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SOBRE O AUTOR DO

ANTIGO TESTAMENTO INTERPRETADO

Russell Norman Champlin nasceu no dia 22 de dezembro de 1933


em Salt Lake City, EUA. Concluiu o bacharelado em Literatura Bíbli­
ca no Immanuel College; os graus de M.A. e Ph. D. em Línguas
Clássicas na University of Utah; fez estudos de especialização (em
nível de pós-graduação) do Novo Testamento na University of Chi­
cago. Em sua carreira como professor universitário e escritor (atu­
ando na UNESP por 30 anos), publicou três grandes projetos, sua
magna opera, a Trilogia:

O Novo Testamento Interpretado


A Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia
O Antigo Testamento Interpretado

É autor de mais sete livros e colaborador em diversos outros; escre­


veu um número significativo de artigos sobre filosofia que foram
publicados em revistas brasileiras especializadas. No total, produziu
e publicou mais de 60.000 páginas de literatura.
AGRADECIMENTOS

O original desta obra se constitui de 20.000 páginas. Todo o material foi revisado três vezes,
perfazendo um total de 60.000 páginas.
Além da tradução e revisão, houve também a preparação de mais de 500 ilustrações e gráficos.
Tarefa de tamanho porte exigiu a dedicação de uma série de pessoas, cujos nomes listo abaixo
em ordem alfabética. Sem a ajuda delas, o Antigo Testamento Interpretado nunca poderia ter
sido publicado:

Andrea Cristina Filatro


Ângela Maria Stanchi Sinézio
Cesar Gomes de Souza
Darrell Steven Champlin
Iragi Maria Bicalho Teixeira
Irene Champlin
João Marques Bentes
Josete de Oliveira Lima
Márcia Cristina Soares
Maria de Jesus Ferreira Aires
Rosane Santara da Silva
Rosângela Champlin
Rosângela Santana da Silva Oqi
Vera Lúcia de Oliveira

Um agradecimento especial se deve a Mauro W anderleyTerrengui, presidente da Associação


Religiosa Imprensa da Fé, que tornou possivel a publicação desta obra.

iv
DEDICATÓRIA

Dedico o Antigo Testamento Interpretado ao

ESPÍRITO ETERNO DO HOMEM

Não estou em conflito com a Morte,


Quanto a mudanças operadas na forma e na face;
Há um processo eterno que prossegue;
O espírito avança, de estado para estado.
Nem culpo a Morte porque ela tirou
A virtude e a expulsou da terra.
Sei que o valor humano transplantado
Florescerá com proveito, em algum outro lugar.
Tennyson

*** * ★* ***

Nenhuma chama condenatória poderá jamais consumir


Aquilo que nunca foi criado para ser queimado.
Que o fôlego se vá, pois não há morte para
Uma Alma Viva.

Aqui flui a maré que vem do mar sem praias,


De longe, uma vereda incomensurável,
Atingindo a t i e a mim.
Russell Norman Champlin

*** *** ***

Centro e fusão de todas as distâncias,


Veihice-mãe de todas as infâncias
E futuro de quanto há de morrer.
Possa a minha alma ver-te, um só segundo,
Presente em ti, pretérito do mundo,
Infinito imortal do Verbo Ser!

Antônio Correia, Lisboa, Portugal

*** *** ***

Eu estou indo pelo caminho superior;


Aquele caminho que segura o sol.
Estou subindo através das esferas estreladas,
Onde os rios celestiais correm.
Se você pensar em me procurar.
Na minha habitação escura de ontem.
Achará este escrito que deixei na porta:
"Ele está viajando no caminho superior".

Ó que sem um gemido demorado,


Possa dar boas-vindas ao mundo que vem!
Abandonando este corpo, a tarefa completa.
E triunfantemente segurar a coroa eterna.

