Você está na página 1de 43

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

CENTRO DE ENGENHARIAS
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

ANDRÉ CEFAS DE SOUZA FERNANDES

PROJETO PRELIMINAR DE EQUIPAMENTO PARA


ELEVAÇÃO DE AUTOMOVEIS

MOSSORÓ
2019
ANDRÉ CEFAS DE SOUZA FERNANDES

PROJETO PRELIMINAR DE EQUIPAMENTO PARA


ELEVAÇÃO DE AUTOMOVEIS

Monografia apresentada a Universidade


Federal Rural do Semi-Árido, campus
Mossoró como requisito para obtenção do
título de Engenheiro Mecânico.

Orientador (a): Prof. Zoroastro Torres


Villar.

MOSSORÓ
2019
©Todos os direitos estão reservados à Universidade Federal Rural do Semi-Árido.O
conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade do (a) autor (a), sendo o mesmo,
passível de sanções administrativas ou penais, caso sejam infringidas as leis que
regulamentam a Propriedade Intelectual, respectivamente, Patentes: Lei nº 9.279/1996, e
Direitos Autorais: Lei nº 9.610/1998. O conteúdo desta obra tornar-se-á de domínio
público após a data de defesa e homologação da sua respectiva ata, exceto as pesquisas
que estejam vinculas ao processo de patenteamento. Esta investigação será base literária
para novas pesquisas, desde que a obra e seu (a) respectivo (a) autor (a) seja devidamente
citado e mencionado os seus créditos bibliográficos.

F363 Ferna ndp


Fernandes, André Cefas de Souza Fernandes. PROJETO
PRELIMINAR DE EQUIPAMENTO PARA ELEVAÇÃO DE
AUTOMOVEIS / André Cefas de Souza Fernandes Fernandes. -
2019. 43 f. : il.
Orientador: Zoroastro Torres Vilar Vilar. Monografia
(graduação) - Universidade Federal Rural do Semi-árido, Curso
de Engenharia Mecânica, 2019.
1. Automação.. 2. Macaco mecânico.. 3. Metodologias de
projeto.. 4. Simulações. . 5. . Dimensionamento.. I. Vilar, Zoroastro
Torres Vilar, orient. II. Título.
ANDRÉ CEFAS DE SOUZA FERNANDES

PROJETO PRELIMINAR DE EQUIPAMENTO PARA


ELEVAÇÃO DE AUTOMOVEIS

Monografia apresentada a Universidade


Federal Rural do Semi-Árido, campus
Mossoró como requisito para obtenção do
título de Engenheiro Mecânico.

APROVADO EM: ___/___/____

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Prof. Dr. Zoroastro Torres Vilar – UFERSA

Presidente

______________________________________________

Prof. MCs. Ramon Rudá Brito Medeiros - UFC

Primeiro Membro

_______________________________________________

Eng. Dácio Germano Xavier Rebouças Júnior - UFERSA

Segundo Membro
DEDICATÓRIA

Aos meus pais como forma mínima de


retribuição pelas diversas expressões de
cuidado, por me instruírem nos
momentos difíceis e por todo o esforço
que sempre fizeram que eu me
mantivesse no melhor caminho possível.
Aos meus amigos que sempre estiveram
me apoiando na carreira estudantil. Ao
meu irmão que me motivou e acreditou
em mim, até quando eu mesmo não
acreditava mais.
AGRADECIMENTOS
Na carreira estudantil somos guiados pela mão até certo ponto, chegando neste
ponto nos deparamos com uma escada que evidentemente leva a um topo, meus pais me
mostraram de maneira geral como subir a escada, e cada professor que tive me falou as
especificações de cada degrau e como eu poderia subir, estou agora em algum ponto da
escada e pretendo chegar ao último possível, certamente muito esforço será exigido, mas
com ajuda dos meus pais, colegas e professores terei condições de chegar até lá. Não me
frustrarei caso a visão do topo seja ruim, terei a certeza que poderei voltar a qualquer
degrau que já passei, pois já terei conhecido a escada, caso eu interrompa meu objetivo e
pare em algum degrau jamais poderei ver como é chegar ao topo ou próximo a ele, sendo
assim continuarei com o objetivo. Professores, familiares e amigos agradeço
humildemente por me ajudarem a chegar cada vez mais próximo ao meu objetivo.
Agradeço de maneira especial ao orientador Prof. Zoroastro Torres Villar por
tamanho comprometimento e ajuda fornecida durante todas as etapas deste trabalho.
Agradeço de maneira geral a UFERSA por inúmeras oportunidades que me
concedeu.
Resumo
Os grandes centros urbanos sofrem constantemente com o problema do crescente aumento do
número de veículos transitando nas vias. Isso torna necessário pensar novas formas para
organizar os mesmos. O presente trabalho lança uma proposta de projeto de dispositivo que
venha a facilitar a organização de veículos em espaços de estacionamentos, capaz de erguer
os carros para que estes possam ser guardados de forma mais eficiente. Seguindo
metodologias de projeto para validar o dimensionamento dos componentes por meio do
memorial de cálculos em planilhas eletrônicas juntamente com desenhos e simulações em
software de computador. Com isso foi possível realizar o dimensionamento dos principais
componentes e estudar a integridade dos mesmos via simulações, onde constatou-se que certos
componentes precisam ser reprojetados.
Palavras-chave: Automação. Macaco mecânico. Metodologias de projeto. Simulações.
Comportamentos. Dimensionamento.
ABSTRACT
Large urban centers are constantly suffering from the problem of the growing number of
vehicles on the road. This makes it necessary to think of new ways to organize them. The
present work launches a proposal of a device design that will facilitate the organization of
vehicles in parking spaces, capable of lifting the cars so that these can be stored more
efficiently. Following design methodologies to validate the sizing of the components through
the calculation memorial in spreadsheets along with drawings and simulations in computer
software. With this, it was possible to carry out the sizing of the main components and to study
their integrity through simulations, where it was verified that certain components need to be
redesigned.

KEY-WORDS: Automation. Mechanical monkey. Project methodologies. Simulations.


