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1ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ANO


2023

Literatura Japonesa

NOME COMPLETO DO (A) ALUNO (A):


Julia Baptista de Souza,Guilherme Silva Granzotti

PROFESSOR(A) ORIENTADOR(A):
Débora Hott

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO:
Literatura

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS


2023
1. Epígrafe

‘’Se você só lê o mesmo que todo mundo lê, acaba


pensando o mesmo que todo mundo pensa.’’
(MURAKAMI, Norwegian Wood, p.32, 2011)

1
Sumário

1.Epígrafe.................................................................................................................................... 1
2.Introdução................................................................................................................................ 3
3.Desenvolvimento..................................................................................................................... 5
3.1 Os processos históricos japoneses até o surgimento dos mangás......................................... 5
3.2 Mangá e seu papel como tradutor de múltiplas realidades................................................... 6
4. Pesquisa Bíblica.................................................................................................................... 24
5.Conclusão...............................................................................................................................25
6.Bibliografia............................................................................................................................ 26

2
2.Introdução

A literatura japonesa, em outras palavras, as produções literárias advindas do território


do Japão, são parte do acervo importado ao Brasil, e mais importante, chegam aqui adaptadas
e traduzidas para o português brasileiro, possibilitando assim o acesso adequado do público
leitor. Entretanto, uma subdivisão dessa estética literária faz-se mais presente nos centros de
concentração de livros, por exemplo, na maior biblioteca de livros em japonês, dos 74 mil
livros que compõem a coleção, cerca de 70% (51,8 mil) são mangás, e de acordo com o
administrador Katsuharo Ochi, estes são alugados por estudantes da língua japonesa com
frequência (SILVEIRA, 2015).
Todavia, o levantamento citado acima abrange apenas a população que consome obras
da língua natal, então, mais condizente é analisar o crescimento da publicação de mangás por
editoras brasileiras, abrangendo assim a população não-falante do idioma nipônico. De acordo
com a Biblioteca Brasileira de Mangás (2023), no ano de 2022 foram lançados 553 volumes
de mangás—mesmo em um contexto pós pandêmico—correspondendo cerca de 70% dessas
só da Editora Panini e relatando um crescimento de 50% comparado ao ano anterior quanto ao
número de estreias de títulos desse gênero. Em contrapartida, é de bom tom aludir que o
público-alvo dessas publicações cada vez mais crescentes é abastado. A própria editora
JBC–segunda maior licenciadora desse ramo– classifica seu perfil de leitor como classe A e
B, de modo geral, classe alta/média alta, além de 55% serem habitantes da região Sudeste1,
desse modo, infere-se uma discrepância no acesso a esse ramo da literatura japonesa, a que
ponto tido como o mais amplo e conhecido, tendo como medida a renda e região ocupada pelo
consumidor, além do não citado, destaca-se a idade desse, comumente dos 12 a 25 anos, ou
seja, adolescentes e jovens adultos.
Com base nesses dados, este trabalho acadêmico considera o aumento da disseminação
de mangás no Brasil um fato, mesmo que seja limitado a uma classe, a qual é mais restrita
com o reajuste feito em outubro deste ano, pela editora Panini Comics, que deixaram as obras
a serem lançadas na faixa de preço de R$39,902. A secessão do acesso baseado em classes
sociais, todavia, não é capaz de anular a importância dessa ramificação nipônica literária, não
só como um produto da globalização, que permitiu a tradução e importação de tais produções,
mas também há de se reconhecer o potencial desse gênero em ser flexível quanto aos assuntos
abordados, tendo em conta o público ledor infanto-juvenil, é positivo na fomentação do

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Id, 2017
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Id, 2023
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interesse do jovem leitor e agrega na visão de mundo mais tolerante quanto às culturas
estrangeiras—sem contar ainda a divulgação da cultura ocidental de forma prática e
lúdica–ampliando contingentemente o repertório cultural do consumidor dessas composições,
que pode valer-se desse conhecimento para benefício acadêmico, como corroboração de
argumentos em redações, por exemplo.
Nessa ótica, este estudo objetifica argumentar e apoiar veementemente a ideia de uma
validação do gênero mangá como uma literatura rica e válida como possibilidade de repertório
cultural relevante e digno de reconhecimento.

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3. Desenvolvimento

3.1 Os processos históricos japoneses até o surgimento dos mangás

3.2.1. Breve contextualização sobre a literatura japonesa clássica (séculos VIII - XII )
As obras encontradas no período entre os séculos VIII e XII são pertencentes ao
período Nara. Estas obras foram fortemente influenciadas pelo contato cultural com a China.
Por isso, muitas delas foram escritas em chines clássico. Nestas obras, era bastante presente a
junção da mitologia com eventos históricos do país.
No início, os nobres eram os únicos que escreviam e liam. As pessoas comuns não
sabiam ler, e não possuíam dinheiro suficiente para comprar literatura. Por isso,a maioria dos
japoneses não produziam nada da literatura que consumiam.

3.2.2. Breve contextualização sobre a literatura japonesa medieval e feudal (séculos XII -
XIX )
A partir deste período, algumas classes de guerreiros instruídos começaram a ler e
criar obras literárias, representando a passagem das guerras no país.Essa maior popularização
da literatura possibilitou o florescimento da dramaturgia, sendo ele muito utilizado nos teatros
de fantoches.Mas também surgiram muitas críticas em relação ao entretenimento “infantil”
difundidas pelas pessoas mais rigorosas e maduras.
Algumas obras relevantes deste período incluem “Relatos da minha cabana” e
“Ensaios na ociosidade”, ambos escritos por monges.

3.2.3. Breve contextualização sobre a literatura japonesa moderna (séculos XIX - XX )


No início desse período, o jovem imperador Miji percebeu que as outras nações
estavam ganhando poder em relação ao Japão. Por isso, o imperador buscou uma mudança e
permitiu que as influências ocidentais modernizassem o Japão. Nesse crescente processo de
mudança, destaca-se a tradução de livros, revistas e jornais ocidentais.
Essa literatura influenciada pelo iluminismo, o realismo, o romantismo e o
naturalismo permanece até os dias atuais em diversas obras.

