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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR


CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

ANDERSON ROSEO PEREIRA

IMPLEMENTAÇÃO DE UM SIMULADOR DE PISTA PARA AFERIÇÃO DE


CRONOTACÓGRAFOS

FORTALEZA-CE
2023
ANDERSON ROSEO PEREIRA

IMPLEMENTAÇÃO DE UM SIMULADOR DE PISTA PARA AFERIÇÃO DE


CRONOTACÓGRAFOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


curso de Engenharia Mecânica da Universidade de
Fortaleza, para obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia Mecânica.

Orientador: Prof. Me. Adroaldo José Silva de


Moura Filho.

FORTALEZA-CE
2023
Ficha catalográfica da obra elaborada pelo autor através do programa de
geração automática da Biblioteca Central da Universidade de Fortaleza

Pereira, Anderson Roseo .


Implementação de um simulador de pista para aferição de
cronotacógrafos / Anderson Roseo Pereira. - 2023
58 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade


de Fortaleza. Curso de Engenharia Mecânica, Fortaleza, 2023.
Orientação: Prof. Me. Adroaldo José Silva de Moura Filho.

1. Modal rodoviário. 2. Cronotacógrafo. 3. Aferição.. I.


Moura Filho, Prof. Me. Adroaldo José Silva de . II. Título.
Esse trabalho é dedicado aos meus pais, José Ezio
e Ana Maria, e ao meu irmão, Emerson Roseo, que
me acompanharam durante toda essa trajetória.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, por me guiar e abençoar todos os dias e em todos os


momentos da minha vida.
Aos meus pais que acreditaram no meu potencial e não mediram esforços para investir
na minha educação desde a infância. Obrigado por terem me proporcionado tudo do bom e do
melhor na medida do que foi possível, e por me apoiarem e incentivarem a vida toda.
A todos os professores que tive ao longo dessa jornada, e de forma especial ao Prof. Me.
Adroaldo José Silva de Moura Filho, que me orientou durante toda a produção desse trabalho.
A Lorena Mello, e seus pais Francisco Medeiros e Doralice Xavier, que me apoiaram e
me aconselharam em diversos momentos de dúvidas quanto a conclusão desse curso.
Aos meus colegas de graduação, com quem tive a oportunidade de compartilhar bons
momentos.
Aos velhos amigos da infância, que mesmo mais distantes, torceram para que eu
concluísse minha graduação.
E por fim, a todos que de alguma forma me contribuíram para a minha formação
“A fé na vitória tem que ser inabalável”
O Rappa – Nunca Tem Fim... (2013)
RESUMO

Atualmente o modal rodoviário é o mais utilizado no Brasil, segundo dados do Confederação


Nacional do Transporte (CNT), é representado por cerca de 65% da matriz de carga nacional e
um pouco mais de 90% do segmento de passageiros. Em uma visão macroeconômica, esses
percentuais demonstram a importância de se ter uma malha rodoviária de qualidade e segura
para proporcionar maior competitividade da atividade econômica e para o bem estar da
sociedade. No Brasil, a falta de infraestrutura rodoviária adequada e a má conservação das
rodovias têm acentuado os prejuízos para o transportador e, consequentemente, para o país. E
para se prevenir e auxiliar na perícia de possíveis acidentes com os transportes de carga ou de
passageiros, o Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) define por lei que determinados
tipos de veículos que são utilizados para atividades econômicas, ou até mesmo para uso
particular sem fins comercias, tenham a obrigatoriedade do uso de um registrador instantâneo
e inalterável de velocidade e tempo, denominado cronotacógrafo. E para o uso correto desses
equipamentos se faz necessário a aferição deles, que tem como principal objetivo assegurar que
as medições realizadas por esses instrumentos sejam confiáveis, de acordo com os requisitos
estabelecidos pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO),
servindo como importante ferramenta em prol da população. E para a realização dessa aferição
existem empresas credenciadas ao INMETRO que tem permissão para a essa atividade.
Considerando isso, esse trabalho possui como objetivo principal a mudança de categoria da
empresa J.M.C. TACÓGRAFOS de Posto de Selagem para Posto Autorizado de
Cronotacógrafos (PAC), afim de realizar o ensaio metrológico definitivo nos veículos e seus
cronotacógrafos. Os resultados obtidos com as adequações necessárias para a empresa foi a
mudança de categoria, com isso aumentando sua cartela de clientes e a competitividade de
mercado.

Palavras-chave: Modal rodoviário. Cronotacógrafo, Aferição.


ABSTRACT

Currently, the road mode of transportation is the most widely used in Brazil, according to data
from the National Confederation of Transport (CNT), representing about 65% of the national
cargo matrix and over 90% of the passenger segment. From a macroeconomic perspective, these
percentages demonstrate the importance of having a quality and safe road network to enhance
the competitiveness of economic activities and the well-being of society. In Brazil, the lack of
adequate road infrastructure and poor maintenance of highways have increased losses for
carriers and, consequently, for the country. In order to prevent and assist in the investigation of
potential accidents involving cargo or passenger transportation, the National Traffic Council
(CONTRAN) mandates by law that certain types of vehicles used for economic activities, or
even for private non-commercial use, must be equipped with an instant and unalterable speed
and time recorder, called a tachograph. To ensure the correct use of these devices, their
calibration is necessary, aiming to guarantee reliable measurements according to the
requirements established by the National Institute of Metrology, Quality and Technology
(INMETRO), serving as an important tool for the population. There are INMETRO-accredited
companies authorized to perform this calibration. Considering this, the main objective of this
work is to change the category of the company J.M.C. TACÓGRAFOS from a Sealing Station
to an Authorized Tachograph Station (PAC), in order to perform the definitive metrological
testing on vehicles and their tachographs. The results obtained through the necessary
adjustments for the company were the change of category, thereby expanding its client base
and increasing market competitiveness.

