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Itajaí
2018
PATRICIA CORDELA TELES
Itajaí
2018
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos os meus amigos e amigas, os quais estiveram comigo em toda essa
caminhada, entre bons e ruins momentos, eles foram meu porto seguro quando
precisei.
Por fim, agradeço a todos que direta ou indiretamente estiveram presentes para a
realização desse sonho.
RESUMO
Considering the mobility as the essential element to the economic and social
development of cities, the present project presents an analysis of the road impacts
generated by the implantation of a large department store located in an urban street in
Balneário Camboriú/SC. This analysis is carried out initially by the characterization and
classification of the enterprise as a travel generator polo, with its respective licensing
instruments in Brazil. The road impact study, which is an integral part of the
Neighborhood Impact Study (EIV) of enterprises, was based on five phases. With the
help of procedures and methodologies of DNIT (2006) and CET (1983), analyzes of
flows and trips generations were carried out. The road performance around the
enterprise was defined according the HCM methodology (2000), using the Level of
Service (LOS) calculation method for sections between traffic lights. Analyzing the
scenarios obtained, a road network close to its saturation was observed. In the end,
improvement measures were proposed.
Figura 16: Movimentos direcionais com seus respectivos fluxos em veic/h. ............. 93
Figura 20: Diagrama de fases do semáforo da Avenida do Estado – sentido Sul. .. 101
Quadro 10: Sugestão dos horizontes temporais dos impactos viários. ..................... 33
Quadro 11: Horizonte temporal segundo o potencial de impactos dos PGVs. .......... 33
Tabela 5: Volumes dos fluxos (veic/h) por movimento na hora pico. ........................ 93
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 15
2.6.4 Atrasos............................................................................................................ 61
3. METODOLOGIA ............................................................................................. 70
4.1.3 Zoneamento.................................................................................................... 86
4.5.1 Adequar transição entre os fluxos internos e externos ao PGV .................... 109
6. APÊNDICES.................................................................................................. 120
15
1. INTRODUÇÃO
Além dos transportes oriundos do turismo, a cidade conta com uma frota de 88.787
veículos (IBGE, 2016). Os dados e pressupostos apresentados, permitem a inferência
1 Entrevista dada por Miro Teixeira, secretário de Turismo, a Soraya Bogarim. Balneário Camboriú
registra aumento de 26,6% no número de turistas em janeiro. 8 fev. 2018. Disponível em:
<http://www.secturbc.com.br/turismo/pt-br/noticia/balneario-camboriu-registra-aumento-de-266perc-
no-numero-de-turistas-em-janeiro>.
16
1.2 Objetivos
1.3 Justificativa
No contexto da mobilidade urbana, é fácil notar que “[...] bem planejada, com sistemas
integrados e sustentáveis, garante o acesso dos cidadãos às cidades e proporciona
qualidade de vida [...]”. (MINISTÉRIO DAS CIDADES in Cartilha de Lei Nº 12.587,
2013, p.5).
Para Portugal (Org., 2012, p. VII), “[...] independente da magnitude dos impactos
decorrentes da implantação ou ampliação de um PGV, eles precisam ser previstos e
tratados, maximizando os positivos e mitigando os negativos”.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Pode-se ainda citar outras duas conceituações: polo de uso misto e polo de uso
múltiplo. “No Brasil, a interpretação do que seria Uso Misto ou Uso Múltiplo ainda está
‘em construção’ pela comunidade técnica, embora esteja avançando na literatura
acadêmica” (CAVALCANTE et al, 2012, p.424). Este pensamento surge pela falta de
consenso entre diferentes autores sobre tais conceitos.
Ainda segundo o autor em referência (2012), Polo Gerador de Viagens de Uso Misto
(PGVUM) caracteriza-se como um único edifício, que possui diversas atividades de
comércio, serviços e outros, dependendo exclusivamente da rede viária externa. Já o
polo gerador de viagens de uso múltiplo ou Polo Múltiplo Gerador de Viagens (PMGV),
consiste em diferentes empreendimentos próximos entre si, onde pode-se utilizar o
sistema viário externo, cujas viagens são facilitadas e potencializadas por este
agrupamento de atividades, denominados de clusters de atividades.
“As distintas formas de caraterização [dos PGVs] podem ser justificadas, em parte,
pelas diferentes especificidades dos municípios brasileiros”. (GONÇALVES et al.,
2012, p.10). O autor usa como exemplo um shopping center, que pode ser
considerado de diferente porte dependendo da cidade em que está inserido.
23
O DENATRAN (2001), em seu capítulo IV, classifica os PGVs em função do seu porte,
como observa-se no Quadro 2.
A CET (1983) organiza em duas categorias: os micropolos (P1) que seriam polos de
porte um pouco menor, mas ainda incluídos na categoria de problemáticos; e os
macropolos (P2) que seriam os grandes polos (Quadro 3).
24
UNIDADE
ATIVIDADE
TIPO P1 TIPO P2
LUGARES
ATIVIDADE
TIPO P1 TIPO P2
Cinemas, teatros, auditórios, locais de culto Entre 300 e 1.000 Acima de 1.000
De modo geral, devem ser observados dois aspectos dos PGVs: a caracterização
desses empreendimentos por meio do tipo e do porte; e a classificação quanto ao seu
potencial de impactos, por meio do número de viagens no horário de pico ou área
construída. A caracterização irá indicar a necessidade (ou não) da realização do
estudo de impacto, enquanto a classificação irá auxiliar na determinação de outros
aspectos como, por exemplo, o tamanho da área de estudo, horizonte temporal e
ferramentas de análise (GONÇALVES, 2012).
Kneib (2004) divide os impactos em duas categorias: impactos diretos, com prazo
imediato, os quais geram impactos na circulação e sistema viário causados
especificamente pelo empreendimento gerador de viagens; e impactos derivados, a
médio e longo prazo, os quais são impactos decorrentes da implantação e operação
do mesmo, que se dão no ambiente urbano, proveniente deste ou das alterações
provocadas por este, conforme Quadro 5.
26
Transporte Sobre a demanda (adicional); sobre as linhas que atendem ao polo; sobre os pontos
coletivo de embarque e desembarque de passageiros.
A abrangência dos impactos gerados por um PGV pode ser compreendida em duas
áreas: a área crítica, que consiste na área formada pelo entorno do empreendimento,
onde os impactos são mais expressivos (GONÇALVES et al., 2012); e a área de
influência, sendo uma área mais abrangente, que envolve um número significativo das
viagens geradas pelo PGV (GRANDO, 1986 apud GONÇALVES et al., 2012).
Gonçalves (2012) ainda delimita tanto a área crítica como a área de influência em
duas divisões conforme Quadro 7. Deve-se considerar valores flexíveis para estas
propostas, de acordo com as características do empreendimento analisado.
