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Vayerá (O Senhor apareceu)

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Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Gênese, 18:1-22:24)

Sumário da Porção

A porção, VaYerá (O Senhor Apareceu), começa com a história dos três


anjos que vieram a Abraão e contaram a Sara que ela teria um filho.
Sara riu-se porque ela pensou que ela era demasiado velha para ter um
filho. Todavia, ela realmente teve um filho, cujo nome foi Ytzhák (Isaac),
chamado segundo seu Tzhók (riso).

Os anjos continuaram seu caminho para destruir as cidades de Sodoma


e Gomorra, pois muitos pecados estavam sendo cometidos lá. Lót e sua
família foram permitidos escapar, mas a esposa de Lót não obedeceu às
ordens dos anjos. Ela virou-se para trás para olhar e tornou-se um pilar
de sal. Lót e suas duas filhas conseguiram chegar a uma gruta. As filhas
de Lót estavam seguras que eles eram os únicos sobreviventes no
mundo, então elas enganaram seu pai para ter filhos com elas.

Mais tarde na porção, depois do pedido de Sara, Abraão expulsou Hagar


e Ismael para o deserto; o Criador ordenou Abraão sacrificar seu filho,
Isaac, e no último momento, um anjo impediu a execução. Abraão levou
um carneiro que ele havia encontrado preso em uma mata e ofereceu-o
ao Criador em vez de seu filho.

Comentário

Em “Prefácio para o Livro do Zohar”, uma das introduções de Baal


HaSulam ao Livro do Zohar, ele oferece uma explicação especial da
nossa percepção da realidade. A explicação detalha o lugar onde agora
nos encontramos como um quadro de emoções retratadas como
sólidos, gases e líquidos.

O Zohar e a sabedoria da Cabala explicam que percebemos a realidade


ao reagir a alguma coisa fora de nós, que nós não conhecemos, e a qual
transformamos em várias cores e materiais. Contudo, precisamos
adquirir sentidos adicionais e nos elevarmos a uma percepção da
realidade superior, acima dos nossos sentidos. É assim que
descobriremos o mundo superior.

O Livro do Zohar fala-nos na “linguagem dos ramos”, usando os termos


de nosso mundo. Ele conta-nos como podemos obter e sermos
impressionados com a nova forma, que é mais elevada que nosso
mundo. Por vezes nossos conceitos parecem-nos reais, tais como um
“pilar de sal”, a revolta de Sodoma e Gomorra, ou a história dos três
anjos, uma vez que “um verso não propaga o literal” (Masechet
Yevamot, 24a).

Todavia, devemos almejar ver estes conceitos como relacionamentos


entre nós na alma comum.

Os eventos da porção não são meros contos históricos; eles são fontes
que lidam com as conexões entre nós. O papel destas fontes é ensinar a
aqueles que desejam avançar e se elevar à nova percepção da realidade.
Elas mostram como examinar nossos desejos, qualidades, forças, e a
conexão entre eles. Deste modo, podemos desenhar a partir deles a
percepção da realidade que é chamada a porção, ”VaYerá”.
Com cada porção, devemos nos elevar mais alto até que cheguemos à
entrada da terra de Israel, onde todos nossos desejos visam doar,
em Dvekút (adesão), para que possamos começar o trabalho
verdadeiro. A Torá revela a luz que reforma, para que possamos avançar
desde receber a Torá a entrar na terra de Israel – um estado onde
podemos trabalhar com a inteira substância da Criação e com todos
seus desejos da maneira adequada. A palavra Éretz (terra), vem da
palavra, Ratzon (desejo, e a palavra Yisrael (Israel), vem das palavras
Yashar El (direito a Deus).
Os três anjos são três forças que existem dentro de nós: direita,
esquerda, e meio, pelas quais nós avançamos. Há o Abraão dentro de
nós, a linha direita. Abraão tem a Klipá (casca/pele) da direita, Hagar e
Ismael, e a Klipá da esquerda, Isaac e Esaú, com quem alcançamos a
linha do meio, Jacó, na conclusão do processo da correção.
Separamos todas as nossas forças mentais das qualidades que visam
dar e das qualidades que visam receber. No meio, entre elas, está a
combinação equilibrada das forças, a força de Chéssed (misericórdia) –
direita – é Abraão, e a força de Gvurá – esquerda – é Isaac, enquanto as
forças dos anjos são Miguel na direita e Gabriel na esquerda.
Precisamos separar a partir da profundeza dos desejos com os quais
podemos trabalhar pois não podemos trabalhar com todos nossos
desejos em prol de doar. Embora cada Mitzvá (mandamento) no
caminho vise “Ama teu próximo como a ti mesmo”, ainda assim
precisamos separar todos nossos desejos e ver se podemos alcançar o
amor aos outros com eles. Se não podemos, evitamos usá-los até que
alcançamos o próximo, estado superior.

