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Exame de Proto-História

 Características dos Tartessos (cultura), Fenícios e cultura local.


 Entender a distinção entre Pré-História e Proto-História.
 Culturas de transição (Bronze final, I e II Idade do Ferro).
 Entender as diferenças entre o Norte e Sul de Portugal.
 Documentos do Faustino.
 Bronze Atlântico.
 Fontes da Proto-História e a cultura castreja.

 Bronze atlantico
 Período orientalizante
 Período atlantico
 Idade do ferro
 Cultura castreja
 Cultura dos campos urnas
 Celtas
 Diferença norte sul peninsula ibérica
 Fontes da proto-historia

Entre o Atlântico e o Mediterrâneo: a Proto-história da Península


Ibérica
Proto-História é o período a seguir à Pré-História para o qual existe produção
escrita não produzida pelas próprias populações peninsulares, mas pelos Fenícios.
Faz a ligação entre sociedades primitivas, que não têm formas de governo
instituídas, e a transição para sociedades mais complexas.
O que marca a Proto-História é o contacto de diferentes comunidades à
distância, sendo diferente dependendo da região. Esta é uma grande diferença entre a
Pré-História e a Proto-História.
Há o contacto entre povos que ainda não dominam a escrita (pré-históricos)
e os povos que já a dominam (povos mediterrânicos). A certa altura os contactos até
são planeados e frequentes.
Um período original dos finais da Idade do Bronze e que durou até aos finais
da Idade do Ferro.
A Proto-história começa em tempos diferentes dependendo da área geográfica e
dos avanços civilizacionais dos diferentes povos.
O consenso é que a Proto-história se tenha iniciado no Bronze Final, ou seja,
1200-800 a.C., a I Idade do Ferro decorreu entre 800-500 a.C. (conhecida como
Período Orientalizante) e a II Idade do Ferro entre 500-200 a.C.

Proto-história iniciou-se no Bronze final (1200-800 a.C.)


Idade do Bronze- 2º milénio
Idade do Ferro – 1º milénio
1ª Idade do Ferro 800-500 a.C. (período orientalizante)
2ª Idade do Ferro 500-200 a.C.

Idade do Bronze
 Final da Pré-História, período de transição para a Proto-História.
 Os povos da Idade do Bronze caracterizam-se pelo manuseamento do bronze.
 Testemunhos sem documentos escritos, os que existiam não pertenciam à
sociedade que se está a estudar.
 Os celtas não produziam escrita, apenas os fenícios

A emergência dos povoados fortificados e a intensificação da circulação do


Bronze
A cerca de 1000/900 a.C. verificam-se dois fenómenos: a concentração das
populações em aldeias, que se implantam no cimo dos montes e se fortificam (os
castros), e o desenvolvimento da produção e circulação de objetos de bronze.

Do primeiro fenómeno, no Norte, os povoados parecem terem sido pequenos. As


muralhas indicariam um estado de guerra entre os castros. Porém, a densidade
populacional não parece ter sido tão grande que tornasse a terra escassa e conduzisse
ao conflito.
Na Estremadura e no Sul temos igualmente povoados em cerros atribuíveis ao
Bronze Final. O que parece caracterizar os povoados do Sul é a sua área muito mais
considerável do que no Norte.
O aumento da produção e circulação de objetos de bronze é também evidente na
segunda metade do Bronze Final, particularmente no Norte. Integra-se este num
vasto mundo atlântico. Relações marítimas asseguravam a troca de matérias-primas
e de objetos manufaturados. Assim criou-se, no Ocidente europeu, um mundo de
relações intensas que se dá o nome de Bronze Atlântico.
O Norte produzia mais do que o necessário e exportava os excedentes também
para a zona andaluza, onde viria a desenvolver-se o reino dos Tartessos
O comércio não seria direto, mas far-se-ia por intermédio da foz do Tejo ou do
estuário do Sado, onde podem ter surgido chefes cuja função seria organizar um
comércio que se faria por mar, e por terra quando o tempo impedia a rota marítima.
Na área dos estuários do Tejo e Sado surge a cerâmica cinzenta, feita
manualmente, mas fina, com ornatos brunidos, que aliás se difunde também
pelo Alentejo e encontra paralelo na Andaluzia.
Assim, se a segunda parte do Bronze Final não marca o início de uma hierarquia,
provavelmente acentuou o poder de uns quantos chefes, envolvidos na produção e
comércio de metais.

