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UNIDADE CURRICULAR: Pré e Proto-História de Portugal

CÓDIGO: 31102

DOCENTE: Professora Doutora Marina Évora

A preencher pelo estudante

NOME: Leonel Dinis Dias Barbosa

N.º DE ESTUDANTE: 2100133

CURSO: Licenciatura em História

DATA DE ENTREGA: 06-01-2022

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TRABALHO / RESOLUÇÃO: O Calcolítico, período da proto-história, é assinalado
entre o Neolítico e a Idade do Bronze (3300 a 1200 a.C.). A passagem do Neolítico para
o Calcolítico originou alterações sociológicas, com o surgimento de povoados
fortificados durante o Calcolítico Inicial (2800 a. C.) e o imediato abandono durante o
Calcolítico Pleno. Ao existir uma transformação de produtos secundários e da criação
de gado, apoiada na força de tração animal e inserção do arado, originou uma nova
maneira de produção, designada de Calcolítico. Há um aumento dos meios de produção
agro-pastoril, impulsionando o plano económico-social. A excelente localização
geográfica, terras férteis, ricas em cobre e minérios originou a sedentarização dos
povos. Daí a exigência de proteger os excedentes, há diferença de riquezas entre os
povoados, originando confrontos. Com as inovações tecnológicas, aumento
demográfico e excedentes no sistema produtivo, há tensões sociais e lutas por melhores
terras. Dessa forma, surgem as fortificações calcolíticas, as populações querem-se
defender dos povos inimigos, salvaguardar os bens e pessoas. São fortificações com
muralhas providas de torres e bastiões, localizadas no topo de elevações topográficas
como lugares de defesa. Dos inúmeros povoados em Portugal apresento os do Alto e
Baixo Alentejo e Algarve, o Calcolítico do Sudoeste. Os povoados de Cabeço da Mina
(Torrão do Alentejo) e do Vale do Pincel II (Sines) são os que se encontram na transição
do Neolítico Final para o Calcolítico. O primeiro localiza-se num alto dominante e o
segundo numa encosta, sobranceira ao litoral. Os povoados calcolíticos de Monte Novo
(Sines), Cortadouro (Ourique) e Alcalar (Portimão) situam-se em superfícies
destacadas, e os dois últimos fortificados, com vestígios de metalurgia, localizam-se no
Calcolítico. No Alto Alentejo, o povoado do Escoural (Montemor-o-Novo) tem uma
evolução de ocupação (Paleolítico Médio ao Calcolítico Final), existindo um
monumento funerário tipo tholos, que possui muralhas e um torreão circular. No espólio
há fragmentos de recipientes cerâmicos, componentes de tear, pontas de seta e vestígios
da atividade metalúrgica e fauna, apontando para domínios de índole doméstica. Na
região de Reguengos de Monsaraz, surgiram outros povoados como o Monte Novo dos
Albardeiros (planície) e o Marco dos Albardeiros (elevação acentuada), ambos do
Calcolítico. No espólio há artefactos de cobre e cerâmicas calcolíticas. O povoado da
Torre de Esporão 3 (Reguengos de Monsaraz) não tem construções resistentes em
altura, há estruturas negativas, fossos e buracos de poste. Existem taças carenadas,
pressupondo que este povoado foi ocupado no Neolítico Final ou início do Calcolítico
da Estremadura. O povoado do Cabeço do Cubo e do Monte da Ponte (Évora) são

