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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS


GEOGRAFIA - BACHARELADO
AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS

TURMA DE AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL DA BARRAGEM DO RIO ALMADA


EIA/RIMA

ILHÉUS, BA
2023
1
APRESENTAÇÃO

A GeoUesc Soluções Ambientais é uma empresa responsável pela construção dos


Estudos de Impactos Ambientais da instalação de uma barragem no Rio Almada, à montante
da cidade de Almadina, no sul do estado da Bahia. Por conta desta implantação, este
documento visa contextualizar e apresentar o estudo dos impactos tanto positivos quanto
negativos deste empreendimento, bem como as suas complexidades. Desta maneira, seguem-
se os tópicos que serão abordados ao decorrer deste documento:

● Características introdutórias visando a justificativa e os objetivos do


empreendimento;
● Localização de instalação do empreendimento, com suas coordenadas e mapas;
● A descrição do empreendimento com suas fases de planejamento, instalação,
operação e desativação;
● Os aspectos legislativos;
● As alternativas locacionais acerca da instalação do empreendimento;
● As áreas em que o empreendimento afeta diretamente, em que há influência
direta e em que há influência indireta.

Os estudos aqui presentes foram elaborados como material para atender ao roteiro de
créditos da disciplina de Avaliação de Impactos Ambientais, simulando a instalação de uma
barragem de água no rio Almada, com a finalidade do abastecimento e gerenciamento de água
de Almadina e das outras cidades da região.

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EQUIPE TÉCNICA RESPONSÁVEL PELO EIA/RIMA

NOME CARGO FORMAÇÃO RESPONSABILIDADE


TÉCNICA

EQUIPE GERENCIAL

Gabriel Nobre Nascimento Coordenador Geral / Geógrafo Organização Geral


Meio Biótico

EQUIPE MEIO FÍSICO

Jannine Viana Borges Membro da Equipe Geógrafa Clima

Jéssica Helena Hage Seta Membro da Equipe Geógrafa Solos

José victor dos santos Membro da Equipe Geógrafo Geomorfologia


campos

Malena Santos de Miranda Membro da Equipe Geógrafa Geoprocessamento

Raoni Araújo Membro da equipe Geógrafo Recursos hídricos

EQUIPE MEIO BIÓTICO

Maria Eduarda Membro da Equipe Geógrafa Uso e ocupação do Solo


Nepomuceno

Vanessa Lino da Silva Membro da Equipe Geógrafa Uso e ocupação do Solo

Natalia Oliveira Membro da Equipe Geógrafa Flora e Vegetação

Natan Augusto dos Santos Membro da Equipe Geógrafo Flora e Vegetação


Catarino

Valéria Cerqueira Lima Membro da Equipe Geógrafa Alternativas bióticas

EQUIPE MEIO ANTRÓPICO

João Antonio Rehem Membro da Equipe Geógrafo EIA/RIMA


Andrade

Gabrielly Stephanie Santos Membro da Equipe Geógrafa Procedimentos e


Meneses Protocolos Jurídicos

Ian Felipe Nascimento Membro da Equipe Geógrafo Dados Socioeconômicos

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas


ADA: Área Diretamente Afetada
AIA: Avaliação de Impacto Ambiental
AID: Área de Influência Direta
AII: Área de Influência Indireta
ANA: Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico
APP: Área de proteção permanente
CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente
EIA-RIMA: Estudo de Impacto Ambiental - Relatório de Impacto Ambiental
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IEMA: Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO…………………………………………………………………....7
2. METODOLOGIA………………………………………………………………….8
3. SÍNTESE DA CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO……………..8
3.1. OBJETIVO GERAL
3.2. OBJETIVO ESPECÍFICO E JUSTIFICATIVA
4. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL…………………………………………………. 11
5. DADOS SOCIOECONÔMICOS………………………………………………. 11
5.1. HISTÓRICO
5.2. POPULAÇÃO
5.3. SOCIOECONÔMICO
5.4. EDUCAÇÃO
5.5. MEIO AMBIENTE - ANTRÓPICO
6. O ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA) E RELATÓRIO DE
IMPACTO AMBIENTAL (RIMA)…………………………………………….
…………… 12
7. PROCEDIMENTOS E PROTOCOLOS JURÍDICOS PARA INSTALAÇÃO DE
BARRAGENS NO MUNICÍPIO DA BAHIA…………………….………….. 13
8. ALTERNATIVAS TECNOLÓGICAS E AMBIENTAIS……………………. 15
8.1. IMPLEMENTAÇÃO
8.2. ALTERNATIVA DE DESVIO DA BA-660
8.3. ALTERNATIVAS TECNOLÓGICAS
8.4. ALTERNATIVAS LOCACIONAIS
8.5. CANTEIRO DE OBRAS
8.6. JAZIDAS
8.7. ÁREA DE BOTA FORA
9. ÁREAS DE INFLUÊNCIA……………………………………….…...………. 22
9.1. ÁREA DIRETAMENTE AFETADA (ADA)
9.2. ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA (AID)
9.3. ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRETA (AII)
10. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL.…………………………………………….… 25
10.1. MEIO FÍSICO
10.1.1. ASPECTOS CLIMATOLÓGICOS
5
10.1.2. ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS
10.1.3. PERFIL TOPOGRÁFICO LONGITUDINAL E ORTOGONAL
10.1.4. ASPECTOS DO SOLO
10.1.5. RECURSOS HÍDRICOS
10.2. MEIO BIÓTICO……………………………………………………………62
10.2.1. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO DA ÁREA ESTUDADA
10.2.2. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL E PRESERVAÇÃO
PERMANENTE
10.3. MEIO ANTRÓPICO……………………………………………………….66
10.3.1. IDENTIFICAÇÃO DAS ÁREAS URBANAS INTERCEPTADAS
PELO EMPREENDIMENTO
10.3.2. IMPACTOS POSITIVOS E NEGATIVOS QUE ENGLOBAM AS
ÁREAS URBANAS AO REDOR DO EMPREENDIMENTO
11. REFERÊNCIAS…………..….…………………………………….…...…………68

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1. INTRODUÇÃO

A bacia hidrográfica do Rio Almada faz parte da rede de drenagem da Região de


Planejamento e Gestão das Águas do Leste, no sul do estado da Bahia e compartilha espaço
com outros grandes rios, a exemplo do Rio Cachoeira e Rio Colônia (INEMA, 2014). O rio
nasce na altura da cidade de Almadina e corta um corredor de cidades sul-baianas para chegar
à sua foz no município de Ilhéus.
Como sabemos, a água é um dos elementos essenciais para a constituição da vida e,
sabemos também que é um recurso natural limitado de domínio público (Lei nº 9.433/97). O
aumento da população nas diversas cidades brasileiras ocasiona a crescente demanda por
água, que por sua vez, de acordo com a ONU, fica escassa a cada ano, além do alarmante fato
de que a necessidade de água potável aumente em até 80% até 2050 (CNN, 2023). Neste
sentido, o principal objetivo da instalação da barragem é garantir o sustento do abastecimento
de água em Almadina e nas cidades próximas. Essa ação, por conseguinte, trará tanto
impactos negativos quanto positivos para a região e, neste estudo, serão tratados todas as
características acerca deste empreendimento.
Uma barragem pode promover muitas vantagens para a região em que é construída,
podendo servir para: prevenção de enchentes, geração de energia, abastecimento hídrico,
sendo que essa última função, se dá a partir do armazenamento da água do rio em um
lago/represa. Por sua vez, este empreendimento não traz apenas vantagens, as fragilidades
podem acontecer em diversos espectros, englobando os meios antrópicos, bióticos e físicos,
como os conflitos sociais, por conta da desapropriação de terras e do deslocamento de
pessoas, da degradação da flora e da fauna local, bem como em impactos no ambiente físico,
promovendo assoreamento e erosão, mudanças na dinâmica hídrica (cheias e secas) e até
mesmo a contaminação do leito do rio.
Frente a nova dinâmica climática global vinculada às ações antrópicas diretas ou
indiretas, o posicionamento correto de uma barragem precisa representar a capacidade do ser
humano de lidar com situações que supram aos problemas ligados aos recursos naturais,
ecossistemas terrestres e marinhos, além de empreendimentos de melhoria à vida humana,
visando o bem-estar e/ou equilíbrio entre homem e meio ambiente (FRANCO, G. B. et al.
2012).
Neste sentido, é imprescindível que hajam estudos prévios para escolher a melhor
localização para a instalação do empreendimento que atenda aos requerimentos básicos,
7
seguido do diagnóstico ambiental - que elucida as características físicas, bióticas e sociais da
área em questão - e, por fim, do prognóstico - onde serão avaliados os possíveis impactos
positivos e negativos a serem gerados a partir da instalação e execução do empreendimento
(neste caso, da barragem de abastecimento de água para a cidade de Almadina).

2. METODOLOGIA

O estudo ambiental relacionado à instalação da barragem no Rio Almada consiste na


caracterização e no planejamento a ser seguido em cada fase do projeto. A apresentação deste
documento visa suprir todas as questões abordadas na fase 1 do Termo de Referência para
Estudo de Impacto Ambiental. Neste sentido, seguem:

● A caracterização das opções de locais onde a barragem pode ser instalada, cuja
realização se deu por meio de estudos geoespacializados e simulações (buffers) pelo
software QGIS, que levaram em conta aspectos topográficos e as possíveis áreas de
inundação do lago criado a partir do erguimento da barragem;
● A definição das áreas diretamente afetadas, de influência direta e indireta, geradas pela
construção do empreendimento, considerando aspectos físicos, bióticos e antrópicos;
● Na elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), usando como base o
EIA/RIMA da instalação da barragem do Rio Colônia e outros estudos;
● O EIA será elaborado a partir do diagnóstico ambiental da área de estudo, a fim de
caracterizar a situação atual da mesma, seguido do prognóstico, que apontará os
impactos positivos e as fragilidades consequentes à construção do empreendimento.

3. SÍNTESE DA CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

3.1. OBJETIVO GERAL

O maior objetivo de uma barragem é sua construção respeitando os limites de


segurança mínimos para a manutenção da mesma no seu local de origem, desta forma, o
objetivo deste documento é apresentar uma sequência de estudos e medidas a serem
desenvolvidos durante as fases de: projeto, implantação e operação da construção da
barragem; de modo que os aspectos ambientais legais sejam devidamente considerados.
8
Através do uso deste documento, espera-se garantir que a implantação deste
empreendimento provoque impactos negativos mínimos possíveis, já que qualquer problema
que venha a ocorrer no seu maciço, todo o conjunto à jusante do mesmo será muito afetado,
tendo impactos ambientais e sociais enormes. E, em contrapartida, objetiva que a barragem
possa assegurar efetivamente os benefícios planejados, sem sofrer alterações por parte do
ambiente circundante que prejudiquem seu uso ou reduza a sua vida útil.

3.2. OBJETIVO ESPECÍFICO E JUSTIFICATIVA

Ao compararmos os dados do censo demográfico de 2022 (IBGE) com os dados do


censo de 2010 (IBGE), a cidade de Almadina teve crescimento populacional de cerca de
66,69%, que saltou de 3.480 habitantes, em 2010, para 5.218 habitantes em 2022. Além de
Almadina, existem as cidades próximas que apesar de não terem população expressiva,
carecem da influência dos serviços de uma barragem, sejam eles na assertividade do
abastecimento hídrico, ou até mesmo na contenção de possíveis enchentes nas cidades às
margens do Rio Almada.
No aspecto logístico do empreendimento, a barragem do Rio Almada ocupará uma
área de X hectares, com determinada altura de 20 metros e capacidade para armazenar XXX
milhões de metros cúbicos de água, o que vai ocasionar uma vazão de XX litros por segundo
e será instalada seguindo as características no sentido em que:

- Dimensiona as estruturas hidráulicas do complexo barragem, ou seja, os componentes


essenciais para o perfeito funcionamento da barragem;
- Verifica se a inclinação indicada pelos métodos de dimensionamento para barragens
está dentro dos requisitos mínimos de segurança;
- Acompanha toda a execução da barragem, partindo da decapagem até sua conclusão.

Com este crescente aumento populacional e, em contrapartida, a redução e situação


crítica da produção de alimentos no campo (MEC), um aprimoramento dos materiais
utilizados neste meio para uma produção mais eficiente destes elementos se faz necessária. E
ainda, em um contexto de mudanças climáticas, em que há probabilidade de aumento dos
períodos de estiagem, as barragens com finalidade de regularização para acumulação de água
constituem em alternativa para assegurar a disponibilidade de água e, por fim, como já citado
anteriormente, como instrumento para prevenir que as cidades que margeiam o Rio Almada
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sofram com os transbordamentos acarretados pelos períodos com muita precipitação
pluviométrica. No Brasil a legislação que regulamenta os estudos de impactos ambientais
exige que empreendimentos realizem estudos de impactos ambientais, relatórios ambientais
preliminares, relatório de impacto ambiental para licenciamento, execução e monitoramento
de obras.
O projeto executivo contempla a construção de uma barragem do tipo gravidade, que
será erguida a montante do rio Almada, com uma altura de 20m (Figura 1). A escolha do
método construtivo emprega a técnica de CCR (concreto compactado a rolo), considerada
apropriada devido às condições físicas específicas do local de construção da barragem.

Figura 1: Mapa topográfico da área de instalação da barragem no Rio Almada.