Antecedentes campaniformes
Bronze Atlântico
O aumento da circulação de objetos em bronze é evidente no Bronze Final. As
relações marítimas asseguravam a troca de matérias-primas e de objetos
manufaturados. Define uma época e região mal definidas onde os achados metálicos
mostram estreitas relações quer culturais, quer comerciais. Esquema da distribuição
geográfica e cronológica de tipos metálicos em bronze.

Esquema tripartido Esquema bipartido


Bronze inicial Calcolítico final
 Perduração dos itens campaniformes  Fase do calcolítico
2200-1800 a.C.  Inumações em cista: os “horizontes” representada pelas cerâmicas
de Montelavar e da Ferradeira campaniformes tardias e
materiais acompanerantes
Bronze Médio Bronze pleno
 Novas tipologias cerâmicas  Novas tipologias cerâmicas
1800-1300 a.C.  Complexificações das construções  Complexificação das
tumulares construções tumulares
 Produções metálicas na continuidade  Produções metálicas na
da fase anterior continuidade da fase anterior
1300-800 a.C.  Bronze final  Bronze final

Bronze Pleno
Estratégias de povoamento:
 Aparecimento de locais fortificados, já no Calcolítico, desaparece na Idade do
Bronze;
 Povoados abertos
 Não se constrói em altura, aparecem vestígios de acampamentos de palha e
restos de fogueiras;
 Proximidade de necrópoles, em sítios abertos. Depósitos arqueológicos
(dificuldade em encontrar os ossos dos animais consumidos, devido a fatores
erosivos);
 Em Portugal não existem muitos locais;

Cultura Material
Cerâmicas
 Produções cerâmicas, mais comuns e abundantes a partir do Neolítico
 Desejo funcional e estético. Formas simples
 Tipos: colos, carenadas e troncocónicas

Metalurgia
 Desenvolve-se a partir dos campaniformes anteriores do Calcolítico, como a
alabarda. Fusão do cobre com o estanho, que origina o bronze. Fabrico de pontas
de seta, machados planos, espadas e adagas.

 Estelas (lápides funerárias)

As estelas decoradas do Sudoeste


São representações escultóricas da Idade do Bronze, com origem no Calcolítico,
são herdeiras de uma tradição de monumentos figurativos e de natureza funerária. As
estelas da idade do Bronze Final encontram-se, quase na sua totalidade, na Península
ibérica, em especial junto ao Tejo e ao Guadiana.
As estelas, relacionadas com os fenícios, são pedras colocadas na vertical,
marcos ou placas de pedra com instruções e normalmente servem para assinalar uma
sepultura, as chamadas estelas funerárias, e dividem-se em estelas estremenhas e
alentejanas.
As estelas alentejanas são características da Idade do Bronze Médio e
encontram-se na região do Baixo Alentejo e Algarve. Podem ser encontradas em
necrópoles. Iconograficamente compostas por espadas de tipo micénico, curtas e largas,
lanças, arcos, machados, símbolos ancoriformes, escudos, e outros artefactos
antropomórficos.
As estelas estremenhas surgiram no Bronze Final e são encontradas
principalmente na Estremadura espanhola e em alguns lugares em Portugal, daí o nome.
Uma das teorias das suas funções é que eram feitas para as sepulturas de chefes, líderes
e até heróis. A iconografia é caracterizada por espadas, lanças e escudos com recorte.