Foi por isso que Abraão teve que cortar – alguns para a direita e alguns
para a esquerda – como no caso da contenda entre os pastores do gado
de Lót e os pastores do seu gado. Lá, era muito claro quem estava para
a direita e quem estava para a esquerda. Em um estado de Sodoma, há
novamente uma mistura, que requer semelhante escrutínio.

Por um lado, Lót deve ser retirado de lá. Por outro lado, o desejo
“feminino” de Lót deve ser removido. Um macho é uma força de
doação, enquanto uma fêmea é a força da recepção. Deste modo,
seguindo a análise, uma vez que não era possível trabalhar com o
desejo de Lót, sua esposa se tornou um pilar de sal. Nós usamos o sal
para acrescentar sabor à nossa comida. Sem ele, nossa comida seria
insípida, mas o usamos somente sob condição que ela não tem vida. A
água é um estado de semi-morte, semi-vida. Sal, que é essencialmente
um minério, é extraído do solo quando ele está completamente sem
vida; ele não é vegetal nem animal.

É deste modo que a pessoa escrutina mais e mais graus. Quando Isaac é
atado, examinamos como atar a linha esquerda e como a prevenir de
usar seus poderes na totalidade. Abraão, a força da direita, segura a
linha esquerda e ata-a, prevenindo-a de ser usada. Ele o faz ao cortar
sua própria parte animal, mas deixando sua parte falante. O resto pode
ser sacrificado como oferenda.

Outra forma de escrutínio é através da deportação da parte da direita


que não se consegue juntar à esquerda. Isto é manifestado na expulsão
de Hagar e Ismael. Através de sério trabalho interior, examinamos com
que forças da alma podemos trabalhar, e avançamos de porção em
porção, de grau em grau.
A respeito do nosso tempo, o problema de Sodoma e Gomorra
assemelha-se à presente abordagem da América, que diz, “Deixai que o
meu seja meu; deixai que o teu seja teu”. Em outras palavras, há
democracia e liberdade para o indivíduo, e cada um é por si mesmo.
Clara e inequivocamente, não chegamos no presente a uma conexão
onde “Eu sou por ti e tu és por mim”. Hoje, não há compromisso
emocional para ajudar ou nos conectarmos aos outros. É tal como era
em Sodoma e Gomorra.

Desde o início, nos é dito que se queremos avançar no caminho da


correção da alma, precisamos mudar como nos relacionamos uns com
os outros. Nossos relacionamentos devem ser direcionados para a
conexão. “Deixai que o meu seja meu; deixai que o teu seja teu” é a
regra Sodomita. Até nos parecer que é uma atitude respeitável, onde
ninguém se mete nos assuntos do seu próximo, essa atitude contradiz o
propósito da Criação, que é ser “como um homem com um coração”
(RASHI, Êxodo, 19b), se unir em um único sistema. É por isso que a
Natureza hoje nos apresenta um sistema integral e circular onde todos
estão inevitavelmente conectados, o completo oposto da regra
Sodomita.

A porção, VaYerá, ensina-nos o que podemos suscitar da qualidade de


Sodoma, até se a esposa de Lót, suas duas filhas, e o próprio Lót se
encontrarem no nosso caminho. Não importa que tenhamos que
continuar a corrigi-los em relação a seus pecados na gruta. O que
importa é que desde o início de nossas correções devemos abandonar a
regra, “Deixai que o meu seja meu; deixai que o teu seja teu”.

