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The Survivors
OS AVENTUREIROS
DINASTIA O’HARA 02
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OS AVENTUREIROS
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OS AVENTUREIROS
PERSONAGENS
RORY O’HARA (The O’Hara): filho de Shane e Deirdre O’Hara, chefe de seu clã, exilado na França desde a
infância. É mosqueteiro da corte francesa e, posteriormente, o líder de seu povo na reconstrução de Ballylee,
morada de seus ancestrais na Irlanda.
SHANNA O’HARA: irmã de Rory, também criada no exílio.
BRENNA COKE: filha de Elizabeth Hatton e, secretamente, de Rory O’Donnell.
SIR EDWARD COKE: membro do Parlamento Inglês. Segundo marido de lady Hatton, conhecido como
sendo o pai de Brenna.
ELIZABETH, LADY HATTON: mãe de Brenna e esposa de sir Edward.
RORY O’DONNEL (THE O’DONNELL): chefe de seu clã, havia deixado a Irlanda durante a fuga dos condes,
em 1607, para viver no exílio na Itália e na França. Pai de Brenna Coke.
SIR DAVID TALBOT: escocês de nascimento, financia o reerguimento de Ballylee.
AILEEN TALBOT: filha de sir David e de uma francesa.
REI JAMES I DA INGLATERRA: reinou de 1603 a 1625 e foi grandemente influenciado por seu cortesão
favorito, o duque de Buckingham.
REI CHARLES I: filho de James I e governante da Inglaterra de 1625 a 1649.
GEORGE VILLIERS, DUQUE DE BUCKINGHAM-. cortesão predileto do rei James I da Inglaterra, apelidado de
Steenie.
SIR RAYMOND HUBBARD: primo de Buckingham.
SIR FRANCIS BACON: filósofo, cientista e procurador geral da corte do rei James I.
Os AVENTUREIROS
ROBERT CARR, CONDE DE SOMERSET. marido de Frances Howard, é o cortesão predileto do rei James I,
substituído por George Villiers.
DUQUE DE LA MARDINE: amante do poder, alia-se a Buckingham.
LUIS XIII DA FRANÇA: filho de Marie de Médicis, passou a reinar em 1617, após o período de regência de
sua mãe (1610 a 1617), até 1643.
MARIE DE MÉDICIS: esposa de Henrique IV da França e mãe de Luís XIII. Como regente, governou a
França de 1610 a 1617, com o auxílio de seus odiados assistentes, os Concini.
CONCINO CONCINI e LEONORA CONCINI: conselheiros da rainha-mãe da França, Marie de Médicis.
RENÉ DE GRAMONT: filho natural e não reconhecido de Henrique IV da França. Amigo de infância de
Shanna e Rory O’Hara.
ARMAND DE RICHELIEU: clérigo e estadista poderoso, torna-se de fato o governante da França.
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OS AVENTUREIROS
CAPITULO I
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com pala de linho e renda, não era tão rico e sofisticado quanto
os das outras senhoras, porém ela o usava com elegância e porte
real. Ao chegar a Paris, sua pobreza em relação às outras damas
da corte a tinha deixado triste e até inferiorizada. Todavia, com o
passar do tempo, notou como essas mulheres, além de fúteis, não
possuíam inteligência brilhante, e, então, deixou de tentar imitá-
las nos caprichos da moda.
Agora, ao mover-se com graça entre os convidados, sentia os
olhares de frieza das mulheres e de admiração dos homens. Não
precisava das roupas exageradas, das jóias ou dos cosméticos usa-
dos pelas outras para se tornar atraente. Sabia, sem convenci-
mento, que a natureza a dotara de beleza extraordinária.
— Mademoiselle de Chinon.
Sentiu a mão firme, no cotovelo, que interrompia seus passos
e gelou ao reconhecer a voz.
— Monsieur Le duc — murmurou com delicadeza.
O duque de La Mardine soltou-a e veio à sua frente,
curvando-se numa cortesia perfeita.
Shanna, mentalmente, maldisse o azar. La Mardine era o
único dos presentes com quem não desejava conversar. Virou-se
um pouco em direção ao grupo que acabava de deixar e notou
que eles também se davam conta da chegada do duque. Sabia
que não conversariam mais sobre Concini, pois isso seria suicídio
político. Afinal, o homem à sua frente era o braço direito e
auxiliar de confiança do conselheiro real italiano.
— Gostaria de saber, mademoiselle, se ponderou sobre o
assunto de nossa última conversa — o duque expressou-se com
uma voz suave que não conseguia disfarçar a inflexibilidade do
olhar autoritário.
A posição de Shanna no seio da família real era, sem dúvida,
muito privilegiada. Ouvia não só a tagarelice da criadagem bem
como os diálogos entre a rainha-mãe e o rei. Havia muito pouca
intriga no Louvré e Tuileries que não viesse parar em seus
ouvidos.
La Mardine já a tinha procurado, várias vezes, com propostas
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amante.
— E onde você me levaria para a cama? Nos quartéis dos
mosqueteiros do rei?
A referência sobre a falta de recursos de René não o inibiu.
Levantou de novo as mãos e afagou-lhe os seios na parte superior
do decote. Contudo, ao tentar um toque mais íntimo sob a
roupa, Shanna o impediu e declarou:
— Isso seria incestuoso.
— Mon Dieu! Outra vez?!
Ambos tinham doze anos quando se conheceram em Fonte-
vrault. Shanna, a filha órfã de um lorde guerreiro irlandês, e
René, o filho bastardo do rei Henrique IV e de Corisande, a
condessa de Gramont. Ao contrário dos muitos outros filhos
naturais desse soberano, ele nunca fora reconhecido e, portanto,
jamais pudera obter um título de nobreza. Isso e o fato de ser
rejeitado pela mãe, cujas posses eram poucas, atiraram René nas
ruas. Apenas a intervenção bondosa do padre Joseph o salvara da
delinqüência como meio de sobrevivência. No lugar onde passara
a morar, ele se sentira querido pela primeira vez na curta
existência.
A atração entre Shanna e René foi quase imediata, um tanto
mais forte por parte dele no início. Mesmo aos doze anos, ela já
era lindíssima, com olhos vivos, escuros, de tonalidade violeta,
trancas negras como o ébano e silhueta que desabrochava em
curvas perfeitas. René de Gramont foi atingido profundamente.
Em pouco tempo, Shanna começou a alimentar mais do que
interesse infantil pelo rapaz. O riso e as maneiras espontâneas, os
cabelos loiros, a aparência atraente, a inteligência e a sagacidade
marcantes, notados logo, passaram a despertar sua feminilidade.
Porém, mesmo sob os estímulos suaves do amor juvenil e as
mudanças operadas no seu interior, Shanna, sem sabei' por que,
manteve o sentimento abafado. Com o passar do tempo, e bem
devagar, descobriu as razões da atitude: René havia tomado o
lugar do irmão. Depois da fuga da Irlanda, Rory O’Hara tinha
sido levado a Roma e provocado uma saudade imensa. Se o novo
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CAPITULO II
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esquartejamento.
Rory apenas sacudia os ombros a argumentos desse tipo e
respondia:
— Você tem seus pensamentos e seus demônios, eu tenho os
meus. Paciência.
Assim ele havia preferido dedicar-se ao prazer e não permitir
que ninguém percebesse a luta íntima que essa escolha lhe pro-
vocava. A lembrança trouxe de volta o pensamento de Shanna à
aventura dessa noite.
— O que você acha que teria acontecido se o duque o
apanhasse nos aposentos da mulher? — perguntou ela,
interrompendo a conversa dos outros dois.
— Imagino que eu teria sofrido uma espetadela.
As palavras foram acompanhadas pelo riso sonoro dos
homens e que Shanna fez questão de não compartilhar.
— Será que nunca pode falar a sério? — reclamou ela.
— A minha resposta não foi brincadeira. Sua Graça teria me
trespassado com a espada.
Ele a exasperava e divertia-se com isso.
— Então por que correu esse risco?
Rory assumiu uma expressão de intensa seriedade, o que apa-
nhou a irmã de surpresa.
— Porque dizem por aí que a senhora em questão tem duas
covinhas em lugares muito escondidos e eu, instigado por mera
curiosidade, quis verificar a veracidade do fato.
— E? — René indagou.
— Não era boato!
Mais risos ecoaram pela carruagem e Shanna, aborrecida, fe-
chou o leque com um gesto brusco e ruidoso.
— Ainda bem que recebemos o chamado. Ele talvez o ajude a
escapar da fúria de um marido ciumento.
— Que chamado?
— De papai, isto é, The O’Donnell — corrigiu, pois o irmão
jamais se referia ao padrinho pelo tratamento de pai.
— Ele voltou de Roma e tem urgência de nos ver na abadia de
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Fontevrault.
