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DE 25 DE JULHO DE 1948,
EM HOMENAGEM AOS FUNDADORES DA FACULDADE
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O título ele doutor era dado mediante Com o advento da República, onde mui-
defesa de tese. Em 28 de abril de 1854 nova tos de seus eminentes propagandistas eram
reforma pelo Ministro elo Império, Luiz Pe- extremados partidários desta doutrina não foi
dreira do Couto Ferraz, Barão do Bom Re- cstranhável que ressurgissem com ~ais im-
tiro, traz vantajosa modificação, determinando petuosidade . as. lutas pela implantação, nas
a instalação de laboratórios, gabinetes, ma- novas constttwções, dos princípios que tão
ternidade, anfiteatro e dando a administração calorosamente defendiam.
da escola, ao Diretor e a Congregação ele No decurso do VI ano da República ope-
Lentes. rou-se a criação da Escola Livre de Farmácia
Em 19 de abril de 1879, volta o Govêrno de Pôrto Alegre c a do curso de Partos e dois
pelo decreto n. 7247, a reformar o ensino. O anos mais tarde a da Faculdade de M~dicina.
gabinete, então do Partido Liberal, presidclio
por Sinimbu, tinha na pasta do Império, a A transformação política que se dera no
cujo cargo estavam os negócios da instrução, País a despeito das lutas internas a que não
o prof. Carlos Leôncio de Carvalho. No seu escapou o Rio Grande do Sul, os novos pro-
artigo 1. 0 é declarado livre o ensino primário gramas constitucionais do Estado e da Re-
c secundário na Côrte, c o superior em todo pública, estabelecidos por uma predominante
o Império, salvo a inspeção necessária para elite cultural que, sem dúvida, fôra formada
garantir as condições da moralidade c higiene. no Império, graças ao forte prestígio dado por
Além disto é permitida a associação de parti- D. Pedro II às letras c às ciências, e talvez,
culares para a fundacão de cursos onde se en- em relação ao nosso Estado, também uma ati-
sinassem as matéria~ de qualquer curso ofi- tude reacional contra a interpretação dada a
Cial de ensino superior, comprometendo-se o alguns dos dispositivos constitucionais que de-
c;ovêrno a não intervir na organização. As finiam liberdade profissional e liberdade de
instituiçôcs déstc gênero, acrcs~entava o de- ensino, tiveram o mérito indiscutível de con-
creto, com funcionamento regular durante se- gregar o espírito sadio e construtor de homens
te anos consecutivos, tendo dado o grau aca- do Rio Grande para a fundação de suas es-
dêmico a pelo menos quarenta alunos, pode- colas superiores.
rão obter do Covêrno o título de Faculdades Alfredo Leal em seu relatório sôbre a es-
Livres com todos os privilégio~; e garantias de cola ele Farmácia lido em 25 de julho de 1898,
que gozam as faculdades ou escolas oficiais. dizia ter julgado necessário dar matrículas
i\ concessão ficaria dependendo de autoriza- gratuitas porque facilitava aos estudantes po-
ção do Poder Legislativo. Vflrios regulamen- bres o ensino de uma profissão modesta mas
tos, avisos c instruçiics daí por diante deter- honrada, opondo assim um obstáculo à liber-
minaram diversas nwdificaç<ies sem maior im- dade profissional.
port~ncia c em 2S de outubro de IRR4, foram
A liberdade de ensino já havia sido es-.
reorganizadas as Faculdades de Medicina do tabclecida pela reforma de Leôncio ele Carva-
rrn pé rio, por nova lei claborad a segundo pla- lho, dez anos antes da República, mas lá es-
no da autoria do Visconde de Sabóia, eminen- tava estipulado que uma fiscalização se im-
te professor do Rio de Janeiro. que já fôra co- punha para manter as condições de morali-
laborador da reforma I .eúncio de Carvalho. dade c higiene.