2. Área crítica
Abrange todas as interseções adjacentes ao empreendimento,
(com todas as
localizadas em uma distância máxima de 400m, configurando a
interseções da rede
rede viária a ser investigada.
viária)
3. Área de influência
(área crítica e as Abrange toda a área crítica e as principais vias de acesso a essa
principais vias de acesso área, podendo alcançar até 3.000m.
a ela)
(2012), por não estipular uma distância máxima para cada uma das áreas de estudo.
São elas (DNIT, 2006, p.91):
Para Portugal e Goldner (2003, apud KNEIB, 2004), a área de influência é classificada
em primária, secundária ou terciária, conforme o grau de atração de viagens e o grau
de impacto no sistema viário causado pelo PGV. Para a delimitação dessas áreas,
complementando o método do DNIT (2006), utiliza-se variáveis como: natureza,
tamanho, acessibilidade, densidade, características socioeconômicas dos habitantes,
barreiras físicas, limitações de tempo, distância de viagem, poder de atração e de
competição do empreendimento e distância ao centro da cidade. Além dessas
variáveis, a área de influência pode ser determinada através da variável de distância
e tempo, com as linhas isócotas – linhas de distâncias iguais, traçadas geralmente em
distâncias de 1 quilômetro (km), tendo como centro o empreendimento – e as linhas
isócronas – linhas que representam tempos iguais, traçadas geralmente em intervalos
de 5 minutos, tendo como centro o empreendimento.
Segundo Gonçalves et al. (2012), os impactos ocorrem em duas fases temporais: (1ª)
no período que antecede a implantação do empreendimento, ou seja, o período de
obras, onde percebe-se o acréscimo de veículos principalmente pesados, como
caminhões e máquinas de construção, no sistema viário; e (2°) nas condições
posteriores ao PGV, que acontecerá a partir da data de inauguração do
empreendimento ao público.
Desta maneira, Gonçalves et al. (2012) classifica entre impactos de curto, médio e
longo prazo, e considera abordagens operacionais, táticas e estratégicas,
31
Avaliação dos
Viagens geradas pelo empreendimento;
Curto impactos de PGTs na
CET (1983) Demanda por estacionamento;
prazo circulação e no
Impactos nas vias. estacionamento.
Baixo - -
Médio -
Alto -
Regional - -
Para Maia et al. (2012), sendo os polos geradores de viagens atividades capazes de
exercer atratividade da população e produzir um considerável número de viagens,
essas podem trazer impactos positivos como desenvolvimento de áreas urbanas e
benefícios socioeconômicos, mas também impactos negativos como a saturação do
sistema viário e poluição, que afetam a qualidade de vida da população. Diante disso,
a autora comenta a necessidade de normas e procedimentos para o licenciamento
desses empreendimentos à fim de “[...] mitigar ou até mesmo anular algumas das
externalidades negativas”. (MAIA et al., 2012, p.47).
34
De acordo com Rosa (2007 apud MAIA et al., 2010, p.18), “há quatro tipos de
processos administrativos: o de gestão, o de outorga, o de controle e o punitivo”. O
processo de licenciamento de um polo gerador de viagem se enquadra no tipo de
outorga, “[...] que são aqueles que tratam de licenciamento ambiental e licenciamento
de atividades e exercício dos direitos além de registros de marcas e patentes”.
Para Maia et al. (2012), “no âmbito federal, as diretrizes de licenciamento para PGV
no Brasil, estão referenciadas nos seguintes instrumentos:”
Pinto (2005 apud CUNHA et al., 2012, p.74) identifica que o EIV, consolidado através
de seu respectivo relatório, deve prever os impactos positivos e negativos gerados
pela implantação, ampliação e operação de empreendimentos geradores de viagens.
36
Ainda segundo a autora em referência (2012), afirma-se que os EIVs estão mais
relacionados a análise de PGV, por considerar os impactos no sistema viário. Mas
vale ressaltar, que de acordo com o Estatuto da Cidade, deve-se realizar tanto o EIV
quanto o EIA.
De acordo com a Lei Federal Nº 10.257/2001, Art. 37º, sete questões mínimas devem
ser abordadas no EIV. Entre elas, destaca-se a “geração de tráfego e demanda por
transporte público” (BRASIL, 2001).
Convém ainda mencionar que o Plano de Mobilidade Urbana, sancionado pela Lei
Federal Nº 12.587/2012, visa a melhoria da acessibilidade e mobilidade das pessoas
e cargas. Esse plano tem como foco, o transporte não motorizado e o planejamento
da infraestrutura urbana destinada a deslocamentos a pé e por bicicleta (BRASIL,
2012).
Cunha et al. (2012) afirma que os PGVs geram o aumento do fluxo de veículos, desta
forma, é fundamental especificar os impactos derivados da implantação dos mesmos,
e a análise quanto a capacidade de absorção do acréscimo da demanda nas vias de
acesso e da vizinhança.
37
Como forma integrante do EIV, faz-se necessário um estudo com foco nos impactos
viários gerados. Desta forma, com base em Cunha (2009), sugere-se um
procedimento para a realização de um estudo de impacto viário.
Segundo o ITE (2005, apud CUNHA et al., 2012), após a análise do potencial de
impacto viário, justifica-se a realização do estudo de impacto quando a previsão de
viagens geradas pelo empreendimento é superior a 100 viagens/hora-pico, caso
contrário, não será necessário realizar o estudo de impacto no trânsito.
Caso não seja necessária a realização do estudo de impacto viário, deve-se observar
“[...] os parâmetros técnicos de projeto e atender as exigências quanto as
características geométricas necessárias à adequação dos espaços internos ao lote,
assim estabelecidas” (CET, 1983; DENATRAN, 2001 apud CUNHA et al., 2012):
38
Quadros (2002) citado por Cunha et al. (2012, p.85) comenta que:
Os elementos de estudo que englobam cada uma das fases estipuladas são (CUNHA,
20093):
3Os itens I-V, p.40-42, estão pautados em CUNHA, R. F. F. Uma sistemática de avaliação e
aprovação e projetos de polos geradores de viagens (PGVs). 2009. 252 p. Dissertação (Mestrado
em Engenharia de Transportes) – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de
Engenharia (COPPE), Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.
41
Cunha et al. (2012, p.83) salienta que o procedimento proposto “[...] poderá variar e
se adequar de acordo com o porte do PGV e os consequentes impactos a serem
previstos e tratados”.
“Define-se volume de tráfego (ou fluxo de tráfego) como o número de veículos que
passam por uma seção de uma via, ou de uma determinada faixa, durante uma
unidade de tempo” (DNIT, 2006, p.63).