A expressão sombria de Rory não era fingida. Semicerrou os
olhos e apertou os lábios. A hilaridade de momentos antes desa-
pareceu para dar lugar a um ar de concentração.
"Pode ser", pensou ele, "que desta vez o esquema de
O’Donnell tenha dado certo." Sempre que era chamado a
Fontevrault temia que o padrinho, finalmente, tivesse
conseguido abrir-lhe o caminho de retorno à Irlanda.
E Rory O’Hara não tinha o mínimo desejo de regressar à terra
natal.
CAPITULO III
LONDRES
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todos eles.
Elizabeth tinha sido a última pessoa a deixar a pequena capela
em Hatfield Garden. Apesar das discussões e diferenças, das má-
goas que o tio lhe causara em nome do dever à coroa e ao Estado,
ela o amara profundamente. Ambos possuíam idéias em comum
e, embora Cecil a houvesse usado para alcançar certos objetivos,
ele jamais deixara de ser seu protetor na corte e de conseguir-lhe
posições de influência. Todavia, ele partira para sempre.
Com a morte de Cecil, a estrela de sir Francis Bacon, antigo
inimigo de Coke, começava a brilhar. Por ser ele rival do marido,
muitas vezes Elizabeth o procurava a fim de pedir auxílio e con-
selhos. Ela não se sentia à vontade na presença desse homem
com olhar de víbora. Porém qualquer pessoa disposta a enfrentar
sir Edward Coke tornava-se de grande utilidade para ela. Infeliz-
mente, um único homem, ou amigo, na corte não era suficiente.
O despropósito do pedido de Francês era tão grande que Eli-
zabeth retraiu-se por um bom tempo. Meses se passaram sem
que ela enviasse resposta alguma a Chartley. Mesmo assim,
continuava a receber mensagens de lá.
"Cara Elizabeth, eu a estou procurando, mais uma vez, porque
o momento decisivo se aproxima. Pense nos dois casamentos que
lhe foram impostos e nas várias ocasiões em que afirmou, publi-
camente, jamais permitir que sua filha Brenna se casasse com
alguém não escolhido por ela.
Pense em mim, eu lhe suplico, como uma segunda filha que
gostaria de fazer a sua própria escolha. Até meus pais concordam
com os meus planos, e eu fiz um acordo secreto com o rei para
que sir Thomas Overbury seja colocado na Torre de Londres a
fim de afastar as objeções dele contra meu casamento com o
querido Robert Carr."
A confusão de Elizabeth aumentou ao se inteirar de que o
próprio rei encontrava-se envolvido naquela trama. E a tal ponto
que chegara a recolher na Torre o conselheiro favorito, Overbury,
para que os protestos dele contra o casamento de Francês
Howard e Robert Carr não pudessem ser ouvidos por ninguém. A
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CAPITULO IV
FRANÇA
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filhos de volta."
Naquela noite distante, O’Donnell pensava na rebelião infru-
tífera que, derrotada, os fizera perder todos os bens, tanto mate-
riais como espirituais e morais.
Entretanto, durante aqueles anos todos, as palavras de O’Neill
voltaram-lhe com freqüência à mente até parecerem gravadas a
fogo: “... traga, um dia, teus filhos de volta."
Restavam tão poucos deles... Maguire e os parentes tinham
morrido em Genebra; Sullivan fora assassinado em Roma, prova-
velmente pelos mesmos agentes do castelo de Dublin que haviam
esfaqueado Cahir O’Dogherty ainda na Irlanda antes que ele pu-
desse fugir.
Quase todos os chefes de clãs, antecessores à fuga dos condes
após o fracasso da revolta contra Elizabeth da Inglaterra,
encontravam-se mortos. Os que ainda estavam vivos mostravam-
se alquebrados demais para enfrentar uma nova tentativa de
rebelião. O próprio O’Donnell, por causa dos ferimentos físicos e
morais, sentia-se velho e desgastado, embora contasse apenas
quarenta e sete anos de idade.
O grande O’Neill, o único chefe que conseguira unir os clãs
beligerantes da Irlanda e convencê-los a lutar contra a Inglaterra,
o inimigo comum, havia partido desse mundo.
O’Donnell enxugou as lágrimas surpreso de que ainda lhe res-
tassem algumas. O’Neill, velho, cego, cansado da vida e das lutas
que enfrentara, havia morrido em Roma, dois dias antes do fale-
cimento do único filho que lhe restava.
O rei da Espanha enviara condolências, e o papa Paulo V, um
emissário com a sua bênção. O funeral fora realizado com a
pompa e honraria dignas do grande guerreiro que por pouco não
salvara a fé religiosa da Irlanda da heresia inglesa.
Tudo aquilo deprimira e desgostara O’Donnell. Não adiantava
aclamarem O’Neill depois de sua morte quando haviam se
omitido em ajudá-lo com o envio de armas e tropas de que ele
tanto necessitava na guerra quase vitoriosa.
— Que os meus ossos possam, um dia, descansar no solo
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sentia.
— Então James gostaria de solidificar a aliança com a Espanha
através de um casamento, da mesma forma com que a nossa es-
túpida rainha-mãe, Marie de Médicis, fez?
O homem à janela riu.
— E uma pena que os reis espanhóis sejam tão férteis. Eles
procriam infantas como coelhos; uma para a França, e agora
outra já está sendo oferecida no mercado de casamentos.
Os olhos escuros e penetrantes de Richelieu tentaram, em
vão, localizar os do visitante.
— Lamento, mas não posso compartilhar do seu senso de
humor. Por causa da insensatez da rainha-mãe, a Espanha se
tornou uma canga em nosso pescoço lá no sul. Ao norte, estamos
rodeados pelos Hapsburgs e, se a Inglaterra resolver seus
problemas com a corte espanhola, temo que a França se veja
pressionada pelos próximos cinqüenta anos.
— E por isso que desejo me ver fora e longe de toda essa
confusão — o homem declarou ao chegar perto do bispo. —
Durante cinco anos, Armand, eu fui os seus ouvidos do outro
lado do canal. A minha dívida está paga e eu gostaria de me ver
desincumbido dessa tarefa e reivindicar o que é meu.
— Você parou em Poitou a caminho de Paris?
— Parei, sim.
— Falou com a menina?
— Naturalmente.
— Eu jamais deveria ter concordado com o item do nosso
acordo que lhe permitia vê-la — queixou-se Richelieu.
— Todavia, foi o que fez e cimentou nosso acordo.
— E como um malandro e jogador do seu tipo vai poder
cuidar do resto da educação dela? — o bispo desafiou.
— Tenho os meus planos.
— Não diga! — Richelieu exclamou com uma nota proposital
de sarcasmo na voz.
O homem aproximou-se bem até que o bispo pudesse sentir-
lhe o hálito de bebida.
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— O que você fez foi muito grave e leviano. Como espera que
eu lhe confie, agora, a criança? Impossível! A menos que prove
seu valor servindo à Igreja e à França, através de mim, por um
período de cinco anos. Só então eu lhe darei a oportunidade de
assumir seus direitos de pai. E, mesmo assim, se a menina con-
cordar — Richelieu exigira.
Sem outra saída, o escocês aceitara o pacto.
Os cinco anos passaram depressa, o que era uma pena, pois o
homem fora um espião excelente, ponderou Richelieu.
Todavia, eleja tinha um substituto em mente. Isso, caso
O’Donnell conseguisse convencer o sobrinho teimoso, Rory
O’Hara, a deixar a França.
Fazia algum tempo que a chuva cala e batia de encontro às
paredes de pedra da antiga abadia, num ruído manso e
acalentador. Ouvia-se ainda, de vez em quando, o estrondo
distante de algum trovão.
A tensão reinante no escritório era tão pesada quanto o
silêncio mantido pelas três pessoas reunidas ali.
Shanna, vestida com um costume de veludo azul-escuro para
montaria, sentava-se, ereta, à mesa. Suas mãos retorciam-se ner-
vosas e o olhar com que fitava o irmão do outro lado da mesa,
embora firme, demonstrava grande apreensão.
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CAPITULO V
INGLATERRA
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James R."
As mãos de Coke tremeram e os olhos encheram-se de
lágrimas ao ler o comunicado. O ressentimento transformou-se
logo em ódio ao receber uma nova mensagem que o intimava a
se retirar da cidade e recolher-se ao campo.
Com protestos veementes contra a falta de reconhecimento a
sua dedicação no decorrer de longos anos, ele foi morar em Stake
Poges. Lá, com cuidado e deliberação, Coke arquitetou planos
meticulosos a fim de restaurar o prestígio perdido.
Em janeiro de 1617, quando blocos de gelo desciam a
correnteza do Tâmisa e a neve embranquecia os campos, sir
Edward encontrava-se preparado para agir.
