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PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

FORMULÁRIO DE ENCAMINHAMENTO
DE RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA CONCLUÍDA

Período: 2019-2020

Identificação: Relatório Final

Código do Projeto: U_DIR_13_2019

Nome(s) do(s) Estudante(s): Andrei Satyro Lira

Nome do Professor Responsável (com titulação): Professora Ms. Taís Cecília dos
Santos Lima de Clares

Modalidade de auxílio:
( ) Tipo I – Bolsa PIBIC-CNPq
(X) Tipo II – Auxílio USCS
( ) Tipo III – Individual Sem Auxílio
( ) Tipo VI – Grupo Sem Auxílio

Título do Projeto: Juros no Direito Brasileiro

Justificativas de alterações em relação à proposta original: Não ocorreram alterações


em relação ao projeto inicial.

Proposição de alteração de título (se houver): Não houve proposição de alteração do


título inicial do projeto.

Observações importantes para a avaliação:

COMPROVANTES (ANEXAR)

Participações ocorridas em eventos de divulgações científicas, como congressos,


seminários, encontros, outros (anexar cópia dos comprovantes).

Indicação de textos publicados em periódicos no período de desenvolvimento da


pesquisa (anexar cópia dos comprovantes).
Inserir, abaixo, texto do Relatório Final de Pesquisa concluída, com as seguintes seções:
 Elementos pré textuais (capa, folha de rosto, dedicatórias e agradecimentos, lista
de abreviaturas, quadros, tabelas e figuras, resumo e palavras-chave, sumário);
 Introdução (Descrição do Tema, Contextualização, Problematização, Pergunta-
problema, Objetivos e Justificativas);
 Referencial teórico e/ou Revisão da Literatura;
 Métodos e procedimentos utilizados;
 Análise dos resultados;
 Considerações Finais;
 Dificuldades encontradas na pesquisa (se houver);
 Referências Bibliográficas;
 Apêndices e Anexos (se houver).
Formatação: espaço 1,5 entre linhas, fonte Times New Roman ou Arial, tamanho 12,
recuo de parágrafo 1,25, sem espaço entre parágrafos.

[Inserir aqui texto do Relatório Final de Pesquisa concluída]


UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL
Iniciação Científica – PIC/G

Andrei Satyro Lira

Juros no Direito Brasileiro

São Caetano do Sul

2020
UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL
Iniciação Científica – PIC/G

Andrei Satyro Lira

Juros no Direito Brasileiro

Relatório Final de Trabalho de


Pesquisa apresentado ao Programa de
Iniciação Científica da Universidade
Municipal de São Caetano do Sul
(PIC-G/USCS), orientado pelo Profa.
Ma. Taís Cecília dos Santos Lima de
Clares.

São Caetano do Sul

2020
Dedicatória: À minha amada e batalhadora mãe, que
verá os resultados de sua dedicação a mim, me vendo
colher frutos nos caminhos que sigo para alcançar o
sucesso.

Agradecimentos

Em primeiro lugar agradeço à Deus, pois sem ele nada


seria possível, em seguida aos meus pais por não
medirem esforços para me proporcionar o melhor que
eles podem. Não sem antes agradecer aos seres de luz
que me acompanham nessa jornada terrena e me
auxiliam na evolução em uma tríade pessoal, profissional
e espiritual.
“Agradeço todas as dificuldades que enfrentei; não fosse por elas,
eu não teria saído do lugar. As facilidades nos impedem de caminhar. Mesmo
as críticas nos auxiliam muito...”
(Chico Xavier – Médium e filantropo).
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CDC - Código de Defesa do Consumidor


SELIC - Sistema Especial de Liquidação e de Custódia
CC - Código Civil
CF - Constituição Federal
CTN - Código Tributário Nacional
CNJ - Conselho Nacional de Justiça
IBOPE - Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística
PIB - Produto Interno Bruto
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
EMC - Emenda Constitucional
MP - Medida Provisória
ADIn - Ação direta de inconstitucionalidade
CMN - Conselho Monetário Nacional
FEBRABAN - Federação Brasileira de Bancos
STF - Supremo Tribunal Federal
Resumo

A presente dissertação tem o intuito de abarcar todo o ordenamento jurídico


brasileiro no que se refere aos Juros, não sem antes, conceituar este instituto,
aclarando-o e englobando demais temas que venham ser supervenientes.
Tendo como ponto de partida, o desdobramento histórico dos Juros, dos seus
primeiros registros na Antiguidade, até mesmo antes da criação da moeda,
citando trechos do antigo testamento, e da Lei das XII Tábuas, passando pela
Idade Média cuja a Usura (taxa de juros considerada excessivamente alta) era
comum de ser praticada neste período, o qual posteriormente transcendeu à
Idade Moderna cuja igreja no âmbito econômico proibia e considerava a Usura
pecado, até os tempos atuais, implicando principalmente na sua função
econômica e o grande impacto social que os Juros possuem, ensejando de
forma prática e exemplificada a imprescindibilidade dos Juros no controle
financeiro de uma nação, adentrando de forma sutil nas leis pertinentes,
expondo suas espécies e levando em consideração a desinformação de parte
da sociedade em relação ao tema, que por ora chega a confundi-lo com outras
espécies de despesas financeiras. Após firmar uma edificação sólida sobre os
Juros, iremos nos aprofundar no ordenamento jurídico brasileiro no que tange o
tema, analisando a Magna Carta, leis esparsas, doutrinas e artigos abrangendo
o referido, confrontando diferenças e semelhanças com sistemas normativos
jurídicos de outros países, para posteriormente expor posicionamentos dos
tribunais em casos práticos, especificamente no que diz respeito aos contratos
de mútuo civil e mútuo bancário em que os Juros estão presentes de forma
imperecível. Advindo tais conhecimentos referentes ao assunto, esta pesquisa
tem por intuito informar o leitor de forma clara e coesa, acerca do regime dos
Juros, conscientizando-o acerca de suas prerrogativas legais, englobando
todos os temas que na maioria das vezes são de difícil entendimento por parte
da sociedade.

Palavras-chave: Juros no Direito Brasileiro. Os Juros na história. Juros na


economia. Internacionalização dos Juros. Juros e multa. Juros bancários.
Espécies de Juros. Juros no Código de Defesa do Consumidor. Constituição
Federal e o Limite da Taxa de Juros.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
1.1 Descrição do tema.....................................................................................9
1.2 Contextualização.....................................................................................11
1.3 Problematização......................................................................................12
1.4 Pergunta-problema..................................................................................13
1.5 Objetivos................................................................................................ 13
1.6 Justificativa..............................................................................................14
2. REFERENCIAL TEÓRICO: A evolução dos juros na humanidade e seu
desdobramento no Direito Brasileiro.................................................................15
2.1 Na antiguidade.........................................................................................15
2.2 Na idade média........................................................................................16
2.3 Na idade moderna....................................................................................17
2.4 A evolução dos juros no Brasil..................................................................18
2.5 Natureza jurídica, finalidade e utilização dos juros...................................25
2.6 Presença dos juros no cotidiano e as suas espécies................................27
2.7 Limitação das taxas de Juros no mútuo civil e bancário..........................29
2.8 Diferença entre juros e multa...................................................................34
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS...................................................................35
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................38
9

