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Independência e Credibilidade
Independência Credibilidade
Carta ao Leitor
N
asci numa família numerosa e humilde. Éramos 15. Her- bilismo, imóveis e os assuntos da vida no interior do Estado -, sendo
damos dos nossos pais, Walter Antônio Couto Bomfim, o CINFORM o único jornal a ter um caderno exclusivamente para
já ausente, e dona Hosana Moura Bomfim, viva e forte, a os Municípios. Enfim, oferecemos um leque daquilo que os leitores
dedicação ao trabalho, à ordem e à construção de ideais de justiça e esperam de um bom jornal.
de dignidade. Apesar da origem simples, temos procurado fazer, Aliás, foi pelas páginas do CINFORM Municípios que nasceu e
cada um ao seu modo, o melhor por Sergipe. circulou o que os leitores têm agora em mãos nesta Revista dos
Ainda moço descobri na comunicação uma área interessante. Foi Municípios: a história política, econômica e cultural das 75 cidades
uma espécie de amor à primeira vista. Fui contato publicitário nos que compõem este pequeno e bravo Estado. A série teve início no
tempos pioneiros da TV Sergipe, fundei uma agência de publicidade dia 26 de junho de 2000 e se encerrou em 25 de dezembro de 2001,
com o apoio incondicional do amigo Francisco Pimentel Franco, ininterruptamente. No começo, feita pelo jornalista Cristian Góes,
então diretor comercial do Canal 4; tive revista com enfoque rural e com sua saída da empresa a História dos Municípios teve continui-
há quase 20 anos, com a graça de Deus, da sociedade sergipana, de dade com a dedicação das jornalistas Edivânia Freire (a quem coube
minha esposa Edna Lima Bonfim e de companheiros de trabalho que fazer a recopilação para a edição em Revista), Carla Passos e Valnísia
somaram e somam comigo, empreendo o semanário CINFORM. Mangueira, sempre com o suporte dos repórteres-fotográficos Dió-
Ou melhor, empreendemos - eu, estas forças a que me refiro acima, genes Di, Manoel Ferreira, Edson Araújo e Sílvio Rocha.
e mais recentemente, com a mão nova, qualificada e promissora do Desde o princípio havia o compromisso de juntar tudo da História
meu primogênito, Adriano Bonfim. dos Municípios numa publicação única, luxuosa, caprichada, para
Empreendemos o CINFORM com os olhos voltados para as ne- garantir-lhe um grau de perenidade, bem à altura do significado do
cessidades e os interesses sergipanos - e o fazemos quase com a trabalho que durou 75 semanas.
mesma dedicação e dificuldade com que nosso querido Walter An- A História dos Municípios começou e encerrou com a expressiva
tônio Couto Bomfim, um modesto funcionário público, nos criou e aprovação dos sergipanos. Professores, alunos, pesquisadores, políti-
nos preparou para a vida. cos e a comunidade em geral sempre buscaram o jornal para rever
Desde o primeiro momento, quando seus fundadores plantaram a dados dos municípios que a série trazia. Dados às vezes de conheci-
semente do que é hoje o semanário dos sergipanos, vi no CIN- mento restrito de alguns historiadores, mas em muitas vezes jamais
FORM - e agora vejo muito mais - um canal de comunicação através apontados num texto, numa matéria jornalística.
do qual eu tentaria, e tenho conseguido, fazer valer o sonho da De modo que o CINFORM, neste mês de junho de 2002, quando
afirmação do melhor traço de sergipanidade. Daí este veículo, que chega à histórica cifra de mil edições, publica esta Revista com muita
atende hoje a uma demanda muito grande no setor publicitário, com alegria, como demonstração do compromisso deste jornal para com
o maior índice proporcional de classificados do Brasil. Um veículo a vida sergipana - são 35 mil exemplares, editada com o melhor que
que procuro fazer destemido, livre, independente e de credibilidade há na indústria gráfica brasileira. Não se trata de um produto com a
no trato da notícia. Não é por acaso que 90% da cobertura jornalís- finalidade de faturar, com fins lucrativos.
tica do CINFORM prendem-se a fatos da vida sergipana. Somos um Trata-se de uma iniciativa de carinho para com os conterrâneos.
tambor que insiste em ressoar os sons e tons desta terra. De carinho e de retribuição ao modo como nestes 20 anos, a serem
Todos sabem que esta não tem sido uma missão fácil. Já vivemos comemorados no dia 2 de dezembro, sergipanos da capital e dos
no passado, e ainda vivemos no presente, momentos de incompreen- demais 74 municípios nos acolheram como um veículo de comuni-
são, de intolerância da parte dos que às vezes não compreendem o cação decisivo. Carinho e atenção que queremos ver partilhados com
verdadeiro papel de um veículo de comunicação - que é o de infor- os parceiros deste empreendimento, que puseram as assinaturas de
mar zelando pelo bem comum, geralmente abusado e vilipendiado. suas empresas nesta Revista.
Mas, como referi-me antes, temos Deus do nosso lado e a boa Gostaria de dizer, finalmente, que nossos projetos apontam para
vontade da maioria do povo sergipano. E assim vamos tocando a horizontes cada vez de mais compromissos. Queremos, com a graça
vida, marchando em frente. Temos hoje uma tiragem média de 20 de Deus, nos dedicar exaustivamente para que possamos atender a
mil exemplares e sete cadernos nos quais atendemos às demandas toda a expectativa que os sergipanos têm do CINFORM. Daremos
mais básicas dos sergipanos - nas áreas de cultura, entretenimento, o melhor de nós para que este sonho seja sonhado e realizado conjun-
esporte, economia, política, polícia, segurança, urbanismo, automo- tamente.
A
o longo de sua trajetória
histórica, o Estado de Sergipe
tem sido alvo de estudos por
parte de pesquisadores que se
debruçaram sobre documentos na
busca de explicação para eventos que
contribuíram para a formação do seu
território e da sua gente.
Dentre estes estudiosos não se pode
esquecer de Felisbello Freire, que es-
creveu História de Sergipe, e Felte Be-
zerra, que se preocupou em estudar a
formação da população sergipana,
através do seu livro Etnias Sergipanas.
A professora Maria Thétis Nunes,
grande historiadora, através de suas
publicações vem resgatando as fases
colonial e provincial, enquanto Ibarê
Dantas se dedica a retratar as questões
políticas.
A história pol¡tica recente também
tratada pelo professor Ariosvaldo
Figueiredo. Incorporando-se aos ante-
riores, Josué Modesto dos Passos
Subrinho vem contribuindo para a
história econômica estadual.
Não podemos esquecer o papel do
Departamento de História da Universi-
dade Federal de Sergipe, que através
de seus professores tem tratado de
temas sergipanos com profundidade e
exatidão. Dentre esses professores
CINFORM 6
destacam-se Maria da Glória Almeida,
Maria Nele Santos, Lenalda Andrade
Santos, Diana Leal Diniz e Terezinha
Alves Oliva, que publicaram diversos
estudos, inclusive textos didáticos.
Mas, de fato, quem primeiro se preo-
cupou em sistematizar informações
sobre os municípios sergipanos foi
Clodomir Silva, que escreveu o álbum
de Sergipe, em 1920, obra comemora-
tiva ao primeiro centenário da Indepen-
dência do Estado.
Esta obra riquíssima é, até hoje, refe-
rência importante para o conhecimento
de Sergipe até o início do século XX,
contendo informações sobre as condi-
ções ambientais, sociais, econômicas e
culturais para cada um dos 34
municípios existentes na época.
Posteriormente, coube a João Oliva
Alves dar continuidade àquele trabalho,
com a elaboração de monografias
sobre os municípios dentro da Enciclo-
pédia dos Municípios Brasileiros, edita-
da em 1955 pelo IBGE e, recentemente,
reeditada em CD-ROM.
Ainda na década de 70, José Alexan-
dre Felizola Diniz coordenou os estu-
dos Organização Espacial do Estado
de Sergipe e Atlas de Sergipe, muito
utilizados por técnicos e planejadores.
Seguindo as pegadas do pai, a pro-
fessora Terezinha Alves Oliva coorde-
nou, em 1998, no Departamento de
História da Universidade Federal de
Sergipe, a pesquisa Levantamento de
Fontes Históricas sobre os Municípios
Sergipanos, formando um banco de
dados dentro das atividades do Depar-
tamento de Patrimônio Histórico.
Em 1996, no Núcleo de Pós-Gradua-
ção em Geografia da Universidade
Federal de Sergipe, os professores
José Alexandre Felizola Diniz e Vera
Lúcia Alves França coordenaram o
projeto Atlas Sócio-econômico de
Sergipe, primeiro Atlas digital do Brasil.
Este software contém 275 cartogramas
tratando de temas sócio-econômicos,
como população, economia, educa-
ção, saúde, infra-estrutura, situação
eleitoral, organização urbana regional e,
por último, traz informações para os 74
municípios.
Deste trabalho ainda resultou um
CINFORM 7
banco de dados com cerca de 800 CINFORM: a popularização do conhe-
variáveis para cada um dos municípios cimento, numa época em que as pes-
sergipanos, com informações a partir soas estão sendo bombardeadas por
dos anos 70 até 1996. informações de áreas distantes, sobre-
Além disso, é importante lembrar as tudo através da mídia televisiva, en-
inúmeras teses de doutorado, disserta- quanto as locais são postas em segun-
ções de mestrado e monografias que do plano. Percebe-se que mais de 90%
versam sobre temas e municípios de todo o noticiário do semanário é de
sergipanos. O professor Sylvio Bandei- origem genuinamente sergipana.
ra de Mello e Silva, da UFBA, costuma As informações contidas nesta revis-
brincar ao dizer que Sergipe é o Estado ta são resultantes de um trabalho publi-
do Brasil mais estudado por quilômetro cado, semanalmente, desde junho de
quadrado, tendo em vista o vasto nú- 2000 pelo CIMFORM, através do seu
mero de estudos realizados sobre os Caderno de Municípios, e produzido
mais diferentes temas e lugares. por quatro jornalistas encarregados da
De fato, há um grande volume de elaboração das matérias.
estudos científicos, gerando conheci- A Cristian Góes coube a tarefa de
mento que, infelizmente, nem sempre produzir reportagens sobre 28
está ao alcance de todos, em função municípios, e Edivânia Freire, na ausên-
das dificuldades encontradas pelos cia dele do CINFORM, se responsabili-
pesquisadores para publicação e divul- zou por mais 26. Carla Passos elabo-
gação. Há algum tempo já é sentida a rou 14 e, finalmente, Valnísia Mangueira
ausência de um programa editorial se encarregou de sete. Além do esfor-
voltado para apoiar pesquisadores, ço pessoal deles, outras pessoas tam-
ação que poderia ser encampada pelas bém contribuíram para a consecução
Secretarias de Cultura e de Planejamen- dos objetivos, inclusive moradores
to, Ciência e Tecnologia. antigos e estudiosos, resultando num
Agora, o Jornal CINFORM entrega à trabalho consistente e bem apresenta-
comunidade esta revista, que resgata, do que neste momento é entregue à
de forma sucinta e objetiva, um pouco comunidade.
da vida de nossos municípios, desta- O que os sergipanos têm em mãos
cando singularidades e personagens agrupado nesta Revista o resultado
que tornam cada um deles lugar espe- de um jornalismo sério, voltado para a
cial para os que lá nasceram viveram valorização das questões locais e para
ou vivem. Os textos estão acompanha- o resgate de personalidades que se
dos de fotografias que enriquecem e destacaram em diversos setores da
complementam as informações aqui vida daqueles lugares.
presentes. Um trabalho dessa natureza, de in-
Portanto, é uma contribuição para o tensa busca, exige determinação por
conhecimento da comunidade que, parte daqueles que se envolvem no
muitas vezes, tem dificuldades de en- empreendimento. De fato, foi o que se
contrar as informações que estão dis- constatou ao longo dos quase dois
persas em acervos, arquivos, bibliote- anos em que a série foi produzida e
cas e museus, nem sempre ao alcance publicada. Profissionais competentes e
daqueles que vivem em áreas mais dedicados, aliados a um veículo respei-
distantes. tado, se empenharam para oferecer à
O CINFORM, ao longo dos seus 20 sociedade um conjunto de informações
anos e sobretudo a partir da existência que resgata um pouco de nossa terra e
do Caderno Municípios, vem contribu- de nossa gente. Portanto, esta revista
indo para a divulgação de notícias lo- alvo de regozijo para todos
cais, destacando-se questões econô- sergipanos.
micas, sociais e políticas, informando à
população o que ocorre nos VERA LÚCIA ALVES FRANÇA doutora em Geografia e
municípios. professora adjunto do Departamento de Geografia da Univer-
Aliás, esse é o grande mérito do sidade Federal de Sergipe.
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Amparo
recebeu nome num casamento
CINFORM 12
Antônio Freire de Souza: bisneto do
fundador
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Piscicultura: nova fonte de renda do município
O desafio deste milênio está na transformação das instituições tradicionais como um hospital, que, mantendo os seus propósitos básicos,
consiga se integrar na rede de cidadania da sua cidade, estado e país, através do compromisso sério de responsabilidade social. A história da Clínica
São Lucas, semente inicial, nos mostra este caminhar sério e dedicado, nascido em 1969 sob a liderança do Dr. José Augusto Soares Barreto e
edificado na solidez da amizade e ajuda do Dr. Dietrich W. Todt que construíram esta obra, juntos com uma equipe de colegas idealistas, dispostos a
dar o melhor de si mesmos para a sua viabilização. A estrutura inicial surgiu como um prédio térreo, pequeno, projetado para clínica ambulatorial,
composto de sala de reunião científica, três consultórios, área para Laboratório, Radiologia e Eletrocardiografia.
A equipe unida logo se firmou na comunidade. Após dois anos de atividades, foi organizado o "Serviço de Urgências Médicas" para atender
na sede e em domicílio, abrangendo um grupo maior de colegas, em parceria. Esta inovação no atendimento foi muito bem recebida por todos.
Em 30 de setembro de 1978 foi inaugurado o Hospital, aos poucos foi se transformando numa das melhores casas de Saúde do Nordeste.
Para acompanhar a evolução da Medicina, o Hospital necessitou ser ampliado no final da década de 80. Tal empreendimento só foi possível
com a incorporação de salas de consultórios por colegas médicos que já trabalhavam na clínica, fazendo parte da família São Lucas. Desde então, a
"Clínica e Hospital São Lucas" tem acompanhado o desenvolvimento técnico-científico e se constitui numa unidade moderna e bem aparelhada.
A cardiologia tem sido destaque e referência no São Lucas; um grupo de cardiologistas (inclusive hemodinamistas e cirurgiões) tem
contribuído decisivamente para salvar vidas, pela disponibilidade que oferecem de atender chamados de urgência, sem perda de tempo. As técnicas
de angioplastias (desobstrução não cirúrgica das artérias) têm sido usadas correntemente, dentro de padrão comparável aos centros mais avançados.
Para o São Lucas, mais importante que o desenvolvimento técnico-científico, sem termo de comparação, é o patrimônio denominado RH (
Recursos Humanos). Graças a Deus, contamos com Corpo Clínico igual aos melhores do país; contamos também com uma equipe de Enfermagem
que a cada dia mais se aperfeiçoa. O São Lucas está numa intensa campanha de qualidade , investindo em treinamento contínuo de todo o seu
pessoal, pois, além dos Médicos e Enfermeiros, toda equipe que trabalha é indispensável e merece nosso profundo respeito. Nosso Centro de
Estudos, com Auditório e Sala de Treinamento, é muito ativo. A equipe Médica tem reuniões regulares de estudos de casos, jornadas, simpósios, etc.
Na Medicina Preventiva, também numa das funções do Hospital se insere uma abordagem decisiva ao apoio psicológico dos pacientes, numa
visão mais holística, procurando impregnar em cada um de nós o mais sadio humanismo.
Na palavra LAR do Hospital, está o verdadeiro sentido para o qual ,cada dia mais, a Clínica e Hospital São Lucas pretende avançar: uma
comunidade inclusiva para todos os seres humanos que dela precisarem, guiada pelo inevitável espírito de amor e paz.
Hoje, para por em prática essa filosofia, dispomos de 130 leitos, Centro-Cirúrgico geral com 6 salas, Centro-Cirúrgico ambulatorial com 2
salas, 12 leitos de terapia intensiva (UTI/UCO), Serviço de Urgências e Laboratório 24 horas, Hemodiálise, Serviços de Apoio Diagnóstico (Raios-X,
Eletrocardiografia, Ecocardiografia, Ultrassonografia, Tomografia, Hemodinâmica, Quimioterapia, Cuidados domiciliar (Home-Care entre outros,
onde 630 funcionários e cerca de 1000 outros profissionais indiretos estão envolvidos na realização de um sonho que começou há 35 anos como uma
forte amizade entre os médicos José Augusto Barreto e Dietrich Todt, dois convictos da responsabilidade que é cuidar bem da saúde dos sergipanos,
exemplos hoje seguidos por seus filhos.
E
stes trechos do hino do município de
Aquidabã, letra de Lauro Rocha de
Lima e música de José Pereira da
Rocha, revelam um pouco de mais um ca-
pítulo na História de Sergipe através de seus
municípios. O povo, ruas e prédios de Aqui-
dabã, a 116 quilômetros de Aracaju, têm
muito a contribuir. Acredita-se que lá, no
centro do sertão do São Francisco, deu-se a
primeira homenagem aos militares que
morreram e aos que sobreviveram à Guer-
ra do Paraguai (1870).
Uma das batalhas mais importantes
para a vitória brasileira naquele Genocí- Matriz de Senhora SantAna
dio das Américas teria acontecido justa-
mente no Riacho Aquidabã, a leste da ci- que em frente ao cemitério existia uma José Cupertino Nogueira da Silva.
dade de Assunção. Por isso, a então povo- frondosa árvore, onde o tronco servia para A freguesia é uma das poucas que tive-
ação de Cemitério, primeiro nome do lu- que senhores amarrassem escravos e mula- ram Lei Estadual regulamentando o dia e o
gar, passa a ser chamada de Aquidabã. Mas tos desordeiros para os castigar. local para a feira. Isso foi em 16 de abril de
a história desse município começa muito 1877. Com a feira, o desenvolvimento che-
antes de 1870. Escola e freguesia gou com força, provocando querelas com
Quando Cristóvão de Barros, depois de Propriá. Todos os moradores dos povoados
1590, invade Sergipe, doa em sesmaria as Acredita-se que por volta de 1850, o Sítio do Meio (hoje Muribeca), Tamanduá
terras do norte para o seu filho Antônio povoado Cemitério ganhava corpo, tanto é (Graccho Cardoso), Malhada dos Bois e
Cardoso de Barros. Na região onde hoje se que em 12 de março de 1857 é criada a Canhoba alcançavam facilmente a Fregue-
encontra a sede do município, parentes de primeira escola pública de ensino primário sia de SantAna. O nome Cemitério já não
conquistadores implantaram uma fazenda na localidade para atender cerca de 30 cri- revelava o grau de progresso da localidade
de gado. Além de algumas casas, também anças em idade escolar. A escola trouxe pro- e aproveitando-se a vitória das tropas brasi-
foi levantado um cemitério, bem próximo gresso com o rádio e 15 anos depois, em 11 leiras na Guerra do Paraguai no Riacho
à estrada real que cortava o sertão, indo até de abril de 1872, a povoação deixava de ser Aquidabã, entre o Paraguai e o Mato Gros-
o Rio São Francisco. O local ficou conheci- eclesiasticamente dependente de Santo so, o local recebe esse nome. Aquidabã é
do pelos passantes como Cemitério. Logo Antônio do Propriá e passava a ser chama- guarani e quer dizer terras entre rios, ilhas,
foi erguida uma Santa Cruz e uma capeli- da de Freguesia de SantAna do Cemitério terras férteis e aguadas. Outro município
nha em homenagem a Nossa Senhora de Aquidabã. O primeiro vigário foi padre que teria sido homenageado por conta da
SantAna. Alguns historiadores revelam Benvindo Tita de Jesus, seguido pelo padre Guerra do Paraguai é Riachuelo.
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Região - Norte de Sergipe
Distância de Aracaju - 116 km
População - Cerca de 18 mil
Filarmônica Euterpe SantAna em 1959 Atividades econômicas - Agricultura
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Avenida Getúlio Vargas na década de 30 e no detalhe a posse do prefeito Vilobaldo Cardoso
em 1963
notícia da presença do Rei do Cangaço cor- Outras foram estupradas, inclusive mulhe- *Lauro R. de Lima é professor, escritor, jornalista e
reu e seu bando de 50 bandidos chegou à res idosas. Lampião, então, passou a amea- advogado, membro do MAC da Academia Sergipana de
sede municipal. çar um dos filhos recém-nascidos de João Letras. C
Lampião e seus capangas, então, passa- de Clarinha e Franquinha, que não deixa-
ram a indagar pelos homens ricos da cida- ram o lugar porque a mulher havia dado à Filhos Ilustres
de. Primeiro perguntou onde morava Lóia, luz na madrugada do dia anterior. O casal
que era o delegado. Este já havia fugido. passou por momentos angustiantes. Antô- Aderbal de Figueiredo - Médico. Escreveu,
Depois perguntou por Aldom Figueiredo nio e José do Papel, que apanhavam as além da tese para receber o grau de doutora-
do, outros trabalhos literários;
que, como tantos outros, já havia deixado a moedas atiradas para as crianças, tiveram
pacata cidade. Reporta-se que, quando da as orelhas cortadas, um ato de atrocidade Coronel Milton Pereira de Azevedo -
sua chegada, pela Baixinha, o lugar já esta- que ficou no registro da visita de Lampião. Como capitão governou Sergipe no ano de
1941 e parte de 1942, na qualidade de Inter-
va quase deserto, pois a população, com a Pois José do Papel, durante toda sua exis- ventor Federal;
notícia da chegada de Lampião, fugiu para tência - pessoa muito conhecida e concei-
o interior, escondendo-se nas matas e gru- tuada - era o homem marcado pelo corte Acelino Pedro Guimarães - Advogado, es-
critor e historiador, um dos intelectuais mais
tas. O cortejo de Lampião prosseguiu em de uma das suas orelhas. festejados do município;
direção ao centro da cidade onde estavam Lampião e seu bando, afinal, depois de
as lojas e casas comerciais, residências dos tirar a paz da cidade, retirou-se para o inte- Lauro Rocha de Lima - Professor, escritor,
mais afortunados e armazéns de compra de rior, tomando a estrada que segue para os jornalista, advogado e membro do MAC da
Academia Sergipana de Letras;
algodão. Lampião, para conquistar a meni- Andrinos. A rapaziada, cheia de idealismo,
nada, jogava moedas, que eram disputadas então, armou-se e seguiu à procura do ban- Ademar Messias de Aragão - general do
pelos poucos que, não entendendo bem o do, que já se encontrava longe. Mas o ardor Exército
que significava a visita, ficaram na cidade, do orgulho ferido fez com que os rapazes Carlos Whrite - professor;
não acompanhando seus pais. Entre a me- apressassem o passo, conseguindo aproxi-
ninada estavam os irmãos Antônio e José mar-se do bando de Lampião, onde trava- Irmã Joana Vermeleu - professora;
do Papel. ram uma pequena luta. Gustavo Guima- Rui da Silva - padre;
No centro comercial, em frente ao Ar- rães, usando de um rifle, atirou e matou
mazém de Maximino Calango, avô de José um dos cangaceiros retardatários e ali, na- Inephânfio Cardoso - comerciante;
de Matos, o grupo matou a punhaladas um quele gesto, estava a vingança de Aquidabã Sebastião Figueiredo - deputado estadual;
doido, cujo nome nunca foi revelado. Abri- para com o famigerado bando de Lampião.
ram o corpo do inditoso maluco, retiraram Por muito tempo repetiu-se a inditosa Estácio Vieira da Cruz - prefeito
as vísceras e as banhas, e com estas, limpa- visita de Lampião na vida da pacata cidade.
Josefina Maia - funcionária pública.
ram o sangue dos punhais. As atrocidades Firmino Figueiredo, Mamede Alves do Car-
continuaram pelas ruas da então pequenina mo e Rosalvo Figueiredo contaram e Pires
cidade, cometidas contra poucos. Conta-se Wine, Acelino Guimarães e José Anderson Texto: JOSÉ CRISTIAN GÓIS
Fotos e reproduções: DIÓGENES DI
que Zé Baiano marcou algumas donzelas a do Nascimento escreveram este episódio. Fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, História de Aquidabã,
de Acelino Pedro Guimarães e colaboração de lauro Rocha de Lima.
ferro quente com as letras J.B. nas nádegas.
CINFORM 18
Estamos preparando talentos.
Porque o futuro é você!
Educação Infantil
Berçário - Maternal I - Maternal II
Jardim - Infantil - Alfabetização EDUCAÇÃO
INFANTIL COM
Ensino Fundamental INSTALAÇÕES
Ensino Médio EXCLUSIVAS
com 3º ano assistente
Pré - Vestibular
Rua Nestor Sampaio, 307 - Bairro Luzia - Fone (79) 217 5121
www.colegiopurificacao.com.br - Aracaju/SE.
Aracaju nasceu de um
arraial de pescadores
Cidade surgiu na colina
do Santo Antônio,
e foi planejada para ser
a capital de Sergipe
A
história da capital de Sergipe,
Aracaju - antigo povoado Santo
Antônio de Aracaju -, é uma das
mais inusitadas. Sua fundação ocorreu in-
versamente ao convencional. Ou seja, não
surgiu de forma espontânea como as de-
mais cidades, foi planejada especialmente
para ser a sede do Governo do Estado. Pas-
sou à frente de municípios já estruturados,
principalmente São Cristóvão, do qual ga-
nhou a posição de capital. Acredita-se que
uma capelinha, a Igreja de Santo Antônio,
erguida no alto da colina, tenha sido o iní-
cio da formação do arraial que se transfor-
maria depois na capital do Estado.
A cidade de Aracaju, hoje com cerca de
460 mil habitantes, surgiu de uma colônia
LINEU
CINFORM 20
Capital do Estado
Região: Litoral leste
População: 460 mil
Igreja Santo Antônio: capelinha onde origi- Atividades econômicas: Comércio, indústria
nou Aracaju e turismo
CINFORM 21
car com mais abundância. Em 1854, 25 mil
caixas de açúcar saíram pela Cotinguiba,
enquanto 10 mil eram exportadas por to-
das as outras barras sergipanas.
Antes mesmo de propor a transferência
da capital, a partir de novembro do ano
anterior, Inácio Barbosa dava os primeiros
passos para concretizar a medida, mudan-
do para as praias do Aracaju a Alfândega e
a Mesa de Rendas Provinciais, criando uma
agência de Correios e uma subdelegacia de
polícia, e reformando a atalaia da Cotin-
guiba.
Depois de uma reunião preliminar no
Ponte do imperador, onde o vapor APA, que trouxe o imperador D. Pedro II, foi atracado: em 1904 engenho Unha do Gato, de propriedade do
e em 2000 Barão de Maruim, o presidente convocou a
tura. Em 1926, os bondes elétricos substi- imperiais haviam vencido os partidários da Assembléia para uma reunião em Aracaju,
tuíram os de burro - implantados em 1908 Revolta Praieira, em Pernambuco, o últi- numa das poucas casas que ali existiam, a
- que já não funcionavam há mais de um mo movimento interno, enquanto a Lei qual se concretizaria no dia 2 de março. As
ano. Eusébio de Queirós libertara, com a extin- discussões, sem qualquer brilho, mesmo da
Dos nomes de bairros colocados à época, ção do tráfico negreiro, os capitais empre- parte dos deputados governistas, arrasta-
apenas o Santo Antônio não é estranho ao gados na compra e venda de escravos, reo- ram-se por dias, sob o protesto da Câmara
aracajuano. Massaranduba (B. Industrial), rientando-os para outros investimentos que de São Cristóvão, que fazia ver que a lei
Olaria (Centro) são nomes que ficaram no dinamizaram a economia e finanças naci- não permitia a reunião da Assembléia fora
passado. A mudança de nomes, só para agra- onais, possibilitando um período de eufo- da capital da província. O certo é que, ape-
dar políticos - inclusive ocorrendo nos dias ria econômica. nas com dois votos discordantes - os de
atuais - acaba atropelando a tradição. Por outro lado, enquanto se consolidava Martinho Garcez e do Vigário Barroso -, o
A Estrada Nova, que ligava o povoado o poder pessoal do imperador, que se liber- projeto foi aprovado, e a 17 de março de
Santo Antônio ao Centro, foi transforma- tara da facção áulica e passara a interferir 1855 o presidente Inácio Barbosa - homem
da na avenida João Ribeiro. O riacho Ola- diretamente nos negócios públicos, o Brasil do seu tempo, que compreendeu a impor-
ria, que cortava essa avenida, provavelmente entrava numa fase de tranqüilidade pública tância da medida - sancionava a resolução
foi transformado no canal da Avenida Air- - era a Conciliação - que levara o Marquês nº 413, cujo significado deve ser evidencia-
ton Teles. Já o rio Aracaju, que desemboca- de Paraná ao poder. do porque, como coloca o historiador Fer-
va nas vizinhanças da fábrica de tecidos Sergipe, como as demais províncias do nando Porto, representou uma verdadeira
Sergipe Industrial e deu o nome à cidade, Império, vivia essa fase e é dentro dela que, subversão política, econômica e social; des-
desapareceu do mapa. em parte, se deve compreender a mudança locou para o norte o centro de gravidade da
da capital. política local; alterou o intercâmbio de
Aracaju, a história No exercício do Governo desde novem- mercadorias.
da mudança da capital bro de 1853, compreendia o presidente Iná- E a pequena Aracaju, surgida na parte
cio Barbosa a importância do açúcar como mais baixa do núcleo urbano, às margens
* LUIZ FERNANDO RIBEIRO SOUTELO principal produto de exportação de Sergi- do rio Sergipe, entre a Alfândega, ao norte,
pe, sofrendo a concorrência internacional e e um ponto entre a rua Boquim e a avenida
Há exatamente 146 anos, completados as conseqüências de um quadro interno ad- Barão de Maruim, logo após o quartel do
neste 17 de março (2001), uma resolução verso (a concorrência do café no sul, a ex- Corpo Policial, cresceu e se espraiou pelas
da Assembléia Provincial elevava o povo- tinção do tráfico negreiro que obrigava o terras circunvizinhas, derrubando dunas,
ado de Santo Antônio do Aracaju à catego- deslocamento interno de escravos). Procu- aterrando pântanos, aproximando-se dos
ria de cidade e transferia para ele a capital rava corrigir esses problemas através da re- municípios de Nossa Senhora do Socorro e
da Província, até então situada em São Cris- dução de impostos e do encaminhamento de São Cristóvão.
tóvão, desde os primórdios do século XVII. de providências para aperfeiçoar os proces- Em resumo, poderíamos dizer, como o
A mudança da capital, no entanto, não sos de produção (industrial), da pesagem fez Fernando Porto - autor de um dos
resultou apenas na iniciativa do presidente do açúcar nos trapiches da Província e não clássicos sobre a capital sergipana nos seus
Inácio Barbosa, mas foi também decorrên- nos da Bahia, da Constituição de uma com- dez primeiros anos de vida - , que Araca-
cia de uma reunião de fatores internos, ori- panhia de reboques a vapor que deveria ju foi uma das mais felizes vitórias da
ginários da própria Província, e externos, agir na Barra da Cotinguiba, com a finali- Geografia. C
que resultaram de causas políticas e econô- dade de atrair os navios estrangeiros às nos-
micas no plano nacional, como acentua José sas plagas. *Historiador e membro do Conselho Estadual de Cultura
Calazans. E por que a Barra do Cotinguiba (nome
Na década de 50 do século XIX, o Brasil pelo qual, até 1925, se conhecia o rio que
Texto: EDIVÂNIA FREIRE
vivia uma fase de paz interna e de modifi- banha Aracaju)? Nada mais nada menos Fotos: DIÓGENES DI E EDSON ARAÚJO
cações econômicas. Em 1849, as tropas porque era por ela que se exportava o açú- Fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros
CINFORM 22
Arauá foi grande produtor de cana e café
O
município de Arauá, distante 99
quilômetros de Aracaju, comemo-
ra sua emancipação em 9 de abril,
data em que, no ano de 1870, a então fre-
guesia de Nossa Senhora da Conceição do
Arauá foi desmembrada do município de
Estância. Nessa época, ele não passava de
um pequeno povoamento, localizado num
tabuleiro, entre as bacias dos rios Limoeiro
e Arauá, circundado por dezenas de enge- Igreja matriz: exemplar de arte sacra
nhos.
O terreno, onde surgiu o embrião da fre- região permaneceu como fazenda de gado, José de Góis, José Félix do Nascimento e
guesia, só foi poupado pelos latifundiários de cultivo de cana e de engenhos de açúcar. seu irmão, Tibúrcio Manoel do Nascimen-
por ser impróprio ao cultivo da cana-de- Foram os primeiros senhores de engenho, to - iniciaram-se as obras de construção da
açúcar. Com o tempo os moradores estabe- verificando que a sede do município (então capela, a um quilômetro da povoação, pois
leceram-se no local em sítios e numas pou- cidade de Estância) ficava muito longe de o local era mais propício para a construção
cas casas. suas propriedades, que acharam por bem de uma praça.
Mas anterior a essa povoação, existe um constituir ali mesmo, próximo ao riacho da Segundo o professor José Anderson Nas-
registro que dão conta das primeiras pene- Parida, um centro de vida social dotado de cimento, no livro Sergipe e seus Monu-
trações nos terrenos em que hoje se encon- delegacia, igreja, escola e cemitério. mentos, a Igreja de Arauá é um exemplar
tra o município. Segundo o documento, o valioso da arte sacra em Sergipe Delrei, in-
desbravamento daquela região deve ter-se Troca de Nomes clusive pelo fato de ter sido projetada e
dado nos tempos da colonização da zona executada por Manoel Ribeiro, com parti-
do Rio Piauí. Em 21 de dezembro de 1854 foi cria- cipação dos irmãos Antônio e Tomás Gara-
Historiadores encontraram uma carta de da uma subdelegacia no povoamento. pas, todos exímios entalhadores que vivi-
sesmaria, datada de 5 de maio de 1596, Fundado o distrito policial do Arraial da am em Estância.
expedida em favor de Sebastião Brito e Fran- Parida, como passou a ser chamado o A escola foi criada em 1856, pela resolu-
cisco Soares, que obtiveram a doação de povoamento, os habitantes aproveitaram ção de 22 de março. Em torno da igreja foi-
terras ao sul do Rio Piauí, com a dada de no ano seguinte um acontecimento sin- se formando a edificação de novas casas e,
Jerônimo da Costa que está fronteiro de gular - a proclamação, pela Igreja Cató- já em 1864, fundou-se a povoação em fre-
Bogio, da banda do sul. Ficando a serra do lica, do dogma da Imaculada Conceição guesia, pela Resolução nº 678, de 8 de ju-
Bogio próxima à cidade de Arauá, acredi- -, para mudar o nome da povoação para nho. Pela Lei nº 815, de 30 de abril de 1868,
ta-se terem sido talvez estes os primeiros Arraial de Nossa Senhora da Conceição a Freguesia de Nossa Senhora da Concei-
desbravadores do local. da Parida. ção da Parida passa a denominar-se Nossa
No entanto, nos três séculos seguintes, a Em 1855 - sob o comando de Joaquim Senhora da Conceição do Arauá. Sendo subs-
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Ruínas da antiga fábrica de manteiga Sergipe Antiguidades esquecidas na sede da Fa-
na Fazenda Vermelho zenda Vermelho
tituído o Parida pelo nome Arauá, afluen- rias das condições socioeconômicas de de Sergipe a ter uma linha de ônibus (mari-
te do Rio Piauí, que ficava próximo. Em uma cidade, não se pode atribuir exclu- netes) para Aracaju, graças ao pioneirismo
1870, a freguesia é elevada à categoria de sivamente à pequena, mas sempre aco- de um cidadão empreendedor, o Oscar
vila e em 1890 criou-se a comarca de Arauá. lhedora Arauá. Vejamos outro exemplo: Macedo. Também na área de eventos festi-
Existem algumas versões para o signifi- Estância, foi alardeada nos anos 60 e 70 vos, se promoviam em Arauá carnavais à
cado do nome do município, que passou a como sendo o berço cultural de Sergipe feição do que se faz ainda hoje em Olinda
se chamar somente Arauá. Uma delas afir- e detentora de um Pólo Industrial dito, (PE), com cabeçorras, bonecos gigantes,
ma que o nome Arauá é originário de um na época, sustentável. Não que hoje dei- blocos de fantasia e animação de uma ban-
molusco que vivia às margens do rio. Ou- xe de ter seus lampejos de cultura e de da de músicos, sob a organização solidária
tra versão diz que existia uma tribo indíge- desempenho ainda na industrialização. de gente simples como Sulo Alfaiate, D.
na, os Aruás, que também viviam às mar- Contudo, infelizmente, a linguagem do Elisa, D. Regina, Mané Rosa, o violonista e
gens do rio, dando origem ao nome. já teve predomina. locutor Jaime Ramos, Adelson Marceneiro
Só em 1938 é que a sede municipal de Voltando ao velho Arraial da Parida, e outros, sem esquecer o apoio dos então
Arauá foi elevada à categoria de cidade, é salutar lembrar que no fim e início dos jovens Joaldo Carvalho e João Vieira.
pela Lei de 15 de dezembro. Alguns anos séculos XIX e XX, Arauá era um im- Para guardar essas memórias, é propósi-
depois, em 1953, o povoado Pedrinhas se portante centro de desenvolvimento, to da atual administração criar o Museu da
emancipou do município e passou a consti- calcado nos ciclos do café e do açúcar, Memória de Arauá, acoplado a uma biblio-
tuir uma comunidade separada. produtos que chegou a exportar para teca pública. A minha opinião é de que
outras cidades e regiões. Arauá é um município com carências e di-
Memórias de Arauá Ao lado desse momento de crescimento ficuldades comuns a todos os demais onde
e sólida atividade produtiva, vultos, perso- predominam o enfoque rural. Acho que se
* JOSÉ CARLOS DO NASCIMENTO nalidades e figuras comuns da sociedade os cidadãos derem-se as mãos e propugna-
foram responsáveis pelo alicerçamento e rem, juntos, trabalhar na geração de bem-
A cidade de Arauá, que está inserida bem-estar da civilização arauense, dentre estar para toda a comunidade, a cidade es-
na região Centro-Sul do Estado de Ser- os quais, citamos, pedindo desculpas pela tará no rumo certo e antenado com o que-
gipe, é mais uma das comunidades inte- omissão de algum nome: João Costa Car- sito cidadania.
rioranas do já teve!. Já teve é geral- valho, Antônio Francisco Nascimento, João Por fim acho sempre oportuno evocar o
mente a resposta dos cidadãos quando Nunes da Silva, Antoniel Costa Nascimen- pensamento, devidamente adaptado, de
instados a dar opiniões sobre alguns as- to, José Nascimento de Santana, professo- John F. Kennedy: Não pergunte o que
pectos de sua terra, mormente quanto ra Diva, que letrou várias gerações, Tomaz Arauá pode fazer por vós e sim o que po-
às coisas marcantes, vivenciadas pelo Vilanova e seu Zeca do Vermelho. deis fazer por Arauá.
município em seu passado. A questão Falando sobre os anos 50, contemporâ-
da não preservação da memória, da cul- neo desse articulista, apraz-me testemunhar * Diretor da Secretaria de Educação e Cultura de
tura, do desenvolvimento e das melho- ter sido Arauá uma das primeiras cidades Arauá
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Prédio da primeira prefeitura (ao fundo)
Salve, salve...
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Areia Branca
e o São João de Paz e Amor
O forró, já consagrado
no município,
deverá aliar-se
às belezas naturais
para atrair turistas
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Região - Oeste (agreste)
Distância de Aracaju - 36 km
População - 14.733
Atividades econômicas - Extrativismo (ma-
deira, minerais primários, agricultura , pecuária,
comércio, indústria (serrarias, casa de farinha de
mandioca e doces caseiros).
Poço das Moças: um convite ao banho nas águas cristalinas em meio à Mata Atlântica
A minha, a sua, a
nossa Areia Branca
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Ex-primeria dama costuma bordar para passar o tempo
Essas casas não existem mais: deram lugar à Desfile das escolas da rede municipal, ocorrido
rodovia BR-235, que passa por dentro do município na cidade no ano de 1968 Filhos Ilustres
Juviniano Freire de Oliveira Filho - den-
Na década de 90 o São João de Areia Areia Branca tem tradição, e com cer- tista
Branca deixou de ser uma comemoração teza essa história terá continuidade, pro- Menilson Menezes - médico, ex-diretor da
local para se transformar no maior São João metendo ter destaque no calendário do Maternidade Ildete Falcão Baptista
de Sergipe e, por que não dizer, do Brasil. turismo nacional, sendo divulgado em
Célia Andrade - advogada, ex-delegada do
Toda essa expansão é acompanhada pela co- eventos da capital, como a Feira de Ser- Trabalho em Sergipe
munidade, que participa também da con- gipe, realizada anualmente na Orla da
fecção de adereços que decoram a cidade Praia de Atalaia, e no Pré-Caju, prévia Ascendino Souza - advogado, ex-prefeito do
município
nos dias de festa. carnavalesca de Sergipe.
A tranqüilidade é a maior característi- O município vive uma nova fase no Clodoaldo Andrade Júnior - advogado, ex-
ca da nossa festa e a alegria, animação e seu desenvolvimento, pois está renascen- prefeito
segurança têm lugar garantido no forró- do com a nova administração que rece-
Josa, o Vaqueiro do Sertão - sanfoneiro mais
dromo, espaço com capacidade para 100 berá de braços abertos os visitantes. Es- famoso de Sergipe
mil pessoas dançar tranqüilamente ao peramos que eles tragam nas bagagens
som de forrozeiros locais e nacionais, muita alegria e paz, pois fogos em Areia
onde o xote, o xaxado e o baião tocam o Branca são proibidos, lá o que explode Texto: EDIVÂNIA FREIRE
Fotos e reproduções: EDSON ARAÚJO
meu coração e os corações de milhares de mesmo é o coração! C
Fonte: pesquisa feita por Márcia Maria Correia, Luciene
pessoas, de todas as gerações que chegam Conceição Rodrigues Cerqueira e Rosenilva Francisca dos
Santos.
à nossa cidade. * Professora da Rede Municipal de Ensino
Barra já foi a Ilha
dos Coqueiros
O município de Santa
Luzia, que já foi um
porto seguro de
navegadores franceses,
só foi emancipado
em 1952
B
em antes de os portugueses chega
rem às terras que hoje formam o
Estado de Sergipe, os navegadores
franceses já tinham fortes contatos comer-
ciais com os índios que aqui habitavam.
Acredita-se que foram eles que trouxeram
para cá o coqueiro. Os primeiros registros Coqueirais são riquezas históricas
da existência de povoamento do território
da antiga Ilha dos Coqueiros datam de 1590, atitude equivocada. Em 30 de dezembro entanto, essa nova categoria era apenas te-
quando da conquista definitiva do territó- daquele ano ele determina ao inspetor da órica.
rio da Capitania de Sergipe dEl Rei. Tesouraria Provincial que faça a imediata
O historiador que mais fez referências a transferência da Mesa de Rendas da Ilha Vira Cidade
Ilha dos Coqueiros foi o cartógrafo holan- dos Coqueiros para a margem oposta do
dês Barleus. Ele chegou a colocar a cidade Rio Sergipe, isto é, na povoação de Santo Por muitos anos, os moradores da Barra
de São Cristóvão na costa ocidental da Ilha Antônio do Aracaju. dos Coqueiros não tiveram nenhum desejo
dos Coqueiros. Mas boa parte dos historia- Mas a localização da Mesa de Rendas na mais sincero de transformar o povoado em
dores revolta-se com essa posição do ho- ilha se justificava tendo em vista as embar- cidade. A proximidade com a capital era o
landês, que acabou sendo referendado por cações de grande porte que penetravam pela fator principal dessa manutenção. Mas a
Felisbello Freire. A discussão se estendeu barra do Rio Sergipe para atender as de- situação começou a mudar quando o coco-
por muitos anos. mandas dos importantes portos de Maru- da-baía passou a ser muito valorizado no
Nos seus escritos, Barleus ainda faz refe- im, Laranjeiras e Santo Amaro. Os navios mercado nacional e internacional e na Bar-
rências à povoação na antiga Ilha dos Co- chegavam na barra, esperavam a preamar ra dos Coqueiros foram instaladas duas fá-
queiros, incluindo entre as capelas existen- (maré alta) e depois seguiam aos portos, bricas de beneficiamento do coco.
tes em 1632 na capitania, a de São Cristó- que por sua vez faziam inúmeras transa- Em 1953 ocorre uma grande revisão do
vão, que ficava naquela ilha. A povoação se ções com muitos países europeus. território de Sergipe. Muitas freguesias e
desenvolveu envolta pelas embarcações que Depois que Aracaju aparece como capi- povoados já vinham brigando para se tor-
chegavam e partiam da ilha. O fluxo de tal, em 17 de março de 1855, a Ilha dos narem cidades independentes. A Assembléia
importações e exportações era tanto que lá Coqueiros é absorvida pela nova cidade. O dos Deputados aprovou e o Governo san-
foi instalada uma Mesa de Rendas, espécie início de progresso conquistado pelos mo- cionou a criação de mais 19 municípios,
de posto fiscal da Secretaria da Fazenda. radores da ilha ficou estagnado e tudo se- dentre eles a Barra dos Coqueiros. Mais pre-
guia para Aracaju, a capital. Mas 20 anos cisamente no dia 25 de novembro de 1953,
Ação Equivocada depois, em 10 de maio de 1875, a povoa- a Barra é elevada à condição de cidade.
ção da ilha ganhou o status de freguesia Mas a ilha que virou município demorou
Em 1854, o então presidente da provín- com o nome de Freguesia de Nossa Senho- ainda para se tornar efetivamente indepen-
cia, Ignácio Joaquim Barbosa, toma uma ra dos Mares da Barra dos Coqueiros. No dente. Isso só aconteceu no final de 1954
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Região - Leste de Sergipe
Distância de Aracaju - 1 km
População - Cerca de 18 mil
Atividades econômicas - Agricultura,
peixe e turismo
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Vista parcial da cidade antiga
nio Pirro ainda participou de lutas em Marcas históricas na educação ta Luzia. As mestras irmãs Creuza Gomes
Canudos, em 1887, e depois da revolução e Maria Zelma davam continuidade à edu-
Ponce, no Mato Grosso, em 1906. Ele *JOSÉ RAMOS DOS SANTOS cação na Barra dos Coqueiros. No início
possuía várias condecorações. dos anos 70, outra grande educadora, Ma-
O general, quando ainda era alferes, foi Em 1952, antes mesmo da emancipa- ria Lígia Moura, fundou mais um educan-
o inventor de um aparelho para tiro ao alvo, ção política do município (25 de novembro dário, o São Luiz. A entidade de ensino
que foi adotado oficialmente pelo Exérci- de 1953), a jovem professora do primário, também se tornou exemplar. Vale lembrar
to, e passou a se chamar Mesa de Pontaria Maria do Céu Sales, fundou o Educandário ainda o professor poliglota José Franklin.
de Pirro. Ele morreu em 3 de abril de 1929, Nossa Senhora de Fátima. A instituição Por todos esses educandários, principalmen-
no Rio de Janeiro. particular lecionava do primeiro ao quarto te os públicos, passou boa parte da população da
Já Gratulino Vieira de Mello Coelho ano do primário, atual ensino fundamen- Barra dos Coqueiros. Muitos dos seus ex-alunos
nasceu em 11 de junho de 1844, na Ilha dos tal. Por décadas, a mestre pioneira educou ocuparam os cargos de prefeitos, vereadores.
Coqueiros. Era filho de João Vieira de Me- várias gerações de barra-coqueirenses. Muitos se tornaram médicos, advogados, pro-
llo Coelho e Norberta Maia de Morais. Foi A maneira peculiar de ensinar logo logo fessores e outros profissionais liberais. C
jornalista e poeta. Ele aparecia constante- tornaria a professora Maria do Céu, como é
mente nas colunas dos jornais de Aracaju. conhecida, uma referência na área educaci- *Cidadão e morador da Barra dos Coqueiros
Foi o redator-chefe, no Rio de Janeiro, do onal do município. Assim, boa parte da
jornal mensal O Myosote. Esta publica- comunidade estudantil da Barra dos Co-
ção recebia a colaboração de Bruno Labra, queiros tinha a obrigação de passar pelos Texto: CRISTIAN GÓES
Castro Alves e outros intelectuais da épo- bancos de seu educandário. Fotos e reproduções: DIÓGENES DI E EDSON ARAÚJO
Fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros e colaboração de
ca. Ele morreu no Rio de Janeiro em 17 de Na década de 60, outras duas profes- José Ramos dos Santos
novembro de 1918. soras fundaram outro educandário, o San-
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Para as prefeituras que valorizam e incentivam
o pequeno empreendedor
Inscrições até 10/07
Boquim terra do príncipe
dos poetas
O município que já se
chamou Lagoa
Vermelha orgulha-se
de ter como
filho mais ilustre
Hermes Fontes
amentavelmente os primeiros re
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Antiga Intendência de Boquim
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Estação: força dos trilhos
Filhos Ilustres
Celso Pinto de Oliva - Odontologista, fotó-
grafo, contista, poeta e pesquisador, fundador
e presidente da Sociedade Sergipana de Fo-
Maria Genilda (segunda da dir. para esq.): tografia. Expôs seus trabalhos em diversos pa-
primeira rainha da laranja em 1956
íses. Conquistou vários troféus, diplomas e me-
dalhas.
fundou um jornal com a ajuda de dois com- Entre os diversos contos publicados em jor-
panheiros. Ainda estudante de Direito, lan- nais e revistas de Aracaju e no Correio da
çou Apoteoses, livro bastante elogiado Manhã do Rio de Janeiro está o conto Sam-
pela crítica. ba, negro, premiado em concurso literário,
Redator do Diário de Notícias, tra- promovido pela Academia Sergipana de Le-
balhou em prol da candidatura de Rui tras.
Barbosa à presidência da República. Co- Ele foi bem-sucedido na área de pintura. Suas
telas, hoje, encontram-se em diversas pina-
laborou também no Imparcial, foi fun-
cotecas de Aracaju, Maceió, Salvador, Rio de
cionário dos Correios e oficial de Gabi- Janeiro, Brasília, Belo Horizonte e São Paulo.
nete do ministro da Viação. Participou Celso Oliva morreu em Brasília, em fevereiro
também da equipe de redação de Care- de 1963.
ta e Fon-Fon, e colaborou nos perió-
dicos Tribuna, Imprensa, Atlânti- Benjamin Fernandes Fontes - Foi tesou-
da e outros. Dedicou-se, durante sua reiro da Prefeitura de Boquim e um dos cria-
Hermes Fontes: príncipe dos poetas dores da Festa da Laranja. Foi proprietário de
vida, a escrever também textos políti-
um grande Armazém de Secos e Molhados
cos e humorísticos, assinando algumas em Aracaju e presidente do Sindicato dos Em-
colunas com diferentes pseudônimos. pregados no Comércio. Em sua gestão foi
Constam de sua bibliografia: Apoteo- Tudo começou em 1920, quando chega- construída a sede do sindicato, na Avenida
ses (versos), 1908; Gêneses (versos), ram mudas de laranjeiras baía. Naquela Carlos Firpo.
1913; À Margem de um Inquérito, época predominava na região o plantio do Ele liderou programas culturais, recreativos
(notas autobiográficas), 1913; Ciclo de algodão e a criação de gado. A tímida cul- e religiosos na sua terra natal. Amigo pessoal
Perfeição, 1914; Mundo em Chamas, tura da laranja começou a ser feita consor- de Leandro Maciel, foi líder da UDN em Bo-
quim. Sua vocação política foi reconhecida,
1914; Juízos Efêmeros (prosa), 1916; ciada com o coqueiro. Germiniano Fer-
sendo eleito deputado estadual em 1958. No
Miragem do Deserto (versos), 1917; nandes da Fonseca foi um dos pioneiros da Governo de Dionísio Machado foi secretário
Epopéia da Vida, 1917; Microcosmo citricultura no município. Foi ele quem plan- da Fazenda. Em 1967, assumiu o cargo de
(elogio dos insetos e das flores), 1919; tou as primeiras mudas vindas de Alagoi- presidente da Energipe.
A Lâmpada Velada, 1922; Despertar! nhas (BA). Apesar das desconfianças, Ger- Quando José Rollemberg Leite assumiu o Go-
(conto brasileiro), 1922; Fonte da miniano persistiu. Em 1966, a laranja dava verno, em 1975, Benjamim foi convidado
Mata, 1930. a Boquim a liderança da cultura no Nor- para assumir a direção da Recebedoria do
deste. Estado. Exerceu essa função até sua morte.
É
bastante curiosa a história do mu-
nicípio de Brejo Grande, a 137 qui-
lômetros de Aracaju. Localizado na
ponta extrema norte e direita de Sergipe,
ele já foi uma paradisíaca ilha. Isso mesmo,
o município já foi um dia terra rodeada de
água por todos os lados.
Outro fato interessante é que Brejo
Grande não pertencia a Sergipe, ou me-
lhor, à Capitania da Bahia e, sim, à pode- Farol do Cabeço: destruído pelas águas do mar
rosa Província de Pernambuco. Alagoas
também não existia. Mas a história ainda município de Neópolis, enviou uma repre- Surto Republicano
revela um outro capricho para Brejo Gran- sentação ao Governo da Bahia solicitando
de: o seu nome. Primeiro foi Ilha de Pa- que a Ilha de Paraúna fosse anexada ao ter- No Governo de Manoel de Deus Ma-
raúna, depois Brejo Grande, em seguida ritório de Vila Nova, Capitania da Bahia. chado, por volta de 1826, Brejo Grande foi
São Francisco, passou para Parapitinga e O pleito só foi atendido em 9 de julho de um dos três locais em Sergipe que se tentou
retornou a Brejo Grande. 1812, passando assim para Sergipe. Mas, implantar a República, exterminando com
A Ilha de Paraúna já era conhecida desde eclesiasticamente, Brejo Grande só passou a Monarquia. Além de Brejo, o surto repu-
1640. Em 1501, o Rio São Francisco era a pertencer ao bispado da Bahia em 1859. blicano chegou com força em Estância e
descoberto e suas águas banhavam e alaga- O português José Alves Tojal, um ho- Japaratuba. Em Brejo Grande a idéia de
vam aquela grande ilha de terras férteis. mem influente em Vila Nova, conseguiu República teria chegado com os imigrantes
Por lá viviam os índios tupinambás, mas mudar o rumo da história. Tojal fez lite- pernambucanos, que chegaram fugindo da
depois da conquista de Sergipe por Cristó- ralmente desaparecer a Ilha de Paraúna, repressão do Governo na revolução per-
vão de Barros, elas passaram através de ses- aterrando parte do canal. Assim, as terras nambucana de 1817.
marias para Antônio Cardoso de Barros, efetivamente estavam agora ligadas à Ca- Mas o movimento em Brejo Grande, se-
seu filho, em 9 de abril de 1590. Já em pitania da Bahia. gundo os relatos do historiador Laudelino
dezembro de 1653, João Barros Cardoso, Depois da ação de José Tojal, as terras, Freire, foi facilmente sufocado pelo Gover-
bisneto de Cristóvão de Barros, vende as mais férteis do que nunca, atraíram gente no de Manoel Machado. O presidente teve
terras aos padres Carmelitas da Bahia. de Vila Nova e em especial alagoanos, per- uma grande colaboração do Barão Bento
nambucanos e cearenses, que fugiam das de Melo Pereira. Este, inclusive, teria mon-
Dependência de Vila Nova grandes secas e encontraram na foz do Rio tado fortes de resistência nas margens do
São Francisco um porto seguro. Historia- Rio São Francisco. Os republicanos, lidera-
Desde 1755, Vila Nova e Penedo trava- dores contam que, por volta de 1824, na- dos pelos irmãos Antônio José e José Albu-
vam uma disputa no sentido de ter as terras queles terrenos embrejados o Barão Bento querque Cavalcante, foram presos e depor-
da Ilha de Paraúna. A Câmara de Repre- de Melo Pereira fundou oficialmente a po- tados de Brejo Grande.
sentantes da importante Vila Nova, hoje o voação de Brejo Grande. Talvez por sua participação na vontade
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Região - Norte de Sergipe
Distância de Aracaju - 137 km
População - Cerca de 7 mil
Atividades econômicas - Agricultura,
piscicultura e extração de petróleo
de implantar uma República no Brasil, Brejo turístico, mas são pernambucanos e ala- as bênçãos da padroeira Nossa Senhora da
Grande, apesar de condições para se tornar goanos que fazem a exploração de um Conceição (cuja festa é 8 de dezembro),
vila, permaneceu como povoado dependente dos locais mais belos de Sergipe. São em 2 de outubro 1926, Brejo Grande, atra-
de Vila Nova por muitos e muitos anos. dezenas de ilhas, com um denso e rico vés da Lei Estadual 929, passava à condição
Em 1851 entraram em Brejo Grande, pelo manguezal. de município com o nome de São Francis-
Rio São Francisco, cerca de 400 escravos, A invasão holandesa também parece co. Acredita-se que isso se deu por conta da
mesmo depois da proibição do tráfico. Eles ter marcado aquele município ribeirinho. gigantesca influência do Velho Chico. No
só foram encontrados por terem contraído Até hoje existe um povoado de nome dia 26 de outubro daquele mesmo ano era
bexiga (varíola). Em Brejo Grande já existia Terra Vermelha, onde boa parte de seus instalado o novo município.
desde 1849 uma irmandade que admitia moradores tem características européias: Quando os brejo-grandenses estavam se
qualquer pessoa de um e outro sexo, livre brancos, olhos azuis e loiros. acostumando com o nome de São Francis-
ou serva, de qualquer cor que seja.... Em co, em 31 de dezembro de 1943, por conta
1889, foi registrado em Brejo Grande um Independência e Nomes de uma lei (revogada), que proibia nomes
levante de escravos. repetidos nos municípios brasileiros - uma
A propaganda positiva das terras de alu- outra cidade em Minas Gerais tinha o mes-
Economia Ribeirinha vião cresciam, atraíam muita gente e o mo nome -, o município passou a ser deno-
povoado já despontava como cidade. Sob minado de Parapitinga. No entanto, esse
Apesar de ser banhado pelo então Rio das
Borboletas (São Francisco), Brejo Grande teve
uma forte economia baseada na cana-de-açú-
car, chegando a ter mais de 20 engenhos. Um
dos mais importantes foi o Cajuhype, o pri-
meiro a funcionar a vapor, em 1873. Perten-
cia ao advogado Manoel de Lemos Souza
Machado, um penedense que marcou decisi-
vamente a história de Brejo Grande e do Bai-
xo São Francisco. Por conta da cana, o muni-
cípio também teve uma grande população de
escravos e um movimentado porto.
Depois da cana, o município encontrou
outra vocação: o arroz. As terras inundáveis
eram propícias para essa cultura. Mais tarde,
ganham força em Brejo Grande o algodão, a
pesca, o petróleo e o coco. Na década de 50,
o município também tinha uma grande pro-
dução de sal marinho.
Brejo sempre teve um grande potencial Engenho Cajuhype: primeiro a vapor
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Prédio da antiga prefeitura
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Campo do Brito
política marcada por brigas
C
ampo do Brito, distante 64 quilô
metros da capital e localizada no alto
com uma visão privilegiada, é um
município que teve um passado marcado
por muitas brigas políticas. Sua história, que
começou com muita fé e união até a eman- Igreja matriz de Campo do Brito: construída no lugar da antiga capela
cipação política, entrou por um caminho
tortuoso com uma administração reconhe- fundada a paróquia de Nossa Senhora da A oportunidade de emancipação sur-
cida como ditatorial. Depois de muitos atro- Boa Hora, ficando independente da de San- giu em 1910, quando o general José Si-
pelos houve uma reviravolta e a comunida- to Antônio das Almas, de Itabaiana. queira de Menezes, candidato ao Gover-
de voltou a desfrutar de tranqüilidade. no do Estado, foi a Campo do Brito pedir
Há duas versões para o surgimento da Surge o Líder votos aos britenses. O padre prometeu o
cidade: a primeira é que teria nascido num apoio em troca da emancipação, caso ele
lugar hoje conhecido por Campo do Brito Passaram vários párocos por lá, sem dei- fosse eleito.
Velho, onde existem ruínas que poderiam xar nenhuma marca. Até que em 28 de A partir daí começaram os protestos em
ser de uma capela. A outra, é que teve iní- agosto de 1888 foi nomeado como vigário Itabaiana. O padre foi eleito deputado es-
cio em uma capela que deu lugar à Igreja o padre Francisco Freire de Menezes. Ele tadual e apresentou, imediatamente, o pro-
Matriz, onde as ruas foram aparecendo em promoveu uma verdadeira revolução no jeto de lei para emancipação da freguesia.
torno dela. povoado. Culto e inteligente, o padre não Assim, Campo do Brito passou à categoria
Mas o certo é que, em 1601, as terras perdeu tempo. Construiu a matriz e várias de município, passando a ser sede dos po-
de Campo do Brito foram doadas em ses- capelas nos povoados pertencentes à sua voados Macambira, Ribeira, Pedra Mole e
marias de 30 léguas ao capitão Antônio paróquia, e organizou seus súditos para uma Pinhão.