Russell Norman Champlin


VI
INTERPRETAÇAO DAS ESCRITURAS

Orígenes, no seu quarto livro, De Príncipiis, dá-nos algumas sugestões valiosas sobre
como interpretar as Escrituras. Segundo Orígenes, as Escrituras são semelhantes ao complexo
humano, tendo diversos níveis de significados possíveis.

O corpo físico

Como o homem tem um corpo mortal, material, assim as Escrituras às vezes devem
ser interpretadas literalmente.

A alma

Como o homem tem uma alma, assim as Escrituras às vezes devem ser interpretadas
moralmente. Isto é, lições morais podem ser extraídas de passagens que, entena.das literal­
mente, não têm significado para nós. Por exemplo: aquelas passagens que descrevem matan­
ças e brutalidades dificilmente nos podem ensinar alguma coisa sobre a espiritualidade. Na
verdade, são repugnantes para nós. Até mesmo nesses casos, podemos extrair lições morais
importantes.

O espírito

O homem é um espírito, assim as Escrituras às vezes devem ser interpretadas


espiritualmente, ou misticamente, através de metáforas. Dessa maneira, verdades podem
ser obtidas além do literal ou moral.
Algumas passagens admitem os três modos de interpretação, mas outras são limita­
das a um ou dois.

A VERDADE COMO UMA AVENTURA

Enquanto algumas verdades são dadas livremente através da revelação e podem


ser entendidas facilm ente, outras com freqüência exigem trabalho árduo para que sejam
compreendidas. A verdade pode ser como uma mina de ouro que precisa ser trabalhada.
O homem que se esforça em descobrir a verdade é aquele que recebe a recompensa dos
tesouros de sabedoria e conhecimento. A verdade é uma aventura. Não devemos ter
medo de nos aventurar, porque esta aventura é gloriosa. Não devemos perm itir que os
dogmas impeçam a nossa busca.
f

Livro
0 ANTIGO TESTAMENTO
Números de Capítulos e Versículos

Capítulos
v.
Versículos

Gênesis 50 1.533
Êxodo 40 1.213
Levítico 27 859
Números 36 1.288
Deuteronômio 34 959
Josué 24 658
Juizes 21 619
Rute 4 85
I Samuel 31 811
II Samuel 24 695
I Reis 22 817
II Reis 25 719
I Crônicas 29 942
II Crônicas 36 822
Esdras 10 280
Neemias 13 406
Ester 10 167
Jó 42 1.070
Salmos 150 2.461
Provérbios 31 915
Eclesiastes 12 222
Cantares 8 117
Isaías 66 1.292
Jeremias 52 1.364
Lamentações 5 154
Ezequiel 48 1.273
Daniel 12 357
Oséias 14 197
Joel 3 73
Amós 9 146
Obadias 1 21
Jonas 4 48
Miquéias 7 105
Naum 3 47
Habacuque 3 56
Sofonias 3 53
Ageu 2 38
Zacarias 14 211
Malaquias 4 55

Totais Capítulos 929 Versículos 23.148


GÊNESIS

0 MUNDO EM RELAÇÃO À PALESTINA

Observações:
Na representação acima, o mundo Mediterrâneo (a área na qual ocorrem
os episódios bíblicos e a de seis impérios mundiais com quem Israel fazia
tratados e negócios) está demarcado por um retângulo. Como fica dem onstra­
do no mapa, a Palestina é, de fato, uma parte muito pequena do mundo.
Somente 29% da superfície terrestre é de terra firme. Essa extensão
territorial ocupa aproxim adamente 91.560.000 km2. A Palestina ocupa apenas
16.000 km2, ou 1/5700.
A maior massa da terra é aquela com preendida pela Europa, Ásia e
África. Segue-se o continente americano (América do Norte, Central e do Sul),
com uma área um pouco menor que a da África. A Antártica ocupa 9% da
massa terrestre e a Austrália, 5%.