Assim em 77 anos do l mpério realiza-
ram-se cinco principais reformas de ensino Assim, sob os auspícios de leis qut: re-
no Brasil, não levando a conta, decretos, por- vigoravam, na parte do ensino, disposiçôes her-
farias c avisos que também freqüentemente dadas do Império, a Sociedade "União Far-
vinham alterar disposiç<->es expressa,. macêutica" fundada em Pôrto Alegre cinco
Quando surgiu a República estava em anos após a proclamação da República, para
vigor a reforma Sabóia. Nos últimos anos <ratar ele todos os 1nterêsscs profissionais, co-
do Império, desde a aprcscntaç:io da reforma mcrcJats c científicos da classe farmacêutica
de IR7<J, muito se falara em liberdade de en- inscrevia ainda entre os seus fins a fundaçã;
sino, e os inexcedíveis pareceres de Ruy Bar- de um curso livre de Farmácia, com progra-
hosa, apresentados it Comissão da Instrução ma de ensmo moderno c de acôrdo com as
Pública da C:'tmara em IRR2, assinalam exu- necessidades atuais da profissão, ou fazer pro-
berantemente quanto pretendiam influir na paganda na imprensa e JUnto aos poderes pú-
organização do cnsmo do Brasil os adeptos blicos para o estabelecimento de um cnrso su-
da doutrina positivista. perior de Farmácia nesta Capital, ouvindo
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para êste fim uma comissão ele profissionais, de abril, são aprovados os Estatutos da nova
quanto às matérias dêsse curso. Além disto, Escola Livre de Farmácia e Química lnd us-
pleiteava a Sociedade, ingresso de profissio- trial, subscritos por Alfredo Leal, diretor, e
nais farmacêuticos na Inspewria de Higiene Francisco de Carvalho Freitas, secretário.
do Estado, em organização, com o direito de Os cursos ele F arrnácia c Química Indus-
voto sôbre assunto de sua profissão. trial são realizados em três séries a saber:
Faziam parte da Sociedade os farmacêu- Curso de Farmácia - l.a série: Física Ex-
ticos Alfredo Leal, Arlindo Caminha, F ran- perimental e Química Mineral c princípios de
cisco de Carvalho Freitas, João Daudt F.'\ Mineralogia; z.a série - Botânica c Zoologia,
Olímpio Guimarães, Manoel da Silva Pereira, Química Biológica e Microscopia e Química
Christiano Fischer, João Landell Moura, Ed- Orgânica; 3.<L série: Matéria Médica e Te-
mundo Landell ele Moura, e Francisco Rocha. rapêutica, Química Analítica c Toxicológica
Em 16 de setembro de 1894, foi instalada c Farmácia Teórica c Prática. O curso de
em Pôrto Alegre a Sociedade "União Farma- Química Industrial também em 3 séries tem
cêutica" cuja primeira diretoria ficou cons- as seguintes di·sciplinas: 1.a série: Física Ex-
tituída· por A. Valença Appel (presidente), perimental e Química Mineral e princípios
João Batista Ervedoza (vice-presidente), Ar- de Mineralogia; z.a
série: Botânica e Zoologia,
lindo Caminha e Alfredo Leal (secretário), Química Orgânica e Mineralogia; 3.a série:
João Daudt FY (tesoureiro) e Alfredo Cal- Química Analítica, Química Agrícola e Quí-
bano (diretor da revista). mica Industrial.
Êste grupo de farmacêuticos, ciente e cons- Estipulam os Estatutos o preenchimento
ciente da falta de profissionais habilitados pa- elas cátedras vagas por concurso de provas a
ra o exercício da profissão, empenhava-se pela saber: urna prova escrita, uma prova prática
fundação de uma nova escola de farmácia, a c urna prelc<,·;:io oral de improviso e urna prova
primeira que no Brasil devia ser instalada, oral, seguida de argüição. Os lugares ele subs-
quando apenas existiam os cursos anexos nas titutos e preparadores, também serão providos
Faculdades de Medicina da Baía c do Rio de por concurso. No regime escolar é estabele-
Janeiro. cida a freqüência obrigatória nos exercícios
prúticos perdendo o ano o aluno que der lO
Mais ou menos na mesma época- outro
faltas não abonadas ou 40 justificadas. O
grupo, êste de médicos, - verificando cotidia-
aproveitamento dos alunos é verificado em
namente os prejuízos decorrentes da falta de
cada disciplina por exames constantes de pro-
profissionais habilitados rara o exercício da
va escrita, oral c pr(!tica.
enfermagem obstétrica, corno testemunhas
oculares que eram dos prejuízos inúmeros, a Progride a Escola de Fann(lcia c em 15
que também não escapavam mesmo os de mui- de fevereiro de IR97, especialmente convidada
tas vidas destruídas, como resultado único do rara urna sessão de Congregação, a Sociedade
atraso em que se encontravam, as comadres "União Farmacêutica", representada pelo sr.