Behaviors. Sizing.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1:Ciclo de vida de um produto ................................................................... 19
Figura 2:Projeto informacional de um produto ....................................................... 20
Figura 3:Tipos de roscas e suas geometrias ............................................................ 25
Figura 4:Forças agindo sobre o parafuso em situação de carga e descarga ................. 26
Figura 5: Esquema de arranjo de forças sobre o equipamento .................................. 33
Figura 6: Vista superior do parafuso...................................................................... 34
Figura 7: Vista Frontal do parafuso ....................................................................... 35
Figura 8: Desenho de representação do pino .......................................................... 36
Figura 9: Vista superior da haste ........................................................................... 37
Figura 10: Vista frontal da haste ........................................................................... 37
Figura 11:Montagem do equipamento ................................................................... 38
Figura 12:Simulação dos esforços e tensões sobre a haste ....................................... 39
Figura 13: Simulação das deformações sobre a haste .............................................. 39
Figura 14: Simulação de esforços sobre o pino de ligação das hastes ........................ 40
Figura 15: Simulação de esforços sobre o parafuso de potência ................................ 41
Figura 16: Simulação de deformações sobre o parafuso de potência ......................... 41
LISTA DE TABELAS
Tabela 1:Definições formais para projeto informacional.......................................... 21
Tabela 2: Definições formais de análise funcional. ................................................. 22
Tabela 3:Classificação de métodos de pesquisa por soluções. .................................. 23
Tabela 4: Estimativa da carga total à medida que a carga é erguida .......................... 32
Tabela 5:Propriedades mecânicas aço 1040 trefilado............................................... 33
Tabela 6: Dados do dimensionamento dos parafusos ............................................... 34
Tabela 7: Dados do dimensionamento do pino ....................................................... 35
Tabela 8: Dados relativos ao dimensionamento das hastes ....................................... 36
LISTA DE EQUAÇÕES
Equação 1: Ângulo de avanço.......................................................................... 26
Equação 2: Forças na direção x ....................................................................... 26
Equação 3:Expressão para a força de acionamento ........................................ 26
Equação 4:Forças na direção y ........................................................................ 26
Equação 5: Expressão para a força normal ..................................................... 26
Equação 6: Expressão para a força de acionamento conforme a carga .......... 27
Equação 7: Torque de acionamento do parafuso............................................. 27
Equação 8: Torque de acionamento conforme o avanço ................................. 27
Equação 9:Torque para o retorno da carga ..................................................... 27
Equação 10: Tensão cisalhante ....................................................................... 27
Equação 11: Diâmetro do pino ......................................................................... 28
Equação 12:Dimensionamento das hastes ...................................................... 28
Equação 13: Diâmetro mínimo para resistir a compressão .............................. 28
Equação 14:Diâmetro mínimo para resistir a torção ........................................ 28
Equação 15: Diâmetro médio do parafuso ....................................................... 29
Equação 16: Passo do parafuso ...................................................................... 29
Equação 17: Relação entre avanço e passo .................................................... 29
Equação 18: Ângulo de avanço........................................................................ 29
Equação 19: Tensão equivalente de Von Mises .............................................. 30
Equação 20: Tensão de Von Mises em termos das tensões aplicadas ........... 30
LISTA DE SIMBOLOS

λ: Ângulo de avanço do parafuso de potência.


𝐿: Medida linear de avanço do parafuso de potência.
𝑑𝑝 :Diâmetro primitivo do parafuso de potência.

∑ 𝐹𝑥: Somatório das na direção x.

𝐹: Força de acionamento do parafuso.

𝑓: Força de atrito.

μ: Fator de atrito.

N: Força normal.

∑ 𝐹𝑦 : Somatório das na direção y.

P: Força peso da carga.

𝑇𝑠𝑢: Torque para acionar o parafuso.

𝜏 :Tensão de cisalhamento.

𝐴: área de seção transversal.

𝑑𝑝𝑖𝑛𝑜: Diâmetro do pino.

𝑝𝑐𝑟𝑖𝑡𝑖𝑐𝑜 : Força crítica.

𝐸: Módulo de Young.

𝐼𝑥: Momento de inercia em torno de x.

𝐿𝑐𝑟𝑖𝑡𝑖𝑐𝑜 : Comprimento crítico.

𝑑𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 : Diâmetro mínimo para compressão.

𝐹𝑝: Força de compressão.

𝑓𝑠: Fator de segurança.

𝑓𝑝: fator de projeto.

𝜎𝑐: Tensão máxima de compressão.


𝑑𝑡𝑜𝑟çã𝑜 : Diâmetro mínimo para torção.

𝑥: Fator de bloqueio do parafuso.

𝜏𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜 : Tensão de cisalhamento máxima.

𝑑𝑚: Diâmetro médio do parafuso.

𝑝: Passo do parafuso.

𝜎 ′ : Tensão de Von Mises.

𝜎1 : Tensão na direção 1.

𝜎2 : Tensão na direção 2.

𝜎3 : Tensão na direção 3.

𝜎𝑥 : Tração na direção x.

𝜎𝑦 : Tração na direção y.

𝜎𝑥 : Tração na direção z.

𝜏𝑥𝑦 : Cisalhamento em xy.

𝜏𝑧𝑥 : Cisalhamento em yz.

𝜏𝑧𝑥 : Cisalhamento em zx.


SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 15
1.1 Objetivos .............................................................................................. 15
2. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................ 17
2.1 Projeto .................................................................................................. 17
2.2 Projeto de máquinas ............................................................................... 17
2.3 Produto ................................................................................................. 17
2.4 Processo de projeto de um produto .......................................................... 19
2.4.2.1 Verificação do problema ............................................................... 21
2.4.2.2 Análise funcional ......................................................................... 22
2.4.2.3 Pesquisa por princípios de solução ................................................. 22
2.4.2.4 Geração, seleção, desenvolvimento e avaliação de variantes da
concepção .................................................................................................. 23
2.4.3 Projeto detalhado ............................................................................ 23
2.5 Macaco mecânico .................................................................................. 24
2.6 Parafuso de potência .............................................................................. 24
2.6.1 Análise de esforços no parafuso de potência ............................... 25
2.7 Dimensionamento dos pinos ............................................................... 27
2.8 Dimensionamento das estruturas ............................................................. 28
2.9 Dimensionamento do parafuso ................................................................ 28
2.10 Motor e bateria ...................................................................................... 29
2.11 Tensão de Von Mises ............................................................................. 29
3. MATERIAIS E METODOS ......................................................................... 31
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................... 32
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 42
6. REFERENCIAS ......................................................................................... 43
15

