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MAPA DO MUNICÍPIO DE MONTE SANTO DE MINAS, ONDE CONSTA O POVOADO DE NOSSA


SENHORA DOS MILAGRES E O DISTRITO DE POSSES, PUBLICADO EM 1927, NO “ÁLBUM
CHOROGRAPHICO MUNICIPAL DO ESTADO DE MINAS GERAIS”. PODE-SE OBSERVAR O
DESENHO DO PRÉDIO DO GRUPO ESCOLAR DOUTOR WENCESLAU BRAZ

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MENSAGEM DO PREFEITO

O ano de 2020 ficará marcado para sempre nas nossas vidas, e com certeza
na vida das próximas gerações. Este ano será lembrado como o ano da pandemia
do COVID-19 e por todas as complicações dela advindas. A economia muito
sofreu, as rotinas se transformaram drasticamente, muitos hábitos do nosso
cotidiano foram abandonados, outros tantos foram incorporados e infelizmente
muitas vidas se perderam. Um novo normal está sendo adotado e muito
dificilmente será abandonado mesmo depois da tão esperada vacina.
Mas, como que de tudo pode se tirar ensinamentos, e que nos leva ao
crescimento, e essa pandemia não seria diferente e não o foi. Com ela e por causa
dela, muitos tiveram a oportunidade de rever e reavaliar valores e objetivos da
própria vida, contribuindo dessa forma para uma grande evolução da humanidade.
Com certeza essas transformações serão percebidas e confirmadas em um futuro
bem próximo e para todo o sempre.
Para Monte Santo de Minas não está sendo diferente, apesar de muitas particularidades decorrentes do
bom trabalho realizado por equipes capazes, comprometidas e dedicadas; o que pode ser confirmado pelos
números até agora apresentados. A estas só nos resta dizer um enorme e humilde “MUITO OBRIGADO”.
Outras grandes transformações ocorreram também na política municipal, decorrentes de uma
administração preocupada com a legalidade, moralidade, transparência e respeito ao bem público e
conseqüentemente aos nossos munícipes.
Um ano de eleições municipais, sem a presença do atual chefe do poder executivo, tanto na disputa como
em apoio, deixando dessa forma a decisão para a população sem interferência alguma da administração atual. O
resultado alcançado será muito benéfico para todos. Uma transição pacífica como nunca antes se tem notícia,
colocando a política municipal em um patamar de nível superior.
Tenho dito e repetido que a reeleição é muito mais um projeto de poder do que um plano de governo. O
mandato tem data e hora para começar e data e hora para terminar. Todos sabem disso.
Uma das justificativas muito usadas para a reeleição é que os quatro anos do mandato não são suficientes
para se realizar “tudo” o que se pretendia; e como que oito anos seriam então? Não se pode esquecer que a
administração publica é uma obra que nunca ficará pronta. Isso não impede, é claro, que se de continuidade a
tudo aquilo que se tenha iniciado em um mandato e eventualmente não se tenho dito tempo ou recursos
suficientes para seu termino. A administração sucessora tem o dever e a obrigação de corrigir eventuais falhas
anteriores e dar continuidade aos benefícios alcançados para a população. Isso é política seria.
Espero que tudo aquilo que conseguimos conquistar e demonstrar durante este mandato, seja efetivamente
incorporado à administração municipal pelos próximos gestores, e que este seja apenas um marco para uma
grande transformação que servira de base para os próximos cem anos, no mínimo. Que assim seja...

Monte Santo de Minas, 20 de junho de 2020

PAULO SÉRGIO GORNATI


PREFEITO MUNICIPAL 2017-2020

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MENSAGEM DO PRESIDENTE DA CÂMARA DE
VEREADORES

Por que parece ser tão mais fácil reclamar da vida? Por que temos uma certa
tendência a ficarmos insatisfeitos e a achar que estamos muito longe de tudo aquilo
que sonhamos. Por que a grama do vizinho parece ser tão mais verde do que a
nossa? Será que é tão difícil olhar para a nossa vida e para nós com o mesmo olhar
que lançamos para os outros?
Nós precisamos aprender a ter orgulho do que somos, do que fazemos e do
que temos. Precisamos ser menos críticos e menos cruéis conosco, precisamos saber
relevar as nossas falhas e fraquezas e saber celebrar as pequenas conquistas diárias.
Os nossos dias são feitos de pequenos passos e é com o sucesso dos pequenos
passos que vamos chegar onde queremos.
É com este olhar generoso sobre mim e sobre a minha vida que eu agradeço
a Deus por ter permitido que eu fosse um representante do povo na Câmara
Municipal e que de alguma forma pudesse contribuir para o crescimento do nosso
município, principalmente, nesta comemoração tão especial, que são os duzentos anos. Tudo o que alcançamos
até hoje é fruto de um grande trabalho, de inúmeras pessoas. Reconheço o meu esforço e de todos os demais
trabalhadores e me reconcilio com os fracassos, por que, sei que nenhum deles foi grande o suficiente para levar
qualquer uma desistência, pelo contrário, somaram ainda mais forças para a continuidade do trabalho para Monte
Santo de Minas e Milagre.
Sinto-me muito honrado e agradecido por todos aqueles que confiaram e acreditaram em mim e no
trabalho de nossa Casa Legislativa.
Muito obrigado!

VEREADOR JEAN LUCAS BIAGGIO


PRESIDENTE DA CÂMARA DOS VEREADORES

MENSAGEM DO CONSELHO MUNICIPAL DO PATRIMÔNIO


HISTÓRICO E ARTÍSTICO

População Monte-santense e do Distrito de Milagre.


É com imensa satisfação e com muita gratidão que escrevo algumas
palavras para este tão importante anuário. Este material, é mais um grande
presente histórico e cultural para nossa sociedade.
Segundo o grande escritor Nildo Lage, “A cultura de um povo é o seu
maior patrimônio. Preservá-la é resgatar a história, perpetuar valores, é permitir
que as novas gerações não vivam sob as trevas do anonimato”, por isso, acredito
que com a edição magnífica deste documento, nossa sociedade garante a
preservação contínua das histórias e dos saberes de nosso povo.
Acredito na transformação do indivíduo, através da Cultura. Ela é uma
fonte inesgotável de vida. Através das expressões culturais, o ser humano
consegue se posicionar e demonstrar quem é o seu verdadeiro EU e as suas
maiores habilidades.
Monte Santo de Minas, é um grande berço cultural. Fenômeno de manifestações e sensações. Cidade
acolhedora. 200 anos de histórias!

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Tenho a grata satisfação de ter minhas raízes, aqui, neste chão Monte-santense. Hoje, tenho a honra de
estar na Direção do Departamento de Cultura, Turismo, Indústria e Comércio de nossa cidade, e que, graças ao
desempenho de uma grande equipe, conseguimos fomentar neste celeiro cultural, uma diversidade de ações.
A construção coletiva e a participação de todos os agentes culturais, trabalhadores da cultura,
incentivadores e da comunidade em geral, foi a prospecção para a grande mudança.
Os Conselheiros Municipais de Cultura e de Patrimônio Histórico e Artístico, tiveram e têm, papel
fundamental, no resgate, na perpetuação, no fomento e na propagação das ações e práticas culturais para com a
coletividade.
A história está diretamente ligada a pessoas e coisas. Por isso, almejo, que a chama do pertencimento e da
união para uma cidade melhor, esteja sempre acessa em cada coração.
Que continuemos semeando boas sementes, para que em terra fértil, sempre possamos colher grandes
frutos de um passado glorioso, para o presente e para o futuro.
Um dia, São Francisco de Paula do Tijuco Preto. Hoje, nossa bicentenária Monte Santo de Minas!
Muito obrigado.

BRUNO TRIPOLONI BALISTA


Presidente do Conselho Municipal de Cultura/Presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico
e Artístico/Presidente do Conselho Municipal de Turismo
Diretor do Departamento de Cultura, Turismo, Indústria e Comércio

MENSAGEM DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO,


CULTURA, TURISMO, ESPORTE E DESENVOLVIMENTO

Dia 26 de junho de 2020, aniversário da nossa terra, uma data importante.


Essa data tem, então, força, vigor, origem, e tem, sobretudo, um destino, que é rumo
ao desenvolvimento, à democracia política, social e econômica, à liberdade
concreta, à igualdade e à equidade reais, e, sobretudo, à felicidade e bem estar de
todos. Desejo nesse momento que esse o espírito de igualdade, fraternidade e de
altruísmo esteja conosco.
Minha reflexão será objetiva. Falo em nome da Educação, Cultura, Turismo,
Esporte e Desenvolvimento.
Neste momento tão importante – não apenas o aniversário de nossa amada
cidade, mas também o seu ducentésimo aniversário, comemorado com uma
administração que tanto trabalha para realizar os ideais de desenvolvimento,
igualdade, equidade, democracia, entre tantos outros, em todas as áreas de atuação
do poder público, como a saúde, assistência social, educação, cultura, transporte,
turismo, esporte, administração, entre outras -, é capital recapitular o percurso de
desenvolvimento realizado até aqui e expressar nossos desejos mais profundos para o futuro.
No âmbito da educação, existem hoje sob a administração municipal cinco escolas de ensino infantil I e
duas escolas de ensino fundamental I, além de um espaço de ensino em tempo integral de cada uma das escolas
de ensino fundamental I. A educação municipal coloca para si como objetivo promover uma educação de
qualidade, crítica, criativa, que promova a cidadania e considere o ser humano como um ser global: social,
histórico, psicológico e biológico, adotando práticas críticas e contextualizadas.
No âmbito da cultura, foram criados novos espaços físicos e oportunidades formais para formação e
expressão de nossos munícipes, sejam crianças ou não. Na área do turismo, inserimos o município no mapa do
turismo regional e estadual ao adentrarmos nas rotas turísticas e ao divulgarmos as belezas naturais e os serviços
de lazer do município na região.
No campo do esporte, diversificamos e inserimos novas modalidades esportivas ensinadas, como judô,
futebol, ginástica artística, entre outros.
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Já no âmbito do desenvolvimento, realizamos ações educativas voltadas para a capacitação em
empreendedorismo.
A partir de todas estas ações e muitas outras, possibilitadas pelo trabalho árduo de todos os servidores
públicos do município, percebemos que estamos no caminho certo. Muito ainda há a fazer para garantirmos
realmente e universalmente os direitos básicos, fundamentais e inalienáveis de todos os munícipes e de todos os
brasileiros em geral em um Estado Democrático de Direito, e, ainda mais do que em uma mera democracia
política, em uma democracia concreta, social e econômica: os direitos humanos, o direito à emancipação humana,
o direito ao desenvolvimento humano pleno, o direito à dignidade, ao trabalho, à educação, à saúde, à cultura, ao
bem estar, à superação das explorações econômicas e opressões sociais, à superação da diferença.
Nossa querida Monte Santo de Minas realizou um grande percurso de desenvolvimento ao longo de seus
duzentos anos. Acreditamos que ainda mais progresso seja possível, em todas as áreas da sociedade. Com
consciência, planejamento e ação, mas também com esperança e fé em um futuro de emancipação humana total,
de paz e harmonia reais, seguimos trabalhando nos orientando por tais ideais.
Agradeço a todos aqueles que contribuíram para os avanços recentes e, também, a todos aqueles que vieram
antes de nós. Agradeço a todos os que permitiram que eu e todos os outros contribuíssem e participassem da
construção de nossa querida cidade. Agradeço a todos os presentes. Muito obrigado!