Hoje, o mundo está precisamente na mesma situação. É por isso que


devemos destruir os anteriores relacionamentos entre nós que eram
baseados em dinheiro e na conexão egoísta de dar e receber. Em vez
disso, devemos conceber um sistema onde todos são interdependentes.
Nossa dependência é semelhante a aquela de uma família, onde não há
considerações monetárias, mas em vez disso emocionais, onde nos
aproximamos uns dos outros e nos tornamos “como um homem com
um coração”.

Hoje, a regra Sodomita de “Deixai que o meu seja meu; deixai que o teu
seja teu”, caracteriza a queda de ambos comunismo e capitalismo.
Presentemente, não estamos em um estado de “Dar aquilo que puderes
e recebe aquilo que precisas”, como proclamaram os comunistas. Em
vez disso, estamos em um processo, onde devemos sair de Sodoma sem
destruí-la toda. Ao Invés, devemos derrubá-la e reconstruí-la a partir dos
discernimentos anteriores, uma vez que tudo é criado por uma razão.

Até as coisas que parecem as piores possíveis podem ser transformadas


em boas, dependendo de como as usamos. Por exemplo, a cobra
venenosa contribui seu veneno para produzir muitos medicamentos. Na
realidade, a cobra é o símbolo da medicina.

Está escrito em O Livro do Zohar que quando um veado quer dar à luz à
alma, a serpente vem e morde-o, e somente então dá ele à luz. É
impossível dar à luz a qualquer coisa – seja um novo grau ou a uma
nova alma – sem a mordidela da serpente.

Hoje estamos em uma situação muito especial, um ponto de ruptura,


uma inversão que devemos atravessar. É semelhante a uma inversão no
nascimento de uma criança, quando a cabeça do feto se vira para uma
posição onde sua cabeça fica para baixo. É assim que emergimos de um
mundo para o próximo. Essa inversão simboliza nossa atitude para o
mundo e de uns para os outros; tudo fica invertido.

Esta é também a inversão de Sodoma e Gomorra, que devemos


atravessar nos nossos relacionamentos – de “deixai que o meu seja
meu; deixai que o teu seja teu”. Se o reconhecermos e
compreendermos, vamos atravessá-lo facilmente. Inversamente, vamos
experimentá-lo como uma aflição das forças da Natureza.

Presentemente, a Torá obriga-nos a nos relacionarmos uns aos outros


pela regra, “Aquilo que odeias, não faças ao teu próximo” (Masechet
Shabat, 31a). Devemos ser muito claros com esta atitude, e não a
comparar erroneamente à regra Sodomita, “Deixai que o meu seja meu;
deixai que o teu seja teu”.

“Aquilo que odeias, não faças a teu próximo” não significa que você
evita somente prejudicar os outros. Em vez disso, ela significa que você
se deve relacionar aos outros de modo a que não os consiga prejudicar,
apesar de seu ego e sua vontade de receber. Esta atitude é chamada
“desejar misericórdia”.
Todavia, esta não é uma atitude de amor. Em vez disso, é como o velho
Hilel disse para o gentio (aquele que deseja se aproximar da verdade).
Esta é somente a primeira parte, dizendo sobre uma perna. Na próxima
fase, como diz Rabi Akiva, tratamos os outros de uma maneira de “Ama
teu próximo como a ti mesmo” (Talmude de Jerusalém, Nedarim,
Capítulo 9, 30b). Estas são as duas fases, e agora devemos executar pelo
menos a primeira.

Está deste modo claro que o mundo está a entrar no caminho da


correção sob coação, sentindo a quebra, a crise, e os problemas. Estes
são os dias do Messias, nos quais um novo mundo está nascendo diante
de nós.

Perguntas e Respostas

O estado de Sodoma e Gomorra, de “Deixai que o meu seja meu; deixai


que o teu seja teu”, parece melhor que nossa presente situação. Pelo
menos em Sodoma, as pessoas não roubavam umas das outras.
Estamos realmente em uma situação pior que a dos Sodomitas?

