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Resumo
Este trabalho objetiva proporcionar a reflexão em relação ao ensino dos clássicos
literários, que têm sido enfrentados pelos alunos como verdadeiros desafios. Ao se
considerar a leitura de obras de linguagem comercial, ou seja, literatura de massa,
como o caso dos Best-Sellers mais atraentes e/ou até mesmo por não
compreenderem o universo histórico em que grande parte das obras clássicas se
encontram. A pesquisa trata-se de um levantamento bibliográfico, trazendo autores
que relacionam teorias literárias no processo de ensino. Compreende-se, desta
forma que os resultados de uma prática pedagógica contextualizada em que o
docente considera o contexto social em que seus alunos estão inseridos e, a partir
disso, repensa em sua metodologia introdutória aos estudos de obras canônicas,
mostra-se imprescindível neste processo dinâmico.
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Após o desfecho da segunda guerra mundial, houveram grandes mudanças
econômicas e sociais, que, por sua vez, impulsionaram significativamente a
urbanização e a alfabetização, proporcionando que uma grande camada da
sociedade estivesse hábil para leituras.
Ler os clássicos torna-se um elemento essencial na construção da
personalidade literária do leitor. Para iniciar a nossa reflexão referente ao assunto
central “Por que ler os clássicos?” suscitamos um breve esclarecimento sobre a
configuração de uma obra literária considerada clássica. Nessa perspectiva, Calvino
(1993, p1) caracteriza as obras consagradas como “ Os clássicos são aqueles livros
dos quais, em geral, se ouve dizer: ‘ Estou relendo...’ e nunca ‘Estou lendo’.
Partindo desse pressuposto, consideramos os clássicos como livros
canonizados, que, sua universalização torna-se cultura de uma sociedade que direta
ou indireta consegue estabelecer relações intertextuais com tais obras ou que, no
mínimo reconhece trechos ou até mesmo por seu grau de autoria.
1 Literatura de massa
Para Aranha e Batista (2009), os autores salientam, que, tais mudanças
sociais, foram propulsoras da expansão do universo textual, descentralizando o livro
como uma ferramenta unicamente elitista e, sendo objeto da grande massa popular,
ou seja, das grandes camadas, que antes não tinham contato direto com a escrita,
chamamos assim, o acesso em grande escala a literatura, que tem uma grande
demanda de consumo, por Literatura de Massa.
Nessa concepção de venda da literatura em massa, a cultura escrita começou
a trabalhar com novos critérios linguístico, para atingir esse público-massa, Alfredo
Bosi expõe essa nova ideologia de cunho de produção literária como:
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Para o leitor interessado, a distinção entre alta literatura e literatura de massa é
completamente sem sentido. O que vale é o seu gosto, o seu prazer”
A literatura de massa, conhecida por literatura de entretenimento, na visão de
Paes (1990), pode ser utilizada como ferramenta potencializadora do processo de
desenvolvimento do prazer e, do habito pela leitura, adquirindo o leitor às
competências interpretativas para outros graus de complexidade de leitura,
alargando as percepções que o texto escrito literário proporciona, porém, advertimos
que a leitura literária não pode ficar restrita apenas a livros fáceis, mas, é uma
escala evolutiva, afinal, ninguém nasce leitor, tornamos leitores ao longo de um
processo de internalização de conceitos incentivadores da leitura.
A leitura dos clássicos, além de geralmente ser incentivada por si só, pelos
seus elementos estruturais estilísticos, em geral, a leitura dessas obras, em suas
características construtivas, demanda que o leitor tenha uma participação ativa, pois,
não estamos falando de livros subentende-se uma leitura facilitada e comercial,
objetivando atingir um público massa como o caso dos Best-Sellers. As obras
canônicas, cujos seus valores históricos e culturais foram colocados pedestalmente
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na relação ao universo literário, em sua demanda de interpretação necessita de
posicionamento ativo do leitor, que por sua vez, torna-se sujeito reflexivo no
processo de sistematização analógico entre obra e sua realidade.
Dessa forma:
Vale ressaltar que, nem toda obra literatura traz em seu bojo tais reflexões,
cabe muitas vezes ao professor proporcioná-las em sua prática pedagógica,
selecioná-las de modo que a leitura tenha finalidades perpassam a concepção de
mera apreciação estilística, mas que proporcione a desconstrução de estigmas. A
leitura dos clássicos literários, torna-se elemento reflexivo e emancipatório do
pensamento, promovendo a autonomia interpretativa do leitor que apropria de
elementos multiculturais.
Conclusão
O cânone literário, em qual as obras foram universalizadas por seus aspectos
estruturais, muitas vezes não são apreciadas pelo público jovem, restringindo-se a
leitura obrigatória para o vestibular ou sendo apreciados por leitores com maestria
em leituras tidas como mais densas e interpretativas. Entretanto, a cultura de leitura
de massa, dita como literatura de entretenimento, mostra-se sobre si uma possível
estratégica introdutória de obras com graus de complexidades mais elevados.
A pesquisa mostrou-se relevante por propor uma reflexão didática ao ensino
dos clássicos literários, de modo que as compreensões das manifestações da
literatura podem ser aplicadas ao público que estão habituados a leitura de
entretenimento.
Na problemática: Por que ler os clássicos? Concluímos que, sua leitura
proporciona significados e ressignificações multiculturais, de cunho social, histórico e
reflexivo que contribuem veementemente para formação do indivíduo em relação as
suas singularidades e também na interação compreensiva do universo plurático em
que está inserido.
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Referências Bibliográficas
ARANHA, Gláucio; BATISTA, Fernanda. LITERATURA DE MASSA E MERCADO.
Universidade Federal Fluminense: Revista do Programa de Pós-graduação Em
Comunicação, 2009. Disponível em:
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PAES, Jose. Paulo. A aventura literária: ensaios sobre ficção e ficções. São Paulo:
Companhia das Letras, 1990.
TODOROV, Tzvetan. Literatura não é teoria, é paixão. Revista BRAVO! Ano 12, n.
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