as instalações dos terreiros contam com um barracão central para as danças,
pequenas casas reservadas para as diferentes famílias de divindades, onde são mantidos os assentamentos. O
forte sincretismo prevê, também a instalação de uma pequena capela com altar católico, há uma cozinha, quartos
para dormir e se vestir e quarto onde os iniciados ficam recolhidos durante as obrigações. há também a casa de
Legba, onde são feitas grandes obrigações.

A iniciação jêje requer um longo período de confinamento, que pode durar de seis meses a um ano de reclusão,
onde um Vodunsi aprende as tradições religiosas jêje como: danças, cantigas, preparo das comidas sagradas,
cuidar de árvores e espaços sagrados, votos de segredo e obediência. As entidades são assentadas, recebem
sacrifícios de animais , comidas, bebidas e outros presentes. Os assentamentos são preparados em pedras, que
representam um "imã" que tem a força do Vodun, e ficam guardadas no quarto de segredo recobertos com jarras,
louças e ferramentas. Existem, também, assentamentos em outras partes da casa e do quintal marcados por
árvores como a cajazeira, ginja e pinhão branco. È comum ter assentamentos no centro do barracão de danças;
assim como em outras nações, no culto jêje também são feitos rituais de limpezas, banhos com ervas e muitas
preces. Nos rituais antigos o contato com os voduns dependia muito da vidência das Vodunsis, e a adivinhação
era feita através da interpretação dos sonhos, consulta com os Voduns e exame da luz de velas, atualmente é
comum o uso dos Búzios para consultar as divindades.

As casas de jêje, além do culto aos Voduns, também incorporam em seus rituais alguns orixás nagôs. O panteão
jêje é numeroso, sendo os Voduns agrupados em famílias como: Dambirá, Davice, savaluno e Queviossô.
As atividades religiosas requerem um extenso calendário com rituais reservados aos iniciados, e em festas
públicas que duram um, três ou sete dias; no final das obrigações todos comem as comidas preparadas com a
carne dos animais oferecidos em sacrifício às divindades.

Mawu é o ser supremo dos povos Ewe e Fon, criador do mundo, dos seres vivos e das divindades. Mawu
(feminino) e Lissá (masculino) forman a divindade dupla Mawu-Lissá cujos Voduns são filhos e descendentes de
ambos. Os principais Voduns são: Loko; Gu; Heviossô; Sakpatá; Dan; Agbê; Águé; Ayizan; Agassu; Legba e Fa.

A casa de jêje chama-se Kwe, e o local destinado ao culto dos Voduns é chamado Hunkpame, que é o templo
onde está dentro a divindade; é chefiado por um sacerdote ou sacerdotisa, que são responsáveis pelos
ensinamentos aos futuros Vodunsis.

No Rio Grande do Sul, os terreiros que ainda mantém firme a cultura Jêje, nota-se a conservação de certas
obrigações, à exemplo, nos assentamentos de Ogum Avagã cujas ferramentas usadas são as mesmas para o
assentamento de Gu no Dahomé, e algumas não tem o uso do okutá; e também há nomes de Orixás que usam o
mesmo dos Voduns, como por exemplo Dã, cujo Orixá de uma famosa Yalorixá da nação Jêje chamava-se Dã e
um outro antigo Babalorixá de Porto Alegre pertencente a esta mesma nação, tinha o assentamento de Sobô;
(Sobô é nome de um Vodun do Dahomé). Dos pais e mães de santos atuais, da nação Jêje do Rio Grande do Sul,
muitos desconhecem a palavra Vodun; deve-se este fato ao predomínio da nação Ijexá, de origem Yorubá que
acabou absorvendo as demais, e o termo Vodun com o tempo deixou de existir; mas é certo que a linguagem
usada nos cantos rituais e o uso dos aquidavís para percussão dos tambores, o uso do Gã (instrumento de
percussão), entre outros fatos refletem muito os fundamentos do antigo Dahomé.

