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Apostila do Módulo 2 icensed to Karina Castilhos - kari_fc@hotmail.

com

Entrando na Cozinha da Bruxa


Resumo dos conteúdos e saberes trazidos
nas aulas do segundo módulo do curso

Amanda Celli
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Aviso importante
As plantas, ervas e alimentos citados nessa apostila possuem propriedades
medicinais e devem ser usadas com ponderação. Esta não pretende ser uma
obra médica, mas sim uma fonte de informações. Se estiver fazendo algum
tratamento, não use qualquer planta sem antes consultar um médico.

Sempre faça uma experiência com uma pequena quantidade a fim de verificar
a existência de reações adversas ou alérgicas.

A autora não se responsabiliza por reações adversas às receitas,


recomendações e instruções presentes nesta apostila, sendo o uso de qualquer
planta ou produto à base de plantas da inteira responsabilidade do aluno e/ou
leitor.
Índice

Aula 01: Cuidando da sua Cozinha Mágica ............................................. 3

Aula 02: Suas mão como canais de energia ............................................ 19

Aula 03: A Magia da Colher de Pau........................................................ 23

Aula 04: A Magia do Caldeirão e das Panelas ........................................ 29

Aula 05: A Magia dos Recipientes, Tigelas e Vidros ............................. 37

Aula 06: A Magia do Fogão e do Forno ................................................. 42

Aula 07: A Magia dos Garfos, Facas e Pratos ........................................ 46

Aula 08: A Magia do Pilão e do Almofariz ............................................. 50

Aula 09: A Magia do Livro de Receitas .................................................. 54

Aula 10: A Magia das Ervas e Alimentos................................................ 56


Aula 01: Cuidando da sua Cozinha
Mágica

N essa primeira aula eu vou te ensinar como cuidar da sua Cozinha


Mágica para que somente boas energias possam fluir dentro desse
lugar encantado e vivo. Sim, vivo! Você sabia que muitas correntes místicas e
esotéricas ao redor do mundo consideram a nossa casa como um ser vivo,
com uma vibração e espírito únicos?
Pensa comigo: a sua casa é o local que você considera como o seu lar e
que conta a história de vida de todas as pessoas que ela já abrigou tão
gentilmente sob o seu teto. A sua casa é capaz de transmitir aconchego e se
tornar um verdadeiro refúgio. Ela possui uma identidade energética especial
composta pelos diversos elementos presentes em seu interior, que

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representam cada um dos moradores (encarnados ou não) desse lugar,
expressando assim a vida que nela habita.
Então, se a casa é um ser vivo, cada cômodo seria como um órgão, que
precisa ser cuidado e nutrido. Se no nosso corpo nós temos o sangue que
circula levando alimento e oxigênio para cada célula, em nossa casa esse
sangue é a energia que circula por todos os cômodos. E quem é responsável
por bombear o sangue e levar ele para cada cantinho do nosso corpo? O
coração. Inclusive, nós temos o Chakra Cardíaco está localizado no meio do
peito, na altura do coração.
Sua cor é verde com tons de rosa e dourado, uma mistura suave e
curadora. Sua função principal é metabolizar a energia nutridora do amor. O
poder pessoal de amar e ser amado é despertado neste chakra. O amor
alimenta a tudo e é a base de tudo o que existe. E na nossa casa o equivalente
ao coração, é a nossa cozinha. Ela é o centro, é o local onde a energia
nutridora do amor e de vitalidade da Mãe Terra é metabolizado e espalhado
para todos os cômodos e moradores.
A cozinha é o coração da casa e, como tal, deverá ser amado, cuidado e
respeitado. É na cozinha que encontramos a nossa maior fonte de poder: as
ervas e alimentos. Assim, este coração passa a ser o local sagrado onde uma
bruxa de cozinha irá praticar a sua magia e acessar o poder da natureza.
Mas este espaço pode ser facilmente negligenciado e se tornar
desorganizado, fazendo com que as energias no local fiquem estagnadas.
Logo, a base de poder sobre a qual a bruxa de cozinha trabalha estará
prejudicada. Então, para garantir que a nossa cozinha mágica seja um coração
pulsante cheio de saúde e harmonia, devemos nos atentar à sua limpeza,
organização e energia e, para isso, nessa aula você irá aprender uma série de
ensinamentos e dicas para que você possa cuidar da sua cozinha mágica.

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Criação de um altar na cozinha:

Um bom jeito de começar a transformar a sua cozinha em um lugar


sagrado é criando um pequeno altar, um local para que você possa usar
durante as suas práticas de magia. Você pode montá-lo em um local visível
(em cima de uma prateleira, bancada ou armário por exemplo) ou em um local
mais discreto, caso more com outras pessoas que não partilhem das suas
crenças.
Não existe uma regra rígida dentro da Bruxaria de Cozinha para a
criação deste altar: você pode colocar nele qualquer objeto que tenha um
simbolismo para você e para sua vida mágica. No altar você pode ter uma
imagem da Mãe Terra (como uma estátua, pintura ou desenho) ou escolher
qualquer divindade de culto que possua ou que pertença ao seu caminho
espiritual (como guias, orixás, seres encantados, anjos, santos).
Algumas bruxas de cozinha gostam de trabalhar com diferentes
divindades de acordo com a intenção de cada receita (amor, abundância,
proteção, etc.). Já outras bruxas preferem não usar qualquer tipo de imagem
ou representação de divindades, colocando no altar apenas uma representação
de cada um dos quatro elementos da natureza (um cristal ou uma plantinha
para a terra, um copo com água ou conchas, uma pena ou um incenso para o
ar e uma vela para o fogo).
Como a Bruxaria de Cozinha é uma prática livre, siga aquilo que é
sagrado e divino ao seu coração. Você pode acrescentar novos objetos ou
mudar a decoração do seu altar de acordo com a intenção da receita que vai
preparar ou de acordo com a Roda do Ano, refletindo o ciclo da Natureza.
Se você preferir não montar um altar fixo na sua cozinha, independente
do motivo, existem outras opções que você pode tentar. Eu sei que todos nós
desejamos ter uma cozinha exclusiva para nossas práticas da Bruxaria de

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Cozinha, mas a verdade é que muitas pessoas dividem esse espaço com outros
membros da família.
Esses membros podem ser bem compreensíveis e apoiarem as suas
práticas de bruxaria, mas algumas vezes eles podem carregar no coração
alguns dos preconceitos e estigmas sobre a bruxaria que já conversamos no
Módulo 1 do Curso Cozinha da Bruxa.
Com isso, sei que algumas pessoas que estão aqui comigo no curso
ainda podem estar dentro do famoso “armário das vassouras”, não podendo
revelar as suas crenças e práticas e, desse jeito, precisam usar a criatividade
para dar um jeitinho de trazer magia nas pequenas coisas.
Então, caso não possa montar um pequeno altar em sua cozinha
mágica nesse momento, sem problemas. A seguir vou dar algumas dicas
mágicas que podem ser aplicadas por todos e que ajudam a manter o fluxo de
positividade e abundância na Cozinha da Bruxa. Lembre-se: pequenos gestos
se tornam poderosos rituais, com a força da sua intenção.

Decoração e organização:

Que tal pensarmos na decoração e organização do espaço? A maneira


como você decora um espaço diz muito sobre a sua personalidade e sobre o
tipo de energia que sustenta e move a sua vida diária. O ideal é estarmos
rodeados de objetos que são importantes para nós e que trazem algum
significado, sentimento ou lembrança especial. Nós até pensamos assim
quando vamos decorar o nosso quarto, não é? Mas quando o assunto é a
cozinha, este acaba sendo um local por vezes esquecido.
Determinadas cores, formas e símbolos trabalham em nossa mente e
aura de maneira profunda, o que faz com que cada elemento presente no
ambiente tenha um efeito psicológico e energético em você, mesmo que não

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tenha consciência disso. Então é importante que você olhe com carinho e
preste atenção na decoração e na organização da sua cozinha.
Preste atenção nas paredes e nos azulejos. Quais são as cores deles?
Tem algum símbolo que você consiga identificar? Pesquise o significado
mágico que elas carregam e veja se lhe agradam. Será que você quer pintar e
trazer uma nova cor as paredes?
E os móveis, estão bem conservados? E a posição deles favorece a
movimentação dentro do ambiente? Veja com atenção pois se existe algo que
dificulta o seu acesso, provavelmente o fluxo de energia também estará
bloqueado. Se não estiver encontrando as coisas dentro da cozinha, seria bem
interessante reorganizar as suas gavetas ou armários e assim por diante.
Você pode pendurar símbolos ou amuletos relacionados à fartura ou
proteção sobre o batente da porta de entrada da sua cozinha ou colocar
algumas ervas secas de proteção secando em um varal em sua parede. Quem
sabe colocar um quadro que te agrade? Ou usar os imãs da sua geladeira para
pendurar bilhetes com suas intenções ou palavras de incentivo e gratidão?
Você pode decorar a bancada com uma garrafa de grãos para atrair
prosperidade ou um vidro com pimentas em conserva para trabalhar a
proteção.
Essas são algumas dicas discretas, mas que dão um toque de magia para
a sua cozinha. Faça o melhor que puder de acordo com as suas condições no
momento, sempre com intenção de tornar a sua cozinha um local onde a
energia da abundância possa fluir e despertar harmonia e equilíbrio em
qualquer pessoa que entrar por sua porta.
Mas eu sei que, muitas vezes, o caos vai chegando aos pouquinhos e,
quando menos percebemos, já fez morada em nossa cozinha e está querendo
governar tudo. Então, como uma bruxa de cozinha, outra tarefa mágica será
evitar que isso aconteça. Uma vez por mês, por exemplo, organize o local para
que as vibrações não acumulem e se tornem estagnadas.

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Veja todos os objetos e dê um destino para todos aqueles que não
estiver usando já que eles estão parados, apenas ocupando espaço e
bloqueando o fluxo energético. Venda, doe para um amigo ou familiar,
encontre outro uso em um cômodo diferente ou faça o descarte correto
destes objetos.
Outra parte da organização está nas compras feitas. Todos os alimentos
que entram em nossa cozinha são o símbolo máximo de prosperidade e
fartura, porém eles são os itens que mais absorvem as energias do ambiente e
de quem os manipula. Para gerar um bom fluxo de energia, é importante
manter os armários, fruteiras e geladeiras sempre cheios. Assim, todas as vezes
que você acessar algum deles, sua mente inconsciente receberá essa mensagem
de riqueza e abundância, nutrindo o seu espírito de confiança e força.
Mas tome cuidado! Arrume bem a sua despensa ou armários para guiar
o fluxo das energias positivas de modo a sempre ter em mãos aquilo que
precisa, priorizando alimentos frescos e evitando que estes estraguem ou
passem do seu prazo de validade. Lembre-se que desperdiçar ervas e
alimentos ou deixar algo vencer e jogar fora é um ato de desrespeito à Mãe
Terra e um desaproveitamento do poder e da energia que aquele ingrediente
mágico continha. Outra dica mágica é fazer uma purificação energética nas
suas compras. Existem diversas maneiras de fazer isso, mas vou te ensinar
uma bem simples:

Fazendo uma purificação energética nas compras:

Quando chegar em casa, junte todos os itens e coloque-os em cima da


sua pia ou de um balcão. Visualize uma luz branca vindo do céu e entrando
sobre o seu Chakra Coronário (alto da sua cabeça). Após, sinta essa luz
fluindo pelo seu corpo e braços até chegar as suas mãos. Posicione elas sobre

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os alimentos e veja essa luz branca saindo das palmas e banhando toda a sua
compra. Neste momento, agradeça à Mãe Terra pela generosidade.
Esta é uma magia simples, que usa a nossa intenção para promover
uma purificação nas vibrações presentes através da energia do amor e da
gratidão.
Você também pode incluir na sua compra mensal algum item não
perecível (como um pacote de arroz ou feijão por exemplo) e doar para
alguém que conheça e que esteja em uma situação difícil ou mesmo para uma
ONG que se dedique ao auxílio de pessoas carentes. Lembre-se que existem
diversas pessoas que estão passando fome e que dariam tudo para ter um
prato de comida. Assim, mesmo que você não possua muitas posses e
elevadas condições financeiras, irá espalhar a energia de fartura na vida de
outras pessoas e irá fortalecer os laços que te unem com a Mãe Terra.