MASSAS DE TERRA DO MUNDO E A PALESTINA

A extensão territorial terrestre total é de aproximadamente 91.560.000 quilômetros


quadrados, um total de somente 29 por cento da área da terra. A Palestina ocupa 16 mil
quilômetros quadrados do total territorial, algo representado acima por um pequeno retângulo.
As massas de terra são: 1. Europa-Ásia-África (57%). 2. América do Norte e do Sul, que
ocupam uma área pouco menor do que a última. 3. Antártica, centralizando o Pólo Sul (9%).
4. Austrália (5%).
AMPLA VARREDURA DA HISTORIA
NO ANTIGO TESTAMENTO
AS SETE DISPENSAÇÕES

1. Inocência: Gên. 1.1-3.24


2. Consciência: Gên. 3.23
3. Governo humano: Gên. 8.20
4. Promessa: Gên. 12.1
5. Lei: Êxo. 19.8
6. Graça: João 1.17
7. Reino: Efé. 1.10

A palavra dispensação vem do latim dispenso, que significa “pesar” ou “administrar” .


Este vocábulo tem sido usado de diversos modos, porém o uso que mais chama atenção é
aquele que, segundo pensam alguns intérpretes, envolve um período de tempo no qual
Deus trata com os homens de maneira específica. Essa idéia foi popularizada pela Bíblia
Anotada de Scofield e desenvolvida por intérpretes posteriores.

Cada dispensação é uma revelação do desejo multifacetado de Deus e nela o homem


fica sujeito a testes, devendo obedecer a certas condições e atingir determinados objetivos.

Consulte no Dicionário o artigo chamado Dispensação (Dispensacionalismo).


0 ÓDIO QUE MATA

Disse Caim a Abel, seu irmão: Vamos ao campo.


Estando eles no campo, sucedeu que se levantou Caim contra Abel, seu irmão, e o matou.

Disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, o teu irmão?


Ele respondeu: Não sei; acaso sou eu tutor de meu irmão?
E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue de teu irmão clama da terra a mim.

Gênesis 4.8-10

***

O ódio já é homicídio e leva o homem a praticá-lo (Mat. 5.21,22; I João 3.15).


O ódio é uma das obras da carne, de maneira que é contrário às virtudes cultivadas pelo
Espirito.
O que o amor é para Deus, o ódio é para o diabo:
Deus-amor; diabo-ódio.

Richard Laurence, The Book of Enoch, 1821.


GRÁFICO COMPARATIVO DOS DESCENDENTES DE
SEM, CÃO E JAFÉ

ALMODA
SALEFE
HAZARMAVÉ
JERÁ
HADORÃO
UZAL
DICLA
OBAL
ABIMAEL
SABÁ
OFIR
HAVILÁ
PUTE SEBA JOBABE
N HAVILÁ
SABTÁ
CUXE SABTECÁ
O NINRODE
RAAMÁ
#

E CÃO
LUDIM
ANAMIM
LEABIM
MIZRAIM NAFTUIM
PATRUSIM
CASLUIM FILISTEUS
CAFTORIM

SIDOM HETE JEBUSEUS


CANAÃ AMORREUS GIRGASEUS HEVEUS
ARQUEUS SINEUS ARVADEUS
ZEMAREUS HAMATEUS

ASQUENAZ
GOMER - RIFÁ
MAGOGUE TOGARMA
JAFE MADAI
JAVÃ ------ - » ELISA
TUBAL TÁRSIS
MESEQUE QUITIM
TIRAS DODANIM
GÊNESIS 63