PEDRO ROBERTO DA SILVEIRA


SECRETÁRIO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, CULTURA,
TURISMO, ESPORTE E DESENVOLVIMENTO

MENSAGEM DA SECRETARIA MUNICIPAL DE FINANÇAS

Mansamente levanta-se a cortina dos meus olhos e um amanhecer


especial vai se apresentando em cada detalhe...
O sol via nascendo, despontando-se todo grandioso, plainando
impaciente no horizonte para conferir seu brilho reluzente ao momento...
Uma brisa suave vem se encarnar ao instante com a imponência de
um maestro, dando o tom à melodia dos pássaros que bailam trajados na mais
aplumada elegância, conferindo também o compasso à dança das flores e das
folhas, que prepararam um colorido mágico para enfeitar o cenário...
O calendário registra dia 26 de junho de 2020: aniversário da minha
cidade, Monte Santo de Minas, que completa 200 anos de existência, uma
existência que vai muito além do simples e vago significado da palavra, mas
sim pela profundidade de sua conotação diante da vida... da cidade, do
distrito, da zona rural, dos filhos presentes, dos filhos distantes e dos filhos já
ausentes...
São duzentos anos de história, de uma magnitude alicerçada em
costumes, tradições e valores, nascidos do espírito de união e de trabalho daqueles que te fizeram nascer e
crescer...
Acredito eu, que aniversariar para qualquer pessoa é sempre uma ocasião para uma reflexão, para um
balanço, para uma avaliação do passado, do presente e do futuro. E com a cidade isso não é diferente, só que bem
mais complexo, uma vez que esta análise parte dos mais variados anseios e desejos de cada filho. Entretanto,
penso que todos comungam de um querer balizado nos mesmos princípios e objetivos, cujas ações visem o
despertar de suas potencialidades, para seu crescimento, desenvolvimento e progresso...
Aniversariar é muito mais que um marco a se registrar, é uma oportunidade de repensar, reprogramar e
recomeçar, olhar para trás buscando aprender com os erros e acertos do passado, projetá-los para o presente e
traçar planos olhando para o futuro, buscando conquistar novos sonhos, novas realizações, escrevendo a nossa
história através dos anos...

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É com base nesta reflexão que expresso meus votos de feliz aniversário a você, minha Monte Santo de
Minas...
Desejo que aos que por aqui passarem, administradores e cidadãos, visem sempre o melhor para ti, que
norteiem seus atos pelo coração, imbuídos de coragem e determinação, rente ao que é verdadeiro e de direito,
identificando sempre as prioridades coletivas e não pessoais. Afinal, os resultados tornam-se reais quando
mutuamente conjugamos dedicação em nossas metas, trabalho em nossos braços, sabedoria em nossos atos,
atrelados à atividade criadora do nosso espírito e na incessante devoção às coisas que queremos ver acontecer,
olhando para trás com gratidão e para frente com determinação e fé...
Na qualidade de Secretária Municipal de Finanças, desejo ainda a ti, minha amada Monte Santo, que a
matemática do tempo registre sempre em sua contabilização, a soma de esforços, a multiplicação de recursos, a
divisão de resultados e a apuração líquida de um superávit que reflita e perpetue benefícios a todos os seus
filhos...
Agradeço a Deus a dádiva de poder comemorar contigo seu bicentenário e de poder registrar aqui minha
singela mensagem!
Feliz aniversário Monte Santo de Minas!

CARLA ADRIANA PICININI GIACOMELLI


SECRETÁRIA MUNICIPAL DE FINANÇAS

MENSAGEM DA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE PÚBLICA

Queridos monte-santenses,
Estar à frente da Secretaria de Saúde do nosso município neste
ano, é motivo de muito orgulho, porém, de muita responsabilidade.
Orgulho, pois comemorar esta data histórica para nossa cidade,
nos faz cheios de gratidão e reforça ainda mais o nosso compromisso
para com nossos cidadãos.
Responsabilidade, porque justamente neste ano de comemoração
do bicentenário, o mundo enfrenta a pandemia da COVID-19, tornando
o trabalho da saúde publica ainda mais árduo e desafiador.
O compromisso dessa secretaria nesta gestão, sempre foi prestar
um atendimento de qualidade e humanizado, visando a integralidade e a
universalidade dos serviços de saúde.
Assim venho nesse momento, tentar passar a todos, uma
mensagem de paz, transmitindo aos Monte-santenses e Milagrenses
muita luz, conquistas e renovações de votos em suas vidas.
200 anos uma data eternizada em nossos corações... Viva Monte Santo.

JUNIA CARLA SANTIAGO RODRIGUES RIBEIRO


SECRETÁRIA MUNICIPAL DE SAÚDE PÚBLICA

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MENSAGEM DA SECRETARIA MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO GERAL

Monte Santo é conhecida por toda região pelo seu povo acolhedor,
carismático e feliz. Além disso, é nítida a beleza de nosso município e a
devoção de todos os munícipes pela nossa querida cidade.
Nos meus quase trinta anos de serviço público, pude acompanhar
vários mandatos, cada qual com seu próprio jeito de administrar, mas todos
demonstrando um carinho e cuidado por nossa terra, que fizeram com que
ela se tornasse uma cidade com uma excelente qualidade de vida.
Por mais que alguns monte-santenses, especialmente os mais novos,
tenham o hábito de saírem da cidade em busca de seus sonhos e novas
oportunidades de estudo e trabalho, fica claro o desejo de retornarem para
Monte Santo e desfrutarem da tranquilidade e bem-estar que nossa cidade
proporciona aos seus habitantes.
Além das belas paisagens e de seu destaque no setor do Turismo,
Monte Santo é um bom destino para quem procura uma vida agradável em
uma cidade tranquila, segura e acolhedora.
Por isso, o que eu desejo para o futuro, é que possamos achar um
caminho para que a cidade cresça cada vez mais, especialmente no desenvolvimento econômico e gestão de
empregos, para que nossos jovens possam realizar os seus sonhos sem sair dessa cidade tão amada e querida por
todos nós.
JOELMA DE FÁTIMA DIÓGENES BENTO
SECRETÁRIA MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO GERAL

MENSAGEM DA SECRETARIA MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Feliz 200 anos, Monte Santo de Minas!


Hoje, 26 de junho de 2020, o passado se encontra com o
presente.
Há 100 anos, nossos ancestrais, nos deixavam uma mensagem,
que de alguma forma, tinha um significado para eles, e a nossa parte é
ler e interpreta-la de forma positiva, usando assim a experiência do
tempo para escrever um futuro melhor. Hoje, essa é nossa
responsabilidade.
Com o olhar voltado a Secretaria Municipal de Assistência
Social consigo ver a dificuldade de sobrevivência aumentando a cada
dia que passamos por essa pandemia, o trabalho está sendo árduo mas
conseguiremos honrar os princípios da Assistência Social
(universalização dos direitos sociais, respeito à dignidade e autonomia
do cidadão e igualdade de direitos).
É importante entendermos que o momento que estamos vivendo
é novo, mas de alguma forma iremos usá-lo como aprendizado, uma
reflexão de como podemos ser melhores para o próximo, de como
valorizar cada momento, pois eles são únicos. Uma época marca uma
história, uma história marca uma vida.
Ainda temos muito o que aprender, mas também ao mesmo tempo muito o que ensinar.
Hoje, cada um de nós, temos um desejo, creio que a maioria espera que consigamos passar por esse
momento tão delicado, desejamos a vitória, que ela seja por meio da vacina ou outra forma que a ciência

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encontrar para combater esse inimigo invisível que ameaça nosso futuro. Estamos em guerra, porém, com fé e
garra sairemos vencedores.
Por fim, lembremos, que a vida só pode ser compreendida olhando para trás, mas só pode ser vivida
olhando para frente.
Proponho que hoje os nossos valores (respeito, empatia, solidariedade e ética) falem mais alto e o
presente se encontre com o futuro.

BÁRBARA JORGE NASCIMENTO


SECRETÁRIA MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

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DECRETO Nº 2.150/2020

Dispõe sobre a nomeação dos membros do Conselho Municipal de


Cultura de Monte Santo de Minas para o biênio 2020/2022.

O Prefeito Municipal de Monte Santo de Minas, Estado de Minas Gerais,


no uso de suas atribuições que lhe confere o artigo 96 da Lei Orgânica do
Município,

DECRETA:

Art. 1º Ficam nomeados os membros do Conselho Municipal de Cultura do Município de Monte Santo de
Minas/MG, a saber:

- Representantes da Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Turismo, Esporte e


Desenvolvimento:
Titular: Bruno Tripoloni Balista
Suplente: Luciene Aparecida de Lima Bressan

- Representantes da Associação Pró-Cultura


Titular: Marta Regina Martins
Suplente: Isabela Maira Martins Pereira

- Representantes da CRIART - Associação Artistas e Artesãos de Monte Santo de Minas


Titular: Norma da Silva
Suplente: Ivani Ragazzi Ribeiro

- Representantes das Associações do Carnaval Local


Titular: Aroldo Moura Ferreira Júnior
Titular: Djalma Sardelli de Oliveira
Suplente: Letícia Batista dos Santos
Suplente: Lucas Antônio Cecílio Silva

- Representantes dos Clubes da Terceira Idade


Titular: Sandra Aparecida Cecílio Silva
Suplente: Adriana Ramos de Souza Guerzoni

- Representantes da ACIMS - Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Monte Santo de


Minas
Titular: Carlos Aparecido Perlotti
Suplente: Bianca Pucci Palacini

- Representantes dos Grupos de Folias de Reis


Titular: João Augusto Espósito Lopes
Suplente: Adriano dos Reis Lopes

- Representantes dos Diretores de Escola Pública Municipal ou Estadual, ou particular, indicado pela
Secretaria Municipal de Educação
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Titular: Elisete da Silveira Silva
Suplente: Cláudia Perpétua Baldo dos Santos

- Representantes da comunidade, cidadãos residentes no Município, com conhecimento e interesse na


área, preferencialmente responsáveis por equipamentos culturais, tais como Museus, Bibliotecas,
Centros Culturais ou teatro, cujo nomes serão apresentados ao Prefeito Municipal pelos
representantes acima elencados.
Titular: Dulcelena Albertini Marques
Titular: Egmar Garcia Ribeiro
Titular: João Paulo de Castro Sant’Ana
Suplente: Tânia Maria Souza Lopes
Suplente: Edna Regina Antoniolli
Suplente: Tatiana Tizzot Pereira Lima

Art. 2° As funções reservadas a cada membro deste Conselho estão definidas no Art. 2º da Lei Municipal n°
2.267/2020 e em seu Regimento Interno.

Art. 3º A nova Diretoria para o biênio 2020/2022 será eleita na Assembleia Geral de posse dos novos
membros.

Art. 4º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Monte Santo de Minas, 24 de julho de 2020.

Paulo Sérgio Gornati


Prefeito Municipal

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DECRETO Nº. 2.093/2019
“Dispõe sobre a nomeação dos membros do Conselho Municipal do
Patrimônio Artístico e Cultural de Monte Santo de Minas para o
biênio 2.019/2.021”

O Prefeito Municipal de Monte Santo de Minas, Estado de Minas Gerais, no uso de suas atribuições
que lhe confere o artigo 96 da Lei Orgânica do Município,

DECRETA:

Art. 1º - Ficam nomeados os membros do Conselho Municipal do Patrimônio Artístico e Cultural de Monte
Santo de Minas/MG, a saber:

Conselheiros Titulares:

1. Luciene Aparecida de Lima Bressan;


2. Bruno Tripoloni Balista;
3. Daiane Reis;
4. Lúcia Aparecida Neves Santos;
5. Lucas Duarte de Paula;
6. Marlene Félix Pucci Palacini;
7. Elen Silva Fichina.