Rodrigues, que depois da invasão holan- nova era. Após a emancipação, assumiu como in-
desa cedeu ao Irmão Amaro, da Compa- Percebendo a liderança do padre, a po- tendente provisório o coronel João Pinto,
nhia de Jesus. pulação começou a apelar para que ele mas nas primeiras eleições o padre foi o
Antes da emancipação, ocorrida em 29 ingressasse na política e defendesse a primeiro prefeito eleito da cidade. Sem re-
de outubro de 1912, Campo do Brito per- emancipação do município. A princípio, cursos próprios, ele marcou sua adminis-
tencia a Itabaiana. Apesar de ser o povoado o padre resistiu à idéia, mas a insistência tração colocando iluminação na cidade com
de maior destaque do município, não rece- foi tanta que ele acabou cedendo. Cons- lampiões a querosene.
bia a devida importância. Sentindo-se aban- ciente da dificuldade que teria para en-
donados, os britenses começaram a desejar frentar as classes dominantes de Itabaia- Caminho Obscuro
a independência, mas faltava um líder para na, ele trouxe familiares do antigo en-
enfrentar a resistência dos itabaianenses. genho Maxixe, em Riachão do Dantas, Segundo o escritor Adalberto Fonseca,
Em 30 de janeiro de 1845, o povoado de propriedade dos seus pais, para refor- durante quase 12 anos o município enfren-
passou à categoria de freguesia, quando foi çar a luta. tou um período obscuro. Campo do Brito
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Região: Oeste (agreste)
Distância de Aracaju: 64 km
População: 15.045
Atividades econômicas: Agricultura (farinha de
mandioca), pecuária, fábrica de móveis, olaria e curtume
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Lavanderia, implantada no governo de
Graciliano, facilitou a vida das lavadeiras.
Paixão (pai do deputado federal Ivan Pai- ciência dos que querem ser bem recebidos
xão, deputado seis vezes e prefeito em 1950) noutros lugares, levam esse povo do agres-
perdeu a eleição, teve que sair fugido da te a receber bem seus visitantes.
cidade. Ele se vestiu com uma roupa de O Brasil adotou o jus soli (Direito que
mulher, colocou uma peruca e saiu de ma- considera como nacional os nascidos em
drugada para não ser fuzilado, disse. seu território), diferente da Itália, por
Cariolando diz que depois que Arnóbio exemplo, que adota o jus sanguinis (Di-
perdeu o poder na cidade, fugiu para Bo- reito que considera como nacional todos Cariolando: Quem perdesse a eleição tinha
quim, mas não escapou de levar uma surra filhos de seus nacionais, independente de que desaparecer da cidade
de cipó caboclo que o deixou todo defeitu- onde nasçam). Campo do Brito faz um
oso. A paz só voltou a Campo do Brito misto de jus soli e jus sanguinis, lem- cientizem que suas ações transcendem sua
quando Roque José de Souza se elegeu. Com brando o beattle John Lennon, em sua existência na terra. É indubitável que as
ele voltou a democracia ao município, música Imagine. pessoas não se incomodem com o que pen-
completa ele. Cidade da paz e da tranqüilidade. No Bri- sarão deles após sua morte.
to são raros os crimes. Seus autores são Uma reflexão sobre os verdadeiros valo-
Campo do Brito - Cidade Paz rechaçados veementemente pela população, res do homem e mensuração à conseqüên-
suas penas vão muito além das cominadas cia dos seus atos certamente os levarão a
* JOSÉ DJALMA FREIRE no código penal, pois lhes são impostas, atitudes imprescindíveis ao bem-estar da
também, a execração pública. Isto não se comunidade. O respeito às leis justas e à
Nas antigas administrações municipais resume ao âmbito penal. Na área civil e transparência no trato do dinheiro público
eram escassos os recursos públicos. Para se comercial também é raro se ver registro de já seria de bom alvitre para um início de-
fazer uma obra pública era comum a reali- inadimplência. cente e honroso. C
zação de leilões de gado. Havia, assim, uma O povo britense, que é conservador por
certa distribuição da riqueza, através de natureza, lamenta viver uma escravidão elei- * Bisneto do ex-prefeito Emeliano Ribeiro e formando
contribuições voluntárias (não tão volun- toral. O empobrecimento causado por este em Direito pela UFS
tárias assim, porque havia dividendos polí- neoliberalismo selvagem tem conduzido
tico-eleitorais). esse povo humilde ao curral da consciência Filhos Ilustres
Os britenses se orgulham muito mais das política.
obras particulares que das públicas. As ruas Falar que todos morrem é óbvio. Mas Ivan Paixão - deputado federal
antes traçadas como um tabuleiro de xa- por que será que alguns vivem mais na me-
drez, de uns tempos para cá foram se for- mória de muitos? - Pela sua história em Marcionílio da Rocha - superintendente da
Codevasf
mando segundo a conveniência do dono do vida. A História serve para que se julgue os
loteamento ou seguindo os becos. Inobs- acontecimentos passados, embasando um Raul Ermenegildo da Fonseca - capitão
tante a omissão do poder público, Campo futuro melhor. Uns se orgulham dos ascen- de Fragata da Marinha no Rio de Janeiro
do Brito tem um acervo imobiliário inve- dentes, enquanto outros os enterram nova- Josefa Tânia Menezes - juíza
jável, decorrente exclusivamente da boa mente ao se falar deles.
vontade dos populares. A oportunidade ímpar do CINFORM
Campo do Brito é uma cidade acolhedo- Municípios é uma esperança de tocar a
Texto: EDIVÂNIA FREIRE
ra. O seu emancipador, padre Freire de Me- consciência dos atuais políticos. Oxalá, que Fotos e reproduções: EDSON ARAÚJO
nezes, veio de fora para dar a maioridade ao ver a história dos antepassados sendo Fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros e os livros Cam-
política à cidade, depois dele muitos vie- contada por um órgão de comunicação de po do Brito Cinqüentenário e História de Campo do Brito,
de Adalberto Fonseca.
ram. O bom exemplo do primeiro e a cons- alta credibilidade, os atuais políticos se cons-
Canhoba terra de Eronides de Carvalho
O município já foi
chamado Curral
do Barro e
teve uma forte
economia algodoeira
CINFORM 44
Eronides chegando a Aracaju para ser in-
terventor
idéia não prevaleceu. como são as de Canhoba, próprias para o nior, inaugurou uma praça que leva seu
cultivo do algodão e do arroz. nome. Lá consta uma placa com esta inscri-
Igrejas e Fé As famílias da Rocha Torres, Rezende ção: Aos benfeitores desta terra, pela ins-
e Carvalho já se encontravam estabeleci- talação dos serviços de energia elétrica de
A igreja-matriz de Canhoba foi inaugura- das na povoação, tanto assim que em Paulo Afonso, a gratidão dos canhobenses.
da como capela, em 18 de fevereiro de 1939. 1894 o povoado já era dotado de casas Janeiro de 1968.
Aliás, reinaugurada, pois a sua construção fora comerciais, escola primária, descaroçado- O telefone chegou a Canhoba em 1938,
iniciada em 1889, por Manoel Paez, que ten- res de algodão, banda de música, feira com um único aparelho pertencente aos
do viajado para a Amazônia, como tantos muito importante, porto e a Capela de Correios e Telégrafos.
outros do lugar, lá foram picados pelo mos- Nossa Senhora da Conceição, cuja cons-
quito Aedes aegypti e morreram. Porém, Ma- trução se deve à liderança de dona Maria A matriz
noel Paez, depois de fazer uma promessa, qual Manoela da Conceição Rezende.
seja, se não morresse voltaria à sua terra e, Mais tarde chegaram as famílias Paez O bispo Dom José Thomaz Gomes da
pedindo esmolas, (somente com esmolas), Hora, Gomes de Menezes, e por ocasião Silva, o primeiro de Aracaju, atendendo
construiria uma igreja sob a invocação do da emancipação política, os Andrade e solicitação do interventor federal, aos 23
Senhor dos Pobres. depois os Guimarães. de novembro de 1939 criou a Paróquia de
Manoel Paez, milagrosamente não mor- Canhoba do início do século era o mais Canhoba sob a invocação do Senhor Bom
reu. Isto fez com que voltasse a Canhoba, importante povoado da beira do São Fran- Jesus dos Pobres, nomeando o padre Antô-
onde saiu pedindo esmolas e, com o produto cisco. A sua riqueza rivalizava com a de nio Fernando da Graça Leite como primei-
delas, iniciou a construção da Igreja. Gararu e Porto da Folha, e era a base da ro vigário. A instalação canônica da paró-
Entre as festas religiosas de Canhoba, a do economia de Propriá, a então sede do quia ocorreu aos 20 de fevereiro de 1940,
Santo Cruzeiro tem lugar especial. A partir município. com grande solenidade. O vigário fora no-
de 7 de junho de 1910, quando a Santa Cruz meado também diretor das Escolas Reuni-
foi edificada pelos freis Rocha e Anatanael ao Luz de Paulo Afonso das, hoje renomeada de Escola Dr. Eroni-
concluir uma santa missão no lugar de todos des de Carvalho.
os anos, a partir do seguinte passou a come- A cidade de Canhoba, no passado, era
morar o Santo Cruzeiro, um testemunho de iluminada por lampiões a querosene. No Eronides, o pai e a emancipação
fé e religiosidade. final da década de 40 passou a ser ilumi-
nada por luz a motor. Primeiro, com um O governador Eronides de Carvalho é
Crescimento de Canhoba pequeno motor a diesel (era prefeito Wil- um dos filhos mais ilustres de Canhoba. Ele
son Carvalho), depois um mais potente era filho de Antônio Ferreira de Carvalho,
O povoamento de Canhoba crescia lenta- na administração de João Rezende. o Antônio Caixeiro. A história do pai do
mente. A migração ocorreu com mais frequ- A partir de 1968 o governador Louri- governador merece destaque. Ele nasceu em
ência quando os alagoanos passaram para o val Baptista, contando com os esforços São Braz, Alagoas, e morreu em Aracaju.
lado de Sergipe, em busca de terras férteis, do deputado filho de Canhoba, Torres Jú- Comerciante de primeira estirpe, voca-
CINFORM 45
Maria Cândida Silveira: miss Canhoba em
1957
Capela de Monte Serrah: força da fé
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Canindé antes e depois de Xingó
Cidade foi
completamente
demolida para
dar lugar à
hidrelétrica. A atual
foi planejada
A
pequena Canindé, a 213 quilô
metros de Aracaju, passou a ser o
município mais visado do Estado
- tanto comercialmente quanto politicamen-
te - após a construção da hidrelétrica de Xin-
gó, no Rio São Francisco, que gera 25% da
energia do Nordeste. A receita mensal do
município, decorrente do ICMS da usina,
era uma das mais baixas e de repente ultra-
passou os R$ 2,5 milhões, só perdendo para
a capital do Estado.
A partir da década de 90, a pacata cidade Hidrelétrica de Xingó: gera 25% da energia do Nordeste
nascida de uma aldeia de pescadores passou
a ter uma vida política conturbada, movida apesar de projetada, com áreas administra- res acabaram perdendo o interesse pelas ter-
por assassinatos e corrupção. Por volta de tiva, comercial e residencial, não foi estru- ras, apesar da grandeza do Rio São Francis-
1936, às margens do Velho Chico existiam turada o suficiente para receber a quantida- co.
dois pequenos arruados situados entre mor- de de gente que procurou o local com o No final do século XIX, naqueles arredo-
ros, que ficaram conhecidos como Canindé sonho de melhorar de vida. res existiam apenas quatro fazendas: Cuia-
de Cima e Canindé de Baixo. Essa povoação bá, Brejo, Caiçara e Oroco. Foi quando Fran-
deixou de existir a partir da implantação da História antiga cisco Cardoso de Britto Chaves, conhecido
usina. A justificativa para a transferência da como coronel Chico Porfírio, resolveu in-
sede do município foi que, além da cidade Canindé fazia parte da sesmaria de 30 lé- vestir nas terras. Comprou uma grande pro-
não ter espaço para se expandir, situava-se guas de terras, concedidas aos Burgos - fa- priedade ao capitão Luiz da Silva Tavares -
na chamada área de risco da hidrelétrica. mília da Bahia chefiada pelo desembarga- onde posteriormente foi implantada a sede
Por causa disso, foi feito um trabalho de dor Cristóvão Burgos e Contreiras - que lhes antiga de Canindé -, construiu sua residên-
conscientização junto aos canindeenses para foi doada em 1629 pelo governador de Per- cia e fundou também o Curtume Canindé,
convencê-los da necessidade da transferên- nambuco, D. João de Souza. Essas mesmas em parceria com o coronel João Fernandes
cia. Os governos municipal, estadual e fe- terras pertenceram depois ao Morgado de de Brito.
deral uniram-se para que o projeto que cus- Porto da Folha, instituído por Antônio Go- Mais tarde o curtume virou uma indús-
tou US$ 3,5 bilhões se concretizasse. Com a mes Ferrão Castelo Branco. tria mecanizada que atraiu inúmeros traba-
mudança da cidade, alguns moradores rece- Conforme registro na Enciclopédia dos lhadores, aumentando a quantidade de mo-
beram indenização, mas a maioria fez per- Municípios Brasileiros, nos tempos do Bra- radias do lugarejo.
muta por uma casa na cidade planejada. sil Colonial o território de Canindé foi de- Na Canindé de Cima havia algumas ta-
A nova Canindé foi construída pela Chesf vassado pela cobiça das bandeiras. Mas, por peras pertencentes aos pescadores João e José
- Companhia Hidro Elétrica do São Fran- causa da seca que sempre castigou toda a Alves, Ota, José de Terto, Libório, Antônio
cisco - e entregue aos moradores. A cidade, região sertaneja, os primeiros desbravado- Fininho, Neco de Carlota e a outras famíli-
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Região: Norte (Sertão do São Francisco)
Distância de Aracaju: 213 Km
População: 17.749
Atividades econômicas: Agricultura
irrigada nos projetos Califórnia e Jacaré-Curituba
as. Na de Baixo, onde foi implantado o cur- feita Hortência Carvalho (agora Silva), mas nandes). Acuado, ele desapareceu após o juiz
tume, surgiram várias casas, transformando foram libertados. Netônio Bezerra Machado ter decretado sua
a povoação numa das mais importantes da Eles são acusados de terem articulado a prisão preventiva no dia 12 de março, um
beira do Velho Chico. chacina que vitimou, em 20 de janeiro de ano depois do assassinato.
1995, o presidente da Câmara de Vereado- Rosa Maria voltou à prefeitura do muni-
Sua emancipação res, Ademar Rodrigues de Assis, 53 anos, e cípio de Canindé, que foi devassado pela
mais três pessoas. Hortência era vice-pre- Justiça, para investigar o destino exato da
Em 1936, a povoação já contava com 120 feita na época e assumiu a prefeitura no lu- receita que entra mensalmente no municí-
casas e uma capela. Por isso ganhou a condi- gar dele. pio, que é rico e tem um povo pobre.
ção de 2º Distrito de Paz de Porto da Folha. Outros atentados e mortes ocorridas em
Dois anos depois, através da lei nº 69, de 28 Canindé mudaram a história política do O povo sofrido de Canindé
de março, passava à condição de vila. Por município. Em 1993, no dia 5 de maio, o Velho de Baixo
volta de 1940, o curtume foi desativado, prefeito Delmiro de Miranda Britto mor-
causando enorme prejuízo à vila, mas não reu num acidente de carro, próximo, a Nos- *ALCINO ALVES COSTA
impediu sua caminhada para a emancipação, sa Senhora das Dores. O acidente gerou sus-
que aconteceu no dia 25 de novembro de peitas por causa das marcas roxas no pesco- Os meios de comunicação têm sido pró-
1953, através da lei nº 525-A. ço dele, e também está sendo investigado. digos em relação àvida de Canindé do São
A lei 377, de 31 de dezembro de 1943, Francisco, município que ganhou projeção
havia mudado o nome do lugarejo para Duas intervenções após o direito constitucional de ver sua re-
Curituba - atual nome de um povoado do ceita elevada para picos verdadeiramente
município - para evitar a pluralidade de O município já sofreu duas intervenções astronômicos. A nova cidade foi projetada
nomes no país. Isso contrariou a popula- estaduais. A primeira foi em 1995, na ges- e construída sob a égide da grandeza, e pes-
ção, mas em 1958 a lei nº 890, de 11 de tão de Hortência, quando em 11 de julho soas de todo o Brasil acorreram à procura de
janeiro, devolveu ao município seu nome Narciso Machado assumiu o destino de Ca- lucros e vantagens.
de origem indígena, que significa arara e nindé. Após a intervenção, Hortência re- A Nova Canindé era o grande eldorado
papagaio, que passou a se chamar Canindé tornou ao cargo e ficou até o final de 96. de Sergipe. E os pioneiros da velha Canin-
do São Francisco. A segunda ocorreu no dia 2 de maio de dé? O que foi feito deles? Quais as provi-
2001, na gestão de Rosa Maria Fernandes dências e cuidados que as autoridades do
Política conturbada em Canindé Feitosa, vice-prefeita que assumiu a prefei- Estado e do País tomaram em relação às
tura em 28 de março, no lugar do sogro famílias do pequeno núcleo ribeirinho?
Na época da inauguração da cidade, ocor- prefeito Genivaldo Galindo, que renunciou Com ares de bom moço os responsá-
rida em 1987, o prefeito era Jorge Luiz Car- ao mandato em 27 de março do mesmo veis pela hidrelétrica, guiados pela insensi-
valho Santos, eleito através do prestígio ano. bilidade característica daqueles que não pos-
político do pai, Ananias Fernandes, após sua Em fevereiro de 2000, Galindo foi acusa- suem o mais elementar sentimento de hu-
morte num acidente automobilístico. Em do pelo tratorista José Ferreira de Melo, o manidade, cuidaram de convencer aquela
julho de 2001, Jorge foi preso pela Polícia Zé de Adolfo, de ter mandado matar o radi- gente a se mudar para a nova e grandiosa
Federal, junto com sua ex-mulher, a ex-pre- alista Zezinho Cazuza (José Wellington Fer- cidade com argumentos tentadores.
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Nova Canindé: cidade planejada e inaugurada em 1987
lutamente nada. De vez que com o passar Juvêncio de Britto - Bispo da Diocese
dos anos foram construídas casas e até a es- de Caitité (BA) e Garanhuns (PE), onde morreu
Texto: EDIVÂNIA FREIRE
trutura de um hotel, numa prova mais do Manoel Porfírio Britto - Engenheiro
Fotos e reproduções: DIÓGENES DI
Fonte: Pesquisa de Alcino Alves Costa
que evidente de que não havia necessidade geógrafo
Capela a rainha dos tabuleiros
Um dos berços da
cultura de Sergipe,
o município já foi dos
mais importantes
do Estado
A
história de Capela, a 67 quilô-
metros de Aracaju, é, sem dúvi-
da alguma, uma das mais belas. Matriz de Nossa Senhora da Purificação
Aquele município já foi um pólo de desen-
volvimento e de cultura do Estado, mas nos Freguesia e vila mação da República, mas a ordem era fe-
últimos anos amarga estagnação. Capela chá-la. Em 23 de dezembro todos os verea-
nasceu por volta de 1735 quando Luiz de Padre e população fixa levaram a povoa- dores são afastados e é criado o Conselho de
Andrade Pacheco e sua mulher, Perpétua ção a virar a freguesia de Nossa Senhora da Intendência. José Nunes Sobral Leite era o
de Matos França, doaram parte de suas Purificação da Capela em 9 de fevereiro de intendente, e Thomaz Rodrigues da Cruz,
terras localizadas no Tabuleiro da Cruz e 1813, sendo desmembrada da matriz de Pé José Luiz Coelho e Campos, José Moreira
mais 100 mil réis para que uma capela do Banco. O crescimento populacional e de Magalhães e Júlio Flávio Accioly, os
fosse construída. econômico era tanto naquelas terras que em membros.
Os proprietários tinham duas motiva- 19 de fevereiro de 1835 ela foi transforma-
ções: o sacrifício da missa - era mesmo um da em vila, sendo desmembrada da de San- Forte desenvolvimento
sacrifício porque eles eram obrigados a se to Amaro. O seu primeiro padre, oficial-
deslocar por dez léguas para a matriz de Pé mente, foi o filho da terra Gratuliano José Na década de 50, Capela chega a ter uma
do Banco (hoje Siriri). O outro é que o da Silva Porto. produção agrícola que ultrapassava os 80
filho do casal era padre e os pais queriam O que mais chamava atenção naquela milhões de cruzeiros, sendo que a cana-de-
lhe entregar uma bela igreja. Da casa de nova vila era o seu poder econômico. O açúcar era o carro-chefe. No que se refere à
Pacheco foram levados para a capelinha município tinha mais de uma centena de indústria, merecem destaque quatro usinas:
erguida a imagem de Nossa Senhora da engenhos. A cultura da cana, o fabrico do Santa Clara, Vassouras, Proveito e Pedras,
Purificação e uma arca com todos os para- açúcar e o plantio do algodão e da mandioca superando a cifra de 46 bilhões de cruzeiros.
mentos para a missa. formavam a riqueza. Um dado curioso é Ainda existiam uma destilaria de álcool e
Em volta da capela e do cruzeiro erguidos que antes mesmo de se transformar em ci- seis alambiques, compondo 94 unidades in-
surgiram as primeiras casas em terrenos do- dade, ainda em 1861, foi criada a Comarca dustriais. O nível de desenvolvimento era
ados por Luiz Pacheco. No hino de Capela de Justiça. Em 1863 toma posse o primeiro tanto que a três quilômetros da sede do
se informa que o município surgiu da mes- juiz, Manoel Maria do Amaral, e o primeiro município existia um campo de pouso só
ma forma que o Brasil nasceu: da cruz sim- promotor de Justiça José Luiz de Coelho e para atender aviões teco-teco.
bólica de Cristo. Acredita-se que as missas Campos. Em 1864 a população escrava na No recenseamento de 1950 a população
e frequentes festas religiosas atraíram colo- vila chegava a 2.664. de Capela chegava a 20 mil habitantes. Os
nos que ali levantavam suas casas em defini- Em 1870 é construído o mercado e em edifícios mais importantes da cidade na dé-
tivo. Historiadores acreditam que por volta 28 de agosto de 1888 o município se torna cada de 50 eram a prefeitura, o Cine-Teatro
de 1808, nos arredores da capelinha de Nos- cidade e passa a ser chamada apenas de Ca- Capela, o mercado, o Hospital São Pedro,
sa Senhora da Purificação viviam cerca de 4 pela. Em 21 de novembro de 1898 a Câma- os Correios e Telégrafos, o Banco do Brasil,
mil pessoas. ra de Vereadores manifesta apoio à Procla- o Grupo Escolar Coelho e Campos e o Gi-
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Capela: arquitetura ainda é preservada
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Filhos Ilustres
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Imagine um lugar onde a arte, em suas mais
diferentes manifestações, dá vida a um povo
alegre, trabalhador e hospitaleiro.
Aracaju é um lugar mágico, um grande
coração onde raças e religiões convivem
em harmonia contagiante.
E o Forró Caju é o expoente maior desse
encontro de raças, culturas, ritmos e cores.
Durante noites e noites, num só espaço, a
alegria, a música e a dança se unem e
transformam o cenário da cidade.
O espetáculo não se restringe ao palco, a
energia do forró invade a platéia e faz da
grande mistura um show inesquecível.
Todos os tons nos alegram, todos os sons nos
animam, todos os povos nos unem.
Assim é Aracaju. Uma cidade para todos.
Carira cidade recebeu o nome de
uma índia
O município já foi um
grande produtor de
algodão e também
recebeu a visita do
Rei do Cangaço
O
município de Carira, a 112 qui-
lômetros de Aracaju, recebeu esse
nome em homenagem à índia Mãe
Carira, uma cacique que deu início à povo-
ação. Os primeiros a chegarem àquelas ter-
ras a partir da ocupação das margens do
Vaza-Barris, mais precisamente se fixavam
ao longo do seu afluente esquerdo, o Rio
do Peixe. As terras eram de grandes propri-
etários de terras lagartenses, principalmen-
te de gente da Fazenda Caritá, pertencente
a João Dantas dos Reis, que vinha da famí-
lia de Cícero Dantas Martins, o Barão de
Jeremoabo, que trouxe a indústria açuca-
reira para o Nordeste.
O cidadão responsável pela formação de
uma pequena aldeia que mais tarde se tor-
naria Carira é João Martins de Souza, um
vaqueiro-guia da Fazenda Caritá, que foi Igreja Matriz: nasceu a partir da cova da índia
tomar conta do gado nas terras das matas
de Itabaiana. Mas João Martins encontrou resolveram fazer um acampamento dentro amento Mãe Carira.
uma tribo de índios Cariris chefiada por das roças.
Mãe Carira. Dois quilômetros depois da Assim que os índios chegaram, foram Feira e progresso
tribo, o vaqueiro edificou a primeira casa, surpreendidos e os mais velhos, entre eles
por volta de 1865. Em seguida, foram cons- Mãe Carira, foram alcançados pelos cães. A partir de 1865 muitos homens vão se
truídas as casas de seus filhos, Joaquim e Muito ferida, ela ainda conseguiu correr, esconder nas matas de Itabaiana com medo
Gonçalo, onde é hoje a Praça Martinho de mas caiu nas proximidades de um pé de de serem recrutados para a Guerra do Para-
Souza. Jequiri, ao lado da casa do vaqueiro João guai. Em 1870, à sombra do frondoso Je-
Existe um misto de lenda e realidade na Martins. Ele socorreu a velha índia e cuidou quiri e ao lado da casa de João Martins,
história de Mãe Carira. Conta-se que mo- dos seus ferimentos. inicia-se, aos domingos, uma feirinha, que
radores da Barra Larga, em Jeremoabo, der- Poucos dias depois, Mãe Carira morreu, acabou atraindo muita gente da região. Cin-
rubavam grandes áreas para a plantação de e teria sido enterrada pelo vaqueiro no mes- co anos depois, o povoado já tinha um bom
milho. Com isso, os índios eram enxotados mo lugar onde caiu ferida. Em sua cova, número de moradores. Recebendo a influ-
para longe. A reação dos nativos foi furtar uma grande cruz de madeira foi fixada e os ência dos que chegavam, o vaqueiro levan-
o milho. Os donos das roças faziam tocaias, poucos moradores da aldeia de João Mar- tou uma capelinha ao redor da cova da ín-
mas não tinham sucesso. Os proprietários tins começaram a chamar o lugar de povo- dia. Nascia a capela consagrada ao Sagrado
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Região - Norte de Sergipe
Distância de Aracaju - 112 km
População - Cerca de 17 mil
Atividade econômica - Agricultura
Coração de Jesus. Morais, Alcino Soares e Pedro Rodrigues Com o vapor de algodão e a influência do
A povoação começou a depender da Vila de Lima. governo do general Siqueira, Zezé do Padre
de São Paulo, depois Frei Paulo. Em 1911, conseguiu, em 1912, o primeiro destaca-
quando Carira já tinha um bom grau de Ouro branco mento policial para Carira. Os soldados ti-
crescimento, a Prefeitura de São Paulo foi nham o comando do cabo Domingos Cor-
um grande abrigo para os feirantes. Em Carira teve uma fase áurea de desenvol- reia. Quando Zezé do Padre morre, seu gen-
1913, durante o governo do general Siquei- vimento, a fase do algodão, mais conheci- ro, Jason Tavares, assume o seu lugar. Jason
ra Campos, foi criada a primeira escola pú- do como ouro branco, além do couro. era mestre da Lira Musical Nossa Senhora
blica de Carira. A primeira professora foi Naquelas terras destacaram-se no cultivo da Conceição, da então Vila de São Paulo.
dona Rosa Amélia, que foi levada a Carira do algodão: Firmino Eleutério, Zezé do Em 1919, Carira tinha feira regular aos
pelo importante comerciante e latifundiá- Padre e Pedro de Lima. Outros que mere- domingos; escola com professora diploma-
rio Zezé do Padre. cem destaque são Henrique Lameu, que se da; capela que recebeu a visita em 1914 de
A povoação também sofria grande influ- tornou o maior comerciante de sua época; Dom José Thomaz Gomes da Silva, pri-
ência dos intendentes de São Paulo, entre Francisco Simões de Almeida, capitão Chi- meiro bispo de Sergipe; destacamento poli-
eles Américo da Cerqueira Passos, Tibério quinho; Francelino Gordo; Zezé Martins e cial; e quatro grandes fábricas beneficiado-
Bezerra, alferes Manuel Hipólito Rabelo Manuel Rabelo. ras de algodão.
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Prédio antigo da Prefeitura de Carira
Comunidade do poeta
José Sampaio ganhou
corpo de cidade
depois da chegada
dos padres Carmelitas
A
s referências mais antigas sobre o
território que forma hoje as terras
de Carmópolis, a 47 quilômetros de
Aracaju, são de 1575, quando as colunas do
conquistador Cristóvão de Barros começa-
ram a invadir Sergipe. Depois de extermi- Igreja do Massacará: onde está Leandro Maciel
nar várias nações indígenas, ele doa ao fi-
lho, Antônio Cardoso de Barros, boa parte meiro historiador a registrar a Missão de
das terras do norte de Sergipe, entre os rios Nossa Senhora do Carmo, próxima ao po-
Japaratuba e São Francisco. voado de Pirambu. Em 1894, Carmo já
No fim do período colonial e início do im- apresentava certo índice de progresso, ao
pério nascia uma povoação denominada contrário da Vila de Rosário - à qual per-
Rancho. A aldeia surgiu como um ponto tencia -, mas não chegou a ser nem fregue-
de parada de feirantes que ali se aglomera- sia. De povoado, em 26 de outubro de 1894
vam e passavam em comboio para a antiga torna-se Vila do Carmo.
Mata do Bom Sucesso. Nela existia um Mas a categoria de vila não representou
quilombo formado por escravos que fugi- independência. A dependência econômica
am dos engenhos do Cotinguiba e ataca- e política a Rosário era grande. Os proprie-
vam os viajantes. tários do Engenho de Porções, Francisco e
Depois da chegada dos padres Carmeli- José Teles Maciel, lutaram contra essa situ-
tas, o povoado Rancho passou a se chamar ação. Rosário consumia suas rendas arreca-
Carmo. Num ponto mais alto daquelas ter- dadas com a cobrança dos tributos, que já
ras foi instalada a Missão de Japaratuba e eram bem pesadas, e não beneficiavam o
erguida a Igreja de Santana do Massacará. território do Carmo. Por conta dessa luta
Mas logo depois os religiosos transferiram foi fundado em 19 de fevereiro de 1919 o
a missão para o Monte do Carmo de Japa- jornal A Voz do Povo.
ratuba, algumas léguas mais adiante. Não Só em 7 de novembro de 1921 é que foi
se sabe ao certo, mais acredita-se que a trans- criado o Distrito da Paz do Carmo e auto-
ferência se deu por conta de uma epidemia rizado pelo Governo de Pereira Lôbo a deli- Nossa Senhora do Carmo: abençoando
de varíola. Em 1808 a população indígena mitar o seu território separando de Rosário Carmópolis
nas terras que formam Carmópolis chegou e uma parte menor, ao norte, de Japaratu-
a 300 pessoas. ba. Mas somente no dia 16 de outubro de Da cana ao petróleo
1922 chega a tão esperada independência.
Vila e independência Em 28 de março de 1938, o município é Por muitos anos a agricultura e a pecuá-
elevado à categoria de cidade e teve seu ria formaram a base da economia de Car-
Foi dom Marcos Antônio de Souza, vi- nome alterado para Carmópolis em 31 de mópolis. O município chegou a ter uma
gário de Siriri, que talvez tenha sido o pri- dezembro de 1943. grande produção de cana-de-açúcar, apesar
CINFORM 57
Região - leste de Sergipe
Distância de Aracaju - 47 km
População - Cerca de 7 mil
Atividades econômicas - Coco e petróleo
José Sampaio: orgulho do município (no livro) Marcas da Petrobras em todo o município
de não possuir usinas. Na pecuária, o reba- e o teste de produção foi realizado quinze Mais histórias de Carmópolis
nho de bovinos chegou a ter 4 mil cabeças. dias depois. A produção de petróleo naque-
Mas a partir da década de 50, a agricultura le poço começou no dia 4 de outubro do A ferrovia em Carmópolis foi inaugura-
e pecuária tiveram queda significativa até mesmo ano, onde eram extraídos cem bar- da em 24 de maio de 1914. Mas muito
na extinção da cana-de-açúcar. ris por dia. antes disso, o município tinha um forte
Em 15 de agosto de 1963 a Petrobras No dia 8 de dezembro de 1964, o presi- transporte marítimo. Em 9 de maio de
descobriu petróleo no campo de Carmópo- dente da República, Castelo Branco, esteve 1870, o presidente de Sergipe autoriza que
lis. Esse campo abrange os municípios de em Carmópolis inspecionando os poços. Em Manoel Zuarte da Silva Daltro realize a
Japaratuba, Rosário do Catete, Santo Ama- 1967 foi construído o oleoduto Carmópo- navegação a vapor no Rio Japaratuba. Em
ro das Brotas, General Maynard e Maruim, lis - Atalaia Velha. No dia 14 de julho de 31 de março de 1871, é aprovado o contra-
o que o torna um dos maiores do Brasil. 1968 o presidente da República, Costa e to firmado entre o governo estadual e a
A perfuração inicial do poço de Carmó- Silva, também esteve em Carmópolis para Cameron Smithi & Cia para a navegação a
polis começou no dia 1º de agosto de 1963 acompanhar os trabalhos da Petrobras. vapor nos rios Japaratuba e Pomonga.
CINFORM 58
Filhos Ilustres
João Gomes de Mello (Barão de Maru-
im) - Nasceu em 18 de setembro de 1809 no
Engenho da Santa Bárbara. Ele era proprietá-
rio das terras onde hoje se localiza o bairro
Salusto Vieira de Melo (Bairro Invasão), em
Carmópolis.
CINFORM 59
Cedro a madeira que virou
Cedro de São João
Município é o maior
produtor de
carne-de-sol do Estado
e se destaca
no artesanato
de ponto de cruz
A
povoação de Cedro do São João,
a 94 quilômetros da capital, ini
ciou-se com a fazenda Cedro,
montada no século XVIII por Antônio
Nunes, exatamente no local onde está lo-
calizada a Igreja Matriz. A produção pecu-
ária cresceu e o município tornou-se o mai-
or produtor de carne-de-sol do Estado. Mas
o fechamento do matadouro pela Justiça,
por falta de estrutura de funcionamento,
prejudicou a produção e fortaleceu o arte-
sanato de ponto de cruz, que envolve prati-
camente todas as famílias cedreirenses.
O nome do município originou-se do Ce- Igreja Matriz São João Batista
dro, árvore encontrada em grande quantida-
de na localidade, usada para cercar a primei- Os negros, também discriminados após o ras, Batinga, Piçarreira, Cruzes e Poço dos
ra fazenda. Já em 1834, além da casa do fim da escravidão, preferiram habitar o bair- Bois - o maior deles.
fazendeiro, havia nos arredores cerca de 20 ro Carvãozinho, onde até hoje predomina Outro fato que não agradou a população
casas de taipas construídas para os vaqueiros. essa raça. cedreirense foi a mudança do nome de Ce-
Em 1835, o proprietário conseguiu implan- dro para Darcilena. Segundo o ex-prefeito
tar a primeira escola pública na localidade. Fatos não agradaram Paulo Alves, Miguel Seixas, prefeito de
O catolicismo também foi difundido na 1941 a 1945, quis homenagear a mulher de
localidade pelo fundador, atualmente sen- Um fato ocorrido no município de Ce- Getúlio Vargas, Darcy, e a de Augusto
do mesclado por outras religiões. A pri- dro deixou a população revoltada. Em Maynard, Helena, sem ao menos conhecê-
meira missa foi celebrada pelo padre An- 1901, o presidente de Sergipe, monsenhor los pessoalmente.
tônio Machado Capela no altar que Antô- Olímpio Campos, através da lei nº 422, de O município permaneceu como Darci-
nio Nunes construiu em sua própria casa, 29 de outubro, revogou a lei 83, de 26 de lena por quase 10 anos. No dia 6 de feve-
onde colocou a imagem do seu santo pro- outubro de 1894, que elevava o povoado à reiro de 1954 passou a se chamar Cedro de
tetor, São João Batista, que se tornou o categoria de cidade. São João, em homenagem ao padroeiro
padroeiro da cidade. Só 27 anos depois, no dia 4 de outubro da cidade.
As partes altas de Cedro sempre foram de 1928, o presidente Manoel Dantas as-
povoadas pelas pessoas de maior poder aqui- sinou a lei 1.015, que emancipou definiti- Política complicada
sitivo. Elas fugiam das partes baixas, inun- vamente o município. A partir da separa-
dadas pelas águas do Rio São Francisco. ção de Propriá, Cedro passou a pertencer A trajetória política do município de Ce-
Conseqüentemente essas áreas passaram a judicialmente à Comarca de Aquidabã, dro foi um pouco complicada. O primeiro
ser habitadas pela comunidade mais pobre. tornando-se sede dos povoados Bananei- intendente, o usineiro Antônio Baptista do
60 CINFORM
Região - Norte (Agreste)
Distância de Aracaju - 94 km
População - 5.376
Atividades econômicas - pecuária, artesanato
e comércio de peixe gelado. Indústria de carne-de-sol e de
Engenho São José: construído em 1898 e desativado quando os canaviais deram lugar às pastagens móveis.
CINFORM 61
Santana; Poço dos Bois, de Antônio Soa-
res, e o da Lagoa Seca, de Antônio Baptista
Nascimento; colaboraram na formação da
estrutura econômica, informa o professor.
Em 1928, Manoel Dantas que era o go-
vernador do Estado, se desentendeu com
os Britto de Propriá e facilitou a emancipa-
ção. Antônio Baptista Nascimento juntou-
se aos irmãos Manoel e João de Deus da
Rocha, Antônio de Santana e ao jovem ide-
alista José Álvares da Rocha, o Zé de Ma-
neu. Eles foram a Aracaju e conseguiram
um deputado para encaminhar o projeto de
emancipação. Antônio Baptista Nascimen-
to é considerado pelos cedreirenses como o
Dom Pedro I da independência do Cedro,
foi ele quem coordenou tudo, diz. Entrada arborizada de Cedro foi palco do crime do promotor Valdir de Freitas Dantas
Segundo o professor Valdemar, a indus-
trialização da carne-de-sol, que colocou o
município como maior produtor no Esta- A evolução do município de Cedro Finalmente a cidade de Cedro, em meio
do, ocorreu gradativamente. Se o Cedro a uma série de problemas políticos e econô-
criava rebanho, então seus criadores pensa- PAULO ALVES* micos, conquista um desenvolvimento re-
ram na industrialização daquela carne e na lativamente bom nos dias atuais. C
O
tempo passa e os mais velhos in
sistem em chamar o município de
Cristinápolis, a 115 quilômetros de
Aracaju, de Christina. E eles têm razão.
Aquele município, que já foi chamado de
Chapada, recebeu o nome de Christina, em
homenagem à imperatriz do Brasil, Dona
Tereza Christina. Mas depois passou a ser
chamado em definitivo de Cristinápolis. Matriz de São Francisco de Assis
As terras que viriam a ser um dos mais
importantes municípios da região Sul de isolado, sem a presença dominante do são como os distritos de Santa Luzia, Ita-
Sergipe foram encontradas pelos inva- branco. Apenas índios e religiosos. A che- baianinha e Geru.
sores europeus logo depois de 1500. A gada de colonos se dava muito lenta-
povoação se formou e se fixou num pla- mente. Os brancos que chegavam e se Vila, cidade e homenagem
nalto, entre os rios Urubás de Cima e instalavam por lá geralmente eram con-
Urubás de Baixo. siderados malfeitores. O desenvolvimento da Chapada não pa-
Ela começou por volta de 1575 com os Só na segunda metade do século XIX o rava. Ela já era ponto de parada e passagem
índios que fugiam do avanço sanguinário Governo da Província acabou criando uma para várias vilas e povoados. Em 24 de abril
dos europeus. Foi uma espécie de mo- subdelegacia na Chapada. A idéia era pôr de 1882, a Chapada foi elevada à categoria
cambo. Os gentios saíam de Tomar de ordem aos atentados que pudessem ocor- de vila, já com o nome de Vila Christina,
Geru, Santa Luzia do Itanhi e Indiaroba. rer. Em abril de 1849 foi criada a primeira numa homenagem à Imperatriz do Brasil,
Todos se refugiavam na Chapada. Os escola pública do ensino primário. O Esta- Dona Thereza Christina. Acredita-se que
índios que sobreviviam aos massacres, do chegava aos poucos. Em março de 1866, essa homenagem foi dada por um grupo de
eram escravizados. através da Resolução 771, é criado o Dis- autoridades do município que fazia parte
Atrás dos índios e antes dos explorado- trito de Paz da Chapada, mas dois anos de- da resistência monárquica no Brasil. Outra
res, vinham os padres da Companhia de pois foi revogado. corrente aposta que o nome foi dado em
Jesus. Alguns deles se deslocavam da fre- Doze anos depois, em 12 de abril de 1878, homenagem a uma amante de um presi-
guesia do Espírito Santo, hoje Indiaroba, e o distrito se transformou em Freguesia da dente. Assim o território da nova vila aca-
outros de Tomar do Geru. Eles tinham aces- Chapada de São Francisco de Assis. Estava bava ficando independente da do Espírito
so livre na Chapada, uma aldeia que crescia lá na resolução provincial: Principiará das Santo, hoje Indiaroba.
muito, e lá construíram uma capela sob a cabeceiras do Sagüim a sair na estrada do Mas só 56 anos depois, em 28 de março
invocação de São Francisco de Assis. Caju, que vem do Riacho Seco por este ao de 1938, quando Eronides de Carvalho era
Rio Itaymirim no engenho Passagem das interventor em Sergipe, a vila se transfor-
Governo, escola e freguesia Pedras, seguindo rio abaixo até onde desa- ma em cidade, mas mantendo o nome de
gua no Rio Real, e por este acima até o fim Christina. Somente em 1944 o município
Segundo os historiadores, o povoado do terreno da sobredita vila do Espírito San- passa a se chamar Cristinápolis (terra de
da Chapada teria passado várias décadas to, conservando no mais a sua antiga divi- Christina). A mudança foi autorizada por
CINFORM 64
Região - Sul de Sergipe
Distância de Aracaju - 115 km
População - Cerca de 15 mil
Atividade econômica - Agricultura
1949. Era um jurista de primeira grandeza. el, que servia aos frades franciscanos do
Foi professor de Direito Público e Consti- convento da freguesia do Espírito Santo,
tucional, Direito Internacional Público, quando estava procurando umas reses que
Diplomacia e Direito Internacional Prado. haviam desgarrado do rebanho, atraves-
Foi ele quem construiu o Instituto Geo- sando o Riacho Sagüim e penetrando na
gráfico e Histórico da Bahia e a Faculdade mata, encontrou, após alguns dias de pro-
São Francisco de Assis: padroeiro de de Direito da Bahia. Bernardino teria escri- cura, um riacho onde teve de defender-se
Christina to uma grande obra, até hoje inédita, sobre e matar uma grande jibóia. Logo após ul-
o carro de boi. Ele morreu como ministro trapassar o riacho, Manoel vaqueiro alcan-
outro interventor federal, o coronel Au- do Tribunal de Contas da República. çou uma chapada, onde acabou descobrin-
gusto Maynard Gomes. No final da década do uma aldeia indígena.
de 30, o município recebia iluminação pú- Lenda e curiosidades Procurando não ser visto pelos índios,
blica através de um motor diesel. Tinha duas Manoel afastou-se do local, regressando ao
pensões e apenas um médico. O professor Carlos Leite escreveu em convento e relatando aos frades o que havia
Cristinápolis tem um grande filho ilus- seu livro Procurando o Pequeno Príncipe descoberto. Os missionários franciscanos
tre. Foi o ministro Bernardino José de Sou- - Memórias da Infância, que existe uma logo providenciaram a evangelização dos
za. Ele nasceu em 8 de fevereiro de 1885 lenda da fundação do município. Em tem- índios da Chapada. Lá, eles construíram
em Christina, e morreu em 11 de janeiro de pos remotos um vaqueiro de nome Mano- uma capelinha coberta de palha, sob a pro-
CINFORM 65
Uma das poucas casas antigas da cidade
Vila na década de 30
teção de São Francisco de Assis, onde a co- biam como havia surgido a notícia de que o
munidade indígena reunia-se para ouvir os temível bandoleiro Lampião e seus cabras
frades pregarem. estavam se dirigindo à Velha Chapada dos
A Igreja São Francisco de Assis era uma Índios, cujo povo ficou apreensivo na ex- Matriz de São Francisco: reformada em 1970
capela muito simples, tipo chalé, sem tor- pectativa da indesejável visita.
res. Em fins de 1924, sob o comando de Liderado por Oséias Batista, então pre-
cínora havia cortado o fio, aumentando,
Leonardo Leite, ela foi reformada e toda a feito, uma dúzia e meia de cidadãos movi-
ainda mais, o medo do povo. Trancado na
estrutura modificada. Foi escolhida como mentaram-se para organizar a defesa da
matriz, o pequeno grupo de defensores da
modelo a igreja de Santo Antônio de Ara- cidade. Meu irmão Juca, Antônio Maro-
cidade aguardava o famoso bandoleiro, con-
caju. Quem comandou por muitos e mui- to, João Reis e filho, João Ribeiro, Nelson
tando uns aos outros as atrocidades pratica-
tos anos a paróquia de Cristinápolis foi o Góes, Zeca de Inácio, seu Fidelcino e ou-
das pelo Rei do Cangaço do Nordeste.
padre Manoel Vieira. tros. A eles se juntou o destacamento po-
Ao entardecer daquele dia, dona Nair
licial, composto de um cabo e dois solda-
conseguiu comunicar-se com a cidade de
Emancipação e intendentes dos. Fuzis e carabinas foram requisitados.
Itabaianinha, quando ao dar notícia sobre
A igreja matriz se transformou, pela sua
a preocupação do povo da Vila Christina
Pelos documentos históricos, a criação do posição estratégica, em ponto de apoio
com a propalada visita de Lampião, ficou
município da Chapada ocorreu pela Lei Pro- para a defesa.
sabendo da impossibilidade de tal presen-
vincial de 23 de abril de 1882, quando rece- Na torre foi colocado um grande barril
ça do cangaceiro na região, em razão do
beu o nome de Vila Christina. Portanto, de água a fim de esfriar as armas que natu-
bando e seu chefe encontrarem-se na cida-
para o professor Carlos Leite, o dia da eman- ralmente iam esquentar na presumível re-
de de Capela.
cipação de Cristinápolis é 23 de abril e não frega. Foi proibida a saída de qualquer pes-
A boa nova tranqüilizou os moradores
28 de março. Esta última data se refere à soa da cidade, o que não impediu que algu-
da Chapada. Da matriz saíram aqueles que
data da elevação da sede do município à mas se refugiassem nas matas próximas do
se prontificaram a evitar a visita dos canga-
categoria de cidade. Brejo, Taquari ou do Paiaiá. Odilon
ceiros. As casas abriram suas portas despe-
Foram intendentes de Cristinápolis: Monte Alegre, proprietário de um Ford-
jando nas ruas as mulheres, ainda com os
Adrião Cardozo de Araújo, João dOliveira 29, único veículo a motor da cidade, de-
terços nas mãos, os velhos e as crianças. E
Menezes, Hildebrando Araújo, Thomé de monstrou desejo de abandonar a cidade ao
aqueles que haviam fugido, refugiando-se
Freitas Ávila, David Francisco de Oliveira, ter conhecimento do tratamento que Lam-
nas matas, ao regressarem foram recebidos
Antônio de Freitas Ávila, Zeuxis de Souza pião e seu bando dispensavam aos comerci-
com desprezo pelos seus conterrâneos. C
Maciel, Oséias Batista Filho. Este último antes. Juca o fez mudar de opinião ao ale-
recebeu o nome de prefeito. gar que atiraria nos pneus do carro, caso
* Professor e escritor
tentasse sair da cidade.
Visita de Lampião em Christina No telégrafo, a agente dona Nair Reis
Texto: CRISTIAN GÓES
procurava em vão comunicar-se com Ita- Fotos e reproduções: MANOEL FERREIRA
* CARLOS GOMES DE CARVALHO LEITE baianinha, a fim de dar ciência às autorida- Fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros e Procurando o
des daquela cidade, do que estava aconte- Pequeno Príncipe - Memórias da Infância, de Carlos Gomes
de Carvalho Leite, advogado, promotor de Justiça, ex-prefeito
Foi nos meados dos anos 30. Também os cendo. Como Itabaianinha não atendia os de Santa Luzia, ex-secretário de Segurança e procurador geral
moradores da então Vila Christina não sa- chamados, presumiu-se que o bando do fa- de Justiça.
Cumbe do algodão ao artesanato
Povoação chegou
a ter três fábricas
descaroçadoras.
O produto era
transportado para
vários municípios
sergipanos
O
município de Cumbe, distante 90
quilômetros da capital, foi um
grande produtor de algodão e che-
gou a possuir três fábricas descaroçadoras.
Mas na década de 50 este cultivo deu lugar
ao capim e a produção agrícola foi pratica-
mente substituída pela pecuária, sobreviven-
do, apenas, a agricultura de subsistência.
Hoje, o artesanato está se sobressaindo, sen-
do mais uma opção de economia para os
cumbenses. Leonesa e Baltazar: casal lembra a alta produção de algodão de Cumbe
Apesar de possuir um clima tido como
saudável e ameno, por estar às margens do Base da economia 12 a 28 de janeiro de 2001.
Rio Japaratuba, Cumbe encontra-se entre Outra fonte de renda em Cumbe são os
os municípios que sofrem longos períodos Baltazar Feitoza lembra que eram mais papéis reciclados de jornais e revistas. Com
de estiagem. A agricultura de subsistência, de 300 burros trabalhando para transportar eles são confeccionados chapéus, bolsas, sa-
ocupação da maioria dos habitantes, chega o algodão. Saíam os comboios para Ria- colas e cestos. A produção é vendida para
a ser prejudicada pela escassez das chuvas. chuelo, Estância, Itabaiana, Ribeirópolis e pagar as despesas e o restante, dividido en-
Durante a alta produção algodoeira, o Propriá, diz ele. Até hoje a economia do tre os artesãos.
município teve como maior comerciante município gira em torno da pecuária e da
Manoel Percílio dos Santos, que vendia o agricultura de subsistência. Emancipação política
algodão para Antônio Franco, proprietário Aliado a isso, o artesanato é uma nova
da Usina Central, em Riachuelo. A queda opção de economia no município. Cerca de Em 1953, quando foram criados mais 19
na produção aconteceu em decorrência dos 250 mulheres - coordenadas por Lícia Vio- municípios no Estado, o povoado de Cum-
incentivos financeiros destinados pelo Go- leta e Marieze Menezes Santos - bordam be, pertencente a Nossa Senhora das Dores,
verno à pecuária. tapetes e painéis com os mais variados pon- estava entre eles. Mas o município só foi
Antes não tinha um pé de capim. O al- tos. Desde o meio ponto, brasileirinho e instalado oficialmente no dia 31 de janeiro
godão era viçoso. Tudo que se plantava dava. ponto de arroz, até o arraiolo. O trabalho é de 1955, e teve como primeiro prefeito
Aí os homens mataram a terra e os alimen- feito nas casas das bordadeiras e também na Antônio Gomes de Moraes, que adminis-
tos que têm nela agora estão doentes, diz, Fazenda Curralinho. Os tapetes, que nor- trou a cidade por quatro gestões.
saudosa, a costureira Maria Leonesa de Oli- malmente são vendidos numa loja em Ainda povoado, em 1920, Cumbe já pos-
veira Santos, 86 anos, esposa de Baltazar Aracaju, no bairro 13 de Julho, estiveram suía a capela São João Evangelista - padro-
Feitoza dos Santos, que foi comerciante de expostos na Feira de Sergipe, instalada na eiro da cidade -, duas escolas com ensino
algodão no município. Orla de Atalaia, também em Aracaju, de primário, 160 casas e uma pequena feira re-
CINFORM 68
Região - Oeste (agreste)
Distância de Aracaju - 90 km
Carlos Pereira: idealizador da festa da pa- População - 3.643
droeira Atividade econômica - Pecuária,
agricultura e artesanato
por Osias (chefe político contrário), que
fugiu da região, ficando impune às pena-
lidades judiciais.
CINFORM 69
Vista parcial da cidade do Cumbe
Filhos Ilustres
Nivaldo Santos: O polêmico deputado, de 83
anos, que garante que vai mijar na cova do de-
putado federal Cleonâncio Fonseca, mora em
Boquim, mas é natural de Cumbe. Ele foi depu-
tado três vezes e escreveu o livro A minha
história política - o velho guerreiro, onde conta
as peripécias do mundo político.
Segundo eles, para aterrorizar ao mesmo entraram lá em casa porque minha mãe esta- Raul Moraes: Médico clínico. Possui uma clí-
tempo os quatro cantos do Estado, Lampião va morrendo de um aborto. Minha avó pe- nica em Cumbe e outra em Nossa Senhora das
separou os cangaceiros em vários grupos. diu para eles não entrar e eles atenderam, Dores.
Quem entrou em Cumbe foi o grupo de lembra Alda.
Texto: EDIVÂNIA FREIRE
Zé Sereno, com 14 homens. Eles disseram: Além de levar tudo que podiam, eles avi- Fotos e reproduções: EDSON ARAÚJO
Não corram e foi saindo todo mundo de- saram que depois retornariam, mas o pre- Fonte: Pesquisa da estudante Fátima Teixeira Santos
vagar. Depois começou o corre-corre dos feito de Dores mandou uma volante para e Enciclopédia dos Municípios Brasileiros
Divina Pastora
dos engenhos à
peregrinação
Município nasceu de um
curral de gado, cresceu
com os engenhos e vive
hoje praticamente
da mão-de-obra
da prefeitura
A
credita-se que o município de Divi
na Pastora, distante 39 quilômetros
de Aracaju, nasceu de um dos 400
currais de gado existentes em Sergipe na
época da invasão holandesa. A plantação
de cana-de-açúcar, que mantinha a pecuária Igreja Matriz: nasceu a partir da cova da índia
e prevalecia na povoação, tempos depois
deu lugar à cultura da cana-de-açúcar. Mas so é que os divina-pastorenses possuem dois
aos poucos os engenhos, que alavancaram a padroeiros: Nossa Senhora de Divina Pas-
economia local e asseguravam emprego tora, comemorada no 2º domingo de no-
para os moradores, foram se fechando e vembro - paróquia existe desde 1700; e São
deixando a população em situação difícil. Benedito, que teve a sua festa realizada no
Não há registro do tempo exato em que último dia 11 de fevereiro.
a povoação Ladeira, nome dado inicialmente A peregrinação destaca-se como tu-
ao município de Divina Pastora, começou rismo religioso da cidade, considerada
a se formar, mas há um fato que pode indi- um santuário de pagamento de promes-
car uma data aproximada. Quando o vigá- sas e agradecimentos de graças alcança-
rio Manoel Carneiro de Sá tomou posse da das desde a década de 70. A já tradicio-
paróquia de Siriri, em 18 de fevereiro de nal romaria, criada no dia 17 de outubro
1700, a freguesia de Ladeira já existia. de 1971 por dom Luciano Cabral Duar-
Em 31 de maio de 1833, através de uma te - então arcebispo de Aracaju -, to-
lei provincial, a povoação passou à catego- mou amplitude com o padre Raimundo
ria de distrito administrativo. Três anos de- Cruz, pároco da cidade durante cerca de
pois, no dia 12 de março, foi desmembrada 12 anos. Atualmente ela atrai milhares Fausto Cardoso: filho ilustre do município
de Maruim, passando a se chamar Vila de de pessoas que saem em caravanas de
Divina Pastora. O distrito levou muito tem- todo o Estado de Sergipe, de Alagoas, Na cidade, várias artesãs bordam o ren-
po para progredir. Só em 15 de dezembro Bahia e de vários pontos do país. Calcu- dendê, ponto cruz e a renda irlandesa. Esta
de 1938, passou à categoria de cidade, sen- la-se que aproximadamente 60 mil pes- última, originada na Europa nos tempos
do emancipada politicamente de Maruim. soas visitam a cidade nesse dia. medievais e trazida para Sergipe pelas
A Betânia do São Francisco de Assis tam- missionárias européias, tem dona Alzira
População religiosa bém é um grande reforço para o turismo como uma das responsáveis pela resistên-
religioso. Fundada pelo Irmão Walter, é um cia dessa tradição. Recentemente houve
Na cidade predomina a religião católica. local escolhido pelos grupos religiosos para uma exposição no Museu do Folclore, no
A peregrinação realizada anualmente no 3º retiros espirituais. Ela fica localizada num Rio de Janeiro, onde a renda irlandesa
domingo de outubro comprova a força do local elevado, e oferece aos visitantes uma sergipana esteve presente.
catolicismo entre a comunidade. Prova dis- paisagem belíssima. No artesanato, destaca-se também seu
CINFORM 71
Região - Oeste (semi-árido)
Distância de Aracaju - 39 km
População - 3.265 mil
Atividades econômicas - Petróleo, pecuá-
ria, cana-de-açúcar, argila, artesanato , brinque-
dos e objetos decorativos . Cerca de 70% da popu-
lação sobrevive com salário da prefeitura.
Política conturbada
CINFORM 72
Seu Vavá: ex-vereador conta histórias interessantes
prefeitura para empregar a população. Aos mentos difíceis, em virtude dos elevados munidade ou mesmo um restaurante de pe-
poucos as usinas foram se fechando, uma a custos dos materiais para a sua confec- queno porte; que o nosso município seja
uma. A partir daí, os moradores voltaram a ção, como também dificuldades para co- integrado ao de Siriri por via asfáltica, me-
plantar capim para criar gado. mercializar os produtos acabados, o que lhorando assim as condições de transportes
vem acarretando um grande desestímulo de massa. Estes são alguns dos itens que
Mata Boacica e o centenário por parte das artesãs, que já estão priori- poderão propiciar para todos nós um bem-
da fonte de água mineral zando outros tipos de bordado que dão estar social. C
de-obra não era especializada na sua totali- montanha, com água potável de boa qualida- Agenor Costa, filólogo, autor de um dici-
dade, mas havia trabalho para jovens e adul- de e muitas árvores, as pessoas eram curadas onário de sinônimos e locuções da língua por-
tos, homens e mulheres. de doenças graves, a exemplo da tuberculose. tuguesa editado em 1950.
Com o fechamento dos engenhos de açú- A Mata Boacica guarda vestígios da Mata
Marcelo Vilas Boas, médico ortope-
car e o monopólio da cultura canavieira, Atlântica com árvores de grande porte, ten- dista reconhecido como um dos melhores do
surge o desemprego em massa que perdura do como exemplo as Uruçucas, que prote- Brasil. Formou-se na Bahia e fez residência
até os dias atuais. Infelizmente o progresso gem com sua sombra a fonte mineral Boa- na Alemanha.
não nos beneficiou e atualmente os grandes cica. Inaugurada pelo intendente comen-
empregadores no Vale do Cotinguiba são dador Dantas, no dia 24 de fevereiro de Carlos Alberto Mendonça, especia-
lista renomado em cabeça e pescoço, presi-
as prefeituras municipais. 2001 ela completou um centenário. Com dente da Unimed.
O folclore da cidade praticamente tam- as constantes agressões sofridas pelo ecos-
bém desapareceu. Graças a Deus, este ano sistema da mata, e se providências urgentes
(2001) conseguimos resgatar a nossa Che- não forem empreendidas, dificilmente as Texto: EDIVÂNIA FREIRE
gança para a alegria contagiante de toda a futuras gerações comemorarão outra data Fotos e reproduções: EDSON ARAÚJO
Fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros; pesqui-
população divina-pastorense. histórica como esta. sa de José Valmir Santos, teólogo e estudante de Jorna-
No artesanato, a renda irlandesa pro- Esperamos que os nossos jovens e adul- lismo da Unit; e colaboração de Verijânio José de Mene-
duzida na cidade é de uma beleza singu- tos encontrem no município opções de tra- zes, vice-presidente do Sindicato dos Servidores Públi-
cos do Município.
lar. Atualmente está passando por mo- balho; que tenhamos uma pousada na co-
CINFORM 73
Estância,
Estânciaberço da imprensa sergipana
Terra de intelectuais e
heróis, o município foi
um dos maiores centros
econômicos do Estado
Q
uem caminha pelo centro de Es-
tância, distante 68 quilômetros de
Aracaju, viaja a outras épocas. E
não é para menos. O município, que figura
entre os mais importantes do Estado, sur-
giu no início do século XVII, como povo-
ação de Santa Luzia, o mais antigo núcleo Catedral de N. Sra. de Guadalupe: padroeira incomum em Sergipe
de Sergipe. As terras, situadas entre os rios
Piauí e Piauitinga, pertenciam a Diogo de Ascensão Em 25 de outubro de 1832 ocorre a trans-
Quadros e Antônio Guedes. ferência da sede da vila de Santa Luzia para
Oficialmente, Estância surgiu mais tar- No começo do século XVIII, Estância a própria Estância. Pela resolução provinci-
de, em 16 de setembro de 1621, através de já era uma povoação que crescia e pros- al de 4 de maio de 1848, foi elevada à cate-
uma carta de sesmaria feita pelo capitão- perava, para onde convergia toda a ex- goria de cidade.
mor João Mendes, em nome de Sua Majes- portação da zona do Rio Piauí. No povo- Em janeiro de 1860, Estância recebe a vi-
tade, o rei Filipe IV da Espanha e III de ado tinha residência a maioria da repre- sita de D. Pedro II, na excursão do Impera-
Portugal, que concedia as terras daquela sentação oficial da Vila de Santa Luzia, dor às Províncias do Norte. A cidade lhe
região aos capitães de Mar e Guerra Pedro que estava em franca decadência e ficava causou tão boa impressão, que o ilustre visi-
Homem da Costa e Pedro Alves. apenas a duas léguas de distância. Nesse tante a denominou como Jardim de Sergipe.