Nossa situação é de longe pior que em Sodoma e Gomorra! A ideologia


ocidental de “Deixai que o meu seja meu; deixai que o teu seja teu”, na
realidade diz, “Não interfiras com os assuntos dos outros”. Ela salienta a
privacidade e liberdade do indivíduo. Esta atitude foi o que criou nossa
situação verdadeiramente adversa, então precisamos passar isto e
avançar. Nosso progresso para o novo mundo é mandatário, forçado
pela Natureza.

Precisamos sentir os outros para avançar para o novo mundo?

Sim, é esta a precisa razão pela qual passamos pela fase do deserto. Os
inteiros quarenta anos no deserto foram uma fase, onde nos elevamos
aos nossos egos, tentando não sermos desrespeitosos uns para os
outros. Isto se manifestou em todos os pecados que os filhos de Israel
cometeram no deserto. Cada pecado teve sua própria correção, repetida
e incessantemente.

Neste processo, divulgando os profundos e corruptos desejos que os


filhos de Israel transcenderam (“Aquilo que odeias, não faças a teu
próximo”) é o princípio de tudo. É assim que devemos lidar com aqueles
no nosso mundo. Esta é uma tarefa muito difícil porque devemos nos
elevar acima de nossos desejos e acima de nossa natureza.

Por que o Criador ordenou Abraão matar seu filho?

“Matar” refere-se a matança da abordagem de uma pessoa para a vida,


que se destina a desfrutar do mundo. Desfrutar significa explorar o
mundo.

Você pretende dizer desfrutar às custas dos outros?

Nós comparamo-nos sempre aos outros, tudo aquilo que temos que
arruinar dentro de nós mesmo, e aquilo que construímos como uma
atitude completamente nova para os outros.

De O Zohar: E Deus Testou Abraão

“Certamente deveria dizer Abraão, pois ele precisava ser incluído em Din
porque anteriormente, não havia Din em Abraão e ele era todo
Chéssed. Mas, agora água se misturou com o fogo, Chéssed com Din.
Até então, Abraão era incompleto, e ele foi coroado para passar juízo e
corrigir o Din no seu lugar, uma vez que há iluminação
de Chochmá somente na linha esquerda. Assim, antes de Abraão ser
incluído em Isaac, a linha esquerda, ele era incompleto, ou seja, que ele
carecia da iluminação de Chochmá. Através do atar, Isaac foi misturado
e foi então coroado com a iluminação de Chochmá e foi completado. É
por isso que se escreve que ao atar, ele foi coroado para passar juízo, e
assim o Din foi corrigido, ou seja a iluminação da esquerda no seu lugar,
quando ele foi incluído no lugar de Abraão, em Chéssed”. Zohar para
Todos, VaYerá (O Senhor Apareceu), item 490

Parece que há um problema aqui da perspectiva da Criação em relação


ao Criador. Por um lado, o Criador precisa criar alguma coisa fora Dele,
uma Nivrá (criatura), da palavra, Bar, (fora) do grau. Por outro lado, para
fazer o bem à criatura, o Criador tem de a elevar a um grau onde a
criatura é exatamente como o Criador. Como, então, podem estes
opostos se fundir em um em uma pessoa que é semelhante ao Criador,
embora não idêntica?
Para fazer isso, há uma necessidade de criar no homem todos os
desejos cuja natureza é oposta daquela do Criador. Os 613 desejos no
homem são então construídos através das 613 luzes da Torá, que são
chamadas “613 caminhos da Torá”. Quando começamos a trabalhar
com esses desejos de receber neles em prol de doar sobre o Criador, é
então que nos corrigimos a nós mesmos e recebemos em prol de doar,
que é a própria doação.

Sucede-se que devemos atravessar correções prolongadas assim que


nos elevamos acima desses desejos que nos abstivemos de usar. Este é
o começo da correção de Abraão em relação a Isaac. O escrutínio é feito
pela linha do meio – reconhecemos quanto é possível receber dela, e
quanto não é possível. Em outras palavras, à medida de que
ascendemos pela escada de graus, constantemente examinamos nosso
uso da vontade receber em prol de doar.