Práticas funerárias: Principais tipos de necrópoles


Grutas naturais: usadas para inumações coletivas. Ocorrem sobretudo na Estremadura
devido a razões geológicas.
Monumentos dolménicos: Reutilizados para inumações, nomeadamente nos átrios,
onde se encontram objetos metálicos e cerâmicos. Exemplo: dólmenes da Beira Alta.
Hipogeus: Grutas artificiais para deposições coletivas. Sobretudo no Baixo Alentejo.
Necrópoles de cistas: Surgem isoladas ou agrupadas sob mamoas comuns a várias
cistas, para inumações individuais. Conhecem -se em todo o país. Ex.: Casão (Loulé).

Estratégias de povoamento
 Povoados abertos (sem delimitação por muralhas e fossos), formados por
cabanas em material perecível (dura pouco, facilidade em se estragar), por vezes
ocultos na paisagem, localizados na adjacência de necrópoles de cistas.
 A conservação orgânica é rara e a sua caracterização económica está muito
dependente das condições edáficas (relativa às características físicas e químicas
do solo) e topográficas envolventes.

Ex: povoado do Fumo (Vila Nova de Foz Côa), datado pelo radiocarbono de 1900 a.C.
 Escavado entre 1996 e 1999, é um sítio aberto;
 Foram identificadas fossas, lixeiras e lareiras;
 O povoado do Fumo é um dos raros contextos habitacionais desta época com
restos faunísticos nas lareiras, tendo sido possível observar o predomínio do
pastoreio de animais domésticos (ovinos, caprinos e bovinos) sobre a caça
(veados);
 Cabanas construídas, revestidas com argila (húmida) que secava;
 Marcas de troncos, não se encontrou restos agrícolas, agricultura;
 Encontrou-se restos de ossos de animais (identificar o que comiam)

Idade do Bronze Final


É a partir do Bronze Final que há uma apropriação do espaço, sendo que os
povoamentos surgem perto de recursos naturais importantes, como a água. Estes
territórios são bons para a caça e estrategicamente estão localizados em locais elevados
para propósitos defensivos, sendo fáceis de se defender por estarem cercados de água
com uma única entrada/saída terrestre e a usarem muros para reforçarem a sua posição.
O Início da Idade do Bronze Final é marcado por uma grande complexidade e
diversidade de culturas, sendo que, a história, as comunidades e a tecnologia progridem.
É possível observar tal na Península Ibérica. A população não vivia em aldeias, mas era
sim dispersa por casais.
Pode-se apresentar a primeira parte do Bronze Final (1250-1000/900 a.C.) como
um período de população dispersa, integrada em círculos por meio de pequenos chefes
que teriam residências rurais.
Também surgiram elementos artísticos como as estelas no Bronze Final e nesta
altura existem comunidades tribais e não Estados.
Quanto a Portugal, entre 1300-800 a.C., acolhia grandes povoados, em função
dos seus recursos naturais e da disposição do território.
No Norte e centro-norte predominavam os povoados em altura que praticavam
essencialmente a agro-pastorícia.
Na Estremadura: Pequenos povoados abertos dispersos, de carácter agro-
pastoril, formados por cabanas (classificados como casais agrícolas unifamiliares).
Povoados fortificados localizados em esporões ou cumeadas.
No Sul, Alentejo/Algarve: A malha de povoamento é formada por sítios abertos
na planície e povoados fortificados de altura (muralhas, fossos), por vezes de grandes
dimensões.
Há frequentemente uma correlação espacial direta entre contextos habitacionais e
funerários (necrópoles de cistas), como no Bronze Pleno.
Evidenciam a prática da metalurgia do bronze e ouro. De acordo com alguns
autores, deram origem à “cultura castreja” da Idade do Ferro.

Cerâmicas:
Surgem novos tipos de cerâmicas que revelam regionalismos e, por vezes,
processos de trocas, ex.: cerâmicas do “Grupo Baiões / Santa Luzia”, típica da Beira
Alta, surge também na Beira Baixa;
Também as cerâmicas de “ornatos brunidos”, do Sudoeste Peninsular como o
Baixo Tejo, Beira Baixa e Alentejo. Servem como indicadores cronológicos de sítios
arqueológicos associados a estas épocas, uma vez que predomina uma ausência destes
artefactos nos períodos anteriores e posteriores, caracterizadas essencialmente pela sua
morfologia e pela sua decoração.
Consistem em recipientes de cerâmica, cuja superfície interior ou exterior,
encontra-se decorada com motivos geométricos. Eram elaboradas à mão, de forma
artesanal. É uma cerâmica fina.