Há casos em que as tradições culturais africanas resistem, mais que em outros, à mudança, mas em nenhuma
instância, nem mesmo nos terreiros mais antigos e ostensivamente zelosos à suas origens, deixou de existir,
contudo, se tivesse, no sul um maior interesse em pesquisar a origem dos fundamentos de cada nação é certo que
achariam a ligação direta do jêje praticado aqui, com os povos do antigo Dahomé, e assim por diante.

O que sobrevive da vertente jêje como legado cultural acha-se incorporado ou associado ao acervo Yorubá,
embora não se fale em Vodu no Rio Grande do Sul, certas práticas da religião do antigo Dahomé, hoje Benin,
pode ser detectadas no Batuque do Rio Grande do Sul, principalmente nos terreiros que fazem parte da raiz do
falecido Joãozinho de Bará (Esú Biyí).

Povo Nagô

Estudando os cultos africanos, podemos concluir que a maioria das religiões afro-brasileiras são frutos de uma
forte nação chamada de nagô, também denominada Yorubá. Na década de 1930, quando realmente o candomblé
ganhava espaço na Bahia, dois grandes líderes religiosos se destacam abrindo caminhos para religião e a
comunidade negra em geral, são eles a Yalorixá Eugênia Ana dos Santos, a famosa Aninha de Xangô do Axé
Opô Afonjá e o Babalawo Martiniano Eliseu do Bonfim. Estes dois são atualmente os nomes mais lembrados na
tradição oral dos terreiros da Bahia, eram reconhecidos como detentores legítimos do saber religioso; conheciam
bem suas origens étnicas e culturais. Seres queridos, respeitados e temidos, e são lembrados com muita
reverência nos terreiros de candomblé baianos.

A Yalorixá Eugênia dos Santos, Aninha, nascida em 13 de junho de 1869, era filha de Sérgio dos Santos
chamado de aniió e Lucinha Maria da Conceição, chamada de Azambrió na linguagem grunce. Aninha dizia que
sua seita era Nagô puro, filha de santo de Marcelina Obatossi, que por sua vez era "prima e filha de santo de Ia
Nasso", uma das fundadoras da casa branca do engenho velho (o primeiro terreiro de candomblé da Bahia).
Depois de certos desentendimentos, Aninha sai do engenho velho com seu pessoal e vai para uma roça no Rio
vermelho onde funcionava a roça de Joaquim Vieira de Xangô (Oba Sãiyá), um dos maiores conhecedores da
religião africana da época. Logo Aninha funda o seu terreiro, a casa de Xangô Afonjá, com seu amigo e irmão de
santo tio Joaquim, que morreria pouco depois. Aninha passou a ter a ajuda confiável de Martiniano e dos
conhecimentos da velha Maria Bada; e com sua boa vontade , seu espírito batalhador e ajuda de todos que a
acompanhavam construiu seu ilê axé, chamado Opô Afonjá que deu origem a outras grandes personalidades do
candomblé: Maria Bibiana do espírito Santo, Senhora de Oxum Muiwá que recebeu em 1952, o título honorífico
de Iyanassô pelo Aláàfin Oyó, da Nigéria; Marcelina da Silva, Oba Tossi; Ondina Valéria Pimentel, filha do Balé
Xangô José Teodoro Pimentel; Isolina A. de Araújo; Mestre Didi; entre outros grandes, também, posso citar o
meu amigo pessoal Albino Daniel de Paula (Obaraim) filho de santo de mãe Senhora, que foi o único homem a
se tornar Babalorixá no Opô Afonjá, e segue firme na prática dos antigos fundamentos. Maria Bibiana do
Espírito Santo, Mãe Senhora, era descendente direta da família Asìpá (axipá), e foi depois de mãe Aninha, a mais
importante yalorixá do Opô Afonjá.
Martiniano Eliseu do Bonfim foi um membro muito influente dos candomblés da Bahia, desde os fins do século
XIX. Era filho de pais africanos, que haviam comprado sua própria liberdade; foi enviado pelo pai mais ou
menos aos quatorze anos, a Lagos, Nigéria, e estudou as tradições religiosas africanas de seus antepassados.
Voltou à Bahia, onde seus conhecimentos foram reconhecidos e o conduziu rapidamente a fama. Seu pai era da
tribo egbá, foi trazido para o Brasil cerca de 1820 e liberto em 1942. O nome de sua mãe era Manjegbassa, era da
nação Ijexá, e tinha as marcas da nação no rosto (marcas tribais dos iorubas). Seus pais lhe deram ao nascer o
nome de Ojeladê. Martiniano era conhecido e chamado, nos terreiros, inclusive de culto aos eguns, por seu nome
nagô Ojeladê. Ficou em lagos durante onze anos; para ele "África" era Lagos, eram os nagôs, os iorubas, sua
nação. A ida à África era um importante elemento legitimador de prestigio e gerador de conhecimentos.
Martiniano Eliseu do Bonfim e Eugênia Ana dos Santos eram grandes amigos, e é sabido que o Babalawo
colaborou largamente com a Yalorixá, inclusive na estruturação do grupo dos Obás ou Ministros de Xangô, no
Axé do Opô Afonjá; recebeu de Aninha o honroso título de Ajimudá, o que marcou o profundo respeito e
consideração que a yalorixá tinha pelo sábio Babalawo e vice-versa. Estes fatos mostram que muitos rituais
praticados hoje em terreiros baianos seguem algumas raízes, também, da nação Ijexá oriunda da Nigéria. Outro
contemporâneo de Martiniano e Aninha foi Eduardo Ijexá, que também se destacou como grande Babalawo dos
candomblés baianos; como se vê a nação Ijexá tem muitos frutos espalhados por solo brasileiro.