Os dois Pedros eram parentes do capitão período, a criação de gado foi superada
João Dias Cardoso, que veio para o Brasil pela indústria da cana-de-açúcar, quando Novo ciclo econômico
como integrante do Exército, formado por surgiram os primeiros engenhos e fazen-
Cristóvão de Barros em 1590. Como as das de açúcar. Nesse período, os ideais republicanos,
terras estavam abandonadas, eles, que já se Foi então que se cuidou da transferência pregados na década de 1880 a 1890, encon-
encontravam instalados no local, solicita- da sede da vila para a florescente povoação tram em Estância a mesma ressonância
ram a confirmação da posse que já desfru- estanciana, em 1714, com a colaboração manifestada 60 anos antes, com o Padre
tavam. do ouvidor da Capitania de Sergipe, Dr. Moreira. Em 21 de agosto de 1887, foi fun-
A primeira atividade da povoação foi a José Correia do Amaral. A iniciativa en- dado um clube republicano sob a presidên-
pecuária, em decorrência da boa qualidade controu forte oposição da Câmara de Santa cia de José Caetano Marques.
dos pastos. Esse fato acabou determinando Luzia, começando a partir daí um período Pelo ano de 1891, o espírito empreende-
o nome da localidade. Estância significa de lutas e rivalidades entre os dois povos dor de João Joaquim de Souza, observando
fazenda de gado, uma palavra castelhana, vizinhos. a abundância de água doce nas cercanias da
idioma falado pelo fundador, o mexicano Apesar das rusgas, foram os próprios ve- cidade, com possibilidade de aproveitamen-
Pedro Homem da Costa. readores de Santa Luzia - moradores de Es- to industrial e, animado pelo progresso da
A origem de Pedro Homem também tância - que alegavam que a vila não podia terra, resolveu fundar a Fábrica de Tecidos
determinou a escolha da padroeira do suportar os encargos e solicitaram ao rei D. Santa Cruz. Alguns anos mais tarde, foram
município, Nossa Senhora de Guadalupe. João, numa carta de 29 de julho de 1713, a instaladas também a Senhor do Bomfim,
Juntamente com a esposa Mércia Cardo- transferência da sede da vila para o Sítio de no bairro Bomfim e a Piauitinga, que ca-
so, ele fundou uma capela de louvor à san- Estância. Em 27 de abril de 1757, uma pro- racterizaram o município como pólo indus-
ta, que é também padroeira do México e visão régia permitiu que se realizassem atos trial de vanguarda.
da América Latina. judiciais no município. Vicejando economicamente, Estância
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Região - Sudeste (Centro-Sul)
Distância de Aracaju - 68 km
População - 58.886
Atividades econômicas - Pólos comercial
e industrial, cultura de coco, pecuária e turismo
sempre recebeu imigrantes de várias partes Em seguida, batida nas portas de algumas de descanso para as tropas que ali passaram
do mundo. Chegaram holandeses, franceses, casas, vozes, sussurros e lamentações. rumo a Salvador, na Bahia, onde provavel-
portugueses, espanhóis, árabes, sírios, turcos Quem lembra, diz que a claridade da Lua mente iriam tomar um vapor rumo à Eu-
e libaneses. Houve também uma pequena cheia dava para divisar a forma furtiva do ropa, local do conflito mundial. As tropas,
colônia inglesa, formada pelas famílias de cavalheiro nervoso em avisar a algumas comandadas pelo então General Maynard,
técnicos e engenheiros que vinham instalar pessoas o ocorrido. Ele teria vindo da Praia seguiam viagem para Itália.
os maquinários das fábricas de tecidos. do Crasto, a 18 quilômetros de Estância.
No final do século XIX, a cidade forma- Quando amanheceu, a cidade já se encon- Imprensa sergipana
va um retângulo compreendido entre a Rua trava em polvorosa. A população, alarma- começou por Estância
Pedro Homem da Costa, ao norte, até a da e com medo do que podia acontecer,
Praça 24 de Outubro, ao sul. Com o surgi- rumava para as praias do Saco, Crasto, Mato Sede justo se quereis ser livre, sede uni-
mento das indústrias se iniciou a ocupação Queimado em busca de notícias ou sobre- dos se quereis ser fortes, com este lema é
da Rua Nova, antigo caminho para a Bahia, viventes. fundado em 1832 o primeiro jornal de Ser-
atualmente Avenida Getúlio Vargas. Esta Um acampamento foi montado para abri- gipe, O Recopilador Sergipano, na Vila
rua ligava a cidade ao Bairro Santa Cruz, gar os sobreviventes nas enseadas do Rio Constitucional de Estância, idealizado por
que ganhou equipamentos para atender aos Real, entre Sergipe e Bahia, perto de Estân- Antônio Fernandes da Silveira. Esse jornal
operários, construindo sua vila operária. cia. Náufragos dos três navios (identifica- atuou prontamente na campanha republica-
Com a queda do movimento portuário dos Baependi e Aníbal Benévola), foram na, propagando as idéias de seu fundador.
a partir de 1947 - por falta de condições tratados no Hospital Amparo de Maria, de Inclusive seu posicionamento crítico a D.
satisfatórias para regular atracamento de Estância. Em São Cristóvão, no Mosquei- Pedro I, rendeu-lhe alguns anos nas mas-
navios e com a forte concorrência de Ara- ro, milhares de pessoas já estavam a postos morras de Salvador.
caju nos mercados comerciais do interior para tentar resgatar sobreviventes agarra- Quando foi fundado o Recopilador, Es-
do Estado -, Estância, sentindo seu co- dos aos destroços, pedaços de pau e caixas. tância progredia no setor econômico e po-
mércio perder posição, procurou defen- Uma cena incomum para aquelas pessoas. lítico, tornando-se também um grande re-
der sua economia através de ampliação O Brasil, que nada tinha a ver com o que ferencial da cultura sergipana, tanto que
de sua indústria. estava ocorrendo na Europa, também torna- em 1820 o município já contava com o
ra-se alvo. Alguns teimavam em afirmar que ensino das primeiras letras. A produção jor-
Estância na II Guerra Mundial os responsáveis foram os americanos (basea- nalística não se limitou ao Recopilador.
dos em Natal desde 1941), que foram vistos Durante o século XIX, a participação de
Era uma noite de 1942, quando a Rádio muitas vezes em seus aviões de reconheci- Estância na cultura impressa da província
Piloto, ligada a uma bateria de carro, sinto- mento e em seus submarinos, cruzando nos- foi bastante acentuada, chegando a ter 42
nizava a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, sos mares. Os americanos, entretanto, afir- jornais. A maioria deles tinha caráter polí-
eis que o locutor anuncia: Mais um vapor mavam que foram os submarinos nazistas. tico e noticioso, outras folhas apresenta-
torpedeado por submarino alemão na Cos- O Brasil entrou no conflito. Surgia en- vam um estilo irreverente, crítico, de in-
ta Brasileira, entre Sergipe e Bahia, faz cen- tão a Força Expedicionária Brasileira. Se- tensa militância partidária.
tenas de mortos e náufragos. Pouco de- gundo informações de antigos moradores Estância teve outros jornais: A União
pois, em plena madrugada, ouve-se o tro- de Estância, a Praça da Igreja do Amparo, (1852); O Século (1880); A Urtiga
pel de cavalos, indo de um lado para outro. que era um local amplo, serviu como local (1852); O Rabudo (1874); A Gazetinha
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Filhos Ilustres
Ponte do Bomfim sobre o Rio Piauitinga Heitor de Souza - advogado, juiz em Sergi-
pe, Paraná e Minas Gerais, e ministro do STF.
A
cidade de Feira Nova, distante 104
quilômetros da capital, nasceu de
uma feira de trocas de animais cri-
ada por comerciantes na década de 30. O Igreja Matriz Nossa Senhora das Graças: construída no mesmo lugar da antica Capela
objetivo era evitar que os habitantes saís-
sem para fazer suas compras em cidades fio montou num burro e saiu convidan- Economia e tradições
vizinhas e fossem atacados pelo bando de do feirantes e moradores de toda a re-
Lampião, o cangaceiro mais temido do ser- gião para participarem da feira que teve Banhado pela Bacia do Rio Sergipe e
tão. A denominação marcou tanto que foi início no dia 12 de março de 1939. Co- alguns mananciais como os riachos Salga-
mantida após a emancipação do municí- meçou pequena, mas depois cresceu do e Doce, o município era considerado
pio, ocorrida em 1963. muito e ficou bem maior do que é hoje, um grande produtor de algodão na região,
O povoado surgiu de uma fazenda cha- lembra ele. possuindo, inclusive, uma grande fábrica
mada Logrador (Logradouro). Parte das ter- A pequena feira iniciada no meio do de beneficiamento desse produto, desati-
ras, a maioria pertencente a Domingos Dias mato, com a oferta de poucos animais, gê- vada pelo poder público há alguns anos.
de Souza (Domingo Bolachão), foi adqui- neros alimentícios e a indispensável farinha Essa indústria foi responsável pela geração
rida por José Alves de Queiroz (Fifio), que de mandioca, aos poucos foi se transfor- de muitos empregos no município.
passou a habitar no pequeno povoado onde mando num local de passatempo. Todos Na indústria, a geração de empregos fica
já residia José Lino de Souza, um comerci- eram convidados para ver essa feira nova a cargo das fábricas de laticínios e panifica-
ante de peles de animais. Fifio teve a idéia, que surgia entre os dois municípios. ções, com produtos de boa qualidade. En-
junto com José Lino de Souza, de montar Esse fato exerceu grande relevância para quanto isso, o rendendê vai fazendo histó-
uma bodega e transformar parte daquele que, após alguns anos, Antonio dos Reis ria e mantendo uma das velhas tradições no
ambiente em um pequeno centro de troca Lima, prefeito de Nossa Senhora das Do- comércio.
e venda de gado e couro. res, na época sede do povoado, implan- Os costumes populares foram copiados
Na época, os moradores da redondeza tasse alguns órgãos públicos no conheci- das primeiras famílias a habitarem o muni-
faziam as compras nas feiras das cidades do Logrador, a exemplo do mercado e da cípio, tais como: visitar a cruz do Itapicuru
vizinhas, Nossa Senhora da Glória e Nossa delegacia. na Sexta-Feira Santa, acompanhar a via-crú-
Senhora das Dores. Eles viviam aterroriza- O rápido crescimento do pequeno po- cis percorrida pelos penitentes durante a
dos com as histórias de atrocidades pratica- voado contribuía para que a comunidade quaresma e reunir os cavaleiros da redon-
das pelo bando do cangaceiro Lampião, que reivindicasse o direito de independência, deza para um grande casamento caipira na
rondava a região e tomava as mercadorias conseguida através da Lei nº 1.211 de 18 noite de São Pedro.
dos feirantes. Por causa disso, com a cola- de outubro de 1963, que criou o municí- As principais festas e atrações turísticas
boração de comerciantes destemidos de Gló- pio de Feira Nova e elevou o povoado à resistem desde o surgimento da cidade. São
ria e Dores, a feira livre foi implantada no categoria de cidade. elas: Santos Reis, padroeira Nossa Senhora
próprio povoado. Seu território foi desmembrado dos mu- das Graças, festas juninas, corridas de argo-
nicípios de Cumbe e Nossa Senhora das las e vaquejada.
Inicio da feira Dores, cuja instalação dos poderes Execu-
tivo e Legislativo ocorreu em 28 de feverei- O Tanque Velho aterrado no lixo
Segundo o ex-recenseador Hermóge- ro de 1965. Feira Nova teve como primei-
nes Leite Queiroz, 69 anos, seu tio Fi- ro prefeito Manoel Vieira Santos (Fiinho). Para o morador Juarez dos Santos, 63
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Feira Esporte Clube: time de futebol feminino já atuava em 1983 Valdira Rita dos Santos - Primeira
mulher eleita vereadora. Implantou a alfabeti-
zação e foi responsável por relevantes proje-
tos no município, entre eles o Brasil Criança
Cidadã.
José Joaquim dos Santos (Zé Guar-
da, auditor fiscal aposentado) e Pedro
Barbosa de Souza (Pedro Venâncio)
- Criaram o Feira Esporte Clube, inscrito no es-
porte amador, que revelou vários atletas para
times profissionais, a exemplo de Carlos Clay,
que jogou no Olímpico e no Itabaiana.
Juarez: Tanque Velho submerso na lixeira: Cidade nasceu de uma feira e manteve o nome Geralda Oliveira Santos - formada em
Foi um crime dos maiores do mundo de nova apesar de sexagenária Letras, professora da UFS.
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O município sertanejo
que já foi São Paulo
tem uma bela história
voltada para a política
e literatura
A
história de cada município pre
enche várioslivros. É o caso de
Frei Paulo, a 74quilômetros de
Aracaju. Aquelas terras foram descobertas
por volta de 1868 por missionários capu-
chinhos, entre eles freis Davi de Umbérti-
de e Paulo Antônio Casanova. Este último,
deu o nome ao município.
Mas essa história começa muito antes.
Quando os capuchinhos chegaram encon-
traram os índios comandados por Imbira-
cema. O lugar era conhecido como as ma-
tas de Itabaiana, uma região propícia para
o cultivo do algodão e a criação de gado.
Além de índios, muitos brancos da cres- Igreja matriz de Frei Paulo: marca da fé
cente Vila de Itabaiana iam para lá. Por causa
dos jenipapais, o lugar era conhecido como te da Província de Sergipe, Manoel de Ara- nha o nome de Frei Paulo, homenagem ao
Chã de Jenipapo. újo Góes, transforma a povoação em fre- seu fundador. Por algum tempo, os que
Em Itabaiana, os freis Paulo Casanova guesia de São Paulo. O capitão João Tava- nasciam lá eram chamados de paulistanos.
e Davi de Umbértide foram convidados res da Mota foi um dos maiores responsá- Depois da mudança de nome para Frei Pau-
por José Alves Teixeira e Brás Vieira de veis pelas edificações do povoado. Nesse lo, surgem os apelidos de São Paulo mole-
Matos, proprietários de terras em Chã de período, também fixa residência na região que e São Paulo calça curta, mas oficial-
Jenipapo, para conhecer o lugar. Foram e um judeu francês Goottchaux Ettinger, que mente os nativos passam a se chamar frei-
ficaram. Providenciaram madeira e ergue- montou a mais importante indústria des- paulistanos.
ram a capela de São Paulo. Naquela data caroçadora de algodão.
comemorava-se o dia do apóstolo Paulo Em 1890, com a chegada da República, Caminho do desenvolvimento
de Damasco. Também colaboraram para o governador do Estado, Felisbelo Freire,
a formação do povoado, Antônio Teixei- atendendo a pedido do capitão Antônio Em 1938 assume o primeiro prefeito de
ra, Lourenço da Rocha Travassos e Tomaz Cornélio da Fonseca, transforma a fregue- Frei Paulo, Napoleão Emygdio da Costa.
de Aquino e Silva. sia em Vila de São Paulo de Itabaiana. Em Mas antes disso, o município ficou de 1893
23 de outubro de 1920, por forte influên- a 1935 sob o comando de 18 interventores.
Nossa São Paulo cia de um dos filhos mais ilustres de São O primeiro prefeito eleito foi Izauro Soa-
Paulo, o engenheiro Gentil Tavares da res. A eleição aconteceu em 1947.
O povoamento de Chã de Jenipapo pas- Mota, a vila muda para cidade. Em 2 de Frei Paulo chegou a ter três grandes jor-
sava a ser conhecido como aldeia de São março de 1938, por causa da repetição de nais: O Paulistano, O Binóculo e Ação
Paulo. Em 29 de abril de 1886, o presiden- nomes, São Paulo do sertão sergipano ga- Jovem. Os dois primeiros foram fundados
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Região - Oeste de Sergipe
Distância de Aracaju - 74 km
População - Cerca de 13 mil
Atividades econômicas - Agricultura
e pecuária
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rior dos capuchinhos em Salvador, na Bahia.
Em 30 de janeiro de 1891, Frei Paulo mor-
reu no bairro da Piedade, em Salvador.
Além dele, merecem destaques na
história de Frei Paulo o frei Francisco Freire
de Menezes, o padre José Antônio Leal
Madeira, o padre Luiz Gonzaga, o frei José
de Monsano, o frei Boaventura M. de Ita-
baiana, o padre João Lima Feitosa, entre
outros. C
Filhos ilustres
José Emídio do Nascimento - Fez o curso Família do poeta Josias Ferreira Nunes
primário na Escola Jovina Moreira. Formou-
se em Direito na antiga Faculdade de Direito
de Sergipe. Foi promotor de Justiça em Simão tiça. Foi um grande colaborador da imprensa Nasceu em Frei Paulo e ainda criança foi
Dias e depois juiz em Nossa Senhora da Gló- de Frei Paulo e Aracaju. para Aracaju. Atuou no movimento estudan-
ria, Aquidabã e Simão Dias. til e trabalhou na Gazeta de Sergipe. Foi editor
João Alves de Oliveira - É conhecido como executivo da revista Veja e hoje trabalha com
Jaime de Araújo Andrade - Formou-se na João de Santa. Ele é um homem de cultura Internet.
antiga Faculdade de Direito de Sergipe. Che- que enaltece Frei Paulo, apesar de só ter feito
gou a ser juiz, e em 1966 foi eleito deputado o 2º ano primário. É responsável pela E MAIS... José Carvalho de Lima, Adolfo Bar-
estadual pelo MDB. Foi cassado com a che- formação de várias gerações de músicos. Até bosa Góis, Cecílio Cunha, Ana Alice Oliveira
gada do AI-5 e anistiado em 1979. hoje comanda a União Lira Paulistana. É es- Lima, José Enaldo Alves dos Santos, Josefa
critor, poeta e historiador. Escreveu Nossa Bernadete de Santana, Issac Ettinger, Inês
Josias Ferreira Nunes - Poeta, fundou o Memória, Frei Paulo sua gente e sua história. Nascimento da Rocha, Bernadete dos Santos,
Clube Literário Sílvio Romero e os jornais O João de Santa é uma dessas figuras que ja- Raquel Rezende Rocha, Maria Lourdes Dan-
Paulistano e O Binóculo. Advogado, econo- mais poderão ser esquecidas na história de tas, entre outros e outras.
mista e jornalista, ele também foi membro da sua terra.
Associação Sergipana de Imprensa e do Ins- Texto: CRISTIAN GÓES
tituto Histórico e Geográfico de Sergipe. José Antônio de Andrade Góes - É atual Fotos e reproduções: MANOEL FERREIRA
Presidente do Tribunal de Justiça e ex-presi- Fonte: História de Frei Paulo, de Antônio Porfírio de Matos
Ariston Cerqueira Passos - Toda sua vida dente do Tribunal Regional Eleitoral. Neto; Nossa Memória, Frei Paulo sua gente e sua história, de João
foi dedicada a advocacia. Trabalhou muito na- Alves de Oliveira, o João de Santa, e Enciclopédia dos Municí-
quela região e chegou a ser promotor de Jus- Ancelmo Góis - Filho de Euclides Góes. pios Brasileiros.
Gararu nasceu de um
curral de pedras
Município ribeirinho
perdeu parte
de suas terras para
Itabi e Nossa Senhora
da Glória
A
cidade de Gararu, a 161 quilô-me
tros da capital, primitivamen-te
chamou-se Curral de Pedras, em de-
corrência da grande quantidade de currais
construídos com paredes feitas literalmen-
te com pedras. Como aquele terreno era Vista parcial da cidade em 2001
bastante pedregoso, os primeiros criado-
res aproveitaram as pedras para fazer cer- incentivou a construção de uma capela, com sou a escassez dos peixes e acabou com a
cados à beira do Rio São Francisco, onde a invocação do Nosso Senhor Bom Jesus produção do arroz, provocando o fecha-
prenderam seus rebanhos de bovinos, ca- dos Aflitos. mento das duas fábricas beneficiadoras do
prinos e ovinos. Essa simples capela foi transformada, pela produto que era vendido nas feiras livres.
No início do século XVII, segundo his- resolução nº 473, de 28 de março de 1857,
toriadores, as terras onde está implantado em sede da freguesia de Nossa Senhora da O Rio São Francisco
o município pertenciam a Tomé da Rocha Conceição do Porto da Folha. Mas em 10 era um encanto
Malheiros, obtidas através de sesmaria de de abril de 1875, a povoação de Curral de
dez léguas, a partir da Serra da Tabanga Pedras passava a ser sede da freguesia de A moradora Serafina Araújo de Andra-
em direção ao sertão. Outra versão diz que Nosso Senhor Bom Jesus dos Aflitos, des- de, 85 anos, diz que sente saudades do anti-
a primeira penetração se deu com os colo- membrada da de Nossa Senhora da Con- go Rio São Francisco. O rio era um encan-
nos portugueses que foram refugiar-se na ceição da Ilha do Ouro. to, a coisa mais linda do mundo. A procis-
serra, fugidos do ataque dos holandeses, A resolução nº 1.038, de 28 de março de são do Bom Jesus era uma beleza. A várzea
iniciado em 1637. 1876, delimitou a área do município e era a riqueza da pobreza. Nas cheias o povo
Tempos depois, os refugiados deixaram mudou o nome para Gararu, que ficou cons- plantava arroz, e quando secava, plantava
as terras, que foram ocupadas por uma tituído por 34 povoados, destacando-se hoje milho e feijão, lembra ela.
tribo indígena, cujo cacique se chamava São Mateus, Lagoa Primeira, Lagoa Funda, Outra coisa que Serafina diz sentir falta é
Gararu, nome colocado posteriormente Brandão, Tijuco, Palestina e Lagoa do Por- das antigas festas de Natal. Aqui era bem
no município. Esses índios teriam sido co. Gararu já perdeu parte de suas terras animado. A marujada, o guerreiro, reisado,
catequizados pelos jesuítas, possivelmente para a criação de outros dois municípios: pastoril... Tinha muita coisa pra gente se
da missão de São Pedro, fundada no sécu- Nossa Senhora da Glória e Itabi. divertir. Eu mesma saía de porta-bandeira
lo XVIII. Desde a sua criação, Gararu tem tido uma na micareme, cantando Zé Pereira. Mas hoje
evolução muito lenta em relação a outros tem outras coisas, diz ela.
Construção da capela municípios, inclusive de alguns que já foi Genelita Medeiros, 53 anos, proprietária
sede. A construção da hidrelétrica de Xin- do Hotel Beira Rio, reforça que é muito
Com a saída dos jesuítas, em decorrência gó também prejudicou o progresso da ci- triste ver o Velho Chico secando. O rio
de uma medida tomada pelo Marquês de dade, que tinha na piscicultura sua princi- não tem mais correnteza. O local que a
Pombal, a aldeia foi povoada por sitiantes. pal atividade econômica, seguida da rizi- Deso capta água para abastecer a cidade
O espírito de religiosidade dos moradores cultura. Mas a pouca vazão das águas cau- virou um poço de água parada. Ele é ainda
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Vicente Ferreira de Aragão e cravado nesse
lugar em 10 de maio. Na véspera acontecia
a grande festa social, na Praça Rio Branco,
rodeada de barracas com diversas iguarias
(pé-de-moleque, bolos, cocadas, arroz doce,
mugunzá, etc).
Antes da presença do automóvel, o povo
chegava em carros de boi, montado a cavalo,
jumento, e muita gente vinha a pé. Lembro-
me que as pessoas traziam seus calçados pen-
durados nos dedos para não estragá-los na
estrada pedregosa. Com a infinita bondade
de povo do interior, eles traziam capões, gali-
nhas, ovos e queijo para as casas dos seus pa-
rentes na cidade, para fazer um grande ban-
quete no dia santo. Região - Noroeste (sertão)
Ainda na véspera, acontecia a quermesse Distância de Aracaju - 161 Km
População - 11.364
com barcos, curry, sempre animada com gran- Atividades econômicas - piscicultura,
des forrós promovidos por bons sanfoneiros pecuária de leite e ovinocultura.
como Zé do Aleixo, além dos filhos da terra:
a destacar Juca Sanfoneiro e Aprígio. Depois
de uma noitada de muita animação, sem nin-
guém dormir, todo povo subia em procissão,
às 4 horas da manhã, e às 5 acontecia o ato Lagoa Primeira, com a participação de bar-
religioso. cos a vela e lanchas a motor. Na chegada ao
No momento da Eucaristia, todo aquele cais, acontece o encontro das imagens e a
povo transformava-se num símbolo de re- procissão prossegue pela cidade.
ligiosidade e fé. Atentamente eu ouvia a Dentre os folguedos, vale destacar as
opinião dos mais velhos: Se chover na hora vaquejadas e pegas de boi no mato, as cava-
da missa, temos um bom inverno, caso não lhadas, que lembram a luta dos cristãos con-
chova, o ano será de dificuldades para a tra os mouros, trazidos pelos portugueses,
prejudicado pelos esgotos das casas que lavoura. E a previsão sempre era verídica. os leilões sempre acompanhados por ban-
são todos jogados diretamente no rio, Esse dia, por mais distante que esteja, o das de pífanos e sanfoneiros, onde os pre-
lamenta ela. filho de Gararu nunca esquece a subida do goeiros animam com suas rimas, versos e
Santo Cruzeiro. prosas. Atualmente está em destaque o gran-
Sentimento nativista A festa do Bom Jesus dos Aflitos, padroei- de Bola-Folha.
dos gararuenses ro do município, ocorre sempre na penúlti- A arte e a cultura manifestam-se parale-
ma semana de janeiro. Temos a missa pela lamente, ressaltando-se os penitentes da
* WOLNEY BRITO manhã e à tarde os fiéis percorrem toda a Sexta-Feira Santa; o artesanato de renda e
cidade, carregando a imagem acompanhados ponto de marca; e no período de Carnaval
A aridez territorial de Gararu contras- pela banda de música. Nesses últimos 15 anos o bloco da Lama de Berílio. Precisamos res-
ta com o Velho Chico, este magnífico rio vem ocorrendo a procissão do Bom Jesus dos gatar a banda de música, o Pastoril de Ge-
que atua como única salvação, capaz de Navegantes ao longo do rio, de Genipatuba à racina, o Reisado e o Samba de Coco do
dar vida aos homens e animais. A insen-
satez de pessoas inescrupulosas quer ma-
tar nosso rio, mas a vontade de cidadãos
de bem, junto aos beiradeiros (ribeiri-
nhos), não podem deixar isso acontecer.
E é nesse contraste que vemos os gararu-
enses viverem em harmonia.
Não poderia nesta oportunidade dei-
xar de enaltecer as grandes festas religio-
sas, os folguedos, a cultura, a arte, o es-
porte e a culinária desta terra. A festa do
Santo Cruzeiro é um ponto culminante
da religiosidade dessa gente.
Segundo a história, no início do sé-
culo XX foi levantada uma cruz de ma-
deira no ponto mais alto da cidade, que
foi trazida da Fazenda Aldeia, do Sr. Curral de pedra, que originou o nome antigo da Cidade
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Clarkson Ramos.
Não podemos esquecer figuras de senti-
mento religioso como dona Nega, Aracy,
seu Nego (responsável pelo sino da igre-
ja), Maria de Sabica (todos os dias subia o
Santo Cruzeiro para acender a luz santa),
D. Gerovina, Geracina, Argentina, Zé de
Valdivino, Manoel da Gata (coveiro). E as
figuras folclóricas como Mestre Alvinho,
Paulo Moura, Anjo Meleiro, Aprígio, Leon-
dinha e João Pedra.
Na política vale destacar as figuras
ilustres de Nelson Rezende, Antônio Re-
zende, Miguel Alves, José Soares de
Brito, José Cardoso, Zezé da Várzea
Igreja Matriz de Bom Jesus dos Aflitos, em 1983 Nova, Roberto Araújo, Antônio Rol-
lemberg, Ary Rezende, Janjão, Raimun-
Pontal de Banda. mandim, capadinho, tubarana. Até as pia- dinho, Fernando Brito, Manoel Umbe-
No esporte, quem não lembra do bas e os aragus já estão desaparecendo, pela lino, Antônio Gomes Pinto e o atual
Sport Clube Gararu (SCG), de torcedo- falta das enchentes, que enchiam as lagoas, prefeito Chico (João Francisco Albu-
res fanáticos como Pirola e Pedrinho de produziam arroz, milho, feijão de corda, querque de Oliveira).
Zé de Norte? O memorável time: Fer- legumes e verduras. Têm também os mistérios da Pedra do
nando, Florival, Hugo, Ferreira, João Não se esqueçam, passando por Gararu, Diogo com seus hieróglifos; a Serra da Ta-
Luiz, Vilton, Flamarion, Walter, Flau- para deliciarem-se com essas iguarias, te- banga onde viveu Amabílio em uma loca
bert, Wolney e Getúlio. Todos gararu- mos o Hotel de Genelita, o Bar do Gilton de pedra com toda a família; e a famosa
enses, disputando em toda margem ri- o Diabo Louro, e Gilson de Passarinho. Pedra da Joana, ponto de banho dos ho-
beirinha, de Pão de Açúcar (AL) até mens.
Neópolis, sendo mais de 2 anos invicto. Os últimos 50 anos A história de Gararu continua firme pelo
Não podemos esquecer do proprietário sentimento nativista dos que lá vivem.
e treinador Geraldo Vieira de Melo. Divagando no tempo, não poderia dei- Quero referendar o nome de dona Moça
O futebol sempre foi a grande paixão xar de enaltecer as pessoas que fizeram a Brito (mãe de Wolney Brito), como sím-
dessa gente, lembrando craques do passado história de Gararu nesses últimos 50 anos. bolo dos que acreditam nesta terra. C
como Anteógenes, Djalma, Ary, Arício, No Comércio: Sr. Ataguinam, Pedro Cor-
Santana, Zé de Vitor, João Nepomuceno, reia, Manoel Olhinho, Mané de Osório, * Médico veterinário, atualmente presidente da Emda-
Noel, Mané de Euzébio, Tiago, Natan, João seu Dedé, Antônio Almeida, Arnaldo, gro
Batista, Waguinho, Miguel de Seu Zezé, Genésio Medeiros, Vicente Rosa, Nivalda,
Walter e tantos outros. Ataíde, Manoel de Zeca. Filhos Ilustres
A culinária é por demais saborosa, desta- Na Educação: Mestre Moisés, D. Olga
cando-se a peixada, pitus, feijoada, arroz de Resende, Sônia Medeiros, Lídia, Aládia, Padre José Tomaz de Aquino Menezes
- poeta, professor do Ginásio Amazonense
feijão, cuscuz com coco e piaba torrada. Maria José, Florice, Floristéia, Fátima, Adé- e jornalista
Infelizmente, com o represamento do Ve- lia, Zilná, Cabral, Damiana e Valquílio. Os
lho Chico, já não encontramos variedades intelectuais Prof. José Augusto da Rocha Antônio de Oliveira Ribeiro - chefe de
de peixes como surubim, niquim, pacamão, Polícia no Distrito Federal e secretário no Esta-
Lima, Mons. Edgard Brito, Elísio Araújo, do de São Paulo
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General Maynard
já foi Marcação
Emancipada
há apenas 38 anos,
General Maynard
cultiva tradições
centenárias
D
a época do desmembramento da
aldeia de Rosário do Catete do
município de Santo Amaro das
Brotas, em 1836, ainda restam registros da
existência de um povoado denominado
Marcação. Apesar de relativamente antigo,
o povoado só foi alçado à posição de muni-
cípio em 1963, quando a Assembléia Legis-
lativa do Estado, através do Decreto-Lei nº
1229, de 21 de novembro, acatou o pedido
de emancipação apresentado pelo deputa- Igreja Matriz: construída no início do século passado
do Fernando Leite e foi, a seguir, sanciona-
do pelo governador João Seixas Dórea. do município, José Teles Barreto, só assu- outros municípios através da estrada que
Foi assim que surgiu o município de Ge- miu em 1965. cortava o terreno que mais tarde se tornaria
neral Maynard. O nome do novo municí- um povoado.
pio foi uma homenagem prestada a Augus- Versão popular Aos poucos foram aparecendo os case-
to Maynard Gomes, interventor-adminis- bres. Nessa época Marcação não passava de
trador de Sergipe, general do Exército, go- Segundo o domínio popular, que localiza uma pequena povoação de casas à margem
vernador e senador por duas vezes. Ele, na a história da Vila de Marcação muito antes de uma estrada, mas até hoje ainda existem
realidade, nasceu no Engenho Campo Re- de sua emancipação e renomeação para moradores que descendem das primeiras
dondo, em General Maynard, na época General Maynard, o povoado originou-se famílias que resolveram fixar-se no local.
Marcação, que integrava o município de de um marco de divisão das terras de Japa- Entre a população local, ainda podem ser
Rosário do Catete. Quando houve a mu- ratuba com o Catete, nos primeiros anos encontrados descendentes das famílias Costa,
dança do nome da cidade, os moradores do século XIX. Espírito Santo, Figueiras, Bomfim, Muniz
ficaram revoltados por não terem sido con- A divisão foi feita às margens do Rio Barreto, Ismerim e Gonçalo Vieira.
sultados a respeito. Papatu, hoje denominado Japaratuba. Os No livro Uma experiência da coloni-
A razão da emancipação, segundo histo- antigos moradores afirmam que por esse zação na Cotinguiba sergipana, do histo-
riadores, foi política. As eleições de Rosá- local passavam tropeiros, que viajavam de riador Agamenon Guimarães de Oliveira,
rio do Catete eram decididas no Povoado Santo Amaro, Laranjeiras, Maruim e até existe outra versão para o surgimento de
Marcação, que era bastante populoso, ex- mesmo Aracaju para Propriá, e convencio- Marcação. Segundo ele, o povoado nasceu
plica a pesquisadora Maria Lúcia Marques, naram o marco como ponto de encontro, no final do século XVIII, fase de ascensão
da Universidade Tiradentes. O rateamento por isso o nome Marcação. do açúcar, quando os fazendeiros aprovei-
de votos entre as lideranças políticas foi o O local não era totalmente despovoado, tavam para utilizar o rico solo de massapê
grande motivo para criação de vários mu- já existiam vários engenhos de açúcar, mas para fazer seus plantios na região, e os tra-
nicípios nessa mesma época. Apesar de des- o aglomerado urbano só foi realmente for- balhadores e comerciantes, que dependiam
membrado em 1963, o primeiro prefeito mado com as pessoas que chegavam de da economia dos engenhos, instalavam-se
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1958. Nos anos seguintes também foram
inaugurados o posto médico e Caixa Dágua
(1962); o posto policial (1964); e o merca-
do municipal (1967). Nesse período de cres-
cimento surgiram os dois times de futebol
que são orgulho da cidade: São João Fute-
bol Clube (1938) e Verde Estrela Futebol
Clube (1954).
A construção da BR 101, que acabou
substituindo a BR-11 (que cortava General
Maynard), acabou contribuindo para o atra-
so do município. A cidade ficou reduzida a
uma ilha, reclama a professora Onília da
Silva, que pesquisa a história local.
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local, existe um cavalinho da Petrobras. somos e como chegamos aqui, explica a
Dos grandes sobrados, testemunhas da aposentada.
época áurea da cana-de-açúcar da região, só A pesquisadora não recebe apoio de ne-
resta o da Fazenda Bulandeira, que perten- nhuma instituição para realizar esse tra-
ceu a Ernesto Muniz Barreto, hoje admi- balho, mas, apesar disso, não se arrepen-
nistrado por seus descendentes. Em péssi- de das horas gastas na coleta de dados.
mo estado de conservação, o sobrado está Esse trabalho é a minha vida, afirma
seriamente ameaçado. com convicção.
Na Fazenda Caldas, onde vivia o General Entre outras coisas, Onília descobriu o
Maynard, não resta nenhum dos quatro ca- caso do maynardense José Alves dos San-
nhões que decoravam os muros que ladea- tos, que em 1969 aplicou um dos golpes
vam a casa, imitando uma fortaleza. Tanto mais famosos do Brasil, o da venda de ter-
a sede da fazenda, como a capela onde se renos na Lua. Na época vivendo numa ci-
encontram os restos mortais do militar, es- dade mineira, Zé Alves, como é conheci-
tão completamente em ruínas. É triste ver do, aproveitou o frisson causado pela che-
monumentos como esses completamente gada do homem à Lua para lotear o satélite,
abandonados pelas autoridades, relegados vendendo terrenos para os incautos.
ao esquecimento e à destruição, lamenta a
professora e historiadora Elenildes Santos, Esperança para
que vive em General Maynard. General Maynard Augusto Maynard Gomes: filho ilustre
nas reminiscências (o que se conserva na na cidade. Os cidadãos, por sua vez, são
memória) do povo do lugar. Tenho um mantidos por empregos na prefeitura ou *Professor e secretário de Educação do Município
grande amor pela minha terra, por isso em Carmópolis, nas empresas prestadoras
preciso conhecê-la melhor, descobrir quem de serviço. Filhos Ilustres
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Graccho Cardoso
a terra dos tamanduás
A
cidade de Graccho Cardoso, dis
tante 118 quilômetros da capital,
nasceu e cresceu ao redor de uma
lagoa onde existiam bastante tamanduás.
Por possuir muitos formigueiros, a região
se tornava um paraíso para esse animal,
principal predador da formiga. Em decor-
rência disso, a povoação ficou conhecida
como Moita do Tamanduá, nome que foi
mudado em 1958, mas até hoje os mais
antigos insistem em chamá-la pelo nome
primitivo.
A nova denominação do município não Igreja Matriz da cidade que tem como padroeira Nossa Senhora da Piedade
agradou grande parte dos moradores, que
queria a permanência do nome da funda- a criar gados bovino, caprino e equino. nhora da Piedade, onde o vigário de Aqui-
ção ou Nossa Senhora da Piedade, nome da Passaram-se cerca de 20 anos para surgir dabã ia aos domingos celebrar a missa.
padroeira da cidade, homenageada anual- a primeira casa do povoado, construída por Foi em 1900 que teve início a primeira
mente com novenas realizadas no último Justino Vieira dos Santos, filho de Luiz de feira livre, mantida até hoje, já com o sur-
domingo de maio. França. Ele casou-se e manteve a família na gimento de um açougue para corte regular
Mas a vontade do povo não foi respeita- localidade, atraindo, assim, outros familia- aos domingos de bovinos e suínos. Em
da. Prevaleceu um acordo político, feito res e fazendeiros que contribuíram para o 1925, o primeiro bispo de Aracaju, d. José
entre o primeiro prefeito do município, José crescimento da pecuária no local. Soma- Tomaz Gomes da Silva, encarregou o padre
Eunápio dos Santos, e o seu cunhado Ma- ram-se a ele, os fazendeiros Ireno Pacheco, Carlos Carmelo Costa para construir uma
noel Nicanor. Eles quiseram homenagear Manoel Alcino do Nascimento, Ernesto nova capela, maior, mais confortável, para
Maurício Graccho Cardoso, governador do Joaquim dos Santos. Aristides Gomes Ara- atender melhor os fiéis. Então a antiga ca-
Estado de Sergipe no período de 1922 a gão, João (Jason) Francisco de Aragão, pela deu lugar à igreja matriz, construída
1926, por ser o primeiro mandatário do Acelino José da Costa, entre outros. em terras doadas por Antônio Maria dos
Estado a visitar aquela povoação. Santos.
A ex-Moita do Tamanduá surgiu com a História antiga Em 1943 a Vila de Tamanduá foi oficia-
chegada de dois irmãos, Luiz e Manoel Cris- lizada. Dez anos mais tarde foi instalada
tóvão de França. Por volta de 1776, após A povoação cresceu lentamente. Após energia elétrica e, a partir daí, começou a
cometerem um assassinato por vingança, essa primeira penetração na região, levou luta pela emancipação. A Lei nº 525-A, de
eles teriam se escondido por lá. Por causa cerca de um centenário para contar 20 25 de novembro de 1953, sancionada pelo
desse crime, de fugitivos eles acabaram se moradias e uma casa de oração, construída governador Arnaldo Garcez, criou o muni-
transformando em fundadores de mais um em um lugar chamado Cruz do Agostinho. cípio, que foi emancipado de Aquidabã. Mas
novo município sergipano, onde passaram Em 1899 já existia a capela de Nossa Se- só foi instalado oficialmente em 5 de feve-
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Ele informa que Lampião também pas-
sou por lá. Os cangaceiros entraram
aqui, beberam, mas não fizeram nada com
ninguém. O povo morria de medo. Quan-
do alguém falava que ele ia passar por
aqui, todo mundo ia dormir no mato,
lembra ele.
A esposa de seu João, Maria Lindete de
Aragão, 71 anos, confessa que os morado-
res não gostaram da troca do nome da cida-
de. Muita gente não gostou, porque ele
(Graccho Cardoso) não fez nada aqui. O
povo queria que continuasse Tamanduá ou
que botasse o nome da padroeira, Nossa
Senhora da Piedade, diz.
Região - Sertão do São Francisco
Distância de Aracaju - 118 KM Um aposentado da prefeitura, Manoel
População - 5.516 mil Vandevaldo Santana, 80 anos, também não
Atividades econômicas - Pecuária, gostou da mudança do nome. Eu não con-
agricultura . Na indústria, o município possui casas de farinha
, fábrica de queijo e requeijão. cordo com a mudança do nome. Se você João Joaquim - aqui existia muito tamanduá
sair perguntando por aí, a maioria dos mo-
radores não concorda. Ele nunca fez nada cho Cardoso. Ele retrata toda a cultura
por aqui, reforça Vandevaldo. do município e é um intercâmbio entre
Segundo ele, foi o oficial de registro civil outras cidades da região. São três dias de
reiro de 1955, quando foi eleito o primeiro Manoel Nicanor, cunhado do prefeito José festa cultural.
prefeito, José Eunápio dos Santos, o Gato, Eunápio, quem o convenceu a efetuar a troca Sandra é também coordenadora do Pro-
forte líder político que administrou a cida- do nome da cidade. Foi interesse político. grama de Alfabetização Solidária, que tra-
de por duas legislaturas. No fim, o próprio Gato acabou se arrepen- balha com jovens e adultos que não pude-
Hoje a lagoa não existe mais, muito me- dendo de ter mudado o nome, afirma Van- ram freqüentar a sala de aula na idade regu-
nos os tamanduás. Surgiu no seu lugar o devaldo. lar. Estamos tendo grande êxito. Reduzi-
Tanque Grande, onde hoje encontram-se a Segundo ele, o que existe de mais inte- mos consideravelmente o número de anal-
Praça Ovídio Aragão e uma quadra de es- ressante na cidade é a barragem Três Bar- fabetos no município, comemora.
portes. A sociedade graquense foi formada ras, no povoado do mesmo nome, onde a Ela destaca também a atuação do grupo
praticamente de familiares. Inclusive o pri- população vive da pesca. Aquilo lá é uma de jovens Nós mais Nós, que tem feito
meiro prefeito, Gato, é descendente do fun- beleza. Junta-se água dos riachos São Lou- apresentações de conhecidas peças teatrais.
dador do município Luiz de França. renço, Tamanduá e Tiros, que leva água para Já apresentamos O Alto da Compadeci-
o Rio Gararu, que vai desaguar no São Fran- da, A Morte e Paixão de Cristo e A Morte
Não gostei da troca do nome cisco, explica ele. da Mãe dos Cangaceiros.
Sandra lembra também que Graccho
O agricultor João Joaquim dos Santos, Grupo de teatro Cardoso já foi o primeiro produtor de aba-
78 anos, irmão do primeiro prefeito da ci- e o Festival de Cultura caxi e hoje disputa o pódio com Aquidabã.
dade, lembra do povoado que cresceu cha- A maior produção encontra-se nos povoa-
mando-se Moita do Tamanduá. Tinha mui- A universitária Sandra Maria de Santa- dos Ponto Chique e Queimada Grande.
tas árvores. Era uma mata e existiam mui- na destaca a realização do Festival de Cul-
tos tamanduás naquela lagoa. tura e Arte, realizado anualmente em Grac- Cidade evoluiu, apesar
de pequena
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A indicação foi formulada na primeira
legislatura pelo vereador José Custódio
Dória e sancionada pelo prefeito José Eu-
nápio dos Santos.
Pretendeu-se reverenciar o nome de Grac-
cho Cardoso. O reconhecimento dos ex-
tamanduaenses ao sergipano se justifica
pelos feitos que este realizou como admi-
nistrador e homem da política. Suas ações
compreendiam uma visão de modernida-
de, que se inspirava nas grandes capitais,
como Rio de Janeiro e São Paulo.
Ainda com pouca idade e trilhando um
novo século, Graccho Cardoso comprova Casamento de matuto com cavalo-de-pau: realizado no dia de São Pedro
evolução. Entretanto é cidade pequena,
como a maior parte das cidades sergipanas, Barragem Três Barras e festivais de cultura. a Senhora da Piedade.
e não se enquadra no perfil de moderna. E A fé também é um ponto alto no muni-
como se comprova sua evolução? No de- cípio. Além da festa da padroeira, Nossa Fundada por Luiz de França,
correr de sua história este torrão conse- Senhora da Piedade, acontece também a denominado Tamanduá
guiu manter-se como emancipado. do Cruzeiro do Senhor dos Pobres, no Po- perto da Cruz do Agostinho,
Para tanto, foi a sua gente que assumiu voado Gavião. onde o gado ia pastar!
essa terra, que tinha seus líderes sob a inspi- Na área de turismo o município possui o
ração de um futuro próspero e grandioso e açude Três Barras, o maior de todo o Esta- Na luta pela emancipação,
que ansiava o moderno - hoje orgulha-se do, proporcionando alimento e encanto ao Sergipe ouviu o teu reclamo,
desta realidade. Representa-se por nomes que o visitam. É, portanto, por essa diversi- era o progresso futuro,
que ascenderam em várias áreas de atuação. dade que Graccho Cardoso merece enalte- que por aqui ia chegando!
Assim, hoje, nomes de graquenses apare- cimento. Não sente como aspecto negati-
cem com títulos de graduação e pós-gradu- vo a sua realidade de cidade pequena, não Dentre tantos filhos ilustres,
ação nos campos da Medicina, Educação, moderna, pois mesmo assim fez com que Eunápio foi o primeiro,
Direito, Segurança, Política, Cultura... seus filhos e sua história muito evoluíssem. a ganhar a prefeitura
Vale ressaltar o que temos vivenciado tornando-se assim, o primeiro!
como motivos para que exaltemos a ex- *Formado em História pela UFS e professor no município
Moita de Tamanduá: temos tido anualmen- de Monte Alegre Passados anos e anos,
te o ingresso de estudantes nas universida- consolidada a emancipação
des; temos pleiteado cargos eletivos em Hino do município reclama por novos dias,
nível de política estadual; temos realizado toda a tua população!
várias manifestações artístico-culturais. Graccho Cardoso, Graccho Cardoso, tor-
Entre elas, as festas folclóricas: reisado e rão lindo e formoso, o teu passado de Gló- Agora formosa e linda,
danças juninas; exposição do artesanato: ria, (refrão) muito ainda tens a plantar,
rendendê; representação teatral: com ato- Testemunha a tua vitória. nos corações dos teus filhos,
res da terra; festas carnavalescas: blocos do Surgiste ao redor de uma capela, para a paz concretizar C
Filhos ilustres
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Ilha das Flores
é literalmente uma ilha
Povoação fundada
pelos jesuítas recebeu
esse nome pela grande
quantidade de flores
nativas que possuía
I
lha das Flores, a 135 quilômetros da ca
pital, inicialmente chamou-se Ilha dos
Bois por ter nascido de um curral de Ilha das Flores: nome surgiu da grande quantidade de boas-noites que existiam
gado. Depois teve o nome trocado em de-
corrência da grande quantidade de flores o coronel Agripino do Aracaré, de Vila lugar onde nasceu do município do qual
nativas que cobriam as terras que forma- Nova, hoje Neópolis. era prefeito.
ram o município, que é uma ilha cercada Esse coronel prosseguiu comprando e De posse dos documentos, Luiz Lisboa
pelo Rio São Francisco e os riachos Bongue vendendo gado até sua morte, quando a foi a Propriá e solicitou ao deputado Jessé
e Aterro. esposa assumiu os negócios. Porém não deu Trindade, amigo do governador Leandro
A história dessa cidade começou em 15 certo, ela acabou vendendo a boiada e do- Maciel, para apresentar o projeto na As-
de fevereiro de 1826, com a chegada dos ando as terras ao padroeiro do município, sembléia Legislativa. Ele me pediu para
padres jesuítas em Cajuípe de Cima, Brejo Santo Antônio. A terra doada foi dividida falar com cinco deputados do meu partido,
Grande. Eles permaneceram por muitos entre vários posseiros, que construíram de- o PSD, para garantir a aprovação. Conse-
anos realizando missões em várias localida- zenas de barracas no local e deram o nome gui facilmente porque todos já conheciam
des, onde recebiam de presentes bois com de Arraial de Santo Antônio. a vila e sabiam que era merecedora da eman-
os quais formaram um arraial onde está cipação, lembra ele.
implantada Ilha das Flores. Emanicipação do Município No dia 1º de julho de 1958, o deputado
Como os jesuítas necessitavam de alguém Jessé apresentou o projeto, que foi apro-
para cuidar dos animais, chamaram o cabo- A Ilha prosperou bastante. Em 7 de abril vado por maioria absoluta. A lei entrou
clo Manuel Ricardo para ser o vaqueiro e de 1947, com a iniciativa do farmacêutico em vigor no dia 1º de janeiro de 1959 e, a
também encarregado de encontrar um lo- ilhense Luiz Ferreira Lisboa, hoje com 92 partir daí, o município de Ilha das Flores
cal onde plantariam capim para alimentar anos, passou à condição de povoado. Na passou a ser sede dos povoados Aroeira,
o gado. Ele escolheu uma parte alta e con- época, ele era prefeito de Parapitinga, hoje Jenipapo e Serrão.
vidou moradores vizinhos para fazer roças Brejo Grande, e conseguiu em 15 de abril
e plantar o capim. de 1950, através da lei 823, transformar a Primeira Administração
No local escolhido, que recebeu o nome povoação em vila.
de Ilha da Boa Vista e depois Alto de Ilha Luiz Lisboa (antigo dono da Fazenda Ca- A eleição ocorreu em 31 de março de
dos Bois, foram construídos um curral e bacinha, ex-delegado, ex-vereador e ex- 1960, sendo eleitos o prefeito José Antô-
uma casa. Quase dez anos depois, em 15 de prefeito) foi também o responsável pela nio Pereira (Zeca Pereira, dono da Fazen-
março de 1835, os padres jesuítas foram emancipação da vila. Enquanto adminis- da Betume) e os vereadores Wilson Perei-
expulsos pelas tropas portuguesas e entre- trava Brejo Grande, providenciou a docu- ra, Evaldo Calixto, José Filinto Calumbi,
garam as terras ao chefe político da região, mentação necessária para desmembrar o Júlio Cravo e Ananias Cardoso. Eles assu-
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Rio São Francisco: beleza e garantia de
alimentação
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de pessoas perambulando pelas ruas, sem
ocupação, é cada vez maior.
As máquinas, que a princípio represen-
tavam desenvolvimento, hoje substitu-
em o homem, tornando-o refém desse
novo modelo. Ilha das Flores atualmente
agoniza com o título de um dos municí-
pios mais pobres do Estado de Sergipe,
contrastando com um quadro de abun-
dância e sem fome que outrora foi orgu-
lho dos moradores.
A esperança hoje é depositada no prefei-
to Anilton Pereira (administração de 2001
a 2004), que se apresenta com propostas e
Visão parcial do centro de Ilha das Flores projetos, visando à geração de emprego e
renda nos setores do turismo e agroindus-
trial, através de parcerias institucionais e
no campo, no plantio de arroz, na caça ou plexo, à passagem de grandes manadas pe- implantação de programas participativos,
na pesca. las ruas da cidade para transferência de pas- com envolvimento das associações e Con-
Não existia tanto sofrimento nem tanta tagem, num desfile exuberante de demons- selhos Comunitários. C
pobreza. Não existiam mendigos ou pedin- tração da riqueza local.
tes pelas ruas. O povo possuía ocupação de No setor Industrial, o José Felinto Ca- * Administrador de empresas, professor da Faculda-
onde tirava seu sustento. Enquanto isso, as lumby foi o primeiro a tomar a iniciativa de São Luiz e filho de Luiz Ferreira Lisboa
crianças usufruíam do direito de ser crian- do desenvolvimento, instalando fábricas de
ça. Jogavam bola nas ruas e no areal em beneficiamento de arroz, produção de sa- Filhos ilustres
frente à igreja; tomavam banho na Barra bão e refinaria de açúcar. Logo em seguida,
do Poço, no Bongue ou na Bucha; pulavam a família Calixto instalou outra fábrica para Eurico Leite Lisboa - Administrador
no rio através das árvores ou das pontes; beneficiar arroz. Essas famílias proporcio- de empresas e consultor do Banco Mundial
no Pronese
caçavam com cães; jogavam petecas; fazi- naram grande avanço da economia local,
am arapucas; pescavam com anzol ou re- com muitas oportunidades de emprego e Unaldo Leite Lisboa - Economista e
des, e pegavam pitu no mergulho. desenvolvimento. analista de Sistema do Serpro
Quanta saudade da minha terra daquele Hoje, foram construídas hidrelétricas que Napoleão Leite Lisboa - ex-diretor do
tempo. Lembro dos primeiros passos do alteraram o curso natural do Velho Chico, INSS em Sergipe e professor da Unit
progresso. No setor comercial, a família impedindo as enchentes que, embora ame-
Antônio Lisboa Neto (Lisboa Ca-
Lisboa, através de Luiz Ferreira Lisboa, in- açadoras, carregavam no seu leito grandes beleireiro) - advogado e técnico da DRT/SE
crementou grande impulso ao desenvolvi- benefícios com a abundância de peixes e a
José Calumby Filho - médico angiolo-
mento da Ilha, com uma farmácia e uma adubação natural das terras do arroz, que gista
mercearia, além dos negócios com arroz, garantia a sobrevivência da população.
coco e gado. A minha querida Ilha sofre do desgaste Luiz Leite Calumby - ex-comandante
da Capitania dos Portos
A família de Zeca Pereira, do Povoado da descontinuidade. Não possui mais fábri-
Serrão, se destacava no setor agropecuário. cas nem oportunidades de emprego. As ruas Paulo de Deus - Engenheiro e prefeito
Em muitas ocasiões cheguei a assistir, per- são desgastadas pelo tempo e a quantidade de Paulo Afonso, BA
Í
ndia Bela ou, simplesmente, Indiaroba.
Boa parte da história deste município,
que fica a 100 quilômetros de Aracaju,
foi marcada pelas disputas entre Sergipe e
Bahia. A região que forma as terras de In-
diaroba, entre os rios Sagüim e Rio Real,
foi alvo de uma ferrenha disputa judicial
entre políticos sergipanos e baianos, que Indiaroba: disputa entre Bahia e Sergipe
durou mais de 100 anos.
Os moradores de Santa Luzia do Rio Real cido como Povoado Convento. Os padres Espírito Santo. Quando terminou a festa,
(hoje, do Itanhi) defendiam que aquelas abriram o caminho com a catequese para os moradores de Abadia retornavam à vila,
terras pertenciam a eles. Mas os políticos e a chegada dos exploradores portugueses que quando um temporal caiu sobre o povoado
a população de Abadia (hoje Jandaíra) na foram para lá criar gado. Mas por ser estra- em pleno verão, impedindo a viagem dos
Bahia, afirmavam que Indiaroba pertencia tégico, a povoação se mudou e foi reforça- moradores e da Pomba do Espírito Santo.
a São Salvador. O curioso é que as disputas da às margens do Rio Real. Isso teria acontecido por três vezes. As-
começaram depois que o ouvidor de Sergi- Essa povoação recebeu o primeiro nome sim que se preparavam para voltar à Aba-
pe, em 1728, criou a Vila de Abadia. Mas de Feira da Ilha porque comerciantes de dia, caía um temporal. Diante da coinci-
ele cometeu um erro. Dizia que as provín- Abadia traziam mercadorias, através do Rio dência, a Feira da Ilha passou a ser conheci-
cias de Sergipe e Bahia eram divididas pelo Real, para vender ou trocar por coco, mi- da como a Terra do Divino Espírito Santo.
rio Sagüim e não o Real. lho e feijão com os colonos que habitavam A imagem da pomba ficou definitivamen-
Mas antes de os portugueses chegarem a região. Supondo que as terras formavam te em terras sergipanas. Os moradores co-
por lá, os navegadores franceses já tinham uma ilha, a povoação ficou chamada de meçaram a chamar a povoação de Espírito
uma relação comercial com os índios tu- Feira da Ilha. Santo do Rio Real, que acabou sendo o pa-
pinambás, principalmente levando madei- Os colonos da Feira, influenciados por droeiro da povoação.
ra. Com a conquista de Sergipe por Cristó- religiosos de Abadia, improvisaram uma
vão de Barros, em 1590, foram dadas as capela e deram o nome de Nossa Senhora De Vila a República
primeiras sesmarias na região de Indiaroba, da Conceição, que foi eleita padroeira da
mas por conta da resistência dos índios, Feira da Ilha. Em volta da igreja, mais casas Em 20 de março de 1846 a freguesia foi
aquelas terras não foram ocupadas. começaram a surgir e a povoação crescia. transformada em vila com o nome de Vila
do Espírito Santo do Rio Real. O curioso é
Padres, Hospício e Nomes Espírito Santo que, pela lei de 9 de abril de 1870, a sede da
vila foi transferida das margens do Rio Real
Por volta de 1750, os padres jesuítas, atra- Em dezembro de 1811, por ocasião da para o povoado de Santo Antônio do Cam-
vessando o Sagüim e vindos de Santa Luzia, festa da padroeira da Feira da Ilha, o povo pinho (hoje, povoado Preguiça de Cima).
chegaram às terras de Indiaroba. Lá, levanta- católico de Abadia compareceu em massa, Supõe-se que o motivo da mudança é que o
ram um hospício e a capela de Nossa Se- atravessando o Rio Real. Eles trouxeram povoado é localizado numa parte alta e dava
nhora do Carmo. Hoje, esse local é conhe- para a povoação a imagem da Pomba do para avistar à distância quem chegasse pelo
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Região - Sul de Sergipe
Distância de Aracaju - 100 km
População - Cerca de 12 mil
Atividades econômicas - Peixes e mariscos
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Povoado Convento: Indiaroba começou aqui
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MKT©
A EMSERGÁS contribui
com a modernidade de Sergipe.
A Empresa Sergipana de Gás contribuir com o
S.A. - EMSERGÁS é uma desenvolvimento econômico-
empresa de economia mista social de Sergipe.
do Governo do Estado de O Gás Natural, sendo um
Sergipe que tem mais dois combustível limpo e de uso
sócios - a GASPART eficiente e seguro, chega às
(empresa privada) e a sociedades mais evoluídas
GASPETRO (integrante da neste milênio como a
holding PETROBRÁS). A alternativa energética mais
EMSERGÁS, concessionária moderna para substituir a
dos serviços de distribuição lenha, o óleo combustível, o
de gás canalizado em todo o diesel, a gasolina e, ainda,
Estado, foi constituída com o nas grandes concentrações
objetivo de atender às urbanas, o GLP.
demandas de Gás Natural
(GN) emanadas dos diversos
segmentos de mercado
(industrial, domiciliar,
automotivo e institucional),
promovendo investimentos
em redes de gasodutos de
distribuição que possam
Itabaiana
o coração
de Sergipe
Inicialmente Arraial
de Santo Antônio,
o município ficou
conhecido por sua
tradição no comércio
O
início da colonização das terras ita
baianenses remete-se a 1590, quan
do a expedição de Cristóvão de
Barros liquidou os indígenas e iniciou o pro-
cesso de colonização de Sergipe. Datam
dessa época as primeiras notícias de terras Igreja Matriz de Santo Antônio: marco secular
doadas a sete lavradores para colonizarem
as circunvizinhanças do Rio Sergipe. mente um sítio de propriedade do pároco ogo Pacheco de Carvalho, em 1698, sob a
A primeira sesmaria é dada a Ayres da de São Cristóvão, padre Sebastião Pedroso denominação de Vila de Santo Antônio e
Rocha Peixoto, casado com uma neta de de Goes, que vendeu em 9 de julho de 1675, Almas de Itabaiana. Em 1727, aparecia
Caramuru. Suas terras atingiam áreas com- por Rs 60$000, à Irmandade das Almas como já possuindo sua Câmara represen-
preendidas entre os rios Japaratuba e Sergi- de Itabaiana, sob a condição de nele ser re- tando o município.
pe, correspondendo, dentro de um mapa edificado um templo sob a invocação de
atual, aos municípios de Itabaiana, Riachu- Santo Antônio e Almas de Itabaiana. Se- Adornos e fantasia
elo e Santo Amaro das Brotas. gundo o historiador Sebrão Sobrinho, a in-
É nesse período que ocorre o povoamen- tenção do padre Sebastião era ver a concre- Do roteiro de minas de Belchior Dias
to e colonização de Itabaiana em grande tização da criação da Freguesia de Santo Moreyra, que andou por Itabaiana logo no
escala, com a distribuição de terras, notada- Antonio e Almas de Itabaiana e, para tan- início da colonização da capitania, deduz-
mente aquelas situadas às margens do Rio to, se fazia necessário que a igreja fosse edi- se que naquela serra se encontravam jazidas
Jacarecica. ficada em terreno próprio. Como a capela de grandes riquezas minerais, sobretudo de
Os colonos contemplados com tais ses- de Santo Antonio estava edificada numa metais preciosos. Em seis ensaios ele fazia
marias, se espalhando em sítios pelas mar- fazenda de propriedade particular, jamais a menção à prata, ao salitre e ao ouro da
gens do rio, vão fundar o Arraial de Santo freguesia poderia ser criada. Serra de Itabaiana Assu.