Visto o volume de tráfego incluir todos os veículos que circulam pela via com suas
respectivas categorias, “denomina-se [então] volume de tráfego equivalente o volume
de tráfego veicular expresso em termos de Unidades de Carro Passeio (UCP)”, visto
43
Automóvel 1,00
Moto 0,33
Ônibus 2,00
Ainda segundo o DNIT (2006), percebe-se variações dos volumes de tráfego ao longo
da hora, do dia, da semana, do mês e do ano. Analisando as variações ao longo do
dia, constata-se pontos máximos acentuados denominados de picos, onde as horas
de pico representam aquelas que possuem o maior volume de veículos de uma via
em um determinado dia. As variações que ocorrem dentro da hora de pico são
percebidas quando comparadas as contagens de quatro períodos consecutivos de
quinze minutos. Para definir o grau de uniformidade do fluxo, utiliza-se o Fator Horário
de Pico (FHP) que mede essa flutuação, conforme Equação 1.
𝑉ℎ𝑝
𝐹𝐻𝑃 = (1)
4 × 𝑉15𝑚á𝑥
44
Onde,
O ITE (2004) citado por Andrade e Portugal (2012), sugerem que se utilizem dias
típicos para os estudos, evitando férias, feriados ou tempo ruim, com o objetivo de
evitar oscilações nos dois sentidos. Quando se tratar de tipos de uso do solo que
possuem variações sazonais, por exemplo, centros recreativos, recomenda-se utilizar
algo entre a 30ª e 50ª hora mais carregada. Além disso, as contagens devem ser feitas
durante sete dias seguidos e ininterruptos, com parciais de quinze minutos, podendo
assim observar as modificações ao longo dos dias da semana e das horas do dia.
Caso não seja possível a realização pelo método do ITE (2004), visto que são métodos
muito minuciosos e eventualmente de difícil realização, Andrade e Portugal (2012)
sugerem que as contagens sejam feitas com foco nos dias e horários mais carregados
do tráfego externo e do pico do empreendimento. Sendo que, normalmente,
dependendo da cidade e do local em si, o pico de tráfego ocorre na tarde de um dia
que tende a ser sexta-feira; e o pico do empreendimento varia de acordo com o
mesmo. O pico do tráfego será utilizado para a avaliação de impactos no sistema
viário e de transportes; e o pico do empreendimento para o dimensionamento das
instalações internas do mesmo, número de vagas e interfaces entre fluxo externo e
interno, como as faixas de acumulação e vias de acesso.
Andrade e Portugal (2012) comentam haver três formas para coletar dados: por meio
de contagens in loco, podendo ser manuais, pneumáticas ou por vídeo; por meio de
45
A CET ([s.d.], p.34) considera as contagens manuais “[...] de fácil operação, com
custos baixos e alta flexibilidade quanto à mudança de local para a cobertura de uma
área num período curto de tempo”. Porém comenta como desvantagem, não permitir
contagens prolongadas por ser economicamente inviável o revezamento de equipes
por dias consecutivos.
Para o DNIT (2006), as contagens podem ser classificadas como globais, direcionais
e classificatórias. As contagens globais são aquelas que se registra apenas o número
de veículos que circulam, sem ter necessidade de observar o sentido, onde os
resultados obtidos são utilizados em cálculo de volumes diários e tendências do
tráfego. As direcionais consideram a quantidade de veículos por sentido, e são
empregadas para estudos de acidentes, controles de trânsito, etc. Por fim, as
classificatórias registram os volumes para os diferentes tipos ou classes de veículos,
contagem utilizada para projeto geométrico de rodovias e interseções, cálculo de
capacidade, entre outros. Vale ressaltar que as contagens devem ser divididas em
intervalos de 15 (quinze) minutos, para determinar as variações dentro da própria hora
de pico.
O autor em referência (2006) ainda cita que ao final é possível a determinação da hora
pico de cada movimento e seus respectivos volumes, além da hora pico da interseção
como um todo e o volume de cada movimento nessa hora. Lembrando ainda que a
hora pico dos diversos ramos não é necessariamente a hora pico da interseção como
um todo.
Andrade e Portugal (2012) ainda afirmam que a maior parte da literatura não considera
as viagens geradas indiretamente pelo PGV, ou seja, o tráfego de passagem e as
viagens geradas pelo desenvolvimento urbano do entorno do empreendimento.
O DNIT (2006) ressalta ainda que deve-se distinguir os estudos de geração de viagens
de veículos e os estudos de geração de viagens de movimentação de pessoas, visto
que viagens de automóveis provocam maiores impactos viários do que as realizadas
por ônibus.
Para essa etapa, a CET (1983) aponta modelos específicos para os vários tipos de
PGVs, conforme Quadro 14.
48
𝑉 = 0,483 × 𝑁𝐹 + 36,269
𝑉 = 0,545 × 𝑁𝐹 − 12,178
𝑉 = 0,021 × 𝐴𝑇 − 4,135
𝑉 = 0,432 × 𝑁𝐴 − 106,303
Escolas (faculdades, cursos vestibular, escolas
de 1° e 2° grau, cursos supletivos e 𝑉 = 0,343 × 𝐴𝑆 + 434,251
profissionalizantes)
𝑉 = 22,066 × 𝑁𝑆 + 102,186
𝑉 = 4,71 × 𝑁𝐹 + 49,42
Lojas (de departamentos e magazines)
𝑉 = 10,76 × 𝑁𝐹𝐶 − 257,42
Onde,
𝑉 = estimativa do número médio de viagens atraídas pelo PGV na hora-pico;
𝑁𝐹 = número total de funcionários;
𝐴𝐶 = área construída em m²;
𝑁𝐿 = número de leitos;
𝐴𝑇 = área total do terreno;
𝑁𝐴 = número total de alunos;
𝐴𝑆 = área total de salas de aula em m²;
𝑁𝑆 = número de salas de aula;
𝑁𝐹𝐶 = número de funcionários da área comercial.
pressupõem-se que essa distribuição irá ocorrer em rotas já utilizadas pelos usuários
(DNIT, 2006, p. 218).
Nessa etapa, estima-se com qual modo de transporte as viagens geradas serão
realizadas. Pode-se fazer a simplificação com o agrupamento das modalidades que
são de modos similares, como, por exemplo, o transporte público, veículo particular e
modos não motorizados (ANDRADE; PORTUGAL, 2012).
O DNIT (2006, p.222) ressalta ainda que a escolha do modo de viagem é feita
considerando os seguintes fatores:
Consiste na alocação na rede viária dos fluxos gerados, alocado em rotas definidas
de um modo de transporte. “Para a realização dessa etapa, é necessário ter acesso à
rede de transportes da área em questão, pois nela serão alocadas as viagens
estimadas”. (ANDRADE; PORTUGAL, 2012, p.208).