Aqui no Rio Grande do Sul, o maior destaque da nação Ijexá foi o sr. Manoel Antonio Matias, Manoelzinho de
Xapanã, nascido em 17 de junho de 1896. O Orixá de Manoelzinho trouxe a maioria das rezas cantadas nos dias
de hoje nos batuques. O pai Xapanã "chegava no mundo" e pegava o tambor para tocar e ensinar as rezas
(cantigas de Orixás) para seus filhos de santo. Era conhecido como mão pelada, pelo poder de seus Feitiços,
viajava muito, pois adquiriu fama em todo território sulino. Dizem os antigos sacerdotes que Manoelzinho fazia
um breve muito poderoso que em seguida endireitava a vida das pessoas que usavam. até seu pai de santo,
Paulino de Oxalá, temia o Xapanã Jubiteiú de Manoelzinho. Outra famosa Yalorixá da Nação Ijexá foi tia
Antonia de Bará, filha do Pai Paulino de Oxalá Efan, porém, aprendeu todos os rituais de nação, no terreiro de
Manoelzinho. Tia Antonia faleceu aos 96 anos de idade no dia primeiro de dezembro de mil novecentos e
noventa e oito e deixa como herdeiras de seu axé as yalorixás Maria Helena de Xangô e Lurdes de Ogum, suas
filhas de ventre.

Toda a religião de origem africana tem o mesmo propósito em sua crença, em qualquer nação africana, o ritual
em sua essência é quase o mesmo, usando as mesmas determinações, como o sacrifício de animais, toques de
atabaques, cânticos na linguagem de origem, rigidez nos rituais de iniciação imutáveis em qualquer nação
africana, fato que deveria contribuir mais para a aproximação dos terreiros em vez da rivalidade que se instalou
nos cultos através dos tempos, acho até que todas as religiões deveriam se unir visando o bem comum da
humanidade, visto que, há tantas desgraças, "temos recebido tantos recados" como aquele terrível acontecimento
que abalou a Ásia no final de 2004, e ainda assim, não procuramos entender o que os seres superiores estão nos
mostrando.
Os Yorubás

Idioma Yorubá

Falado principalmente na Nigéria, o idioma yorubá é complexo e arraigado em tradições. É o segundo maior
idioma da Nigéria, é falado em várias seitas difundidas pelo mundo, entre estes estão a República do Benin,
Cuba, Brasil, Trinidad, e Estados Unidos.

