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Centro de Ensino Unificado do Distrito Federal – UDF

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA


Disciplina de Anatomia dos Animais Domésticos I

SISTEMA
NERVOSO
Pedro Ilha
Médico Veterinário
“Há pessoas que lutam um dia e são boas. Há outras que lutam um ano e são melhores. Mas há as que lutam
toda a vida e são imprescindíveis.” BertoldBrecht
M.V: Pedro Ilha

2- FUNÇÕES – organização geral de funcionamento


ÓRGÃO PERIFÉRICO (p.ex.: pele):
TERMINAÇÕES NERVOSAS = “sensor”
(detecção de estímulos sensoriais)

neurônio sensitivo ou aferente

MÚSCULOS E GLÂNDULAS
(órgão periférico):
SIST. NERVOSO CENTRAL (órgão ÓRGÃO EFETOR = “execução”
central):
(executa a resposta enviada)
ENCÉFALO E MEDULA ESPINHAL = “processador”

(análise e processamento de estímulos


sensoriais e; envio de respostas apropriadas)
M.V: Pedro Ilha

 detecção de estímulos sensoriais


 transmissão (condução impulso nervoso)
 análise (processamento da informação sensorial)
 geração de resposta motora apropriada

 organização
 coordenação
 controle

FUNCIONAMENTO DO ORGANISMO
“HOMEOSTASE” (equilíbrio interno)
M.V: Pedro Ilha

3- TECIDO NERVOSO

 tecido formador dos órgãos que compõem o sistema


nervoso
 componentes
- neurônio ou célula nervosa
- neuróglia ou glia ou células da glia
M.V: Pedro Ilha

3- TECIDO NERVOSO
3.1 Neurônio - componentes:
a) corpo celular
• porção onde situa-se o
núcleo
• centro trófico
• função – processamento

b) dendrito (“déndron” =
árvore)
• prolongamentos numerosos
curtos e ramificados
• função – receber sinais

c) axônio (“fibra nervosa”) (“axon” = eixo)


• prolongamento único longo (em geral) ou curtos e não ramificados
• função – condução impulso nervoso
M.V: Pedro Ilha

3- TECIDO NERVOSO

3.1 Neurônio
 tipos de neurônios
- neurônio de condução (mais comuns)
. conduzem impulso nervoso
. secretam neurotransmissor
- neurônio neurossecretor
. não conduzem impulso nervoso
. Secretam, em geral, hormônios
M.V: Pedro Ilha

3- TECIDO NERVOSO

3.1 Neurônio
 classificação
- quanto à função
. neurônios sensitivos ou aferentes  conduz
estímulos da periferia para o SNC
. neurônios motores ou eferentes  conduz
respostas do SNC para a periferia
. interneurônio  estabelece conexão entre os
neurônios sensitivos e motores
M.V: Pedro Ilha

4- DIVISÕES DO SISTEMA NERVOSO


4.1- Divisão Anatômica
a) sistema nervoso central (SNC)
 encéfalo
- cérebro
. telencéfalo
. diencéfalo
- cerebelo
- tronco encefálico
. mesencéfalo
. ponte
. bulbo
 medula espinhal
M.V: Pedro Ilha

encéfalo

medula espinhal
M.V: Pedro Ilha

Cérebro

Cerebelo

Tronco encefálico
M.V: Pedro Ilha

Telencéfalo Cerebelo

Diencéfalo Mesencéfalo Ponte Bulbo


M.V: Pedro Ilha

4- DIVISÕES DO SISTEMA NERVOSO


4.1- Divisão Anatômica
b) sistema nervoso periférico (SNC)
 nervos
- cranianos
- espinhais
 gânglios
- sensitivos e motores
- gânglio = acúmulo de corpos de neurônios fora
do SNC
 terminações nervosas
- sensitivas e motoras
- terminações nervosas = estruturas especializadas
em receber ou transmitir sinais neurais
M.V: Pedro Ilha