Fonte: Dados de pesquisa. Adaptado do IBGE e ANA. (DE MIRANDA. M.S. 2023)

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4. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

No que confere à legislação estadual da Política Estadual de Recursos Hídricos e o Sistema


Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos;

Art.75 da Lei N° 12.035 do dia 22 de novembro de 2009 diz que Sistema


Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos SEGREH deve se articular
com o Sistema Estadual do Meio Ambiente - SISEMA, para assegurar que:
“as atividades ou empreendimentos de utilidade pública, interesse social e
baixo impacto ambiental, que resultem em intervenção ou supressão de
vegetação em Área de Preservação Permanente associada a recursos
hídricos, sejam submetidas ao regular procedimento de licenciamento
ambiental e de outorga de direito de uso de recursos hídricos pelos
competentes órgãos do SEGREH e SISEMA, na forma definida em
regulamento.”(BAHIA, (Estado) 2009).
Ainda no referido artigo, para fins do VII inciso: “consideram-se de
utilidade pública as intervenções em zonas úmidas e as obras de barramento
ou represamento de curso d'água objetivando a criação de reservatórios de
água para consumo humano ou a criação de espelho d´água para incremento
ao turismo sustentável, desde que haja autorização do órgão ambiental
competente, o qual estabelecerá as medidas ecológicas de caráter mitigador
e, se necessário, compensatório, a serem adotadas pelo requerente, com
anuência prévia, quando couber, de órgão federal ou municipal.” (Bahia,
(Estado) 2009. Art.75 § 2°)

5. DADOS SOCIOECONÔMICOS

5.1. HISTÓRICO

O desbravamento do município ocorreu no início do século XIX, com a chegada de


aventureiros à procura de terrenos férteis para a prática agrícola. Formou-se, então, o Povoado
de Pouso Alegre, que tornado vila em 1953, receberia a denominação de Almadina,
integrando o Município de Coaraci. Gentílico: Almadinense, Código do Municipio: 2900900.

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5.2. POPULAÇÃO

População no último censo [2022]: 5.218 pessoas; Densidade demográfica [2022]:


21,28 habitante por quilômetro quadrado

5.3. SOCIOECONÔMICO

Salário médio mensal dos trabalhadores formais [2021]: 2,1 salários mínimos; Pessoal
ocupado [2021]: 343 pessoas; População ocupada [2020]: 7,2 %; Percentual da população
com rendimento nominal mensal per capita de até 1/2 salário mínimo [2010]: 49,7 %.

5.4. EDUCAÇÃO

Taxa de escolarização de 6 a 14 anos de idade [2010]: 95,3 %; IDEB – Anos iniciais


do ensino fundamental (Rede pública) [2021]: 3,5; IDEB – Anos finais do ensino fundamental
(Rede pública) [2021]: 3,8; Matrículas no ensino fundamental [2021]: 658 matrículas;
Matrículas no ensino médio [2021]: 211 matrículas; Docentes no ensino fundamental [2021]:
41 docentes; Docentes no ensino médio [2021]: 10 docentes; Número de estabelecimentos de
ensino fundamental [2021]: 7 escolas; Número de estabelecimentos de ensino médio [2021]: 1
escola.

5.5. MEIO AMBIENTE - ANTRÓPICO

Área urbanizada [2019]: 0,60 km²; Esgotamento sanitário adequado [2010]: 71,8 %;
Arborização de vias públicas [2010]: 1,7 %; Urbanização de vias públicas [2010]: 61,5 % ;
População exposta ao risco [2010]: Sem dados; Bioma [2019]: Mata Atlântica; Área da
unidade territorial [2022]: 245,236 km².

6. O ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA) E RELATÓRIO DE


IMPACTO AMBIENTAL (RIMA)

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é um dos principais meios utilizados no


planejamento ambiental, na avaliação de impactos e na delimitação da área de influência
destes. A partir destes aspectos, ele também acaba definindo os mecanismos de compensação
e mitigação dos danos previstos em decorrência da implantação de
atividades/empreendimentos de grande potencial poluidor e degradação do meio ambiente,

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conforme preconiza a legislação vigente. É uma exigência dos órgãos competentes em
atendimento às normas estabelecidas (art. 2º da Resolução Conama nº 01/1986).
Informações contidas no EIA, bem como sua conclusão, devem ser apresentadas no
Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), em linguagem clara e objetiva, e ilustradas por
mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que seja
possível entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as consequências
ambientais de sua implementação.
No âmbito da gestão estadual, a apresentação do EIA/RIMA é regida pela Lei
Estadual nº 1.356/1988, que lista as atividades modificadoras do meio ambiente e que
necessitam de licenciamento ambiental por meio de tal estudo.
É fundamental ressaltar que o EIA/RIMA deve, a partir de um diagnóstico
socioeconômico e ambiental (meios físico e biótico) de toda a área que será afetada, realizar
um prognóstico das consequências do empreendimento e sugerir medidas, na forma de pré-
projetos, com o objetivo de minimizar os impactos considerados negativos e maximizar
aqueles considerados positivos. Embora tenham finalidades diversas, EIA e RIMA são
instrumentos complementares, e, por isso, são sempre citados em conjunto.

7. PROCEDIMENTOS E PROTOCOLOS JURÍDICOS PARA


INSTALAÇÃO DE BARRAGENS NO MUNICÍPIO DA BAHIA

Em se tratando da instalação de uma obra de tão grande porte, como uma barragem ,
que é classificada como EIA/RIMA de alto impacto ambiental, alguns procedimentos são
necessários para se averiguar a justificativa e a possibilidade legal para o prosseguimento da
obra. Seguem os passos jurídicos para a possibilidade de instalação de uma barragem de
abastecimento no município de Almadina-Ba.
Com a aprovação da LEI FEDERAL 12.334/10, alterada pela Lei Federal nº
14.066/2020 que instituiu a Política Nacional de Segurança de Barragens, ficou estabelecido
que o INEMA é o órgão responsável pela fiscalização da segurança das barragens que
apresentem pelo menos uma das seguintes características:

I – altura do maciço, medida do encontro do pé do talude de jusante com o nível do


solo até a crista de coroamento do barramento, maior ou igual a 15 (quinze) metros.
II – capacidade total do reservatório maior ou igual a 3.000.000 m 3.
III – reservatório que contenha resíduos perigosos conforme normas técnicas
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aplicáveis.
IV – dano potencial associado, médio ou alto.
V – categoria de risco alto, a critério do órgão fiscalizador.

Além desses fatores iniciais, o INEMA (Instituto de Meio Ambiente e Recursos


Hídricos) tomou algumas séries de medidas para a manutenção e condição de instalação
dessas grandes estruturas , como a Manutenção do Inventário de Barragens do Estado da
Bahia, e cadastro e atualização das informações no Sistema Nacional de Informação de
Segurança de Barragens (SNISB), o Acompanhamento dos níveis e volumes dos principais
reservatórios do Estado da Bahia (INFORMATIVO SEMANAL DE MONITORAMENTO
DAS BARRAGENS) e o levantamento junto aos empreendedores das informações das ações
de segurança das barragens (RELATÓRIO DE SEGURANÇA DE BARRAGENS).
Através da portaria INEMA N 16.481/2018, são estabelecidos prazos de execução, a
periodicidade de atualização, a qualificação dos responsáveis técnicos, o conteúdo mínimo e o
nível de detalhamento do Plano de Segurança da Barragem, da Revisão Periódica de
Segurança da Barragem e do Plano de Ação de Emergência, além da qualificação da equipe
responsável, conteúdo mínimo e nível de detalhamento das Inspeções de Segurança Regulares
e Especiais de barragens de acumulação de água e resíduo industrial. A análise estrutural das
barragens devem seguir a periodicidade determinada pela portaria, que estabelece os seguintes
prazos em seu Art 13:
Art. 13 - A periodicidade mínima da Revisão Periódica de Segurança de Barragem é
definida em função da Matriz de Categoria de Risco e Dano Potencial Associado
constante do Anexo I, sendo:
I - classe A: a primeira revisão será realizada em 5 (cinco) anos a partir do início do
primeiro enchimento. As revisões subsequentes deverão ser realizadas a cada 10
(dez) anos;
II - classes B, C e D: a cada 10 (dez) anos a partir do início do primeiro enchimento.
O não cumprimeto dessa dessas diretrizes pode acarretar penalidades, como
disposto no Art 26:
Art. 26 - O não cumprimento do disposto nesta Portaria assim como a declaração
inverídica de informações, sujeitará o infrator às penalidades previstas na Lei Federal
nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997, Lei Estadual nº 11.612, de 08 de outubro de 2009,
Lei Estadual nº 10.431, de 20 de Dezembro de 2006, e Decreto Estadual nº 14.024,
de 06 de junho de 2012.
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Essas, configuram-se como as medidas jurídicas principais para a elaboração de um
plano de construção de barragens de abastecimento.

8. ALTERNATIVAS TECNOLÓGICAS E AMBIENTAIS

8.1. IMPLEMENTAÇÃO
Os possíveis locais escolhidos para a implementação do empreendimento da barragem
do Rio Almada, tomaram forma a partir das pesquisas em relação ao perfil de relevo da região
próxima de Almadina (Figura 2), na qual, notou-se que a cidade se situa em meio a duas
rodovias (BA-660 e BA-262) em uma parte relativamente plana, no fim de um vale, na qual a
cidade é o ponto mais baixo (290 m acima do nível do mar). O aspecto topográfico da região é
caracterizado pela existência da Bacia Hidrográfica do Rio Almada, contida na RPGA do
Leste e, é típico de uma região de vale de cursos de rio, uma vez que é rodeada por diversos
divisores de água que culminam em alturas de até 790 m acima do nível do mar.

Figura 2: Mapa de declividade ao longo da Bacia Hidrográfica do Rio Almada.

Fonte: Dados de pesquisa. Adaptado do IBGE e ANA. (DE MIRANDA. M.S. 2023)

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Ao ser definida a implementação da barragem, foram feitas simulações (Figuras 3)
relacionadas à instalação da estrutura principal da barragem, que fica a aproximadamente 1km
da parte central da cidade de almadina e forma um lago com aproximadamente 20 metros de
extensão.

Figura 3: Mapa de localização do empreendimento.


Fonte: Dados de pesquisa. Adaptado do IBGE e ANA. (DE MIRANDA. M.S. 2023)

8.2 ALTERNATIVA DE DESVIO DA BA-660

A alternativa de implementação da barragem acarretará na inviabilização do curso


atual da rodovia estadual BA-660, pois ela seria impactada pela margem esquerda do lago que
será formado pela barragem e, em dado momento seria encoberta pelo mesmo. Por este
motivo, também foi avaliada uma alternativa de desvio para a rodovia (Figura 4), de forma
que a instalação da barragem e da área a ser inundada não influencie na passagem.

Figura 4: Alternativa de desvio para a BA-660.

16
Fonte: Dados de pesquisa. Adaptado do IBGE e ANA. (DE MIRANDA. M.S. 2023)

8.3. ALTERNATIVAS TECNOLÓGICAS

Considerando o fato de que a instalação de uma barragem influenciará na mudança das


dinâmicas físicas, bióticas e antrópicas, cabe-se pensar em outras alternativas que promovam
os objetivos deste empreendimento. Uma dessas alternativas, que serve para a obtenção de
água para irrigação e redução dos impactos ambientais negativos oriundos da construção da
barragem, é a derivação de parte dos recursos hídricos de um curso d’ água para “bolsões’’ de
acúmulo de água fora das áreas protegidas.
Esses bolsões são abastecidos por águas diretamente captadas dos cursos d’ água
naturais e transportadas, preferencialmente por meios canalizados. As águas neles
armazenadas podem ser usadas nas ações de irrigação das culturas agrícolas de forma
semelhante às armazenadas em barragens. Enquanto não há prejuízo significativos da
disponibilidade hídrica para o uso da agricultura e ainda, promovem significativos benefícios
ambientais do uso dessa técnica:
- Diminui a fragmentação de habitats naturais;
- A menor destruição e internação em áreas de zonas ribeirinhas;

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- A não criação de obstáculos à movimentação da biota aquática;
- A permissão do fluxo natural e contínuo de sedimentos e nutrientes;
- A alteração da qualidade da água e a não criação de novos ecossistemas.

Uma vez que a alternativa tecnológica não for usada e o projeto de construção da
barragem for de fato consumado, a fim de minimizar os impactos, no meio biótico, por
exemplo, o projeto pretende cumprir com todas as determinações legais, contribuindo com a
sustentabilidade ecossistêmica e ainda, contará com rotas de passagens para que os animais,
com o seu habitat modificado, atravesse com segurança as rodovias de acesso que estão
elencadas na logística do empreendimento.
Deste modo, haverá a construção de passarelas para a travessia de animais e também
corredores ecológicos visando mitigar a fragmentação dos ecossistemas, preservando a
biodiversidade local e adjacências, viabilizando um acesso seguro para que a ligação entre os
indivíduos isolados pela implementação da barragem não se perca, protegendo assim toda a
cadeia ecossistêmica de fauna e flora. Tudo será feito para que as condições ecológicas e suas
interações sejam suficientes para a vida, com a finalidade de manter, na medida do possível,
os atributos físicos do lugar, visto que haverá uma grande barreira ameaçando várias espécies
e promovendo a competição de recursos limitantes e interferindo na sua sobrevivência,
crescimento e reprodução.