Uma das formas de ser feita a alocação de viagens é por meio do modelo “tudo ou
nada” do DNIT (2006). “Este modelo admite que todas as viagens [...] são feitas pelo
caminho de menor impedância, desprezando assim outros caminhos alternativos”
(DNIT, 2006, p.231). Mesmo sendo considerado um método de fácil aplicação, pode-
se citar algumas desvantagens do mesmo como o fato de não levar em conta o
50
I. Ferramentas de planejamento;
II. Modelos de demanda de viagens;
III. Ferramentas analíticas/determinísticas;
IV. Ferramentas de otimização de tráfego;
V. Modelos de simulação macroscópica;
VI. Modelos de simulação mesoscópica;
VII. Modelos de simulação microscópica;
VIII. Ferramentas íntegras de análise de tráfego.
Já Portugal (2005 apud CUNHA et al., 2012, p.90), divide as técnicas de análise nas
seguintes categorias:
I. Técnicas analíticas:
a) Determinísticas;
b) Programação matemática;
c) Teoria das filas;
d) Inteligência artificial.
II. Técnicas de simulação:
a) Macroscópica – visão global do sistema, onde descarta-se o
comportamento individual dos veículos;
b) Mesoscópica – modelos intermediários, entre realismo e o
detalhamento, onde os veículos são agrupados em pelotões;
c) Microscópica – modelos mais complexos, onde considera-se o
comportamento individual dos veículos.
51
Com base no USDT (2004), Gonçalves (2012) apresentou uma comparação entre a
utilização do HCM e os modelos de simulação, considerando o desempenho de
tráfego, indicando pontos negativos e positivos de cada um (Quadro 15).
Não apresentam
Podem apresentar o tempo semafórico de
necessariamente o controle
Tempo semafórico todas as interseções semaforizadas, porém
do tempo semafórico nas
cada interseção é tratada de forma isolada.
intersecções sinalizadas.
Fonte: GONÇALVES, 2012, p.72.
De acordo com o HCM (2000), a capacidade de uma via é a taxa horária máxima em
que se pode razoavelmente esperar que as pessoas e veículos percorram um ponto
ou uma seção uniforme de uma pista ou estrada durante um determinado período de
tempo. Para o DNIT (2006, p.263), determina-se a capacidade de uma via para “[...]
quantificar o seu grau de suficiência para acomodar os volumes de trânsito existentes
e previstos, permitindo a análise técnica e econômica de medidas que assegurem o
escoamento daqueles volumes em condições aceitáveis.”
52
Ainda conforme o DNIT (2006, p.263), a capacidade determina apenas o “[...] número
de veículos que pode circular e o intervalo de tempo dessa circulação”, não
demonstrando as condições de utilização da via pelos usuários.
O conceito Nível de Serviço (NS) foi introduzido pelo HCM em sua edição de 1965
para avaliar a eficiência do serviço oferecido nas vias, com volumes de tráfego quase
nulos até o volume máximo ou capacidade da via (DNIT, 2006).
4O item 2.5.4 foi baseado no capítulo 16 do Highway Capacity Manual – HCM (2000), tendo todas as
considerações e equações traduzidas pela autora.
53
Onde,
𝑠 = taxa de fluxo de saturação para um grupo de pistas (veic/h);
𝑠𝑜 = taxa de fluxo de saturação base para um grupo de pistas (cp/h/pista);
𝑁 = número de pistas no grupo de pistas;
𝑓𝑊 = ajuste para largura da pista;
𝑓𝐻𝑉 = ajuste para veículos pesados;
𝑓𝑔 = ajuste para inclinações;
𝑓𝑝 = ajuste para estacionamentos;
𝑓𝑏𝑏 = ajuste para bloqueio de ônibus;
𝑓𝑎 = ajuste para o tipo de área;
𝑓𝐿𝑈 = ajuste para utilização da pista;
𝑓𝐿𝑇 = ajuste para conversões à esquerda;
𝑓𝑅𝑇 = ajuste para conversões à direita;
𝑓𝐿𝑝𝑏 = ajuste para pedestres e bicicletas por conversões à esquerda;
𝑓𝑅𝑝𝑏 = ajuste para pedestres e bicicletas por conversões à direita.
Geralmente possui um valor de 1.900 carros de passeio por hora por pista (cp/h/p).
Esse valor é ajustado por uma variedade de condições conforme Quadro 16.
Esses efeitos são tratados por fatores diferentes por reconhecer que os carros de
passeio são afetados pelas inclinações nas aproximações, assim como os veículos
pesados.
54
O fator de veículos pesados é responsável pelo espaço adicional ocupado por esses
veículos e pela diferença nas capacidades operacionais dos mesmos quando
comparados aos carros de passeio. O equivalente a um carro de passeio (𝐸𝑇 ) usado
para cada veículo pesado é de 2,0 unidades para carros de passeio (assim como
determinado no Quadro 13).
É responsável pelo impacto no trânsito local de ônibus que param para embarque e
desembarque de passageiros. Considera-se que o tempo médio de bloqueio é de 14,4
s durante uma indicação verde no semáforo. Vale ressaltar que esse fator é utilizado
apenas quando as paradas de ônibus são feitas na pista de tráfego, ou seja, quando
houver bolsões exclusivos para a operação, esse fator é desconsiderado.
55
É responsável pela distribuição desigual do tráfego entre as pistas, em vias com mais
de uma pista. Pode ser usado para explicar a variação do fluxo de veículos em cada
pista devido a alterações no número das mesmas a montante ou a jusante, ou
alterações na característica do fluxo por haver posicionamento prévio do tráfego nas
pistas por movimentos de conversões a montante ou a jusante.
Um fator de utilização de pista de 1,0 pode ser usado quando a distribuição de tráfego
pode ser considerada uniforme em todas as pistas ou quando um grupo de pista
compreende apenas uma única faixa, desta forma, não há redução da capacidade.
IX. Fator de ajuste para pedestres e bicicletas por conversões à direita (𝑓𝑅𝑝𝑏 ) e à
esquerda (𝑓𝐿𝑝𝑏 )
56
𝑔𝑖
𝑐𝑖 = 𝑠𝑖 × (3)
𝐶
Onde,
𝑐𝑖 = capacidade do grupo de pista i (veic/h);
𝑠𝑖 = taxa de fluxo de saturação do grupo de pista i (veic/h);
𝑔𝑖 = tempo de verde efetivo do ciclo (s);
𝐶 = tempo total de ciclo (s).
57
5O item 2.6 foi baseado no capítulo 15 do Highway Capacity Manual – HCM (2000), tendo todas as
considerações e equações traduzidas pela autora.
58
No Quadro 17 são listados os critérios de uma rua urbana com base na velocidade
média de deslocamento e na classe de mesma. Destaca-se que se a demanda
exceder a capacidade em qualquer ponto da via, a velocidade média de deslocamento
não é considerado um bom fator de análise do NS.