1. INTRODUÇÃO

Na sociedade atual onde o número de automóveis cresce consideravelmente, será


necessário um desenvolvimento tecnológico maior no tocante a organização dos centros
urbanos. Visando uma gestão mais eficiente para os espaços de estacionamentos de automóveis,
este trabalho lança uma proposta que aspira melhorar e inovar a forma como tal espaço é gerido
por meio de um dispositivo desenvolvido para alocar de forma mais fácil e eficiente os veículos
em um estacionamento.
Os estabelecimentos atualmente precisam de grandes espaços . Uma vez que o alcance
do negócio é grande, mais clientes frequentam esse lugar e mais espaço para estacionar será
necessário. Contudo, nem sempre será possível um estabelecimento dispor de muito espaço,
principalmente em centros urbanos completamente preenchidos. Assim, o espaço para
estacionamento mostra-se como um fator que determina a quantidade máxima de clientes que
podem ser recebidos.
Como solução para esse problema, foi idealizado um elevador automotivo elétrico com
quatro rodas que possa transportar um automóvel, possibilitando sua locomoção. Foram
levantadas diretrizes para fomentar a ideia a fim de possibilitar que a máquina permita os
proprietários de estacionamentos atender demandas cada vez maiores de carros, facilitando os
consumidores de alocarem seus veículos em vagas sem dificuldades, acarretando assim em
melhoria do trânsito de grandes cidades, uma vez que com mais vagas disponíveis menos
veículos ficarão estacionados nas vias.

1.1 Objetivos

Ao fim do trabalho deverão ser satisfeitas as premissas de projeto, todavia visando maior
organização e melhor desenvolvimento de projeto, foram estipulados objetivos gerais e
específicos

1.1.1 Objetivos Gerais

Realizar o projeto preliminar de componentes importantes para uma máquina de elevação


de automóveis que torne mais prático o arranjo de estacionamentos.
16

1.1.2 Específicos

Concepção, modelagem, dimensionamentos e validação por meio de simulações a fim


de se obter os principais componentes de uma máquina para elevar automóveis.
17

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capitulo será abordada a fundamentação teórica necessária acerca do dispositivo,


bem como os componentes necessários para a sua construção.

2.1 Projeto

Pode-se entender como projeto o plano que aspira atender uma necessidade bem como
resolver um problema. Este plano deve resultar em uma solução concreta e funcional, segura,
confiável e competitiva, cuja a viabilidade a torne interessante de ser comercializada, fabricada
e empregada para o uso. (BUDYNAS, 2005)

Em diversas ocasiões, projetos constam de tomadas de decisões e repetições de afazeres


e etapas da elaboração de soluções. Tais ocasiões de projeto podem constar também de uma
quantidade reduzida de informação ou mesmo de informação contraditória o que leva a tomadas
de decisão provisórias, passiveis de eventuais ajustes e correções.

2.2 Projeto de máquinas

Máquinas podem ser definidas como dispositivos inter-relacionados capazes de realizar


operações pela ação forças e movimentos. Estas partes inter-relacionadas são conhecidas como
elementos de máquinas. As forças envolvidas, bem como os movimentos executados, e as
formas de energias envolvidas nestes processos devem ser conhecidos pelo engenheiro para que
este seja capaz de dar formas e dimensões apropriadas, levando em conta também a escolha de
materiais apropriados para a situação, de maneira a oferecer ao final do projeto, um produto
que satisfaça as demandas do cliente de forma funcional, seja seguro para os usuários, além de
ser rentável de se fabricar e comercializar. (NORTON,2013).

2.3 Produto

Produto é um bem ou serviço que resulta de um processo (FORCELLINI, 2002). Uma


vez que é confeccionado, o produto é vendido para pessoas ou organizações em virtude de suas
propriedades que o tornam capaz de solucionar seu problema e satisfazer desejos e condições
de mercados.

O produto pode não partir do zero, em termos de originalidade e inovação, eles podem
partir de algo já existente e ser aprimorado em relação que já está no comercio. Isso dá margem
para classificações diversas para os novos produtos.
18

a) Variantes de produtos existentes: extensões de linhas, reposicionamentos de


produtos, formas de modificar um produto que já existe para adequá-lo a outro nicho
de mercado.
b) Inovativos: produtos resultantes de modificações de outros produtos já existentes.
Contudo, este novo produto possui um valor agregado e um conjunto de inovações
maior empregado a ele. Isto resulta de mais tempo para desenvolvimento e
investimento em pesquisas.
c) Criativos: produtos nunca vistos, de existência nova, são resultado de grandes
investimentos em pesquisas e de um longo calendário de desenvolvimento. Este tipo
de produto pode ter grandes chances de falhar, embora possa também se tornar tão
bem-sucedido, que imediatamente surjam outros produtos como imitações deste
criativo em questão.

Todos os produtos possuem um ciclo de vida bem determinado dentro do mercado. Na


Figura 1, é possível visualizar que nas fases de desenvolvimento e lançamento, os lucros de
uma empresa são negativos em virtude dos custos de pesquisa, desenvolvimento, divulgação e
promoção do mercado para que este então possa adentrar no mercado.

É normal os lucros começarem a surgir durante a fase de crescimento do produto, sendo


poucas as empresas a conseguir lucrar antes disso. Durante a maturidade do produto, este já se
encontra estável no mercado, o que leva o mercado a se estagnar. Esta é a fase mais lucrativa
de um produto. O declínio é a última fase do ciclo de vida. O declínio é caracterizado por uma
queda nas vendas, e por consequência disso, uma queda também nos lucros. Tal queda na
lucratividade se deve pelo aumento na concorrência do mercado oriunda do surgimento de
novos produtos mais requintados, inovadores e tecnológicos, que findam a tornar obsoleto o
produto já existente. Normalmente um produto é abandonado pela companhia durante essa fase,
existindo casos em que o declínio ocorre imediatamente após o crescimento (FORCELLINI,
2002).
19

Figura 1:Ciclo de vida de um produto

Fonte:FORCELLINI,2002

2.4 Processo de projeto de um produto

O processo que leva ao projeto de um produto segue por etapas e métodos divididos a
fim de se determinar o que é necessário fazer, passo a passo, para se alcançar as metas
requeridas do produto.