Gânglio

Nervo
M.V: Pedro Ilha

4- DIVISÕES DO SISTEMA NERVOSO


4.2- Divisão Funcional
a) sistema nervoso somático ou da vida de relação
 integração do animal com o ambiente que o cerca
 conduz informação sensitiva exteroceptiva e proprioceptiva
(músculos, tendões e articulações) – receptores
 conduz resposta motora para o músculo estriado esquelético
(órgão efetor)
b) sistema nervoso visceral ou vegetativo ou autônomo
 integração do animal com o ambiente interno
 conduz informações sensitivas proprioceptivas (vísceras) -
receptores
 conduz respostas motoras para os músculos liso e estriado
cardíaco e glândulas (órgãos efetores) – via motora = Sistema
Nervoso Autônomo
M.V: Pedro Ilha

5- REFLEXOS (“ARCO REFLEXO”)


 são reações relativamente simples, involuntárias e estereotipadas do sistema
nervoso à estimulação periférica

 o circuito neural para os reflexos são, geralmente, referidos como “arco reflexo”

 componentes:
. receptor . neurônio aferente (sensitivo)
. sinapse . neurônio eferente (motor)
. órgão efetor . interneurônio
M.V: Pedro Ilha

6- ENVOLTÓRIOS DO SISTEMA NERVOSO - MENINGES


Meninges são lâminas de tecido conjuntivo que revestem o SNC
Meninges
 durá-mater – lâmina externa, fibrosa, rígida e resistente de tecido fibroso ao nível
do encéfalo divide-se em 2 lâminas, perióstea e meníngea
 aracnóide – lâmina média e delicada de tecido conjuntivo frouxo, a qual divide-se
em camadas, a laminar e a trabeculada
 pia-máter – lâmina interna de tecido conjuntivo frouxo colada no tecido nervoso
Osso

Lâmina perióstea
Durá-mater
Lâmina meníngea

Camada lamelar Aracnóide


Camada trabecular

Pia-máter

Tecido nervoso
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6- ENVOLTÓRIOS DO SISTEMA NERVOSO - MENINGES

Espaços Meningicos Encefálicos


 espaço subdural – espaço compreendido entre lâmina meníngea da dura-máter e
camada laminar da aracnóide
 espaço subaracnóide – espaço compreendido entre a camada laminar da
aracnóide e a pia-máter
Vilosidades aracnóides – projeção
da aracnóide para o interior dos seios
da dura-máter para facilitar a
passagem do líquor para o interior do
seios

Espaço sub-dural

Espaço sub-aracnóide –
preenchido por líquor

Seios da dura-máter – cavidades originadas entre


as lâminas perióstea e meningea em alguns pontos
do encéfafo, as quais são drenadas por veias
M.V: Pedro Ilha

6- ENVOLTÓRIOS DO SISTEMA NERVOSO - MENINGES


Espaços Meningicos Medulares
 espaço epidural – espaço compreendido entre o periósteo do osso e dura-máter
 espaço subdural – espaço compreendido entre a dura-máter e camada laminar da
aracnóide
 espaço subaracnóide – espaço compreendido entre a camada laminar da
aracnóide e a pia-máter

Espaço sub-aracnóide –
preenchido por liquor

Espaço sub-dural

Espaço epidural

1 – pia-máter
2 – aracnóide
3 – dura-máter
M.V: Pedro Ilha

7- VENTRÍCULOS ENCEFÁLICOS
 são cavidades situadas no interior do encéfalo originadas a
partir do lúmen do tubo neural
- encontram-se preenchidos pelo líquido cerebroespinhal
ventrículo
lateral

3º ventrículo
aqueduto cerebral 4º ventrículo
M.V: Pedro Ilha

8- LÍQUIDO CEREBROESPINHAL

 líquido límpido e incolor que ocupa os ventrículos


encefálicos,espaço subaracnóide e canal central da medula

 resulta da ultrafiltração do plasma a nível do plexo coróide

 plexo coróide → tufo capilar forrado por tecido conjuntivo e


células ependimárias que se projeta para o interior dos
ventrículos encefálicos

 funções:
. proteção mecânica
. meio de transporte de substâncias
. funciona como tampão químico
M.V: Pedro Ilha

