Você está na página 1de 43

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE ECONOMIA
ECONOMIA INDUSTRIAL

Abner Ryan do Nascimento Clemente


Guilherme Campos Costa
Jennifer Lima dos Santos Rabelo
Maria Clara Ribeiro Duarte
Rodrigo Cavalcante Kalil

ESTUDO DE CASO: INDÚSTRIA DE FERRO

Rio de Janeiro
2023
LISTA DE FIGURAS:

Figura 1 - The Quadrilátero Ferrífero of Minas Gerais State ……………………………………………...5

Figura 2 - Gráfico crude steel production…………………………………………………………………13

Figura 3 - Tabela dos maiores produtores de minério de ferro……………………………………...…….14

Figura 4 - Índices de concentração industrial do setor………………………………...………………….15

Figura 5 - Barreiras à entrada……………………………………………………………………...………17

Figura 6 - Possíveis vantagens e desvantagens da integração vertical……………………………………19

Figura 7 - Gráfico da distribuição de empresas em diversificação geográfica e mineral, país sede e


faturamento………………………………………………………………………………………………..21

Figura 8 - Reportagem: “Reajustes das usinas de aço afligem clientes industriais” ……………………..23

Figura 9 - Reportagem: “Minério de ferro surpreende e encerra ano com alta de 74 por
cento”…………………………………………………………………………………………………...…24

Figura 10 - 50 maiores empresas do segmento em relação ao tamanho do valor de mercado....................25

Figura 11 - Comparação entre a qualidade dos minérios da CVRD e a qualidade de alguns minérios
australianos ………………………………...……………………………………………………………. 28
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

PMB - Produção Mineral Brasileira

CVRD - Companhia Vale do Rio Doce


SUMÁRIO
1. Introdução
2. Condições Básicas de Demanda e Oferta:
2.1. Oferta
2.1.1. Matérias primas
2.1.2. Tecnologia
2.1.3. Características intrínsecas
2.1.4. Estrutura jurídica
2.2. Demanda
2.2.1. Elasticidade-preço da demanda
2.2.2. Presença ou não de substitutos
2.2.3. Fatores cíclicos e sazonais que afetam a demanda
2.2.4. Tipos de comercialização
3. Estrutura de Mercado
3.1. Número de compradores e vendedores
3.2. Existe diferenciação de produto (reais)?
3.3. Quais as principais barreiras à entrada?
3.4. Estrutura de custos
3.5. Integração vertical
3.6. Diversificação
4. Conduta das Firmas
4.1. Comportamento de precificação – Pode-se verificar um nível de Mark-up usual ; as empresas
em geral o acompanham? Os preços apresentam grandes oscilações ou tendem a ser mais rígidos?
É possível identificar empresas líderes que determinam preço (quantidades)? Como este
comportamento dos preços pode ser interpretado à luz de uma perspectiva de interação
estratégica (teoria dos jogos)?
4.2. Estratégias de produtos e propaganda – criação/reforço de diferenciação de caráter
informacional, papel de marcas e estratégias de colocação de produtos.
4.3. P&D, estratégias inovativas e de propriedade intelectual em perspectiva neo-schumpeteriana
1. Introdução: aspectos gerais do setor, dados históricos, etc.

O minério de ferro é de grande importância para o mundo e uma valiosa commodity do Brasil, pois o país
é um dos principais produtores desse metal.
Os primeiros trabalhos geológicos sobre o minério de ferro e as primeiras explorações foram realizadas
em 1913 por Harder & Chamberlin. Os primeiros achados do metal nobre em torno de 1693 levaram a
uma verdadeira febre ferrífera. No final do século XVII, foi descoberto o quadrilátero ferrífero (QF), em
Minas Gerais, compreendendo as cidades de Belo Horizonte, Itabira, Ouro Preto e Congonhas. Desde
então, a área do quadrilátero assume uma importância nacional, sendo considerada a mais importante
província mineral do país. As estimativas do início do século XXI, apontam que dali se extraía cerca de
55 milhões de toneladas de minério de ferro por ano e que 60% de toda a produção brasileira dessa
commodity tenha origem nessa região. Outro grande local onde foi encontrado minério de ferro no país
no ano de 1967, é na Serra de Carajás, que fica localizada no Sudeste do Pará, norte do Brasil. Nessa
região, o minério de ferro é encontrado com o mais elevado teor de todo o globo terrestre, sendo esse um
dos grandes diferenciais para a produção ser tão relevante e sua extração iniciou-se em 1985, 18 anos
depois da jazida ter sido descoberta.
Em suma, durante toda a história do Brasil, a mineração de minério de ferro tornou-se vital para a
infraestrutura urbana e industrial do país, usado para tudo, desde trilhos ferroviários até concreto armado.
1.1 Aspectos do setor

Historicamente, a indústria de minério de ferro sempre apresentou uma tendência contínua de


crescimento, porém com fases distintas, pois trata-se de um mercado com situação de equilíbrio instável.
Segundo a Global Iron Ore Mining, empresa que fornece estatísticas e informações globais sobre o
minério de ferro, o Brasil possui uma das maiores reservas do mundo e de ótima qualidade. Assim, a
indústria de mineração desempenha um papel importante na economia nacional, respondendo por um
percentual considerável do PIB do país. Ele é a matéria-prima do aço, que é usado na produção de
ferramentas, máquinas, veículos de transporte, linhas de transmissão de energia elétrica, como elemento
estrutural para a construção de edifícios e casas, além de possuir uma infinidade de outras aplicações. A
comercialização do minério de ferro depende de suas características físicas, referentes ao tamanho das
partículas (granulometria), e químicas, que corresponde aos teores de ferro e outras impurezas associadas
ao minério. Além de sua contribuição para a economia nacional, a exploração de minério de ferro também
é fundamental para o sucesso do setor externo, tornando a balança comercial superavitária.
Dessa forma, a indústria de minério de ferro funciona, fundamentalmente, baseado no setor siderúrgico e
varia em função de sua demanda, influenciando o seu preço no mercado mundial, este que acaba por ser
condicionado pelas mudanças tecnológicas e, também, pelo processo de manutenção da sua cadeia de
valor. Com isso, este mercado mundial está diretamente ligado a essas variações na demanda do setor
siderúrgico pelo minério.

1.2 Dados gerais

Estima-se que 99% da produção mundial de minério de ferro seja destinada para a indústria siderúrgica
(UNCTAD, 2008), sendo importante para gerar empregos, taxas e impostos. Além disso, segundo o
Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), a produção total do setor mineral brasileiro alcançou, em 2021,
1,150 bilhão de tonelada, em que o minério de ferro respondeu por 74% do faturamento global do setor
no mesmo ano. Deste minério, foram exportados em 2022, 344,1 milhões de toneladas, gerando uma
receita de R$ 153,5 bilhões, equivalente a 61% da receita total de minerais exportados. Ainda em 2022, a
Mineração e Transformação Mineral geraram mais de 800 mil empregos diretos e cerca de 2 milhões
indiretos, tendo sido responsáveis por 3% do PIB do Brasil.
Já em 2023, o preço do minério de ferro ficou cerca de 15% menor que no primeiro semestre de 2022. O
setor mineral aumentará investimentos para US$ 50 bi até 2027, principalmente os socioambientais que
passarão de US$ 4,2 bilhões para US$ 6,5 bilhões em cinco anos. Dos investimentos da mineração, o
maior volume será direcionado ao minério de ferro: US$ 17 bilhões, ou 24% a mais do que no período
anterior.
Além disso, no primeiro semestre de 2023, o minério de ferro teve participação de 58% no faturamento
segundo a ANM/IBRAM, e foi responsável por 68,9% das exportações em US$. Os principais destinos
das exportações são China (65,0%), Malásia (6,3%) e Japão (3,7%). Além disso, a arrecadação de CFEM
por minério de ferro teve alta de 2,5%.
De forma geral, são mais de 206 mil empregos diretos no setor mineral segundo dados de Julho/2023.
Cabe lembrar, ainda, que a Vale é a maior produtora mundial de minério de ferro e pelotas, matérias-
primas essenciais para a fabricação de aço. Carajás é a maior operação da empresa, localizada no norte do
Brasil, e o minério de Carajás é considerado o minério de ferro de melhor qualidade do mundo, sendo este
um dos fatores que garante destaque para a commodity no país.

2. Condições Básicas de Demanda e Oferta

2.1. Oferta

2.1.1. Matérias primas

Obviamente, o principal recurso é o próprio minério de ferro. Este minério é extraído de minas de ferro
em várias partes do mundo, incluindo Brasil, Austrália, China, Índia e Rússia, entre outros países.
Entretanto, o setor de minério de ferro utiliza várias matérias-primas e recursos em seu processo de
produção além do ferro, como exemplos: muitas operações de mineração do ferro requerem carvão para
alimentar fornos e processos de fundição. O carvão é utilizado como fonte de energia e também como um
agente redutor no processo de produção de ferro e aço; o calcário é usado na produção de ferro como uma
fonte de cálcio, que ajuda a remover impurezas do minério durante o processo de fundição; a água é
essencial em várias etapas do processo de produção de minério de ferro, incluindo a separação do minério
bruto e a criação de popa para transporte; e grandes quantidades de energia elétrica são necessárias para
operar as máquinas e equipamentos nas minas, bem como para alimentar os fornos em siderúrgicas.
Como em qualquer mercado, a indústria de minério de ferro pode ser afetada por várias variáveis,
incluindo oferta e demanda globais, preços de commodities, questões geopolíticas e regulatórias. Assim,
os preços das matérias-primas, como minério de ferro e carvão, podem ser altamente voláteis devido a
fatores econômicos e políticos, o que gera impacto na rentabilidade das empresas do setor. Além disso,
por se tratar de um recurso natural, sua disponibilidade pode variar de região para região. Empresas do
setor têm o desafio de garantir o acesso a fontes confiáveis e licenciadas de matérias-primas, que estejam
de acordo com regulamentações ambientais e trabalhistas. No caso do Brasil, existem espaços extrativos
que estejam de acordo com a legislação ambiental brasileira. Atualmente, há cinco principais leis
ambientais no Brasil: Novo Código Florestal Brasileiro (Lei 12.651 – 2012), Lei de Crimes Ambientais
(Lei 9.605 – 1998), Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938 – 1981), Lei de Fauna (Lei 5.197 –
1967) e a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9.433 – 1997).
É importante notar que o mercado de minério de ferro está interligado com o setor de siderurgia, pois o
minério de ferro é a principal matéria-prima na produção de aço. Mudanças nas condições do mercado de
matérias-primas podem, portanto, ter um impacto significativo na indústria siderúrgica e vice-versa.
A volatilidade nos preços das matérias-primas, especialmente o minério de ferro, pode afetar a
rentabilidade das empresas de mineração. Flutuações nos preços podem ser causadas por mudanças na
demanda global, políticas comerciais, desastres naturais que afetam a produção ou eventos geopolíticos.
Para gerenciar essa volatilidade, muitas empresas usam estratégias de hedging para proteger seus lucros.
O acesso a fontes confiáveis de minério de ferro é crucial para a continuidade das operações. Empresas de
mineração podem enfrentar desafios como a exaustão de minas existentes e a necessidade de desenvolver
novas minas em áreas remotas ou politicamente sensíveis. Isso pode exigir investimentos substanciais em
infraestrutura e logística. A pressão por práticas sustentáveis na indústria de mineração está aumentando.
Isso inclui a redução da pegada ambiental, como o uso mais eficiente da água e a minimização da
poluição. Além disso, a recuperação de áreas mineradas e a gestão de resíduos são preocupações
importantes. O não cumprimento de regulamentações ambientais pode resultar em penalidades e impactos
negativos na reputação da empresa.
A indústria de mineração é altamente regulamentada em muitos países. Isso pode abranger questões de
segurança no local de trabalho, proteção ambiental e direitos dos povos indígenas ou comunidades locais
afetadas pela mineração. Conformidade estrita com essas regulamentações é essencial para evitar litígios,
multas e interrupções nas operações.
A competição é feroz na indústria de minério de ferro, com empresas de todo o mundo lutando por
participação de mercado. Isso pode levar a uma busca contínua por eficiência e inovação para manter os
custos baixos e a qualidade do produto alta. Assim, a indústria de mineração está em constante evolução
tecnológica. Novas tecnologias, como a automação de equipamentos, o uso de drones e sensores para
otimizar operações e a implementação de sistemas avançados de gestão de dados, podem melhorar a
produtividade e a eficiência, reduzindo os custos operacionais.

