Métodos Numéricos

e Estatística

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Francisco Miranda – Sílvia Martins
 Introdução

Neste capítulo, abordaremos processos de obtenção de valores

aproximados do integral de uma função (integrável) no intervalo [a,b],
ou seja, formas de calcular aproximações de

I ( f , [a, b ]) = ò f (x )dx.
b

A necessidade de se recorrer a métodos numéricos para calcular

I(f,[a,b]), provém normalmente de uma das seguintes situações:

• A expressão analítica de f não é conhecida – é o que acontece quando

esta função é dada por tabelas ou obtida por medições de grandezas
físicas;
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 Introdução

• A expressão analítica de f é dada, mas a primitiva desta função

Ø não é conhecida e, portanto, a forma usual de determinação do

integral não é viável, ou
Ø é demasiado complexa e, portanto, a forma usual de determinação
do integral não se revela económica.

A ideia base da integração numérica é a aproximação

I ( f , [a, b ]) = ò f (x )dx » ò g (x )dx,

b b

a a

em que g é uma função que “aproxima” f, num certo sentido, e cuja

primitiva seja fácil de calcular.
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 Introdução

Este objectivo é conseguido recorrendo, por exemplo, a polinómios

interpoladores de f. Assim, seja pn o polinómio interpolador de grau ≤ n
da função f nos pontos a = x0 < x1 <…<xn = b.

É razoável esperar que o valor

I ( pn , [a, b ])

seja, sob certas condições, um valor aproximado de I[f,[a,b]).

Nomeadamente, o erro cometido neste processo é

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 Introdução

Etr ( f , [a, b ]) = I ( f , [a, b ]) - I ( pn , [a, b ])

= I ( f - pn , [a, b ])

em que a última passagem se justifica pela linearidade do operador de

integração. Como vemos, o erro depende da maior ou menor
aproximação do polinómio pn a f e adiante veremos majorantes desta
importante grandeza, assim como, fórmulas de cálculo de estimativas
do integral conhecidas por fórmulas de Newton-Cotes.

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 Fórmulas de Newton-Cotes

Vamos deduzir alguns casos particulares de regras de integração,

correspondentes a diferentes escolhas de polinómios interpoladores.

Regras dos retângulos

Comecemos pelo caso mais simples, o do polinómio de grau n = 0 que
interpola a função f no ponto x0. Então,

p0 ( x ) = f ( x0 )
e, portanto,

I ( f , [a, b ]) » I ( p0 , [a, b ]) = ò f (x )dx = (b - a ) f (x ).

b
0 0
a
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 Fórmulas de Newton-Cotes
O valor exato do integral foi deste modo substituído pelo valor da área
de um retângulo de lado b – a e altura f(x0), Por este motivo estas
fórmulas de integração são conhecidas por regras do retângulo. Se
fizermos coincidir x0 com o extremo esquerdo do intervalo, isto é, x0 =
a, obtemos a regra do retângulo à esquerda:

I ( f , [a, b]) » (b - a ) f (a ).
Exemplo: (Exercício 3.1 (a - i)) Suponhamos que pretendemos calcular
um valor aproximado para

ò1 (2 + sin (2 x ))dx,
6

utilizando a regra do retângulo à esquerda. Obtemos

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 Fórmulas de Newton-Cotes

( ( ))
I ( f , [1,6]) » (6 - 1) f (1) = 5 ´ 2 + sin 2 1 » 14.546487

Graficamente, temos

p0 ( x ) = f (1)

I ( p0 , [1,6])

( )
f ( x ) = 2 + sin 2 x

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 Fórmulas de Newton-Cotes

Erro de truncatura - regra do retângulo à esquerda

Etr ( f , [a, b]) £

(b - a )2
majr f ' ( x ) xÎ[a ,b ]
2
Exemplo: (Exercício 3.1 (b - i)) Calculemos o erro de integração
(truncatura) da aproximação obtida utilizando a regra do
retângulo à esquerda:

Etr ( f , [1,6]) £
(6 - 1)
2
majr f ' ( x ) xÎ[1,6] =
52
majr
cos 2 x ( )
2 2 x xÎ[1,6 ]
= 12.5 ´ 0.68 = 8.5
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 Fórmulas de Newton-Cotes

Se tomarmos x0 = b, teremos naturalmente a regra do retângulo à

direita:

I ( f , [a, b]) » (b - a ) f (b ).

Exemplo: (Exercício 3.1 (a - ii)) Suponhamos que pretendemos

calcular um valor aproximado para

ò1 (2 + sin (2 x ))dx,
6

utilizando a regra do rectângulo à direita. Obtemos

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 Fórmulas de Newton-Cotes

( (
I ( f , [1,6]) » (6 - 1) f (6 ) = 5 ´ 2 + sin 2 6 » 5.086788 ))
Graficamente, temos

p0 ( x ) = f (6 )

I ( p0 , [1,6])
( )
f ( x ) = 2 + sin 2 x

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 Fórmulas de Newton-Cotes

Erro de truncatura - regra do retângulo à direita

Etr ( f , [a, b]) £

(b - a )2
majr f ' ( x ) xÎ[a ,b ]
2
Exemplo: (Exercício 3.1 (b - ii)) Calculemos o erro de integração
(truncatura) da aproximação obtida utilizando a regra do
retângulo à direita:

Etr ( f , [1,6]) £
(6 - 1)
2
majr f ' ( x ) xÎ[1,6] =
52
majr
cos 2 x ( )
2 2 x xÎ[1,6 ]
= 12.5 ´ 0.68 = 8.5
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 Fórmulas de Newton-Cotes

