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O CASO DO COLAR

Seminá rio
Napoleã o escreveu que os erros militares e as catá strofes internas
atiçaram as chamas da Revoluçã o Francesa. Mas a gota d’á gua foi um
curioso escâ ndalo no palá cio envolvendo uma mulher de nobreza nã o
reconhecida, um membro da realeza e o mais magnífico colar de jó ias
de toda a Europa. Esta notó ria intriga tornou-se conhecida como
L’Affaire du Collier
Introdução
 Século XVIII = Século de Newton

 As principais potências na Europa eram a França e Inglaterra

 Na segunda metade do século XVIII houve um aumento substancial da


construçã o naval e um melhoramento das técnicas de navegaçã o, que
possibilitou esse incremento das viagens de exploraçã o motivadas pelo
fascínio iluminista face à natureza, pelo desejo de conhecer todas as regiõ es
do mundo e por evidentes interesses econô micos
Relações Internacionais
 O francês era utilizado como língua oficial da diplomacia, refletindo a
influência da França em toda a Europa

 EUA (Independência em 1776)

 Á ustria (Guerra dos sete anos )

 Inglaterra
Situação da interna da França

 França – 1784

 Economia – A situaçã o econô mica da França era crítica

 Sociedade – Era dividida em três partes, conhecidas como “Estados”


Como era a Monarquia
 Monarquia é um tipo de regime político que reconhece um monarca (rei de
forma hereditá ria ou abdicada) como chefe do Estado

 Dinastia dos Bourbons

 Luís XV - Rei de França entre 1715 e 1774, era casado com Maria
Leszczynska, princesa da Polô nia, e teve um reinado repleto de escâ ndalos e
corrupçã o

 Dentre os escâ ndalos, um dos mais notó rios era sua relaçã o com as amantes,
sendo Madame du Barry a mais famosa delas

 Avô de Luís XVI


Luís XVI
 Luís XVI, Rei da França

 1774 – Subiu ao trono aos 20 anos de


idade

 As finanças reais nã o se encontravam


numa situaçã o favorá vel

 Permaneceu até o eclodir a Revoluçã o


Francesa
Maria Antonieta
 Maria Antô nia Josefa Joana de Habsburgo,
nascida em Viena, Á ustria, em 1755

 Filha da Imperadora Maria Teresa de


Habsburgo e do Imperador Francisco I de
Lorena, da Dinastia Habsburgo, uma das
mais influentes na Europa

 Em 1770 se casa com Luís Augusto (futuro


Luís XVI), selando a aliança franco-
austríaca

 Surge como esperança de uma melhor


Coroa

 O quadro ao lado retrata a Rainha e foi


pintado por Elisabeth Vigée-Lebrun, uma
das mais importantes pintoras do século
XVIII (1783)
Costumes, Etiqueta

A etiqueta é a salvaguarda dos soberados. Nunca foi uma opçã o

Alguns há bitos e atitudes da Rainha Maria Antonieta denegriam a imagem da


Coroa

Inadvertidamente, a Rainha praticava a seduçã o e nã o a governaça

A vida regada de festas, bailes e teatros era o costume da época


Festas e eventos

Nã o era raro que alguém


percorresse duzentas léguas só
para perticipar de algum evento,
seja uma festa ou uma ó pera

Até o clero, na figura do Cardeal


da França Luís Rohan, era famoso
por suas festas e caçadas

Na foto, o Castelo em Saverne, de


propriedade do Cardeal Rohan,
palco de memorá veis eventos
Cardeal Rohan
 Embaixador francês em Viena
 O rei o nomeou Ministro dos Cultos
 Cardeal da França
 Substituiu o bispo de Estrasburgo
 Admiradamente notado, tanto
moral, como fisícamente, cheio de
espírito, de graça de coraçã o
 Sua elegâ ncia só se igualava a seus
gastos excessivos e desnecessá rios,
o que causava reprovaçã o da Corte
Austríaca
A história de Jeanne Valois

 Embora tivesse o “sangue dos Valois” e descendesse, por


uma filiaçã o distante e complicada, de Henrique II, tivera
uma vida aventurosa e singularmente miserá vel
 Vivia de esmolas nos arredores de Paris
 Chamou a atençã o da Marquesa de Boulainvilliers
 Em sua adolescência, fugira do internato para a cidade de Bar-sur-Aube