2.1.2. Tecnologia

O setor de minério de ferro também incorporou avanços tecnológicos em várias áreas do processo
produtivo e de comercialização e a tecnologia tem desempenhado um papel importante na exploração e
extração de minério de ferro. Os métodos geofísicos e geológicos modernos permitem uma identificação
mais precisa de depósitos de minério, enquanto o uso de equipamentos de perfuração automatizados e
sistemas de transporte eficientes otimiza a extração.
O transporte de minério de ferro das minas para as usinas siderúrgicas muitas vezes envolve grandes
distâncias. A logística é aprimorada por sistemas de gestão de transporte avançados, rastreamento de frota
em tempo real e até mesmo automação de trens e caminhões.
Avanços na tecnologia de processamento e beneficiamento permitem que as empresas obtenham um
maior rendimento de minério bruto, separando efetivamente o minério de ferro de impurezas. Isso leva a
um uso mais eficiente do recurso e a uma qualidade de produto final superior.
A automação desempenha um papel crescente na indústria de minério de ferro, desde a operação de
equipamentos pesados até a monitorização de processos. Isso não apenas melhora a eficiência, mas
também aumenta a segurança no local de trabalho.
A coleta e análise de dados desempenham um papel importante na otimização da produção e na previsão
de demanda. Ferramentas avançadas de análise de dados ajudam as empresas a tomar decisões mais
informadas sobre alocação de recursos e estratégias de mercado.
A comercialização de minério de ferro também se beneficiou da tecnologia digital. Plataformas online e
sistemas de comércio eletrônico facilitam a compra e venda de minério, permitindo que as empresas
alcancem mercados globais de forma mais eficaz.
A tecnologia desempenha um papel na melhoria da sustentabilidade ambiental da indústria. Isso inclui a
implementação de tecnologias de redução de emissões, como a captura e armazenamento de carbono,
bem como o desenvolvimento de práticas de mineração mais responsáveis em termos ambientais. A
tecnologia é usada para monitorar e controlar a qualidade do minério de ferro ao longo do processo de
produção. Isso inclui análises químicas automatizadas e sistemas de controle de qualidade em tempo real.
Essas características técnicas e tecnológicas estão ajudando a indústria de minério de ferro a enfrentar
desafios complexos, como a necessidade de aumentar a eficiência, melhorar a sustentabilidade e atender
às demandas variáveis do mercado. À medida que a tecnologia continua a evoluir, é provável que a
indústria de minério de ferro continue a se beneficiar de inovações que a tornem mais competitiva e
sustentável.

2.1.3. Características intrínsecas – mercado, organização, risco, setor importante para outros
setores?

O mercado de minério de ferro é caracterizado por uma variedade de produtos, cada um com um uso
específico na indústria siderúrgica. Esses produtos incluem "Granulado", "Sinter" e "Pellet Feed (finos)",
com diferentes composições, destacando-se ferro (Fe), alumina (Al2O3), manganês (Mn), sílica (SiO2) e
umidade (H2O), que afetam suas propriedades.
Os minérios de ferro finos são obtidos a partir de minérios brutos e são explorados quando há
disponibilidade de minério de qualidade. Atualmente, apenas dois tipos de minério de ferro finos são
amplamente utilizados: "depellet" e "sinter feed".
As "Pelotas" são minérios de ferro mais caros devido à sua granularidade favorável e menor variação em
características físico-químicas. Elas não passam pelo processo de aglomeração, como "Pelota" e "Sínter",
mas são compostas por minério com granularidade conhecida.
O mercado de minério de ferro está intimamente ligado à demanda da indústria siderúrgica, influenciando
os preços. Mudanças tecnológicas e a cadeia de valor também afetam o mercado. Um exemplo é o
aumento de preços em 2002, impulsionado pelo crescimento da demanda de aço na China.
No Brasil, o minério de ferro desempenha um papel vital na balança comercial de exportações, com a
China, Japão, Coréia do Sul, Holanda e Itália como principais compradores. A baixa qualidade do minério
chinês leva à compra de quase metade do minério brasileiro.
A siderurgia é o principal consumidor de minério de ferro, usando mais de 75% da produção. O ferro é
essencial para a produção de aço, usado em automóveis, construções civis, máquinas e eletrodomésticos.
O ferro, proveniente do minério de ferro, é um componente essencial para várias indústrias, tornando-se
fundamental para a indústria de base. A sociedade depende do minério de ferro para promover seu
desenvolvimento e evolução, pois está presente em muitos objetos do cotidiano.
Em 2019, o minério de ferro ultrapassou o diesel e se tornou o segundo produto industrial do país, saindo
do 3 º para o 2º lugar; o petróleo bruto liderava. Em 2020, o minério de ferro foi o principal produto
industrial do país, assumindo a liderança, passando do 2º para o 1º lugar. Em 2021, o minério de ferro
manteve-se como o produto de maior receita (R$ 242,1 bilhões) e participação (5,6%) na indústria
brasileira, após ter ultrapassado óleos brutos de petróleo em 2020.
Essas são algumas das informações da Pesquisa Industrial Anual-Produto (PIA-Produto) do IBGE, dos
anos 2019, 2020 e 2021, estes são os últimos e os mais atuais dados da pesquisa, que investiga cerca de
3.400 produtos e serviços industriais nas 32,8 mil empresas com 30 ou mais pessoas ocupadas e em suas
39,3 mil unidades locais industriais.

2.1.4. Estrutura jurídica

As grandes empresas extratoras e produtoras de minério de ferro no Brasil são a Vale, Samarco, CSN
(Companhia Siderúrgica Nacional), MMX Mineração e Metálicos SA e Usiminas, cada uma responsável
por, aproximadamente, 80%, 6%, 5%, 2%, 2% da produção nacional, respectivamente. Destaca-se outras
empresas importantes: Rio Tinto, BHP-Billiton (ambas australianas)
Vale S.A. é uma mineradora multinacional brasileira, é uma das maiores empresas de mineração do
mundo e também a maior produtora de minério de ferro, de pelotas e de níquel. Em 2008, a empresa
chegou a ser a 33° maior do mundo (de acordo com o Financial Times de 2008)
Fundada em 1942 como Companhia Vale do Rio Doce, nome usado até 2007, a empresa foi criada
durante o governo Getúlio Vargas para a exploração das minas de ferro na região de Itabira, no estado de
Minas Gerais. A Vale é hoje uma empresa privada, de capital aberto, com sede no Rio de Janeiro, e com
ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3).
A Samarco Mineração é uma organização brasileira de mineração privada, fundada em 1977, atualmente
é controlada através de uma joint-venture entre a Vale S.A. e a anglo-australiana BHP Billiton, cada uma
com 50% das ações da empresa.
A CSN Mineração S.A. é uma importante exportadora de minério de ferro do Brasil e está entre as cinco
mais competitivas no mercado transoceânico. A operação integrada e os seus ativos de alto valor
permitem que a CSN Mineração seja uma das empresas bastante eficiente no setor, com um
posicionamento de destaque em custo e qualidade. Fundada em abril de 1941, a CSN foi a primeira
produtora integrada de aço plano no Brasil, um marco no processo de industrialização do país, foi
privatizada em 1993.

2.2. Demanda

2.2.1. Elasticidade-preço da demanda

Grande parte da produção nacional de minério de ferro é destinada à exportação. Os principais


compradores são China, Japão e Coreia do Sul. A China é o país que mais importa minério de ferro para a
produção interna de aço. A situação de contratos foi afetada nos últimos meses pela crise imobiliária da
China. Segundo matéria da CNN de agosto, os valores dos contratos caíram devido a expectativas de
diminuição na produção de aço do país. Contudo, no fim do mês, a InfoMoney comunicou ganhos em
contratos futuros, devido a medidas do governo da China para ajudar na recuperação do setor imobiliário
no país. Esses eventos indicam que o papel da China na demanda por minério de ferro é tal que ela
influencia no preço deste produto.
Em contrapartida, o Brasil é um dos principais fornecedores do minério, juntamente da Austrália.
Problemas no funcionamento das empresas extratoras do minério podem afetar o seu preço médio, como
indicado na matéria do Exame , de 2021. Internamente, há consumo de minério de ferro na produção de
aço. Em alguns casos, como o da Gerdau, a empresa realiza a própria extração mineral, suprindo sua
demanda. Essas empresas consomem parte da sua extração, mas remetem a maior parte para terminais de
exportação.
Os gráficos a seguir mostram a oscilação da produção de ferro mundial e da China, do qual vemos
semelhança entre ambas as curvas, devido possivelmente ao peso que a produção chinesa tem. No
segundo gráfico, vemos a oscilação do preço de minério de ferro (em porcentagem). Atente para a escala
das datas, que difere entre os gráficos. Observando os dados deste ano de 2023, existe certa semelhança
nos momentos de ascensão e queda dos valores, refletindo a influência da demanda da indústria de aço
por ferro no preço do minério.
Há indícios de que os preços do minério de ferro são sensíveis à demanda. Contudo, como o minério de
ferro das principais minas brasileiras é considerado de alta qualidade, ele pode ser menos suscetível a
essas oscilações.
Segundo análise da Unifesspa , em estudo considerando dados de janeiro de 2000 a dezembro de 2015, a
elasticidade-preço é de 0.3 e a elasticidade-demanda do minério de ferro é de -1,3 no curto prazo. No
longo prazo, não foi identificada uma correlação entre preço e demanda.