De acordo com os boatos, o visconde de Villiers recebeu o
título de duque de Buckingham e passou a fazer parte do
Conselho Privado do rei. Seus rendimentos anuais igualavam-se
aos de um príncipe, e os irmãos, bem casados, também gozavam
de excelente situação financeira. Sua mãe, lady Compton,
procurava, agora, meios de favorecer o resto da família.
O primeiro da lista era um sobrinho, sir Raymond Hubbard,
rapaz apagado, de feições bem-feitas mas inexpressivas e olhar
triste. O fato de o primo ser o conde de Buckingham e ter
galgado os degraus da fortuna o deixavam estupefato. A idéia de
se aproveitar da situação nunca lhe passara pela mente até que a
tia, lady Compton, a sugeriu.
— Ah, meu querido Raymond, como filho de minha irmã,
tenho de me preocupar com você. Precisamos lhe arranjar um
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bom casamento.
— Eu, me casar?! Com quem? — indagara ele, admirado.
As mulheres quase nunca lhe lançavam olhares estimulantes
Ou provocadores, e quando o faziam, Raymond não reagia,
talvez por timidez quando se tratava de jovens ou por
desinteresse quando tinham idade para serem sua mãe.
— Isso — lady Compton declarara peremptória — é o que
vamos decidir.
Pouco tempo depois, ela ficou curiosa e sir Raymond,
felicíssimo ao chegar uma carta de sir Edward Coke convidando-
os para visitá-lo em Stoke Poges. A missiva sugeria a
possibilidade do casamento do rapaz com a lindíssima filha de sir
Edward e lady Hatton, Brenna Coke.
Brenna cavalgava mais como um homem do que como uma
mulher, com o corpo inclinado sobre o pescoço distendido da
enorme égua castanha.
A agilidade do possante animal sob seu corpo e o vento frio
de inverno nas faces condiziam com seu estado de espírito.
Naquela manhã, havia recebido uma mensagem do pai pedindo-
lhe que passasse os feriados da Candelária em Stoke Poges.
Mostrara o convite à mãe, o que resultará numa grande
discussão.
Lady Hatton encontrava-se empenhada numa nova disputa
com o marido a respeito do exílio dele no campo. Sir Edward
queria que ela intercedesse junto à rainha Anne em seu favor,
mas Elizabeth havia se negado sob a desculpa de que sua própria
situação na corte era pouco segura.
Coke retaliara despedindo a metade dos criados de Hatton
House e ameaçando não pagar o salário dos outros.
Elizabeth, num acesso de fúria, gritara enraivecida:
— Juro por Deus nos céus que hei de pôr um fim na tirania
desse homem! Já sofri nas mãos dele mais do que qualquer
mulher ordinária deste reino. Ele se casou comigo por eu ser de
estirpe nobre e para se aproveitar da influência de minha família.
Foi com a minha fortuna que conseguiu subir tanto. Prefiro vê-lo
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boca, até que todos se inteirassem do caso. O rei era famoso por
suas quedas da montaria.
— Brenna! — sir David Talbot gritou um pouco atrás. Ela
acenou com a mão enluvada, mas não se virou.
A pouco menos de cinqüenta metros adiante havia uma cerca
viva, bem alta, que rodeava a hospedaria Three Ravens, e Brenna
esporeou o animal em direção a ela.
O companheiro de cavalgada percebeu-lhe o intento e
esforçou-se por alcançá-la.
— Não, Brenna! — gritou ele. — E alta demais. Vire as rédeas
e passe pelos portões!
Brenna não lhe deu ouvidos e instigou a égua.
— Upa, upa, menina, vamos lá!
O som da voz da dona estimulou o animal. A cernelha
robusta contraiu-se, as pernas dianteiras curvaram-se antes de
erguerem-se no ar e Brenna soltou um grito de triunfo ao
passarem por cima das folhagens com uma boa margem de
distância.
Segundos depois, ela chegava ao pátio da hospedaria e obser-
vava sir David, que, a meio galope, transpunha os portões até
finalmente alcançá-la. Com um riso cristalino, Brenna declarou
enquanto ele desmontava e corria para ajudá-la:
— Você me surpreende David!
— Por quê? — indagou ele ao mesmo tempo que a segurava
pela cintura e a colocava no chão.
— A noite, você leva uma vida agitada e imprudente, mas,
durante o dia, é a própria imagem da precaução.
— E eu poderia afirmar que você é tão louca quanto linda,
porém isso só estimularia a sua temeridade. Quanto a mim, é
ainda muito cedo para ter bebido o suficiente para ter coragem
de arriscar o meu pescoço.
— Então vamos, meu amigo galante. Quero aquecer meus
ossos com um grogue quente e vê-lo iniciar a ingestão de sua
quota diária de álcool.
Brenna riu e as pálpebras, quase sempre semicerradas, de sir
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chamada Inglaterra.
Brenna arregalou os olhos com raiva e levantou os ombros
numa posição bem ereta. Ia protestar, porém David levantou a
mão num pedido de atenção.
— Vamos, minha menina, deixe que eu fale! Não sinto mais a
menor simpatia pelos cavalheiros ingleses sob o regime do nosso
bom rei James. Robert Carr já era insuportável, mas agora, com
Villiers, depois de ter recebido o título de duque de Buckingham,
as coisas vão piorar bem. Ele não faz mais do que se divertir,
comer e beber. Com esse exemplo, um nobre inglês passa o
tempo caçando, jogando tênis ou tapeando seus pares nas cartas
ou nos dados.
— Ah, isso você deve saber muito bem.
— Tem razão, e por isso sinto desprezo por mim mesmo.
Além do mais, sou escocês, um estrangeiro.
— O rei também.
— Se James não fosse rei seria mais antipático ainda.
— Deus do céu, você fala como meu pai!
— Sir Edward só diz a verdade, embora com falta de tato, o
que muito o prejudica. Há muita coisa, menina, que você não vê,
ou percebe, por ter nascido nobre. Tanto em Londres, como no
campo, pessoas de categorias diferentes se misturam com facili-
dade, desde que sejam todas inglesas.
De repente, Brenna vislumbrava um outro lado de David
Talbot e a razão que o motivava a manter uma atitude amarga e
cética: ele era um intruso. Sentiu as lágrimas inundarem-lhe os
olhos, porém conseguiu refreá-las enquanto estendia as mãos e
tomava as do amigo.
— Mas, David, a Irlanda é uma terra perdida e desolada.
Dizem que levará muito tempo ainda até que desapareçam as
devastações provocadas pelas guerras de Munster e Ulster.
— Pelo que vejo você conhece história. O que diz é verdade,
todavia eu acredito numa solução. Você sabe o que quero dizer
ao me referir aos especulador ingleses na Irlanda?
Brenna sacudiu a cabeça em sinal negativo.
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OS AVENTUREIROS
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CAPITULO VI
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CAPITULO VII
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CAPITULO VIII
FRANÇA
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para o capitão.
— A ordem de Vossa Majestade será executada com o
máximo cuidado e presteza.
Os três guardas curvaram-se perante o soberano e já iam se
retirar quando de Lyunes se aproximou e disse:
— Capitão, talvez fosse prudente prender também o duque
de La Mardine, braço direito de Concini e o capitão da guarda
suíça do marechal.
— O irlandês, Rory O’Hara?
— Ele mesmo.
— Entendido — de Vitry replicou e dirigiu-se a René e
d'Ornano.
— Apressemo-nos, pois temos uma noite de trabalho à nossa
frente.
René desceu a escadaria de mármore com o coração pesado.
Tinha seu dever a cumprir, e Rory o dele.
"Como poderei evitar que o capitão dos guarda-costas de
Concini não proteja o corpo do italiano amanhã de manhã?"
René pensou.
CAPITULO IX
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CAPITULO X
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— Eu?!
— Sim! — de Vitry gritou. — Em nome do rei Luís XIII de
França! Em seguida, ele deu dois passos para trás ao mesmo
tempo que as mãos firmes empunhavam as pistolas tiradas do
cinto. Esse era o sinal combinado, e René fez o mesmo. Pelo
canto dos olhos, viu que d'Ornano seguia-lhe o exemplo.
O italiano jogou fora os papéis e, um tanto inclinado para o
lado, levou a mão direita ao cabo da espada. Um verdadeiro pan-
demônio criou-se atrás dele. Seus seguidores atiravam-se ao chão
e alguns deles chegaram a pular nas águas barrentas do fosso
abaixo.
De Vitry atirou primeiro mas acompanhado do fogo das duas
armas de d'Ornano. As três balas atingiram Concini quase ao
mesmo tempo. Mortalmente ferido, ele caiu de joelhos e vergou
o corpo sobre a corrente da ponte levadiça. De Vitry guardou a
pistola e aproximou-se do marechal já empunhando a espada.
Com um grito de triunfo, enterrou a lâmina no peito do
moribundo.