1. INTRODUÇÃO

1.1 Descrição do tema

Em suma, os Juros se trata da remuneração que o credor cobra para


emprestar o seu capital, bem como, para compensar o atraso do adimplemento
deste empréstimo. Tal instrumento é baseado em uma taxa percentual aplicada ao
valor objeto de empréstimo, esta referida taxa é calculada em detrimento de vários
fatores, tais como, o risco, número de parcelas, inflação, demanda, prazo etc.
Este instrumento se tornou imprescindível para o controle econômico de uma
nação, pois diante de sua evolução histórica, passou a ser um mecanismo que
realiza o controle econômico de forma simples e precisa.
Os juros estão presentes desde um simples contrato de locação até em
complexas transações entre empresas multinacionais. Quando a taxa de juros é
baixa, causa um barateamento no crédito, o que gera um impulsionamento no
consumo, colocando mais dinheiro no mercado, ocasionando aumento na inflação.
Já em contrapartida, quando a taxa de juros é alta, gera efeito oposto. Vale ressaltar
que a queda livre da taxa de juros básica causa efeitos devastadores na economia,
ocasionando a saída de investidores estrangeiros do país, fato que acaba induzindo
o aumento do preço do dólar, por ter pouca oferta desta moeda no mercado. Diante
disso, os juros são onipresentes na sociedade, podendo controlar desde os mais
simples até os mais complexos negócios jurídicos patrimoniais celebrados pelas
pessoas.
A partir daí começa-se observar que os juros podem atingir uma magnitude
muito importante para o controle econômico mundial, podendo gerar fartura ou
miséria para uma nação.
De pronto, pressupõe-se que para que seja assegurada uma utilização
fidedigna dos juros, ou seja, sem excessos, deve-se existir uma legislação maciça
acerca deste instrumento, que estipule direitos e deveres para os sujeitos que
venham a utilizá-lo, assim evitando taxas de juros abusivas que possam ocasionar
onerosidade excessiva ou enriquecimento exacerbado.
Tal legislação é fruto de um desenvolvimento histórico primordial para que se
pudesse consolidar um ordenamento jurídico seguro acerca do tema. Leis as quais
foram fundadas principalmente nos costumes, os quais transcenderam milênios,
10

foram evoluindo e se adequando a realidade dos períodos históricos, onde na


atualidade se mostram bastante eficientes.
Entretanto, para que tal ordenamento jurídico chegasse no status quo, pode-
se dizer que algumas voltas foram dadas, onde inconsistências persistentes
rondaram este tema. Tal fato se observa no artigo 192 da CF, o qual teve todos os
seus parágrafos e incisos revogados pela EMC-40 29/05/2003, para que fosse
regulado por lei complementar.
O referido artigo em seu §3º estabelecia que as taxa máximas de Juros não
poderiam ser superiores a 12% ao ano. Diante disso, abriram-se diversas
discussões acerca da eficácia desta norma e de sua aplicação.
A revogação deste inciso e demais parágrafos, permitiu que as taxas de
juros e a prática do anatocismo fossem realizadas com liberdade pelas instituições
financeiras, com fulcro na Lei 4595/64 e na MP 2170-36 de 23 de agosto de 2001.
Percebe-se que de fato há controvérsias acerca deste tema, não apenas na
“lei seca”, mas até mesmo em contradições de doutrinadores as quais serão
trazidas mais adiante.
A legislação brasileira acerca deste tema é bastante vasta, e a partir das leis
supraconstitucionais serão analisadas leis infraconstitucionais, leis complementares,
ações diretas de inconstitucionalidade e afins.
Porém, mesmo com sua bagagem histórica e a atemporalidade dos Juros, a
aplicação deste instrumento e as leis acerca deste tema são desconhecidas por boa
porção da massa popular.
Por mais que este instrumento seja corriqueiro no cotidiano das pessoas,
pesquisas apontam que em sua maioria a população é leiga quando trata-se de taxa
básica de juros, juros compostos, capitalização de juros, juros nas relações
consumeristas e demais assuntos correlacionados. O que nos leva a concluir que de
fato os Juros em sua singularidade são desconhecidos por parte da sociedade, e
que o sistema normativo jurídico sobre este conteúdo acaba se tornando um tabu
por conta desta desinformação.
Com base nisso, foca-se no esclarecimento do que dispõe o ordenamento
jurídico brasileiro sobre os Juros, aproveitando e tratando de demais assuntos que
sejam supervenientes e necessários para que haja um melhor entendimento acerca
do tema. Sendo trazidos diversos fatos jurídicos e econômicos sobre os Juros,
objetivando informar o leitor de forma clara e concisa.
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1.2 Contextualização

Na atual conjuntura, os Juros exercem um papel fundamental na economia


mundial. A taxa básica de juros no mês de maio de 2020 marcou a mínima histórica
de 3% ao ano, porém ainda é considerada uma das mais altas do mundo. Tal baixa
é motivada pela pandemia de Covid-19, ou seja, tal taxa mantida nos 3% ao ano,
tem por objetivo controlar a inflação e mantê-la baixa, visando estimular a economia
nacional, visto que a crise gerada pela pandemia, é diferente de outras anteriores.
Ocorre que de acordo com informações do IBGE, o PIB brasileiro caiu 1,5%
no primeiro trimestre de 2020, queda a qual fora motivada por um colapso, tanto na
oferta quanto na demanda na economia nacional, fatos os quais foram ocasionados
pelo isolamento social utilizado como mecanismo de combate a pandemia mundial
de Covid-19, gerando o fechamento de diversos setores de serviços, o qual
representa mais de 70% do total do PIB.
Em contrapartida, surgem projetos de leis para delimitarem taxas de juros
que não sejam demasiadamente onerosas neste cenário. Exemplificando, fora
aprovado um projeto de lei pelo plenário do Senado que temm o intuito de limitar as
taxas de Juros anuais do cartão de crédito e do cheque especial em 30%, se
aplicando principalmente ao famoso crédito rotativo, onde um indivíduo após não
conseguir pagar a fatura do cartão de crédito, parcela esse valor com juros nas
seguintes mensalidades. Esta regra deve ser vigente enquanto o durar período de
estado de calamidade pública decorrente da pandemia, o qual tem previsão de
término em 31 de dezembro de 2020. Mas vale ressaltar que, tal proposta ainda
será avaliada pela câmara, para posteriormente ser sancionada ou vetada pelo
presidente Jair Messias Bolsonaro.
Com isto, percebe-se o efetivo controle que os Juros exercem sobre a
economia, interligando-se com o Direito, o qual tem o importante papel de disciplinar
a utilização deste mecanismo. Neste prisma, demais leis tratam dos Juros, na
atualidade, a Carta Magna da Federação Brasileira não dispõe mais acerca dos
Juros, determinando que o sistema financeiro nacional será regido por lei
complementar, entretanto, observa-se disposições sobre os Juros em diversas
matérias jurídicas, seja no Código Tributário Nacional, Código Civil, Código de
Defesa do Consumidor e outras. Tais leis, firmam diretrizes para que de maneira
justa e confiável este instrumento seja incorporado na sociedade moderna.
12

1.3 Problematização

Já é sabido que os Juros são inerentes à sociedade, visto que esta possui
uma relação de sujeição ao sistema financeiro nacional, o qual têm por objetivo
estabelecer a diretrizes de políticas econômicas da nação, surgindo os Juros, que
têm a importante função de auxiliar na controle econômico através das taxas.
Conforme exposto anteriormente, os Juros conseguem controlar a inflação de
forma efetiva na maioria das vezes, tal controle inflacionário pode impulsionar o
consumo ou brecá-lo, onde estas duas situações ocasionam consequência distintas,
gerando emprego ou desemprego, miséria ou fartura e assim por diante...
Independentemente de tais situações, estando altos ou baixos, os juros se
mantêm presentes. Sendo utilizados desde as pessoas jurídicas de grande porte ou
até por uma pessoa física assalariada comum. Toda pessoa está submetida a este
instrumento, visto que qualquer transação financeira envolve taxas de Juros,
podendo ser para cobrança ou para ressarcimento.
Sabe-se também, que para que este instrumento seja utilizado de maneira
idônea, existe um arcabouço legislativo que regulariza a cobrança dos Juros tanto
no mútuo civil quanto no mútuo bancário.
Porém entender os detalhes da burocracia que trata do tema no âmbito
legislativo é algo um tanto quanto complexo para a maioria das pessoas. Tal
complexidade se percebe na pouca familiaridade que a população tem com o tema,
constando-se isso quando analisados os elevados índices de inadimplência na
sociedade, conforme exposto abaixo:
São Paulo, 12 de março de 2020 – Segundo dados da Serasa
Experian, o número de brasileiros inadimplentes chegou a 63,8 milhões em
janeiro/2020, aumento de 2,6% com relação ao primeiro mês de 2019. O
volume de pessoas com contas em atraso representa 40,8% da população
adulta do país. Na análise com dezembro/19, a variação foi de 0,8%.
(Serasa Experian, 2020).