2.2.2. Presença ou não de substitutos

A indústria siderúrgica possui o minério de ferro como matéria-prima essencial para a produção de aço,
liga metálica com propriedades únicas e insubstituíveis em muitas áreas. Por ser um material com alta
durabilidade, resistente à corrosão e capaz de resistir a impactos e a altas temperaturas, encontrar
substitutos para o aço e, consequentemente, para o ferro, é uma tarefa desafiadora. Além disso, a vasta
gama de aplicações do aço o torna altamente adaptável às necessidades industriais e de construção.
Devido a sua utilização nos fornos elétricos a arco, equipamento que atua no processo de fusão de
materiais, a sucata de ferro e aço também desempenha um papel relevante na siderurgia. Apesar de não
ser um substituto perfeito para o minério de ferro, representa cerca de 30% do suprimento de unidades de
ferro à indústria siderúrgica.
Embora o ferro seja um material de ampla utilização e insubstituível em muitas aplicações, é fato que
existem algumas alternativas em determinados contextos. Um substituto notável para o ferro em diversas
situações é o alumínio, por ser mais leve e resistente à corrosão. Ele é amplamente utilizado na fabricação
de aeronaves, carros, bicicletas, estruturas de construção leves e embalagens. Apesar disso, o alumínio
possui um custo maior do que o ferro e em aplicações que requerem alta resistência mecânica ele pode
não ser adequado.
Uma outra alternativa ao ferro devido às suas características em comum com o material é o plástico. No
entanto, apesar de sua durabilidade, resistência à pressão e ao calor e facilidade de processamento, o
plástico ainda é considerado inferior ao aço quando se trata das propriedades mecânicas e químicas do
material.
Dessa forma, mesmo que existam esforços para encontrar alternativas aos materiais tradicionais, as
propriedades excepcionais e a sua capacidade de atender a uma ampla gama de necessidades industriais
faz com que a indústria do ferro continue sendo insubstituível em diversos aspectos. A demanda cada vez
maior por aço em economias em crescimento é o que sustenta a indústria do ferro e, assim, ressalta o seu
papel primordial na construção e no desenvolvimento mundial.
2.2.3 Fatores cíclicos e sazonais que afetam a demanda

A demanda por ferro é essencial para a composição da economia global. O preço e a disponibilidade
desse insumo impactam diretamente na indústria automobilística, na fabricação de bens duráveis, na
construção civil e em muitos outros setores. Nesse contexto, a compreensão dos fatores que moldam a
demanda por esse produto e influenciam as dinâmicas do mercado é essencial, pois afetam tanto os
produtores quanto os consumidores da indústria.
Os ciclos de produção e construção influenciam diretamente na demanda por ferro. Durante períodos de
crescimento econômico, como o que a China experimentou durante o superciclo de commodities, a
produção de aço, que requer minério de ferro, tende a aumentar para atender à demanda por construção e
manufatura.
Além disso, a atividade de mineração pode ser afetada pela sazonalidade climática. As condições
climáticas extremas observadas em algumas regiões, como chuvas intensas ou invernos rigorosos, podem
dificultar a mineração e o transporte do minério de ferro, o que afeta a sua oferta.
Por fim, é importante destacar o papel central desempenhado pela China na demanda global por ferro.
Como maior consumidora de ferro e aço do mundo, suas flutuações econômicas e políticas podem criar
ciclos significativos na demanda global pelo minério de ferro.

2.2.4. Tipos de comercialização – Como o produto é comercializado? Forma de compra? Canais de


distribuição.

Dada a necessidade de escoar a produção internamente e remeter parte dela para o exterior, o setor de
minério de ferro faz uso de malhas ferroviária, rodoviária e portuária. Há malhas internas que levam o
minério das minas para terminais de exportação e siderúrgicas. A infraestrutura modal utilizada por essas
empresas foi em parte construída por meio de projetos governamentais, sendo hoje administrada pelas
empresas extratoras. A infraestrutura para exportação é aproveitada de rotas internacionais marítimas já
estabelecidas.
3. Estrutura de Mercado

3.1. Número de vendedores e compradores

A produção mineral brasileira tem o minério de ferro como insumo de maior destaque no que diz respeito
à geração de valor econômico. Em 2022, a indústria do ferro foi responsável por quase ⅔ da quantia
financeira gerada pela PMB (Brasil Mineral). Dentre as principais empresas que atuam no setor, é
importante destacar a Vale, que, juntamente à Minerações Brasileiras Reunidas (empresa controlada pela
Vale), declarou R$115,2 bilhões em valor de produção no ano passado. Juntas, elas foram responsáveis
por 46,1% da produção mineral no Brasil em 2022, e por aproximadamente 75,1% da produção entre as
33 maiores produtoras de ferro no país.
Tabela 1: Maiores produtores de minério de ferro (Fonte: Revista Brasil Mineral - 431)
Seguindo no ranking de maiores empresas no ramo do ferro, a terceira posição da lista é ocupada pela
Anglo American Minério de Ferro Brasil, que atua na região sudeste do país. Em 2022, declarou um valor
de produção correspondente à R$ 11,8 bilhões, que embora seja uma quantia consideravelmente menor
que a de suas concorrentes citadas anteriormente, garantiu à empresa uma participação de 4,48% na PMB.

Para calcular a concentração de mercado em uma determinada indústria, utilizamos índices que levam em
consideração o nível e a distribuição das parcelas de mercado e auxiliam na análise do grau de
concorrência em um setor específico. Um dos índices utilizados para estimar a parcela de mercado que
uma empresa possui é a razão de concentração 𝐶𝑅K, que apresenta a seguinte equação:
A partir dela, é possível encontrar o poder de mercado exercido pelas k maiores empresas de um setor.

Além disso, temos também o índice Herfindhal-Hirschman, que considera a participação de todas as
firmas do mercado. Ele é encontrado por meio da soma dos quadrados das parcelas de mercado de cada
empresa que atua no setor. Quanto maior for o índice, mais elevada é a concentração da indústria. Ele
apresenta a seguinte equação:

Dessa forma, ao considerarmos as 33 maiores empresas que atuam no setor do ferro, em uma análise
comparativa de suas respectivas parcelas de mercado, nos deparamos com a seguinte tabela:

Tabela 2: Market Share das produtoras de ferro brasileiras (Fonte: elaboração própria, dados do Brasil
Mineral)

Empresas Valor produção Market Share (%)

Vale S.A 103.450.686.479,22 67,4409687

Minerações Brasileiras Reunidas 11.848.300.293,48 7,724074885

Anglo American Minério de Ferro Brasil 11.195.638.200,99 7,298595217

CSN Mineração 7.903.973.736,68 5,1527125

Mineração Usiminas 2.901.997.064,31 1,891853016

ArcelorMittal Brasil 2.074.574.625,83 1,352444601

Samarco Mineração 1.571.916.281,00 1,024754502

Mineração Corumbaense Reunida 1.517.893.310,90 0,9895361622

Vallourec Tubos do Brasil 1.302.597.150,36 0,8491815438

Itaminas Comércio de Minérios 1.104.976.409,97 0,7203497823

Cia de Mineração Serra da Farofa 1.071.204.265,58 0,6983332427

Extrativa Minera 1.046.009.230,68 0,6819082424

Mineração Conemp 1.000.899.103,98 0,6525003114

Gerdau Açominas 961.305.590,53 0,6266887389


JMN Mineração 643.864.513,89 0,419744402

Minerita Minérios Itaúna 563.543.013,60 0,3673816776

Vetria Mineração 400.321.205,62 0,2609750676

SAFM Mineração 331.707.171,84 0,2162446065

Bahia Mineração 295.061.537,44 0,1923547981

Mineral do Brasil 249.276.229,77 0,1625067071

Mineração Comisa 241.235.947,54 0,1572651332

Mineração Baratinha 240.869.121,85 0,1570259943

Baovale Mineração 237.349.200,26 0,1547313076

Minérios Nacional 236.009.139,31 0,1538577028

Tombador Iron Mineração 207.720.577,13 0,1354159882

Mineração Floresta do Araguaia 204.605.996,25 0,1333855488

Ferrous Resources do Brasil 121.052.688,89 0,07891596354

MML - Metais Mineração 112.058.905,08 0,07305278841

Empresa de Mineração Esperança 104.261.745,50 0,06796970957

Vórtice Consultoria Mineral 77.711.516,98 0,05066123931

GSS Mineração 67.244.084,06 0,04383737144

Onix Mineração 60.601.225,77 0,03950679797

Brazil Iron Mineração 47.959.915,22 0,03126574846

TOTAL 153.394.425.479,51

Agora, se aplicarmos as informações encontradas nos modelos de concentração apresentados


previamente, podemos determinar os seguintes valores:

Tabela 3: índices de concentração industrial do setor (Fonte: elaboração própria, dados do Brasil Mineral)

Ano CR2 CR4 HHI

2022 75,16504359% 87,6163513% 4698,860002


Assim, podemos concluir que a indústria do ferro encontra-se numa situação de alta concentração de
mercado, com poucas empresas dominando a maior parte do setor.

3.2. Existe diferenciação de produto (reais)?

A diferenciação de produtos na indústria do ferro, estamos nos referindo às diferenças tangíveis nos
produtos de ferro com base em suas propriedades físicas e especificações concretas. Isso pode incluir
variações na composição química, na forma, no tamanho, na qualidade e em outras características
físicas dos produtos de ferro. Isso inclui a composição química, em que produtos de ferro podem variar
em termos de sua composição química, o que afeta suas propriedades físicas e usos finais. Como
exemplo, o aço inoxidável é uma forma de ferro que contém cromo e níquel em quantidades específicas
para torná-lo resistente à corrosão, enquanto o aço carbono não possui esses elementos em proporções
significativas.Assim como sua forma e dimensão, incluindo desde lingotes e barras de aço até chapas,
tubos, fios, e uma variedade de produtos transformados, cada um adequado a diferentes aplicações.
Outra diferença é que a qualidade do ferro e de seus derivados podem variar significativamente, por
qualidade de resistência, durabilidade e adequação a aplicações críticas, como construção de pontes e
aeroespacial, em comparação com aços de qualidade inferior usados em produtos menos exigentes.
Inclusive, alguns produtos de ferro podem ser revestidos com materiais adicionais para melhorar suas
propriedades. Por exemplo, produtos galvanizados têm uma camada de zinco aplicada para torná-los
mais resistentes à corrosão.