ou aparadeiras, com o auxílio do Hospital da Arlindo Caminha que se congratula com a
Santa Casa de \Iiscricflrdia, logo posta a dis- Congregação pela realidade da Escola recém-
posição por seu ilustre provedor Ccl. Antonio fundada, d<:clara-a emancipada em nome da
Soares de Barcelos, resolve fundar um Curso Sociedade, c convida o diretor a receber elo
de Partos; Protásio Alves, Dioclécio Pereira, tesoureiro da União o saldo ela Escola. Nes-
Sebastião Leão e Carlos Nabuco tornam c le- te mesmo dia o diretor, ao declarar instalados
vam avante a iniciativa. os trabalhos da Escola, faz c ,·logio da Socie-
A Sociedade "União Farmacêutica" não dade "L1nião Farmacêutica'', narra as provi-
descura de sua idéia e a procura de casa para dDncias preliminares, inclusive o pedido feito
insta lar a Escola recebe a com uni cação, em para a Europa de aparelhos que já se encon-
17 de fevereiro de IR95, do Sr. Dr. Inspetor tram nos respectivos laboratórios, e faz urn
da Instrução Pública de que pode dispor de apêlo de honra a seus colegas presentes c au-
algumas salas do edifício da Escola Normal sentes para que aquêles que não puderem ou
(hoje Repartição Central de Polícia), para não quiserem desempenhar as suas funçi">cs
nelas instalar a Escola de Farm(IC"ia. como lentes façam pronta declaração.
Em 1R96, após ouvido o presidente do Apesar da carta de alforria que concedera
Estado, Dr. Júlio de Castilhos, no dia 2R à Escola, a Sociedade não se desinteressa dela
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teve nos primórdios da organização desta Fa- ção d~ um curso de Odontologia, oferecendo
culdade. seus préstimos.
Quando de seu falecimento, em 1903, No- Resolvida a fun(Ltção, não s/> Ricdcl mas
gueira Flôres propõe à Congregação um voto também os cirurgiões dentistas Frutuoso Fon-
de pesar como homenagem àq ucle emérito es- toura Trindade c José Paranhos, com grande
tadista. Nesta ocasião Carvalho Freitas, ma- dedicação contribuíram para dcsenvolvimellto
nifestando sua solidariedade declara, que o dêstc curso.
faz, como um dos fundadores da Escola de
Os Estatutos vêm a ser aprovados em ata
Farmácia porque foi testemunha ocular dos
~ubscrita pelos Profcssôrcs: Prot[tsio Alves,
importalltes serviços prestados pelo extinto
diretor, Francisco de Carvalho Freitas, secre-
em prol da primeira Escola Livre do Rio
tário, Eduardo Sarmento Leite da Fonseca,
Grande do Sul, quiç[t, elo Brasil inteiro. Além
Diogo Martins Ferraz, /\rthur Franco de Sou-
dos esforços e abnegaçào empregados pelos
za, João Dias Campos, José Virgínio Martins,
fundadores, Alfredo Leal, Christiano Fischer
Tristão Tôrrcs, Scrapião :\!Iariante, Manoel
e outros, é incontestável que se não fôsse a
Gonçalves Carneiro, Olímpio Olinto de Oli-
profícua cooperação moral e material de Júlio
veira, Francisco Freire de Figueiredo, Ricardo
de Castilhos, já cedendo parte do edifício da
Pcrci r a i\1[ acha do, todos do Curso de Medicina,
Escola Normal, livre de ônus, para o funcio-
Arlindo Caminha, Manoel da Silva Pereira
namento da Escola, j[t pondo a disposição o
c Alfredo Leal, do curso de Farmá,·ia.
seu laboratóno de Química e o gabinete de
Física, etc., já mandando entregar a verba Os nomes ilustre~; que acabo de ler estão
de vinte contos de réis com o fim da Escola a despertar naqueles que há viu·ios anos aqui
criar um laboratório de análises, i1 disposição mourcjam a lcmbran<.;a viva c inapagável da
do Estado, quando poderia tê-la negado, as atividade construtiva de cada um, do esfôrço
concliçôes atuais não existiriam. Declara ain- que dcspcndcram para conquistar palmo a
da que, acentuando os inestimáveis serviços palmo o terreno ainda agreste pelo incompre-
prestados por Júlio de Castilhos, ni"to o faz por ensão, má vontade c descn·n<.;a de muitos.
lisonja, pois foi seu advers[u·io político, mas Todos souberam manter em suas c[ttcdras o
não pode deixar de pôr em evidência a in- elevado sentido de dignidade que o ensino su-
fluência benéfica que êle sempre dispensou ao perior requer, nunca deixaram de compreen-
progresso intelectual do Rio (;rande elo Sul. der a elevada função do magist!·rio.
