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por
Marlon Moura
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Marlon Moura
AGRADECIMENTOS
E, por fim, agradeço aos meus amigos pelas conversas que tivemos e a todos que
direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.
5
Devemos respeitar e educar nossas crianças para que o futuro das nações e do
planeta seja digno.
Ayrton Senna
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RESUMO
ABSTRACT
The auto parts market is following the economy’s recovery, so the companies which act in this
line should search for alternatives to reduce the losses and step up the winnings, the Lean
Thinking come to meet these needs. In the last decades, it is being used by corporations in
different areas looking to minimize the waste, increase the results and better enjoy the human
potential. The goals of this research are present the involved Lean theory, identify and map
the sypply chain of ground engaging tools (GET) in a tractors auto parts company looking to
recognize losses and point out better possibilities to supply the goods. Thus, is expected
through theoretical basis plus the data gathering in the company, develop the actual and
future value stream mapping turning as clear as possible the losses in order to eliminate them
looking for a better operation.
Keywords: Lean. Supply Chain. Value Stream Mapping. Tractors auto parts.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 13
1.1 Problematização................................................................................................................. 15
1.1.1 Delimitação do Problema ................................................................................................ 15
1.1.2 Solução Proposta............................................................................................................. 16
1.2 Objetivos ............................................................................................................................. 16
1.2.1 Objeto Geral .................................................................................................................... 16
1.2.2 Objetivos Específicos....................................................................................................... 16
1.3 Justificativa ........................................................................................................................ 16
1.4 Estrutura do Trabalho ....................................................................................................... 18
3 METODOLOGIA ................................................................................................................. 54
6 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 70
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 71
13
1 INTRODUÇÃO
Conforme Chopra e Meindl (2011) uma cadeia de suprimentos envolve todas as partes
relacionadas direta ou indiretamente a partir da solicitação do cliente. Tipicamente os estágios
de uma cadeia de suprimentos relacionam clientes, varejistas, distribuidores, fabricantes e
fornecedores de matéria prima. Além do envolvimento das organizações, essa cadeia move
intensamente um fluxo de produtos, informações e valores entre os diferentes estágios.
De acordo com Novaes (2007) a logística é o ponto mais delicado da cadeia produtiva
integrada, sendo importante sua atuação em consenso com o conceito do gerenciamento da
cadeia de suprimentos. Seu conceito envolve o planejamento, controle e implantação bem
sucedidos do fluxo e armazenamento de produtos, bem como das informações e serviços
relacionados, atuando do ponto de origem ao de consumo com o intuito de atender os
requisitos do consumidor.
[...] a Logística Empresarial evoluiu muito desde seus primórdios. Agrega valor de
lugar, de tempo, de qualidade e de informação à cadeia produtiva. Além de agregar
os quatro tipos de valores positivos para o consumidor final, a Logística moderna
procura também eliminar do processo tudo que não tenha valor para o cliente [...].
(NOVAES, 2007, p. 35).
A filosofia Lean possui cinco princípios que dão sustentabilidade e ideia de agregação
de valor e redução do desperdício, são eles: valor (classificar o que é valor no ponto de vista
do cliente), fluxo de valor (apontar todas as etapas do processo produtivo que gerem valor ao
cliente), fluxo contínuo (desenvolver ações que evitem paradas, criando desta forma um fluxo
15
contínuo de produção), produção puxada (fabricar apenas o solicitado pelo cliente) e perfeição
(manter o pensamento de melhoria contínua, sempre evitando desperdícios). (TURATI,
2007).
Rother e Shook (2012) mencionam que “um fluxo de valor é toda ação (agregando
valor ou não) necessária para trazer um produto por todos os fluxos essenciais”.
1.1 PROBLEMATIZAÇÃO
O tipo de produto mencionado neste estudo, ferramentas de penetração de solo, é
obtido no mercado externo, fazendo com que o caminho percorrido até as unidades de venda
seja mais longo se comparado aos produtos adquiridos nacionalmente. A empresa considera
que o tempo desde a colocação do pedido até a chegada no CD (Centro de Distribuição) gira
em torno de seis meses, atravessando diversas etapas como definição da compra, produção no
exterior, transporte internacional, liberação aduaneira e transporte interno (nacional). Existem
ainda as atividades de armazenagem, movimentação/separação, expedição e distribuição que
tornam o tempo para a disponibilidade dos produtos nos pontos de venda ainda maior. Esse
longo tempo entre o ponto de pedido e o ponto de venda tem sido um problema, uma vez que
dificulta a leitura do mercado considerando a necessidade de prever o consumo cerca de meio
ano à frente, outro problema são os atrasos e falta de estabilidade recorrente nas etapas da
cadeia.