Antônio, a primeira povoação de Itabaia- Com a venda da Caatinga de Ayres da Mas de concreto, nada se pôde colher,
na. Esse local hoje é conhecido por Igreja Rocha à Irmandade, foi edificada a Igreja, tendo Clodomir Silva, no Álbum de Sergi-
Velha, a uma légua do atual centro da cida- passando este lugar a sede da vila, que até pe, de 1920, se referido como adornos da
de, erguendo-se uma capela, fundando a então funcionava na Igreja Velha. A povo- phantazia. De fato, segundo o historiador,
Irmandade das Santas Almas. Esta capela é ação foi crescendo e já pelo ano de 1678, os informes a respeito da existência das
registrada no mapa de Barleus, durante a Itabaiana era distrito, possuindo paróquia minas baseavam-se na versão do povo e nas
invasão holandesa, datado provavelmente desde 30 de outubro de 1675, permanecen- informações de parentes e afeiçoados da
de 1641, data em que os holandeses pesqui- do a invocação de Santo Antonio. A paró- família do explorador.
saram ouro na Serra de Itabaiana. quia foi criada pelos governadores do Arce- A Vila de Santo Antônio e Almas de Ita-
O local onde se encontra hoje a sede do bispado, na ausência do arcebispo dom baiana foi elevada à categoria de cidade em
município, conhecido no século XVI como Gaspar Barata de Mendonça. 28 de agosto de 1888, na presidência de
Catinga de Ayres da Rocha, era primitiva- A Vila foi levantada pelo ouvidor d. Di- Francisco Paula Prestes Pimentel. Na divi-
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Região - oeste (Agreste)
Distância de Aracaju - 56 km
População - 76.803
Atividades econômicas - Grande produtor de
mandioca, tomate, batata-inglesa e cebola. O comércio desta-
ca-se em decorrência do grande número de estabelecimentos
comerciais, principalmente o de ouro.
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são de acontecimentos criou um clima de
animosidade contra a dominação euclidia-
na em Itabaiana, cujo agravante foi a ques-
tão da água. A Prefeitura não aceitava que
uma empresa de fora realizasse as obras no
município. Antônio Mendonça resolveu
fotografar a manifestação, surgiu então um
bate-boca seguido de tiros. Ele e seu pai,
Euclides Paes Mendonça, foram assassina-
dos. Segundo os historiadores oficiais, não
se sabe ao certo a procedência dos tiros.
1964 - Golpe militar, em nível nacional,
Serra de Itabaiana: origem do nome da cidade
desintegra o sistema partidário.
levada, em procissão, para a capelinha. Não primeiro prefeito do município, Sílvio Tei- 1966 - Francisco Teles de Mendonça
se tem data exata do início da construção xeira, e vereadores. (Chico de Miguel), que era amigo, e não
da nova Igreja, sabe-se que a Igreja velha 1941 - Sílvio Teixeira pede exoneração e parente, de Euclides, foi se impondo ao elei-
funcionou até 1737, mas já sem grande fre- é substituído por Manuel Francisco Teles. torado. Nesse ano, já na Arena, foi eleito
qüência, porque a transferência do padroei- 1945 - Luiz Magalhães assume a prefei- deputado estadual.
ro significou também mudança da sede do tura e, no mesmo ano, entrega a Manuel 1968 - Manoel Teles, principal inimigo
arraial para o outro sítio. Ficou, porém, a Francisco Teles. de Euclides, foi assassinado. O pistoleiro
lenda do Santo Fujão. 1946 - O município sofre intervenção e paraibano, Antonio Letreiro, atirou à quei-
Francisco Teles é exonerado. ma roupa. Chico de Miguel foi apontado
Antiga instituição musical do Brasil 1947 - O governador de Sergipe, José como autor intelectual do crime. Mas nada
Rollemberg Leite, exonera todos os prefei- foi provado. C
A Filarmônica Nossa Senhora da Con- tos do Estado. No mesmo ano, uma nova
ceição é um desdobramento de uma agre- eleição culmina com a vitória de Jason Filhos Ilustres
miação musical instituída em meados do Correia, frente a Euclides Paes Mendonça. José Jorge Siqueira Filho - poeta
século XVIII, denominada Orquestra Sa- Jason empreendeu uma política truculenta
cra. Era um instrumental e Coral da Igreja contra os adversários políticos. Etelvina Amália de Siqueira - poetisa e jor-
nalista
Matriz da Freguesia e Vila de Santo Antô- 1950 - Euclides Paes Mendonça (UDN),
nio e Almas de Itabaiana, da Capitania de comerciante próspero, finalmente ingressa José Calazans - general do Exército e primei-
ro presidente constitucional de Sergipe, em 1892
Sergipe Del Rey. na política sob a influência de Otoniel da
O grupo foi criado pelo vigário licencia- Fonseca Dória e concorre com Manoel Te- Sebrão Sobrinho - historiador, membro da
Academia Sergipana de Letras
do Francisco da Silva Lôbo e, originaria- les (PDS) à Prefeitura. Vence, e a partir
mente, destinava-se principalmente aos atos dessa data ocorre sua ascensão política, de- Gentil Barbosa - dono da rede de supermer-
cados G.Barbosa
religiosos. A maior glória da orquestra foi tendo o poder de forma direta ou indireta.
ter como um dos seus membros, como can- 1954 - Euclides apóia Serapião Gois a Oviêdo Teixeira - grande empresário
tor e flautista, o então professor de Latim, prefeito e sai vitorioso, derrubando o ad- José Carlos Teixeira - ex-deputado federal,
Tobias Barreto de Meneses. versário, o médico Pedro Garcia Moreno. ex-vice-governador, ex-secretário da Indústria
e Comércio.
Em fevereiro de 1879, o professor e com- Nesse ano ele também é eleito como depu-
positor Samuel Pereira de Almeida mudou tado estadual. Maria Thetis Nunes - professora, historiado-
ra, escolhida como a sergipana do século XX
o nome da orquestra para Philarmônica 1958 - Euclides vence, outra vez, a elei-
Euphrosina, da qual fizeram parte o gene- ção para prefeito. Seu adversário foi José Antônio Oliveira - intelectual
ral José Calasans e um dos mais influentes Araújo Tavares. Wladimir Carvalho - juiz do Tribunal de Jus-
políticos da região, o coronel José Sebrão 1962 - Euclides candidatou-se a deputa- tiça Federal
de Carvalho. Em outubro de 1897, o maes- do federal e apresentou seu filho, Antônio Melcíades de Sousa - artista plástico, cantor
tro Francisco Alves de Carvalho Júnior tro- Oliveira Mendonça, a deputado estadual. e compositor
cou o nome da instituição para Philarmô- Venceram. No entanto, essa trajetória polí- Antônia Amorosa de Menezes - cantora
nica Nossa Senhora da Conceição. Na época tica ascendente foi abalada quando Leandro
Alberto Carvalho - advogado, crítico de ci-
já era considerado como o conjunto musi- Maciel, chefe político da UDN na esfera nema, poeta e cineasta
cal mais antigo do Brasil, fundado há mais estadual, perdeu o governo para Seixas
Pedro Garcia Moreno - médico pediatra
de dois séculos, sem descontinuidade. Dórea, dissidente da UDN. Sem suporte,
Euclides criou uma Guarda Municipal, ar- José Crispim de Souza - autodidata e escritor
Alguns fatos políticos mada e fardada, que constantemente entra- José Mesquita da Silveira - dono da casa
va em choque com as forças estaduais. de força e do 1º cinema
1821 - A Câmara de Itabaiana convo- 1963 - Conflito entre a Guarda Munici-
cou as demais câmaras sergipanas para uma pal e a Polícia. O comandante da guarda, Texto: VALNÍSIA MANGUEIRA
Fotos e reproduções: EDSON ARAÚJO
reunião em São Cristóvão, com a finalida- tenente-coronel Solon, e o da polícia, Ma- Fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, Do campo à
de de eleger o governo provisório. jor Teles, saíram feridos e foram hospitali- Metrópole, de Núbia Marques, Perfil de Itabaiana (1998)
1935 - Foi eleito, pelo voto popular, o zados. Teles acabou morrendo. Essa suces- e pesquisa da professora Edezuita Araújo Noronha
Itabaianinha
surgiu à sombra de
um tamarindeiro
Cidade, apesar de rica e
promissora, estacionou
no tempo e perdeu sua
identidade com as artes
A
povoação de Itabaianinha, distante
118 quilômetros da capital, surgiu
embaixo de um pé de tamarindo,
onde os tropeiros, principalmente de Ita-
baiana, descansavam. Por isso eles acaba-
ram batizando a localidade com o mesmo
nome da cidade em que viviam, acrescen-
tando o diminutivo inha. Foi nesse local
que teve início uma pequena feira, onde
eles comercializavam seus produtos. Ape-
sar de rico e promissor, nos últimos anos o
município estacionou no tempo.
A cidade de Itabaianinha passou a ser co-
nhecida como Princesa das Montanhas,
por estar localizada numa área bastante
montanhosa, a 225 metros acima do mar.
Fica entre as serras do Babu, na divisa com
Riachão do Dantas; dos Cavalos, Ilha e
Catramba, divisa com Tobias Barreto; Pi-
lões, Antas, Ovelhas, Flor da Roda, Pedra
Branca, Brejo, Bica e o Alto do Urubu, a Igreja Nossa Senhora da Conceição: década de 80
leste da sede do município.
Há uma versão popular de que essa loca- Tobias Barreto. Logo depois, em 19 de fe- tes -, não existe mais. No entanto, no mes-
lidade foi fundada no século XVIII por tro- vereiro, transformou-se em vila, compre- mo local existe outro tamarindeiro que foi
peiros de Itabaiana, que teriam colocado o endendo a freguesia de Nossa Senhora do plantado pelo mecânico Raimundo Ferrei-
nome de Itabaianinha por acharem que as Tomar do Geru. ra Alves, 57 anos. Eu ia plantar uma fi-
duas localidades tinham semelhanças. Já os Foi em 19 de setembro de 1891, através gueira, mas fiquei sabendo que o tamarin-
historiadores Laudelino Freire e Clodomir da lei nº 3, que Itabaianinha passou à cate- do era tradição na cidade, então um rapaz
Silva afirmaram em seus escritos que o goria de cidade, mas só em 19 de outubro me deu e eu plantei, diz ele.
município teria sido primitivamente uma de 1915, através da lei nº 680, foi realmen- Francisco informa que tem uns oito anos
aldeia de índios. te emancipada. que essa nova árvore foi plantada. Eu sou-
Essa povoação passou à condição de fre- be que ela tem vida longa. A outra já tinha
guesia em 6 de fevereiro de 1835 com a Tamarindo centenário mais de cem anos. Acho que deviam plan-
denominação de Nossa Senhora da Concei- tar mais tamarindos nos canteiros da cida-
ção de Itabaianinha, sendo desmembrada A árvore primitiva, onde nasceu Itabaia- de. Pelo menos as crianças pobres poderiam
da de Nossa Senhora dos Campos, hoje ninha - hoje o Largo Francisco Martins Fon- subir para tirar as frutas, sugere ele.
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Região - Sul
Distância da capital - 118 KM
População - 35.123 Cerâmicas: principal atividade econômica do município
Atividades econômicas - Indústrias de
cerâmicas e confecções, citricultura
e pecuária
Cerâmicas movimentam
a economia
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Filhos Ilustres
Monsenhor Olímpio de Souza Campos -
Foi deputado estadual e federal, senador e pre-
sidente de Sergipe. Morreu assassinado em
1906.
homens tão preocupados em embelezá-la e Como dar para se perceber neste artigo, Francisco dAvila Melo - intendente do mu-
engrandecê-la, homens que não avançavam nossa Itabaianinha estacionou no tempo. nicípio
em nada pertencente a ela, nem para eles, Aqui não há nada, embora seja uma cidade
José Carlos Nabuco de Oliveira - médico
nem para terceiros. rica, pioneira no comércio ceramista e prós- veterinário, professor da UFS e coronel do Exér-
Vários comerciantes acreditaram em seu pera na atividade têxtil, graças às fábricas cito
crescimento econômico, e aqui instalaram de confecções aqui instaladas há alguns anos.
Maria do Carmo Terezinha Lobão Ayres
torrefações de café moinho de fubá de mi- Também possui uma boa pecuária e uma de Souza - professora e proprietária do Colé-
lho, sapataria, alambique. Mas nada disso citricultura em expansão. gio Graccho Cardoso
vingou na terra dos barreiros e laranjais. os Com o advento das indústrias, perdemos
cafés Garoto e Neguinho não caíram no aquela pacatez característica das cidadezi-
gosto popular; o Moinho Serrano perdeu a nhas de interior. Tornamo-nos um provín-
concorrência para as massas alimentícias cia proletária. C Texto: EDIVÂNIA FREIRE
vindas de fora, a sapataria entrou nas en- Fotos: EDSON ARAÚJO
Fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros
cóspias com as novidades trazidas por ou- *Professor e escritor
Itabi tem pedras exóticas
e corrida de jegue
Artista plástico François
Hoald também projetou
nacionalmente o nome
do município
A
história do município de Itabi, a
138 quilômetros da capital, come
ça em 1821, quando os caçadores
José Ferreira de Góis e Antônio José dos
Santos, da Fazenda Sítios Novos, em Ca-
nhoba, saíram para caçar e encontraram uma
lagoa, mantida até hoje no centro da cida- Pedra da Paciência: origem do nome de Itabi
de. Eles a denominaram de Panelas - nome
que foi dado posteriormente à povoação - padre Francisco Gonçalves de Lima. Tem- descaroçar o produto. De 1899 a 1920 a
por terem encontrado diversas panelas de pos depois a capela foi construída e, em 8 povoação chegou a liderar a produção de
origem indígena nas proximidades. de setembro de 1897, foi colocada a ima- algodão em Sergipe.
Os dois caçadores encontraram também gem de Nossa Senhora da Conceição. Ela
diversas pedras enormes. Uma delas - par- foi levada em um carro de boi de Gararu, Luta pela emancipação
tida em duas - chamou-lhes a atenção e eles sede do povoado, e tornou-se a padroeira
a chamaram de Pedra da Paciência, que de- da povoação. Em 1922, Pedro Menezes começou a luta
rivou o nome de Itabi - palavra tupi-guara- A partir daí a localidade passou a cha- pela emancipação, por achar que a vila já
ni que significa Ita: pedra; e bi: duas. Eles mar-se Nossa Senhora da Providência, por podia manter-se sozinha. Já em 1944 al-
espalharam a novidade na feira de Propriá e sugestão do padre, que achava que o pro- cançou a categoria de vila, com o nome
o senhor de engenho Manuel Quinca Pala- gresso daquele local, situado no sertão, era Paz de Providência. Mas seu desejo de eman-
tem, do Povoado Cutia, em Capela, se in- decorrente de um milagre da Providência cipar o município só foi realizado em 25 de
teressou pela notícia e resolveu conhecer o Divina. novembro de 1953, quando já havia morri-
local. Até a década de 70, a religião cultuada do. O seu filho, Francisco Vieira de Mene-
Sete anos depois, em 1828, Quinca Pala- em Itabi era exclusivamente a católica. Só zes, foi o primeiro prefeito do município,
tem saía acompanhado de escravos e za- a partir dos anos 80 é que entraram mais hoje composto por 30 comunidades. Entre
bumbas - para espantar os animais selva- quatro, predominando ainda o catolicismo. os principais povoados estão Lagoa Redon-
gens, principalmente as onças que existiam Outra particularidade existente no municí- da, Mata Grande, Boa Hora, Melancia,
na região -, com interesse de desbravar o pio é o Terço dos Homens, nesse dia só os Bom Nome, Esperança e Pedra Branca.
local. Chegou junto com sua família e fi- homens podem entrar na Igreja. O itabiense Antônio Menezes de Souza
xou morada. Construiu seu sobrado no alto, No dia 7 de janeiro de 1891 foi realizada (seu Tutu), 81 anos, garante que a cidade é
onde denominou de Fazenda Panelas, hoje a primeira feira na povoação. Foi nesse ano tranqüila, mas em 1936 os moradores se
a Rua Boa Vista. que o homem conhecido como fundador assustaram com a entrada dos cangaceiros
do município, Pedro Vieira de Menezes, de Lampião. Eles levaram dinheiro, ouro e
Primeira missa chegou à localidade, vindo de Jacaré dos queimaram duas casas, lembra.
Homens (AL). Acabou fixando-se no lo- Seu Tutu disse que foi convocado para a
Já em 1884 foi celebrada a primeira mis- cal, onde constituiu família e foi o precur- guerra, em 1945, para ir lutar na Alema-
sa num cruzeiro construído por João Cor- sor da política e incentivador da cultura do nha, mas não compareceu porque naquele
reia Palatem, na Fazenda Bela Vista, pelo algodão, inclusive fundou uma fábrica de dia foram afundados três navios na costa de
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Festa do jegue: corrida e concurso de fantasias
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Galeria dos ex-prefeitos: Francisco Vieira Menezes (3), Luiz José de Sá, Reginaldo Aragão da Mota (2), Manoel Gomes Conceição, José
Gomes de Sá, Antônio Valdione de Sá, José Gomes de Sá Filho e Rubens Feitosa Melo (atual reeleito)
lembra a irmã.
Marileide lamenta a falta de respeito
com um imenso painel que Hoald pin-
tou, em 1972, em frente ao Iate Clube
de Aracaju, com a frase Seja bem-vin-
do a Aracaju. Ele foi derrubado no
governo do doutor Sóstenes (prefeito
Cleovansóstenes Pereira de Aguiar). Foi
uma grande tristeza para nós ver sua obra
destruída, diz ela.
Na época o colunista João de Barros Hoald e seu painel destruído: tristeza para Lagoa das Panelas: primeiro nome do
escreveu: O painel de Hoald foi destruí- a família e seus admiradores município
do para dar lugar a um monumento ao A Virgem Mãe Providência,
Lions, de muito mau gosto. Nem o Lions partir de 84 no 2º final de semana de se- Que é padroeira da nossa Itabi. C
S
angue, muito sangue. Por muito tem
po foi o que se viu nas terras que hoje
são o município de Itaporanga
DAjuda, a 29 quilômetros de Aracaju.
Localizada às margens do Rio Vaza-Barris,
aquela cidade gerou dois grandes líderes Itaporanga: nascida da resistência
sergipanos. O primeiro é o cacique Surubi,
que resistiu bravamente aos ataques portu- Resistência de Surubi ou Santo Inácio, é transformada em fre-
gueses e holandeses. O outro é Felisbello guesia sob a invocação de Nossa Senhora
Freire, um dos maiores políticos e intelec- A explicação confiável para a não ocupa- da Ajuda, ficando desmembrada da de
tuais que Sergipe e o Brasil já tiveram. ção das terras que hoje são Itaporanga é a Nossa Senhora das Vitórias, hoje cidade de
Antes que os padres jesuítas Gaspar Lou- resistência dos índios sob o comando de São Cristóvão. Nossa Senhora da Ajuda
renço e João Solônio chegassem naquelas Surubi. Eles não aceitavam a escravidão e o seria a padroeira numa cidade de Portugal e
terras, já habitavam o lugar os índios roubo de suas férteis terras. Até quando muito cultuada pelos militares.
tupinambás, sob o comando do cacique Sergipe foi invadido pelos holandeses, os
Surubi. Segundo Felisbello Freire, desde o índios resistiram. Depois da expulsão, os Vila e briga política
século XVI a região de Itaporanga já era portugueses voltaram à região e a identifi-
conhecida. Itaporanga é topônimo de ori- caram como estratégica (militar e econô- Nove anos depois, já 1º de maio de 1854,
gem tupi, e significa Pedra Bonita - ita é mica) por conta do Rio Vaza-Barris. a freguesia passa a ser vila apenas com o
pedra e poranga é bonita. Por volta de Apesar da resistência dos índios, Fran- nome de Itaporanga. O interessante é que
1575 os padres chegaram lá, mas a missão cisco de Sá Souto Maior tomou posse efe- essas duas mudanças provocaram um racha
não foi bem-sucedida. tivamente das terras de Itaporanga em de- muito grande em São Cristóvão, que per-
A partir de 1590 acontece a violenta con- zembro de 1753. Os índios se retiraram e dia força, e que acabou provocando a mu-
quista do território sergipano e a primeira formaram uma grande povoação chama- dança da capital para Aracaju. Com o
carta da sesmaria de Itaporanga foi dada da Aldeia de Água Azeda. Francisco de Sá desmembramento da freguesia de
pelo governador da Bahia a Pedro de Lom- montou um grande engenho, o Itaporanga, os Liberais, comandados pelo
ba, em 11 de novembro de 1600. Curiosa- Itaporanga. Lá também existiam grandes Barão de Maruim, conseguiram afastar os
mente o baiano não toma posse das terras plantações de mandioca. No Vaza-Barris, Conservadores das decisões políticas da pro-
e em julho de 1601 elas foram repassadas vários portos foram construídos para es- víncia.
para Nuno do Amaral. Ele também não coar a produção. No final da segunda me- É singular a presença de Itaporanga, ber-
tomou posse. Um ano depois, Itaporanga é tade do século XVIII existiam em ço do partido Conservador, na vida políti-
entregue outras duas vezes a Sebastião Sil- Itaporanga dez engenhos. ca de Sergipe. É preciso registrar a atuação
va, a Gaspar Amorim e a Francisco Borges. Desde o início da exploração foi erguida do brigadeiro Domingos Dias Coelho e
Eles também nem chegaram por lá. Outras a Igreja de Santo Inácio e, para alguns his- Melo, que seria mais tarde o Barão de
duas cartas de sesmarias foram dadas, mas toriadores, a aldeia de São Paulo. Em 30 de Itaporanga, e do chefe da polícia da cida-
ninguém conseguiu ocupar. janeiro de 1845, a povoação de São Paulo, de, Antônio Dias Coelho e Melo, o futuro
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Felisbello Freire: exemplo de político
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Matriz: foto da década de 20 Igreja Matriz: história e fé
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Japaratuba
terra da saúde
Município de
Garcia Rosa, Simeão
Sobral e do Barão
de Traipu foi um dos
mais desenvolvidos
de Sergipe
Q
uem trafega pela BR-101 no sen
tido norte de Sergipe,a 54 quilô
metros de Aracaju, vai avistar dois
campanários pintados de branco. São as
torres da Igreja Matriz de Nossa Senhora
da Saúde de Japaratuba, que sobre uma
verdejante colina abençoa os moradores
e os viajantes que cortam o Estado. É Matriz de Nossa Senhora da Saúde: socorro da cidade
assim que o historiador japaratubense
Eduardo Cabral, o Dudu do Cartório, de Barros, o cacique Pindayba, um exem- nio do cacique Japaratuba. O grupo era
apresenta sua terra. plo de resistência, foi trucidado na Ilha de liderado pelo frei João Batista da Santís-
A história desse município é contradi- São Pedro de Porto da Folha. sima Trindade. Num local chamado de
tória até na definição do nome. Para al- Canavieirinhas, os religiosos encontram os
guns historiadores, como Pirajá da Silva, Posses e Frei João índios da nação Boimé. Mas logo que che-
Japaratuba vem de yapara + tupa, que garam foram acometidos pela varíola que
quer dizer sítio onde existe abundância Ainda nos primeiros anos da conquista, assolava a região. Os religiosos, índios e
de arcos. Para outros, como Pascoal foram doadas grandes quantidades de ter- colonos sobreviventes, se mudaram para a
DÁvila, o nome quer dizer rio de mui- ras no regime de sesmarias. No dia 15 de parte mais alta chamada de Alto do Bor-
tas voltas. Já outra corrente, inclusive a julho de 1623 as terras que ficam entre o gardo ou Lavradio, um morro que hoje
do historiador japaratubense Antônio Rio Sergipe e o Japaratuba foram repassa- ainda fica nos fundos da igreja matriz. Essa
Wanderley, o nome quer dizer muito ter- transferência de local recebeu o nome de
das para Bernardo Corrêa Leitão, Francisco
reno arenoso à beira mar. Escolha a sua e Missão de Japaratuba.
vamos adiante. Duas certezas: Japaratuba de Souza e Antônio Fernandes Guindastre.
Na colina segura, frei João deu iní-
vem do tupi e é o nome do rio. Curiosamente, o capitão Pedro Barbosa Leal
cio à construção de um convento e de
Conta a história que, por volta de 1590, e Paulo de Matos receberam também a uma igreja. Ela foi erguida e sugestiva-
quando Cristóvão de Barros chega definiti- mesma sesmaria entre os rios, todos os dois mente invocada à Nossa Senhora da Saú-
vamente para se apossar de Sergipe, muitas em meses diferentes do ano de 1691. Se os de de Japaratuba, certamente traduzin-
guerras foram travadas contra os índios. índios eram tão pacíficos por que os portu- do um brado de socorro enviado à Vir-
Sabedor de que as fortes colunas de Cristó- gueses tinham dificuldades de se estabele- gem contra a moléstia que fazia inúme-
vão tinham dizimado nações inteiras no sul cer nessas terras? ras vítimas. Ao lado do convento e da
do Estado, o cacique Morubixaba Japara- Em 1698, alguns frades tentavam igreja, algumas casas foram levantadas e
tuba teria se rendido ao português antes de catequizar os índios, entre eles frei Antô- a Missão de Japaratuba passou a ser co-
qualquer conflito. Essa versão também é nio da Piedade. Por volta de 1704, religi- nhecida. Por causa dos rios e das terras
contestada. Mas se sabe que depois da ade- osos da Irmandade dos Carmelitas Calça- férteis, alguns engenhos de cana-de-açú-
são de Japaratuba às tropas de Cristóvão dos chegaram àquelas terras sob o domí- car foram montados.
CINFORM 115
Região - Norte
Distância de Aracaju - 54 km
População - Cerca de 20 mil
Atividades econômicas - Agricultura
Expulsão e renascimento
CINFORM 116
Filhos Ilustres
Antônio Garcia Rosa - Nasceu em 8 de
dezembro de 1877 no engenho Riacho Pre-
to, em Japaratuba. É poeta profundamente
inspirado e com justiça, muito respeitado na-
cionalmente. Formou-se em Farmácia pela
Faculdade de Medicina da Bahia. Foi um dos
melhores professores do Atheneu. Viveu boa
parte de sua vida no Bairro Santo Antônio, em
Aracaju e aqui morreu.
H
á dúvidas quanto à fundação de
Japoatã, que foi habitada anteri
ormente por índios. De acordo
com a Enciclopédia dos Municípios Brasi-
leiros, a versão mais provável é que tenha
sido fundada pelos franciscanos, sob a ins-
piração de frei Antônio Santana Jaboatão,
que teriam construído uma capela e um
convento em 1572.
Vista parcial do centro da cidade: visão da torre da igreja
Sabe-se que foi no ano de 1575 que se
iniciou a conquista do território de Sergipe,
a partir das margens do Rio Real, no Sul do Desterro, mosteiro e casas dos escravos dis- Evolução política
Estado. O certo é que antes de 1630 já exis- postas ao redor, além de alguns moradores
tia o convento construído pelos jesuítas so- livres. Em 30 de dezembro de 1768, os je- A primeira notícia sobre a evolução polí-
bre o Monte Jaboatão. suítas foram expulsos de suas terras, por tica de Japoatã foi de 23 de dezembro de
O professor José Bezerra dos Santos, em ordem do Marquês de Pombal, o qual con- 1910, quando o então presidente do Esta-
seu livro O Tesouro de Jaboatão, afirma fiscou os bens da companhia. do, Luiz Garcia, assinava a lei criando o
que os frades jesuítas escolheram aquele lo- Com a saída dos jesuítas, tudo ficou no município de Jaboatão, desmembrando seu
cal para suas preces, descanso das jornadas abandono. A povoação quase se extinguiu, território de Pacatuba. Os pacatubenses, não
fatigáveis e abrigo seguro onde guardas- e o velho convento e a igreja ruíram. Os aceitando o fato, contaram com o apoio de
sem, sem receio, as jóias e alfaias da igreja. habitantes das redondezas aproveitaram o influentes políticos da época que fizeram
Para isso levantaram as grossas paredes do material para novas construções no mesmo com que a lei caducasse e o município não
famoso mosteiro, plantaram no cume do local onde os jesuítas moravam. À nova fosse instalado.
monte o Cruzeiro de Pedra, Santo Pio e, a povoação deram o nome de Jaboatão, acei- Uma nova lei, porém, assinada em 20
determinada distância, ergueram a Igreja tando a hipótese de que foi o frade francis- de outubro de 1926, transferiu a sede do
Nossa Senhora das Agonias. cano quem primeiro catequizou os índios município de Pacatuba para a povoação
Alguns cristãos se ofereceram para esca- da região. de Jaboatão. Somente pelo decreto-lei 69,
var um subterrâneo sob o monte, com labi- O juiz aposentado Jonalter Vieira An- de 28 de março de 1938, doze anos de-
rinto e largos corredores onde foram colo- drade está escrevendo um livro sobre a his- pois, Pacatuba foi novamente elevada à
cados os mais preciosos bens da igreja, fi- tória de Japoatã. Ele acredita que a versão categoria de vila.
cando a salvo dos inimigos. mais provável do surgimento do nome da Em 31 de dezembro de 1943, Jaboatão e
cidade é que a palavra Jaboatão vem da seu distrito Pacatuba passaram a ter a de-
Fazenda modelo palavra indígena Inhapotã, que significa nominação, respectiva, de Japoatã e Paca-
madeira alta, matas grandes. As matas do tiba, por causa do decreto-lei número 377.
Em 1757, Jaboatão era uma fazenda- local onde hoje é a cidade podem ter sido Segundo Antônio Marques, isso ocorreu
modelo com a Igreja de Nossa Senhora do muito altas e fechadas, explica ele. porque os povoados, vilas e municípios bra-
CINFORM 118
Início da construção da segunda igreja de
Japoatã em 1938, no mesmo local da primeira
CINFORM 119
Primeiras casas da povoação
Laranjeiras
Um museu a céu aberto, com um povo de braços abertos para o mundo.
Lagarto
terra dos
intelectuais
O município é um dos
mais antigos de Sergipe
e tem uma fantástica
e épica história
D
epois de São Cristóvão e Itabai
ana, o município de Lagarto, a
78 quilômetros de Aracaju, é a
vila mais antiga de Sergipe. Se a coloniza- Lagarto: mais de 400 anos de história
ção européia chegou naquelas terras por
volta de 1595, então acredita-se que o con-
tato com os índios já vinha acontecendo
desde 1540.
Existem relatos históricos dando conta
que os religiosos encontram uma aldeia de
índios Kiriris na confluência dos rios Piauí
e Jacaré, que tinham o comando do cacique
Surubi. Por volta de 1575, os jesuítas le-
vantaram uma capelinha com o nome de
São Tomé, o Apóstolo, e depois uma escola
para os curumins.
Naquela região os religiosos ainda teri-
am levantado mais duas capelas: a de Santo
Antônio e a de São Pedro e São Paulo. En-
tre os jesuítas estavam Gaspar Lourenço e
João Solônio. Na aldeia de São Tomé já
moravam mais de dois mil índios. Mas o
sanguinário governador Luiz de Brito che-
ga de surpresa na aldeia e extermina boa
parte dos índios. Matriz de Nossa Senhora da Piedade
Santo Antônio e Lagarto Antônio a partir de maio de 1956. Outro da Piedade. Ali existia um riacho que, por
nome importante na fundação de Lagarto causa de pedras em forma de lagarto, aca-
Quando da invasão de Sergipe por Cris- é Muniz Álvares. Ele montou grandes fa- bou dando nome à nova povoação, que re-
tóvão de Barros, em 1590, as terras que zendas de gado. começou a crescer.
formam o município de Lagarto já tinham O povoado ficava a seis quilômetros da Mas existe uma outra versão para o nome
sido doadas em forma de sesmarias para atual sede do município. Mas em 1645, por de Lagarto, não tão confiável. Tudo leva a
Gaspar dAlmeida e Gaspar de Menezes. causa de uma varíola, muitos moradores crer que Antônio Gonçalves de Santana,
Cristóvão também doou as terras a um de morreram. Os que conseguiram escapar, que pertencia à casa de Dom Manuel, O
seus fiéis soldados, Antônio Gonçalves de fugiram para um local mais alto, onde está Venturoso, tenha trazido para o Brasil o
Santana. Ele ergue a povoação de Santo justamente hoje a praça de Nossa Senhora brasão da família e nele existiam três lagar-
CINFORM 122
ríodo da invasão holandesa. As povoações
teriam ficado sem lei e eram verificados
todo o tipo de desordem e crimes. O capi-
tão Belchior Moreira, conhecido como ca-
pitão Muribeca, foi o primeiro comandan-
te do Corpo de Infantaria de Ordenanças
em Lagarto.
Em 1674, foram criados dois órgãos de
repressão em Lagarto: Entrada de Mocam-
bos e Companhia dos Homens Pardos. Es-
sas duas entidades militares tinham a fun-
ção de limpar os sertões dos mocambos
dos negros fugidos, que eram acusados de
roubos e assassinatos nas fazendas. Mais uma
vez Belchior Moreira comanda um órgão,
o outro ficando sob a responsabilidade de Região - Oeste de Sergipe
Francisco de Barros. Distância de Aracaju - 78 km
População - Cerca de 80 mil
Todas essas incumbências transformaram Atividades econômicas - Agricultura
logo a povoação do Lagarto num grande e pecuária
centro militar, populacional e econômico.
Por volta de 1679, a força chegava a se es-
tender às povoações de Jeremoabo e Itapi-
curu, hoje na Bahia. O resultado é que em
11 de dezembro de 1679, foi oficializada a Representantes do Povo. No final do sécu-
criação da Freguesia de Nossa Senhora da lo, Lagarto já se sobressaía na capitania. Era
Piedade do Lagarto. Dois anos depois da o maior núcleo populacional, possuía mais
criação da Ouvidoria autônoma de Sergi- de seis mil habitantes, e era o maior expor-
pe, já em 1698, a Coroa Portuguesa deter- tador de gado.
mina que a freguesia se torne oficialmente Veja o que escreveu o historiador Dom
tos. No entanto, em vários documentos, Vila do Lagarto. Marcos Antônio de Souza em sua Memó-
como no livro nº 1 do arquivo da paróquia, ria da Capitania de Sergipe: Aquela época
existe a indicação da povoação como Nos- Perdas significativas (1802) a sociedade lagartense dava mostras
sa Senhora da Piedade da Pedra do Lagarto. de um índice de vida em geral destacado.
Em 1718, a Vila do Lagarto sofre uma O povo da vila costumava apresentar-se
Da freguesia a vila forte perda. Dela é desmembrada a Fregue- bem vestido nos dias festivos, fazendo os-
sia de Nossa Senhora dos Campos do Rio tentação de sua grandeza.
Em 1658 a capitania de Sergipe cria três Real, hoje Tobias Barreto. Mas os lagarten- Mas de 1830 a 1860, a poderosa Vila do
distritos militares fixos: São Cristóvão, Ita- ses davam demonstrações de resistência. Lagarto sofre outras três grandes baixas ter-
baiana e Lagarto. Isso se deu depois do pe- Em 1727, a vila já possuía a Câmara de ritoriais e econômicas. Em 1834 é criada a
Freguesia de Nossa Senhora Santana, em
Simão Dias. Um ano depois, Lagarto tam-
bém perde com a criação da Freguesia de
Nossa Senhora Santana da Lagoa Verme-
lha, hoje Boquim. Em 1855 nasce dentro
do território do Lagarto a Freguesia de
Nossa Senhora do Amparo do Riachão,
hoje Riachão do Dantas. Só para se ter uma
idéia das perdas de Lagarto. Boquim, em
1860, chegou a ter mais receitas do que a
de Lagarto. Em 20 de abril de 1880, a Vila
de Lagarto se transforma em cidade.
Ressurgimento e figuras
CINFORM 123
cionado várias disciplinas e consolidado sua
carreira de escritor, jornalista e filólogo.
Como jornalista, foi diretor da Gazeta
de Notícias e colaborou em diversos jor-
nais, entre eles o Jornal do Brasil, Jornal do
Commercio e O País.
Em 1918 fundou a Revista da Língua
Portuguesa, que ele também dirigiu, pu-
blicando trabalhos de alto valor, como a
Réplica de Rui Barbosa. Fundou e dirigiu
também a Estante Clássica. É o autor do
Feira de Lagarto na década de 50 grande e novíssimo dicionário da língua
portuguesa.
mandioca se destacava. O parque industri- Foi um dos maiores defensores da sim-
al lagartense chegou a ter 440 fábricas de plificação da ortografia no Brasil. Em 1920,
diversas espécies, como de bebidas, massas, a Liga da Defesa Nacional convidou-o a
manteiga, beneficiamento de algodão, cal- substituir Olavo Bilac. Morreu no Rio de
çados e confecção. O rebanho pecuário ul- Janeiro, em 18 de junho de 1937. C
O
município de Laranjeiras, a 18
quilômetros de Aracaju, é um dos
poucos onde ainda se pode ver a
força da arquitetura colonial. Ruas, casari-
os, igrejas, tudo respira a mais pura histó-
ria. Laranjeiras já foi a mais importante ci-
dade sergipana. Berço da cultura, educa- Igreja Matriz Sagrado Coração de Jesus
ção, política e da economia. Este municí-
pio só não se tornou a capital de Sergipe 1645 os holandeses deixam Sergipe. Laranjeiras pertencia, semanalmente iam
por conta de uma manobra política do Ba- fazer feira nas Laranjeiras. Só em 7 de
rão de Maruim, que transferiu a sede de Rumo ao progresso agosto de 1832, em decorrência da gran-
São Cristóvão para Aracaju. de influência política dos proprietários
Depois que as tropas de Cristóvão de O porto das Laranjeiras fez retornar o de terras e comerciantes, a Assembléia
Barros arrasaram com as nações indígenas, progresso ao povoado que se reerguia Geral da Província toma uma decisão
por volta de 1530, muitos colonos acaba- com grande velocidade depois da passa- polêmica. Transforma o povoado em vila
ram se fixando às margens do Rio gem dos holandeses. Em 1701, os padres independente. E em vez de desmembrá-
Cotinguiba. Essas terras pertenciam à Fre- jesuítas construíram a primeira igreja com la da freguesia de Socorro, os deputados
guesia de Socorro. Naquela região, mais ou convento. Ela ficava à margem esquerda anexaram o território de Nossa Senhora
menos uma légua da sede, foi construído do Riacho São Pedro, um pouco afastada do Socorro ao de Vila de Laranjeiras.
um pequeno porto e, por conta das inúme- do porto. Eles procuravam sossego e de- Os socorrenses tentaram de todas as
ras e frondosas laranjeiras à beira do rio, ram nome ao lugar de Retiro. Os jesuí- formas reagir, e em 19 de fevereiro de
moradores e viajantes começaram a identi- tas fizeram uma outra igreja num dos 1835, Socorro é transformado em vila,
ficar o local como porto das laranjeiras. pontos mais altos do povoado. Em 1731, sendo suas terras desmembradas das de
A movimentação pelo Rio Cotinguiba em cima de uma colina, os padres orde- Laranjeiras, que foi reduzida à Freguesia
era intenso e, logo, o porto passou a ser naram a construção da Igreja de Nossa do Sagrado Coração de Jesus das Laran-
parada obrigatória. Em torno dele o co- Senhora da Conceição da Comandaroba, jeiras. No entanto, esse retrocesso não
mércio ganhava espaço, principalmente a uma verdadeira obra-prima da arquitetu- impediu que o progresso avançasse e é
troca de escravos, e as primeiras residênci- ra colonial. justamente nesse momento que Laranjei-
as eram construídas. Mas a partir de 1637, Por conta da cana-de-açúcar, do coco, ras começa a atingir seu mais alto grau de
o pequeno povoado das Laranjeiras tam- do gado, do comércio e, principalmente desenvolvimento. Em 6 de fevereiro da-
bém sofreu com os ataques e depois com do porto, o povoado das Laranjeiras ti- quele ano é transformado em Distrito de
o domínio holandês. Muitas casas foram nha conseguido um nível extraordinário Paz, e em 11 de agosto de 1841 Laranjei-
destruídas, mas o porto, um ponto estra- de desenvolvimento. Até os moradores ras passa a ser sede de comarca. O pri-
tégico, foi preservado. Só por volta de da sede da freguesia de Socorro, a quem meiro juiz foi Manoel Felipe Monteiro.
CINFORM 126
Igreja Nossa Senhora dos Pardos
CINFORM 127
Filhos Ilustres
1843; a Igreja Presbiteriana de Sergipe, de 1868, sendo que muito tempo depois foi General Moreira Guimarães - Foi
1884; a Igreja do Bonfim; Igreja Matriz capturado e enforcado. Mas as ações cru- o oficial destacado pelo Governo brasileiro
Sagrado Coração de Jesus, de 1791; a cape- éis dos senhores com os escravos provo- em várias missões no estrangeiro. Foi
la de Santaninha, de 1875; Igreja Bom Je- cou protestos da população até a chega- membro de inúmeras instituições científi-
sus dos Navegantes, de 1905; Igreja de São da da abolição. cas e culturais, sendo também jornalista e
Benedito e Nossa Senhora do Rosário; Igreja Quanto à República, o início da propa- correspondente internacional de muitos
jornais brasileiros.
Jesus, Maria e José, de 1769; além do Mu- ganda republicada em Sergipe aconteceu
seu de Arte Sacra, Trapiche, Museu Afro, oficialmente na Vila de Laranjeiras, em Zizinha Guimarães - Nasceu em Laran-
Casa de Cultura João Ribeiro, Escola 1888, através da publicação do Manifesto jeiras, em dezembro de 1872. Foi nomea-
Zizinha Guimarães, Teatro Santo Antônio de 18 de outubro de 1888, no da professora pública em 1896. Em julho
e Teatro São Pedro, Mercado Municipal, Laranjeirense. Meses depois era fundado o de 1904, fundou a Escola Laranjeirense.
Aprendeu música e tocou no órgão da ma-
Ponte Nova, Paço Municipal, Cine-Teatro Clube Republicano Laranjeirense, que mais
triz. Dominou o português, aritmética, geo-
Íris, Gruta da Pedra Furada, Gruta Matriana, tarde se transformou em Partido Republi- grafia, história, francês, esperanto e fez
entre outros. cano. Faziam parte Felisbello Freire, teatro.
Vale ressaltar ainda que Laranjeiras é re- Balthazar Góis, Sílvio Romero, entre ou-
ferência no folclore. Seus folguedos estão tros. Eles chagaram a ter um jornal, o Re- Outros - Carmelita Fontes, João Sapa-
entre os mais importantes do Brasil, como publicano. teiro, Antônio Gomes de Andrade, cônego
Philadelfo Jonathas, Augusto do Prado
o Reisado, Guerreiros, Lambe-Sujos e Com a Proclamação da República, os re-
Franco, Umbelina Araújo, dona Lalinha,
Caboclinhos, Cacumbi, Taieira, Samba de publicanos laranjeirenses fizeram passeatas Emanuel Franco, entre muitos outros.
Parelha, São Gonçalo, Batalhão 1º de São pelas ruas da cidade. Meses depois, Felisbello
João, Chegança Almirante Tamandaré e os Freire é nomeado pelo marechal Deodoro
Penitentes. da Fonseca como o primeiro governador Texto: CRISTIAN GÓES
de Sergipe na República. O primeiro Fotos e reproduções: MANOEL FERREIRA
Fonte: Laranjeiras: sua história, sua cultura e sua
Escravidão e República intendente de Laranjeiras foi Marcolino gente, de Zilná dos Santos, professores da rede municipal
Ezequiel de Jesus, que governou o municí- e Enciclopédia dos Municípios Brasileiros.
Estando no coração do Vale do pio de 1893 a 1895. C
O passado se refaz e o futuro se projeta.
Sergipe, nós estamos presente.
IBECA-SE
MU R
28-03-1938
Macambira
Ergueu-se ao pé da
Serra do Cruzeiro
Cidade tem uma das
mais belas cachoeiras
do Estado, mas falta
infra-estrutura para
receber os turistas
B
em ao pé da Serra do Cruzeiro
ergueu-se a cidade de Macambira, a
74 quilômetros da capital, onde exis-
te uma das mais belas cachoeiras do Estado.
No ponto onde iniciou-se sua povoação
existia uma estrada repleta de macambira,
um tipo de bromeliácea que originou o
nome do município. Os campos propícios
à criação de gado foram responsáveis pelo Igreja São Francisco de Assis: praça onde surgiu a cidade
desenvolvimento inicial da comunidade.
A primeira penetração naquelas terras, cambira aparece como povoado, já possu- mentar a feirinha existente.
que se tem notícia, data do século XVII, indo uma escola. Em 1950, a povoação já era bastante con-
quando houve o desbravamento da região Nesse local existia uma estrada que pas- siderável. Sendo incluída em 1953 na lei nº
do Centro-Oeste entre os rios Sergipe e sava de leste a oeste com vários pés de ma- 525-A, de 23 de novembro, que criava no-
Vaza-Barris. A área, toda ela conhecida cambira, bromeliácea muito comum nas vos municípios. Foi através dessa lei que
como Itabaiana, tornou-se um dos mais zonas áridas do Nordeste (sendo a mais Macambira foi emancipada e desmembra-
prósperos centros criadores de gado da ca- comum delas o abacaxi). Nas margens des- da de Campo do Brito, que, por sua vez, foi
pitania, beneficiada pelos excelentes cam- sa estrada, por causa do grande movimento desmembrado de Itabaiana. O município
pos e rios de água doce. de cavaleiros e pedestres, surgiu o enorme teve como primeiro prefeito, eleito em
Entre 1637 e 1645 os invasores holande- Atoleiro, local onde hoje encontra-se o pré- 1954, Cecílio Eugênio Alves. Ele deu iní-
ses aproveitavam a fartura para abastecer- dio da Prefeitura. cio às mudanças na aparência da cidade,
se de carne. Mas o excesso de uso fez com antes totalmente cercada por macambiras.
que a pecuária do local acabasse sendo de- Município castigado Seus principais povoados são Barro Pre-
vastada. Mais tarde, a produção foi recupe- to, Tauá, Lagoa Seca, Pé-de-Serra de Beli-
rada e aumentou a procura pelas terras de A derrubada de matas prejudicou as con- nho, Manuino e Jacoquinha, onde são rea-
vaqueiros de outras regiões. A constante dições climáticas de Macambira. O muni- lizadas diversas festas. Os macambirenses
passagem deles por aquele local colaborou cípio também foi castigado pela presença são bastante religiosos e cultuam com
para o surgimento de várias povoações. Foi do bando de Lampião. Ainda povoado, foi muita fé o santo padroeiro São Francisco
o caso de Macambira. visitado várias vezes pelos bandoleiros que de Assis, comemorado anualmente no dia
Segundo consta na Enciclopédia dos aterrorizaram o sertão de Sergipe, Bahia, 4 de outubro.
Municípios Brasileiros, até 1890 Macam- Alagoas e Pernambuco. Na década de 60, o desenvolvimento de
bira era apenas um sítio com extensas ca- Eles perseguiam a população, destruindo Macambira voltou a sofrer nova recaída
atingas, e possuía menos de uma dezena tudo por onde passavam. Só depois da morte com a crescente emigração da população
de casas. Foi aí que surgiu uma feirinha de Lampião, finalmente Macambira come- para outras cidades, principalmente Santos,
criada por um homem conhecido por Ioiô çou a desenvolver-se, melhorando sua pro- em São Paulo. Nesta mesma época tam-
Rodrigues. Somente em 1896 é que Ma- dução e seu comércio, conseguindo incre- bém entrava em declínio a Fábrica Santa
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Região - Oeste (agreste)
Distância de Aracaju - 74 km
População - 5.803
Atividades econômicas - Agricultura, pecuária
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Desfile de 7 de Setembro: marca dos velhos
tempo
tar) refazer a trilha de minha história e res- A ponto de, várias vezes, João Correia
taurar os símbolos daqueles anos privilegi- (João Tabelião), este herói que até hoje Filhos ilustres
ados. E este é o primeiro aspecto: em pleno me comove, voltar de Campo do Brito a
Elias Pinho de Menezes - promotor de
agreste sergipano, nos hoje longínquos anos pé, após resolver assuntos do cartório. Mas Justiça
60, já vivíamos uma espécie de globaliza- nem a maldade da geografia nos isolava
ção. E nem havia telefone, TV ou jornal. do mundo. Jim das Selvas, O agente Luciano Correia - Jornalista e ex-secretário
de Comunicação do prefeito de Aracaju, João
Havia os Correios, do tempo em que o rodoviário, Sansão & Dalila, Mazzaropi e Augusto Gama
Correio era o Correio, dona Cordélia à fren- Giuliano Gemma, essa turma sempre mar-
Homero José Batista Filho - advogado no
te, antenada, informada de tudo, porta em cava presença nas sessões de cinema que, Rio de Janeiro
porta, casa em casa, trazendo notícias de lá. ao longo dos anos, percorreu curiosas ins-
Havia os sons, estes trinados musicais que talações, incluindo aí o talho de carne. Isso Ivani Rodrigues da Silva - médica anes-
tesista
me perseguem desde pequeno, como a pon- mesmo: os marchantes retirando as sobras,
tuar os momentos de minha vida. Havia limpando as bancas e a gente chegando João Miguel dos Santos - primeiro fiscal
uma guitarra arrojadíssima de um certo com as cadeiras (claro: e vocês acham que de Tributos do Município
George Harrison tocando Aleluia - me talho de carne tem cadeira para assistir a
parece já iniciado na carreira solo pós Bea- um filme?).
Texto: EDIVÂNIA FREIRE
tles. Modernagem trazida pelos meninos Era essa a Macambira de minhas caríssi- Fotos e reproduções: EDSON ARAÚJO
que estudavam em Aracaju, amplificada mas lembranças. Do reisado na praça da Fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros e pesquisa de Vene-
pelo potente som do Bar de Carlito. O ou- feira, onde minha avó Minervina logo cedo tia Bezerra Almeida
MKT©
SINAL
DE EFICIÊNCIA
E SEGURANÇA.
EM TODOS OS SENTIDOS.
DETRAN-SE
Departamento Estadual de Trânsito
SSP
A vida em primeiro lugar
SECRETARIA DA
SEGURANÇA PÚBLICA
www.detran.se.gov.br
Malhada dos Bois
a cidade
dos boiadeiros
Povoação cresceu em
volta de uma nascente
de água doce e já
pertenceu a Propriá,
Aquidabã e Muribeca
Atualmente ainda é encontrado carro de boi na Cidade dos Boiadeiros
M
alhada dos Bois, a 82 quilô
metros da capital, surgiu como
ponto de parada da boiada do
major João Aguiar Boto de Melo, trazida
de Minas Gerais para Alagoas. Foi bati-
zado com o nome atual pelos boiadeiros,
que paravam numa nascente de água
doce, onde o gado bebia, se alimentava e
depois descansava. Por muito tempo o
município ficou conhecido como a Cida-
de dos Boiadeiros.
Os primeiros moradores do local, já cha-
mado Malhada dos Bois, foram os fugiti-
vos de Alagoas Manoel Quirino e Manoel
Tenório, na primeira metade do século XIX.
De acordo com pesquisas da professora
Maria Eunice da Hora, que está escrevendo
um livro sobre a história da cidade, a povo-
ação começou a crescer quando os colonos
procuraram as terras para plantar algodão e
diversos cereais.
O major João de Aguiar Boto de Melo,
português considerado um dos maiores cri- Igreja construída no lugar da antiga, inaugurada em junho de 2001
adores de gado leiteiro de Minas Gerais,
instalou dois engenhos no local, hoje co- Pertencia a Propriá ros para seu genro Pedro Abreu Lima.
nhecido como Fazenda Brejinho. O seu A procura de muitos colonos e o plan-
filho João Aguiar Boto de Melo Filho, que De acordo com a Enciclopédia dos Mu- tio de algodão, base da economia local,
era médico e dentista, ficou encarregado nicípios Brasileiros, o território de Malhada fizeram com que Malhada dos Bois al-
de administrar a fazenda. Como ele não dos Bois estava incluído nas terras que, ini- cançasse eras de glória, chegando a orga-
tinha tempo, deixou o trabalho para seu cialmente, Cristóvão de Barros doou atra- nizar uma das maiores feiras da região. O
filho Augusto Aguiar Boto de Melo, que vés de sesmaria ao seu filho Antônio Car- comércio se desenvolveu rapidamente,
deu início ao comércio de secos e molha- doso de Barros, às quais se estendiam das destacando-se as grandes lojas de tecidos,
dos e lojas de tecidos. Em sua residência, margens do Rio São Francisco às do Rio os bares e quitandas.
ele instalou a primeira escola do povoado Cotinguiba. Essas terras, que constituíam o Emiliano Dias Guimarães, que possuía
e levou para lá a professora Dona Antô- município de Propriá, foram passadas pos- dois grandes engenhos em Aquidabã, resol-
nia, de Propriá. teriormente pela viúva de Antônio de Bar- veu investir em Malhada dos Bois. Cons-
CINFORM 134
Região: Meio Norte (Baixo São Francisco)
Distância de Aracaju: 82 Km
População: 3.208
Atividades econômicas: Pecuária
e agricultura de subsistência
CINFORM 135
Nascente da mata da fonte
CLÍNICA E MATERNIDADE
SÃO FRANCISCO
B
em no centro do Estado de Sergipe,
num planalto, está edificada a sede
do município de Malhador, a 49 qui-
lômetros de Aracaju. Muito pouco se tem
de registrado sobre sua história. Sabe-se que
aquelas terras, excelentes para a agricultu-
ra, provavelmente foram descobertas pelos
conquistadores europeus que chegaram até
Itabaiana.
O local onde se encontra Malhador é
alto e seguro. Tornou-se um ponto certo Igreja de São José: festa em março
para os criadores levarem seus rebanhos.
Daí a explicação do seu nome: lugar des matas eram derrubadas para que os vador. Dava terras para o povo fazer roças
alto e plano onde o gado se deita para bois avançassem. e terrenos para que construíssem suas casas.
ruminar e descansar. Curiosamente, o Não cobrava nada de ninguém. Zezé tinha
município não nasceu a partir da cons- Política e crescimento influência estadual, sendo que seu primo,
trução de uma capela, mas as primeiras Manuel Dantas, era presidente do Estado.
casas surgiram para que os vaqueiros de O historiador Ariosvaldo Figueiredo O resultado é que por volta de 1920, Ma-
Itabaiana pudessem descansar. conta, em seu livro sobre a história de Ma- lhador já era o povoado mais importante
Os primeiros registros da existência de lhador, que quando da chegada da Repú- de Riachuelo.
Malhador são do final de 1600. Mas apesar blica, a disputa política em Riachuelo era Em virtude do seu desenvolvimento, al-
da influência e da proximidade com Itabai- forte entre os pebas e os cabaús. Coman- guns moradores chegaram a propor a mu-
ana, quando Riachuelo se tornou vila, em dava os pebas o dono do engenho Tinguí, dança do nome. Achavam que Malhador
1874, Malhador passou a ser dependente Pedro Menezes. Seu adversário era José não combinava com progresso. A sugestão
dela. Essa dependência trouxe alguns fru- Sotero de Sá Barreto, o cabaú do engenho era que o nome fosse São José, padroeiro
tos, como por exemplo a cana-de-açúcar, Cantoalegre. A briga entre os dois reper- do município, mas a idéia não prosperou.
que tinha em Riachuelo uma gigantesca cutiu em Malhador, onde boa parte das
produção. Malhador chegou a ter os enge- terras pertencia a Pedro Menezes, e outra Fase do algodão
nhos do Caboclo, que iria pertencer a Au- a José Sotero.
gusto da Santa Rosa; o do Motaca, de José Conta-se que certa vez Pedro Menezes, Hoje, o município que é conhecido como
Joaquim de Santana Cardoso e o de Con- tido como hostil, mandou 12 capangas aca- o maior produtor de inhame de Sergipe, já
guandá, de José Tavares. bar com uma feirinha que nascia no Povo- foi um grande produtor de algodão. Po-
Mas os engenhos de Malhador não du- ado Malhador. O povo reagiu. Aproveitan- rém, coexistiam algodão e os possantes
raram muito. É a questão de vocação. Eles do-se da situação, José Sotero, conhecido alambiques. Segundo Ariosvaldo Figueire-
acabaram se transformando em alambi- como Zezé do Cantoalegre, servia à popu- do, o algodão foi o maior veículo do pro-
ques e fazendas de criação de gado. Gran- lação pobre de Malhador, apesar de conser- gresso malhadorense, atingindo pequenas
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Região - Centro de Sergipe
Distância de Aracaju - 49 km
População - Cerca de 11 mil
Atividade econômica - Agricultura
propriedades no interior. O desenvolvimen- e comerciante de tecidos. Foi da mulher redo. Veja a seguir, alguns trechos do seu
to do algodão cresceu quando o Engenho dele a primeira escola de Malhador. livro sobre a história de Malhador:
Central, em Riachuelo, anexou uma fábri- Não havia luz, rodagem, cinema, som,
ca de tecidos. Além disso, o algodão de Ganhou independência banheiro, fossa, água encanada. A maioria
Malhador abastecia as indústrias de Maru- da população vivia na pior, naquela pobre-
im e Aracaju. Na divisão territorial de Sergipe, em za. Principalmente as prostitutas. Pois é,
Francisco José de Oliveira, o Senhorzi- 1936, Malhador ainda aparecia como um existiam prostitutas em Malhador. Poucas,
nho, e Alcides Borges Santos, o seu Alci- distrito do termo de Riachuelo, que por sua doentes, sofridas. Moravam em um pedaço
des do Vapor, eram donos de alambiques, vez pertencia à Comarca de Laranjeiras. Só de rua, o Lazareto, como se a peste ou a
fazendas de algodão e descaroçadoras. Por 17 anos depois, em 25 de novembro de lepra vivessem por lá.
conta dessa riqueza, Malhador começava a 1953, Malhador e mais 18 novos municípi- Chefes de família, maridos de Malhador,
sonhar com a independência, a autonomia os ganham a sua independência a partir de não frequentavam o Lazareto. Preferiam
desejada. Mas Riachuelo nem por brinca- um decreto do governador Arnaldo Rol- casos discretos, aventuras mais gostosas.
deira admitia ver Malhador livre. De Ma- lemberg Garcez. No entanto, Malhador só Uns tinham mais de uma casa e família,
lhador, Riachuelo tirava tributos e votos. se transformou realmente num município outros achavam melhor uma amigação sem
Algumas das figuras mais importantes em 31 de janeiro de 1955, quando tomou compromisso...
na formação de Malhador foram Gonçalo posse seu primeiro prefeito, João Ribeiro À noite, tudo no escuro, nada de luz
da Cruz, Sérgio Costa, Antônio Eleutério, Cardoso, e foi constituída sua primeira Câ- elétrica, candeeiros modestos, numero-
Cândido Barreto, Manoel Vieira dos Anjos mara de Vereadores. sos, pareciam vaga-lumes. O luar, em
e José Joaquim de Oliveira Reis. Gonçalo compensação, uma beleza, como se fos-
da Cruz, por exemplo, foi o responsável Mais histórias de Malhador se dia, a lua derramando luz por todos
por ensinar as primeiras letras. Sérgio Cos- os cantos. As distrações da terra, logica-
ta foi outra figura importante. Foi sargento Um dos filhos mais ilustres de Malhador mente, poucas, rápidas, pequenas. Não
da Polícia Militar, depois pedreiro, ferreiro é o escritor e historiador Ariosvaldo Figuei- existiam clubes. Não havia orquestra,
CINFORM 139
Feira de Malhador: terra do inhame
muito menos, cinema. Uns se distraíam tei o temido Lampião. Depois vim para
nadando, nus, na Lagoa, no caminho de Malhador, e quando cheguei aqui encontrei
Itabaiana... só 22 casas e uma capelinha de São José,
Vez ou outra faziam sala-de-dança, um lembra ele.
dos raros momentos em que moças e rapa- Foi seu Francisquinho quem ajudou a
zes se encontravam... Reisados apareciam, construir a atual Igreja de São José e parti-
de vez em quando. O povo gostava, noite cipou efetivamente na independência de
de festa. O mais falado, o Reisado de Ma- Malhador. Foi uma luta. Tive que encon-
noel Carreiro. trar mil pessoas que pelo menos soubes-
sem assinar o nome, lembra ele. Francis-
A Igreja co Passos colocou uma das primeiras pa-
darias e depois passou 40 anos como far-
A igreja de Malhador custou muito suor macêutico. Tive muita aproximação com
e trabalho. Anos e anos de coletas, lei- os ex-governadores Leandro Maciel, Gil- Ariosvaldo: filho ilustre de Malhador
lões, ajudas para construí-la. Foi constru- ton Garcia, Seixas Dórea e Lourival Bap-
ída aos poucos, aos pedaços. A idéia, es- tista. Quando fui prefeito, fazia as melho- Malhador, coisa linda, poesia, jardim
timulada pelo padre de Riachuelo, Ma- res festas de São José e de 7 de Setembro, Luta e canta, é trabalho e muito ardor
noel José de Oliveira, português de Qua- diz ele. Malhador a sorrir, a viver, a dizer sim
tro Costados, conservador, mas dinâmi- Até na rima é mais afeto e mais amor.
co, preocupado com o seu rebanho. Mas Hino de Malhador
foi padre João Marinho de Souza, tam- Entre o agreste e o litoral há coração
bém português, que iniciou, em 1933, a Em 1973, o escritor e filho de Malha- O da terra e o da gente que resiste
construção. Construídas as bases, só em dor, Ariosvaldo Figueiredo, escreveu o Pra criar um Estado forte, o meu irmão
1936 é feito o altar. É de se destacar o hino do município. Ele foi escrito a pedi- Todos juntos crescendo Sergipe.
trabalho de Lúcio Pedreiro, e de Zé de do da comissão presidida pelo padre An-
Beata, os dois grandes mestres da obra. tônio Rezende. Nesta terra todo mundo pensa assim
Pensa e vive, gosta muito de lutar
As histórias de seu Francisquinho Sergipe forte, chão amigo, luta viva Sua luta tem começo, não tem fim
Fez cidades e a paz pra gente querer Para o povo nunca é hora de parar. C
S
ergipe nasceu em Maruim. A frase
pode parecer, mas não é nada exa-
gerada. Basta que se conheça a fan-
tástica história daquele município, que fica
na região do Cotinguiba, a 30 quilômetros
de Aracaju. Recentemente a bióloga e his-
toriadora Maria Lúcia Marques Cruz e Sil-
va, filha de Maruim, expôs achados históri-
cos do município. São milhares de peças e
documentos que revelam o apogeu e a de-
cadência do Empório de Sergipe.