3.2.4 Breve contextualização sobre a literatura japonesa do pós-guerra ( 1945 -


atualidade )

5
Durante a Segunda Guerra Mundial, a expressão literária japonesa foi praticamente
inexistente. Por outro lado, a derrota na guerra influenciou bastante a literatura dessa época.
As traduções do japonês para outras línguas têm crescido bastante, em volume e em
quantidade. Isso fez com que grande parte da literatura do Japão fosse disponibilizada para
leitores de vários países que facilita o reconhecimento mundial das diversas obras existentes
atualmente.

3.2 Mangá e seu papel como tradutor de múltiplas realidades

3.2.1 Breve contextualização do surgimentos dos mangás

Em 1814, o ilustrador Katsushika Hokusai (pintor da célebre obra A Grande Onda de


Kanagawa) usou pela primeira vez o termo ‘’mangá’’ para caracterizar seu ‘’desenho
irreverente’’, tendo sido publicado como ‘’Hokusai Mangá’’, uma coleção de quinze volumes
de histórias em quadrinhos de ‘’representações do movimento do corpo humano e movimento
muscular, além de ilustrações narrativas e cômicas retratando a vida cotidiana, tema típico do
ukiyo-ê3’’(MUSSARELLI, 2013, p. 35). Entretanto, apenas em 1950 o desenhista Osamu
Tezuka tornou esse termo em algo a ser usado para designar os quadrinhos com ‘’expressões
exageradas e olhos grandes, devido a longa tradição japonesa de humor e por ter como
herança as caricaturas.’’( GOTO, 2011 apud ALMEIDA; MARAFON; GHERARDI, 2023).
A partir de então, os mangás receberam a influência externa dos Estados Unidos e
Europa, mediante a fama dos quadrinhos de heróis–em decorrência da Guerra Fria e Guerras
Mundiais– convertendo-se na forma do mangá moderno. Essa estética literária se caracteriza
por ser: direcionado a todas as demografias(tanto para público masculino quanto feminino);
ostentar incontáveis gêneros; lançado semanal, quizenal ou mensalmente; relativamente
barato no Japão—entre 250 ienes (R$5,00) a 700 ienes (cerca de R$14,00) (MACHADO,
2014); posteriormente compilada em grandes revistas que juntam diversas séries de
diferentes autores, com cerca de 300 páginas, e mais tarde consensadas em volumes de cada
série, e sobretudo, essa modalidade textual destaca-se pela pluralidade dos temas abordados
—seja um romance infanto-juvenil ou ficção científica. Acerca disso, a graduanda em
sociologia Sousa (2021, p. 6) opina:

3
gênero de impressão em xilogravura que se popularizou no período Edo (1615 - 1868) no Japão; que
produzia imagens da vida urbana cotidiana japonesa e tinha preços acessíveis (MUBARAC, 2020)
6
Não seria exagero dizer que os mangás ocupam um papel muito importante para
grande parte da população japonesa, uma vez que as tiragens se dão pelo fato de
serem consumidas por um vasto público que, entre uma matéria e outra na escola,
entre uma pausa na fábrica, entre uma viagem de metrô ou trem para o trabalho, ou
no escritório, se refugia ou se reconforta por meio das aventura do personagens para
vencerem as dificuldades do dia a dia, que por vez, assemelham-se às dificuldade
enfrentadas pelo leitores.
Portanto, infere-se essa literatura desenhada como um elemento do cotidiano do
cidadão nipônico, como um artifício não só de divertimento, mas também uma mimese da
realidade, seja essa a do leitor ou não. Isto é, causa um sentimento de retratação no leitor que
passa por algo semelhante àquilo que as personagens enfrentam, ainda que seja uma ficção.
Corroborando com esta ideia, o famoso dramaturgo brasileiro Fernando Pessoa escreveu ‘’A
literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida’’4.
Sob essa ótica, é possível relacionar um conceito desenvolvido para caracterizar a
arte, sobretudo teatral, da Grécia Antiga com as vivências provocadas por tais quadrinhos,
sendo essa ideia a catarse. Tal termo é repleto de significados, seja no meio da Medicina,
Psicanálise, Psicologia e Religião, entretanto, trabalhá-la-á segundo o conceito aristotélico,
nas palavras de Brito (2018, p. 22):

A catarse, a purgação dos sentimentos que o leitor ou expectador tem quando entra
em contato com o artístico, de acordo com Aristóteles (2003) é despertada quando
os atores entram em cena na tragédia. A arte em Ética a Nicômaco (2007), é tratada
como algo racional, pois envolve estudo de acordo com o que se quer fazer/criar. A
partir de Aristóteles, os termos mímesis, catarse e verossimilhança são elucidados
nas artes, como algo que desperta no expectador/ouvinte momentos de êxtase, que o
lubridiam, e o leva a conhecer a si mesmo. Aristóteles (2003) ressalva que é dever
do poeta proporcionar ao ouvinte, prazer de sentir compaixão ou temor por meio da
imitação, sendo que essas emoções devem vim à tona durante a narração dos fatos.
(ARISTÓTELES, 2003, 2007 apud BRITO, 2018, p.22)
Em conformidade com o afirmado por Pessoa, a literatura—bem como o gênero
Mangá— pode ser visto como uma forma de identificação das atribulações pessoais do
espectador com as ansiedades transmitidas pela atuação de uma personagem, e depois, a
libertação dessas emoções pela catarse, possibilitada pela mimese e verossimilhança inerentes
à obra em questão (LOSA, 1983). Exemplo disso, é o romance adolescente Horimiya, que
mistura o cotidiano com comicidade para conversar com o leitor.