Conselheiros Suplentes:

1. Tiago José Manoel;


4. Rogério Paulino Silva;
3. Tânia Márcia Lopes Ribeiro;
4. Sônia Aparecida Felix;
5. Jorge Mazzaro Neto;
6. Ana Paula Pereira de Mello Ramalho;
7. Ana Claudia Silva Barbosa Lima.

Art. 2° - As funções reservadas a cada membro deste Conselho estão definidas no Art. 4º da Lei Municipal
n° 1.726/2010 e em seu Regimento Interno.

Art. 3º - A nova Diretoria para o biênio 2.019/2.021 será eleita na Assembleia Geral de posse dos novos
membros.

Art. 4º - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário, em
especial o Decreto nº. 1.787/2017.

Publique-se, registre-se e cumpra-se.

Monte Santo de Minas, 12 de dezembro de 2019.

Paulo Sérgio Gornati


Prefeito Municipal

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APRESENTAÇÃO
para os amantes das palavras com sentido figurado.
Escrevi estas linhas, acima de tudo, para dar
satisfação a uma necessidade íntima de meu
coração (neto de monte-santenses). Sempre nutri o
desejo de escrever os fatos ligados ao passado
histórico de Monte Santo de Minas.
Quando ainda criança, tomei conhecimento
do sugestivo trabalho de Luiz Antonio Novelli –
“Monte Santo de Minas: história e atualidade”, que
foi, sem dúvida a fonte motivadora que me levou
ao desejo ardente de conhecer mais detalhes e
profundidade, a história de Monte Santo de Minas.
Um outro fator preponderante foi as longas
conversas com meus avós maternos: João Ribeiro
de Lima (Joãozinho Cassiano, 1904 – 2009) e
Maria Julia Barbosa (Piruca, 1915 – 1997); os
primos João Ribeiro de Faria (1904 – 1996); dr.
A fim de assinalar os 200 anos da provisão Domingos Luz de Faria (1916 – 2011) e Ranulpho
que autorizou a construção da capela de São Faria (1906 – 1991), quando ficávamos horas
Francisco de Paula do Tejuco, datada de 20 de seguidas, trocando informações e impressões sobre
junho de 1820, reuniu-se neste trabalho os fatos ocorridos e sobre nossos antepassados em
contribuições para a história de Monte Santo de comum. Uma outra parenta que me influenciou foi
Minas, para o município de Arceburgo (distrito a Petronilia Paulino da Costa (Pedra, 1919 - 1992),
judiciário) e distrito de Milagre. É como se que tinha um raro exemplar do “Anuário de Monte
resgatássemos, além da historiografia, a alegria e a Santo”, publicado em 1942, pelos editores dr.
empolgação que envolveram os eventos em 1920. Joaquim Ernesto Coelho; Elpídio Alves e José
As poucas crônicas dos acontecimentos da festa – Tigani, em sua casa e que eu não me cansava de
discursos, sessões literárias, espetáculos de fogos, folhear e ler, quando íamos passear em sua casa.
teatro, bandas de música, missa solene, desfiles, É fácil compreender em trabalhos dessa
banquete, baile – revela também os espaços natureza que, em muitos tópicos faltam dados
seletivos da festa, o lugar e o papel de cada grupo, complementares que, livros cartoriais, visitas ao
de maneira a permitir que contemple a cidade na Museu Municipal “Dr. Joaquim Ernesto Coelho”
diferenciação e no conflito que caracterizam a não foram conseguidos ou não me chegaram às
cultura urbana. À crônica da festa, segue-se o mãos a tempo de aqui figurarem.
jornal “Commercio e Lavoura”, redatores Sem outra aspiração, a não ser a de
Francisco Coelho e Olyntho Coelho, com a preservar a memória do passado histórico de
transcrição do discurso feito pelo dr. Joaquim Monte Santo de Minas, mostro à juventude o
Leonel de Michelet Navarro, sendo ao final muito exemplo do trabalho expressivo e, sobretudo, de
aplaudido. Na mesma ocasião, falou o dr. Pedro muito amor à Cidade – trabalho realizado por
Saturnino Vieira de Magalhães, poeta e tido como nossos antepassados e que, espero, sirva de
grande orador, que residiu em Muzambinho, Minas inspiração às novas gerações, na construção da
Gerais, naquela época que tinha vindo grandeza de Monte Santo de Minas.
especialmente para assistir os festejos do primeiro Rendo também minha homenagem à
centenário. memória do professor José Ferreira Carrato (1914
Quero declarar que este modesto trabalho – 1996), que dedicou longo tempo ao estudo e à
não é de história para os eruditos, nem de literatura pesquisa do passado histórico de Monte Santo de

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Minas, e graças sua inteligência privilegiada e a Apesar do cuidado e do rigor empregados
solidez de sua cultura especializada, projetou-se na utilização dos métodos, pela amplitude do
como uma das mais expressivas figuras no cenário trabalho, é provável que alguns enganos ou
da educação e da historiografia brasileira. omissões tenham sido cometidos. Portanto,
Somos particularmente gratos ao prefeito solicitamos sua compreensão no sentido de não
Paulo Sergio Gornati, ao Bruno Tripoloni Balista, julgar esse trabalho com crítica demasiadamente
diretor do Departamento de Cultura, Turismo, severa, porém com benevolência.
Indústria e Comércio e ao Pedro Silveira, Não poderia deixar de citar que sou
Secretário Municipal de Educação, Cultura, pentaneto de João Ferreira da Costa (São João del
Turismo, Esporte e Desenvolvimento, que Rey, Minas Gerais, 1784 – Monte Santo de Minas,
contribuíram para a concretização deste trabalho. A Minas Gerais, 1849) e tetraneto de Francisco
eles os nossos agradecimentos e também as nossas Mendes Carneiro (São João del Rey, Minas Gerais,
excusas pelas falhas provavelmente encontradas no 1755 – Monte Santo de Minas, Minas Gerais,
texto. 1839), lavradores, viviam de seu trabalho. Eram
Agradecimentos pela colaboração assinada letrados, o que dava uma superioridade sobre
por autores que atenderam ao nosso apelo; aos muitos de seus contemporâneos. Buscavam a
depoimentos recolhidos oralmente de diversas riqueza pela mineração do ouro. Chegados na
pessoas e aos quais renovamos os nossos região dos “Sertões do Jacuhy”, onde o ouro era de
agradecimentos, textos e tópicos não assinados são aluvião, com a decadência do minério, tornaram-se
de autoria e responsabilidade do redator. novamente lavradores, mas aí com vasta extensão e
A minha homenagem aos longevos monte- são considerados, com muita propriedade e justiça,
santenses centenários, que são fiéis depositários da secundados com outros como fundadores de Monte
história, da tradição e da memória dessa cidade Santo de Minas.
bicentenária: dona Noêmia Luz Castro Moscardi Em 02 de dezembro de 1720, a Capitania de
(1913), Graciano de Oliveira (Fiúca, 1916), João São Paulo e Minas do Ouro foi desmembrada pela
Camarota (1917), Antonio Abrão Jorge (1917), Coroa Portuguesa, sendo criada a Capitania de
Ataliba Pereira Lima (1920) e dona Alacir de Lima Minas, que se tornou conhecida como Minas
Paulino (1920). São muitas vitórias, conquistas e Gerais.
lembranças... mas o que quero frisar é que esses Comemoramos 300 anos de Minas nos
homens e mulheres centenários servem de propondo a celebrar (o passado), refletir (sobre o
inspiração para todos nós. presente) e projetar (o futuro), a fim de contribuir
Como norma geral, procuramos descrever para a transformação de Minas por meio de um
os fatos históricos calcados nas informações processo inclusivo, solidário, sustentável e
obtidas sem recorrermos a apreciações elogiosas democrático.
desnecessárias. Os primeiros tempos da mineração foram
Finalmente, neste momento de alegria e marcados por turbulências e conflitos, que a Coroa
satisfação, quando celebramos o Bicentenário da Portuguesa buscou enfrentar mediante a imposição
Fundação de Monte Santo de Minas – embora a do Fisco, da Justiça e da Polícia. Ao longo do
pandemia mundial do COVID-19 tenha restringido século XVIII, foram inúmeras as revoltas, os
os festejos, por conta do isolamento social e motins, a fuga de escravos e a formação de
demais normas higiênicas e sanitárias que foram quilombos.
impostas à população mundial a fim de conter o Minas Gerais teve importante papel no
contágio dessa doença mortal – quando temos prenúncio da nação, que é o principal significado
concluída esta pequena obra que nos propusemos da Inconfidência Mineira, tendo tido importante
realizar, trazemos à nossa memória as figuras dos participação na constituição do Estado Nacional,
fundadores de São Francisco de Paula do Tejuco, com o Império, e na implantação da República.
movido por fatores bem definidos e dos pioneiros Celebrar Minas! Muito mais antiga que esses 300
que a desenvolveram, a ponto de fazer de Monte anos, que marcam a criação da capitania das Minas
Santo de Minas o que de fato representa na Gerais... vamos cantar e contar a História e seu
comunidade de Minas Gerais. povo maravilhoso e sofrido e sonhar com futuros
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luminosos, não obstante a escuridão destes nossos
tempos! (Sander Rogério Ribeiro Pereira,
"... Disse que o mineiro não crê demasiado historiador, docente especializado e pós-
na ação objetiva; mas, com isso, não se anula. Só graduado em metodologia do ensino de
que mineiro não se move de graça. Ele permanece história (UNIFEG); detentor da Medalha
e conserva. Ele espia, indaga, protela ou palia, se
“Israel Pinheiro”, do Instituto Histórico e
sopita, tolera, remancheia, perrengueia, sorri,
Geográfico de Minas Gerais e sócio
escapole, se retarda, faz véspera, tempera, cala a
boca, matuta, destorce, engambela, pauteia, se honorífico do Instituto Histórico e Cultural
prepara. Mas, sendo a vez, sendo a hora, Minas de Arceburgo, Minas Gerais).
entende, atende, toma tento, avança, peleja e faz.
Sempre assim foi. Ares e modos. Assim seja..."
(João Guimarães Rosa).
Monte Santo, 26 de junho de 1820/2020.

MONTE SANTO (MINHA TERRA)


Saudosa, regressei a Monte Santo! Não! Não entro! É cruel uma ilusão.
Meio descrente, é certo, pois pensei Eu preciso enfrentar a realidade
Que infantil sonho fosse todo o encanto Junto à tumba, chorando, eu vi-me, então,
Que na imaginação eu engendrei! E de mamãe minoro esta saudade.

Eis que chego, meu Deus! Tudo é verdade! E não me contraria a Natureza
O céu daqui é um céu tão diferente! Que inda me abraça, benfazeja e amiga!
De azul bem mais azul, na realidade, Com os mesmos hinos de invulgar beleza
E é mesmo o brilho seu mais envolvente! Ouço dos ninhos pristina cantiga!

As ruas alargaram suas asas... Os mesmos campos com as mesmas flores!


E esses progressos os achei tristonhos! Nas relvas deito-me, abraço o céu!
Tive saudade só das velhas casas, As mesmas tardes com as mesmas cores,
Que me abrigaram com meus velhos sonhos! Até que a noite chegue com seu véu!

Em toda face vi sorriso amigo...


Como em criança eu corro pelos vales
E me senti ali “alguém” na vida!
E bebo água encantada em minhas fontes!
Noutras terras não tenho o mesmo abrigo
P’ra tirar de minh’alma todos os males,
Sou triste em multidão desconhecida!
De Monte Santo eu beijo os Santos Montes.

Quedei-me em frente à casa acinzentada,


A que me deu abrigo quando infante, HEBE MARY NAVARRO PONTES
E quis sentir ali amargura CAMPOS
De minha mãe, calor naquele instante.