Protásio Alves ao escrever o relat<'>rio, apre- Em Li de man;o de ]S()9, foram inaugu-
sentado em 1905, refere-se a Júlio de Castilhos, rados oficialmente os cursos da Faculdade.
nos seguintes têrrnos: ".f úlio de Castilhos que Fstallt'kcia o htat11to de IS()(): "]f[t na
foi incontcstitvelmcntc a alma do Rio c;randc, ].'acuidade cinco c11rsos: o de Mcdicin~l, em
desde a proclamação da República, que h;t- 7 séries; o de Fann[tcia, em 3; o de Odontolo-
fejou a todos os seus melhoramentos matc- gia, em 2: o de Partos, <'lll 2: c o de Uuímica
ri~is, foi o anjo tutelar que sf>hrc a Faculda- Industrial, em 3 st'-r·ics".
de pairou. f:lc acompanhava a sua evoluç:io 1:: interessante assinalar quc, ao fazr·rcm
pari-pas.ru, interessava-se até p('la freqüi:·ncia r' currículo dos cursos, os fiindadorcs, no de
diária das aulas, que conhecia minuciosamen- .\lcdicina, j[t in:,r·n·\-iam <.·omo c[ttcdras, Uuí-
te, e quando qualquer dificuldade surgia, o nlica Biol<'>gica, Patologia (;,Tal, Clínica Psi-
seu auxílio não se fazia esperar. Eu não po- quiittric:t, quando sú mllil'f>' anos ;tpús, .as
deria deixar de aqui arquivar o tributo de dtJas primeiras vieram a ser incluídas nas fa-
veneracão it sua mcm/m a t:lO rnt-rccidarnen te culdadvs fcdcr:tis c a última pfH!v ser lecionada
conqui~tada''. corno cadeira autfmorna indqwndcntc de Clí-
O resto elo ano de lk9S passa-se em inten- nica Nutrol<'>gica. Do llll'Sillo modo o curso
so trabalho de or,ganização, s:to discutidos os de \l,·dicina era feito l'nl set<· anos, Sl'JHlo a
Estatutos c siín elaborados os programas para (dtima stri~: destin:t(h l'Xclusiv;uncnte ao cn-
os cursos que vão ser iniciados no período le- ,ino de clínicas.
tivo de !S99. O corpo docente na constintído pelos pro-
Logo que foi conhecida a notícia da fun- f,:ssfm·s c:ttcdr[ttil'O<.;, li profcssfm:s suhslitlt-
dacão da Faculdade de :V[cdicina, o cirurgião H>s <.' li pn·p;tradon·<;. !\ ( "ongrvga~<io coJn-
de,;tista Henrique Ricdcl em carta, lida t·m pw,ta dos catvdr[tticos <.' sttbstitlllos cn1 exer-
reunião de Congregação de 30 de setembro cÍcio tom:1va tf>das as medidas ;1 ht'lll do
de 1S9S, sugere a idéia, logo aceita, da cria- ensino 1: ela adm in ist ra<.;~o cl a ht~·llldadc.
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Os cargos ele catedráticos c substitutos eram los Penafiel, Luiz José Guedes, Mário de Cas-
vitalícios. Os concursos eram feitos para subs- tro Pinheiro Bitencourt, Amaro Lisboa de
titutos e constavam ele teses e dissertação, Souza, Está cio J. Pacheco e Ursolina L. Tôr-
prova escrita, preleção c prova prática. Os res, c Lauro Rafael de Azambuja, Thomaz
cargos ele preparadores e auxiliares de ensino Cirne Co !lares, Júlio C. N. de Souza, Fábio
eram preenchidos por concursos que consta- N. Barros, Catarino Azambuja e Umbelino
vam ele prova escrita, prova oral com argüi- C. de Barros.
ção e prova prática. Como eram idênticas as disciplinas do
Os alunos aprovados em tôdas as disci- primeiro ano do curso médico c do curso de
plinas do curso Médico eram obrigados à de- farmácia, alunos dêste último requereram ma-
fesa de tese, a fim de poderem colar grau. trícula no 2. 0 de medicina. Eram os srs.
Para matrícula no curso Médico eram exigi- Eduardo ]. Moura F.O, Eugênio J. F. Batista,
dos os seguintes preparatórios: Português, José Luiz Ferreira, Antonio Correia de Mello e
Francês, Inglês ou Alemão, Latim, História, João Lanclell de Moura.