Empório, sim. Boa parte dos grupos
empresariais de sucesso em Sergipe nasceu
em Maruim. A força econômica e política
desse município era tanta que foram insta-
lados lá oito consulados. A cana-de-açúcar
e o algodão atraíam os europeus, que em
Maruim montaram colônias. Igreja Matriz Nosso Senhor dos Passos, cuja construção foi iniciada no de 1848 e concluída
em 1862
O começo
para negociar com o ouro da terra, que era Forte economia
O nome da cidade vem do inseto maru- o açúcar nas terras de Manoel Rodrigues.
im (os antigos chamavam Maroim), que Depois de desavenças entre José Pinto e As excelentes terras e o açúcar que nascia
em Tupi significa mosca pequena ou mos- Manoel, Maruim passa a ser dependente de delas eram as maiores riquezas de Maruim
quito. O primeiro povoamento nasceu no Santo Amaro e depois de Rosário do Cate- na metade do século XIX. A cidade pos-
encontro dos rios Sergipe e Ganhamoroba. te. As brigas terminaram na chamada Re- suía 15 grandes engenhos. Os portugueses
Aos arredores do Porto das Redes (antiga volução de Santo Amaro. As confusões só dominavam a cultura, mas logo chegaram
Alfândega de Sergipe), surge Mombaça. acabaram em 1835, quando o governador alemães, italianos, ingleses e suíços.
Mas os ataques dos mosquitos obrigaram da Província, Manoel Ribeiro da Silva Lis- Mas foi um sergipano quem mais se des-
os poucos habitantes a se mudar dali. boa, transformou Maruim em uma vila e tacou na economia e política em Maruim.
O português Manoel Rodrigues de Fi- no ano seguinte ela virou cidade. O coronel Gonçalo Rollemberg do Prado
gueiredo permite que as pessoas fugidas do Para a história oficial, o fundador de tinha as maiores usinas e produções de açú-
Mombaça construam suas casas dentro de Maruim foi José Pinto de Carvalho. Foi ele car. Ele governou a cidade por muitos anos.
suas terras, no Engenho Maruim de Baixo. quem governou a recém-criada Vila de O ciclo do algodão em Sergipe foi curto,
Outro português, José Pinto de Carvalho, Maruim, e quem empossou o primeiro pre- mas a família do alemão Otto Schramm
construiu um grande armazém (trapiche) feito, Luís Barbosa Madureira. montou em 1869 o maior descaroçador da
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Região - Central
Distância de Aracaju - 30km
População - Cerca de 16 mil
Atividades econômicas Agricultura
(cana-de-açúcar), pecuária, pesca e Indústria
de Malharia Constâncio Vieira
Província em Maruim. A fábrica era mo- vida econômica, política, social e cultural A influência estrangeira em Maruim deu
vida a vapor e descaroçava, por dia, 600 daquele município. origem ao nome de um dos bairros mais
arrobas de algodão. A mão-de-obra era A força dos alemães era tanta que um con- importantes da cidade, o Lachez. Foi uma
praticamente toda escrava. sulado foi instalado em Maruim. Além dele, homenagem ao francês Henrique José La-
No final do século XIX, a força econô- em 1850 a cidade ainda tinha os consulados chez, que em 1822 era um importante co-
mica de Maruim era tanta que empresas e da Inglaterra, Suécia, Noruega e dos antigos merciante em Maruim.
indústrias instaladas no município tinham reinos de Nápolis e Áustria. Em 1860, o vice- A decadência das empresas estrangeiras
filiais em outros Estados e em muitos pa- cônsul da Suécia, Eduardo Wynne, em nome começou com o fim da escravatura. A par-
íses da Europa. Países como Alemanha, do corpo diplomático de Maruim saudou tir de 1900, a maioria das firmas abriram
Inglaterra e França mantinham comércio Dom Pedro II no Paço Imperial. falência, e os estrangeiros foram embora.
regular com firmas localizadas em Maru-
im, como a Casa Inglesa, Schramm e Cia,
A.Fonseca, A Casa Cruz, Maynart e Ir-
mãos e Soares & Prado.
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Rua General Siqueira de Menezes, feita com pedras calcárias, inaugurada por D. Pedro II, no João Gomes de Mello, o Barão
século XIX de Maruim
Silva Maia, com a casa Silva Maia & Cia; cio de Sergipe.
Rosa de Queiroz, com Sabino Ribeiro & Contabilidade era uma disciplina obriga- Texto: CRISTIAN GÓES
Cia, que mais tarde se chama Ribeiro & tória. Envolta da força comercial e indus- Fotos: EDSON ARAÚJO e cedidas pelo Inventário Cultural
de Maruim
Cia; e a Casa Cruz, que também foi cha- trial, Maruim era um dos pólos de educa- Fonte: Maria Lúcia Marques Cruz e Silva, edição comemorativa
mada de Cruz Irmãos & Cia. ção e cultura de Sergipe. A cidade teve 21 aos 140 anos de Emancipação Política da Cidade, 1994
Uma das indústrias locais que mais se jornais, a maioria literários, de 1862 a 1936. e Inventário Cultural de Maruim.
Moita Bonita
a cidade das serras
Município foi
emancipado por
causa das disputas
políticas entre os
irmãos Euclides e
Pedro Paes Mendonça
CINFORM 144
Região - Central (Agreste)
Distância de Aracaju - 64 km
População - 10.764
Atividades econômicas - Culturas de mandi-
oca, milho, feijão, manga, melancia, jaca, coco, amendoim,
inhame; avicultura, indústrias de cerâmica, móveis, madei-
ra, além da indústria de roupas e confecções.
çadas ou nos bancos das praças para con- Moita Bonita, cidade amiga
versar com amigos e vizinhos. És genial e juvenil
És orgulho de nossa vida
Hino de Moita Bonita És um pedacinho do Brasil.
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Serra do Capunga: beleza ameaçada
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Monte Alegre
originou-se de encontros
de viajantes
Município teve seu
nome inspirado numa
fazenda e pertenceu a
Porto da Folha e Glória
A
s terras que hoje pertencem a
Monte Alegre, a 156 quilômetros
de Aracaju, já foram de Porto da
Folha, cidade colonizada por Tomás Ber-
nardes. Diz a tradição que o primeiro nú-
cleo populacional que deu origem ao povo-
ado foi fundado no final do século XIX,
em uma fazenda localizada às margens da
estrada que liga Nossa Senhora da Glória a
Porto da Folha.
Igreja de Monte Alegre, construída no lugar da primeira
Conforme pesquisas da professora apo-
sentada Valdete Alves Oliveira - que está
escrevendo um livro sobre a história da ci- índios Caboclinho e Maria Ciliata. O casal Marcado o dia, coube ao jovem João
dade - o local onde iniciou-se a povoação montou um casebre de taipa, mas um dia a Alves Lima trazer o padre de Porto da Fo-
era muito movimentado porque ali se en- índia bebeu demais, desmaiou e acabou lha para celebrar uma missa e fazer uma
contravam os viajantes de Nossa Senhora morrendo por insolação. festinha. No domingo, 1º de janeiro de
da Glória, Poço Redondo e Porto da Folha. Segundo a professora Valdete Alves, a 1920, Monte Alegre teve sua primeira feira
O nome do município foi inspirado numa fazenda de Januário ficava em um ponto e até hoje ela acontece aos domingos, sendo
fazenda de Antônio Machado Cabelê, que de muito movimento, e o pai dela, João uma das maiores da região.
se chamava Monte Alegre. Ele se reuniu Alves de Lima, que morava em Porto da Após alguns meses, foram construídas as
com outros fazendeiros e decidiram cha- Folha, começou a ir nesse local para comer- primeiras casas residenciais e comerciais. Os
mar a nova povoação de Monte Alegre, cializar queijo e tecido. Meu pai sempre primeiros comerciantes a se instalar foram
porque no local existia um pequeno monte deixava parte de suas mercadorias com Ale- João Alves de Lima, Manoel Ferreira dos
considerado bonito e alegre. A partir daí xandrina da Costa Farias, filha de seu hos- Santos, Gustavo Melo, Antônio Joaquim
sua fazenda passou a se chamar Monte Ale- pedeiro Januário, para que ela vendesse às da Silva e José Inácio de Farias. Este último
gre Velho. pessoas de outras propriedades vizinhas, primogênito de Januário e que muito con-
Um desses fazendeiros era um baiano de lembra ela. tribuiu para o povoamento da cidade. Doou
Jeremoabo, o Januário Costa Farias, que terrenos de sua fazenda para a construção
foi o primeiro habitante do município. Ele Primeira feira de casas populares.
passou a viver na região depois de ter fugi- Valdete informa que outro filho de Janu-
do de sua cidade, obrigado pelo pai, por ser O ambulante João Alves Lima fez um ário, Leandro, ficou com uma fazenda que
um dos discípulos de Antônio Conselheiro convite a Januário para fazer um dia de fei- passou a se chamar Olinda, onde havia um
e estar jurado de morte. ra, junto com os fazendeiros José Inácio de casarão de andar já muito deteriorado onde
Sem ter para onde ir, Januário procurou Farias, Francisco Alves da Silva, João Joa- na parede estava escrito Olinda, dezem-
o frei Doroteu, que o encaminhou para quim de Santana, Manoel Ferreira de Paula bro de 1641. Dentro da casa havia vários
colonizar o sertão, junto com o casal de e outros. objetos e um cadáver vestido com roupas
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Região: Noroeste (sertão)
Distância de Aracaju: 156 Km
População: 11.578 habitantes
Atividades econômicas: Agricultura
(milho) e pecuária
José Inácio de Farias: um dos fundadores
da cidade
CINFORM 149
Casarão dos holandeses, na Olinda
ele. Algum tempo depois, Virgulino Fer- mãe e a gente passou muita privação. Meu
reira já era o conhecido cangaceiro Lam- pai, que era bem de vida, morreu pobre, Filhos Ilustres
pião, estava em Monte Alegre e foi direto à lamenta Valdete Alves. José Inácio de Farias: um dos funda-
bodega de João Alves, que era a mais sorti- dores da cidade. Contribuiu muito com o po-
voamento, doando terrenos para casas popu-
da da cidade. Quando ele chegou, viu meu Tanque Velho: antigo lazer lares. Agora ele dá nome a uma escola muni-
pai deitado em uma rede vendida por ele e da população cipal
começaram a conversar sobre o passado. Antônio José de Santana: primeiro
Lampião contou que tinha virado canga- * VALDETE ALVES OLIVEIRA prefeito
ceiro porque mataram toda sua família.
Pastor Heleno Silva: deputado estadual
Meu pai encheu as bolsas dos bandidos de Meio nativo, meio artificial, quando an- e ex-secretário de Estado da Agricultura
alimento e Lampião disse que ninguém po- teriormente com suas águas límpidas e trans-
dia tocar em meu pai, lembra ela. parentes, parecia um grande espelho eterno Padre Francisco de Assis Góis:
pároco de Canhoba
João Alves Lima passou a ser o delegado em noites de luar. Foi a alegria para os que
de Monte Alegre e tinha de apoiar a volan- lá desfrutavam lazer. E tristeza para os que Nilton Santana: delegado de Polícia em
Aracaju
te. Um dia, em 1938, ele percebeu que es- lá sucumbiram eternamente (uma referên-
tavam sumindo algumas munições e um cia às pessoas que morreram afogadas no José Nunes Santana: pedagogo e ve-
amigo seu lhe disse que um soldado estava tanque). reador da cidade
entregando aos cangaceiros. Ele e outros da Os raios de sol que os bordejavam, Cícera Araújo de Barros Lima: pro-
volante seguiram o soldado e descobriram transmitindo-lhes as cores do arco-íris, fessora e secretária Municipal de Educação
que ele entregava a intermediários que le- jovens ou velhos que desfrutavam lazer
Janecelha Ferreira Santos: freira
vavam para os cangaceiros. jamais o esqueceram. As águas eram re-
Um dia a volante e o Exército seguiram tiradas para a lavagem das roupas no es- Maria Cleide Santana: secretária Mu-
nicipal de Administração e filha do primeiro
essas pessoas e descobriram que a munição coamento do paredão. Hoje suas águas prefeito
foi parar em Propriá, na fazenda de Antô- encontram-se em demasiada sujeira e so-
nio Caixeiro. De lá embarcou para Pira- lidão. As águas não brilham como an- Tailson - Nasceu em Monte Alegre, mas foi
para Nossa Senhora da Glória ainda bebê. Foi
nhas-AL e depois aportou em Angico, onde tes, são turvas como os olhos com cata- revelado no Dorense, jogou no Vitória da Ba-
o bando de Lampião estava escondido. Por ratas humanas. hia, 15 de Piracicaba, fora do Brasil e atual-
isso que Lampião e seu bando foram mor- Ao meio dia, era o ponto pitoresco para mente está no Botafogo do Rio.
tos, informa a professora. o encontro de bois Zebu que vinham beber
Ela diz que pouco antes de Lampião ser água, aí se travavam em lutas de cabeça,
encontrado, seu pai prendeu o soldado que um contra o outro. Qual será o vencedor? Texto: CARLA PASSOS
estava roubando a munição, mas depois O de Lourival ou o de Toinho? O de Cabelê Fotos e reproduções: EDSON ARAÚJO
ele mesmo foi preso sem nem saber por ou o de Antônio de Chico? Faziam-se até Fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros e pesquisa da
professora aposentada Valdete Alves Oliveira
quê. Passou 45 dias na penitenciária de apostas. As lavadeiras de roupas, muitas
Muribecadesenvolveu-se, mas
regrediu no tempo
N
ascido com o nome Sítio do Meio,
o município de Muribeca, a 72 qui
lômetros de Aracaju, desenvolveu-
se economicamente, mas depois literalmen-
te parou no tempo. A população chegou a Cidade surgiu na antiga capela, hoje Igreja Matriz Senhor das Misericórdias
dispor de engenho, alambiques e olarias para
trabalhar, e até de quatro cinemas para o pero povoado, mas sua evolução político- Saudades e esperanças
lazer. A cidade, antes bastante promissora, administrativa só teve início em 7 de no- de melhoria
com a rede ferroviária passando ao lado, vembro de 1921, quando foi criado o dis-
hoje encontra-se praticamente sucateada, trito de paz ainda com a mesma denomina- A professora aposentada Maria Deuzi-
mas, segundo os otimistas, com uma espe- ção. Nesse período, a povoação não per- nha dos Santos Souza, hoje vereadora, diz
rança de recomeço. tencia mais a Propriá e sim a Aquidabã, que a população está com esperanças na
As terras de Muribeca (nome indígena que foi desmembrado em 1882 do municí- nova administração (Joana Barroso), que
que significa mosca inoportuna) fazi- pio propriaense. já mostra resultados positivos. Ela é uma
am parte da área que Cristóvão de Bar- O termo judiciário de Muribeca foi cri- mulher de visão, está batalhando e, apesar
ros, conquistador de Sergipe, deu em ado em 1926, através da lei nº 942, de 8 de das dificuldades, já está pagando o salário
1590 a seu filho, Antônio Cardoso de outubro, que deveria ter como sede o Po- mínimo aos funcionários, nunca pago an-
Barros, através de sesmaria. Elas foram voado Sítio do Meio. Nesse mesmo tem- tes em nenhuma administração, afirma
compradas por João Batista de Almeida po ele foi também elevado à categoria de Deuzinha.
Figueiredo, onde ele construiu o primei- vila e passou a pertencer juridicamente a A moradora Dionélia Andrade Araújo
ro prédio do lugar - uma pequena capela. Capela. (dona Dió), 79 anos, é natural de Nossa
Tempos depois ela deu lugar à Igreja Só em 1938 a Vila de Muribeca foi ele- Senhora da Glória, mas vive em Muribeca
Matriz da cidade, sendo escolhido como vada à categoria de cidade, através do de- desde os 8 anos. Ela disse que a administra-
padroeiro Nosso Senhor da Misericórdia, creto-lei nº 69, de 28 de março. O muni- ção do prefeito Cacau Franco (1997-2000)
louvado todo dia 1º de janeiro. cípio ficou constituído pelos povoados foi a pior que o município já teve. Muri-
Mas foram os filhos de João Batista de Visgueiro, Saco das Varas, Pedras, Cama- beca é um lugar calmo, bom de se viver,
Almeida, Manoel Almeida Figueiredo e rá, Arrodiador, Pau Alto, Inês, Cajueiro e mas o ex-prefeito arrasou a cidade, afirma
Francisco Xavier de Figueiredo, que tive- Cabeça da Onça. Teve como primeiro pre- dona Dió.
ram participação mais destacada na povoa- feito o pároco da cidade, Carlos Camélio O marceneiro José Bomfim dos Santos,
ção de Sítio do Meio, localidade pertencen- Costa, que foi homenageado anos depois 79 anos, também demonstra sua insatisfa-
te na época a Propriá. com seu nome sendo colocado no fórum ção. As políticas que têm aparecido por
Em 1897, Sítio do Meio já era um prós- da cidade. aqui é só ingratidão. Com essa que entrou
CINFORM 151
Região - centro (Vale do Cotinguiba)
Distância de Aracaju - 72 Km
População - 7.100
Atividades econômicas - pecuária; agricultu-
ra; artesanato (bordado de ponto de cruz, rendendê, cro-
chê); confecção de vassoura de palha, esteirão, cesta e ralo de
milho .
CINFORM 152
Novo prédio do Fórum de Muribeca
CINFORM 153
Neópolis
a capital sergipana
do frevo
Município, às margens
do Velho Chico, tem
destaque também
através do Platô e dos
perímetros irrigados
N
eópolis, distante 121 quilômetros
de Aracaju, é considerada a capi
tal sergipana do frevo, mantendo
a tradição do bloco Zé Pereira durante os
carnavais. O frevo, comum em Recife e
Olinda, em Pernambuco, invade as ruas de
Neópolis, com a multidão cantando e dan-
çando ao som de marchinhas do grande
Mestre Capiba. Situada às margens do Rio
São Francisco, a cidade tem uma vista ma- Neópolis: a capital sergipana do frevo também é banhada pelo Velho Chico
ravilhosa e destaca-se por possuir duas igre-
jas católicas na mesma praça, uma de frente os eram frágeis, cobertos de palha, em vez signação de Vila Nova, sendo seu primei-
pra outra. de serem construídos de alvenaria e ma- ro prefeito Antônio Ataíde. O decreto-lei
O município de Neópolis foi fundado deira para resistir à ação do tempo. Por nº 272, da Interventoria Federal no Esta-
com o nome de Santo Antônio de Vila causa disso, a vila volta ao patrimônio da do, de 30 de abril de 1940, dá à cidade a
Nova, elevado à categoria de freguesia em Coroa, passando a se chamar Vila Real designação de Neópolis.
18 de outubro de 1679. As terras foram do São Francisco.
doadas a Antônio de Britto Castro, pelo rei Participações Históricas
de Portugal, com o compromisso de serem Vila Nova Del Rei
construídas no local 30 casas, cadeia, pe- O povo neopolitano sempre se fez presen-
lourinho e casa de câmara. Em 1733, a povoação foi elevada ofici- te às grandes decisões. Em 1710, revoltado
Em 1683, o filho do donatário, Sebasti- almente à categoria de vila com a deno- contra os dízimos cobrados pela Capitania
ão de Britto de Castro, requereu a nomea- minação de Vila Nova Del Rei. Em 1817, da Bahia, invade a cidade de São Cristóvão e
ção em substituição a seu falecido pai. Em ela perde quatro quintos do seu território se apodera do armamento da força pública,
decorrência disso, a Coroa procurou infor- para a criação da freguesia de Santo Antô- destitui os representantes do poder, chegan-
mação para saber se as cláusulas da doação nio do Urubu de Baixo, hoje Propriá. Em do o capitão-mor Salvador da Silva Bragan-
tinham sido cumpridas. Ele informou, em 6 de março de 1835, recebe pela Lei pro- ça a esconder-se, temendo ser morto.
1689, que todas as exigências da doação vincial a categoria de comarca com a de- Liderado por Bento de Mello Pereira (Ba-
haviam sido cumpridas, inclusive que a vila signação de Vila Nova do Rio São Fran- rão do Cotinguiba), participa ativamente
já contava 200 moradores. cisco, compreendendo seu termo, Propriá contra as revoluções pernambucanas, pa-
Para comprovar se a informação era e Porto da Folha. trulhando aquela região da Província, ora
verdadeira, em 29 de novembro de 1689 a Em 1857 a comarca foi transferida para invadindo a Câmara da florescente Vila do
Carta Régia manda o ouvidor de Sergipe Propriá. Medida que foi reparada tempos Penedo, em 1817, ora expulsando de Brejo
fazer uma vistoria, quando foi constatado depois. Em 23 de novembro de 1910, a Grande, em 1824, os irmãos Antônio José
que o donatário não havia cumprido o vila é elevada à categoria de cidade, atra- de Albuquerque Cavalcante e José de Al-
acordo, como fora combinado. Os prédi- vés da Lei estadual 583, com a mesma de- buquerque Cavalcante.
CINFORM 154
Região - Baixo São Francisco
Distância da capital - 121 km
População - 18.500
Atividades econômicas - Agricultura irrigada
tora Dona Lila, uma das maiores educa- do Rio São Francisco, os empresários estão
doras da região), igreja, praça, campo de mais tranqüilos. Se a transposição fosse efe-
futebol com arquibancada, mercado e tivada, todo o perímetro irrigado estaria
clube de lazer. comprometido, causando um grande pre-
juízo ao Estado.
Platô de Neópolis e O secretário de Agricultura do Municí-
Perímetro Betume pio, Josemilton Silva Almeida, destaca
também a importância do Perímetro Irri-
O Platô de Neópolis, projeto de fruti- gado do Betume na geração de empregos
cultura irrigada do Baixo São Francisco, para a região, com a fábrica de beneficia-
mudou o perfil social da região. Localizado mento do arroz, implantada pela Code-
a 92 quilômetros de Aracaju, com 38 lotes, vasf na década de 70.
já está gerando mais de três mil empregos.
Implantação das indústrias O Projeto está com 30% da sua capacidade Igreja foi quartel-general
produtiva, em torno de 50 mil toneladas.
A industrialização do município teve Mas a meta é chegar a produzir em 2006 * SIVAL GOMES
início em 1892, com a instalação da fábri- mais de 250 mil toneladas.
ca de óleo de caroço de algodão, de Alber- Todo o complexo de fruticultura é admi- Neópolis tem uma das igrejas mais anti-
to Vaz, vindo depois uma usina de benefi- nistrado pela Ascondir - Associação dos gas de Sergipe, a de Nossa Senhora do Ro-
ciamento de arroz. Em 1906 instala-se na Concessionários do Distrito de Irrigação do sário. Não se sabe ao certo quando foi cons-
sede municipal a fábrica têxtil de Antunes Platô de Neópolis -, criada para especifica- truída, mas pelos seus aspectos arquitetôni-
& Cia e, em 1907, na propriedade de Pas- mente para esse fim. Ela gerencia a água, o cos e por ter sido quartel-general no século
sagem, a fábrica de Tecidos de Peixoto fomento de tecnologia e incentivo ao me- XVII, chega-se à conclusão de que é umas
Gonçalves & Cia. lhoramento da produção, e orienta tecnica- das mais antigas do Estado.
A Vila Operária da Passagem foi funda- mente sobre a manutenção dos canais, das São poucos os documentos existentes
da pelo comendador português Manoel estradas de acesso e de toda infra-estrutura deste tão importante templo. Mas as in-
Gonçalves, proprietário e idealizador da local da sede. formações encontradas nos dão a certeza
Fábrica de Tecidos Peixoto Gonçalves, O Platô já está produzindo coco, aba- de que a Igreja do Rosário foi a nossa
empregando mais de 200 trabalhadores na caxi, mamão, banana, maracujá, melan- primeira Matriz Paroquial, e não a de
década de 1960. cia, limão e tangerina. As mangueiras plan- Santo Antônio.
Até hoje, a fábrica é uma das maiores tadas ainda não estão produzindo. As fru- Em 1638, o Conde de Bagnuolo, quan-
fontes de emprego na região, com 460 tas são comercializadas nos supermerca- do comandava suas forças com soldados
empregados, como também um dos mai- dos locais e exportadas desde Pernambu- e civis vila-novenses, fez dela quartel-ge-
ores contribuintes de ICMS. A Vila Ope- co até a Bahia. neral para enfrentar as tropas de Maurí-
rária tem uma infra-estrutura melhor do O Projeto trouxe grandes benefícios para cio de Nassau.
que muitos municípios do Estado, possu- todo o Baixo São Francisco e o Estado. Com Em 1813, o inverno foi muito rigoroso,
indo escola (teve como professora e dire- o arquivamento do projeto de transposição quase o ano todo. A nossa Matriz de Santo
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Neópolis tem o privilégio de ser banhada pelo Rio São Francisco José Leandro, Agesilao e Francisco Accioli: notáveis do município
Antônio, por encontrar-se já em péssimas seus pecados e confessar o motivo que lhe
condições, devido ao seu telhado apresen- levava à morte. Após o ato do enforcamento, José Bandurra - Chefe da Chegança
tar-se em ruínas e possuir infiltrações nas era sepultado na referida igreja.
Luiz Melo de França - Médico Sanitarista
suas paredes, veio a desabar naquele ano, o
que levou a nossa Igreja do Rosário a voltar Do luxo ao abandono Ângela Maria da Silva - Médica, doutora em
a ser Matriz, conforme historia o vigário da Infectologia
época, Padre Antônio do C. Bruno. Em uma época em que a fé pelos santos Agesilao Baptista Martins Soares - Agro-
Com a visita do Imperador do Brasil, D. levava as pessoas a fazer muitas loucuras, a pecuarista, ex-prefeito, delegado e juiz de Paz
Pedro ll, em 1859 foi formada uma comissão imagem de Nossa Senhora do Rosário fez
João Baptista Gomes Neto - Engenheiro
de dedicados devotos de nosso padroeiro e, fortuna, chegando a possuir várias casas, agrônomo
após a celebração da missa em homenagem além de jóias de ouro e de prata, tendo sido
ao ilustre visitante, foi entregue uma bem ca- vendidas já no século que passou pelos Milton Barbosa de Lemos Silva - Historia-
dor, escritor e professor da UFS
prichada solicitação no sentido de que fosse membros da Confraria do Rosário.
recuperada a nossa Igreja de Santo Antônio. Um fato curioso é que as jóias eram guar- Luiz José Pereira de Melo - Advogado, pro-
No ano seguinte, chegou um emissário dadas em caixão de ferro que existia no asso- curador do Estado
da Imperatriz para verificar a situação da alho do corredor do lado esquerdo da igreja, José Costa Cavalcanti (Patativa) - Advoga-
igreja e levantar os valores que deveriam trancado com três fechaduras. Para manter a do, promotor público e ex-superintendente da
ser gastos na recuperação. Ele não mediu segurança, cada chave era guardada com um Polícia Civil
esforços e mandou reconstruir a nossa Ma- membro da Confraria: o presidente, o secre- Jurandir Cavalcanti - Jornalista, odontólo-
triz de Santo Antônio, mas a obra só foi tário e o tesoureiro. go, ex-presidente da ASI
concluída em 1959, um século depois, ano O mais incrível disso tudo é que, com
que a Igreja do Rosário perdeu mais uma tanta segurança, hoje a santa não possui nem Bento de Mello Pereira - Foi presidente da
Província
vez o título de Matriz Paroquial. jóias e nem casa. Tombada pelo patrimônio
Conforme podemos constatar, a Igreja do histórico do nosso Estado, vive em total aban- Gal. Manuel Presciliano de Oliveira Va-
Rosário foi construída ao lado da forca (local dono, com seu telhado corroído pela ação ladão - Secretário do marechal Floriano Peixo-
to e um dos 21 deputados que elaboraram a
onde hoje se encontra o Fórum), pois quando dos cupins e do tempo, colocando os poucos Constituição da República
um negro era condenado à forca, antes teria fiéis que ainda têm coragem de freqüentar o
que ir à Igreja da protetora dos negros, que era nosso histórico templo em verdadeiro peri- Francisco Accioli Martins Soares - Fun-
dou farmácias e colégios em diversas cidades
Nossa Senhora do Rosário, pedir perdão de go de vida, estando, dessa forma, à espera de Minas Gerais, São Paulo e Goiás
das providências do diretor do Instituto do
Patrimônio Histórico de Sergipe e da Secre- Frei João das Mercês Ramos - Monge be-
neditino
taria da Cultura para evitar uma tragédia. C
Josias Baptista Martins Soares - Promotor
* Professor de Justiça no Espírito Santo, onde exerceu as
funções de procurador geral do Estado e de-
sembargador.
Filhos Ilustres
Narciso - jogador do Santos Futebol Clube e
Monsenhor José Moreno de Santana - Seleção Brasileira;
Pároco por 31 anos da Paróquia de Santo Antô-
nio Dinho - jogou no São Paulo, Grêmio, Santos;
Nivaldo Elias Barboza - Advogado, jornalis- Misso - jogou no Botafogo do Rio e Palmeiras.
ta, ex-diretor da Penitenciária de Areia Branca
e do Detran e ex-delegado Regional do Traba-
lho Texto: EDIVÂNIA FREIRE
Fotos e reproduções: SÍLVIO ROCHA
Luiz Fernando Guimarães Barreto - Médi- Fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, Manfredo Goes Mar-
Platô de Neópolis: produção atinge 50 mil co tins, Toninho Tomaty e Josemilton Silva Almeida.
toneladas
Aparecida
foi fundada por
retirantes cearenses
Sede do município
era Cruz das Graças,
mas foi transferida
para Maniçoba,
nome antigo da cidade
A
história da cidade de Nossa Senho
ra Aparecida, a 93 quilômetros de Igreja Nossa Senhora Aparecida: terceira construída no mesmo lugar das primeiras
Aracaju, é bastante interligada com
a de Ribeirópolis, antiga Saco do Ribeiro. do de uma grande seca. Francisco Felipe de 1933 foi criado o município de Ribei-
De acordo com o escritor José Gilson dos dos Santos, que atendia por Chico Ceará; rópolis, através do decreto-lei 188. Cruz
Santos, autor do livro Saco do Ribeiro - Pe- os filhos Antônio Felipe Santos e Andreli- do Cavalcante passou a fazer parte de Ri-
daços de sua História, no final do século no Felipe dos Santos; José Felipe dos San- beirópolis.
XIX, além dessa povoação já conhecida, tos e outros se estabeleceram no local por
mais ao norte havia outra, onde viria a sur- causa das terras férteis. Todos passaram a Briga Política
gir Aparecida. Nesse local, alguns já esta- ser chamados de Cearás.
vam estabelecidos, entre eles Cavalcante, Segundo José Gilson dos Santos, nos Em 1947, Josué Passos é lançado can-
grande incentivador da cultura do algodão primeiros anos, Cruz do Cavalcante teve didato a prefeito de Ribeirópolis, pela
e principal responsável pelo desenvolvimen- mais progresso do que Saco do Ribeiro, União Democrática Nacional (UDN),
to do povoado. principalmente pelo grande desenvolvi- concorrendo com Baltazar Francisco dos
Cavalcante era um alagoano de sólida mento do cultivo de algodão. O povoa- Santos, da família dos Cearás, quando co-
condição econômica, que na primeira me- do chegou até a exportar o produto para meçou uma grande briga política. A
tade do século XIX assassinou um fazen- os Estados Unidos e também realizava campanha eleitoral desse ano se desdo-
deiro em sua terra natal, e acabou sendo uma feira todos os domingos. Apesar de brou em clima de agitação que culminou
localizado em Sergipe e morto por vingan- Cruz do Cavalcante pertencer a Itabaia- no dia 7 de Setembro, quando Josué e
ça. O povoado onde aconteceu o assassina- na, seus habitantes tinham maior ligação sua comitiva foram fazer um comício no
to passou a se chamar Cruz do Cavalcante, com o Povoado São Paulo, atualmente Povoado Cruz do Cavalcante, informa
por causa do cruzeiro que colocaram em Frei Paulo, que também fazia parte do José Gilson.
homenagem a ele. Anos depois o nome foi município. O delegado Manoel Perciliano dos San-
mudado para Santa Cruz e, por último, Cruz O declínio de Cruz começou com a tos resolveu revistar os participantes da co-
das Graças, quando passou a município, ascensão de Saco do Ribeiro, em 1914, quan- mitiva, que não aceitaram. Por causa disso,
desmembrado de Ribeirópolis, na primeira do aconteceu a primeira feira. As casas co- começou um tiroteio que resultou na mor-
metade da década de 60. merciais de Cruz passaram a funcionar ape- te de José Severiano de Jesus, conhecido
Os primeiros registros do município de nas aos domingos, no dia de feira, porque como José Tibúrcio. Ninguém descobriu
Nossa Senhora Aparecida datam de 1877, nos outros dias não havia movimento, lem- quem atirou nele. Nessa eleição, Josué Pas-
quando uma família de retirantes do Ceará bra José Gilson. sos obteve sucesso, mas em 1950 foi Balta-
(do povoado Cuncas, município de Mila- Em decorrência do desenvolvimento do zar quem venceu.
gres) chegou a Cruz do Cavalcante, fugin- Saco do Ribeiro, no dia 18 de dezembro Em 1954, o fazendeiro João Nunes
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Igreja de Cruz das Graças que era a capela de
Santa Cruz
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Primeiros moradores de Maniçoba (na década de 20): Aprígio, Beneziu, Carimero de Piu e amigo,
Zé do Piu, Dr Manoel, Zezé Nunes, Conceição, Denizio do salgadinho e Júlio Cajarona
José Felipe dos Santos, em sua juventude
uma previsão, já que Manoel Perciliano e Fiquei muito feliz, principalmente por cau-
Manoel Torquato foram, respectivamente, sa do nome do município que agora passa- Já médico, entrou para a escola de saúde
primeiro e segundo prefeitos da cidade, que ria a se chamar Nossa Senhora Aparecida e do Exército Brasileiro e foi morar no Rio
depois passou a se chamar Nossa Senhora teria como povoados Cruz das Graças, Al- de Janeiro. Lá fez diversos amigos ilustres
Aparecida, disse Torquato. godão, Bom Sucesso, Lajes e metade da como Adoniran Barbosa e Vinícius de Mo-
Elisiário não estava satisfeito com a sua Fazendinha, que também pertence a Cari- raes. Foi médico do presidente Castelo Bran-
plantação de algodão em Mirante, porque ra, diz ele. co, chefe do serviço médico do Palácio do
chovia muito. Era tanto trabalho e a chu- Enquanto a população de Maniçoba gos- Planalto, secretário de Saúde de Goiás, di-
va estragava. Então eu decidi ir embora tou da mudança da sede, os moradores de retor do Instituto Médico Legal e da Polícia
para Maniçoba com meu irmão e constru- Cruz das Graças não se conformaram. Eles Técnica do Distrito Federal, diretor do ser-
ímos uma igrejinha de 5 por 10 metros, dizem que isso aconteceu por questão polí- viço de saúde da Guarda Presidencial e do
lembra ele. José Torquato diz que, para a tica por causa da inimizade da família Pas- Regimento de Cavalaria e Guarda.
construção, cada mulher solteira dava 50 sos com os Cearás. Na noite que Maniçoba Ele fez ainda os cursos de Direito e Jor-
cruzeiros, as casadas davam um prêmio passou a ser sede do município aconteceu nalismo. Foi pioneiro em Brasília, já que
para o leilão e os homens pagavam a ban- um tiroteio. Dessa vez sem nenhum ferido. chegou junto com o presidente Juscelino
deira (compravam a mercadoria). Assim Novamente, a família Ceará foi acusada de Kubitschek. Atualmente ele é diretor pro-
nós conseguimos construir a primeira ca- ser responsável por não se conformar com prietário da primeira clínica médica do Dis-
pela do povoado, fazendo os tijolos no a mudança, mas até hoje não se conseguiu trito Federal.
quintal de casa e no final de 1957 o padre provar. Que essa história sirva de exemplo para
Aleixo, de Ribeirópolis, celebrou a primeira os mais jovens de minha terra. C
missa de Maniçoba. Um exemplo para os
Segundo Elisiário, o povoado foi cres- jovens de Aparecida * Estudante de Psicologia
cendo e em 1975 já possuía 130 casas, nú-
mero maior que Cruz das Graças, que tinha * JAILSON J. MENEZES Filhos Ilustres
108 casas. Então nós construímos uma
capela maior no mesmo lugar da primei- José Felipe dos Santos, conhecido como Manoel Perciliano dos Santos - primeiro
Zé de Capitulinha, foi um menino prodígio prefeito
ra. Chico Passos, deputado estadual, que-
ria a transferência dentro de poucos dias, que nasceu na fazenda Monde, hoje Apare- Manoel Torquato de Jesus (tenente) - se-
então pediram que eu, como tesoureiro da cida. Menino moleque como outro qual- gundo prefeito
prefeitura, fizesse o levantamento das duas quer, teve uma infância pobre. Com a mor-
João Andrade - padre do Povoado Curra-
cidades. Eu pensei: se a sede for transferi- te do pai, mudou-se com a mãe e os irmãos linho.
da para Maniçoba, é melhor mudar de nome para Ilhéus-BA. Aos 18 anos, foi funcioná-
para Nossa Senhora Aparecida, igual ao rio da Casa Pereira Fernandes Ltda e viajava Hermenegildo - padre em La Plata, Argen-
tina
nome da capela, lembra ele. todo o sul da Bahia vendendo ferragens.
Os deputados aprovaram e no dia se- Em 1940, já era ano da guerra, o jovem Zé José Dutra de Menezes Filho - advogado
guinte os vereadores do município também. Felipe fora convocado e partiu para Salva-
dor. Porém ele não embarcou por não ha- José Felipe dos Santos - Médico, advoga-
A Lei nº 165, de 24 de dezembro de 1975, do e jornalista
dispôs sobre a transferência da sede do ver datilógrafo.
município de Cruz das Graças para o povo- Então ele foi para Recife, estudou inici-
ado de Maniçoba, que recebeu a denomi- almente no Colégio Padre Felis, onde con- Texto: CARLA PASSOS
nação de Nossa Senhora Aparecida. cluiu o curso científico, em seguida fez ves- Fotos e reproduções: EDSON ARAÚJO
tibular para a escola de ciências médicas do Fonte: Livro Saco do Ribeiro - Pedaços de sua História, de José
Segundo Elisiário Bispo, no dia 24 ele Gilson dos Santos, e colaboração de Jailson Meneses.
estava em Aracaju e leu a notícia no jornal. Recife.
Glória capital do
sertão sergipano
Cidade nasceu com
o nome de Boca
da Mata, batizada
pelos viajantes que
descansavam no local
A
Boca da Mata, como era conheci-
da a cidade de Nossa Senhora da
Glória, a 126 quilômetros da capi-
tal, originou-se de uma parada para descan-
so de viajantes. Como existia uma densa
mata naquele local, os boiadeiros, que pas-
savam tangendo o gado, preferiam esperar Glória: cidade se desenvolveu mais do que sua antiga sede
o dia chegar para continuar a viagem. En-
tão, por volta de 1600 a 1625, os ranchos Prolongadas secas res. Em 24 de julho de 1957 foi criada a
deles acabaram formando a povoação. Comarca de Nossa Senhora da Glória.
A primeira denominação, dada justa- Além das prolongadas estiagens ocorri-
mente pelos viajantes, só foi mudada pelo das na região, Glória teve o progresso pre- Cultura e Economia
pároco Francisco Gonçalves Lima, quan- judicado também pela invasão dos canga-
do fez campanha com a comunidade para ceiros comandados por Lampião. Muitos Por estar situada no sertão, ainda hoje
comprar a imagem de Nossa Senhora da proprietários abandonaram as terras para se é comum encontrar, principalmente na
Glória. O município, que ficou conhecido livrar dos saques dos bandidos, que tam- feira realizada aos sábados, homens ca-
como a Capital do Sertão, tem a maior bém praticavam crimes hediondos, chegan- racterizados de vaqueiros. Entre os prin-
feira da região e acabou atingindo um de- do a chacinar famílias inteiras. cipais eventos do município estão a festa
senvolvimento muito maior que a sua an- Os cangaceiros recebiam ajuda de habi- da padroeira Nossa Senhora da Glória,
tiga sede, Gararu. tantes coiteiros que os ajudavam apenas comemorada com missa e procissão no
A evolução política de Boca da Mata com o interesse de comprar as terras aban- dia 15 de agosto, e o evento O Homem
iniciou-se em 1922, quando a povoação donadas por preços irrisórios. O desenvol- mais feio do sertão, promovido por Air-
passou a ser sede do 2º Distrito de Paz de vimento de Glória só teve andamento com ton Santana, que já entrou para o calen-
Gararu, já com a denominação de Nossa a construção da rodovia ligando o municí- dário do município.
Senhora da Glória. Seis anos depois, no pio a Nossa Senhora das Dores. O gloriense é um povo muito religioso,
dia 26 de setembro, passou à condição de Com isso houve a facilidade de penetra- predominando no município o catolicismo.
vila e foi desmembrada de Gararu. Nessa ção da volante na região e a conseqüente A Igreja Matriz, que passou a ser paróquia
época o município passou a pertencer à debandada dos cangaceiros. A partir daí o em 1959 e teve como primeiro pároco José
Comarca de Capela. município voltou a crescer, tendo a econo- Amaral de Oliveira, foi construída em um
No dia 1º de janeiro de 1929, a vila teve mia baseada na criação de gado e nas cultu- terreno doado por um senhor conhecido
como primeiro intendente João Francisco ras agrícolas. apenas por Xixiu.
de Souza, que construiu a prefeitura. Ele Finalmente, no dia 29 de março de 1938, O interesse pela música surgiu em 1918,
foi eleito para o período de 1930 a 1934, a vila foi elevada à categoria de cidade. Com quando foi criada a banda, com 17 compo-
mas teve o mandato interrompido pelo a criação de novas comarcas, em 1945, Gló- nentes, que tocava nos desfiles de 7 de Se-
movimento revolucionário de 1930. ria passou a pertencer judicialmente a Do- tembro. E mais recentemente está despon-
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Região - Oeste (sertão)
Distância de Aracaju - 126 km
População - 26.822 habitantes
Atividades econômicas - Pecuária .
Fabrica móveis, queijo, requeijão e manteiga. Fornece madeiras Manoel Messias e Cecília Umbaldina: oficial de Justiça que recebeu a carta (detalhe) do Padre
de aroeira, baraúna, angico e peroba para a construção civil. Cícero
jovem que ia casar-se, mas a noiva o aban- de pisar em solo gloriense. Falar a respeito
donou às vésperas do casamento. de sua localização privilegiada e, portan-
tando com muito sucesso o conjunto musi- Pra época, isso foi uma desfeita enor- to, de seu promissor potencial econômico
cal Os Carinhas do Samba. me. Por isso ele desapareceu. Dizem que na microrregião do alto Sertão do São Fran-
ele foi para o Rio de Janeiro e nunca mais cisco já se transformou em lugar-comum.
Dificuldades e preservação voltou. Essa foi a primeira casa moderna Faz-se necessário falar de sua gente hospi-
da cultura para época. Enquanto eu viver, vou pre- taleira e pacata e de seu enorme potencial
servá-la da mesma forma. A gente deve cultural, ainda em estado latente, prestes a
O agricultor e funcionário da prefeitura valorizar nossa cultura e manter a tradi- despertar.
Manoel Elias de Santana (Donício), 61 anos, ção, destaca José Augusto. A Boca da Mata, que outrora acolhia os
diz que Glória ficava realmente na boca da Para José Morais do Nascimento, 68 viajantes que vinham em direção ao Cotin-
mata - cheia de árvores Pé de Papagaio e anos, uma das maiores dificuldades para os guiba, adormeceu povoado, no início do
Quixabeira. Uma senhora vinha vender sertanejos é a modernização, porque as século passado, para acordar município. E,
panela de barro no lugar onde tempos de- máquinas têm substituído a mão-de-obra e em curto espaço de tempo, cresceu e conti-
pois ela construiu a primeira casa do povo- desempregado muita gente. No passado nuou fazendo jus à finalidade que lhe deu
ado, hoje o cartório da cidade, lembra ele. era mais fácil o pobre sobreviver. O povo origem: sua hospitalidade. É um lugar pa-
Manoel diz que a mãe dele também ia tinha acesso às terras devolutas, colhia mel cato, de uma gente boa, cordata e recepti-
vender sabão onde depois formou-se a fei- silvestre, criava animais que se matava mais va, onde, em pleno século XXI, a maioria
ra, mudada de lugar por não caber mais para o consumo, lembra ele. das notícias de óbitos tem causas naturais:
no quadrado. Hoje é a maior feira da re- Tem um fato muito interessante que acon- não fomos contaminados ainda pela assus-
gião e atrai feirantes e comerciantes até teceu em 1929 com o primeiro oficial de tadora violência dos grandes centros. Pode-
de Alagoas e Bahia para negociar com Justiça no município, Manoel Messias dos se, com tranqüilidade, armar uma rede na
animais. Santos. Ele escreveu uma carta ao Padre varanda num final de tarde e dormir sosse-
O maior problema enfrentado em Gló- Cícero no Juazeiro do Norte (CE) e obteve gadamente ou sair para passear nas praças,
ria, como em todos os municípios do ser- resposta. Disse que fez uma promessa, re- no calçadão, sem os cuidados que se fazem
tão, é a seca, que praticamente torra a plan- cebeu a graça e estava pagando enviando necessários em outros lugares. Respira-se
tação. A seca é uma tristeza. Onde não um animal. O padre agradeceu e respon- em Glória o ar calmo típico de um lugarejo
tem água encanada é um sofrimento. A deu dizendo que ele deveria ter vendido e do interior.
palma murcha e a gente tem que comprar doado aos pobres de Glória. Temos, contudo, um berço de latentes
ração, lamenta ele. manifestações culturais que exalam sabe-
Em Glória a cultura começa a ser valo- Glória, um colosso por despertar res, falares, cantares e fazeres que em ne-
rizada com a implantação do memorial nhum outro lugar, como tais, há tão belos e
do sertão. O médico veterinário José Au- *JORGE HENRIQUE VIEIRA SANTOS naturais. A começar pela feira livre que é,
gusto de Andrade Lima, 60 anos, tam- no mínimo, um espetáculo cultural a céu
bém tem cooperado para isso. Ele man- Dizer que Glória é um dos municípios aberto e faz convergir para cá pessoas de
tém a frente da sua casa, construída em sergipanos que mais cresceram nos últi- toda a região, espectadores, o mais das ve-
1918 na praça Filemon Bezerra Lemos, mos 20 anos já é redundância, tanto para zes, despercebidos do incrível fenômeno que
com o mesmo estilo antigo. A casa foi os filhos da terra quanto para aqueles que se desdobra à sua frente.
adquirida por seu pai, Jerino Lima, de um algum dia experimentaram da felicidade Alguns filhos notáveis como o músico e
CINFORM 162
Jorge Henrique: Glória tem potencial cul-
tural
Filhos Ilustres
A
cidade de Nossa Senhora das
Dores, distante 70 quilômetros
dacapital, é considerada o Portal do
Sertão Sergipano, zona divisória entre o
sertão e o litoral. Banhado pelo Rio Sergi-
pe, o município possui dezenas de nascen-
tes e um clima ameno e convidativo. É co-
nhecido, em decorrência disso, como um
oásis na entrada da região mais seca do Es-
tado. O Rei do Cangaço, Virgulino Ferrei- Igreja de Dores: um dos poucos prédios que mantêm as mesmas características
ra, o Lampião, também faz parte da histó-
ria de Dores, onde foi aberto o único pro- para abastecer o mercado local e de ou- outros documentos oficiais, ao mesmo tem-
cesso judicial contra ele. tros municípios. po, que falam em Enforcados. O que dá a
Por muitos anos Dores foi o maior pólo entender que o nome, apesar de mudado,
de referência da região, tanto na produção De Enforcados a Dores persistiu por algum tempo.
agrícola, quanto na diversidade do comér- Em 28 de abril de 1858, a povoação foi
cio. A feira, uma das melhores da redonde- A história de Dores começa em 4 de ou- elevada à categoria de freguesia e distrito
za e realizada às segundas, atraía pessoas e tubro de 1606, quando Pero Novais de Sam- administrativo, permanecendo assim duran-
feirantes de diversos municípios do Estado, paio obteve uma carta de sesmaria, de duas te 61 anos. Finalmente, no dia 23 de outu-
o que acontece até hoje. léguas de terras devolutas, doadas pelo ca- bro de 1920, passou à categoria de cidade,
A cultura do algodão cresceu muito no pitão-mor Nicolau Felipe de Vasconcelos. desmembrada dos municípios de Capela e
início do século XIX e a agricultura ga- O objetivo inicial era a criação de gado, Divina Pastora.
nhou destaque, passando a ser uma das prin- mas foi a produção de algodão que alavan-
cipais fontes de renda da população. Hoje a cou a economia dorense. Passagem de Lampião
agricultura temporária de milho, feijão e O município nasceu com o nome Enfor-
mandioca - com casas de farinha que su- cados, um lugar utilizado para aprisiona- Lampião e seu bando, cerca de nove ho-
prem o mercado local - garante a subsistên- mento e sacrifício de índios. Segundo cons- mens, passaram por Dores na tarde do dia
cia dos moradores. Permanentemente o tatação do escritor Laudelino Freire, o nome 25 de novembro de 1929. O Rei do Canga-
município produz também banana, laran- foi mudado para Nossa Senhora das Dores ço, como era conhecido em todo o sertão,
ja, coco e manga. por um missionário que foi pregar uma exigiu uma certa quantia em dinheiro ao
Com o fim da Segunda Guerra Mundi- Santa Missão na comunidade. Até hoje não intendente da época (espécie de prefeito),
al (1945), a cultura do algodão entrou se sabe o nome desse pregador nem a data Manoel Leônidas do Bomfim, e depois se-
em decadência e a agropecuária voltou a da mudança. Acredita-se que tenha ocorri- guiu para Capela.
crescer. Hoje o município destaca-se por do no início do século XIX, baseado numa Um ano depois, na noite de 15 de outu-
abrigar o 6º rebanho bovino do Estado, carta do juiz de Paz, assinada como povoa- bro de 1930, ele voltou com seu bando de
abatendo por semana cerca de 200 reses ção de Nossa Senhora das Dores. Mas há Capela, onde foram expulsos pela popula-
CINFORM 164
Região - Oeste
Distância de Aracaju - 70 km
População - 22 mil
Atividades econômicas - agricultura e comércio
ção, mas não entrou em Dores. Ele fora po e rosto. Toda Sexta-Feira da Paixão eles Sem vez e sem voz
informado de que o intendente contratara percorrem cruzeiros e santa-cruzes do su-
algumas pessoas para fazer uma trincheira búrbio da cidade, durante um período de * JOSÉ LIMA SANTANA
nas principais vias de acesso ao município, sete anos seguidos, entoando preces e cân-
impedindo a entrada deles. Revoltado, Lam- ticos em intenção das almas sofredoras. Embora uma parte das terras localizadas
pião seqüestrou o filho de um deles, identi- no atual município de Nossa Senhora das
ficado como Elpídio, e assassinou o rapaz Regressão social e econômica Dores tenha sido doada em sesmaria a Pero
no dia seguinte. Por esse crime, Lampião Novais de Sampaio, em 1606, para fins de
teve o único processo judicial aberto contra O professor de História da UFS Valtênio criação de gado, a sua primeira atividade
ele em todo o Estado, que nunca foi con- Paes de Oliveira acredita que houve uma econômica, devidamente registrada pela
cluído porque, na época - por sorte do ofi- regressão em Dores no plano social e eco- história, refere-se ao cultivo do algodão,
cial de Justiça, conforme está registrado no nômico, porém houve uma melhoria no segundo se depreende da Memória sobre a
inquérito - Lampião não foi localizado. comércio. Ele lamenta que nos últimos 25 Capitania de Sergipe, de d. Marcos Antô-
anos (2001) não tenha sido construída uma nio de Souza, datada de 1808.
Tradição dos penitentes obra marcante no município. Pelo contrá- Na verdade, a criação de gado bovino e
rio. A cidade possuía quatro bancos, mas o cultivo do algodão intercalaram-se como
O município mantém a tradição religio- ficou com apenas dois, e ainda perdeu ór- fator maior da atividade econômica do-
sa-cultural já centenária dos penitentes. O gãos públicos para Nossa Senhora da Gló- rense. Nas décadas de 20, 30 e 40, por
movimento adquiriu um cunho religioso a ria. Além disso, perdeu espaço político para exemplo, ocorreu a supremacia do algo-
partir de promessas feitas por pessoas que Capela. dão, ou, no mínimo, uma disputa acirrada
viam na penitência a maneira mais correta Para Valtênio, a decadência é resultante entre o algodão e o gado, em alguns anos
de agradecer as graças recebidas. da seqüência de administradores do mes- daquelas décadas. De lá para cá, o gado
Apenas homens são recebidos no grupo mo grupo político à frente do município. bovino voltou a ocupar a primazia, con-
dos penitentes. Eles ficam envoltos em tú- Foram sete mandatos nas mãos de duas quistada, provavelmente, nos fins do sé-
nica e capuz brancos, cobrindo todo o cor- únicas pessoas - Joel Nascimento e José culo XVIII. Hoje, a criação de gado bovi-
CINFORM 165
Vista parcial de como era a Rua Getúlio
Vargas
Filhos Ilustres
Casas de farinha: produção supre mercado local e feiras da região
José Lima Santana - advogado e escritor em-
possado recentemente na Academia Sergipa-
na de Letras e professor da Universidade Fede-
ral de Sergipe e Tiradentes. Tem três livros pu-
blicados - destacando-se Tapera dos Enforca-
dos e Apontamentos para a História do Municí-
pio de Nossa Senhora das Dores.
A
fundação do município de Nossa
Senhora de Lourdes, a 152 quilô
metros da capital, começou em
1810, com a chegada do casal pernambu-
cano Joaquim José e Ana Josefa da Rocha.
Eles fugiram da seca que assolava o sertão
pernambucano, passaram por Piranhas, em
Alagoas; Gararu, em Sergipe, e chegaram
a Escurial, povoado lourdense banhado pelo
Rio São Francisco.
Logo depois eles largaram a embarcação
e penetraram na mata fechada até chegar a
uma grande lagoa onde existia uma consi-
derável quantidade de antas (mamífero que
chega a dois metros de altura) e resolveram
fazer morada. Em 1950, o lugar denomi-
nado anteriormente de Lagoa das Antas Atual Igreja Matriz de Nossa Senhora de Lourdes, inaugurada em 1990
passou a se chamar Arraial de Antas. Por
volta dos anos 70 e 80, a povoação teve um 103-A, de 13 de maio. Seu primeiro prefei- Imagem do santo trocada
acentuado crescimento, com a chegada de to foi Paulo Barbosa de Matos, que morreu
novas famílias. de enfarte em 1982, durante o quarto man- Em 1958, Tarcísio Gonzaga de Ma-
Entre elas estavam os Santos, de Cedro dato. Nesse dia acontecia uma cavalhada, tos queria pagar uma promessa, e soli-
do São João; Junqueira, de Siriri; Feitosa, principal atividade folclórica da cidade, que citou do Rio de Janeiro uma imagem
de Porto da Folha; e Eufrázio, de Lagoa acabou sendo interrompida por causa da de Santo Antônio, especialmente para
Funda. A esta época, a povoação perten- morte do prefeito. Depois disso, nunca mais isso. Mas, na hora de embalarem, em
cia ao município de Gararu e permaneceu foi realizada cavalhada no município. vez de mandarem Santo Antônio, man-
assim até 1938, quando passou a perten- Muitas pessoas influenciaram na eman- daram a imagem de Nossa Senhora de
cer ao município de Canhoba. Nesse mes- cipação política de Lourdes, entre elas: Lourdes, ficando invalidado o paga-
mo ano o cônego Lauro de Souza Fraga João José de Araújo (João Gato), José mento da promessa. Na época, o padre
mudou o nome de Antas para Nossa Se- Caetano da Silva, Manoel Alves dos San- Fernando Graça Leite combinou com
nhora de Lourdes. tos (Manoel Lulu), Paulo Barbosa de Ma- Tarcísio para não devolver a imagem.
tos, Arnaldo Barros de Araújo e Tarcísio Eles fecharam a embalagem e deixaram
Emancipação política Gonzaga Matos, incentivadas pelo mon- para colocar na capela quando se tor-
senhor José Curvelo Soares. Ele teve gran- nasse matriz.
Em 1953 o povoado passou a ser oficial- de participação no desenvolvimento polí- Em 30 de abril de 1960, foi criada a Di-
mente uma vila. Dez anos depois foi eleva- tico-social, através da conscientização dos ocese de Propriá. O monsenhor José Cur-
do à categoria de cidade, através da lei nº líderes políticos. velo Soares deixou a paróquia, mas antes
CINFORM 168
Região: leste (sertão)
Distância: 152 km
População: 6.025
Atividades econômicas: agricultura
(milho, feijão) e pecuária (laticínios)
Irmãs Maria Berenice, Novaldina e Ângela
(da família Gonzaga), Maria Assunção (mãe)
e Manoel Gonzaga (irmão)
CINFORM 169
Visão parcial da praça da antiga Igreja Matriz
Antiga capela de Nossa Senhora de Lour- Casa da família de Manoel Lulu (um dos
des, hoje Santuário Eucarístico fundadores da cidade), construída em 1945
dinho, no Povoado Escurial, um ponto de osos, mas o que predomina é o catolicismo, Augusto Alves da Silva - dentista
encontro de banhistas e atletas de finais de que durante todo o ano cumpre o calendá-
Rute Vieira Moura - contadora
semana. rio litúrgico com celebrações próprias da
No aspecto econômico, podemos contar Igreja Católica e dando maior ênfase para a Adélia Vieira Moura - pedagoga
não só com a permanência básica e predo- Festa da Padroeira (de 2 a 11/2). Hélio Castro - professor
minante da agricultura e da pecuária, como Os meses de maio e outubro são dedica- Everaldo Vieira da Luz - professor, chefe
também com o comércio, enfatizando o dos à Maria, que eu acredito não ser por da Sucam, gerente da PCDEN e fundador do
crescimento da feira livre que é realizada acaso a nossa padroeira, com o título de CNEC
w w w . p r o j e l . c o m . b r
Q
uando os portugueses aqui che
garam para explorar Sergipe,
já por volta de 1575, encontra-
ram na região que hoje forma a sede do
município de Nossa Senhora do Socorro,
índios da tribo Tupinambá. A força do caci-
que Serigy era sentida pelo devastador eu-
ropeu, que com a violência das armas e da
fé conseguiu se estabelecer. Por ordem do
arcebispo da Bahia, Dom Sebastião Mon-
teiro da Vide, em 25 de setembro de 1718,
uma pequena aldeia, que tinha a capelinha
dedicada a Nossa Senhora do Perpétuo So-
corro, é transformada em freguesia com o
nome de Nossa Senhora do Perpétuo So-
corro do Tomar da Cotinguiba.
Segundo historiadores, as notícias mais
antigas daquela freguesia são de 1757. O
vigário da capela, padre José de Souza, es-
creve ao arcebispo da Bahia relatando a área Igreja Matriz de Nossa Senhora do Socorro
territorial da povoação e sobre a presença
de aldeias indígenas. Naquele ano, segundo engenhos e na produção de açúcar. Os ma- Conselho da Província. Mas de nada adian-
o vigário, a povoação já tinha cerca de 4.200 nuscritos desse padre foram encontrados no tou. A Câmara de Laranjeiras, por sua vez,
pessoas. Encantado, o padre e historiador Museu de Londres. também reagia às pretensões dos socorren-
Marco Antônio de Souza também escre- ses. Entre as alegações, diziam os laranjei-
veu sobre o progresso constante da Fregue- Laranjeiras e Aracaju renses que Socorro estava apenas a uma lé-
sia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro do gua da nova vila, que toda semana os socor-
Tomar da Cotinguiba, no ano de 1802. Os Mas os socorrenses que lutavam para renses iam às feiras em Laranjeiras e entre
manuscritos do padre estão no Museu Bri- transformar a freguesia numa vila indepen- as ponderações afirmavam que na fregue-
tânico. Ele também fazia referência a Santo dente de Santo Amaro sofreram um gran- sia não existiam 20 cidadãos que satisfi-
Amaro das Brotas, que já era vila, mas res- de golpe. Em 1832 é criada a Vila de Laran- zessem os requisitos da lei, para servirem
saltava que Socorro era muito populoso. jeiras e a Freguesia de Nossa Senhora do nos cargos de governança.
Marco Antônio escreveu que a fregue- Perpétuo Socorro do Tomar da Cotinguiba Mas os moradores da paróquia de Nos-
sia chegou a ter 7 mil pessoas e que, além acabou sendo anexada àquela nova vila. sa Senhora do Perpétuo Socorro do Tomar
de fazer grande importação de produtos Vários moradores de Socorro fizeram pro- da Cotinguiba não desistiram. Em 19 de
manufaturados da Bahia, trabalhavam nos testo, atos e até representações junto ao fevereiro de 1835 a freguesia é transforma-
CINFORM 172
da em vila independente, mas a festança
dos socorrenses pela liberdade e crescente
progresso demorou um pouco. Um novo
golpe reduziu a vila a um modesto povoa-
do sem qualquer expressão. Isso aconteceu
a partir de 17 de março de 1855, quando a
Lei 413 criou o município e a cidade de
Aracaju, para onde se transferia a capital da
Província e incorporava às suas terras todo
o território de Socorro. Isso mesmo. O
município de Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro do Tomar da Cotinguiba deixou
de existir oficialmente.