Limpeza física e purificação energética:

Agora, como a cozinha será o local onde iremos praticar a Bruxaria de


Cozinha é muito importante que ela esteja limpa e purificada para que sujeiras
físicas e as energias negativas não interfiram na prática da magia. E eu sei que
esta não será uma missão fácil para algumas pessoas. As atividades da rotina
junto com a movimentação dos outros membros da família podem tornar a
sua cozinha um verdadeiro caos.
Muitas vezes, o cansaço vai te vencer a ponto de deixar a louça suja
para o dia seguinte, protelar passar aquele pano nos móveis e esquecer de
levar o lixo para fora. Mas saiba que o fluxo de energia da sua casa torna-se
estagnado, rançoso e parado em ambientes que não são limpos e bem
cuidados fisicamente falando.

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Tarefas domésticas não costumam ser consideradas prazerosas ou
empolgantes por muitas pessoas, mas elas são fundamentais para manter a
energia leve, harmônica e positiva. Além disso, podemos tornar estes
pequenos gestos em poderosos rituais ao usarmos o poder da nossa intenção.
Quando lavar a louça, visualize a energia das águas limpando e
purificando não só os itens sujos, mas também a sua casa e a sua vida. Veja os
sentimentos que te bloqueiam ou adoecem indo embora junto com a água. Ao
usar sua vassoura para retirar o pó do chão, visualize que está varrendo junto
toda vibração estagnada que ficou acumulada ao longo dos dias.
Uma bruxa de cozinha sempre irá aprender alguns segredos para
manter sua cozinha limpa com pequenos atos mágicos e sem agredir a Mãe
Terra neste processo, criando assim um espaço sagrado repleto de boas
energias.
Além da limpeza física, também precisamos realizar purificações
energéticas de tempos em tempos para manter um fluxo equilibrado e
constante de boas vibrações que irá sair do coração pulsante que é a sua
cozinha para o restante da sua casa.
A purificação é importante pois as energias negativas e vibrações densas
que ficam à deriva podem acabar se acumulando no ambiente, assim como a
poeira que se assenta nos móveis quando negligenciamos os cuidados com
nosso espaço sagrado. Essas energias e vibrações irão influenciar as pessoas
que frequentam a sua cozinha e poderão causar dores de cabeça, mal-estar,
sensação de cansaço ou desconforto, etc.
A purificação também é muito útil para eliminar sentimentos negativos
gerados após discussões e para banir a energia de hiperatividade e caos
deixada após uma festa ou celebração. Desta forma, a purificação energética
irá eliminar as cargas negativas, promovendo harmonia e ajudando a melhorar
o humor e os sentimentos de todos os moradores e das visitas que frequentam
o local.

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O melhor período para fazer a purificação é durante a Lua Minguante
(você irá aprender tudo sobre as fases lunares no Módulo 3 do Curso Cozinha
da Bruxa). Existem diversas maneiras de fazer a purificação energética, mas
sempre é indicado começar dos fundos do ambiente e ir avançando em
direção a porta de entrada da cozinha. Se quiser pode fazer orações, ouvir
uma música inspiradora, entoar mantras nesse momento.
Você pode fazer uma defumação queimando algumas ervas de
purificação no seu caldeirão ou em um pote de cerâmica que suporte o calor
do fogo (esse é o momento perfeito para usar temperos da sua cozinha como
o alecrim e o louro ou reaproveitar as cascas de alho e cebola). Para a
defumação é importante abrir bem todas as janelas e portas da cozinha para
deixar que as energias negativas vão embora junto com a fumaça das ervas.
Você pode fazer uma tintura de ervas e colocar em um spray para usar
no ambiente da cozinha (como irá aprender no Módulo 5 do Curso Cozinha
da Bruxa). Pode colocar alguma música e percorrer o ambiente com uma vela
acesa para que ela absorva as vibrações negativas, etc. Sinta-se livre para
escolher aquela que você consegue fazer na sua cozinha ou aquela que a sua
intuição indica naquele momento.

O lixo dentro da Cozinha da Bruxa:

E agora chegamos a uma questão polêmica: o lixo. O uso de ervas e


alimentos na cozinha da bruxa implica na produção de restos de comida que
provavelmente vão direto para a sua lixeira.
Do ponto de vista mágico, a sua lixeira irá representar uma energia de
algo estagnado, que está parado esperando para ser descartado ou reciclado.
Sendo assim, tente posicionar ela o mais longe possível do seu fogão (que é o
centro da energia de prosperidade do seu lar) e da sua pia ou da bancada (que

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é o local onde você normalmente manipula os alimentos e ervas que usa em
suas receitas mágicas).
Outro ponto importante é você reavaliar a produção de lixo orgânico
na sua cozinha mágica com o objetivo evitar o desperdício de alimentos.
Aproveite para explorar a sua cozinha mágica e descubra como preparar
receitas usando partes dos alimentos que geralmente são jogados no lixo
como raízes, cascas e sementes. Por exemplo, você pode preparar um Bolo
Mágico usando as cascas de banana, Caldo de Legumes com aquelas pontas de
vegetais que você sempre corta e descarta ou preparar um Banho Encantado
com as sobras de ervas.

Usando restos de ervas e alimentos em feitiços:

Você também pode reaproveitar os restos de alimentos em feitiços e


magias. Eu preparei uma lista com os 10 restos mais comuns em uma cozinha
e seus usos na Bruxaria de Cozinha. Mas lembre-se de estudar as propriedades
mágicas dos alimentos para assim você criar diferentes formas de reaproveitar
e usar os restos que fazem parte da sua rotina.

Pão amanhecido: Regue um pouco de mel no pão amanhecido e deixe-o em


uma área verde bem bonita como oferenda aos espíritos da natureza, junto
com um desejo escrito em um pedaço de papel branco. Você também pode
fazer pratos encantados diversos como rabanada, pudim de pão, farinha de
rosca, torradas, croutons, entre outros.

Borra e grãos de café: Graças as suas propriedades mágicas e terapêuticas,


o café atua como um catalisador de energia nos seus feitiços, ajudando no
direcionamento das suas intenções além de promover purificação. Desde
modo, os resultados desejados poderão ser alcançados mais rapidamente.

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Deixe as borras de café secarem em uma toalha de papel, depois use-as para
“acelerar” feitiços, em magias específicas para despertar criatividade,
motivação e raciocínio progressivo ou mesmo em defumações para purificar
um espaço.

Cascas de ovo: Esmague as cascas de ovos com um pilão, em seguida,


polvilhe o pó em torno de sua cama para atrair a fertilidade e o amor. Se
quebradas com cuidado, as cascas de ovos também podem ser maravilhosas
na fabricação de velas caseiras para serem usadas nas celebrações do Sabbat de
Ostara ou em magias de fertilidade, sedução e conquista.

Cascas de alho e cebola: Guarde as cascas em um pote e use em


defumações para limpeza energética de ambientes (lembre-se de começar
sempre dos fundos para a frente do local e abra todas as portas e janelas). O
alho e a cebola são consagrados ao Fogo e à Marte e são uma dupla poderosa.
A cebola absorve as energias densas e aumenta nossa proteção; já o alho
elimina as energias densas absorvidas pela cebola (trazendo limpeza e
purificação) e fortalece o escudo de proteção gerado por ela.

Cascas de batata: As batatas são consagradas a Pachamama, a Mãe Terra


dentro da Cultura Inca e carregam a energia da proteção, nutrição e
compaixão. Enterre as cascas no jardim para encorajar a abundância ou use
nos seus feitiços para nutrir e fertilizar ele, fazendo com que cresça e
prospere.

Cascas de cenoura: Use as cascas em magias que envolvam fartura,


prosperidade, fertilidade e criatividade. Pela cor laranja, elas são ótimas para
trabalhar o 2º Chakra (Umbilical ou Swadhistana).

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Cascas de banana: Use em feitiços que envolvam força e saúde ou para
afastar energias negativas. Você pode, com o auxílio de uma faca, escrever na
casca algo que deseja eliminar de sua vida e enterrar, deixando que a Mãe
Terra se encarregue de reciclar essas energias negativas. Pela cor amarela, elas
são ótimas para trabalhar o 3º Chakra (Plexo Solar ou Manipura).

Cascas de laranja e limão: Adicione cascas de laranja ou limão a chás,


bolos, pós mágicos e amuletos para trabalhar magicamente com questões que
envolvam alegria, prosperidade e criatividade (no caso da laranja) ou
purificação, proteção ou amor (no caso do limão). Quando desidratadas, as
cascas também funcionam bem como incensos naturais ou em defumações.
Você ainda pode fazer diversos produtos de limpeza naturais usando uma
tintura feita com as cascas frescas.

Casca e caroço de abacate: Use em feitiços de beleza, juventude, sedução,


atração, paixão, conquista e glamour. Pela cor verde da casca, elas são ótimas
para trabalhar o 4º Chakra (Cardíaco ou Anahata), já as sementes, quando
secas e trituradas, viram um pó vermelho bom para trabalhar o 1º Chakra
(Raíz ou Muladhara).

Cascas de maçã: Existem receitas maravilhosas de bolos encantados com


cascas de maçã. Você também poderá secar elas em um forno, com muito
cuidado. Nesta forma, podem ser usadas em incensos e feitiços para amor,
atração, paixão e para despertar o conhecimento oculto. Também podem ser
usadas secas como petiscos ou em chás, em especial nas celebrações do
Sabbat de Mabon (Equinócio de Outono). Cascas de maçãs vermelhas são

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boas para trabalhar o 1º Chakra (Raíz ou Muladhara), já as cascas da maçã
verde atuam muito bem no 4º Chakra (Cardíaco ou Anahata).

Cascas de abacaxi: Use em chás, banhos ou feitiços para remoção de


obstáculos em diversas áreas da vida (amor, negócios, saúde, etc.).

Sobras de ervas: Eu não sei sobre você, mas quase nunca uso todo o maço
de salsinha que encontro nas feiras. Na maioria das vezes, ervas e temperos
frescos só são comercializados em grandes quantidades, então sempre
acabamos com muito mais do que precisamos. Neste caso existem várias
alternativas:

- Secar as ervas e preservá-las por mais tempo


- Preparar chás, infusões e decocções (que você verá no Módulo 5)
- Preparar tinturas (que você verá no Módulo 5)
- Preparar banhos ou escalda-pés mágicos (que você verá no Módulo 5)
- Congelar as ervas em água para usar em sucos e águas aromatizadas
- Congelar as ervas em óleo vegetal (como azeite) e criar cubos mágicos cheios
de sabor e 100% naturais prontos para usar em receitas pedem um pouco de
óleo para refogar, dourar, fritar ou saborizar o prato.