~e?grafia, Aritmética e Álgebra, Geometria c Lecionaram as disciplinas da 1.a sene
l ngonomctria, Física, Química c História médica: Diogo Ferraz, substituído em seu
Natural. impedimento por João Dias Campos (Física),
No curso de Farmácia ou no de Químic;1 José Virgínio Martins (Química Mineral e
Industrial, eram dispensados Latim, Inglês princípios de Mineralogia), e Manoel ela Sil-
va Pereira (Botânica e Zoologia).
ou Alemão c J listória.
A segunda série foi lecionada por Chris-
No curso de Odontologia ou no de Par- tiano Fischer (Química Orgânica), Manoel
tos: Português, Francês ou Inglês, Alemão ou Conçal ves Carneiro (Bacteriologia), Eduardo
ltaliano, Aritmética até propurçi">cs inclusive, Sarmento Leite da Fonseca (Anatomia Des-
Geometria plana, c elementos de Física e Quí- critiva), e Ricardo Pereira Machado (His-
mica. Contou a Faculdade desde seu inicie
tologi a).
com o auxílio imprescindível da Santa Casa Ao fim do ano letivo, dos treze alunos da
de Misericórdia de Pôrto Alegre, que pôs Slla~ primeira série, estavam habilitados à matrícu-
enfermarias à disposição do ensino. I\cst( la na 2.'1 série, sete alunos. Em 19 de setem-
momento também devemos prestar nossa ho- bro de lf\<)9 requereu a Faculdade ao Exmo.
menagem aos dirigentes de então daquela ins- Sr. :VT inistro do Interior, o seu reconhecimen-
tituição de caridade que hem souberam com- to, tendo sido nomeado em data de Ih de
preender o elevado valor da grandiosa ini- outubro o primeiro fiscal, o Dr. Balduino Atha-
Ciativa. násio do Nascimcnt'>, que logo realizou sua
Estabeleceram í':lcs um inwt:'tvr:l c exce- primeira visita. . .
lente padrão das nossas mútuas r<"laÇ(->es. Enviado ao Sr. Mm1stro, o relatório do
Desde atpiCla {·poca ati: hoje, só temos a fiscal, em data de 9 de dezembro do mesmo
louvar os seus sucessores e colaboradores, peb ano, S. Excia. comunica por ofício n. 1512
hem compreendida coopt•r:l~·ão l'lll prol dm que n~o pode reconhecer a Faculdade por di-
nossos comuns inter(:sses. vergirem os seus programas dos das Farul-
Sem qualqucr contrato, a não ser a com- cladcs cong&neres da República.
preensão de dcvl:res c necessidades de cada Ciente a Congregação dêste despacho, foi
um, as administraç(->Cs da Santa Casa c da unanimemente resolvido não ser feita alteração
Faculdade têm marchado irmanadas nest( no programa. Segundo a discussão havida,
meio-século de existénci;J. verifica-se que era opinião da maioria ser a
Da mesma forma desde o comf:ço contou diferença do programa, de menos importân-
a Faculdade com a eolahora~·ão dos rccmsos cia, havendo maior embaraço em relação às
do Hospital São Pedro, que com o mesmo divergências entre os Estatutos da Faculda-
espírito, vem, através do tempo, dando a esta de c a lei do ensino. Procurava-se manter os
Casa a sua inteira cooperação, pelo que neste Estatutos. Assim esta sessão é concluída com
dia a tfHlas as suas administraç(ws rendemos a proposta de que deviam ser mantidos Es-
!J nosso preito de homenagem. tatutos c programa, devendo a Congregação
Durante o ano de IWYJ cstêvc em fun- dirigir-se ao Poder Legislativo por meio de
cionamento o primeiro ano d~· med!cina com circunstanciado memorial que deveria ser apre-
S!:tc alunos matriculados c sc1s ouv1ntcs, que sentado ao Congresso pelos representantes do
foram: Pedro i\lcxandrino Borba, :\ntêmio Car- Rio (rrande do Sul.
