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Lech Lecha (Ide Adiante)

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Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Gênesis, 12:1-17:27)

Sumário da Porção
A porção, Lech Lecha Ide Adiante, começa com Abraão sendo ordenado ir
para a terra de Canaã, a fome força-o a descer ao Egito, onde os servos do
Faraó levam Sarai, sua esposa. Na casa do Faraó, Abraão apresenta-a
como sua irmã, temendo pela sua vida. O Criador pune o Faraó com
infecções e doenças, e ele é forçado a devolver Sarai a Abraão.

Quando Abraão regressa à terra de Canaã, uma luta irrompe entre os


pastores do gado de Ló e os pastores do gado de Abraão, após a qual eles
separam seus caminhos.

Uma guerra irrompe entre quatro Reis dentre os governantes da Babilônia, e


cinco Reis da terra de Canaã. Ló é tomado como refém e Abraão parte para
salvá-lo.

O Criador faz uma aliança com Abraão, “a aliança dos pedaços” (ou
“aliança entre as partes”), a promessa da continuação de seus descendentes
e a promessa que eles herdariam a terra.

Sarai não pode ter filhos, então ela oferece a Abraão sua criada, Hagar, e
eles têm um filho chamado Ismael.

Abraão faz a aliança da circuncisão com o Criador e é ordenado que faça a


circuncisão a si mesmo e a todos os machos de seu agregado. Seu nome
muda de Abrão para Abraão, e o nome de sua esposa muda de Sarai para
Sara.

No fim da porção, o Criador promete a Sara que ela terá um filho cujo nome
será Isaac.
Comentário

Todas as histórias da porção que lemos acontecem realmente dentro de nós.


Na percepção correta da realidade, este mundo não existe, nem a história,
geografia ou a história da porção. Todas elas são ocorrências que tomam
lugar dentro de nós.

A sabedoria da Cabala explica que a percepção da realidade é um assunto


profundo que se relaciona à nossa mais interna psicologia, nossos sentidos e
à nossa estrutura física.

A Torá descreve honestamente o modo como nos desenvolvemos. Todos e


tudo aquilo que é descrito reflete nossas forças mentais. Abraão, por
exemplo, é a tendência de se desenvolver para a espiritualidade, o desejo de
se aproximar e descobrir o Criador.

A história de Abraão na Babilônia é na realidade a revelação da única força


que existe e conduz o mundo, e o desejo de descobrir essa força. Aqueles
de nós que descobrem quem gere nosso destino e porquê, ou que
questionam, “Qual é o sentido da minha vida? ” Todos começam no mesmo
ponto de partida como começou Abraão, e a força de Abraão está viva e
trabalha dentro deles.

Abraão percebeu que ele tinha que avançar para o próximo estado. De fato,
ele sentia a Natureza a empurrá-lo para a frente, lhe dizendo, “Ide adiante de
tua terra e de teus familiares, e da casa de teu pai, para a terra que Eu te
mostrarei”. Lá encontrarás o equilíbrio e serás capaz de te realizares a ti
mesmo.

Maimônides e outros Cabalistas escreveram que foi assim que Abraão se


mudou para a terra de Canaã com seu inteiro agregado, e milhares de
pessoas que deixaram a Babilônia junto com ele, e que ele havia
estabelecido como a “casa de Abraão”. Quando Abraão alcançou a terra de
Canãa, ele havia chegado ao novo desejo, chamado “Canaã”.

A palavra, Éretz (terra), vem da palavra, Ratzon (desejo).


Abraão descobriu que este desejo não o elevava suficientemente; ele tinha
fome e não sabia o que o sustentaria e o manteria neste ponto da terra de
Canaã. Porque esta era uma terra de doação, e ele ainda não estava em um
estado onde ele conseguisse concretizar doação, uma nova situação se
formou, o obrigando a se tornar apegado à vontade de receber. Foi isto o
que o fez descer ao Egito.

Um grande desejo apareceu neste ponto, onde a pessoa sente que mais
passos com o ego intensificador são necessários, à medida que o ego
alterna de um estado de “Babilônia não é suficiente”. À medida que o ego
cresce, ele exige satisfação. Mas isto suscita o medo que se a pessoa
trabalhar com o ego com a intenção de doar (“Abraão”), ela não seja
suficiente para guardar a si mesma, e assim ela pode arruinar a intenção.