Por uma fração de segundo, René ficou meio aturdido, porém
recobrou logo a presença de espírito. Empunhou a espada e, lado
a lado com d'Ornano, aproximou-se do duque de La Mardine e
de dois de seus tenentes.
O chefe da guarda de Concini já começava a desembainhar a
espada, mas não teve tempo de completar o gesto. De Gramont já
lhe tocava as rendas da camisa com a ponta da arma. Ao mesmo
tempo, de Vitry puxava a lâmina ensangüentada do corpo do ita-
liano, levantando-a para o ar e gritando:
— Por ordem do rei! Viva o rei!
Durante a confusão, as pessoas que passavam pelo lado de
fora dos muros do Louvre gritavam assustadas, todavia, agora,
começavam a aclamar o feito.
D'Ornano juntou a ponta da espada a de René na garganta de
Ia Mardine.
— Viva quem? — perguntou com voz gelada.
O duque deixou que a espada escorregasse para dentro da
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— Então, corra!
A moça obedeceu e Shanna acompanhou-a até ter certeza de
que suas ordens seriam cumpridas. Nesse momento, só podia
pensar na segurança das princesas. Se Luís havia se rebelado
contra a tirania da mãe e de Concini, poderia chegar a extremos e
se livrar de outras pessoas ligadas ao marechal, mesmo que
remotamente e que se tratasse das próprias irmãs.
De repente, a importância do pedido de René tornava-se
clara. Indiferente à modéstia, arregaçou as saias quase à altura
dos joelhos e subiu correndo a escadaria que levava ao andar
superior. Sem bater, irrompeu pelos aposentos da rainha-mãe,
atravessou a sala e entrou no quarto.
Shanna ficou estarrecida com a cena à sua frente. No
ambiente luxuoso onde se sobressaíam os espelhos enormes em
molduras douradas e tapeçarias venezianas reinava a maior
confusão. As damas de companhia de Marie de Médicis andavam
a esmo enquanto gemiam e choravam de tristeza e medo.
No meio delas encontrava-se a volumosa e disforme rainha-
mãe. Era evidente que ela recebera a notícia antes de ser vestida
e penteada. Usava apenas um camisolão e os cabelos estavam
soltos e emaranhados. Como as outras mulheres, Marie de
Médicis ia de um lado para o outro do quarto, porém tropeçava
quase a cada passo.
— O meu reinado foi de sete anos! — gritou ela em tom
agudo e irritado.
— Será que só poderei contar, agora, com uma coroa no céu?
Terá o meu filho traidor coragem de matar a todas nós?
Essas palavras foram recebidas por exclamações estridentes
das outras. Shanna observou a situação e foi invadida por uma
grande calma. Percebia que não se importava, nem um pouco,
com a segurança dessa mulher gorda e antipática, todavia preo-
cupava-se com as princesas Christine e Henrietta Maria. E, para
impedir que algo acontecesse a elas, era preciso garantir a
proteção da rainha-mãe.
Cheia de decisão, ela abriu caminho, meio à força, entre as
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OS AVENTUREIROS
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vou fazer!
— Mas, Majestade...
— Suma daqui, idiota pretensioso. Tenho de me preocupar
com outras pessoas.
Shanna deixou o quarto com passos incertos, o rosto lívido, o
corpo trêmulo e uma imensa repulsa. Não existia mais honra?
Seria a preservação da própria vida a ordem do dia? E a corte
inteira da França, não passaria de um covil de ladrões e
assassinos lamurientos e covardes?
De súbito, ela caiu em si, dando-se conta de que essa era a
realidade e de que precisava escapar o mais depressa possível
enquanto houvesse tempo.
Atravessou a sala e, ao abrir a porta, viu o caminho bloqueado
por dois guardas de olhar severo e mosquetes cruzados.
— Por ordem do rei, ninguém sai ou entra nos aposentos
reais — informou um deles.
Rory O’Hara praguejou contra madame Picard e seu estabele-
cimento, o que provocou lágrimas sentidas em Monique. Mais
furioso ficou ele ao dar por falta do uniforme e encontrar, no
lugar dele, um gibão e calções usados e de tecido ordinário. Não
teve outro remédio senão vesti-los.
Quando chegou à rua, a chuva e o mau cheiro o deixaram
mais deprimido ainda. Já passava do meio-dia e ele deveria ter se
apresentado em serviço às oito da manhã.
Meio atordoado pela ressaca forte, caminhava ao longo do
Sena, em direção à Pont Neuf, e imaginava se La Mardine não lhe
deceparia a cabeça ou, pelo menos, tomaria suas dragonas de
capitão. Quando chegou à rua St. Jacques, ouviu uma algazarra
permeada de aclamações que vinha do outro lado do rio. Dirigiu
o olhar à lie de Ia Cite e à praça em frente da Catedral de Notre
Dame, onde uma grande aglomeração de homens e mulheres
dançava e cantava. Misturados a eles, Rory reconheceu alguns
mosqueteiros do rei, que giravam os chapéus de plumas na ponta
das espadas levantadas no ar.
Embora não pudesse entender as palavras, algo na exaltação
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CAPITULO XI
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CAPITULO XII
INGLATERRA
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fiéis criados de sua mãe, de levar uma carta para o amigo. Todos
os outros empregados da mansão não eram dignos de confiança.
Infelizmente, a resposta de David revelou que ele também
enfrentava grandes problemas. Buckingham estava exigindo um
preço tão alto pela tal propriedade irlandesa que Talbot
precisaria dispor de uma quantia dez vezes mais alta que sua
fortuna para poder comprá-la.
Além do mais, Coke estava se valendo da cláusula do contrato
de aluguel da propriedade de North Elmeham que obrigava o in-
quilino a desocupá-la antes do casamento da filha. David tinha
apenas um mês para deixá-la.
Só agora Brenna ficava sabendo que o amigo tomara a seu
serviço refugiados irlandeses a quem ensinava métodos ingleses
de administração agrícola e de lavoura. Na verdade, dizia ele na
carta, restavam-lhe menos de trinta dias para encontrar casas
onde abrigar cinqüenta empregados e suas famílias, senão
perderia o planejamento e o trabalho de dois anos inteiros.
Brenna não teve coragem de descarregar seu infortúnio nos
ombros de David.
Enquanto a filha lutava naquele estado sombrio de
infelicidade, lady Hatton tornava-se mais inflexível na procura da
vitória. Para Elizabeth não se tratava mais do simples casamento
de Brenna com sir Raymond Hubbard e sim da destruição
completa de sir Edward Coke.
— Vou procurar a rainha Anne e o próprio rei. Sou até capaz
de beijar as botas de Buckingham, mas você não se casará com
um almofadinha idiota e sem dinheiro! E eu também não vou
permitir ser derrotada mais uma vez por um marido cujas
patifaria e ganância sobrepõem-se aos meus direitos.
Essas últimas palavras da mãe deixaram Brenna surpresa e
magoada. Percebia que o orgulho de Elizabeth tinha tanta impor-
tância para ela quanto seu próprio futuro.
— Acredito, mamãe, que não é tanto ao casamento que você
se opõe e sim ao fato de papai ter escolhido o noivo sem
consultá-la — declarou ela, sentida, para em seguida voltar à
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solidão do quarto.
Todavia a queixa não teve o mínimo efeito em lady Hatton.
De fato, ela se encontrava cega a tudo que não se referisse à sua
luta pessoal contra o marido.
Como já havia feito tantas vezes no passado, Elizabeth
procurou o auxílio de sir Francis Bacon. Quase diariamente,
encontrava-se ou escrevia ao lorde defensor, cujo grande poder o
fazia subalterno apenas a Buckingham ou ao próprio rei, em
assuntos de Estado.
Sem hesitação, escreveu a Buckingham na Escócia,.
"Meu muito prezado senhor,
Por razões de amizade e por me orgulhar em lhe ser fiel, vejo-
me no dever de expor minha opinião sobre o provável casamento
do primo de milorde. Creio ser essa uma união muito
inconveniente para ele, bem como para a família toda. Ligá-la a
outra tão instável e causadora de escândalos como a de sir
Edward Coke seria muito imprudente.
Sir Raymond se casaria com uma moça cujos pais não gozam
de respeito graças às divergências, aliás públicas, entre ambos,
além de até hoje não viverem como marido e mulher.
Acima de tudo, milorde correria o risco de perder todos os
amigos que se antagonizam e depreciam sir Edward Coke.
Naturalmente, eu seria uma exceção, pois, devido à grande
estima que lhe dedico, jamais o abandonaria.
Seu servo fiel e obediente, F. Bacon."
Palavras fortes demais quando se levava em consideração que
eram dirigidas ao homem mais poderoso do reino, cuja mãe
havia arquitetado o casamento.