1.2 OBJETIVOS
Para o desenvolvimento deste trabalho foi determinado um objetivo geral a ser
alcançado, bem como suas frações mais detalhadas apontadas como objetivos específicos para
auxiliar no desfecho deste projeto visando à solução para a questão sugerida.
1.3 JUSTITICATIVA
Sendo uma filosofia visando diminuir perdas, a abordagem Lean, por meio de suas
ferramentas, possibilita a redução de tempo sem que as empresas percam qualidade em seus
produtos, isso proporciona valores mais competitivos ao mercado. O fluxo de valor é um dos
cinco princípios que sustentam o conceito Lean, visando à eliminação de desperdícios sem
abandonar as expectativas dos clientes. (LAGO; CARVALHO e RIBEIRO, 2008).
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.2 LOGÍSTICA
No século XVII a palavra logistique, proveniente de uma patente do exército francês,
tinha como significado “a prática de movimentar exércitos”, pois era designada para a
realização de ações para movimentação, acampamento e alojamento das tropas em operação.
A propagação da logística aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial quando a atividade
militar necessitava de uma melhor administração dos suprimentos, dos recursos pessoais e
bélicos e dos estabelecimentos temporários para que o serviço de apoio funcionasse. Com isso
os exércitos que administravam com mais eficiência essas ações obtiveram vantagens frentes
aos seus oponentes na busca por novos territórios. (REIS, 2004).
22
Trazendo esta situação para o mundo empresarial, a competição acontece por meio das
vantagens que o produto ou serviço de determinada empresa possui em relação a seus
concorrentes, da competitividade nos preços, de alianças firmadas com o intuito de fortificar a
marca e aumentar a participação no mercado consumidor. (LEITE et al., 2015).
distribuição e transporte
de todos os
componentes e produtos
finais.
O transporte realizado pela empresa para obtenção dos produtos é feito a nível
internacional um vez que o fornecedor é localizado no mercado asiático. Diante disso
podemos considerar o menções feitas por Bowersox et al. (2014) quanto as operações no
cenário global, elas possuem maior complexidade logística o que resulta em custos mais
elevados. Em 2008 números indicavam que os custos logísticos de nações industrializadas
passavam de $ 9,4 trilhões, isso corresponde a 13,8% do PIB (Produto Interno Bruto) global
estimado daquele momento.
Nos anos de 1988 e 1989 foram tomadas as primeiras medidas visando um regime
comercial mais neutro e liberal, as principais ações foram à redução de alíquotas de
importação e a limitação de barreiras não tarifárias. Embora tenham sido atuações tímidas,
elas podem ser consideradas marcantes na histórica visto ter sido a primeira vez que medidas
no sentido liberalizante foram tomadas. (AZEVEDO; PORTUGAL, 1998).
positiva. O Governo do ano seguinte (Collor) optou pela aceleração do processo de abertura
mantendo a diminuição tarifária, porém através de uma programação gradual, eliminando as
restrições não tarifárias e promovendo uma grande alteração nos órgãos vigentes.
Mesmo após a introdução do Plano Real em 1994 a abertura comercial foi mantida de
forma intensa com o intuito de assegurar o sucesso do plano de estabilização e disciplinar os
preços domésticos dos produtos importáveis. Algumas reduções de alíquotas do Imposto de
Importação (II) foram antecipadas devido a implantação da Tarifa Externa Comum (TEC)
aplicada ao Mercosul (Mercado Comum do Sul). (IPEA, 2003).
De acordo com Keedi (2010) a importação detém um papel significativo para o país e
para as empresas, pois proporciona a diversificação de mercados aumentando a gama de
fornecedores, evitando o vínculo singular com o mercado interno e, desta forma, minguando
riscos de mercado. Essa possibilidade de variação de mercado motiva o aumento na
quantidade de itens oferecidos, viabiliza redução de custos ou controle dos preços em função
da concorrência e oportuniza um incremento da qualidade dos produtos.