6.22 sem elhança da arca de Noé, é digna de ser salva, não por causa dos anim ais
im undos e anim ais inferiores que quase a enchiam , e que provavelm ente faziam
Noé Cumpriu, Perfeitamente, a Vontade de Deus. Este versículo fom ece-nos a tanto ruído e bulha d e n tro dela, m as p o r causa da pequena fagulha de
grande lição moral e espiritual do relato. Noé, um homem que já andava com Deus, racionalidade, que se sentia tão aflita pelo m au cheiro interior, quanto pela
recebeu uma tarefa sobre-humana para realizar; e, com a ajuda divina contínua, foi tem pestade lá fo ra ” .
capaz de fazer tudo quanto lhe fora ordenado. A maior parte de nós consiste em
pessoas divididas. Andamos um tanto com Deus e realizamos nossas tarefas com O A m o r de Deus Vai Além . Deus preocupava-se até mesmo com os animais,
algum grau de entusiasmo, e com algum grau de sucesso. Mas poucas pessoas conform e nos m ostra o relato sagrado. N otem os também que, no livro de Jônas,
buscam a excelência. Noé foi um obreiro p o r excelência. Notemos, por igual modo, Nínive foi poupada por causa de sua população humana, mas Deus cuidava até
que ele realizou cada tarefa do grandioso projeto com zelo e com inteira perfeição. mesmo dos anim ais que havia naquela cidade (Jon. 4.11). Ver as notas sobre
Foi uma tarefa com muitas facetas; mas isso não o fez parar. Enquanto preparava a Gên. 6.12.
arca e juntava prodigiosa quantidade de provisões para um grande número de Os sacrifícios são tipos do grande sacrifício de Cristo. V er no Dicionário o
animais, ele também foi um pregoeiro da justiça, e isso pelo espaço de cento e vinte artigo intitulado Expiação.
anos (II Ped. 2.5). Mas em certo sentido, embora não por culpa sua, sua tarefa de
pregoeiro falhou. Ele não foi capaz de convencer aquela geração pecaminosa a 7.3
arrepender-se. A missão de Cristo no hades, mediante a qual Ele pregou àquela
mesma gente, compensou por aquela falha. A lgum as vezes nos levamos por de­ Tem os aqui a reiteração da mensagem de Gên. 6.20, exceto que aqui a entra­
mais a sério, pensando que a vontade e o propósito divinos só poderão ter cum pri­ da factual na arca foi preparada e executada, enquanto aquele texto antecipava o
mento se nós os cumprirmos com êxito. Mas o Cristo divino está sempre pronto a ato. Ver as notas sobre Gên. 6.19,20. Deus interessava-se pela continuação da vida
compensar por nossas falhas, mediante os Seus próprios esforços. Nós tratialha- dos animais. Ensinei meus filhos a respeitar a vida animal. Quanto mais aprende­
mos para Ele, mas não podemos tom ar o lugar Dele. Ele continuará sendo o maior m os sobre eles, mais ficamos im pressionados. Os próprios insetos exibem sinais de
obreiro e pregador. Ele não fica inativo, somente porque dispõe de ajudantes. Sua ser racionais. O s primatas são capazes de certa linguagem, usando o teclado de um
missão salvatícia é efetuada em três áreas: a terra, o hades e os céus. Sua missão computador. Eles demonstram emoções, solidariedade, ódio e amor. Os macacos
é tridimensional. Não fora isso, e a missão remidora tena terminado onde Noé a m ais espertos são mais inteligentes que as crianças mais estúpidas.
deixou. Deus tem idéias mais amplas do que essa. O artigo apresentado na Enciclo­
pédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, sobre o tema da M issão Universal do Logos, Sete. O núm ero que se lê em Gên. 6.20 é dois. Ver as notas ali quanto às
expõe detalhes sobre as idéias aqui sugeridas. tentativas de solucionar essa aparente contradição.