Nesse meio tempo, sir Raymond Hubbard, uma das duas per-
sonagens principais do caso, de alguma forma conseguiu reunir
coragem suficiente para assumir parte da responsabilidade a fim
de chegarem a uma possível solução do problema.
— Mas que desplante! — Elizabeth exclamou quando a
criada anunciou a presença de sir Raymond. — Que atrevimento
completo e descarado! Jamais ele entrará em Hatton House!
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CAPITULO XIII
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Sua Majestade.
— E os seus seguem os de Buckingham.
— Eu fiz...
— Você fez, Francis Bacon, o que achou prudente para
impedir um homem mais capacitado do que você de ocupar esse
posto. Embora eu odeie os métodos de meu marido, admiro-lhe a
coragem e a clareza de espírito que o fazem reconhecer a
possibilidade de um rei errar.
— Elizabeth, eu fiquei do seu lado e...
— É verdade, porém, como os outros homens em minha
vida, você seria capaz de vender a minha alma para salvar a
própria pele.
Com olhar gelado, Bacon enfrentou-lhe a raiva.
— Já está feito, Elizabeth, e eu a aconselho a não fazer nada
drástico.
— Não, o caso ainda não terminou. Quero que todos vão
para o inferno! Hei de lutar contra cada um de vocês até não me
restar uma moeda na bolsa e fôlego algum em meu corpo!
Clement Coke, com toda a sinceridade, lamentava a angústia
estampada no rosto lindo da irmã por parte de pai. Apesar dos
cinco anos de diferença entre ambos, dos filhos do casamento de
Coke com Bridget ele era o mais chegado a Brenna. Fora ele seu
companheiro de jogos e brincadeiras na infância nos jardins de
Stoke Poges e Holdenby, quem a pusera, pela primeira vez, em
cima de um pônei e a ensinara a cavalgar. Havia sido sempre a
pequenina Brenna, de rosto sério e grandes olhos expressivos,
que intercedera junto a sir Edward todas as vezes em que
Clement se via em apuros, fato, aliás, freqüente.
Agora, ele sentia-se pesaroso por não poder fazer a mesma
coisa pela irmã.
Em tempos mais recentes, ele ganhara o apelido de "Coke, o
lutador". Quando se tratava de luta, ele deixava de ser o rapaz
elegante e janota. Embora pudesse encontrar adversários tão
ágeis com a adaga e espada e certeiros na pontaria da pistola
quanto ele, era seu físico que amedrontava. Era dono de ombros
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CAPITULO XIV
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CAPITULO XV
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CAPITULO XVI
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CAPITULO XVII
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CAPITULO XVIII
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CAPITULO XIX
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lhantes de expectativa.
Foi um momento que pareceu durar uma eternidade. Rory,
montado no animal inquieto, mantinha os olhos escuros presos
aos seus. Quando falou, o sotaque irlandês que ela passara a
notar parecia mais marcado.
— E uma loucura o que estamos fazendo, menina. Você está
segura do que quer?
— Completamente, mais do que jamais me senti ou sentirei
— Brenna murmurou com olhar confiante.
Rory soltou a capa enquanto desmontava e nem percebeu que
ela caía ao chão quando se apressou em tomar Brenna nos
braços. As feições morenas dele estavam transtornadas pela
paixão ao inclinar o rosto sobre o seu.
— Você é uma feiticeira que roubou minha alma, Brenna.
— Não, Rory O’Hara, sou a moça que deseja dar-lhe seu
coração. Devagar e sem interromper o beijo, eles estenderam-se
sobre
a grama. Deitado de lado, Rory abriu a camisa; ao mesmo
tempo que Brenna se deliciava em tocar-lhe o peito, ele
desamarrava os cordões de seu corpete.
A exclamação que escapou dos lábios dele ao ver seus seios
nus foi cheia de encantamento e ternura. Bem de leve, tocou-lhe
os mamilos eretos com os lábios quentes antes de cobrir seu
rosto de beijos apaixonados.
O aroma diferente que emanava do corpo e das roupas dele
misturado ao da grama amassada sob o peso de ambos a deixava
inebriada. Era algo viril e diferente do perfume pesado e
enjoativo usado pelos almofadinhas e cortesãos de Londres que
costumavam incomodá-la com propostas veladas e falsas.
— Minha capa! — Rory exclamou ao perceber onde haviam
se deitado.
— Não tem importância, meu amor.
As mãos dele mostraram uma certa hesitação, como se ainda
duvidasse de sua disposição em aceitá-lo. Brenna enlaçou-o pelo
pescoço a fim de demonstrar a firmeza de suas intenções e
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— Olhe aqui, sir David, eu lhe dou os dez mil acres de terra e
as ruínas de Ballylee.
David Talbot apanhou o rolo de papéis com mais agilidade do
que se poderia imaginar no seu estado de embriaguez e sem
parecer ter ouvido as palavras de Rory. Abriu os documentos e,
com ar-rebatamento, ajoelhou-se para lê-los.
— Assinados pelo próprio rei James! E tudo testemunhado
por sir Robert Cecil! Este é, de fato, um documento legal. Ballylee
pode ser seu sem que seja preciso haver litígio. O rei já enfrenta
problemas suficientes com a corte e o parlamento e não há de
querer enfrentar mais um ao negar a validade de um documento
assinado por ele mesmo.
A expressão de alegria pura no rosto de David surpreendeu
Rory. Era exatamente como Brenna o havia descrito, e ele o in-
vejava. Ali à sua frente, ajoelhado, encontrava-se um homem
com o grande sonho de sua vida nas mãos.
— Você partiria para a Irlanda num piscar de olhos, não é
verdade, Talbot?
— Partiria, sim, meu rapaz, pois amo o espírito do irlandês e
a beleza daquela terra. Se eu não fosse tão jovem na época de
O’Neill e O’Donnell, teria lutado como mercenário a troco de um
pedaço de terra por lá.
— Ele é seu agora, Talbot, e não foi preciso levantar a espada
para consegui-lo.
— O que está dizendo? Ficou louco?
— Não, aquela terra não me atrai. Prefiro ir para a França
com Brenna e implorar justiça ao rei Luís. Tenho muitos amigos
lá e com a ajuda deles acredito poder arranjar um posto entre os
mosqueteiros do rei.
— Como pode falar assim? Por Deus, homem, será que não
percebe quem é? Você é The OTIara, representa o clã cujo
sangue corre em suas veias. Eu o invejo por isso e, no entanto,
você só sabe lamentar o que perdeu "e não deseja lutar pelo que
pode vir a ganhar.
— Antes de eu nascer, tudo já estava perdido e nada será
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e sorria.
— Por Deus, rapaz, você luta bem — declarou ele.
— O mesmo digo eu de você — Rory replicou. — Conte uma
coisa, por que rouba moças?
— Chame isso de dever de um filho ou a necessidade de se
garantir o sustento. Quem é você?
— Sou Rory, The O’Hara.
— Um irlandês desgraçado! Não é à toa que luta bem! — re-
conheceu ele, rindo divertido.
— E você quem é?
— Meu nome é Clement, e o apelido, Coke, o lutador. Mas
vamos continuar — Disse ele ao levantar-se.
— Não, Clement!
Os dois homens se viraram ao ouvirem a voz de Brenna. Ela
se encontrava bem perto, com os pés separados e os braços ergui-
dos. Em suas mãos brilhava a pistola que Rory derrubara ao pular
da janela.
— Ande em direção da casa, Clement, ou, eu juro, irmão ou
não, meto-lhe uma bala na cabeça.
Clement ficou perplexo.
— Por Deus, menina, creio que esteja brincando!
— Estou com pressa e não posso perder tempo. Vá andando
de costas, Clement.
A contragosto, ele obedeceu. Assim que se afastou um pouco,
Rory se aproximou de Brenna e segurou a pistola, que continuou
apontando para o outro.
— Sinto muito, Coke. E uma pena que tenha nascido na In-
glaterra, pois luta como um homem.
— Quem sabe numa outra oportunidade, irlandês.
— Será um prazer! — Rory gritou por sobre o ombro
enquanto ele e Brenna corriam pelo jardim em direção ao
estábulo a fim de pegarem os cavalos e fugirem.
Assim que atravessaram uma passagem na cerca viva, Rory a
fez parar e fitá-lo.
— Nem tudo está perdido aqui para você, Brenna. A França
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volta do castelo.
— Como vê, O’Hara, prometi a mim mesmo que faria pela
filha o que não pude proporcionar à mãe, isto é, o retorno à terra
natal. Ela só falava nisso.
— Acho que não é muito justo o que me pede, Talbot. Como
posso prometer levar a menina... Aileen, não é?
— Isso mesmo.
— O problema é que não pretendo voltar para a Irlanda.
— Ah, meu rapaz, não acredito que você conheça os anseios
do seu coração, mas isso não tem importância agora. Tudo o que
peço é que tome conta da menina se eu morrer e que a leve para
a Irlanda caso, um dia, você volte para lá.