4
PESSOA, Fernando. Livro do Desassossego. 2. ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 2003. p.341
7
Imagem 1-Dia-a-dia de um vestibulando

Fonte: HERO, 2022, capítulo 84, p. 01

3.2.2. A importância do mangá como material de referência da cultura japonesa

Primeiramente, há de se refletir sobre as crenças e percepções sociais que os


brasileiros detém de ideias, ou mesmo, pessoas oriundas do Japão. O jornalista descendente
asiático Yudi (2022) dissertou no jornal ‘’Contraponto Digital’’ sobre o aumento na
estereotipagem asiática no território brasileiro:

Estereotipar um povo por conta de seus traços raciais é presente na vida de muitos
descendentes do leste-asiático. A junção de grupos étnicos diferentes e tratar como
se fosse da mesma classe incomoda. Nenhum sucessor de europeu gostaria de ser
chamado de espanhol sendo que sua origem é portuguesa. Ou que zombassem da
comida que sua “Nonna” faz uma comida estranha e que a cultura dela é nojenta.
Contudo, o que origina essa padronização radical da imagem leste-asiática, em
especial, nipônica? Para responder tal questionamento, faz-se necessário revisitar a concepção
pós-moderna da estereotipização. Segundo Leyens, Yzerbyt e Schadron (1994), os
estereótipos são crenças disseminadas que caracterizam em especial os atributos pessoais de
outrem, baseando-se, sobretudo, na personalidade individual ou comportamento de um grupo

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social específico. Mais tarde, Myers (2000) sobrepõe afirmando que o estereótipo engloba
também as informações sobre os atributos, e mais especificamente, a extensão que esses são
compartilhados (apud BASTOS, 2015, p.16). Tendo em consideração que o estereótipo
provém da falta de informação, ou ainda, informações equivocadas e insuficientes, é
necessário mitigar a padronização prejudicial que não só Yudi, mas uma porção de
descendentes leste-asiáticos vivenciam. Em conformidade a isso, disse Martin Luther King
‘’Nada no mundo é mais perigoso que a ignorância sincera e a estupidez conscienciosa.”,
desse modo, sendo esse preconceito estereotipado uma mazela para a sociedade brasileira, o
filósofo alemão Kant (2001) contribuiu dando uma possível reflexão ‘’O homem não é nada
além daquilo que a educação faz dele’’(apud TEODORO, 2010, p.4). Portanto, a educação
configura uma das alternativas para a disseminação de noções verossímeis sobre a etnia
asiática, e em especial, a japonesa, em consonância com o pedagogo Paulo Freire (1921-1997)
‘’a educação não é uma mera transmissão de conhecimentos, mas sim uma prática social que
deve ser orientada para a conscientização e emancipação das pessoas.’’(apud GOTTARDI,
2023). Se a estereotipização nipônica—em sua extensão, dos descendentes nipônicos no
território do Brasil– é um desdobramento da ignorância da comunidade brasileira sobre o
modo de vida originada da ilha do Japão, a educação é a deliberação capaz de mudar a
mentalidade de uma geração que considera esses indivíduos indubitavelmente ‘’gênios’’,
‘’trabalhadores compulsivos’’, ‘’emocionalmente frios’’’ e ‘’fanáticos’’(ITO, 2020). Nesse
contexto, o mangá tem um grande potencial como aliado do ensino, na opinião de Mussarelli
(2013), os quadrinhos japonês tem uma aptidão de material de referência, não obstante alguns
não ter claras referências a cultura nipônica ou optarem em criar um próprio mundo, esse
gênero reverbera várias facetas de um único povo.

Ainda que possa ser irreal, o Japão caracterizado nas páginas dos mangás publicados
no Brasil representa signos os quais refletem e refratam as ideologias constituintes
do que entendemos como "cultura japonesa". Diversas vozes ecoam nos quadrinhos
japonesas, algumas puramente idealizadas, outras inteiramente imersas no cotidiano
cultural do oriente.
Todavia, certas obras são capazes até mesmo de referenciar culturas não-nipônicas, tal como,
As Memórias de Vanitas (MOCHIZUKI, 2023) —o qual será discorrido mais adiante—onde
parafraseia e ambienta diversos aspectos da França vitoriana enquanto desenvolve um próprio
mundo mitológico adjacente. No âmbito das obras em que se demonstra a realidade japonesa,
tem-se o mangá Kaguya-sama: Love Is War, de um sub gênero dos quadrinhos japoneses
nomeado slice of life5,que acompanha a vida de vários colegiais japoneses—e apesar de ser

5
Fatia de vida(Slice of life), ou "nichijou" em japonês, refere-se a eventos que ocorrem diariamente,
como se preparar para o dia, tarefas domésticas leves, desfrutar de um hobby ou preparar refeições. Esses
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uma comédia romântica–é apropriado em ensinar ao autor sobre a vida do estudantes de uma
escola de ensino médio de elite, além de ter claras citações a mitologia japonesa como no caso
da ‘’Lenda da princesa Kaguya’’, em que, curiosamente, os nomes das personagens do elenco
principal se baseia. Porquanto, ao mesmo passo que a literatura japonesa em quadrinhos serve
como uma catarse para o leitor, independente da ciência dele, aprende-se repertórios culturais
no que se refere a costumes nipônicos, e ocasionalmente, até fora do japão. Para os
consumidores mais ávidos, o mangá tem a possibilidade de ser um aguçador do interesse ao
estudo da cultura japonesa, como explica E.Brenner (2007) em seu livro:

Na minha experiência, os fãs de mangá são uma comunidade inteligente e


aventureira. Esses leitores pesquisam mitologia e história; discutem os detalhes do
enredo, figurino e atos de significado cultural; aprendem a ler, escrever e falar
japonês; anseiam por visitar os santuários e cidades movimentadas do Japão; e na
minha[cidade] em cada volume leem informações sobre história, lugar e período.
Eles decifram cada novo símbolo ou referência que não conhecem, muitas vezes
conversando com outros fãs, e tentam descobrir por que seu próprio senso de humor
é diferente do dos escritores e leitores japoneses. Estes leitores estão conscientes de
que, embora vivamos numa cultura global, ainda existem diferenças de atitude,
superficiais e mais profundas, entre culturas que intrigam, divertem e iluminam
aqueles que as observam.(ibid, p.13, tradução nossa)