Metálicas:
Aumento da variedade de objetos de bronze, e destacam-se para além das foices
e machados as espadas de tipo pisciliforme e “em língua de carpa”, pontas de lança de
alvado e espetos e ganchos para consumo (ritual) de carnes.
As peças de adorno em ouro são agora mais abundantes, e de maiores dimensões
e maciças. Estão representadas sobretudo por colares e braceletes. Ex: tesouro da
Herdade do Álamo

Tipos de necrópoles e rituais funerários:


Necrópoles de cistas: cistas isoladas ou agrupadas sob os mesmos tumuli, para
inumações ou incinerações individuais; em todo o país.
Hipogeus: grutas artificiais para deposições coletivas, sobretudo no interior do
Baixo Alentejo.
No Norte, os túmulos coletivos dão lugar a individuais.
Nos rituais funerários, há: o surgimento da inumação (enterramento), a prática
da incineração (queima) de corpos em contentores de cerâmica (ritual não só de
Portugal, influência cultural em toda a Península Ibérica) e os campos de urnas, que
consiste no armazenamento das cinzas em urnas acabando por serem enterrados então
nos campos. As urnas podiam ser cobertas por estruturas de madeira ou de pedra. Esta
prática surgiu na Europa-Central, espalhando-se a Ocidente. A expansão explica-se pela
migração de povos.

Conclusão da Idade do Bronze:


A presença de indivíduos inumados com objetos e adornos típicos do
Mediterrâneo central, datados do século X a.C., em Roça do Casal do Meio (Sesimbra),
indica a existência de um período pré-colonial (período de navegadores e comerciantes
que terão frequentado o litoral ocidental peninsular, antes da chegada dos fenícios).
Este período assiste ainda à emergência de verdadeiras unidades ‘sociopolíticas’
regionais, ou seja, de territórios aglutinados por uma forte identidade cultural e uma
organização interna centralizada, cuja sobrevivência e fortalecimento passam a
depender de um novo tipo de liderança.
Tal liderança é assumida, em cada comunidade, por um grupo restrito de
indivíduos unidos por laços de sangue, cujo poder e privilégios são transmitidos
hereditariamente, caminhando-se para um poder cada vez mais personalizado, com
formas de culto dirigidas a figuras individualizadas que, nos finais da Idade do Bronze,
poderão ou não recorrer a fórmulas de enobrecimento.

Idade do Ferro:
 Península Ibérica (800-700 a.C. até ao séc. II a.C.), possível presença romana;
 Várias fontes literárias na segunda Idade do Ferro;
 2ª Idade do Ferro - sul cartagineses e no norte celtas;
 1ª Idade do Ferro, período orientalizante, presença dos fenícios;
 Há indígenas que aprendem com os romanos o ato da escrita. Em sacrifícios
escrevem em pedras, sacrifício às divindades. Fontes epigráficas

Península ibérica
 No centro chega influência mais continental;
 Povos montanhosos mais conservadores;
 Maiores contactos no litoral;

Fontes Literárias:
Heródoto, Hesíodo, Estrabão, Homero, Antigo Testamento, etc.
Heródoto
 Refere os Tartessos como um território ocidental frequentado por Focenses e
Sâmios em torno dos Séculos VII e VI a.C.
 A Tradição Épica, cuja importância é notória no Séc. VI a.C., bem como com a
construção das paisagens míticas ocidentais, está presente em Hesíodo e nos
Poemas Homéricos.
 Notam-se influências egípcias e fenícias na construção destes relatos.
Consideram-se, para além do registo escrito, a cultura material e alguns aspetos
etimológicos.
 A obra reflete o conhecimento limitado dos gregos sobre a Península, uma vez
que apenas menciona Tartessos, as Colunas de Hércules e a cidade de Cádis. A
Península ficava muito longe dos principais centros gregos e não tinha um
império poderoso como o dos persas, nem era habitada por povos exóticos ou
nómadas como os trácios ou citas, que atraíram muito mais a atenção de
Heródoto.
Estrabão
 Berrões (rituais de adoração), escrita do sudoeste (estelas no Algarve, Alentejo,
Estremadura, machados do bronze atlântico).

