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A Península Ibérica: dos primeiros povos à formação de Portugal (século XII)

Subdomínio BI - As primeiras comunidades humanas da Península Ibérica

As primeiras comunidades humanas da Península Ibérica

Os primeiros seres humanos surgiram no Sudeste do continente africano. A partir daí, em busca de
alimento, deslocaram-se para todos os continentes, tendo chegado à Península Ibérica há muitos
milhares de anos, vindos do Norte de África, pelo estreito de Gibraltar.
Estas primeiras comunidades eram recoletoras, pois para sobreviverem alimentavam-se de frutas,
sementes ou raízes que apanhavam da Natureza. Também praticavam a pesca e a caça, atividade muito
importante que fornecia carne para a alimentação, peles para o vestuário e ossos a para a construção de
instrumentos. As tarefas nestas comunidades eram divididas: as mulheres dedicavam-se à recoleção de
alimentos; enquanto os homens dedicavam-se à caça e à pesca.
As comunidades recoletoras eram igualmente nómadas, ou seja, não tinham local fixo de habitação,
já que tinham necessidade de mudar a sua localização sempre que os alimentos acabavam ou sempre
que os animais migravam. Para se protegerem do frio ocupavam grutas ou construíam tendas e cabanas
de madeira, osso e peles de animais.

A sobrevivência destas primeiras comunidades humanas foi facilitada por vários aspetos, como:
 Descoberta do fogo
Esta descoberta foi muito vantajosa para as comunidades recoletoras, pois permitiu-lhes cozinhar os
alimentos, iluminar as grutas, aquecerem-se, afastar os animais ferozes, moldar mais facilmente os
instrumentos e até desenvolver a linguagem.
 Fabrico de instrumentos
O fabrico de instrumentos facilitou muito as tarefas das primeiras comunidades recoletoras. As
lanças e as flechas ajudavam a caçar, os arpões e os anzois serviam para pescar, os bifaces eram
utilizados para cortar carnes e peles e as agulhas eram utilizadas para coser as peles e fazer peças de
vestuário. Estes instrumentos eram feitos com materiais diversos como pedra lascada, osso, madeira
e fibras naturais.
 Desenvolvimento da linguagem
A linguagem surgiu na sequência do convívio à volta das fogueiras e permitiu uma comunicação mais
eficaz entre os seres humanos, facilitando a troca de ideias e descobertas, assim corno fortaleceu o
espírito de grupo e de entreajudadas primeiras comunidades.

Uma outra forma de comunicação desenvolvida pelas primeiras comunidades recoletoras foi a arte
rupestre, assim chamada por ser feita sobre pedra. Esta podia ser pintura, desenhada nos tetos e
paredes do interior das grutas com carvão, sangue de animais ou misturas de argilas com gorduras
naturais, ou gravuras feitas no exterior das grutas ao ar livre.
A arte rupestre representava sobretudo animais e cenas de caça. Alguns historiadores consideram
que este tipo de arte tinha uma função mágica e religiosa com o intuito de proteger os grupos humanos
e dar-lhes sorte nas caçadas, atividade que na época era muito perigosa, mas também essencial à sua
sobrevivência.
Na Península Ibérica podem encontrar-se vários vestígios de arte rupestre. Em Espanha destacam-se
as pinturas das grutas de Altamira e em Portugal destacam-se as gravuras de Vila Nova de Foz Coa,
ambas classificadas como Património da Humanidade pela UNESCO.
Na Pré-História ainda não existia a escrita. Assim, para conhecermos o passado desta época é
necessário procurar os vestígios que os povos deixaram ao longo do tempo num determinado espaço. A
ciência que se dedica à descoberta dos vestígios deixados pelos nossos antepassados é a Arqueologia,
sendo por isso muito importante para o desenvolvimento do conhecimento histórico.