Keywords: Road mode of transportation, Tachograph, Calibration.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Cronotacógrafo provido de disco diagrama, modelo analógico mecânico (1308) ....15
Figura 2 - Transmissão angular (redutor de velocidade) para cronotacógrafos ......................16
Figura 3 - Cronotacógrafo provido de disco diagrama, modelo eletrônico (1318) ...................16
Figura 4 - Cronotacógrafo provido de disco diagrama, modelo digital (1390) .......................17
Figura 5 - Sensor indutivo 90 mm VDO ..................................................................................18
Figura 6 - Funcionamento do sensor indutivo .........................................................................18
Figura 7 - Disco diário da marca DML de 125 km/h.................................................................19
Figura 8 - Disco semanal da marca DML de 125 km/h.............................................................20
Figura 9 - Disco diário da marca DML de 180 km/h.................................................................20
Figura 10 - Disco semanal da marca DML de 180 km/h..........................................................21
Figura 11 - Maneira correta de preencher o disco diário ou semanal........................................21
Figura 12 - Disco diagrama com indicações do que ele registra...............................................22
Figura 13 - Modelos de cronotacógrafos providos de fita diagrama da marca SEVA...............23
Figura 14 - Cronotacógrafo provido de fita diagrama modelo BVDR da marca VDO.............23
Figura 15 - Representação da fita diagrama para cronotacógrafo BVDR da marca VDO.........24
Figura 16 - Representação da fita diagrama para cronotacógrafo DT-1050C marca SEVA.....25
Figura 17 - Veículos de carga que tem a obrigatoriedade de usar o cronotacógrafo................26
Figura 18 – Veículos de turismo...............................................................................................27
Figura 19 - Campus Armênio Lobo da Cunha Filho, do INMETRO em
Xerem........................................................................................................................................28
Figura 20 - Pista auxiliar e simulador de pista.........................................................................30
Figura 21 - Simulador de pista..................................................................................................31
Figura 22 - Carrinho para mecânico.........................................................................................31
Figura 23 - Área de escape com barreira de contenção..............................................................32
Figura 24 - Exaustor Coletor de Fumaça Automotiva...............................................................32
Figura 25 - Fluxograma do trabalho..........................................................................................35
Figura 26 - Layout 3D do projeto de reforma com implementação do simulador: 1 – Pista de
ensaio e pista auxiliar; 2 – Pátio de manutenções; 3 – Escritórios e laboratórios; 4 –
Almoxarifado............................................................................................................................37
Figura 27 - Fachada da empresa antes da reforma...................................................................38
Figura 28 - Galpão a) antes e b) após demolição parcial..........................................................39
Figura 29 - Parte interna do galpão após demolição e bota-fora parcial..................................39
Figura 30 - Processo de concretagem do piso...........................................................................40
Figura 31 - Mezanino e salas parcialmente prontos..............................................................41
Figura 32 - Mudança temporária de parte do estoque...........................................................42
Figura 33 - Fachada após 2° demolição e conclusão dos pilares..............................................42
Figura 34 - Criação dos nichos paras os buracos onde o simulador de pista foi instalado..........43
Figura 35 - 2° etapa da concretagem.........................................................................................43
Figura 36 - Instalação parcial do simulador ne pista................................................................44
Figura 37 - Barreira de contenção com área de segurança delimitada.....................................44
Figura 38 - Pista auxiliar e pista de ensaio com simulador......................................................45
Figura 39 - Simulador de pista que foi adquirido e instalado na empresa..................................46
Figura 40 - Trena linear da marca Lufkin modelo Y1720CM...................................................46
Figura 41 - Aferidor de cronotacógrafo da marca CD Concept modelo TCP-550..................47
Figura 42 - Gerador de pulso e rotação da marca RCR modelo 5021........................................47
Figura 43 - Veículo com aro de 17,5 polegadas realizando ensaio............................................49
Figura 44 - Ensaio sendo realizado em veículo com aro de 17,5 polegadas.............................49
Figura 45 - Veículo em momento de validação com equipamento adicional...........................50
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


ART Anotação de Responsabilidade Técnica
CMT Capacidade Máxima de Tração
CNT Confederação Nacional do Transporte
CONTRAN Conselho Nacional de Trânsito
CREA Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
NBR Norma Brasileira
NR Normas Regulamentadoras
PAC Posto Autorizado de Cronotacógrafos
PBT Peso Bruto Total
RTM Regulamento Técnico Metrológico
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 13

1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 14

1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 14

1.2.1 Objetivo Geral .......................................................................................................... 14

1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................ 14

2 REFERENCIAL TEORICO ........................................................................................ 15

2.1 CRONOTACÓGRAFO .................................................................................................. 15

2.2 CRONOTACÓGRAFO PROVIDO DE FITA DIAGRAMA ........................................ 22

2.3 CARACTERÍSTICAS GERAIS E FUNÇÕES DO CRONOTACÓGRAFO ................ 22

2.4 FITA DIAGRAMA ......................................................................................................... 24

2.5 EQUIPAMENTO DE TRANSPORTE E MOVIMENTAÇÃO DE CARGA ................ 26

2.6 INMETRO ...................................................................................................................... 27

2.7 LEGISLAÇÃO PARA OS EQUIPAMENTOS .............................................................. 28

2.8 TOLERÂNCIAS EM FRAÇÕES DE MEDIDAS .......................................................... 29

2.9 POSTO AUTORIZADO DE CRONOTACÓGRAFO - PAC ....................................... 29

3 METODOLOGIA ......................................................................................................... 34

3.1 IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA EM ESTUDO ........................................................... 34

3.2 FLUXOGRAMA DO ESTUDO ........................................................................................ 34

3.2.1 Etapa 1 – Referencial bibliográfico ........................................................................ 35

3.2.2 Etapa 2 – Elaboração do projeto............................................................................. 36

3.2.3 Etapa 3 – Adequação do galpão e instalação do simulador.................................. 36

3.2.4 Etapa 4 – Auditoria in loco do Inmetro.................................................................. 36

4 RESULTADOS.............................................................................................................. 37

4.1 PROJETO........................................................................................................................ 37

4.2 ADEQUAÇÃO DO GALPÃO E INSTALAÇÃO DO SIMULADOR .......................... 38

4.3 EQUIPAMENTOS EMPREGADOS NA AFERIÇÃO DOS CRONOTACÓGRAFOS45


4.4 AUDITORIA IN LOCO DO INMETRO E REALIZAÇÃO DOS TESTES ................. 48

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ......................................................................... 51

5.1 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 51

5.2 RECOMENDAÇÕES......................................................................................................... 51

REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 53
13

1 INTRODUÇÃO

O cronotacógrafo foi inventado em 1835 por Philipp C. M. M. Von Weber, com o intuito
de melhorar a segurança do trânsito ferroviário. O equipamento vem sendo utilizado até hoje
por muitos países, sendo destinado a indicar e registrar de forma simultânea, inalterável e
instantânea, a velocidade e a distância percorrida pelo veículo em função do tempo corrido,
assim como os parâmetros relacionados com o condutor do veículo, tais como: o tempo de
trabalho e os tempos de parada e de direção.
Para a utilização de cronotacógrafos como instrumento fiscalizador de transporte
rodoviário a legislação brasileira exige a realização de um “ensaio preliminar”, onde o
equipamento é preparado para sua aprovação. Nesse ensaio metrológico é avaliado se o
instrumento está ajustado dentro das tolerâncias admitidas. Após esse ensaio em uma pista de
prova auxiliar, aprovada por um avaliador ao longo do processo de autorização do Posto de
Selagem, é possível gerar um certificado provisório com validade de 7 dias que permite o
proprietário ou motorista se dirigir com o veículo dentro do prazo especificado pelo certificado
até um Posto Autorizado de Cronotacógrafos (PAC) para realização do ensaio metrológico em
simulador de pista dotado de banco de rolos.
A pista para realização do ensaio preliminar deve manter sua qualidade, a qual consiste
em ser plana e horizontal, de forma que não ocorram erros de medição em virtude do seu
acabamento superficial, trincas, desníveis, entre outros. De acordo com o Regulamento Técnico
Metrológico (RTM) aprovado pela Portaria INMETRO n.º 535/2019, os métodos de ensaio
admitidos para subsidiar a verificação subsequente de cronotacógrafos são o ensaio padrão,
com uso de equipamento simulador de pista dotado de banco de rolos e o ensaio em condições
de exceção, com uso de pista reduzida. (INMETRO, 2019)
No entanto, de acordo com a Portaria n° 91, de 24 de março de 2022 do Decreto n°
10.139, de 28 de novembro de 2019 que dispõe sobre a revisão e a consolidação de vários atos
normativos, um deles se refere a proibição de abertura de novos cadastros de Postos de Selagem
que realizem somente o ensaio preliminar, onde as empresas já cadastradas terão até 24 meses,
a partir da data de entrada em vigor desta portaria, 1º de junho de 2022, conforme o art. 4º do
Decreto nº 10.139 de 2019, para se adequarem e solicitar a modificação de modalidade para
PAC. Para isso o principal pré-requisito deve ser a implantação de um equipamento simulador
de pista dotado de banco de rolos. (INMETRO, 2022)
Dessa forma, se justifica um trabalho de pesquisa sistemático onde os principais pontos
para instalação de um simulador de pista dotado de bancos de rolos para adequação a nova
14

portaria do INMETRO devem ser levantados, permitindo a adequação para PAC realizando o
ensaio metrológico completo.

1.1 JUSTIFICATIVA

Para permitir competitividade empresarial no ramo de manutenção de transportes


rodoviários de cargas ou pessoas é necessário a adequação constante das empresas as novas
normas e portarias dos órgãos regulamentadores. E de acordo com a Portaria n° 91, de 24 de
março de 2022 do Decreto n° 10.139, de 28 de novembro de 2019 que dispõe sobre a revisão e
a consolidação de vários atos normativos, se faz necessário a adequação da empresa as novas
exigências do INMETRO (2022).