É por isto que as pessoas não estão dispostas a trabalhar com seus egos, a
obstrução que cresce por dentro. O desejo por dentro conta a essa pessoa,
“Esta é minha irmã, não minha esposa”. Uma pessoa fica pronta para se
abster completamente do todo do desejo, chamado “Sara”, e permanecer
somente com a intenção de doar, chamada “Abraão”.

Por causa de nossos egos crescentes, carecemos de uma sensação de


preenchimento. Em vez disso, sentimo-nos cada vez mais deficientes e
vazios. “Faraó” é o estado impresso dentro de nós que pergunta, “O que
ganho eu com isso? “. Parece que o presente estado é pior que aquele em
que estivemos anteriormente, que é o porquê do Faraó dizer a Abraão para
levar o desejo de volta (“Sara”) porque ele queria permanecer na
corporeidade como estava, enquanto esse desejo, Sara, se estende da
espiritualidade.

Estas duas partes dentro de nós estão em uma luta constante. Elas
alternam: primeiro, Abraão cresce e cai, e então Faraó cresce e cai. Isso
assemelha-se a como caminhamos, pisando com o pé direito, então o pé
esquerdo. Faz pouca diferença ao que chamamos a estas duas partes dentro
de nós porque elas adquirem diferentes nomes em graus diferentes.
Quando Abraão e sua comitiva regressaram à terra de Canaã, um problema
se ergueu entre os pastores do gado de Ló e os pastores do gado de
Abraão. A palavra, Ló, significa “maldição”. A questão na realidade é, “Em
que direção deve-se avançar, na direção da meta de receber, ou na direção
da meta de doar”? Quando enfrentados com esta escolha, ficamos perplexos
e não sabemos o que fazer. Esta é a luta sobre o lugar e os poços na história
de Ló, descrevendo a escolha para distinguir entre as duas forças –
recepção e doação.

Esta história ensina-nos que durante nosso desenvolvimento espiritual há


muitos eventos onde devemos olhar para nossos egos e vermos como se
intensifica dentro de nós.

E, todavia, embora não desejamos discordar com a direção do mal, devemos


também nos abstermos de destruí-la. Em vez disso, devemos abster-nos
dela, como Abraão se absteve de Ló, que mais tarde o salvou de Sodoma.

Estas são as mudanças que acontecem dentro de nós. Nós usamos nossos
Kelim (vasos) maus, bem como os nossos bons, ou seja, nossas qualidades
boas e nossas qualidades más, bem como todos os nossos pensamentos
porque aprendemos deles.

Quando Abraão conclui a luta com os pastores do gado de Ló, ele trava
guerra com os quatro reis que vivem no país. Novamente vemos que
enquanto nos desenvolvemos, estamos em uma luta constante. Os reis são
nossas grandes forças, nossos grandes desejos. Eles não nos permitem
entrar na terra de Canaã e cercar Canaã. Desta forma, quando desejamos
alcançar certo grau espiritual no qual começamos a sentir o Criador, a força
comum da Natureza, e a eternidade e perfeição na Natureza, essas
Malchuts, esses “reis”, encontram-se no nosso caminho, bloqueando-o.

Depois desta guerra, o Criador aparece a Abraão e diz para ele que ele faz
uma aliança com ele. Ele promete que esta terra verdadeiramente pertencerá
à qualidade de Abraão que cresce e se desenvolve por cima da qualidade de
Faraó, das guerras, e por cima de Ló.
Agora essa qualidade é poderosa o suficiente para permitir que se entre na
terra de Canaã. Esta é a qualidade que permite a pessoa alcançar o
propósito da Criação, a revelação do Criador, e alcançar Dvekút (adesão)
com o Criador.
Em prol de na realidade alcançar o próximo grau, o contato com o Criador,
precisamos de uma força que “origine” o próximo grau. Somos nós que
geramos os novos estados, mas a vontade de receber, que é “Sara”, ainda
não consegue ser a força que dá à luz sob a qualidade de Abraão. A
qualidade de Abraão é ainda fraca na sua intenção de doar, e não consegue
nos libertar da vontade de receber. Contudo, ela consegue fazê-lo com a
linha da direita, a força da direita, mas somente com essa parte dela
chamada “Hagar”. O descendente desse é “Ismael”, uma força que
pertence à direita de Biná, chamada a Klipá (casca/pele) da direita.