3.2.3. Entre catarse literária e objeto de conhecimento estrangeiro: quadrinhos japoneses


sendo uma ferramenta pedagógica

Comprovado tanto a mimese e a catarse, bem como um reflexo da sociedade japonesa,


amplia-se o mangá para um possível uso como contextualizador dos comportamentos de uma
nação e contextualizador de diversas disciplinas, prova disso são as pesquisas de Costa, Dias e
Hadler (2011) sobre ’’correlações entre Nietzsche e a arte dos mangás’’, o trabalho de
Bittencourt (2018) acerca do ‘’Cidadão Ken e o hibridismo na identidade do homem
contemporâneo representado em Tokyo Ghoul’’, o TCC de Licenciatura de Almeida (2022)
defende ‘’O ensino de Física e o uso de mangás como recurso didático’’, na área da sociologia
‘’Mangá como uma ferramenta pedagógica: Fullmetal Alchemist’’ de Sousa (2021) ou mesmo
a monografia Nogueira (2022) com o tema ‘’O papel da escrita como meio de
desenvolvimento pessoal no anime Violet Evergarden’’. Vale acrescentar que a maior parte
dessas obras foram escritas por graduandos em algum curso de licenciatura do ensino superior
nacional, o que mostra que muito em breve a aplicação didática desse tipo de literatura
parcialmente visual e vinda do Japão tende a se popularizar no meio escolar. Este trabalho

eventos diferem dependendo do cenário, mas acima de tudo são considerados ações comuns e cotidianas que
nem sempre seguem um enredo central.(ANIME-PLANET, 2023, tradução nossa)
10
destrinchá-la-á certas composições japonesas que detém relevância não só como objeto de
lazer, mas como forma de repertório cultural de algum modo.

3.2.4. ‘’As memórias de Vanitas’’ e as referências à cultura vitoriana

‘’As memórias de Vanitas’’ —popularmente reconhecido como Vanitas no Carte ou,


em inglês The Case Study of Vanitas— é um mangá serializado pela revista Monthly Gangan
Joker da Square Enix desde de dezembro de 2015 e publicado no Brasil pela Editora Panini
Comics apenas neste ano. O sub gênero classifica-se como ‘’Fantasia Sombria’’,
‘’Steampunk’’ e ‘’Supernatural’’ (WIKIPEDIA, 2023b, tradução nossa). Sendo um caso
raro, é um mangá de fantasia sombria escrito e ilustrado por uma mulher: Jun Mochizuki, já
que as mangakás6 do sexo feminino geralmente fazem publicações na demografia
shoujo—voltado ao público feminino jovem—, entretanto, Jun escolheu a demografia
shōnen–público masculino jovem— para sua criação. Essa primeira constatação já demonstra
parte da premissa incomum da criadora. Para melhor contelização, segue-se a sinopse da
narrativa nipônica:

Noé, um jovem vampiro que passou a maior parte de sua vida no interior da França,
é enviado por seu professor a Paris com a missão de encontrar e avaliar um temido
item chamado de Livro de Vanitas. Segundo as lendas, trata-se de um objeto
amaldiçoado criado pelo Vampiro da Lua Azul com o propósito de vingar-se dos
demais vampiros pela rejeição que sofreu. O livro teria o poder de interferir com
seus Verdadeiros Nomes, causando descontrole e sede de sangue. Um incidente na
aeronave em que está vindo à capital faz com que Noé fatidicamente cruze caminhos
um rapaz humano que se apresenta como "um médico especializado em vampiros",
autointitulado Vanitas e herdeiro do Livro. Intrigado pelo potencial do artefato e pela
própria figura de Vanitas, Noé decide acompanhá-lo e se vê envolvido numa trama
mais complexa do que pressupunha.(WIKIPEDIA, 2023a)
Sendo ambientado em uma França com elementos fictícios e uma linha do tempo
levemente modificada, a história se passa na Era Vitoriana, mais especificamente em 1889, e
por causa disso, traz ao leitor vários locais baseados em localidades reais. A exemplo, a
Galerie Valentine ‘’baseia-se diretamente na Galerie Vivienne, uma das passagens cobertas
de Paris e considerada um dos monumentos históricos da cidade. Em particular, a entrada
mais comumente retratada em The Case Study of Vanitas é a da Rue des
Petits-Champs.’’(JUN MOCHIZUKI WIKI, 2023a, tradução nossa). Isso se deve ao fato que
a autora visitou Paris e isso inspirou-a para pesquisar mais e basear seu trabalho na cultura
ascendente do país. Entretanto, há pequenas divergências oriunda da criatividade e
conhecimento de Mochizuki sobre a história da França, a prova disso é a ciência de um

6
Mangaká (em japonês: 漫画家 lit. cartunista ou quadrinhista) é a palavra usada para um quadrinhista
ou artista de banda desenhada no Japão.(WIKIPEDIA, 2023b).
11
projeto de Jules Bourdais proposto em 1885 para competir com a atual Torre Eiffel no
Exposition Universelle de 1889, porém, por ser uma estrutura aparentemente instável e cara, a
ideia de Gustave Eiffel foi contemplada e o projeto de Jules nunca foi feito. Tendo feito tal
pesquisa, a mangaká misturou o design original da construção com a Torre de Babel e assim
incorporou a ‘’Torre do Sol’’ ao universo de Vanitas no Carte (JUN MOCHIZUKI WIKI,
2023b, tradução nossa). O próprio Vanitas–a qual referência do nome será logo exposta—
refere-se a construção como ‘’sem graça’’ e reclama de não terem usado a sugestão de
Gustave Eiffel, bem como compara o edifício em construção com a Torre de Babel,
(MOCHIZUKI, 2023, capítulo 21, p.17)mostrando o domínio da escritora acerca da história
vitoriana gaulesa, bem como a curiosidade que ela tenta provocar no ledor acerca dessa linha
do tempo alternativa, a qual dissemina certos saberes factuais.
Imagem 2-Galeria Valentine no mangá