I Idade do Ferro
É na I Idade do Ferro que se verifica acentuadas influências tartéssicas e fenícias
no sudoeste peninsular, daí poder ser também designado de período orientalizante, é
importante referir que este período é fundamentalmente caracterizado pelo surgimento
de novos tipos de cerâmica.
1ª Idade do ferro no Sul de Portugal
Povoados de unidades unifamiliares, com cerca de 30 habitantes. As habitações
eram de planta retangular, feitas de muros baixos sobre os quais se erguiam as paredes.
Os solos onde se implantam consentiriam uma atividade agropastoril pouco produtiva,
mas os filões de cobre que nas redondezas se encontram podem ter sido explorados.
Apesar da ruralidade, todos estes povoados proporcionaram artigos de
importação: cerâmica grega ou de engobe vermelho fenícia ocidental, ânforas, espetos
de bronze, facas de ferro.
Os enterramentos, por inumação, eram feitos em fossas, raramente com lajes de
revestimento, cobertas por tumuli de pedra, primeiramente circulares e mais tarde, os
retangulares, que apresentam alguns degraus e podem ser acrescidos de um recinto, que
um muro baixo define. As necrópoles são constituídas por vários tumuli adossados uns
aos outros, como um favo. A arquitetura funerária mantém tradições locais que
remontam à Idade do Bronze.
No Algarve ficavam os Cinetes. Não se conhece povoados desta região. As
necrópoles, de cistas retangulares sem tumuli, representam uma tradição diferente, mas
igualmente com raízes nos hábitos funerários regionais da Idade do Bronze. Encontra-se
novamente os casais ou pequenas aldeias.

1ª Idade do Ferro no Norte de Portugal


O comércio Fenício ou tartéssico, em parte responsável pelo desenvolvimento
cultural do Sul, chegou também ao Norte, com um ponto de apoio em Santa Olaia,
povoado possivelmente fundado no séc. VII a.C.
Influências meridionais em certas joias nortenhas, que talvez se possam atribuir
à primeira metade do séc. VII a.C. No mesmo século, o Norte parece ter entrado em
declínio. A circulação do bronze reduz-se drasticamente, a produção de joias decai.
A cerâmica torna-se, neste período, mais grosseira: surge uma cerâmica micácea,
muito característica do mundo castrejo, que vai manter-se, com alguma evolução
formal. Feita à mão e cozida em forno redutor, esta cerâmica é escura, castanha ou
cinzenta, de tonalidades manchadas por uma cozedura irregular. A decoração parece
rara.
Nos castros, as casas continuam a construir-se de materiais vegetais. Não há
vestígios nem do ferro nem do torno de oleiro.

Os Fenícios
Povo proveniente do oriente, essencialmente do mar e cronologicamente foram
contemporâneos dos gregos e romanos. Povoado viveu na Fenícia, que era constituída
por quatro cidades-estado principais, Ugarit, Biblos, Sídon e Tiro e os seus territórios
adjacentes.
O facto dos fenícios se organizarem em cidades autónomas acabou por os
diferenciar de outros povos.
Utilizavam navios chamados Galés, movidos a vela e remos, e foram grandes
exploradores e comerciantes, procurando transportar matérias-primas e produtos
manufaturados através do mundo.
Foram os primeiros a desenvolver a escrita do Sudoeste (a escrita mais antiga da
Europa Ocidental). Através das suas viagens comerciais, espalham o seu alfabeto, o que
levou a várias derivações na Península Ibérica. Este alfabeto, ou, pelo menos, o sistema
inventado pelos fenícios, vai influenciar a escrita das civilizações da Antiguidade. Os
fenícios trouxeram as casas retangulares através do comércio.
A sua dependência do comércio torna-os pioneiros na navegação marítima,
permitindo trazer muitas inovações tecnológicas e agrícolas, como novos tipos de
metalurgia (metalurgia do ferro, o moinho, etc.).