2.4.1 Projeto informacional

A partir de uma demanda, dá-se origem ao projeto. O projeto começa com o projeto
informacional, que consiste em reunir informações para a completa compreensão do problema,
permitindo assim uma análise detalhada do mesmo. Um bom projeto informacional resulta em
um bom começo para a especificação do projeto, que é onde são especificados os processos de
geração de soluções, bem como os instrumentos de avaliação para estas soluções. A
especificação de projeto deve ter validade teórica, objetivos validos em todas as áreas que o
problema aborda, operacionalidade, isto é, possibilidade de avaliar os objetivos
quantitativamente, não redundância, concisão, e praticabilidade para se testar esses objetivos.
(ROOZEMBURG &EEKELS(1995) Apud FORCELLINI)

A Figura 2 ilustra como se segue a sequência para a realização de um bom projeto


informacional, mostrando que se sai de uma ideia inicial de produto e se chega em suas
especificações por meio de uma metodologia de projeto.
20

Figura 2:Projeto informacional de um produto

Fonte: FORCELLINI, 2002

Esta etapa é iniciada das necessidades do cliente e se desdobra até a especificação do


projeto. Mesmo havendo diversas maneiras de se realizar esta parte do projeto, a figura mostra
uma sequência lógica baseada no objetivo de fornecer a especificação de projeto que se adeque
às metas do mesmo. Mesmo em vista do roteiro já visto na figura, alguns termos precisam ser
definidos. Estes termos estão explicados na Tabela 1.
21

Tabela 1:Definições formais para projeto informacional

TERMO SIGNIFICADO
Cliente externo Pessoas ou instituições que consumirão ou
usarão o produto.
Cliente intermediário Pessoas ou instituições encarregadas pelo
marketing, distribuição e vendas do
produto.
Cliente interno Envolvidos com o projeto e produção do
produto.
Necessidades do cliente Declarações diretas do cliente,
comumente em linguagem subjetiva.
Requisitos do cliente Necessidade expressa em termos de
engenharia.
Requisitos de projeto Requisitos mensuráveis e aceitos para o
projeto
Especificações do projeto Conjunto de informações completa,
requisito de projeto com valores para
metas atribuídas.
Fonte: FORCELLINI, 2002

2.4.2 Projeto conceitual

Nesta etapa são tomadas as decisões que vão afetar os resultados das etapas posteriores
do projeto. A partir do momento que a necessidade de um novo produto é detectada e
esclarecida, é gerada a concepção de um produto que atenda estas necessidades da melhor
maneira possível, considerando as devidas limitações de recursos e restrições para o projeto.
Esta concepção advém da síntese de uma ou mais soluções a fim de compor uma nova solução
para o produto, seguida da análise funcional desta solução (FORCELLINI, 2002).

2.4.2.1 Verificação do problema

Nesta etapa, a intenção é estudar para compreender o problema, assumindo um certo


grau de abstração para começar a esboçar as soluções. Abstração é dar importância apenas a
características mais genéricas, deixando de lado características mais particulares.
(FORCELLINI Apud PAHL E BEITZ)

Para ampliar as possibilidades de soluções, o problema é reformulado de uma forma


mais ampla, em uma sucessão de etapas. Cada aspecto do problema é discutido de forma
sistemática, para determinar cada característica funcional da solução (FORCELLINI, 2002).
22

2.4.2.2 Análise funcional

Na análise funcional, o problema é visto segundo as funções do produto. Durante a


verificação do problema, é possível estabelecer a função global que se deseja do sistema, e a
partir desta função global e com a devida analise funcional, deve-se criar uma lista de funções
ditas elementares que são alcançadas por meio de operações básicas. (FORCELLINI, 2002). A
Tabela 2 mostra as definições formais de termos empregados na análise funcional.

Tabela 2: Definições formais de análise funcional.

TERMO SIGNIFICADO
Função Relação entre as entradas e saídas de um
determinado sistema que desempenha
uma tarefa.
Função global Expressa relação entre as entradas e saídas
de todas as quantidades envolvidas e suas
propriedades. Função última do sistema
técnico.
Função parcial Divisão da função global em menor grau
de complexidade.
Função auxiliar Contribui de forma indireta para a função
global. É complementar ao sistema.
Função elementar Nível de desdobramento da função global
mais baixo, não admitindo assim
subdivisões.
Estrutura funcional Combinação de funções parciais que
representam a função global do sistema.
Fonte: FORCELLINI, 2002

A divisão em partes menores da função global tem como meta facilitar a busca pelos
princípios de solução. Quando se desenvolve variantes de um produto já existente, a derivação
da estrutura funcional pode ser feita a partir de produtos existentes. A meta neste caso é
desenvolver estruturas alternativas com potencial para resolver o problema.

Como este processo pode acabar gerando muitas estruturas funcionais, é necessário que
haja critérios de escolha bem definidos para a seleção da melhor alternativa (FORCELLINI,
2002).

2.4.2.3 Pesquisa por princípios de solução

Cada subfunção resultante começa a ganhar forma por meio de um princípio de


solução. Para tornar possível a solução, deve-se ter a compreensão plena da subfunção para que
se possa então partir para a busca de efeitos físicos e portadores de efeitos físicos que se
23

comportem de maneira a contemplar o objetivo da subfunção em enfoque. Para se encontrar os


princípios de uma solução, comumente são empregados vários métodos. Estes métodos podem
ser classificados em convencionais, intuitivos, e discursivos, conforme mostra a Tabela 3.

Tabela 3:Classificação de métodos de pesquisa por soluções.

Classificação Método
Convencionais Pesquisa bibliográfica; Análise de sistemas
naturais; Analise de sistemas técnicos existentes;
Analogias; Medições e testes em modelos.
Intuitivos Brainstorming; Método 635; Método Delphi,
Sinergia; Analogia direta; Analogia simbólica;
Combinação de métodos.
Discursivos Estudo sistemático de sistemas técnicos; Estudo
Sistemático com o uso de esquemas de
classificação; TRIZ- teoria da resolução de
problemas inventivos; Método da matriz
morfológica.
Fonte: FORCELLINI,2002.

2.4.2.4 Geração, seleção, desenvolvimento e avaliação de variantes da concepção

São desenvolvidas então as últimas atividades desta fase do projeto: desenvolver e


selecionar soluções alternativas. O desenvolvimento de soluções parte de um arranjo
organizado de todos os princípios de soluções, permitindo a evolução de alternativas para o
problema. Uma vez que se tem várias soluções alternativas bem desenvolvidas, busca-se fazer
então a solução da que melhor se adeque.