1.2 OBJETIVOS

Nessa sessão foram apresentados os objetivos previstos com o estudo.

1.2.1 Objetivo Geral

Realizar um estudo sistematizado de implementação de um sistema simulador de pista,


dotado de bancos de rolos para realização de ensaio metrológico em cronotacógrafos.

1.2.2 Objetivos Específicos

• Acompanhar um projeto de instalação de um simulador de pista em uma empresa


de manutenção de transportes rodoviários de cargas ou pessoas.
• Elaborar recomendações quanto a manutenção do simulador de pista;
• Mostrar o processo de validação necessária para a empresa se tornar um PAC.
15

2 REFERENCIAL TEORICO

Nesta sessão será apresentada a fundamentação teórica necessária para a realização do


estudo e sua completa compreensão, onde serão abordados os temas:

2.1 CRONOTACÓGRAFO

São instrumentos computadorizados, digitais ou analógicos (mecânicos ou eletrônicos)


de registro instantâneo e inalterável de velocidade e tempo providos de disco diagrama ou fita
diagrama, de uso obrigatório em veículos de carga com peso bruto acima de 4.536 kg, assim
como veículos com 10 passageiros ou mais, conforme a Lei nº 9.503, de 23 de setembro de
1997. (BRASIL, 1997)
Os cronotacógrafos providos de disco diagrama são instalados em veículos automotores
para registro contínuo, instantâneo, simultâneo e inalterável em disco diagrama para obtenção
de dados sobre a operação desses veículos e de seus condutores durante um período
estabelecido. Tal instrumento pode ter períodos de registro de 24 horas, em um único disco, ou
de 7 dias em um conjunto de 7 discos de 24 horas cada um, onde o registrador troca
automaticamente o disco após as 24 horas de utilização, prática mencionada na Resolução
Contran n° 92, de 4 de maio de 1999. (BRASIL, 1999).
Os cronotacógrafos (Figura 1, 2 e 3) devem fornecer os registros de diversos parâmetros,
como, distância percorrida pelo veículo e velocidade do veículo, tempo de movimentação do
veículo, suas interrupções e abertura do compartimento que aloja o disco diagrama. (BRASIL,
1999).

Figura 1 - Cronotacógrafo provido de disco diagrama, modelo analógico mecânico (1308)

Fonte: BETIM TACOGRÁFO (2023)


16

O cronotacógrafo mecânico (modelo 1308) foi o primeiro a ser comercializado no


Brasil, e ainda permanece presente em grande parte da frota dos veículos antigos. Sua
característica mecânica está relacionada à utilização de um cabo mecânico e um redutor (Figura
2) para identificação da velocidade do veículo, porém entrou em desuso ao ser substituído por
modelos mais modernos (MOPPBRASIL, 2012).

Figura 2 – Transmissão angular (redutor de velocidade) para cronotacógrafos

Fonte: DF AUTOPEÇAS (s.D)

A Transmissão Angular (Redutor) desempenha um papel crucial nos veículos com


cronotacógrafo mecânico 1308, garantindo a compatibilidade entre a constante W da caixa de
câmbio e a constante K do tacógrafo. Essa peça harmoniza esses valores essenciais, permitindo
leituras precisas e confiáveis para medir o tempo de trabalho e descanso do motorista, em
conformidade com as regulamentações. (AUTOVELOCI, [s.d.])

Figura 3 - Cronotacógrafo provido de disco diagrama, modelo analógico eletrônico (1318).

Fonte: AUTOVELOCI (2023)


17

O modelo de cronotacógrafo eletrônico 1318 tem bastante semelhança com o modelo


1308, porém a sua principal diferença é como ele obtém os dados de velocidade do veículo. A
substituição do cabo mecânico por sinais elétricos que são transmitidos para um sensor indutivo
(Figura 5), que fica posicionado na caixa de marcha do veículo e transforma as rotações em
pulsos, gerando o demonstrativo de velocidade no cronotacógrafo.

Figura 4 – Cronotacógrafo provido de disco diagrama, modelo digital (1390)

Fonte: BETIM TACOGRÁFO (2023)

O cronotacógrafo MTCO 1390 (Figura 4) chegou ao mercado definindo novos padrões


em termos de desempenho, tecnologia e design, em função de seu projeto modular com
unidades separadas para o display e emissão do disco diagrama. O projeto do MTCO é baseado
na legislação brasileira vigente, em formato de rádio e representa uma inovação em termos de
componente do sistema. Além da data, hora e distância percorrida, também são indicados no
display o símbolo do diagrama e quaisquer falhas no instrumento indicador ou no sistema serão
imediatamente sinalizadas. Como nos demais modelos, a velocidade do veículo e a distância
percorrida, bem como as paradas, são todos registrados no disco diagrama. O MTCO 1390 está
adequadamente equipado para captar pulsos provenientes do sensor de velocidade (Figura 5),
seja na configuração de uma onda senoidal ou onda quadrada, em tempo real, conforme a
especificação do modelo utilizado. Essas informações serão devidamente registradas como a
distância percorrida e a velocidade do veículo. (SIEMENS VDO AUTOMOTIVE, [s.d.]).
18

Figura 5 - Sensor indutivo 90 mm VDO

Fonte: VEPRO (2023)

O sensor de velocidade presente na caixa de marchas do veículo é do tipo indutivo. Sua


operação é baseada na variação do campo magnético, gerado internamente no sensor por meio
de um circuito (Figura 6) oscilador e uma bobina. Quando um objeto com propriedades
magnéticas se aproxima do dispositivo, correntes de redemoinho são geradas, resultando na
redução do campo magnético gerado pelo oscilador e na diminuição das oscilações. Um circuito
comparador detecta essa redução e gera um sinal digital, que é amplificado na saída do circuito
(THOMAZINI; ALBUQUERQUE, 2005).

Figura 6 - Funcionamento do sensor indutivo

Fonte: PEPPERL+FUCHS (2023)


19

O disco diagrama de papel carbonado (Figura 7) utilizados nos cronotacógrafos, registra


dados, como as velocidades desenvolvidas pelo veículo, intervalos de tempo parado e em
deslocamento e distâncias percorridas. O disco diagrama deve ser trocado a cada 24 horas ou
sete dias, de acordo com os modelos aprovados e descritos na resolução n° 938 do CONTRAN.
(BRASIL, 1999).

Figura 7 – Disco diário da marca DML de 125 km/h

Fonte: Vida do Estradeiro (2015)

Os discos contêm áreas específicas para registro de velocidade, podendo ser de 125
km/h ou 180 km/h de velocidade máxima, independentemente de ser diário ou semanal,
distância percorrida e tempo. Em sua parte central, há espaço apropriado (Figura 8) para o nome
do condutor, local, data de início e fim do percurso, identificação do veículo, início e fim da
indicação do hodômetro e número da portaria de aprovação de modelo do disco ou fita
diagrama. Devem constar ainda outros dados (Figura 9), como marca ou nome do fabricante,
velocidade máxima de registro, código de aprovação de modelo e números das portarias de
cronotacógrafos. (BRASIL, 1999).
20

Figura 8 – Disco semanal da marca DML de 125 km/h

Fonte: Vida do Estradeiro (2015)

Figura 9 – Disco diário da marca VDO de 180 km/h

Fonte: Vida do Estradeiro (2015)

Os discos-diagrama têm em sua composição uma película de cera que cobre toda a sua
superfície, e quando a agulha registradora do cronotacógrafo é pressionada contra o disco, essa
película é retirada, deixando a grafia no disco, conforme modelos nas Figuras 10, 11 e 12.
(VELOMARK SOFTWARE, 2010).
21

Figura 10 – Disco semanal da marca VDO de 180 km/h

Fonte: Vida do Estradeiro (2015)

Figura 11 – Maneira correta de preencher o disco diário ou semanal

Fonte: FRANK TACÓGRAFOS (2022)


22

Figura 12 – Disco diagrama com indicações do que ele registra

Fonte: Vida do Estradeiro (2014)

Os discos diagrama são atualmente os meios mais utilizados para se fazer o registro de
trabalho nos cronotacógrafos, pois eles se aplicam aos três modelos mais utilizados no Brasil
atualmente, que são os modelos 1308, 1318 e 1390. Porém com o decorrer dos próximos anos
eles irão se tornar obsoletos e aos poucos substituídos permanentemente pelas fitas diagrama
que são aplicadas nos cronotacógrafos mais modernos.