Os Fenícios: Colonização fenícia do Ocidente e modelo pré-colonial


Teoria da Pré-Colonização do Ocidente, fase que precedera a fundação de
núcleos coloniais. Num momento anterior, os fenícios teriam entrado em contacto com
os indígenas ibéricos do Bronze Final. Apoia-se esta teoria com base nos vestígios de
circulação de objetos de luxo, trocas simples e exploração metalífera. Esta teoria indica
que a colonização fenícia já estava implantada no Bronze final.
As provas materiais desta pré-colonização encontrar-se-iam em alguns materiais
arqueológicos, quase todos descontextualizados, mas, sobretudo, nas representações
gravadas nas estelas funerárias da Idade do Bronze como os escudos com chanfro em V,
as fíbulas de cotovelo, os capacetes de cornos e os carros gravados
No Bronze Final, a quase ausência de elementos orientais, ou inspirados em
modelos orientais, nas regiões costeiras do litoral Centro/Sul peninsular, não pode ser
esquecida.
A existência de contactos entre a Península Ibérica e o Mediterrâneo pode
remontar a períodos anteriores, pelo menos desde o Calcolítico, em que determinadas
inovações agrícolas e construtivas parecem ser abrangentes a uma ampla região.
A partir dos inícios do século VIII a.C. pode-se falar de comércio e instalação de
populações fenícias na Península Ibérica.
Maria Eugénia Aubet, apresenta outra teoria. Trata-se de um fenómeno
económico com uma importante carga social, na qual são trocados objetos de luxo para
construir relações amistosas.
Em suma, não se trataria de comércio com redes de interação estabelecidas nem
de permutas constantes, mas sim, de uma preocupação em estreitar relações com vários
povos especialmente através das suas elites, método utilizado pelos fenícios antes dos
empreendimentos mediterrâneos, pelo que poder-se-ia considerar enraizado no ideal
cultural fenício.
Comércio
O bronze que se produzia no Norte e no Centro de Portugal levava o caminho da
Andaluzia, mas não seria todo aplicado no consumo interno desta região.
Alguns autores presumem navegações da Fenícia para a Península, onde os
mercadores fenícios viriam buscar metais. As primeiras colónias e feitorias fenícias não
são anteriores a 800-750 a.C., mas é possível que navegações fenícias tenham precedido
a fase colonial, a da instalação, em solo peninsular, de colónias e feitorias.
Procuravam sobretudo prata, abundante na Andaluzia, e estanho, do Noroeste, e
Beira interior. A procura do estanho e do bronze intensificou-se e, com ela, a circulação
de bens. Sob a influência tartéssica e fenícia, desenvolveu-se no Sul um horizonte
designado por 1ª Idade do Ferro.

Ugarit
 Cidade importante;
 Ponte de interseção com cidades importantes;
 Trazem para o ocidente: escrita, tecidos coloridos (púrpura), ferro, cerâmicas
mais evoluídas de grande qualidade, religião, conservação do peixe;
 Fundam colónias na margem sul (Cartago). Grande presença em Portugal;
 Na época pré-colonial, era um povo mercador;
 Terão chegado ao ocidente no século XII a.C., (surge no alfabeto). Contudo,
foram encontrados vestígios que apontam para os séculos VIII e IX.
 Arte fenícia em Cádis.