8.4. ALTERNATIVAS LOCACIONAIS

Além da alternativa principal de implementação da barragem, que fica à montante da


cidade e que se encontra a aproximadamente 1km de distância do centro de Almadina,
cogitaram-se outros dois pontos (Figura 5) em que uma barragem poderia ser implementada.
A segunda localização alternativa para a implantação da barragem (linha verde), assim como
a primeira(linha vermelha), também fica à montante da cidade, a aproximadamente 2km do
centro da cidade de Almadina. A terceira alternativa (linha amarela), difere-se das outras duas
por estar a jusante da cidade e por ser mais distante, estando a aproximadamente 2,5km de
distância do centro da cidade. Todas as três alternativas foram escolhidas visando atender os
requisitos necessários para a instalação de uma barragem de 20m de altura.

Figura 5: Alternativas locacionais da barragem do Rio Almada.

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Fonte: Google Earth Pro (2022).

Apesar de se ter cogitado as três alternativas locacionais para a instalação da


barragem, apenas a alternativa principal (linha vermelha) se mostrou viável para os objetivos
do empreendimento. Dessa forma, o quadro a seguir (Quadro 1) mostra os prós e contras de
cada uma das alternativas, com a letra “x” indicando consta e a letra “o” indicando não
consta, para desta forma, atribuir notas a cada uma delas, a fim de qualificar a melhor opção:

Quadro 1 - Quadro
qualificativo de Alternativa Alternativa Alternativa
Peso prós e contras entre
na
1 2 3
as alternativas. nota
Extensão do peso
x o x
lago 2
Distância da peso
o x x
cidade 1
Capacidade de peso
x o o
abastecimento 3
Desvio da BA- peso
x x x
660 2
Não terá
peso
impacto na x x o
2
cidade
Nota 9 5 5

19
Fonte: construção própria (NASCIMENTO, G. N. 2023)

Como consta na tabela, a Alternativa 1 é a que detém a maior nota qualificativa para a
instalação do empreendimento. A qualificação alta da primeira alternativa se deve a alguns
fatores, o primeiro deles é em relação a extensão do lago; a primeira e a terceira alternativa de
implantação, criam lagos para o armazenamento de água que serão suficientemente grandes
para os objetivos do empreendimento, ao passo em que na segunda alternativa, isso não
ocorre; em relação a distância da cidade, a segunda e a terceira alternativa se destacam por
estarem a 2km ou mais de distância do centro da cidade, enquanto a primeira se situa a menos
de 1,5km.
Quando tratamos da capacidade de abastecimento, apenas a primeira alternativa se
sobressai, pois, uma vez que está mais próxima da cidade e em local relativamente alto, a
água poderá ser conduzida até a cidade através da força da gravidade, enquanto nas outras
duas alternativas, por serem distantes, seria necessário usar de técnicas de bombeamento para
que a água chegasse à cidade; em relação ao desvio da BA-660, todas as alternativas se
encontram ou vão interferir no curso normal da rodovia, dessa forma, ela precisará ser
realocada em qualquer uma delas.
Todas as três alternativas irão causar impactos tanto benéficos quanto negativos na
cidade, porém, apenas a terceira alternativa causará o maior deles. Por estar situado à jusante
da cidade, a formação do lago pela implementação da barragem iria submergir toda a cidade
de Almadina; essa situação só tem chances de ocorrer nas outras duas alternativas caso as
barragens se rompam. Por estes motivos, a primeira e principal alternativa de implantação é a
melhor escolha para o empreendimento.

8.5. IMPLEMENTAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

Por fim, cabe-se ainda destacar o centro logístico que auxiliará na construção do
empreendimento. Neste caso, o canteiro de obras ficará localizado na margem direita do rio
Almada (Figura 6), em uma área de cerca de 9 hectares próxima ao barramento, cercado, com
portaria de acesso. A área indicada é ocupada e modificada por atividades desenvolvidas pelo
ser humano (em sua maioria, área de pastagem) e não conserva mais as suas condições
naturais. Sua determinação se deu principalmente pela facilidade de acesso. O canteiro de
obras se encontrará acima da altura da cota de alagamento do lago que será criado e abrigará
20
estruturas de administração, infraestrutura adequada aos trabalhadores, bem como a
infraestrutura técnica necessária para as construções.

Figura 6: Sugestão de local para construção do canteiro de obras da barragem.

Fonte: Dados de pesquisa. Adaptado do IBGE e ANA. (DE MIRANDA. M.S. 2023)

8.6. JAZIDAS

A construção de uma barragem, por ser uma obra de grande porte, demanda grandes
volumes de materiais. Para a implementação de uma barragem do tipo CCR (concreto
compactado a rolo), os materiais principais se dividem principalmente entre areia e pedra,
além de algumas porções de solo. Por serem materiais que não são encontrados facilmente na
área próxima à barragem, estes serão adquiridos em outros locais em que haja disponibilidade.
Para a obtenção dos materiais foram feitos levantamentos de jazidas (Quadro 2) que
comportassem o volume de materiais que são necessários para a construção do

21
empreendimento, estes levantamentos resultaram em duas possibilidades de areais e uma
possibilidade dos demais materiais.

Quadro 2 - Levantamento de jazidas e distância da barragem.

MATERIAL E JAZIDAS DISTÂNCIA DA BARRAGEM (EM KM)


Areia - Fazenda Santa Maria 85,00

Areia - Areal Guanabara, Olivença, Ilhéus-BA. 110,00

Pedra - Pedreira União, Itabuna-BA. 52,00

Solo - Fazenda Conjunto Bom Sossego São José 2,00

Fonte: Construção própria (NASCIMENTO, G. N. 2023)

8.7. ÁREA DE BOTA FORA

A área de bota fora diz respeito ao armazenamento dos dejetos que não serão mais
utilizados na obra, dessa forma, estes materiais serão depositados e submersos no próprio lago
que será formado com a instalação da barragem.

9. ÁREAS DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO

Entende-se por área de influência de um empreendimento aquela que de alguma


maneira pode sofrer alterações em seus aspectos físicos, bióticos ou socioeconômicos, e que
torna-se sujeita aos impactos consequentes à implantação, execução e manutenção dos
empreendimentos.
A delimitação das áreas direta e indiretas potencialmente afetadas pelos impactos é
dada pelos limites da bacia hidrográfica em que se localiza o empreendimento (Figuras 7),
seguindo as diretrizes da Resolução CONAMA 001/86, em seu artigo 5o, inciso II. Assim,
são divididas em três esferas: Área Diretamente Afetada (ADA), que diz respeito à área do
empreendimento em si, Área de Influência Direta (AID) e Área de Influência Indireta (AII).
Essas subdivisões estão sujeitas direta ou indiretamente aos impactos relacionados ao

22
empreendimento em todas as suas fases de implantação (construção, execução e manutenção)
e em todos os aspectos (físicos, bióticos e socioeconômicos).
Para as análises deste estudo ambiental, em consonância com as legislações vigentes e
a magnitude do empreendimento, serão consideradas: Área Diretamente Afetada (delimitada
pelo lago formado pela barragem), Área de Influência Direta (Rio Almada) e a Área de
Influência Indireta (Bacia Hidrográfica do Rio Almada), conforme representadas pelo mapa a
seguir:

Figura 7: Áreas de influência da barragem do Rio Almada.

Fonte: Dados de pesquisa. Adaptado do IBGE e ANA. (DE MIRANDA. M.S. 2023)

9.1. ÁREA DIRETAMENTE AFETADA (ADA)


A área diretamente afetada deste empreendimento é justamente o local onde ele será
instalado. O lago que será formado e a extensão onde a barragem será construída afetarão
diretamente os meios físicos, bióticos e antrópicos dessa área.

23
9.2. ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA (AID)
Trata-se da área que será influenciada diretamente pelos impactos consequentes do
empreendimento, no mapa, corresponde ao estabelecimento de uma zona de amortecimento
(buffer), feitos a partir do curso do Rio Almada, pegando toda a sua APP. Entendendo que
existem efeitos específicos do empreendimento sobre os meios de análise (socioeconômico,
físico e biótico), a área de influência direta do empreendimento foi subdividida em duas: área
de influência direta do meio físico-biótico e área de influência direta do meio
socioeconômico.

● Área de influência direta do meio físico-biótico:


É a área adjacente ao lago e pertencente à zona de amortecimento, desde a cidade de
Almadina, a montante, passando por Itajuípe, até a cidade de Ilhéus, na sua foz, numa faixa de
15m correspondentes a APP em cada margem do rio, incluindo a área de captação e adução,
incorporando a desembocadura dos principais afluentes e remanescentes de matas tropicais.
Onde os impactos gerados pelo empreendimento estão diretamente relacionados com fatores,
como: recursos hídricos, geologia, solos, relevo, ecossistemas aquáticos e terrestres.

● Área de influência direta do meio socioeconômico:


Engloba a área adjacente ao lago e a zona de amortecimento, desde a cidade de
Almadina, a montante, passando por Itajuípe, até a cidade de Ilhéus, na sua foz.

9.3. ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRETA (AII)


Trata-se da camada mais ampla do estudo, tem relação com os efeitos indiretos das
ações relacionadas com a implantação da barragem sobre os fatores físicos, bióticos e
socioeconômicos que não estão inseridos na área diretamente afetada (ADA) e na área de
influência direta (AID).

● Área de influência indireta do meio físico-biótico


Contempla toda a área da bacia hidrográfica do Rio Almada.

● Área de influência indireta do meio socioeconômico


Envolve os municípios cujas sedes estão situadas na área da bacia hidrográfica do rio
Almada. Bem como municípios fora dela, como as cidades de Floresta Azul, Ibicaraí e Barro

24
Preto; que serão influenciadas indiretamente pela implementação da barragem, principalmente
no âmbito da criação de empregos.

10. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

10.1. MEIO FÍSICO

10.1.1. ASPECTOS CLIMATOLÓGICOS


A Bacia Hidrográfica do Rio Almada tem formato alongado e sai de sua cabeceira nas
proximidades da cidade de Almadina, até a sua foz em Ilhéus. Este percurso, por ser extenso,
possui diversos aspectos climáticos, dessa forma, torna-se necessário avaliá-lo frente aos
principais sistemas de classificação climática, a fim de avaliar as diferentes especificidades de
cada porção de seu território. Segundo a classificação de Köppen, por exemplo, a área da
bacia hidrográfica é caracterizada em três tipologias, sendo elas:

- Aw - Clima tropical com estação seca de inverno. Este domínio se situa na porção
Oeste da bacia e ocupa a menor parte da mesma, na área em que se encontram as
altitudes mais elevadas, bem como a cidade de Almadina e as cabeceiras que formam
o Rio Almada.
- Am - Clima de monção. Presente na parte central da bacia, abrange grande parte do
território e cidades como Coaraci e Itajuípe, contrastando com o relevo de altitudes
médias da área.
- Af - Clima tropical úmido. O qual está presente nas áreas mais próximas ao litoral e a
foz da bacia, englobando cidades como Itabuna e Ilhéus.

25
Figura 8: Classificação climática de Köppen na BHRA.

Fonte: Adaptado de GOMES et al. 2010 apud. Roeder, 1975.

Segundo Roeder (1975), o domínio Aw da bacia hidrográfica, é onde apresentam-se os


menores valores de precipitações, englobando quantidades entre 750 e 1.250mm anuais; já o
domínio Am, encontrado na porção média da bacia, este valor geralmente é acima dos
1.250mm, alcançando até 1.600mm anuais; e, por fim, na porção da foz da bacia, este valor se
concentra nos 1900mm anuais. Ainda segundo Roeder, a temperatura anual da área da bacia
apresenta uma baixa amplitude térmica, influenciada pelo Oceano Atlântico e os ventos
marinhos e ainda, temperatura média que varia de 18ºC nos meses mais frios (entre Julho e
Agosto) e 32ºC nos meses mais quentes (entre Janeiro e Fevereiro)
Os valores de precipitação e os aspectos da temperatura verificados na Bacia
Hidrográfica do Rio Almada são importantes, pois essa característica, bem como a existência
de lençóis freáticos, são as principais fontes de entrada de água em toda a configuração de
drenagem (SOUZA, 2006). Este tipo de informação também é relevante no bojo da
construção de um grande empreendimento como uma barragem. A área da instalação da
Barragem do Rio Almada, que se situa na porção Oeste da bacia, é contida no sistema de
Köppen na tipologia Aw, que é a região com menos aporte de chuvas, quando comparada às
demais, dessa forma, a caracterização dos aspectos climáticos funciona como parâmetro que
26
poderá auxiliar a entender a configuração do armazenamento hídrico ao longo das estações do
ano.

10.1.2. ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS

A Bacia Hidrográfica do Rio Almada tem sentido Oeste-Leste, considerando a


configuração do curso de um rio, em que a nascente fica em uma área de altitude, o relevo da
bacia oscila entre altitudes superiores a 1000m nas porções que estão próximas às cabeceiras;
400m ao longo do percurso e chega até o nível do mar em sua foz. As áreas mais altas estão
localizadas justamente na porção Oeste da bacia, onde também se encontram a Serra do
Pereira e a Serra do Chuchu, que é onde a nascente do Rio Almada fica. O relevo da BHRA é
variado, no qual é caracterizado por áreas de baixada litorânea nas proximidades de Itabuna-
Ilhéus, fundos de vale, morros, serras e morrotes; representando respectivamente as menores
declividades e as maiores.
A Bacia de Camamu-Almada está inserida na margem Leste brasileira e representa um
exemplo típico de margem passiva que teve sua origem associada à ruptura do
supercontinente Gondwana e a consequente abertura do Oceano Atlântico. O embasamento é
caracterizado por rochas gnáissicas pertencentes ao Cinturão Proterozóico do leste da Bahia
na porção norte e rochas mais antigas de idade neo-arqueana, pertencentes ao domínio do
Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá na porção Sul.