7.4
Capítulo Sete Daqui a sete dias. Ficou assim m arcado o prazo final da m isericórdia divina.
Faltavam som ente sete dias para o fatal evento. No entanto, os homens continua­
vam ali, descuidados, preocupados com seus interesses m undanos, matando e
Com eça o Dilúvio (7.1-24) sendo mortos, festejando, procriando e ocupados em toda form a de prazer e
atividade duvidosos. É provável que o núm ero sete tenha o seu significado m eta­
Ver o artigo detalhado sobre o Dilúvio, em Gên. 7.6. A vontade divina impõe-se de fórico de algo com pleto ou perfeito. Aquela última sem ana com pletaria o período
forma inevitável. O prazo fora amplo, provisões tinham sido feitas, uma mensagem de de advertência. Vários intérpretes judeus pensam que foi durante aquela semana
redenção fora pregada. Noé havia-se saído bem na sua tarefa. O terrível acontecimento, que M etusalém m orreu. Pura fantasia!
porém, não pudera ser evitado. Os homens não percebiam a sua aproximação nem
podiam acreditar que aquilo fosse mesmo acontecer. Noé foi alvo de zombarias. Mas Quarenta dias e quarenta noites. Uma pesada chuva com eçaria a cair em
isso não fez parar a vontade de Deus nem a necessidade urgente do julgamento dvino. breve, e não cessaria durante quarenta dias. Esse número, sem dúvida, é m etafó­
rico, indicando um período de juízo ou provação. Ver no Dicionário o artigo intitulado
7.1 Quarenta, quanto a plenas explicações sobre os vários “quarentas” da Bíblia. Ali
são discutidos nada m enos de treze desses quarentas”.
D isse o Senhor. Tem os aqui um a declaração antropom órfica. Ver o artigo O vs. 11 m ostra que seria necessária muita água Dara produzir um dilúvio
sobre o Antropom orfismo. O que determ ina tudo é a Palavra do Senhor. universal que inundasse cerca de 6,70 m acim a das mais altas montanhas da
terra (vs. 20). Nenhum a chuva, por m ais pesada que fosse, poderia fazer isso no
Entra na arca. A provisão tinha sido feita para as m assas humanas, mas espaço de quarenta dias, pelo que o autor sacro m enciona que havia outras
som ente algumas poucas pessoas acharam o cam inho para a vida. Cf. isso com a fontes de águas, que discutirei naauele versículo.
declaração de Jesus, em Mat. 7.14: “ . . . estreita .é a porta e apertado o cam inho “Dali por diante, quarenta tornou-se o número sagrado da provação e da
que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela” . O acesso dado a paciência; e, além das óbvias m enções ao núm ero no Antigo Testamento, essa foi
Noé estava alicerçado sobre a retidão. Essa é um a referência à descrição que a duração do jejum do Senhor no deserto, bem com o de Sua perm anência na
nos é dada em Gên. 6.9. Noé era um hom em justo, perfeito, que andava com terra, após a Sua ressurreição" (Ellicott, in loc.).
Deus. As notas em Gên. 6.9 expandem as idéias inerentes a essas palavras. O D estruição com pleta era o plane de Deus, excetuando a vida vegetal, que
mundo criado por Deus é um m undo moral. Este mundo é governado pela vonta­ aparece com o a vida que sobreviveu à enxurrada (Gên. 8.11).
de de Deus. Deus é um Deus teísta: Ele recom pensa os bons e pune os maus.
Ver no Dicionário o artigo acerca do Teísmo. 7.5