 Conheceu o Conde de La Motte

 Vida com poucos recursos mas esbanjadora


 Por meio de sua benfeitora, Marquesa de Boulainvilliers, a Condessa de La
Motte é apresentada ao Cardeal de Rohan e recebida no castelo de Saverne

 Seu primeiro êxito é a nomeaçã o do Conde de La Motte como capitã o da


Germandaria

 Outro êxito é a ajuda financeira provida pelo Cardeal


 A Condessa de La Motte insistia em obter a atençã o da rainha, mas sempre
sem sucesso

 Mais importante era fazer com que os outros acreditassem que tivera êxito

 A “relaçã o de amizade” da Condessa de La Motte com a Rainha Maria


Antonieta atiçou a curiosidade do Cardeal de Rohan
 A Condessa de La Motte se dispô s a entregar à “amiga” Maria Antonieta
uma carta do Cardeal

 A “Rainha” passa a trocar correspondências com o Cardeal de Rohan

 Para convencê-lo completamente, a Condessa mencionava que o Ministro


Breteuil, hostil a Rohan, ainda exercia grande influência sobre o espírito do
Rei, refletindo na prudência das cartas da Rainha

 A Rainha Maria Antonieta sugere que o Cardeal passe a observá -la

 A confiança absoluta surge a partir de um encontro marcado


O encontro
 O Conde de La Motte participa do plano, encontrando uma só sia da Rainha
Maria Antonieta, chamada Nicole Leguay, posteriormente chamada de
Baronesa D’Oliva.

 Foi oferecido o valor de 15 mil libras para que ela entregasse uma rosa a
um grã o-senhor, que lhe beijaria a mã o, sob o pretexto de que estaria
ajudando a Monarquia

 A Condessa de La Motte marca um encontro no Bosque de Vênus, dentro


do Palais de Versailles

 O encontro acontece em 11 de agosto de 1784


 A Condessa de La Motte, aproveitando-se do momento de forte emoçã o,
passa a pedir empréstimos ao Cardeal em nome da Rainha

 Radiante por ver que a rainha se dignava a recorrer a ele, imediatamente o


Cardeal contrai empréstimos para atender a solicitaçã o

 Um advogado que frequentava a casa da Condessa apresenta uma


oportunidade ao saber da amizade desta com a Rainha
O colar
 Os joalheiros da Coroa, Behmer e Bassenge, confeccionaram um colar de
diamantes, de alto preço, nos tempos do falecido XV, na esperança que ele o
oferecesse à Madame Du Barry

 A Rainha Maria Antonieta nã o se interessou pelo colar, bem como a corte


da Espanha, devido ao preço de um milhã o e seicentas mil libras

 Os joalheiros prometeram uma boa comissã o a quem lhes propiciasse


vender o invendá vel colar
 A Condessa procura o Cardeal e informa que a Rainha deseja comprar
aquela jó ia, mas o rei desaprova tamanha loucuda. Ela quer comprá -la à s
escondidas e pagar em vá rias parcelas, a partir do seu caixa pessoal

 O Cardeal surgiria como intermediá rio,a fim de preservar o nome da rainha,


exercendo a funçã o degarantidor do negó cio, dando garantia e confiança
aos joalheiros

 Uma carta escrita pela Rainha à Condessa indicava suas intençõ es perante a
situaçã o
 Em 24 de janeiro de 1785 o Cardeal foi ver o colar e em 29 de janeiro, no
palacete de Estrasburgo, os joalheiros foram assinar as condiçõ es de venda

 O primeiro pagamento seria feiro em 1 de agosto e o colar seria entregue


em 1 de fevereiro

 O Cardeal submeteu as condiçõ es à Rainha, por meio da Condessa,


pendindo sua ratificaçã o

 Em 1 de fevereiro o Cardeal levou pessoalmente o colar à casa da Condessa


de La Motte, onde encontraria um emissá rio da Rainha

 O Cardeal reconheceu um rapaz alto, de pele pá lida, vestido de preto, que


apresentou um bilhete da Rainha, que ordenava que o colar fosse entregue
ao portador do bilhete
 O Cadeal, reconhecendo o rapaz, nã o duvidou de que o colar tivesse
chegado bem a seu destino e se retirou