Tartessos:
Antiga civilização mediterrânea considerada mítica na História e Arqueologia,
desenvolvida no Sudoeste Peninsular, especialmente em Andaluzia, onde há uma maior
concentração de cultura tartesse.
Existem desde o Bronze Final até à Primeira Idade do Ferro conhecida como
Período Orientalizante.
A cultura tartéssia foi uma das mais importantes culturas da Proto-História,
causando uma grande mudança no estilo de vida dos povos da Península Ibérica.
Formada pela adaptação de uma cultura aos substratos de outra, no caso, a
junção dos fenícios com os indígenas que já lá habitavam. Com este fortalecimento de
ligações, alguns sítios cresceram muito devido à convergência de bens e população
provenientes de outras zonas, que em grande parte assimilaram o carácter fenício
facilmente. A partir do contacto com os fenícios os povoados alteraram-se e formaram
aglomerados populacionais com especificidades diferentes.
Os espaços eram geralmente caracterizados por estarem a baixas altitudes, sem
sistemas defensivos e de preferência com uma componente fluvial forte.
Dedicavam-se ao comércio e à metalurgia, sendo que era através destas
atividades, que obtinham relações fundamentais para a revolução da economia com os
gregos e os fenícios, pois os diversos e abundantes minérios como o ferro, cobre,
estanho, a prata e o ouro eram a chave para a economia. Esta sociedade também se
focava na agropecuária, tanto para consumo próprio como para comércio.
Não houve registo de Tartessos durante dois milénios, porém, em meados do
século XX foi encontrado o tesouro de Carambolo que, segundo os investigadores, terá
sido a primeira evidência arqueológica que comprova a existência deste povoado, e
ligadas a este estão também as estelas.
O tesouro faria parte da diversa riqueza dos Tartessos, que consistia em prata,
ouro e outros metais. Supõe-se que seja dos Tartessos, pois surgiu na Idade do Ferro na
mesma zona onde a cultura tartéssia predominava.
Nota-se inovações que refletem influências fenícias, uma tradição material do
Bronze que começa a incorporar a escrita, algumas cerâmicas e outras inovações numa
cultura influenciada pelos fenícios.
Não só as origens da civilização e cultura tartéssica permanecem um mistério,
como também o seu fim, já que no século VI, o povo Tartesso desapareceu subitamente.

II Idade do Ferro
Os povoados recorrem à agricultura e à pecuária, assim como a recursos
hídricos. Desenvolve-se a cultura castreja que já existe desde o Bronze Final. Esta época
também é marcada pelos povos celtas, que apresentam um conjunto de novas
tecnologias.

2ª Idade do Ferro no Sul de Portugal


593 a.C. marcou o fim do comércio fenício com a Península Ibérica. Mas a
interrupção dos contactos com os Fenícios não significou a decadência da Andaluzia,
onde os Gregos tomaram o lugar daqueles.
O terceiro quartel do séc., VI a.C., marca um ponto alto das importações gregas
na Andaluzia. Na primeira metade do séc., V a.C., porém, as importações de cerâmica
grega no Sul da Espanha reduzem-se drasticamente.
No Sul de Portugal, o termo da 1ª Idade do Ferro tem-se situado na transição do
séc., VI para o V a.C. A perda de contactos com o decadente mundo andaluz e, por outro
lado, uma onda invasora de Célticos vindos do Nordeste alentejano teriam posto termo à
civilização da 1ª Idade do Ferro. A escrita deixou de ser utilizada em lápides funerárias.
A cerâmica estampilhada característica dos Célticos difundiu-se até ao litoral
ocidental.
A expansão céltica. Talvez se tenha criado uma sociedade multirracial, de
coexistência pacífica. Essa coexistência confirma-se pela expedição conjunta de
Célticos e Túrdulos ao Noroeste, à qual já nos referimos. Neste contexto sociopolítico, a
cultura material da antiga população pré-indo-europeia não sofreu grandes alterações: a
cerâmica de engobe vermelho, a pintada de bandas policromas e a cinzenta fina
evoluem.
O que se salienta na 2ª Idade do Ferro do Sul é a proliferação de povoados
fortificados. Formam-se também outros menores, em posições de visibilidade
dominante, mas desprovidos de muralhas. Talvez esta proliferação denuncie o
crescimento populacional, em parte devido à imigração céltica. Poderá ter
correspondido uma descentralização política, com multiplicação de centros integradores
da atividade económica.
2ª Idade do Ferro no Norte
No séc. IV a.C., o Norte começou a recuperar daquele atraso em que caíra no
séc. VII, por virtude de uma quebra do comércio de bronze. São índice dessa renovação,
em primeiro lugar, os achados de materiais gregos.
Possivelmente, é ao séc., IV a.C., que se deve atribuir a generalização do uso da
pedra na arquitetura doméstica, e no séc. lll a.C., surge a casa com vestíbulo, típica
castreja. A cerâmica, ainda manual, enriquece-se agora com motivos estampilhados.
É neste período que nos parece dever situar-se a imigração de Célticos e
Túrdulos, vindos do Sul.
Quanto aos Célticos, se alguns se deslocaram para a Galiza, é possível que
alguns se tenham fixado na bacia do Cávado. É ainda neste horizonte que devemos
situar a fundação de pequenos castros em outeiros baixos que dominam a planície. Uns
são designados por castros agrícolas e outros castros de baixa altitude.
Talvez o crescimento demográfico tenha sido responsável pela fundação destes
castros, que poderão ter mantido relações de dependência com os povoados de maior
altitude de onde a população procedia.