Justo. Ver no Dicionário o artigo intitulado Justiça. Deus salva eternamente E tu d o fez Noé. Este versículo repete a m ensagem de Gên. 6.22, onde a
(Rom. 8.30), e isso até m esm o das calam idades tem porais (Isa. 3.10). questão foi anotada detalhadam ente. Para cum prirm os bem algum grande projeto,
precisam os da inspiração divina, a qual nos dá entusiasmo e energia. Assim
7.2 sendo, peçam os essa inspiração da parte do Senhor. Noé foi inspirado por Deus
para realizar a tarefa. A palavra entusiasm o, no grego, significa le r Deus dentro” .
Sete pares. Os dois pares de Gên. 6.19 aparecem aqui com o sete pares, no Ali essa palavra é um a com binação de theós = Deus, e m ais alguma coisa. A
tocante aos anim ais limpos. V er a nota sobre isso naquela referência. No D icioná­ inspiração é algo divino, segundo o sentido básico dessa palavra, ainda que,
rio, ver o artigo cham ado Lim po e Imundo. popularm ente, seu sentido não envolva essa idéia. Este versículo m ostra-nos a
continuação das tarefas, além daquilo que se diz que fora feito, em Gên. 6.22.
Dos anim ais im undos, um par. O núm ero perm anece com o em Gên. 6.19. Agora, estavam sendo feitos os preparativos finais.
O texto subentende o sacrifício de anim ais, um sistem a desenvolvido dentro do
sistem a mosaico, que surgiu m uito tem po depois. O sacrifício de anim ais é uma 7.6
prática muito antiga, não havendo razão para suporm os que não tenha antecedido
sua form alização dentro da legislação m osaica. Os sefes proveriam três pares de Seiscentos anos de idade. Esse inform e, com binado com c que acham os
anim ais limpos, além de um m acho extra, para ser sacrificado. Os anim ais limpos em Gên. 8.13 (que assinala o fim do dilúvio), perm ite-nos determ inar que as
foram recolhidos em m aior núm ero que os im undos, tendo em vista o sistem a de águas cobriram a terra pelo espaço de um ano. A lguns intérpretes pretendem aqui
sacrifícios, diante do que anim ais viriam a perecer. m arcar o tem po exato, dizendo “um ano e treze dias”. “Seu fiiho mais velho tinha
W illiam W arburton, bispo de G loucester (século XVIII), que via a arca com o agora cem anos de idade, porquanto Noé tinha quinhentos anos de idade quando
um tipo da Igreja, ofereceu um curioso com entário sobre este texto: “A Igreja, à gerou seus filhos (Gên. 5.32)" (John Gill, in lo c ).
NÚMEROS 60 5

EXPOSIÇÃO ijar, que correspondia ao nosso mês de abril e a parte do mês de maio. O primeiro
mês do calendário religioso cham ava-se abibe ou nisã, e o ano eclesiástico com e­
çava com a páscoa (ver a esse respeito no Dicionário).

Capítulo Um 1.2

Fórm ulas de C om unicação. Há oito diferentes fórm ulas de com unicação.