-15 -
APONTAMENTOS PARA A HISTÓRIA DE MONTE
SANTO DE MINAS

Obeslisco comemorativo do 1º
Centenário da Fundação de Monte Santo
de Minas e o coreto no Jardim Velho.

As raízes históricas de Monte Santo de “Enquanto isso, abandonando suas


Minas remotam ao período do desbravamento do exploradas minas, Jacuí procurava desenvolver-se
sul de Minas Gerais pelos bandeirantes paulistas, por outros caminhos, com vários de seus habitantes
mais precisamente à época das famosas lavras de invadindo regiões próximas aos distritos,
Jacuí. Os primeiros habitantes do município foram derrubando matas, abrindo picadas e povoando
os garimpeiros que iam em busca do ouro pelo terras mais férteis para a lavoura. Iam, assim,
território de São Carlos do Jacuí, vindo das Lavras aparecendo pequenos bairros (fazendas) que, por
do Funil, de Oliveira, de São João del-Rey e de sua vez, iriam transformar-se em novos povoados.
outros municípios. Atraídos pelas belezas naturais A partir de 1814, as freguesias de Jacuí,
e pela fertilidade do solo, abandonaram, aos Cabo Verde, Carmo do Rio Claro, Caldas e
poucos, o garimpo e se dedicaram aos trabalhos da Douradinho passaram a fazer parte da jurisdição do
agricultura e o consequente desbravamento das termo da vila de São Carlos do Jacuí, enquanto as
matas do lugar. freguesias de Ouro Fino, Santana do Sapucaí,

-16 -
Camanducaia, Pouso Alegre, continuaram a fazer Esses dois povoados estavam distantes e
parte do termo da Campanha da Princesa. dificultavam a ida de seus moradores a Jacuí, então
A Comarca do Rio das Mortes em 1815 era Francisco Mendes Carneiro (1755 – 1838) e
composta pelas vilas de São João del-Rey, São Francisco Leal Alemão (1752 – 1839), dois
José del-Rey, Campanha, Queluz, Barbacena, habitantes desses bairros, distantes algumas léguas
Tamanduaí, Jacuí e Baependi. de Jacuí, foram a essa vila à procura do pároco.
As primeiras penetrações de desbravadores Queixavam eles das dificuldades enfrentadas por
no território municipal se deram na primeira suas famílias para ir à Igreja Matriz, pois grande
década do século XIX, data mais remota que se era a distância em que moravam e quase
tem conhecimento na história de Monte Santo de instransponíveis os caminhos que deveriam
Minas. Diz-nos percorrer. Para
o historiador, resolver esse
Luiz Antônio problema, o
Novelli, que: pároco
“a história de orientou-os
Jacuí ficou para que
ligada de requeressem ao
maneira bispo de São
indissolúvel Paulo uma
aos bairros provisão que
que iam lhes permitisse
nascendo”. erigir uma
Dois desses capela onde
bairros eram o moravam. Dias
Pinheirinho e o depois, dom
Sapé. No Matheus de
Pinheirinho, Abreu Pereira
em 1817, já (1796-1824)
vivia Francisco recebia em São
Mendes Paulo o
Carneiro, seguinte
conforme requerimento,
pode-se atestar com data de 27

no documento que Cópia da provisão do bispo de São Paulo de maio de 1820: "Exmo
transcrevo: “Aos vinte e autorizando a ereção da capela de São Francisco e Rvmo. Sr. Dizem
quatro de julho de mil, de Paula do Tejuco (1820). Francisco Mendes
oitocentos e dezacete anos Carneiro, Francisco
nesta Matriz de Jacuhy, baptizei digo “sub Leal Alemão e outros moradores do bairro do
extremis” e pus os Santos Óleos à Adão nascido a Sapé, do termo da Villa de S.Carlos do Jacuhy, que
quatorze de maio próximo passado filho legitimo elles suplicantes moram distantes de sua Matriz
de Joaquim e Maria, escravos de Francisco sete léguas, e com caminhos asperos e por isso não
Mendes Carneiro, morador do Pinheirinho; forão podem cumprir, como desejão, com os preceitos da
padrinhos Francisco da Silva, que validamente o Santa Igreja, para cujo fim, aspirão, supplicão e
baptizei e Joana Vieira, viúva de José Lopes, todos pedem a Vossa Excelencia Reverendissima seja
d’esta freguesia do que fiz este assento que servido mandar-lhes passar provisão para erigir-
assigno. O vigário coadjutor, Francisco Moreira se uma capella no dito bairro, com a invocação de
de Carvalho”. (Livro de Batismos da Paróquia de São Francisco de Paula. Esperão receber mercê”.
São Carlos Borromeu, 1810/1848, Diocese de Vários dias já eram passados quando, por
Guaxupé, Minas Gerais). intermédio do pároco de Jacuí, os moradores
-17 -
receberam com júbilo a seguinte provisão: “D. de coqueiros, o que não corresponde à verdade
Matheus de Abreu Pereira, por mercê de Deus e da histórica, pois para que a capela fosse curada, a
Santa Sé Apostólica, Bispo de São Paulo, do mesma deveria ser construída de pedra e cal, e não
Conselho de Sua Majestade Fidellissima, etc. etc. somente de madeira ou de barro. Deveria ter altar-
Aos que nossa Provisão virem, saude e benção em mor com retábulo, púlpito, confessionário, sacristia
o Senhor. e sinos, pia batismal de pedra, alfaias e
Fazemos saber que attendendo Nós ao que por sua paramentos. Além de um cemitério murado.
petição representarão Francisco Mendes A pequena igreja – talvez projetada por
Carneiro, Francisco Leal Alemão e outros Francisco Mendes Carneiro e que veio completar a
moradores do bairro do Sapé, termo da Villa de
paisagem urbanística do povoado teria sido
São Carlos do Jacuhy, havemos por bem pela
presente conceder-lhes faculdade para que possão, edificada ainda naquele ano de 1820 – modesta e
sem prejuizo dos Direitos parochiaes, fundar, simples em suas linhas arquitetônicas. A capela
erigir e edificar no dito bairro uma Capella, com a era, entretanto, em sua visão global, inspirada nas
invocação de São Francisco de Paula, com tanto construções das primeiras capelas do barroco
que seja em logar decente, alto, livre de humidade, primitivo mineiro – de origem portuguesa. Toda
desviado o quanto for possivel de logares caiada de branco, era destaque no centro da clareira
immundos, sordidos e de casas particulares, não
aberta na mata e no denso capoeirão, que cobria o
sendo porem em logares ermos e despovoados, em
ambito sufficiente para poderem andar procissões, local onde hoje se localiza a Escola Estadual
de sorte que fique “Américo de
Desenho alegórico da capela de São
com capacidade Paiva” e os
Francisco de Paula do Tejuco, por
para pelo tempo arredores do
volta de 1825.
futuro servir de prédio do
Matriz, se for Seminário
preciso, o qual
São Camilo.
logar será
assignalado pelo Por
Muito Reverendo esse tempo,
Vigario da dita os primeiros
Villa, a quem por caminhos
esta mesma damos abertos,
comissão e
cortando as
observará o que
determina a matas e os
Constituição do campos já
Bispado e depois de ligavam o
acabada, se não poderá nella dizer Missa sem povoado, que nascia, à vila de Nossa Senhora das
nova licença Nossa, para o que precederá Dores de Casa Branca, a São Bento do Cajuru, ao
informação de logar e capacidade da mesma Ribeirão das Canoas (Mococa), a São Sebastião da
Capella e escriptura de dote competente que ao
Serra (São Sebastião do Paraíso), a Caconde e ao
menos valha cem mil réis e renda seis mil réis em
cada anno para sua fabrica, reparação e sul de Minas.
ornamentos. Em Monte Santo, as tropas tiveram também
Dada em S. Paulo, sob nosso sello e Nossas o seu grande papel. Existiram pousos de tropeiros
Armas, aos vinte e seis de junho de 1820. E eu, o por muitos anos, na confluência da atual rua
Padre Ildefonso Xavier Ferreira, Official da Coronel Lucas Magalhães (antiga rua do
Camara Episcopal a escrevi. Matheus, Bispo". Comércio, então a de maior movimento) com a
Construída a primeira capela no Sapé, e que
avenida Coronel Antônio Paulino da Costa. Ali
segundo antiga tradição, esta localizava-se nas
chegavam e dali partiam os lotes de tropas para
imediações da atual Escola Estadual “Américo de
Mococa e para São Sebastião da Serra (hoje do
Paiva”: era necessário um capelão ou cura para
Paraíso). Os lotes chegavam com as mercadorias
atender as necessidades espirituais dos primeiros
da Corte (Rio de Janeiro) e de São Paulo e levavam
moradores. Segundo contavam, essa capela foi
café, mantas de carne de porco, toucinho e gêneros
construída de taipa de pilão e coberta com folhas
da terra. Há notícias de algumas pessoas que
-18 -
controlavam tropas: João Barbosa de Castro, com 1.327 moradores, sendo 1.101 (livres) e 226
Miguel Eugênio da Luz, Manoel Francisco (cativos) e tendo 215 casas, ao mesmo tempo que a
Marôcho, Luiz Xavier da Costa, João Maurício de lavoura e a criação de gado cresciam, alargando as
Souza, Pedro José Gomes e Thomaz Ramos da transações comerciais, canalizando recursos
Silva. Eram rancheiros e hoteleiros Domiciano econômicos para o progresso material. Como
Rodrigues da Silva, José Caetano Vasco, Manoel marco do patrimônio doado e da criação – tanto do
Luiz Ferreira e José Luiz Ferreira. povoado como da capela curada – foi erguido um
Em 1825, o bairro do Sapé era já chamado cruzeiro na frente da capela que, por longos anos,
de Aplicação de São Francisco de Paula do Tejuco protegeu os que eram sepultados à sua sombra
e o primeiro capelão foi o padre Manoel Machado (tem-se notícias orais de que o primeiro cemitério
da Assumpção (1783 – 1848). A capela curada ou fora construído onde hoje está o edifício do Fórum
curato, era um título oficial dado pela Igreja “Tito Livio Pontes”). Segundo Eduardo Mafra:
Católica a um “povoado” com determinada ...“Origem colhida por tradição. Em 1815,
importância Valentim Leal
econômica e Alemão (aqui há
populacional. uma contradição,
O distrito das pois Valentim Leal
capelas Alemão nasceu em
curadas se São João del-Rey,
denominava Minas Gerais, a 24
“Aplicação” de fevereiro de
e era 1799, e nessa
essencialmen ocasião ela teria
te uma cerca de 16 anos,
divisão presume-se, então,
eclesiástica. que seja seu pai,
Entretanto, já Francisco Leal
importava Alemão), José
em importantes Assinatura e manuscrito do capitão João Pedro Coelho, Ferreira Barboza e
consequências como primeiro juiz de paz do distrito da capela de São outros velhos habitantes
administrativas: o Francisco de Paula do Tejuco Preto, datado de 05 de fizeram doação de 50
fevereiro de 1832.
aglomeramento alqueires de terra nas
urbano deveria cabeceiras do córrego
obedecer aos códigos de posturas da vila “Tijuco”, como patrimônio de uma povoação à
(municípios) e eram eleitos e nomeados os fundar-se. Em 1820, os mesmos doadores e alguns
primeiros juízes de paz divididos em “fogos” e originários, depois de edificarem suas moradas no
“quarteirões”. A lei dizia que “em cada uma das nascente povoado, solicitaram a respectiva licença
freguesias e capelas curadas haverá um juiz de paz do Bispo de S. Paulo etc”.
e um suplente, para servir no seu impedimento, A Comarca do Rio Sapucaí, criada pela
enquanto não se estabelecem os distritos conforme resolução de 30 de junho de 1833, compreendia os
nossa divisão estatística do Império”. O primeiro termos das vilas da Campanha, Jacuí e Pouso
tabelião nomeado foi o alferes Cassiano José de Alegre.
Lima (1811 – 1879) e o primeiro Juiz de Paz, o O capitão João Pedro Coelho, nascido em
capitão João Pedro Coelho (1779 – 1838). 1779, natural de São Nicolau, arcebispado do
A construção da capela sob a invocação de Porto, reino de Portugal, adquiriu na região, a
São Francisco de Paula (lembrança do onosmático fazenda do Pinheirinho, transferindo para ela sua
dos dois fundadores Francisco Mendes Carneiro e residência. Logo, tomou vivo interesse pela
Francisco Leal Alemão) impulsionou o fundação do povoado, tornando-se figura de
desenvolvimento da nova povoação e foram destaque – em função dos muitos conhecimentos
surgindo novas construções: já contava, em 1831, que possuía, de sua capacidade de trabalho e de
-19 -
suas qualidades de planejador de visão. Era um contagem da população através da “Relação dos
homem bem informado, dono de um razoável Habitantes do Distrito da Capela de Sm Francisco
saber, considerando-se as circunstâncias do tempo de Paula do Tejuco Preto do Termo da Villa do São
em que viveu. O capitão João Pedro Coelho foi um Carlos do Jacuhy”. O capitão João Pedro faleceu
dos signatários do auto da criação de São Carlos do em 1838.
Jacuhy, no ano de 1815. Em 1824, o capitão João No livro “Corografia Histórica da Província
Pedro Coelho era o presidente da Câmara da Vila de Minas Gerais, publicado em 1837, de Raimundo
de São Carlos do Jacuhy e morador no bairro rural José da Cunha Mattos, volume I, páginas 154 a
Pinheirinho. Em 1831, na qualidade de 1º juiz de 157, apresenta o seguinte resumo estatístico do
paz do distrito de São Francisco de Paula do termo de Jacuí:
Tejuco Preto, o capitão João Pedro Coelho fez a
Distritos Fogos Numero de Habitantes
Jacuí (sede) 189 960
Pinheirinho 143 919
Aterrado 116 730
Chapadão 225 1379
Serra 58 549
Cabo Verde 340 1972
Cascalho ou São José e Dores 134 853
Pinhal 88 612
Pedra Branca 169 935
Mozambo 273 1.371
Sacra Família 98 986
Carmo do Rio Claro 178 1.175
São Joaquim das Correntezas 110 639
São Sebastião da Ventania 258 1.555