A origem deste idioma é obscura, e não existe nenhuma evidencia conclusiva provando onde exatamente se
originou. A quem diga que o idioma yorubá provém dos Egípcios, à centenas de anos atrás, evidenciados no fato
de que um vasto número de palavras yorubás ser bem parecidas com as Egípcias, porém realmente, não existe
nenhuma explicação formal de como surgiu o idioma na Nigéria.

Quem são os Yorubás

Os Yorubás são um dos mais importantes grupos étnicos da Nigéria, apreciam uma história e cultura muito rica.
Existem várias teorias sobre a origem do povo yorubá, estas informações se agrupam cuidadosamente nas
declarações via tradição oral.

Este povo parece ter se originado de Lamurudu, um dos reis de Mecca (na atual Arábia Saudita). Lamurudu teve
um filho chamado Oduduwa, que é amplamente conhecido como o fundador das tribos yorubás. Durante o
reinado de seu pai, Oduduwa era muito influente a atraiu vários seguidores, transformou as mesquitas, em
templos para a adoração de ídolos, com a ajuda de um sacerdote chamado Asara.

Asara teve um filho, Braima, que foi educado como muçulmano, e se ressentiu da adoração obrigada de ídolos.

Por influência de Oduduwa, todos os homens da cidade, eram ordenados em uma expedição de caça, que durava
três dias, em preparação para honra e culto de seus deuses. Braima aproveitou a oportunidade da ausência dos
homens e tomou a cidade. Ele destruiu tudo, inclusive os ídolos, deixando um machado no pescoço do ídolo
mais importante. Na volta da expedição, se deram com a cidade destruída, e foram atrás de Braima para queimá-
lo vivo. Neste momento começou uma revolta que desencadeou uma guerra civil.

Lamurudu foi morto e seus filhos expulsos de Mecca. Oduduwa e seus seguidores conseguiram escapar, com
dois ídolos, para Ilê Ifé (ainda ilê ifé na Nigéria moderna). Oduduwa e seus filhos juraram se vingar; mas
Oduduwa morreu em Ilê Ifé, antes de ser poderoso suficiente para lutar contra os muçulmanos de seu país. Seu
primogênito Okanbi, comulmente chamado de Idekoseroke, também morreu em Ilê Ifé. Oduduwa deixou sete
príncipes e princesas. Destes originaram-se várias tribos yorubás. A primeira era uma princesa que se casou com
um sacerdote e se tornou mãe de Olowu, que se tornou rei de Egbá. A segunda princesa se tornou mãe de
Alaketu, progenitor do povo de ketu; o terceiro se tornou rei do povo de Benin; o quarto Orangun, se tornou rei
de Ila; o quinto Onisabe, se tornou rei de Savé, e o sexto se tornou rei dos Popos. O sétimo e último a nascer era
Oranyan (Òrànmíyàn) (odede) , que se tornou progenitor dos yorubás; ele era o mais jovem, mas eventualmente
se tornou o mais rico. Ele construiu a cidade de Oyó Ajaka, hoje Oyó.

De Ilê Ifé, os descendentes de Oduduwa espalharam-se por outras zonas da região yorubá; entre os estados que
fundaram estão Ijesha (Ijexá), Ekiti e Ondo a leste; ketu, Sabe e Egbado a oeste; Oyó a norte, e Ijebu a sul.

Oranyan, fundou a dinastia de Oyó, que veio a ser o mais conhecido dos estados yorubás, em virtude de seu
domínio político-militar sobre grande parte do sudoeste da Nigéria e da área que é hoje a República de Benin.
Estas estruturas políticas e militares tem sido muitas vezes citadas como modelos de organização, onde figurava
o Alafin ou rei, considerado como um chefe cuja posição na terra era comparável à do ser Supremo no Paraíso. O
Alafin governava com a ajuda de seus poderosos conselheiros, os Oyó Mesi, que eram numericamente sete e que
tinham também a seu cargo a escolha do novo Alafin, de entre os filhos do rei anterior. O chefe dos Oyó Mesi, o
Basorun, tinha como funções às de chefe de estado e de conselheiro principal do Alafin, enquanto que o exército
de Oyó era chefiado durante uma guerra por um grupo de nobres conhecidos por Eso, o chefe dos quais era o
Are-Onakakanfo ou o generalíssimo do exército.