Todavia, está claro para nós que temos desejos chamados “esposa de
Lót”, que devem ser “colocados em espera”. O sal não se estraga; ele
pode ser usado passado muito tempo. É também assim que usamos
todos os discernimentos dentro de nós, todos nossos desejos.

No caminho, realizamos uma espécie de aliança: “circuncisão,


exposição e a gota de sangue”. * Não usamos os desejos maiores na
alma, o prepúcio, mas os deixamos para o fim da correção, quando
tenhamos a força para usá-los corretamente, de modo a fazer o bem
aos outros. Se os usarmos agora só prejudicaremos os outros. Deste
modo, fazemos todas as correções intermédias, chamadas “esposa de
Lót”.

Uma “mulher” é a vontade de receber, o ego de um, pousado na direção


do desejo de doar. Ele pode estar conectado à vontade de receber,
chamada “Lót e sua esposa”. Lót é o desejo de doar, que é o porquê de
uma pessoa temporariamente “congelar” a vontade de receber, e o
desejo de doar aparentemente “monta sobre ele” até ao próximo grau,
quando ele desperta.

Termos

Anjo
Um “anjo” é uma força da Natureza, tal como a gravidade ou o
eletromagnetismo. Um anjo é uma das forças da alma. As forças das
nossas almas contêm direita, esquerda e meio, Gabriel, Miguel, Uriel,
Rafael, e assim por diante.

Riso

“Riso” é a conexão a um grau superior ao qual ainda não conseguimos


conectar nosso conhecimento e entendimento. Rimos de opostos
quando não temos tempo para escrutiná-los nesse momento.

Sodoma e Gomorra

Sodoma e Gomorra são desejos que expressam uma atitude para os


outros, chamada “Deixai que o meu seja meu; deixai que o teu seja teu”.
Ela é uma atitude que não é condutora para a conexão; assim, quando o
próximo grau chega – o começo de nossa conexão com os outros – não
conseguimos trabalhar com os outros e temos de os abandonar. Ao
mesmo tempo, comprometemo-nos a levar para fora os desejos que
nos pertencem conosco, ou seja Lót. No próximo grau, a luz superior
chega e começa a cuidar de nós, nossas almas, invertendo estes desejos
que mais tarde usaremos para graus maiores.

Não Olhar Para Trás

Parece bastante simples não olhar para trás. “Que o passado seja
passado”, nos é dito, e “o que aconteceu tinha que acontecer” porque
“não há ninguém além Dele” (Deuteronômio, 4:35), “Eu sou o primeiro,
e Eu sou o último” (Isaías, 44:6). O anterior momento não dependia de
nós e devia ter acontecido como aconteceu. Não devemos nos
arrepender dele; devemos olhar somente para a frente.

Um Pilar de Sal

Um “pilar de sal” é um desejo que não usamos. Ele é um desejo que


colocamos em espera até que possamos cuidar dele. Isto inclui todos os
desejos que separamos e aparentemente jogamos fora – Ismael, Esaú,
Sodoma e Gomorra, um pilar de sal, e assim por diante. Cada vez
aparentemente matamos reis ou nações isso na realidade representa
correções dentro de nós. Estes desejos todos despertam, então
esperam para serem usados adequadamente passado algum tempo, e
especialmente para a meta da correção.

Expulsão

“Expulsão” é um desejo que não usamos. O expulsamos, partimos de


usar esse desejo.

Atar

“Atar” refere-se a limitar o uso do desejo de uma certa maneira para que
passado algum tempo sejamos capazes de o usar. É como o mundo
dos Akudim (atados), no qual primeiro encerramos toda a luz de Ein
Sof (infinito), ou é como as quatro espécies em Sucot.