— Assim está certo. Dou-lhe minha palavra.
— Ótimo. Agora vá embora e mande sua irmã para cá. O
rosto dela parece com o de um anjo e eu prefiro morrer olhando
para ela e não para você.
Rory levantou-se e foi à procura de Shanna.
Quando ela entrou no quarto, sir David já dormia. Com
cuidado, passou uma toalha vimida no rosto e no peito dele,
examinou o curativo e só então se sentou ao lado da cama.
Shanna devia ter cochilado, porque, de repente, estremeceu
ao sentir um aperto na mão. Mesmo dormindo, Talbot havia
estendido o braço e a segurado. Sem se soltar, ela puxou a
cadeira para mais perto da cama.
Antes de se entregar de novo a um sono leve, Shanna sentiu
outra vez a pressão dos dedos dele em sua mão e a retribuiu,
tomada por uma emoção estranha.
Já ia completar uma semana que haviam chegado a
Fontevrault e a nuvem de tristeza pairada sobre a abadia parecia
mais baixa e densa. A irmã Anna e lady Hatton dispensavam
todos os cuidados possíveis a O’Donnell, enquanto Brenna e
Shanna continuavam encarregadas de Talbot. Este começava a
melhorar; o outro, entretanto, definhava com o passar das horas.
Rory O’Hara e Brenna mal se encontravam e, quando isso
acontecia, renovavam as promessas de amor e dedicação mútua.
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OS AVENTUREIROS
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CAPITULO XXIII
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CAPITULO XXIV
INGLATERRA
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OS AVENTUREIROS
ao marido.
— Por Deus nos céus, juro que, por ter sido obrigada a ceder
neste assunto, ainda hei de sentir o prazer e a honra de derrotar
sir Edward. Ele jamais lucrará com o que fez. É uma lástima que
tudo tenha resultado numa grande mágoa para a filha a quem
tanto amo, mas com um pouco de sorte talvez isso provoque os
meios de ferir o marido que odeio profundamente — Elizabeth
declarara.
As querelas entre os pais não significavam mais nada para
Brenna já que não poderiam continuar a usá-la como instru-
mento para conseguir o que desejavam. Eles não tinham acertado
as diferenças em referência a rendas e propriedades antes do
casamento de Brenna. De acordo com a lei, lady Hatton não
podia dispor de nada sem a autorização de sir Edward. Para
garantir a subsistência, ela foi obrigada a recorrer, novamente, ao
conselho real.
Temerosos de perder a fortuna Hatton, que poderia vir a
parar nas mãos deles através de sir Raymond, Buckingham e lady
Compton insistiram numa trégua na guerra conjugai sem fim
desse casal antagônico. Até o rei sugeriu uma reconciliação. Nada
adiantou, pois mais uma vez lady Hatton preferiu o risco de se
arruinar para ter o prazer de ridicularizar o marido em público.
O resultado dessa última altercação deu muito assunto para
as más-línguas nos jardins de St. Paul. Coke havia sacrificado a
filha na esperança de satisfazer a ambição e Elizabeth atendera as
exigências de lady Compton sobre o dote de Brenna almejando
reaver a posição perdida na corte. Ambos, porém, perderam seus
esforços.
Sir Edward não recebeu de volta seu cargo de juiz do
Supremo Tribunal do rei e foi empossado como membro do
Conselho Privativo, posto sem remuneração e poder. Ele voltou
para Stoke Poges amargurado e ressentido com o rei e
Buckingham, cuja palavra era tão sólida como fumaça num dia
de vento.
Na corte, Elizabeth se negou a cair nas garras de lady
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OS AVENTUREIROS
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CAPITULO XXV
IRLANDA
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vai ser o meu amor e futuro marido! Com cuidado, repassou pela
memória o que a empregada tinha lhe ensinado. Mais tarde,
nessa noite, guardaria a primeira e a última colherada da farinha
de cevada de seu prato, que poria em sua meia esquerda junto
com as nove folhas de hera. Depois a prenderia com a liga direita
e a colocaria sob a cabeceira da cama. Quando já estivesse
prestes a pegar no sono, repetiria as palavras mágicas:
"Nove folhas de hera, sob minha cabeça coloco
Para sonhar com os vivos e não com um morto.
Para sonhar com o homem com quem me caso
E aos pés de minha cama, esta noite, vê-lo!"
Curiosa com a expressão do rosto de Aileen, Shanna seguiu a
direção do olhar dela pelo pátio até os degraus da entrada
principal da casa-grande. Lá, vestido com um manto de veludo
verde, com pele de castor à volta da bainha e da borda do capuz,
se encontrava seu irmão Rory, The O’Hara.
— Vamos, meu rapaz — Talbot disse enquanto passava o
braço nos ombros de Rory.
— É melhor falarmos agora antes que essa montanha de
comida seja servida, porque, então, ninguém nos ouvirá.
Rory concordou e seguiu David pelas escadas que levavam ao
passadiço à volta do pátio. Quando o alcançaram, um sacerdote e
um pastor de ovelhas se juntaram a eles.
— Dê o sinal — Talbot instruiu.
O pastor ergueu o berrante e o soprou. O som melancólico
encheu os ares produzindo a reação de silêncio desejada. Talbot
chegou até a beira do passadiço e inclinou-se sobre a parede
baixa que o protegia. Estendeu o braço e gritou:
— Arrendatários, lavradores, pastores e criados, eu lhes dou
as boas-vindas neste dia em Ballylee! Deus salve a Irlanda! —
acrescentou ao levantar a caneca de bebida.
— Deus salve a Irlanda! — ressoou o brado uníssono de qui-
nhentas pessoas.
— Deus salve Ballylee! — Talbot exclamou.
O povo respondeu com o mesmo entusiasmo anterior e David
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captura de O’Hara.
Segundos depois, um soldado inglês punha fim em sua vida
enquanto, debruçada sobre o corpo do marido, lady Deirdre
murmurava: "Cavem juntas a nossa eterna moradia..."
Finalmente agora os pais de Rory voltavam para Ballylee, num
esquife duplo como desejara ela.
Talbot havia atendido o pedido de Rory com presteza. O
jazido na capela próxima à muralha externa do castelo já se
encontrava pronto quando o cortejo chegou.
O velório foi simples e não seguiu muito à risca a tradição
irlandesa, pois Shanna preferia assim. Não havia necessidade de
chamar carpideiras porque muitas mulheres de voz profunda e
lamuriante tinham vindo dos cantos mais afastados de Ballylee.
Os trovões ensurdeciam e os relâmpagos cegavam. Na capela,
em frente ao túmulo fechado já há um mês, via-se a silhueta forte
e um tanto ensombreada de Rory O”Hara. A chama bruxuleante
dos círios iluminava a inscrição na lápide:
"Aqui jazem The O’Hara, Shane, e sua esposa, lady Deirdre,
cujo amor profundo preferiu provocar a morte de ambos para
evitar a degradação humilhante".
Um pouco abaixo, em letras menores, lia-se o lamento de
Deirdre dos Pesares:
"O leão das montanhas foi morto
E eu me nego a chorar sozinha.
Viver sem o meu amor não resisto
Cavem juntas a nossa eterna moradia.
— Eu acho que já está na hora de deixá-los descansar em paz
— Shanna disse de onde se encontrava, fora do círculo da luz das
velas.
— Tem razão, mas não consigo — Rory confessou.
Shanna mordeu o lábio para conter as lágrimas. A tristeza do
irmão a deixara aflita. Sabia que a melancolia crescente não era
provocada pelos mortos e sim pelos vivos, pelo coração
despedaçado por alguém que vivia tão distante.
Ali em pé, observando-o como fizera tantas noites antes,
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Fontevrault. Ele estava tão cego de amor naqueles dias que não
se dava conta do que acontecia ao redor.
Abriu os olhos e soltou o riso sonoro e vibrante. — Brenna
Coke, sim — gritou ele —, porém deveria ser O’Dormell! Rory
beijou o medalhão e passou a corrente à volta do pescoço.
Caminhou então em direção à casa-grande, de onde partiria, es-
perançoso, para a França e, depois, Inglaterra.
CAPITULO XXVI
INGLATERRA
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CAPITULO XXVII
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CAPITULO XXVIII
FRANÇA
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CAPITULO XXIX
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CAPITULO XXX
INGLATERRA
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pensado melhor.
— Em todos nós, sir Edward, existe algum traço de loucura,
mas nem todos são capazes de dominá-la como o senhor. Sabe
onde há uma outra cama onde possa deitá-lo?
Por não ter forças para argumentar, Coke apontou o caminho
para um quarto próximo. Lá, Raymond o despiu e aplicou o
mesmo tratamento com vinagre que havia sido dispensado a
Brenna. Já ia sair quando sir Edward o chamou.