Vou te ensinar como preparar esses cubos mágicos para você já ter o
gostinho de começar as suas práticas mágicas na Cozinha da Bruxa:

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Receita Mágica dos Cubos de Ervas:
Primeiro, escolha se você irá usar uma única erva fresca (e acessar a sua
vibração de forma pura) ou se fará uma combinação especial de ervas (criando
assim uma sinergia composta pela vibração de todas elas). Após, higienize
bem as ervas e seque bem com um papel toalha. Pique as ervas (folhas e talos,
se for o caso) em pedaços pequenos e adicione eles nos moldes de uma
bandeja de cubos de gelo.

Tome cuidado para não encher demais com ervas o molde para que
haja espaço para o azeite de oliva extravirgem (ou outro óleo vegetal culinário
da sua escolha). Cubra as ervas com azeite e encha quase até o topo dos
moldes para que as ervas fiquem cobertas/submersas para evitar queimaduras
geradas pelo frio do congelador.

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Em seguida, coloque no freezer e deixe até solidificar. Depois você
pode tirá-los dos moldes e guardá-los ainda no freezer dentro de recipiente
com tampa, bem vedado. Quando quiser usar, é só pegar um dentro do
freezer para usar na hora em sua receita, colocando direto na panela.

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Reciclagem e compostagem na Cozinha da Bruxa:

Mas eu sei que você ainda não conseguirá reaproveitar todos os restos
de alimentos frescos em feitiços e magias. Então, como uma boa bruxa de
cozinha e bióloga que eu sou, sempre vou indicar para você a compostagem
como parte de um estilo de vida natural e de respeito à Mãe Terra.
Se você ainda não conhece, a compostagem é um processo biológico
onde microrganismos (como bactérias) ou animais invertebrados
(principalmente as minhocas) transformam matéria orgânica em um composto
natural que pode ser usado como adubo. Assim você obterá, ao final do
processo, uma substância homogênea com aspecto de terra fértil e cheiro de
floresta viva que você poderá usar em suas plantas, estejam elas em vasos ou
plantadas direto no solo.
Hoje em dia existem diversas composteiras domésticas que você pode
adquirir prontas para começar a usar ou mesmo sites pela internet de ONGs
que ensinam você a montar a sua usando materiais simples, de fácil acesso e
baixo custo.
Este ato simples fecha o ciclo sagrado da natureza. Da terra o alimento
veio e à terra ele retorna, devolvendo os nutrientes para assim nutrir um novo
começo. A compostagem assim ajuda você a se reconectar com a natureza,
sendo um sinal de agradecimento à Mãe Terra pelo alimento que lhe foi
concedido tão generosamente.
E mesmo com nosso esforço, existem alguns tipos de materiais que não
poderão ser compostados e terão que ir para o lixo comum. Esses itens devem
ser separados para serem destinados à reciclagem, como uma outra forma de
ajudar a Mãe Terra.

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Aula 02: Suas mão como canais de
energia

A ssim como em vários caminhos dentro da bruxaria, uma bruxa de


cozinha também possui instrumentos mágicos que irão lhe auxiliar
em suas magias na cozinha. Mas preciso deixar claro uma coisa aqui que
costuma causar uma confusão nas pessoas. A função principal desses
instrumentos mágicos é facilitar a conexão e o direcionamento das energias
naturais durante um ritual ou feitiço. Eles não são essenciais para a prática da
bruxaria já que o verdadeiro poder da bruxa reside na sua intenção e na sua
conexão com a Mãe Terra.
Dentro da Bruxaria de Cozinha, os instrumentos utilizados são
diferentes do que aqueles que encontramos em outras vertentes e caminhos
dentro da bruxaria. Como uma bruxa de cozinha é uma pessoa que tem uma
profunda conexão com a Mãe Terra e usa sua sabedoria e poder de cura no

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dia a dia na cozinha, os seus instrumentos carregam essa essência e tornam-se
seus aliados dentro do caminho mágico.
Posso te garantir, você já possui tudo o que precisa para começar as
suas práticas, basta apenas mudar o seu olhar para deixar de ver a sua cozinha
como um lugar comum e aprender a enxergar com os olhos da alma a magia
que existe em cada detalhe. E o primeiro desses instrumentos é algo tão
simples que tenho certeza de que você nunca prestou atenção: as suas mãos.
Em todas as culturas do mundo as mãos possuem grande significado
simbólico. Quinze mil anos antes da nossa era, a mão já era objeto de culto,
fascinando os nossos ancestrais como podemos ver na arte do Período
Paleolítico encontrada na região da Europa Ocidental. E o motivo disso é
simples: através do uso das suas mãos o ser humano é capaz de criar, construir
e dar forma a infinitos objetos. Mas também é capaz de destruir, quebrar e pôr
fim a vários outros. Foi esse uso único das nossas mãos que nos distinguiu
dos demais animais.
Como muito dos instrumentos que você vai ver nas próximas aulas, as
mãos são capazes de trazer amor ou dor, cura ou morte, da fazer o bem ou o
mal. Tudo irá depender do coração da bruxa. Como diria um antigo filósofo:
A mão é a manifestação corporal (ou seja, física) do estado interior do ser
humano (ou seja, do seus aspectos emocionais, mentais e espirituais).
Em algumas civilizações a mão é doadora de vida e de força,
representando o espírito vital criador da divindade. E aqui as mãos se
tornaram símbolo de diversas deusas ou deuses já que expressavam o poder e
a habilidade presente em ambos. As tradições Busdista e Hinduísta usam os
gestos das mãos, chamados de Mudras, em suas danças e artes cênicas, e
também magicamente, em rituais, para invocar deuses, energias, forças da
natureza, sentimentos, sensações e para proteção.

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Assim como o Universo se vê refletido nos diferentes órgãos do nosso
corpo, também os diferentes órgãos do nosso corpo se encontram refletidos
em nossa mão. Este conhecimento é amplamente utilizado na medicina
chinesa, especialmente na reflexologia. Quando sentimos dor em alguma parte
do corpo, instintivamente colocamos nossa mão no local para aliviar. A
imposição de mãos é um conhecido método de cura, como no Johrei, Reiki,
Tetha Healing, no Goddess Blessing e muitas outras técnicas. Segundo o
Novo Testamento Bíblico, Jesus usou a imposição de mãos para realizar
vários milagres de cura.
Cada mão é única, e suas marcas de linhas e digitais não se repetem e é
por isso que há milhares de anos que se crê que o destino de uma pessoa está
traçado nas suas mãos. De origem indiana, a Quiromancia é o ato da leitura
desses sinais que nossas mãos carregam.
O famoso autor Scott Cunningham foi um dos primeiros que discutiu o
uso das mãos na bruxaria. Ele diz em suas obras que os gestos feitos com as
mãos são como palavras silenciosas e que eles podem melhorar um ritual
quando feitos com intenção.
Existem gestos com diversos simbolismos. Por exemplo, a saudação
com as mãos feita colocando-se as suas mãos com as palmas unidas em forma
de prece e próximas ao chakra do coração é chamada de Anjali Mudra e seria
o mudra da gratidão, muito usado para cumprimentar, junto com a palavra
Namaste , e também no início da Saudação ao Sol ou durante a execução de
alguns asanas na prática de Yoga.
Já a mão em figa por exemplo é um gesto simbólico associado a
fertilidade e a proteção contra mau olhado. Ele teria sua origem nos antigos
povos pagãos da região da Itália e dos Etruscos na Era Romana. A figa seria
inclusive uma representação dos genitais femininos e do clitóris e por isso
depois foi considerado como algo obsceno

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O significado mágico dos gestos é complexo, e nasce dos poderes das
nossas mãos, em atuarem como um canal através do qual as energias são
enviadas a partir do corpo, e recebidos por outros. Existem diferentes
explicações para as mãos serem esses canais de energia. Algumas correntes
esotéricas dizem que as mãos possuem em seus cinco dígitos a energia das
cinco pontas do pentagrama (terra, fogo, água, ar e espírito).
Na astrologia, cada um dos dedos está ligado a um dos astros que
existem: Marte, Júpiter, Saturno, Sol e Mercúrio. Muitos feitiços envolvem
unir e apontar os dedos de Júpiter e Saturno, geralmente sobre um objeto a
ser carregado ou imbuído de energia ou poder mágico. Na teoria dos cincos
elementos da Ayurveda, as energias fluem através dos nadis, que seriam canais
de energias que circulam dentro do corpo e tem os pontos finais nos dedos.
Na bruxaria, a mão pode ser vista como um caldeirão, uma vez que
pode conter água; um athame quando é usada para dirigir a energia da magia; e
um bastão ou varinha, quando usada para invocações. A mão também pode
ser usada para traçar símbolos no ar, segurar outros instrumentos mágicos,
moldar e misturar outros ingredientes, etc. Assim o uso das mãos e dos gestos
são instrumentos mágicos tão poderosos como quaisquer outros, os quais são
muito usados nos diferentes caminhos dentro da bruxaria.
Uma bruxa de cozinha usa suas mãos para sentir a textura dos
alimentos. Podemos sentir o toque na folha de uma erva, da casca de uma
fruta, o peso de um punhado de grãos e muito mais. Usando nossas mãos
podemos separar e manusear os ingredientes, medir pequenas porções,
separar partes que iremos usar do restante, retirar as folhas de um ramo de
ervas, tirar a casca de uma banana, quebrar a casca de um ovo, sovar massas,
misturar chás, acrescentar aquela pitada de tempero e até experimentar suas
receitas, tirando um pedaço com as mãos ou usando o dedo para sentir o
sabor da massa do bolo.

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Logo, nossas mãos são um dos instrumentos mais valiosos dentro da
Bruxaria de Cozinha. Elas se tornam canais para manipulação de energias,
uma extensão física dos da nossa intenção, dos nossos pensamentos e da
nossa vontade. É através delas que iremos sentir, absorver ou enviar nossa
intenção enquanto praticamos magia através das ervas e alimentos.

Aula 03: A Magia da Colher de Pau

O segundo dos instrumentos mágicos usados pela bruxa de cozinha é


um dos maiores símbolos da culinária. Ela mexe, decora e auxilia na
criação de pratos especiais: estamos falando da colher de pau. Muito mais do
que saídas da gaveta da vovó, a colher de pau é um utensílio indispensável na
cozinha da bruxa.

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A colher de pau está impregnada de cultura, afetos, memória e sabor. É
um utensílio indispensável na cozinha brasileira, utilizada no dia a dia dos
lares, seja no campo ou na cidade. Ideal no preparo daquele arroz soltinho,
para dar o ponto certo no brigadeiro ou ainda para servir uma salada de folhas
verdes, a colher de pau possui diversas variações, mas uma coisa é certa: uma
delas vai encantar e mexer com o seu coração.
A colher tem uma das histórias mais antigas entre os artefatos utilizados
pelo homem e possui uma origem ancestral. Os registros arqueológicos de
artefatos parecidos com a colher datam mais de 20.000 anos e foram
encontradas em escavações na Mesopotâmia.
Mas, no início, a colher era de uso coletivo, e não tinha o papel de levar
o alimento à boca durante a refeição como fazemos hoje em dia já que, até o
século XI, quase todo mundo comia com as mãos (principalmente na região
da Europa). Na verdade, a colher nesse época era usada para mexer os
alimentos durante a sua preparação e depois para servi-los para a comunidade
Agora, preste atenção no formato de uma colher: ela representa a união
do Sagrado Feminino (a parte côncava como um útero) com o Sagrado
Masculino (o cabo longo como um falo) trazendo em sua simbologia o
equilíbrio de ambas as energias. Assim, ela representa o princípio da
harmonia, da eterna dança entre as energias e arquétipos opostos que se
complementam em nosso interior para criar a nossa essencialidade.