As primeiras comunidades agropastoris da Península Ibérica


Por volta de 10 000 a. C, com o fim da Idade do Gelo, verificou-se um aquecimento geral do clima
que permitiu o aparecimento de novas espécies vegetais e animais.
As comunidades que viviam na Península Ibérica começaram a alterar o seu modo de vida e
tornaram-se agropastoris. Com o aparecimento da agricultura, da pastorícia e da domesticação de
animais, estas comunidades deixaram de ser recoletoras e tornaram-se produtoras do seu próprio
alimento, assim como de muitos produtos essenciais à sua sobrevivência e ao seu novo estilo de vida.
De forma a poderem proteger as suas culturas e os seus animais, as comunidades agropastoris deixaram
de ser nómadas e começaram a construir os primeiros aldeamentos, tornando-se sedentárias, ou seja,
passaram a ter um local fixo de habitação.
Para além da agricultura e da pastorícia surgiram outras atividades importantes como a moagem, a
tecelagem a olaria e a cestaria. Desenvolveram-se também novos instrumentos, feitos de pedra polida,
madeira e metal, que favoreceram o progresso da Humanidade, tais como:
• enxadas, foices e arados para a agricultura;
• mós para a moagem de cereais;
• teares para a produção de tecidos;
• vasos de cerâmica para armazenar alimentos;
• cestos para armazenar a transportar alimentos e outros produtos;
• e a roda, que transformou completamente os transportes.

As comunidades agropastoris também desenvolveram novas manifestações artísticas,


nomeadamente a arte megalítica, ou seja, a arte das grandes pedras. Alguns exemplos de monumentos
megalíticos que se podem encontrar na Península Ibérica são:
• menires— grandes pedras arredondadas, enterradas verticalmente no solo, destinadas a cultos
agrários e da natureza;
• alinhamentos— conjuntos de menires alinhados em filas paralelas;
• cromeleques — conjuntos de menires dispostos em círculo;
• antas ou dólmenes— formados por blocos de pedras (esteios) cobertos por uma laje (tampo ou
chapéu), onde se enterravam os mortos;
• mamoas- colinas artificiais de terra que cobriam as antas.

Entre 2000 a. C. e 800 a. C., novos povos chegaram à Península Ibérica:


• Iberos:
- chegaram à Península vindos do Norte de África;
- ocuparam o Sul e o Leste da Península Ibérica;
- eram morenos e de estatura média;
- praticavam a agricultura, a pastorícia e a metalurgia;
- sabiam trabalhar metais como o cobre e o bronze.
Celtas:
- chegaram à Península vindos do Centro da Europa:
- ocuparam o Noroeste da ibérica;
- eram de estatura alta e tinham cabelos e olhos claros;
- praticavam a agricultura, a pastorícia e a metalurgia;
- sabiam trabalhar o ferro.

Da união dos Iberos e dos Celtas surgiram as Celtiberos. Estes organizavam-se em tribos e viviam, à
semelhança dos Celtas, em castros ou citânias — povoados situados em zonas altas, com casas de pedra
geralmente circulares e telhados de colmo, cercados por muralhas defensivas. Os Lusitanos eram uma
das tribos dos Celtiberos que dominaram o território peninsular entre os rios Douro e Tejo.

Os primeiros povos mediterrânicos que contactaram com as populações da Península


Ibérica
Entre 1000 a. C. e 500 a. C., vários povos chegaram à Península Ibérica atraídos pelas suas riquezas e
em especial pelos seus metais preciosos (estanho, cobre, prata e ouro).
Fenícios, Gregos e Cartagineses, povos mediterrânicos que tinham como principal atividade
económica o comércio, contactaram com os povos da Península Ibérica, tendo fundado nas regiões
litorais de sul e de leste feitorias (entrepostos comerciais fortificados) e colónias (povoados de pessoas
de um mesmo local de origem que se estabelecem num território que não é seu).

No mapa que se segue podes identificar os locais de origem dos povos mediterrânicos que
contactaram com os povos peninsulares, os produtos que procuravam na Península Ibérica e os
produtos artesanais que traziam para comercializar.
Os povos do Mediterrâneo na Península Ibérica (1000 a. C. — 5OO a. C.)

Os povos do Mediterrâneo trouxeram ainda importantes contributos culturais e técnicos das suas
respetivas civilizações que enriqueceram muito a cultura dos povos peninsulares. Os Fenícios trouxeram
o seu alfabeto, os Gregos a sua moeda e os Cartagineses a técnica de conservação dos alimentos com
sal.

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