Pinheirinho pode ter sido um dos Acuso o recebimento da Portaria de Vossa


quilombos conquistados por Bartolomeu Bueno do Excelência datada de 4 de abril do corrente anno
Prado, em 1759. (1839) em que me communica ter recebido o ofício
Talvez por “cochilo” ou omissão do autor que a V. Excia. dirigi com data de 10 de fevereiro
ele não cita o distrito de São Francisco de Paula do do corrente acompanhada da Relação Nominal dos
Tejuco Preto, mas faz referência ao Pinheirinho, Habitantes deste Districto como V. Excia. havia
que estava localizado na região do distrito. determinado em portaria de 8 de maio do anno
Em 1839, o juiz de paz José Ferreira da passado, mas que observava que atte a presente
Costa (1797 – 1846) enviou ao presidente da data não tenha feito as vezes de Quarteirões a bem
província de Minas uma “Relação dos Habitantes deste que ordenação mencionada às distâncias
do Districto de São Francisco do Tejuco do sejam com outro districto, seguindo nesta mesma
Jacuhy”. Documento importante esse, que enumera portaria podendo incorporar esta parte
2.688 moradores locais, com seus nomes e informando igualmente com urgência de V. Excia.
graduações, qualidades, idades, estados, empregos, qual a razão que foram feitas as divisas dos
instrução, naturalidades e comarcas de distritos em quarteirões... Ao que dispondo a V.
procedência. Há 487 lavradores, 10 negociantes, 01 Excia. qual razão...fez as divisas do districto em
ourives, 13 carpinteiros, 01 carapina, 07 sapateiros, quarteirões com... a luz. Ao que respondo assim a
06 ferreiros e 04 alfaiates. Esse documento está no V. Excia. que me ... como districto...pela ponta da
Arquivo Público de Minas Gerais. Abaixo segue a Serra do ...direito a ponta do Morro do Engenho
transcrição do ofício e por ele sabe-se as divisas do Velho e desse assim a divisão do Ribeirão da Onça
incipiente Tejuco, embora algumas partes estejam dividindo com o districto de Santa Bárbara e por
inelegíveis: este Ribeirão abaixo até o Ribeirão das
Ilmo. e Exmo. Snr. Macahúbas por este acima até abaixo do Ribeirão
das Areias dividindo com o Districto do Cajuru do
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Termo da Franca do Imperador da Província de Barbosa, do qual descende a família Vieira. A
São Paulo e pelo deste Ribeirão acima até suas escritura dessa doação foi passada em Jacuí, no
cabeceiras e destas a rumo direito as cabeceiras cartório do tabelião José Ribeiro (...) e está
do Ribeirão do Bahú e por este abaixo atte o assinada pelos três doadores (...) a doação, bem
marco e deste a rumo direito ao Ribeirão do como a divisão da fazenda “Três Posses”,
Tomba Perna dividindo com o Districto de São julgadas em Jacuí, no ano de 1844, pelo então juiz
Sebastião da Serra e por este Ribeirão acima atte municipal daquela comarca, (sic) dr. Vicente
suas cabeceiras destas ao cume da Serra por este Carvalhaes...”.
adeante até o cume onde principiou está divisa. E Uma curiosidade é que Inácio Alves de
advindo que do Arraial deste Districto ao do Lima e Francisco Mendes Carneiro eram
Districto do Cajuru dista 7 léguas ao do Districto cunhados, pois suas esposas donas Anna Luiza do
de Santa Bárbara dista 1 1/2 léguas, ao Districto Nascimento e Francisca Luiza do Nascimento,
da Villa 6 léguas e ao do Districto de São respectivamente, eram irmãs e também irmãs de
Sebastião da Serra 6 1/2 léguas. Igualmente João Ferreira da Costa. E Inácio Alves de Lima era
informo a V. Excia. que já procedi as divisas dos irmão de dona Anna Leonarda dos Passos, que era
Quarteirões inteiros do meu Districto e que o não esposa de João Ferreira da Costa.
fiz em tempo tanto por que não recebi papéis Depois da ida do padre Manoel Machado da
alguns de meu antecessor como por minha falta de Assumpção, para Ribeirão das Canoas, a ainda não
luzes e rogo a V. Excia. ou sim por minha falta de incipiente São Sebastião da Boa Vista (nomes
luzes e rogo a V. Excia. haja desculpar toda e primitivos de Mococa, São Paulo), sucedeu-lhe
qualquer que tenha havido de minha parte. Deos uma série de capelães, porém os primeiros registros
guarde a V. Excia. como ao público que lhe é paroquiais estão em desordem. Analisando o 1º
mister. Districto de São Francisco de Paula do Livro do Tombo encontra-se uma lista e revendo os
Tejuco, 28 de maio de 1839. livros de batizados da paróquia encontramos outra.
(a) José Ferreira da Costa, juiz de paz. O registro mais antigo de batismo foi lavrado em
Quanto à procedência dos moradores, 310 28 de março de 1845, da criança Messias, filha
são da terra, 487 de Jacuí, 203 de Lavras, 200 de legítima de João Fernandez Martins e de dona
Dores, 152 de Campo Belo – os maiores Maria das Dores da Silva, sendo padrinhos
contingentes de migração – e eram tantos das Francisco Antonio Mafra e sua esposa, dona Maria
localidades vizinhas até as mais distantes, da Ignacia de Figueiredo. O registro não leva
província, da de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e assinatura, mas presume-se que seja do padre
até do Rio Grande do Sul. Já está presente, vindo Antonio Xavier da Costa. O registro de
de Jacuí, Francisco Coelho Monte Claro, então sepultamento mais antigo do cemitério paroquial é
“tenente da Guarda Nacional”, e seu sogro, o do cadáver de Manoel Barbara de Oliveira,
Antonio Alves de Almeida, então “capitão da branco, viúvo de dona Ana Roza, natural do
Guarda Nacional”, procedente de Alfenas. Ainda distrito e é assinado pelo escrivão Damaso Ribeiro
não haviam chegado os Carvalhaes. Mas, já de Menezes, com a data de 25 de dezembro de
existiam os Ferreira da Costa (atuais Paulino da 1851. Damaso Ribeiro de Menezes, nascido em
Costa); os Bento da Silva; os Marçal Vieira; os 1789, era natural de Santa Luzia do Sabará, Minas
Garcia Duarte; os Moraes Preto; os Furtado de Gerais, comerciante, foi um dos primeiros
Medeiros; os Gomes Ribeiro; os Soares de Moraes; escrivães do Tejuco.
os Alves de Lima, entre outros. Até cerca de 1870, ser enterrado dentro da
Segundo o doutor Joaquim Ernesto Coelho, capela ou igreja era normal naqueles tempos, a
em seu “Anuário de Monte Santo”, publicado em prática era usada para aproximar católicos dos
1942, há a suposta tese de que “... o atual districto santos. Um dos registros mais antigos que se tem
de Monte Santo fazia parte da então fazenda Três notícia de sepultamento no interior da igreja foi o
Posses, pertencente aos três posseiros seguintes: de dona Francisca Lopes de Faria (1795 – 1854),
João Ferreira da Costa, do qual descende a viúva do capitão Antonio Alvares de Almeida
família Paulino da Costa; Inácio Alves de Lima, do (1771 – 1852), falecida em 08 de junho de 1854.
qual descende a família Alves e José Ferreira Seu corpo foi envolto em hábito preto e “jaz dentro
-21 -
da Matriz de São Francisco do Monte Santo”, cujas águas escoavam com facilidade. Aos poucos
conforme registrou o padre Antonio Xavier da o adro da capela tomou o aspecto de um largo e as
Costa. primeiras ruas foram formadas. As denominações
O costume permaneceu até as primeiras mais antigas que se guardou das ruas de Monte
noções de higiene pública, quando criaram os Santo, são as seguintes: largo da Mocoquinha ou
cemitérios, que eram normalmente instalados ao largo da Santa Cruz, largo do Rosário, largo da
lado ou atrás das igrejas e o sepultamento no Matriz, travessa do Norberto, travessa do João
interior dos locais sagrados era sinal de prestígio Vicente, travessa do Chicão, travessa do Elias
para os católicos. Quando não cabia dentro da Turco, rua Estreita ou rua do Caçador, rua do
igreja, eram dispostos do lado de fora ou ao lado. Comércio, rua da Porteira, rua Municipal, rua da
Em todas as igrejas construídas até a segunda Cadeia, rua de Baixo, rua de Cima, rua do Meio,
metade do século XIX encontra-se essa prática. O rua das Helenas, rua do Cata Osso e rua Xavier de
costume só deixou de ser presente após a década de Abreu.
1860, quando surgiram as primeiras noções de O povoado se estendia pelo lugar
higiene pública e os primeiros cemitérios nas denominado “Buracão”, na parte alta onde se
cidades. Segundo teorias, o ar poluído pela alinha as casas e onde está a E. E. Américo de
decomposição dos corpos poderia disseminar Paiva e o Seminário “São Camilo”, só existia a
doenças. capelinha.
Segundo A
o Almanaque Comarca de Três
Laemmert, Pontas foi criada
publicado em pela lei número
1885, 464, de 22 de
constatamos que abril de 1850,
“...o cemitério da compreendendo
parochia, de os municípios de
recente Três Pontas, Jacuí
construção, é e Cabo Verde,
bom, porém sendo suprimida
ainda não está pela lei número
construído”. 719, de 16 de
Trata-se do maio de 1855. A
cemitério do 16 de maio de
Ouvidor que 1855, Caldas,
existiu onde hoje está A Igreja Matriz de São Francisco de Paula do Monte Jacuí e Passos
instalado o “Asilo São Santo, foi construída na década de 1850, às expensas formaram a vasta
Vicente de Paulo” e que do comendador Coelho, sendo demolida em 1953. Comarca do Sapucaí.
funcionou até 1901. Em muitas
A primeira denominação de Monte Santo de publicações há os relatos errôneos que em 1855 o
Minas foi São Francisco de Paula do Tejuco, nome distrito de São Francisco de Paula do Tejuco foi
motivado pela existência de um barro argiloso e elevado à categoria de freguesia com o nome de
pegajoso, cor preta, no córrego próximo ao São Francisco do Monte Santo. Vejamos:
povoado e que constituía verdadeiro pesadelo para Em maio de 1858, o distrito recebeu a visita
os carroceiros e os tropeiros que vinham de Jacuí. pastoral de dom Antonio Joaquim de Mello, bispo
Ao redor da capela foi, aos poucos, de São Paulo, conforme a seguinte notícia
surgindo o casario, onde havia falta de água para as publicada no “Jornal do Commercio”, publicado no
necessidades públicas, o que obrigou os moradores Rio de Janeiro, em sua edição número 127, página
ou a fazer cisternas junto de suas casas, ou então 01, de 08.05.1859, que transcrevo em partes,
conduzir água de pequenas fontes encontradas na assinada por dom Antonio Joaquim de Mello:
parte baixa da povoação, onde haviam duas lagoas, “Carta do Bispo de São Paulo a suas ovelhas
-22 -
visitadas a 1857 a 1858 - ...Não concluiremos este a asserção de que este nome foi escolhido pelo
testemunho de vosso reconhecimento e gratidão, próprio comendador Francisco Coelho Monte
sem fazer especial menção de suas povoações, a Claro, o nome mais notável, homem nobre,
quem somos mais devedores. A nova freguesia de inteligente, de grande atividade, tendo conseguido
Tijuco, hoje São Francisco das Chagas do Monte uma ascendência de prestígio sobre toda essa
Santo, abrio suas mãos com mais liberdade em sua região; merecendo de dom Pedro II o título de
esmola para nosso seminário. O sr. commendador “Cavaleiro da Imperial Ordem de Nosso Senhor
Francisco Coelho Monte Claro, que por si só nos Jesus Cristo”, em 1849 e de “Oficial da Imperial
deu 500$; o Rev. Vigário da Vara Antonio Xavier, Ordem da Rosa”, em 1855, duas grandes honrarias
nos deu 600$: toda a povoação, embora do Império.
principiante, foi animada de zelo para esta obra... Com o aumento populacional, foi criada a
Das 42 localidades visitadas pelo bispo a que mais primeira escola pública no distrito pela transcrição
doou foi a da “Freguesia de São Francisco do a seguir: “Lei Nº 917 – De 4 de junho de 1858 –
Monte Santo”, Carta de Lei
com a que crêa uma
contribuição cadeira
de 3:251$000 d’instrucção
mil reis, primaria do
seguida da sexo masculino
‘Cidade de no Arraial de
Mogymirim’, S. Francisco
que contribuiu do Monte
com Santo, Termo
2:700$000 mil de Jacuhy. Art.
reis”. Único. Fica
Monte creada uma
Santo é uma cadeira de
palavra instrucção
geomorfotopô primaria do
nima, ou seja, sexo masculino
topônimo no Arraial de