Escolhendo a sua Colher de Pau:

Na teoria, uma colher pode ser feita de diversos materiais: desde


madeira e bambu, passando pelo metal (como o aço inox) e até de silicone
como o moderno “pão duro” que consegue raspar até a última gota de uma
massa de bolo da tigela. Mas as antigas bruxas de cozinha usavam a famosa

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colher de pau, feita a partir de um pedaço de madeira que era retirado das
matas e florestas com respeito ao espírito da árvore que estava concedendo
um pedaço do seu corpo para ser usado pela bruxa em suas magias.
Como cada planta carrega uma energia única, a árvore escolhida para a
confecção da colher irá doar um pedacinho do seu espírito que estará presente
na madeira usada para fazer a sua colher de pau. Desse jeito, o tipo de madeira
usada poderá trabalhar e favorecer as receitas mágicas focadas em uma área da
nossa vida. Por exemplo: o bambu atrai prosperidade, sorte, fortuna e ativa
energia na casa. A macieira tem grande influência no amor e nos sentimentos,
já o eucalipto traz em si a energia da saúde, da cura, da purificação e da
proteção.
A colher de pau assume para uma bruxa de cozinha o mesmo valor e
poder que uma varinha ou o bastão ritualístico tem para outras bruxas. Com a
colher de pau você irá manipular as energias dos alimentos e direcionar sua
intenção para cada receita. Aqui vale lembrar que assim como existe uma
variedade de madeiras disponíveis, você também irá encontrar colheres de pau
com diferentes formatos, detalhes, entalhes, acabamentos e finalizações.
Existem colheres simples, feitas no formato tradicional. Colheres
modeladas de modo a valorizar as curvas naturais da madeira. Colheres com
detalhes feitos com pirografo, usando assim o calor do fogo para gravar
símbolos mágicos. Colheres com detalhes entalhados para torná-la única de
modo a carregar a energia da bruxa que a portar. Você deverá usar a sua
intuição para escolher qual a colher de pau que irá usar na preparação das suas
receitas culinárias encantadas e outras magias em sua cozinha.
Inclusive, o ideal é que você tenha pelo menos duas colheres: uma para
ser usada em suas receitas salgadas e outra colher apenas para as receitas
doces, a fim de que a energia e os sabores do sal e do açúcar não se misturem
e entrem em conflito (além disso, isso evita que alguns ingredientes, como o
alho, deixem um gosto residual que poderá interferir em outras receitas feitas).

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Para confeccionar a sua colher de pau mágica, você poderá recolher um
galho de uma árvore ou uma haste de bambu, caso tenha os equipamentos e
as habilidades necessárias. Outra opção, mais fácil e acessível, será comprar
uma colher de uma loja, de um artesão ou marceneiro.
No entanto, dificilmente refletimos sobre o processo de fabricação
dessas peças. A produção de uma colher de pau pode causar uma série de
impactos, tanto no meio-ambiente quanto na qualidade da comida, para que
isso não ocorra, é importante que a colher de pau passe por um cuidadoso
processo em sua confecção. O ideal é o uso de madeira reflorestada ou
reutilizada, de madeira nobre de segunda mão ou de uma madeira que caiu
naturalmente de uma árvore (após uma tempestade por exemplo). Desse
modo garantimos que a madeira usada não foi arrancada ou derrubada de uma
árvore de modo clandestino, com desrespeito à Mãe Terra.
Também é importante que a colher de pau passe por um acabamento
feito com produtos não-tóxicos. Pense que o que é “humanamente saudável”
também é “planetariamente” saudável. Afinal, o planeta Terra é a nossa casa e
também o ventre que nos dá a vida. Então se algo é prejudicial à nossa mãe,
que nos alimenta, também nos prejudica. Afinal, tudo o que comemos vem do
seio da nossa Mãe Terra. Por isso, esse cuidado no acabamento da sua colher
de pau traz uma série de benefícios para o planeta e também para a saúde
humana.

Cuidando da sua Colher de Pau:

Existem alguns cuidados que são necessários para preservarmos a vida


da nossa colher de pau. O primeiro deles é reservar um lugar específico para
guardar a sua colher de pau e demais utensílios de madeira que você tenha.

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Esse local não poderá ser úmido e escuro (para evitar a formação de fungos) e
deverá ser longe do contato com as pontas e as lâminas de facas e garfos para
evitar danificar a madeira com riscos, furos e cortes.
O segundo será prestar atenção a textura e aspecto da madeira. Ao
notar que ela está ressecada, você poderá aplicar um óleo específico para
hidratá-la. Algumas pessoas usam o óleo mineral (que é inerte, não cura nem
fica rançoso) enquanto outras optam por um óleo de origem vegetal (como
um azeite de oliva extravirgem ou óleo de milho/girassol para uma colher
usada em receitas salgadas e um óleo de coco nas colheres usadas para doces).
O óleo penetrará nas fibras da madeira e permanecerá nela, criando
uma camada impermeável que irá prevenir a entrada de líquidos, a proliferação
de bactérias e fungos e irá diminuir a transferência de sabor e aroma da
madeira ao alimento.
E se tem um assunto que causa dúvidas e até certa polêmica é a
higienização de utensílios de madeira. Por exemplo, o uso da colher de pau
por profissionais passou a ser proibido pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária aqui do Brasil por questões de higiene, pois a madeira pode reter
resíduos de alimentos e, assim, proliferar bactérias e fungos.
Mas já sabemos hoje em dia (na verdade, desde a época das nossas
avós) que basta ter um cuidado com a colher de pau que ela se torna tão
segura, se não mais, do que outras. A colher de pau é ótima porque a madeira
não é abrasiva e, por isso, é gentil com as panelas – você pode raspá-las sem
medo de ferir a superfície metal. E ela também não é reagente: você não
precisa se preocupar com a possibilidade de que ela deixe um sabor metálico
ou de que sua superfície se degrade em contato com a acidez de frutas cítricas
ou tomates por exemplo. E a madeira também é má condutora de calor, razão
pela qual você pode mexer uma panela de sopa fervente com uma colher de
pau sem queimar as mãos.

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Para higienizar a sua colher de pau no dia a dia, a primeira coisa que se
deve fazer é lavá-la logo após seu uso, evitando que permaneça suja por um
período de tempo muito grande. Comece retirando qualquer resíduo de
alimento após o uso e depois lave bem a sua colher de pau usando apenas
uma esponja macia de fibra natural e detergente neutro (evite usar esponjas
abrasivas para não criar fissuras na fibra e danificar a madeira).
Enxague bem e deixe ela secar naturalmente próxima ao fogão ou ao
forno para aproveitar o calor deles para fazer com que ela seque mais rápido.
É importante não deixar sua colher de pau de molho no dia a dia pois ela
pode absorver parte da água, o que resultará em um provável apodrecimento
da madeira a longo prazo.
Aproveite para deixar a sua colher de pau tomando os raios da Lua
Cheia (fase ligada a energia de nutrição e poder da Grande Mãe) uma vez por
mês para energizar ela e magnetizar a madeira com as vibrações lunares.
Quando sentir que necessita fazer uma limpeza física mais profunda na
sua colher para acabar com as bactérias, você pode preparar uma solução
caseira simples. Mas faça isso apenas de vez em quando para não danificar a
madeira. Use quantidades iguais de água e vinagre e deixe a colher de molho
na mistura por 30 minutos. Você ainda pode substituir o vinagre por sumo de
1/2 limão.
Agora para purificar energeticamente a sua colher de pau você pode,
durante o período de uma Lua Minguante, passar ela pela fumaça de um
incenso ou pela fumaça de uma erva ligada a essa energia como o alecrim. Ou
poderá deixar ela próxima de um cristal que tenha propriedades especiais de
purificação como a selenita.

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Aula 04: A Magia do Caldeirão e das
Panelas

O instrumento dessa aula é um dos maiores símbolos da bruxaria: o


caldeirão. Tenho certeza de que se eu falar a palavra bruxa para as
pessoas e perguntar do que elas se lembram, praticamente todas irão falar do
caldeirão.
Como conversamos na aula “Quem é a Bruxa de Cozinha” no Módulo
1 aqui do Curso Cozinha da Bruxa, os clássicos contos de fadas e desenhos da
nossa infância traziam as bruxas usando seus poderes enquanto mexiam seus
caldeirões para criar estranhas poções e feitiços para atrapalhar a jornada de
um herói ou princesa. Isso acontece porque os caldeirões foram associados
com as bruxas especialmente na Idade Média e isso é algo que passou a
habitar o imaginário popular até os dias atuais. As mulheres sempre foram as
principais responsáveis pela missão de nutrir e cuidar das crianças, que eram o

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grande tesouro de um povo. Para isso, durante a época medieval, elas
utilizavam o caldeirão, que era colocado pendurado sobre uma lareira ou
fogueira, para cozinhar as refeições da família e também para ferver a água
para diversos usos, como preparo de chás, bebidas, unguentos e até para ser
usada em partos, esterilizando panos e outros materiais.
Na época da Inquisição, a figura do feminino e todos os seus mistérios
e conhecimentos ocultos foram colocados como algo a ser temido, condenado
e destruído. As mulheres sábias que faziam seus preparos em caldeirões
passaram a serem acusadas perante os olhos de pessoas que não
compreendiam a antiga arte da Natureza o que fez surgir na mente da
população a clássica figura da bruxa: uma mulher, ao lado do caldeirão,
cozinhando e mexendo algo misterioso e perigoso no seu interior fumegante.
Mesmo assim, nossas ancestrais continuaram com suas práticas
escondidas e recolhidas no universo doméstico. Elas encontraram na cozinha
o seu refúgio e continuaram a trazer magia para este mundo através da prática
da magia através das ervas e alimentos.
Atualmente, dentro da bruxaria, o caldeirão manteve seu antigo
simbolismo vivo e é visto como o ventre da Deusa, que representa a dança da
vida e morte, da fertilidade e da renovação. Esses conceitos se relacionam
muito com o que a Bruxaria de Cozinha acredita ser o ato de cozinhar: criar,
nutrir e transformar. Desta forma, encontramos as características de um
tradicional caldeirão associadas com a figura da Grande Deusa.
Eles são feitos de ferro, um metal presente em nosso sangue,
simbolizando a força vital concedida pela Mãe Terra. Também eram pintados
de preto, uma cor que foi escolhida originalmente para não mostrar pontos de
desgaste em seu interior e que passou a ser associada com a escuridão da noite
onde a Lua reina. E, em sua maioria, apresentavam três pés em sua base para
sustentação, que permitiam ele ser retirado do fogo e colocado em uma
superfície sem tombar. Posteriormente eles foram associados dentro da

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bruxaria com as três fases da Lua (crescente , cheia e minguante) e as faces da
Deusa (donzela, mãe e anciã).
Mas com a modernidade, o caldeirão acabou sendo transformado em
nossas panelas, que ainda carregam dentro de si este poder antigo e nos
permitem realizar nossa magia do mesmo jeito. Inclusive vale lembrar: as dicas
de energização na Lua Cheia e de purificação energética na Lua Minguante
que eu dei para a colher de pau podem ser usadas também para as suas
panelas.
Existem diversos tipos de panela no mercado, de diferentes materiais,
tamanhos e específicos para preparar determinados tipos de alimentos. Para
preparar os pratos não basta apenas escolher os ingredientes corretos,
escolher a panela ideal também é importante.
Eu sei que nem sempre poderemos ter no momento a panela ideal para cada
preparo. Algumas podem ser caras e de difícil acesso. Então fique tranquilo.
Use a panela que você tiver na sua cozinha para preparar as suas receitas
culinárias encantadas e outras preparações mágicas. Mas conhecer os
principais tipos, os prós e contras, e como utilizá-las são coisas que tornarão
seu dia a dia mais prático.