No fim, depois da aliança e as numerosas correções, Abraão chega a um


estado onde ele também consegue trabalhar com Sara, a vontade de receber
geral. É então que Sara dá à luz, daí a grande alegria refletida na porção.
Perguntas e Respostas

É dito a Abraão para ir da Babilônia para Canaã. O que significa se


movimentar de um desejo para o próximo, a que se parece estar na
terra de Canaã?

Nós estamos em um processo de mudanças constantes, exceto que não


estamos conscientes dele. A Torá fala das mudanças pelas quais
atravessamos conscientemente, depois de termos decidido que queremos
realmente mudar nossos desejos. A vontade de receber tem sido nossa
inteira substância, e alternamos de um desejo para o próximo, de lugar para
lugar. Há uma máxima que diz, “Muda de lugar, muda de sorte”. Um “lugar” é
o desejo que observamos no mundo, O desejo é todas as coisas; ele é a
fonte da qual embarcamos para cada ação.

Cada nome ou palavra mencionados na Torá na realidade detona um desejo.


Na sabedoria da Cabala, falamos de Aviut (densidade), Massach (tela), e
Reshimô (reminiscências) que determinam o estado da Neshamá (alma).
Aqui, também, estamos falando das mesmas mudanças que atravessamos,
exceto que a terminologia é diferente.
“Ide Adiante” significa que devemos sempre sentir que no princípio do
caminho está Yessód (fundação), e devemos avançar precisamente
alterando de estado para estado. Devemos levar a cabo estas instruções e
alternar de estado para estado até que cheguemos ao fim da nossa
correção. Deste modo, “ide adiante” é o ato que o Criador espera que nós
executemos.

Isto significa que podemos avançar em frente somente se compreendermos


que a mudança pode acontecer somente através da união. A inteira
diferença entre graus espirituais é o nível de conexão que conseguimos
alcançar, que nos permite conectar todos os elementos dentro de nós para
alcançar nossa meta.
Nada é criado sem uma razão. Precisamos de todos os nossos poderes
mentais, incluindo o Faraó, Ló, o gado de Abraão, o gado de Ló, os reis que
estão na terra, Balaão, Balaque, Hamã, os ímpios, bem como os justos. No
fim, a Torá ensina-nos como conectar todos os nossos poderes mentais e
nos tornarmos um indivíduo inteiro.

Qual é o sentido da terra de Canaã em respeito a nossos desejos?

Canaã é a terra que existia antes da terra de Israel. Este é um dos graus,
aquele antes da terra de Israel.

Esta uma pessoa já no caminho para a espiritualidade se o ponto no


seu coração despertou?

Sim. Assim que o ponto desperta no coração de uma pessoa, ele ou ela não
consegue permanecer na Babilônia. Tal pessoa deve abandonar a Babilônia
e ascender para o grau da terra de Canaã. Progride-se juntamente com
aqueles que se juntam—aqueles desejos com os quais podemos trabalhar—
e sobe para outro grau, onde se pensa na direção da doação, é Chéssed
(misericórdia), na direção que Abraão simboliza.

Do Zohar: Vá Adiante, para Corrigir a Ti Mesmo

Assim que o Criador viu seu despertar e seu desejo, ELE imediatamente se
revelou a Si mesmo para ele e disse-lhe, “Ide adiante”, para te conheceres
a ti mesmo e para te corrigires a ti mesmo. Isto é, que ele deve deixar de
medir as forças superiores mas elevar MAN e prolongar um alto Zivug sobre
a Massach que lhe apareceu, com a qual ele será recompensado ao
prolongar Dá’at para si mesmo e se corrigir a si mesmo. Zohar para Todos,
Lech Lechá (Ide em Diante), item 28
Alcançar um grau superior é feito pela Aviut (densidade) do novo desejo, e
através da intenção sobre esse desejo. Se uma pessoa executa um Zivug de
Haka’á (acasalamento por golpe), ele ou ela alcança a revelação da luz
superior no grau em que o Zivug foi feito.
O que significa que o Criador “viu seu despertar”?