Partida do Monte Sinai (1.1 -1 0 .1 0 ) Moisés, o m ediador entre Deus e Israel, recebia a Sua m ensagem quando
Yahweh falava. Então ele transm itia a m ensagem recebida a Arão, a Arão e
Preparação no Sinai (1.1 - 9.14) seus filhos ou então ao povo inteiro de Israel. No caso presente, a m ensagem
foi transm itida a A rão (vs. 3). V er as fórm ulas de com unicação anotadas em
Enum eração das Tribos (1.1-54) Lev. 17.2.
Este segundo versículo fornece-nos várias expressões padronizadas que se
Tradicionalmente, Israel passou quarenta anos vagueando pelo deserto. A aplicam a toda esta questão do recenseam ento, a saber:
maior parte dessas vagueações ocorreu no oásis conhecido com o Cades-Barnéia. 1. A congregação. Todo o povo de Israel, coletivam ente considerado. Ver as
A cronologia sacerdotal inform a-nos que um ano se escoou do êxodo à constru­ notas sobre essa expressão em Êxo. 16.1.
ção do tabernáculo (Êxo. 40.2). Em seguida, veio a intrincada legislação do livro 2. /As famílias. Devem os pensar aqui nos clãs de Israel. No hebraico tem os a
de Levítico, cuja produção ocupou apenas um mês (Núm. 1.1). Então foi feito um palavra m ishpahah, que inclui o sentido de “casas paternas” .
recenseam ento, dezenove dias depois de Israel ter abandonado a área do Sinai 3. Tribos. Uma tribo era form ada por vários clãs ou casas paternas. Estritamente
(Núm. 10.11). O discurso de despedida de Moisés ocorreu no fim das vagueações falando, havia treze tribos, se incluirm os Levi (mas que não form ava uma tribo,
(Deu. 1.3). Levando em conta esse informe, parece que Israel passou cerca de de acordo com a definição deste prim eiro capitulo de Números, pois era uma
trinta e cinco anos em Cades-Barnéia. casta sacerdotal), e se incluirm os as duas tribos de Manassés e Efraim, que
Nesse tempo, Israel foi retratado com o um povo descontente, m urmurador, eram oriundas de José. Neste cálculo, deixam os de lado a tribo de José, que
rebelde e exigente. Os sinais de Deus, porém, caíram sobre olhos cegos e m en­ não existia, m as que, não obstante, se expressava através de seus dois filhos,
tes obscurecidas. Apesar desse quadro entristecedor, a revelação e os atos de com pondo duas tribos que recebiam os nomes de Manassés e Efraim, e não
Deus estavam progredindo segundo havia sido determinado. Sacudim os a cabe­ de José. Mas visto que Levi não era considerado uma tribo, então acabamos
ça, desolados, contra tudo isso, e inúm eros serm ões têm sido pregados contra a contando com as doze tribos tradicionais de Israel.
dureza de coração e o em botam ento m ental de Israel. Contudo, quando oihamos 4. Núm ero de seus nomes. Estavam então em pauta os indivíduos, um por um,
para nós m esm os e para as pessoas à nossa volta, vem os que esse tipo de cada qual com seu nome identificador. Essa era a m enor unidade possível na
conduta se repete entre nós. No entanto, Deus está conosco e nunca nos abando­ congregação de Israel. Mas som ente os hom ens eram contados, e mesmo
na. A espiritualidade é algo acerca do que tem os de trabalhar constantem ente e assim som ente os varões em idade de entrar na guerra, dotados de capacida­
para o resto da vida, e não algo que atingim os de súbito. Israel teve a sua de física (vs. 3). Assim, o total do recenseam ento dessas pessoas chegou a
peregrinação espiritual, tão rica em seus ensinos, beneficiando a peregrinação um pouco mais de seiscentas mil. Contudo, se havia tantos varões preparados
espiritual de todo crente. para entrar em guerra, então a congregação total de Israel deve ter tido, no
Tipicam ente, o livro de N úm eros fala em serviço e em conduta ou andar. O mínimo, três m ilhões de pessoas.
livro de G ênesis relata a criação e a queda do hom em ; o livro de Ê xodo tipifica 5. Cabeça p o r cabeça. Ou seja, cada homem , em idade própria de entrar na
a redenção, pois Israel foi rem ido da escravidão no Egito; o livro de Levítico guerra e fisicam ente capaz, quase todos pais de famílias, os quais foram
apresenta-nos as intrincadas leis que governavam a adoração e a com unhão contados individualm ente por ocasião do recenseamento. O term o hebraico
com Deus; e então vem o livro de Núm eros, que nos ensina a servir e a andar aqui é gulgoleth, que indica a cabeça ou crânio de um homem. Cf. Mat. 27.33,
na vida. Isso posto, o livro de N úm eros segue um a seqüência tanto histórica o lugar da caveira, ou calvário, palavra portuguesa que se deriva do latim.
quanto espiritual, que acom panhou tanto o povo de Israel quanto a vida de Neste ponto, apresento as estatísticas referentes aos dois recenseamentos,
todos os crentes. historiados, respectivamente, nos capítulos primeiro e vinte e seis do livro de Números.