Panelas de Aço Inox:

São as mais vendidas do mercado pois o material é resistente, capaz de


acelerar o tempo de cozimento e não altera o sabor dos alimentos. São as
preferidas dos chefs de cozinha já que são ideais para alimentos que exigem
cozimentos de média e longa duração, como carnes e molhos, mas também
podem ser grandes aliadas nos cozimentos rápidos, como no preparo de um
arroz. Elas são ótimas para utilizar em fogão de indução e não oxidam. São
capazes de permanecer com o brilho característico por muito tempo (desde

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que feita a higienização corretamente). Mas possuem alguns pontos contras.
Normalmente são atóxicas, mas sua composição, em alguns casos, pode levar
níquel, o que não é indicado para pessoas alérgicas ao elemento. Para evitar
manchas, é preciso secá-las muito bem após a lavagem. Por ela esquentar mais
rápido, pode acabar queimando os alimentos se você não prestar atenção e
também exigem o uso de luvas para proteção.

Panelas de Alumínio:

São o segundo tipo de panela mais encontrado no mercado, já que elas


são leves, resistentes e capazes de preparar quase todos os preparos, desde
refogados a frituras (mas não são muito boas para grelhados). Existem
estudos que dizem que panelas deste tipo podem soltar partículas de metais
pesados, mas a Organização Mundial da Saúde realizou um estudo no qual
concluíram que a quantidade liberada não seria prejudicial à saúde. Na dúvida,
é recomendável não raspar o fundo da panela durante o preparo das receitas
ou arear as panelas de alumínio, especialmente na parte interna, para evitar
essa situação e também evitar riscos na camada antiaderente.

Panelas de Teflon:

Elas são muito populares e se destacam pelo preço. Geralmente os


modelos de teflon são panelas de inox ou alumínio que possuem revestimento
por toda a superfície que tem contato com o alimento, porém, o teflon não é
um material resistente. Quando houver riscos, as panelas devem ser
descartadas, pois o material é capaz de liberar partículas na comida. Por isso
tome cuidado com utensílios pontiagudos ou afiados.

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Panelas de Ferro:

Elas são resistentes e têm alto desempenho na condução do calor,


permitindo que você faça um processo de cozimento mais lento dos
alimentos. Além disso, são capazes de liberar pequenos fragmentos de ferro
nos alimentos, ajudando a combater diversas doenças, como a anemia. Por
esse motivo são ideais para preparar sopas, caldos e legumes. Mas não devem
ser usadas no preparo de chás, infusões, banhos e outras preparações líquidas
que envolvam o uso de ervas medicinais pois o ferro liberado pode reagir com
os compostos fitoquímicos das ervas e acabar mudando fatores como o
aroma, a cor e até anulando as propriedades terapêuticas. As panelas de ferro
lembram muito nossos caldeirões e podem inclusive ser usadas como
decoração na sua cozinha, trazendo um ar ancestral e rústico. Mas exigem
alguns cuidados. Não guarde alimentos nessas panelas, para não causar alta
concentração de ferro na comida (o que poderia dar uma intoxicação à longo
prazo) e elas podem enferrujar se não forem higienizadas corretamente (utilize
água morna e sabão neutro, não esfregue frequentemente com muita força e
seque no fogo).

Panelas de Cerâmica:

É considerado o melhor tipo de panela para aqueles que querem


cozimento mais lento da comida e que gostam de saltear vegetais e outros
alimentos. Os materiais naturais utilizados na fabricação, permitem que a
panela aqueça rapidamente e mantenha o calor adquirido por mais tempo.
Além disso, possui alta durabilidade e pode ser encontrada em diversas cores e
estampas, são as novas queridinhas da cozinha já que contam com a vantagem
de serem fáceis de limpar e não liberam qualquer tipo de substância durante o

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preparo dos alimentos. Por isso, são muito recomendadas para quando vamos
preparar chás, infusões, banhos e outras preparações líquidas envolvendo
ervas medicinais. Existem os modelos feitos totalmente de cerâmica e aqueles
que possuem apenas o revestimento cerâmico. Nesses modelos, elas não têm
a capacidade de manter tanto o calor, mas são boas para quem quer ter uma
por um preço mais acessível. Os cuidados com elas envolvem tomar cuidado
com objetos pontiagudos ou afiados para não causar riscos à cerâmica e
perceber que, mesmo após tirá-la do fogo, ela continuará o processo de
cozimento.

Panelas de Teflon:

É o melhor tipo de panela para aqueles alimentos que exigem um


preparo mais lento já que o material natural do barro intensifica o sabor dos
pratos e não libera nenhuma substância durante o cozimento. Por isso
também podem ser usadas no preparo das misturas líquidas usando ervas
medicinais. Mas um aviso: os alimentos costumam grudar com facilidade no
fundo delas. Assim como as panelas de ferro, são capazes de embelezar ainda
mais o preparo das comidas, em especial as brasileiras, como moqueca e
feijoada.

Panelas de Vidro

As panelas de vidro temperado são totalmente atóxicas, ou seja, não


liberam partículas de comida em nenhuma circunstância (por isso também
podem ser usadas nos preparos líquidos envolvendo ervas medicinais). O
material esquenta mais rápido e garante mais agilidade na hora de cozer os
alimentos. Um bônus é conseguir observar o preparo dos alimentos devido a

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sua transparência. Como o vidro é temperado, ela vai direto na chama do fogo
e é super segura (como as famosas assadeiras que levamos no forno). Mas o
vidro é um material mais frágil e exige maior cuidado para evitar batidas ou
quedas. E caso a sua um dia se quebre, por ser um vidro temperado, elas até
podem ser recicladas, mas o resultado costuma ser de baixa qualidade, e isso
faz com que ninguém queira investir nisso e o material acaba indo parar nos
lixões e aterros sanitários.

Panelas de Cobre:

As panelas e tachos de cobre são tradicionais em muitas cozinhas


brasileiras, sendo usados na preparação de doces caseiros que já fazem parte
da nossa história. Elas são ótimas condutoras de calor, mas não são indicadas
para qualquer tipo de cozimento, pois ao entrar em contato com produtos
ácidos, como limão ou tomate, o cobre pode se desprender da panela. São
lindas também para compor a decoração da cozinha.

Panelas de Pedra Sabão:

As panelas de pedra sabão possuem as mesmas vantagens da panela de


barro. Porém, o material é mais poroso e requer um cuidado maior na
lavagem para evitar proliferação de microrganismos impregnados.

Panelas Elétricas:

Por último, temos as panelas elétricas. Sim, somos bruxas de cozinha e


sabemos valorizar os benefícios que a modernidade nos traz. Nós temos

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consciência de que podemos ser a ponte entre o passado e o presente, entre os
seres humanos e a natureza, e assim sermos protagonistas para a criação de
um mundo baseado em um desenvolvimento sustentável. Basta apenas que
busquemos compreender o mundo ao nosso redor e reconhecer a presença da
Mãe Terra em tudo o que existe. A eletricidade é uma das formas do elemento
fogo em nossas cozinhas e precisa ser desmistificada. Não é porque você usa
uma panela elétrica que você é menos bruxa de cozinha! Além do preparo do
arroz - sua utilização mais conhecida - elas também são ótimas para cozinhar
e preparar uma série de receitas. Sua maior vantagem é o ganho de tempo: ela
trabalha sozinha, basta colocar o alimento e a quantidade de água necessária,
ligar e aguardar. Quando fica pronto, ela entra no módulo de aquecimento,
permitindo que o alimento permaneça quente sem cozinhar até a hora de
servir.

Formato das Panelas:

E ainda temos os diferentes formatos de panelas. A frigideira possui a


espessura ideal para fritar e grelhar os alimentos. A caçarola possui alças
laterais e alta profundidade, permitindo que o calor fique dentro dela por mais
tempo e proporcionando um cozimento mais lento. A panela de pressão
permite o cozimento dos alimentos de maneira mais rápida. A panela wok é
ideal para cozinhar alimentos no vapor e é muito utilizada na cultura oriental.
As panelas com cabo são versáteis e permitem tanto de cozinhar quanto fritar
os alimentos. O caldeirão possui um formato mais fundo que a caçarola e o
principal uso é para o preparo de alimentos que exigem maior quantidade de
água, ou para o cozimento de massas, por exemplo.

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Não existe exatamente a melhor panela para cozinhar, tudo vai
depender de como você vai utilizá-la e do quanto está disposto a investir.
Considere a praticidade, o custo-benefício e o tamanho das panelas também.
Escute sua intuição e sinta-se livre em sua cozinha mágica para ter (ou não)
qualquer uma dessas panelas já que todas elas são descendentes do caldeirão,
esse antigo símbolo mágico, e estão à sua disposição para serem usadas com
intenção no preparo das suas receitas culinárias mágicas.

Aula 05: A Magia dos Recipientes,


Tigelas e Vidros

O instrumento dessa aula é, na verdade, um conjunto de objetos muito


especial. Aqui vamos falar dos recipientes, tigelas, xícaras e vidros
que usamos em nossas cozinhas mágicas para armazenar, medir e preservar as
ervas e alimentos. Estes são os principais representantes do Elemento Água

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na cozinha da bruxa e trazem a energia da receptividade, afinal, eles foram
feitos essencialmente para conter, armazenar e guardar algo em seu interior.
Os primeiros recipientes usados na história da humanidade eram
fornecidos pela Mãe Terra e consistiam em cascas de árvores, pedras, cascas
de frutos como o coco, cabaças e sementes e folhas grandes que eram
moldadas e manipuladas com o objetivo de armazenar água em seu interior
sem deixar que ela escapasse. Depois, foram criados recipientes a partir de
uma mistura de barro e água, que era moldada e depois aquecida no fogo até
endurecer.
Esse foi o início da arte da cerâmica, que foi inventada pelas mulheres
de diversas tribos ao redor do mundo entre os períodos Paleolítico e
Neolítico. A cerâmica permaneceu uma arte consagrada ao Sagrado Feminino
por muito tempo, pois os recipientes feitos pelas mulheres apresentavam um
formato de U (igual ao ventre feminino). O ventre armazena em seu interior a
força de vida da mulher presente em seu sangue enquanto os recipientes
armazenam a força da vida da Mãe Terra presente nas ervas e alimentos.
Depois, na Idade do Bronze e do Ferro, ocorreu o surgimento de novas
culturas (ditas “civilizadas” por alguns historiadores) nas quais a arte de criar
os recipientes foi retirada forçadamente das mulheres e passou a ser executada
pelos homens, que criaram a metalurgia e passaram a usar o poder de
manipular o metal para a criação de armas e outros materiais. Nesta época,
foram criados os recipientes feitos de metal que, além de aquecerem mais
rápido e diminuírem o tempo de cozimento dos alimentos e da água, eram
bem mais resistentes e duráveis. E também os recipientes feitos de vidro, um
material bem mais leve e que permitia o armazenamento de diversas ervas,
alimentos e substâncias em seu interior.
Este foi o período do surgimento das primeiras taças, xícaras, tigelas e
do caldeirão, que foi o recipiente mais usado na culinária por toda a Europa.
Mas se você perceber, mesmo com a modernidade, todos eles ainda possuem

