Você está na página 1de 2

22/04/2016 magia 

druídica

home  quem somos  nossas crenças  os celtas  druidismo


livros e sites  mitos e lendas  ambientalismo  artigos  contato

A esta altura, todos já sabem que os druidas
tinham múltiplas funções na sociedade celta.
Desde médicos até conselheiros, suas funções
eram sempre exercidas de modo sagrado, de
modo sacerdotal. Desta forma, afirmamos
sempre que os druidas eram os sacerdotes dos
celtas, mesmo aqueles que não eram
responsáveis diretos pelos rituais. Não por
acaso, a figura do druida que persiste no
imaginário popular é a do mago, o sábio nas
artes das ervas e encantamentos.

Essa imagem pode estar carregada de
esteriótipos, mas ela traz uma verdade: o
druida era o detentor da magia, o responsável
por encantamentos, pragas, curas espirituais,
presságios e divinações, utilização de oráculos
e contato com o outro mundo, com os deuses
e com os ancestrais. Qualquer que fosse a
função por ele exercida, ele era um mestre
nessas artes.

Podemos definir magia de acordo com a Larousse Cultural: "um conjunto de práticas
baseadas na idéia de que existem poderes ocultos na Natureza, que se busca
conciliar ou conjurar para se conseguir um bem ou causar uma infelicidade, tendo
como objetivo sua concretização material."

Aqui existe a necessidade de explicar dois conceitos. 

Primeiro, o de "poderes ocultos": para nós, druidas, os poderes da Natureza não são
"sobrenaturais", a magia druídica não é "sobrenatural", ao contrário, é magia
natural, uma vez que trabalha com os elementos e forças da Natureza, ou ainda,
que trabalha com a Natureza propriamente dita, inclusive nós mesmos: ou acaso
não somos naturais? "Ocultos", neste caso, pode ser entendido como velados ou não
visíveis.

Segundo, a idéia de "se conseguir um bem ou causar uma infelicidade": isso
normalmente pode chocar a princípio, uma vez que está muito em voga se negar o
lado negativo e sombrio das coisas. No druidismo, a magia não é branca ou negra,
ela simplesmente é. Um druida pode produzir uma sátira (ou, popularmente falando,
rogar uma praga) contra alguém que desonrou seu clã, por exemplo, da mesma
forma que ele envia bênçãos àquele que produziu algum bem aos seus.

A magia druídica é natural e xamânica, vinda de uma cultura politeísta e tribal, isto
é, sua ética funciona de acordo com essa visão. A ética tribal pode ser mal
compreendida em dias como os de hoje, onde pais e mães se sentem na obrigação
de perdoar o assassino de um filho seu. A ética tribal coloca a família, o clã e a tribo
em primeiro plano. São esses que devemos defender e quando esses são atacados,
não precisamos sentir culpa em contra­atacar. Da mesma forma, temos a obrigação
de honrar e exaltar aqueles que se aliam à nossa tribo. A ética na magia druídica é
baseada na honra e é com honra e pela honra que o druida age em seus atos de
magia.

Temos duas palavras­chave ao lidar com magia: responsabilidade e intenção.

Ao praticar magia, temos de fazê­lo com responsabilidade, pois estamos gerando
poder e todo e qualquer poder exije responsabilidade. Temos que estar
absolutamente conscientes das conseqüências do ato de magia. Se há alguma
dúvida, não faça nada. Não se deve mexer com aquilo que não se conhece
profundamente, por isso a magia requer um estudo sério de seus elementos e da
Natureza.

Da mesma forma, se quisermos realmente um resultado, precisamos estar com a
intenção clara em nossas mentes e espíritos. Sem isso, a magia jamais funcionará.
Ao imbiuir a magia com uma intenção, estamos dando um espírito a essa magia,
dando vida e poder. Para isso, podemos nos utilizar de instrumentos especiais,
horários de poder, dias de poder e locais de poder. Mas também podemos utilizar
apenas lápis e papel. Afinal, a alma está na intenção, no poder de impregnar o ato
com esse espírito, essa vontade.
http://www.druidismo.com.br/index/Druidismo/Entries/2010/9/12_magia_druidica.html 1/2
22/04/2016 magia druídica

Estamos lidando aqui com um sistema de magia natural: os elementos usados em
um feitiço devem ser os mais naturais possíveis, as fórmulas podem ser criadas pelo
druida, em vez de seguir fórmulas pré­existentes, etc.

