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Complementar
O meu caminho
eu mesmo traço
Arquipélago da Presença
(45° N 60° L)
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O meu caminho
eu mesmo traço
Arquipélago da Presença
(45° N 60° L)
Arquipélago da Presença
(45° N 60° L)
Olá, Educador!
Desejamos que o uso desse Caderno seja bastante proveitoso e que o esƟmule a
ampliar os seus estudos acerca das abordagens realizadas!
Bons estudos!
Equipe ICE
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Arquipélago da Presença
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AQUELE ABRAÇO
Gilberto Gil
Década de 1960... anos diİceis! O regime democráƟco no Brasil havia sido subsƟtuído pelo regime
militar com uma ditadura instalada e que, sob o comando de sucessivos governos militares, prevaleceu
por mais de dez anos (1964 – 1985) suprimindo de maneira opressiva nossas liberdades fundamentais.
Uma das áreas que mais se destacou no combate à opressão foi a das artes: cineastas, arƟstas plásƟcos,
dramaturgos, escritores, músicos... todos fizeram o melhor uso dos seus talentos e habilidades como
mecanismo para quesƟonar, se contrapor, comunicar e manter a população brasileira informada.
1 Texto elaborado pela Diretoria Pedagógica do InsƟtuto de Corresponsabilidade pela Educação em maio de 2021.
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UƟlizando-se de metáforas inteligentes e insƟgantes, muitas obras primas foram produzidas nesse
período, sempre camufladas pelos arƟstas e assim protegidas da censura que predominava de
maneira hegemônica. Dessa forma conhecemos clássicos da música popular brasileira compostos
por João Bosco e Aldir Blanc, Chico Buarque, Caetano Veloso, Geraldo Vandré e muitos outros.
Gilberto Gil é o compositor da canção popular Aquele Abraço, composta em 1969 pouco antes do
seu exílio em Londres e que se notabilizou não apenas como a sua canção de despedida do país
e um ícone no cancioneiro popular brasileiro, mas também como um símbolo de contestação ao
regime militar insƟtuído e às restrições e ações arbitrárias impostas pelo Ato InsƟtucional nº 5.
Certamente, a canção foi inspiradora para muitos jovens que protagonizaram o movimento estu-
danƟl celebrizado pelos protestos que proclamavam as liberdades então suprimidas. Em essência,
essa canção é um retrato muito fiel do contexto nacional vivido àquela época.
O professor Antonio Carlos Gomes da Costa “traduziu” um dos versos dessa canção sob a forma
de uma metáfora muito interessante e a relaciona a elementos importantes para a construção do
projeto mais importante das nossas vidas. O mote da canção é a sua despedida do Brasil e, nela,
faz referência a pessoas, lugares e um pouco do coƟdiano do Rio de Janeiro. Mas é possível ler
além dos versos escritos por Gilberto Gil.
Aqui é possível idenƟficar o claro protagonismo do compositor. Ele se põe como fonte de liberdade
(ação) e protagonista diante da condução da sua vida. Não é objeto das escolhas e decisões de
outra pessoa para seguir “pelo mundo”, mas das suas próprias.
A asserƟvidade presente nessa primeira passagem enfaƟza a sua determinação em caminhar por meio
do traço que ele definiu e revela o seu protagonismo diante da travessia que está disposto a percorrer.
Ele não é o expectador de uma decisão, mas o seu autor e executor dotado da capacidade de olhar para
o futuro de maneira destemida e determinada – condições fundamentais para desejar estar no futuro.
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É necessário ter um caminho, ter a liberdade de escolha e decisão por ele e segui-lo, fazendo uso
dos recursos que dispõe e ciente da necessidade de desenvolver outros.
Gilberto Gil traz a Bahia na sua poesia e aqui ela remete ao ambiente familiar, social e cultural onde
o compositor nasceu e foi criado.
• ela foi o seu porto seguro e nela se encontram as pessoas cuja presença foi
tão necessária;
• é o lócus da sua própria formação, desde aquela assegurada pelos seus pais
àquela oferecida pela escola e pelas pessoas que se fizeram presentes em
sua vida nessa belíssima passagem.
Ao agradecer a Deus, o compositor faz uma reverência à sua dimensão transcendental e ao reco-
nhecimento da vida- o nosso maior bem- pelo qual ele é grato, a despeito das naturais dificuldades
existentes, bem como daquelas impostas por condições alheias à sua vontade. É preciso querer
viver, reconhecer o valor da vida pela qual se é grato e fazê-la “grande”. Ele reconhece o que a Bahia
o ofereceu e é simplesmente grato.
Após expressar a sua graƟdão ao que a Bahia ofereceu, vemos que ele traz dois instrumentos
muito conhecidos e que nos remetem à realidade racional, objeƟva e concreta – a régua e o com-
passo – dois elementos necessários à travessia que ele declarou estar disposto a percorrer.
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É uma referência ao fato de que na construção de um Projeto de Vida é necessário localizar o ponto
onde estamos e o quanto falta seguir para alcançar os nossos objeƟvos.
A régua e o compasso são instrumentos uƟlizados na geometria e no desenho para traçar segmen-
tos de reta e medir pequenas distâncias e traçar circunferências, respecƟvamente.
Gilberto Gil finaliza o verso reiterando a sua aƟtude protagonista responsável diante do compro-
misso de seguir aquilo que definiu para si: ele se conhece, sabe o que quer e onde quer chegar
e assume a condução do seu percurso.
E o abraço enfaƟza a presença de uma aƟtude afetuosa diante daquele de quem ele se despede.
A clara determinação para definir um curso a seguir na vida em busca da autorrealização, porque
desenvolveu suficiente conhecimento sobre si e definiu uma visão de futuro.
Essa visão é contemplada com oƟmismo e sem temor, mas com a coragem (que não é a ausência
de medo) e a resiliência necessária para enfrentar as dificuldades e contratempos, com autocon-
fiança (que não é a mesma coisa que autossuficiência) e garra.
ParƟr de um ponto (quem é) e posicionar aquele ponto no qual quer chegar (quem quer ser), exige
competências e habilidades que são desenvolvidas a parƟr das experiências pessoais, sociais e
educaƟvas. Isso ocorre no âmbito da família, dos bons amigos e do ambiente escolar, entre outros.
Desenvolver esse percurso é uma escolha e decisão pessoal. Isso requer uma aƟtude protagonista
e responsável diante da própria vida.
Aquele abraço!
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Referências
BARRETO, Thereza M.C P. Anotações pessoais durante a gestão do Ginásio Pernambucano
sistemaƟzadas no período de 2003 a 2008.
COSTA, Antonio Carlos Gomes da. Encontros e Travessias: o adolescente diante de si mesmo
e do mundo. São Paulo: InsƟtuto Ayrton Senna, 1999.
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