— Vai cuidar dela?
— Da mesma forma com que o senhor fez, isto é, desta vez.
Vamos esperar, sir Edward, que Brenna nos perdoe por nossas
fraquezas. Talvez, juntos, consigamos fazê-la viver.
Raymond estava satisfeitíssimo. A cor começava a voltar ao
rosto de Brenna e as olheiras não eram mais tão profundas e
escuras como antes. Ela já conseguia se alimentar sozinha e con-
versar um pouco.
— Não sabia que você dominava a arte da culinária —
Brenna brincou, bem-humorada. — Como aprendeu a cozinhar?
— Graças a ter passado mais tempo solteiro do que casado —
respondeu ele.
Brenna corou e, mudando de assunto, indagou pelas últimas
novidades.
— Depois da morte de James, meu primo percebeu que não
seria aconselhável me manter isolado por mais tempo. Além do
mais, minha amizade com Charles continua intata.
— O rei foi sepultado?
— Foi, sim. Como muitos outros, assisti à cerimônia por cu-
riosidade e não por tristeza. Aliás, não vi uma lágrima sequer.
— Mas foi um funeral digno de um rei, não foi?
— Sem dúvida. Dizem que Charles gastou cinqüenta mil
libras para enterrar o pai. O discurso foi feito pelo bispo
Williams, que falou durante horas sobre a sabedoria de Salomão
e a do rei James. Acredito que ninguém aceitou a comparação.
Brenna estendeu á mão e tocou a de Raymond.
— Não gosto de me sentir feliz pela morte de alguém, mas
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talvez agora, com um novo rei, nós dois possamos levar uma vida
mais normal.
O rosto de Raymond se anuviou. Ela percebeu e indagou:
— Qual é o problema?
— Tenho medo, Brenna, de que o nosso Charles I, como o pai,
já possua mais poder do que bom senso.
Apesar da idade avançada, sir Edward recuperou-se logo da
febre, graças não só à sua constituição forte como também aos
cuidados dispensados por Raymond, o visconde Poole.
Assim que ele se viu com forças suficientes para voltar à hos-
pedaria carregado numa pequena Iiteira, tornou-se irritante e
iras-cível como antes.
— Mandei avisar o Dr. Weymouth para vir vê-lo na
hospedaria — Raymond informou.
— Pois eu o mandarei embora imediatamente. Desde que
nasci, nunca sofri uma sangria ou fui examinado, Essas são as
duas únicas coisas que os médicos sabem fazer, pois não passam
de charlatões. Eu curei Brenna e você me curou, e não médicos.
Eles não passam de necromantes com malinhas pretas.
— Sir Edward...
— Ouça aqui, meu rapaz, nem todas as drogas da Ásia, o
ouro da África e os médicos da Europa poderão me curar da
enfermidade que acabará me matando: velhice.
Raymond sacudiu os ombros e afastou-se da Iiteira onde sir
Edward já se acomodara.
— Vamos embora depressa! — gritou Coke. — Fiquei tempo
demais longe de meus livros.
A recuperação de Brenna foi bem mais lenta. Todavia, aos
poucos, ela começou a ganhar parte do peso perdido e o brilho
dos olhos retornou. Uma noite, ao entrar no quarto, Raymond a
encontrou fora da cama, respirando fundo perto da janela. Parou
abrupto quando sentiu no corpo o despertar da velha carência.
— As fogueiras da peste estão bem baixas e o vento está
levando embora a fumaça — disse ela sem se virar.
— E um alívio respirar ar puro e sem cheiro de morte.
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CAPITULO XXXI
FRANÇA
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CAPITULO XXXII
INGLATERRA
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lhe falei.
A nova rainha da Inglaterra havia desembarcado em Dover,
onde passara sua primeira noite em solo inglês. Na manhã se-
guinte, o rei Charles receberia a comitiva em Canterbury e, se-
gundo as más-línguas, consumaria o casamento lá mesmo.
Ansioso, ele não havia tido paciência para esperar a segunda
cerimônia nupcial a ser realizada em Londres.
Agora, o rei Charles e a rainha Henrietta Maria chegavam à
capital do reino. Embora a peste não houvesse desaparecido por
completo e chovesse muito, milhares de pessoas encontravam-se
às margens do Tâmisa para verem a barcaça real. Outras tantas
saudavam o casal real das janelas de suas casas ao longo do rio ou
de barcos que acompanhavam a esteira de espuma do batelão. Os
canhões da Torre de Londres e dos navios da Marinha real davam
tiros e os sinos das igrejas enchiam o ar com som festivo e
alvissareiro.
Por causa da chuva, tinha sido erguido, às pressas, um
pavilhão nos jardins de Somerset House a fim de abrigar mais de
duzentos pares do reino que já se encontravam ali a fim de
recepcionar a nova rainha.
Entre eles estavam o visconde e a viscondessa Poole.
Brenna sorria contente, mais segura de seu futuro como há
muito não se sentia.
O marido se vestia com elegância em roupas e acessórios
novos entre os quais se destacavam a jaqueta de seda azul e o
chapéu de abas largas. A viscondessa, por sua vez, exibia o
conjunto mais fino que encontrara. Também se vestia em azul
com uma blusa de voai de tom celeste sob um colete que, como a
saia rodada, era de cetim azul-marinho. Na cintura usava uma
faixa cor-de-rosa que combinava com as fitas do cabelo. As meias
eram de sedas assim como as sapatilhas bem abertas e bordadas
com linha azul e dourada.
Lady Compton finalmente passara a lhes entregar as rendas
provenientes de seu dote, embora não a quantia total.
Gritos de vivas irromperam da multidão junto às escadas do
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— Vossa Majestade.
Charles olhou surpreso para Buckingham, mas logo em
seguida voltou a atenção ao casal.
— Nossos olhos se alegram ao testemunhar a reconciliação
de sua família, lorde Poole.
— Agradeço, Majestade — Raymond gaguejou antes de beijar
as mãos do rei e da rainha.
A mão de Henrietta Maria tremia como um passarinho apri-
sionado quando Brenna a tomou para beijar antes de se expressar
em francês fluente:
— Espero, Majestade, que não considere a nova pátria e seus
costumes muito severos e que a saudade de sua própria corte
desapareça quando descobrir o amor dos novos súditos.
Os olhos escuros da rainha se arregalaram e Brenna percebeu
o alívio provocado por suas palavras.
— O seu francês é impecável! Venha nos visitar assim que
estivermos instalados.
— Será um grande prazer, Majestade.
Brenna e Raymond se afastaram e a chamada de outros casais
teve continuidade.
— O que disse a ela que a deixou tão satisfeita? — Raymond
perguntou baixinho.
— Não foi bem o quê, mas sim como eu o disse. Sua
Majestade vai precisar de senhoras inglesas na corte. As que
falam francês, provavelmente, serão convidadas mais depressa.
— Acho que você herdou um certo jeito de sua mãe —
Raymond comentou com um sorriso.
Com o intuito de ceder lugar aos que ainda se encontravam
na fila dos cumprimentos, Brenna e Raymond se dirigiram à en-
trada de Somerset House.
Já haviam subido a metade da escadaria ladeada por guardas,
quando Brenna parou com uma exclamação abafada. A mão no
braço de Raymond crispou-se e ela estremeceu.
— Brenna, minha querida, o que foi?
Pálida, ela mordeu o lábio e não respondeu. O marido seguiu
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CAPITULO XXXIII
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mond, eu suplico...
O estrondo da porta que batia interrompeu as palavras.
Brenna sentou-se, encolhida, perto da janela.
— Oh, meu Deus — murmurou, aflita —, não disse a verdade
e por falta de coragem!
Banhada em lágrimas, deixou que o olhar se fixasse em
Somerset House do outro lado do Tâmisa.
— Por que você voltou Rory O’Hara? Por que reapareceu em
minha vida e me fez ver como é vazia e insípida sem você?
As instruções de Richelieu eram simples, claras e precisas.
Como responsável por todos os franceses a serviço da rainha na
Inglaterra, O’Hara não só teria de ser guarda de Sua Majestade
como também emissário do rei Luís.
"E assim sendo", escrevera o cardeal, "você deverá fazer tudo
que estiver ao seu alcance para manter a aliança franco-inglesa
como foi estipulada no contrato de casamento. Você se esforçará
ao máximo para criar uma aura de conforto ao redor da rainha a
fim de reter a felicidade dela. Deverá, ainda, chamar a atenção de
Charles e Buckingham para o fato de que o rei da França espera
que haja anuência por parte do rei da Inglaterra às promessas
feitas por ele, isto é, revogar as leis contra a fé católica em seu
país."
Tudo bem mais fácil de ser dito do que feito.