Aliás, em indústrias específicas, como a automobilística ou a construção civil, podem ser desenvolvidos
produtos de ferro sob medida para atender às necessidades específicas desses setores. Por exemplo,
peças automotivas feitas de ferro podem ter tolerâncias e características de resistência específicas.
Fonte: Metal Powder Industries Federation – MPIF

A diferenciação de produtos é importante na indústria do ferro, pois permite que as empresas atendam
a uma variedade de demandas do mercado e forneçam produtos que atendam às necessidades
específicas de seus clientes. Além disso, a diferenciação pode ter um impacto significativo nos preços e
nas margens de lucro dos produtos, dependendo de suas características únicas e do valor percebido
pelos clientes. Sendo possível analisar como essas diferenciações afetam os resultados financeiros e
econômicos das empresas na indústria do ferro.

Dessa forma, dentro da estrutura de mercado, a diferenciação de produtos é um dos principais fatores
que podem ocorrer e afetar a concorrência e a dinâmica do mercado. A forma como os produtos são
diferenciados pode ter um impacto significativo na estrutura de mercado e na capacidade das empresas
de fixar preços e competir, pois quando produtos gerados por firmas diferentes não são vistos como
substitutos perfeitos pelos consumidores, cria-se uma extensão da diferenciação de produtos.

3.3. Quais as principais barreiras à entrada? (do ponto de vista estrutural)

Para Kupfer (2013, p. 81): “São muitos os enfoques sobre barreiras à entrada na literatura de
Economia Industrial. Todos têm em comum a ênfase conferida ao longo prazo e a concorrência potencial
como bases teóricas para o conceito. Qualquer fator que impeça a livre mobilidade do capital para uma
indústria no longo prazo e, consequentemente, torne possível a existência de lucros supranormais
permanentes nessa indústria, constitui barreira à entrada”.
Um estudo apresentado no Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia
(CONTECC) em 2018, que considerou as empresas produtoras de bens metálicos no Brasil em 2016,
utilizou a seguinte tabela e dividiu em categorias onde podemos observar as 4 principais barreiras de
entrada, também citadas no seguinte trecho: “(1) vantagens absolutas de custos a favor das empresas
estabelecidas. (2) preferências dos consumidores pelos produtos das empresas estabelecidas. (3) estruturas
de custos com significativas economias de escala. (4) elevados requerimentos de capital inicial.” (Kupfer
& Hasenclever, 2013, p. 82)
Vale ressaltar que o estudo não levou em conta as variáveis “Experiência”, “Investimento em
P&D” e “Certificações”, por não obedecerem a critérios estatísticos de variância constante
(homocedasticidade) para observações. Após a análise estatística, constatou-se que as variáveis
independentes que puderam ser consideradas observaram que as maiores barreiras à entrada de novos
competidores na indústria mineradora brasileira são a diversificação de produção, logística e a capacidade
de expansão das firmas.
A diversificação de produção aqui está diretamente ligada à própria economia de escala e a
quantidade de minérios que uma mesma firma pode ofertar no mercado. É intrínseca à própria natureza da
indústria, porque embora existam algumas características que diferenciam a tecnologia e o know how
entre diferentes minérios, grandes custos podem ser diluídos entre diversas atividades diferentes dentro do
ramo da mineração, oferecendo a possibilidade de explorar jazidas que de outra forma seriam
economicamente inviáveis caso necessitasse de toda uma nova estrutura para a produção em uma nova
lavra.
E o fato de o Brasil possuir um tamanho continental e uma malha ferroviária e vias hidroviárias
pífias, o torna extremamente dependente de uma malha rodoviária já ineficiente para as demandas de
diversos setores nacionais, e com um sistema de cabotagem ainda em discussão. Isso faz com que as
empresas estabelecidas tenham como vantagem a característica de ter desenvolvido uma infraestrutura de
logística própria e eficiente, tendo uma grande vantagem absoluta de custos, frente às empresas entrantes.

3.4. Estrutura de custos

A produção de ferro envolve algumas etapas. Antes de se iniciar a produção, existe um custo
exploratório para descobrir novas minas e dimensionar o reservatório existente nelas. Se uma mina já
explorada for comercializada, esse custo está embutido em seu valor. Assim, há um custo muito alto para
a aquisição de uma mina, necessária à produção. Para que a extração seja possível, é necessário custear
uma infraestrutura no local, permitindo a alocação do maquinário. Após isso, há custos com a
estruturação de uma malha de escoamento - no caso do Brasil, férrea - ou com o usufruto de uma malha já
existente. Pode haver também uma etapa de processamento do minério, de modo a elevar sua qualidade.
Como os custos fixos iniciais nesse setor são muito altos, é necessário produzir em grande escala,
diluindo os gastos. Os custos brutos operacionais, de manutenção e energia são altos devido à escala ideal
de produção. Pode haver capacitação dos operadores de máquinas, um custo ligado diretamente à
produção e fixo, e custo com regulamentação do empreendimento e das condições socioambientais.
Observa-se uma dependência nas condições das jazidas: é preciso continuamente explorar novas fontes de
minério, em busca tanto por qualidade quanto por quantidade.
Além dos custos intrínsecos do setor, existem custos devido a desastres ambientais, especialmente
relevantes para a produção do ferro devido à magnitude das áreas de extração. Na última década, duas
barragens da Vale romperam, causando diversos impactos socioambientais, e uma evacuação foi realizada
sob a iminência de um terceiro rompimento. Esses eventos geraram um aumento significativo nos custos
no período posterior.
Empresas do setor de ferro podem exaurir suas minas retirando não somente minério de ferro, mas
outros produtos que possam existir no local. Esse aumento no escopo da indústria dilui mais os grandes
custos do setor. No Brasil, a Vale possui minas no quadrilátero ferrífero e no Pará, de onde extrai não só
ferro, mas cobre, níquel e manganês. Esses minérios compartilham com o ferro custos exploratórios, com
infraestrutura, equipamentos, profissionais contratados, transporte e logística. Empresas como a Vale
possuem minas de grande porte, que compartilham de uma mesma infraestrutura. Por isso, para elas o
custo da tonelada de minério é mais baixo, caracterizando uma economia de escala.
Como há uma escassez de jazidas, o custo de preparação de uma mina para empresas de fora seria
maior que o custo irrecuperável que as empresas já estabelecidas tiveram. Com isso, elas possuem uma
vantagem absoluta de custos considerável. Além disso, o reaproveitamento de profissionais e
equipamentos torna o processo de adquirir uma nova mina que esteja disponível mais fácil pelas empresas
líderes.

3.5. Integração vertical – qual é a relevância?

A estratégia de integração vertical tem como objetivo elevar a eficiência operacional das
empresas, de modo que ela ganhe mais força no mercado em que atua. Analisar a integração vertical
significa investigar os fatores que fazem com que determinadas atividades em uma cadeia produtiva
econômica sejam realizadas dentro de uma mesma firma ou em firmas diferentes, que transacionam por
meio de mercados.
A literatura de organização industrial identifica diversos motivos que podem explicar a decisão de
uma firma realizar um movimento de integração vertical. Carlton e Perloff (2005) listam as seguintes
motivações para a integração de diferentes atividades produtivas em uma mesma firma: (i) reduzir custos
do processo produtivo, especialmente custos de transação; (ii) evitar ou reduzir custos decorrentes de
restrições do governo (regulamentos e impostos); iii) aumentar ou criar o poder de mercado da firma (ou
eliminar o poder de mercado de outra firma); iv) eliminar uma externalidade ou falhas do mercado; v)
assegurar um fornecimento estável de um insumo fundamental; vi) facilitar trocas de informação.
Associadas a estas motivações estão os ganhos – e perdas – da integração vertical. Overgaard (2004)
apresentou uma síntese das possíveis vantagens e desvantagens da integração vertical, exposta na tabela a
seguir:

Deste modo, verifica-se a existência de muitos fatores que, ao afetar a lucratividade da empresa
que se integra verticalmente em diferentes situações, ajudam a explicar a organização das atividades
econômicas em uma dada cadeia produtiva.

Uma questão que ganha importância é a forma pela qual uma empresa pode se expandir via
integração vertical: (i) realizando investimentos para gerar uma nova oferta de produtos e entrar em um
mercado (a jusante ou a montante), como com a criação de uma parte da cadeia produtiva que antes era
adquirido em outra empresa; ou (ii) efetuando a aquisição desta outra empresa.
Já para as empresas que dominam um setor, elas representam diversos benefícios como eliminação
da dupla marginalização, ganhos de eficiência tecnológica, e redução dos custos de transação.
A integração vertical na indústria da mineração é bem discutida na monografia “Integração
vertical e seus desdobramentos na Política de Defesa da Concorrência: aspectos teóricos e um estudo de
caso das aquisições realizadas pela CVRD.” e pode ser exemplificada em grandes setores como
ferroviário e o setor siderúrgico.
A exemplo do setor ferroviário, podemos citar o caso da VALE, que controla uma das duas únicas
ferrovias capazes de escoar a produção do minério, sendo a EFVM e a MRS, controlada pela própria
VALE, além de aumentar sua influência sobre o outro sistema ao fazer incorporações das companhias
Ferteco, Caemi, dentre outras. A Vale através da participação em outras companhias como a Usiminas e
CST, e a própria CSN são exemplos da influência que as empresas podem exercer em outros, pela
relevância de ambas no setor da mineração, caso ambas decidissem dar exclusividade para as suas
próprias siderúrgicas na compra do minério de ferro.

3.6. Diversificação – empresas usualmente atuam em diferentes mercados? Qual é a lógica? Que
implicações isto traz?

A diversificação é a capacidade da empresa em expandir à sua atividade produtiva indo atuar em


diferentes nichos da sua área de espécie. É uma alternativa interessante para aumentar o crescimento da
empresa, que passa a atuar em outros segmentos, enfrentar novos desafios, superar os limites da área
original, e aumentar o seu poder de “acumulação”

Medidas de mensuração:

- Índice de diversificação produtiva (análogo ao índice de Herfindahl-Hirschman)

Pi refere a porcentagem do faturamento de uma empresa referente a uma atividade

Varia de 0 (quando a empresa se restringe a apenas uma única atividade) até D=1 – 1/n.

Essa medida ao ser utilizada demonstra uma característica, tem uma baixa sensibilidade em relação às
atividades de baixo grau no total do valor da produção final da empresa, ao usar esse tipo de medida, para
que ela faça sentido, é necessário fazer um recorte setorial.