É importante que seja quebrado este tabu acerca da complexidade do


assunto, e que o tema seja tratado de maneira simples e didática, para que a
população em geral entenda o verdadeiro funcionamento dos Juros, a partir do
momento que isso acontecer, índices de inadimplência cairão, o que irá fazer com
que a população deixe de pagar e passe a investir dinheiro.
13

A falta de conhecimento acerca do tema, é o fato gerador de índices tão altos


de inadimplência, o qual acaba por ocasionar onerosidade excessiva para as
pessoas, visto que os devedores realizam empréstimos para pagamento de dívidas,
ou seja, novas dívidas. De fato, neste parâmetro a instituições financeiras acabam
levando a melhor, pois ganham muito mais com isso, capitalizando os juros da
dívida inicial, tornando-a uma grande “bola de neve”, a qual só tende a aumentar.
Dessa forma, presume-se que o ordenamento jurídico aparenta favorecer as
grandes instituições financeiras, onde esta suposta desigualdade acaba sendo
levada ao poder judiciário para ser corrigida pelos magistrados, os quais visam
rebalancear a relação contratual.
Mas isso se trata de uma pequena parcela, visto que a minoria dos casos são
levados ao poder judiciário, o que faz com que a grande parte sofra com taxas
abusivas de juros, cobrança exacerbada de juros capitalizados, assédio das
empresas e etc...

1.4 Pergunta-problema

Percebe-se que os juros são onipresentes na sociedade moderna, e que o


desconhecimento acerca deste por parte da população é algo notório que dever ser
mudado. Diante de tais fatos, questiona-se: O ordenamento jurídico brasileiro é de
fato eficiente e igualitário no que tange à população, bem como, às instituições
financeiras?
1.5 Objetivos

O presente feito tem o intuito de desmiuçar o que estabelece a legislação


brasileira sobre os Juros, expondo com clareza e simplicidade as leis que tratam do
tema, bem como, posicionamentos de doutrinadores e juristas.
Contrapondo vantagens e desvantagens presentes nos regimentos,
analisando a real eficácia destes em casos concretos, para que assim seja firmado
um desenlace conciso.
Valendo-se que o real escopo deste trabalho é informar o leitor, deve-se
formar um âmago firme e completo, onde não somente são apresentados os direitos
e deveres que envolvam os Juros, mas também a formulação do que seria um real
conceito de Juros, apresentando as suas espécies e as exemplificando-as,
14

preliminarmente abrangendo os desdobramentos históricos e sociais primordiais


para evolução deste instrumento.
Dessa forma, é de suma importância apresentar os Juros nas relações
econômicas na atualidade, transparecendo a efetividade na utilização deste
instrumento para o controle econômico, assim se enaltece e torna-se de fácil
entendimento quando exemplificado de forma prática este instrumento tão
importante.
Para tanto, após formular uma apresentação completa sobre os Juros, este
trabalho tem o objetivo abordar questões problemáticas acerca dos juros,
adentrando nas questões jurídicas, coligando os Juros com o Direito brasileiro.
Sintetizando fatores sociais e prerrogativas jurídicas, sublimando a falta de
informação da população acerca do tema, a qual ocasiona diversas situações
desfavorecedoras aos mutuários.

1.6 Justificativa
[

A onerosidade excessiva na maioria dos títulos de crédito e o fato dos


devedores raramente ingressarem com uma ação revisional de contrato.
O tema está intimamente relacionado à sociedade, sendo que o debate sobre
os Juros no Direito Brasileiro é de grande relevância, sabendo-se que os juros em si
são inerentes à sociedade atual.
O desconhecimento da sociedade acerca do tema é de fato existente,
conscientizar a população sobre os Juros, sua aplicação e que diz a legislação
brasileira sobre o tema é de grande importância para que os mutuários de certa
forma não sejam lesados, com taxas de juros demasiadamente altas, assédio de
empresas de cobranças, onerosidade excessiva e outras consequências.
Objeto de discussões jurídicas, os Juros possuem questões que devem ser
levantadas, devendo-se esgotar os assuntos acerca desse tema para que se possa
obter um entendimento pleno sobre o assunto.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO: A evolução dos juros na humanidade e seu


desdobramento no Direito Brasileiro

2.1 Na antiguidade

Os juros se mostraram presentes na humanidade antes mesmo da criação da


moeda, onde escritos da civilização suméria, indicam que o crédito na economia da
época era baseado em metais e em grãos.
Conforme expõe o professor doutor Jean Piton-Gonçalves: Os juros e os
impostos existem desde a época dos primeiros registros de civilizações existentes
na terra. Um dos primeiros indícios apareceu na Babilônia no ano 2000 a.C. Nas
citações mais antigas, os juros eram pagos sob a forma de sementes ou de outros
bens. Muitas das práticas existentes originaram-se dos antigos costumes de
empréstimo e devolução de sementes e de outros produtos agrícola”. (Gonçalves,
2005).
Já no Império Romano, surgiram as primeiras regulamentações acerca dos
juros, onde de início os empréstimos em sua natureza eram gratuitos, mas
podendo-se atribuir a cobrança de Juros convencionalmente apartados. Para tanto,
surgiu a foenus, taxa que incorporava os juros ao capital objeto de empréstimo,
entretanto, no início do Império Romano, as taxas de juros eram baixas, visto que a
atividade marítima na época ainda não era praticada.
De acordo com Silvio A. B. Meira, (SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio, 2003,
p35), a Lex Marcia impunha devolução quadruplicada dos juros cobrados em
excesso.
Entretanto, há discussões de que o Direito Romano não legislava sobre a
limitação dos juros até as leis de Duílio e Menênio, outros afirmavam que a primeiro
registro de limitação acerca da taxa de Juros estava prevista na Lei das XII Tábuas.
Mas derruba-se está última possibilidade, visto que na época da Lei das XII Tábuas,
não havia moeda cunhada, sendo a Lex Duilia Menenia o registro mais antigo de
limitação do Fenus Unciarium, que era a taxa juros utilizada na época.
Posteriormente, ao final da República Romana, a taxa de juros fixa era de 1%
ao mês ou 12% ao ano, está já tinha o nome de Usura Centésima.
16

Outro fato interessante acerca dos juros no período romano, e que não era
admitido o anatocismo, ou juros capitalizados também conhecidos atualmente. Este
se trata dos juros sobre juros, ou seja, a adesão de juros vencidos ao capital objeto
de empréstimo para a aplicação de novos juros. Esta prática só era admitida no
foenus nauticum, ou seja, nas relações econômicas marítimas onde até mesmo
poderia haver taxas de juros mais elevadas, tendo como embasamento os riscos
das navegações.

2.2 Na idade média

Já na idade média, percebe-se a forte influência da religião acerca da


aplicação dos juros e das taxas cobradas.
Neste período histórico, muitas pessoas se opunham à cobrança de juros.
Conforme Jayme de Altavila expõe: Os hebreus só toleravam os juros em razão de
sua cobrança em face de estrangeiros”. (1987, p. 105).
Percebe-se a grande influência do cristianismo na idade média nos trechos
extraídos do antigo testamento da Bíblia:
“Não receberás dele juros nem ganho; teme, porém, ao teu Deus, para que
teu irmão viva contigo. Não lhe darás teu dinheiro com juros, nem lhe darás
o teu mantimento por causa de lucro.” (Levíticos, 26,36-37)

"Se fizerem empréstimo a alguém do meu povo, a algum necessitado que


viva entre vocês, não cobrem juros dele; não emprestem visando a lucro.”
(Êxodo 22:25)

Diante de tais convicções, a igreja era de fato totalmente contra a cobrança


de juros, onde de acordo com Dom Estevão Bittencourt, São Tomás de Aquino, num
estudo minucioso condenava os juros, tendo em vista que em sua tese (cf. Suma
Teol. II/II 78, 1-4). A legislação da Igreja medieval corroborava tal sentença; tenham-
se em vista as Decretais dos Papas Aleandre III (1159-81) e Urbano II (1185-87),
assim como os cânones dos concílios ecumênicos do Latrão III (1179) e de Lião II
(1274). O concílio universal de Viena (França) em 1311 chegou a equiparar a um
herege quem ousasse negar que o empréstimo a juros é pecado (cf. Denzinger,
Enchiridion 479).
17

Percebe-se que o Direito Canônico neste período se mostrava bastante


presente e de certa forma tentava ser imperativo, chegando a influenciar
diretamente autoridades da época.