2.2 CRONOTACÓGRAFO PROVIDO DE FITA DIAGRAMA

Consiste em um conjunto computadorizado, capaz de armazenar os dados relativos as


últimas 24 horas de operação do veículo. O conjunto contém um equipamento emissor de fita
diagrama para disponibilização das informações registradas. (BRASIL, 2022).

2.3 CARACTERÍSTICAS GERAIS E FUNÇÕES DO CRONOTACÓGRAFO

Nesses equipamentos (Figuras 13 e 14) é registrada a velocidade do veículo; distância


percorrida pelo veículo, tempo de movimentação do veículo e suas interrupções, data e hora de
início da operação, identificação do veículo, identificação dos condutores (nome ou número do
23

prontuário), identificação dos períodos de condução de cada condutor e constante k (BRASIL,


1999).
Figura 13 - Modelos de cronotacógrafos providos de fita diagrama da marca SEVA

Fonte: SASCAR (2023)

Figura 14 - Cronotacógrafo provido de fita diagrama modelo BVDR da marca VDO

Fonte: Estrada na Boleia (2020)

No Brasil existem alguns modelos de cronotacógrafos providos de fita diagrama


homologadas, porém os mais utilizados são os da marca VDO e SEVA. Seu grande diferencial
é o uso de bobina pré-impressa para o registro de trabalho do veículo, invés do disco diagrama,
o que acaba sendo mais econômico e seguro para a empresa responsável pelo veículo.
Os registros permanecem armazenados no dispositivo por um período de tempo antes
de serem transferidos por meio de um cartão de memória SD para um sistema que viabiliza a
criação de relatórios, resultando em uma diminuição dos gastos relacionados à compra e
armazenamento de discos e fitas diagrama. (SASCAR, 2023)
24

2.4 FITA DIAGRAMA

As fitas diagrama (Figuras 15 e 16) utilizadas nos cronotacógrafos devem disponibilizar


informações em relatórios emitidos que representem as últimas 24 horas de operação do
veículo, onde nesse relatório deve conter informações do modelo e número de série do
cronotacógrafo, constante de velocidade, identificação do veículo, o início e final da operação,
identificação dos condutores, velocidades desenvolvidas pelo veículo, intervalos de tempo
parado e em deslocamento e distâncias percorridas (BRASIL, 1999).
Figura 15 – Representação da fita diagrama para cronotacógrafo BVDR da marca VDO

Fonte: INMETRO (2011)


25

Figura 16 – Representação da fita diagrama para cronotacógrafo DT-1050C da marca SEVA

Fonte: INMETRO (2015)

A grande vantagem das fitas diagrama é que elas não se “vencem”, igualmente os discos
diagrama, que ao ser inserido no cronotacógrafo irão durar um dia (diário) ou sete dias
(semanal). Enquanto que a fita só é impressa e utilizada quando o condutor solicitar impressão.
26

2.5 EQUIPAMENTO DE TRANSPORTE E MOVIMENTAÇÃO DE CARGA

A obrigatoriedade do cronotacógrafo em determinados meios de transporte é uma


exigência legal, que consta no artigo 105 do Código de Trânsito Brasileiro. Os veículos de
transporte obrigados são os que realizam a condução de escolares, transporte de passageiros
com mais de dez lugares, transporte de passageiros ou de uso misto, registrados na categoria
particular e que realizem transporte remunerado de pessoas, nos de carga com Capacidade
Máxima de Tração (CMT) igual ou superior a 19 t (Figura 17); e nos veículos de carga com
Peso Bruto Total (PBT) superior a 4.536 kg, fabricados a partir de 1º de janeiro de 1999
(BRASIL, 2022).
Além de monitorar a quilometragem percorrida e a velocidade, o tacógrafo também
registra as horas trabalhadas pelo motorista, o tempo gasto nas paradas e intervalos, bem como
a velocidade média durante o deslocamento. Essas informações são relevantes para as
transportadoras, pois ajudam a verificar se os motoristas estão conduzindo acima do limite de
velocidade adequado, evitando acidentes de trabalho, multas de trânsito e danos à carga
transportada. Além disso, o tacógrafo também auxilia na economia de combustível ao evitar
variações bruscas de velocidade e aceleração. O uso do tacógrafo também traz benefícios para
os motoristas, pois as informações registradas podem ser utilizadas como prova de inocência
em casos de acidentes de trânsito e contestação de multas indevidas. Além disso, os registros
podem ser usados em processos trabalhistas relacionados à indenização de horas excessivas de
trabalho. Portanto, o tacógrafo é obrigatório e proporciona vantagens tanto para as empresas de
transporte quanto para os motoristas (TRUCKPAD, [s.d.]).
Figura 17 - Veículos de carga que tem a obrigatoriedade de usar o cronotacógrafo

Fonte: FABBRI (2018)


27

Um adendo especial se dá para automóveis, comumente caminhonetes, que realizam


transporte turístico (Figura 18), principalmente no Nordeste, onde veículos (geralmente Hilux,
Sw4, Trailblazer e entre outros de tração 4x4) são utilizados para esse meio, tem a
obrigatoriedade de utilizar cronotacógrafos. O uso do cronotacógrafo em caminhonetes no
transporte turístico é relevante para acompanhar a velocidade do veículo, garantindo a
segurança dos passageiros. O registro preciso do tempo de direção e das paradas também
contribui para o cumprimento das regulamentações trabalhistas, evitando excesso de jornada de
trabalho. A obrigatoriedade do cronotacógrafo visa garantir a segurança dos passageiros, o
cumprimento das normas de trânsito e o respeito às regulamentações trabalhistas, assegurando
um serviço de qualidade e confiabilidade aos turistas.
Figura 18 - Veículos de turismo

Fonte: FABBRI (2018)

2.6 INMETRO

Autarquias são organizações pertencentes à ordem de entidades da administração


pública indireta. A organização autárquica é a pessoa jurídica que usufrui de autonomia
administrativa e jurídica, nos termos da lei que a instituiu, sem subordinação a qualquer órgão
de Estado, contudo, sujeita à sua fiscalização. Um exemplo de organização autárquica é o
Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) (AZEREDO et al.
2020).
28

De acordo com os termos apresentados, o INMETRO (Figura 19) possui regimento


próprio, de forma que ele mesmo produz suas normas, forma pessoas e fornece condições para
a execução do seu trabalho. Internamente, julga as infrações contrárias às suas normas,
estabelece penalidades e subsiste dos valores que arrecada com os serviços metrológicos que,
de forma potencial ou efetiva, presta à sociedade (AZEREDO et al. 2020).
A prestação dos serviços metrológicos pode ocorrer de forma direta ou indireta. A forma
direta ocorre quando os próprios servidores da autarquia atuam em todo o processo de execução,
inclusive nas tarefas materiais e acessórias. A forma indireta ocorre quando, havendo permissão
legal, certas atividades materiais e acessórias são transferidas a terceiros, através de contrato
para a prestação dos serviços específicos. (AZEREDO et al. 2020).