Classificação da declividade

De acordo com a classificação a partir dos dados da EMBRAPA, grande parte da


Bacia Hidrográfica do Rio Almada, a qual corresponde a 66% do mesma, possui uma
declividade inferior a aproximadamente 20%. Essa porcentagem inclui as áreas de relevo
plano, suave-ondulado e ondulado. E ainda, cerca de 28% da área da bacia possui
declividades fortes onduladas, 5% são montanhosas e apenas 1% é considerada escarpada.

Domínios Geomorfológicos

A Bacia Hidrográfica do Rio Almada é caracterizada por diversos domínios


geomorfológicos, nos quais, cada um possui suas características, distinguindo-se uma das
outras. Ao tratarmos da geologia da BHRA, Almeida (1977) a define como fragmento da
unidade geotectônica do Cráton São Francisco. Já nos aspectos geomorfológicos, (GOMES et
al.,2010) discorre que a bacia em questão se situa no encontro entre vários domínios, nas

27
quais suas morfoestruturas foram moldadas a partir do clima. Neste sentido, a BHRA é
caracterizada pelos seguintes domínios:

Domínio das Serras e Maciços Pré-Litorâneos

Abrange uma área de aproximadamente 588km² da porção oeste da bacia, próximo às


cabeceiras, se caracterizam justamente por morros e serras de amplitudes variadas, no qual os
grandes vales existentes na área são entalhados em formato de “V”.

Domínio dos Tabuleiros Pré-Litorâneos

É um domínio localizado na área norte da BHRA, na porção norte, ocupando cerca de


122km², se caracteriza por possuir morros com vertentes convexas e convexo-côncava, ou
seja, possuem topos arqueados .

Domínio dos Tabuleiros Pré-Litorâneos da Bacia Sedimentar do Almada

Ocupa cerca de 64km² e está associado às litologias sedimentares, no qual se apresenta


movimentado onde há arenitos e conglomerados, enquanto em litologias de folhelhos e
siltitos, são mais suaves, dessa forma, sua configuração dependerá das litologias presentes.
Em ambas as situações, os topos não costumam ser altos.

Domínio da Depressão Itabuna-Itapetinga

Ocupa a maior parte da área, com cerca de 724km², com topos não muito altos, é uma
faixa rebaixada implantada sobre elementos do Pré-Cambriano Indiferenciado, Pré-
Cambriano Inferior e Pré-Cambriano Superior. Caracterizado por colinas e morros convexo-
côncavos e rochosos
.
Domínio Geomorfológico dos Depósitos Sedimentares Quaternários

Ocupa uma área de 122km² e caracteriza-se por possuírem espessuras variáveis e por
serem contidas pelo Domínio Geológico dos Depósitos Sedimentares Inconsolidados
Quaternários, nos quais há depósitos sedimentares recentes, como praias, mangues e planícies,
que são sujeitos a diversos processos morfodinâmicos atuantes.

28
Figura 9: Domínios geomorfológicos da BHRA.

Fonte: adaptado de GOMES et al. 2010.

10.1.3. PERFIL TOPOGRÁFICO LONGITUDINAL E ORTOGONAL

O perfil topográfico longitudinal e ortogonal da área de instalação da barragem foram


criados a partir do Google Earth Pro, com o intuito de caracterizar a configuração do relevo
do local. A característica longitudinal (figuras 10 e 11) teve dois pontos principais: um de
partida, no sopé de um morro essencial para a delimitação do lago que será criado; e ainda,
um ponto de chegada, que é justamente onde a barragem será instalada.

Figura 10: Mapa de localização do recorte do perfil longitudinal na ADA da barragem.

29
Fonte: adaptado do Google Earth Pro.

Figura 11: Perfil topográfico Longitudinal.

Fonte: adaptado do Google Earth Pro.

O perfil Longitudinal faz um recorte de pouco mais de 2km de comprimento, no qual


as menores altitudes se encontram justamente na área em que o lago do empreendimento será
formado. Essa porção mais baixa é referente a um grande vale rodeado por morros de
altitudes relevantes. Por ter sido feito em linha reta no sentido Noroeste-Sudeste, a maior
altitude verificada neste recorte refere-se à borda de um divisor de água, em um local de
fronteira com outro divisor, em que abre-se uma vala de aproximadamente 100m de altitude,
que é por onde o Rio Almada corre e ainda, onde a barragem será instalada.
A existência dessa vala faz-se ainda mais presente no perfil Ortogonal (figura 12). O
recorte foi feito no sentido Sudoeste-Nordeste, de forma que incluiu o entalhe da barragem,
dessa forma, foi traçada uma linha de quase 1,5km de comprimento, que se estendeu entre
dois morros.
Figura 12: Mapa de localização do recorte do perfil ortogonal na ADA da barragem.

30
Fonte: adaptado do Google Earth.

No recorte do perfil ortogonal (figura 13), é possível observar que a menor altitude se
concentra na área da vala por onde passa o Rio Almada, enquanto as maiores altitudes são os
dois morros divisores de água que delimitam o rio. Ainda quando se trata deste perfil, é
possível observar que este ponto em específico tem boas características para a implantação de
uma barragem de até 250m de comprimento.

Figura 13: Perfil topográfico Ortogonal.

Fonte: adaptado do Google Earth Pro.

10.1.4. ASPECTOS DO SOLO

Os dados expostos a seguir são simplificados e estão de acordo com os levantamentos


feitos por Franco (2010), Gomes (2002) e seguindo o Sistema Brasileiro de Classificação de
Solos - SiBCS - (SANTOS et. al., 2013a). Considerando-se a maior abrangência do nosso
estudo, a Área de Influência Indireta (Bacia Hidrográfica do Rio Almada - BHRA -), é
constituída por uma diversidade de solos que é explicada pela heterogeneidade das
características da paisagem como material de origem, relevo e condições climáticas presentes.

31
Dessa maneira, os principais solos identificados, considerando o primeiro nível categórico do
SiBCS, foram: ARGISSOLOS (50,2%), CAMBISSOLOS (6,9%), ESPODOSSOLOS (1,9%),
GLEISSOLOS (2,3%), LATOSSOLOS (30,1%), LUVISSOLOS (6,7%), NEOSSOLOS
(0,8%) e ORGANOSSOLOS (0,7%) e OUTROS (0,4%). As principais características das
classes de solo identificadas na área, assim como, a descrição morfológica e os resultados das
análises físicas, químicas e mineralógicas dos perfis representativos de cada classe são:

DOMÍNIO DOS ARGISSOLOS

Essa classe constitui solos minerais, não hidromórficos, que apresentam horizonte B
textural (Bt) com argila predominantemente de atividade baixa e profundidade variável.
Quando a atividade da fração argila for alta será sempre conjugada com saturação por bases
baixas ou com o caráter alítico. Os solos desta classe têm como característica marcante um
aumento de argila do horizonte superficial para o subsuperficial, geralmente acompanhado de
boa diferenciação também de cores e características físicas e químicas (SANTOS et al.,
2013a). São solos predominantemente cauliníticos, geralmente bem drenados, de textura
média/argilosa. Na área da BHRA, ocorrem as classes descritas a seguir:

Argissolos Amarelos

Os Argissolos Amarelos diferem dos demais Argissolos por apresentarem horizonte B


textural com matiz mais amarelo que 5YR na maior parte dos primeiros 100cm do horizonte
B, inclusive BA (SANTOS et al., 2013a). Apresentam perfis com espessura do sólum
inferior a 150cm, de textura média/argilosa, média/muito argilosa
ou argilosa/muito argilosa, moderadamente a bem drenados e com
sequência de horizontes do tipo A-Bt-C. Foram identificados na
área solos tanto distróficos (V < 50%), quanto eutróficos (V ≥ 50%),
sendo todos com argila de atividade baixa (< 27 cmolc kg-1 de argila).
Os Argissolos Amarelos (figura 14) em questão são caracterizados por apresentarem
horizonte A moderado, com espessura variando de 15cm a 48cm, cores que variam de bruno-
acinzentado muito escuro (2,5Y) a bruno (7,5YR) e textura média ou argilosa. Apresentam
dominantemente argila de atividade baixa (T entre 3,2 cmolc kg-1 e 13,7 cmolc kg-1 de solo),
soma de bases variando de 0,2 cmolc kg-1 a 10,1 cmolc kg-1 de solo, saturação por alumínio
(m) entre 0% e 65% e saturação por bases variando de 3% a 91%. O pH varia de 4,5 a 7,0
32
sendo, portanto, fortemente ácidos a praticamente neutros.
Por sua vez, o horizonte B apresenta cores predominantes bruno-forte, bruno-
amarelada e bruno-oliváceo (matizes 7,5YR, 10YR e 2,5Y), de textura em geral argilosa ou
muito argilosa, com teores de argila variando de 280g kg-1 a 780g kg-1 de solo. A relação
silte/argila está entre 0,1 e 1,1. A cerosidade não foi identificada nos Argissolos Amarelos,
corroborando com a afirmativa de Anjos (1985), de que esta não é expressiva nesta classe de
solo. Conforme verificado para o horizonte A destes solos, a CTC também é baixa variando
de 3,0 cmolc kg-1 a 10,9 cmolc kg-1 de solo. Já a soma de bases é bastante variável,
apresentando valores que vão de 0,2 cmolc kg-1 a 7,2 cmolc kg-1 de solo. A saturação por
alumínio varia de 0% nos Argissolos Amarelos Eutróficos e Argissolos Amarelos Distróficos
latossólicos a 84,0% nos Argissolos Amarelos Distróficos típicos.
Sendo assim, a saturação por bases também é variável de acordo com a classe
considerada, variando de 3,0% nas variedades distróficas a 100% nas eutróficas. O pH nestes
horizontes varia de 4,6 a 5,8 sendo, portanto, fortemente e moderadamente ácidos. As classes
deste tipo de solo identificadas na BHRA e seus respectivos perfis foram:
- ARGISSOLO AMARELO Alítico abrúptico;
- ARGISSOLO AMARELO Distrófico abrúptico;
- ARGISSOLO AMARELO Distrófico latossólico;
- ARGISSOLO AMARELO Distrófico nitossólico;
- ARGISSOLO AMARELO Distrófico típico;
- ARGISSOLO AMARELO Eutrófico nitossólico.
Esses solos estão distribuídos por toda a Área de Influência Indireta (BHRA),
ocupando 550,06km², o equivalente a 34,9% da área estudada, em posições fisiográficas de
colinas, morros e montanhas em relevo que varia desde suave ondulado até forte ondulado,
com declives entre 3% e 65%.

33
Figura 14: Aspectos Morfológicos dos Argissolos Amarelos da BHRA.

Fonte: Adaptado de EMBRAPA, 2013.

Argissolos Vermelho-Amarelos

Os Argissolos Vermelho-Amarelos (figura 15) diferem dos demais Argissolos por


apresentarem horizonte B textural com matiz mais amarelo que 2,5YR e mais vermelho do
que 7,5YR na maior parte dos primeiros 100cm do horizonte B, inclusive BA (SANTOS et
al., 2013a). Os Argissolos Vermelho-Amarelos em questão apresentam perfis com espessura
do sólum entre 100cm e 160cm, textura média/argilosa, média/muito argilosa ou
argilosa/muito argilosa e argilosa, moderadamente a bem drenados e capacidade de troca de
cátions (CTC) sempre inferior a 27 cmolckg-1 de argila (argila de atividade baixa). Foram
identificados na área apenas solos distróficos (V < 50%) ou com caráter alítico (Al3+ ≥ 4
cmolc kg-1 de solo, T ≥ 20 cmolc kg-1 de argila e m ≥ 50%). Diferentemente
dos Argissolos Amarelos, a cerosidade é uma feição encontrada nos
Argissolos Vermelho-Amarelos, variando de pouca a comum e fraca
a moderada.
Esses solos são caracterizados por apresentarem horizonte A moderado ou

34
proeminente, com espessura variando de 20cm a 33cm, com cores que variam de bruno-
escuro (10YR) a bruno (7,5YR) e textura média ou argilosa. Apresentam dominantemente
argila de atividade baixa (T entre 8,4 cmolc kg-1 e 24,9 cmolc kg-1 de solo), soma de bases
variando de 1,0 cmolc kg-1 a 13,0 cmolc kg-1, saturação por alumínio (m) entre 0% e 81,0%
e saturação por bases variando de 10% a 75%. O pH varia de 3,9 a 5,8 sendo, portanto,
extremamente a fortemente ácidos.
Já o horizonte B apresenta cores predominantes vermelho-amareladas (matiz 5YR) e
vermelho (matiz 3,5YR), de textura argilosa ou muito argilosa, com teores variando de 390g
kg-1 a 660g kg-1. A relação silte/argila está entre 0,2 e 1,0. A cerosidade identificada neste
horizonte varia de pouca a comum e de fraca a moderada. Conforme verificado para o
horizonte A destes solos, a CTC também é baixa variando de 5,3 cmolc kg-1 a 28,5 cmolc kg-
1 de solo. Já a soma de bases é bastante variável apresentando valores que vão de 0,3 cmolc
kg-1 a 4,6 cmolc kg-1 de solo. A saturação por alumínio é variável, entre 34,0% e 87% e a
saturação por bases também é variável, entre 6% e 37%. O pH nestes horizontes varia de 4,4 a
5,1 sendo, portanto, fortemente ácidos. As classes de solo identificadas na BHRA foram:
- ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Alítico nitossólico;
- ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico nitossólico;
- ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico.
Esses solos estão distribuídos dominantemente na porção leste da BHRA, ocupando
uma área reduzida de apenas 16,17km² o equivalente a 1,0% da área estudada, em posições
fisiográficas de morros com relevo ondulado a montanhoso, onde os declives variam de 12%
a 63%.