2.3 Na idade moderna

Neste período, no que diz respeito a economia, a igreja continua banindo a


usura (altas taxas de juros) e tinha o princípio de estimular as vendas de
mercadorias a preços razoáveis.
Na Inglaterra Medieval – Dinastia de Tudor – havia norma proibindo a
cobrança de juros nos seguintes termos: “Sendo a usura, pela palavra de Deus
estritamente proibida, com vício dos mais odiosos e detestáveis (...) proibição
essa que nenhum ensinamento ou persuasão pode fazer penetrar no coração
de pessoas ambiciosas, sem caridade ou avarentas deste reino (...) fica
determinado (...) que nenhuma pessoa ou pessoas de qualquer classe,
estado, qualidade ou condição, por qualquer meio corrupto, artificioso ou
disfarçado, ou outro, emprestem, dêem, entreguem ou passem qualquer soma
ou somas de dinheiro (...) para qualquer forma de usura, aumento, lucro, ganho
ou juro a ser tido, recebido ou esperado, acima da soma ou somas emprestadas (...)
sob pena de confisco da soma ou somas emprestadas (...) e ainda a punição de
prisão. (SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio, 2003, p31)
Nada obstante a condenação da Igreja à cobrança de juros, certo é que a
realidade medieval foi outra, demonstrando que as rígidas normas canônicas
surtiram pouco efeito na Europa, de tal sorte que as transações usurárias, com
juros, eram numerosas em toda a Idade Média. Com o desenvolvimento econômico
resultante das cruzadas, a circulação monetária tornou-se mais comum, ensejando
operações usurária, inclusive de forma ostensiva. Na Itália medieval, a cobrança de
juros não foi tão intensa, mas, ainda assim, as taxas atingiam, em algumas
situações, 12% ao ano, havendo relatos de taxas de quase 30% ao ano, ainda que
sob fiscalização mais próxima das autoridades eclesiásticas. (SCAVONE JUNIOR,
Luiz Antonio, 2003, p31)
18

Estas diretrizes que a igreja tentava implantar na sociedade da época, eram


incompatíveis com a abundância e ascensão da burguesia comercial. Onde os
comerciantes queriam a liberdade de estipular seus preços para garantir a expansão
dos negócios e aumentando os lucros.
A cobrança de Juros neste período, fomentou o comércio que estava em
crescimento desenfreado, em contrapartida as leis que a igreja tentava impor acerca
da cobrança de juros e a comercialização de produtos à preço justo sem direito a
lucro, vinham se mostrando cada vez mais frágeis.
A tensão causada por está situação ocasionou um movimento reformista
cristão muito importante para época, denominada Reforma protestante. Liderada por
Martinho Lutero, esta reforma fora baseada em revoltas em relação a práticas
cometidas pela igreja, onde ele à fim de gerar um debate, escreveu um documento
com 95 pontos criticando a igreja e o papa. Ocorre que esta atitude não gerou um
simples debate, mas uma polêmica muito grande que deu início à reforma
protestante.
Tais ideais de Lutero se espalharam pelo continente e sofreram reformas por
alguns de seus seguidores, principalmente por João Calvino, o qual trouxe novas
ideias.
A doutrina protestante de Calvino, a partir do século XVI, se posicionava
contrária à proibição dos juros vez que o amor ao trabalho, bem como o espírito de
economia e a riqueza material eram indícios de escolha para a salvação, de tal sorte
que os juros não eram condenados, tampouco o lucro. (SCAVONE JUNIOR, Luiz
Antonio, 2003, p32).
Ocorre que o desenvolvimento econômico e comercial deste período,
consolidado com as relações jurídicas e sociais, foram de suma importância para
que se tornassem inutilizadas as disposições da igreja acerca dos juros. Fato o qual
impulsionou o desenvolvimento tecnológico na época, fazendo com que grande
parte da Europa passasse a utilizar os juros como instrumento para acelerar o
desenvolvimento econômico, passando a ter legislações estipulando limites para
cobrança das taxas.

2.4 A evolução dos juros no Brasil


19

No território brasileiro não foi diferente, considerando que desde o


descobrimento até as proximidades do fim do Brasil colonial a igreja influenciava de
forma concisa na legislação da época.
Ocorre que o Brasil tinha certa ligação com a Europa, visto que a colonização
dessas terras fora realizada pelos portugueses, assim sendo o Brasil não tinha
autonomia legislativa, presumindo-se que o regime jurídico acerca dos juros era o
mesmo presente na legislação de Portugal.
A excomungação dos juros pela igreja deixou de ter tanta força com a um
alvará expedido pelo Príncipe Regente em 05 de maio de 1810.
De acordo com o que Hernani Estrela traz em sua doutrina, em razão de
representação da Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação, que,
seguindo a parcial liberação da Igreja, permitia a cobrança de “prêmio” pelo
empréstimo de dinheiro para o comercio marítimo, o que se justificava pelo risco
que essa atividade representava para quem emprestava, retornando às origens do
direito romano , que tolerava a cobrança livre de juros nessas operações. De fato,
esse alvará confessava que “da proibição, que até adora existia, só resultavam
fraudes, convenções simuladas, denúncias imorais e proveitosas aos mal
intencionados, que tiravam partido de sua própria torpeza e perigos aos cidadãos de
honra e probidade. (SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio, 2003, p37).
Posteriormente, na Lei de 20 de outubro de 1832, passaram a vigorar as
Ordenações Filipinas, as quais foram resultado da reforma do Código Manuelino.
Especificamente no Livro IV Título XII – “Do que quer desfazer a venda, por ser
enganado em mais da metade do justo preço”, permitia a rescisão de contratos de
compra e venda, transações ou outras avenças em que o comprador após ter
recebido a coisa e pago por ela, achar que foi enganado sendo obrigado a pagar
mais da metade do preço justo, podendo desfazer a compra por conta do referido
engano.
Tal norma também se aplicava nos casos de cobrança de juros nas relações
mutuárias, onde pode-se constatar no Livro IV, Título LXVII das Ordenações
Filipinas, que proibido a prática de usura pelos portugueses e pelos brasileiros.
Após quase um século, o Código Civil de 1916, adotou o princípio da
autonomia das partes nos contratos de mútuo feneratício (contratos de empréstimo),
podendo as partes contratantes regular entre si as taxas de juros, podendo ser
acima ou abaixo do limite legal, conforme exposto abaixo:
20

Art. 1.262. É permitido, mas só por cláusula expressa, fixar juros ao


empréstimo de dinheiro ou de outras coisas fungíveis.

Esses juros podem fixar-se abaixo ou acima da taxa legal (art.


1.062), com ou sem capitalização. (REVOGADO)

Vale expor, que a taxa de juros legal presente neste período era de 6% ao
ano, conforme exposto no artigo abaixo:

Art. 1.062. A taxa dos juros moratórios, quando não convencionada


(art. 1.262), será de seis por cento ao ano. (REVOGADO)

Após alguns anos, ocorreu a grande depressão de 1929, com a quebra da


bolsa de valores de Nova York, desencadeou-se uma crise mundial, a qual atingiu
em cheio a economia brasileira, que era baseada na exportação de café. Em 1930
ocorreu a grande revolução, a qual pôs fim à república velha, com um golpe de
estado, sendo protagonizado por Getúlio Vargas, cujo assumiu a chefia do governo
provisório neste período. Esta grande revolução pôs fim a conhecida “política do
café com leite”, onde as oligarquias cafeeiras colocavam seus interesses
particulares acima dos interesses do Estado e da nação.
Ocorre que de acordo com o código vigente na época, a falta de limite para
cobrança de juros abriu espaço para que ocorressem abusos e lucro exacerbado
por parte dos barões do café, ocasionando impedimento na geração de empregos e
desenvolvimento da produção.
Diante de tais situações, o presidente Getúlio Vargas promoveu mudanças na
economia do Brasil, surgindo a Lei da Usura por meio do Decreto-Lei 22.626, de 7
de abril de 1933, a qual fixou um limite para a taxa de juros. Veja-se:

Art. 1º - É vedado, e será punido nos termos desta lei, estipular em


quaisquer contratos taxas de juros superiores ao dobro da taxa legal
(Código Civil, art. n. 1.062). (...)