Figura 19 - Campus Armênio Lobo da Cunha Filho, do INMETRO em Xerém

Fonte: ASMETRO-SI (2019)

Todos os relatórios, juntamente com as fitas ou discos diagrama dos ensaios


metrológicos realizados nos veículos são enviados ao INMETRO para serem analisados terem
sua aprovação ou reprovação de acordo com os resultados (INMETRO, 2023).

2.7 LEGISLAÇÃO PARA OS EQUIPAMENTOS

De acordo com as normas que dispõe sobre os requisitos técnicos mínimos o


cronotacógrafo pode constituir-se num único aparelho mecânico, eletrônico ou compor um
conjunto computadorizado que, além das funções específicas, exerça outros controles. O
29

cronotacógrafo e o respectivo disco ou fita diagrama devem ser certificados pelo Instituto
Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) ou por entidade por ele
credenciada (BRASIL, 2022).
Para a certificação o cronotacógrafo e o respectivo disco ou fita diagrama deverão
possuir registrador próprio, em meio físico adequado, das informações relativas de operação do
veículo, assegurar a inviolabilidade e inalterabilidade do registro de informações, possuir lacre
de proteção das ligações necessárias ao seu funcionamento e de acesso interno ao equipamento,
dispor de indicação de violação, ser constituído de material compatível para o fim a que se
destina, totalizar a distância percorrida pelo veículo, ter os seus dispositivos indicadores
iluminados adequadamente, com luz não ofuscante ao motorista, utilizar como padrão as
unidades de medida em quilômetro por hora (km/h), para velocidade, quilômetro (km), para
espaço/distância percorrida, hora (h), para tempo e possibilitar leitura fácil, direta e sem uso de
instrumental próprio no local de fiscalização dos dados registrados no meio físico (BRASIL,
2022).

2.8 TOLERÂNCIAS EM FRAÇÕES DE MEDIDAS

Durante o uso do equipamento a tolerância máxima de erro nas indicações para registro
da distância percorrida é o maior dos valores sendo positivo ou negativo de 4% (40 m) da
distância real, sendo esta, pelo menos igual a 1 km. Para registro da velocidade, o erro máximo
admissível é o maior dos valores sendo positivo ou negativo de 6% (6 km/h) da velocidade real;
sendo esta pelo menos igual a 100 km/h. Para registro do tempo decorrido, o erro máximo
admissível é de 2 minutos a cada 24 horas, com o máximo de 10 minutos em 7 dias (BRASIL,
2022).

2.9 POSTO AUTORIZADO DE CRONOTACÓGRAFO - PAC

As empresas interessadas em se tornar PAC devem formalizar o pedido de autorização


junto à Coordenação do Programa de Cronotacógrafo, juntamente com uma série de
documentações exigidos pelo INMETRO. Após a análise da documentação, estando em
conformidade com os requisitos estabelecidos, será realizada avaliação nas instalações físicas
da empresa, onde a mesma deve obedecer aos seguintes requisitos:
Possuir pista auxiliar horizontal e plana, em área coberta, livre de obstáculos, com
proteções laterais para evitar incidência de chuva com vento, construída em concreto polido
resistente às cargas da circulação de veículos pesados, com comprimento mínimo de 20 m (vinte
30

metros), largura mínima 4 m (quatro metros) e altura mínima de 4,5 m (quatro metros e meio)
e a pista auxiliar, a pista de ensaio e a área de escape deverão ser demarcadas com faixas
pintadas no piso em todos os perímetros, e serão medidas a partir da borda externa das faixas.
A pista de ensaio horizontal e plana para instalação do simulador de pista, em área coberta, de
concreto resistente às cargas dos veículos pesados, com comprimento mínimo de 20 m (vinte
metros), largura mínima de 5 m (cinco metros) e altura mínimas de 4,5 m (quatro metros e
meio). Esta pista (Figura 20) deverá ser livre de obstáculos, à exceção do simulador de pista e
seus periféricos. A pista auxiliar, a pista de ensaio e a área de escape deverão possuir sinalização
e sistema de isolamento que impeça a circulação de pessoas não autorizadas. Este isolamento
pode ser constituído de cones e correntes, de paredes, grades, portas sinalizadas ou outras
barreiras físicas que restrinjam a circulação (INMETRO, 2015).

Figura 20 - Pista auxiliar e simulador de pista

Fonte: Aferição Tacógrafos VDO FIP SEVA (2023)

O simulador de pista (Figura 21) deverá ser instalado na pista de ensaio de forma que
um veículo de tração simples, posicionado sobre o simulador de pista, mantenha distância
mínima de 10,5 m, medida entre a posição central do eixo de tração até a demarcação de fim da
pista de ensaio e início da área de escape. Também deverá ser mantida a distância de 4,7 m da
posição central do citado eixo até a demarcação de início da pista de ensaio, de forma que a
traseira de um veículo não articulado seja posicionada dentro da pista de ensaio.
31

Figura 21 - Simulador de pista

Fonte: MOSSDOBRASIL (2023)

Dispositivo auxiliar para acesso à parte inferior do veículo para avaliação da selagem
(por exemplo, carrinho para mecânico Figura 22);
Figura 22 - Carrinho para mecânico

Fonte: CELMAR (2023)

As instalações da empresa deverão possuir acessos que permitam o deslocamento de


funcionários e clientes sem circulação pelas pistas e pela área de escape.
Área de escape (de segurança) ao final da pista de ensaio, com comprimento mínimo de
5 m (cinco metros), podendo estar parcialmente incluídos no comprimento exigido para a pista
de ensaio, identificada de maneira visível como área em que o veículo posicionado no simulador
de pista não deverá alcançar durante os ensaios. Caso a área de escape não esteja contida na
área da pista de ensaio, poderão ser utilizados materiais próprios para a absorção de energia, de
forma a conter com mais eficácia um veículo que se desloque acidentalmente. Nos casos em
que houver ambiente ocupado por pessoas, próximo ao final da área de escape, deverá ser
32

instalada barreira de contensão (Figura 23), projetada para conter eventual veículo que se
desloque acidentalmente durante o ensaio. A resistência de projeto desta barreira deverá ser
adequada para conter veículo de 13 ton a uma velocidade de 50 km/h. O projeto e a execução
dessa barreira deverão ter responsabilidade técnica registrada junto ao CREA por engenheiro
mecânico ou civil (BRASIL, 2015).
Figura 23 - Área de escape com barreira de contenção

Fonte: Autor (2023)

Deve possuir um sistema de exaustão forçada dos gases emanados pelo motor do veículo
em funcionamento, adequado para a exaustão de gases de combustão de veículos automotores,
conforme Figura 24;
Figura 24 - Exaustor Coletor de Fumaça Automotiva

Fonte: LUFTMAXI (2023)


33

Também deve possuir ferramental adequado para a execução das atividades


relacionadas ao ensaio, acesso em banda larga à internet, área administrativa para o
funcionamento dos serviços de apoio aos ensaios metrológicos.
E as instalações civis e elétricas da empresa deverão ser adequadas para o
desenvolvimento das atividades com segurança e para a operação regular dos equipamentos
instalados. A adequação das instalações elétricas e das instalações civis (pista auxiliar, pista de
ensaio, instalação do simulador de pista e demais estruturas civis) deverão ser submetidas a
perícia por profissionais competentes (engenheiros eletricistas e engenheiros civis), com a
emissão de laudo registrado em Anotação de Responsabilidade Técnica - ART. Este laudo
deverá mencionar o atendimento às Normas Regulamentadoras – NR e normas ABNT NBR
aplicáveis como, por exemplo, a ABNT NBR 5410 para as instalações elétricas (BRASIL,
2015).
34

3 METODOLOGIA

O presente trabalho trata-se de um estudo de caso, utilizando o método de pesquisa


aplicada com objetivo exploratório, com uma abordagem qualitativa do autor, em uma empresa
de manutenção em veículos da linha pesada diesel, que tem como especialidade a manutenção
em cronotacógrafos. E visto as mudanças na legislação do INMETRO se fez necessário adequar
a empresa as novas normas da autarquia. Levando a empresa com categoria de Posto de
Selagem para PAC.

