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A

história
de
Abraão
Abraão é filho de Terah (Gn 11,27), mas não
sabemos o nome da sua mãe. Teve dois irmãos: Nacor e
Arã, que foi o pai de Ló. Parece que Arã morreu ainda
jovem, na presença do seu pai (Gn 11,28).

Terah teria migrado também até Harã e aí teria


morrido com 205 anos (Gn 11,31-32).
A mulher de Abraão se chama Sarai e, assim como
ele, tem seu nome mudado, passando a se chamar Sara
(Gn 17,15), que significa “princesa”.
Abraão tem seu primeiro filho, chamado Ismael,
com Agar, sua serva (Gn 16), numa tentativa de suscitar
descendência, seguindo o costume da época, mas o
filho que lhe dará a descendência prometida será com
Sara e se chamará Isaac (Gn 17,19).

Segundo a tradição sacerdotal, depois da morte de


Sara, Abraão tomou por esposa Cetura, com a qual teve
seis filhos (Gn 25,1-6).
Abraão é considerado o “amigo de Deus” (Is 41,8;
Dn 3,35;), “o mais belo título de Abraão, conservado
ainda hoje nas tradições árabe e muçulmana”, pois Deus
“o amará para sempre”.
Também é chamado profeta (Gn 20,7), “no sentido
de alguém que tem relações privilegiadas com Deus; o
que faz dele uma pessoa inviolável (Sl 105,15)”.
Ainda, é considerado um homem justo (Sb 10,5).
Sobre ele, afirma-se que observou toda a Torá, embora
ainda não estivesse escrita, e pertence à lista dos justos
que jamais pecaram
O significado do nome e a mudança

O chamado é feito quando ele tem o nome mais


curto:

Abrão (Abrâm), literalmente “Meu Pai [Deus] (é)


alto, eminente, superior”, e se torna

Abraão (Abrahâm), significando “pai de uma


multidão” (Gn 17,5).
Há muitas personagens importantes na Bíblia que
costumamos chamar de “patriarcas e matriarcas” ou
“pais e mães”.
São homens e mulheres que nos deixaram algum
exemplo de fidelidade a Deus, de amor ao próximo e de
compromisso com a comunidade.
Normalmente são lembrados homens, mas há
também muitas mulheres que desempenharam papel
importante junto ao povo de Deus.
São seminômades que acampavam em tendas e
vagueavam à procura de pastagens para seus rebanhos.
As narrativas patriarcais (Gênesis, capítulos 12 a 50)
de Abraão, Isaque, Jacó e seus filhos formam como que
o “prólogo da história de Israel” ou, mais precisamente,
a “pré-história de Israel”.

Abrange um período anterior à formação do povo


de Israel, antes de tomar posse de Canaã, ou seja, antes
que começasse a viver como povo na Palestina.
O autor descreve, nessa pré-história, as memórias
da história tribal mais antiga.
O tempo que abrange as narrativas patriarcais é
muito longo, segundo os estudiosos, cerca de 600 anos,
de 1800 a 1200. São dados aproximados.

Por causa de sua extensão no tempo e no espaço,


essas pessoas não formariam propriamente uma
genealogia ou história familiar.

Mais do que laços de sangue, essas pessoas foram


unidas pelos laços da fé.
Sua importância está ligada à divindade, ou seja,
aos lugares sagrados.
O nome de Abraão está ligado aos santuários de
Siquém e Mambré;
Isaque relaciona-se ao santuário de Bersabeia;
Jacó, por sua vez, ao santuário de Betel.

Nesses lugares, Deus aparece a essas personagens


e daí deriva a famosa trilogia: Deus de Abraão, Deus de
Isaque e Deus de Jacó.
Eis os principais patriarcas e matriarcas bíblicos:

1. Abraão e Sara.
Abraão (pai de uma multidão) é o nosso pai na fé.
Com ele se inicia a caminhada da história da
salvação.
Exemplo de confiança em Deus e acreditando na
promessa do Senhor, não teme partir para uma terra
desconhecida. Sua maior prova de fidelidade acontece
quando Deus pede o sacrifício do próprio filho, Isaque.
2. Isaque e Rebeca.

Isaque (Deus sorri) filho de Abraão e Sara.

Quando os pais receberam a mensagem de que


teriam um filho, apesar da idade avançada dos dois e da
esterilidade de Sara, eles riram, daí “Deus ri”.
Quase foi sacrificado pelo pai e no fim da vida é
enganado pela esposa na bênção da primogenitura.
3. Jacó e Raquel.

Jacó (Deus protege) filho de Isaque e Rebeca, teria


esse nome ligado ao fato de ele segurar o calcanhar de
seu irmão gêmeo no momento do nascimento e porque
enganou seu irmão ao roubar-lhe a primogenitura.
A raiz da palavra “jacó” como nome significa
“calcanhar” e como verbo “suplantar”. Mais tarde
recebeu o nome de “Israel”.
Mesmo passando por provações, obedece a Deus
em tudo e se mantém sempre fiel.
Vídeo: Livro 1 - Gênesis - Viagens de Abraão
Por: Regis Cordeiro
O sacrifício
de Abraão

Gn 22
O sacrifício
de Abraão

Gn 22
O ciclo de Jacó 26 – 36

A história de Esaú e
Jacó é marcada, desde o
início, por conflitos.
Jacó, ao nasceu,
segurou o calcanhar do
irmão gêmeo.
Esaú, o primeiro a
nascer, vendeu seu direito
de primogênito a Jacó.
Mais tarde, Jacó, aliado
com sua mãe Rebeca,
consegue enganar seu pai,
Isaac, recebendo a bênção
que pertencia ao filho mais
velho, Esaú.