35
Figura 15: Aspectos morfológicos dos Argissolos Vermelho-Amarelos da BHRA.

Fonte: Adaptado de EMBRAPA, 2013.

36
Argissolos Vermelhos

Os Argissolos Vermelhos diferem dos demais Argissolos por apresentarem horizonte


B textural com matiz 2,5YR ou mais vermelho na maior parte dos primeiros 100cm do
horizonte B, inclusive BA (SANTOS et al., 2013a). Os Argissolos Vermelhos identificados na
BHRA, de maneira geral, são profundos, com espessura do sólum entre 100cm e 170cm, de
textura média/muito argilosa (abrúpticos) ou argilosa/muito argilosa (nitossólicos),
apresentam drenagem imperfeita, moderada ou boa e possuem argila
de atividade baixa (CTC < 27 cmolc kg-1 de argila). Foram
identificados na área Argissolos Vermelhos Distróficos (V < 50%),
Alíticos (Al3+ ≥ 4 cmolc kg-1 de solo; T ≥ 20 cmolc kg-1 de argila e
m ≥ 50% e/ou V < 50%) e Alumínicos (Al3+ ≥ 4 cmolc kg-1 de solo; T <
20 cmolc kg-1 de argila e m ≥ 50% e/ou V < 50%). Conforme
verificado nos Argissolos Vermelho-Amarelos, a cerosidade
também está presente, variando igualmente de pouca a comum e de
fraca a moderada.
Estes solos são caracterizados por apresentarem horizonte A, essencialmente do tipo
moderado, com espessura variando entre 13cm e 42cm, com cores bruno-acinzentado-escuro,
bruno, bruno-escuro, bruno-amarelado-escuro no matiz 10YR e bruno-avermelhado-escuro e
bruno-avermelhado no matiz 5YR e textura média (abrúpticos) ou argilosa (nitossólicos). A
atividade da argila nestes horizontes é baixa variando de 3,4 cmolc kg-1 a 10,7 cmolc kg-1 de
solo. A soma de bases tem valores que vão de 1,1 cmolc kg-1 a 4,6 cmolc kg-1 de solo), com
isso a saturação por bases apresenta valores que vão de 31% a 56%. Possuem saturação por
alumínio (m) entre 4,0% e 41% e o pH varia de 4,6 a 5,2 (fortemente ácido).
O horizonte B, por sua vez, apresenta cores predominantes vermelhas no matiz 2,5YR
e, em alguns horizontes BA, cores vermelho-amareladas no matiz 5YR, textura muito argilosa
ou mais raramente argilosa, com teores entre 467g kg-1 a 675g kg-1. A relação silte/argila
sempre baixa apresenta valores entre 0,2 a 0,6 no perfil de Argissolo Vermelho Alumínico
nitossólico. A cerosidade identificada neste horizonte varia de pouca a comum e de fraca a
moderada. Os valores de CTC variam de 5,9 cmolc kg-1 a 16,1 cmolc kg-1 de solo. A soma
de bases apresenta valores que vão de 1,5 cmolc kg-1 (Argissolo Vermelho Alumínico
nitossólico) a 6,5 cmolc kg-1 de solo (Argissolo Vermelho Alítico abrúptico) e saturação por
bases entre 12% e 46%. A saturação por alumínio, por sua vez, está entre 17% (Argissolo
37
Vermelho Distrófico abrúptico) e 83% (Argissolo Vermelho Alumínico nitossólico). As
classes de Argissolos identificadas na BHRA foram:
- ARGISSOLO VERMELHO Distrófico abrúptico;
- ARGISSOLO VERMELHO Alítico abrúptico;
- ARGISSOLO VERMELHO Alumínico nitossólico.
O aspecto geral do perfil representativo dessa classe de solo é mostrado na Figura 16.
Estas classes estão distribuídas nas áreas próximas das drenagens da BHRA, ocupando
225,27km², o que equivale a aproximadamente 14,3% da área estudada, em posições
fisiográficas de colinas de baixa amplitude com relevo suave ondulado de declives inferiores a
6%.

Figura 16: Aspectos Morfológicos dos Argissolos Vermelhos da BHRA.

Fonte: Adaptado de EMBRAPA, 2013.

DOMÍNIO DOS CAMBISSOLOS

Solos constituídos por material mineral com horizonte B incipiente subjacente a

38
qualquer tipo de horizonte superficial, exceto hístico, com 40cm ou mais de espessura, ou
horizonte A chernozêmico, quando o B incipiente apresentar argila de atividade alta e
saturação por bases alta. Plintita e petroplintita, horizonte glei e horizonte vértico, se
presentes, não satisfazem os requisitos para Plintossolos, Gleissolos e Vertissolos,
respectivamente (SANTOS et al., 2013a).

Cambissolos Háplicos

Estes solos diferem dos demais Cambissolos (figura 17) por não apresentarem
horizonte A húmico ou horizonte hístico ou caráter flúvico dentro de 120cm a partir da
superfície do solo (SANTOS et al., 2013a). Na BHRA estes solos são profundos, com
espessura do sólum entre 100cm e 153cm, de textura argilosa, muito argilosa ou
argilosa/muito argilosa. São bem ou acentuadamente drenados e possuem sempre argila de
atividade baixa (CTC < 27 cmolc kg-1 de argila). Foram identificadas na área apenas
variedades distróficas (V <50%). Apresentam características latossólicas, com estrutura
granular bem desenvolvida e valores da relação silte/argila muito baixos entre 0,1 e 0,4, fase
moderadamente rochosa e rochosa e ocorrem em relevo forte ondulado e montanhoso.

Figura 17: Aspectos da área típica de ocorrência dos Cambissolos, com blocos de rochas
presentes na superfície e na massa do solo.

Fonte: Adaptado de FRANCO, 2010.

Estes solos são caracterizados por apresentarem horizonte A moderado, com espessura
variando entre 13cm e 35cm, com cores bruno-escuro e bruno-amarelado-escuro, no matiz
10YR e bruno-oliváceo, no matiz 2,5Y e textura essencialmente argilosa. A atividade da
39
argila nestes horizontes é baixa variando de 8,1 cmolc kg-1 a 15,9 cmolc kg-1 de solo. A
soma de bases tem valores que vão de 1,1 cmolc kg-1 a 9,8 cmolc kg-1, com isso a saturação
por bases apresenta valores que vão de 13,0% a 62,0%. Possuem saturação por alumínio (m)
entre 1,0% e 52,0% e o pH varia de 4,7 a 5,8 (fortemente a moderadamente ácidos).
O horizonte B, por sua vez, apresenta cores bruno-amarelado-escuro e bruno-
amarelado, no matiz 10YR e bruno-oliváceo-claro e amarelo-oliváceo, no matiz 2,5Y, textura
argilosa ou muito argilosa, com teores entre 452g kg-1 a 657g kg-1, com relação silte/argila
entre 0,1 a 0,4, características de solos muito intemperizados. Os valores de CTC também são
baixos, variando de 4,0 cmolc kg-1 a 9,0 cmolc kg-1 de solo. A soma de bases apresenta
valores ainda mais baixos do que no horizonte A e variam de 0,6 cmolc kg-1 a 2,7 cmolc kg-1
de solo e o valor V entre 9,0% e 30,0%. A saturação por alumínio, por sua vez, está entre 33%
e 77% e o pH é fortemente a moderadamente ácidos (4,6 a 5,5). A classe de Cambissolo
identificada na BHRA foi:
- CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico latossólico;
O aspecto geral do perfil representativo desta classe de solo é mostrado na Figura 18.
Esta classe está distribuída na parte central da BHRA e ocupa uma área de 108,58km², o
equivalente a 6,9% da área estudada, em posições fisiográficas de morros com alta amplitude,
em relevo forte ondulado e montanhoso, onde os declives são superiores a 20%.

40
Figura 18: Aspectos morfológicos representativos dos Cambissolos da BHRA.

Fonte: Adaptado de EMBRAPA, 2013.

DOMÍNIO DOS ESPODOSSOLOS

Esta classe engloba solos constituídos por material mineral (figura 19), que
apresentam horizonte B espódico, abaixo de horizonte E, A ou horizonte hístico, dentro de
200cm da superfície do solo, ou de 400cm de profundidade, se a soma do horizonte A+E ou
dos horizontes hísticos (com menos de 40cm) + E ultrapassar 200cm de profundidade
(SANTOS et al., 2013a). Os Espodossolos constituem solos bastante característicos, em razão
de sua gênese.

Espodossolos Humilúvicos

Os Espodossolos Humilúvicos (figura 20) diferem dos demais Espodossolos por

41
apresentarem horizonte espódico Bh e/ou Bhm, principalmente,isoladamente ou sobreposto a
outros tipos de horizontes (espódicos ou não espódicos) (SANTOS et al., 2013a). A
ocorrência desta classe de solo na BHRA se encontra restrita aos terraços pleistocênicos
oriundos da sedimentação marinha em tempos pretéritos. De acordo com Pereira (2001), estes
solos podem apresentar uma espessura de até 60m.

Figura 19: Área típica da ocorrência dos Espodossolos na margem esquerda do Rio Almada
na planície costeira, e a ocorrência de “ortstein”, Distrito de Sambaituba.

Fonte: Adaptado de EMBRAPA, 2013; Pereira (2001).

A gênese dos Espodossolos está relacionada com o processo de iluviação de húmus


que se acumula no ambiente redutor da toalha freática, precipitando compostos amorfos de
ferro e/ou alumínio junto com material orgânico a alguns metros de profundidade, originando
o horizonte espódico (MOURA FILHO, 1998). De acordo com Coninck (1980), o horizonte B
espódico, com camadas endurecidas (Ortstein), é originado quando o suprimento de
complexos organometálicos excede a atividade biológica associada na acumulação do
horizonte. Assim, a progressiva cimentação torna-se um impedimento à penetração e ao
desenvolvimento das raízes.
O horizonte espódico pode funcionar como horizontes-guia na determinação da
movimentação tectônica. Desta forma, Pereira (2001) identificou atividade neotectônica na
BHRA, comprovada pelos desníveis dos horizontes espódicos na lagoa Encantada e no
distrito de Sambaituba. Na região é comum encontrar acúmulos de água entre os cordões
litorâneos de cor amarronzada típicos de áreas dominadas por Espodossolos. Estes solos
caracterizam-se por serem muito profundos e por apresentarem sequência de horizontes A-E-

42
Bh-Bhs-Bs. Ao horizonte A, seguem-se o horizonte E (eluvial) esbranquiçado (horizonte
álbico) e ohorizonte Bh. Apresentam textura essencialmente arenosa, com teores de silte e
argila consequentemente muito baixos. São solos ácidos, no qual tanto a soma quanto a
saturação por bases são muito baixas.

Figura 20: Perfil representativo dos Espodossolos Humilúvicos da BHRA.

Fonte: Adaptado de EMBRAPA, 2013.

O valor de CTC inexpressivo e o baixo valor de soma de bases do E conduz ao erro de


valores elevados de saturação por base deste horizonte, que pode chegar a 100%. Os teores de
fósforo disponíveis se elevam nos horizontes espódicos, sugerindo a iluviação deste elemento
junto com os óxidos e a matéria orgânica. Os teores de sódio no perfil analisado não foram
elevados, mas, segundo Gomes (2002), podem ser maiores quanto mais próximos do mar
estiverem, em função da brisa marítima.
43
Estes solos são caracterizados por apresentarem horizonte A fraco, com espessura em
torno de 30cm, com cores cinzentas, no matiz 10YR e textura essencialmente arenosa. O
horizonte B, por sua vez, apresenta cores bruno-amareladas e bruno-avermelhadas-escuras, no
matiz 10YR, textura arenosa, com 20g kg-1 em todos os subhorizontes. Os minerais
identificados pelo DRX da fração argila do Bh2 foram a mica, a caulinita e o feldspato-K,
enquanto, para o horizonte Bhs, identificou-se apenas a presença do feldspato-K. A classe de
Espodossolo identificada na BHRA foi:
- ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Órtico arênico;
O aspecto geral do perfil representativo desta classe de solo é mostrado na Figura 20.
Esta classe está distribuída apenas na parte leste da BHRA e ocupa uma área de 29,70km², o
equivalente a 1,9% da área estudada, em áreas planas próximo da Lagoa Encantada, no limite
da bacia. Perfil representativo dos Espodossolos Humilúvicos. com o oceano Atlântico.