3.1 IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA EM ESTUDO

A empresa que atualmente se enquadra na categoria de Posto de Selagem fica localizada


na cidade de Fortaleza – CE, com atuação na área de manutenção em linha diesel pesada, foi
fundada em 2001 com missão de garantir excelência e agilidade na reparação de veículos e com
isso trazer satisfação e contribuir com o sucesso de seus clientes. Sua especialidade é a
manutenção e aferição de cronotacógrafos.
Atualmente por ser somente Posto de Selagem, a empresa vem perdendo mercado para
concorrentes que se enquadram na categoria de Posto Autorizado de Cronotacógrafo (PAC),
pois a mesma só é autorizada pelo INMETRO a realiza o ensaio preliminar, enquanto as
empresas que são categorizadas como PAC realizam o ensaio definitivo.
Com a implementação de um simulador de pista e a adequação para a categoria PAC,
espera-se um aumento da lucratividade da empresa e uma maior força de competitividade com
seus concorrentes.

3.2 FLUXOGRAMA DO ESTUDO

Nesta sessão foram apresentadas de forma detalhada todas as etapas pelo qual o estudo
passou visando atingir os objetivos traçados. Na Figura 25 é apresentando um fluxograma para
melhor compreensão das etapas do trabalho.
35

Figura 25 - Fluxograma do trabalho.

Fonte: Autor (2023)

3.2.1 Etapa 1 – Referencial bibliográfico

Durante a primeira etapa foram estudadas diversas as normas exigidas pela


regulamentação do INMETRO para promover a mudança de categoria da empresa de Posto de
Selagem para Posto Autorizado de Cronotacógrafos e também sobre o funcionamento do
simulador de pista para a realização dos ensaios metrológicos. Além dessas informações, foram
analisadas as condições técnicas, bem como as reformas necessárias, para instalação do
simulador de pista.
Dentre as legislações estudadas, cita-se;
• INMETRO. EDITAL n. 04, de 18 de dezembro de 2015;
• INMETRO. Portaria INMETRO/Dimel n.º 0376, de 20 de dezembro de 2011;
INMETRO. MOD-Dimel-050. Março de 2023;
• INMETRO. Portaria INMETRO/Dimel n.º 0114, de 01 de junho de 2015;
36

• BRASIL. Conselho Nacional de Trânsito. Resolução CONTRAN nº 92, de 4 de


maio de 1999;
• BRASIL. Conselho Nacional de Trânsito. Resolução CONTRAN nº 912, de 28
de março de 2022 e;
• BRASIL. Conselho Nacional de Trânsito. Resolução CONTRAN nº 938, de 28
de março de 2022.

3.2.2 Etapa 2 – Elaboração do projeto

Durante a segunda etapa foi realizado um projeto arquitetônico inicial da reforma do


galpão, onde se adequaria as instalações da empresa com as normas do INMETRO. Logo em
seguida foi realizado uma cotação com empreiteiras para realização da obra, e ao selecionarmos
a que mais se adequava a nossas necessidades (tempo, valor e qualidade do serviço) as obras
foram iniciadas.
Nesse projeto a adequação foi solicitado um piso de concreto armado de 12 cm de
espessura, suficiente para suportar o peso e a tração de caminhões e ônibus, que são os veículos
mais pesados para se realizar o ensaio metrológico. A construção das salas (escritórios,
laboratórios) e do mezanino que iria receber o almoxarifado de peças. Os nichos para receber a
estrutura do simulador de pista, a barreira de proteção e por último a estrutura que iria receber
os portões automáticos.

3.2.3 Etapa 3 – Adequação do galpão e instalação do simulador

Durante a terceira etapa após a conclusão da obra, foi realizada a visita do técnico
responsável pela instalação do simulador. Logo após a instalação foi feito um treinamento com
o técnico que ficará responsável pelos ensaios metrológicos da empresa.
Esse simulador exige conhecimentos em mecânica para operação por diversos fatores,
entre eles a manutenção preventiva do mesmo, onde em um determinado período estabelecido
pelo fabricante, se faz necessário o verificar e lubrificar determinados pontos do equipamento.

3.2.4 Etapa 4 – Auditoria in loco do INMETRO

Durante a quarta etapa a empresa passou por uma auditoria in loco, recebendo um agente
fiscalizador do INMETRO que analisou toda a estrutura civil da empresa, as condições do
simulador e também realizou testes com o técnico responsável pelos ensaios metrológicos.
37

Nessa parte do trabalho foram apresentadas todas as etapas para adequação da empresa
em estudo para se tornar PAC seguindo as normas vigentes do INMETRO.

4 RESULTADOS

4.1 PROJETO

Para se iniciar a adequação era necessária uma reforma do galpão, onde foi realizado
um projeto arquitetônico inicial, conforme apresentado na Figura 26, e uma cotação com
empresas de engenharia civil com experiência em galpões industriais.

Figura 26 - Layout 3D do projeto de reforma com implementação do simulador: 1 – Pista de


ensaio e pista auxiliar; 2- Pátio de manutenções; 3- Escritórios e laboratórios; 4- Almoxarifado.

Fonte: Autor (2023)

O layout da Figura 26 representa o galpão com medidas de 40 m de comprimento por


15 m de largura, para receber todo o estoque e almoxarifado da empresa, o simulador de pista
dentro das medidas exigidas pelo INMETRO e as salas de administração da empresa.
O ensaio trata-se de um serviço rápido, por isso foi feita a opção para que a pista de
ensaio e a auxiliar fossem posicionadas mais próximas ao portão de entrada da empresa,
deixando um espaço (pátio) dentro do galpão destinado a realizar manutenções que necessitam
de mais tempo. Nas laterais e o fundo do galpão ficaram os escritórios e laboratórios, justamente
para deixar o espaço livre para entrada e saída de veículos. Nos laboratórios são realizadas as
manutenções nos cronotacógrafos que necessitam de algum conserto ou ajuste, uma vez que os
mesmos precisam estar em seu pleno funcionamento correto para realização do ensaio. Dentre
38

os possíveis problemas que podem ser apresentados nos cronotacógrafos, podem ser citados os
mais comuns, que são a ausência do registro de trabalho no disco ou fita digrama, a não
identificação ou identificação incorreta da velocidade mostrada no cronotacógrafo, ou a
inoperância total do cronotacógrafo.
O modelo de contrato firmado com a empresa foi do tipo empreitada, onde na medida
em que a etapas da obra iam sendo realizadas, uma parte do pagamento equivalente seria
realizado.