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que a princrpw méro sonho, já agora calando vão sendo nos contadas belas histórias de
fundo no espírito de outros abnegados que se idealismo, lindas páginas de amor ao traba-
juntavam aos primeiros, tomava vulto, 1a en- lho. Incessante e exaustivo trabalho, em mo-
grandecendo; mentos os mais difíeeis da vida da nossa Es-
Assim que u 15 de março de lHiJY, a Fa- cola, e sem outra qualquer remuneração que
culdade Livre de Medicina e Farmácia de não fôsse aquêle que lhe dava o próprio pra-
Pôrto Alegre, tendo a frente as figuras emi- zer de vê-la erguida.
nentes de Protúsio Alvc>', Alfredo Leal e Car- Sarmento Leite deixou-nos lições que
valho Freitas, respectivamente como Diretor, jamais esqueceremos; histórias que jamais
Vice-Diretor c Secretúrio, abria pela primeira nos hão de sair da mente, êsses feitos desinte-
vez as suas portas a um punhado de sequio- ressados e cheios de brio, hão de guiar os nos-
sos em busca da ciência e da arte de Hipó- sos passos nos caminhos incertos da futura car-
crate'<. rcll'a.
Da me'ima Ciência e da mesma arte que E a mocidade desta casa, reunida sob a
tornaram imortais Pastcur, Oswaldo Cruz, Car- égide tutelar de Sarmento Leite, hoje como
los Chagas, um Bernardo Houssay, que nos ontem e como amanhã hú de ser, também, van-
honra com sua presença c tantos outros; e guardeira em memoráveis campanhas, nobres
que iria crn no~so prúprio meio consaf'rar à c dignificantes, neste dia de cinqücntcnário da
admi rar;ão e ú vencnH.;ão do Bras i L para or- nossa Escola, consagrado aos que tudo por ela
gulho e gúurlio do Hio Crandc, nomes como fizeram, vibre de sadio cntusia~mo, como vi-
os de Protú~io Aln~s, Harr.•iro Barcellos, An- bram conosco os prezados professôrcs que aqui
nes Dias e um Sarmento Leite, para não ci- labutam c como havia de vibrar nos arroubos
tar outro~ tanto~, Sr;;. do seu entusiasmo, se estivesse entre nós, aquê-
As <!tdas, dizia o ~audoso ProL "v1ú- lc que hoje é o patrono do nosso Centro Aca-
rio Totta que fP.z parte da primeira turma dêmieo: SarmPnto Leite. Aquêle que junto
formada pela noosa Faculdade, ~- começa- com as lições de Medicina, dava aos estudan-
ram como começam nas criaturas os primei- tes tiío soberbas aulas do mais puro idealismo,
ros passm', tímirks c hesitante~, cai aqui le- do mais cão coleguismo, do verdadeiro espí-
vanta acolú. V em pouco iniciou-se a corrida rito Universitário.
porfiada e ofegante entre mestres e ai unos .a E nós, estudantes desta Faculdade, que
disputarem em trabalho extremo o maior qUI- tanto devemos à Sarmento Leite, curvamo-nos
nhão no aci'·rto do t~n~i na r c tiO garbo do hoje numa reverfncia à sua mem6ria.
a'•Tnder. "0..; homens pas~am c as instituições ficam",
E a.''srn,, corno em tDda a marcha evo- disse êle um dia, c P.stc pensamento foi a norma
lutiva. camir,hando para um progrc~~o, a de sua vida. Contemplemos a helcza desta fra-
tiW•sa Far~ui.:adr• foi panlalit~anlf'!lle tornatl- ""· n<'•" diríamo~ hoje, olhando para a insti-
do-st~ maior: t~ hoje r•l:r sr~ ergue, ~untuúria tui(;ão qtw permaneceu depois do homem que
corno um vr~rdarkiro tr'tllplo. imponente c pa~sou: Sim, as instituições ficam, ficam para
majesto.'<a, I'II!IIJHindo a sa:!rada missão que contar ils gerarJíe,; posteriores, da ;<ranrleza,
lhe r'~ confiada. da dcvar;iio c do de.sprendimento daquele~ que
E no f'II)!I'<IIHir•r·illll'tll<> da nos~•a !·:,,cola, pa~·,aram.
rt•flll!!r~ nt'ssa fasr· d(' "!i" 1 ida. que foi a r:Olt· F a rwssa Faculdadr~, ar:ui c,.;tú hoje im-
">lid:wiío na nr:rrdra r·1olllli1a. a fi)!ttra Íril- p(n·ida. l"'rpclu<IIJrlo na sua ''lliltutJsidade mag-
par d;·~ l>atalhador ittl'arts:·, •. ,.J. dt~ lrtiador in- ,!!llífir·a a nwmr"nia do:; que a fundaram e da-
fatigúvel. dí•.-;tr· 'I"'' foi um r·stt•Íu de pro- quele> qrre 1 indo-; dt·pois, ú ela tr'·m dedicado
grr·.sso tiO pu.,sado c 'JIW ,·. 11111 c.xr·rnplo t: ."'" o,; seu-; rncllwres t·sfun;us no ;wntido de seu
síndJOio pan: ti,·,, no Jll"""''t": l<duarrlo Sar- Cll)!r;urdecimcnlo att'· os !lo~sos dias.