DOMÍNIO DOS GLEISSOLOS

Compreende solos minerais, hidromórficos, com horizonte glei dentro de 50cm a


partir da superfície ou a profundidades entre 50cm e 150cm desde que imediatamente abaixo
de horizonte A ou E ou de horizonte H (hístico) com espessura insuficiente para definir a
classe dos Organossolos (SANTOS et al., 2013a). São solos relativamente recentes, pouco
evoluídos, e originados de sedimentos de idade quaternária, apresentando, portanto, grande
variabilidade espacial. Os Gleissolos são característicos de áreas alagadas ou sujeitas a
alagamentos (planícies fluviais e de maré) em relevo plano (declives inferiores a 3%), que
recebem sedimentos depositados em ambiente de menor energia de transporte. Apresentam
cores de redução (cinzentas e azuladas), podem ter alta ou baixa saturação por bases, sendo a
condição de má drenagem a sua maior limitação de uso. São subdivididos, em segundo nível
categórico, em função da presença de tiomorfismo, salinidade e do tipo de horizonte
superficial. Na área estudada ocorrem as classes descritas em seguida.

Gleissolos Háplicos

Os solos desta classe se caracterizam por não apresentar horizonte superficial do tipo
H hístico com menos de 40cm de espessura, A húmico, proeminente ou chernozêmico ou
também horizonte sulfúrico e/ou materiais sulfídricos, dentro de 100cm a partir da superfície
ou caráter sálico em um ou mais horizontes, dentro de 100cm a partir da superfície, não
44
caracterizando dessa forma os Gleissolos Melânicos, Gleissolos Tiomórficos e Gleissolos
Sálicos, respectivamente (SANTOS et al., 2013a). Os Gleissolos Háplicos na BHRA têm
ocorrência restrita nas áreas mais baixas da paisagem que constituem as várzeas dos principais
córregos e rios, sendo originados de sedimentos fluviais ou colúvio-fluviais, referido ao
Holoceno, oriundos da decomposição de rochas de áreas circunvizinhas, que são transportadas
e depositadas ao longo dos cursos d’água.
Compreende solos relativamente recentes, pouco desenvolvidos e pouco profundos,
com lençol freático elevado. Apresentam alta saturação por bases (V%) na maior parte do
perfil, podendo, no entanto, apresentar variedades com baixa saturação por bases. Possuem
textura média ou arenosa/média, com horizontes gleizados, mal drenados, com
permeabilidade lenta no horizonte superficial e muito lenta nas camadas subjacentes. Estão
relacionados com vegetação de floresta tropical perenifólia de várzea em áreas de relevo
predominantemente plano e suave ondulado e apresentam limitações ao uso de máquinas e
implementos em decorrência do lençol freático elevado, o que exige, também, seleção de
culturas adaptadas ao excesso de água.
Estes solos são caracterizados por apresentar horizonte A moderado, com espessura
variando entre 10cm e 35cm, com cores variando de cinza-muito-escuro a bruno-amarelado-
escuro, no matiz 10YR e textura desde arenosa até média, com maior predomínio da textura
média. A atividade da argila nestes horizontes é sempre baixa, variando de 8,2 cmolc kg-1 a
16,2 cmolc kg-1 de solo. A soma de bases tem valores que vão de 5,1cmolc kg-1 a 15,7 cmolc
kg-1 de solo, com isso a saturação por bases apresenta valores que vão de 54% a 97%.
Possuem saturação por alumínio (m) entre 0,9% e 2%, com pH variando de 5,8 a 6,3
(fortemente a moderadamente ácidos).
O horizonte subsuperficial (B e/ou C), por sua vez, apresenta cores cinza, cinzento,
cinzento-escuro, bruno-oliváceo, bruno-oliváceo-claro, bruno-acinzentado, bruno e bruno-
amarelado, nos matizes 2,5Y, 10YR e 7,5YR, textura variando desde arenosa até argilosa,
com teores entre 90g kg-1 e 530g kg-1. Os baixos teores de argila, na maioria dos horizontes,
e em alguns casos também de silte, geraram valores muito variáveis da relação silte/argila (0,2
a 3,4), indicando que esta relação apenas reflete a granulometria variada dos sedimentos que
deram origem a estes solos.
Os valores de CTC variam de 1,7 cmolc kg-1 de solo, nas variedades com argila de
atividade baixa, a 38,2 cmolc kg-1 de solo nas variedades de argila de atividade alta. A soma
de bases apresenta valores que variam de 0,8 cmolc kg-1 a 36,5 cmolc kg-1 de solo e a
saturação por bases (V) de 17% a 100%. A saturação por alumínio em sua maior parte é muito
45
baixa (0% a 3,8%), com exceção dos horizontes C1 e C2 do perfil 31 que apresentam valores
de saturação de 58% e 68%, respectivamente. O pH varia desde fortemente ácido (4,8) a
moderadamente alcalino (8,1). O perfil considerado típico para esta classe (Gleissolo Háplico
Tb Distrófico típico) apresentou os seguintes minerais identificados pelo DRX: caulinita, ilita,
haloisita e plagioclásio. Alguns resultados específicos de DRX, de acordo com Gomes (2002),
mostraram que a caulinita e as micas estão presentes em ambos os solos. As classes de
Gleissolos Háplicos identificadas na BHRA foram:
- GLEISSOLO HÁPLICO Tb Eutrófico típico;
- GLEISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico;
- GLEISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico solódico;
O aspecto geral do perfil representativo desta classe de solo é mostrado na Figura 21. Esta
classe está distribuída em duas porções da BHRA, uma na parte sudeste no limite com a bacia
do Rio Cachoeira e outra na parte oeste na cabeceira do Rio Almada, ocupando uma área de
34,31km² (2,2%).

Figura 21: Perfil representativo dos Gleissolos Háplicos da BHRA.

Fonte: Adaptado de EMBRAPA, 2013.

Gleissolos Melânicos e Tiomórficos

46
Os Gleissolos Melânicos se caracterizam por apresentar horizonte superficial do tipo
H hístico com menos de 40cm de espessura, ou A húmico, proeminente ou chernozêmico,
sem a presença de horizonte sulfúrico e/ou materiais sulfídricos, dentro de 100cm a partir da
superfície ou o caráter sálico em um ou mais horizontes, dentro de 100cm a partir da
superfície, não caracterizando dessa forma os Gleissolos Háplicos, Gleissolos Tiomórficos e
Gleissolos Sálicos, respectivamente (SANTOS et al., 2013a). Por sua vez, os Gleissolos
Tiomórficos se caracterizam por apresentar horizonte sulfúrico e/ou materiais sulfídricos,
dentro de 100cm a partir da superfície (SANTOS et al., 2013a). Estes solos estão associados
ao ambiente de mangue em áreas de relevo predominantemente plano e são originados de
sedimentos fluviais ou colúvio-fluviais, com influência marinha, referido ao Holoceno.
São solos relativamente recentes, pouco desenvolvidos e pouco profundos, com lençol
freático muito elevado. Apresentam alta saturação por bases (V%) na maior parte dos
horizontes, com elevados teores de Ca2+, Mg2+ e Na+, tanto nos melânicos como nos
tiomórficos. Possuem textura média (Gleissolos Melânicos) ou arenosa em parte do perfil
(Gleissolos Tiomórficos), com horizontes gleizados, muito mal drenados e com
permeabilidade muito lenta em todos os horizontes. Na BHRA, os Gleissolos Melânicos e os
Gleissolos Tiomórficos são caracterizados por apresentarem horizonte A proeminente, com
espessura entre 10cm e 20cm, com cores bruno-acinzentado muito escuro ou cinzento-
esverdeado-escuro, no matiz 10YR. Já o horizonte C destes solos apresenta cor preto-
esverdeada ou bruno-acinzentado escuro, também no matiz 10 YR. A atividade da argila
nestes solos é elevada, variando de 37,5 cmolc kg-1 de solo, no horizonte Agn1 do perfil do
Gleissolo Melânico, a 80,5 cmolc kg-1 de solo no horizonte Cgjn do perfil de Gleissolo
Tiomórfico.
Da mesma maneira, a soma de bases é elevada com valores entre 23 cmolc kg-1 de
solo a 57,0 cmolc kg-1, com isso a saturação por bases alcança valores superiores a 50%. O
pH no Gleissolo Melânico apresenta valores normais para este tipo de solo, variando de
fortemente ácido (5,2) a moderadamente ácido (5,6). Por sua vez, o Gleissolo Tiomórfico
apresenta valores de pH muito baixos, condizentes com a presença do caráter tiomórfico, que
é de 3,6 (extremamente ácido) tanto no horizonte A quanto no horizonte C. O perfil de
Gleissolo Tiomórfico apresenta valores de condutividade elétrica (CE) muito elevados, 7,2
dS/m no horizonte Agn e de 27 dS/m no horizonte Cgn, ambos apresentando caráter sálico.
Estes valores são condizentes com a maior proximidade do perfil do mar. Já o perfil de
Gleissolo Melânico apresenta valores de CE de 0,42 dS/m (Agn1) e 0,54 dS/m (Agn2).
Os resultados de DRX da fração argila dos perfis de Gleissolo Melânico e Gleissolo
47
Tiomórfico, segundo Gomes (2002), indicaram a presença de caulinita e micas em ambos os
solos. As classes de Gleissolos Melânicos e Tiomórficos identificadas na BHRA foram:
- GLEISSOLO MELÂNICO Ta Eutrófico solódico;
- GLEISSOLO TIOMÓRFICO Órtico sálico sódico;
O aspecto geral do perfil representativo desta classe de solo é mostrado na Figura 22.
Estas classes ocorrem associadas na BHRA e também têm ocorrência restrita às áreas que
constituem o estuário do Rio Almada, nas imediações da área urbana de Ilhéus e representam
apenas 0,1% da área da bacia (2,05km²).

Figura 22: Perfil representativo dos Gleissolos Melânicos e Tiomórficos, respectivamente.

Fonte: Adaptado de EMBRAPA, 2013.

10.4.5. DOMÍNIO DOS LATOSSOLOS

Esta classe compreende solos com horizonte B latossólico abaixo de qualquer tipo de
horizonte A, dentro de 200cm da superfície do solo ou dentro de 300cm, se o horizonte A
apresentar mais que 150cm de espessura. São solos em avançado estágio de intemperização,
muito evoluídos, resultado de enérgicas transformações no material constitutivo. São
normalmente muito profundos, com espessura do sólum em geral superior a dois metros, de

48
elevada permeabilidade e comumente bem a acentuadamente drenados. Apresentam
sequência de horizontes do tipo A, Bw, C, com reduzido incremento de argila em
profundidade (SANTOS et al., 2013a). Em segundo nível categórico, diferenciam-se em
função das características de cor, tendo sido identificadas as classes descritas em seguida.

Latossolos Amarelos

Esta classe é constituída por Latossolos com matiz mais amarelo que 5YR na maior
parte dos primeiros 100cm do horizonte B. Na BHRA, estes solos são profundos a muito
profundos, com espessura do sólum superior a 150cm, de textura média, argilosa ou muito
argilosa e bem ou acentuadamente drenados. Foram identificadas na área Latossolos
Amarelos Distróficos (V < 50%) e Distroférricos (V < 50% e Fe2O3 entre 180 g kg-1 e 360 g
kg-1). Ocorrem em áreas de relevo desde ondulado até montanhoso e estão relacionados com
rochas metamórficas granulitizadas dos Complexos Almadina e Ibicaraí e Granitóide
Ibirapitanga-Ubaitaba (todos distróficos), rochas Metabásicas do Complexo São José
(distroférricos) e Sedimentos da Formação Sergi e do Grupo Barreiras (distróficos) (Figura 23
).
Estes solos são caracterizados por apresentarem horizonte A moderado, com espessura
variando de 15 cm a 34 cm, com cores bruno, bruno-escuro, bruno-amarelado-escuro, bruno-
amarelado, bruno-acinzentado-escuro, nos matizes 7,5YR e 10YR e bruno-oliváceo-escuro,
no matiz 2,5Y, nas variedades distróficas, e bruno-escuro e bruno-forte, nos matizes 7,5YR e
10YR nas variedades distroférricas. A textura varia de média nos solos desenvolvidos dos
sedimentos da Formação Sergi e Grupo Barreiras, a argilosa nos solos desenvolvidos dos
demais materiais de origem. A atividade da argila nestes horizontes é sempre baixa, variando
de 2,4 cmolc kg-1 a 17,0 cmolc kg-1 de solo, a soma de bases varia de 0,4 cmolc kg-1 a 7,1
cmolc kg-1 e a saturação por bases é dominantemente baixa. Sendo assim, possuem saturação
por alumínio (m%) entre 1,0% e 67%.

49
Figura 23: Aspectos típicos da área de ocorrência dos Latossolos Amarelos.

Fonte: Adaptado de EMBRAPA, 2013.