referente à geografia da São Francisco do Monte


Carta de lei publicada no Correio Official
região, o nome foi escolhido Santo do Termo de Jacuhy,
de Minas, em 26 de julho de 1858.
porque ela é cortada de revogadas as disposições em
Norte a Sul por uma serra contrário. Publicada em 26
pouco elevada, mas de aspecto bonito, que devido de Julho de 1858”.
a topografia do terreno em que se encontra Através da lei provincial número 908, de 08
edificada a cidade, um planalto entre dois de junho de 1858 é que foi criada a freguesia de
contrafortes da serra da Mantiqueira, tendo em seus São Francisco do Monte Santo, porém, Novelli
contornos dois montes, que por sua semelhança se coloca na íntegra a referida lei provincial número
denominam: “Os Dois Irmãos”, isso já tinha 908, provando, segundo ele mesmo, a inverdade de
servido de inspiração para que os irmãos, Francisco tais afirmações, constantemente utilizadas:
Coelho (1812 – 1861) e Urias de Souza Coelho “Lei Nº 908 – De 8 de junho de 1858 – Carta de
(1823 – 1876) adotassem os sobrenomes de lei que eleva à cathegoria de Freguezia o Districto
Francisco Coelho Monte Claro, em 1847 e Urias de S. Francisco de Paula do Tejuco do Termo de
Coelho Monte Alegre, por volta de 1855. E o Jacuhy, com a denominação – S. Francisco do
“Santo”, tradicionalmente se atribui a um suposto Monte Santo, e marca suas divisas.
acordo entre os moradores e alguns missionários Art. 1º - Fica elevado à catheforia de Freguezia o
católicos que cá estiveram na época. Existe, porém, Districto de S. Francisco de Paula do Tejuco do
-23 -
Termo de Jacuhy, com a denominação de de Monte Santo, era prefeito o coronel Lucas
Freguezia de S. Francisco do Monte Santo, tendo Tobias de Magalhães.
por divisas as mesmas do Districto; ficando Assim foi Jacuí sede da vila de 14 de julho
também este com a denominação de Districto de S. de 1814 a 15 de outubro de 1869, quando pela lei
Francisco do Monte Santo. provincial número 1.611, foi Jacuí elevado à
Art. 2º - Ficão revogadas as disposições em categoria de cidade, mas com os
contrário. (Publicada no “Correio Oficial de desmembramentos sucessivos de seu território,
Minas, Ouro Preto, Minas Gerais, em 26 de julho perdeu grande parte de sua renda, entrando em
de 1858). franca decadência e pela lei número 1.641, de 13
Analisando os documentos e publicações, de setembro de 1870, deixou essa categoria e
conclui-se que houve um acordo entre dom tornou-se freguesia/distrito que se anexou ao novo
Antonio Joaquim de Mello, bispo de São Paulo, município de São Sebastião do Paraíso, formado
padre Antonio Xavier da Costa e o comendador pelas freguesias de Jacuí, São Francisco do Monte
Francisco Coelho Monte Claro, para não só a troca Santo, Nossa Senhora das Dores do Guaxupé e
de nomes Tejuco para Monte Santo, como também Santa Bárbara das Canoas. Os jacuienses
a troca do padroeiro do místico eremita, São receberam, indignados, o que se justifica, porque
Francisco de Paula para o “poverello de Assis”, o não há coletividade que aceite sem protesto o
estigmatizado São Francisco das Chagas, pois nos cercamento de sua liberdade, o ato de transferência
assentamentos aparece ora a denominação de São da vila para São Sebastião do Paraíso.
Francisco do Monte Santo e ora a de São Francisco Era na ocasião, presidente da Câmara
das Chagas de Monte Santo (os primeiros Municipal de Jacuí o coronel João Baptista
assentamentos, datados de 1852, já citam São Carvalhaes, que se revoltando contra a decisão
Francisco das Chagas) – essa pendência legislativa, negou-se a ir instalar a vila e por causa
eclesiástica só seria oficialmente resolvida em 04 disso, conforme a legislação da época, perdeu o
de maio de 1890, quando o padre João Ozorio mandato de vereador. Coube ao vice-presidente da
Marcondes benzeu solenemente a imagem de São Câmara, capitão José Aureliano de Paiva Coutinho
Francisco de Paula e a entronizou no altar-mor da (1840 – 1914, irmão do major Américo Benicio de
Igreja Matriz onde se encontra. Paiva), cumprir a resolução da Assembleia
Por falta de documentação que comprove a Provincial, o que aconteceu em 21 de agosto de
data de sua construção, supõe-se que a antiga 1871. No dia 10 se setembro de 1871, para São
Igreja Matriz (ela estava erguida nas imediações do Sebastião do Paraíso foram definitivamente as
Seminário São Camilo), teria sido construída entre autoridades de Jacuí, que foram recebidas com
os anos de 1850 a 1854 às expensas do imponentes festejos pela população paraisense.
comendador Francisco Coelho Monte Claro (1812- Em 1872 aconteceu o censo demográfico do
1861), conforme atesta o “Almanak Sul Mineiro” Brasil, que foi a primeira operação censitária
para 1874, organizado, redigido e editado por realizada em território brasileiro, à época imperial.
Bernardo Saturnino da Veiga: “...Ao comendador Foram recenseados todos os moradores em
Francisco Coelho Monte Claro, fallecido a 6 de domicílios (chamados de “fogos”) particulares e
fevereiro de 1861, deve esta povoação, o grande coletivos e que se encontravam neles na data de
patrimônio que tem e a igreja matriz, consagrada referência do censo que foi o dia 01º de agosto de
a S. Francisco das Chagas, padroeiro e que foi 1872. A distribuição da população se fez segundo a
construída a expensas daquelle distincto cor, o sexo, o estado de livres ou escravos, o estado
cidadão...”. Somente em novembro de 1919 foi civil, a nacionalidade, a ocupação e a religião,
resolvida a pendência entre a Câmara Municipal de conforme os quadros do município de São
Monte Santo de Minas e a Fábrica Geral da Sebastião do Paraíso, freguesia e paróquia de São
Diocese de Guaxupé sobre o patrimônio territorial Francisco das Chagas do Monte Santo estava assim
constituída:

-24 -
Província de Minas Geraes, 1872

Quadro geral da população livre considerada em relação aos sexos, estados civis, raças, religião, nacionalidades e grao de instrucção, com indicação dos números de casas e
fógos.

Parochia de S. Francisco das Chagas de Monte Santo

Sexos Estados Civis Raças Religião Nacionalidade Instrucção


Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Meninos Meninas

Sabem ler e escrever

Sabem ler e escrever

Frequentam escola

Frequentam escola
Não frequentam

Não frequentam
Analphabetos

Analphabetos
Mulheres

Estrangeiros
Homens

Estrangeiras
Acatholicas
Acatholicos
Catholicos

Catholicas

Brasileiras
Brasileiros
Caboclas
Caboclos
Total

Casados

Solteiras
Solteiros

Casadas

Brancos

Brancas
Pardos

Pardas
Viúvos

Viúvas

Pretos

Pretas

Ilegível

Ilegível

Ilegível

Ilegível
3169

2997

6166

1968

2087

1658

1791

3168

2997

3142

2988

2853

2783
964

237

727

183

967

478

728

427

316

214
66

51

27
1 - 9

Província de Minas Geraes, 1872

Quadro geral da população escrava considerada em relação aos sexos, estados civis, raças, religião, nacionalidades e grao de instrucção.

Município de S. Sebastião do Paraíso, freguesia de S. Francisco das Chagas de Monte Santo.