Keedi (2010) indica que zona primária são extensões terrestres e aquáticas onde se
localizam portos alfandegados; áreas terrestres no lugar em que se encontram aeroportos
alfandegados; áreas térreas de fronteiras alfandegas.
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• Emissão de notas fiscais: uma vez que os pedidos forem liberados e faturados;
Moura (2006) apresenta algumas vantagens, sendo: melhoria nos níveis de serviço e
no desempenho das entregas aos clientes em função da redução de tempo, diminuição dos
custos de transporte para distribuição, maior domínio na gestão dos materiais, diminui danos,
não conformidades e avarias na seleção de pedidos por completo, redução de burocracia,
baixa nos custos de armazenagem e controle e aumento da produtividade. O mesmo autor
pontua também algumas desvantagens: custo de manutenção de estoque elevado, incremento
do estoque de segurança para proteger variação da demanda, menor segurança física dos
produtos, menor flexibilidade de rotas e aumenta a distância do cliente.
acontecessem conforme planejado. Quando algum equívoco acontecia, e isso ocorria com
certa frequência (furo de estoque, ordem de serviço errada ou perdida, entrega em destinos
trocados), a espera do cliente aumentava. Com o intuito de driblar os equívocos e na tentativa
de minimizar o tempo de espera do cliente as empresas usualmente trabalhavam com níveis
altos de estoque, além disso, várias empresas da cadeia (fabricantes, varejistas e atacadistas)
mantinham estoque dos mesmos produtos. Mesmo assim a falta de produtos e atrasos na
entrega ainda era comum. (BOWERSOX et al., 2014).
Conforme Scavarda e Hamacher (2001) uma extensa reflexão nos padrões referentes
ao desenvolvimento dos sistemas produtivos foi provocada na década de 90. O
relacionamento, a comercialização e a produção industrial entre organizações e pessoas foram
revistas gerando alterações substanciais na cadeia de abastecimento das empresas, juntamente
a este cenário a globalização da cadeira trouxe novas oportunidades, ameaças e desafios,
despertando uma nova visão nas organizações que deixaram de atuar de forma doméstica e
passaram a agir de modo integrado em todo o globo.
Ainda nos anos 90, após um amplo desenvolvimento do setor logístico, as áreas de
Engenharia de Produção e Administração do ocidente começam a tratar da temática cadeia de
suprimentos em seus artigos científicos. (CERRA; MAIA, 2008)
Em tempo de acordo com Miguel (2017) à frente deste novo cenário, as empresas
devem ter suas estratégias muito bem alinhadas a fim de estarem preparadas em atender as
demandas dos consumidores, aptas a se adaptarem com rapidez aos ambientes interno e
externo, e prudente em termos de desenvolvimento socioambiental.
30
Ainda segundo Bertaglia (2010) as organizações devem estar cada vez mais
direcionadas aos clientes, sustentando suas soluções em informações e conhecimento,
empregando vigorosamente recursos em processos colaborativos, gerando resultados próprios
ou associados a outras companhias.
Conforme mencionado por Neves (2012), é indicado pelo CSCMP (Council of Supply
Chain Management Professionals – Conselho de Profissionais de Gestão da Cadeia de
Suprimentos) que o SCM contempla a gestão e o planejamento de todas as ações envolvidas
na compra e terceirização, transformação e coordenação das atividades logísticas, incluindo
também a colaboração e cooperação entre prestadores de serviço, intermediários,
fornecedores e clientes.
Trazendo esse conceito para a realidade da empresa a rede interna poderia ser
caracterizada pelos departamentos de compras, importação, logística, fiscal e financeira.
Estendendo a analogia, a rede imediata seria referente aos fornecedores diretos. Os produtos
vendidos pela empresa, uma vez que não existem beneficiamento, e prestadores de serviços.
Já a rede total abordaria os provedores de matéria prima aos fornecedores como, por exemplo,
usinas de aço.
• Dificuldades na área de vendas que não possuem valor no processo devem ser
minimizadas com o intuito de aumentar a assertividades nas previsões e
estimativas;
um sistema de gestão visando maior controle das operações e mais qualidade de informação
para as tomadas de decisão.
estoques, ou seja, o ideal seria que os produtos chegassem just in time (bem na
hora) de serem utilizados.
melhores condições de pagamento. Para que tal rearranjo fosse possível, investimentos em
capacitação dos colaboradores foram realizados.