IIH'tlto l ,t'ik da Fotl:'f'!'a ~ A ,~,.;te~ a nossa homenagem.
\,·" lrHios t·,.;tllrlatllt',.;. quando tran~pu A ún o!T foi r· rescendo '·' cLe!wu até nos
st•mo' pr~la primeira 1cz o~ lllllhrai.o a11~tcro~ tal como ela ,-~ lwje.
d('~la 'jlll'rida hwrtldark lo;~u divi:"atllo~; ai! .\Ja;; scnhorc.-i, a tan·fa a!nda não está con-
'
ao ctrnr> rIaq11e Ia IIJ<tl'lllflll
· ·",t r·'
· r··trl·tt"l'l
' ' •' o ht 1·' · cluída. Dia 1 irú com cerit·l.a, lllllf! futuro que
lo lr•nr·utnrl'> dr~ Sar!lll'lllo IPit<·. p raza <H I" ( :r'·11s 11ão r•,-tej a rlislalllf'. ~·m que
I. '· ,,,.,,rê·.;as ollwnrlo para a 110''-'a Faculdade ha1emos de
(}-; prinwiro~ <tas. ,. 1teto.'
· I
r"
1·(·-la mais impo11entP ainda. Hmemo2 de vê-
e de Prwantamenlo", 1iío pa~•sando. c então,
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Ja altiva e orgulhosa de um magnífico Hospi- Sempre que nas nossas realizações de estudan-
tal de Clínicas, soberba e satisfeita com o mo- tes, sempre que nos nossos empreendimentos
delar lnstituto de Tisiologia. universitítrios, podemos contar com o apoio ou
Essas como outras aspirações, justa,; as- a colaboraçiío de nossos professôres, é com o
pirações de estudantes e professôres; reivin- maior júbilo e prazer que os recebemos entre
dicações lídimas como outras tantas que vi- nos.
rão beneficiar o ensino e a Ciência do nosso A nossa saudação, pois, para vós Senhor
meio, havemos de vê-las um dia tornadas rea- Diretor e Senhores Profcssôres, mestres de ho-
lidades. je, neste dia de festa.
Salta-nos neste instante à mente aque- Hoje comemoramos o primeiro cinqüen-
la passagem bíblica dos Israelitas a reconstruí- tenário da Faculdade de Medicina de Pôrto
rem o Templo de Jerusalém. -- Cada operú- Alegre.
rio, diz a Escritura, com uma das mãos fazia F' decorrido meio-século, desde que aquê-
a obra, e com a outra empunhava o glúdio, le pugilo de idealistas, verdadeiros paladinos
pois lá havia samaritanos que embora confes- de uma brilhante causa, apunham a sua assi-
sando a crença em Deus, procuravam por lo- natura à ata de fundação de nossa Escola. E'
dos os modos obstar que se levantassem as pa- decorrido meio-século, todo êle vivido de pú-
redes do Templo. E nôs um dia havemos de ginas brilhantes.
nos lembrar e será sem saudade::, que no er- E é pleno de um passado de lutas e de
guirnento dé tais Templos destinados à Ciên- >!lonas que t'-ste cenáculo da Ciência se enche
cia e à caridade Cristã, também houve Sama- de gala ao memorar esta data histórica: 25 de
ritanos entre os que construíram a Obra. julho.
Senhor Diretor. senhores professôres. Disse urna vez o nos~o grande Hui Bar-
F:' para vós que, neste instante, os estu- bosa: "Homens existem que plantam pés de
dantes dirigem a sua palavra. E' também urna couve para o prato de amanhã, e nisto se re-
palavra simples e desprovida de brilhantismo, sume sua vida; outros, contranamente, se-
mas cheia de sinceridade. Os nossos reconhe- meiam carvalhos para o abrigo futuro".
cimentos por tudo quanto f azeis pela nossa E' sobretudo para os plantadores de car-
Faculdade que também é vossa, e pelo nosso valhos como êste, para êsses que no passado
aprimoramento intelectual. semearam esta árvore frondosa a cuja sombra
Desde os dias incertos de sua fundação, acolhedora c amiga nÓ;;; vimos procurar o pão
os mestres desta Escola têm-na feito sempre do saber, que nôs rendemo;;; hoje a nossa ho-
maior. Sob a profícua e eficiente direção do menagem, num preito de louvor da geração
profe~sor Guerra Hlessmann, segue ela hoje na moça que por aqui passa no momento presente
o;enda que o futuro lhe delineou. r que não esquece, c, que não poderia esque-
F:' sobretudo espelhado nos vossos exem- eer, os que tudo fizeram no passado pela nossa
plos, que nós forjamos a nos~a mentalidade. querida Faculdadf:.