Outro indicador importante comumente usado para analisar o nível de diversificação de uma firma
particular é o indicador abaixo, que se baseia em um índice de entropia:

D assume o valor zero quando a empresa atua em apenas uma única atividade e o valor log n quando sua
produção se divide em partes iguais entre as outras diferentes atividades em que a empresa está presente.
Uma vantagem do indicador acima é que ele permite decompor toda a diversificação da empresa em dois
ou mais componentes.

Não é comum as empresas de mineração diversificarem suas atividades, quando se compara esse ramo
com outros setores industriais. A Extração de minério é uma atividade específica e especializada e as
firmas buscam centrar suas atividades apenas nesse ramo. No entanto, neste segmento, algumas empresas
podem optar por diversificar suas atividades, como:

i) diversificação geográfica, ii) diversificação em minérios

i) diversificação geográfica: Algumas firmas focam as suas atividades em determinados locais,


enquanto outras diversificam geograficamente, a demanda por minério de ferro varia de acordo com a
região, com fatores econômicos, políticas e ambientais

ii) diversificação em minérios: As empresas também podem optar por se envolver em operações
verticais, como, logística, transporte, aquisição de minas e carvão

Gráfico 3.6.1 (Fonte: Grupos estratégicos na indústria de mineração - edisciplinas.usp.br)

O gráfico acima relaciona e analisa a distribuição referente à diversificação geográfica, mineral, pais sede
e faturamento das principais empresas de mineração

(Obs.: o tamanho dos círculos são proporcionais ao tamanho do valor do lucro)

Grupo 1: Mineradores focados e concentrados (Quadrante inferior esquerdo)

Neste grupo estão as empresas estão as empresas especializadas em poucos minérios e, por isso, possuem
menos faturamentos uma vez que possuem menos fontes de receitas se comparadas com as empresas que
se diversificam

Grupo 2: Mineradores especializados (Quadrante inferior direito)


São grupos que diversificam pouco geograficamente e chegam a atuar em cinco a dez países

Grupo 3: Grandes mineradores diversificados (Quadrante superior direito)

O terceiro grupo é composto por grandes empresas do segmento presente em diversos países que buscam
diversificar seus portfólios de minerais. Neste grupo destaca-se a Vale, uma empresa importante no ramo.

Das implicações na diversificação no setor de mineração destaca-se alguns aspectos:

Melhora na rentabilidade: uma consequência positiva da diversificação é que ela pode promover melhoria
na rentabilidade e na margem de lucro.

Expansão do mercado: quando as empresas de minério diversificam de forma geograficamente elas


expandem o seu alcanço, participação no mercado, ofertam mão de obra em outras regiões.

Aproveitamento de sinergias: a diversificação vertical permite que a empresa crie sinergias operacionais,
reduzindo custos e aumentando os lucros e resultados.

4. Conduta das Firmas

4.1. Comportamento de precificação

Pode-se verificar um nível de Mark-up usual? As empresas em geral o acompanham? Os preços


apresentam grandes oscilações ou tendem a ser mais rígidos?

O "markup" é uma margem que uma empresa adiciona ao custo de produção de um produto para
determinar o preço de venda. O nível de markup em qualquer setor, incluindo a indústria de ferro, pode
variar amplamente dependendo de vários fatores, como concorrência, oferta e demanda, custos de
produção, margens de lucro desejadas, e até mesmo regulamentações governamentais.

Na indústria de ferro, os preços do minério de ferro e do aço podem flutuar significativamente devido a
fatores como a oferta global, a demanda por materiais de construção e manufatura, as condições
econômicas, as tarifas comerciais e muitos outros fatores, como anteriormente explanado (especialmente
no item 2). Empresas dentro da cadeia de suprimentos de ferro e aço podem ajustar seus markups de
acordo com essas condições de mercado em constante mudança, respeitando todo o conjunto do mercado,
assim como as regionalidades.
Portanto, não há um nível "usual" de markup que possa ser aplicado de maneira geral à indústria de ferro.
Os markups variam de acordo com a estratégia de cada empresa, os custos envolvidos na produção, a
concorrência no mercado e outros fatores. Logo, para se obter informações precisas sobre markups em um
segmento específico da indústria de ferro, é necessário analisar os dados financeiros das empresas que
atuam nesse segmento e considerar as condições do mercado em questão. Como exemplo:

Figura 4:

Figura 5:

Nas imagens, é possível observar duas matérias distintas, mas ambas demonstram que há variação de
preço, ou seja, no markup da indústria de ferro. A primeira, em 11/03/2021, demonstra a variação de até
50% em 12 meses de algumas commodities da indústria de ferro, como cobre e aço. E a segunda, em
04/01/2021, mostra que o minério de ferro fecha o ano com alta de quase 70%, sustentado pelo consumo
chinês.

Vale destacar que em 2021 a indústria do ferro enfrentou vários desafios e eventos significativos que
afetaram seu funcionamento e desenvolvimento. Alguns dos acontecimentos mais marcantes incluem este
aumento significativo nos preços do minério de ferro, impulsionado pela forte demanda da China e
preocupações com a oferta. Isso teve um impacto positivo nas empresas de mineração de minério de ferro
e contribuiu para os lucros em todo o setor. A indústria do aço e, por extensão, a indústria do ferro,
experimentou uma recuperação da demanda global à medida que muitos países começaram a se recuperar
da recessão causada pela pandemia de COVID-19. Isso levou a um aumento na produção de aço e,
consequentemente, na demanda por minério de ferro. As tensões comerciais entre os Estados Unidos e a
China e outros países também desempenharam um papel importante em 2021: tarifas e políticas
comerciais afetaram o comércio de aço e minério de ferro e tiveram um impacto nas empresas envolvidas
na indústria.

Esses são apenas alguns dos eventos que afetaram a indústria do ferro em 2021 e, consequentemente,
produziram variação em seu markup.

É possível identificar empresas líderes que determinam preço (quantidades)?

O minério de ferro é uma das principais commodities e tem o seu preço determinado no mercado
internacional. A extração de minério requer um grande investimento em capital e um elevado nível de
industrialização, é um produto não perecível e muito comercializado. Tal commodity sofre flutuação no
preço por variados motivos, dentre alguns fatores relevantes destaca-se:

• Demanda e oferta: aumento na quantidade demandada, dificuldades de distribuição do produto,


impasses na logística, são variáveis que corroboram para o acréscimo nos preços

• Fatores governamentais: modificação no preço do dólar mexe no preço da commodity. Até junho
de 2023, o minério de ferro foi o item mais exportado do Brasil, (Disponível em:
fazcomex.com.br/exportacao-de-minerio-de-ferro) analisando as exportações, quando o valor da moeda
internacional flutua o preço do minério também flutua.

Figura 6 - 50 maiores empresas do segmento em relação ao tamanho do valor de mercado


Fonte: Mining.com

Em síntese, mesmo com a existência de empresas líderes com grande participação de mercado no
segmento do minério de ferro, a determinação do preço final é influenciada por diversos outros fatores.
Apenas uma empresa não consegue determinar sozinha os preços nesse mercado tão complexo.

Como este comportamento dos preços pode ser interpretado à luz de uma perspectiva de interação
estratégica (teoria dos jogos)?

Como as empresas não determinam diretamente os preços, a decisão delas depende da quantidade
que escolhem produzir. Além disso, há diversos atuantes no cenário nacional e internacional que ocupam
parcelas consideráveis de mercado. A interação estratégica entre as empresas, assim, se assemelha mais a
um modelo de Cournot que de Bertrand. Seguindo esse modelo, e tratando os custos de cada empresa
como homogêneos, teríamos a presença de um oligopólio em que as parcelas de produção entre elas
seriam parecidas.

Contudo, outra abordagem pode ser considerada. O modelo de Stackelberg permite inferir que,
numa disputa entre as empresas já estabelecidas e possíveis entrantes, essas estão em vantagem, pois
possuem uma série de custos afundados, como os de exploração e prospecção. Nesse caso, as
estabelecidas produziram como monopolistas, restando pouco espaço para as entrantes. Esse modelo
segrega os jogadores a partir de suas estruturas de custo.

Considerando ambas as abordagens, temos que as principais empresas interagem entre si como
num oligopólio de Cournot, alcançando um equilíbrio de Nash na produção; E as empresas marginais ou
que visam adentrar nessa indústria, por ainda não terem lidado com os custos de exploração e compra de
jazidas, contribuem com uma parcela menor de produção, reagindo às empresas centrais como se elas
fossem um monopolista.

Adaptando essa análise para observar somente as empresas que extraem minério do Brasil, temos
que a Vale é responsável pela maior parte da produção. As outras empresas, como CSN e ONIX têm
produções semelhantes e significativamente menores. Isso indica que a Vale possui uma estrutura de
custos que lhe confere vantagem ao interagir com as outras empresas - estrutura formada pela quantidade
de jazidas altamente produtivas sob seu julgo. As empresas menores podem interagir entre si como no
modelo de Cournot, visto sua semelhança em custo e a inviabilidade de definirem os preços do minério.
Ressalta-se que, como a produção se destina à exportação, a Vale é igualmente sujeita a preços definidos
mundialmente.

4.2. Estratégias de produtos e propaganda – criação/reforço de diferenciação de caráter


informacional, papel de marcas e estratégias de colocação de produtos.

As estratégias de produtos e propaganda: criação/reforço de diferenciação de caráterinformacional

Um elemento fundamental na busca de rentabilidade pelas empresas consiste no processo de


diferenciação em relação ao comportamento médio da indústria. A propaganda é um instrumento
muito utilizado para a diferenciação de produtos. O objetivo básico da empresa ao realizar
propaganda é influenciar na formação das preferências dos consumidores, aumentando a demanda
de seu produto. Portanto, a propaganda é um elemento relevante da estratégia competitiva das
empresas.

O principal objetivo da propaganda é proporcionar um aumento das vendas por meio da


modificação das preferências dos consumidores ou aumento do nível de informação destes últimos
sobre o produto comercializado. A propaganda pode ser vista como um instrumento para aumentar
a transparência do mercado por meio da divulgação de informações sobre fabricantes, produtos e
preços, constituindo um meio para a implementação de estratégias de comercialização
diferenciadas e mais bem adaptadas ao ambiente de seleção da indústria.
(KUPFER; HASENCLEVER, 2013, p.263)

Nesse sentido, tem-se que as empresas procuram estabelecer estratégias de comercialização adaptadas ao
mercado, considerando as formas de propaganda adequadas ao tipo de produto, às características do
mercado e ao posicionamento estratégico de empresas concorrentes de forma conjunta. Dessa forma, há
diversas formas de propagandas, como por exemplo: anúncios nos meios de comunicação de massa, e
criação de marcas e logotipos para produtos e serviços de fácil memorização por parte dos consumidores.
Assim, o tipo de propaganda adotada dependerá do tipo do produto ou serviço e do público-alvo.