2.4.3 Projeto detalhado

Partindo da concepção de um produto, o projeto é desenvolvido de acordo com os critérios


técnicos e econômicos além de envolver também toda e qualquer informação adicional, até que se tenha
detalhes o bastante para que se possa encaminhar o projeto para a produção. (FORCELLINI Apud
PAHL E BEITZ, 1996). É nesta etapa que se alcança o layout definitivo do produto e toda a
documentação para realizar a produção.
A forma definitiva é desenvolvida até que se possa verificar claramente a função, durabilidade,
produção, montagem, operação e custos. É necessário que se estabeleça os seguintes objetivos:
a) Layout definitivo;
b) Projeto preliminar das formas;
c) Procedimentos da produção;
d) Soluções para qualquer função auxiliar.
24

As disposições, formas, dimensões e tolerâncias de todos os componentes devem também ser


fixadas. A especificação de materiais e viabilidade econômica aqui já deve estar bem revisada e validada.
Normas e procedimentos normatizados devem ser utilizados de acordo com a necessidade. O
planejamento do processo envolve analisar a produtibilidade, o desenvolvimento de fornecedores e o
projeto do ferramental (FORCELLINI Apud PAHL E BEITZ, 1996).

2.5 Macaco mecânico

É um dispositivo utilizado para erguer uma carga verticalmente para diversos


propósitos, sendo o mais comum, o acesso a áreas para a realização da manutenção em
equipamentos pesados. Este tipo de dispositivo funciona por meio da conversão de movimento
rotacional em movimento linear em virtude da ação de parafusos de potência que deslocam a
carga ou a seguram em uma determinada posição (INDUSTRIA HOJE,2019).

2.6 Parafuso de potência

São elementos roscados que tem como finalidade a conversão de movimento rotacional
em movimento linear (NORTON, 2013). São empregados em macacos e maquinas de produção
como fresadoras CNC e impressoras 3D entre outras. Graças a uma grande capacidade de
exercer vantagem e amplificação de forças mecânicas, são necessárias roscas robustas para a
aplicação destes elementos.

Comumente são empregadas roscas do tipo quadrada, Acme e Botaréu. A rosca


quadrada oferece grande eficiência e rigidez. Com sua geometria simplificada perante as outras,
apresenta mais simplicidade na fabricação. A rosca Acme possui angulações que permitem o
uso de porcas partidas que podem ser apertadas radialmente contra o parafuso para diminuir o
desgaste na rosca. Roscas Acme também apresentam uma geometria que permite tratamentos
térmicos superficiais mais uniformes (NORTON, 2013). A seguir podem ser observadas as
características geométricas dos filetes de rosca na Figura 3.
25

Figura 3:Tipos de roscas e suas geometrias

fonte: NORTON, 2013

Para carregamentos em ambas as direções da rosca do parafuso, pode se empregar tanto


a rosca Acme quanto a rosca quadrada. A rosca Botaréu é a menos comum destas três. Sua
aplicação é limitada a casos onde a carga é aplicada em apenas uma direção, uma vez que esta
rosca só oferece resistência em um sentido de aplicação. Embora a Botaréu tenha o problema
com a direção da carga, a raiz da rosca pode ser a mais reforçada das três, permitindo grande
resistência a esforços (NORTON, 2013).

2.6.1 Análise de esforços no parafuso de potência

Por se tratar do caso mais simples de se dimensionar e calcular, além de oferecer outras
vantagens já mencionadas anteriormente, será discutido aqui o dimensionamento de roscas
quadradas a serem empregadas no dispositivo. Roscas podem ser abordadas como sendo planos
inclinados que acompanham uma hélice. Na figura 4, temos os diagramas de corpo livre para
mostra as forças agindo sobre o parafuso em situação de carga ou descarga. As forças mostradas
no diagrama são a força do atrito, f, que se opõe ao movimento, a força peso P, do corpo a ser
movimentado, a força N, normal ao plano da inclinação da rosca e a força F, que movimenta o
sistema (NORTON, 2013).
26

Figura 4:Forças agindo sobre o parafuso em situação de carga e descarga

fonte:
NORTON, 2013

O ângulo de inclinação do plano, conhecido por ângulo de avanço λ é obtido por meio
da Equação 1, que o descreve em termos da dimensão do avanço L e do diâmetro primitivo dp.

𝐿
𝑡𝑔λ = 𝜋𝑑
𝑝

Equação 1: Ângulo de avanço

Para se erguer a carga, a soma da força nas direções x e y é dada pelas Equações 2, 3, 4
e 5.

∑ 𝐹𝑥 = 0 = 𝐹 − 𝑓𝑠𝑒𝑛λ = F − μNcosλ − Nsenλ

Equação 2: Forças na direção x

𝐹 = 𝑁(𝜇𝑐𝑜𝑠λ + senλ)

Equação 3:Expressão para a força de acionamento

∑ 𝐹𝑦 = 0 = 𝑁𝑐𝑜𝑠λ − fsenλ − P = Ncosλ − μsenλ − P

Equação 4:Forças na direção y


𝑃
𝑁=
𝑐𝑜𝑠λ−μsenλ

Equação 5: Expressão para a força normal

Onde μ é o coeficiente de atrito entre o parafuso e a porca, e as outras variáveis estão


definidas na Figura 4. O uso destas equações leva a uma expressão para a força F como mostra
a Equação 6.
27

𝑃(μ𝑐𝑜𝑠λ+senλ)
𝐹= 𝑐𝑜𝑠λ−μsenλ

Equação 6: Expressão para a força de acionamento conforme a carga

O torque que o parafuso necessita exercer em situação de carga é obtido na Equação 7:

𝑑𝑝 𝑑𝑝 𝑃(μ𝑐𝑜𝑠λ+senλ)
𝑇𝑠𝑢 = 𝐹=
2 2 𝑐𝑜𝑠λ−μsenλ

Equação 7: Torque de acionamento do parafuso

Contudo, pode ser interessante expressar o torque como sendo função do avanço L em
vez do avanço λ. Para isso, é necessário dividir o numerador e o denominador da Equação 7 por
𝑐𝑜𝑠λ e aplicar a Equação 1, obtendo assim a expressão da Equação 8.

𝑑𝑝 (𝜇𝜋𝑑𝑝+𝐿)
𝑇𝑠𝑢 = 2 (𝜋𝑑𝑝−𝜇𝐿)

Equação 8: Torque de acionamento conforme o avanço

Uma análise semelhante pode ser feita considerando o caso de remoção de carga. Para
isso basta mudar os sinais de das forças de atrito e da força aplicada. Então o torque necessário
para a descarga é dado na Equação 9.