Fonte: MOCHIZUKI, 2023, capítulo 2, p.20


Imagem 3- Galerie Vivienne: Galerie Valentine na vida real

Fonte:JUN MOCHIZUKI WIKI, 2023a

12
A personagem principal que se nomeia como ‘’Vanitas’’ e é um paralelo a um gênero
artístico que floresceu nos Países Baixos no início do século XVII, caracteriza-se por
naturezas-mortas que expõem objetos que simbolizam inevitabilidade da morte,
transitoriedade e vaidade das realizações e prazeres terrenos. ‘’A palavra vanitas vem do latim
e significa vaidade. A vaidade é referenciada no Antigo Testamento da Bíblia em Eclesiastes
12:8 , ‘Vaidade das Vaidades, diz o pregador, tudo é vaidade’’(WIKIPEDIA, 2023d). Os
objetos pintados geralmente são símbolos de artes e ciências (livros, mapas e instrumentos
musicais); objetos relacionados à riqueza e poder (bolsas, jóias, objetos de ouro) e, sobretudo,
símbolos de morte ou transitoriedade (crânios, relógios, velas acesas e flores). Dentre esses, a
ampulheta chama a atenção pela incorporação desse apetrecho no design de personagem de
Vanitas, como um brinco na orelha esquerda, sendo uma herança do indivíduo o qual seu
pseudônimo teve origem, mais tarde, torna-se um lembrete constante para o leitor que a
personagem ‘’não tem muito tempo’’, já que a história trata-se de memórias póstumas sobre
Vanitas contadas por Noé. A identidade visual dos quadrinhos e capas dos volumes tem direta
inspiração a esse segmento artístico, como observado nas engrenagens—um traço inerente à
estética Steampunk em que há um tecnologia impulsionada por uma fonte de energia
mágica–e copiosas caveiras que enfeitam várias partes das ilustrações.(ENCYCLOPAEDIA
BRITANNICA, 2019; WIKIPEDIA, op cit.; SILENTIO, 2022)
Imagem 4- Capa do primeiro volume
(repare nas caveiras e jóias áureas) Imagem 5: Vanitas—Pieter Claeszoon

Fonte:JUN MOCHIZUKI WIKI, 2023c Fonte: Wikipédia, 2010

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O usuário Silentio (2022, tradução nossa) fez uma correlação entre o significado no
latim de ‘’vaidade’’ e o fato do abandono do verdadeiro nome—que para os vampiros dessa
obra são como a própria vida— causa uma interpretação diferente sobre o propósito de Jun
Mochizuki em tal escolha de nome:

Depois, há o próprio Vanitas: logo no primeiro capítulo aprendemos que este não é o
Vanitas da lenda nem este é o seu nome 'original'. Em vez disso, ele “herdou” o
nome, como um título; e isto é particularmente interessante devido ao significado
latino do nome. É 'vazio, inutilidade'; 'vanitas vanitatum' é uma fórmula clássica que
afirma que tudo no mundo material não tem valor e você deve se preocupar apenas
com questões espirituais (aliás, esta frase é na verdade uma tradução do hebraico
'hevel hevelim', é encontrada no 'Qohelet ', e deveria ser sobre como tudo é, em
última análise, vazio, mas você deve reconhecer Deus como seu criador de qualquer
maneira). Ter 'Vanitas' como nome de nascimento aponta para pais horríveis (e
provavelmente não é o caso, como veremos mais adiante no mangá); mas jogar fora
seu nome de nascimento, o nome que seus pais escolheram para você representar seu
lugar na vida deles, a maneira como você se acostumou a pensar sobre si mesmo, e
substituí-lo não por algo que você acha que melhor representa você, mas que
basicamente significa que você não vale nada é… algo que deveria ter nos dado uma
pista sobre a verdadeira personalidade de Vanitas muito antes, na verdade.
Se o anacronismo7 é corriqueiro à temáticas históricas anteriores à um certo período
literário—ou seja, um contexto que o escritor não está realmente inserido—, Mochizuki
dispõe de um domínio e excelência na cultura gálica e europeia, como nos nomes das figuras
da narrativa, seja uma construção(como fora apontado anteriormente) ou personagens. Dito
isso, citar-se-á a deuteragonista Jeanne, o qual a designação se dá pela figura histórica de
‘’Jeanne d'Arc’’ou ‘’Joana d'Arc’’, uma santa francesa canonizada pela Igreja Católica, foi
uma exímia guerreira na Guerra dos Cem Anos(1337-1453) até ser condenada à fogueira por
ser considerada uma ‘’bruxa’’ pelo clero da Idade Média (VNCTHINGS, 2016; WIKIPEDIA,
2023f ).
Nessa óptica, outro paralelo é a arma que Jeanne usa: Manopla Carmesim’’Carpe
diem’’, a qual é ‘’parte da frase latina carpe diem quam minimum credula postero
(literalmente: 'aproveita o dia e confia o mínimo possível no amanhã'), extraída de uma das
Odes, de Horácio’’(id., 2023g). O conselho dado pelo poeta é ‘’não se preocupar se viverão
muito ou pouco mas beber e aproveitar o presente, pois o futuro é incerto’’(id., 2023g). Tal
fala condiz com o conceito da personagem inspirada em Joana d’Arc, como citado em um dos
capítulos da obra: ‘’a maioria dos Bourreaus [lit. Carrasco em francês] se torna inútil quase
que imediatamente’’(MOCHIZUKI, 2023, capítulo 39, p.24). O Bourreau é ‘’uma pessoa que
executa uma sentença de morte ordenada pelo Estado ou outra autoridade legal, que era
conhecida na terminologia feudal como alta justiça.’’(VNCTHINGS, 2016, tradução nossa).
7
Anacronismo (do grego ἀνά "contra" e χρόνος "tempo") é qualquer parecer, leitura ou julgamento
sobre um acontecimento ou elemento histórico de maneira a situá-lo numa temporalidade distinta da sua época
original.(WIKIPEDIA, 2023e)
14
Há uma ironia intrínseca no equipamento de alguém condenado à uma vida de serviço
compulsório significar literalmente "aproveita o dia" ou "desfruta o presente’’(WIKIPEDIA,
2023g) quando tanto o executor quanto o executado estão muito pouco desfrutando de um
presente pleno, o Borreau impede a vidas dos outros para cumprir ordens do Estado, como a
própria Jeanne constatou ‘’Esqueci que era uma boneca, esqueci que deveria ser uma
ferramenta…sem vontade própria’’(MOCHIZUKI, 2023, capítulo 39, p.29). Ao ritmo da
passagem dos acontecimentos, vê-se a mulher amadurecer e se apaixonar, configurando uma
mudança que reflete até mesmo em um corte de cabelo–ainda que inaceitável na Era Vitoriana
uma moça ter cabelo curtos— a autora certamente quis trazer uma personagem extremamente
forte que aprende a sentir emoções novamente, depois de ser forçada a sujar as mãos por ser
um carrasco.
Imagem 5- Jeanne como uma ‘’lenda viva’’ nos primeiros capítulos