Uma pessoa recebe o despertar do plano geral da Criação. Cada um de nós


tem um tempo no qual começamos a despertar. O “motor” geral de todas as
almas gira como um contador e emite ordens para cada uma. Subitamente,
você desperta, você tem um desejo e é conduzido. Você desperta para a
espiritualidade uma ou duas ou três vezes na vida, e você tem que
responder; você tem que assumir a iniciativa e começar a avançar por si
mesmo.

O que acontece quando uma pessoa descobre que ela não consegue
avançar mais?

Quando subitamente ela começa a sentir que não consegue avançar na


espiritualidade, isso significa que está novamente caindo no desejo egoísta
(“Faraó”). Você está descendo ao Egito novamente.

Isto, contudo, é o que deve acontecer. Você precisa intensificar seu ego para
avançar, pois tudo isto é a sua matéria. Tudo é a substância da criação, a
grande vontade de receber. Sem Faraó, você não será capaz de alcançar
Monte Sinai.

Você precisa ter uma “montanha” de mal e ódio, que levou do Faraó. Todo
o desejo que apareceu em você se tornou uma montanha ao redor da qual
você sente seu ódio aos outros. Quando alcança este ponto, você diz para si
mesmo, “Eu preciso ter a Torá; não tenho escolha; eu tenho que ter a
força que me corrigirá, que é chamada ‘a luz que reforma’”.

O progresso é sempre feito em duas direções: de um lado está o crescente


desejo egoísta; por outro lado está a intenção de doar.
O que é a Klipá da direita, e porque Abraão, a qualidade de Chéssed,
gerou uma Klipá?

A qualidade de Abraão é só o princípio; ela não está inteiramente corrigida.


Isto é, ela é o desejo inicial de uma pessoa, que está claro, carece de Aviut.
Quando se conecta Aviut a si mesmo em prol de avançar, a direita e
esquerda conectam-se através do escrutínio do desejo dele. Uma pessoa
precisa examinar com que desejos ela pode trabalhar, e com que desejos
ainda não pode. Os últimos serão corrigidos quando ela alcançar graus mais
avançados.

Além do mais, ao gerar seu filho com seu desejo parcial, chamado Hagar, as
condições mudam. Sarai torna-se Sara, e Abrão torna-se Abraão. Estes não
são simplesmente nomes diferentes. Através destas correções, chegamos a
um estado onde trabalhamos com um novo, desejo diferente conhecido
como “Sara”, e uma nova, intenção diferente conhecida como “Abraão”,
que juntas geram o princípio da nação.

É Isaac o princípio da nação?


Não só Isaac. Há três linhas ao todo: a linha esquerda, direita e a linha do
meio, que é Israel. Adicionalmente, há duas Klipot (cascas/peles): Ismael na
direita e Esaú na esquerda. Isso não significa que elas sejam completamente
defeituosas, mas só que com o tempo elas, também, serão corrigidas.
A Klipá da direita, Ismael, ainda luta hoje contra todos, até mesmo hoje.

Assim permanecerá até ao fim da correção, até que todos nos misturemos
juntos e nos unamos.

A circuncisão significa “cortar” no desejo?


Sim, mas circuncisão é mais que simplesmente cortar; ela é também as
Klipot, que são desejos com os quais não consegue trabalhar. Por
enquanto, são Klipot até que eles se tornem Kedushá (santidade). O
problema está em você; você não consegue trabalhar com desejos tão
intensos com a meta de doar, uma vez que se receber prazeres os receberá
para si mesmo em vez de doar aos outros.
O que significa afazer uma aliança com o Criador?

Fazer uma aliança com o Criador significa que uma pessoa faz qualquer
apelo que seja necessário. A aliança é uma reorganização especial, interior,
que permite que a pessoa, juntamente com as suas forças, alcance um
estado onde nunca cometerá erros, durante todos os graus futuros, desde
que ela mantenha um certo princípio.

O Criador vai me ajudar por causa da aliança?

A aliança significa que o Criador ajuda. O Criador = Natureza. “Eu, o


Senhor, não mudo” significa que de agora em diante você reconhece um
certo princípio. Se você se segurar a isso, está garantido evitar quaisquer
erros, quaisquer desvios e quaisquer pecados. Seu avanço espiritual é
sempre na direção de um grau que ainda não conhece. Deste modo, deve se
certificar que quando avançar, não falhe. A aliança é a força que o leva
seguramente de um grau para o próximo.