Art. 2º - É vedado, a pretexto de comissão, receber taxas maiores


do que as permitidas por esta lei.
21

Sentindo, porém, o legislador que os abusos, especialmente nos períodos de


crise, são levados ao extremo de asfixiarem toda a iniciativa honesta, baixou o
decreto 22,626, de 7 de abril de 1933. (PEREIRA, Caio Mario da Silva, 1999, p81).
Nesta mesma lei, proibiu-se a capitalização mensal dos juros, mas permitiu a
anual, conforme exposto abaixo:

Art. 4º. E proibido contar juros dos juros: esta proibição não
compreende a acumulação de juros vencidos aos saldos líquidos em conta
corrente de ano a ano.

Posteriormente, fora reforçada esta regra na carta magna promulgada em


1934, a qual tinha por intuito “organizar um regime democrático, que assegure à
Nação, a unidade, a liberdade, a justiça e o bem-estar social e econômico". Exposto
no parágrafo único do artigo 117 diz: “É proibida a usura, que será punida na forma
da Lei.”.
Tal constituição foi a que menos durou, vigorando apenas um ano, sendo
substituída pela pera Constituição Federal de 1937, cuja manteve o posicionamento
em seu artigo 142 “A usura será punida”, sendo que a Constituição Federal de 1946
fez o mesmo no artigo 154 “A usura, em todas as suas modalidades, será punida na
forma da lei.”.
No ano de 1938, sob influência da política de moralização econômica, a
usura foi definida ilícito penal, sob Decreto-Lei 869/38 (artigo 4º, alínea b), alguns
anos depois, em 1951 a usura foi tipificada como crime pela Lei 1.521, no artigo 4º,
alíneas a e b e § 3º.
Por conta de uma crise econômica e política, no ano de 1964, houve a
conhecida Lei da Reforma Bancária de número 4.595, que tinha por objetivo
reestruturar o sistema financeiro nacional criando o Conselho Monetário Nacional
(CMN), tendo sua competência exposta no trecho da lei extraído abaixo:

"Art. 4º - Compete ao Conselho Monetário Nacional...:

(...)

IX - Limitar, sempre que necessário, as taxas de juros..."


22

Perante isto, surge a Súmula 596 do STF, que diz "as disposições do Decreto
22.626/33 não se aplicam às taxas de juros e aos outros encargos cobrados nas
operações realizadas por instituições públicas ou privadas, que integram o sistema
financeiro nacional."
Tornando a usura legal para que as instituições integrantes do sistema
financeiro nacional utilizassem, e quando necessário, o CMN interferisse limitando
as taxas de juros.
Foi o julgamento do Recurso Extraordinário 78.953, de São Paulo, em 5 de
março de 1975, que cristalizou esta súmula, em decisão unânime cujo relator foi o
Ministro Cordeiro Guerra, que emitiu seu voto nestes termos:
"(...) Penso que o art. 1º do Dec. 22.626 está revogado, não pelo desuso ou
pela inflação, mas pela L. 4.595, pelo menos no pertinente às operações com as
instituições de crédito, públicos ou privados, que funcionam sob o estreito controle
do Conselho Monetário Nacional. (...)"
Em 1976 o Banco Central expediu a Resolução 389, autorizando os bancos
comerciais a operar "taxas de mercado". Estava formalizada a usura. (NETO,
Nelson Zunino, Revista Consultor Jurídico, 26 de novembro de 1999)
Finalmente em 1988, a atual Constituição Federal, trouxe de volta o decreto
22626/33 (Lei da Usura), onde no seu artigo 192, §3º dispunha que:
Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a
promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses
da coletividade, será regulado em lei complementar, que disporá, inclusive,
sobre:

(...)

§ 3º - As taxas de juros reais, nelas incluídas comissões e


quaisquer outras remunerações direta ou indiretamente referidas à
concessão de crédito, não poderão ser superiores a doze por cento ao ano;
a cobrança acima deste limite será conceituada como crime de usura,
punido, em todas as suas modalidades, nos termos que a lei determinar.

Porém, tal artigo foi alvo de grandes discussões jurídicas e políticas, acerca da sua
aplicabilidade e eficácia. Vale ressaltar, que este dispositivo, desde que a
Constituição Federal de 1988 fora promulgada, sequer foi aplicado, conforme expõe
Dr. Adriano Benayon “Há que salientar o seguinte: esse dispositivo nunca foi
23

aplicado, por que desde que ele apareceu na constituição os setores


concentradores financeiros acionaram o próprio consultor geral da republica do
presidente Sarney, esse consultor, Saulo Ramos, fez um parecer normativo ou algo
assim, dizendo que o artigo não era auto aplicável, ou seja, esse artigo nunca foi
aplicado, como a maioria dos dispositivos que conseguiram colocar na constituição
que fossem a favor da sociedade.”
O parecer normativo que Dr. Adriano Benayon se refere ao Parecer CGR Nº
SR-70, de 06 de outubro de 1988, tendo sua ementa com o seguinte teor:

Em um único artigo a Constituição, promulgada ontem, manda reformar o


Sistema Financeiro Nacional, estabelecendo exigências e diretrizes que
deverão ser observadas pelo legislador orbinário em lei complementar.
Impossibilidade de vigência imediata de uma única diretriz destacada do
conjunto. O tabelamento dos juros, previsto em parágrafo, sujeita-se à regra
principal do artigo e não pode dela apartar-s para aplicação imediata no
sistema ainda não submetido à reforma determinada pelo constituinte.
Interpretação gramatical e sistemática. Preceito constitucional de
ointegração e a imprescindibilidade da interpositio legislatoris.

No dia seguinte após a homologação deste parecer, em 7 de outubro o


Banco Central emitiu a Circular 1.365, notificando todos os bancos de que o limite
de 12% presente no artigo 192 da CF não precisaria ser respeitado. Onde o referido
artigo fora alterado posteriormente pela Emenda Constitucional 40/2003, onde teve
todos os seus incisos revogados, restando apenas o seguinte:

Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o


desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da
coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as
cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que
disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas
instituições que o integram.

O Procurador da Fazenda Nacional Aldemario Araujo Castro, em


pronunciamento, exprime sua percepção acerca desta revogação dizendo: “Ele foi
revogado por uma Emenda à Constituição, quem revogou?! O congresso,
deputados e senadores, que são representantes de quem?! Quase três quartos do
24

congresso foram financiados pelas dez grandes empresas desse país, então, não é
de se estranhar que eventualmente seja suprimido da constituição um dispositivo
que estabelecia uma limitação à taxa de juros”.
Aldemario exprime um posicionamento sugestivo de que se trata de um
mecanismo de geração de privilégio e desigualdade socioeconômica, reforçando
sua tese relata que o constitucionalista Celso Ribeiro Bastos havia escrito em seu
livro de doutrina que o dispositivo contido § 3º seria autoaplicável. Mas em momento
posterior, a FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos) solicitou um parecer a
este jurista, onde ele se posicionou defendendo a necessidade da criação de lei
complementar para que o limite de juros mencionado possuísse aplicação.
Ronaldo Lupinacci em sua obra também confirma a informação de que as
grandes entidades influíram na decisão para a reforma o artigo 192 "por solicitação
da Federação Nacional dos Bancos e da Federação Brasileira das Associações de
Bancos, diversos juristas forneceram pareceres contrários à aplicação imediata do
teto de 12% anuais, tal como previsto no § 3º do art. 192 da Constituição Federal.
Foram eles Hely Lopes Meirelles, Caio Tácito, José Frederico Marques, Manoel
Gonçalves Ferreira Filho, Celso Bastos, Ives Gandra da Silva Martins, Rosah
Russomano, José Alfredo de Oliveira Baracho, Cid Heráclito de Queiroz, Arnoldo
Wald e Geraldo Vidigal. Tais pareceres serviram de fundamento para o voto
condutor, proferido pelo Ministro Sidney Sanches." (Lupinacci, Ronaldo Ausone
p.36).
Ante à definitiva revogação em 2003, houve uma Ação Direta de
Inconstitucionalidade, cuja decisão do STF decidiu como não auto-aplicável o
parágrafo 3º do artigo 192 da Constituição Federal, conforme trecho extraído da
ementa:

"Tendo a Constituição Federal, no único artigo em que trata do Sistema


Financeiro Nacional (art.192), estabelecido que este será regulado por lei
complementar, com observância do que determinou no caput, nos seus
incisos e parágrafos, não é de se admitir a eficácia imediata e isolada do
disposto em seu parágrafo 3º, sobre a taxa de juros reais (12% ao ano), até
porque estes não foram conceituados. Só o tratamento global do Sistema
Financeiro Nacional, na futura lei complementar, com observância de todas
as normas do caput, dos incisos e parágrafos do art. 192, é que permitirá a
25

incidência da referida norma sobre juros reais e desde que estes também
sejam conceituados em tal diploma.