Fonte:MOCHIZUKI, 2023, capítulo 3, p.31


Imagem 6- Jeanne após reconhecer o amor

Fonte:MOCHIZUKI, 2023, capítulo 45, p.13

15
Perdurando nas alusões contidas nos nomes das personagens, a nobreza vampírica no
universo de Memórias de Vanitas reúne a ‘’Casa de Sade’’, que é diretamente inspirada pelo
figura real do Marquês de Sade—a qual é implicitamente pai da outra deuteragonista
feminina—e foi caracterizado pelo sexualidade e erotismo, sendo que o termo ‘sadismo’’
originou-se de tal. A deuteragonista em questão é Dominique de Sade e em que uma das
tramas que segue a personagem envolve a influência da reputação ardilosa e serem ‘’rudes,
frívolos e hedonistas’’(JUN MOCHIZUKI WIKI, 2023e, tradução nossa). Em um capítulo
adjacente a trama principal, Dominique reflete o significado do verbo ‘’customizar’’ como
não só algo físico, mas’’ um ato de encobrir a verdadeira natureza para que seja visto como
outra coisa ‘’(MOCHIZUKI, 2023, capítulo 60.5, p.5). Uma simples frase sintetiza a
aspiração da figura fictícia em desvincular-se das ‘’amarras’’ da família e ter a própria
identidade.
Imagem 7- A arte de ‘’customizar’’ a verdadeira natureza

Fonte:MOCHIZUKI, 2023, capítulo 60.5, p.5

16
É interessante destacar que nesse universo, assim como o gaulês arcaico, as pessoas
referem-se a mulheres solteiras como Mademoiselle (equivalente à ‘’senhorita’’ na língua
portuguesa) e homens são, por cortesia social, intitulados junto a Monsieur (basicamente,
‘’senhor’’), dando ao leitor um panorama dos fato sociais que atuavam no fim do século XIV
no território da França. Análogo à isso, todos os capítulos tem títulos em francês e em japonês
em seguida(traduzido ao Inglês e Português no lançamento nacional).Há a reprodução de
frases de indivíduos não-fictícios como, por exemplo, a frase reproduzida de Príncipe de
Ligne sobre o Congresso de Viena (1814-1815) pela irmã de Dominique acerca do Senado
dos Vampiros, a qual traduzida significa ‘’O Congresso não anda, ele dança!’’, ao que se
refere à balbúrdia que a Reunião do Senado tornou-se com a desobediência de Jeanne em
executar uma amiga antiga , tal fala também é útil para ditar a personalidade devassa e astuta
dos outros membro dos De Sade em contraste com Dominique em algumas
situações.(MOCHIZUKI, 2023, capítulo 43, p.19)
Imagem 8- Intertextualidade explícita no capítulo ‘’Encens Restant: Aroma Persistente de um Sonho’’

Fonte: Ibid., capítulo 43, p.19

17
As questões sociais do período são sutilmente expostas no arco da ‘’Betê de
Gévaudan’’ (utilizar-se-á a tradução literal de ‘’Besta’’ ao invés de ‘’Betê’’, o qual configura
uma provável adaptação fonética). Nessa secção da narrativa de Vanitas no Carte, Noé e
Vanitas seguem para a província de Gévaudan (hoje Lozère e Haute-Loire) pelo retorno do
lobisomem ‘’Besta de Gévaudan’’, um nome análogo a um nome histórico gaulês de um
animal explicado a seguir:

A Besta de Gévaudan ou Lycopardus parthenophagus (em francês: Bête du


Gévaudan) é o nome histórico associado ao lobo cinzento, cão-lobo ou hiena que
aterrorizou a antiga província de Gévaudan (departamento moderno da Lozère e
parte do Alto Loire), nas montanhas Margeride, no centro-sul do Reino da França,
entre 1764 e 1767. Os ataques, que cobriram uma área de 90 por 80 quilômetros,
eram cometidos por uma besta ou animais que tinham dentes formidáveis ​e caudas
imensas, segundo relatos de testemunhas oculares contemporâneas.(WIKIPEDIA,
2023h, grifo do autor)
Diferente da história original, nessa composição literária as mortes ocorrem por um
vampiro: Jean-Jacques Chastel. Inato à mangaká Jun Mochizuki, o nome dessa personagem é
uma inspiração acerca do fazendeiro responsável pela morte da Besta, denominado apenas
como Jean Chastel, que estava a caçando pelo comando do Marquês d’Apchier—por sinal,
família da outra antagonista desse arco. A mazela resoluta no final do arco revela que a Igreja
Católica desse universo manipulou essa lenda rural para encobrir os assassinatos dos suspeitos
de serem vampiros, isto é, antes de Jean incorporar a Besta, não passava de um mito com a
finalidade de esconder os erros clericais(JUN MOCHIZUKI WIKI, 2023f).
‘’Literatura é linguagem carregada de significado. Grande literatura é simplesmente
linguagem carregada de significado até o máximo grau possível’’ dissertou Ezra Pound
(2006), independente da definição individual do que é ‘’grande literatura’’, é razoável que a
escritora nipônica a qual está sendo analisada é exímia em empregar significados, alusão e
paráfrases coerentes ao momento em que o enredo desenrola-se. Se o mangá é um válido
recurso didático, então, considerando que esse gênero, bem como ‘’As memórias de Vanitas’’,
são indicados para jovens na faixa de 16 anos, a curiosidade, a fomentação do desejo de
conhecer, seja acerca de um contexto decorrido no Japão, ou em uma ficção da Era Vitoriana
gaulesa, é a chave para uma necessidade humana teorizada por Hobbes (2003) em Leviatã:

18
O desejo de saber o porquê e o como chama-se CURIOSIDADE,

e não existe em nenhuma criatura viva a não ser no homem. Assim,

não é só pela razão que o homem se distingue dos outros animais, mas

também por esta singular paixão. Nos outros animais, o apetite pelo

alimento e outros prazeres dos sentidos predominam de modo tal que

impedem toda e qualquer preocupação com o conhecimento das

causas, o qual é uma lascívia do espírito que, devido à persistência do

deleite na contínua e infatigável produção do conhecimento, supera a

fugaz veemência de qualquer prazer carnal.(ibid., p.82)