Deve-se estar ciente dessa explicação antes e depois das ruas urbanas sofrerem
modificações. A título de exemplo, se uma reconstrução melhorar uma característica
da Classe II para a Classe I, é possível que a NS não mude (ou possa até diminuir),
59
Função de
Muito importante Importante
mobilidade
Entrada de
automóveis e Densidade muito Densidade
Densidade baixa Alta densidade
densidade de baixa moderada
acesso
Faixa de conversão
à esquerda Sim Sim Usualmente Alguns
separadas
Semáforos por
0,3 – 1,2 0,6 – 3,0 2–6 4–8
quilômetro
Limite de
75 – 90 km/h 65 – 75 km/h 50 – 65 km/h 40 – 55 km/h
velocidade
Atividade de
Muito pouco Pouco Alguns Usualmente
pedestres
Suburbana II II
Intermediária II III ou IV
Urbana III ou IV IV
Fonte: Adaptado de HCM, 2000, p. 154.
61
VFL (km/h) 80 65 55 45
100 a a - 144
200 a a 88 112
400 63 68 75 88
600 55 61 b b
800 49 58 b b
1000 48 57 b b
1200 47 57 b b
1400 46 56 b b
1600 45 55 b b
a. Se a classe de rua urbana I ou II tem segmentos menores que 400 m, deve-se reavaliar a
classe que a mesma está inserida, e se a classe permenecer em algum segmento, utiuliza-se
os valores para 400 m.
b. Classe de rua urbana III ou IV de segmentos com comprimentos maiores que 400 m primeiro
devem ser reavaliados, ou seja, a classificação deve ser confirmada. Se necessário, os valores
acima de 400 m podem ser extrapolados.
Fonte: Adaptado de HCM, 2000, p. 317.
2.6.4 Atrasos
𝑑 = 𝑑1 × (𝑃𝐹) + 𝑑2 + 𝑑3 (4)
𝑔 2
0,5 × 𝐶 × (1 − 𝐶 )
𝑑1 = (5)
𝑔
1 − [𝑚𝑖𝑛(1; 𝑋) × 𝐶 ]
8×𝑘×𝐼×𝑋
𝑑2 = 900 × 𝑇 × [(𝑋 − 1) + √(𝑋 − 1)2 + ] (6)
𝑐×𝑇
Onde,
𝑑 = atraso de controle (s/veic);
𝑑1 = atraso uniforme (s/veic);
𝑑2 = atraso incremental (s/veic);
𝑑3 = atraso de fila inicial (s/veic);
𝑃𝐹 = fator de ajuste de progressão (Quadro 23);
𝑋 = razão volume sobre capacidade (𝑣⁄𝑐) para o grupo de pista (grau de saturação);
𝐶 = duração do ciclo (s);
𝑐 = capacidade do grupo de pista (veic/h);
𝑔 = tempo de verde efetivo para o grupo de pista (s);
𝑇 = duração do período de análise (h);
𝑘 = ajuste do atraso incremental para semáforo atuado;
𝐼 = ajuste do atraso incremental para filtragem a montante.
Uma característica crítica que deve ser quantificada para a análise de uma rua urbana
ou interseção sinalizada é a qualidade da progressão. O parâmetro que descreve essa
característica é o Tipo de Chegada (TC) para cada grupo de pistas. Este parâmetro
aproxima a qualidade da progressão definindo seis tipos de fluxo de chegada
dominante:
O TC deve ser determinado com a maior precisão possível, porque tem impacto
significativo nas estimativas de atraso e na definição do NS. Embora o TC seja melhor
observado em campo, a Equação 7 é válida para essa determinação.
64
𝐶
𝑅𝑝 = 𝑃 × ( ) (7)
𝑔
Onde,
𝑅𝑝 = relação do pelotão;
𝑃 = proporção de todos os veículos que chegam no tempo verde;
𝐶 = duração do ciclo (s);
𝑔 = tempo de verde efetivo para o movimento (s).
Um valor de 𝐼 = 1,0 é usado para uma interseção isolada (ou seja, que esteja a 1,6
km ou mais da interseção sinalizada à montante mais próxima) por não haver filtragem
nas chegadas dos veículos.
Um valor de 𝐼 < 1,0 é usado para interseções não isoladas. Isto reflete o modo como
os semáforos a montante diminuem a variação no número de chegadas por ciclo na
intersecção em estudo (isto é, a interseção a jusante). Como resultado, a quantidade
de atraso devido a chegadas aleatórias é reduzida. Para a definição de 𝐼 em
interseções não isoladas, é necessário dispor da relação 𝑣⁄𝑐 dos movimentos a
montante que contribuem para o volume nas faixas da interseção em estudo.
66
3600 × 𝐿
𝑆𝐴 = (8)
𝑇𝑅 + 𝑑
Onde,
𝑆𝐴 = velocidade média de deslocamento dos veículos no segmento (km/h);
𝐿 = comprimento do segmento (km);
𝑇𝑅 = total de tempo de percurso em todos os segmentos na seção definida (s);
𝑑 = atraso de controle por meio de movimentos em interseção semaforizadas (s).
Em casos especiais, podem haver atrasos no meio da quadra causados por paradas
de veículos em faixas de pedestres, ou outros atrasos causados por pontos de ônibus
ou calçadas. Esses outros atrasos podem ser adicionados ao denominador da
Equação 8.
A autora (2012) cita ainda um outro objetivo não contemplado pelo SEA (2006). Visto
o aumento do número de viagens e de veículos, deve-se minimizar também os
impactos na segurança viária, gerados pelo aumento de conflitos e acidentes.
Por meio dos trabalhos de Portugal (2005) e Crawford et al. (2011), Cunha et al. (2012,
p.98) propõe algumas medidas tipicamente consideradas nos estudos de impactos
viários, com as devidas possibilidades de aplicação de cada categoria de medida
(Quadro 24). Vale ressaltar que as medidas estão listadas na seguinte ordem: primeiro
as medidas mais usuais que podem ser utilizadas em todos os níveis de impactos
potenciais do PGV, e depois as medidas que podem ser consideradas caso haja a
necessidade, onde ocorrem impactos potenciais muito elevados.
68
Quadro 24: Medidas tipicamente consideradas nos estudos de impactos viários. (continua...)
SETOR
MEDIDAS AÇÕES TÍPICAS
CONVENIENTE
(...continuação) Quadro 24: Medidas tipicamente consideradas nos estudos de impactos viários.
Reescalonamento de horários, - minimizando os
picos;
Planejamento e controle do uso do solo,
Planejar e organizar as
incentivando uma distribuição mais racional das
atividades
atividades (reduzindo, então, a concentração
socioeconômicas Planejamento
espacial na demanda) e distâncias menores de
orientadas ao urbano
viagens (fornecendo-se condições mais
desenvolvimento e a
favoráveis ao uso dos transportes públicos e os
mobilidades sustentáveis
não motorizados);
Aplicação dos conceitos sugeridos pelo TOD –
Transit Oriented Development.
