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Megalitismo:

O megalitismo, derivado da palavra Mega que significa grande e lithos que significa
pedra, nasce de um contexto histórico caracterizado pela sedentarização crescente do
Homem, centrado na agricultura, cada vez com mais contactos entre as comunidades,
a par de uma atividade económica e cultural cada vez mais notáveis, demonstra uma
apetência artística intensa por parte das comunidades que a usavam, bem como uma
organização social progressiva e uma atitude religiosa marcante. Para além do habitat,
das construções e realizações quotidianas e de uso corrente, o Homem está mais
habilitado e ousado quanto à edificação de conjuntos arquitetónicos representativos
do seu desenvolvimento cultural e artístico, principalmente de caráter espiritual. As
construções megalíticas surgem um pouco por todo o lado, com simbologias ou
finalidades variadas.
No caso do megalitismo na Europa Ocidental, supôs-se durante muito tempo ser
oriundo da bacia mediterrânica, esta tese difusionista foi derrubada pela datação
científica de várias sepulturas megalíticas na Bretanha e em Portugal, demonstrando-
se assim uma idade anterior de quase dois milénios em relação às pirâmides do Egito.
De facto, o megalitismo aparece na história da Humanidade talvez durante o V milénio
a.C., porventura a data mais credível atualmente, sendo os conjuntos arquitetónicos
mais antigos, talvez, os da Europa Ocidental e África Central.

(Distribuição de estruturas megalíticas na Europa, Norte de África e Sudoeste da Ásia)


Menires e Cromeleques:
Os menires caracterizam-se como monólitos individuais de formato alongado,
cravados na terra em posição vertical. Os cromeleques são conjuntos de menires,
ascendendo às dezenas, dispostos em elipses, em círculos, semi- círculos ou
retângulos, e compondo um recinto aberto ou fechado e encontram-se geralmente
implantados em zonas planas.
A matéria-prima empregue na estruturação destes monumentos é a pedra,
proveniente do território em que se inserem. Os menires e cromeleques encontram-se
sempre situados na proximidade de povoados pré-históricos. A cronologia de
construção destes megálitos é mal conhecida tendo em conta que se encontram
implantados em locais desprovidos de estratigrafia vertical, porém, as datações feitas
por OSL, as recolhas de materiais arqueológicos feitas à superfície, nas camadas
arqueológicas que selam os monumentos e nos seus alvéolos de implantação, têm
indicado um espectro alargado de datas e todas se integraram no período Neolítico,
desde os primórdios até ao final.
Por vezes, na superfície do menir, existem representações antropomórficas
esquemáticas e círculos. Os menires alentejanos, por outro lado, contêm
representações de báculos e machados, considerados símbolos de poder e comando,
associados a representações antropomórficas. No caso do menir de Belhoa, em
Reguengos de Monsaraz, verificou-se a representação abstratas de corpos irradiados e
linhas onduladas.

(Cromeleque dos Almendres, Alentejo)


(Menir de Belhoa, em Reguengos
de Monsaraz)
Anta de Vale de Laje (Tomar):
A anta de Vale de Laje é o monumento funerário mais antigo conhecido a Norte do
Tejo, tendo sido construído há 7.500 anos.