Há duas alianças: a aliança dos pedaços e a aliança da circuncisão.


Circuncisão tornou-se uma conduta Judaica no mundo corpóreo, e ela é um
mandamento até este dia. Alguns dizem que é uma tradição cruel. Qual é a
raiz espiritual da circuncisão?

A raiz reside na necessidade de se livrar da vontade de receber que não se


consegue corrigir. É aquilo que fazemos a toda a hora, incluindo com Sara,
Hagar e assim por diante. Por um lado, examinamos a vontade de receber,
que está crescendo. Por outro lado, percebemos que devemos “cortar”
algumas delas, semelhante ao fim do Partzuf (face). Precisamos decidir que
não podemos lidar com esta parte por enquanto. Isto é também ao que se
referem as Mitzvot (mandamentos) positivos e negativos (“fazer’ e ‘não
fazer’). Porquê “fazer” e “não fazer”? Porque há uma vontade de receber
que não podemos usar.
Deste modo, em cada situação, devemos distinguir entre o desejo que
usamos e o desejo que não usamos. O “lugar” do exame é chamado a “Rosh
(cabeça) do Partzuf”, e este é o principal escrutínio que devemos sempre
fazer antes de cada decisão.

É o prepúcio o desejo que não podemos usar?

Sim, o prepúcio, a exposição, e a gota de sangue todos são as correções


que envolvem a intensidade do desejo e sua natureza. Não conseguimos
presentemente trabalhar a favor dos outros, tampouco ao nosso favor, uma
vez que não estamos na espiritualidade e não os usamos. A decisão de nos
abstermos de usá-los é chamada “circuncisão”.

É mencionado que Ló é tomado como refém. Quem o capturou e o que é o


cativeiro?

Ele foi tomado como refém pelo desejo egoísta de Sodoma. Sodoma, em
comparação com o estado em que nos encontramos, é um estado de grande
retidão, e até nos atrevemos dizer, “regra Sodomita”.

O que significa que nós somos piores que a “regra Sodomita”?

Sim. A regra Sodomita é, “Deixa que o meu seja meu e o teu seja teu”. Eu
não toco em ti, e tu não tocas em mim. Até se eu puder roubar alguma coisa
de ti, eu não o faço. Ou até se eu te puder usar, eu vou evitá-lo. Eu não te
vendo algo mau ou te manipulo através da publicidade. Abreviadamente, eu
não te exploro.

“Regra Sodomita” não soa assim tão mal!

É claro. Se estivéssemos na regra Sodomita hoje, este seria um passo em


frente para nós. É por uma boa razão que Ló foi incluído nela. Afinal, ele era
próximo de Abraão; estas qualidades não são tão longínquas uma da outra.
Abraão veio para o salvar porque a qualidade de Sodoma era necessária
para suscitar qualquer coisa para a correção. Foi por isso que quando
Abraão chegou a Sodoma, ele examinou os desejos que podiam ser salvos
deles enquanto que o resto, que não podiam ser examinados, tiveram que
atravessar a revolta de Sodoma.
Termos

Ide adiante

Ir adiante do seu desejo, independentemente de quão bom ele lhe possa


parecer.

Você deve chegar a um novo estado, um novo grau. Cada vez “Ide adiante”
indica que você deve estar constantemente em movimento, avançando para
cima.

Canãa

Canãa é a terra de Israel antes dela ser inteiramente corrigida.

Fome

“Fome” significa que eu não consigo satisfazer minha vontade de receber se


eu for um Egípcio, ou que eu não consigo satisfazer o meu desejo de doar se
eu for um Judeu, procurando unificação com o Criador.

Irmã

Há vários nomes que usamos para nos referirmos à vontade de receber.


Entre eles estão “irmã”, “esposa” e “servo”. A palavra, “irmã”, refere-se à
vontade de receber que você consegue usar com o preenchimento de
Chochmá (sabedoria), como está escrito, “Dizei para a sabedoria, ‘Vós sois
minha irmã’” (Provérbios 7:4).

Criada e mulher

Uma “criada” é quando uma pessoa usa o desejo de doar em prol de doar.
Uma “mulher” é quando a pessoa a preenche com receber em prol de doar,
do qual já é possível gerar filhos.