Mudança de nome
distrito. Dessa vez com o nome de Nossa Mas esse novo nome do município não A Igreja Matriz de Nossa Senhora do
Senhora do Socorro da Cotinguiba, ainda chegou às ruas. Era apenas usado em docu- Perpétuo Socorro é uma das mais antigas
pertencente a Aracaju, mas isso levou os mentos oficiais. Para o povo, o nome era de Sergipe. Ela não tem nenhuma docu-
socorrenses a recuperarem seu antigo pres- Socorro. O Cotinguiba ainda sobreviveu por mentação sobre sua construção, mas na so-
tígio. Era um passo importante em busca quase dez anos. Em 6 de fevereiro de 1954, leira da sacristia, à direita, há uma inscrição
do retorno ao município. Quatro anos mais o Governo faz retornar o seu primeiro com a data de 1714. A igreja foi tombada
tarde os habitantes daquelas terras con- nome, retirando porém Tomar da Cotin- como monumento histórico nacional pela
quistaram de uma vez por todas o título guiba, porque o nome ficava muito gran- Secretaria do Patrimônio Histórico e Ar-
esperado. de. Assim, o município passou a ser defini- tístico Nacional, em 20 de março de 1943.
Em 14 de março de 1868 o distrito é tivamente chamado de Nossa Senhora do A imagem de Nossa Senhora do Perpétuo
transformado em município independen- Socorro. Existia um cruzeiro que ficava Socorro é uma escultura em madeira poli-
te. O curioso é que a Lei Provincial 792 na Rua São Benedito; foi mudado para a cromada, do século XVIII. O interessante
diz que ele passa a se chamar apenas So- frente da matriz, depois desapareceu... No é que essa imagem original ficou pequena
corro. Mas a legislação federal atingiu So- meio da praça tinha uma pedra enorme, no altar e por isso os jesuítas providencia-
corro e o Governo do Estado teve que depois desapareceu... Tinha a chegança aqui ram uma imagem maior. Hoje as duas es-
mudar seu nome em 1943, que passa a ser e também na Taiçoca... A transformação tão na igreja. Uma curiosidade que ainda
apenas Cotinguiba. da cidade começou quando seu Manuel Pra- hoje leva muita gente para a igreja é a exis-
CINFORM 173
Vista parcial da cidade na década de 50
A
bela história da fundação do muni
cípio de Pacatuba, a 116 quilôme-
tros de Aracaju, mereceria um es-
tudo à parte. Como dizem os historiadores a Igreja Matriz São Félix de Cantalício
respeito das terras que compõem esse muni-
cípio, ele está assentado em um vasto pla-
nalto, de onde se goza um delicioso panora-
ma. Antes mesmo da chegada definitiva
em terras sergipanas dos portugueses, em
1590, acredita-se que os índios tupinambás
já tinham por aquelas bandas de Pacatuba
uma relação comercial com franceses.
No início de 1600 já se tinha notícia de um
forte aldeamento na confluência do Rio Po-
xim do Norte com o Betume, e quem co-
mandava aquele povoamento era o cacique
Pacatuba. Quando Cristóvão de Barros inva-
diu Sergipe, cumprindo ordens do Governo
da Bahia e de Felipe II da Espanha, que reina-
va em Portugal, deu-se uma matança genera-
lizada. Todos os maiores recursos militares
teriam sido usados. Cristóvão venceu os po-
derosos caciques Baepeba, Serigy e Siriry.
Para a maioria dos historiadores, antes que
as colunas de Cristóvão de Barros chegas-
sem à região do São Francisco, os caciques
Japaratuba e seu irmão Pacatuba acabaram Capela construída pelos Jesuítas
se entregando aos portugueses e pedindo paz.
Mas outros estudiosos discordam e acredi- mento. Mas em 1732, por ordem do Mar- 1808 já existiam por lá cerca de 700 índios.
tam que Cristóvão encontrou resistência sim, quês de Pombal, os jesuítas foram expulsos O resultado é que em 6 de fevereiro de
e venceu por conta da força militar. e a missão religiosa, com todas suas terras 1835, uma lei provincial criou a Freguesia
em Pacatuba, foi entregue aos padres Ca- de São Félix da Pacatuba. O atual municí-
Depois da conquista puchinhos. Em 1810 eles terminaram a pio de Japoatã estava incluído aí. Menos de
construção da capela do povoado, e a dedi- 30 anos depois, a 13 de maio de 1864, a
As terras da aldeia de Pacatuba foram caram a São Félix de Cantalício. freguesia passava à vila. Mas a independên-
anexadas à sesmaria de Pedro de Abreu Por causa das férteis terras para a cana- cia de Pacatuba só aconteceu na prática em
Lima. Por volta de 1640, padres Jesuítas de-açúcar, o povoamento crescia rápido. 2 de maio de 1874, isto é, dez anos depois,
começam a levantar uma capela no aldea- Existem documentos que afirmam que em quando se libertou do município de Vila
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Família de Ana Gerônimo do Engenho Irmãos Barros Pimentel
Cadoz
CINFORM 176
Amado Guilherme da Silva Martins: político
A
partir de 1700, a colonização e
povoamento da Capitania de Ser
gipe expande-se pela zona sertane-
ja. Segundo a Enciclopédia dos Municípios
Brasileiros, a primeira incursão na área ter-
ritorial de Pedra Mole foi feita por Manoel
Alves da Silva, que obteve por alvará, de
25 de outubro de 1713, a sesmaria de uma
légua de comprimento por três de largura, Igreja matriz de Pedra Mole, que tem como padroeira Nossa Senhora do Patrocínio
começando no Rio Salgado, que deságua
no Rio Vaza-Barris.
Em 1890, a família francesa Ettingers animal e de um pé de uma pessoa, e disse- tronco da imensa família, de que é galho o
fundou na região uma fábrica de beneficia- ram que as pedras eram moles. Outros acre- seu bisneto José Lavres da Fonseca, que
mento de algodão. O exemplo e o entusi- ditam que viajantes marcavam como pon- mais tarde veio a ser o primeiro prefeito da
asmo dos dois pioneiros, Gootchaux Ettin- to de encontro o lugar das pedras moles. cidade.
ger e seu sobrinho Gabriel Lazar Ettinger, Sabe-se, com certeza, que onde hoje é a Tito Lívio diz que até a metade do século
foram atraindo pessoas da circunvizinhan- cidade havia pedras relativamente fofas, mas XX, Pedra Mole era cercada de roças, sítios
ça que desejavam prosperar. que hoje não existem mais. e malhadas, e tinha três descaroçadores de
O desenvolvimento foi relativo, por causa algodão. Também era enorme a produção
da falta de transportes regulares e rápidos Famoso fazendeiro de milho, feijão, frutas e farinha de mandi-
que permitissem o escoamento da produ- oca. O leite era abundante, de vaca e de
ção para os mercados do litoral. Até hoje Segundo o livro Os Produbutantes, de cabra. Sobravam galinhas, capões e ovos na
Pedra Mole sofre por falta de uma rodovia Tito Lívio Santana, em meados do século feira. Desgraçadamente, tudo mudou, e o
asfaltada, já que é a única cidade que tem XIX, o fazendeiro de maior fama no local local ficou estagnado, assim como aconte-
acesso somente por estrada de barro, mes- era João Fonseca, considerado por muitos ceu em outras cidades.
mo assim em péssimas condições. como o fundador de Pedra Mole. Aconte- A população decresceu com a redução
Pedra Mole, como suas cidades vizinhas, ce que muitas dezenas de anos antes de seu dos criatórios de animais de pequeno porte
deixou de se desenvolver também pela fal- aparecimento, Pedra Mole tinha consolida- e a agricultura de subsistência. Numerosas
ta de chuvas e com os processos rudimen- do sua situação de pousada obrigatória dos propriedades rurais foram absorvidas pelas
tares da agricultura que reduzem e encare- índios e colonizadores que, antes e depois fazendas de gado bovino. Os lavradores sem
cem a produção. das lutas em Laranjeiras, Itaporanga e São terra emigraram para Aracaju e para o sul
Os pedra molenses têm várias versões Cristóvão, subiam o Vaza-Barris, passando do país. Até hoje, os produtores enfrentam
sobre o surgimento do nome da cidade. pelas matas de Itabaiana, no rumo de Bom o problema de falta de terras para plantar,
Uma delas é que alguns moradores encon- Conselho (Cícero Dantas) e Jeremoabo. O já que o município é praticamente todo
traram pedras com a marca da pata de um que é certo é que João Fonseca se tornou tomado por latifúndios.
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Região: oeste (sertão)
Distância de Aracaju: 95 Km
População: 2.626 habitantes
Atividades econômicas: agricultura
(milho, feijão, mandioca, fava), além da criação
de bovinos
CINFORM 179
com os municípios de Simão Dias e Paripi-
ranga - este na Bahia), muito farta em bele-
zas naturais. Seu solo estava sempre úmido,
tão farto eram as reservas de água em seu
subterrâneo. Embora na maioria das vezes
salobra, os veios de água brotavam em qua-
se todos os recantos.
No riacho que passava ao lado do cemi-
tério, as árvores frondosas que sombrea-
vam suas águas atraíam marrecos, paturis,
patos selvagens e outras aves de arribação.
Quando isso acontecia, era motivo de festa
para a garotada e também para os caçado-
res (na época não existia a chamada consci-
ência ecológica dos dias atuais).
No verão, a cidade ficava tomada de ji-
pes (era raro ver veículo naquela região -
salvo o carro da prefeitura e a marinete,
que só ia até Pinhão), cachorros de caça e
espingardas... Os caçadores, em sua maio-
Pedra Mole tem como tradição a Festa do Vaqueiro, que acontece no mês de setembro ria de Aracaju, saíam de lá realizados.
Com o passar dos anos, a cidade cres-
ceu, ganhou ares de modernidade. Mes-
mo assim continua tão pura e singela
como naqueles tempos. Ah, quanta sau-
dade, não só do torrão, mas de sua gente
(a qual não vejo há tempos), de suas his-
tórias, de sua paz e do meu pai Ananias,
aquele que, ao lado de minha mãe, De-
tinha, escolheu um recanto chamado
Manuíno, ainda hoje pertencente a Pedra
Mole, para colocar seus seis filhos neste
mundo. Parece pueril, né?! É isso mes-
mo. O sentimento é pueril. C
Filhos Ilustres
José Lavres da Fonseca -
primeiro prefeito da cidade
Às segundas, dia de feira, a cidade fica movimentada Tito Lívio de Santana - engenheiro
civil pela Universidade Federal da Bahia, ex-
diretor do Departamento de Estradas de Ro-
colega de infância, Regis, adorava ouvir andado sobre elas, levando peso em suas dagem da Bahia, professor da UFBA, profes-
histórias dos mais velhos sobre tudo. Po- costas e sendo puxado por alguém. sor da Universidade Federal do Rio de Janeiro
rém, uma das que mais me impressiona- Daí o nome pelo qual a região que per- e autor do livro Os Produbutantes
vam era quando falavam das marcas que tenceu a Frei Paulo, posteriormente a João Moreira Filho - advogado, juiz
Jesus, Nossa Senhora, São José e seu jiri- Campo do Brito e por último a Pinhão, aposentado e ex-presidente do Tribunal de Jus-
tiça do Estado de Sergipe.
co deixaram nas pedras da região. Elas se foi batizada: Pedra Mole. E foi transfor-
encaixavam com a visão. As pedras, da- mada em cidade com o mesmo nome. José Araújo: jornalista, ex-diretor de Jor-
quelas pretas, tinham marcas que verda- Pena que essas pedras com marcas de pa- nalismo do Correio de Sergipe e do Jornal da
Cidade
deiramente pareciam patas de jumento e tas de jirico e pés de pessoas tenham
pés de pessoas. É como se um dia elas ti- sido destruídas.
vessem sido derretidas (talvez se transfor- Mas retomando a narrativa, a cidade do
Texto: CARLA PASSOS
mado em larvas vulcânicas) e antes de se vapor de algodão guarda muitas outras his- Fotos: EDSON ARAÚJO
petrificarem novamente, um único animal tórias. Uma região, também conhecida Fontes: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros e o livro
de patas pequenas e bem torneadas tivesse como as matas (formava este polígono Os Produbutantes de Tito Lívio de Santana, escrito em 1979
CINFORM 180
PIRAMBU
MAIS PERTO DE VOCÊ.
A 25 Km de Aracaju.
que, a cada ano, conquista novos alunos que buscam fazer seu
O município, que na
verdade tem pedras
grandes, surgiu com
a construção do
Engenho Pedrinhas
O
nome da cidade de Pedrinhas, a 89
quilômetros de Aracaju, surgiu em
decorrência do Engenho Pedrinhas,
construído na segunda metade do século
XIX em terras dos municípios de Arauá e
Itabaianinha. O proprietário do engenho, Pedras misteriosas de Pedrinhas
Francisco Manoel de Goes, conhecido por
Chico Perpétua, construiu também em que abriu melhores possibilidades de pro- dente da Câmara de Vereadores, Francisco
1876 uma casa para a reunião de uma feira gresso. Costa e Silva.
livre. Nas proximidades da casa havia um O dia 25 de novembro, data da eman-
grande cajueiro, e foi embaixo dele que os Emancipação do município cipação política de Pedrinhas, é comemo-
feirantes começaram a se reunir todos os rado anualmente com muita festa. Além
domingos. O deputado Elias Leite apresentou à dessa, as principais festividades são a do
A feira começou a progredir, atraindo Assembléia Legislativa um projeto que, padroeiro São José, que acontece em mar-
novos moradores que construíam suas ca- convertido na Lei nº 641, de 9 de outu- ço; os festejos juninos e o desfile cívico em
sas, contribuindo para a formação do arrai- bro de 1913, determinou novos limites setembro.
al que recebeu o nome de Pedrinhas. Hoje a para o município de Arauá, e toda área Além da sede do município, Pedrinhas
feira da cidade é realizada às segundas, em da povoação Pedrinhas passou a perten- tem 17 povoados: Mutumbo de Cima,
outro local. O aposentado Luiz Dias Sobri- cer a Itabaianinha. Mutumbo de Baixo, João Pinto, Bendó,
nho, 83 anos, lembra da época em que a Os trilhos da Leste Brasileiro foram Buenos Aires, Bela Vista, Caminhão, Bar-
feira ainda acontecia aos domingos. A fei- os maiores responsáveis pelo desenvol- bosa, Areia, Mato Grosso, Baixão, Pau do
ra era pequena, só matavam dois bois e ti- vimento do povoado. Mas com o afas- Guiri, Tabuleiro, Mascarenhas, Siri, Nação
nha poucas frutas e verduras, mas era mui- tamento dos operários da construção da e Domingos.
to animada. ferrovia para um local distante, o co-
Em 1893, Pedrinhas tinha cerca de 20 mércio de Pedrinhas passou a ter menos
residências. Como havia um grande núme- movimento. Pedras misteriosas de Pedrinhas
ro de crianças, em 29 de novembro foi cri- A pecuária e a citricultura nascentes
ada a primeira cadeira de ensino, que pas- levaram Pedrinhas a atingir em 1953 a au- A professora Zilda Farias Lopes, 59
sou a funcionar no ano letivo seguinte. De tonomia municipal. anos, lembra que na sua infância o lugar
acordo com a Enciclopédia dos Municípios A criação do município aconteceu atra- mais misterioso da cidade eram as grandes
Brasileiros, em 1911 foram colocados os vés da Lei nº 525-A, de 25 de novembro de pedras da Fazenda Baixão. Diziam que
trilhos da Ferrovia Federal Leste Brasileiro. 1953, mas a instalação só aconteceu em 6 embaixo das pedras havia uma botija com
Como a povoação já estava bem desenvol- de fevereiro de 1955. O primeiro prefeito tesouro. As pessoas iam com o objetivo
vida, foi feita também uma estação, fato foi Otoniel Silveira Nascimento, e o presi- de cavar, mas não tinham coragem. Certa
CINFORM 182
Genebaldo Freire Dias: ilustre de Pedrinhas, Região: Centro-Sul do Estado
Ph.D em Ecologia Distância da capital: 89 km
População: 7.928
Atividades econômicas: produção de laranja,
mandioca, amendoim, mamão, limão, milho, feijão e pecuá-
dentro do casarão havia uma mesa, que era ria
a diversão dela e das suas amigas. Era uma
mesa enorme, para 32 pessoas, com gave-
tas que cabiam uma menina. Uma amiga
da gente entrava, nós fechávamos a gaveta
e ela começava a cantar fingindo que era
um rádio, lembra Zilda. O casarão foi de-
molido e no local ainda existem as palmei-
ras imperiais que ficavam em frente à casa.
CINFORM 183
Feira de Pedrinhas: antes aos domingos, hoje às segundas Entrada principal da cidade de Pedrinhas
natureza de graça nos dá, como os verdes mesmo longe não dá para esquecer Luiz Alberto Moura - promotor de Justiça
campos e os belos laranjais. que em Pedrinhas meu Deus, fui nascer.
Padre Fernando Ávila Soares - pároco de
Nada se compara ao privilégio de se Boquim, escritor de vários livros
poder respirar o ar puro da brisa leve em Numa noite de céu estrelado,
Padre Givaldo Modesto dos Santos - pá-
uma cidade onde todos se conhecem e se na minha Terra se sonha acordado roco de Pedrinhas
preocupam uns com os outros. Um povo ver a paz cada vez mais plantada
simples e acolhedor que faz os visitantes se pra a alegria poder ser cantada. José Enoque Nascimento - Padre
sentirem em casa, seja os que vieram para Itamar Bezerra Santana - Pastor
desfrutar das festividades ou apenas para A saudade nos faz pensar
Nemias Carvalho - Pastor
conhecer a nossa terra. em seus encantos, beleza sem par,
E por falar em festa, que saudade da- no calor que sua gente oferece,
Texto: CARLA PASSOS
quele tempo quando éramos crianças, quan- nos seus campos e brisa que há. C
Fotos e reproduções: MARIA ODÍLIA
do podíamos desfrutar das barraquinhas nas Fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros e arquivo da
noites de Natal e festas do padroeiro São * Professora municipal Secretaria de Educação de Pedrinhas
Pinhão Iniciativa de empreendedores franceses
Emancipado há
quase 50 anos, o
município foi um
importante centro de
produção algodoeira
CINFORM 185
Região - Oeste (sertão)
Distância de Aracaju - 76 km
População - 5.195
Rio Vaza-Barris: roteiro dos primeiros habitantes
Atividades econômicas - agricultura (milho,
feijão e abóbora), pecuária e indústria de laticínios.
ria de cidade e sede do município, e
desmembrado de Campo do Brito. Pela Lei Lampião provocou
nº 554, de 6 de fevereiro de 1954, fixou a tiroteio em Pinhão
dos Municípios foram alcançadas e Pinhão nova divisão administrativa e judiciária do
conseguiu ser elevado à categoria de cidade. Estado. O município de Pinhão é compos- O bando de Virgulino Ferreira, o Lam-
to de um distrito de paz e é termo judiciá- pião, esteve duas vezes em Pinhão. A pri-
Emancipação rio da comarca de Campo do Brito. meira vez, na manhã de 22 de abril de 1929.
A instalação solene ocorreu em 30 de A segunda, em 1938. Em 29, dez cangacei-
Às vésperas da nova divisão adminis- janeiro de 1955, quando tomaram posse ros invadiram a cidade. Além de Lampião,
trativa do Estado, para o qüinqüênio de os primeiros cinco vereadores e o primei- estavam presentes Corisco, Virgínio (cunha-
1954 a 1958, José Emígdio da Costa Fi- ro prefeito, José Emígdio da Costa Filho, do de Lampião), Alvoredo, Zé Fortaleza,
lho, José Melquíades de Oliveira, junta- eleito em 3 de outubro de 1954. Cerca de Volta Seca, Ângelo Roque, Ezequiel Ferreira
mente com Leandro Maciel, puxaram a dez anos depois da emancipação, em 1966, (irmão de Lampião), Luiz Pedro e Luiz
emancipação do município. O nome de Pinhão perdeu a maior e mais importante Mariano.
Pinhão entrou na emenda coletiva, apre- aglomeração urbana, depois da sede mu- Eu nunca vou esquecer aquele dia,
sentada à Assembléia Legislativa Estadu- nicipal, o povoado Pedra Mole. rememora o aposentado João Batista da
al, para criação de municípios. Aprovada, A última grande transformação ocor- Costa, 88 anos, irmão de José Emígdio da
se converteu na Lei nº 525-A, de 25 de reu em 1986, quando a prefeitura com- Costa Filho, conhecido como Joãozinho de
novembro de 1953. prou uma área de 30 tarefas, próximo ao Donana. Segundo o aposentado, o Rei do
Nessa data, Pinhão foi elevado à catego- centro, onde hoje existem várias ruas. Cangaço esteve em Pinhão para conseguir
munição e dinheiro.
Ele não ameaçou, nem buliu com nin-
guém. As únicas coisas que fez foi andar
pelas bodegas, procurar munição na cidade
e nos mandar pegar alguns cavalos. Depois
pediu que algumas pessoas fizessem uma
cota entre os moradores, para ajudá-lo,
relembra João Batista.
Segundo ele, enquanto buscava os cava-
los para o cangaceiro, Joãozinho de Donana
avistou outro grupo que se aproximava da
cidade, e pensou que era do grupo de Lam-
pião. Vinham vestidos de cangaceiro, com
chapéu de couro quebrado de lado, mas na
realidade era a volante, comandada pelo te-
nente Menezes, da Bahia, explica.
Quando os dois grupos se encontraram,
não deu outra. Foi um tiroteio medonho.
Sorte que ninguém da cidade morreu. E
depois desse conhecimento, eles ficaram
Joãozinho de Donana: testemunha viva Maria Regina de Oliveira: primeira pro-
do município fessora de Pinhão
sempre visitando essas zonas, comenta
CINFORM 186
O comércio local ainda é pequeno, pois
os consumidores preferem dirigir-se ao gran-
de comércio do município vizinho, Itabaiana.
Mas, mesmo assim, existe uma feira muito
bem freqüentada, que ocorre todos os sába-
dos e consegue suprir a demanda local; de
cidades circunvizinhas e até de parte do ser-
tão baiano.
Cultura também é um item importante
para a comunidade pinhãoense, e o poder
público tem valorizado grupos folclóricos,
com destaque para o São Gonçalo.
Mais recentemente, através do interesse
das estudantes do curso de História da Uni-
versidade Federal de Sergipe, Iracide Mar-
ques e Vânia Silva estão fazendo um levan-
tamento histórico da cidade para, em segui-
Festa do vaqueiro: tradição no município da, fundar o Museu do Município, que terá
como principal objetivo resgatar a memó-
João Batista. exibidas na festa, aos olhos da grande assis- ria cultural do município, para que as gera-
Em 14 de outubro de 1938, parte do tência que ocupa a cidade na data. ções futuras saibam quais são suas raízes.
bando esteve na cidade, inclusive Zé Sere- Os habitantes locais também se diver- Pinhão também tem uma das mais belas
no e Corisco. Como a volante estava no tem por ocasião de outras festividades, festas religiosas do Estado, a do padroeiro
encalço deles, os cangaceiros acabaram fu- como os folguedos de São Gonçalo, São José, 19 de março, que consegue atrair
gindo. Foi durante essa passagem que o Zabumbeiros, Capoeira, Vaquejadas, cor- inúmeros visitantes, devido aos eventos re-
bandoleiro Zé Sereno matou o soldado José ridas de argola e festejos juninos, quando ligiosos, shows pirotécnicos e outras atra-
Paes da Costa. os bacamarteiros estrondam suas armas nas ções, que fazem com que aqueles que vêm a
Quando chegou a volante, que veio bri- fazendas dispersas. nossa cidade para essa ocasião, voltem nos
gar aqui à noite, o Zé Sereno pediu ao solda- Já a principal festa religiosa do município anos seguintes.
do, que era amigo deles, para tirá-los da ci- é a de São José, realizada todo dia 19 de Por todas essas qualidades, Pinhão tende
dade, porque eles não conheciam a região. março, quando os fiéis católicos da cidade a progredir cada vez mais, pois o município
Zé Paes saiu com os cangaceiros e, mais participam de uma programação para ho- investe fortemente no social, na evolução
adiante, depois de já tê-los guiado, sem mais menagear o padroeiro. educacional e cultural, com a consciência
nem menos, Zé Sereno atirou nele pelas do valor que cada cidadão representa. C
costas, na traição. Não tinha motivo, foi só O Pinhão que a gente vive
maldade, relembra o aposentado. * Secretária da Educação, Esporte e Lazer
CINFORM 187
Pirambu de colônia de pescadores
a cidade turística
Município é um dos
maiores centros
pesqueiros de camarão
do Nordeste e tem
belas praias
N
ada mais sugestivo para uma
cidade nascida de uma colônia
de pescadores do que ser batiza-
da com o nome de um peixe. E é exata-
mente o que acontece com Pirambu, cida-
de a 76 quilômetros de Aracaju, que foi
denominada em homenagem a esse peixe
bastante comum na região. O município,
antes chamado de Ilha, é um dos maiores
centros pesqueiros do Nordeste e também
possui belas praias.
Há informações de que a povoação co-
meçou a ser habitada em 1911, inicialmen-
te por índios e depois por pescadores que
exerciam a atividade nos rios Pomonga e As belas praias de Pirambu atraem centenas de turistas
Japaratuba, e no Oceano Atlântico, que
banha a cidade. peixe que denominou a cidade. antiga sede dessa vila, que passou à condi-
As primeiras casas rústicas, todas de pa- Foi em 1911 que José Amaral Lemos ção de povoado assim que Japaratuba eman-
lha, foram construídas no início do século comprou as terras pertencentes anteriormen- cipou-se de Capela.
passado, quando os habitantes, seminôma- te a Manoel Gonçalves, onde instalou uma
des, passaram a se fixar no local, produzin- casa de comércio. No dia 30 de novembro Luta pela emancipanção
do também a agricultura de subsistência. ele fundou a colônia de pescadores, existen-
Nessa época eles sobreviviam com o co- te até hoje, entidade que representa os pes- Com a chegada do advogado Euzápio
mércio feito através da troca de produtos cadores. Já o Condepi, que representa os Linhares na localidade, por volta de 1950, e
que, além da pesca e da agricultura, incluía donos de barcos, só foi criado em 1986. o incentivo de habitantes mais influentes,
também a caça. Em 1912, com a ajuda do senador Gon- iniciou-se a luta pela emancipação. Uma
Segundo os antigos moradores, o frei çalo Faro Rollemberg, foi construída a igre- peça fundamental nessa luta foi o ex-depu-
Fabiano veio do convento Santo Antô- ja. Logo depois, ele trouxe da França a ima- tado Nivaldo Santos, responsável pelo pro-
nio, na Bahia, para explorar o território gem de Nossa Senhora de Lourdes, que se jeto de lei, aprovado em 26 de novembro
entre as barras dos rios Japaratuba e São tornou a padroeira da comunidade pesquei- de 1963.
Francisco. Ele encontrou na povoação ra. Foi a partir daí que a colônia passou à O município ficou constituído pelos po-
apenas cinco casas. Havia também as pa- condição de vila. voados Aguilhadas, Lagoa Redonda, Anhin-
lhoças dos pescadores Pedro Alexandre, Após a morte de José Amaral Lemos, gas, Marimbondo, Alagamar, Baixa Gran-
Pedro Bevido, João Francisco do Nasci- seu filho Walter Amaral vendeu as terras a de e Santa Isabel. Porém, menos de seis
mento, Manuel Demeriano e Pedro Ma- Lourival Bomfim. Já em 1934, Pirambu meses depois, o golpe militar de 64 cassava
conha - este último que teria pescado o era o principal pólo turístico de Japaratuba, os mandatos do deputado Nivaldo e do
CINFORM 188
Região - Leste (litoral)
Distância de Aracaju - 75 km (25 km pela
Barra)
População - 7.143
Atividades econômicas - Produção de coco ;
mangaba; pesca de camarão; turismo; extração de petróleo.
CINFORM 189
Rio Japaratuba, que separa o município de
Pirambu da Barra dos Coqueiros. Ao leste,
pelo Oceano Atlântico, e ao oeste, pelo
manguezal e por algumas fazendas, setores
que se tornaram mais vulneráveis, através
da interferência do poder público, que tem
tentado viabilizar a indenização de parte
destas terras.
Em termos de emprego, Pirambu tem
apenas três setores que absorvem um uni-
verso que se tornará limitado de mão-de-
obra: a Prefeitura Municipal, a pesca e a
agricultura.
Antigas casas de veraneio no centro de A primeira não pode mais absorver mão-
Pirambu
Ernando Leite: deputado que conseguiu de-obra, uma vez que há os empecilhos le-
emancipar Pirambu, local onde vive hoje gais, aliados ao quadro funcional comple-
das festas conhecidas em todo o Estado. to. A pesca está cada vez mais saturada,
Suas praias e a Reserva Biológica de Santa lidou, tornando-se um grande atrativo tu- não sendo mais um setor que possa acom-
Isabel, onde está implantado o Projeto Ta- rístico em todo o Estado. panhar o crescimento populacional. Há uma
mar (preservação da tartaruga marinha), Um fato importante que marcou a ad- série de problemas, que poderão a qualquer
atrai centenas de turistas. ministração da prefeita Sílvia Maria Cruz, momento inviabilizar a continuidade nos
As areias formam dunas que são um 1993/96, foi a implantação de eletrifica- termos atuais deste setor.
atrativo à parte. Na Lagoa Redonda, um ção. Em parceria com o Projeto Nordeste, A agricultura, já há muito tempo não
ponto paradisíaco da região, os turistas o município foi o primeiro a eletrificar representa o grande setor absorvente de
aproveitam as ondulações para praticar o 100% dos seus povoados. mão-de-obra, não representa ganhos que
ski-bunda - uma variação do sandboard - movimentem a economia local. Resta, por-
, que é simplesmente descer o areal escor- Os desafios que surgem tanto, o turismo como agente motor da
regando sentado. com o novo tempo economia e como perspectiva de desenvol-
A vegetação de Pirambu é bastante vari- vimento para a nossa comunidade, cujo
ada. Na praia predominam os coqueiros, *CLAUDOMIR TAVARES DA SILVA potencial das belezas paradisíacas é referên-
com campos de dunas, matas de restinga e cia estadual e até regional. São desafios que,
manguezal. Este último, mais conhecido No início dos anos 80, a população do a cada dia, necessitam da unidade de todos
como mangue, encontra-se no litoral, em município de Pirambu não chegava a dois aqueles que querem revitalizar a economia
solos lamacentos, onde se desenvolvem os mil habitantes. Com o advento da pesca de Pirambu, de oferecer condições de vida
caranguejos e os camarões. industrial, surgida a partir da ampliação da à nossa população, que hoje representa mais
Pirambu Pesca, com a criação da Perpesca e de 7 mil pessoas. C
Administrações e obras da Calne, mais tarde vieram para cá cente-
importantes nas de migrantes, dos mais variados Esta- *Professor das redes municipal e estadual de ensino, di-
dos do Nordeste. retor da Escola Mário Trindade Cruz e estudante de História
O primeiro prefeito do município, João Foram e são pessoas que contribuíram na UFS.
O
município de Poço Redondo, a 185
quilômetros de Aracaju, já perten
ceu a Porto da Folha. As primeiras
penetrações na localidade datam de fins do
século XVII, quando se intensificava a co-
lonização na região instituída pelo fidalgo
dom Antonio Gomes Ferrão Castelo Bran-
co. Além de Poço Redondo, Gararu e Ca-
nindé também faziam parte desse mesmo
território. Igreja matriz Nossa Senhora da Conceição
De acordo com Alcino Alves Costa, que
está escrevendo o livro Poço Redondo, a Cardoso de Sousa, se agradou e começou a Redondo, informa Alcino.
saga de um povo, alguns aventureiros e construir moradia no lugar que passou a se No final do século XVIII, Poço de Cima
caçadores da região começaram a se esta- chamar Poço de Cima. começa a decair e os Sousa resolvem cons-
belecer às margens do Riacho Jacaré. Eles Logo, no lugar que nasceu forte, já exis- truir residências no Povoado Poço Redon-
construíam pequenas moradias e foram sur- tiam casa grande, igreja, senzala, escravos, do, no entanto, quando alguém da famí-
gindo os currais e fazendas, já que as terras vivendas dos colonos e currais. Tudo era lia morria, era levado para ser enterrado
não tinham donos. uma inesperada e grandiosa novidade que na frente da capelinha existente na povo-
Nasceram as pequenas propriedades deixava os nativos atônitos e admirados. ação anterior.
como o Recurso, China do Poço, Monte Tudo ali era diferente dos costumes da ser- De acordo com a Enciclopédia dos
Santo, Riacho Largo, entre outras. Dois tanejada caipira que não conhecia outro Municípios Brasileiros, a cidade de Poço
caboclos se destacaram na edificação de fa- mundo que não fosse o mato, as veredas, a Redondo nasceu a partir de 1902, quan-
zendas naquele bruto sertão: Manoel do vaqueirice e a caça. E os chamados Sousa do Manoel Pereira, estabelecido com fá-
Brejinho e Julião Nascimento, pai de Zé de se tornaram senhores respeitados em toda a brica de descaroçar algodão no arraial de
Julião, que foi para o bando de Lampião, região. Poço de Cima, resolveu transferir seu es-
diz um trecho do livro ainda inacabado. Até então os moradores da beira do tabelecimento para Poço Redondo. Essa
Anos depois, as terras de Poço Redondo Jacaré tinham casas separadas umas das mudança influiu fortemente no espírito
também começavam a ser descobertas pe- outras, mas resolveram seguir o exemplo de diversos habitantes de Poço de Cima
los grandes fazendeiros, que se interessa- do Poço de Cima e se agruparam em um que, afinal, seguiram o exemplo de Ma-
ram em criar gado no local. único lugar. A idéia foi de Luís da Cupi- noel Pereira, mudando também suas ca-
Alcino diz ainda que no final do século ra, uma espécie de líder daquela gente. O sas para Poço Redondo, nome que lhe
XIX, uma família vinda da região de Rosá- local escolhido era um descampado situ- veio do fato de situar-se em local semi-
rio do Catete chegou ao Sertão do São Fran- ado a um quilômetro da grande fazenda. circulado pelo Riacho Jacaré.
cisco com o objetivo de curar familiares Em pouco tempo, vinte casas já estavam Mas, segundo as pesquisas de Alcino Al-
que tinham enfermidades e precisavam de prontas e o lugar passou a se chamar ves Costa, a história não aconteceu bem
clima seco. O chefe da expedição, Manoel Nossa Senhora da Conceição do Poço assim. Manoel Pereira jamais residiu em
CINFORM 192
Artur Moreira de Sá: primeiro prefeito
CINFORM 193
Igrejinha de Poço de Cima: moradores trocaram antiga povoação pelo Povoado Poço Redondo
Município fica na
fronteira de Sergipe
com a Bahia e
pertenceu a
Tobias Barreto
A
s primeiras penetrações no territó
rio de Poço Verde, distante 145 qui
lômetros da capital, aconteceram
em 1609, quando Antonio Guedes adqui-
riu uma sesmaria, cujo limite provavelmen-
te abrangia as terras que hoje formam o
município. Por quase dois séculos e meio a Igreja Matriz São Sebastião
população da região residia em pequenas
propriedades privadas, pois não existia ne- do Sergipe para se fixarem na Bahia, por- Barreto e com sede na vila de mesmo nome,
nhum núcleo de habitações aglomeradas. que lá a taxa de ICMS - Imposto sobre Cir- que passava, automaticamente, à categoria
Antes do surgimento da povoação, Poço culação de Mercadoria e Serviços - é me- de cidade, por força da lei federal que con-
Verde era o nome de uma fazenda perten- nor, e eles não precisam pagar antecipado. sidera pertencente a esta categoria toda lo-
cente a Sebastião da Fonseca Dórea. Segun- calidade sede do município.
do moradores mais antigos da cidade, esse Distrito de Poço Verde Pela Lei estadual número 544, de 6 de
nome veio de um poço formado pelas águas fevereiro de 1954, que fixou a divisão
do Rio Real, localizado dentro da fazenda, A região teria tudo para um desenvolvi- administrativa e judiciária do Estado,
que permanecia sempre verde. mento rápido se dependesse das suas terras Poço Verde tem um único distrito, o de
Segundo a Enciclopédia dos Municípios férteis, mas as constantes secas atrapalha- Poço Verde, sendo termo da comarca de
Brasileiros, a povoação de Poço Verde co- ram. Em 1923 foi criado o distrito de Poço Simão Dias.
meçou a se formar primitivamente às mar- Verde, passando a sua sede à categoria de
gens do Rio Real em 1863, só que do lado vila, segundo o Decreto-Lei Federal nº 311, Sem Fronteira
da Bahia. Logo depois, foi transferida para de 2 de março de 1938. Aliás, esse decreto
o lado de Sergipe. Não se sabe ao certo o elevou à categoria de vila toda sede de dis- O Rio Real divide o município de Poço
ano em que se deu a transferência do povo- trito que não fosse município. Verde de Fátima, na Bahia. O curioso é que
ado de uma margem para a outra do rio, e Poço Verde aparece como distrito do no local da fronteira o rio está seco, juntan-
nem o motivo. município de Campos (Tobias Barreto) nas do a cidade sergipana ao Povoado Bomfim,
Alguns moradores acham que a causa da divisões territoriais datadas de 31 de de- em Fátima. Se não fosse a marca do rio que
mudança teria sido alguns desentendimen- zembro de 1936 e 31 de dezembro de 1937. já passou pelo local, ficaria difícil identifi-
tos entre os fundadores do arraial. É possí- No quadro anexo ao Decreto-Lei Estadual car onde termina um município e onde co-
vel, todavia, que o motivo tenha sido a pre- nº 69, de 28 de março de 1938, bem como meça o outro.
ferência da jurisdição de Sergipe, em vez da nos quadros fixados pelo Decreto-Lei Esta- A capela da Santa Cruz foi a primeira do
do Estado da Bahia, isto acontecendo ou dual nº 533, de 15 de dezembro de 1938. município, mas, como era muito pequena
por questão de ordem fiscal, ou de ordem A Lei nº 525-A, de 25 de novembro de para a população, foi construída a Igreja de
política, informa a Enciclopédia. Hoje ocor- 1953, criou, entre outros, o município de São Sebastião, em estilo gótico, e o santo
re o contrário. Comerciantes estão deixan- Poço Verde, desmembrando-o do de Tobias passou a ser o padroeiro da cidade.
CINFORM 196
Uma das praças de Poço Verde, onde a popu-
lação costuma se encontrar
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Casa das Irmãs de Santa Maria. Elas che-
garam em Poço Verde no dia 13 de junho
de 1976
Nesse ano, em decorrência do Fundo de não tínhamos passado por uma seca tão
Aval, a safra foi a maior de todos os tem- grande como essa no período da floração. * Professora e secretária de Educação
pos. O Programa Comunidade Solidária, Por isso a produção deste ano decaiu bas-
do Governo Federal, comprou toda a pro- tante para uma média de 100 kg por hecta- Filhos Ilustres
dução para doar as sementes a outros muni- re. A esperança é que no próximo ano não
cípios. Segundo o prefeito José Everaldo, tenha seca, diz. Sebastião da Fonseca - um dos fundadores
de Poço Verde
em 1997 contrataram com o Banco mais
de 600 pessoas, quando no ano anterior fo- Hino do Município de João de Oliveira - primeiro prefeito
ram apenas 29. Poço Verde
José Everaldo de Oliveira - prefeito três ve-
Segundo Luiz Alberto Souza, técnico zes, ex-deputado federal e ex-secretário de Esta-
agrícola da Emdagro - Empresa de Desen- * MARIA ADEMILDES DE OLIVEIRA MATOS do da Administração e da Ação Comunitária
volvimento Agropecuário - em Poço Ver-
Emídio Neto - prefeito da cidade durante vá-
de, são mais de 2 mil minifúndios no muni- Poço Verde, terra abençoada, rios anos
cípio, e todos eles produzem feijão, além por todos amada, de olor juvenil;
de milho e outros produtos em menor quan- Onde a honra e a virtude é a luz Virgílio Rabelo do Rosário - representou
Poço Verde na Câmara de Vereadores em
tidade. Ao todo, 15 mil hectares são utili- que ampara e conduz o teu povo gentil. Campos (Tobias Barreto)
zados para a plantação do produto no mu- Poço Verde que destes sergipanos,
nicípio, e a produção por hectare varia de ilustres conterrâneos a nos orgulhar... Pedro Zacarias de Oliveira - Médico, sen-
do a primeira pessoa de Poço Verde formada
800 a 1 mil kg anualmente. Poço Verde das festas formosas,
O tipo de feijão mais cultivado em Poço de gente garbosa, feliz, a cantar... Josefa Rocha Dórea - dona da farmácia de
Verde é o carioquinha, seguido do pérola manipulação, a parteira da região. Era conhe-
cida como mãe Zefinha
(grão maior). A característica do feijão em Poço Verde, teu povo sorrindo,
Poço Verde é que é produzido por pequenos com fé progredindo, por ti a lutar;
produtores e é exportado para diversos Es- Ao trabalho enaltece e à paz, Texto: CARLA PASSOS
Fotos e reproduções: EDSON ARAÚJO
tados, como Paraíba, São Paulo, Pernam- da justiça se faz guardião singular... Fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros e arquivo da
buco, Goiás e Maranhão, informa Souza. Poço Verde, primeiro no campo, Secretaria de Educação de Poço Verde
Porto da Folha
tem pega de boi na caatinga
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Região: norte (Sertão)
Distância da capital: 190 Km
População: 26.635
Atividades econômicas: agricultura (milho e
feijão)
A tradição da pega de campo para os vaqueiros pegar. Os que con- negra como o trabalho coletivo, o samba
boi na caatinga seguiam eram aplaudidos na cidade, desfi- de coco, dançado no dia da padroeira Santa
lavam com o boi todo enfeitado e ganha- Cruz e no dia da Consciência Negra, o uso
A festa do vaqueiro de Porto da Folha foi vam troféus, lembra Tonho. de ervas medicinais, etc.
criada em 1969. De acordo com um dos Hoje em dia as proporções da festa são
criadores do evento, o aposentado Antônio muito maiores, pessoas de várias cidades de Índios Xocós
Alves de Farias, conhecido como Tonho de Sergipe e de fora do Estado vão à vaqueja-
Chico, 68 anos, a pega de boi no meio da da, e são soltos na caatinga mais de cem Já a Ilha de São Pedro preserva parcial-
caatinga era o esporte do vaqueiro nas ho- bois. Tonho aponta mais uma diferença: mente as características do povo indígena.
ras de folga. Os vaqueiros de hoje desfilam na cidade Quando os portugueses chegaram à foz do
Tonho de Chico, que trabalhava como com a cara limpinha, na minha época era Opará, em 4 de outubro de 1501, existiam
vaqueiro, já participou de muitas competi- um prazer para a gente cavalgar pelas ruas diversas tribos indígenas ocupando o vale
ções com os colegas na mata, até que em com o rosto cortado pelo mato, mostrando do Rio São Francisco. Entre elas se encon-
1969 o frei Angelino deu a idéia de que eles nossa bravura. travam os Xocós.
fizessem uma festa todos os anos. Eles cri- De acordo com a Enciclopédia dos Mu-
aram a Sociedade Recreativa Parque Nilo Comunidades negra e indígena nicípios, no final do século XVIII, funda-
dos Santos, com uma diretoria de cinco ram nas terras do chefe indígena Pindaíba a
pessoas, e Tonho de Chico foi eleito secre- Uma curiosidade em Porto da Folha é Missão de São Pedro de Porto da Folha,
tário. O primeiro presidente foi Antônio que o município tem uma comunidade de sediada na Ilha de São Pedro, onde viviam
Pereira Feitosa, que logo depois foi eleito negros remanescente de Quilombo e uma 300 índios, que para sobreviver caçavam,
prefeito da cidade. Tonho também foi pre- de índios Xocós. pescavam e tinham uma pequena lavoura
sidente da associação em dois mandatos. O povoado Mocambo, às margens do de mandioca. A comunidade foi entregue a
Na primeira festa só compareceram Rio São Francisco, foi reconhecido oficial- sacerdotes capuchinhos e jesuítas. Atual-
poucos vaqueiros, os das redondezas. A mente como remanescente de Quilombo mente, as 54 famílias que habitam a Ilha de
gente só soltou três bois no campo, ainda pela Fundação Cultural Palmares, em 1997. São Pedro são índios Xocós.
era uma festa pequena, mas ficamos mui- A titulação de posse dos 2.100 hectares acon- A imposição do catolicismo e dos costu-
to satisfeitos, lembra Tonho de Chico. teceu em 2000, mas o processo de desapro- mes europeus destruíram grande parte da
Em 1970, por causa da grande seca, os priação dessas terras não está finalizado. cultura indígena. É tanto que os Xocós do
vaqueiros não realizaram a festa, mas a Dois anos depois, as cem famílias do local local são católicos e o padroeiro do povoa-
partir de 1971 ela passou a acontecer to- sofrem muito por problemas fundiários e do é São Pedro, mas toda vez que tem mis-
dos os anos, sempre em setembro, por- também com invasores que querem criar sa, eles dançam Toré, um ritual sagrado re-
que não é inverno e o campo ainda está gado junto com as plantações da comuni- alizado em um terreiro afastado da aldeia
verde, explica Tonho. dade. com dança, indumentária típica e bebida
A gente começou a chamar os prefeitos Atualmente, a população miscigenou-se de jurema. A comunidade recebe também
e vaqueiros das cidades vizinhas e a festa muito, principalmente com índios, mas ain- muitas influências externas, especialmente
cresceu. A cada ano mais gado era solto no da tenta preservar as expressões da cultura através de televisores e telefones públicos.
CINFORM 200
perdeu a paciência e tascou a baqueta na
minha cabeça. Nem deu tempo de sen-
tir dor, desmaiei antes!
Naqueles tempos quem ganhava um
velocípede de presente, podia se gabar de
estar vivendo a verdadeira e bela infân-
cia. Pois bem, eu ganhei o meu velocípe-
de de meus bons pais. Só que tinha que
entrar na fila com mais quatro irmãos. Se
tinha encrenca...
A festa da padroeira durava o mês in-
teiro. À noite, para alegria e farra da
meninada, funcionava o carrossel de
duas ondas (mãe da roda-gigante), mo-
Vista parcial da cidade de Porto da Folha
vidos por uns três ajudantes troncudos,
e a iluminação era à base do lampião de
gás. Peralta que só, armava para andar
do tempo da fartura de peixes e arroz. An- no carrossel sem pagar. Também ali eu
tes aqui tinha muito arroz e peixe. As mu- mostrava as qualidades no surdo feito
Monumento indígena em frente à Igreja São lheres trabalhavam toda a madrugada para de câmara de ar. Outro conterrâneo ia
Pedro demonstra o sincretismo religioso tratar o peixe. Hoje até caça não tem mais, de pandeiro e o cego Expedito tocava
porque não tem mato, lamenta ele. sanfona. Bons tempos... C
As principais festas que acontecem na bira e passar a mão no dinheiro que os Francisco Cardoso - o buraqueiro mais
Ilha do Ouro são a de Bom Jesus, todos os devotos deixavam nas frestas de madeira. velho da atualidade, hoje com 103 anos. Foi
anos, na segunda semana de janeiro, e o Só não tive coragem de tocar o sino do agricultor, marceneiro, prefeito e juiz de paz
Carnaval. cemitério, às 9 da noite, por uma recom-
pensa de meia dúzia de castanhas - brinca- Antônio Carlos du Aracaju - cantor e com-
positor
A Vida no Rio deira tem hora!
Década de 50, Rio São Francisco Padres Lima, João Lima e Gervásio Fei-
Os moradores da Ilha do Ouro reclamam cheio, chegando até o pé da ladeira, ár- tosa
da diminuição de peixes no São Francisco. vores cobertas de flores em pleno dia 8,
O aposentado Manoel Alexandre Filho, 81 festa da padroeira Nossa Senhora da Freis Angelino, Honorato e Petrônio
Cardoso
anos, que trabalhou como canoeiro e fabri- Conceição. Era festa mesmo! Até eu
cante de canoas, diz que antes havia uma dava uma de membro da banda de
grandeza de peixes. O pessoal fazia uma música na procissão. O cara do bumbo Texto: CARLA PASSOS
boa safra naquela época, lembra ele. tocando de um lado, e eu completando Fotos: DIÓGENES DI E EDSON ARAÚJO
Antônio Gomes Feitosa, de 91 anos, tam- o som do outro. Traquinagem de meni- Fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros e arquivo da
Secretaria de Educação de Porto da Folha.
bém trabalhou como canoeiro e sente falta no danado! Numa ocasião, o músico
CINFORM 201
Propriá
a princesinha do
Baixo São Francisco
Conhecida inicialmente
como Urubu de Baixo,
cidade já foi a mais
importante do norte
de Sergipe
CINFORM 202
Região - norte de Sergipe
Distância de Aracaju - 98 km
População - Cerca de 85 mil
Atividades econômicas - Arroz e peixe
Indústria e progresso
CINFORM 203
Uma das maiores enchentes da cidade ocorrida
em 1949
dão e sua diocese enfrentaram os podero- Outra razão da liderança ímpar de Pedro Dom Antônio dos Santos Cabral - foi
sos de Propriá e de Sergipe. Chaves era a sua prestimosidade. Ele gosta- bispo de Natal/RN e de Belo Horizonte/MG.
As sucessivas perdas territoriais e do co- va de servir à sua gente e se notabilizava por Luiz José da Costa Filho - jurista, jorna-
mando administrativo, o surgimento de empréstimos financeiros sem juros, avais e lista, poeta e foi deputado estadual.
novos centros locais e regionais, a perda da fianças bancárias, doação pura e simples de
Monsenhor Marcolino Pacheco do
importância do transporte marítimo, a aten- dinheiro a pessoas reconhecidamente pobres. Amaral - jornalista, poeta e autor do Com-
ção voltada apenas para o rodoviário, trági- Um terceiro motivo de prestígio social pêndio de Teologia Moral.
cas administrações públicas, entre outros do homem a quem me reporto eram as suas
Seixas Dória - outro filho ilustre de Propriá
fatores, colaboraram para a decadência e amizades com influentes políticos e reli- que chegou ao Governo do Estado na déca-
estagnação do município. giosos da região, além de uma notória rela- da de 60.
ção de apreço mútuo com Luiz Gonzaga, o
Jequitibá de Propriá Rei do Baião. Todos visitavam Pedro Cha-
ves em sua famosa Fazenda Cabo Verde, Texto: CRISTIAN GÓES
*CARLOS AYRES DE BRITTO que se fazia palco de incomparáveis arras- Fotos e reproduções: MANUEL FERREIRA
ta-pés para as famílias bem-postadas da Fonte: Propriá e sua região, de Carlos Roberto Britto
Aragão; Álbum Fotográfico e Comercial de Propriá, de Oc-
Pedro Chaves, nascido em junho de 1900, sociedade local. távio Menezes; e Enciclopédia dos Municípios Brasileiros.
teria completado 100 anos. Ele foi prefei- Enfim, Pedro Chaves decidia, com seu Colaboração Família Chaves
Riachãocidade rica em intelectuais
Nome originou-se
de um riacho que
passa próximo
à cidade, acrescido
do sobrenome do
comendador Dantas
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Região: Centro-Sul
Distância da capital: 99 km
População: 19.180
Atividades econômicas: Pecuária; agricultura;
agroindústria; artesanato.
Lourival Fontes o filho mais ilustre de Ria- como funcionário público, já casado e pai,
chão. Ele chegou a ser embaixador do Bra- fui transferido no início de 1956 para Ara-
sil no México e no Canadá, além de chefe caju, onde permaneço até hoje. Embora
da Casa Civil no governo do presidente meu espírito, na luta que todo espírito tra-
Getúlio Vargas, em 1952. va para transcender os limites de sua situ-
Lourival Fontes foi funcionário da Pre- ação, já se encontre plenamente adaptado
feitura do antigo Distrito Federal, Rio, quan- ao ambiente atual em que vivo, e até por
do, após a Revolução de 1930, trabalhou vezes pareça ter esquecido algumas lem-
com o prefeito Pedro Ernesto. Nessa épo- branças deste passado, na verdade sempre
ca, iniciou a amizade com Vargas, que o emerge de dentro de mim antigas visões
levou aos mais altos postos, sempre de- que, no meu ser, formaram a minha indi-
sempenhados com eficiência. vidualidade como pessoa humana, neste
Lourival trabalhou também como dire- convívio temporal com os meus semelhan-
tor-geral do DIP. Foi eleito senador por tes. Destas visões, uma parte profunda e
Sergipe e presidiu o Cade - Conselho Ad- marcante me vem das lembranças da mi-
Lourival Fontes, de volta à casa onde nas- ministrativo de Defesa Econômica - no nha infância e da minha adolescência, na-
ceu governo João Goulart. Morreu em 6 de quela minha terra natal.
gando o município a Boquim - por iniciati- maio de 1967 e foi sepultado na sua cidade Primeiramente, marcou-me a sua topo-
va de Filomeno de Vasconcelos Hora, jun- natal, conforme seu desejo. grafia, em que os arruados tendo começado
tamente com vários cidadãos riachãoenses próximo ao riacho da Limeira e às baixadas
-, contribuiu para o desenvolvimento. Riachão do Dantas da dos Poções, foram-se alteando ladeira acima
Em 1932 a arrancada para o progresso minha juventude até onde, originalmente foi plantada a Igreja
foi quebrada com a seca que comprometeu de Nossa Senhora do Amparo, a padroeira
o desenvolvimento de toda a região nor- * JOÃO OLIVA ALVES do lugar (mais tarde, com a morte do vigá-
destina. Mas isso não impediu que em 1938, rio, Padre Fonseca, os frades, vindos de São
em decorrência de disposição federal que O sociólogo e filósofo Roberto Manga- Cristóvão para administrar a paróquia, trans-
incluía toda sede de município na categoria beira Unger, num artigo publicado no iní- feriram a Matriz para mais alto ainda, no
de cidade, Riachão também entrasse nessa cio deste mês, na coluna que escreve na topo da colina, e demoliram a velha igreja da
lista a partir de 15 de dezembro. A lei esta- Folha de S. Paulo, começa dizendo que, cada praça, destruindo uma relíquia histórica ines-
dual nº 150, de 31 de dezembro de 1943, um de nós nasce enquadrado... numa clas- timável). Eu amava essa topografia que me
confirmou o nome de Riachão do Dantas. se, numa raça, numa nação, numa cultura e dava a idéia de que a localidade trouxera uma
numa época. E eu acrescento: numa cida- vocação de subida e de progresso... Além
Quem é o filho mais ilustre de. Nunca mais - diz ele - conseguimos disto, ela contribuía para destacar a vista da
de Riachão? nos desvencilhar completamente desse en- cidade, contemplada por quem viesse por
quadramento... rodovia, de Tobias Barreto ou Boquim. Ge-
De acordo com o livro Figuras e Fatos Quanto a mim, nasci em Riachão e lá nolino Amado, que a visitou de automóvel
de Sergipe, do escritor Arivaldo Fontes, é vivi os anos da minha juventude, até que, em 1953, acompanhando Lourival Fontes,
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federal por Minas Gerais
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Riachuelo
e a sua poderosa
história
Por conta da cana e da
política, o município que
era chamado de Pintos
já foi um dos mais im-
portantes do Nordeste
A
ntes uma cidade rica, progressista e
uma das mais importantes do Nor
deste. Hoje, um município decaden-
te, pobre e esquecido. Assim é Riachuelo, a
29 quilômetros de Aracaju. Quem já che-
gou a passar por ele, nem de longe imagina
que de lá saíram governadores como José
Rollemberg Leite e Paulo Barreto de
Menezes, senadores, deputados federais e
estaduais, juízes e médicos que marcaram
as histórias de Sergipe e do Brasil, como
Adolfo Rabelo Leite, Antônio Franco e
Augusto César Leite.
Historiadores afirmam que as primeiras Igreja Nossa Senhora da Conceição
informações sobre o município dão conta
que aquelas terras, em finais de 1590, eram prietários do engenho dos Pinto já tinham Vila e poder
ocupadas pela família dos Pinto. O centro construído uma capela e, como era dezem-
das atenções era o engenho do português bro, a ela foi dado o nome de Nossa Senho- Em 31 de março de 1874, com apenas
Mesquita Pinto. E é assim que a localidade ra da Conceição. E por que Riachuelo? Exis- dois anos de vida, a freguesia é transforma-
começa a ser conhecida. Por causa das ter- tem duas versões. Uma é que as terras que da em Vila de Riachuelo e desmembrada
ras extremamente férteis, e dos rios Sergipe, formavam o povoado estavam entre os três do município de Laranjeiras. A nova vila
Cotinguiba e Jacarecica, os Pinto se trans- rios que formavam um elo, daí Riachuelo. vivia a grande fase da indústria açucareira.
formaram em grandes produtores de açú- A outra versão, e que é mais aceita, é que Seu poder econômico chegou a ser superior
car, algodão e gado. o nome foi uma homenagem a uma das a Maruim e até mesmo a Laranjeiras, tendo
batalhas mais decisivas na Guerra do no engenho e depois Usina Central de
Freguesia e vila Paraguai, a batalha naval do Riachuelo, Riachuelo uma das mais importantes do
vencida pelo Almirante Barroso. A guerra Brasil. Ela pertencia ao influente e progres-
O resultado do progresso econômico, um terminou em 1870, e em 1872 o povoado é sista Antônio Franco, um dos homens mais
dos maiores de Sergipe, é que em 6 de maio transformado em freguesia com o nome de importantes que Sergipe já teve.
de 1872, o Povoado Pintos, que atraía cen- Nossa Senhora da Conceição, acrescentado No dia 25 de janeiro de 1890, a vila de
tenas de pessoas para a cultura da cana, é de Riachuelo. Hoje, na sede do município, Riachuelo, com a implantação da Repúbli-
transformado em Freguesia de Nossa Se- existe uma importante praça denominada ca, passa a ser cidade. O período áureo de
nhora da Conceição do Riachuelo. Os pro- Almirante Barroso. grande desenvolvimento de Riachuelo du-
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Região - Centro de Sergipe
Distância de Aracaju - 29 km
População - Cerca de 8 mil
Atividades econômicas - Agricultura,
indústria e petróleo
rou até as primeiras décadas deste século. do São Francisco. E por conta da energia, a
Depois de Aracaju, com um porto mais cidade teve um excelente cine-teatro mu-
franco e com todas as linhas de ferro che- nicipal.
gando até lá, Maruim, Laranjeiras e Riachuelo sempre foi bem assistido no
Riachuelo passam a entrar em declínio. Um campo da saúde. Sempre teve o Hospital
reflexo é o número da população. No censo de Caridade de Riachuelo, mantido por
de 1950, Riachuelo tinha 8 mil moradores uma associação beneficente que também
e 50 anos depois a população era a mesma. era responsável pela Maternidade Dr. Síl-
vio César Leite. Dois médicos moravam
Indústria e comércio na cidade. Outra entidade marcante no
município era o Abrigo de Menores An-
O município já teve as maiores produ- tônio Franco que cuidava de menores
ções de açúcar cristal, tecido e aguardente abandonados, dando-lhes a instrução pri-
de Sergipe, e a Usina Central era a mais mária elementar, religiosa e prática de agri-
poderosa da região. Chegou a ter três loco- cultura. O município tem uma escola, o
motivas para o transporte da cana. Além Grupo Escolar Francisco Leite, que mar-
da ferrovia, Riachuelo era muito bem ser- cou a educação no município.
vida por estradas e principalmente através
de rios. O município também tinha gran- Futebol e festas
des produções de farinha de mandioca. Em
1956, segundo dados oficiais, as usinas e Riachuelo já teve um passado de glórias Cinema Riachuelo: marcou a história do
pequenas fábricas empregavam mais de mil no futebol. A principal agremiação município
trabalhadores. Era comum ver técnicos eu- desportiva foi o Riachuelo Futebol Clube,
ropeus, principalmente ingleses, montando que, por várias vezes, conquistou os mais ência dos rios que cortam o município, e a
os engenhos. honrosos campeonatos do interior de São Benedito. Riachuelo teve uma gran-
Por conta da força da cana, o comércio sergipano. O ano mais significante foi 1941, de população negra que trabalhou nos en-
em Riachuelo já foi um dos mais impor- quando o Riachuelo Futebol Clube foi cam- genhos de cana, e São Benedito era cultuado
tantes do Estado. Gente de muitos municí- peão invicto e absoluto do Estado de pelos negros.
pios ia pra lá comprar tecidos. Os armazéns Sergipe, título jamais conquistado até en-
de secos e molhados do lugar eram os mais tão por outra equipe sergipana. Outro time O que foi a Guerra do Paraguai
vistosos e sortidos da região do Cotinguiba. importante é o Central Futebol Clube, for-
Apesar de muito rica, o aspecto mado pelos trabalhadores da Usina. A Guerra do Paraguai, ainda um dos fa-
arquitetônico da sede da cidade não era dos No dia 8 de dezembro, Riachuelo come- tos mais discutidos da história brasileira,
melhores. As ruas eram construídas com mora a festa de Nossa Senhora da Concei- começou em 1864. Em dezembro, o
calçamento irregular. Riachuelo foi uma das ção, padroeira do município. Outras festas Paraguai invadiu Mato Grosso em represá-
três primeiras cidades a ter iluminação religiosas importantes são a de Bom Jesus lia à intervenção brasileira na guerra civil
fornecida pela Companhia Hidro Elétrica dos Navegantes, por conta da forte influ- uruguaia. Brasil, Argentina e Uruguai for-
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Praça Almirante Barroso: marcas do passado
O Chanceler de Ferro.