De O Zohar: E Vede, Três Homens

“Todos os três anjos são necessários. Um é para curá-lo da circuncisão,


que é o curador. Um foi para contar a Sara que ela teria um filho. Este é
Miguel, uma vez que ele é nomeado sobre o lado direito e todas as
bênçãos e o bem do lado direito foram dados para suas mãos”. Zohar
para Todos, VaYerá (O Senhor Apareceu), item 54

* Para explicação mais expansiva, veja em Beit Shaar HaKavanot de Baal


HaSulam.
Avraham está Pronto para Sacrificar seu Filho no
Monte de Moriyá

D'us chamou: "Avraham, Avraham!"

"Estou disposto a fazer qualquer coisa que me peças," respondeu


Avraham

"Pegue seu filho Yitschac," disse D'us, "e vá para a terra de Moriyá. Lá
deverás ofertá-lo como sacrifício numa das montanhas que eu lhe
mostrarei!"

Podemos imaginar como Avraham deve ter ficado chocado!

Todo pai ama seu filho. Avraham sentia um carinho especial por
Yitschac, porque havia esperado por um filho até a idade de cem anos. E
não tinha outro filho para tomar o lugar de Yitschac.

Avraham também se lembrou da promessa de D'us que Yitschac teria


tantos descendentes quanto as estrelas do céu. Agora essa promessa
não se cumpriria.

Mas Avraham não fez perguntas a D'us. Pensou: "Qualquer coisa que
D'us me pede farei sem questionar."

Avraham não sabia como contar para Sara que D'us queria que Yitschac
fosse sacrificado. Ela ficaria tão triste, partiria o seu coração.
Portanto, disse a Sara: "Nosso filho cresceu. É tempo de ele estudar
Torá. Amanhã vou levá-lo para a Yeshivá de Shem."

"Faça como você diz," respondeu Sara. "Mas por favor não o deixe lá por
muito tempo, pois não posso aguentar a separação. Cuide bem dele no
caminho."

Sara preparou bonitas roupas para Yitschac utilizando os trajes que o


Rei Avimêlech lhe havia dado. Ela também preparou provisões para a
viagem.

Pela manhã bem cedo, Avraham selou pessoalmente seu burro.


Ordenou ao filho Yishmael, que estava então de visita na casa de
Avraham, e ao seu servo Eliêzer, que os acompanhassem.

Avraham rachou lenha (para tê-la pronta para o sacrifício) e colocou-a


sobre o burro. Chamou Yitschac, e partiram juntos.

Durante a jornada, Satã, o anjo que tenta persuadir as pessoas a não


obedecer a D'us, apareceu a Avraham e Yitschac.

Primeiro Satã se apresentou a Avraham como um homem velho. Falou


um pouco com Avraham, até que este lhe contou onde estava indo, e
por quê.

Depois, perguntou, "Você não está sendo tolo por ir matar um filho que
nasceu em sua velhice? Não é possível que D'us lhe tenha ordenado
fazer isso. Ele não lhe daria uma ordem tão cruel!"

Mas Avraham compreendeu que essas eram ideias e argumentos de


Satã.

"Deixe-me em paz!" - gritou, e o anjo desapareceu.

Satã então apareceu a Yitschac como um rapaz jovem e bonito.


"Você sabe para onde seu velho e tolo pai o está levando?" - perguntou.
"Para o sacrifício! Morrerás jovem!"

"Pai!" - Yitschac chamou Avraham. "Você ouviu o que esse rapaz estava
me dizendo?"

"Tome cuidado com ele", Avraham preveniu a Yitschac. "Não lhe dê


ouvidos! É Satã, o anjo do mal, que quer que desobedeçamos a mitsvá
de D'us!" Avraham gritou de novo com Satã, e este se foi.

Satã tentou de outro modo. Transformou-se num grande rio,


bloqueando o caminho. Avraham e Yitschac avançaram rio adentro até
que a água alcançou seus pescoços e aí ficaram com medo.

Então Avraham compreendeu que tudo aquilo era um teste para eles.
"Aqui nunca houve rio algum," disse para Yitschac. "Isso é obra de Satã".

"D'us, tire Satã de nosso caminho", implorou Avraham. "Estamos


tentando cumprir a Sua ordem."

Satã foi embora e o rio voltou a ser terra seca.