Sexos Estados Civis Religião Nacionalidade Instrucção


Dos homens Das mulheres Dos homens Das mulheres Dos homens Das mulheres Dos homens Das mulheres Dos homens Das mulheres

Sabem ler e escrever

Sabem ler e escrever


Analphabetos

Analphabetos
Mulheres

Estrangeiros
Homens

Estrangeiras
Acatholicos

Acatholicas
Catholicos

Catholicas

Brasileiros

Brasileiras
Total

Casados
Solteiros

Solteiras

Casadas

Pardos

Pardas
Viúvos

Viúvas

Pretos

Pretas

713 482 1195 560 85 68 361 65 56 161 552 132 350 713 - 482 - 579 134 349 133 - 713 - 482

Quadro geral da população considerada em relação aos defeitos phisicos

LIVRES ESCRAVOS
HOMENS MULHERES HOMENS MULHERES
SURDOS-MUDOS

SURDOS-MUDOS
SURDAS-MUDAS

SURDAS-MUDAS
ALIENADOS

ALIENADOS
ALIENADAS

ALIENADAS
DEMENTES

DEMENTES

DEMENTES

DEMENTES
ALEIJADOS

ALEIJADAS

ALEIJADOS

ALEIJADAS
CEGOS

CEGOS
TOTAL

TOTAL

TOTAL

TOTAL
CEGAS

CEGAS

3 6 24 3 4 40 6 4 27 3 3 43 2 1 14 - - 17 3 - 18 2 1 24

Havia um total de 6.166 habitantes, sendo composta dos termos de Muzambinho e São
1.195 escravos e 36 estrangeiros. Sebastião do Paraíso.
Pela lei número 2.203, de primeiro de julho Os vereadores da Câmara Municipal de São
de 1876, foi criada a comarca de Passos, ficando Sebastião do Paraíso vieram de Jacuí porque houve
constituída com os termos de Passos, São Sebastião a mudança do município e não criação de nova
do Paraíso e Jacuí. (A Comarca de Jacuí foi criada vila, como era de se esperar porque, assim, o povo
pela lei número 3.276, de 08 de outubro de 1870, paraisense saberia determinar-se sem a orientação
composta dos municípios de Jacuí e Passos e pela de uma política viciada como a de Jacuí.
lei número 3.276, de 30 de outubro de 1884, Mais tarde vieram também os
passou a chamar-se Comarca de Alfenas). A representantes da justiça e os jacuienses,
Comarca de Muzambinho foi criada pela lei despeitados com a sua nulificação administrativa e
número 2.687, de 30 de novembro de 1880, judiciária começaram a dar em prosa das esquinas,
“a prova de seu contentamento” com a retirada do
-25 -
pessoal do fórum, dizendo – “Lá se foram os composta por mais de 30 sócios, organizando uma
percevejos...”. diretoria composta por: presidente, dr. João
Com a eleição de 04 de dezembro de 1872 Augusto Ribeiro Guimarães; diretor, tenente Luiz
foi eleito como 2º presidente da Câmara Municipal Antonio de Paiva Coutinho; 1º tesoureiro, Manoel
de São Sebastião do Paraíso (prefeito), o tenente- Antonio Lopes Pereira; 2º tesoureiro, Bernardino
coronel Vicente Ferreira Carvalhaes Sobrinho José de Freitas; 1º secretário, Sydalino Silvino da
(1836 – 1912), capitalista e fazendeiro residente Silva e 2º Secretário, Francisco Cassiano de Lima,
em São Francisco do Monte Santo, que exerceu o chegando a instalar e fabricar excelente louça (que
mandato de 09.01.1873 a 07.01.1878. O major segundo consta forneceu jogos de café e jantar para
Vicente Carvalhaes, como era conhecido, era genro a Casa Imperial, a prova disso é que no Museu
e foi praticamente o único herdeiro do comendador Imperial, em Petrópolis, RJ e no Museu Paulista
Francisco Coelho Monte Claro. (USP), SP existe exemplares destas louças
Com o passar do tempo, outras intrigas fabricadas em Monte Santo). Sobrevindo algumas
surgiram, outras críticas foram feitas, mas o fato é dificuldades e recursos, desistiram de tão
que os momentosa
jacuienses empresa
nunca se terminando-a.
conformaram Ficou, porém, a
com a certeza da
supressão do existência de
município e do ótimo caolim,
fórum, e tanto comprovadas
trabalharam em ulteriores
para o fim, que experiências
conseguiram, feitas em
de novo, a fábricas da
instalação da Alemanha.
Câmara e da Por força
Justiça, através da lei provincial
da lei número 3050,
Aspecto da Igreja Matriz de São Francisco
provincial número 2.784, de 23 de outubro de 1882,
de Paula, após a reforma do padre Joaquim
de 22 de novembro de sancionada pelo Theophilo
Pinto Fraissat, em 1908.
1881, reergueu novamente Ottoni, então presidente da
a freguesia/distrito de Jacuí província de Minas Gerais,
à categoria de vila e criou o município que ficou foram transferidas da freguesia de Santa Bárbara
composto das freguesias de Jacuí, de São Francisco das Canoas, município de Muzambinho,
do Monte Santo e de São Pedro da União, desmembradas da do Monte Santo, termo de Jacuí,
desmembradas as duas primeiras do termo de São as fazendas do capitão Jeremias José Barboza,
Sebastião do Paraíso e a última do Cabo Verde, Arlindo José Barboza, Graciano Ignácio da Costa
ficando o novo termo pertencendo à Comarca de ou Graciano Pereira Gomes, José Ferreira da Silva,
Passos. João Rodrigues de Faria, Calisto Pereira da Silva,
Em 1881 assinala-se, primeiro, por uma Augusto Antonio de Oliveira, Francisco Antonio
reação social pela emancipação de São Francisco de Faria, Manoel Euzébio de Faria, Manoel
do Monte Santo que contam com novos elementos Rodrigues Vieira, coronel Candido de Souza Dias,
intelectuais e meios materiais para se tornar tenente José Custódio Dias, José Joaquim de
independente e próspera, depois, pelos Castro, Mizael Antonio da Silva e Thomé Ferreira
empreendimentos que surgiram. Em 12 de da Silva. Em 1911, todas essas fazendas vieram a
dezembro de 1882 foi fundada a “Associação fazer parte do território futuro município de
Commanditária para o Fabrico de Louça Branca” Arceburgo.
ou “Companhia de Cerâmica Monte-santense”,
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Em 1884 já estava em mal estado de eleito vereador e exerceu o cargo de agente-
conservação a Igreja Matriz de São Francisco do executivo alguns períodos durante o ano de 1901.
Monte Santo, projetando, assim, a sua reconstrução No paroquiato do padre Joaquim Pinto Fraissat
ou construção de uma outra, e a 25 de novembro de (1902 – 1908) houve nova reconstrução de parte da
1884, a secretaria do bispado de São Paulo, emitiu Igreja Matriz.
a seguinte portaria: “... Portaria nomeando uma Essa Igreja Matriz, marco inicial dos
junta parochial, composta dos cidadãos coronel antigos monte-santenses, foi demolida por volta de
Lucas Tobias de Magalhães (presidente), tenente 1953, embora a conservação do templo em suas
José Cassiano Gomes (thesoureiro), Francisco linhas mestras foi aconselhada pelo secretário do
Cassiano de Lima (secretário), capitão Núncio Apostólico no Brasil, quando este visitou a
Deocleciano Baptista Carvalhaes, coronel cidade e assim foi da mesma opinião o professor
Raymundo de Paula Xavier, capitão Ignacio Roger Batiste, ilustre catedrático francês da
Soares de Moraes e Souza, tenente José de Universidade de São Paulo, quando de sua
Almeida Freitas, tenente José de Almeida Freitas, passagem por Monte Santo. Embora fosse duas
João Manoel Ribeiro de Faria, Silvério Pereira de opiniões valiosíssimas, externadas por pessoas
Mello e Domingos Custódio da Luz (membros), cultas e que conheciam o valor histórico e artístico

Aspecto lateral da antiga Igreja Matriz. Da esquerda para a direita: Maria Thereza
Paffetti, Adelaide Pellegrini, Vicentina Grassano, doutor Tito Lívio Lages da Silva
Pontes e padre Paschoal Berardo. Fotografia datada de 06.01.1953.

para, por meio de subscrições, agenciar donativos das coisas, não foram ouvidas e quando da
em favor das obras da matriz de Monte Santo”. construção do Seminário Sacramentino “Bem-
Em 1886 foi nomeado pároco, o cônego Aventurado Eymard” (atual Seminário São Camilo,
João Osório Marcondes, que zeloso no seu inaugurado em 31.08.1958), foi demolida
ministério sacerdotal, fez a reconstrução da Igreja perdendo-se um importante marco histórico e
Matriz, contando com o apoio do coronel Luiz religioso da cidade. Com a vinda de dom Ranulpho
Antonio de Paiva Coutinho, a Igreja estava em da Silva Farias como bispo diocesano de Guaxupé
ruínas, em cujo empreendimento gastou a melhor para a primeira visita pastoral que ocorreu em
de suas energias. Em 02 de dezembro de 1888, 1921, deu o primeiro impulso para a construção da
com autorização do bispo de São Paulo, dom Lino nova Igreja Matriz, conforme exarara no livro do
Deodato Rodrigues de Carvalho, foi dada a bênção tombo: “... Uma bôa e formosa Matriz augmentará
e a consagração da Igreja, pelo cônego João Osório proficuamente o movimento e o gosto religioso na
Marcondes. O cônego João Osório Marcondes foi parochia...”. Em 04 de janeiro de 1925 realizou-se

-27 -
a primeira reunião para a construção da nova Igreja conseguido por meio de assinaturas dos
Matriz sob a presidência do padre Celso Para. paroquianos, quermesses, leilões, esmolas em
Nessa reunião foi apresentada a proposta da dinheiro, café ou mantimentos que eram pedidos de
construção da nova Igreja Matriz e formou-se uma caminhão nas fazendas, batendo de porta em porta,
comissão com os nomes mais representativos da tanto o rico como o pobre dava seu “óbulo”, sua
sociedade da época. contribuição para a construção da nova Igreja
Essa comissão era integrada pelos senhores: Matriz. A inauguração da nova Igreja Matriz foi
doutor Antonio Pereira Lima (presidente); coronel realizada no dia 30 de setembro de 1937 por dom
Isaac Soares de Moraes (vice-presidente); coronel Ranulpho da Silva Farias, bispo de Guaxupé. Na
Francisco Paulino da Costa (tesoureiro); coronel ocasião, o padre José Maria Pereira foi agraciado
Joaquim Bernardes da Silva (procurador), com o título de Cônego Honorário da Diocese da
substituído pelo coronel Olympio Carvalhaes e Campanha, Minas Gerais, por suas virtudes
padre Celso Para (secretário interino). particulares, por seu desprendimento pessoal, por
Nas reuniões que se seguiram, foram seu zelo sacerdotal e, especialmente, por seus
apresentados e aprovados a planta do arquiteto trabalhos, esforços e sacrifícios empenhados na
Francisco Napoli construção da
e o local nova Igreja
escolhido foi o Matriz. A Matriz
largo da Nova de 1937,
Mocoquinha ou embora pouco a
Santa Cruz (atual pouco caminhe
praça Coronel para ulteriores
Silvério Pereira melhoramentos,
de Mello, é a mesma
anteriormente majestosidade de
praça Marechal sua concepção
Floriano Peixoto). espacial interior
As obras duraram e pela riqueza de
de 1925 a 1937. seu patrimônio
Com a morte de arte sacra,
trágica do padre constitui o mais
Celso Para, em 24 belo monumento
de janeiro de 1933, as obras Construção da nova Igreja Matriz de São histórico, artístico e religioso
pararam e só retornariam Francisco de Paula, na década de 1930. da cidade. No dia 24 de agosto
com a posse do novo de 1958, foi inaugurado no
pároco, padre José Maria Pereira, em 16 de abril de jardim da praça Cel. Silvério de Mello, uma herma
1933. Ao padre José Maria Pereira deve-se a em homenagem ao monsenhor Pereira, benemérito
construção da Igreja Matriz que é um orgulho para construtor da Igreja Matriz.
todo monte-santense, católico ou não. Não fora o É por uma informação do padre João
“monsenhor” Pereira (só receberia o título de Osório Marcondes, encontrada no livro número 05
Monsenhor Camareiro Secreto de S.S. Papa Pio dos registros de batismos da paróquia de São
XII, em janeiro de 1942), talvez não tivéssemos Francisco de Monte Santo, em que ele fala de um
esse monumento, essa igreja notável, incêndio no cartório de Jacuí, onde alguns
inegavelmente uma das mais lindas de toda essa documentos relativos a Monte Santo foram
região do sudoeste de Minas Gerais. Digno de destruídos (e entre eles se supõe também o 1º livro
louvor foi o trabalho desenvolvido pela comissão do tombo paroquial), perdendo-se os relatos
de obras da Igreja Matriz. Seus componentes foram históricos de 1858 a 1887. A verdade é que o atual
incansáveis e além de importantes serviços 1º livro de tombo começa ou recomeça com o
prestados. Para a edificação do templo foram padre João Osório Marcondes em 10 de maio de
gastos mais de mil contos de réis, capital este 1887.
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A freguesia de São Francisco do Monte Carlos do Jacuí – somente pertenceria a São
Santo – politicamente viveu pertencendo a São Sebastião do Paraíso nos anos de 1870 a 1881