𝑑𝑝 (𝜇𝜋𝑑𝑝−𝐿)
𝑇𝑑 = 2 (𝜋𝑑𝑝+𝜇𝐿)

Equação 9:Torque para o retorno da carga

2.7 Dimensionamento dos pinos

Os pinos que mantem a estrutura das hastes unidas estarão sujeitos a esforços que o
farão cisalhar. Para evitar a falha por cisalhamento do pino, deve-se fazer o seguinte
equacionamento:

𝐹
𝜏=𝐴

Equação 10: Tensão cisalhante

Onde 𝜏 é o limite de escoamento ao cisalhamento que o material do pino possui, F é a


força de cisalhamento e A é a área de seção transversal do pino. Considerando o pino com área
transversal circular e fazendo as devidas manipulações, tem-se que
28

4𝐹
𝑑𝑝𝑖𝑛𝑜 = √𝜏𝜋

Equação 11: Diâmetro do pino

2.8 Dimensionamento das estruturas


A estrutura das hastes que elevarão a carga deve ser capaz de suportar esforços de
flambagem e para garantir isso, é feito um estudo do critério de estabilidade de Euler, como
mostra a Equação 12.

𝜋²𝐸𝐼𝑥
𝑝𝑐𝑟𝑖𝑡𝑖𝑐𝑜 =
(𝐿𝑐𝑟𝑖𝑡𝑖𝑐𝑜 )²

Equação 12:Dimensionamento das hastes

2.9 Dimensionamento do parafuso


Voltando ao dimensionamento do parafuso, este será sujeitado a forças de compressão
e cisalhamento por torção que podem levá-lo a falha. Desta forma, os dois critérios devem ser
estudados a fim de ver qual o esforço mais crítico, determinando o diâmetro de raiz do parafuso
em cima dele. Para o caso de compressão, na Equação 13.

𝐹𝑝 ∗ 𝑓𝑠 ∗ 𝑓𝑝 ∗ 4
𝑑𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 = √
𝜎𝑐𝜋

Equação 13

Equação 13: Diâmetro mínimo para resistir a compressão

Onde fs e fp são os fatores de segurança e projeto, respectivamente. E 𝜎𝑐 é a tensão de


compressão máxima que o material do parafuso suporta em regime elástico. No caso de torção
tem-se a Equação 14.

𝐹𝑝 ∗ 16𝜇(𝑥 + 1) ∗ 𝑓𝑠 ∗ 𝑓𝑝
𝑑𝑡𝑜𝑟çã𝑜 = √
(1 − 𝜇 2 )𝑥 ∗ (2 ∗ 𝜇𝜋𝑥)𝜏𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜

Equação 14:Diâmetro mínimo para resistir a torção

Onde x é o fator de autobloqueio. Depois de calculados estes dois diâmetros, é possível


calcular o diâmetro médio do parafuso, passo da rosca, o avanço, o ângulo de hélice da rosca
deste parafuso e as tensões na rosca. Começando com o diâmetro médio, avanço e o passo,
temos que o diâmetro médio dm é dado na Equação15.
29

2𝑑𝑝
𝑑𝑚 =
2 − 𝜇𝜋𝑥

Equação 15: Diâmetro médio do parafuso

O passo p e calculado na Equação 16.

𝑝 = 2(𝑑𝑚 − 𝑑𝑝)

Equação 16: Passo do parafuso

O avanço do parafuso é igual ao passo, como mostra a Equação 17.

𝐿=𝑝

Equação 17: Relação entre avanço e passo

E o angulo 𝛾 é dado pela Equação 18

𝑎
λ = atan ( )
𝑑𝑚𝜋

Equação 18: Ângulo de avanço

2.10 Motor e bateria


Baterias são aparelhos capazes de liberar energia elétrica em virtude de uma reação
química de oxidação e redução. Uma bateria contém várias células onde ocorrem esta reação.
(ATKINS, 2012)

Motor elétrico é o dispositivo que converte energia elétrica em mecânica. Costuma ser
bastante usado em virtude do custo, da simplicidade para controlar, de não sujar ou poluir o
ambiente instalado e melhores rendimentos. Em sua grande maioria, os motores elétricos
trabalham por meio da interação entre os campos eletromagnéticos gerados pelo rotor e o
enrolamento do motor (PETRUZELLA, 2013).

2.11 Tensão de Von Mises


Rotineiramente, se faz necessário que um componente suporte esforços que resultam da
combinação das tensões de tração com as tensões de cisalhamento. Este tipo de situação acarreta
situações que devem ser estudadas de maneira a agregar os efeitos de ambos os carregamentos.
A tensão equivalente de Von Mises 𝜎′ se define como a tensão a tração uniaxial capaz de causar
a mesma distorção que é causada pelos esforços combinados.
30

Isso permite enxergar e tratar casos de tensões combinadas como sendo um caso de
tração pura. Na Equação 19, temos como calcular a tensão equivalente de Von Mises em
situações e problemas no espaço tridimensional (NORTON,2013).

𝜎 ′ = √𝜎12 + 𝜎22 + 𝜎32 − 𝜎1 𝜎2 − 𝜎2 𝜎3 − 𝜎1 𝜎3


Equação 19: Tensão equivalente de Von Mises

Esta equação pode ainda ser reescrita em termos das tensões aplicadas, de onde resulta
a equação 20.
2 2
(𝜎𝑥 −𝜎𝑦 ) +(𝜎𝑦 −𝜎𝑧 ) +(𝜎𝑧 −𝜎𝑥 )2 +6(𝜏2 𝑥𝑦 +𝜏2 𝑦𝑧 𝜏2 𝑧𝑥 )
𝜎′ = √
2

equação 20
Equação 20: Tensão de Von Mises em termos das tensões aplicadas

Onde 𝜏 representa as tensões de cisalhamento e 𝜎 as tensões de tração.


31

3. MATERIAIS E METODOS

Para se chegar no projeto, foi feita uma pesquisa em cima dos veículos mais vendidos no Brasil
do ano de 2017, sendo alguns deles Toyota Corolla, Chevrolet Classic, Chevrolet Onix, Honda Civic,
levando em conta as condições limites relacionadas ao peso e a dimensões destes carros, uma vez que
possuem pesos e dimensões diferentes.
Com a proposta de permitir o deslocamento de carga, foi pensado em um conjunto de 4 rodas para
apoiar o dispositivo no piso, permitindo a realização de movimentações com menos esforço. A energia
para permitir que o conjunto funcione vem de bateria 12V, capaz de oferecer grande corrente em tempos
mais curtos, além de possuir uma boa durabilidade. O operador terá apenas o trabalho de acionar o motor
elétrico do conjunto, o que implica em eficiência e rapidez de operação.
Foi pensado também que, o dispositivo deve atender a demanda de funcionar até 10 horas por
dia, tendo em vista que ele precisa operará durante o horário comercial. Isto acarreta desgaste de
componentes. Para manter uma proposta com uma razoável relação de custo e benefício, o equipamento
não pode dispor de muitos componentes.
Tendo em vista o que já foi mencionado no referencial teórico do presente trabalho, os cálculos
para a realização do dimensionamento dos componentes da máquina por meio de planilhas eletrônicas,
sendo estes resultados em seguida atestados por meio de desenhos em software CAD com a realização de
simulação dos esforços de trabalho.
32