Fertilidade, Nascimento

As duas palavras acima referem-se a quando você gera o seu próximo grau,
o seu próximo estado.
Aliança

Uma aliança é quando você adquire a força de vontade, entendimento,


sensação e apoio, quando você é assistido para mudar de um estado para
estado sem falhar. Se há amor entre nós hoje, fazemos uma aliança para o
sustentar amanhã, também. A aliança ajuda-nos quando realmente
queremos que ele aconteça amanhã. Ela é uma força da Natureza que nos
ajuda a manter nosso estado.

Sumário

A mensagem chave da porção é verdadeiramente, “ide adiante”. Avançamos


de estado para estado somente através das mudanças nos nossos desejos.
Cada momento examinamos e escrutinamos nossos desejos para decidir
que desejos podemos usar, e que desejos não podemos, que desejos
devemos “matar”, e que desejos devemos “cortar” de nós mesmos.

Eu examino sempre como posso avançar através do amor aos outros e em


direção ao amor ao Criador. “Ide adiante” é o caminho que me guia, e é o
único que eu posso percorrer.
Agora, sobre os Nomes

Como ocorre com objetos físicos, também ocorre com as pessoas. O nome
hebraico de uma pessoa é sua força vital, e portanto tem um tremendo
impacto sobre aquela pessoa. Os cabalistas explicam2 que quando nasce
uma criança, uma espécie de espírito de profecia paira sobre os pais, dando
a eles uma visão sobre qual nome deveriam dar ao filho. Isso ocorre porque
um nome está intrinsecamente conectado com a essência da criança, e é um
componente primordial de sua formação.

(Em particular, é por isso que muitos têm o costume de mudar ou adicionar
um nome quando a pessoa está doente, geralmente um nome conectado
com cura, ex., Baruch ou Bracha [abençoado], Chaim ou Chaya [vida].

Como um nome atrai a força Divina de vida, os nomes associados com cura
e bênção são acrescentados na esperança de que irão atrair a energia
Divina de cura e bênção.

Esta é a razão para as mudanças de nome de Abraham, Sarah e Joshua.


Todos eles estavam a ponto de embarcar numa missão de vida inteiramente
nova, para a qual eles precisavam de uma medida nova, diferente, de
energia Divina. E assim, seus nomes anteriores eram insuficientes para
possibilitar que cumprissem esta nova missão, e tiveram de ser alterados.

Abrão e Sarai

Abrão (ou Avram) é uma contração de duas palavras, av Aram, significando


“pai de Aram”, e Sarai significa “minha princesa”. Avraham e Sarah tinham
sempre dedicado a vida a inspirar outros a abandonar a idolatria e servir a
D'us; apesar disso, foi tudo numa capacidade privada. Avram foi somente o
“pai de Aram”, seu próprio local de nascimento, e Sarai era “minha princesa”,
pessoal e particular.
D'us mudou seus nomes porque eles estavam sendo globais. Abram e Sarai
estavam se tornando pai e mãe, o rei e a rainha de toda a humanidade,
responsáveis e dedicados ao serviço de todos a D'us. Esta nova missão foi
expressa quase imediatamente e tangivelmente após suas mudanças de
nome com o nascimento de Isaac, o pai do povo judeu, que é chamado para
ser”uma luz entre as nações”.3

E portanto o nome Abrão/Avram se tornou Avraham, uma contração das


palavras “av hamon [goyim], significando “o pai de todas as nações”, 4 e o
nome de Sarai tornou-se “Sarah”, que significa “a princesa”. Ao mudar seus
nomes para refletir uma liderança mais ampla, D'us os imbuiu com energia
Divina comensurável à sua nova missão de vida, universal.

Além disso, o Midrash relata5 que quando D'us disse a Avraham que ele teria
um filho com sua mulher Sarah, ele olhou para as estrelas e viu que ele e
sua mulher não poderiam ter nenhum filho. D'us respondeu dizendo a
Avraham que sim, Abrão não podia ter filhos, e sim, Sarai não podia dar à
luz, porém Avraham e Sarah poderiam ter filhos.