Jacó paga caro por sua


trapaça: foge do irmão, é
explorado por Labão, ao
desejar a filha Raquel para
casar.
Esaú e Jacó formam dois povos distintos: os
descendentes de Esaú são os grupos que se fixaram no
sul de Canaã, formando um Estado à parte, chamado
reino de Edom (edomitas).

Os descendentes de Jacó são as doze tribos que


formaram a confederação do povo de Israel.

Embora considerados irmãos, esses dois povos não


conseguiram conviver pacificamente.
O texto de Gn 32,22-
30 relata a luta dramática
de Jacó com o Anjo.

A luta de Jacó com o


Anjo do Senhor é
sintomática.
Esta luta foi o ápice
das consequências das
ações que Jacó tinha
praticado.
Jacó quis por si mesmo alcançar a benção de Deus,
trapaceando e roubando a benção do seu pai Isaque,
que era destinada a seu irmão Esaú.

E Jacó pagou um preço muito alto por aquela


atitude. Jurado de morte, após o falecimento de seu pai,
teve que fugir do alcance de Esaú, se refugiando na
parentela de seu tio Labão.
E o "enganador", passou a ser enganado por Labão.
Primeiro no casamento de suas filhas Raquel e Lia.
Depois na divisão das ovelhas que nasciam ora
malhadas, ora lisas.
Labão mudou o seu salário dez vezes. E havia
disputas e conflitos entre suas mulheres e conflitos com
o irmão de sua mãe pela divisão dos animais.
Após ter enviado, na frente, presentes ao seu irmão
Esaú, o velho Jacó teve a oportunidade de isolamento.

Ele ficou na solidão da noite, e misteriosamente


começou a lutar com um homem desconhecido nas
margens do rio Jaboque.

A luta durou a noite inteira e marcou, mais uma


vez, a história de vida do patriarca.
Jacó entendeu a sua necessidade de ter um
momento a sós com Deus.

E assim o fez.

Gn 32,22-24a: “E levantou-se aquela mesma noite,


e tomou as suas duas mulheres, e as suas duas servas, e
os seus onze filhos, e passou o vau de Jaboque. E
tomou-os e fê-los passar o ribeiro; e fez passar tudo o
que tinha. Jacó, porém, ficou só”.
O ciclo
de José

Gn 37-50
Os capítulos 37-50 do livro do Gênesis narram a
“história de José”.

Uma história bastante conhecida e que se diferencia


um pouco das outras narrativas do Gênesis por sua
forma literária característica.

Muitas vezes é vista como novela ou romance curto,


que trata dos problemas das famílias.
José era bastante
mimado e querido pelo
pai Jacó por ter nascido
na velhice e, além disso,
teve uns sonhos
estranhos, que indicam
sua supremacia em
relação aos irmãos.
Por causa disso, seus
irmãos começaram a rejeitá-lo
e, para se livrarem dele,
venderam-no como escravo e
foi levado para o Egito.
O faraó teve uns
sonhos; José, como
tinha fama de decifrar
sonhos, foi chamado
para interpretá-los.
Isso foi ocasião para
sua ascensão.
Na corte do faraó,
desempenhou papel
importante, chegando a
ser primeiro ministro.
Nesse tempo, houve
grande seca em toda a
região.
Os irmãos de José vão
ao Egito em busca de
alimento. Aos poucos,
os irmãos (José e os
outros) se reconhecem e
se reconciliam.
José consegue trazer
toda sua família para o
Egito.
A “história de José” é vista como a história de
alguém que consegue superar as dificuldades da vida e
os conflitos familiares.

Dentro dessa trama, José é visto como instrumento


de Deus para realizar seus projetos: capaz de discernir a
ação de Deus e agir de acordo com ela.

Deus providencia, mas sua ação não dispensa a


inteligência nem a prática do ser humano. O divino age
por intermédio do humano.
O texto repete várias vezes: Deus estava com José.
Se, antes de Salomão, a ação de Deus era vista como
intervenção direta, agora ele está presente de forma
quase anônima, dirigindo os acontecimentos através da
ação humana.

Na estrutura do Pentateuco, o ciclo de José tem a


função de servir como introdução às narrativas do
êxodo, ou seja, uma espécie de ponte entre as
narrativas patriarcais e o relato do livro do Êxodo.
Mostra como o povo foi parar nas terras do faraó.
Como é um relato elaborado, em grande parte, pela
corte do templo no tempo de Salomão, serve também
para justificar a monarquia e a opressão praticada por
Salomão.

A burocracia de Salomão seguiu os costumes da


corte do faraó do Egito, legitimando a opressão e a
cobrança de impostos.
O capítulo 47 mostra claramente a política perversa
do faraó, e que foi implantada também em Israel no
tempo de Salomão.

Dizendo que essa política agrária foi criada por José


(patriarca israelita), justifica a prática de Salomão.

A situação do povo da terra torna-se quase


insustentável: o empobrecimento progressivo do povo
acaba tornando-o escravo do poder político.

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