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delimitados por fossos, taludes concêntricos e muralhas de pedra. O povoado de Cabeço
do Torrão (Elvas) possui vários fossos de planta circular escavadas no substrato. Há
elementos que fazem perceber a presença neolítica, através de fragmentos de cerâmica
de construção, com formas esféricas, taças de bordo espessado e carenadas, teares sub-
retangulares e mós. O povoado dos Perdigões (Reguengos de Monsaraz), 3400-2000
a.C., é demarcado e protegido por linhas de fossos escavados, lombas e muralhas.
Mediante a presença de taças carenadas percebe-se a existência da presença humana.
Este povoado atinge o seu auge no Calcolítico quando se edificaram dispositivos
defensivos. Está localizado numa encosta com presença de água e um subsolo fértil. A
relevância da economia agro-pastoril da comunidade sedentarizada verifica-se através
do aparecimento de espólio ligado à agricultura e criação de gado, provado por restos
ósseos, assim como a presença de utensílios ligados à metalurgia. O sagrado também
estava evidente pela existência de menires e sepulturas. No Baixo Alentejo, o povoado
de Porto Torrão tem vários fossos e aterros, localizado numa área agrícola fértil e com
contorno subcircular. Na sua ocupação podem-se encontrar objetos de cariz mágico-
simbólico, ídolos de mármore e sepulturas. No Fosso 1 encontramos materiais do
Neolítico Final (fase 1), taças carenadas e recipientes com pegas, e no Fosso 2 peças do
Calcolítico (fase 2). A fase 3 está ligada à ocupação campaniforme. Pode-se verificar
que estes povos praticavam uma economia agro-pastoril evoluída, a prova é evidente
pelos vestígios encontrados de animais domésticos e selvagens. O povoado do Monte da
Tumba (Alcácer do Sal) localizado no topo da elevação tem campos férteis e possuía
três linhas de muralhas, com bastiões e planta semicircular, onde se identificam três
fases de ocupação. Na fase I (Calcolítico Inicial) há a construção do dispositivo
defensivo. No espólio existem pontas de flecha, pratos de bordo “almendrado” e
ausência de metal, verificando-se uma economia agro-pastoril. Na fase II (Calcolítico
Pleno) existe a construção de novas muralhas com bastiões semicirculares e torres
circulares. Na fase III constroem uma torre subcircular e surge a cerâmica
campaniforme. O pequeno povoado do Porto das Carretas (Mourão) é um recinto
fortificado. Na fase mais antiga foi edificado um sistema defensivo com três linhas de
muralhas arqueadas. Na fase 1 há cabanas de planta circular. A economia é agro-pastoril
e há a presença de recipientes cerâmicos, onde são retratadas todas as formas inerentes
do Calcolítico do Sudoeste. No espólio encontramos o prato e taça de bordo espessado,
taça em calote e carenada. A fase 2 diz respeito à existência campaniforme e é descrita
pela edificação de uma torre e de cabanas de planta circular. O povoado do Mercador

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tem fossas de planta circular repletas de materiais arqueológicos. Na fase I há a
construção de uma torre e na fase II duas cabanas circulares. As peças de cobre dão
indícios de sedentarização. No Algarve, o Cerro do Castelo da Corte de João Marques,
povoado aberto tido como uma aldeia de agricultores e metalurgistas. O Cerro do
Castelo de Santa Justa é fortificado por muralha de contorno elipsoidal fechada, com
bastiões e cabanas de planta subcircular. A agricultura, cerealicultura, metalurgia e a
exploração mineira de cobre eram a base da economia. O povoado calcolítico de Alcalar
(3200 a 2000 a.C.) tem uma necrópole constituída por tholos, defendido por um sistema
de fossos e muralhas com três nichos periféricos: Monte Canelas, Poio e Monte Velho.
As estruturas funerárias apresentam diversas caraterísticas arquitetónicas, práticas
funerárias e transformações de construção e ocupação. Existem estruturas negativas tipo
fossa, cabanas de planta circular semi-escavadas e estruturas de combustão. Através de
vestígios faunísticos (restos de animais e conchas) a artefactos arqueológicos (cerâmicas
e pedras lascadas) verifica-se que estes povos usaram vários recursos, notando ser uma
comunidade multifacetada pela presença de diferentes componentes arquitetónicos e
inúmeros materiais existentes nos povoados.

Bibliografia:

ANTUNES, Elisa; SILVA, Carlos Tavares da - Calcolítico I, Pré-História de Portugal,


A emergência da sociedade agro-metalúrgica. [Registo vídeo]. Lisboa: Universidade
Aberta, 1994. Vídeo (14m.03): color., son.

CARDOSO, João Luís - Pré-História de Portugal. Lisboa: Universidade Aberta, 2007.

Património Cultural, Portal do Arqueólogo – Alcalar: Povoado. [em linha]. [consult.


2022-01-03]. Disponível na Internet: <URL: Portal do Arqueólogo
(patrimoniocultural.pt).>

SILVA, Carlos Tavares da; SOARES, Joaquina - Atlas do Sudoeste Português. [em
linha]. [consult. 2022-01-02]. Disponível na Internet: <URL: Monte da Tumba | Atlas
do Sudoeste Português (cimal.pt).>

SILVA, José da - Portugal, do Neolítico à Idade do Bronze. [em linha]. [consult. 2022-
01-04]. Disponível na Internet: <URL: Portugal, do Neolítico à Idade do Bronze *
Caminhos de Portugal.>

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