 Tã o logo o Cardeal havia se ausentado, o colar foi desmontado e dividido


entre o Conde de La Motte, a Condessa e Rétaux de Villette

 Rétaux começou mal e foi preso. Acreditando que ele fora encarregado da
venda das jó ias por alguma dama necessitada de dinheiro, a polícia o soltou.
Ele foi paraa Suiça

 O Conde de La Motte partiu para a Inglaterra, onde conseguiu escoa parte


das jó ias

 A Condessa de La Motte se instalou em Bar-sur-Aube, onde levou uma vida


alegre e luxuosa
 O prazo de 1 de agosto de aproximava e o Cardeal Rohan estava
admiradode que a Rainha nã o desse sinal de vida e nem usasse o tã o
desejado colar

 A Condessa de La Motte informou que a Rainha nã o queria usá -lo antes de


começar a pagá -lo. Além disso, solicitou um desconto, que foi atendido
pelos joalheiros

 Em seguida, os joalheiros escreveram uma carta à Rainha, ditada pelo


Cardeal e entregue em 12 de julho por Behmer: “Senhora, estamos no auge
da felicidade por ousar pensar que os ú ltimos acordos que nos foram
propostos, e aos quais nos submetemos com zelo e respeito, sã o mais uma
prova de nossa submissã o e devoçã o à s ordens de Vossa Majestade, e temos
verdadeira satisfaçã o em pensar que o mais belo ornato de diamantes que
existe servirá à maior e melhor das rainhas”
 Apó s uma leitura distraída, a Rainha nã o entende o bilhete e o entrega à sua
leitora, que, também nã o o entendendo, acaba por queimá -lo

 Foi o argumento mais só lido de seus inimigos para provar que ela tivera
conhecimento da compra do colar e que ele lhe chegara

 Com o prazo de 1 de agosto esgotado, a Condessa informou que a Rainha


havia solicitado um prazo complementar, que deixaram os joalheiros
furiosos

 Boehmer vai à Versalhes e é informado de que for a vítima de uma trapaça


e que a Rainha jamais recebeu o colar

 O Cardeal, já nã o mais seguro de si, consegue obter outras cartas da Rainh,


compara a caligrafia e se vê vítima de uma farsa
 O Cardeal consulta o Conde de Cagliostro sobre o que fazer, mas nã o segue
seu conselho

 A Rainha, ao saber da conversa de Boehmer, manda chamá -lo e este conta


as condiçõ es em que vendera o colar

 Boehmer entrega um relató rio detalhado, que é repassado ao Rei Luís XVI

 O Rei, sem dú vida, teria pendido para uma soluçã o amigá vel e da qual o
pú blico nada ficaria sabendo

 Porém, Maria Antonieta estava furiosa e viu uma oportunidade para agir
pelo seu antigo rancor contra o Cardeal Rohan e toda sua família, que
representava a política antiaustríaca
 Seu furor se tornou ilimitado ao pensar que o Cardeal for a capaz de se
imaginar à altura de ser escolhido por ela para lhe comprar um cola à s
escondidas de seu marido. Ainda que for a capaz de se vangloriar de
receber cartas secretas dela e acreditas que fosse possível esquecer sua
majestade real e seus deveres de esposa a ponto de marcar um encontro
com ele, à meia-noite, no Bosque de Vênus

 Em 15 de agosto, dia triplamente solente, pois era comemorado o Dia da


Assunçã o, o dia da Festa da Coroa e o dia do aniversá rio de Maria
Antonieta, antes da missa que seria celebrada, o rei mandara chamar em
seu gabinete o Cardeal
 Encontravam-se reunídos o Rei, a Rainha, o Chanceler Miromesnil e o
Ministro Breteuil