Nem o povo inglês nem o Parlamento estavam a par dos
acordos secretos sobre religião feitos por Charles no contrato
matrimonial. O rei se via forçado a curvar-se perante o povo e
banir todos os padres, exceto os que faziam parte da comitiva da
rainha.
Rory sabia que a referência de Richilieu à aliança franco-
inglesa significava a recomendação para que se esforçasse em
manter a Inglaterra em guerra contra a Espanha. Ora, isso seria
inútil, pois o Parlamento, por falta de confiança em Buckingham,
não liberara a verba para o conflito.
O’Hara se tornara um diplomata sem pasta e um conselheiro
a quem ninguém dava ouvidos.
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soubesse.
Em audiências particulares com a rainha, Rory insistira com
ela para abrandar sua atitude para com o povo, a corte e o
próprio rei. Porém Henrietta Maria, a mocinha dócil,
transformara-se em uma rainha petulante e autoritária.
Rory suspeitava que a nova maneira de ser de Henrietta Maria
resultava da tutelagem da duquesa de La Mardine, e contra isso
não havia nada que pudesse fazer, exceto dar mais conselhos.
Existia um último caminho para se chegar à rainha, mas O’Hara
recusava-se a segui-lo. A viscondessa Poole era tão amiga de
Henrietta quanto a duquesa, talvez até mais. Se Rory conseguisse
convencer Brenna a usar de sua influência a fim de forçar a
rainha a seguir seus conselhos, quem sabe a vida de todos seria
melhor.
Entretanto, isso significava encontros particulares e segredos
compartilhados com Brenna, possivelmente contra sua vontade.
Rory não estava ainda preparado para agir assim.
O estopim que provocou a explosão final foi uma ocorrência
insignificante, mas a detonação foi ouvida na Inglaterra inteira.
Numa calma e ensolarada manhã de domingo, a irmã de
Buckingham, a condessa de Denbigh, providenciou para que
fosse realizado um culto protestante no grande salão de
Titchfield House. O’Hara não foi informado porque se
encontrava em New Port, a chamado de Buckingham. Caso
contrário, teria podido cancelar a cerimônia ou transferi-la a
outro local.
Em New Forest, o assunto a ser tratado era trivial e, assim que
se viu desimpedido, Rory pediu permissão para ir embora. Porém
o duque, para sua surpresa, insistiu que ficasse.
— Eu gostaria de constatar a sua habilidade na caça, irlandês.
Depois, quem sabe, poderemos acertar nossas diferenças
enquanto tomamos um copo de vinho.
No fim da caçada, não houve conversa alguma e muito menos
vinho. Rory foi dispensado e quando chegou a Titchfield, na
tarde do dia seguinte, descobriu por quê.
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própria.
— Instigado por Buckingham? — Brenna perguntou.
— Isso mesmo. O homem quer garantir os privilégios e o
poder possuídos mesmo às custas do país. Ele também deseja se
vingar de mim por tê-lo insultado.
— Ouvi contar essa história. Você devia tê-lo matado —
Brenna comentou ao revelar o desprezo sentido pelo duque.
— Devia mesmo, mas, infelizmente, não o matei. Agora
através de subterfúgios torpes, ele está estimulando as
infantilidades da rainha e, com isso, afastando-a do rei. Charles e
Henrietta Maria não percebem que não passam de joguetes nas
mãos do duque. Buckingham almeja a glória de passar, perante
os olhos do povo, como o salvador dos protestantes franceses.
Percebe o perigo disso?
— Ele nos forçaria a entrar em guerra com a França?!
— Se puder, sim.
— E o que, meu Deus, eu posso fazer? — Brenna perguntou,
tentando prestar atenção apenas nas palavras de Rory e não na
sonoridade da voz dele, que a deixava trêmula.
— A rainha a admira, Brenna, e respeita sua opinião. Você é a
única inglesa na corte. Use a sua influência e a faça ver a
necessidade de oferecer uma desculpa ao arcebispo, caso ele con-
tinue a exigi-la. Convença-a a aprender inglês e, acima de tudo, a
ser mais atenciosa com o rei.
— Posso tentar.
— Por favor, Brenna, faça um esforço para ter êxito.
Ela sentiu uma vontade irresistível de se aproximar de Rory e
sentir o calor e a força do corpo dele. Todavia segurou as rédeas
da égua com firmeza como se o animal pudesse puxá-la de volta,
caso cedesse à tentação.
— Por que um irlandês se envolveu tanto com os negócios de
Estado anglo-franceses, Rory O’Hara?
Demorou muito para a resposta ser dada. Através do silêncio,
Brenna sentia que ele formulava razões para lhe dar em vez
de ser sincero e dizer a verdade.
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CAPITULO XXXIV
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França.
Raymond jamais saberia que as cartas não tinham sido
escritas nos últimos meses.
Depois da volta da corte a Londres, Brenna se sentia ora ani-
mada ora deprimida.
A rainha tinha dado ouvido a seu raciocínio lógico e, ao
encontrar o marido em Hampton Court, desmanchara-se em
sorrisos. As palavras ditas haviam sido conciliatórias e
prognosticavam, a Charles, uma nova atitude de obediência.
— Gostaria de pedir a meu marido, o rei, que perdoasse sua
esposa, a rainha, e esquecesse a ofensa cometida por ela que lhe
causou mágoa — Henrietta Maria dissera.
Em particular, ela também apresentara ao arcebispo
desculpas pela afronta cometida contra a religião anglicana.
Jurara que, no futuro, daria tanta atenção aos conselheiros do rei
quanto aos seus.
A satisfação íntima de Brenna por ter contribuído para a mu-
dança de atitude da rainha era anuviada pelo mau humor de
Raymond. Seu desânimo aumentava quando ele passava dias se-
guidos afastado de sua companhia.
Em casa, ele parecia um estranho, especialmente à noite, sen-
tado em frente a lareira com a garrafa de aguardente na mão.
Nunca mais ele sugerira que fossem se deitar mais cedo ou batera
na porta de seu quarto em horas avançadas da noite.
Por mais que tentasse, Brenna não conseguia penetrar a bar-
reira de silêncio que Raymond erguera à volta de si mesmo. A
administração das terras do casal estava sendo negligenciada e a
maneira estranha de ele se comportar na corte provocava comen-
tários sobre o retorno da loucura antiga do visconde Poole.
Desta vez, porém, Brenna também começou a estranhar o
marido. De fato havia um brilho feroz nos olhos dele e um tique
nervoso nos lábios. Um dia, ela descobriu onde Raymond passava
o tempo quando se encontrava longe de casa. Parte era na com-
panhia do primo, o duque, muito embora ainda declarasse a an-
tipatia sentida por ele. O resto do tempo, Brenna soube pela mãe,
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CAPITULO XXXV
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CAPITULO XXXVI
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CAPITULO XXXVII
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conseguir fitá-la.
— O que é isto?
— A resposta de minha ama ao seu pedido — respondeu ele,
mantendo o olhar baixo.
Brenna abriu o lacre depressa e, ao ler a mensagem, o rosto
empalideceu mais ainda e o corpo cambaleou.
— Não, meu Deus... não quando eu já estava tão perto!
Clement a amparou nos braços e Rory apanhou a carta. "Minha
querida filha,
Em primeiro lugar, quero lhe dizer que a amo mais do que a
qualquer outra pessoa neste mundo. O que você fez está feito, e
o que fizer no futuro não está em meu alcance impedir. Todavia
posso evitar que arruíne o futuro do seu filho. Sir Edward
declarou, publicamente, que Robert é seu neto, assim como eu
também o fiz. Raymond já preencheu todas às formalidades para
garantir a Robert o direito de primogenitura e o título de lorde
Poole.
Mesmo que eu quisesse levar-lhe o seu filho, seria impossível,
pois Buckingham me mantém vigiada como se eu fosse uma
criminosa. Se deseja mesmo partir para a França, querida filha,
que seja assim, porém lembre-se de que sua família, inclusive seu
filho, estão na Inglaterra. Eliza. H."
Rory praguejou e amassou a carta.
— Preciso voltar — Brenna murmurou sem expressão na voz
e com o rosto angustiado.
— Não, menina — Clement contradisse, com o braço em
seus ombros.
—: Pense na prisão de Fleet. Não haverá quem segure a fúria
de Buckingham agora.
— Clement tem razão — Rory afirmou, tomando-a para os
braços dele.
O corpo de Brenna tremia, porém ela não chorava. Sentia
como se não tivesse mais lágrimas.
— Minha mãe está certa, minha família e meu filho estão
aqui. Preciso voltar.
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CAPITULO XXXVIII
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FRANÇA
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CAPITULO XXXIX
INGLATERRA
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CAPITULO XL
FRANÇA
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CAPITULO XLI
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CAPITULO XLII
IRLANDA
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CAPITULO XLIII
FRANÇA
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CAPITULO XLIV
IRLANDA
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FIM
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