O horizonte B, por sua vez, apresenta cores bruno-oliváceo-claro, no matiz 2,5Y;


bruno-amarelado-escuro, bruno-amarelado, bruno-amarelado-claro e amarelo-brunado no
matiz 10YR; bruno-forte e bruno-escuro no matiz 7,5YR; bruno-forte e vermelho-amarelado
no matiz 5YR; e vermelho no matiz 2,5YR. A textura neste horizonte é média, argilosa ou
muito argilosa, com teores entre 243g kg-1 a 720g kg-1 e com relação silte/argila entre 0,08 a
0,49. Os valores de CTC também são baixos, variando de 0,4 cmolc kg-1 a 12,4 cmolc kg-1
de solo, a soma de bases apresenta valores semelhantes aos verificados no horizonte A e

50
variam de 0,1 cmolc kg-1 a 1,7 cmolc kg-1 de solo com V entre 5% e 44%. A saturação por
alumínio, por sua vez, está entre 0% e 86% e o pH é fortemente ácido (4,3 a 5,3).
A mineralogia da fração argila dos perfis representativos dos Latossolos Amarelos de
alguns perfis indicou em comum a presença de caulinita, gibsita e goethita. As classes de
Latossolo Amarelo identificadas na BHRA foram:
- LATOSSOLO AMARELO Distrófico típico;
- LATOSSOLO AMARELO Distroférrico típico;
O aspecto geral do perfil representativo desta classe de solo é mostrado na Figura 24. Esta
classe está distribuída na parte oeste (distróficos) e nordeste (distroférricos e distróficos de
textura média) da BHRA e ocupa uma área de 468,98km², o equivalente a 29,8% da área
estudada.

51
Figura 24: Perfil representativo dos Latossolos Amarelos.

52
Fonte: Adaptado de Embrapa, 2013.

Latossolos Vermelho-amarelos

Esta classe engloba os Latossolos com matiz mais vermelho que 7,5YR e mais
amarelo que 2,5YR na maior parte dos primeiros 100cm do horizonte B, inclusive BA
(SANTOS et al., 2013a). Na BHRA, esses solos, assim como os Latossolos Amarelos, são
profundos a muito profundos, com espessura do sólum superior a 150cm, porém de textura
exclusivamente muito argilosa e acentuadamente drenados. Foram identificados na área
apenas Latossolos Vermelho-Amarelos Distroférricos (V < 50% e Fe2O3 entre 180g kg-1 e
360g kg-1). Ocorrem em áreas de relevo desde ondulado até forte ondulado e estão
relacionados com rochas metamórficas granulitzadas do Complexo Ibicaraí.
Apresenta horizonte A moderado, com espessura em torno de 15cm, com cor bruno-
escura, no matiz 7,5YR. A textura é argilosa com teores de argila próximos de 511 g kg-1. A
atividade da argila é baixa (10,1cmolc kg-1 de solo), a soma de bases é de 3,6 cmolc kg-1 e a
saturação por bases é de 35%. O perfil possui saturação por alumínio (m) de 5%. O horizonte
B apresenta cores bruno-forte no matiz 7,5YR; bruno-forte e vermelho-amarelado nos matizes
6YR e 5YR, respectivamente. A textura neste horizonte é argilosa ou muito argilosa, com
teores entre 593g kg-1 a 694g kg-1 e relação silte/argila entre 0,02 a 0,24. Os valores de CTC
também são baixos, variando de 5,0 cmolc kg-1 a 7,1 cmolc kg-1 de solo, a soma de bases
apresenta valores ainda menores dos que os verificados no horizonte A e variam de 0,3 cmolc
kg-1 a 1,6 cmolc kg-1 de solo, com valor V entre 6% e 23%. A saturação por alumínio, por
sua vez, está entre 24% e 77% e o pH é fortemente ácido (4,7 a 4,9).
A mineralogia da fração argila do perfil representativo dos Latossolos Vermelho-
Amarelos também identificou a presença de caulinita, gibsita e goethita. A classe de Latossolo
Vermelho-Amarelo identificada na BHRA foi:
- LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distroférrico típico.
O aspecto geral do perfil representativo desta classe de solo é mostrado na Figura 25.
Essa classe ocorre como uma mancha isolada na parte sudoeste da BHRA e ocupa uma área
de 5,05km², o equivalente a 0,3% da área estudada.

53
Figura 25: Perfil representativo dos Latossolos Vermelho-Amarelos.

Fonte: Adaptado de EMBRAPA, 2013.

DOMINIO DOS LUVISSOLOS

São solos minerais, não hidromórficos, com horizonte B textural com argila de
atividade alta e saturação por bases alta, imediatamente abaixo de um horizonte A ou E
(SANTOS et al., 2013a). Na área da BHRA, esses solos são pouco profundos a profundos,
bem drenados, com sequência de horizontes A, Bt e C e que apresentam uma nítida
diferenciação entre os horizontes A e Bt, graças ao contraste de textura e/ou as diferenças de
cor e/ou estrutura exibido por eles. A transição para o horizonte Bt é clara, podendo ou não
apresentar mudança textural abrupta. São formados a partir da decomposição de rochas
metamórficas granulitizadas do Complexo Ibicaraí, em condições climáticas mais secas (Aw)

54
no Domínio Geomorfológico de Serras e Maciços Pré-Litorâneos, e a partir de rochas da Suíte
Intrusiva Itabuna, na Depressão Itabuna-Itapetinga.
Luvissolos Crômicos

Esta classe se diferencia dos demais Luvissolos por apresentar caráter crômico na
maior parte do horizonte B (inclusive BA). São pouco profundos ou profundos, com sólum
apresentando entre 50cm e 118cm, e ocorrem em áreas de relevo desde suave ondulado até
forte ondulado. Apresentam horizonte A moderado seguido por um B textural, realçado por
cores brunadas ou vermelho-amareladas (matizes 10YR, 7,5YR ou 5YR), com ou sem
mudança textural abrupta. A estrutura neste horizonte é predominantemente granular ou em
blocos subangulares de grau de desenvolvimento fraco ou moderado e de tamanho pequeno,
médio ou grande. A espessura varia de 16cm a 32cm, com cor bruno, bruno-escura, bruno-
acinzentado-escuro, bruno-amarelado-escuro e bruno-avermelhado-escuro, todas no matiz
10YR. A textura é arenosa ou média com teores de argila variando de 101g kg-1 a 226g kg-1.
A atividade da argila varia de 4,6 cmolc kg-1 a 30 cmolc kg-1 de solo, a soma de bases de 3,8
cmolc kg-1 a 26,5 cmolc kg-1 e a saturação por bases apresenta valor mínimo de 67% e
máximo de 88%. Possuem saturação por alumínio (m) máxima de 8%.
O horizonte Bt apresenta estrutura geralmente colunar ou em blocos angulares e
subangulares de grau de desenvolvimento moderado ou forte e cerosidade de grau de
desenvolvimento moderado ou forte e quantidade pouca ou comum. As cores nestes
horizontes são: bruno, bruno-escuro e bruno-amarelado-escuro, no matiz 10YR, bruno-forte,
no matiz 7,5YR e bruno-avermelhado e vermelho-amarelado, no matiz 5YR. A textura é
predominantemente média ou argilosa, com teores de argila variando de 162g kg-1 a 456g kg-
1, com relação silte/argila na maior parte dos horizontes entre 0,55 e 2,21. Apresentam
saturação por bases entre 56% e 100% e saturação por alumínio inferior a 20%.
A fração argila tem atividade variando entre 4,0 cmolc kg-1 e 33,9 cmolc kg-1 de
argila. O pH varia de moderadamente ácido, com valor mínimo de 6,0 a praticamente neutro,
com valor máximo de 7,4. Os resultados do DRX da fração argila dos LUVISSOLOS
estudados indicaram a presença de caulinita, haloisita, goethita, ilita e plagioclásio. Apesar da
coloração avermelhada de alguns horizontes Bt dos Luvissolos, a goethita ainda é o principal
óxido de ferro cristalino.
A hematita ocorre em menores proporções, tanto que em alguns dos solos não pode ser
identificada. De acordo com Cornell e Schwertmann (1996), devido à elevada estabilidade
termodinâmica, a goethita é o óxido de ferro mais comum em solos, sendo encontrado em
55
solos aeróbicos e anaeróbicos de todas as regiões do mundo. As classes de Luvissolo Crômico
identificadas na BHRA foram:
- LUVISSOLO CRÔMICO Pálico cambissólico;
- LUVISSOLO CRÔMICO Órtico solódico;
- LUVISSOLO CRÔMICO Órtico saprolítico;
- LUVISSOLO CRÔMICO Órtico abrúptico saprolítico;
O aspecto morfológico geral dos perfis representativos desta classe de solo é mostrado
na Figura 26. Esta classe ocorre na parte oeste, nas cabeceiras do Rio Almada e na parte
centro-sul da BHRA, no limite com a bacia do rio Cachoeira, ocupando uma área de 105,51
km², o equivalente a 6,7% da área estudada.

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Figura 26: Perfis representativos dos Luvissolos Crômicos.

Fonte: Adaptado de EMBRAPA, 2013.


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DOMÍNIO DOS NEOSSOLOS

Nesta classe estão compreendidos solos minerais pouco desenvolvidos, caracterizados


pela ausência de horizonte B diagnóstico. Foram identificados na BHRA, no segundo nível
categórico do SiBCS (SANTOS et al., 2013a), apenas Neossolos Quartzarênicos que são
apresentados a seguir.

Neossolos Quartzarênicos

São solos minerais, não hidromórficos, arenosos, essencialmente quartzosos, muito


profundos e excessivamente drenados, com ausência de minerais primários facilmente
decomponíveis. Apresentam sequência de horizontes A/C, com pequena diferenciação entre
os subhorizontes (SANTOS et al., 2018a). Os Neossolos Quartzarênicos da BHRA são
constituídos por material arenoso de origem marinha, depositados pelo processo de regressão
marinha e pela ação dos ventos na planície costeira, apresentando pequena expressão dos
processos pedogenéticos. Ocorrem exclusivamente em áreas de relevo plano ao longo dos rios
e das zonas de planície costeira, nos terraços holocênicos.
Esses solos, em função de sua localização próxima ao mar, encontram-se sob forte
pressão de degradação, sendo afetados pela grande especulação imobiliária e parte de sua área
já foi ocupada por bairros de Ilhéus, em especial por casas de veraneio, além do processo de
erosão costeira. A classe de Neossolo Quartzarênico identificada na BHRA foi:
- NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico típico;
Esta classe ocorre como uma mancha isolada na parte sudoeste da BHRA e ocupa uma
área de 12,81km², o equivalente a 0,8% da área estudada.

DOMÍNIO DOS ORGANOSSOLOS

Esse domínio se localiza em ambientes rebaixados (ex.: planícies de inundação),


formados pelos depósitos orgânicos. São solos mal drenados desenvolvidos em áreas com
lençol freático próximo à superfície ou permanentemente alagados, e caracterizados como
compressíveis. Esta classe se encontra associada com os Gleissolos Háplicos.

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Organossolos Háplicos

Na BHRA, a classe identificada foi o Organossolo Háplico Sáprico típico. Constitui


solo pouco evoluído, composto por material orgânico proveniente da acumulação de restos
vegetais, chamado de horizonte hístico. Possui coloração escura. O material orgânico-sáprico
é caracterizado pelo estágio avançado de decomposição, com menor teor de fibras, alta
densidade e baixa capacidade de retenção de água no estado de saturação, dentre os demais
tipos de materiais orgânicos (fíbrico e hêmico). É um solo estável, alterando-se muito pouco
no decorrer do tempo, exceto quando drenado (SANTOS et al., 2013a).
Compreendem-se solos com teores de carbono elevado (140,1g kg-1 a 218,8g kg-1). O
Perfil 38 apresentou valor elevado de soma de bases (23,03 cmolc kg-1 a 34,15 cmolc kg-1) e
de CTC (43,94 cmolc kg-1 a 66,39 cmolc kg-1) e possui pH ácido (4,5 a 5,4). Esta classe
ocorre nas margens da lagoa Encantada (Figura 27), ocupando uma área de 10,73km², o
equivalente a 0,7% da área estudada.

Figura 27: Visualização da área de ocorrência dos Organossolos Háplicos da BHRA.

Fonte: Nazal (2010). Adaptado de EMBRAPA, 2013.

10.1.5. RECURSOS HÍDRICOS

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O Rio Almada possui grande extensão e passa por diversos centros urbanos ao longo
do comprimento de sua rede de drenagem. Essas características são peças chaves para a
afirmação de que o rio é bastante antropizado, ou seja, que sofreu alterações em sua
configuração por ações humanas. Algumas pesquisas relacionadas à água em alguns pontos
do Rio Almada, mostraram que a mesma encontra-se degradada, perdendo gradualmente a sua
qualidade e que, um dos principais motivos desta situação é a falta de saneamento básico das
cidades incluídas BHRA (BARRETO, et al., 2015).
A análise da qualidade dos recursos hídricos desta rede de drenagem se faz
importante, uma vez que a mesma serve para abastecer grande parte dos municípios incluídos
em sua bacia hidrográfica, tanto para consumo, quanto para abastecimento dos setores
industriais. Dessa forma, os estudos de Franco et al. contribuíram para a determinação de
alguns parâmetros ligados à qualidade da água nessa bacia.
Em sua metodologia, Franco et al. coletou 12 amostras de água ao longo do curso do
Rio Almada e Lagoa Encantada (figura 28), em diversos espaços temporais, desde a parte
mais próxima da nascente até o ponto em que o rio deságua, a fim de verificar o nível de
coliformes totais, que em questões hídricas, é um dos parâmetros que determinam a qualidade
da água. A partir dessas amostras, foi constatado que em áreas mais próximas de centros
urbanos, o nível dos coliformes totais são acima do valor máximo permitido, corroborando
para o fato de que o rio já não preserva qualidade.

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Figura 28: Área de estudo da coleta de amostras da água da BHRA.

Fonte: adaptado de FRANCO, 2015.