4.2 ADEQUAÇÃO DO GALPÃO E INSTALAÇÃO DO SIMULADOR

Após a seleção da empresa que seria responsável pela obra, foi iniciado a 1° etapa da
obra de reforma e adequação, conforme as exigências do INMETRO para se tornar um PAC. A
obra iniciou se deu em janeiro de 2023, com a demolição de salas, rampa e piso que não seriam
adequadas para o uso futuro da empresa, uma vez que a rampa não iriar permitir a entrada dos
veículos dentro do galpão, por conta da altura, e as medidas das salas estavam fora da
necessidade da empresa. (Figuras 27 e 28)

Figura 27 - Fachada da empresa antes da reforma

Fonte: Autor (2023)


39

Figura 28 - Galpão a) antes e b) após demolição parcial.


a) b)

Fonte: Autor (2023)

As salas tiveram que ser demolidas pois nenhuma delas se adequava ao nosso uso, sendo
algumas grandes demais e outras pequenas demais, além disso, não se adequariam ao mezanino
descrito no projeto para a implementação do almoxarifado.
Por ser um piso antigo, que não recebia manutenção preventiva de forma correta durante
os anos de utilização, o mesmo não apresentava resistência o suficiente para suportar o as cargas
de tração que seriam aplicadas com os ensaios metrológicos, e também teve que ser demolido
(Figura 29).
Figura 29 - Parte interna do galpão após demolição e bota-fora parcial

Fonte: Autor (2023)


40

Logo após o primeiro processo de demolição, foi realizado o processo de terraplanagem


com uso de pó de pedra para a preparação do piso que iria receber o concreto com espessura de
12 cm, usando armação metálica como contrapiso que logo depois de aplicado recebeu
polimento. Para realizar o primeiro processo de concretagem (Figura 30) foram utilizados cerca
de 5 caminhões betoneiras de 8 m³ cada um, e em seguida se deu início a produção do mezanino
que seria usado como 2° piso do almoxarifado de peças e depois a produção das salas em
alvenaria.
No processo de concretagem os principais cuidados exigidos são, o processo:
preparação adequada do local, com remoção de detritos, nivelamento do terreno e instalação de
formas adequadas; dosagem correta dos materiais, como cimento, areia, brita e água;
manipulação e transporte adequados do concreto para evitar segregação dos materiais; tempo
de cura adequado, evitando tráfego sobre o concreto fresco e protegendo-o de condições
climáticas extremas; controle da temperatura, com medidas para lidar com altas ou baixas
temperaturas; compactação adequada para eliminar espaços vazios e garantir aderência;
cuidados com juntas de dilatação e retração para evitar fissuras indesejadas; e acabamento e
cura adequados para obter uma superfície lisa e uniforme, incluindo o uso de métodos de cura
adequados.

Figura 30 - Processo de concretagem do piso

Fonte: Autor (2023)


41

Figura 31 - Mezanino e salas parcialmente prontos

Fonte: Autor (2023)

O número de peças de reposição e de customização dos veículos tem aumentado a cada


dia, com variedade grande de marcas e modelos, dessa forma foi necessária a criação do
mezanino apresentado na Figura 31. Dessa forma, houve a necessidade da criação de mais um
almoxarifado na parte superior do galpão. Nesse setor foram armazenadas as peças que ocupam
grandes espaços e as peças de menor rotatividade. A classificação de rotatividade das peças
armazenadas foi definida de forma empírica pelos gestores da empresa, onde posteriormente
será ter feito uma classificação ABC, definindo pontos de compra, máximo e mínimo.
Como a empresa não podia parar suas atividades durante a obra, foi necessária a divisão
da obra em duas etapas, onde logo após a conclusão da primeira etapa da obra, foi realizada a
mudança de local do estoque (Figura 32), do laboratório de testes e manutenções, do escritório
e do almoxarifado, para a parte do galpão que já estava pronta, liberando assim, o restante do
galpão para realizar a segunda etapa da obra. Um grande problema observado nessa etapa foi a
impossibilidade de armazenamento correto do almoxarifado de peças, pois o mesmo ficou
espalhado dentro do pátio do galpão, gerando demanda de tempo maior por parte do
colaborador no momento de solicitação das peças.
42

Figura 32 - Mudança temporária de parte do estoque

Fonte: Autor (2023)

A segunda etapa se deu início com a escavação do local onde os pilares de concreto
armado (Figura 33) que receberiam os portões automáticos de rolar seriam instalados.
Juntamente da demolição restante das paredes da antiga fachada, e o chumbamento da viga
treliçada que iria receber o portão junto dos pilares.

Figura 33 - Fachada após 2° demolição e conclusão dos pilares

Fonte: Autor (2023)


43

Ao se concluir a demolição, construção dos pilares de concreto e a instalação da viga


treliçada (Figura 33) foi iniciado o processo de terraplanagem da segunda parte do galpão e a
montagem do portão simultaneamente. Na aplicação do concreto foram construídos os nichos
(Figura 34) para delimitar onde seria colocado o simulador de pista, que foi instalado logo em
seguida após o tempo de cura do concreto.

Figura 34 - Criação dos nichos paras os buracos onde o simulador de pista foi instalado

Fonte: Autor (2023)

Os nichos foram criados como forma de facilitar a instalação do simulador de pista, pois
com isso, seria necessário apenas escavar a parte onde os nichos se aplicaram, ao invés de cortar
o piso novo.
Figura 35 - 2° etapa da concretagem
44

Fonte: Autor (2023)


Na segunda parte da concretagem (Figura 35) foram utilizados 3 caminhões betoneiras
de 8 m³ cada um e assim como na primeira parte, foi realizado polimento logo após a aplicação
de todo o concreto.
Figura 36 - Instalação parcial do simulador ne pista

Fonte: Autor (2023)

Para se instalar uma parte do simulador de pista foram utilizados barrotes de madeira
(Figura 36) para facilitar o posicionamento da estrutura e posteriormente o seu chumbamento.
Os componentes mostrados na Figura 36, se referem aos rolos auxiliares (partes laranja) e a
estrutura externa do simulador (partes azuis). Onde os rolos auxiliares servem para a realização
de veículos que utilizam duplo eixo trator (traçados), e a estrutura externa recebe os rolos
principais, auxiliares e pistão elevador, e também é chumbada ao concreto do piso.
Em seguida foi realizada construção da barreira de contenção (Figura 37) e a pintura
para delimitar a área de segurança da pista de ensaio e a pista auxiliar seguindo as normas
vigentes do INMETRO. Essa barreira passou por laudo técnico de um engenheiro civil.
Figura 37 - Barreira de contenção com área de segurança delimitada

Fonte: Autor (2023)


45

Figura 38 - Pista auxiliar e pista de ensaio com simulador

Fonte: Autor (2023)

Apesar da obra como um todo não estar concluída, é possível visualizar através da
Figura 38, o resultado obtido com a adequação da pista de ensaio, pista auxiliar e barreira de
contenção seguindo a normas vigentes do órgão fiscalizados descritas no edital do INMETRO
n° 4 de 2015.

4.3 EQUIPAMENTOS EMPREGADOS NA AFERIÇÃO DOS CRONOTACÓGRAFOS

Após uma pesquisa e cotação realizada pelos gestores da empresa, e buscando um


equipamento que mais se adequasse as nossas exigências (melhor relação custo x benefício), o
simulador de pista adquirido (Figura 39) foi o modelo DMC.TR.2022.WS de número de série
1094/23 da fabricante Maciel Machines. Composto de um conjunto principal de rolos, um
conjunto secundário de rolos, um módulo do conjunto hidráulico, um módulo do sistema
gerenciador, grades de proteção laterais e um dispositivo de medição adicional DMC/DAP 8000
de n° de série 5083/22. E após realização de algumas contas foi identificado que seria
financeiramente viável para a empresa adquirir o software da empresa Maciel Machines, o que
isentou a empresa J.M.C. TACÓGRAFOS de pagar mensalidades posteriormente referente aos
ensaios realizados pelo software.
46

Figura 39 - Simulador de pista que foi adquirido e instalado na empresa

Fonte: Autor (2023)

Também foram adquiridos outros equipamentos adicionais para declaração de


capacidade metrológica, que foram descritos nas Figuras 40, 41 e 42, a seguir.
Figura 40 - Trena linear da marca Lufkin modelo Y1720CM

Fonte: MABORE (2023)

Trena (Figura 40) utilizada para realizar os ensaios em pista reduzida (pista auxiliar)
que se aplicam em veículos que não podem e não são adequados para realizar o ensaio no
simulador, como por exemplo caminhões do exército que transportam explosivos.
47

Figura 41 - Aferidor de cronotacógrafo da marca CD Concept modelo TCP-550

Fonte: CDCONCEPT (2023)

O aferidor (Figura 41) é utilizado para realizar configurações nos cronotacógrafos,


principalmente da constante k, que realiza a compatibilidade dos sinais que saem do sensor dos
veículos para o equipamento registrador.