Já sobre os produtos e, tratando-se da mineração, concebe-se que eles são homogêneos e possuem baixa
capacidade de diferenciação: o minério de ferro vendido é padronizado, há uma variedade de formas,
porém cada produto final possui um padrão fixo. Sob o ponto de vista metalúrgico, o minério de ferro é
definido de acordo com a granulometria; finos para sínter e finos para pelotas (BNDES, 2016).

Além disso, para Richard Caves (1967) no livro Economia Industrial Americana, p.36, “Sempre que o
comprador pode avaliar exatamente as qualidades das diferentes marcas que lhe são oferecidas, tende a
não haver diferenciação”. Dessa forma, na monografia “Indústria brasileira do minério de ferro:
caracterização e análise de preços no período de 2000 a 2015”, sustenta-se que isso também ocorre com o
minério de ferro uma vez que a qualidade da commodity é medida com base no nível de pureza / teor de
ferro, informação que é passada para os compradores, confirmando a inexistência de diferenciação dos
produtos na indústria do minério de ferro.

Entretanto, um estudo de caso realizado pela PUC-Rio em 2024, apresentou os resultados da análise
estratégica da unidade de minério de ferro da CVRD (Companhia Vale do Rio Doce). De forma objetiva,
a estratégia adotada pela companhia é de diferenciação por qualidade, se comprometendo a entregar um
produto melhor, isto é, com um teor mais alto de ferro e menor teor de contaminantes, por um preço
comparável ao dos concorrentes.

A Figura 7 abaixo mostra uma comparação entre a qualidade dos minérios da CVRD (finos de Itabira e
de Carajás) e a qualidade de alguns minérios australianos, destacando as vantagens do minério brasileiro:

Ainda, a pesquisa advinda do estudo de caso referido identificou algumas estratégias que norteiam as
oportunidades de crescimento para a unidade de minério de ferro da CVRD, como, por exemplo: manter a
posição de liderança no mercado transoceânico de minério de ferro e dispor de política de marketing
agressiva para atender as necessidades dos clientes.
Dessa forma, destaca-se que os principais elementos para caracterização estratégica são:

• Escopo: leva-se em conta o produto minério de ferro em suas diversas especificações


(granulometria, pelotas e granulados); cliente (indústria siderúrgica com destaque para as grandes usinas
integradas e módulos de redução direta); geográfico (sendo a CVRD a maior exportadora mundial de
minério de ferro); vertical (compreende sistema produtivos integrados, como: mina-ferroviária-porto, 9
usinas de pelotização no Brasil e uma empresa de navegação) e Stakeholders (seus principais acionistas
controladores, fornecedores, indústria siderúrgica, outros);

• Postura competitiva: associa-se ao estabelecimento de forte relacionamento com principais


clientes, desenvolvimento de produtos de alta qualidade, oferecimento de maior variedade de produtos
frente aos concorrentes, entre outros;

• Processo estratégico: a Diretoria Executiva de Planejamento e Gestão estabelece as diretrizes em


conjunto com as áreas de negócios e, após aprovação, desenvolve-se um plano estratégico para atender às
aspirações junto à análise da indústria e da posição competitiva da companhia, sendo o processo
estratégico dividido em duas etapas: do ponto de vista macro e um amplo diálogo.

Ademais, considerando fatores organizacionais, a pesquisa evidenciou que as principais forças da


empresa se referem à reservas abundantes de minério, elevada capacidade de produção, custos de
processamento menores que os da concorrência, forte relacionamento com seus principais clientes com
contratos de longo prazo e a agressiva política de marketing para atender necessidades, tendo alocação de
pessoal especializado no contato direto com clientes. Vale destacar também que as diretrizes estratégicas
para cada área de negócio, o modelo de governança corporativa com transparência e estabilidade
alinhadas com as práticas mais modernas disponíveis no mercado, os sistemas gerenciais bem
estruturados, os resultados financeiros com excelente performance e a satisfação de stakeholders se
somam à qualidade de seus produtos que é o ponto focal de sua estratégia como principal diferencial
competitivo. Ainda como parte da sua estratégia, a CVRD busca parcerias com clientes e fornecedores
líderes em seus mercados a partir de alianças bilaterais que são joint ventures (empreendimento conjunto).

O papel de marcas e estratégias de colocação de produtos.

As empresas e suas estratégias na colocação dos produtos ofertados desempenham um papel fundamental
na construção de sua reputação e no desenvolvimento da relação com o cliente. Na indústria do ferro,
alguns fatores são especialmente relevantes para gerar destaque a um empreendimento do ramo.
Um bom histórico de atuação na indústria é altamente relevante na construção de vínculos com seus
consumidores, assim como na prospecção de novos clientes, que tendem a buscar empresas já
estabilizadas no mercado. Dessa forma, as corporações que atuam no setor devem tomar um cuidado
especial em relação a isso. Por se tratar de uma área que envolve contato direto com o meio ambiente, as
empresas do meio estão sujeitas a manter práticas sustentáveis e um certo nível de responsabilidade
social, a fim de garantir uma imagem positiva na indústria. A Vale, maior empresa de mineração do
Brasil, após o acidente que tirou a vida de 270 pessoas devido ao rompimento de sua barragem em
Brumadinho, no estado de Minas Gerais, perdeu mais de R$ 70 bilhões em valor de mercado (Globo).
Esse acontecimento evidencia a necessidade de manter boas práticas na produção de ferro, para, além de
alcançar o engrandecimento no ramo, evitar que catástrofes ambientais aconteçam.

A adesão a processos de produção inovadores apresenta uma eficiência significativa no posicionamento


de produtos derivados do ferro. A geração de demanda é altamente influenciada pela percepção positiva
do consumidor sobre a empresa. Uma cadeia produtiva desenvolvida de maneira transparente e que vise a
introdução de tecnologias avançadas e a criação de produtos com características únicas são essenciais
para se manter à frente da concorrência, além do foco no investimento em pesquisas que agreguem na
qualidade final do que é ofertado.

Em suma, fica evidente que o sucesso a longo prazo no setor é impactado diretamente pelas dinâmicas de
comunicação com o seu público alvo e pela reputação vendida pela empresa. Cada aspecto, desde práticas
sustentáveis e inovação tecnológica até gestão eficiente de crises, colabora para a posição das firmas que
atuam no segmento. Ainda usando a Vale como exemplo, é importante destacar que, mesmo após o
trágico acontecimento causado pela empresa, ela conseguiu se reerguer e segue como uma das maiores
mineradoras do mundo, graças à sua estratégia de prestação de contas e de ações corretivas com a
sociedade, evidenciando a importância de uma resposta rápida e eficaz a situações adversas, fatores
essenciais para garantir a estabilidade no mercado.

4.3. P&D, estratégias inovativas e de propriedade intelectual em perspectiva neo-schumpeteriana

Qual é o grau de dinamismo tecnológico e inovativo na indústria?

Em Joseph Schumpeter, há uma visão dinâmica e evolucionária do funcionamento da economia


capitalista que se baseia em um processo ininterrupto de introdução e difusão de inovações, isto é, de
quaisquer mudanças no “espaço econômico” no qual operam as empresas, sejam elas mudanças nos
produtos, nos processos produtivos, nas fontes de matérias-primas, nas formas de organização produtiva,
ou nos próprios mercados. Dessa forma, as teorias de Schumpeter são uma contribuição no sentido de
entender as questões sobre o desenvolvimento, já que o autor é considerado de grande relevância na
temática da inovação tecnológica, ao atribuí-la ao desenvolvimento econômico (COSTA, 2006).

Nesse sentido, segundo a OECD (2012), ter uma política de inovação para setores estratégicos é essencial
para o desenvolvimento econômico de um país, especificamente no momento de criação e difusão de
tecnologias relevantes para o crescimento econômico. Entretanto, vale ressaltar que o processo de
inovação na economia deve ir além da propagação de tecnologia, havendo também preocupação com as
esferas ambientais e sociais.

Para que as firmas ampliem sua produtividade e riqueza, é fundamental na dinâmica produtiva que os
investimentos não sejam feitos apenas em aumento da capacidade produtiva, mas também na busca por
novas tecnologias e inovação por meio de atividades de P&D.

A partir desse contexto, tem-se que o setor de mineração enfrenta enormes desafios, tanto em função de
movimentos estruturais, como em relação à promoção de mudanças da sua dinâmica no que concerne ao
desenvolvimento e adoção de novas tecnologias. Assim, tratando-se da evolução da tecnologia aplicada à
mineração, se vê o conceito de mineração 4.0, que evidencia a necessidade de aperfeiçoamentos diversos
no setor, com destaque para: operação inteligente; automação e monitoramento de operação via satélite,
meios de comunicação disponíveis; assistência gráfica voltada ao controle das áreas escavadas; máquinas
e equipamentos operados remotamente e autônomos; recursos e técnicas para gestão de ativos, como
machine learning, análise preditiva remota e realidade aumentada.

Dessa forma, a difusão das tecnologias de big data, internet das coisas, manufatura aditiva e novos
materiais associam-se à inovação e desenvolvimento de sistemas e processos mais eficientes,
principalmente na digitalização e na interconectividade dos sistemas e elos das cadeias de
desenvolvimento e produção. Além disso, o aprofundamento e transversalidade da aplicação de
tecnologias de informação e comunicação (TICs) ampliam a interconectividade para as diversas etapas de
produção e fornecimento. Objetiva-se, nesse sentido, a criação de mecanismos que permitam controle
ótimo integrado dos diversos processos, parâmetros e insumos ao longo das cadeias produtivas.

Sabe-se, ainda, que é imprescindível o investimento em pesquisa, na difusão de novas tecnologias e de


processos, como a recuperação de minérios e o seu aproveitamento; a recuperação e o reaproveitamento
de resíduos e de elementos dispersos, a aplicação de tecnologias que produzam baixo risco ambiental na
deposição de resíduos; a recuperação e a reutilização da água que é utilizada nos processos produtivos, o
monitoramento e o controle das barragens e dos riscos ambientais causados pela atividade (BNDES,
2017).