Em conseqüência, não são inconstitucionais os atos normativos em


questão (parecer da Consultoria-Geral da República, aprovado pela
Presidência da República e circular do Banco Central), o primeiro
considerando não auto-aplicável a norma do parágrafo 3º sobre juros reais
de 12% ao ano, e a segunda determinando a observância da legislação
anterior à Constituição de 1988, até o advento da lei complementar
reguladora do Sistema Financeiro Nacional." (STF; ADIn 4-7-600-DF, RTJ

147/719-858)

Sendo assim, aplicou-se a liberdade de fixação das taxas de juros para as


instituições financeiras, nos termos da Lei 4595/64, bem como, a partir de 30 de
março de 2000, de discutível constitucionalidade, a possibilidade do anatocismo, em
razão da Medida Provisória 1963-17 (n. 2170-36, de 23.08.2020). (SCAVONE
JUNIOR, Luiz Antonio, 2003, p39). Trecho extraído da referida MP:

Art. 5º Nas operações realizadas pelas instituições integrantes do Sistema


Financeiro Nacional, é admissível a capitalização de juros com
periodicidade inferior a um ano.

Analisando tais fatos percebe-se que de alguma forma as instituições


financeiras conseguiram obter a liberdade para fixar suas taxas de juros, tudo isso
dentro da legalidade.

2.5 Natureza jurídica, finalidade e utilização dos juros

Segundo a doutrina de Orlando gomes, as características dos juros são: a)


acessoriedade em relação ao capital (vínculo indelével a uma dívida de capital); b)
nascimento contemporâneo à constituição da obrigação; e c) equivalência a um
percentual do capital devido (GOMES, Orlando,1995, p52).
Percebe-se então que os juros têm natureza jurídica acessória à uma
obrigação principal, devendo haver uma relação jurídica preexistente para que os
juros possam existir, sendo os juros acessórios ao capital objeto de mútuo.
26

De acordo com o posicionamento de Pontes de Miranda, juros são aquilo que


o credor pode exigir pelo fato de ter prestado ou de não ter recebido o que se lhe
devia prestar (1965, Tomo 24, p. 45 apud COELHO, 2012, p377).
Sendo assim, na proporção em que os juros seguem intimamente ligados ao
capital, eles representam o rendimento deste, seja pelo provento que o credor tem
ao emprestar o capital, quanto pelo risco e ou demora no reembolso do capital
objeto de empréstimo.
Tais riscos podem se basear na possibilidade de não receber o crédito de
volta, mas também, no risco inflacionário e cambial, tendo como temor a
desvalorização do capital. Em contrapartida, surge uma consequência destes riscos:
o aumento das taxas de juros. No Brasil, as taxas elevadas de juros são justificadas
em detrimento do índice de inadimplência e demora na recuperação dos créditos.
É evidente que a redução dessas taxas representaria substancial redução, da
inadimplência. Todavia, conseguintemente, os lucros bancários seriam reduzidos,
sendo esse fato, talvez, a principal dificuldade para redução das taxas de juros.
(SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio, 2003, p47)
Os juros têm a importante finalidade de ser um importante instrumento para a
economia mundial, sendo utilizado como regulador da produção econômica e
controle a inflacionário.
Um exemplo prático da importância da utilização dos juros como mecanismo
de controle econômico ocorreu na crise econômica de 2008 nos Estados Unidos. Na
época, o Fed (Federal Reserve – Banco Central Americano) levou as taxas de juros
à faixa entre 0% e 0,25% despejando trilhões de dólares na economia, para diminuir
os efeitos negativos da crise, a fim de evitar uma reprise da famosa crise econômica
de 1929, conhecida como “A grande depressão”. Como os Estados Unidos são
conhecidos como potência econômica mundial, aquela crise e a manipulação dos
juros geraram consequências avassaladoras não apenas lá, como também em
outros países do mundo. Há, ainda, países se recuperando das consequências
desta crise. Atitudes as quais tiveram consequências até a atualidade, levando em
consideração que diversos países ainda estão em recuperação por sofrerem com as
consequências dessa crise. Utilizando esse exemplo podemos ver a magnitude da
importância dos juros no mercado financeiro. (RIBEIRO, Ana Paula, 2015).
O aumento nas taxas de juros, freia a oferta de crédito no mercado e freia a
inflação. A inflação é a perda do poder de compra, o que acarreta o aumento
27

generalizado dos preços, por conta da oferta e procura, ou seja, quanto há mais
oferta de um produto e menos procura deste, o seu preço cai. O aumento das taxas
de juros desestimula novos investimentos, pois os empréstimos se tornam caros, e
aumenta a dívida das famílias, diminuindo o consumo da população, e as empresas
que não conseguem vender e não conseguem dinheiro para se financiar, demitem
seus funcionários. Este fenômeno se chama recessão, o qual se trata da diminuição
da atividade econômica, com queda da produção, desemprego etc.
No Brasil, no ano de 1993, havia uma inflação de quase 2500% ao ano,
fazendo com que os preços fossem reajustados diariamente. Esta crise foi
solucionada pelo Plano Real, o qual se tratou de uma reforma econômica, que
depois de adotar o real como moeda oficial e implementar as medidas do plano, o
Brasil foi capaz de alcançar a estabilidade econômica de forma extremamente
eficaz. Como resultado, a inflação foi controlada e o poder de compra das pessoas
pode ser aumentado.

2.6 Presença dos juros no cotidiano e as suas espécies

A existência de taxas de juros na vida diária, está além da percepção das


pessoas. Todos já ouviram falar dos juros, porém poucos conhecem suas espécies
e aplicações. Tal instrumento, está relacionado aos empréstimos, cartões de crédito
e itens básicos que consumimos no dia a dia, sendo inerente a qualquer pessoa que
viva na sociedade atual.
Exemplificando, as pessoas que utilizam o cheque especial em suas contas
bancárias, estarão submetidas aos juros enquanto não adimplirem integralmente a
sua dívida, nesta situação, muitas pessoas se endividam, pois não tem o
conhecimento necessário ou até mesmo ignoram o poder das taxas de juros, e o
“rombo” que elas podem gerar a longo prazo.
Outra situação pertinente é a presença dos juros nos investimentos. Sabe-se
que o mercado financeiro para os brasileiros é um tabu, pois mesmo com o aumento
de pessoas físicas investindo na bolsa de valores, estes números ainda são baixos,
conforme os dados expostos abaixo:
“Em 2002, o número de investidores pessoa física na Bolsa de
Valores de São Paulo (B3) era de 85,2 mil. Desde então, esse grupo
cresceu gradativamente até 2010, quando chegou a 610,9 mil. Entre os
28

anos de 2011 e 2016, a média manteve-se em cerca de 574 mil. Em 2020,


no entanto, o total de investidores pessoa física quase dobrou em relação
aos 1,68 milhão de 2019, chegando a 2,48 milhões este ano, com um
montante de de investimentos que ultrapassa R$ 303 bilhões. A maior parte
desse contingente é composta por jovens e residentes na região Sudeste.
Segundo a B3, investidores entre 26 e 35 anos somam 826,5 mil. Em
termos geográficos, 971 mil são de São Paulo; 275 mil, do Rio de Janeiro; e
237 mil, de Minas Gerais.” (MEDEIROS, Israel. Correio Braziliense, 2020)

Tais circunstâncias talvez se deem pelo fato de que as pessoas estão cada
vez mais interessadas em ter uma educação financeira, para que saiam da mesmice
de pagar juros por terem feito empréstimos e passem a receber juros dos valores
que elas emprestam investindo no mercado financeiro.
A falta de conhecimento sobre os juros se mostra bastante concisa no que
tange a inadimplência e impedimento de progresso financeiro da população. Vale
ressaltar que as taxas de juros presentes nos investimentos contribuem de forma
positiva ou negativa na obtenção dos lucros, por isso é de suma importância
conhecê-las, analisando as mudanças que elas sofrem e balanceando suas
vantagens dentro de um determinado cenário.
Considerando que o conhecimento e o planejamento financeiro são a “chave
mestra” para obtenção de sucesso financeiro, deve-se estabelecer quais são as
espécies de juros e suas referidas taxas, frisando principalmente a sua
aplicabilidade, tendo em vista que nem todos sabem que existem vários tipos de
juros. São eles:

Juros compostos: Quando os juros são pagos não apenas sobre o valor do
principal (valor emprestado), mas também sobre os juros obtidos nos
períodos anteriores.