Este elemento (produção) foi mencionado por ser uma atividade importante em um
número substancial de modelos de cadeia de abastecimento, entretanto a produção não faz
parte da cadeia de suprimentos da pesquisa em questão uma vez que o foco é a compra, o
armazenamento, a distribuição e a venda das ferramentas de penetração de solo.
39
Embora esse elemento possa ser visto de maneira diferente por diferentes
departamentos dentro da mesma empresa, a distribuição está ligada diretamente a
transferência física de produtos passando por processos operacionais e de controle com o
intuito de que a mercadoria seja movimentada do fornecedor (origem) até o ponto de entrega
ao consumidor (destino). (NOVAES, 2004).
De acordo com Novaes (2007), no ponto de vista da SCM, a distribuição exerce quatro
funções básicas, primeiramente a indução da demanda para seus produtos ou serviços, em
seguida a satisfação da demanda ocorrendo com a comercialização dos produtos ou serviços,
em um terceiro momento o pós venda e por final a troca de informações ao longo da cadeia,
trazendo um feedback importante do cliente final ao varejista e fabricante.
40
Figurando que a corporação possui onze unidades de venda em diferentes regiões (sul,
centro oeste, norte e nordeste) as solicitações de transferência acontecem a todo instante. Tais
demandas são recebidas pelo CD digitalmente e processadas até uma data limite estabelecida
de acordo com a data de expedição e carregamento de cada unidade de venda.
Bowersox et al. (2007) mencionam seis áreas críticas de competência que empresas
bem sucedidas desenvolvem para alcançar a integração da rede de suprimentos, são elas:
integração com o consumidor (relação profunda com o cliente), integração interna (atividade
interna ligada a requisitos do cliente), integração com o fornecedor de serviço/material
41
Segundo Goldberg (2009) valor não é definido pela empresa/indústria ou pelo que ela
acredita que seja importante, o valor é conceituado por quem obtém o produto, a concepção
do cliente é que dirá se o produto tem valor ou não. É comum avaliações de consumidores
quanto à utilidade do material, benefícios, qualidade, disponibilidade e marca serem
mensurados na definição do que é valor. Em referência, de acordo com Warren Buffet (2008
apud GOLDBERG, 2009) “[...] preço é o que você paga [...] valor é o que você leva”.
Em concordância com Hill e Jones (1998) existem alguns fatores que viabilizam a
criação de valor, são eles: qualidade (que possibilita o aumento de valor pelo cliente);
eficiência (permite a redução de custos); inovação (possibilita custos mais baixos e o aumento
de valor pelo cliente) e resposta ao cliente (que permite o aumento de valor percebido).
• Proporcionar exatamente aquilo que o cliente quer, onde e quanto ele desejar;
A cadeia de valor trata-se de todas as ações, agregando valor ou não, necessárias para
mover um produto através das suas principais etapas da sua origem até a entrega ao cliente. O
mapeamento do valor no sistema deve proporcionar a redução de desperdícios e paradas
durante o fluxo dos materiais, deve também evitar o comportamento irregular da cadeia
inibindo perdas de formas variadas. A filosofia enxuta se mostra como uma possível solução
atacando funções que não geram valor e desta forma ampliando a participação das etapas que
agregam valor. (CAMELO et al., 2010).
45
2.4 LEAN
Para melhor compreensão do pensamento Lean é necessário trazer um pouco da
história a respeito de produção artesanal e em massa.
Embora o modelo artesanal tenha se mantido até o final da Primeira Guerra Mundial
este sistema apresentava pontos problemáticos como a falta de padrão uma vez que cada
produto era basicamente um protótipo, não era possível prever a qualidade, as possibilidades
de melhorias eram vistas com desconfiança, existia enorme dificuldade em baixar custos de
produção, e desta forma, apenas os mais abonados tinham condições de adquiri-los. Mesmo
diante das desvantagens, há pessoas que conceituam a época da manufatura artesanal como
sendo um momento extraordinário quando as habilidades dos artesãos eram valorizadas,
respeitadas e o foco se destinava inteiramente ao cliente. (CARDOSO, 2013 e WOMACK;
JONES; ROOS, 1992).