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o formato ancestral de U ligado à Grande Mãe. É por isso que o caldeirão,
mas também as taças, xícaras e tigelas são usados como símbolos da Grande
Mãe em diversos altares e também como uma forma de trazer o Elemento
Água para o local.
Uma bruxa de cozinha usa recipientes feitos de diferentes materiais,
mas o preferido deles é o vidro, especialmente quando o assunto é armazenar
ingredientes como ervas e temperos desidratados, tinturas encantadas, pós
mágicos e óleos infusionados ou ainda outros itens naturais que você faça uso
em suas práticas mágicas, como incensos e cristais.
Constantemente as pessoas ficam em dúvida se o plástico pode ser
usado nas práticas mágicas. Para responder essa questão, precisamos lembrar
que materiais como o vidro, a cerâmica, a porcelana e o barro são inertes e
atóxicos, logo não soltam nenhum tipo de resíduo e não fixam nenhuma
substância em seu interior, sendo fáceis de higienizar e até esterilizar. Isso
significa que recipientes feitos com esses materiais não absorvem óleos e
outros compostos presentes nas ervas e alimentos e não ficam impregnados
com aromas ou gostos, ao contrário do plástico que tem um potencial alto de
absorção e ainda podem liberar substâncias tóxicas como bisfenol A (também
conhecido pela sigla BPA).
Em especial, para o armazenamento de ervas desidratadas, temperos e
outras misturas à base de plantas como tinturas, óleos e bebidas, os melhores
recipientes serão aqueles com vidros coloridos, especialmente os vidros na cor
âmbar (como vemos nas garrafas de cerveja), verde (como em azeites e
vinhos) ou azul (são os mais caros e difíceis de serem encontrados) pois essas
cores impedem ou filtram a entrada de luz, que é um dos fatores que causam
degradação de diversos componentes presentes nas plantas.
Se não tiver acesso a esses recipientes coloridos, sem problemas. Você
pode usar potes de vidro transparentes e reaproveitar vidros antigos como
aqueles de conserva de palmito, azeitona ou geleia. O segredo é guardar esses

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vidros dentro de armários fechados, longe da luz direta e do calor, para
preservar as propriedades terapêuticas e mágicas das ervas.
Uma coisa importante também é usar vidros com tampas que tragam
boa vedação (como aquelas de rosca dos vidros de palmito) ou com
fechamento hermético, que são aquelas tampas que impedem, perfeitamente, a
entrada e saída de ar. Seu grande diferencial é a vedação da tampa, que possui
uma camada de borracha que bloqueia essa passagem do ar do ambiente para
dentro do vidro. Inclusive você pode usar esses vidros para armazenar
alimentos em geral na sua despensa (como farinhas, grãos, etc.) e até mesmo
conservas, molhos, geleias, sobremesas, saladas, marmitas, etc. Outra ideia é ir
ao granel com eles e fazer uma compra sem gerar lixo de embalagens plásticas,
contribuindo mais ainda para a preservação do meio ambiente. Eles também
oferecem um armazenamento seguro, trazendo mais segurança e durabilidade.
Mas não basta passar só uma água com sabão para reutilizar eles.
Depois de higienizar e retirar etiquetas, é preciso esterilizar o vidro antes do
uso: o processo impede a proliferação de bactérias que aceleram o processo de
decomposição do alimento e que podem vir a contaminá-lo. Então eu vou
ensinar 4 maneiras para esterilizar os vidros com segurança.

Esterilizando vidros na Cozinha da Bruxa:

Em banho-maria: encha uma panela grande com bastante água e coloque o


vidro e a tampa dentro. Leve ao fogo alto e deixe ferver por 15 minutos no
mínimo. Após, desligue o fogo e utilize uma pinça de cozinha para retirar os
itens da água, sempre com cuidado para não se queimar nem deixar o vidro
cair. Coloque sobre um pano de prato limpo estendido na bancada e deixe até
esfriar e secar por completo.

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No forno: ao fazer a higiene e retirar as etiquetas, deixe escorrer bem. Leve
ao forno o vídeo e a tampa em uma assadeira, a 140 ºC por 15 minutos. Retire
e coloque sobre um pano de prato limpo estendido na bancada e deixe até
esfriar e secar por completo.

No micro-ondas: coloque 4 colheres (sopa) de água dentro dos vidros, e


leve ao micro-ondas por 2 minutos. Cuidado: Este processo nunca deverá ser
utilizado para as tampas e vidros com peças metálicas!!

Na máquina de lavar-louças: coloque o vidro e sua tampa para lavar no


ciclo quente próprio para essa função. Eles vão sair secos e esterilizados.

Importante: Depois de esterilizado, o vidro quente pode estourar se entrar


em contato com uma superfície muito gelada, por isso sempre colocamos um
pano limpo estendido sobre a superfície em que vamos deixar o vidro
descansando e esfriando, para evitar choque térmico dele em contato com a
sua pia ou bancada. E só use os potes esterilizados depois que eles esfriarem
totalmente.

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Aula 06: A Magia do Fogão e do Forno

O instrumento dessa aula é a dupla fogão e forno, que carregam a


força do fogo na Cozinha da Bruxa. O fogo foi o primeiro elemento
usado pela humanidade para criar a arte da culinária. Em nossa história,
encontramos registros deste uso em diversas culturas, desde as ancestrais
fogueiras que eram acesas por todos os povos ancestrais, passando pelos
primeiros fornos feitos a partir de um buraco no chão com brasas pelos povos
indígenas e indo até as lareiras presente em diversas culturas como a grega, a
romana, a celta, etc.
Antigamente, as famílias possuíam uma lareira que ficava localizada na
cozinha e era o centro do calor e da energia do lar, onde as comidas eram
preparadas, se tornando um símbolo de abundância, segurança, vida e
proteção. Hoje em dia, essa função da lareira foi substituída pelo fogão e pelo
forno, que se tornaram as novas representações do elemento Fogo. Eles
foram evoluindo junto com a humanidade e deram origem a muitas formas

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diferentes, mas sempre movidos à força da lenha ou de outros materiais
vegetais que tivessem um bom potencial de queima.
Com a modernidade, estes fogões e fornos a lenha ainda podem ser
encontrados, especialmente nas áreas mais rurais, onde a população ainda
possui um laço forte com a natureza. Mas atualmente eles foram quase
totalmente substituídos pelos modernos movidos a gás, energia elétrica e
indução e ainda deram origem aos fornos micro-ondas (que realizam o
aquecimento dos alimentos de uma maneira completamente diferente dos seus
antecessores).
Uma bruxa de cozinha prioriza o uso de materiais naturais sempre que
possível. Mas também devemos ser práticos e usar de maneira sábia o que a
modernidade nos oferece. Então use o fogão e o forno que você possuir à sua
disposição. Pode ser aquele pequeno, de apenas uma boca e elétrico. Ou o
clássico de 4 bocas movido á gás que nossas mães tinham. Quem sabe até um
moderno de indução e acabamento em vidro. Todos eles serão aliados
mágicos da bruxa de cozinha.
O fogão e o forno irão desempenhar o papel de centro energético da
cozinha, então é importante que você cuide muito bem deles. Afinal, é no
fogão e no forno que você irá acessar o poder do fogo, que é o espírito da
Mãe Terra e o grande responsável por alimentar a força que ativa a energia de
riqueza e a prosperidade do nosso lar. É no calor do fogo que os alimentos
são preparados e transformados para então, serem consumidos e nos nutrir.
Toda a vitalidade produzida pela transformação dos alimentos por meio do
fogão, vai nos proporcionar energia suficiente para nutrirmos nossos sonhos,
para alimentarmos nossa força, para trabalharmos e assim prosperarmos.

Cuidando do fogão e do forno:

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O primeiro cuidado que você como uma bruxa de cozinha precisa ter é
fazer uma limpeza periódica, tanto do fogão em si, como das suas partes
(queimadores, forno, grelha, etc.). Caso você acabe por deixar que ele fique
sujo por muito tempo, além de se tornar um ambiente propício a proliferação
de microrganismos prejudiciais à sua saúde física, poderá também prejudicar a
vitalidade gerada pelas transformações dos alimentos feitos em seu fogão,
acarretando uma redução na força pessoal.
Segundo o Feng Shui (um campo de estudo que analisa e usa as forças
energéticas para harmonizar os indivíduos com o ambiente ao seu redor) cada
queimador presente no fogão é uma representação energética de uma das
fontes de renda e dos recursos que entram em sua casa e o forno atua como a
sua reserva financeira. Por conta disso, todos devem estar funcionando
plenamente e sendo usados regularmente e alternadamente para manter a
energia do fogão forte e ativa. Desta maneira, você irá garantir que a
prosperidade não fique estagnada e flua livremente além de apresentar
diferentes caminhos e opções para ela entre em sua vida.
Outra questão é a posição do fogão dentro das nossas cozinhas
mágicas. De acordo com o Feng Shui, o fogão deve ser posicionado de forma
que a pessoa que cozinha nunca fique de costas para a porta de entrada do
local. Logo, a pessoa terá uma visão clara, mas sem estar diretamente na linha
da porta, que atua como um portal de passagem direta de energia da cozinha
para o restante da casa.
Esta é uma posição que coloca o fogão como peça central da cozinha e
dá à bruxa de cozinha uma posição de controle em relação as energias geradas
no local. Se esta posição não é respeitada, os moradores da casa podem passar
por situações energéticas negativas (gerando brigas, desacordos, etc.) e a
energia de prosperidade da casa poderá ficar muito exposta e assim ser
invejada por outras pessoas. Caso você se depare com essa situação em sua

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cozinha, uma dica é colocar um espelho pequeno atrás do fogão (em formato
de baguá). Ele irá funcionar dando a visibilidade de todo o espaço para quem
está cozinhando e ainda irá refletir a chama dos queimadores, aumentando a
energia da prosperidade na sua casa.
O Feng Shui também pede com que o fogão e o micro-ondas fiquem juntos
de um lado e a pia, a lava-louças, a geladeira do outro. Baseando-se na Teoria
Chinesa dos Elementos, o fogo e a água são dois elementos opostos, então
não podem ficar grudados em sua cozinha. Mas sabemos que essa disposição
é muito incomum de ser encontrada aqui no Brasil. Em muitas cozinhas,
temos a configuração que seria a mais desfavorável energeticamente:
encontramos a pia e o fogão na mesma parede, um bem pertinho do outro
(quando não estão quase grudados). E na maioria das vezes, a pia está
posicionada primeiro que o fogão quando olhamos da porta de entrada. É
dito que nesta configuração, a energia do elemento água presente na pia iria
acabar enfraquecendo e apagando a energia do fogo presente no fogão,
prejudicando assim gravemente o fluxo da prosperidade na casa.
Neste caso, é indicado que você posicione um objeto de madeira ou um
cristal multifacetado bem no meio do conflito entre os elementos água e fogo
(ou seja, entre a pia e o fogão). Objetos de madeira (como uma colher de pau
por exemplo) irão equilibrar o conflito já que a madeira é capaz de nutrir o
fogo (como a lenha de uma fogueira) ao mesmo tempo em que se nutre a
partir da água (como a árvore que cresce graças a chuva). Caso use o cristal
multifacetado, ele irá fazer com que a energia oposta se quebre ao refletir e
promover uma reorganização do fluxo entre as energias da água e do fogo,
mantendo assim um estado de equilíbrio entre estes elementos.