Figura 42 - Gerador de pulso e rotação da marca RCR modelo 5021

Fonte: TACOGRAFOS LONDRINA (2023)

O gerador de pulso (Figura 42) é bastante utilizado para inspeção de manutenções


realizadas nos cronotacógrafos e também nos ensaios de pista reduzida, pois o mesmo consegue
simular o trabalho de um veículo em movimento. Fazendo com que o cronotacógrafo registre
velocidade, tempo e distância.
48

Todos os equipamentos listados anteriormente passaram por calibração de órgãos


acreditados pelo INMETRO e receberam seu certificado com validade especificada de 6 meses.

4.4 AUDITORIA IN LOCO DO INMETRO E REALIZAÇÃO DOS TESTES

Logo após a instalação do simulador de pista, a pintura das faixas e a construção da


barreira de contenção, foram enviadas fotos das adequações realizadas no galpão para o
escritório administrativo do INMETRO e posteriormente foi marcada uma auditoria in loco
com um auditor do INMETRO com intuito de fiscalizar as instalações da empresa e a
capacidade do técnico responsável para realizar os ensaios metrológicos.
Na fiscalização os seguintes aspectos foram inspecionados: Instalações civis e elétricas
da empresa, demarcação das faixas de limite da pista de ensaio e pista auxiliar, assim como as
medidas das mesmas, demarcação da área de segurança, posicionamento do simulador de pista,
barreira de contenção, capacidade de ensaio do simulador e dos equipamentos auxiliares,
capacidade metrológica para realizar ensaios do técnico responsável da empresa, vistoria no
laboratório e no setor administrativo, e por fim uma vistoria de todos os documentos que foram
solicitados e enviados ao INMETRO.
Ao se concluir as fiscalizações nas instalações físicas da empresa, o auditor solicitou
que fossem disponibilizados três veículos com características distintas para a realização das
validações do equipamento e dos ensaios metrológicos a fim de aprovar a capacidade técnica
posto de ensaio. Os veículos solicitados foram, um veículo com eixo trator simples, com aro
menos ou igual a 17,5 polegadas (Figura 43); um veículo com eixo trator simples, com aro
maior ou igual a 22 polegadas e um veículo com duplo eixo trator (traçado, tração 6x4 ou 8x4),
com aro maior ou igual a 22 polegadas.
Em seguida foram realizadas em cada um dos veículos, 20 validações no simulador e
20 ensaios metrológicos (Figura 44). Logo após foi solicitado que o técnico fizesse um ensaio
em pista reduzida, que foi realizado utilizando a trena linear, para demarcar o espaço percorrido
pelo veículo dentro da pista auxiliar, o aferidor de cronotacógrafo, para determinar o fator k do
veículo que foi gerado dentro da distância percorrida, e o gerador de pulso para realizar a o
ensaio do cronotacógrafo no laboratório, onde foi simulado uma situação de trabalho pelo do
veículo.
49

Figura 43 - Veículo com aro de 17,5 polegadas realizando ensaio

Fonte: Autor (2023)

Figura 44 - Ensaio sendo realizado em veículo com aro de 17,5 polegadas

Fonte: Autor (2023)


50

Após esses testes foram realizadas mais cinco validações com o uso do equipamento
adicional do simulador em dois veículos distintos, como modelo na Figura 45.

Figura 45 - Veículo em momento de validação com equipamento adicional

Fonte: Autor (2023)

4.5 RECOMENDAÇÕES QUANTO A MANUTENÇÃO

a) É essencial manter a devida atenção ao prazo de validade do simulador de pista, que


é renovado a cada trimestre ou após a realização de 2000 testes, o que ocorrer primeiro. O
vencimento do prazo dessa validação implica no bloqueio imediato das atividades da empresa
como PAC.
b) Para garantir o perfeito funcionamento do sistema, é de extrema importância realizar
regularmente a manutenção preventiva, seguindo as orientações abaixo.
É necessário lubrificar os mancais mensalmente, utilizando graxa à base de lítio e óleo
mineral. Antes de iniciar a operação, é preciso verificar semanalmente o aperto dos parafusos
dos mancais. Antes de qualquer teste, deve-se sempre verificar se há objetos estranhos presos
aos rolos. Os parafusos dos mancais devem ser reapertados a cada 30 dias ou a cada 200 testes,
o que ocorrer primeiro. O nível de óleo da unidade hidráulica deve ser verificado semanalmente
e, caso esteja abaixo do recomendado, deve ser reposto até atingir a faixa verde, verificada
através da vareta de nível. O óleo adequado é o óleo hidráulico mineral ISO VG 68. É
importante também verificar se há vazamentos na linha hidráulica, incluindo retentores dos
cilindros e conexões. Caso sejam detectados vazamentos, é necessário realizar o reparo o mais
51

rápido possível. É essencial manter o fosso, onde o simulador de pista está instalado, sempre
limpo. A cada 15 dias, é preciso verificar o estado dos rolamentos dos rolos principais e
auxiliares, girando manualmente o rolo. Caso haja algum impedimento ao girar, ruídos ou
impactos leves, é necessário substituir imediatamente os rolamentos.
c) Antes de iniciar qualquer procedimento de manutenção preventiva ou corretiva, é
indispensável desligar o equipamento utilizando a chave geral (disjuntor trifásico). As funções
devem ser interrompidas imediatamente caso uma pessoa não autorizada se aproxime do
equipamento durante um teste ou outra função, ou se forem percebidos ruídos ou barulhos
estranhos no banco de rolos, como pedras nos pneus, metais e outros objetos. A limpeza do
equipamento, especialmente dos rolos principais, deve ser realizada regularmente para evitar a
formação de crostas na superfície, o que poderia afetar os resultados do teste devido ao aumento
do diâmetro. É imprescindível utilizar sempre equipamentos de proteção individual, como
protetor auricular, luvas para manusear a mangueira de exaustão e óculos, caso necessário.
52

5 CONCLUSÕES

O objetivo da criação e desenvolvimento deste trabalho partiu da premissa de que a


empresa em questão estava perdendo força de mercado em comparação aos seus concorrentes
pois não se enquadrava na categoria de PAC, com isso, não poderia realizar o ensaio
metrológico completo dos cronotacógrafos. Então foi realizado um estudo para implementação
de um simulador de pista dotado de bancos de rolos para realização de ensaios metrológicos em
cronotacógrafos, seguindo as normas vigentes do INMETRO, e juntamente com isso, a
adequação da empresa J.M.C. TACÓGRAFOS para migrar da categoria de Posto de Selagem
para PAC.
Para possibilitar a realização tanto do objetivo geral, como dos específicos, foram
apresentadas todas as etapas realizadas pela empresa para alcançar o seu propósito. Desde a
compreensão do funcionamento do simulador e da realização do ensaio, projeto arquitetônico,
reforma do galpão da empresa e auditoria in loco do INMETRO.
Como resultado principal foi obtida a aprovação da empresa em todos os testes
realizados pela auditoria do INMETRO e já se enquadra na categoria de PAC. Restam apenas
as conclusões dos trâmites burocráticos, que se objetifica na assinatura de diversos documentos
por parte do diretor responsável da autarquia.
A previsão é que esses procedimentos sejam realizados ainda nesse mês de julho, para
que a empresa possa trabalhar utilizando o simulador de pista e realizando os ensaios
metrológicos definitivos.
Dessa forma, a empresa aumentou sua força de mercado perante os concorrentes e
consequentemente o seu faturamento e cartela de clientes.
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REFERÊNCIAS

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