Os Celtas
I Idade do Ferro (Período Hallstatt) – pequenas vagas dos Celtas por volta de 600 a.C.
II Idade do Ferro - Vinda e fixação dos Celtas na Europa.
Os Celtas são um povo ou um conjunto de povos. São euro-asiáticos,
seminómades, pastores e guerreiros, no século XII a.C., começam a deslocar-se alguns
grupos seminómades para a Europa, mas só começa a haver vestígios das suas vagas no
século VI a.C.
Vindos do centro da Europa, os Celtas surgem na Península Ibérica durante a 1ª
Idade do Ferro. É notável um maior clima de instabilidade que se acentua tanto ao ponto
de se falar sobre uma 2ª Idade do Ferro.
O auge deste povo foi durante o século III a.C., que foi quando começaram a
habitar regiões da Europa e trouxeram consigo um conjunto de inovações, como o ferro
e algumas tecnologias (moinhos e os arados). Eram povos diferentes geneticamente e
em termos de cultura devido à mistura que tiveram com povos nativos, porém, o que os
ligava era a língua indo-europeia.
Os celtas também trazem a cerâmica estampilhada. É possível que a cultura
castreja esteja associada aos celtas.

A 1ª Idade do Ferro no Norte de Portugal: Origens da Cultura


Castreja e a 2ª Idade do Ferro no Norte e Centro de Portugal:
afirmação da Cultura Castreja

No Bronze Final a população era dividida por casais e encontravam-se em


Castros.
A mudança da cultura castreja dá-se devido a influências de outros povos, este
processo não é rápido, mas sim gradual.
Enquanto na I Idade do Ferro ainda há povoados abertos, com casas circulares e
que viviam numa espécie de aldeias em favo, os povoados que viviam em Castros,
muito reservados, vão ter algum contacto com a realidade de outros povos. Na parte
final da I Idade do Ferro é marcada devido a pequenos fluxos migratórios dos povos
indo-europeus, o que leva a que os povoados da Europa necessitem de se fortificar e
passem a ir para os Castros, ainda não havia ruas e só existiam casas redondas.
Devido ao proto urbanismo, que é quando há contacto dos romanos com os
indígenas, há uma transição da I Idade do Ferro para a II Idade do Ferro. O auge da
Cultura Castreja foi nesta altura que deixam de haver povoados abertos, passam a ser só
fortificados e em altura por motivos defensivos, ou seja, passa só a haver Castros.
As casas deixam de ser redondas e passam a surgir casas retangulares e,
consequentemente, passa a haver ruas. A hierarquização é cada vez maior, com a
presença de sociedades de chefaturas. Recorrem à agricultura e à pecuária, assim como
a recursos hídricos. Também se desenvolvem cerâmicas na cultura castreja que eram
chamadas de estampilhadas ou incisas.

Fontes da Proto-História
É quando os vestígios arqueológicos encontrados não coincidem com as fontes
literárias.

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