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com os dados da pesquisa foi estipulado que o aparelho tem que ser capaz de erguer uma massa de
até 1330 kg, que é a massa de um Honda Civic.(QUATRO RODAS,2018) Apesar de não ser tão vendido
quanto o Chevrolet Onix, o Honda Civic é mais pesado e se encontra com volume de vendas notório, além
de servir de base para que o equipamento suporte cargas mais elevadas. Para reduzir a carga em cima do
parafuso e manter as dimensões reduzidas da máquina, foi concebido que seriam dois parafusos de
potência para erguer a carga do peso do carro. E considerando também que a carga do peso do carro é
distribuída igualmente entre as quatro rodas, e que ela é transferida progressivamente das suspensões do
carro para hastes estruturais e para o parafuso a medida em que o macaco levanta o carro, cada parafuso
tem que erguer uma carga de até 3261N.

Tendo essas considerações em vista, foi montada uma planilha eletrônica para estimar a carga
atuando nas hastes e nos parafusos, dando assim subsídio para o dimensionamento destes componentes,
baseado no referencial teórico deste trabalho, como mostra a Tabela 4.

Tabela 4: Estimativa da carga total à medida que a carga é erguida

Porcentagem de
Posições m(estimadas) Ângulos Forças N
carga
Vertical Horizontal Ângulo (°) Seno Cosseno Haste Parafuso
10% 326,083 0,000 0,300 6,654 0,058 0,998 5618,418 326,633
25% 815,207 0,020 0,275 11,310 0,099 0,995 8273,052 819,194
40% 1304,331 0,040 0,250 16,699 0,145 0,989 8982,183 1318,305
55% 1793,455 0,060 0,225 22,891 0,198 0,980 9038,139 1829,842
70% 2282,579 0,080 0,200 29,899 0,258 0,966 8848,346 2362,542
85% 2771,703 0,100 0,175 37,648 0,323 0,947 8590,192 2928,324
100% 3260,828 0,120 0,150 45,939 0,390 0,921 8355,898 3541,637
Fonte: autoria própria

Quando a máquina é montada para começar a erguer a carga, tem-se apenas uma pequena fração
da carga total apoiada sobre o dispositivo. Isso se deve ao fato de a suspensão do veículo segurar o restante
desta carga, por isso a carga não é de 100% logo no começo. À medida que o dispositivo ergue o carro, o
peso deixa de se apoiar nas rodas e se apoia na estrutura da máquina. A partir da Figura 5, é possível
observar as relações trigonométricas entre as forças que agem sobre os parafusos, as hastes e a carga a ser
erguida conforme esta se transfere para o equipamento a medida em que ocorre o levantamento.
33

Conforme evolui a operação para erguer a carga, a plataforma onde se apoia o carro se eleva e isso
muda as posições das hastes fazendo as forças variarem.

Figura 5: Esquema de arranjo de forças sobre o equipamento

Fonte: autoria própria

Com os resultados das estimativas obtidas na Tabela 4, foi preciso realizar uma seleção de materiais
para compor os elementos da máquina. Por se tratar de um material bastante acessível tanto em termos de
custos quanto abundância no mercado, foi selecionado um aço 1040 trefilado, por ter propriedades
mecânicas desejáveis para este projeto, conforme mostra o Tabela 5.

Tabela 5:Propriedades mecânicas aço 1040 trefilado

 t kgf/mm² 21
c kgf/mm² 21
 kgf/mm² 12,5
modulo young MPa 200000
fator x (auto bloqueio) 0,99
 0,15
Fonte: Hibbeler, 2010.

Com os dados do material e dos carregamentos aplicados, foi possível realizar os


dimensionamentos para os componentes resistirem aos esforços. A Tabela 6 contém os dados
resultantes do dimensionamento dos parafusos, que foram dimensionados para a força máxima
atuante sobre cada um. Esta força, segundo a Tabela 4 é de aproximadamente 3542N. Foi
Utilizado o aço 1040 trefilado. O parafuso foi dimensionado conforme explicado na Seção 2.9
deste trabalho.
34

Tabela 6: Dados do dimensionamento dos parafusos

Dados dos parafusos


Quantidade 2
fator de segurança 2
fator de projeto 1,5
carga máxima 3541,636 N
diâmetro raiz torção 9,373 mm
diâmetro raiz
8,104 mm
compressão
diâmetro raiz 9,373 mm
diâmetro médio 12,225 mm
Passo 5,703 mm
Avanço 5,703 mm
gama 8,447 graus
n º roscas mínimas 6
tipo de rosca simples
espessura mínima 34,219 mm
Tensão Flexão 21,0890 MPa
Tensão cisalhamento 10,5445 MPa
Fonte: Autoria Própria

Com isso, foi obtido nas Figuras 6 e 7, o desenho do parafuso.

Figura 6: Vista superior do parafuso

Fonte: Autoria Própria


35

Figura 7: Vista Frontal do parafuso

Fonte: Autoria Própria

A seguir temos também os dados relacionados ao pino de ligação da estrutura do aparelho,


obtidos a partir da força máxima que age sobre as hastes. O carregamento é cisalhante,
conforme explicado na Seção 2.7 deste trabalho. A Tabela 7 mostra a dimensão obtida, sendo
as dimensões de comprimento mostradas na figura 8, dimensão para efeito de montagem.

Tabela 7: Dados do dimensionamento do pino

Dados do Pino
material aço 1040
 cisalhamento Mpa 210
Diâmetro mm 7,1177
Fonte: Autoria Própria
36

Figura 8: Desenho de representação do pino

Fonte: Autoria Própria

Foi realizado o dimensionamento das hastes estruturais que suportam o peso do veículo,
conforme a Tabela 8. As Figuras 9 e 10 mostram os desenhos das hastes estruturais, lembrado
que estas foram dimensionadas conforme a Seção 2.8 do presente trabalho, tendo como esforço
a flambagem causada pela força máxima que atua nas hastes, segundo a Tabela 4, que é de
aproximadamente 9040N.