A Religião dos Yorubás

A religião tradicional yorubá envolve adoração e respeito a Olorun ou Olòdùmarè, o criador, dos Orixás e dos
antepassados, e cultuam 401 deidades; a maior parte desses Orixás são figuras antropomorfas, que também são
associadas com características naturais. As pessoas rezam e fazem sacrifícios, de acordo com suas necessidades e
situação. Cada divindade tem suas regras, ritos e sacrifícios próprios. Os yorubás rezam para os Orixás para
intervenção divina em suas vidas.
Olorun (o dono do céu), ou Olòdùmarè é o Deus supremo dos yorubás, ele é o criador, é invocado em benções e
em certas obrigações, mas nenhum santuário existe para ele, nenhum sacerdócio organizado.

Os yorubás, também, crêem que os antepassados interfiram diariamente nos eventos da terra. Em algumas
cidades são feitos, anualmente festivais, onde cada Egungun dança, e é festejado. Como já vimos os yorubás, são
um povo com uma cultura muito rica. Eles superaram muitos obstáculos para alcançar o ponto que estão hoje.
Sua cultura e história podem ser vista ao longo do mundo, especialmente as convicções religiosas, em outras
palavras, os yorubás são dos mais influentes povos do mundo.

Outra explicação que se faz a respeito do aparecimento das divindades seria que Oxalá ou Obatalá, deus da
criação instalou seu reino em Ifé, lugar sagrado dos yorubás. Fala-se que Obatalá tinha um irmão mais moço
chamado Oduduwa, que ambicionava executar as tarefas que Olòdùmarè confiou a Obatalá e, para tanto, fez um
ebó, contando com a colaboração de Esu (Exu), que armou uma cilada, provocando muita sede em Obatalá, que
se encontrava bastante cansado da viagem. Ao se aproximar de uma palmeira, usando seu cajado, furou a dita
palmeira e bebeu o emu ( vinho de palma) que jorrava. Exausto embriagou-se rapidamente e ali mesmo deitou e
adormeceu. Oduduwa que vinha de espreita na retaguarda, passou em sua frente, tornou-se fundador dos povos
yorubás.

Olodumare

Poucos sacerdotes falam de Olòdùmarè, pois não existe nenhum altar, nenhum assentamento dedicado a ele e
nenhum filho ou filha lhe é consagrado. A religião é parte essencial da cultura dos povos africanos, e acreditam
que Olòdùmarè seja o ser supremo, é o Obá Orum, rei do céu. É ele acima de tudo; onipresente, ele é Olorun
Alagbara, o Deus Poderoso.

Diz a mitologia yorubá que Olòdùmarè, junto com a criação do céu e da terra , trouxe para a existência as outras
divindades Orixás, para ajudar ele a administrar sua criação, e a importância de cada divindade depende da
posição dentro do panteão yorubá. Olòdùmarè é o Deus Supremo dos yorubás, merecedor de grande reverência ,
seu status de supremacia é absoluto.

Ele é onipotente - tão onipotente que para Olòdùmarè nada é impossível, ele é o rei cujos trabalhos são feitos
para perfeição.

Ele é imortal - olòdùmarè nunca morre, os yorubás crêem que seja inimaginável para Elemi (o dono da vida)
morrer.

Ele é Onisciente - Olòdùmarè sabe tudo, não existe nada que possa se esconder dele; ele é sábio, tudo está ao seu
alcance. Alguns estudiosos dizem que a religião yorubá, é a religião monoteísta mais antiga da humanidade.

Cronologia Real Yorubana

1 - Oduduwa
2 - Oranyan
3 - Ajaka
4 - Sango
5 - Ajaka
6 - Aganjú
7 - Kori
8 - Oluaso
9 - Onigbogi
0 - Ofiran
11 - Eguguojo
12 - Orompoto
13 - Ajiboyede
14 - Abipa
15 - Obalokun
16 - Oluodo
17 - Ajagbo
18 - Odarawu
19 - Kanran
20 - Jayin
21 - Ayibi

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