Em resumo, uma leitura do mangá Vanitas no Carte pode vir a aguçar a curiosidade
por esse período histórico, além de que o própria obra em si traz um panorama e como se
vivia na época, um leitor, então, pode valer-se dessas alusões e saberes para o repertório
cultural próprio, e se estimulado desde a infância, tem um potencial de ampliar o
conhecimento de mundo do receptor.
Por último, não obstante enuviado pelos elementos históricos e mágicos da trama, essa
narrativa tem uma capacidade catártica de certas situações que o ledor pode se assemelhar
com um personagem. Ao final do arco da Besta de Gévaudan, têm-se o protagonista Vanitas
lembrando das palavras do ‘’Vanitas da Lua Azul’’ —de quem ele herdou o nome
atual—apesar de um flashback pode servir como um conselho ou alívio ao leitor se essa
situação lhe dizer respeito.

‘’Estamos todos sós. Seja humano ou vampiro…isso não muda. É impossível


entender alguém completamente. Sem dúvida muitas pessoas vivem sem mesmo
entender a si mesmas. Por esse motivo..Pessoas se aninham, compartilhando seu
calor. Um dia... É mesmo, depois de eu partir… Eu espero que você tenha alguém
que esteja perto de você assim... Não. Tenho certeza que você terá. Desde que você
não feche o coração. Se você evitar isso, então eu sei…Que mesmo que pareça
sozinho, não estará. Assim como vocês dois estão comigo... Até você, que é sempre
tão frio, encontrará alguém que irá mantê-lo aquecido’’[fala do Vanitas original]
(MOCHIZUKI, 2023, capítulo 42, p.35-36, grifo nosso)
O Vanitas humano(diferente do original, que é o primeiro Vampiro da Lua Azul) é um
indiscutível herói byroniano8, o qual foi capaz de abandonar seu nome e identidade por
‘’vingança’’ contra o Vanitas da Lua Azul. Segue-se, entretanto, o comportamento abnegado e
sacrificial de uma pessoa rude e dissimulada. um dos pontos fortes é o desprendimento de Jun
Mochizuki com o protagonista com ideais perfeitos e inabaláveis, Noé pode fazer o papel de
8
O herói byroniano é um arquétipo ou personagem modelo que se desvia dos padrões morais de sua
sociedade, mas ao mesmo tempo é capaz de grande afeição por uma pessoa. Um herói byroniano típico possui
nível alto de inteligência, introspecção, tendências sedutoras e, muitas vezes, origem aristocrática ou nobre (que
pode ser identificada pelo nome da personagem ou seu estilo de vida) (WIKIPEDIA, 2023i, grifo do autor)
19
idealista como segundo protagonista, mas uma personagem principal imperfeita e
extremamente humana como Vanitas é o que faz essa obra mais interessante, não sabemos
pouquíssimo do passado dele, da relação com o Vampiro da Lua Azul original e a ignorância
que é aos poucos fomentada com os fragmentos de informações sobre ele que são oferecidos,
Nesse ponto, a escritora é hábil em atrair a ambição do leitor por entender a trama por
completo.
Imagem 9-O tema ‘’salvação’’ na relação entre Vanitas e Noé

Fonte:MOCHIZUKI, 2023, capítulo 18, p.58

3.2.3. O drama da adolescência e a retratação de Kaguya-sama: Love is War

Indo para uma ambientação mais próxima à realidade juvenil, Kaguya-sama wa Kokurasetai:
Tensai-tachi no Renai Zunousen (lit."Kaguya quer ser confessada: A guerra dos gênios de
amor e cérebros") adaptado ao Brasil apenas como ‘’Kaguya-sama: Love Is War’’ retrata o
cotidiano do conselho estudantil9 de uma escola particular de Ensino Médio no Japão,
entretanto, o ‘’Love is War’’(amor é guerra, em inglês) mostra uma particularidade no
andamento e a premissa da obra do mangaká masculino Aka Akasaka, acompanha-se a
sinopse do enredo desse mangá:

9
Conhecido também por grêmio estudantil, trata-se de um grupo de pessoas responsáveis por cuidar das
atividades e ações de cada aluno, com os clubes e atividades fora do tópico, sendo uma espécie de organização
escolar de alunos.
20
Na divisão do ensino médio da Academia Shuchiin, a presidente do conselho
estudantil, Miyuki Shirogane, vice-presidente, Kaguya Shinomiya, parecem ser uma
combinação perfeita. Kaguya é filha de uma família rica de um conglomerado , e
Miyuki é o melhor aluno da escola e bem conhecido em toda a província. Embora
gostem um do outro, são orgulhosos demais para confessar seu amor, pois acreditam
que quem o fizer primeiro “perderá” no relacionamento. A história segue seus
diversos esquemas para fazer o outro confessar ou pelo menos mostrar sinais de
afeto.

No meio da série, eles conseguem se confessar. A partir daí, o foco muda para como
eles avançam em seu relacionamento e como lidam com os obstáculos restantes. A
presença e a complexidade de vários outros personagens também aumentam
notavelmente com o tempo.(WIKIPEDIA, 2023k, tradução nossa)
Um conceito de ‘’amor é guerra’’ é inevitavelmente estranho, o romantismo grita uma
idealização do amor terno, paciente e expresso em belas palavras, no concepção do escritor,
entretanto, o amor pode ser assim às vezes, mas na maior parte das vezes é incompreensível e
uma verdadeira luta, seja para aceitar, dar ou confessar essa emoção. Desse modo,
Kaguya-sama é uma narrativa que causa catártica–não só com a ideia do amor— e uso da
paródia.
O capítulo 110 nomeado ‘’Yu Ishigami Quer Conversar’’ faz uma mistura entre a
metalinguagem e uma paródia sobre a própria situação do mangá. O contexto faz um dos
protagonistas, Yu Ishigami–um entusiasta fã de mangás– descobre com Shirogane que a obra
na revista que eles leem toda quinta na sala do conselho estudantil será adaptada em
anime(animação de origem japonesa), a partir daí, uma agitação— do tipo clássico original à
a essa obras, ou seja, com monólogos e batalhas mentais entre as personagens– se instala e as
duas outras integrantes do conselho estudantil provocam uma situação cômica ao evocar que,
porque os dois meninos estavam empolgados para o anime, eles eram otakus10, ou seja,
preguiçosos estranhos e fanáticos. Então, Miyuki nega com todas as forças esse rótulo,
enquanto Yu se arrepende de dizer que gosta de anime. A questão é que além desse capítulo se
motivar da adaptação de Kaguya-sama para seriado animado, brinca-se com o estereótipo de
otaku que ‘’condena’’ a reputação de alguém que consome animes e mangás. Há uma crítica
sutil sobre como um rótulo como ‘’fanático por animes e mangás’’ é incorretamente atribuído
a pessoas que já viram um anime ou leram um capítulo de mangá, a qual agrava o preconceito
com essas narrativas em forma de quadrinhos.