O
nome antigo de Ribeirópolis,
quando ainda era povoado de Ita
baiana, era Saco do Ribeiro, em
homenagem a um certo Ribeiro que viveu
no povoado nos anos 30. Existem várias
versões na cidade sobre quem era Ribeiro.
Sabe-se apenas que ele era um forasteiro
que carregava sempre um saco nas costas e
depois foi embora deixando o saco embai-
xo de uma mangueira. Igreja Matriz de Ribeirópolis Sagrado Coração de Jesus
Alguns dizem que se tratava de um ciga-
no natural de Alagoas. Outros afirmam que deixou muitas obras bem acabadas, inclusi- Antônio Nilo.
Ribeiro poderia ser um comerciante que ve a Igreja Matriz, e também ministrou aulas Segundo José Gilson, o erário não tinha
trazia suas mercadorias de outras localida- de construção para a comunidade. recursos suficientes e o intendente teve de
des. Mas há ainda quem acredite que ele era No início da década de 20, Saco do Ri- se valer de um empréstimo particular atra-
um criminoso e que carregava uma arma beiro já começava a ter estrutura de povoa- vés do próprio pai, Rosendo Monteiro. Na
dentro do seu saco. do, mas somente em 29 de outubro de 1927 ocasião circulavam rumores de que se os
De acordo com a Enciclopédia dos Mu- a lei estadual nº 997 criou o Distrito de Paz novos municípios não edificassem logo al-
nicípios Brasileiros, a primeira referência de Saco do Ribeiro, pertencente a Itabaia- guns prédios públicos, a autonomia seria
histórica da região de Ribeirópolis data de na. Seis anos depois, o interventor federal tornada sem efeito, informa ele.
1637. Época em que os povoados começa- em Sergipe, major Augusto Maynard Go-
ram a ser formados provavelmente por ho- mes, chegou à conclusão de que o povoado Política conturbada
landeses. O Povoado Saco do Ribeiro de- apresentava condições que permitiam sua
senvolveu-se quando a população começou elevação à categoria de município. Vários intendentes administraram Ribei-
a se reunir semanalmente para realizar a A autonomia de Saco do Ribeiro, que rópolis até acontecer a primeira eleição do
feira às segundas. Em 1915, ela foi transfe- passou a se chamar Ribeirópolis, veio com município, em 1947. Josué Passos foi lan-
rida para a Praça da Bandeira, onde conti- o decreto estadual nº 188, de 18 de dezem- çado candidato da União Democrática
nua sendo realizada até hoje. bro de 1933. O município foi instalado so- Nacional (UDN) a prefeito de Ribeirópo-
Conforme o livro Saco do Ribeiro, Pe- lenemente no dia 1º de janeiro de 1934, lis, concorrendo com Baltazar Francisco dos
daços de Sua História, do advogado José tendo como primeiro prefeito Felino Santos, da família dos Cearás. A partir daí
Gilson dos Santos, dentre os comerciantes Bomfim, nomeado pelo interventor. iniciou-se uma grande briga política.
da época o de maior destaque era Antônio A primeira obra de Felino Bomfim foi Em 1954, o fazendeiro João Nunes de
Nilo. Ele trouxe da cidade de Maruim, em o Talho Municipal, construído em 1934, Carvalho concorreu pelo PSD com Josué
1918, um pedreiro chamado Pedro Magno para comercialização de carne verde. Ele Passos (UDN) à prefeitura de Ribeirópolis
para construir um barracão com o objetivo substituiu o antigo barracão existente no e ganhou com um voto de diferença. No
de concentrar os feirantes. Pedro Magno centro da praça da feira, construído por entanto, a UDN entrou com recurso de
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Prédio da prefeitura: inaugurado na década
de 30
Comércio variado
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tores possuem tanta habilidade. Recri-
amos, a partir de nossa imaginação, o
real e fingimos acreditar em sua vera-
cidade. Em terra de gente palpiteira
como a nossa, fica difícil dizer com que
anda a veracidade.
A história do saco não pára por aí.
Dentro dele havia mais coisas do que
pode julgar a vã filosofia do leitor. A
lenda nos diz que o nosso herói cigano
era um bandido corrido. Ao sair às pres-
sas da região, esquecera o saco. Contam
ainda que dentro dele havia máscaras,
que mais pareciam caretas, usadas pelo
Ribeiro para ocultar sua verdadeira iden-
tidade e, até mesmo, para intimidar a
Uma das praças de Ribeirópolis: ponto de encontro da população população.
Do Ribeiro romântico e andarilho che-
De acordo com uma pesquisa realiza- tros em livros e documentos diversos. gamos ao Ribeiro bandido e do saco, nos-
da pela pedagoga Viviane Góes, o de- Saco do Ribeiro assim foi chamado por- sa mãe de criação, a suposta origem do
senvolvimento do festejo na comunida- que nosso herói Ribeiro, como todo bom grupo Caretas de Ribeirópolis. C
de explica-se, em parte, pelo fato de cigano, resolveu partir, deixando como
Robusto, como era conhecido, ter um herança para seus futuros descendentes * Secretário municipal de Educação e Cultura
alto poder aquisitivo e ter interesses po- um saco embaixo de uma árvore. Somos
líticos, buscando a simpatia do povo atra- filhos órfãos de um cigano. Quem nos Filhos Ilustres
vés de festas e brincadeiras. Era uma criou certamente foi o saco, ou melhor,
espécie de líder regional que muito con- aquilo que havia dentro dele. Mas antes Pedro Paes Mendonça - fundador da rede
tribuiu para o desenvolvimento dos fes- mesmo de falarmos sobre as coisas do de supermercados Bompreço
tejos no município. Com o passar dos saco, quero fazer uma reflexão sobre esta
Mamede Paes Mendonça - irmão de Pe-
anos, teve o apoio da prefeitura e de nossa orfandade. dro e fundador das redes de supermercados
políticos, informa. Lendária ou não a nossa pré-história, Paes Mendonça e Unimar.
Segundo Viviane, apesar de a festa simbolicamente carregamos o sentimen-
permanecer forte, o grupo de caretas Euclides Paes Mendonça - Foi deputado esta-
to de abandono. O cigano nos deixou dual e federal.
sofreu muitas transformações. Cerca de porque é de sua natureza passar, vagar,
20 homens saíam às ruas da cidade sol- não deixar raízes. Os ciganos sempre fo- José Sebastião dos Santos - professor e
tando fogos, tocando zabumba, ento- ram cidadãos do mundo, no melhor sen- proprietário do Colégio e Faculdade Pio X.
ando cantos populares com o intuito tido do termo. Mas apesar de serem eter- Josué Modesto dos Passos - atual vice-
de despertar e convidar a população nos transeuntes, qualquer que seja o seu reitor da UFS
para a brincadeira a ser realizada dali a destino, o saco sempre lhe acompanha.
poucas horas. O do Ribeiro, no entanto, ficou. Menos João Costa - professor de Português na UFS
As caretas, apesar do pavor que as cri- andarilho do que seu dono, o saco criou José Gilson dos Santos: advogado e ex-
anças sentiam, respeitavam todos aqueles fundações, edificou casas e educou seus promotor de Justiça
que desejavam participar da brincadeira. descendentes.
Josué Passos - ex-prefeito de Ribeirópolis e
Hoje muita coisa mudou: as crianças são Como estava dizendo, possivelmente ex-deputado. Assassinado dentro de casa.
os primeiros adeptos desse festejo e as ca- quem os criou foram as coisas do saco.
retas já não mais respeitam aqueles que Quais coisas havia dentro dele, impossível Francisco Passos: irmão de Josué, ex-pre-
querem ficar de fora da brincadeira, sujan- mencionar sequer. Comenta-se que o saco feito de Ribeirópolis e deputado várias vezes.
do todos os que encontram nas ruas, a era uma imitação da Caixa de Pandora e o Antônio Passos: Foi prefeito de Ribeirópo-
menos que lhes dêem alguns trocados, nosso destino corre muito próximo ao da lis e é atualmente deputado estadual
compara Viviane. lenda grega. Muitos dizem ainda que esse
Baltazar Francisco dos Santos: foi pre-
nosso jeito de palpiteiro, imaginativo, fan- feito e deputado estadual
O saco do cigano Ribeiro tasioso, pode estar intimamente relacio-
nado com o saco. José Rivaldo Santos: deputado estadual e
*JOSÉ HERIBERTO DE SOUZA De tanto a gente imaginar o que ha- juiz de Direito aposentado
via dentro dele, acabamos por cultuar
Por muito tempo, fomos chamados de o hábito de dizer, com riqueza de deta- Texto: CARLA PASSOS
cidadãos do Saco do Ribeiro. O nome não lhes, o que não vimos. De fato, nós so- Fotos: DIÓGENES DI
é um dos mais charmosos e parece mesmo Fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros
mos mesmo mestres em contar históri- e Saco do Ribeiro, Pedaços de Sua História, do advogado
coisas de lenda, mas é verídico, com regis- as fantásticas que somente bons escri- José Gilson dos Santos.
Aprendendo as lições
do passado para viver,
hoje, uma nova e
melhor realidade.
PREFEITURA DE
Rosário terra de governadores
Naquele pequeno
município se encontram
as mais importantes
histórias políticas
que marcaram Sergipe
ão fossem os vendedores de mi
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Região - Centro de Sergipe
Sobrados seculares de Rosário: pura história Distância de Aracaju - 37 km
População - Cerca de 8 mil
Atividades econômicas - Milho e feijão.
durou pouco. As reações de Maruim foram Rosário tem a maior reserva de potássio da América do Sul
fortes. Em 3 de fevereiro de 1831, Rosário
volta a pertencer a Santo Amaro, mas não
como povoamento, e sim, como Freguesia
de Nossa Senhora do Rosário. Cinco anos
depois, ela se tornava Vila de Nossa Senho- ário que leva seu nome, além de ser um dos
ra do Rosário do Catete. fundadores da Universidade Federal de Ser-
Nada, absolutamente nada de oficial exis- gipe. É membro da Academia Sergipana de
te para explicar o nome Catete, mas exis- Letras, foi promotor público, deputado es-
tem indícios fortes. Catete é uma espécie tadual e federal. Seu lema de Governo era
de milho comum na região. Catete vem de curioso: Mais pão e mais vestuário para a
caititu (Tupi-Guarani) que quer dizer por- Augusto Maynard Gomes: família do servidor público. Seu filho, Gil-
co do mato, animal encontrado naquelas orgulho de Rosário
ton Garcia, seguiu seus passos políticos.
terras. Catete significa reduto de escravos Edézio Vieira de Melo é outro filho de
(em Rosário eles eram milhares). E catete Aracaju de abastecimento de água. Em 1960 Rosário do Catete, que chegou a deputado
era nome de um dos engenhos do Barão de foi indicado para ser vice-presidente da estadual e vice-governador. Ainda existe
Maruim. Em 12 de julho de 1932, Rosário República na chapa de Jânio Quadros, mas Manoel Cabral Machado, que foi deputa-
do Catete era elevada à categoria de cidade. renunciou em favor de Milton Campos. do, escritor e vice-governador. Rosário foi
Encerrou sua vida pública quando perdeu tão importante que em apenas uma legisla-
Terra de Políticos as eleições para Gilvan Rocha. tura chegou a ter um senador, dois deputa-
Outro filho ilustre de Rosário é o gover- dos federais, três deputados estaduais e um
Além do Barão de Maruim, o município nador Luiz Garcia. Foi ele quem criou o governador.
de Rosário do Catete foi um verdadeiro Banese, Hotel Palace e o Terminal Rodovi- Uma das sumidades nascidas naquele
celeiro político. Leandro Ribeiro de Siquei-
ra Maciel foi deputado no Império e sena-
dor na República. Mais tarde, seu filho,
Leandro Maynard Maciel, seria governador
do Estado. Outra figura marcante foi Au-
gusto Maynard Gomes, amigo pessoal de
Getúlio Vargas. Foi interventor, general do
Exército, governador e senador por duas
vezes. É considerado o maior orgulho da
cidade.
O líder máximo da UDN - União De-
mocrática Nacional - foi Leandro Maynard
Maciel. O Leandrismo marcou a política
de Sergipe. Ele ingressou na vida pública
no Governo Manoel Dantas. Foi por diver-
sas vezes deputado federal, senador e go-
vernador por duas vezes. Foi ele quem li-
gou com asfalto Aracaju a Atalaia e des-
montou o morro do Bonfim, além de dotar Histórica estação de trem de Rosário
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rio do Catete também é terra das bandas de
música. A primeira de que se tem notícia é
de 1906. Era chamada de Coração de Ma-
ria e apelidada de Injeitada. Seus mestres
foram o padre Antônio Garcia, Otacílio
Paiva e Antônio Bonfim, entre outros.
Em 1923 surge a banda Santa Cecília,
mais conhecida como Barriguda. O seu
fundador foi João Batista de Morais Ribei-
ro. A curiosidade é que entre seus mestres
estava Polycarpo Diniz de Rezende, que foi
sete vezes prefeito de Rosário do Catete.
Em 1950 é fundada a banda União Rosa-
rense, que tinha como regente Siciliano
Avelino da Cruz. Mas Rosário marca a his-
tória das bandas de música em 1960, quan-
do o regente Antônio Plínio do Espírito
Barão de Maruim: filho ilustre de Rosário Santo resolve criar a Associação Maria Rosa
Leandro Maciel: último caudilho do Catete Vieira de Melo, a primeira banda feminina
de Sergipe. Uma ousadia.
município é Maximino de Araújo Maciel. nada convencional. Alguns diziam que O professor de teoria e solfejo da banda
Era advogado, médico e filólogo. Escreveu Mary era uma amante que o governador feminina era Luiz Ferreira Gomes, hoje uma
entre outras obras Gramática Analytica, mantinha no Rio de Janeiro e em sua ho- história viva de Rosário do Catete. Seu Luiz
Philologia Portuguêsa e Lição de Botâ- menagem daria o nome à cidade. Graças à é um rosarense nato. Um homem de me-
nica Geral. Outra personalidade é Alvino resistência de intelectuais como João Mo- mória privilegiada e que merece os maiores
Ferreira Lima, que foi professor da Facul- raes, José Paes, Sebrão Sobrinho e Poly- elogios e reconhecimentos do povo de Ro-
dade de Direito de São Paulo. Ainda saí- carpo Diniz, a mudança do nome não foi sário e de Sergipe.
ram de lá desembargadores como Maynard, efetivada. Um outro filho daquele município que
Humberto Diniz Sobral e José Sotero Vi- deve merecer as maiores homenagens é
eira de Melo, e uma infinidade de juízes. Mudança da capital João Batista de Morais Ribeiro. Este já fa-
de São Cristóvão para Aracaju lecido. Foi um exímio mestre de alfaiate.
Cruz do Evaristo e mudança aconteceu em Rosário Vestiu as famílias mais tradicionais de Ser-
do nome para Marynardina gipe. Foi servidor público federal, vereador
No final de 1854, o Barão de Maruim e prefeito. Músico de primeira grandeza sem
Existem alguns episódios marcantes na era vice-presidente do Estado. Um homem ter jamais estudado música. Um gênio. A
história desse município. Quando Rosário de grandes influências nacionais. Por conta poesia era a sua maior paixão. Publicou o
do Catete ficou independente de Santo do porto (escoamento dos produtos), o ba- livro Canções de um solitário. C
Amaro, em 1836, as relações das duas co- rão queria que a capital saísse de São Cris-
munidades ficaram estremecidas. Um dia, tóvão e foi transferida para Aracaju. Filhos Ilustres
um soldado negro conhecido por Evaristo Numa manhã, o Barão de Maruim, um
saiu de Santo Amaro com um cesto de pei- dos homens mais ricos do Estado, convo- José Raimundo de Souza - pároco do mu-
nicípio
xes para vender em Rosário. Em terras ro- cou todos os deputados para comparecer
sarenses, o soldado foi assassinado. Em sua em seu Engenho Unha do Gato, em Ro- Pedro Cunha - padre em São Paulo
homenagem, foi erguida uma capela com sário do Catete. Usando dinheiro, seu
Veríssimo de Oliveira - advogado
uma cruz. Em volta da capela surgiu uma poder de convencimento foi total. No
povoação que depois engrossou o municí- Unha do Gato, o barão instalou a As- Wagner da Costa Cunha - médico especi-
pio de Rosário do Catete. A Cruz do Eva- sembléia Provincial e os deputados vota- alista em Clínica Geral
risto então se tornou um marco da inde- ram pela transferência da capital de São Bosco Costa - presidente da Assembléia Le-
pendência de Rosário do Catete. Cristóvão para Aracaju. gislativa
Outro fato curioso nesse município é a Por ordem de um mensageiro, o barão
tentativa de mudança de nome. Na gestão pediu que o presidente do Estado, Ignácio Wellington Costa - engenheiro e professor
universitário
do prefeito Otacílio Vieira de Melo, em Joaquim Barbosa, fosse ao Engenho Unha
1945, apareceu a idéia de mudar o nome da do Gato sem comunicar a ninguém, e lá Terezinha Santana - educadora
cidade de Rosário do Catete para Marynar- assinou a transferência da capital. Essa ata
Cícera de Souza - professora
dina. Alguns diziam que o prefeito queria de mudança existe até hoje em mãos de
homenagear o filho mais ilustre, Augusto historiadores.
Maynard Gomes, que foi general do Exér- Texto: CRISTIAN GÓES
Fotos e reproduções: MANOEL FERREIRA
cito, interventor, duas vezes senador e até A terra das bandas de música Fonte: Arquivo Público de Rosário do Catete, Enciclopédia dos
governador de Sergipe. Municípios Brasileiros e colaboração de Luiz Ferreira Gomes,
Mas os opositores revelam uma história Além da política e da área jurídica, Rosá- Adailton Andrade e Lúcia Marques.
MKT©
O PASSADO Altares,
igrejas,
imagens e um
acervo
arquitetônico
dão
testemunho
da história
de Sergipe
e do Brasil
colonial.
Nada mudou,
há mais de
quatro
secúlos,
apenas o
progresso
marca a
diferença, isto
é, o passado
preservado
num convite
irresistível à
descoberta de
viver São
Cristóvão,
cidade
monumento,
sempre em
tempo atual.
Salgado única estação hidromineral no Estado
A
comunidade do município de
Salgado, distante 67 quilômetros de
Aracaju, nasceu com o nome Pau
Ferro. Depois passou a se chamar Salgadi-
nho, em decorrência do excesso de cloreto
de sódio existente na sua fonte termal. Pos-
teriormente foi encontrada uma água mais
saborosa que hoje abastece, além do muni- Esta praça já foi um ponto exclusivo para veranistas, com casarões e pensionatos de 1918
cípio, também Boquim, Lagarto, Simão
Dias e até Paripiranga, na Bahia. A cidade Para facilitar o transporte dos estancia- outubro daquele ano, através da Lei nº 986,
ficou conhecida por suas águas medicinais nos até a nova povoação, foi providenciada o governador do Estado, Manuel Correa
e pelo balneário que desde 1978 atrai mi- uma empresa para construir e explorar a Dantas, criou o município de Salgado, que
lhares de veranistas. rodovia, mediante cobrança de pedágios. foi instalado em 20 de novembro. Mas só
Localizado na região Centro-Sul do Es- Portanto, foi com a construção da rodovia em 27 de março de 1938 a vila passou à
tado, acredita-se que sua povoação foi ini- e da estação ferroviária que a povoação co- categoria de cidade.
ciada na segunda metade do século XIX, meçou a crescer e o progresso acelerou-se, Em princípio o município pertenceu
mas sem nenhum fato ou registro signifi- ficando conhecida em todo o Estado tam- judicialmente à Comarca de Lagarto, pas-
cativo. Em 1902, ainda completamente bém pelas suas águas termais. sando para a de Estância e depois para a de
desconhecida, Salgado foi citada pelo escri- Por causa do grande número de viajan- Itaporanga dAjuda. Seu primeiro intenden-
tor Laudelino Freire, no seu Quadro Coro- tes que passavam pela estação ferroviária, te foi José Antônio do Nascimento, duran-
gráfico de Sergipe, apenas como uma fa- com destino aos municípios da região sul, te o período de 1927 a 1929.
zenda às margens do Rio Piauitinga, per- onde não existia linha férrea, ao redor da A religião católica predomina entre os
tencente ao município de Boquim, onde estação foram sendo implantadas hospeda- salgadenses. O padroeiro da cidade é o Se-
existia uma fonte medicinal. rias para abrigá-los. nhor do Bomfim, comemorado no dia 29
Do outro lado da povoação aglomera- de janeiro com missa, novenário e procis-
Cobrança de pedágios vam-se veranistas para desfrutar dos bene- são que percorre as principais ruas da cida-
fícios das águas medicinais, principal fonte de. O atual pároco da cidade, Padre Lucia-
A localização só passou a merecer re- de riqueza natural do município. no Burocco, tem sido peça fundamental
gistro a partir da construção da linha férrea, para o desenvolvimento do município.
em 1911, sendo buscada pelos habitantes Emancipou-se de Boquim Apesar de ser italiano, Burocco está no
de Estância, por ser o melhor ponto para município há 17 anos e já deixou sua marca
embarcação nos trens. O destino era os Em 1927, a povoação começou a se nos quatro cantos da cidade. Mantém um
municípios baianos, onde eles preferiam destacar e os políticos começaram a ver a orfanato, serraria, escola de informática e
fazer suas compras. Raramente eles vinham necessidade de transformá-la em cidade, construiu até um cemitério porque o exis-
a Aracaju. desmembrando-a de Boquim. No dia 4 de tente encontrava-se superlotado. Ele é um
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Região - Centro-Sul
Distância de Aracaju - 67
População - 18.876
Atividades econômicas - agricultura (man-
dioca, maracujá e laranja), pecuária (bovinos) e indús-
tria (olaria e móveis)
aguarda verba do Prodetur para fazer uma os, a água de Salgado foi classificada, atra-
reforma geral no complexo, informa o vés de estudo feito pelo Instituto de Higie-
secretário geral do Município, Germano ne de São Paulo, como bicarbonatada, hi-
Marques. drossulfídrica, sódica, cálcica e magnesia-
No município são encontradas também na, de ação extraordinária no tratamento
riquezas vegetais como maçaranduba, sa- de doenças do estômago, intestinos e fíga-
pucaia, pau darco, sucupira e quiri, que são do, diátese úrica, afecções cutâneas, ecze-
madeiras de lei. Também há em grande mas, pruridos, acnes, etc.
quantidade árvores como suga, araçá, cam- Terezinha lamenta que depois que o
boatá, birro, entre outras, que fornecem prefeito Ananias tomou conta do balneá-
lenha. Existem ainda as raízes medicinais rio, a cidade ficou arrasada. A última ad-
padre bem atuante, um grande obreiro, como jatobá, pau-ferro, salva, japecanga e ministração marcou muito. Triste de Sal-
elogia Germano Marques. purga do campo. gado se não fosse o padre (Luciano Buroc-
co). Nunca vi uma coisa tão triste. Tenho
Salgado tem grande potencial A água medicinal de Salgado fé em Deus de ver minha terra de novo boa
turístico, mas foi abandonado de se viver. Espero que agora tudo melho-
A funcionária pública aposentada Tere- re, torce ela.
Conhecido por suas águas medicinais, zinha Honorato Santos, 60 anos, lembra as
o Complexo do Balneário de Salgado passa histórias de quando trabalhava no Balneá- Saudade dos bons tempos
por sérias dificuldades. Fundado em dezem- rio. Nos meses de janeiro e fevereiro a
bro de 1978, na administração do Governo cidade ficava cheia de turistas. A moda do * EDSON HENRIQUE
José Rolemberg Leite, o local, que tem um veranista era usar bengala. Eu sinto muita
fantástico potencial turístico, com piscina saudade daquela época. O povo vinha para Nas últimas décadas a cidade vem so-
e hotel, ficou completamente esquecido na se curar, e se curava mesmo. A cura era frendo o dissabor da crise vivida pela citri-
administração do prefeito Ananias Nasci- lenta, mas segura, afirma ela. cultura e dos desmantelos vividos pelo se-
mento (de 1997 a 2000). Segundo Terezinha, o povo se curava tor turístico. A única estância hidromineral
As instalações do bosque estão preca- de doenças de pele, no entanto havia con- do Estado tem hoje no seu cotidiano um
ríssimas e o hotel, antes bastante freqüen- tra-indicações. Quem sofria de coração, belo hotel, que já foi marco de referência,
tado - já foi o melhor da região -, chegou a epilepsia e tuberculose não podia entrar na fechado; uma festa que acontecia anual-
ser fechado, só a piscina continua sendo água que morria, afirma ela. Ela lembra mente como forma de divulgar a agricul-
usada. Entregue à prefeitura através de co- também que há cerca de 40 anos havia o tura já não existe há mais de seis anos; o
modato, não houve nenhuma manutenção. toque de recolher na nascente. Eram 20 município vive na saudade da época prós-
Nem o dinheiro arrecadado na bilhe- minutos de banho e 20 de descanso. As pera, onde por aqui encontravam-se vários
teria do clube era empregado. A Emsetur - mulheres não tomavam banho junto com hóspedes ilustres, como o ex-governador
Empresa Sergipana de Turismo - retomou os homens. Primeiro tomavam os homens João Alves, frequentador do ainda hoje re-
a administração do balneário e o prefeito e depois as mulheres, diz ela. sistente Hotel Chácara João XXIII, admi-
Raimundo Araújo (assumiu em 2001) Segundo a Enciclopédia dos Municípi- nistrado pela Arquidiocese de Estância.
CINFORM 221
A Chácara João XXIII continua recebendo veranistas
M
uito antes da invasão européia
no Brasil, uma comunidade indí
gena se destacava no Sul de Ser-
gipe. Era a nação dos tupinambás. Organi-
zados, viviam especialmente da pesca dos
belos rios Piaguy, que depois veio a se cha-
mar Piauí, e Itanhi, depois Rio Real.
É nesse ambiente, por volta de 1530, que
nasce uma das primeiras povoações de Ser-
gipe, São Luiz, hoje o município de Santa
Luzia do Itanhi. Quem falou que a primei-
ra povoação sergipana foi São Cristóvão?
Quarta cidade mais antiga do Brasil?
A história da colonização Sergipe come-
ça por lá, quando o governador-geral do
Norte do Brasil, Luiz de Brito, autoriza o
também português Garcia dÁvila a to-
mar posse daquelas terras de Santa Luzia,
que ficam na região sul de Sergipe e a 76 Igreja Nossa Senhora da Esperança
quilômetros de Aracaju.
Garcia dÁvila era um rico e poderoso Para o historiador, a relação de amizade trabalhar como escravos nas fazendas. Ou-
senhor de terras do sertão baiano e tinha o entre franceses e tupinambás era tanta que tros acreditam que Garcia não teve sucesso
espírito de explorador. Montou um verda- os exploradores montaram uma feitoria e comercial com a conquista do Rio Real.
deiro exército e partiu para a conquista de deram o nome de São Luiz.
novas terras pelos lados do Rio Real. Quando as tropas de Garcia dÁvila che- Chega Gaspar Lourenço
Mas para o historiador Clodomir Silva, garam naquelas terras, conseguiram derro-
autor do Álbum de Sergipe, Garcia dÁvila tar os índios, expulsaram os franceses e se Padre Gaspar Lourenço e seu irmão de
também recebera a missão de barrar os avan- estabeleceram no mesmo povoado, dando hábito, João Solônio, teriam chegado em
ços de colonizadores franceses, que já ti- o nome de Santa Luzia. Não existe uma 1575 ao povoado abandonado por Garcia
nham grande influência na região. data definida para essa ocupação. dÁvila e reconquistado pelos índios. Os
A povoação de Santa Luzia foi logo aban- religiosos trouxeram alguns colonos e um
Comércio de Pau-Brasil donada pelo rico fazendeiro. Segundo al- grupo de soldados comandados pelo capi-
guns historiadores, os índios, fortes e aguer- tão Luiz de Brito. Segundo Felisbelo Freire,
Os franceses dominavam aquele territó- ridos, não davam trégua aos invasores. Um os militares foram mandados a contragos-
rio, por onde faziam o contrabando de Pau- dos motivos da reação dos tupinambás era to do padre Gaspar Lourenço, que queria
Brasil, muitas vezes com a ajuda dos índios. o aprisionamento de outros indígenas para conquistar os índios exclusivamente usan-
CINFORM 223
Região - Sul de Sergipe
Distância de Aracaju - 76 km
População - 15 mil
Atividades econômicas - Agricultu-
ra e pesca
Barão do Timbó e a baronesa: pintura de Na Usina São Félix: luta pela preservação
Horácio Hora
do o Evangelho. aos tupinambás. Naturalmente, Luiz de chamou inicialmente Vila Real de Piaguy
Os jesuítas levantaram a Igreja de Nossa Brito saiu vencedor, apreendeu milhares (Piaguy era o nome primitivo do rio que
Senhora da Esperança e fundaram a aldeia de índios e os levou para a Bahia, onde veio a se chamar Piauí e que banha as terras
de São Tomé. Lá celebraram a primeira muitos morreram. de Santa Luzia).
missa. Na frente, levantaram casas para Mas a ação de d. João de Lencastro pro-
moradia e escola para catequese. A aldeia Ressurgimento como vila vocou reações de moradores do município
estava subordinada à freguesia de Santo de São Cristóvão. E a reação foi oficial. No
Amaro de Ipitanga, na Bahia. Anos depois, Os jesuítas e meia dúzia de colonos resis- dia 28 de maio de 1699, a Câmara, religio-
chega àquelas terras o governador-geral do tiram num povoado arrasado pela guerra. sos do Carmo e até o vigário da capital de
Norte do Brasil, Luiz de Brito. Em 1698, a Aldeia de Santa Luzia criada Sergipe, padre José de Araújo, enviaram
Os índios, mesmo convertidos pelos pelos portugueses, foi elevada à categoria protestos contra a criação da Vila de Santa
jesuítas, desconfiaram da chegada do go- de vila por ordem do governador da Bahia, Luzia. A nova povoação esvaziava novas
vernador e teriam fugido. Luiz de Brito, D. João de Lencastro. O nome oficial dado vilas que estavam sendo criadas, como Ita-
muito inábil, entendeu que a fuga repre- foi Vila Real de Santa Luzia. O historiador baiana, Lagarto e Vila Nova, mas princi-
sentava um rompimento das relações de Rocha Pita, escritor de História da Améri- palmente a de São Cristóvão.
paz. Por isso o governador declarou guerra ca Portuguesa, disse que o povoamento se Um ofício ao rei foi enviado em 1704
CINFORM 224
Usina de São Félix: a primeira de Sergipe
pela Câmara de Santa Luzia. Queriam mais municípios sergipanos. As seis usinas eram e do Castello. Nesta última, era edita-
terras, ultrapassando a outra banda do Rio conhecidas internacionalmente por suas al- do o jornal Pyrilampo, fundado em 1º
Real, englobando assim os distritos de Aba- tas produções. A mais antiga de Sergipe é a de fevereiro de 1919. Era um órgão li-
dia e Itapicuru da Praia. Mas a Câmara da de São Félix. terário e noticioso. Uma curiosidade é
Bahia foi contrária às intenções dos chefes que no recenseamento geral de 1950, o
políticos de Santa Luzia. Não satisfeita, a E hoje ? município tinha 9.510 habitantes, sen-
Câmara de Santa Luzia pede novamente ao do que 282 tinham diploma de curso
rei a transferência da sede municipal para o Com o declínio da produção açucareira, primário, 20 com curso médio e apenas
sítio de Estância. Nada feito. com a crescente força política e industrial dois com curso superior. Na de São Fé-
de Estância, Santa Luzia ingressou na deca- lix, viveu o Barão do Timbó, João Vi-
Mudança para Estância dência e atraso. Hoje, o município pratica- eira Leite, que chegou a ser presidente
mente não tem um pé de cana sequer, e do Estado de Sergipe em 1900. Hoje, o
Depois de vários pedidos e negativas, a seus habitantes vivem da agricultura de sub- proprietário da usina, Paulo Futuro,
Câmara de Santa Luzia, em 1831, conse- sistência e do Fundo de Participação do ainda tenta preservar a história fantás-
guiu a transferência da sede da vila para a Município que a prefeitura recebe. Santa tica de sua família. C
progressista povoação de Estância. Mas his- Luzia, antes uma das maiores riquezas do
toriadores lembram da forte reação dos lu- Norte do País, é hoje um dos 50 municípi- Filhos Ilustres
zienses. Antes disso, porém, os moradores os mais pobres do Brasil. Sua população
de Santa Luzia ainda lutaram contra a re- estimada é de 15 mil habitantes. Pedro de Calazans - Nascido a 29 de janeiro
de 1837. Escritor, crítico e poeta consagrado. É
cém-criada Freguesia de Abadia pelas ter- considerado uma das glórias da literatura naci-
ras que hoje são o município de Indiaroba. Mudança de nome e onal. Entre outros trabalhos, destacam-se Con-
As lutas demoraram um século, só termi- outras curiosidades tos da Infância e Páginas Soltas.
nando em 1843, quando um Decreto Im- José Dantas de Souza Leite - Nascido a 11
perial reconheceu as terras como perten- Poucas pessoas sabem, mas Santa Luzia de maio de 1859. Médico formado pela Facul-
centes a Sergipe. ainda teve o seu nome mudado. Através do dade de Paris. Vencedor de vários concursos
Mas com a transferência da sede de Santa Decreto Estadual nº 377, de 31 de dezem- em Serviços Clínicos da Europa. Escreveu vári-
os estudos sobre Medicina.
Luzia para Estância, a vila foi reduzida a bro de 1943, o município deixou de ser
um simples povoado. Os luzienses, boa parte Santa Luzia para se chamar Inajaroba. Mas Joaquim Esteves da Silveira - Médico e
índios catequizados, ainda conseguiram em 25 de novembro de 1948, outro decre- poeta.
restauração de sua categoria. Em fevereiro to estadual devolve o nome de Santa Luzia João Batista da Costa Carvalho - Jurista e
de 1835, Santa Luzia consegue se libertar e acrescenta Itanhi, nome que os indígenas desembargador.
de Estância e torna-se município indepen- chamavam o Rio Real.
dente. No final do século XIX, o novo A agricultura sempre foi a grande ati-
Texto: CRISTIAN GÓES
município é composto basicamente por vidade econômica do município. O seu Fotos: MANOEL FERREIRA
grandes latifundiários que cultivavam a maior produto era a cana-de-açúcar. Fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros; Instituto Histórico
cana-de-açúcar. Santa Luzia chegou a ter a Santa Luzia chegou a ter seis grandes e Geográfico de Sergipe; João de Oliva Alves e Nicéias Gual-
maior arrecadação e população entre os usinas, sendo as maiores a de São Félix berto Batista e o pesquisador Luiz Fernando Ribeiro Soutello.
CINFORM 225
Santana é o mais novo município de Sergipe
Conhecida como
Carrapicho, nome de
sua fundação, cidade é
a maior produtora de
cerâmicas decorativas
do Estado
A
fundação de Carrapicho, nome an
tigo da cidade de Santana do São
Francisco, distante 125 quilômetros
da capital, começou no início do século
XIX, depois que os portugueses expulsa-
ram os holandeses que habitavam a região.
O primeiro nome da povoação foi coloca-
do em decorrência da abundância de uma
planta rasteira chamada carrapicho, que tem
espinhozinhos que aderem à roupa dos hu-
manos e ao pêlo dos animais.
Os portugueses Pedro Gomes da Silva
(pai) e Belarmino Gomes da Silva (filho)
foram os fundadores do município. Eles
montaram uma fazenda às margens do Rio
São Francisco, onde plantaram arroz e cana
- para produzir açúcar de torrão. Foi nessa
fazenda que também foi implantada a pri- Igreja Nossa Senhora Santana: bem diferente da capela construída por Manoel Messias
meira cerâmica chamada Carrapicho.
A mudança do nome da povoação foi corpo continua sepultado no interior dela. partido, e a Revolução de 1964 impediu a
sugerida pelo frei Damião, em conjunto Por volta de 1995, com a chegada ao mu- realização da eleição para escolher prefeito
com o então pároco de Neópolis (cidade à nicípio do padre Vicenzo di Florio, vindo e vereadores. Apesar disso, a lei que eman-
qual pertencia o povoado), monsenhor José da Itália; e da Irmandade Nossa Senhora da cipava Santana permaneceu na Assembléia,
Moreno de Santana. O objetivo foi home- Visitação, a igreja transformou-se em Ma- sem ser revogada.
nagear ao mesmo tempo a padroeira Nossa triz, sob a evocação de Senhora Santana. A Com a promulgação da Constituição
Senhora Santana e o Rio São Francisco. A capela da época de Carrapicho foi comple- Estadual, em 1988, o movimento pela
sugestão foi acatada pelos moradores, que tamente transformada. A igreja ganhou emancipação foi intensificado, tendo à
têm um forte sentimento de religiosidade. uma bela arquitetura, que a inclui entre as frente o presidente da Associação Comu-
Falando em religiosidade, a capela do po- mais belas da região. nitária de Carrapicho, Gilson Guimarães
voado foi construída pelo católico fervoro- Barroso - prefeito atual - e demais com-
so Messias Gomes Passos, filho de Joana Emancipação Política ponentes, lideranças políticas da região.
Ferreira da Silva Dias, uma das herdeiras da Eles procuraram deputados para reivin-
Fazenda Carrapicho. Devoto de Senhora O município de Santana do São Francis- dicar que a Lei de 1964, que elevava o
Santana, ele trabalhou como pedreiro e co foi criado em 6 de abril de 1964, junta- antigo Povoado Carrapicho à categoria
também fez o serviço de ajudante, carre- mente com vários outros municípios sergi- de cidade, fosse mantida.
gando pedras nas costas. Após sua morte, a panos. Porém os líderes políticos da época A reivindicação foi acatada pelos de-
capela passou por várias reformas, mas seu perderam alguns prazos para filiações de putados e, finalmente em 1988, o muni-
CINFORM 226
Argila de Santana é privilegiada: tem mais
liga e suporta mais calor
Região: (norte) Baixo São Francisco
Distância: 126 km
População: 6.133
Atividades econômicas: indústria
de cerâmica (utilitárias e decorativas), Platô de Neópolis
(gera empregos) e a pecuária
CINFORM 227
espaço de comercialização e divulgação que
viabilizem o desenvolvimento pleno desse
segmento.
Santana do São Francisco precisa urgen-
temente de políticas de desenvolvimento
para a atividade artesanal e amparo ao arte-
são, estimulando a permanência da tradi-
ção no Estado e em particular nesta cidade,
que tem no artesanato, além da principal
fonte de renda, a maior concentração de
emprego no município.
É necessário que seja concluído urgente-
mente o Centro de Comercialização Arte-
Claudionor Catarino (Nonô), 71 anos: faz Isaac Melo: o fazedor de castelos sanal, o qual será utilizado pelos artesãos
50 moringas por dia para expor e comercializar suas peças, que
começaram a fazer porrões e telhas, depois Sergipana do Barro, mudou de nome e, são verdadeiras obras-primas.
evoluiu para moringas e jarras. em função disso, descaracterizou-se e ge- Ser filho de Santana do São Francisco tem
O ceramista Manoel Santos (Ieié), 57 rou um certo impacto por parte dos que sido uma honra para mim que aqui resido,
anos, reclama que as peças feitas em Santa- conheciam a cidade pelo seu antigo nome. e neste meio de comunicação pude falar
na do São Francisco vão para outros Esta- Quando se falava em Carrapicho, associ- além dos problemas, minha total gratidão
dos sem o nome do município. Chegando ava-se à cerâmica, pela tradição e pela di- por ser filho desta terra tão querida. C
lá, é colocado o nome do Estado que com- versidade do potencial artístico do seu povo,
prou, como se tivesse produzido as cerâmi- que tinha muito a ver com o artesanato. * Artesão
cas. Eu acho isso muito errado. O profissi- Em virtude dessa mudança, o nome
onal é a gente que faz, e o atravessador é de Santana do São Francisco ainda não Filhos Ilustres
quem leva o nome, lamenta ele. se adaptou à atividade artesanal que de-
As peças são exportadas para vários Es- senvolve. Haja vista que ainda hoje se Beto Pezão - artesão conhecido nacionalmen-
te e até fora do Brasil
tados do Brasil e até para o Japão e Coréia. escreve nas peças o nome Carrapicho,
Segundo Ieié, quando o autor coloca o pró- por ser o nome tradicional. É necessário Marta Mártiris - radialista em Penedo (AL),
prio nome na obra e o de Santana, fica que haja divulgação da nova cidade re- natural do Povoado Saúde
difícil a venda. Nas minhas peças eu boto lacionada com a atividade da cerâmica Leopoldo - advogado natural do Povoado Saú-
meu nome e o de Carrapicho. Não con- aqui produzida. de
cordo em colocar Santana. Eu acho que o Os artesãos desta cidade, para continu-
nome da cidade deveria continuar o mes- ar produzindo e divulgando o nome do Odair Francisco Carvalho - padre
mo por causa da tradição antiga da cerâ- Estado e do Município, gerando empre- Maria da Glória Gomes - educadora
mica, defende ele. go e renda, passam por dificuldades que
A capital sergipana do barro, como é co- dizem respeito à aquisição da matéria- Gilson Guimarães Barroso - primeiro e atual
prefeito
nhecida Santana do São Francisco, já foi prima (barro) e à madeira para a produ-
muito mais procurada. Os próprios cera- ção e comercialização. Joana Barroso - prefeita de Muribeca
mistas contribuíram para a queda da de- Na questão do barro, quem detém as
Messias Passos - construtor da primeira
manda. Eles levaram sua arte para outros maiores jazidas são precisamente duas fa- igreja
Estados, onde ensinaram e criaram a pró- mílias políticas. Sendo que por uma de-
pria concorrência. las, a maioria dos artesãos é totalmente Eronildes Gomes do Sacramento - vice-
prefeito e prefeito sucessor de Neópolis
Santana oferece, também, outras opções impedida de comprar a matéria-prima,
aos turistas. A seis quilômetros do centro por pertencer a grupo político ligado à João da Silva Barroso - cinco vezes verea-
da cidade, no Povoado Nossa Senhora da atual administração. dor e vice-prefeito de Neópolis
Saúde, é possível dar um mergulho refres- Com relação à madeira, a situação é Manoel Aguiar - grande comerciante na ci-
cante no Velho Chico ou simplesmente ad- gravíssima, pois a cidade de Santana do dade
mirar a bela paisagem oferecida por sua São Francisco não dispõe de área de re-
prainha, localizada no Povoado Nossa Se- serva florestal para a extração da mes- Padre Edenilton - natural do Povoado Saúde
nhora da Saúde. ma, tornando inviável e dificultando a Irmã Graziana - natural do Povoado Brejo
produção e a sobrevivência do artesão,
Carrapicho, a capital que tem no barro sua única fonte de Afonso de Oliveira Fortes - grande comer-
ciante
sergipana do barro renda.
No tocante à comercialização e à fase Ana de Carvalho Passos - comerciante
* JOSÉ IVAN SANTOS - CACHOBA final de todo esse processo, nosso municí- e religiosa
pio está passando pela pior fase da história
Santana do São Francisco, antiga Carra- do artesanato, em virtude da situação eco- Texto: EDIVÂNIA FREIRE
picho, cidade situada às margens do Rio nômica e política do país, que afeta direta- Fotos e reproduções: DIÓGENES DI
São Francisco e conhecida como a Capital mente o transporte, programa de turismo, Colaboração de Gilson Barroso e Rozana Lima
CINFORM 228
Santa Rosa
um dos menores municípios do Estado
O
município de Santa Rosa de
Lima, a 49 quilômetros de Aracaju,
fica na região central de Sergipe.
É um dos menores do Estado, tendo apenas
82 km² de área e uma população que não
chega a 3,5 mil habitantes. Desde quando
começou a ser ocupado, o município não
mudou muito. A principal via de acesso
ainda é de piçarra e a base da economia é
agricultura de subsistência.
Acredita-se que o primeiro registro de
chegada nas terras que hoje formam o mu-
nicípio de Santa Rosa de Lima é de 1602,
com a doação de sesmarias nas proximida-
des dos rios Sergipe e Cotinguiba. A po- Igreja de Santa Rosa de Lima: padroeira é Santa Rosa
voação de Santa Rosa nasceu a partir da
Vila de Divina Pastora. Primeiro o gado e Na verdade era uma sala de aula apenas nome de Santa Rosa para Camboatá.
depois a cana-de-açúcar fizeram com que para atender o sexo masculino. O professor
alguns colonos fossem se estabelecer na- ganhava na época, através da Resolução 338, Camboatá e o retorno
quelas terras. 350 mil réis anuais.
Por muito tempo a única notícia que se Mesmo sem ter condições para tal, o Existem duas teses para o nome dado a
tinha daquela povoação era sobre as gran- Povoado Santa Rosa se transforma em Camboatá. A primeira é que o nome vem
des enchentes do Rio Sergipe. A aldeia fi- vila independente de Divina Pastora do tupi e significa kabua-tá, nome dado à
cava isolada por vários dias até que as águas através da Lei Estadual nº 83, de 26 de carrapeta, árvore de frutos verrugosos, co-
baixassem. Por conta disso, o povoado fi- outubro de 1894. Mas, curiosamente, três nhecida também como açafroa, cedrão, ja-
cou conhecido como Presa. Além das en- anos depois a Vila Santa Rosa volta a ser taúba, que possui pequenas flores brancas e
chentes, mais nada acontecia naquelas ter- povoado dependente de Divina Pastora. que fornece ótima madeira para marcena-
ras. Em 1920, no Álbum de Sergipe ria. Na região do atual município acredita-
elaborado pelo historiador Clodomir se que se tinha muitas carrapetas e por isso
Escola e vila Silva, Santa Rosa ainda é apontado como deu o nome ao lugar. Foi, inclusive, com a
povoado de Divina Pastora. madeira retirada das árvores que foram le-
A informação que se tem da povoação Mas através da Lei Estadual nº 69, de vantadas as primeiras habitações.
só vem aparecer em 1854. Em 10 de maio 28 de março de 1938, o Povoado Santa Rosa A outra versão, a que oficialmente é
daquele ano, o Povoado Santa Rosa - o nome voltou a se transformar em vila. Em 1943, mais aceita, é que Camboatá, que é tam-
era este porque missionários jesuítas conse- por conta de uma lei federal que proibia o bém nome de um rio no município, seria
guiram erguer uma capelinha em homena- mesmo nome para mais de uma cidade, o uma variação da palavra tambuatá, que
gem à santa - ganhou sua primeira escola. Governo do Estado foi obrigado a mudar o em tupi é tamua-tá e representa uma es-
CINFORM 230
Rua Marechal Floriano Peixoto: principal rua da
cidade
Região - centro de Sergipe
para diferenciá-la de outra cidade com o Distância de Aracaju - 49 km
População - Cerca de 3,5 mil
mesmo nome. Lima é porque a imagem de Atividades econômicas - Agricultura
Santa Rosa teria sido trazida pelos jesuítas
da cidade de Lima, no Peru.
CINFORM 231
Igreja na década de 40 Prédio da prefeitura: construído em 55
CINFORM 232
Santo Amaro
tem mais de 300 anos
S
e existisse um lugar onde a história de
Sergipe pudesse ser toda contada, com
certeza seria o município de Santo
Amaro das Brotas, distante de Aracaju 37
quilômetros. Naquele local, pouco conhe-
cido dos sergipanos, respira-se pura histó-
ria, não obstante os sucessivos administra-
dores públicos tentarem destruí-la. Só para
se ter uma idéia, Santo Amaro completou
303 anos desde que surgiu como vila, sendo
assim, sem dúvida alguma, um dos primei-
ros povoados de Sergipe Del Rei. Natural-
mente não se quer nesta página contar mais
de 300 anos de história de Santo Amaro.
Muito antes de Cristóvão de Barros, em
1534 o rei dom João III determinou que
Francisco Pereira Coutinho podia tomar
conta das terras que se estendiam da baía
de Todos os Santos até o Rio São Francisco.
Mas a resistência indígena foi maior e Cou- Matriz de Santo Amaro: erguida em 1728
tinho não prosperou. Seu filho Manoel ten-
tou dar continuidade ao tomar posse, mas foi o português Amaro Aires da Rocha, que lhos, às grandes e verdejantes grotas exis-
também foi vencido pelos gentios (nati- se instalou naquela colina ao lado esquerdo tentes naquela região. Ao redor da capela
vos). Tentando avançar sobre o território, do Rio Sergipe. Depois de sua morte, o seu surge a povoação.
um ponto belo e estratégico chamou a aten- descendente Antônio Martins de Azevedo Em 1697, o governador-geral do Brasil
ção dos exploradores: uma colina ao lado tomou conta da fazenda que recebia o nome ordenou ao ouvidor-geral de Sergipe, Dio-
esquerdo do Rio Sergipe, bem em frente da de Aires da Rocha. go Pacheco da Carvalho, a criar vilas nas
confluência deste com o Rio Cotinguiba. povoações de Itabaiana e Lagarto, e outra
Ali nasceu Santo Amaro. Povoação e vila no Porto da Cotinguiba. Naquele mesmo
Em virtude do fracasso dos Coutinho, ano, a Câmara de São Cristóvão instala a
Cristóvão de Barros parte com uma grande Martins de Azevedo já tinha no Porto da sede da Vila de Santo Amaro, em homena-
força para se apossar das terras de Sergipe. Cotinguiba, depois Porto das Redes, um gem ao fundador Amaro Aires da Rocha,
E consegue. Aqui, implanta a Vila de São engenho de açúcar. Na Fazenda Aires da no Porto da Cotinguiba. Mas Martins de
Cristóvão, e aos seus parentes e soldados Rocha, Martins de Azevedo levantou uma Azevedo não queria a vila no porto. Além
mais fiéis repassa parte das terras invadidas. capela em nome de Nossa Senhora das Bro- de prejudicar seu engenho, a localidade so-
Um dos camaradas a receber o presente tas, numa referência, segundo os mais ve- fria com as inundações.
CINFORM 233
Região - Leste de Sergipe
Distância de Aracaju - 37 km
População - Cerca de 10 mil
Atividades econômicas - Agricultura
Bôtto: grande rejeição em Santo Amaro Travassos: grande santamarense
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Igreja de Nossa Senhora do Amparo Ce.l Jacintho Ribeiro: honrou o município Carlos Guimarães é memória viva
provincial. Eram candidatos Almeida Bôtto fugiu quando soube da chegada dos rapi- Amaro das Brotas, nascido a 2 de agosto de
e o médico Manoel Joaquim Fernandes de nas. 1914, num período violentamente contur-
Barros, ligado a Travassos. Este último teve a Dois homens que estavam doentes, le- bado pela explosão da 1ª Guerra Mundial.
maioria e Bôtto foi fragorosamente derrota- ais a Travassos, ficaram e foram arrasta- Ele era filho do ex-intendente municipal
do. Ele não se conformou com a derrota e dos e executados em praça pública. As Ascendino Araújo e dona Etelvina Améri-
conseguiu, com malandragem, falsificar a ata casas, igrejas e prédios foram saqueados. ca Guimarães, já falecidos.
da eleição, despejando na Mesa 3.621 votos, Seis dias depois, Bôtto se retirou da cida- Na vida pública, protagonizou papéis im-
onde só existiriam 50 votantes. de deixando 50 capangas na vila sob o co- portantes, compreendidos desde secretário-te-
Votaram todos os defuntos e os ausentes mando de João Bolacha. Este, embriaga- soureiro no mandato do então interventor
daquele município. Começou daí a insurrei- do, foi até a matriz e, de posse de uma Alon de Matos Teles, em 1936, a agente de
ção para liquidar Santo Amaro das Brotas e espingarda, atirou quebrando a mão direi- estatísticas, alternando-se nas ocupações cita-
desmoralizar o popularismo de Travassos. ta do santo. Dias depois, alguns santama- das e passando pelos Governos de Júlio José
Outra guerra era deflagrada, agora con- renses se vingaram matando João Bola- de Azevedo, Agenor Martins Fontes, até fins
tra Maruim e Rosário do Catete. Os parti- cha. No final de 1837, o Governo Imperi- de 1974 na gestão de Nelson Ferreira Lima.
dários de Travassos prometiam resistir. Eles al finalmente anulou a eleição, mas as de- Na atividade jornalística teve seus artigos
tentaram fazer com que o governador anu- savenças continuaram por muitos anos. publicados nas páginas dos mais conceitua-
lasse a eleição, o que não aconteceu. Bôtto dos órgãos de comunicação deste Estado e
montou um pequeno exército para enfren- Memória viva de outros periódicos do país. Influenciado
tar os camondongos. pelo pai, Carlos Araújo Guimarães, se dedi-
As tropas dos rapinas, cerca de 600 ho- * CLÓVIS BOMFIM caria efetivamente a pesquisar e a escrever
mens, invadiram Santo Amaro, mas encon- relatos sobre a história de sua terra-berço,
tram uma cidade quase deserta. A maioria O historiador e poeta Carlos Araújo Gui- tarefa que abraçou com grande fôlego e tem
dos habitantes tinha aderido a Travassos e marães é natural da lendária Vila de Santo assinalado uma vasta folha de serviços pres-
tados a esta comunidade, desde 1932.
Cronista de admirável estilo, escreveu
verdadeiras obras de cunho literário que
espera até os dias atuais por uma publica-
ção condigna. Sua experiência, coroada
pela lucidez dos 87 anos de vida, é motivo
de orgulho para sua modesta legião de ad-
miradores. C
Fundada por
Cristóvão de Barros,
a quarta cidade mais
antiga do Brasil foi pal-
co de várias batalhas
S
ão Cristóvão, cidade a 25 quilôme-
tros da capital, foi fundada por Cris-
tóvão de Barros, que chegou na re-
gião em 1589 com o objetivo de conquis-
tar o território sergipano. Em 1º de janeiro
de 1590, o conquistador venceu uma bata-
lha contra piratas franceses, construiu um
forte e fundou uma povoação com o nome
de São Cristóvão, que depois seria a pri-
meira capital do Estado de Sergipe.
De acordo com a Enciclopédia dos Mu-
nicípios Brasileiros, a cidade sofreu sucessi-
vas mudanças até firmar-se no local atual, à
margem do Rio Paramopama, afluente do
Vaza-Barris. A primeira transferência deu-
se entre 1595 e 1596, por motivo de segu-
rança contra possíveis ataques dos france-
ses, que buscavam reconquistar o território Estação de trem inaugurada em 1913
do qual foram banidos. E, como conheci-
am o Cotinguiba, poderiam penetrar e sur- ro a adquirir terras no interior de São Cris- encontrassem muito o que aproveitar. Em
preender a povoação num ataque fulminan- tóvão, seguido por Francisco Rodrigues, 17 de novembro do mesmo ano as tropas
te, diz a Enciclopédia. Gaspar de Souza, entre outros. de Maurício de Nassau entraram na cida-
O novo local escolhido foi uma elevação de, destruindo-a ainda mais.
que ficava próxima à barra do Rio Poxim. Invasão Holandesa Lutas violentas se sucederam entre as tro-
A maioria dos historiadores acredita que a pas portuguesas e holandeses, até que os
segunda mudança de São Cristóvão acon- Em 1607, os holandeses invadiram Ser- invasores começaram a ser vencidos em
teceu antes de 1607. Não se sabe, também, gipe e o principal alvo foi São Cristóvão. 1645, sendo definitivamente expulsos do
a causa da nova transferência, que desta vez Em 30 de março chega à cidade o Exército território sergipano em 1647, ocasião em
foi para bem distante, às margens do Para- luso-brasileiro do Conde Bagnuolo. Em que a Capitania se reintegrou ao domínio
mopama. Depois que estabeleceu as bases São Cristóvão, ele assenta seu quartel-ge- de Portugal. Convém ressaltar que duran-
da capitania, Cristóvão de Barros regressou neral, até que, se sentindo em desvanta- te o novo domínio, a Capitania foi marca-
para a Bahia em 1591, deixando a povoa- gem, abandonou a povoação e foi para a da por lutas partidárias, desmandos e indis-
ção aos cuidados de Tomé da Rocha. Bahia. Antes de partir, ele executou a táti- ciplinas. Não havia espírito patriótico, mas
As margens do Vaza-Barris e do Para- ca da terra arrasada, devastou e ateou desavenças entre capitães-mores e a Câma-
mopama passaram a ser intensamente co- fogo no território que estava abandonan- ra, como foi o caso de Pestana de Brito, que
lonizadas. Simão de Andrade foi o primei- do, a fim de que as forças inimigas não chefiou uma revolução sufocada pela
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Região: sudoeste
Distância da capital: 25 km
População: 64.566
Atividades Econômicas: Agricultura
(banana, laranja, mamão e feijão), pecuária (bovinos e
piscicultura)
vão aclamou d. Pedro I como príncipe re- Nacional desde 1939, São Cristóvão desen-
gente do Brasil. volveu-se segundo o modelo urbano por-
A aclamação e a instalação da Junta Pro- tuguês, em dois planos: cidade alta com
visória foi o primeiro passo para restabele- sede do poder civil e religioso; e cidade bai-
Convento São Francisco: patrimônio his-
cer a emancipação e a independência de xa com o porto, fábricas e população de
tórico preservado Sergipe, tornando o Decreto de 8 de julho baixa renda.
uma realidade, informa o livro Aspectos A maioria dos monumentos de São Cris-
Históricos. tóvão está concentrada na Praça São Fran-
Bahia, informa o livro Aspectos Históri- cisco, centro histórico da cidade. Entre as
cos, Artísticos, Culturais e Sociais da Cida- Mudança da Capital construções destaca-se a Santa Casa da Mi-
de de São Cristóvão, de Ieda Maria Leal sericórdia, belo conjunto barroco construí-
Vilela e Maria José Tenório da Silva. Em 1855, São Cristóvão deixa de ser a do no século XVII; a Igreja e o Convento
capital de Sergipe, que foi transferida para São Francisco, datam de 1693; o Museu
Capitania Independente Aracaju, cidade criada especificamente para Histórico, instalado no antigo Palácio Pro-
esse fim. Cheia de cicatrizes de suas lutas vincial, e o dos ex-votos, na Igreja e Con-
Como recompensa dos serviços que os nos 250 anos de história, a Câmara de São vento do Carmo.
sergipanos prestaram à vitória do partido Cristóvão lança um protesto em sessão de Entre as construções que, também, me-
ruralista contra a causa republicana, alme- 28 de fevereiro de 1855, não sendo, porém, recem uma visita, estão as igrejas Nossa
jada pela revolução de Pernambuco, em atendida, diz a Enciclopédia. Senhora da Vitória (matriz) e Nossa Se-
1817 a comarca de Sergipe foi elevada à A partir de 1910, São Cristóvão ressur- nhora do Rosário dos Homens Pretos; o
categoria de Capitania Independente, atra- ge, com suas terras fertilíssimas, a vantajo- Mosteiro de São Bento e o Convento da
vés do decreto de 8 de julho de 1820, o qual sa posição geográfica da cidade às margens Ordem Terceira do Carmo. São importan-
rompia todos os laços com a Bahia, sendo de um rio navegável e os excelentes ma- tes, também, os sobrados onde funcionava
nomeado como primeiro governador de nanciais de água que circundam. Em de- a antiga cadeia pública; o da Rua das Flo-
Sergipe o brigadeiro Carlos César Burla- zembro de 1911, instala-se na cidade uma res; o da Castro Alves e de Balcão Corrido,
marque. Esse governo não teve duração, grande fábrica de tecidos. Em 1913, che- com forte influência mourisca, provavel-
porque a Bahia enviou tropas a São Cristó- gam por lá os trilhos da Viação Férrea Fe- mente do século XIX.
vão para depor o governador e o levaram deral Leste Brasileiro, ligando São Cristó-
preso para Salvador. vão a Aracaju e Salvador. Daí em diante, De cidade operária
Mesmo antes de o decreto ter entrado desenvolve-se o surto industrial no municí- a pólo turístico
em vigor, São Cristóvão sempre se mani- pio. Novas fábricas se instalam no interior
festava a favor da independência do Brasil. e na sede, e a povoação cresce. * JOSÉ THIAGO DA SILVA FILHO
E quando o general Labatut entrou em Ser-
gipe em outubro de 1822, instalou um go- Patrimônio Histórico Nacional Em 1911, o sancristovense José Siqueira
verno provisório, independente da Bahia. de Meneses (1852-1931) assumiu o Gover-
Em sessão solene, a Câmara de São Cristó- Tombada pelo Patrimônio Histórico no do Estado. Sua gestão mostrou-se pro-
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clore e Agente de Turismo pelo Progra-
ma de Capacitação Solidária demonstra
o fato. Portanto, falta o empenho dos
órgãos federais, estaduais e municipais,
responsáveis pelo zelo e restauração do
seu patrimônio cultural. Resumindo: falta
compromisso e boa vontade. Enquanto
isto, a velha capital aguarda. C
A
cidade de São Domingos, a 76 qui-
lômetros de Aracaju, nasceu às mar
gens do Rio Vaza-Barris com a feira
da Pindoba, em 1924. O interesse foi de
um morador que decidiu investir na cria-
ção de uma vila porque a sede do municí-
pio, na época Campo do Brito, ficava dis-
tante mais de dez quilômetros. O municí-
pio hoje é um dos maiores produtores de
farinha de mandioca do Estado, exportan-
do para Aracaju, Lagarto, Itabaiana e até Igreja de São Domingos: festa do padroeiro começou a ser realizada no mês de agosto na
para o Estado de São Paulo. década de 60
A primeira comunidade de São Domin-
gos viveu na Fazenda Uberaba, divisa do animais de uns comiam a plantação de ou- Sapucaia, entre as comunidades de Tapera e
município com Lagarto, onde foi criada por tros. A solução encontrada para acabar com Mulungu, que serviria às duas.
volta do século XVI a Congregação de São os conflitos foi fazer uma cerca que ia des- José Curvelo conseguiu como parceiro
Domingos, quando religiosos foram para de as terras de Chico Félix, no Rio Vaza- José Brasil (o José Brazílio), residente na
lá com o objetivo de catequizar os nativos. Barris, até a tapera da Serra, em Campo do estrada de Lagarto, hoje povoado Lagoa.