É importante ressaltar que no druidismo não se tem a intenção ou tentativa de
controlar ou comandar os elementos ou a Natureza em si. O que se busca é o
conhecimento dos ciclos da Natureza e o aproveitamento de cada energia da Terra
para se realizar feitiços e atingir objetivos. Costumamos citar como exemplo um rio.
O druida não é o tipo de mago que vai tentar mudar o curso do rio para atigir
determinado objetivo. Ele vai, ao contrário, entender profundamente o curso do rio
para assim poder aproveitar esse curso, do jeito que ele é, a seu favor.
Sobre os locais a serem realizados os atos de magia, podem variar, como bem
exemplifica o druida Bellovesos:

"Certamente existem lugares de poder, mas o druida tem a Natureza dentro de si,
se estiver treinado pode contatá­la mesmo no meio da mais cinzenta selva de
concreto. Céu, nuvens e vento não são Natureza? Em que lugar eles estão
ausentes? Nossos corpos não são naturais? Precisamos não esquecer da origem."

A magia druídica pode ser organizada da seguinte forma:

Presságios: prever o futuro. Pode ser expontâneo ou dirigido. Pode vir em forma de
sonhos ou ainda, quando estamos alertas, em forma de uma intuição muito forte.
Meditação e estudo são formas de conseguirmos identificar essas manifestações e
também de tentar provocá­las.

Divinação: esse é um ato induzido e para tanto, podem ser usados vários
instrumentos: o ogham (que tem diversas funções, mas também é largamente
utilizado como oráculo); observação de fenômenos naturais, como as formações das
nuvens ou o vôo dos pássaros; imbas forosnai (transe xamânico para profetizar,
onde se mascava carne crua); indução a um estado alterado de consciência (outro
transe xamânico para profetizar, utilizando o toque do tambor junto de uma
meditação); sonhos inspirados dirigidos (técnicas para conseguir respostas de um
determinado assunto durante o sono);  uso do mantra "awen" para profetizar.

Feitiços e encantamentos: requer preparação, como mentalização da intenção,
banho com ervas, exercícios de respiração e centramento. Melhores resultados se
reunir os elementos possíveis relacionados de forma ritualística, num espaço
específico, num tempo específico. O encantamento ideal é composto na hora, sem
fórmulas pré­estabelecidas, utilizando­se a energia da inteção do momento e do
assunto específico envolvido. Os tipos de feitiços e encantamentos são vários: cantos
repetitivos (quase como um mantra), bênçãos, maldições (chamadas "sátiras",
comumente conhecidas como "pragas"), feitiços com ogham (símbolos oghâmicos
gravados em pedras, escudos, placas de ferro, madeira, etc), feitiços de banimento,
de cura (comumente são utilizadas técnicas de cura xamânica), de prosperidade, etc.

Ritos de compromisso: da mesma forma que se utilizam feitiços e encantamentos
para se atingir um objetivo, também podem ser utilizados os ritos de compromisso e
votos. Na magia druídica temos a geis, um tabu, proibição ou obrigação que pode ser
por tempo determinado ou por toda a vida. Pode ser algo imposto a alguém ou
também auto­imposto. O druida pode prometer a uma deidade não comer
determinado alimento até que consiga algo que almeja. Ou ainda, ao conseguir algo,
o druida pode prometer jamais comer determinado alimento. As geasa (plural de
geis) não são relacionadas apenas a alimentos, mas a hábitos ou atos determinados.
Funcionam, assim, de forma parecida com as populares promessas que os cristãos
fazem a seus santos. Imposta como maldição ou dom, a geis quebrada pode
ocasionar desgraça e morte, já se for obedecida, é certeza de sucesso pessoal. Aqui
também podemos mencionar as oferendas votivas, que são feitas de forma
ritualística a determinada deidade com a qual se pretende selar um pacto.

Andréa Guimarães

http://www.druidismo.com.br/index/Druidismo/Entries/2010/9/12_magia_druidica.html 2/2

Você também pode gostar