Vale destacar também a necessidade de redução de riscos e os impactos socioambientais do setor, como,
por exemplo, a redução da emissão de gases de efeito estufa e do consumo de energia na metalurgia.
Dessa forma, uma análise realizada no projeto indústria 2027 agrupou as tecnologias de Inteligência
artificial (IA), Big data e Computação em nuvem, Internet das Coisas; Produção inteligente e conectada
ou manufatura avançada; redes de comunicação; nanotecnologia; biotecnologias avançadas; materiais
avançados; novas tecnologias de armazenamento de energia e, a partir dessas tecnologias, foram
analisadas os impactos e a difusão das mesmas em 2027, baseado na percepção das mineradores (IEL,
2018):

Portanto, no que se refere ao dinamismo tecnológico e inovativo na indústria de minério de ferro,


verificou-se a partir da monografia “Industria 4.0: A transformação digital na cadeia produtiva da
indústria mineradora” que a de mineração vem adotando algumas das inovações tecnológicas resultantes
da indústria 4.0, como já citado, a inteligência artificial, as redes de comunicação, a nanotecnologia e a
internet das coisas. Tem-se, então, que a aplicação das tecnologias aperfeiçoa os seus processos
produtivos, aumenta a produtividade e eficiência operacional em todos os processos, amplia os seus
resultados financeiros, monitora a gestão de recursos humanos, aumenta a segurança das instalações e de
seus funcionários. A difusão de algumas dessas tecnologias ainda é considerada de baixa a moderada,
porém, espera-se que nos próximos anos, até 2027, haja uma difusão elevada. Além disso, a importância
da biotecnologia, que apesar de não ir de encontro com a conclusão do projeto Indústria 2027, mostrou-se
relevante e contribui em relação à questão ambiental - que é um dos principais problemas tratando-se de
mineração e os seus impactos.

Como as empresas se apropriam dos retornos relacionados ao seu esforço inovador (papel de
patentes e outros instrumentos de PI)?

Nesse ambiente de produção de minério de ferro, há uma demanda por pesquisas visando reduzir custos e
cumprir com metas socioambientais estimadas pela sociedade. Por exemplo, a Vale, que é a maior
exportadora de minério de ferro em Minas e no Brasil e a sexta maior do mundo, é responsável por
muitos rejeitos. Em Minas Gerais, um grande volume é produzido durante o processo de extração e
refinamento do minério. Então, essa planta produtiva pode demandar fortemente inovações que visam
reduzir ou dar um destino melhor a esses resíduos para evitar processos legais ou ter que pagar um
depósito para onde destiná-los, por exemplo. Inclusive, a Vale participou de alguns incidentes envolvendo
a presença de dejetos em rios, poluindo e afetando negativamente a comunidade. Eventos como o de
Mariana podem trazer consequências legais e à imagem da empresa.

Quando se pensa em inovações, elas podem partir tanto das empresas que realizam extrações quanto dos
compradores desse minério, que seriam as siderúrgicas, tanto nacionais quanto internacionais. E a
iniciativa pode também partir dos fornecedores de equipamentos e de diversos insumos. No setor de
minério de ferro, é observado que os principais inovadores são os fornecedores de equipamentos, pois
eles são responsáveis pelo depósito de mais de 95% das patentes relacionadas a mineração. Esses
fornecedores são empresas de fora do Brasil, muitas dos EUA. Após eles, temos que inventores e
universidades são responsáveis pela maioria das patentes restantes, seguidos enfim das empresas
responsáveis pelo processo de extração.

As empresas fornecedoras, responsáveis pela maior parcela da inovação, são geograficamente


concentradas e com influência e papel globais. Sendo assim, o processo de pesquisa é atrelado a elas e
apossado por elas de modo a mantê-las jogadores dominantes no mercado. O mesmo fenômeno é
observado entre as empresas extratoras, pois a Vale, que já possui um papel relevante globalmente, é líder
das iniciativas de pesquisa entre as atuantes em Minas Gerais.

Em tópico anterior, foi destacada a importância de tecnologias relacionadas à indústria 4.0. na redução de
custos e no apoio à logística da extração de minério de ferro. Como dito, essas pesquisas ainda são
pequenas, mas espera-se um crescimento delas. Como as empresas responsáveis por inovar neste setor e
adquirir patentes são estrangeiras e o Brasil não tem grande presença nessa indústria 4.0., o surgimento
das novas tecnologias, numa perspectiva de competição em teoria dos jogos, irá endossar o peso das
empresas já estabelecidas.

Sobre o objetivo das inovações, há a questão socioambiental que pode trazer consequências negativas às
empresas envolvidas e, principalmente, ao meio ambiente e à população, consequentemente à sociedade.
Sendo esta, pois, uma questão que concerne ao Estado. Ainda que eventos desastrosos envolvendo os
rejeitos da mineração tenham sido destacados na mídia nos últimos anos, devido, principalmente, ao
desastre de Mariana; ainda não foram observados esforços que eliminem definitivamente o risco, como
visto no jornal da cidade de Mariana, que avisa quanto a perigos de uma nova unidade da Vale e acusa a
não responsabilização judicial dos culpados pelo desastre que ocorreu na cidade há 8 anos. Assim, parece
não haver grande interesse do setor privado e internacional, que é responsável por grande parte das
pesquisas, em resolver as questões socioambientais que afetam a população local. Sendo assim, essa é
uma questão que cabe ao estado regular, seja por meio de sanções aos possíveis culpados, e seja também
pela instituição de pesquisas próprias, que busquem solucionar essas avarias.

A falta de esforço por parte das empresas é destacada por Ottavio, que aponta como poucas patentes
pedidas no período de 2011 a 2015 eram ligadas a pesquisas no tratamento e emissão de resíduos. Ainda
assim, ele afirma que houve um aumento dos esforços nessa área. Vale lembrar que os atores mais
envolvidos com as patentes são os fornecedores, seguidos de inventores e universitários.

Qual é a relevância para o processo competitivo de frequentes inovações em produtos, processos


produtivos, etc.?

As frequentes inovações em produtos, processos produtivos e tecnologias desempenham um papel crucial


no processo competitivo da indústria do ferro, assim como em qualquer setor, pois podem melhorar
significativamente a eficiência operacional, reduzindo custos de produção e aumentando a produtividade.
Na indústria do ferro, particularmente, onde operações de mineração e produção de aço envolvem
processos complexos, a inovação é primordial, porque ela traz consigo benefícios para a produção em
diversos âmbitos: comercial, político e socioambiental.

Como exemplo, inovações que visam tornar os processos mais sustentáveis e ambientalmente amigáveis
são cada vez mais importantes. Isso pode incluir tecnologias de redução de emissões de carbono,
reciclagem avançada de resíduos ou métodos de produção mais limpos. A preocupação com a
sustentabilidade é crescente e pode influenciar as decisões dos consumidores e as regulamentações
governamentais, como aponta a seguinte publicação no Blog Lubrimatic:
“A pauta climática é crescente na agenda política mundial e ocasionou uma corrida contra o tempo para
o desenvolvimento de versões menos prejudiciais ao meio ambiente, reduzindo os impactos causados por
décadas de indústrias que não tinham consciência dos prejuízos ambientais que eram causados pela
produção em escala. A Siderurgia segue otimizando processos para cumprir a agenda ambiental
internacional.

Para cumprir as metas mundiais quanto à energia e ao meio ambiente, as emissões de poluentes do setor
siderúrgico precisam cair em pelo menos 50% até a metade do século, de acordo com a Agência
Internacional de Energia e o objetivo posterior será reduzi-las a zero.”

Além disso, a introdução de produtos inovadores, como ligas de ferro especiais com propriedades
melhoradas, pode abrir novos mercados e aumentar a demanda. A pesquisa e desenvolvimento constante
são cruciais para atender às demandas do mercado e manter a competitividade.

Assim, a inovação permite que as empresas se adaptem rapidamente às mudanças nas condições do
mercado, como flutuações nos preços das commodities, demanda do consumidor ou mudanças nas
regulamentações comerciais e, assim, as empresas que abraçam a inovação podem melhorar a eficiência,
responder às demandas do mercado, reduzir impactos ambientais e permanecer na vanguarda da
concorrência em um setor dinâmico e desafiador.

Como as empresas se apropriam dos retornos relacionados ao seu esforço inovador (papel de
patentes e outros instrumentos de PI)? -kalil

Nesse ambiente de produção de minério de ferro, há uma demanda por pesquisas visando reduzir custos e
cumprir com metas socioambientais estimadas pela sociedade. Por exemplo, a Vale, que é a maior
extratora de minério de ferro em Minas e no Brasil e a sexta maior do mundo, é responsável por muitos
rejeitos. Em Minas Gerais, um grande volume é produzido durante o processo de extração e refinamento
do minério. Então, essa planta produtiva pode demandar fortemente inovações que visam reduzir ou dar
um destino melhor a esses resíduos para evitar processos legais ou ter que pagar um depósito para onde
destiná-los, por exemplo. Inclusive, a Vale participou de alguns incidentes envolvendo a presença de
dejetos em rios, poluindo e afetando negativamente a comunidade. Eventos como o de Mariana podem
trazer consequências legais e à imagem da empresa.
Quando se pensa em inovações, elas podem partir tanto das empresas que realizam extrações quanto dos
compradores desse minério, que seriam as siderúrgicas, tanto nacionais quanto internacionais. E a
iniciativa pode também partir dos fornecedores de equipamentos e de diversos insumos. No setor de
minério de ferro, é observado que os principais inovadores são os fornecedores de equipamentos, pois
eles são responsáveis pelo depósito de mais de 95% das patentes relacionadas a mineração. Esses
fornecedores são empresas de fora do Brasil, muitas dos EUA. Após eles, temos que inventores e
universidades são responsáveis pela maioria das patentes restantes, seguidos enfim das empresas
responsáveis pelo processo de extração.

As empresas fornecedoras, responsáveis pela maior parcela da inovação, são geograficamente


concentradas e com influência e papel globais. Sendo assim, o processo de pesquisa é atrelado a elas e
apossado por elas de modo a mantê-las jogadores dominantes no mercado. O mesmo fenômeno é
observado entre as empresas extratoras, pois a Vale, que já possui um papel relevante globalmente, é líder
das iniciativas de pesquisa entre as atuantes em Minas Gerais.

Em tópico anterior, foi destacada a importância de tecnologias relacionadas à indústria 4.0. na redução de
custos e no apoio à logística da extração de minério de ferro. Como dito, essas pesquisas ainda são
pequenas, mas espera-se um crescimento delas. Como as empresas responsáveis por inovar neste setor e
adquirir patentes são estrangeiras e o Brasil não tem grande presença nessa indústria 4.0., o surgimento
das novas tecnologias, numa perspectiva de competição em teoria dos jogos, irá endossar o peso das
empresas já estabelecidas.