Segundo Dennis (2008) e Womack, Jones, Roos (1992) uma nova forma de produção
foi desenvolvida por Henry Ford e Winslow Taylor, a produção em massa. A base deste novo
modelo se deu em função dos princípios científicos aplicados por Taylor com foco em
movimentação e tempo, buscando criar um circuito ágil para realização das atividades.
Ford permaneceu avançando, primeiro com a ideia de trazer as peças para perto das
estações de trabalho dos trabalhadores, isso fez com que eles se mantivessem mais tempo nas
estações aumentado a eficiência, e posteriormente indicando que cada colaborador faria
apenas uma única atividade movimentando-se de veículo para veículo, essa alteração trouxe
novamente um aumento de produtividade, entretanto houve também alguns
congestionamentos diante das velocidades dos operários serem distintas. Mais adiante, na
nova fábrica em Detroit Ford fez com que os veículos se movimentassem e desta forma os
operários deveriam permanecer em suas estações, essa mudança diminuiu o Tempo de Ciclo
(TC) - tempo trabalhado antes que as mesmas atividades se repitam. (DENNIS, 2008 e
WOMACK; JONES; ROOS, 1992).
Ohno (1997) pontua desperdícios comuns nos sistemas produtivos das organizações,
são sete relacionados:
Turati (2007) comenta o sistema enxuto detem um foco bastente intenso na eliminação
de desperdícios, prevenindo as perdas internas e com isso, diminuindo os custos criando a
possibilidade de entregar produtos mais competitivos ao mercado. Essas ações são realizadas
mantendo as expectativas dos clientes, a qualidade dos produtos e baseadas em cinco
princípios:
• Fluxo contínuo – agir de form a evitar esperas e paradas fazendo com que
existe um fluxo contínuo de operações.
Rother e Shook (2012) comentam que “um fluxo de valor é toda ação (agregando
valor ou não) necessária para trazer um produto por todos os fluxos essenciais [...] desde a
matéria prima até os braços do consumidor [...]”. Mencionam também que tal instrumento tem
tido grande relevância para as organizações uma vez que mostra a relação entre o fluxo de
informações e materiais, coíbe a implantação de técnicas isoladas, contribui na identificação
de fontes de desperdícios, cria uma base para o desenvolvimento de melhorias possibilitando
o entendimento do processo por completo e não apenas das etapas separadamente.
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Segundo Womack e Jones (2004) o mapeamento do fluxo de valor é uma das ações
mais importantes pois utiliza as técnicas da filosofia Lean para atendimento da demanda e
incremento da capatacidade produtiva. Ainda conforme os mesmos autores a interpretação
correta de “valor” é fundamental para atuar no cenário do pensamento enxuto, entretanto o
conceito do termo “valor” é complexo levando em consideração as pretenções das pessoas
envolvidas nos processo, desta forma é essencial ponderar outros aspectos como ideologicos,
físicos e culturais.
Em conformidade com Dennis (2008) a técnica MFV dispõe da linguagem com ícones
e símbolos que proporcionam a compreensão do fluxo de materiais e informações da família
de produto escolhida, acarretando na identificação de desperdícios e melhorias.
50
• Lead Time: “O tempo que uma peça leva para se mover ao longo de todo um
processo ou um fluxo de valor, do início ao fim.”. (ROTHER; SHOOK, 2012).
Para Camelo et al. (2010) o emprego dos conceitos do Sistema Toyota de Produção
no desenvolvimento e aperfeiçoamento das atividades de uma cadeia de suprimentos
determina-se Logística Lean. Trata-se da aplicabilidade da filosofia enxuta em operações de
compras e suprimentos, transporte, embalagem, armazenagem e centros de distribuição.
Desta forma, é necessário ter o entendimento claro do que é valor para o cliente. Esse
“valor” não significa o custo ou o preço propriamente dito, mas sim a importância, a
52
relevância, o interesse que o produto ou serviço gera ao freguês, é baseado nesse valor
compreendido que o cliente decidirá se pagará ou não o preço pelo produto ou serviço. Em
um ambiente de manufatura de bens, o valor é criado sempre que as matérias primas são
convertidas em produtos, por outro lado as movimentações de materiais bem como quaisquer
outros serviços que não colaborem para a transformação do bem são normalmente
consideradas como não geradores de valor. No enfoque logístico o valor é formado pela
disponibilidade do produto no momento certo (criando uma importância de tempo e lugar).