Juros de mora: Também conhecido como juros de atraso, o termo define as


taxas cobradas pelas administradoras de cartão de crédito no caso de
atraso de pagamento. O Código de Defesa do Consumidor estabelece
como sendo de, no máximo, 2%.

Juros nominais: Incluem a correção monetária do valor emprestado. Em


geral, as taxas oferecidas nas principais modalidades de financiamento são
expressas em termos nominais, ou seja, sem descontar a inflação no
período.
29

Juros reais: A taxa real praticada é determinada como sendo a taxa que
incide sobre um empréstimo (ou financiamento) sem incluir a correção
monetária do montante emprestado. Em condições de inflação zero, os
juros reais e nominais são iguais.

Juros rotativos: Os rotativos são cobrados pelo atraso no pagamento da


fatura de cartão de crédito ou sobre a diferença financiada.

Juros simples: Ao contrário dos compostos, neste caso são pagos apenas
sobre o valor do empréstimo ou aplicação.

Juros sobre capital próprio: São pagos com base no lucro retido pela
empresa nos anos anteriores. É uma das formas de remuneração que uma
companhia pode dar aos seus acionistas. (O ECONOMISTA - 2017)

Já no âmbito jurídico, a doutrina de Carlos Roberto Gonçalves, dispõe que os


juros se dividem em compensatórios e moratórios, convencionais e legais, simples e
compostos.

“Juros compensatórios, também chamados de remuneratórios ou juros –


frutos, são devidos como compensação pela utilização de capital pertencente a
outrem. Resultam de uma utilização consentida de capital alheio” (MIRANDA, Fábio
Gomes de. p89)
Moratórios são os incidentes em caso de retardamento na sua restituição ou
de descumprimento de obrigação. Os primeiros devem ser previstos no contrato,
estipulados pelos contratantes, não podendo exceder a taxa que estiver em vigor
para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional (CC, arts. 406
e 591), permitida somente a capitalização anual (art. 591, parte final).
(GONÇALVES, Carlos Roberto. p382.)
Os juros convencionais são ajustados pelas partes, de comum acordo.
Resultam, pois, de convenção por elas celebrada.
Os juros legais, são previstos ou impostos por lei.
Os juros podem ser, também, simples e compostos. Os juros simples são
sempre calculados sobre o capital inicial. Os compostos são capitalizados
anualmente, calculando-se juros sobre juros, ou seja, os que forem computados
passarão a integrar o capital.” (GONÇALVES, Carlos Roberto, p.404-407).
30

2.7 Limitação das taxas de Juros no mútuo civil e bancário

De acordo com o a Seção II do Código Civil, o artigo 586 traz:


Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é
obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo
gênero, qualidade e quantidade.

Nessa perspectiva, fungíveis são os bens que podem ser substituídos por
outros do mesmo tipo, qualidade e quantidade, como o dinheiro. Diante disso, pode
antever que os juros acompanham essa relação mutuária, sendo que o artigo 591
do Código Civil expõe:
Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se
devidos juros, os quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa
a que se refere o art. 406, permitida a capitalização anual.

A referência ao artigo 406, se trata da falta de convenção prévia acerca dos


juros de mora, ou omissão desta, a taxa de juros será fixada de acordo com a taxa
que estiver vigorando na mora de pagamentos devidos à Fazenda Nacional. Sendo
assim:
Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados,
ou o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da
lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do
pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional.

Assim, atualmente, a taxa dos juros moratórios a que se refere o referido


dispositivo é a taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia,
denominada SELIC. (GONÇALVES, Carlos Roberto, p 411)
A taxa Selic representa os juros básicos da economia brasileira. Os
movimentos da Selic influenciam todas as taxas de juros praticadas no país – sejam
as que um banco cobra ao conceder um empréstimo, sejam as que um investidor
recebe ao realizar uma aplicação financeira. (INFOMONEY, 2020)
Entretanto, a regra responsável pela fixação das taxas de juros a serem
cobradas está presente também no Código Tributário Brasileiro, precisamente no
artigo 161, §1°, que estipula a taxa de 1% ao mês, mantendo os mesmos 12% ao
ano que eram presentes na Constituição Federal.
É interessante apontar que essas taxas vêm se tornando variáveis, tendo em
vista que a Fazenda Nacional tem adotado a taxa SELIC, taxa esta que tem por
31

objetivo o controle inflacionário e que por este motivo tem estabelecido percentuais
bem mais baixos do que os 12% previstos no Código Tributário Brasileiro. Mas vale
ressaltar o entendimento de que como a taxa SELIC foi instituída por leis ordinárias,
diferentemente das regras presentes no Código Tributário Brasileiro que foi
recepcionado pela Constituição Federal como um conjunto de leis complementares,
levando em consideração o princípio hierárquico e respeitando a regra
hermenêutica de que lei geral não revoga lei especial anterior (lex posterior
generalis non derogat priori speciali), uma lei ordinária como a que estabelece a
taxa SELIC jamais poderia estipular taxas de juros superiores aos previstos em leis
complementares. Segundo este entendimento, a taxa SELIC não pode ser
estabelecida em todas as situações por ser originária de uma lei ordinária e sua
posição hierárquica estar abaixo das leis especiais e das leis complementares. .
(SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio, 2003, p104).
Todavia, a legislação civil não pode ser aplicada nos contratos de mútuo
bancário, por fazerem parte do sistema financeiro nacional, eles devem ter regras
específicas, contidas na Lei Nº 4.595, De 31 De Dezembro De 1964, conhecida Lei
da Reforma Bancária.
Sendo assim, as disposições do Decreto 22.626/33 (Lei da Usura) não se
aplicam às instituições financeiras, competindo ao CNM, sempre que necessário
limitar as taxas de juros utilizadas por tais instituições.
Sendo assim, a jurisprudência entendeu que as instituições financeiras
poderiam cobrar taxas de juros superiores aos limites impostos pela Lei da Usura,
desde que autorizadas.
Por conta de tal discussão fora editada a súmula 596 do STF, nos seguintes
termos: “As disposições do Decreto nº 22.626/33 não se aplicam às taxas de juros e
aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições públicas ou
privadas, que integram o sistema financeiro nacional”.
Cumpre assinalar que a Lei Nº 4.595/64 apenas afastou a incidência do art 1º
do Decreto 22.626/33 somente às instituições financeiras. Destarte quanto às
demais pessoas, físicas, jurídicas, permaneceram todas as disposições do referido
diploma legal e, quanto às instituições financeiras, as demais disposições, com
exceção do art. 1º. (SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio, 2003, p206).
Além das instituições financeiras permanecerem utilizando taxas de juros
superiores aos limitados pela legislação brasileira, após grande discussão que
32

perdurou anos, o STF autorizou a capitalização de juros em empréstimos bancários


com periodicidade inferior a um ano. Por 7 votos a 1, o Plenário entendeu que a
Medida Provisória que autorizou o cálculo de juros compostos é constitucional. Isso
quer dizer que os bancos estão autorizados a firmar contratos em que podem incidir
juros compostos em parcelas menores que anuais. (CANÁRIO, Pedro, Conjur 2015)
Esta prática tem permitido, que os bancos apresentem lucros cada vez
maiores, disputando recordes de lucro e arruinando a lógica de uma economia que
incita pelo desenvolvimento e permite que a República alcance seu objetivo:
“construir uma sociedade livre, justa e solidária,” conforme previsto no artigo 3º, I, da
Constituição Federal.
Em contra partida, a Lei Nº 8.078, De 11 De Setembro De 1990, que dispõe
sobre a proteção do consumidor e dá outras providências, ou seja, o conhecido
Código de Defesa do Consumidor, dispõe que:

Art. Art. 2.º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire
ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.

Art. 3.º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou


privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados,
que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços.

§ 1.º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou


imaterial.