Circulação do Líquido Cerebroespinhal

ventrículo lateral → forame


interventricular → terceiro
ventrículo → aqueduto cerebral
→ quarto ventrículo → abertura lateral
ou canal central da medula espinhal
abertura lateral → espaço subaracnóide →
vilosidades aracnóides → seios da dura-máter →
veias emissárias do cérebro
M.V: Pedro Ilha

9- NERVOS

 são cordões formados por fibras nervosas que ligam o SNC


aos órgãos periféricos
 as fibras nervosas se agrupam em feixes (fascículos)
 os feixes se agrupam e constituem os nervos
 envoltórios do nervo:
- fibra nervosa → endoneuro
- feixe de fibras → perineuro
- nervo → epineuro
 tipos de nervos:
- espinhais
- cranianos
M.V: Pedro Ilha

9- NERVOS
Fibra nervosa
Envoltórios do nervo

Nervo

Feixe de fibras
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9.1- Nervos Espinhais
 são aqueles que se originam a partir da medula espinhal
 nº de nervos varia entre as espécies → nº de segmentos
medulares
 origem dos nervos espinhais → segmentação da medula
 em função da região da medula que se originam →
recebem a sua nomenclatura
M.V: Pedro Ilha
9.2- Nervos Cranianos

 são aqueles que se originam a partir do encéfalo

 nº de nervos cranianos = 12 pares

 composição funcional dos nervos cranianos → variável


M.V: Pedro Ilha
9.2- Nervos Cranianos
M.V: Pedro Ilha
9.2- Nervos Cranianos
M.V: Pedro Ilha

10- MEDULA
ESPINHAL
10.1- Definição
 massa cilindróide de
tecido nervoso situada
no interior do canal
vertebral
10.2- Segmentação
 é um órgão
segmentado
 segmentação →
baseada na
origem dos Nn.
espinhais
M.V: Pedro Ilha

10- MEDULA ESPINHAL


10.3- Extensão
 felino (a) → L6 ou S3
 canino (b) → L6 ou L7
 suíno (c) → L5 ou L6
 bovino (d) → L6
 eqüino (e) → S2
M.V: Pedro Ilha

10- MEDULA ESPINHAL


10.4- Corte Transversal
 substância cinzenta (a)
 substância branca (b)

b
M.V: Pedro Ilha

11- ENCÉFALO
11.1- Tronco Encefálico
 funções:
- controle automático sistemas
corporais centros bulbares:
. respiração
. vasomotor
Mesencéfalo
. da êmese
. do espirro e da tosse
- estado de vigília do indíviduo
Ponte
(atenção seletiva)

Bulbo

Medula Espinhal
M.V: Pedro Ilha

11- ENCÉFALO
11.2- Cerebelo
 divisões:
- vérmis cerebelar
- hemisfério cerebelar
 funções:
- controle, coordenação
e equilíbrio dos movimentos
- controle do tônus muscular

controle do SNC sobre o músculo


estriado esquelético

hemisfério vérmis
M.V: Pedro Ilha

11- ENCÉFALO
11.2- Cerebelo
 substância branca (corpo medular) – posicionada no centro
 substância cinzenta (córtex cerebelar) – posicionada na periferia

Corpo medular do cerebelo córtex cerebelar


M.V: Pedro Ilha

11- ENCÉFALO cérebro

11.3- Cérebro
 divisões
- telencéfalo
- diencéfalo

telencéfalo

diencéfalo

 função geral do telencéfalo: CONGNIÇÃO


- acto ou processo de conhecer, que envolve atenção, percepção,
memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento, linguagem
 função geral do diencéfalo: HOMEOSTASIA
- controle do equilíbrio interno (controle do funcionamento dos sistemas)
M.V: Pedro Ilha

11- ENCÉFALO
11.3- Cérebro Rinencéfalo
 Telencéfalo
- divisões
. hemisférios cerebrais
. rinencéfalo:

Hemisfério Cerebral

Função do Rinencéfalo:
relacionado com a sensibilidade
olfativa
M.V: Pedro Ilha
11.3- Cérebro
 Telencéfalo – lobos cerebrais: - área sensorial - sensibilidade cutânea,
. lobo frontal (1) . lobo parietal (2) pressão, tato e outros sentidos
. lobo temporal (4) . lobo occipital (3) - área da fonação
. lobo olfatório (5) - área da interpretação geral
- área motora envolvendo controle
- área da visão
voluntário dos músculos
- concentração
- campo (esfera) da visão frontal

- área da audição
- interpretação de
experiências sensoriais,
memória visual e
padrões auditivos

- área do olfato
M.V: Pedro Ilha

11- ENCÉFALO
Epitálamo
11.3- Cérebro
 Diencéfalo
- divisões
. tálamo
. epitálamo
. hipotálamo

Tálamo

Hipotálamo
M.V: Pedro Ilha

11- ENCÉFALO
Epitálamo

Tálamo

11.3- Cérebro Hipotálamo

 Funções do Tálamo Subtálamo


- funciona como um redistribuidor de vias
. o tálamo recebe informações sensoriais do corpo
e as passa para o córtex cerebral
. o córtex cerebral envia informações motoras para o
tálamo que posteriormente são distribuídas pelo corpo
M.V: Pedro Ilha

11- ENCÉFALO
11.3- Cérebro Epitálamo
 Funções do Epitálamo
- principal componente →
glândula pineal

Tálamo
Hipotálamo

Subtálamo

Glândula Pineal → secreção de melatonina (↑ luminosidade ~ ↓secreção de melatonina)


 efeito da melatonina → efeito antigonadotrófico
→ regulação do ciclo circadiano (dia → ↓secreção de melatonina → acordar
noite → ↑secreção de melatonina → sono)
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11- ENCÉFALO
11.3- Cérebro Epitálamo
 Funções do Hipotálamo
- Controle:
. sede e saciedade
. fome e saciedade
. temperatura corporal
. diurese (micção) →
síntese de ADH
. sistema endócrino →
síntese de hormônios
(crescimento,
reprodução e
metabolismo)
- Parto e ejeção do leite →
síntese de ocitocina Tálamo

Hipotálamo

Subtálamo
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11- ENCÉFALO
11.3- Cérebro
 substância branca (corpo medular do cérebro) - periferia
 substância cinzenta (córtex cerebral) - centro

substância cinzenta

substância branca

Núcleos da Base → acúmulo de corpos de neurônio no interior da substância branca do cérebro


SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO

 Via eferente do sistema nervoso


visceral
 Composição
- neurônios pré-glanglionares (mielinizados)
- neurônios pós-ganglionares (amielinizados)

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SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO

 Divisão
- baseada em características
anatômicas
fisiológicas
farmacológicas
- divisão
simpático
parassimpático
- contrastantes
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SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO

 Sistema Nervoso Simpático


- principal formação anatômica
tronco simpático
gânglios → paravertebrais
cervical cranial
cervical médio
cervicotorácico
ramos interganglionares
ramos comunicantes
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SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO

 Sistema Nervoso Parassimpático


- formações anatômicas
cranial → tronco encefálico
caudal → medula sacral

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SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO

 Sistema Nervoso Parassimpático


- tronco encefálico
neurônios pré-ganglinares → origem
núcleo dos Nn. oculomotores
núcleo dos Nn. faciais
núcleo dos Nn. glossofaríngicos
núcleo dos Nn. vagos

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SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO

 Sistema Nervoso Parassimpático


- medula sacral
neurônios pré-ganglinares → origem
núcleo dos Nn. pélvicos

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M.V: Pedro Ilha
M.V: Pedro Ilha

 Linha azul = parassimpático


 Linha vermelha = simpático
 Linha pontilhada = fibra pós-
ganglionar
 Linha contínua = fibra pré-
ganglionar
M.V: Pedro Ilha

REFLEXÃO

“A humildade exprime, uma das raras certezas de que estou


certo: a de que ninguém é superior a ninguém.” Paulo Freire

“Haverá um dia em que o homem conhecerá o íntimo do


animal, neste dia, um crime contra um animal será considerado
um crime contra a humanidade.” Leonardo da Vinci

E-mail: pedroilha2@gmail.com

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