 É solicitada uma explicaçã o do Cardeal, que encontra somente os olhares


implacá veis da Rainha Maria Antonieta e de seu inimigo Breteuil

 O rei decerto teria perdoado o fato, mesmo nã o restando cristalino todos os


acontecimentos, mas o marido condenou

 Pouco apó s se ausentar do gabinete real, e, diante de toda a realeza, o


Ministro Breteuil ordenou a prisã o do Cardeal, que causou grande confusã o
 O Cardeal foi encaminhado à Bastilha

 A Condessa de La Motte foi presa em Bar-sur-Aube três dias depois da


prisã o do Cardeal

 Cagliostro e sua mulher foram presos, pois o Conde foi acusado pela há bil
Condessa de ser autor de toda a farsa

 O Conde de La Motte era procurado na Inglaterra. Rétaux de Villette na


Suíça e Nicole D’Oliva na Bélgica.
 Cardeal e sua luxuosa cela na bastilha

 Desaprovaçã o do povo pela acusaçã o do Cardeal

 Opiniã o pú blica coloca em confronto o Cardeal Rohan e a Rainha


Pressão Popular
 Cardeal Rohan e Maria Antonieta defendiam mesma posiçã o

 Rainha orgulhosa

 Apoio do povo para ambas as partes


Opções
 Encarregados do rei interrogam o Cardeal Rohan que lhes entrega um
relató rio detalhado de toda a histó ria

 Luís XVI da a possibilidade de escolha de quem irá julgar. Rei x Parlamento

 Poder do rei
Explicação das opções
 O porquê das opçõ es:
 Honra da Rainha
 Prestígio da Corte
 Imparcialidade da justiça
Escolha do Cardeal
 Cardeal Rohan quer o rei mas com uma condiçã o

 Parlamento foi encarregado de julgar

 Debates no Parlamento foram no dia 22 de maio de 1786

 Relató rios foram feitos nos dias 23,25,26 e 27 de maio

 Interrogató rios iniciados no dia 30 de maio


Interrogatórios
 Cardeal Rohan chegou pá lido, mas respondeu tranquilamente as questõ es
 Rétaux de Villette confessou com muita franqueza
 Conde Cagliostro teve sucesso com respostas curiosas e engraçadas
 Nicole d’Oliva com sua ingenuidade também obteve sucesso
 Condessa de La Motte com suas mentiras, flexibilidade de ideias, calú nias à s
testemunhas, cenas de choro, ataque de nervos e desmaios se defendia
durante o interrogató rio

 Cardeal Rohan a confronta

 Cagliostro foi acusado de abuso pela Condessa

 Condessa de La Motte confessa parte da armaçã o ao confrontar seus


cú mplices

 Ataques de nervos e desmaios


 Parte do pú blico acredita na Condessa

 Teses de defesa dos advogados sã o apresentadas

 A defesa escrita era publicada e entregue à populaçã o


Advogados de Defesa
 Renomado advogado Doillot defende a Condessa de La Motte
 Mestre Target, da Academia Francesa, defende o Cardeal Rohan
 Mestre Thilorier defende Conde Cagliostro
 Mestre Blondel defende Nicole d’Oliva
Julgamento e Sentenças
 Na audiência da véspera reconhece o Cardeal como vítima

 Reinvidica puniçõ es

 Conde de La Motte condenado, por nã o comparecer no jurí, à remador


perpétuo

 Rétaux de Villette foi condenado ao exílio do reino

 Nicole d’Oliva foi absolvida por insuficiência de provas

 Conde Cagliostro absolvido plenamente


 Condessa de La Motte foi declarada culpada e condenada a chicotada, marca
de ferro em brasa e prisã o perpétua em Salpetrière

 Cardeal Rohan foi centro do julgamento

 Durou 18 horas

 Dilema de condená -lo de crime contra majestade

 Absolvê-lo com culpa

 Absolvê-lo plenamente
 Cardeal Rohan foi absolvido completamente

 Alegria universal e juízes aplaudidos

 Rainha ficou humilhada

 Rei se vingou do Cardeal

 O caso durou 10 meses

 Mais um precedente para a Revoluçã o Francesa


 O rei Luís XVI e sua esposa rainha Maria Antonieta foram
guilhotinatos durante a Revolução Francesa
Felipe Miguel
Gustavo Warner
Lucas Orsolini

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