Por causa das cheias - as chuvas eram Brito. De um lado criava-se animais, e do Além de achar a idéia muito boa, ele se
constantes e as matas densas -, houve uma outro, cultivava-se a terra. prontificou a ajudar a construir a nova vila.
grande proliferação de doenças. O povo A partir daí, começaram a fazer campanha
morria de febre, disenteria e amarelão, e História da Criação junto ao povo.
toda a comunidade foi obrigada a voltar As duas primeiras casas da vila foram
para São Cristóvão, então capital do Esta- Em 1924, José Curvelo da Conceição, construídas por eles próprios na estrada de
do. residente no Povoado Tapera (antes perten- Simão Dias, no cruzamento das matas com
As casas ficaram abandonadas e, com o cente a Campo do Brito) teve a iniciativa Lagarto. Como ninguém teve interesse de
tempo, viraram ruínas que foram levadas de criar uma vila em sua comunidade. O construir mais casas até 1925, José Ribeiro
para o fundo do Rio Vaza-Barris através objetivo era não ser preciso andar cerca de Andrade chamou o jovem Juvêncio Men-
das corredeiras. O local, denominado Ta- 12 quilômetros até a sede do município para donça de Brito, e os dois se juntaram a
buleiro de São Domingos, continuou aban- adquirir qualquer tipo de mantimento. Por Curvelo e Basílio para dar início à feira, que
donado. Com o início da criação de ani- causa dessa idéia, ele até foi chamado de foi batizada de Pindoba.
mais soltos, em sua maioria bovinos, surgi- louco, no entanto conseguiu o apoio de al-
ram as pastagens nativas e a região passou a gumas pessoas. Emancipação Política
ser novamente habitada. Confiante na sua idéia, ele se dirigiu até
Mas a partir do momento em que sur- o intendente de Campo do Brito, Arnóbio Em 21 de outubro de 1963, o municí-
giu o interesse pela agricultura, os agricul- Batista de Souza, que incentivou a criação pio foi instalado com o nome de São Do-
tores iniciaram constantes brigas porque os da vila. O lugar escolhido foi o minador do mingos, em homenagem à antiga congre-
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Região: Oeste (agreste)
Distância da capital: 76 Km
População: 9.270
Atividades econômicas: Agricultura (mandio-
ca), produção de farinha e pecuária. Muitos são-dominguen-
ses trabalham na construção civil em Aracaju e a maioria
trabalha na prefeitura.
gação, e a população adotou como padro- los povoados, destacando-se as de Tapera, ção de mandioca, mas não é suficiente para
eiro São Domingos de Gusmão. A lei de Mulungu, Mangabeira e Lagoa. A ativida- a grande quantidade de farinha produzida
criação do município foi apresentada pelo de é uma tradição antiga no município, sendo por lá. Por isso eles importam a matéria-
deputado Baltazar Francisco dos Santos, de realizada pela maioria dos são-dominguen- prima da Bahia e até de Minas Gerais, para
Ribeirópolis, a pedido do ex-deputado Fran- ses, e que mantém praticamente toda a eco- fazer a farinha que até exportada para São
cisco Vieira da Paixão (suplente na época); nomia. Paulo. Os profissionais daqui são bons. Eles
Valdomiro Pereira dos Santos; Manoel Al- A farinha produzida no município é trabalham fazendo farinha a vida toda. Tudo
ves da Silva (Cari); e Laurindo Anacleto vendida para Itabaiana e Lagarto, onde é que a pessoa faz sempre, acaba fazendo bem
dos Santos. empacotada como se fosse feita lá. Mas em feito, acredita Genivaldo.
O município teve como primeiro pre- outubro de 2001, a Associação de Produ- O farinheiro Cícero Nascimento, 58
feito Valdomiro Pereira dos Santos. Após tores de Farinha colocou em funcionamen- anos, do Povoado Lagoa, faz farinha desde
seis meses de emancipação, ocorreu o Gol- to uma máquina de empacotamento e cos- criança com seu pai. Dá pra viver com
pe Militar de 1964, que ameaçou a inde- tura, para empacotar a farinha produzida minha família. Agora melhorou por causa
pendência dos municípios criados após a no município. da eletricidade, apesar que o apagão está
eleição do presidente deposto. Mas no ano Genivaldo Passos de Andrade trabalha complicando. Quando era manual (rodo) a
seguinte foi permitido que os novos muni- com essa máquina, que tem capacidade para gente se arrebentava. Ali era tempo de ca-
cípios fizessem eleição, quando Valdomiro empacotar 30 pacotes de dois quilos por tiveiro, lembra ele.
foi eleito democraticamente. minuto. Aqui tem a melhor farinha do Já José Carlos de Andrade, 45 anos,
Estado. O povo consumia a farinha daqui fabricava farinha, mas há dois anos passou
Produtor da melhor pensando que era de Itabaiana ou Lagarto. a ser apenas pequeno agricultor (mandio-
farinha do Estado Agora, com a máquina, nós vamos empa- ca) e pecuarista (criador de gado). Eu co-
cotar a farinha com o nome de São Do- mecei a fazer farinha, mas é muita despesa
São Domingos possui mais de 300 ca- mingos, comemora ele. e pouco lucro. Quando a gente faz as con-
sas de farinha de mandioca espalhadas pe- O município tem uma grande produ- tas, mal dá para pagar as despesas. A gente
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Serra da Miaba: mais de 50% do território é improdutivo porque possui muitas pedras e serras
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EM CADA PEDAÇO Depois, conta o pioneiro, foi decretar a extinção da “Era das
Marinetes” em Sergipe, substituindo-as, já nos primeiros 6
meses de vida da pequena Bomfim, por modernos ônibus. As
DESTA TERRA marinetes, veículos típicos dos anos 50, tinham como
características principais o motor dianteiro - que provocava
um barulho ensurdecedor — e o bagageiro no teto.
Para muita gente, a história do transporte rodoviário de Filho segue exemplo do pai
passageiros em Sergipe se divide em dois períodos: uma
antes e outra depois de 24 de fevereiro de 1960, quando “Para vencer tantas limitações, a Bomfim precisou
nasceu a Bomfim. Com o pioneiro José Lauro Menezes apostar na vanguarda, incrementando inovações ousadas”,
Silva nasceu uma nova forma de fazer transporte, resultante opina Raimundo Silva, atuante no sistema de transporte desde
do conceito: “nós não transportamos passageiros, 1965. Ele chama inovações ousadas iniciativas como fundar
transportamos clientes”. Uma precoce necessidade de um serviço leito em 1967, já que com comissário de bordo,
incrementar qualidade a um sistema que vislumbrava o num tempo em que pontos de apoio e betume, era coisa muito
desaparecimento. Basta dizer que a Bomfim resultou de três rara nas estradas. “Aliás, sequer havia as rodoviárias”,
marinetes, o restante do negócio do comerciante Marinho ressalta Silva.
Tavares, que começou com 27 veículos.
Três décadas depois, ano de 1997, o pioneiro endossa o
José Lauro ingressou no ramo disposto a não ceder às Projeto Bomfim 2000, obra de seu filho, Lauro Antônio
adversidades do trecho, como dizia o empresário Oviêdo Teixeira Menezes, o “Laurinho”, que para enfrentar os
Teixeira, seu sogro, primeiro a sugerir a compra das desafios de um mundo globalizado lança os “Aviões da
marinetes. O cenário era completamente favorável ao taxi Bomfim”, base do serviço Top Class, que traz para o cliente do
lotação e ao caminhão pau-de-arara, capazes de resistir às transporte rodoviário privilégios antes restritos a uma minoria
estradas nuas e esburacadas; a chuva, a lama e ao atoleiro. As que podia viajar de avião. Surgem as salas vips, o programa de
marinetes, veículos frágeis, padeciam, por exemplo, aos 96 fidelidade, chek ‘in de bagagem e os moderníssimos ônibus
Km deAracaju para Propriá, cumprido em 6 horas.
panorâmicos plataforma 0-400. No ano 2001, para consolidar
O primeiro passo foi recuperar a credibilidade, a Bomfim do século XXI, a empresa traz para Sergipe os
garantindo o cumprimento dos itinerários. Foram colocados ônibus Double-Deck, dois pisos, inaugurando o serviço Top
tratores nas estradas para romper qualquer dos obstáculos. Class Gold, o que há de mais moderno no mercado.
São Francisco
tem o maior
cajueiro de Sergipe
Município já se chamou
Jacaré e pertenceu a
Propriá e a Cedro de
São João
O
município de São Francisco
surgiu com o nome de Jacaré, por
causa de um pequeno riacho com
esse nome, que passava nas proximidades,
e no qual, segundo os mais antigos, havia
um jacaré. Foi às margens desse riacho, que
hoje se chama Galante, que em 1860
Antônio Caldas, considerado o fundador da Vista aérea de São Francisco, cidade foi fundada em 1860
cidade, construiu um engenho e algumas
casas.
Em 1870 o povoado tinha uma escola, Emancipação mente o município tem quatro povoados:
um cemitério, um açude e uma capela, tudo Pau da Canoa, Nascença, Piçarreira e Lajes.
construído por Antônio Caldas. A partir Segundo Neildes, no final da década de Em novembro de 1963, Antônio Nas-
daí, o pequeno povoado passou a se chamar 60, em São Francisco havia 522 residên- cimento foi eleito primeiro prefeito. De-
São Francisco, tendo como padroeiro São cias, sendo que a maioria era de taipa. A pois foram eleitos José Nascimento (1966);
Francisco de Assis. Os moradores viviam cidade era abastecida pela água do Riacho José Normando da Mota Guimarães
da pesca no riacho, plantio de algodão e do Galante. Como não havia água encanada, (1971); Luiz Nascimento (1973); Erivaldo
corte de cana, toda ela enviada para o en- nós buscávamos água em potes de barro e Barbosa Ramos (1977); Luiz Nascimento
genho de Antônio Caldas. em latas. Era um sacrifício muito grande (pela segunda vez em 1982); Maria Lúcia
De acordo com as pesquisas da profes- por causa das ladeiras. Quem tinha condi- Santos Nascimento (1988); Ailton Nasci-
sora aposentada Neildes Marques Nasci- ções, pagava para uma pessoa buscar com mento (1992); Erivaldo Barbosa Ramos
mento, a população era muito pobre, com burro, lembra Neildes. (pela segunda vez em 1996); e Ailton Nas-
casas de taipa e muito frágeis. Chovia Hoje, o município ainda é abastecido cimento (em 2000 pela segunda vez).
muito e a chuva chegava a derrubar as casas pelo riacho, só que a água é encanada. O
dos moradores. Havia também uma senza- riacho é também utilizado por mulheres que Maior cajueiro de Sergipe
la onde viviam os escravos de Antônio Cal- lavam roupa na lavanderia pública, instala-
das, informa ela. da às suas margens. Assim como em Natal-RN, que tem o
Em 1945 a cidade passou a ser ilumi- Até 1927, São Francisco pertencia a maior cajueiro do mundo, o município de
nada por lampiões a gás, que eram acesos Propriá. Em 1928 passou a pertencer ao São Francisco, no povoado Piçarreira, a seis
às 18 horas e apagados às 22 horas, por município de Cedro de São João, que foi quilômetros da sede do município, também
Hortêncio e Izaul. Em 1951 houve uma desmembrado de Propriá. No ano de 1954, tem um gigantesco. O cajueiro mede 2.438
festa de inauguração da luz elétrica a através da Lei nº 554, de 14 de fevereiro, o metros quadrados, 194 metros de circunfe-
motor, implantada pelo prefeito de Cedro povoado passou à categoria de vila. A Lei rência e 76 metros de diâmetro, sendo con-
de São João, Euclides Ferreira. Só a partir 115 A, de 17 de junho de 1963, elevou São siderado o maior de Sergipe.
de 1956, a luz passou a vir da hidroelétrica Francisco à categoria de município, sendo No povoado, ele é um ponto de en-
de Paulo Afonso. desmembrado de Cedro de São João. Atual- contro, já que seu formato parece um circo,
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Região: Leste (Baixo São Francisco)
Distância da Capital: 85 Km
População: 2.528
Principais atividades econômicas: pecuária
(bovinos), agricultura (mandioca, milho e feijão), piscicultura
(tilápia, bambá, tambaqui, tambacu e carpa)
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Praça da Igreja Matriz de São Francisco
de Assis
Filhos Ilustres
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Aleixo a cidade da lenda da sereia
Povoação surgiu com
a implantação
de uma bodega de
secos e molhados
no local onde aconteceu
a primeira feira
A
povoação de São Miguel do Aleixo,
a 95 quilômetros da capital, come
çou a se formar nos anos 20, a partir
da implantação de um comércio de secos e
molhados praticamente no meio da mata.
Mas o crescimento só começou a acontecer
por volta de 1938, com a chegada de Domí-
cio José das Graças, homem reconhecido
como o principal fundador da localidade,
juntamente com Manoel Barreto Santos.
O nome do município, que tem como Pedra da Sereia: ponto turístico do município
ponto turístico a pedra da sereia, foi criado
especialmente para homenagear o pai de do seu filho José Jairson da Graça) lutava rebate o lavrador e pescador Rivaldo Alves
Domício, Miguel das Graças, e o padre para emancipar sua comunidade. A eman- de Gois.
Aleixo. O fundador da povoação resolveu cipação do município aconteceu no dia 26 No entanto, a mãe de Rivaldo diz que
investir no crescimento, e começou a com- de novembro de 1963, através da lei nº uma prima dela afirmava que já tinha visto
prar terras e a convidar mais pessoas para 1.232, quando a povoação já contava com essa sereia. Meu pai também dizia que um
morar no lugar. Em um ano Domício for- 206 moradias e cerca de 600 habitantes. homem tinha visto. Se é uma lenda, eu não
mou o povoado que passou a se chamar sei. O que eu sei é que naquele lugar tem
Lagoa do Aleixo. A sereia e a Pedra do Oratório um poço que ninguém nunca viu o fundo,
Quando Domício chegou ao pequeno nem em (19) 33, quando secou tudo por
lugarejo, já havia dois moradores: Manoel O município de Aleixo é banhado pelo aí, lembra dona Marina.
Barreto Santos e Eliziário Francisco dos Rio Salgado, que deságua no Rio Sergipe. Ela conta que durante a seca vinha gado
Santos. Este último, dono da primeira bo- No limite com o município de Feira Nova, de toda a região para beber nesse poço que,
dega onde foi armado um barracão de lona distante cerca de 4,5 quilômetros da sede, acredita, tem alguma coisa de sobrenatu-
e realizada a primeira feira. Tempos depois, possui um ponto turístico conhecido como ral. De tarde diminuía a água, mas pela
nesse mesmo local, foi construído o merca- a Pedra da Sereia ou Pedra do Oratório. manhã estava cheio de novo. Nunca nin-
do da feira. A força de Domício era tão Nesse local fica um acúmulo de água, onde guém topou no fundo dele. Quando seca o
grande na redondeza, que ele conseguiu os moradores tomam banho e até pulam poço maior, fica um menor, tipo uma pia
eleger seu filho, José Airton das Graças, das altas rochas encravadas na beira do rio. de dois metros, diz dona Marina.
vereador de Nossa Senhora das Dores, an- Segundo Marina Francisca dos Santos, Rivaldo não acredita que exista realmente
tiga sede da povoação. 78 anos (filha do primeiro morador e da a sereia, mas confessa que tem medo de entrar
Ao mesmo tempo em que representa- primeira parteira do município), existe uma no poço. Eu sou pescador. Conheço tudo
va seu povoado na Câmara de Vereadores história antiga sobre uma sereia que saía do por ali. Entro no poço grande, mas nesse
de Dores, José Airton (prefeito de Aleixo rio e ficava sentada nesse oratório no meio lugar eu nunca tive coragem de ir. Eu respeito,
por quatro legislaturas e atual vice-prefeito do rio. Mas essa história é uma lenda, tenho receio de entrar, diz ele.
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Região: Norte (semi-árido)
Distância de Aracaju: 95 km
População: 3.441
Atividades econômicas: Agricultura (milho,
feijão, mandioca) pecuária (Rebanho de corte e vacas leiteiras)
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Praça da Igreja Matriz de São Miguel
Ao romper da aurora de manhã cedo Que Aflaudísio (Oliveira Campos) anima- José Jairson da Graça - advogado, ex-dele-
va gado em Aracaju, defensor público e atual pre-
Nesta época tudo era difícil Com lindas moças vestidas de chita feito
Não tinha facilidade Os cavalheiros dançavam Gileide Barbosa de Souza - jornalista, filha
Até para se ouvir a missa Todo mundo ficava com saudades de Pedro (Venâncio) Barbosa de Souza, des-
Era grande a dificuldade Quando a festa terminava portista que teve grande influência na política e
no desenvolvimento econômico da povoação
O padre vinha montado em burro de Aleixo
Atender a esta comunidade Ainda me lembro, na década de 60
Daqueles dramas teatrais José Genivaldo Garcia - formado em Filoso-
Que a senhora Clarice (Campos) fia e Teologia, padre da Paróquia São Francisco
Agora falo em outro homem de Assis, no Santos Dumont e diretor acadêmi-
Que não posso esquecer Com competência comandava co do Seminário Maior
De Ozino, o professor O povo todo aplaudia
Que ensinou muita gente ler As moças que interpretavam Genival Alves Fonseca - comerciante bem-
sucedido em Aracaju do ramo de móveis
Que ainda tem o respeito
Daqueles que ainda sabem lhe agradecer Os jovens são a esperança Wellington Oliveira Campos - advogado,
De que vai continuar funcionário federal, ex-coordenador regional da
Secretaria Especial de Ação Comunitária da Pre-
Hoje vejo Aleixo O progresso da cidade sidência da República
Muito diferente do passado Para saber administrar
Tem água encanada Tem que conhecer bem Texto: EDIVÂNIA FREIRE
Jorrando por todo o lado A história do lugar C Fotos e reproduções: EDSON ARAÚJO
Que vem do Rio São Francisco Fonte: Literatura de cordel, de Rivaldo Alves de Gois.
Colaboração de Josival e Juscileide Garcia
Divisa de outro Estado * Lavrador
CINFORM 260
Simão Dias
têm uma das mais belas e ricas histórias
Dos tapuias aos
Carvalho Deda,
o município possui
uma fantástica
e marcante história
em Sergipe
U
ma pena o espaço ser tão peque
no para contar uma das mais
belas e ricas histórias sergipanas.
Simão Dias ou Anápolis - para muitos a
dúvida ainda persiste -, foi um celeiro
político-econômico de grandes e influ-
entes famílias que marcaram toda a his-
tória de Sergipe.
Os primeiros habitantes de Simão Dias,
o terceiro município em altitude no Esta-
do, foram remanescentes dos índios tapui-
as. A grande nação indígena, que vivia no
litoral, foi praticamente dizimada quando
o violento Luiz de Brito, governador da Matriz de Nossa Senhora Santana: marco da cidade
Bahia, recebeu a missão de conquistar Ser-
gipe. Os sobreviventes, embrenharam-se controu porto seguro no Caiçá, reforçan- Açúcar e Igreja
nos sertões. do aquela povoação.
Um grupo deles foi se abrigar num lugar Existe uma discussão sobre quem deu O povoamento de Simão Dias pertencia
de densas matas verdes, onde corriam leite o nome ao município. O deputado, jor- à Vila do Lagarto. Um grande usineiro la-
e mel. Os tapuias construíram uma forta- nalista e historiador José de Carvalho gartense, Manoel de Carvalho Carregosa,
leza. Uma cerca de pau-a-pique, chamada Déda revela a coincidência de três ou comprou terras nas proximidades do Cai-
de caiçara, foi erguida às margens de um quatro homens com o mesmo nome. çá, montou um engenho e passou a criar
rio que mais tarde ganhou o nome de Cai- Em agosto de 1599, o capitão-mor gado. O engenho se desenvolveu tanto, que
çá. Só no início de 1600, iria nascer naquela Diogo de Qoadros passa as terras para em volta formou-se uma feira. Como a mu-
região a aldeia de Simão Dias. um Simão Dias. Em janeiro de 1602, lher de Carregosa, Ana Francisca de Mene-
Manoel M.B. dá a sesmaria a outro Si- zes, era muita religiosa, eles decidiram er-
Invasão Holandesa mão Dias. Em fevereiro de 1607, An- guer uma capela nas proximidades. Surgia
tônio de Carvalho repassa as mesmas então a futura Igreja Matriz de Nossa Se-
Quando Caiçá começava a se desen- terras a três donatários, entre eles, Si- nhora Santana.
volver como povoamento, Sergipe sofreu mão Dias Fontes. Ana e Carregosa doaram um pedaço de
a invasão holandesa. Os soldados avan- O que se sabe é que um Simão Dias fi- terra para a construção da capela, e mais 30
çam. Isso levou o fazendeiro Braz Rabe- xou residência por lá e abriu uma venda. vacas, cujo rendimento deveria ser aplica-
lo, que tinha um grande rebanho em Ita- Era um ponto certo de parada para quem se do na compra de cera, vinho e hóstia e nas
baiana, a mandar seu vaqueiro Simão aventurava pelos sertões que uniam Sergi- demais despesas com a administração do
Dias Francês fugir com o gado. Ele en- pe e Bahia. sacrifício da missa. Em 1826, os habitan-
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Região - oeste de Sergipe
Distância de Aracaju - 100 km
População - Cerca de 35 mil
Atividades econômicas - Agricultura e
pecuária
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Simão Dias: história viva nas ruas
eram atrelados dois burros, um adiante e recreativa pelo Sul do País. Filhos Ilustres
outro atrás. Durante alguns meses a cidade não co-
Três grandes famílias foram os pilares da histó-
Por essa época apareceu o primeiro auto- mentava outra coisa. ria de Simão Dias: os Prata, os Déda e os Car-
móvel na cidade, que foi, no Estado, a ter- Surgiu o anedotário. valho. Foram e são intelectuais, industriais, ju-
ceira a possuir este gênero de transporte. A Conta-se que o ferreiro Roque Felici- ristas e, principalmente, políticos de grande pro-
jeção nacional. Alguns nomes: deputado e ju-
primazia coube a Aracaju; em segundo lu- ano de Macedo, lunático, constantemen- rista Antônio Manoel de Carvalho Neto,
gar, Estância. te preocupado com almas do outro mun- desembargador Gervásio de Carvalho Pra-
A primazia, em Simão Dias, coube ao do, lobisomem, mulas-sem-cabeça e ou- ta, monsenhor João Batista de Carvalho
coronel Felisberto Prata, rico e progressista tras aparições sobrenaturais, havia dei- Daltro, padre João de Matos Freire de Car-
valho, o deputado José de Carvalho Déda,
comerciante da praça. xado sua produção de alho, a secar, es- antropólogo e diplomata Paulo de Carvalho
Um dia, a cidade alvoroçou-se, repenti- palhada em frente de sua casa, na rua do Neto, jornalista e escritor Paulo Dantas, com-
namente, com um estranho ruído de má- Lagarto. positor e maestro Zótico Guimarães e o ex-
deputado federal e atual prefeito de Aracaju
quina e um fonfonar contínuo. Era um au- Ao ouvir o estranho barulho do Ford, Marcelo Déda. Boa parte deles estudou no
tomóvel Ford, preto, novo, de capota correu para acudir a seus alhos. E qual não Grupo Escolar Fausto Cardoso.
conversível, correndo, aos trancos e bar- foi a sua surpresa ao deparar-se com a má- Três filhos de Simão Dias chegaram ao Gover-
no de Sergipe: Sebastião Celso de Carva-
rancos, pelo calçamento irregular das ruas. quina preta, correndo por cima de paus e lho, Delmiro da Silveira Góes e Antônio
Uma surpresa! Poucos conheciam aquela pedras, sem lenha nem água! O Ford fez Carlos Valadares.
espécie de veículo. A população inteira saiu uma curva rápida, salvando os alhos do
de suas casas para ver a grande novidade. Mestre Roque, deixando este estupefato,
Texto: CRISTIAN GÓES
Ao lado de um chofer empertigado e en- sem compreender a visagem. Olhou por Fotos e reproduções: MANOEL FERREIRA
fatuado, o coronel Felisberto Prata, eufóri- cima dos óculos sujos, persignou-se e gri- Fonte: Brefáias e Burundangas do Folclore Sergipano e Simão
Dias: Fragmentos de sua História, de Carvalho Déda; Matas de
co, cumprimentava os curiosos com o seu tou: - Tá bêba, porca dos óio de vrido! Tu Simão Dias, de padre João de Matos Freire de Carvalho; En-
chapéu duro, de palhinha. Era a sua entrada qué cumê meus áios?! C ciclopédia dos Municípios Brasileiros e colaboração de Denisson
Déda.
triunfal na cidade, depois de uma excursão
Siriricomeçou com uma aldeia de índios
Município se chamou
Pé do Banco, já teve
14 engenhos e hoje
se destaca pela
extração de petróleo
O
s primeiros habitantes do municí
pio de Siriri, a 55 quilômetros da
capital, foram indígenas que se
mudaram da aldeia de Japaratuba. Eles se
estabeleceram em um lugar chamado Re-
manso, onde hoje fica a Praça Jackson de
Figueiredo. Os indígenas elegeram Siriri,
irmão do cacique Sérgio, como chefe. Siriri
também era o nome do rio que passava nas
proximidades da taba. Igreja Matriz Jesus, Maria e José
De acordo com a Enciclopédia dos Mu-
nicípios Brasileiros, a tribo, levada por seu Freguesia desde 1700, Pé do Banco só foi metade do século XX existiam 14 engenhos de
espírito nômade, logo depois mudou-se. confirmada nesta categoria pela Lei pro- cana-de-açúcar em Siriri. Todos eles foram
Quando os índios foram embora, algumas vincial nº 24, de 6 de março de 1839. extintos. Como essa era a principal atividade
pessoas construíram as primeiras casas. A No povoado havia a paróquia Jesus Maria econômica, o município, que antes era rico,
povoação recém-criada, que depois origi- e José, construída pelo arcebispo d. João ficou pobre e decadente. Só em 1964, quando
nou a cidade de Siriri, chamava-se Pé do Franco de Oliveira. Seu primeiro vigário foi o petróleo foi descoberto no subsolo de Siriri,
Banco. Os moradores mais antigos da ci- o padre Manoel Carneiro de Saá, que tomou que a situação melhorou, mas mesmo assim
dade afirmam que esse nome surgiu por- posse em 18 de fevereiro de 1700. A paró- não voltou a ser como antes. Hoje a principal
que as mulheres do povoado costumavam quia media dez metros de comprimento e renda do município continua vindo do petróleo.
lavar roupas no riacho próximo, sentadas quatro de largura, habitavam dois mil bran-
em bancos, e uma delas esqueceu o cachim- cos, dois mil pretos e três mil e quinhentos Manifestações culturais de Siriri
bo no pé do banco. de diversas misturas, sendo um total de 7.500
Em 1637, na época da invasão dos holan- habitantes, que trabalhavam na lavoura da A principal festa do município é a come-
deses, Sergipe já contava com 400 currais, cana, informa a Enciclopédia. moração do dia de Santos Reis (6 de janeiro).
distribuídos por todo o território. Entre eles Em 26 de março de 1874, o município A professora aposentada Deusdete Santos
estava o de Camarão, localizado na Vila Pé do de Siriri foi criado, com sede no antigo po- diz que hoje em dia a festa perdeu sua carac-
Banco, entre os rios Siriri e Ganhamoroba. voado Jesus Maria e José do Pé do Banco, terística. Antigamente era muito melhor,
Em 1811, foi criada a vila de Japaratuba, sendo desmembrado do território de Divi- havia um parque, barraquinhas (onde ven-
desmembrada de Pé do Branco, cujos limi- na Pastora. Hoje, a cidade possui nove po- diam doces e bebidas) e as cabacinhas - tradi-
tes deveriam ser pelo Rio Siriri até Piran- voados: Sabinopolense, Itaperoá, Fazen- ção de origem portuguesa que consistia em
has, engenho do Padre João Gomes de dinha, Mata do Cipó, Castanhal, Vila Nova, colocar água de cheiro dentro de uma caba-
Melo, e daí seguir pela estrada da Serra Lagoa Grande, Siririzinho e Piranhas. cinha de cera, feita com muito carinho, para
Negra até chegar à estrada real de Maruim, De acordo com pesquisas de Ricardina Oli- jogá-la em seu paquera.
ficando os engenhos da Jurema e Serra veira Souza, conhecida como D. Bebé, que Ela lembra que o melhor da festa era às 11
Negra para a freguesia de Pé do Banco. está escrevendo um livro sobre a cidade, na horas da noite. Todo mundo se reunia na
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Bicicleta de madeira: João Pedro já saiu em
jornal de São Paulo
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Rio Siriri: abastece a cidade e também é o
lazer da comunidade
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minha
terra é
Sergipe
Telha grande produtor de arroz e peixe
O
pequeno município de Telha, a 107
quilômetros de Aracaju, localiza-
do às margens do Rio São Francis-
co, tem aproveitado muito bem a grande-
za - hoje nem tão grande assim - de suas
águas. O centenário cultivo de arroz na re-
gião ganhou a parceria da piscicultura, que
em muitos lotes do Projeto Irrigado Pro-
priá é produzida em consórcio com a rizi-
cultura. Produtores telhenses já estão abas-
tecendo de peixe, produzido em viveiros, o
mercado de várias cidades de Sergipe e de
Alagoas.
O município de Telha foi fundado em
terras pertencentes a Propriá, doadas por
Cristóvão de Barros, por volta de 1590, ao
seu filho Antônio Cardoso de Barros. Duas
famílias de holandeses se estabeleceram no
local com uma fábrica de telhas de barro Visão do centro da cidade: Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
cozido, dando origem ao nome do Povoa-
do Telha de Cima. candidato único eleito pela Arena, foi Clau- sai empacotado para venda com o nome
No início da década de 60, os moradores dionor José dos Santos. Arroz Tia Graça.
começaram a acreditar que a povoação já O telhense Manoel da Silva (Manoel
possuía condições suficientes de se emanci- Projeto Propriá de Menezes), de 58 anos, possui seis vi-
par de Propriá. Para viabilizar a emancipa- veiros de Tambaqui - um deles é o ber-
ção, uma comissão, liderada por José Ma- O Projeto Irrigado Propriá (que en- çário - que comportam cinco mil peixes
noel Freire Filho - reconhecido o fundador globa os municípios de Propriá, Telha e cada um. A agricultura é uma faca de
do município - procurou o deputado Wol- Cedro de São João), apesar do nome, dois gumes. Uma hora a gente está de
ney Leal de Melo. Ele apresentou um proje- tem a maioria dos produtores de Telha. bolso cheio de dinheiro; outra hora cheio
to de lei, que foi sancionado pelo então Iniciou em 1975 apenas com a rizicultu- de contas pra pagar. A piscicultura tem
governador João de Seixas Dória, em 20 ra, mas agora muitos dos 247 produto- um rendimento mais compensador, mas
de janeiro de 1964. res estão trabalhando em consórcio com sempre há riscos, porque a gente alimen-
A partir dessa data foi criado oficialmen- a piscicultura. ta uma coisa que está debaixo da água,
te o município de Telha, através da lei nº A Usina São João, instalada no municí- que a gente não vê, explica Manoel de
1.248, que dava a ele a responsabilidade de pio por José João do Nascimento Lima, Menezes.
manter três povoados: São Thiago, São recebe cerca de 90% da produção do arroz Ele lembra com saudades do tempo das
Pedro e Bela Vista. O primeiro prefeito, do município e beneficia o produto, que já enchentes do Rio São Francisco, quando
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Região: Leste (Agreste)
População: 2.636
Distância de Aracaju: 107 km
Atividades econômicas: rizicultura
(arroz); piscicultura em viveiro, pecuária, bordado
e turismo
Antiga igreja onde a filha do Demo foi batizada Frei Damião e Frei Fernandes: visita a Telha Praia da Adutora: onde acontece um dos mais
nos anos 70 animados carnavais de Sergipe
todos, sem distinção, podiam plantar arroz gos dos Santos Neto teve o mandato cassa- Tem areia, Mata Atlântica e até dunas. Aos
e sobreviver da pesca. Agora só produz do por improbidade administrativa, a pedi- domingos, a Praia da Adutora, como é cha-
quem tem a terra irrigada. Mas as coisas de do do promotor Rogério Ferreira Silva, e mada, fica completamente lotada. Turistas
Deus nunca se acabam, acredita ele. concedido pelo juiz Evilázio Correia de das cidades circunvizinhas e até da capital
Seu Manoel conseguiu fazer os viveiros Araújo Filho. Domingos foi acusado de vão aproveitar as águas azuladas do rio para
de peixe com um dinheiro (R$ 40 mil) que superfaturar obras; fazer empréstimo ban- dar um mergulho refrescante e comer as
em 1997 ganhou na Roda da Fortuna, do cário irregular; atrasar salários dos funcio- delícias servidas nos mais de 20 bares da
Programa Silvio Santos. Além de investir nários em seis meses e reter o duodécimo orlinha.
na criação de peixes, comprou também um da Câmara de Vereadores. O vice-prefeito O secretário municipal Paulo Henrique
carro e uma casa. Ele foi representado no Luciano Gois Gomes assumiu a prefeitura Dias tem procurado incrementar o turis-
programa pelo seu filho Nivaldo Silva, 29, e foi reeleito em 2000. mo para atrair mais pessoas, principalmen-
dono da primeira banda musical de Telha, a Em novembro de 2001, o líder político te no Carnaval, que é a maior comemora-
Nova Geração, que há um ano e meio vem José Luciano Guimarães Filho (o Buda) ção realizada no município depois da festa
animando as festas de padroeiros dos povo- morreu carbonizado junto com Luiz Carlos da padroeira da cidade.
ados da região. Rocha. Os dois vinham de Canhoba, o car-
ro caiu na ponte e incendiou-se. Buda foi A voz misteriosa de Telha
Momentos Marcantes candidato a prefeito na última eleição e
perdeu por apenas dez votos. Era ele quem No final da década de 90, a cidade de
O município de Telha passou por muitos comprava cerca de 90% da produção de Telha ficou conhecida em todo o Estado
momentos difíceis e tristes que marcaram peixes do município para revender em ou- por causa de uma voz misteriosa que era
a comunidade. Nos anos 80, ocorreu a tras cidades. ouvida dentro da Igreja Matriz. Durante os
morte do prefeito Francisco Gomes da cânticos, uma voz masculina se sobressaía
Mota, no exercício do mandato. Ele foi as- Convite a um mergulho no meio das vozes femininas. Ficou confir-
sassinado durante um tiroteio que matou mado que mesmo sem a presença de qual-
três pessoas. O vice-prefeito Adenízio Ba- A natureza foi bastante generosa com o quer homem na igreja, a voz era notada por
sílio de Oliveira assumiu a prefeitura. município de Telha, onde o Velho Chico toda a comunidade presente.
Em agosto de 1999, o prefeito Domin- formou uma verdadeira praia de água doce. A professora aposentada Maria Dias da
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zida de volta por uma mulher bonita que
lhe segurava a mão, diz.
A maldição só foi quebrada quando Rosa
Maria já estava idosa. Ela ficou curada
depois que um senhor - parece que de Brejo
Grande - ensinou uma reza que ele não po-
deria nunca ensinar a ninguém, do contrá-
rio morreria. Mas ele resolveu salvar a mu-
lher em troca da sua vida. Morreu logo em
seguida, afirma ela.
A Igreja centenária, onde a filha do
Inauguração da prefeitura de Telha em 1988: Nivaldo Silva recebe do apresentador Silvio Demo foi batizada, foi destruída há cer-
Fernando Collor, então governador de Alagoas, Santos o prêmio do pai, Manoel de Menezes ca de 30 anos. Era um patrimônio que
lançou candidatura a presidente
foi abandonado e começou a cair. Aí o
Mota, 55 anos, garante que ouviu a voz. A cidade, cheia de carros que vinham de Pro- povo começou a levar os tijolos pra casa,
comunidade toda é testemunha. Como priá e das cidades vizinhas, diz Maria Dias. num ato de vandalismo. A parede da fren-
aconteceu depois que meu pai morreu, di- te ainda luta contra o tempo e o vento,
ziam até que era a voz dele, mas ele nunca A história real do Cão de Rosa diz Maria Dias. C
T
obias Barreto surgiu no final do sé-
culo XVI, em um sítio de aproxi-
madamente 40 tarefas, onde apare-
ceu uma imagem de Nossa Senhora, local
que é hoje a sede do município. Em sua
homenagem, os camponeses construíram
uma capelinha e fizeram residências em
volta dela formando uma aldeia batizada
de Paraíso, informa o livro Tobias Barreto,
a Terra e a Gente, do escritor tobiense
Aderbal Correia Barbosa.
Logo depois para surpresa dos moradores
da recém-criada povoação, a imagem desa-
pareceu. Dias depois ela foi encontrada den-
tro de um matagal nas proximidades da
povoação. Os habitantes do povoado a con-
duziram de volta à capela, mas pouco tem-
po depois ela desapareceu outra vez, sendo Igreja Matriz Nossa Senhora Imperatriz dos Campos
encontrada novamente no mesmo mata-
gal, diz o livro. ro habitante de Tobias. Ele possuía currais administrativa de Lagarto.
Por causa desse fato, os moradores der- perto das confluências dos rios Japeri e Real. Em 20 de outubro de 1718 o arcebispo
rubaram a mata nesse local e construíram Não resta dúvida sobre ter sido ele o notá- da Bahia, d. Sebastião Monteiro, criou a
outra capelinha, onde hoje fica a Igreja vel colonizador do sertão do Rio Real, onde Freguesia de Nossa Senhora Imperatriz dos
Matriz Nossa Senhora Imperatriz dos Cam- chegou em 1599, após haver tomado parte Campos do Rio Real de Cima, no termo de
pos. O novo povoado recebeu o nome Ca- na conquista de Sergipe, como um dos ca- Lagarto. Em 1757, a freguesia tinha 125
pela de Nossa Senhora dos Campos do Rio pitães de Cristóvão de Barros informa a sítios de pastores e agricultores e popula-
Traripe (hoje Real), por estar situado às Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. ção de 1.350 habitantes. Sua extensão era
margens desse rio e localizado em uma vas- As terras de Campos, durante muitos de 20 léguas. No fim do século XVIII,
ta planície. O nome do povoado foi se sim- anos, pertenceram ao morgado de Belchi- Campos era o maior centro de exportação
plificando, passando a se chamar Campos or. Iam dos limites de Lagarto até o Rio de couro e sola da Capitania de Sergipe.
do Rio Real e depois apenas Campos. Itapicuru, na Capitania da Bahia. Houve Em 1808 a freguesia tinha uma popula-
Belchior Dias Moreira, conhecido como divergências entre o arcebispo da Bahia e ção de 2.618 habitantes, sendo mil bran-
Belchior Dias Caramuru, por ser parente Garcia dÁvila Pereira, administrador do cos, 500 pretos e os demais mestiços. A
de Diogo Álvares Caramuru, foi o primei- morgado, subordinado à esfera política e criação de gado era a principal atividade
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Região: sudoeste (semi-árido)
Distância de Aracaju: 127 Km
População: 43.139
Atividades econômicas: agricultura (milho, man-
dioca e feijão), pecuária (bovinos) e comércio (confecções)
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Antônio Muniz de Souza e Oliveira: De-
dicou-se ao estudo de plantas e raízes para o
preparo de remédios.
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MKT©
25 anos
Lutando ao lado do educador
por um ensino público de qualidade
Nestes 25 anos de luta, temos enfrentado, no autoritarismo dos governantes, Rua Sílvio Teófilo Guimarães, 70
o sucateamento da escola pública e o desrespeito ao profissional de ensino.
Conjunto Paulo Barreto - Pereira Lobo
Em todo o Estado, toda vez que se faz necessário, a voz do SINTESE ecoa
em defesa da educação e dos educadores.
49052-410 - Aracaju-SE Tel/Fax (79)214-0910
SINTESE, 25 anos de Resistência e Luta www.sintese-ne.com.br sintese@infonet.com.br
Tomar do Geru
onde índios foram poderosos
Cidade chamou-se
Nova Távora e tem uma
das mais antigas e belas
igrejas de Sergipe
J
á na divisa com a Bahia, o municí-
pio de Tomar do Geru, a 131 quilôme-
tros de Aracaju, tem uma história fan- Tomar do Geru: mais de 300 anos de história
tástica em termos de organização. Em Geru,
onde existe uma das mais belas e antigas Força política da fé exemplo, estabeleceu a eleição pelo voto
igrejas católicas de Sergipe, foi feita uma direto dos moradores. Nova Távora era a
tentativa de colocar índios catequizados na A força da catequese feita pelos jesuítas primeira vila de Sergipe a viver essa experi-
administração municipal. Não fosse a in- era tanta que dos 400 índios, apenas 20 ência. (Veja nesta página trechos da Carta
vasão holandesa e a expulsão dos jesuítas, eram considerados pagãos. Lá foi construí- Régia de 1758).
essa experiência poderia ter prosperado. da a primeira escola de Sergipe. A aldeia
Essa história começa por volta de 1666, chegou a ter os nomes de Geru e Missão de Expulsão e regresso
quando os padres jesuítas chegaram às ter- Nossa Senhora do Socorro. Mas a domina-
ras que hoje são Tomar do Geru. Os religi- ção dos jesuítas não impediu que os índios Com a invasão dos holandeses a Sergipe,
osos encontraram no território um grupo reagissem às tentativas de invasão dos por- em 1759, os jesuítas foram expulsos pelo
de índios Kiriris, da rama vinda do sertão tugueses. bando do vice-rei dom Marcos de Noronha
de Jacobina e do Rio São Francisco. Os Alguns religiosos teriam lutado ao lado e a experiência de administração popular
jesuítas vinham da província de Minho, dos índios porque os portugueses queriam em Nova Távora fracassou. Nessa época
mais especialmente de uma cidade portu- escravizar os nativos. vivia lá o padre baiano Domingos de Ma-
guesa chamada Tomar, sede dos religiosos As lutas ganharam tanta repercussão que tos. Foi ele quem fez a procissão solene a 8
templários. o rei teve que intervir. E num documento de setembro de 1731 em homenagem a
Em 1692, a aldeia aparece num catálo- histórico, a Carta Régia de 22 de novembro Nossa Senhora do Socorro, data da festa da
go como Juru ou Geruaçu, que em tupi de 1758 declarava livres todos os índios do padroeira do município.
significa boca ou entrada, e que mais tarde território sergipano, ao mesmo tempo em Com a expulsão dos jesuítas, índios fo-
viria a chamar-se Geru. Seus primeiros re- que transformava a aldeia de Juru em Vila ram mortos e os que sobreviveram, escra-
ligiosos foram os padres Luiz Maniami, de Nova Távora. E mais. Índios catequiza- vizados. Novas batalhas aconteceram. Em
João de Barros, João Baptista, João Ma- dos assumiram cargos no serviço público 1765, um bando comandado por Izidório
teus de Falleto e o irmão Manuel de Sam- na vila. Gomes invade Nova Távora, que já estava
paio. Este último era um estudante da lín- A idéia da história oficial era que os índi- sendo chamada de Tomar do Geru. Tomar
gua dos Kiriris. Em 1695, o governo reco- os almados pudessem ser confundidos com fazia referência à cidade dos jesuítas; e Geru,
nhece como aldeia aquela povoação no- a população branca, numa tentativa de ex- de Jeru do tupi. Izidório ainda encontrou
meando um diretor. tinguir os antagonismos. O documento, por na vila um juiz índio e um branco, e índios
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Desfile cívico em Geru: festa de emancipação
servindo na Câmara.
Em 19 de fevereiro de 1835, a Vila de
Tomar do Geru, que pertencia à Freguesia
de Campos do Rio Real, hoje Tobias Barre-
to, foi extinta. A sede do município foi
transferida para a Vila de Itabaianinha, dei-
xando Geru reduzida a um Distrito de Paz,
apenas com o nome de Geru. Curiosamen-
te só 118 anos depois, já em 25 de novem-
bro de 1953, Geru é transformada em cida-
de - lei sancionada pelo então governador
Arnaldo Garcez -, e recebe o nome históri- Igreja N. Srª do Socorro: erguida em 1688
co de Tomar do Geru.
Em 3 de outubro de 1954, foi realizada a
primeira eleição do município, que tinha João Valames Oliveira, Ulisses Guimarães sita na Freguesia dos Campos, termo da Vila
apenas 668 eleitores, sendo eleito Pedro Silva da Fonseca, Pedro Silva C. Filho e Gildeon de Lagarto, Comarca da cidade de Sergipe
Costa, o primeiro prefeito, e cinco verea- Ferreira da Silva. DEl Rei, tem capacidade de vizinhos e cô-
dores. O final do seu mandato de quatro modos preciso para o dito efeito, sou servi-
anos foi tumultuado. Tropas do 28º BC ti- Índios no poder do ordenar que passando logo a dita Aldeia
veram que tomar o município para reesta- a Vila, estabelecereis nela (dirige-se ao Go-
belecer a ordem. Pedro Costa foi eleito pela A seguir alguns trechos da Carta Régia vernador-Geral da Bahia) com o nome de
segunda vez em 1962, assumiu em janeiro de 22 de novembro de 1758, onde o rei de Nova Távora - elegendo a votos do povo
de 1963, e em junho de 1964 foi deposto Portugal estabelece uma administração um dos seus moradores para juiz dela, que
por causa do Golpe Militar. Além dele, fo- popular em Geru: será tutor dos órfãos, três vereadores ou
ram prefeitos de Tomar do Geru: Baldoíno Por me ser presente que a Aldeia de dois no caso de não haver número e um
Vitório de Souza, José Viana Medeiros, Geru, intitulada Nossa Senhora do Socorro procurador do Conselho todos mais hábeis
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Carro de Boi: forte tradição na cidade
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O Sistema FIES/SESI/SENAI e IEL
Sergipe
Na década de 80 há um grande desenvolvimento da
na História Industrial economia sergipana motivada pelo efetivo aproveitamento dos
recursos minerais do Estado, graças a amplos investimentos
de estatais, notadamente do sistema Petrobras. Dar-se a instalação
de duas importantes subsidiárias daquela estatal: a Nitrofértil,
para a fabricação de amônia e uréia, e a Petromisa, para
exploração e beneficiamento do Potássio, explorado da mina de
Taquarí-Vassouras. É nesta década que o Estado de Sergipe
Era tarde do dia 30 de abril de 1948. Ainda sob as Em janeiro do ano seguinte foi instalado o Departamento apresenta as maiores taxas de crescimento do seu produto
amargas lembranças da II Grande Guerra, o salão nobre da sede Regional do SESI em Sergipe. A entidade tem por objetivos o interno, que o eleva à condição de detentor da maior renda per
da Delegacia Regional do Trabalho, um sobrado ainda hoje estudo, o planejamento e a execução de medidas que contribuam capita do Nordeste brasileiro.
localizado à Rua João Pessoa, na ocasião dirigida por Alcindo diretamente para o bem-estar social dos trabalhadores das
Fernando de Bógea Saint Clair, recebia empresários industriais indústrias e atividades assemelhadas, concorrendo para a Os anos 90 iniciam-se com inovações nem sempre
do Estado. Estavam ali Constâncio Vieira, Anizio Ezequiel de melhoria do seu padrão de vida. A Educação, o Esporte, o Lazer, a benéficas a Sergipe. Dentro de mudanças globais, redefine-se o
Barros, Gervásio Pereira de Almeida, Edgard Santos, Carlos Saúde e a Assistência Social operárias passam a experimentar papel do setor público, com a retirada do Estado da Economia.
Rodrigues da Cruz e Tasso Garcez Sobral. A reunião fora uma nova e importante fase com a multiplicação de ações Isto representa um choque para os sergipanos, posto que o
convocada para a fundação da Federação das Indústrias do direcionadas ao empregado da indústria e seus dependentes. grande capital estatal marcou como força motriz do
Estado de Sergipe - FIES, com a participação dos sindicatos de desenvolvimento acelerado observado nas últimas décadas.
Fiação e Tecelagem, Panificação e Confeitaria, Açúcar, Calçados, Chega a década de 50 e Sergipe, com a política de isenção, Mesmo assim o estado não parou. Sergipe conseguiu reverter o
Alfaiataria e Confecções de Roupas de Homem. amplia seu parque industrial, desenvolvendo vários segmentos que eram derrotas, transformando-as em grande vitória. Dois
como tecidos, açúcar, beneficiamento de arroz, coco, óleos exemplos podem ser citados: com a extinção da Petrofértil, a sua
No mês seguinte, com a presença de autoridades, entre vegetais, sabão doméstico, laticínios, artes gráficas, álcool, subsidiária sergipana, a Nitrofértil, é incorporada à Petrobras; e
elas o Governador José Rollemberg Leite, era realizada a papelão, entre outros. com a extinção da Petromisa, conseguiu-se a continuidade do
Assembléia Geral de instalação e posse da primeira diretoria da Projeto Potássio, através da Companhia Vale do Rio Doce. A
FIES, tendo como presidente o Dr. Carlos Rodrigues da Cruz e Alcançada a década de 60, a expectativa com a exploração vinda da Vale do Rio Doce para Sergipe merece destaque
respectivamente como Secretário e Tesoureiro, os industriais do petróleo gerou um resfriamento das atividades agrícola e especial, pois ainda na década de 90, consolidam-se alguns
Tasso Garcez Sobral e Gervásio Pereira de Almeida. O pecuária e como conseqüência, o setor industrial, que dependia investimentos primordiais para o desenvolvimento de Sergipe,
acontecimento teve lugar no salão nobre da Associação Comercial do algodão, da cana-de-açúcar e do coco, passou a receber entre os quais, com maior destaque, para o Terminal Portuário
de Aracaju, funcionando a federação àquela época na avenida insumos menores e menos atenção das autoridades. Ignácio Barbosa, na Barra dos Coqueiros, o primeiro organizado
Rio branco 330, 1º andar. É também neste período que Sergipe alcança o maior dentro da nova legislação do setor, e entregue para operação
número de empresas no ramo da industrialização do coco. Na justamente à Vale do Rio Doce, que apresenta larga experiência
A nova entidade surge tendo por objetivos amparar e em logística e operações de transporte.
defender os interesses gerais do segmento industrial perante os década de 60 o Estado já é o terceiro em participação no contexto
poderes públicos, colaborando com o mesmo no estudo e solução nacional, perdendo apenas para o Rio de Janeiro e São Paulo, e o O final da década de 90, bem como o início dos anos 2000,
de todos os assuntos capazes de fomentar a coesão e o primeiro em qualidade de produção física. marcam o que deve ser analisado como uma nova fase da
fortalecimento e a expansão econômica. Objetivava ainda Em 1963, com a descoberta do campo petrolífero de economia sergipana, com uma diversificação muito grande do
promover a solução conciliatória dos dissídios ou litígios Carmópolis, começa a ser implantada toda infra-estrutura para setor industrial. Instalam-se novos tipos de indústria,
concernentes às atividades por ela representadas, a adoção de produção efetiva do petróleo, sendo instalada oficialmente a notadamente no setor de transformação, com destaque para a
regras e normas que possibilitassem aperfeiçoar os sistemas de Petrobras em Sergipe. Com relação aos demais minerais que indústria de alimentos e bebidas, de equipamentos agrícolas e de
fabricação e os processos tecnológicos, dentre outras importantes deveriam ser explorados, permaneceram ligados a interesses irrigação, entre outras.
diretrizes que assinalam significativo avanço no processo puramente particulares, dificultando assim o incremento
industrial. A Federação das Indústrias do Estado de Sergipe tanto
definitivo desta atividade, o que só vem a acontecer no final da como entidade de representação sindical quanto como gestora do
Naquele mesmo ano, o Sindicato da Indústria da década, com a criação pelo governo de órgãos de assessoramento SESI, SENAI e IEL continua no tempo e no espaço,
Construção Civil era filiado à Federação das Indústrias, era e planejamento industrial como o Ceag, Inep, Condese e com a desempenhando o papel agregador do empresariado sergipano,
aprovado o pedido de filiação da entidade à CNI e eleitos os seus participação efetiva da Federação das Indústrias. procurando com equilíbrio manter um elo de ligação destes, para
primeiros representantes junto àquela Entidade, nas pessoas dos No início da década de 70 é implantado o DIA - Distrito com o setor público; bem como trabalhando com denodo nos
industriais Durval Rodrigues da Cruz, Carlos Silva Gomes e José Industrial de Aracaju, e definidos alguns incentivos fiscais, que serviços de assistência e benefícios educacionais, de saúde e lazer
Irineu do Nascimento. impulsionam o surgimento de novos empreendimentos ao trabalhador, na formação de mão-de-obra especializada para
industriais. o setor, na transferência de tecnologia e interação universidade-
Em setembro de 1948 foi criado o Departamento Regional indústria.
do SENAI. A partir daí iniciou-se o esforço pela preparação e Em 1971 é oficialmente instalado o Núcleo Regional do
qualificação da mão-de-obra industrial. A entidade deu início, Instituto Euvaldo Lodi, também vinculado à Federação das
primeiro a partir do Centro Coelho e Campos, instalado na Rua Indústrias do Estado. O IEL surge com o objetivo de realizar
Propriá, e depois de outros muitos núcleos, a cursos de investigações, estudos e pesquisas de atividades universitárias
capacitação profissional, assinalando uma nova fase para o entrosadas com atividades industriais promovendo seminários,
segmento industrial que passou a contar com pessoal qualificado cursos especializados, estágios de treinamento. Procura, por fim,
no desempenho das atividades fabris e na operacionalização do contribuir, sob qualquer forma e dentro do espírito da livre
maquinário instalado nas indústrias sergipanas, com iniciativa, para a formação da mentalidade de cooperação
significativa melhoria da qualidade de vida da população. universidade-empresa.
IDALITO OLIVEIRA
Presidente da FIES
Umbaúba uma sombra que
virou cidade
A terra de Nossa
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ponto de parada de
viajantes que cortavam
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epois de chegarem a São Luiz (de
pois Santa Luzia do Itanhi), India-
roba (Espírito Santo) e Chapada
(Cristinápolis), os europeus - primeiros fran-
ceses e depois portugueses - conseguiram
chegar a uma grande região de matas den-
sas no sul de Sergipe, atravessando as bacias
dos rios Real e Piauí. Essas terras vieram a
ser mais tarde a cidade de Umbaúba que,
como a grande maioria dos municípios ser-
gipanos, não faz a menor questão de pre-
servar sua história.
Acredita-se que por volta de 1600, um
dos maiores pesquisadores de minas e des-
bravadores dos chamados sertões da nova Igreja Nossa Senhora da Guia
terra, o português Belchior Dias Moreyra,
conseguiu da Coroa uma grande sesmaria Guia e Umbaúba nham pela estrada real, saindo de Santa Luzia
no Rio Guararema, bem próximo onde foi a Itabaianinha. Mas alguns viajantes esten-
erguida a sede do município de Umbaúba. Dentro da grande Fazenda Sabiá exis- diam o descanso e muitos dormiam por ali.
Não se tem notícias nem registros dando tia um riacho de águas claras e mansas. Naturalmente, algum cidadão de bom sen-
conta do início do povoamento das terras O coronel Manoel Fernandes, um devo- so econômico resolveu montar um comér-
de Belchior Moreyra, mas há fortes indíci- to de Nossa Senhora da Guia, nomeou cio nas terras do coronel Manoel Fernan-
os de que existiram lutas sangrentas entre aquela fileta dágua com o nome de Ri- des. Embaixo do pé de umbaúba apareciam
os exploradores e os tupinambás, e uma al- acho da Guia. Hoje, o riacho ainda exis- vendedores para suprir de bebida ou gêne-
deia teria começado a se formar por volta te e depois recebeu o nome de Dois Ri- ros alimentícios os que faziam sua parada
de 1860. achos. Bem nas proximidades do Ria- no Descanso da Umbaúba, como era cha-
No entanto, sabe-se com certeza que o cho da Guia, surgiu um belo e frondoso mado o lugar.
povoado surgiu a partir da criação de gado pé de umbaúba. Ele era tão grande que Acreditam alguns historiadores, que
na Fazenda Sabiá, que pertencia ao coronel produzia uma agradável e larga sombra. o comércio para atender os viajantes cres-
português Manoel Fernandes da Rocha Como a entrada de Sergipe passava por ceu tanto que uma venderola foi monta-
Braque, ou Braga, como alguns preferem lá, muitos dos viajantes que cortavam o da e algumas casas erguidas por ali. Ver-
chamar. A gigantesca propriedade ficava sul de Sergipe, para chegar a Estância e dadeiras feiras eram realizadas na região
encravada no termo judiciário da Vila do São Cristóvão, paravam embaixo do pé do Descanso da Umbaúba. Num curto
Espírito Santo. A fazenda foi o início da de umbaúba. espaço de tempo, a feira acabou virando
fundação de Umbaúba e o coronel Manoel Esse descanso para os caminheiros e suas um arraial que passou a ser chamado de
Fernandes, que hoje é nome de avenida na mulas era quase obrigatório, e ficou conhe- Riacho da Guia, por conta do estreito
cidade, o seu fundador. cido em toda a região sul para os que vi- curso de água que banhava aquelas ter-
CINFORM 270
Imagem de Nossa Senhora da Guia Manoel Gil e o filho: importantes na
fundação Região - Sul de Sergipe
Distância de Aracaju - 98 km
População - Cerca de 17 mil
Atividades econômicas - Agricultura
CINFORM 271
Foto da cidade na década de 30
de Umbaúba a primeira cadeira para ensino as melhorias implantadas na sua sede, vêm
primário. Com a morte do coronel Manoel torná-lo tão importante quanto sua sede,
Fernandes, o seu filho, o polêmico major Cristinápolis. Não tinha outra saída. Atra-
Cândido José de Araújo Viana, acabou do- vés da Lei Estadual 525-A, de 6 de feverei-
ando oficialmente a capela de Nossa Se- ro de 1954, no governo de Leandro Maciel,
nhora da Guia, fundada por seu pai, à ser- que também acabou criando novos muni-
ventia comum e livre dos moradores da cípios, Umbaúba passava então a ser verda-
localidade. Cândido Viana tinha grande deiramente um município independente.
influência política no Estado, fez uma grande
e estrutural reforma na capela para torná-la Anfilóvio, Zeca e o nome
igreja e foi um dos principais responsáveis
pela independência do povoado. Em 3 outubro de 1954 é realizada a
A atuação de Cândido Viana só veio ter primeira eleição em Umbaúba. Os mora-
resultado em 16 de outubro de 1926, quan- dores iriam escolher o primeiro prefeito e
do foi criado o Distrito de Umbaúba. Nes- os cinco primeiros vereadores. Dos 786 elei- Anfilófio Viana: primeiro prefeito
sa época, a pouca história do lugar faz refe- tores inscritos, votaram apenas 509. O ca-
rência ao capitão Alcides Bezerra Montei- rioca e bisneto dos fundadores de Umbaú- ro, Lourdes, etc?, lembra Zeca Ribeiro.
ro, filho daquelas terras, e que foi o maior ba, Anfilófio Fernandes Viana, é eleito o Seu projeto não foi aprovado. Quando
incentivador da construção de casas e aber- primeiro prefeito. Entre os cinco primeiros Umbaúba se tornou cidade independente e
tura de ruas. O capitão preparou, planejou vereadores eleitos estava o mestre de car- ele o primeiro vereador, um novo projeto
e executou uma série de ações que levaram pintaria José Dionísio Ribeiro, o Zeca Ri- foi apresentado em janeiro de 1955, na re-
Umbaúba a ser declarado município. Isso beiro, que nasceu em 1914, e foi vereador cém-empossada Câmara de Umbaúba.
só veio a acontecer quando das divisões ter- na Vila de Cristina. Quando Umbaúba fi- Mais uma vez queria que o município se
ritoriais de Sergipe, datadas de 31 de de- cou independente, voltei, acabei me ele- chamasse Nossa Senhora da Guia, mas tam-
zembro de 1936 a 31 de dezembro de 1937. gendo vereador por mais três vezes, reve- bém não tive sucesso, lamenta Zeca Ri-
Em 2 de março de 1938, Umbaúba se torna lou em 2000 o próprio Zeca Ribeiro. beiro. Todo ano, em 2 de fevereiro, o mu-
vila independente de Cristinápolis, e no dia Foi o então vereador da Vila de Cristi- nicípio de Umbaúba pára para a festa de
20 daquele mesmo mês é elevada à catego- na, por volta de 1947, que apresentou um Nossa Senhora da Guia. C
ria de cidade. projeto tentando mudar o nome do povoa-
Mas curiosamente nos anos seguintes o do. Era uma homenagem ao fundador do
Texto: CRISTIAN GÓES
município de Umbaúba ainda continuava lugar. Sempre defendi que o nome do po- Fotos e reproduções: MANOEL FERREIRA
aparecendo como um distrito de Cristiná- voado e depois cidade devia ser Nossa Se- Fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. Colaboração de
polis. Entretanto, o desenvolvimento agro- nhora da Guia. Não existem tantos nomes Gil e Anderson Fontes, professora Adiléia, José Dionísio
Ribeiro e Zeca Ribeiro.
pecuário, seu forte e crescente comércio e de santas em cidades como Glória, Socor-
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