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Palavras pronunciadas pelo Vereador Dr. Tasso Vieira de
Faria, em nome da Câmara Municipal de Pórlo Alegre
Deseja ü Podr~r Legislativo Municipal tra- cina de Pôrto Alegre cresceu e se agigantou no
zer sua palavra gratulatúria na feliz efemé- conceito e no valor de seus homens.
ride que assinala o 50.Q aniversário de funda- Professôres ilustres nesta Casa deixaram
r;ão desta valorosa e honrada Faculdade. o traço indelével de sua passagem luminosa.
J\ão poderia a Câmara dos Vereadores, Alunos de ontem, profissionais de hoje, mes-
corno órgão de projeção pública c social, dei- tres de amanhã, todos êles amam esta Casa
xar passar tão significativa ocorrência, sem porque nela reconhecem haver recebido os co~
associar-se, de maneira oficial, aos festejos ge- nhecimentos básicos da sublime arte de curar.
rais, que não ~<Í vivem na alegria coletiva, mas, . . Como filhos queridos, eternamente agra-
fundamentalmente, 110 espírito e nos corações decidos pelo bem recebido, todos que por aqui
de cada um de nós. passaram ou que ainda têm a ventura suprema
Assim fundamente convosco integralizado, de viver, olham para sua Faculdade, com amor
o Poder Legislativo Municipal, numa transpo- extremado e dedicação profunda.
sição espiritual, rcrnerrwrativa dos tempos já Os Mestres que ora militam nas diversas
andados e vividos por esta nobre Faculdade, cátedras, honrados e fiéis continuadores de
através dr~ :;eus profissionais ilustres, inesque- seus mui nobres antepassados, continuam na
cíveis, acompanha o desfile daqueles que com mesma senda por êstes traçada, no sentido su-
seu saher, sua cultura, sua experiência e sua perior do maior progresso e da mais franca
atividade, ajudaram a r:onstruir êste cenáculo valorização.
hipocr(ttico, mantendo-o. permeio t<Jda sorte Dedicados ao ensino, integralizados em
de dificuldades e avatarcs, numa posição de 5ua obra de permanente construtividade, pos-
proeminência e destaque iniludíveis, perante sam êles, como tão hem ainda na sessão magna
a realidade cultural e científica do País. de ontem expressou no5so eminente prof.
Da,; fileiras benditas de;,ta Casa de Ciên- HOUSSAY, plasmar os caracteres de nossa ju-
cia, durante cinqüenta anos, têm egressado, ventude, dentro de um critério elevado e justo.
ininterruptamente, legiões de apr'1stolos do Bem O Poder Legislativo Municipal em boa
e da Caridade, para maior orgulho de seus hora vem reconhecendo a alta expressão do
conr:idarlãos f' maior lwrwfício da humanidade. rnérlieo, como fator evidente da coletividade.
A legifto luzidia de profissionais que esta situando-o naquele justo c merecido lugar qu~
Faculdade soube formar, durante f.ste meio- êle deve ter, dentro da organização social.
sf.culo de :-ilia fec1mda existi'·nc:ia, distribuída Que e~ ta Faculdade cresça e prospere;
em todos quadrant!'s dt: nosso amado Estado, que forme profi~sionais idôneos e capazes; que
p!'!a projr•<;ií•, nacional e e;;trangeira de seu continue aju~tando o caráter de nossa juven-
salwr. Prn m11ito IPrtl dignificado os Mestres tude; que faça, como até aqui o tem efetivado,
inolvidúvPis rpw a plasrno11. grandes, bons e competentes Mestres; que sua
l<stril•<tda nos pilan•.s imortais da ciência Direção suprema cada vez melhor seu:; atos
I' da arl<· rn!·dica qrw llli'()CHATES fundou e administrativos! São os sinceros e profundos
a postPrirlad<· r•xal<;ou. a Faculdad1: de Medi- votos da Câmara Municipal de PDrto Alegre.
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