Depois de caminhar por três dias Avraham avistou a montanha sobre a


qual a nuvem da Shechiná (Divindade) pairava, e assim soube para qual
montanha dirigir-se com o seu filho.

Avraham disse a Yishmael e Eliêzer: "Fiquem aqui aos pés da montanha.


Eu e Yitschac subiremos, prostrar-nos-emos perante D'us e voltaremos
para onde vocês estão."

Avraham, sem saber, havia dito a verdade! Tanto ele como Yitschac
realmente voltariam da montanha!

Avraham pôs a lenha da fogueira nos ombros de Yitschac, e juntos


subiram a montanha.
Yitschac perguntou-se. Havia uma faca e fogo, mas nenhum animal para
o sacrifício! Havia suspeitado da verdade antes, mas agora tinha quase
certeza.

"Pai," perguntou Yitschac, tremendo, "Vejo o fogo e a madeira, mas onde


está o animal para o sacrifício?"

"Já que você me pergunta", respondeu Avraham, "vou lhe contar. D'us
escolheu você para o sacrifício, meu filho."

"Eu vou me deixar sacrificar de bom grado," disse Yitschac sem hesitar.
"Mas me dói pensar no sofrimento da minha mãe quando souber de
minha morte."

Quando chegaram ao local assinalado, Avraham construiu um altar e


dispôs a madeira sobre ele. Depois Avraham colocou Yitschac sobre o
altar por cima da madeira. Yitschac pediu a ele para amarrar suas mãos
e pés firme para não empurrar ou chutar e com isso, estragar o
sacrifício. Lágrimas escorreram dos olhos de Avraham, enquanto
estendia sua mão empunhando a faca para matar seu filho. Mas em seu
coração estava feliz por obedecer a D'us.

No céu, D'us ordenou ao anjo Michael: "Rápido, diga para Avraham


parar!"

"Avraham, Avraham," chamou o anjo Michael. "Não mate seu filho!"

Avraham sentiu um súbito desapontamento.

"Vim até aqui, ergui o altar e preparei o sacrifício, tudo em vão?" -


perguntou ele. "Permita-me fazer um pequeno corte nele com minha
faca, para mostrar que estava disposto a sacrificá-lo."

"Não o machuque!" - ordenou o anjo.


Avraham rezou a D'us: "Por que então me ordenaste oferecer meu
filho em sacrifício?"

D'us respondeu, "Somente ordenei, 'leve-o para o monte de Moriyá',


porque queria comprovar se você me obedeceria. Passaste no teste.
Mostrei a todos povos do mundo que Tsadic você é!"

Avraham sentiu um vazio. Viera especialmente para oferecer um


sacrifício; e de repente, não tinha nenhum para ofertar a D'us.

Então, D'us fez aparecer um carneiro, a uma pequena distância de


Avraham. Seus chifres estavam enredados nos arbustos. Avraham o
pegou e o sacrificou sobre o altar.

Ele suplicou a D'us: "Por favor, D'us, aceite este sacrifício como se
tivesse sacrificado meu filho!"

Avraham profetizou: "Sobre esta montanha, onde atei Yitschac, um dia


será construído o Templo Sagrado (Bet Hamicdash). Aqui a Shechiná
será revelada ao povo judeu. Como eu estava disposto a sacrificar
Yitschac, D'us aceitará as orações e sacrifícios do Povo de Israel."

D'us sempre recorda o grande mérito do sacrifício de Yitschac.

É quase inacreditável que um homem que teve um filho único em sua


velhice, e a quem D'us muitas vezes prometera que teria muitos
descendentes deste filho, estivesse disposto a sacrificá-lo para D'us, sem
queixas ou perguntas.

Especialmente em Rosh Hashaná, o dia em que D'us nos julga,


mencionamos em nossas rezas:

"D'us, por causa do sacrifício de Yitschac, julgue todos os judeus com


misericórdia. Assim como Avraham atou seu filho ao altar e subjugou a
sua piedade para cumprir Tua vontade, assim D'us, sê misericordioso
para conosco mesmo se nós O encolerizamos!"
Por que tocamos shofar, um chifre de carneiro, em Rosh Hashaná? Para
que D'us tenha misericórdia de nós, pelo mérito de Avraham que estava
disposto a sacrificar seu único filho.