Todos os Israelitas Foram Enum erados. Todos eles foram arrolados por seus R ecenseam entos
nomes. Cada qual tinha uma tarefa a cumprir. Isso fala sobre a providência de
Deus, que cuida de todos os detalhes atinentes à nossa vida. Ver no Dicionário o Tribos Prim eiro (cap. 1) Segundo (cap. 26)
artigo intitulado Providência de Deus.
1. Judá (vs. 27) 74.600 (v. 22) 76.500
1.1 2. Dã (vs. 39) 62.700 (v. 43) 64.400
3. Simeão (vs. 23) 59.300 (v. 14) 22.200
Falou o Senhor a M oisés. Uma expressão com um no Pentateuco, usada 4. Zebulom (vs. 31) 57.400 (v. 27) 60.500
com o artifício literário para indicar o com eço de algum a nova seção ou a apresen­ 5. Issacar (vs. 29) 54.400 (v. 25) 64.300
tação de novos materiais. Neste caso, o com eço de um novo livro da Bíblia. Essa 6. Naftali (vs. 43) 53.400 (v. 50) 45.400
expressão também nos faz lem brar da inspiração divina das Escrituras. Ver as 7. Rúben (vs. 21) 46.500 (v. 7) 43.730
notas com pletas sobre essa expressão em Lev. 1.1 e 4.1. Moisés, tal como por 8. Gade (vs. 25) 45.650 (v. 18) 40.500
todo o Pentateuco, aparece com o o m ediador entre Deus e o povo de Israel. 9. Aser (vs. 41) 41.500 (v. 47) 53.400
A vida individual e nacional de Israel foi determ inada por Yahweh. Isso não 10. Efraim (vs. 33) 40.500 (v. 37) 32.500
dependia de condições raciais e sociais. Os eventos, em Israel, derivavam -se da 11. Benjamim (vs. 37) 35.400 (v. 41) 45.600
vontade de Deus, e não de condições humanas, em bora essas duas coisas este­ 12. Manassés (vs. 35) 32.200 (v. 34) 52.700
jam sem pre interagindo.

No deserto. Essa frase tornou-se o título deste livro nas modernas Bíblias Totais: 603.550 601.730
em hebraico. Números revela-nos o que sucedeu aos israelitas depois que eles
deixaram o Sinai, e dai até o m om ento em que estavam prestes a entrar na Terra Observações. Judá era a tribo mais populosa de Israel. E Manassés a menor.
Prometida. Foram cerca de quarenta anos de vagueações pelo deserto, embora a A diferença entre elas era de 42.400 homens, para o que nenhum a razão válida é
m aior parte desses anos tivesse sido passada em Cades-Barnéia. Ver no Dicioná­ dada. Maior população representava m aior bênção divina para os hebreus, visto
rio o artigo cham ado Vagueações. que ter muitos filhos era uma herança do Senhor (ver Sal. 127.3). A lista acima
aparece em ordem decrescente.
Na tenda da congregação. V er no D icionário o verbete Tabernáculo. A O segundo recenseam ento m ostrou poucas variações para cima ou para
narrativa do livro de Números com eça um mês depois que os israelitas tinham baixo. Mas Sim eão sofreu grande descrescim ento, e Manassés, grande acrésci­
term inado a construção do tabernáculo, no deserto do Sinai (ver Êxo. 40.1-33). mo. São dados números redondos no m áxim o possível.
O grande total de pelo m enos três milhões de pessoas, partindo de setenta
Congregação. Ver as notas em Êxo. 16.1 quanto a essa expressão. alm as originais, que desceram ao Egito (Gên. 46.27), em pouco mais de duzentos
anos, é algo que tem feito os críticos duvidar da cronologia envolvida (mais anos
Cronologia. A cronologia que tem os aqui indica que o tabernáculo havia sido devem ter estado envolvidos); ou então os números refletem um tempo posterior a
erigido um mês antes, e que esse evento ocorrera quase um ano após a saída Moisés, apesar de esses núm eros serem apresentados com o contem porâneos a
dos filhos de Israel do Egito. O segundo m ês (do calendário religioso) chamava-se ele). Seja com o for, a prom essa divina de multiplicação, com o parte do pacto

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