Tabela 8: Dados relativos ao dimensionamento das hastes

dados haste
material aço 1040
fator segurança 2
fator projeto 1,5
altura min (m) 0,035
L dist(m) até o pino 0,3
Lcrit (m) 0,302
base (m) 0,02
momento de inercia (𝑚4 ) 0,0000000125
altura(m) 0,0091
área transversal (m²) 0,001819
Fonte: autoria própria.
37

Figura 9: Vista superior da haste

Fonte:Autoria própria

Figura 10: Vista frontal da haste

Fonte:Autoria própria

Tais resultados podem ser comprovados por meio de simulações de esforços estáticos no
SolidWorks versão estudantil, uma vez que foram feitos os desenhos para esta finalidade. A
seguir, teremos o desenho esquemático representando como deve ficar a montagem do
equipamento na Figura 11.
38

Figura 11:Montagem do equipamento

Fonte:Autoria própria

As simulações foram realizadas com base no critério de falha de Von Mises, comparando
os esforços internos sofridos em virtude das cargas estimadas com os valores de tensão de
escoamento do material.

Cada componente foi simulado separadamente em regime de simulação estática e por


conta da variedade de esforços que atuam sobre as partes da máquina, buscando manter as
tensões abaixo do limite de escoamento.

Para o caso das hastes, foi feita a simulação dos esforços considerando a força de 9040N
atuando sobre uma das extremidades em sentido de flambagem, ao passo que a face interna da
outra extremidade seria fixa para impedir o movimento. O que gerou os resultados das Figuras
12 e 13, onde vemos a Figura 12 com os resultados para tensões em Pa e a Figura 13 com o
resultado para o quanto a peça deformou, em mm. É importante observar que o material suporta
as solicitações com tensões máximas chegando a 520MPa, onde o material pode alcançar ate
530 Mpa, antes de começar a escoar. Esta tensão garante uma deformidade de menos que
centésimos de milímetro, implicando assim em boa integridade do componente para continuar
a exercer sua função sem deformar plasticamente.
39

Figura 12:Simulação dos esforços e tensões sobre a haste

Fonte: Autoria própria

Figura 13: Simulação das deformações sobre a haste

Fonte: Autoria própria


40

Na Figura 14, temos uma situação diferente. O pino vai sofrer com forças cisalhantes que
fazem o material escoar. Apesar do critério de dimensionamento inicial apontar que o material
é capaz de absorver o esforço sem problema, pela natureza cisalhante da força, as tensões de
Von Mises se elevam a um patamar que aponta para a possibilidade do pino vir a falhar em
serviço. Esta possibilidade leva para uma reedição do pino, aumentando o grau de
complexidade e as considerações de projeto que o mesmo precisa para responder às demandas
mecânicas de forma adequada.

Figura 14: Simulação de esforços sobre o pino de ligação das hastes

Fonte: Autoria própria

As Figuras 15 e 16 apontam os resultados para a simulação dos esforços de torção


originados do acionamento para que o parafuso possa erguer a carga, e o esforços de
compressão que a carga exerce sobre o parafuso durante o acionamento, bem como o torque de
acionamento de 21,7N.m, obtido a partir do produto entre a força máxima atuante no parafuso
e a metade do diâmetro médio do mesmo. As tensões que resultaram ficaram abaixo de 250
Mpa e as deformações do parafuso ficaram na ordem de 9 centésimos de milímetro, atestando
que o parafuso de potência não sofrerá deformações plásticas, atestando que o parafuso não virá
a falhar durante as solicitações mecânicas por conta do funcionamento do equipamento.
41

Figura 15: Simulação de esforços sobre o parafuso de potência

Fonte: Autoria própria

Figura 16: Simulação de deformações sobre o parafuso de potência

Fonte: Autoria própria


42

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foram realizadas as concepções das hastes, parafusos e pinos de ligação para a máquina de
elevação. Com a concepção destes componentes, houve a modelagem da situação de operação com as
estimativas de esforços e as dimensões necessárias para a devida operação em regime elástico do material
do componente. Tendo em vista estas dimensões os esforços estimados para a operação do equipamento,
as simulações na versão estudantil do SolidWorks começaram permitindo uma análise mais minuciosa
onde foi detectado que o pino foi subdimensionado, vindo a falhar plasticamente. Este fato leva a repensar
a forma de dimensionar este componente, bem como a forma como ele será solicitado, para permitir uma
confiabilidade maior para o componente. Com isso, foi feito o projeto preliminar da máquina para
elevação de automóveis sob a ressalva de que o pino é um componente critico cujo projeto deve ser mais
elaborado.
43

6. REFERENCIAS

ATKINS, Peter. Princípios de Quimica: Questionando a vida moderna e o meio


ambiente/Peter Atkins, Loretta Jones; tradução técnica: Ricardo Bicca de Alencastro.-5.ed.-
Dados Eletrônicos.- Porto Alegre: Bookman,2012.
BUDYNAS,Richard.Elementos de máquinas de Shigley [recurso eletrônico]: Projeto de
engenharia mecânica/Richard Budynas, Keith Nisbett ;tradução técnica: João Batista de
Aguiar, José Manoel de Aguiar.-8.ed-Dados eletrônicos.- Porto Alegre :AMGH,2011.
FORCELLINI, Fernando A.; BACK, Nelson. Projeto de Produtos. 2002, 160 p. Apostila do
Curso de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da UFSC – Universidade Federal de Santa
Catarina.
INDUSTRIA HOJE. Conheça os diferentes tipos de macacos. Disponível em
:<https://industriahoje.com.br/conheca-os-diferentes-tipos-de-macacos> Acesso em 18 de
março de 2019.
HIBBELER,Russel Charles. Resistência dos materiais/Russel Charles Hibbeler; Tradução:
Arlete Simille Marques; revisão técnica: Sebastião Simões da Cunha Jr.7. ed. - São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2010.
NORTON, Robert L. Projeto de maquinas: uma abordagem integrada/ Robert Norton;[
tradução:Konstantinos Dimitriou Stavropoulos ... et al.]. – 4. ed. –Dados eletrônicos. – Porto
Alegre: Bookman, 2013.
PETRUZELLA, Frank D. Motores elétricos e acionamentos/Frank D. Petruzella; Tradução:
José Lucimar do Nascimento; revisão técnica: Antonio Pertence Junior.- Dados eletrônicos.-
Porto Alegre: AMGH, 2013.
QUATRO RODAS. Os carros mais vendidos no Brasil no acumulado de 2017. Disponível
em :<https://quatrorodas.abril.com.br/os-mais-vendidos-em-2017/> Acesso em 22 de março de
2019.

Você também pode gostar