Lot e Suas Filhas


O anjo disse a Lot: "Fuja para a montanha onde vive Avraham." Mas Lot
temia voltar à vizinhança de Avraham, pensando: "Quando vivia entre o
devasso povo de Sodoma, D'us comparou-me a este, julgando-me
relativamente justo, e por isso salvou-me. Porém se mudar-me para as
vizinhanças de Avraham, o tsadic, serei considerado perverso, se
comparado a ele." Sendo assim, Lot rogou a D'us para que poupasse a
cidade de Tsoar, a fim de que pudesse para lá escapar. "Tsoar tem
menos pecados que Sodoma," argumentou, "uma vez que foi povoada
mais recentemente." D'us concedeu-lhe o pedido e, em sua
consideração, não destruiu a cidade de Tsoar. Lot foi assim
recompensado por ter-se desviado de seu caminho para convidar os
anjos, e por ter se colocado em perigo por causa dos anjos. Em troca,
agora D'us o favoreceu, salvando Tsoar.

O anjo ordenou a Lot: "Apresse-se e fuja para Tsoar, pois não posso
destruir Sodoma antes que você chegue lá!" Lot e suas filhas
apressaram-se para Tsoar, porém não permaneceram. Lot temia
estabelecer-se naquela cidade, porque ficava muito perto de Sodoma.
Em vez disso, mudou-se com as filhas para uma caverna nas
montanhas, desconsiderando, assim, as palavras do anjo que lhe
ordenou refugiar-se em Tsoar. Como consequência, sucedeu-se a
vergonhosa história dos eventos ocorridos na caverna.

Duas grandes mulheres estavam destinadas a descender das filhas de


Lot: Rute, a mulher moabita que viria a ser a ancestral da dinastia de
David e, em última análise, de Mashiach; e Naama, a mulher amonita
que se casaria com o rei Salomão, e tornar-se-ia mãe do rei Rechavam.
As filhas de Lot puderam sobreviver à aniquilação em consideração às
duas preciosas almas - Rute e Naama - que mais tarde delas viriam a
brotar.

Ambas as filhas de Lot eram justas e virtuosas, e aprenderam a amar a


D'us na casa de Avraham. Após testemunharem a destruição de quatro
grandes cidades, e a terra engolir todos os habitantes de Tsoar (apesar
de não ter sido destruída, como Sodoma), as filhas de Lot ficaram com a
impressão de que um segundo Dilúvio havia varrido a terra, deixando-as
como únicas sobreviventes. "Nosso pai está velho," disse a irmã mais
velha para a mais nova, "e poderá morrer. A não ser que um filho varão
lhe nasça em breve, a raça humana perecerá! As filhas de Lot agiram por
amor ao Céu. Encontraram vinho na caverna, o qual D'us preparara
especialmente para essa finalidade, pois queria que ambas as nações,
Amon e Moav, viessem a existir. Permitiram que o pai se embriagasse, e
seduziram-no. A primeira deu o exemplo, e a mais jovem seguiu-o.

Ao contrário das filhas, Lot sabia, através dos anjos, que a destruição
afetaria apenas determinado número de cidades, e não o mundo
inteiro. Mais ainda, apesar de estar embriagado e não ter consciência do
que fazia na primeira noite, pela manhã percebeu, e soube o que
acontecera. Não obstante, permitiu-se embriagar-se novamente,
sabendo perfeitamente quais seriam as consequências.

Ambas engravidaram e deram à luz filhos varões.

A mais velha era tão desavergonhada e impudente que deu ao filho um


nome que indica claramente sua ignominiosa paternidade. O nome
Moav vem de "Me'av", "do pai." A mais nova, contudo, deu a seu filho o
nome de Amon, que significa "filho de meu povo", desta forma,
ocultando pudicamente seu pai. Foi recompensada na época de Moshê,
quando D'us ordenou que o povo judeu não incitasse guerra contra
Amon.

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