Nas amostras coletadas no ponto 1, por exemplo, que fica próximo a área de interesse
de instalação da barragem, próximo à nascente e a montante dos centros urbanos, existem
dados de que as quantidades de coliformes totais são superiores ao nível permitido, dessa
forma, influenciando em toda a configuração do rio (BARRETO, et al., 2015), que não
consegue se recuperar através do processo de autodepuração, por ter diversos pontos
contaminantes ao longo de sua extensão.
Em relação aos aspectos físicos, o Rio Almada possui uma extensão de 138km da sua
nascente à foz (DE SOUZA, J. R. 2013 apud. GOMES et al., 2010) e possui diversas
necessidades de usos tanto consultivos quanto não consultivos para as suas águas, sendo que
um dos principais é o abastecimento humano, que, segundo dados da Superintendência de
Recursos Hídricos, tem demanda de 0,734m³/s na bacia hidrográfica (DE SOUZA, J. R.
2013). Nos documentos não foram encontrados dados específicos sobre o aporte de vazão do
Rio Almada em relação ao ponto de interesse da instalação da barragem.

61
10.2. MEIO BIÓTICO

10.2.1. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO DA ÁREA ESTUDADA

O uso e ocupação do solo são diversificados com cultivos tradicionais de subsistência,


monocultura do cacau, pecuária extensiva, áreas urbanas, áreas com solo exposto e áreas com
vegetação (áreas úmidas, restingas e florestas de mata atlântica). Segundo os dados do IBGE
(2006), os municípios que fazem parte da Bacia Hidrográfica do Rio Almada têm como
principais cultivos: o cacau, a banana, a borracha, o café e o coco. A vegetação natural dessa
bacia encontra-se, de maneira geral, conservada no que se refere ao uso e ocupação do solo
(Figura 29).

Figura 29: Mapa de ocupação do solo na área da BHRA.

Fonte: Adaptado de FRANCO et al., 2015.

Isso se deve ao fato, principalmente, do método de implantação do cacau em cabruca.


Segundo Lobão et al (1997 e 2004), o cacau-cabruca é um sistema agrossilvicultural de
produção que gera benefícios silviculturais, agroecológicos e ambientais muito valorizados no
desenvolvimento sustentável, que foi originado com a substituição dos estratos florestais
médio e inferior por uma cultura de interesse econômico, implantada no sub-bosque, de forma

62
descontínua, possibilitando a presença de fragmentos com vegetação natural, não
prejudicando as relações com o meio físico ao qual está relacionado.
Além de gerar recursos financeiros e fixar o homem no meio rural, o sistema
conservou recursos hídricos, fragmentos e exemplares arbóreos da floresta original de
inestimável valor para o conhecimento agronômico, florestal e ecológico, de modo a
compatibilizar o desenvolvimento socioeconômico com a conservação.

Restinga

A vegetação da restinga localiza-se sobre os sedimentos arenosos de origem marinha,


fluvial, lagunar, e eólica ou as combinações entre estas. Possuem idade quaternária,
apresentando uma variedade de formações vegetais, desde herbáceas, passando por formações
arbustivas, chegando a florestas. Cobre cerca de 0,4% da bacia hidrográfica.

Áreas úmidas

Compreende as áreas planas, baixas, sazonalmente alagadas que aparecem próximas a


Lagoa Encantada e em zonas de transbordamento, ou seja, áreas de várzea, bem como a
vegetação do mangue que suporta condições salobras. Cobre cerca de 0,4% da bacia.

Corpo d’água

Refere-se à Lagoa Encantada e ao Rio Almada no seu baixo curso, no qual apresenta
uma maior largura no seu leito. Cobre 0,5% da bacia hidrográfica.

Área urbana

Essa classe compreende áreas ocupadas por edificações e sistema viários, sendo eles
as cidades de Almadina, Coaraci, Itajuípe, Uruçuca e Ilhéus. Portanto, pequenas vilas e
distritos não foram possíveis de ser classificados. Cobre 0,6% da bacia hidrográfica.

Solo exposto

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Essa classe é correspondente às áreas desprovidas de vegetação ou de cultura. Estão
inseridas nessa classe as áreas erodidas, áreas com processos de deslizamentos de terra,
degradadas por manejo agrícola inadequado, extração mineral, áreas de empréstimos de terra
e de aterros. Representa 2,7% da bacia hidrográfica.

Floresta de Mata Atlântica

Essa classe agrega os remanescentes florestais de Mata Atlântica com baixa


antropização, ou seja, com pouca intervenção humana, dessa forma, permanecendo em seu
estado mais primário. As áreas de topo de morro, serras e de relevo acidentado, são onde as
florestas encontram-se mais preservadas, estando localizadas nas proximidades da Lagoa
Encantada. Cobre cerca de 23,2% da bacia hidrográfica.

Cabruca

Essa classe é a que ocupa maior porção da bacia hidrográfica, abrangendo uma área de
cerca de 54,9%. Quando se compara o sistema de cacau-cabruca com outros modelos
agrícolas é possível perceber as qualidades conservacionistas, porém, em decorrência da
disseminação da doença vassoura-de-bruxa, desde a década de 90, as áreas de cabruca vem
sendo substituídas por pastos, inclusive em áreas não adequadas, como é o caso da porção
oeste da bacia, que possui relevos muito íngremes. A adoção deste modelo fez com que, ao
longo de mais de duzentos anos, se conservasse importantes fragmentos de floresta, fauna,
solo, além dos recursos hídricos.

Sendo aplicadas a partir de um sistema complexo ambiental, a bacia do Rio Almada


apresenta diversas alterações em suas condições naturais. A partir dessas alterações, é
possível observar que, por exemplo, na área diretamente afetada há uma fragmentação natural
da Mata Atlântica, que por vezes adentra a questão da cabruca e vegetação baixa e mata ciliar,
obtendo assim classes de pastagens, solo exposto e áreas urbanas, que correspondem a
aproximadamente 24% da área total barragem, enquanto que o somatório das áreas de
floresta, cabruca, gramíneas e áreas úmidas/manguezais, correspondem a 73,7%, obtendo
também à rede de drenagem da bacia e a da Lagoa Encantada enquanto área de superfície
aquática.

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Possuindo em sua maioria pastagens, a cabruca e um maior sombreamento de folhas e
demais áreas das árvores. Com as restingas atuando em sedimentos arenosos, o cultivo de
subsistência e solo exposto são uma das diversas maneiras de ocupação do solo alinhadas a
almada e sua bacia hidrográfica. Como ocupação do solo podemos observar a ação da área
urbana e seus demais distritos, sendo relevante também a floresta em sua grande área de mata
ciliar, floresta ombrófila e floresta estacional, assim como pastagens, áreas úmidas, etc.

10.2.2. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL E PRESERVAÇÃO PERMANENTE

Na área do empreendimento de instalação da barragem, que se encontra na BHRA,


ocorre a existência de uma área de preservação ambiental conhecida como APA da Lagoa
Encantada e do Rio Almada (BARRETO, et al., 2011), essa área de preservação se estende
tanto à jusante, quanto à montante da área em que a barragem será implantada (figura 29).
Compreende os municípios que fazem parte da bacia hidrográfica do Rio Almada, desde o
litoral norte do município de Ilhéus a Uruçuca, Itajuípe, Coaraci e Almadina, no Litoral Sul da
Bahia, ocupando uma área de 157.745 ha.

Figura 29: Área de cobertura da APA da Lagoa Encantada e do Rio Almada e do Parque
Estadual da Serra do Conduru.

65
Fonte: Adaptado de FRANCO et al., 2011.

Ainda se tratando da área da BHRA, também está incluída em sua extensão o Parque
Estadual da Serra do Conduru, que ocupa uma 9.275 ha, sendo que 1,7% desta área está
dentro da bacia. Desta maneira, 86,3% da área da BHRA está contida em áreas de unidades de
conservação, corroborando para o fato de que grandes empreendimentos que mudem a
configuração desta área, são os que mais precisam de estudos de avaliação de impactos
ambientais, a fim de não provocar reações em cadeia que venham a prejudicar estes espaços.
Apesar de ser uma área de conservação, a BHRA tem passivos ambientais que
causaram a degradação deste território, como a atividade agropecuária e, além disto, o
Decreto Estadual Nº 11.003 de 09/04/2008 que configurou a área como de utilidade pública,
abrindo margem para a construção de um complexo de exportação que hoje conhecemos
como o Porto Sul, um empreendimento envolto em impasses por conta de todos os problemas
ambientais.

10.3. MEIO ANTRÓPICO

10.3.1. IDENTIFICAÇÃO DAS ÁREAS URBANAS INTERCEPTADAS PELO


EMPREENDIMENTO

66
As áreas urbanas que serão interceptadas, são onde o empreendimento poderá afetar
diretamente e indiretamente, na qual, a primeira cidade a receber influência direta das
características do empreendimento é a cidade de Almadina, por ser a sede e também, por ser a
mais próxima da área em que a barragem será implantada e, logo após, as cidades de Coaraci,
Itajuípe, Uruçuca, Ilhéus. Já as áreas interceptadas indiretamente são os municípios: Floresta
Azul, Ibicaraí, Barro Preto e Itabuna.

10.3.1. IMPACTOS POSITIVOS E NEGATIVOS QUE ENGLOBAM AS ÁREAS


URBANAS AO REDOR DO EMPREENDIMENTO

As barragens oferecem diversos benefícios, como a geração de emprego para os


moradores dos municípios e as localidades vizinhas. A construção da barragem, sendo ela
para a produção de energia elétrica ou para o abastecimento de água, tanto para o uso da
população quanto das indústrias, promove impactos. Essas construções permitem ainda a
irrigação, atividades de lazer e turismo, bem como o controle de cheias durante os períodos
chuvosos, a exemplo disso, existem diversas barragens que são mantidas com essas
finalidades.
A construção das barragens pode gerar implicações e alterações da fauna, da flora e
até mesmo de aspectos climáticos de uma região, bem como dos costumes da sociedade local,
entre outras. Sabe-se que na organização para a construção de um empreendimento deste
porte, é preciso fazer estudos de grande magnitude a fim de mitigar e diminuir essas
alterações que causam grandes impactos à sociedade, tanto àquelas que se relacionam aos
aspectos sociais, quanto nos aspectos ambientais e culturais.
Os impactos socioambientais gerados pela construção de barragens, por exemplo, são:
Desmatamento da área localizada; Poluição do ar na região; Poluição das águas; Degradação e
erosão dos solos locais; Alteração do microclima da região; Prováveis abalos sísmicos;
Destruição do habitat da fauna; Extinção de algumas espécies nativas; Migração da fauna,
devido a ação do maquinário; Ruptura de relações familiares dos moradores presentes ou
próximos da construção e sociais e relocação de pessoas.

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11. REFERÊNCIAS

ATTANASIO, C. M. et al. A importância das áreas primárias para a sustentabilidade


hidrológica do uso da terra em microbacias hidrográficas. Bragantina: boletim técnico do
Instituto Agronômico do Estado de São Paulo, v. 71, n. 4, p. 493–501, 2013. Acesso em :
11 de set 2023

BAHIA (Estado). Decreto N° 12.035 de 22 de Novembro de 2010. Disponível em:


http://www.seia.ba.gov.br/legislacao-ambiental/leis/lei-n-12035. Acesso em: 12 set. 2023.

BARBOSA, J. S. F.; DOMINGUEZ, J. M. L, et al. GEOLOGIA DA BAHIA: TEXTO


EXPLICATIVO PARA O MAPA GEOLÓGICO AO MILIONÉSIMO. Salvador:
SICM/SGM, 1996, p.400.

BARRETO, F. G., et al. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA


DO RIO ALMADA, v.20, n.3, p. 71-94, 2011.

68
BARRETO, F. G, et al. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA NA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO ALMADA, v. 16, n. 54, p. 254-262, 2015.

COMISSÃO EXECUTIVA DO PLANO DA LAVOURA CACAUEIRA. MÉDIA ANUAL


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HERPETOFAUNA NA APA (ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL) DA LAGOA
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18 out. 2023.

EMBRAPA, LEVANTAMENTO DE RECONHECIMENTO DE ALTA INTENSIDADE


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2013. Disponível em: <http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/1094003>.
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%20de%20tal%20estudo. Acesso em: 12 set. 2023.

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FRANCO, G. B. FRAGILIDADE AMBIENTAL E QUALIDADE DA ÁGUA NA
BACIA DO RIO ALMADA - BAHIA. 2010. 345 f. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) -
Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG.

GOMES, F. H. CARACTERIZAÇÃO DE SOLOS DE MANGUEZAIS E DE


RESTINGA NO MUNICÍPIO DE ILHÉUS-BAHIA. p.96, Dissertação (Mestrado em
Solos) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2000.

GOMES, F. H. CARACTERIZAÇÃO DE SOLOS DE MANGUEZAIS E DE


RESTINGA NO MUNICÍPIO DE ILHÉUS - BAHIA. 2002. 96 f. Dissertação (Mestrado
em Solos) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG.

GOMES, R. L, et al. ASPECTOS FÍSICO-AMBIENTAIS E DE USO E OCUPAÇÃO DO


SOLO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO ALMADA-BA, v. 30, n. 2, p. 45-57, 2012.
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LOBÃO, D. E.; SETENTA W. C.; VALLE, R. R. SISTEMA AGRO-SILVICULTURAL


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