Este Midrash também mostra como, quando o nome de uma pessoa muda,
sua energia Divina de vida muda, e ela se torna virtualmente uma nova
pessoa, com um destino e potencial diferentes.
No Caminho da Perfeição
Enquanto Nôach é caracterizado como já sendo perfeito quando o
encontramos pela primeira vez, a Torá insinua que Avraham ainda não
atingira este nível de perfeição quando D'us lhe ordena: "Caminhe adiante
de Mim e seja perfeito".

Embora a Torá qualifique o cumprimento a Nôach, limitando sua perfeição


dentro de sua geração, Avraham, como um indivíduo, aparentemente carece
de algumas características, por meio das quais D'us não poderia descrevê-lo
como perfeito e por isso deve dirigi-lo por um determinado caminho. Por que
o Criador está aconselhando Avraham a ser perfeito e de que maneira
Avraham é deficiente?

Avraham teve uma traiçoeira e complicada missão na vida. Sua revelação


independente da verdade do monoteísmo colocou-o em território
inexplorado, onde precisaria investigar caminhos nunca antes percorridos. E
assim como um desbravador em um lugar inóspito, Avraham deveria buscar
rumos que poderiam torná-lo desesperadamente perdido, ou mesmo levá-lo
a destinos que ameaçassem sua vida ou a missões desalentadoras.

Sendo um inovador, Avraham deve arriscar-se a fim de desenvolver,


esclarecer e entender este revolucionário conceito de monoteísmo. Assim
fazendo, emerge uma possibilidade real de que ele tomasse o caminho
errado. Este fato não insinua a fraqueza da fé de Avraham, ao contrário,
revela uma missão realmente complicada e com muitos fatores contribuindo
para a conclusão. Embora hoje entendamos o conceito de um D'us único
quase de forma intuitiva, Avraham descobriu e formulou a noção de
monoteísmo partindo do zero.

D'us, entendendo todas as ciladas e desvios em potencial que Avraham


certamente enfrentaria, aconselha-o a "andar adiante d'Ele". Entretanto, ao
caminhar à Sua frente, Avraham deve ser perfeito na busca de seu objetivo,
a fim de assegurar o resultado correto.

Cada um tem missões na vida - pessoal, familiar e comunitária. Em todas


elas existem muitas ameaças, e corremos o risco de nos desviar do rumo de
nosso destino desejado. Mesmo quando estamos mapeando nossos próprios
caminhos, desvios podem nos fazer perder o rumo. Enquanto nos
esforçarmos para atingir a perfeição, podemos continuar a perseguir nossa
missão com certo grau de segurança. É claro que a ameaça continua a
existir, porém em menor grau.

Avraham pode e deve atravessar território desconhecido para completar a


obra de sua vida, mas com uma orientação e mentalidade de sinceridade e
perfeição.

Também nós devemos lutar pela perfeição, atingindo o mais elevado, com
sinceras intenções.
Em busca de si mesmo
Por Yanki Tauber, baseado nos ensinamentos do Rebe

Há uma passagem no Livro de Zecharyá (Zacarias) que descreve um


encontro entre um ser humano e uma revoada de anjos, no qual o ser
humano é chamado "um viajante entre os estacionários."

"O Viajante" é a denominação mais apropriada para nossa incansável raça.


Outras criaturas também se mudam de lugar para lugar, mas apenas as
migrações do homem são motivadas pelo desejo de estar em outro local que
não seja aquele no qual está agora. Ao contrário de camundongos, bordos e
anjos, que são felizes por ser aquilo que são e por estar onde estão, o ser
humano está constantemente a caminho - sempre se esforçando para
chegar a algum lugar, de preferência onde ninguém jamais tenha estado
antes.

O problema é que não há mais para onde ir.

Há um século, podia-se dizer: "Vá para o oeste, meu jovem!" - para o oeste
iam os homens jovens, até que não havia mais oeste para ir. Então um
homem venceu a corrida para o Polo Norte, e um outro, para o Sul. Um outro
ser humano foi o primeiro a escalar o ponto culminante do Everest (embora
ainda se discuta quem foi exatamente o primeiro), e um outro ainda deu "o
salto gigantesco" de deixar as pegadas na superfície da Lua.
O que resta agora? Um viagem a outra galáxia? Uma incursão ao futuro?
Será que estas conquistas, se e quando forem atingidas, satisfarão o espírito
do Viajante?