10
Otaku (おたく, オタク, ou ヲタク?) é um termo japonês usado para se referir principalmente a pessoas
com interesse especial em animes e mangás.[...] Otaku pode ter significado pejorativo; seu significado
pejorativo, que decorre de uma visão estereotipada dos otaku como "excluídos da sociedade"(WIKIPEDIA,
2023l)

21
Imagem 10- Os ‘’tipos de Otaku’’

Fonte:AKASAKA, 2022, capítulo 110, p. 12


Do mesmo modo que a adolescência não é só lazer, essa composição apresenta
reflexões sobre a vida intensa de estudos do Ensino Médio, em que a ansiedade de terminar a
escola é comum a todos os alunos. Assim como citado, Shirogane é o melhor aluno da escola,
sua entrada na escola depende do seu desempenho escolar extraordinário, visto que ele nao
vêm de uma família abastada. O que chama atenção é a mentalidade de Miyuki, incomparável
presidente do conselho e o pilar inabalável, e sua devoção aos estudos—em paralelo com os
empregos de meio-período– ele mesmo opina ‘’ só o esforço pode superar o talento natural’’ e
desde o começo da obra detém de uma vontade ímpar de superar todos, o seu orgulho como o
número 1 nos estudos mesmo contra a gênia e interesse amoroso Kaguya Shinomiya é o
principal obstáculo para ambos não confessarem seus sentimentos e vincularem-se em um
namoro. Na primeira impressão, Shirogane pode parecer o típico protagonista que não tem
defeitos e não tem limites na sua capacidade de vencer. No arco apelidado de ‘’The First Kiss
Never Ends’’, todavia, a resolução e o monólogo de Miyuki vêm à tona para o leitor. Assim
que Kaguya e Miyuki compartilham o primeiro beijo, a estudante expõe que que um tipo de
relacionamento ‘’onde que tudo é exposto’’, sem o impedimento do orgulho

22
deles(AKASAKA, 2022, capítulo 148, p. 15). Em conseguinte, o menino tem seus
pensamentos expressados nos quadrinhos desenhados, em que infere que só um génio natural
como Shinomiya poderia dizer com certeza algo assim, ele se revela sendo um ‘’fraco e
covarde’’, fora da mente dele, ele avisa ao pai que vai comer o jantar como ‘’lanche da
meia-noite’’, um detalhe calculado para mostrar que o problema da privação de sono
recorrente à Shirogane é um escapismo, uma forma de solucionar seu senso de inferioridade,
porque ele nunca se acha realmente capaz ou ‘’abençoado com talentos’’. Miyuki, portanto,
sacrifica sua integridade física e mental para poder se ‘’igualar’’ aos gênios como Kaguya. A
‘’batalha do amor’’ era motivada para provar que Shirogane seria capaz de ser digno de estar
no mesmo nível de Kaguya, um sentimento motivado pela própria estima baixa de Miyuki e
não um amor perfeito e irracional.
Imagem 11- Mensagem sutil interrompe o monólogo Imagem 12- Painel que remete a sua motivação

Fonte:AKASAKA, 2022, capítulo 148, p. 16 Fonte:AKASAKA, 2022, capítulo 148, p. 17

23
4. Pesquisa Bíblica

‘’Ou será que Deus é somente Deus dos judeus? Será que não é também Deus dos não
judeus? Claro que é! Deus é um só e aceitará os judeus na base da sua fé e também aceitará
os não judeus por meio da fé que eles têm.’’ Romanos 3:29-30 NTLH
Propósito: Ensino, Criatividade

24
5. Conclusão

O ‘’mundo globalizado’’ é um tema fortemente discutido nos dias atuais, e a


exportação de produtos culturais(filmes,séries e livros estrangeiros) cresce diariamente, sendo
o mangá uma criação japonesa, inevitavelmente atingiria as livrarias brasileiras, o
aproveitamento dele como material de lazer e como repertório educacional e cultural é uma
questão de abertura que a sociedade tem para ‘’abraçar’’ culturas diferentes.
Os dois mangás analisados, primeiro, As memórias de Vanitas com um design e
histórico entrelaçado com uma era arcaica da França, segundo, Kaguya-sama: Love is War,
com sua liberdade criativa e desprendimento com os padrões impostos à comédia romântica,
configuram apenas parte de uma coleção de literaturas nipônicas, que como qualquer obra
literária, tem o poder de traduzir uma realidade, e dependendo do gosto do ledor, aguçar a
sede de conhecimento. ‘’’O declínio da literatura indica o declínio de uma nação.’’ citou
Goethe, se uma literatura nacional estiver empobrecida de obras proveitosas ao conhecimento
e a curiosidade—tão importante ao desenvolvimento humano—daquele que consome, é
impossível usufruir de composições de fora do país? Este trabalho argumenta que não, o
preconceito com a Literatura Japonesa é um entrave para conhecer mais o mundo fora do
Brasil. Literatura é cultura e o mangá tem a capacidade de reverberar a voz de alguém que o
publica, além de disseminar o saber que esse detém, como no caso no domínio da história
gaulesa de Jun Mochizuki expõe.
Espera-se que esta dissertação não seja uma conclusão absoluta sobre as atribuições
que o gênero nipônico mangá pode adquirir, mas busca fomentar o interesse ao potencial
didático–além de primariamente ser um lazer desinteressado–que esse ramo literário retêm.

25
6. Bibliografia

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