3. METODOLOGIA
Segundo Prodanov e Freitas (2013 apud BOAVENTURA, 2004, p.60, grifo do autor)
“O estudo de caso possui uma metodologia de pesquisa classificada como Aplicada,
na qual se busca a aplicação prática de conhecimentos para a solução de problemas
sociais”. Ainda segundo o autor (2013, p.60), este tipo de procedimento, “É um tipo de
pesquisa qualitativa e/ou quantitativa, entendido como uma categoria de investigação
que tem como objeto o estudo de uma unidade de forma aprofundada [...]”.
A presente pesquisa pode ser considerada então como aplicada quanto a natureza,
possuindo uma abordagem mista, ou seja, tanto qualitativa como quantitativa. Quanto
aos objetivos, é do tipo exploratória e descritiva. E se tratando dos procedimentos de
pesquisa, entende-se como bibliográfica e de estudo de caso.
71
Com base no tipo do empreendimento foi possível realizar a geração de viagens que
a loja de departamentos gera no município. Analisou-se também a rede viária do
entorno, além da oferta viária e de transportes. Compilando essas informações, foi
possível realizar a verificação do desempenho considerando o cenário com e sem o
empreendimento. Por fim, foi proposto medidas de melhoria em função dos impactos
gerados.
O organograma desenvolvido (Figura 6) foi com base nos estudos de Cunha (2009),
porém de uma forma mais abrangente, delimitando-se apenas aos itens da respectiva
pesquisa.
72
Utilizou-se como base para este estudo, uma loja de departamentos que tem
pretensão de se instalar na cidade de Balneário Camboriú/SC. Para a caracterização
do empreendimento, localização e acessos, contou-se com dados disponíveis no site
oficial da Prefeitura de Balneário Camboriú.
A área de estudo foi definida conforme o DNIT (2006), delimitando-a em AID e AII.
Para o horizonte de estudo, utilizou-se a classificação de Gonçalves (2012), de acordo
com o Quadro 10. Vale ressaltar que foram levantadas também as características de
sazonalidade do tráfego.
Visto o mesmo ter horário de abertura às 09h ou 10h dependendo do dia da semana,
o mesmo não estará em funcionamento atraindo viagens no pico horário da manhã.
Conforme Andrade e Portugal (2012), o pico de tráfego ocorre na tarde de um dia que
tende a ser sexta-feira. Portanto, utilizou-se como picos horários das 17h30min às
19h30min de uma sexta-feira, visto coincidir com o pico de tráfego no local.
A geração de viagens foi realizada conforme o Quadro 14 da CET (1983). Estes são
os mesmos dados utilizados no Manual de Procedimentos para o Tratamento de Polo
Geradores de Tráfego do DENATRAN (2001).
Motocicleta
9%
A pé
29%
Automóvel Bicicleta
42% 11%
Para fins de cálculo, e conforme DNIT (2006), supõe-se que cada viagem gerada é
realizada por uma só pessoa com seu devido meio de transporte. Desta forma, nunca
haverá mais de uma pessoa em um mesmo veículo, pressupondo assim o pior caso
para o sistema viário.
Utilizando o modelo “tudo ou nada” do DNIT (2006), todas as viagens geradas pela
implantação do empreendimento serão alocadas em apenas uma rota, desprezando
assim outros caminhos alternativos.
Mesmo que o modelo “tudo ou nada” considere carregar apenas a rota de menor
impedância, foi acrescido todo o volume de tráfego em dois cenários – primeiro em
uma rota de acesso e depois na outra – considerando assim o pior caso, em qualquer
rota que os usuários decidam utilizar.
𝑉𝑛 = 𝑉0 × (1 + 𝑎)𝑛
(9)
Onde,
𝑉𝑛 = volume de tráfego no ano “𝑛”;
𝑉0 = volume de tráfego no ano base;
𝑎 = taxa de crescimento anual;
𝑛 = número de anos decorridos após o ano base.
O trecho analisado fica entre dois semáforos, onde o tempo de ciclo do semáforo no
cruzamento relevante ao estudo (semáforo a jusante) é utilizado no cálculo da
capacidade do trecho de via.
6 A Avenida Martin Luther tem continuidade na Avenida do Estado – sentido Sul. Por não haver
semáforos entre elas, considera-se a mesma capacidade de ambas entre as interseções semafóricas.
81
Com vistorias in loco foi possível definir o cenário da rede viária existente,
estabelecendo o número de faixas de tráfego por pista de rolamento e suas
respectivas dimensões, com o auxílio de uma trena analógica com roda. Também
foram levantadas a localização dos semáforos e sinalizações horizontais e verticais.
Para a rede viária futura foram coletados dados no site oficial da Prefeitura de
Balneário Camboriú referente ao andamento dos projetos de desenvolvimento da
região.
82
Para simplificação dos cálculos, considerou-se não haver fila inicial, não havendo
assim atraso da fila inicial (𝑑3 ).
Após todos esses parâmetros definidos, por meio do Quadro 21 é possível localizar o
tempo de percurso do segmento, ressaltando que deve-se realizar uma interpolação
dos dados quando necessário.
Em seguida os atrasos são calculados. Primeiro o atraso uniforme (𝑑1 ) com o auxílio
da Equação 5. Define-se então o valor do ajuste do atraso incremental (𝑘) e do ajuste
de filtragem (𝐼). Com esses dados, chega-se ao atraso incremental (𝑑2 ). O fator de
ajuste de progressão (PF) é definido conforme Quadro 23. Em seguida, é possível a
determinação do atraso de controle (𝑑).
4.1.1 Localização
4.1.2 O empreendimento
4.1.3 Zoneamento
Devido a sua localização, a loja está inserida tanto na macrozona MAC como na MAN.
Nas suas subdivisões, ela encontra-se na ZACC e na ZAN-I. Nas microzonas, ela se
enquadra na ZACC-II A, ZACC-II B e ZAN-I, conforme Figura 12 (BALNEÁRIO
CAMBORIÚ, 2008).
4.1.5 Impactos
Ao norte, o limite da AID se deu pela Rua Israel; ao leste pela Avenida do Estado e 3ª
Avenida, ao sudeste pela Rua 1500; ao sul pela Avenida Marginal Leste juntamente
com as duas passagens inferiores à BR-101, uma no início da Avenida do Estado e
outra no final da Avenida das Flores; a oeste o limite foi até a Alameda dos Estados
Policial Luiz Carlos Rosa; e a noroeste a área se limitou pela Rua Aqueduto e Avenida
Martin Luther.
900.000
800.000
700.000
600.000
500.000
400.000
300.000
200.000
100.000
Considerando que a continuação dos cálculos será feita na unidade “veic/h”, tabula-
se os volumes dos fluxos nessa unidade de cada movimento durante o período de
contagem veicular do cruzamento (Tabela 4).