§ 2.º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de


consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária,
financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de
caráter trabalhista.

De certo, percebe-se haver uma nítida relação consumerista nos contratos


firmados pelas instituições financeiras com seus clientes. Sendo assim, os
consumidores de serviços bancários devem ser protegidos como qualquer outro
consumidor. Sendo que tal entendimento é fortificado através do Recurso Especial
N. 57.974-Rs (94.386150), que tinha em sua ementa:

1. Os bancos, como prestadores de serviços especialmente


contemplados no artigo 3º, parágrafo segundo, estão
33

submetidos às disposições do Código de Defeso do


Consumidor. A circunstância de o usuário dispor do bem
recebido através da operação bancária, transferindo-o a
terceiros, em pagamento de outros bens ou serviços, não o
descaracteriza como consumidor final dos serviços prestados
pelo banco.

Onde o voto proferido pelo Ministro Ruy Rosado de Aguiar fora de encontro
com o alegado até então.

“O recorrente, como instituição bancária, está submetido às


disposições do Código de Defesa do Consumidor, não porque ele seja
fornecedor de um produto, mas porque presta um serviço consumido pelo
cliente, que é o consumidor final desses serviços, e seus direitos devem ser
igualmente protegidos como o de qualquer outro, especialmente porque nas
relações bancárias há difusa utilização de contratos de massa e onde, com
mais evidência, surge a desigualdade de forças e a vulnerabilidade do
usuário.”

No âmbito das relações consumeristas existem dois princípios de grande


valia, sendo o equilíbrio entre as partes e a boa-fé objetiva, sendo solidificados nos
seguintes artigos do CDC:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

(..)

V - A modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam


prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas


contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:

(...)

VI - Estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do


consumidor;

(...)
34

§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:

(...)

III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor,


considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes
e outras circunstâncias peculiares ao caso.

Tais dispositivos têm por intuito proteger o consumidor, colocando-o como


parte hipossuficiente vulnerável nas relações consumeristas, evitando assim,
onerosidade excessiva e desequilíbrio contratual.

2.8 Diferença entre juros e multa

Quando o adimplemento de uma obrigação é pago com atraso, nele incidem


a cobrança de juros e de multa por conta da mora. Nas relações consumeristas a
cobrança de multa só pode ser feita se anteriormente estiver prevista no contrato,
tendo sua previsão legal no CDC, no seguinte artigo:

Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que


envolva outorga de crédito ou concessão de financiamento ao
consumidor, o fornecedor deverá, entre outros requisitos,
informá-lo prévia e adequadamente sobre:

(...)

II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual


de juros;

(...)

§ 1° As multas de mora decorrentes do inadimplemento


de obrigações no seu termo não poderão ser superiores a dois
por cento do valor da prestação.
35

Em observância ao inciso II, consta-se que os juros também devem ser


informados ao consumidor. Vale lembrar, que os juros incidem sobre o valor
principal, variando de acordo com os dias de atraso, sendo proporcionais à eles.
Diferentemente da multa, que pode ser cobrada uma única vez,
independendo do período de atraso, continua sendo o mesmo valor. Ela se trata de
uma sanção intimamente ligada ao fato de o adimplemento da obrigação não ter
sido feito antes do vencimento.

3. MÉTODOS E PROCEDIMENTOS UTILIZADOS

A presente pesquisa é essencialmente documental, na modalidade de


pesquisa de compilação, envolvendo, inicialmente, levantamento bibliográfico sobre
os temas propostos, com leitura, organização e fichamento dos textos pesquisados.
Além da pesquisa bibliográfica, realizou-se pesquisa jurisprudencial,
analisando algumas decisões judiciais sobre o tema proposto. A ideia foi expor no
corpo das decisões judiciais, a aplicação das regras legais, de modo à valorar os
dizeres da Constituição Federal, do Código Civil, do Código Tributário Nacional e
das leis ordinárias que abordam o tema.
A pesquisa se completou, portanto, com a análise teórica da legislação e com
a verificação da aplicação prática da lei, de modo a criar um panorama, acessível ao
leitor interessado no assunto, sobre o que dispõe o regime jurídico dos juros na
legislação brasileira.

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Percebe-se então que de fato os juros transcenderam milênios, sofrendo


diversas alterações até se estabilizar no contexto atual.
De fato, este instrumento sempre foi utilizado pelos detentores de capital,
como remuneração na realização de empréstimos. Ocorre que diante da evolução
da humanidade este instrumento passou a ser utilizado para enriquecimento
exacerbado em cima das pessoas hipossuficientes.
A legislação por diversas vezes tentou conter tais abusos, entretanto na
maioria das vezes foi falha. A utilização dos juros de forma abusiva, parece ser
inatingível pelos ordenamentos jurídicos.
36

Com foco no Direito Brasileiro, que possui um grande arcabouço de leis no


que tange os juros, onde diversas matérias do Direito acabam por legislar sobre o
tema, tal diversidade não se mostra eficaz e suficiente para que tais dispositivos não
sejam contornados.
Pode citar a Carta Magna da Federação Brasileira, que tentou limitar a usura
no país no art. 193 §3º que sequer chegou a ser aplicado às instituições financeiras.
Percebe-se interesses políticos interferindo na legislação, a favorecer os
entes financeiros que por essa conseguem controlar a economia nacional. Tal fato
se torna preocupante, visto uma má gestão poderia colapsar o país, além disso, as
elevadas taxas de juros favorecem a desigualdade social e desenvolvimento
econômico da população.
Diante de toda análise acerca do tema, percebe-se que ele é cercado
discussões doutrinárias e jurisprudenciais justamente por conta da legislação
controversa que o rodeia.
Por conta das vantagens que as instituições financeiras possuem, algumas
legislações tendem a proteger a população dos abusos, sendo o assim o CDC,
respeitando os princípios da boa-fé objetiva e do equilíbrio contratual, tenta proteger
o consumidor da onerosidade excessiva que as altas taxas de juros podem
ocasionar.
Mas vale ressaltar que o desconhecimento da população acerca da
legislação pertinente aos juros e a falta de educação financeira acabam por
favorecer os bancos, tendo em vista que os consumidores dessas instituições, estão
de “mãos atadas” ao fazerem os empréstimos, aderindo á cláusulas que ocasionam
desequilíbrios na relação contratual. Deste modo, as pessoas não tendo ciência
acerca de seus direitos, e os princípios que o CDC estipula, tendem aceitar tais
condições se endividando cada vez mais.
Se os consumidores tivessem ciência de que uma Ação Revisional de
Contrato poderia restabelecer o equilíbrio contratual entre as partes, diminuindo o
valor da dívida gerada pelos juros, talvez os bancos melhorariam a cobrança e as
taxas de juros estabelecidas.
Ou melhor, se a educação financeira estivesse presente no cotidiano da
população, talvez os juros poderiam ser utilizados a seu favor, na realização de
investimentos no mercado financeiro.
37

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sendo assim, percebe-se que dada a longevidade e perpetuação dos juros


na humanidade, este instrumento se mostrou muito importante para o
desenvolvimento e controle econômico das nações.
Entretanto, os diversos desdobramentos e evolução histórica não fez com
que se perdesse a sua essência, que é compensar o empréstimo de capital ou a
demora na restituição deste.
Mas a sua utilização passou a ser abusiva em diversos períodos da história,
sendo fato gerador de desigualdades sociais. Nesse espeque, surge o Direito, onde
através das legislações tentou limitar as elevadas cobranças de juros.
Em determinadas fases, tais legislações foram eficientes no controle dessas
taxas, entretanto não se mantiveram por muito tempo.
O que se constata diante das oscilações legislativas sobre os juros, é que
por diversos momentos houve intervenções políticas de interesse econômico, que
tinham por objetivo manter as taxas de juros sob estipulação das grandes
instituições financeiras, deste modo, praticando a usura.
Estas instituições financeiras através da estipulação livre das taxas de juros,
detém o controle econômico em suas mãos, ocasionando uma relação frágil, que
tende a super enriquecer os bancos e endividar a população.
Deste modo, o que se presume é que desde sempre os detentores do
capital conseguiam influir na legislação, utilizando-a a seu favor.
Tal circunstância se apresenta na atualidade do Brasil contrapondo os
interesses da nação.
38

6. REFERÊNCIAS

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