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Aula 07: A Magia dos Garfos, Facas e
Pratos

O s garfos, as facas e os pratos são tão essenciais no momento de


servir e comer uma refeição que passam totalmente despercebidos da
nossa mente consciente. Aposto que você usa eles todos os dias de modo
automático, sem nem perceber o que está fazendo, não é?
Mas todos eles possuem uma origem antiga e carregam uma força
mágica que pode ser acessada pela bruxa de cozinha durante as suas práticas
mágicas. Na antiguidade, o garfo era um instrumento grande e longo, usado
principalmente para trabalhar com o feno e o trigo, auxiliando os camponeses
a carregar e movimentar os fardos no campo. Em povos que se
desenvolveram próximos à rios, lagos e mares o garfo também foi muito
usado para abater peixes e outros animais aquáticos e ajudar no transporte
destes do barco para a vila.

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Até o século XI, quase todo mundo comia utilizando as mãos,
especialmente na região da Europa. As pessoas que tinham acesso à mais
recursos e que eram consideradas mais cultas usavam apenas três dedos para
levar o alimento à boca. Naquele século, Domenico Salvo, membro da corte
de Veneza, casou-se com a princesa Teodora, de Bizâncio. Ela trouxe no
enxoval um objeto pontudo, com dois dentes, que usava para espetar os
alimentos.
Esse primeiro garfo foi considerado uma heresia pela Igreja na época: o
alimento, fornecido por Deus era sagrado e tinha de ser comido com as mãos.
Mas, pouco a pouco, membros da nobreza e do clero foram adotando o
talher. O hábito demorou para pegar entre a população: com mais dentes, o
espeto só se tornou popular mesmo no século XIX.
Já a faca surgiu nos primórdios da humanidade, sendo o mais antigo
dos talheres que usamos. Foi o Homo erectus, que surgiu na Terra há 1,5 milhão
de anos, que criou o primeiro objeto cortante, feito de pedra, para caça e
defesa. Desde então, o homem sempre carregou uma faca.
Na Idade do Bronze, que começou por volta de 3000 a.C., ela passou a
ser feita com esse metal. O primeiro uso da faca foi vinculado a defesa pessoal
contra ameaças, para caça (desde o abate até a manipulação da carne e do
couro dos animais) e para abertura e corte em porções menores de legumes,
frutas e vegetais. O primeiro a sugerir que cada homem deveria ter uma faca
para ser usada exclusivamente à mesa foi o cardeal francês Richelieu, um
fervoroso defensor das boas maneiras, por volta de 1630. Os registros
mostram que a faca e o garfo foram adaptados e introduzidos na culinária,
mas o seu uso demorou para se difundir e popularizar, especialmente no
Ocidente, onde até próximo ao final do século XVII, a grande maioria dos
povos ainda comiam usando as mãos ou com o auxílio apenas de colheres.

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Devido aos seus usos ao longo da nossa história, a faca e o garfo
carregam uma energia dupla e oposta que poderá ser acessada de acordo com
sua intenção: de término da vida (podendo ser um instrumento de morte
através da caça ou de uma disputa) ou de afirmação da vida (por meio da arte
nutritiva da culinária). Essa energia oposta presente nestes instrumentos é
ligada e representada pelo Elemento Fogo, capaz de tirar a vida ou
transformar ela. Desta forma, a faca e o garfo caminham juntos em nossas
cozinhas, podendo ser usados de diferentes maneiras.
Em especial, a faca é essencial para que a bruxa de cozinha possa colher
ervas e outras plantas, cortar e picar estas para usar no preparo das receitas e
auxiliar no momento de servir e saborear a comida encantada. Além disso, a
bruxa de cozinha também usa a faca para entalhar símbolos em velas, para
cortar tecidos, para direcionar energias etc. Desta maneira, a faca se torna um
instrumento que deve ser usado com cuidado e respeito, já que pode oferecer
um risco para quem a usar (através de um acidente) ou para a planta que
estiver sendo cortada (que pode acabar morrendo se a colheita não for feita
corretamente).
Não é algo obrigatório, mas algumas bruxas de cozinha reservam e
consagram uma faca apenas para o uso no seu caminhar pela arte da Bruxaria
de Cozinha. Ela não precisará ser completamente artesanal (feita por você) ou
possuir um formato específico (como acontece com os athames ou bolines na
Wicca). Mas é preciso que esteja sempre bem afiada e bem cuidada (sem
manchas de ferrugem), que ela se adapte bem as suas mãos (avalie o formato
do cabo e o peso) e que você sinta uma conexão com ela. Se você se sentir
desconfortável em manipular uma faca para cortar caules e folhas, pode
substitui-la por uma tesoura de jardinagem, deixando a sua faca apenas para
picar e preparar as ervas e plantas para suas receitas mágicas.

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E os pratos, onde entram na Cozinha da Bruxa? Bem, os pratos
poderiam ser considerados primos bem próximos dos recipientes como as
tigelas, afinal eles também possuem a função de armazenar os alimentos e
servir estes à mesa. Por isso, nós até poderíamos pensar que eles estariam
ligados ao Elemento Água.
Mas, durante a Idade Média, os pratos foram relacionados ao Elemento
Terra e a energia do Sol por seu formato se assemelhar muito ao de uma
moeda. É por isso que o naipe de Ouros em diversos baralhos de tarot é
representado por um prato achatado, normalmente de cor amarela ou
dourada, com o símbolo de uma estrela de 5 pontas gravado nele.
Nos Arcanos Menores do tarot, o naipe de ouros representa o plano
material, o mundo físico, o corpo, saúde, dinheiro, prosperidade, trabalho,
bens, recursos… Enfim, tudo o que é relacionado ao que alguns chamam de
“mundano”. E aqui é importante dizer uma coisa: não veja essa palavra como
algo negativo. O que quero dizer por “mundano” aqui é: relacionado ao
mundo e às coisas que não levaremos para o lado espiritual da vida. Apesar de
parecer algo egocêntrico e materialista, o naipe de ouros no tarot nos traz
coisas importantes, pois é através do corpo físico e dos recursos materiais que
evoluímos como pessoas. Um exemplo simples é a necessidade de nos
alimentarmos para termos saúde e força, de comprarmos livros e cursos para
nos aprimorar, ter uma situação financeira melhor para auxiliar quem precisa,
etc.
Os arcanos menores do naipe de ouros mostram todos estes aspectos
para nós. Sem esse elemento em nossa existência, o restante não seria
possível, pois é através do naipe de ouros (o mundo físico) que muitas coisas
se manifestam (como a criatividade colocada em prática através de um novo
projeto, por exemplo). Assim, os pratos da Cozinha da Bruxa carregam esse
mesmo simbolismo mágico e são um poderoso instrumento mágico.

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Aula 08: A Magia do Pilão e do
Almofariz

O instrumento dessa aula é a dupla almofariz e pilão. Atualmente o


almofariz e o pilão foram esquecidos por muitas pessoas e quase
desapareceram das cozinhas, muitas vezes sendo usados apenas como
decoração já que trazem um toque rústico às cozinhas modernas e despertam
um pouco da beleza da natureza no ambiente.
Dentro da Cozinha da Bruxa, essa dupla ainda é considerada muito
especial já que são instrumentos usados há centenas de anos para triturar,
amassar e moer ervas e especiarias e transformá-las em algo completamente
novo. Mas será que você sabe a diferença entre eles?
O almofariz é a base que possui formato de uma tigela e que recebe em
seu interior a erva a ser trabalhada. Já o pilão é o objeto pesado em forma de
taco que é pressionado e rodado sobre a erva até se obter a textura desejada.

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Assim como a colher de pau, esta dupla representa a união das energias do
Sagrado Feminino (o almofariz) e do Sagrado Masculino (o pilão) que habitam
em harmonia dentro de tudo o que existe no universo.
Na Bruxaria de Cozinha, o almofariz e o pilão são indispensáveis para
esmagar não apenas ervas e especiarias, mas também sementes, cascas, raízes
ou resinas para que a bruxa de cozinha possa usá-los em diversas preparações
e receitas encantadas.

Usando o pilão e o almofariz:

Com a modernidade, muitas pessoas passaram a usar o mixer ou outros


equipamentos elétricos para realizar essa função. Eles acabam por gerar calor
no processo devido à alta rotação das lâminas, o que pode prejudicar o
resultado da sua receita (por exemplo, seu Molho Pesto de Manjericão pode
acabar amargo com o cozimento das folhas pela ação do calor). Logo,
nenhum deles é capaz de quebrar as fibras das plantas e liberar todo o aroma e
sabor tão bem como um almofariz e pilão.
O uso deles pode gerar dúvidas, mas é simples: Basta colocar o que
você deseja moer dentro do almofariz e segurar ele com uma das mãos,
enquanto a outra irá manipular o pilão para trabalhar os ingredientes. Comece
moendo os itens mais densos e duros para depois acrescentar à mistura
aqueles que se desfazem facilmente. Por último, adicione os ingredientes em
pó para se juntarem à mistura formada.
Quer um exemplo? Você quer preparar uma mistura de temperos e
especiarias para usar nos pratos salgados para trazer proteção. Primeiro você
iria triturar os ingredientes mais duros e densos, como a pimenta do reino.
Depois iria acrescentar o ingrediente que se desfaz facilmente, como folhas de

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sálvia ou de salsinha. E por último iria acrescentar o ingrediente em pó como
o sal refinado ou uma páprica.

Qual o material ideal do pilão e almofariz:

Agora, em relação ao material, o ideal é que tanto o almofariz como o


pilão sejam de pedra ou cerâmica. Não recomendo peças feitas em metal já
que este material pode liberar partículas que irão interagir com os compostos
fitoquímicos e assim prejudicar a ação terapêutica das ervas.

E a madeira? Usamos muito ela na confecção das colheres de pau


certo? Mas aqui a grande polêmica presente é que a madeira possui a
capacidade de absorver os óleos essenciais e os sumos liberados pelas plantas,
fazendo com que seja quase impossível higienizar e eliminar os aromas e
sabores, que acabarão por interferir nas próximas misturas feitas. Imagine
você preparar no seu pilão um molho com alho e depois precisar preparar
uma mistura de especiarias (como canela, cravo, noz moscada e gengibre) para
usar em uma torta doce de abóbora e ela acabar com o gosto indesejado de
alho e manjericão? Uma alternativa seria o bambu, considerado um tipo de
madeira macia, mas que conta com alta impermeabilidade e facilidade de
higienização, precisando apenas tomar cuidado com a secagem para que o
material não fique úmido (o que favorece o aparecimento de fungos que
podem ser vistos através de manchas e pontos escuros no material).
Em relação à pedra, este é um material que não tende a se impregnar
com o aroma e sabor das ervas e por isso pode ser utilizado no preparo de
todos os tipos de receitas, desde que as peças sejam higienizadas
imediatamente após o uso. Você verá que os mais comuns são feitos de
mármore, pedra sabão ou granito. O mármore e a pedra sabão se destacam
pela alta resistência e durabilidade. Já o granito, é mais macio e poroso e com

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o tempo poderá adquirir manchas provenientes da abrasão, da descoloração,
etc. Se você manusear o almofariz e o pilão em pedra com o devido cuidado,
eles podem se transformar em verdadeiras relíquias que você passará para a
próxima geração de bruxas de cozinha da sua família.
Já o almofariz e pilão em cerâmica também são uma ótima alternativa,
já que estes se tornam mais acessíveis no valor e são facilmente encontrados.
O material também tem alta impermeabilidade e não se impregna com aroma
e sabor, mas é bem mais frágil que a pedra e assim as peças em cerâmica
podem se quebrar caso não sejam manipuladas com cuidado.
Então não tenha pressa. Pesquise com carinho e procure um almofariz
e um pilão no material que você deseja e com os quais sinta uma conexão
profunda.