Regra do ponto médio

Uma outra escolha natural, será fazer x0 = (a + b)/2, obtendo-se a regra

do ponto médio:

æa+bö
I ( f , [a, b]) » (b - a ) f ç ÷.
è 2 ø
Exemplo: (Exercício 3.1 (a - iii)) Suponhamos que pretendemos
calcular um valor aproximado para

ò1 (2 + sin (2 x ))dx,
6

utilizando a regra do ponto médio. Obtemos

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 Fórmulas de Newton-Cotes
æ1+ 6 ö
I ( f , [1,6]) » (6 - 1) f ç ( (
÷ = 5 ´ 2 + sin 2 3.5 » 7.176521 ))
è 2 ø
Graficamente, temos

p0 ( x ) = f (3.5)

I ( p0 , [1,6]) ( )
f ( x ) = 2 + sin 2 x

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 Fórmulas de Newton-Cotes

Erro de truncatura - regra do ponto médio

Etr ( f , [a, b]) £

(b - a) 3
majr f ' ' ( x ) xÎ[a ,b ]
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 Fórmulas de Newton-Cotes

Exemplo: (Exercício 3.1 (b - iii)) Calculemos o erro de integração

(truncatura) da aproximação obtida utilizando a regra do
ponto médio:

Etr ( f , [1,6]) £
(6 - 1)3
majr f ' ' ( x ) xÎ[1,6]
24
=
53
majr -
( )
cos 2 x + 2 x sen 2 x ( )
24 3
2x 2
xÎ[1,6 ]
53 1
= (- cos 2 - 2sen2) » 3.7
24 2
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 Fórmulas de Newton-Cotes

Regra do trapézio

Se passarmos aos polinómios interpoladores de grau n ≤ 1, obtemos a

regra do trapézio:

b-a
I ( f , [a, b]) » [ f (a ) + f (b )].
2
Exemplo: (Exercício 3.1 (a - iv)) Suponhamos que pretendemos
calcular um valor aproximado para

ò1 (2 + sin (2 x ))dx,
6

utilizando a regra do trapézio. Obtemos

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 Fórmulas de Newton-Cotes

6 -1
I ( f , [1,6]) » [ f (1) + f (6)] » 9.816637.
2
Graficamente, temos

p1 ( x ) » 3.2877 - 0.3784 x

I ( p1 , [1,6]) ( )
f ( x ) = 2 + sin 2 x

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 Fórmulas de Newton-Cotes

Erro de truncatura - regra do trapézio

Etr ( f , [a, b]) £

(b - a )3
majr f ' ' ( x ) xÎ[a ,b ]
12
Exemplo: (Exercício 3.1 (b - iv)) Calculemos o erro de integração
(truncatura) da aproximação obtida utilizando a regra do
trapézio:

Etr ( f , [1,6]) £
(6 - 1) 3
majr f ' ' ( x ) xÎ[1,6]
12
3
5 1
= (- cos 2 - 2sen2) » 7.4
12 2
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 Fórmulas de Newton-Cotes

Regra de Simpson

Continuando a aumentar o grau do polinómio interpolador, passamos

agora ao caso n ≤ 2, e obtemos a regra de Simpson:

b-a é æa+bö ù
I ( f , [a, b]) » ê f (a ) + 4 f ç ÷ + f (b )ú.
6 ë è 2 ø û
Exemplo: (Exercício 3.1 (a - v)) Suponhamos que pretendemos
calcular um valor aproximado para

ò1 (2 + sin (2 x ))dx,
6

utilizando a regra de Simpson. Obtemos

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 Fórmulas de Newton-Cotes
6 -1
I ( f , [1,6]) » [ f (1) + 4 f (3.5) + f (6)] » 8.056559.
6
Graficamente, temos

p2 ( x ) » 3.7946 - 0.9698 x + 0.0845 x 2

( )
f ( x ) = 2 + sin 2 x
I ( p2 , [1,6])

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 Fórmulas de Newton-Cotes

Erro de truncatura - regra de Simpson

Etr ( f , [a, b]) £

(b - a )5
majr f (4 ) ( x )
2880 xÎ[a ,b ]

Exemplo: (Exercício 3.1 (b - v)) Calculemos o erro de integração

(truncatura) da aproximação obtida utilizando a regra de
Simpson:

Etr ( f , [1,6]) £
(6 - 1)5
majr f (4 ) ( x )
2880 xÎ[1,6 ]
55 1
= (9 cos 2 - 22sen2) » 3.3
2880 8
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 Erros de arredondamento

Vamos agora avaliar o erro de arredondamento obtido ao calcular o valor

aproximado dum integral definido por uma fórmula de Newton-Cotes
estudada anteriormente. Temos, para todas as fórmulas estudadas:

Earr ( f , [a, b]) £ (b - a )Df ,

onde Df é um majorante do erro de arredondamento dos valores da

função integranda.

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 Erros de arredondamento

Exemplo: (Exercício 3.1 (c)) Determinemos um majorante para o erro

de arredondamento das aproximações de

ò1 (2 + sin (2 x ))dx,
6

obtidas através das regras estudadas, trabalhando com

14 casas decimais.

Earr ( f , [1,6]) £ (6 - 1)Df = 5 ´ 0.5 ´10 -14 = 2.5 ´10 -14.

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 Erro total

Exemplo: (Exercício 3.1 (c - v)) Determinemos o valor absoluto do

erro total cometido na aproximação obtida pelo método de
Simpson, considerando que se utilizou 14 casas decimais
nos arredondamentos dos valores da função integranda.

Etot ( f , [1,6]) £ Etr ( f , [1,6]) + Earr ( f , [1,6])

£ 3.3 + 2.5 ´10 -14 = 3.3.

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