(BAÑOLAS, 2007).
A compreensão dos conceitos Lean deve ser levada para todos na organização, é muito
importante que o ambiente inteiro tenha ciência do porque possíveis alterações serão
realizadas. Em pouco tempo, executando apenas o que é necessário, fica evidente que o
sistema produtivo tem mais capacidade do que se imaginava, entretanto é primordial que não
ocorra desligamentos, a alta gerência deve utilizar a mão de obra disponível de outras formas.
Tal situação pode criar um ambiente totalmente prejudicial comprometendo futuros os
avanços. De forma geral a transformação de uma logística tradicional em Lean não é fácil,
uma vez que requer um modo de ver, pensar e agir diferentes, entretanto possibilita à
organização a diminuição de perdas e lead times, o aumento de flexibilidade e agregação de
valor, atendendo melhor o cliente. (BAÑOLAS, 2007).
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3 METODOLOGIA
O processo de estudo ocorreu de forma descritiva, uma vez que as fases da cadeia de
abastecimento do ponto de pedido ao ponto de venda serão identificadas, mapeadas e relatas
no trabalho. Destarte, alinhados com Cervo e Bervian (1996) ainda descrevem que o processo
descritivo relaciona e confrontam os atos, acontecimentos e eventos sem manipulá-los.
De acordo com Roesch (2012 p.130), a metodologia quantitativa tem o intuito de “[...]
medir relação entre variáveis (associação ou causa efeito), ou avaliar o resultado de algum
sistema ou projeto [...]”. Haverá também uma abordagem qualitativa, uma vez que será
projetado um cenário futuro para as operações da cadeia de suprimento do produto, conforme
Roesch (2012 p.154) “[...] se trata de melhorar a efetividade de um programa, ou plano, ou
mesmo quando é o caso da proposição de planos, ou seja, quando se trata de selecionar as
metas de um programa e construir uma intervenção [...]”.
Uma vez que a cadeia de abastecimento nesta pesquisa é mapeada de uma forma
macro e extensa, envolvendo fornecedor estrangeiro e aduanas (no exterior e nacional); a
aferição dos dados não pode ocorrer exatamente in loco, entretanto todas as informações
foram coletadas na empresa objeto deste estudo, provenientes dos bancos e controles de dados
utilizados diariamente em tomadas de decisão.
Centro de Centro de
Etapas → Produção no Aduana de Aduana de
distribuição - distribuição –
Itens ↓ fornecedor origem destino
recebimento expedição
1 X X X X X
2 X X X X X
... X X X X X
74 X X X X X
75 X X X X X
Com os dados observados foi possível desenvolver o mapa do fluxo de valor do estado
atual da cadeia de suprimentos de ferramentas de penetração de solo conforme apresentado na
Figura 13. Os símbolos utilizados podem ter seus significados encontrados na Figura 11.
60
á que o Compras tenha contato direto com o fornecedor para confirmações dos
pedidos, eliminando a passagem pela Importação.
Da mesma forma que ocorreu no MFV do estado atual, os produtos foram seguidos
fisicamente desde o ponto de colocação de pedido até a entrega nas unidades de venda, porém
neste momento considerando as possibilidades de melhorias apresentadas.
• Aduana de origem: preservou-se o mesmo tempo nesta etapa, sendo de 2,5 dias
(considerado tempo de ciclo). Manteve-se também o estoque de 14347 peças e
o tempo de transito marítimo internacional de 45 dias.
Frente ao exposto foi possível desenvolver o mapa do fluxo de valor no estado futuro
conforme apresentado na Figura 14.
65
5 MODELO IDEAL
Conforme proposto nesta pesquisa, neste capítulo será apresentado um modelo ideal
para a cadeia de suprimentos de ferramentas de penetração de solo, para tal foram elencadas
algumas novas adaptações consideradas mais complexas, entretanto que proporcionariam o
cenário ideal do ponto de vista da empresa compradora.
6 CONCLUSÃO
Como sugestões de trabalhos futuros, sugere-se a aplicação da logística Lean por meio
de análise do fluxo de valor em outros processos de autopeças. Outrossim, a grande
contribuição científica deste estudo é aplicação desta pesquisa em outras empresas similares
do ramo, pois apresentou-se um modelo ideal para o setor.
71
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