93
6868
𝐹𝐻𝑃 = = 0,96
4 × 1789
De acordo com o DNIT (2006, p.68), “valores acima de 0,95 são indicativos de grandes
volumes de tráfego, algumas vezes com restrições de capacidade durante a hora de
pico”.
𝑉 = 4,71 × 𝑁𝐹 + 49,42
Assim, efetuando a soma das viagens de carros e motocicletas, 505 veículos deverão
ser alocados.
Mesmo havendo vias exclusivas de conversão à esquerda para os veículos que vem
da Avenida do Estado – sentido Sul e desejam utilizar o retorno, essas só passam a
95
existir perto do cruzamento. Portanto, as vias que começam na Avenida Martin Luther
e vão até a interseção em estudo devem ser capazes de suprir todo o fluxo de veículos
que seguem em frente e convertem à esquerda (movimentos 3 e 2, respectivamente),
visto as vias exclusivas de conversão não serem utilizadas para acomodar a demanda
do trecho anterior.
Realizando a projeção de tráfego dos fluxos atuais (ou seja, sem o empreendimento
e consequentemente sem o acréscimo de viagens) com uma taxa de crescimento
anual de 3%, na Tabela 6, constata-se a projeção do ano atual até o ano de 2028,
considerado o horizonte temporal de 10 anos.
Tabela 7: Projeção do tráfego sem e com o empreendimento na Avenida do Estado – sentido Sul.
AVENIDA DO ESTADO – SENTIDO SUL
Ano VHP (veíc) sem o empreendimento VHP (veíc) com o empreendimento
2018 3.940 4.445
2019 4.058 4.578
2020 4.180 4.716
2021 4.305 4.857
2022 4.435 5.003
2023 4.568 5.153
2024 4.705 5.308
2025 4.846 5.467
2026 4.991 5.631
2027 5.141 5.800
2028 5.295 5.974
Fonte: Autoria própria, 2018.
Tabela 8: Projeção do tráfego sem e com o empreendimento na Avenida do Estado – sentido Norte.
AVENIDA DO ESTADO – SENTIDO NORTE
Ano VHP (veíc) sem o empreendimento VHP (veíc) com o empreendimento
2018 2.928 3.433
2019 3.016 3.536
2020 3.106 3.642
2021 3.200 3.751
2022 3.295 3.864
2023 3.394 3.980
2024 3.496 4.099
2025 3.601 4.222
2026 3.709 4.349
2027 3.820 4.479
2028 3.935 4.614
Fonte: Autoria própria, 2018.
98
Para a taxa de fluxo de saturação base (𝑠𝑜 ), adotou-se um valor de 1.900 cp/h/p,
atendendo a recomendação do HCM (2000).
100 100
𝑓𝐻𝑉 = = = 0,9882
100 + %𝐻𝑉 × (𝐸𝑇 − 1) 100 + 1,193 × (2 − 1)
%𝐺 0
𝑓𝑔 = 1 − =1− =1
200 200
O movimento 3 é o qual permite a parada no ponto de ônibus; na hora pico das 17:30
às 18:30, vinte e dois (22) ônibus transitavam na via. Calculando o ajuste para
bloqueio de ônibus, tem-se:
14,4×𝑁𝑏 14,4×22
𝑁− 3−
3600 3600
𝑓𝑏𝑏 = = = 0,9707
𝑁 3
A Avenida do Estado não condiz com as características de uma via inserida no DCC,
visto a mesma ser uma via estrutural intermunicipal, além de não haver conflitos entre
veículos com pedestres e ciclistas, haver pouca manobra de estacionamento e os
raios de curvas não serem pequenos. Dessa forma, o ajuste para tipo de área foi igual
a 1,0.
𝑠 = 5.303,67 𝑣𝑒𝑖𝑐/ℎ
101
Vale ressaltar que se o a botoeira não for acionada, o semáforo para os veículos irá
se manter sempre em verde.
Supondo o pior caso, onde o semáforo sempre será acionado pela botoeira, o tempo
de verde para os veículos será de 60 segundos, em um ciclo de 82 segundos.
Utilizando a Equação 3 tem-se:
𝑔𝑖 60
𝑐𝑖 = 𝑠𝑖 × = 5.303,67 × = 3.880,73 𝑣𝑒𝑖𝑐/ℎ
𝐶 82
102
Salienta-se o uso de 4 casas decimais para os fatores de ajuste uma vez que os
mesmos se mostraram variáveis quando utilizado menos casas decimais. Já para a
taxa de fluxo de saturação e a capacidade da via, apenas duas casas foram
adequadas, visto as mesmas não apresentarem variações relevantes com mais casas
decimais.
Assim como no sentido Sul, utiliza-se um valor de 1.900 cp/h/p para taxa de fluxo de
saturação base.
100 100
𝑓𝐻𝑉 = = = 0,9889
100 + %𝐻𝑉 × (𝐸𝑇 − 1) 100 + 1,127 × (2 − 1)
%𝐺 0
𝑓𝑔 = 1 − =1− =1
200 200
14,4×𝑁𝑏 14,4×33
𝑁− 3−
3600 3600
𝑓𝑏𝑏 = = = 0,9560
𝑁 3
O ajuste para tipo de área foi igual a 1,0 visto se tratar da Avenida do Estado.
𝑠 = 5.280,94 𝑣𝑒𝑖𝑐/ℎ
O semáforo opera com 92 s de verde para os veículos que estão na Avenida do Estado
– sentido Norte e 35 s para os que estão no retorno da Avenida do Estado – sentido
Sul. Entre as fases de verde, há 4 s de amarelo para o movimento que estava em
verde e 5 s de vermelho geral. Os pedestres e bicicletas têm a possibilidade de realizar
o cruzamento da Avenida do Estado – sentido Norte enquanto está verde para o
retorno da Avenida do Estado – sentido Sul.
𝑔𝑖 92
𝑐𝑖 = 𝑠𝑖 × = 5.280,94 × = 3.350,67 𝑣𝑒𝑖𝑐/ℎ
𝐶 145
O primeiro deles consiste no binário norte da cidade com uma avenida panorâmica de
690,50 m de distância estimada. Essa Avenida fará a ligação da Avenida Martin Luther
com a Avenida das Flores.
Sabe-se que a Avenida do Estado – sentido Sul possui uma capacidade de 3.880,73
veic/h para acomodar os fluxos de demanda. Conforme Tabela 7, pode-se observar
que tanto os fluxos sem, como os fluxos com o empreendimento estão acima da
capacidade da via. Neste caso, não é necessário realizar a metodologia de análise do
desempenho da via, visto a via não estar suprindo a necessidade da demanda.
Considera-se Nível de Serviço F na Avenida do Estado – sentido Sul, no cenário sem
e com o empreendimento, para o ano atual e anos futuros.