Tem uma câmara formada por cinco grandes lajes, a que se acede por um corredor
estreito e mais baixo. A toda a volta foi alinhado um circulo de lajes deitadas, com 5
metros de diâmetro, contra o qual foram construídas rampas de blocos de pedra (1).
Ambos foram depois cobertos com terra (2), com lajes de pedra no topo (3) e de novo
com terra. No exterior foi construído um pátio de pequenas pedras sobre o qual se
construiu uma espécie de altar circular (4).
Mais tarde o monumento foi abandonado, mas há cerca de 6.500 anos, o monumento
foi reconstruído (6) e, a toda a volta, foi construído um círculo de pequenas lajes
intervaladas por grandes seixos de quartzo e quartzito. Graças aos seixos, quando fazia
sol a anta brilhava, destacando-se ainda mais no vale.
Os cerca de 90 mortos que aqui foram enterrados, ao longo de quase 3.000 anos, eram
acompanhados de vasos, machados, facas, flechas, placas de xisto e outros objetos em
pedra, cerâmica, osso e madeira (como podemos observar em alguns exemplos da
figura 7).
E alguns destes objetos podem ser vistos no Centro de Pré-História do Instituto
Politécnico de Tomar.
Há sete mil anos atrás o Médio Tejo era povoado por caçadores e pescadores que
aproveitavam a riqueza dos recursos da região: javalis, veados, frutos, raízes, entre
outros
É a este cenário, dominado bosque, que chegam, pouco depois, dois grupos de
pastores. Uns, vindos do litoral atlântico e da Estremadura, ocuparam a região calcária
de Tomar, deixando vestígios de enterramento em grutas (Caldeirão, Cadaval, Nª Sª
das Lapas, e outras).
Outros, vindos do interior da Península Ibérica e do Alentejo, atravessaram o rio Tejo
há mais de seis mil anos e, em conjunto com as comunidades de caçadores já
existentes, adotaram um modo de vida misto, e começaram a marcar o território com
sinais da sua presença dominadora: a arte rupestre da bacia do Tejo e os monumentos
megalíticos.
Ao longo do tempo, a paisagem irá mudar, com substituição do bosque por um campo
mais aberto. O antigo mundo dos caçadores será substituído, progressivamente, pelo
domínio da pastorícia e agricultura.
Tholos de Montelirio:
O Tholos de Montelirio é um dos mais importantes monumentos megalíticos da
Península Ibérica e está localizado na província de Sevilha, em Espanha, na cidade de
Castilleja de Guzmán. Estima-se que foi construído durante a Idade do Cobre entre os
anos 2900 e 2800 a.C. A construção consiste em duas câmaras conectadas (Câmara
Grande e Câmara Pequena), cobertas por cúpulas de marga e argila. O corredor e as
duas câmaras foram construídos a partir de lajes de ardósia não locais (ou seja, o
material foi extraído de outras áreas), que apresentam traços de pigmentos vermelhos
(principalmente óxido de ferro e cinábrio).
Da mesma forma, destaca-se a presença nas câmaras de pós- furo, que nos fornece
informações sobre as cúpulas mencionadas anteriormente. Está localizada sob um
monte de 75 metros de diâmetro, o próprio Tholos tem um comprimento aproximado
de 50 metros.

Os

restos arqueológicos encontrados em Castilleja de


Guzmán sugerem que a área tinha uma importante atividade econômica baseada na
pecuária, agricultura, comércio e especialização em artesanato. Dada a classificação
antropológica do especialista Elman Service, a construção megalítica do Tholos de
Montelirio poderia ser interpretada como um possível enclave religioso.
Em termos de cultura material, o elemento para o qual o Tholos de Montelirio se
destaca mais é o marfim. Neste monumento megalítico, foi encontrado um total de
159 objetos feitos dessa mesma matéria-prima, foram recuperados 5 pentes e 19
figuras zoomórficas que se destacam. Este é um dos mais importantes conjuntos de
marfim recuperados até agora em um local da Idade do Cobre. Além dos objetos feitos
de marfim, a escavação produziu outras evidências de matérias-primas como o ouro
(fragmentos de placas) ou o âmbar (250 contas e pingentes) (fig). O conjunto de
artefactos feitos em âmbar é, de facto, "a maior coleção de objetos feitos em âmbar
da pré-história recente da Península Ibérica".
Além disso, também foram encontrados, na Grande Câmara, um conjunto relevante de
têxteis constituídos por cerca de um milhão de contas discoidais perfuradas de cor
branca que teriam feito parte dos vestidos.

O depósito antropológico é composto por enterramentos em conexão anatômica, bem


como vários ossos em desconexão anatômica devido à alteração do contexto. Na
Grande Câmara verifica-se a presença de pelo menos 20 sepultamentos num contexto
primário alterado, cujos ossos são encontrados em diferentes posições. Quanto ao
sexo dos indivíduos sepultados, dos 20, pelo menos 12 são mulheres. Não há uma
identificação clara para os restantes 8 indivíduos, mas que provavelmente 3 serão do
sexo feminino.
As descobertas e particularidades do Tholos de Montelirio levaram os arqueólogos a
interpretar o seu uso em termos funerários, religiosos e ideológicos.

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