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Aula 09: A Magia do Livro de Receitas

O instrumento que trago nessa aula é o Livro de Receitas Mágicas.


Sim, na Bruxaria de Cozinha nós também temos um livro mágico
especial, como acontece em muitas vertentes da bruxaria e também de outros
caminhos esotéricos e místicos.
Uma bruxa de cozinha se conecta com Gaia através da sabedoria da
natureza, que transmite a ela todos os seus saberes e poderes por meio das
ervas e alimentos. Assim, durante a sua jornada pela Bruxaria de Cozinha, a
bruxa de cozinha passa por diversas vivências e experiências únicas que
precisam ser registradas já que elas formarão a principal fonte de
conhecimento ao qual a ela vai consultar várias vezes em sua prática.
Para isso existe o Livro de Receitas Mágicas. Você já pode estar
pensando que ele será igual a um Grimório ou Livro das Sombras (como os
usados por ocultistas e pela Wicca) onde você irá anotar apenas feitiços ou
rituais. Não, não é bem assim. O Livro de Receitas será o local onde você irá

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anotar as suas receitas culinárias encantadas e as correspondências mágicas e
terapêuticas das ervas e alimentos usados em suas práticas.
Nele você também poderá colocar outros tipos de preparações feitas
em sua cozinha mágica (como banhos, tinturas, pós mágicos, etc.),
experimentos, poemas, canções, desenhos, observações e relatos do seu
caminhar pela Bruxaria de Cozinha e outras experiências de conexão com as
forças da Mãe Terra.
A escolha do caderno para criar o seu Livro de Receitas Mágicas será
livre. Você pode escolher registrar seus estudos em um caderno simples, fácil
de encontrar em papelarias, pode optar por fazer suas anotações no bloco de
notas de um dispositivo eletrônico como tablet, celular ou computador. Ou,
caso tenha condições financeiras, pode encomendar um livro artesanal
exclusivo e personalizado Se possuir habilidades artísticas, pode dar vida ao
seu livro confeccionando ele artesanalmente com suas próprias mãos.
Mas aqui fica um aviso. Não se preocupe com a estética, criando
limitações ou deixando de registrar suas receitas caso não tenha acesso ao
caderno dos seus sonhos ou ache que tudo ficará feio porque você não tem
dom para fazer letras lindas ou desenhos elaborados. Ele é seu e você deverá
organizar e criar ele da melhor maneira para você, para que ele se torne um
aliado e não algo que vai lhe causar ansiedade.
E não se incomode caso ele ganhar alguma mancha de massa de bolo
ou um respingo de molho ou chá em suas páginas. Afinal de contas, ele será
um grande companheiro partilhando de suas aventuras na Cozinha da Bruxa.
O seu Livro de Receitas Mágicas não precisa ser perfeito, mas sim o local
onde você se sente livre para registrar os seus estudos, práticas e reflexões ao
longo da sua jornada de conexão com a Mãe Terra através da Bruxaria de
Cozinha.

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Aula 10: A Magia das Ervas e
Alimentos

D entro da bruxaria como um todo, podemos utilizar uma variedade de


ferramentas para aumentar o poder e auxiliar no direcionamento das
energias em nossos feitiços e rituais. Elas podem incluir práticas antigas (como
a visualização e a meditação) e o uso de materiais como velas, cristais,
incensos, cálices, caldeirões etc.
Porém, a Mãe Terra oferece uma ferramenta mágica à nossa disposição,
uma grande fonte de magia que está ao nosso redor e que usamos todos os
dias sem ao menos perceber o poder que existe em seu interior. Ela é simples
e acessível, logo você não precisará investir muito dinheiro comprando
materiais complexos que são, muitas vezes, caros e desnecessários. Com esta
ferramenta e apenas algumas simples ações e visualizações, podemos realizar
magias tão poderosas quanto qualquer outro ritual extremamente elaborado.

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Esta ferramenta é um presente de Gaia, que oferece seus poderes a
qualquer um que queiram utilizá-los. Imagino que você esteja se perguntando:
qual é esta ferramenta tão poderosa? E eu te respondo: as ervas e alimentos.
Desde a antiguidade, os povos antigos faziam reverência às ervas e aos
alimentos e os reconheciam como sustentadores da vida, verdadeiros
presentes dados pela Mãe Terra. Ao aprender a caçar, colher, plantar e
cozinhar, o ser humano aprofundou essa relação vital com as ervas e
alimentos de onde obtinha a energia e a força necessárias para executar suas
tarefas diárias, tendo assim saúde e harmonia.
Com o passar dos séculos, em grande parte das culturas (antigas e
mesmo as atuais) as ervas e os alimentos passaram a executar um papel quase
que central nas cerimônias religiosas e rituais. Eles eram trazidos como
oferenda e sacrifício, deixando de ser apenas uma comida para o corpo e
passando a se tornar símbolo da fé e uma comida para o espírito. Inclusive,
diversas religiões trazem proibições, permissões e atribuem funções que vão
além do caráter nutricional e prazeroso da refeição. As ervas e os alimentos
passaram a marcar presença em ritos de passagem como o nascimento, a
puberdade, a iniciação em grupos (místicos e/ou sociais), o casamento, o
parto, a maturidade e a morte.
Quer um exemplo de como essa antiga fonte de poder permaneceu
oculta, sendo praticada muitas vezes inconscientemente até os dias atuais?
Pense em um bolo de aniversário. Você já parou para se perguntar por que a
maioria das pessoas ao redor do mundo comemora o aniversário cortando um
bolo com velas em cima?
Na Grécia Antiga, uma vez por ano os gregos preparavam o
Amphiphon, um bolo simples, branco e redondo (feito com farinha de trigo e
leite) para representar a Lua Cheia. Sobre esse bolo eram acessas 13 velas (que
simbolizavam as 13 luas cheias que acontecem ao longo do ano) e ele era

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deixado no altar de Ártemis (Senhora da Lua e da Caça) ou no altar de Hécate
(Senhora da Magia) para celebrar e agradecer todas as bençãos, dádivas e
proteção oferecida pelas deusas, simbolizando o fim de um ciclo e o início de
um novo. Este ritual foi trazido para a vida cotidiana dos gregos, naquela
época, para celebrar a passagem de ano de uma pessoa para pedir às deusas
para que elas abençoassem a vida dela. Vale lembrar que para essas tradições
antigas mais próximas ao cultivo de alimentos, a crença de "alimentar" a terra
(natureza) era essencial para o equilíbrio de tudo. Com a conquista do
território grego por Roma e a expansão deste como o que viria a se tornar um
dos maiores impérios, este costume se espalhou pelo mundo.
Agora imagine uma festa de aniversário. O bolo fica no centro da mesa
e da festividade. Todos ficam perto, orbitando ao redor da mesa e a festa só
acaba quando ele é cortado. No momento do parabéns, o convidado se
posiciona atrás da mesa, de modo ao bolo ficar na sua frente. Todos os
convidados formam um círculo ao seu redor (um dos símbolos mágicos mais
antigos que existem) e começam a cantar e bater palmas para o aniversariante
(uma prática ritualística de elevar o poder que era feita por vários povos). Ou
seja, um ritual mágico é realizado de maneira inconsciente por todos os
presentes na festa de aniversário.
Com este ritual, o bolo irá concentrar e cristalizar em si toda a energia
presente nas palavras cantadas e nos sentimentos de cada uma das pessoas
presentes naquele momento. Ao desfrutar de um pedaço do bolo, o
aniversariante e os convidados estão absorvendo e se nutrindo, fisicamente e
espiritualmente, das energias presentes naquele alimento. A celebração
também irá funcionar como uma conexão entre todos os presentes,
fortalecendo os laços de união e carinho. Desta forma, o bolo de aniversário é
uma forma moderna da magia dos alimentos que foi perpetuada ao longo dos
séculos.

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Através da Bruxaria de Cozinha, nós podemos resgatar estes antigos
conhecimentos ligados à magia dos alimentos. Desta maneira, teremos a
capacidade de compreender as origens de diversos costumes e tradições e o
poder de criar nossos próprios rituais através das receitas que preparamos em
nossa cozinha usando esses conhecimentos.
Como uma bruxa de cozinha faz uso das energias da natureza para criar
receitas encantadas que irão trabalhar uma intenção, não surpreende que ervas
e os alimentos sejam os seus principais instrumentos mágicos. Logo, eles
precisam ser bem escolhidos e uma das melhores maneiras de você fazer isso
é seguir o calendário das safras ao longo do ano. Ao se guiar pelo calendário
das safras, você irá despertar a essência da alimentação consciente e mágica,
ao criar uma profunda conexão espiritual e pessoal com a Mãe Terra e seus
ciclos aos aprender quais são os alimentos típicos da estação que estarão em
época de colheita. Logo, você poderá criar uma rotina de alimentação que seja
saudável e mágica, nutrindo o seu corpo-templo com vida e boas vibrações.
Além disso, sempre que possível, opte por alimentos orgânicos, ou seja,
que foram cultivados sem o uso de venenos ou adubos químicos. Estes
alimentos promovem o uso racional dos recursos naturais além da
preservação da fauna e da flora locais através de práticas ecológicas feitas do
começo ao fim da produção.
Inclusive, você pode cultivar esses alimentos no seu jardim, quintal ou
varanda criando uma conexão única com a Mãe Terra. Ao ter a sua própria
horta ou canteiro de ervas (seja ela no solo ou em vasos) você irá ter a
oportunidade de colocar a mão na terra e fortalecer ainda mais a conexão
espiritual que possui com Gaia através da prática e do cuidado com suas
plantas. O cultivo também possibilita a bruxa de cozinha ter acesso a
ingredientes frescos e cheios de vida para usar em suas receitas e outras
formas de magia. Por que ir ao mercado se você pode fazer sua própria
colheita em casa?

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Caso ainda não tenha espaço suficiente para começar a sua horta, você
pode ir à feira do seu bairro e comprar os alimentos típicos da estação ou
procurar serviços de entrega que apoiem os pequenos produtores e os
agricultores locais. Você irá consumir alimentos que a natureza produz sem a
intervenção tecnológica mais intensa e ajudará na redução do impacto
ambiental, impulsionando a economia local e a redução do desperdício de
alimentos durante o seu transporte. Sem contar que eles são vendidos a preços
melhores, uma vez que a oferta é maior (logo irá economizar no seu
orçamento mensal).
Independente se você cultivou os seus alimentos ou se foi à feira, te
garanto: os alimentos típicos da estação e que estão na safra são mais
gostosos. A partir do momento em que o alimento é colhido, os açúcares
naturais começam a se transformar em amido. Assim, quanto mais longe os
alimentos tiverem de viajar e quanto mais demorarem para chegar até a sua
mesa, menos saborosos estarão.
Outra dica valiosa é reconhecer a beleza da diversidade existente na
natureza. Você sabia que parte dos alimentos cultivados da maneira
convencional é rejeitada por ter o tamanho ou formato “errado” ou não ter a
cor “correta” de acordo com o padrão de beleza de venda imposto pelos
mercados e grandes comércios? E toda essa comida, que na verdade é perfeita
e cheia de nutrientes, vai para o lixo. Cultivar o seu próprio alimento ou
comprar de produtores locais irá lhe permitir ter acesso a uma variedade de
formatos e tamanhos, tal como faz a Mãe Terra. Frutas e vegetais fora do
"padrão de beleza de venda” continuam sendo deliciosos, lindos e nutritivos.
Então, trate de deixar o preconceito de lado e abrace toda a beleza e
diversidade que Gaia nos oferece de coração aberto.

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icensed to Karina Castilhos - kari_fc@hotmail.com

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