Todos conhecemos a história do aldeão empobrecido que sonha com um


tesouro enterrado sob uma ponte em Praga. Chegando na cidade grande,
localiza a ponte de seus sonhos. O guarda-barreira, ao ver um homem
vagando com uma pá e intenções suspeitas, confronta o mendigo, que
confessa qual é sua missão. "Sonhos!" exclama o guarda. "Ora, a noite
passada sonhei que na casa de Jacó, o mascate da aldeia de Usseldorf, está
enterrado um baú com moedas de ouro, na parede atrás do fogão. Só por
isso viajei até Usseldorf, para pôr abaixo a parede da casa de algum pobre?"
Jacó corre para casa, derruba a parede atrás do fogão e vive feliz para
sempre com seu tesouro enterrado.

Depois que todas as jornadas são consumadas, depois que todas as buscas
são realizadas, permanece ainda uma fronteira que poucos exploraram e que
menos ainda conquistaram: a fronteira do próprio "eu". Atravessamos o
planeta e mais além, mapeamos o cosmos e a infra-estrutura do átomo,
procurando alguma indicação, algum sinal, do que se trata; mas quantos de
nós penetramos no interior de nossa alma?

Lech Lechá, as palavras introdutórias do chamado Divino a Avraham, que


inicia e define a História Judaica, significa literalmente "Vá por si mesmo".
"Vá por si mesmo," D'us ordenou ao primeiro judeu, "de tua terra, de teu local
de nascimento, da casa de teu pai, para a terra que Eu te mostrarei."

Quando veio o Divino chamado, Avraham pôde contemplar em retrospecto


uma vida de descoberta e realizações sem precedentes. Este era o homem
que descobriu a verdade do D'us Único, enfrentou o rei mais poderoso de
sua época, desafiou a morte numa fornalha ardente por suas crenças, e
converteu milhares a uma fé e crença monoteísta. Tudo isso ele conseguiu
inteiramente por si mesmo, sem um mestre, mentor ou voz celestial para
dirigi-lo, com nada além de seu grande intelecto para guiá-lo.

Então, quando Avraham completou 75 anos, veio a Divina Ordem: "Vá por si
mesmo!" Agora que completou suas explorações e atingiu seus objetivos,
volte-se interiormente e embarque numa jornada até o âmago de seu próprio
ser.

Paradoxalmente, quanto mais pessoal é a jornada, mais necessitamos de


auxílio e conselhos.

Um senso de direção bem desenvolvido pode nos guiar através do sistema


de estradas mais complicado; um senso social perspicaz pode negociar as
políticas mais embaralhadas; os dados e padrões de aprendizagem
armazenados em nosso cérebro facilitam nossa busca de novos campos de
estudo. Mas quando procuramos um caminho para o interior de nós mesmos,
o conhecimento e as habilidades de uma vida inteira tornam-se subitamente
ineficazes. Encontramo-nos nas trevas, sem outro recurso que o de chamar
nosso Criador: "D'us, quem sou eu?" clamamos. "Dá-me uma pista, diga-
me por que me fizeste."

Este paradoxo está implícito na primeira instrução registrada na Torá para o


primeiro judeu. Quando Avraham recebe ordens de "Vá por si mesmo,"
este homem engenhoso e auto-suficiente é ordenado a deixar de lado seus
talentos inatos ("tua terra"), a personalidade desenvolvida em sete décadas e
meia de interação com seu meio-ambiente ("teu local de nascimento"), e a
sabedoria descoberta e formulada por sua mente fenomenal ("da casa de teu
pai"), e seguir "cegamente" D'us até "a terra que Eu te mostrarei."

Em nossas jornadas externas, nosso conhecimento, talentos e personalidade


são as ferramentas com as quais exploramos o mundo além de nós. Mas ao
buscarmos nosso verdadeiro "eu", estas mesmas ferramentas - que
constituem um "eu" exterior e auto-imposto por si mesmo - oculta tanto
quanto revela, distorce ao mesmo tempo em que ilumina.

Empregamos estas ferramentas em nossa busca - não possuímos outras.


Porém se nossa jornada deve levar à quintessência do "eu", ao invés de algo
ilusório, deve ser guiada por Ele, que nos criou à Sua imagem, e esboçou o
projeto de nossa alma em Sua Torá

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