Sobre o objetivo das inovações, há a questão socioambiental que pode trazer consequências negativas às
empresas envolvidas e, principalmente, ao meio ambiente e à população, consequentemente à sociedade.
Sendo esta, pois, uma questão que concerne ao Estado. Ainda que eventos desastrosos envolvendo os
rejeitos da mineração tenham sido destacados na mídia nos últimos anos, devido, principalmente, ao
desastre de Mariana; ainda não foram observados esforços que eliminem definitivamente o risco, como
visto no jornal da cidade de Mariana, que avisa quanto a perigos de uma nova unidade da Vale e acusa a
não responsabilização judicial dos culpados pelo desastre que ocorreu na cidade há 8 anos. Assim, parece
não haver grande interesse do setor privado e internacional, que é responsável por grande parte das
pesquisas, em resolver as questões socioambientais que afetam a população local. Sendo assim, essa é
uma questão que cabe ao estado regular, seja por meio de sanções aos possíveis culpados, e seja também
pela instituição de pesquisas próprias, que busquem solucionar essas avarias.

A falta de esforço por parte das empresas é destacada por Ottavio, que aponta como poucas patentes
pedidas no período de 2011 a 2015 eram ligadas a pesquisas no tratamento e emissão de resíduos. Ainda
assim, ele afirma que houve um aumento dos esforços nessa área. Vale lembrar que os atores mais
envolvidos com as patentes são os fornecedores, seguidos de inventores e universitários.

PI também tem um papel mais amplo no jogo concorrencial?

Sim, no segmento de mineração de ferro, as patentes, desenhos industriais e outros instrumentos de


Propriedade Industrial, são essenciais no jogo concorrencial. Patentes geralmente são utilizadas em
proteção de processos de extração, na tomada de decisão, no monitoramento tecnológico para beneficiar o
transporte ou minério de ferro

De acordo com a PINTEC Pesquisa de Inovação e Tecnologia do IBGE, a indústria de minério de ferro é
alocada dentro das atividades do setor de mineração extrativista

Na área de mineração, foram encontrados poucos artigos sobre o tema, e com a escassez de assunto sobre
isso a tese de mestrado “Instituto Nacional da Propriedade Industrial” de Sibelle de Andrade Silva,
recorreu-se a PINTEC para acessar alguns dados acerca dos depósitos de patentes para o setor extrativista
como um todo.

Tabela. “Indicação de depósito de patentes e patentes em vigor de empresas que implementaram


inovações das indústrias extrativistas e de transformação de 1998-2008-Brasil.”

Fonte: IBGE (PINTEC)

Tabela. “Métodos de proteção utilizados pelas empresas da indústria extrativa que implementaram
inovações no período de 2001 a 2008-Brasil.”
Fonte: IBGE (PINTEC)

As patentes podem servir para proteger as inovações nos processos de extração da commodity, para
beneficiar o transporte do minério de ferro, possibilitando que a firma atuante tenha vantagem
competitiva, uma vez que tem exclusividade sobre esses itens.
As patentes registradas são fundamentais para diferenciar os produtos da empresa atuante dos produtos de
empresas concorrentes, pois permite a criação de uma identidade visual. No âmbito do minério de ferro,
os instrumentos de Propriedade Industrial pode ser uma ferramenta vital para fortalecer a posição
competitiva da firma operante, pois fomenta a pesquisa e desenvolvimento, promove inovação e protege
investimentos significativos.
REFERÊNCIAS

● TRADING ECONOMICS. Iron Ore | 2019 | Data | Chart | Calendar | Forecast | News.
Disponível em: <https://tradingeconomics.com/commodity/iron-ore>.
● Temores com setor imobiliário e cortes na produção de aço da China derrubam
commodities. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/economia/temores-com-setor-
imobiliario-e-cortes-na-producao-de-aco-da-china-derrubam-commodities/>.
● REUTERS. Minério de ferro sobe com estímulo imobiliário na China em foco. Disponível
em: <https://www.infomoney.com.br/mercados/minerio-de-ferro-sobe-com-estimulo-imobiliario-
na-china-em-foco/>.
● Vale, Brumadinho e minério a US$ 200: o que vem pela frente no setor. Disponível em:
<https://exame.com/negocios/vale-brumadinho-e-minerio-a-us-200-o-que-vem-pela-frente-no-
setor/>.
● Disponível em: <https://www.google.com/url?
sa=t&source=web&rct=j&opi=89978449&url=https://spc.unifesspa.edu.br/images/SPC_2018/
Jorge-Eduardo-Macedo-Simes1-Clayton-Douglas-Chagas-de-Oliveira2--
Marcelo-.pdf&ved=2ahUKEwjQ1-
HE3JOBAxX0qZUCHbeYCMQQFnoECBUQAQ&usg=AOvVaw3ovocaM42t_DIkE0mTxj97>.
● MONOGRAFIA O Mercado mundial de Minério de Ferro e seus efeitos sobre a balança
Comercial Brasileira Orientadora. Disponível em:
<https://www.econ.puc-rio.br/uploads/adm/trabalhos/files/Eduardo_Miquelotti_da_Silva.pdf>.
● EJMinas - Consultoria em Mineração e Meio Ambiente. Disponível em:
<https://www.ejminas.com/minerio-ferro-realidade-brasil#:~:text=As%20grandes%20empresas
%20extratoras%20e>.
● PIA-Produto | IBGE. Disponível em:
<https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/industria/9044-pesquisa-industrial-anual-
produto.html?edicao=31198&t=destaques>.
● Cadernos do Cade - Indústria Siderúrgica. Disponível em:
<https://cdn.cade.gov.br/Portal/centrais-de-conteudo/publicacoes/estudos-economicos/cadernos-
do-cade/Caderno_Industria-Siderurgica.pdf>.
● Panorama do Setor Siderúrgico. Disponível em:
<https://www.cgee.org.br/documents/10195/734063/Nota+Tecnica+TR02+MINERIO+DE+FERR
O+E+PELOTAS_rev_04_4766.pdf/e4611287-faa1-4244-b9a2-931c42385229?version=1.0>.
● Iron is the Future – Part Three: Green and Economical, “The Ultimate Material”.
Disponível em: <https://newsroom.posco.com/en/iron-future-part-three-green-economical-
ultimate-material/>.
● Setor Mineral - PRIMEIRO SEMESTRE DE 2023. Disponível em: <https://ibram.org.br/wp-
content/uploads/2023/07/20230718_Coletiva-de-Imprensa-Resultados-1S23_rev02.pdf>.
● Revista Brasil Mineral - no 431. Disponível em:
<https://www.brasilmineral.com.br/revista/431/?p=6>.
● Site da Vale sobre mineração. Disponível em: https://www.vale.com/pt/mineracao
● Página da Wikipedia sobre a Vale. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Vale_S.A.
● Enciclopédia dos recursos minerais de Minas Gerais. Disponível em:
http://recursomineralmg.codemge.com.br/
● Artigo sobre a história do minério de ferro no Brasil. Disponível em:
https://www.geoscan.com.br/blog/minerio-de-ferro/
● CONTECC, “Concentração e Barreiras de Entrada: uma análise das empresas produtoras
de bens metálicos no Brasil”, 2018. Disponível em:
https://www.confea.org.br/sites/default/files/antigos/contecc2018/geologia/
3_cebdeuadepdbmnb.pdf
● VALLE, Camilla P. Poppe, “Integração vertical e seus desdobramentos na Política de
Defesa da Concorrência: aspectos teóricos e um estudo de caso das aquisições realizadas
pela CVRD”, 2013. Disponível em:
https://pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/1884/2/CPPValle.pdf

● Análise Estratégica da Indústria de Mineração Global. Disponível em:
<https://edisciplinas.usp.br>


● KUPFER, D. HASENCLEVER L. Economia Industrial: Fundamentos Teóricos e Práticas
no Brasil - 2.ed. Rua Sete de Setembro, 111 - 16° andar 20050-006 – Centro – Rio de Janeiro - RJ
– Brasil. Elsevier Editora LTDA. 2013.
● Souza, Henrique Capper Alves de, “Minério de ferro : seus reflexos na economia nacional e
internacional”, 1957.
● Pounds, Norman John Greville, “Geografia do ferro e do aço”, 1966.
● Metal Powder Industries Federation – MPIF
● Blog Toro Investimentos. Maiores Mineradoras do mundo, Disponível em:
https://blog.toroinvestimentos.com.br/bolsa/maiores-mineradoras-do-mundo
● DINADRILL. Saiba quais fatores influenciam o preço do minério. Disponível em:
https://www.dinadrill.com.br/noticia/saiba-aqui-quais-fatores-influenciam-o-preco-do-minerio
● Preços das ações da Vale caem 20% após tragédia de Brumadinho. Disponível em:
<https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2019/01/28/precos-das-acoes-da-vale-caem-20-
apos-tragedia-de-brumadinho.ghtml>.
● RESULTADO DO ESTUDO DE CASO Disponível em: <https://www.maxwell.vrac.puc-
rio.br/6590/6590_6.PDF>.
● MONOGRAFIA INDÚSTRIA BRASILEIRA DO MINÉRIO DE FERRO:
CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DE PREÇOS NO PERÍODO DE 2000 A 2015.
Disponível em:https://pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/4823/1/Monografia%20Ind%C3%BAstria
%20Min%C3%A9rio%20de%20Ferro%20Completo%20Final.pdf.
● https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/03/11/reajustes-das-usinas-de-aco-afligem-
clientes-industriais.ghtml
● https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/01/04/minerio-de-ferro-surpreende-e-encerra-ano-
com-alta-de-74.ghtml
● SILVA, Sibelle de Andrade. Instituto Nacional da Propriedade Industrial. 2010. Tese (Mestrado) -
CAP 2: Inteligência competitiva. Disponível em: https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/a-
academia/arquivo/dissertacoes/SILVASibelledeAndrade2010.pdf
● Barragem da Vale – Mariana, Portal da Cidade. Disponível em:
https://mariana.portaldacidade.com/noticias/regiao/barragem-da-vale-e-interditada-e-
moradores-de-santa-rita-podem-ser-evacuados-0610

● 8 anos da Tragédia de Mariana - Mariana, Portal da Cidade. Disponível em:


https://mariana.portaldacidade.com/noticias/regiao/o-caso-completa-oito-anos-no-
proximo-domingo-5-sem-julgamento-dos-culpados-3744

● Ottavio Raul, Mapeamento do sistema de inovação da mineração de minério de


Ferro em Minas Gerais. Disponível em:
https://ibram.org.br/wp-content/uploads/2021/04/T-60-Ottavio-Raul-Domenico-Riberti-
Carmignano.pdf
● https://lubrimatic.com.br/siderurgia-segue-evoluindo-com-inovacoes-na-area-ambiental/

Você também pode gostar