Tendo em vista haver uma alta densidade de entrada de automóveis e acessos, ser
uma via de sentido único com mais de duas pistas, possuir alguns estacionamentos
no entorno, ter um limite de velocidade de 50 km/h, grande atividade de pedestres e
um denso desenvolvimento no entorno, considerou-se como uma via urbana em
função da categoria de design.
Assim, a Avenida do Estado se enquadra em uma rua urbana de Classe III. Para essa
classe, considera-se uma VFL de 55 km/h.
106
Após uma análise das filmagens, a proporção de veículos que chegam ao semáforo
quando esse está verde é, em média, de 70 %.
Para exemplo de cálculo, o valor de volume da hora pico foi o da situação sem
empreendimento no ano de 2018, sendo esse de 2.928 veic/h.
𝐶 = 145 𝑠;
𝑔 = 92 𝑠;
𝑃 = 70 %;
𝑣 = 2.928 𝑣𝑒𝑖𝑐/ℎ;
𝑐 = 3.350,67 𝑣𝑒𝑖𝑐/ℎ;
𝐿 = 325 𝑚;
𝑣 2.928
𝑋= = = 0,874
𝑐 3.350,67
𝐶 145
𝑅𝑝 = 𝑃 × ( ) = 0,7 × ( ) = 1,10
𝑔 92
Por meio do Quadro 21, observa-se uma qualidade de progressão com chegadas
aleatórias, sendo o Tipo de Chegada 3.
Interpolando os dados do Quadro 20, sendo a via de Classe III onde a VFL é de 55
km/h, obteve-se um tempo de percurso de 25,96 s para o segmento em análise.
O atraso uniforme para o ano de 2018 sem o empreendimento foi então calculado:
107
𝑔 2 92 2
0,5 × 𝐶 × (1 − 𝐶 ) 0,5 × 82 × (1 − 145)
𝑑1 = 𝑔
= 92
= 21,74 𝑠/𝑣𝑒𝑖𝑐
1 − [𝑚𝑖𝑛(1; 𝑋) × 𝐶 ] 1 − [𝑚𝑖𝑛(1; 0,874) × 145]
8×𝑘×𝐼×𝑋
𝑑2 = 900 × 𝑇 × [(𝑋 − 1) + √(𝑋 − 1)2 + ]
𝑐×𝑇
𝑑2 = 3,66 𝑠/𝑣𝑒𝑖𝑐
Por fim, calcula-se a velocidade média de viagem para o ano de 2018 sem o
empreendimento:
108
Segundo o Quadro 17, observa-se um NS D para Classe de rua urbana III e velocidade
média de viagem de 22,8 km/h.
Percebe-se que a partir do ano de 2023, o grau de saturação está acima de 1, ou seja,
a demanda é maior que a capacidade. Por esta razão, a partir de 2023, os valores de
atrasos são desconsiderados e o NS passa a ser F.
ainda dizer que o estudo de caso foi realizado em uma cidade com grande influência
sazonal nos meses de verão, e o modelo não aplica ajustes para tais casos.
Pela hierarquização viária, a Avenida do Estado não deveria estar com uma
capacidade tão reduzida em função da demanda – sendo ela considerada uma via
estrutural intermunicipal, e também ser uma das vias que conecta o município de
Balneário Camboriú à Camboriú. Além de uma baixa velocidade permitida para esse
tipo de via (50 km/h), observa-se grande densidade de semáforos causando grandes
congestionamentos, entrada e saída de veículos de empreendimentos e/ou
estacionamentos sem faixas de aceleração e desaceleração gerando filas na pista, e
a falta de segurança e comodidade para pedestres e ciclistas em vários pontos da via.
6.000
Fluxos (veic/h)
5.500
5.000
4.500
4.000
3.500
2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028
4.500
Fluxos (veic/h)
4.000
3.500
3.000
2.500
2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028
Sugere-se que além das medidas de adequação de transição entre os fluxos internos
e externos ao PGV, realocação da capacidade viária e quaisquer outras medidas
implantadas pela geração de impactos que o empreendimento irá causar, uma
intervenção para o aumento da capacidade viária é indispensável para solucionar o
problema atual, sem o empreendimento.
base de via de 3,6 m, a qual não se considera adequada para a situação brasileira 7.
Assim, como o fator da largura da pista, outros fatores utilizados na determinação da
capacidade e NS devem ser analisados com mais rigor, e podem ser adequados para
as situações no Brasil.
Sugere-se por fim, uma futura análise do sistema viário dessa região após as obras
de infraestrutura previstas no município, podendo realizar comparativos da situação
atual com a situação futura e mensurar as melhorias geradas.
7As larguras das pistas de rolamento em vias com velocidade diretriz de 50 a 60 km/h são de no mínimo
3,30 m, e com largura desejável de 3,50 m (DNIT, 2010).
116
REFERÊNCIAS
THE SKYSCRAPER CENTER. Online. The Global Tall Building Database of the
CTBUH. Disponível em: <https://www.skyscrapercenter.com/country/brazil>. Acesso
em: 13 nov. 2018.
6. APÊNDICES
VO
VO
VO
VO
VO
VO
LEGENDA
AID
ESTRUTURAL INTERMUNICIPAL
ESTRUTURAL SECUNDÁRIA
ESTRUTURAL MARGINAL
ARTERIAL PRIMÁRIA
ARTERIAL SECUNDÁRIA
LOCAL
HIERARQUIZAÇÃO VIÁRIA
Data: Escala: Nº:
16/11/2018 sem escala Apêndice A
4ª
AV
EN
I DA
AVENIDA DO ESTADO
DE ARG SIVO
C LU
EX
SC A
CA
RG
C
AR E
A
ED
GA
ES
CA
RG
A
SENTIDO SUL
PONTO DE
ÔNIBUS
E
TO D
BUS
PON
ÔNI
O
TIDO ESTAD
TE
NOR
DO
NIDA
SEN
TR LE 0 m
ES DA
SIA
5
AV VA
A
E
AVE
EXCLUSIVO
MOTOCICLETA
S
EXCLUSIVO
MOTOCICLETAS
2,7
3,4
3,2
8,6
4ª
AV
EN
3,8 I DA
AVENIDA DO ESTADO
3,5
1,8
2,8
CA
RG
A
ED
13
3,4
ES
CA
RG
2,5 3,4
A
,5
SENTIDO SUL 3,3
2,8
3,3
,0
13
PONTO DE
ÔNIBUS
3,4
3,4 ,9
3,2
2
10,8
1,6
12,
12
3,5
0,5
1,4
8,6
4
2,0
8,
6,48
3,2 3,1
3,2
3,3
E
TO D
BUS
3,6
PON
ÔNI
3,6 0,5
3,5
O
2,0
TIDO ESTAD
TE
3,5
NOR
5,7
3,0 3,2
DO
NIDA
6,
0
SEN
AVE
5,6 3,3
3,5
3,6
3,3
3,3
3,6
3,3
2,8
3,3
6,5
4,3
5
6,
3,7
5,3