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quando retornou a Jacuí e tinha índices brasileira de outros pontos de Minas Gerais e de
significativos de seu progresso no trabalho outros estados que para aqui afluíram), sancionado
agrícola, na criação do gado bovino e no comércio pelo vice-presidente de Minas Gerais, Domingos
que se desenvolvia – já apresentava condições de José da Rocha. A comarca de São Francisco do
conduzir seus interesses políticos e administrativos. Monte Santo seria instalada em 03 de janeiro de
Com a vinda do doutor Aristides da Silveira 1891, sendo seu primeiro juiz de direito, o doutor
Lobo Sobrinho (1863 – 1944), em 1887, recém- Severino Eulogio Ribeiro de Rezende e seu
formado em medicina, como um médico primeiro promotor o doutor Wenceslau Braz
competente, associando aos conhecimentos Pereira Gomes (1868 – 1966). Este curto espaço de
científicos elevados e como cidadão prestou tempo entre a criação do município e a comarca é
relevantes serviços à Monte Santo. fato quase que único na história do Brasil.
Em 1887 foram dados os primeiros passos Todavia, essa lei foi promulgada com a
para a organização do diretório do Partido condição de ser construído (com recursos doados
Republicano local. Esse diretório logo em seu pelos habitantes) um prédio para abrigar a “Cadêa
início e como consequência de suas ideias e Intendência de Monte Santo”. O primeiro a doar
democráticas e sentimentos liberais e humanitários, a sua contribuição foi Francisco Cassiano de Lima
convocou uma reunião de fazendeiros para (1858 – 1925) e o último foi Balbino Soares
tratarem da grandiosa ideia da abolição dos Nogueira (1827 – 1910). O prédio escolhido foi o
escravos, conseguindo que fossem libertados 300 antigo palacete de dona Geracina Candida de
escravos, antes da lei imperial número 3.353, de 13 Almeida (1819 – 1888), viúva do comendador
de maio de 1888. No dia 04 de outubro de 1888 foi Francisco Coelho Monte Claro, que foi adaptado
fundado oficialmente o Partido Republicano, de para nele se instalar a Câmara, o Fórum e nos seus
Monte Santo, composto do seguinte diretório: porões a Cadeia, que serviu como fórum até 1943.
presidente, doutor João Augusto Ribeiro Hoje ainda existe, porém totalmente
Guimarães; vice-presidente, coronel Lucas Tobias descaracterizado.
de Magalhães; 1º secretário, Antonio José da Os municípios – no período da proclamação
Cunha; 2º secretário, tenente-coronel Raymundo de da República – passaram a ser administrados por
Paula Ferreira Xavier; tesoureiro, tenente José “intendentes”, nomeados pelo governo do estado,
Cassiano Gomes; procurador, tenente José de até posterior eleição. Pela lei número 02, de 14 de
Almeida Freitas e orador, doutor Aristides Lobo setembro da 1891, foi regulamentada a organização
Sobrinho. Esse diretório trabalhou com louvável municipal, atribuindo à Câmara de Vereadores
prestígio, pelo crescente progresso e autonomia para legislar e executar suas leis. Assim,
engrandecimento de Monte Santo. Foi ao presidente e agente-executivo (prefeito), cabia a
incontestavelmente, pelo esforço comum desse execução das leis emanadas dos seus pares de
arregimentado partido que São Francisco do Monte vereança. O primeiro intendente foi João Coelho
Santo foi emancipado de São Carlos do Jacuí. Dr. Monte Alegre (1857 – 1893), que tomou posse a 03
Aristides da Silveira Lobo Sobrinho era uma figura de março de 1891, sendo o Conselho da
influente na região, cujo tio era o doutor Aristides Intendência, constituído pelos senhores: presidente,
da Silveira Lobo (1838 – 1896), que com a João Coelho Monte Alegre; vice-presidente,
proclamação da República foi nomeado ministro tenente-coronel José Cassiano Gomes; João
do Interior do Governo Provisório do marechal Ernesto Coelho; Manoel Joaquim da Silveira
Manoel Deodoro da Fonseca. Foi sob sua Magalhães; major Isaac Soares de Moraes
influência, que a freguesia de São Francisco do (substituído pelo coronel Lucas Tobias de
Monte Santo foi elevada à categoria de vila e Magalhães).
constituído em município, pelo decreto estadual Pela lei estadual número 23, de 24 de maio
número 243, de 21 de novembro de 1890 (segundo de 1892, sancionada pelo vice-presidente no cargo
o recenseamento de 1890, no então único distrito de titular, Eduardo Ernesto Gama (governador), a
da sede havia 3.259 habitantes e em 1909, havia vila é elevada à categoria de cidade. Essa lei elevou
um excedente de 15 mil habitantes, ocasionado à categoria de cidade todas as vilas que eram sedes
pela grande imigração italiana e migração de comarca.
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Até o ano de 1900, Monte Santo pertencia à atinge esse pontilhão e desce pelo rio Pinheirinho
vastíssima região que constituía o então bispado de até cruzar a linha de limite com São Paulo. Com o
São Paulo. Em 04 de agostro de 1900, pela Bula Estado de São Paulo: - Desse último ponto, pela
Papal “Regio Latissime Patens”, do papa Leão linha de divisas interestaduais até alcançar o
XIII. Foi criada a diocese de Pouso Alegre, ribeirão Tomba-Pernas, ponto de partida”. Nessa
desmembradas das então dioceses de Mariana e mesma lei é criado o distrito de Milagres (ex-
São Paulo, e Monte Santo passou a pertencer à povoado de Nossa Senhora dos Milagres) e
diocese de Pouso Alegre (foi pela Bula Papal anexado ao município de Monte Santo de Minas. O
“Universalis Ecclesiae Procuratio”, do papa Bento distrito de Milagre só seria criado definitivamente
XV, de 03 de fevereiro de 1916, que foi criada a pela lei estadual número 336, de 12 de dezembro
diocese de Guaxupé, desmembrada da diocese de de 1948, sancionada pelo doutor Milton Campos,
Pouso Alegre, e a paróquia de São Francisco de governador do estado. Pelo decreto-lei estadual
Paula de Monte Santo passou a pertencer à diocese número 1.058, de 31 de dezembro de 1943, o
de Guaxupé). município de Arary passou a denominar-se
O distrito de São João Batista de Posses Itamogi, continuando como termo judiciário da
teve início em 24 de junho de 1872, sendo elevado Comarca de Monte Santo. A instalação da
à categoria de freguesia pela lei provincial número Comarca de Itamogi deu-se a 15 de novembro de
2.905, de 22 de junho de 1882 e por decreto 1948, sendo o primeiro juiz municipal do termo, o
estadual número 152, de 22 de junho de 1890, foi doutor João de Paula e Silva Filho. Pela resolução
incorporado ao município de São Sebastião do número 46, de 29 de dezembro de 1970, a Comarca
Paraíso e pela lei estadual número 02, de 14 de de Itamogi, foi suprimida e anexada à Comarca de
setembro de 1891, foi criado o distrito. Monte Santo de Minas. No dia 21 de dezembro de
Pelo decreto estadual de 16 de setembro de 1991, pela portaria número 734, de 04 de dezembro
1901, o distrito de Posses foi transferido do de 1991, foi instalada a Comarca de Itamogi.
município de São Sebastião do Paraíso para o de Com o surgimento do povoado de São João
Monte Santo. Em divisão administrativa referente da Fortaleza, em 24 de junho de 1893, este
ao ano de 1911, o distrito de Posses figura no primeiramente passou a pertencer ao município de
município de Posses. Nos quadros de apuração do Muzambinho até cerca de 1899, e daí em diante foi
recenseamento geral de 1920, o distrito se transferido para o município de Monte Santo, e por
denomina São João Batista das Posses. Pela lei força da lei municipal número 280, de 10 de agosto
estadual número 843, de 07 de setembro de 1923, de 1901, sancionada pelo agente-executivo,
sancionada pelo doutor Raul Soares de Moura, coronel Lucas Tobias de Magalhães, a Câmara
governador do estado, foi o distrito de São João Municipal de Monte Santo elevou o povoado à
Batista das Posses elevado à categoria de categoria de distrito. Pelo decreto estadual número
município com a designação de Arary, com a 2.026 de 01º de maio de 1907, sancionado pelo
seguinte linha divisória: “... Com São Sebastião do presidente do estado (governador), doutor João
Paraíso: - Parte das divisas do Estado de São Pinheiro da Silva, foi determinada a data de 14 de
Paulo e sobre pelo Ribeirão Tomba-Pernas até a julho de 1907 para a instalação do distrito de paz
barra do córrego dos Machados; sobre por este de São João da Fortaleza. A povoação continuou
até suas cabeceiras, destas segue pelo espigão crescendo e, por força da lei estadual número 556,
divisor das águas entre o Tomba-Pernas e o rio item XXXIX do artigo 7º, de 30 de agosto de 1911,
Santana até o espigão divisor das águas entre este foi elevado o distrito de São João da Fortaleza à
rio Santana até o espigão divisor das águas entre categoria de município com o nome “Villa
este rio e o Pinheirinho, no ponto em que a Arceburgo”, sendo o seu território desmembrado
fronteia a mais alta cabeceira deste último. Com do município de Monte Santo, mas a cuja comarca
Monte Santo: - Desse ponto segue pelos espigões continua a pertencer como distrito judiciário.
que formam o divisor do mesmo rio Pinheirinho, De conformidade com a divisão territorial
passando pela serra do Jambeiro e pelo Morro do estado, estabelecida pelo decreto-lei estadual
Vermelho ou Barreirão, até frontear o pontilhão número 1.058, de 31 de dezembro de 1943,
da Estrada de Ferro Mogiana sobre o mesmo rio; sancionada pelo doutor Benedito Valadares
-32 -
Ribeiro, interventor federal (governador), o denominação Monsanto não tem nenhuma
município permanecia com um só distrito – o da explicação que a justifique ou a legitime, não é
sede –, tendo sido o nome de ambos, município e sequer abreviatura de Monte Santo; Monsanto é
distrito, substituído pelo de Monsanto, cuja uma criação artificial, sem sentido histórico nem
justificativa da mudança era a existência de uma gramatical; o município só a aceitou, na ocasião,
outra cidade com o mesmo nome na Bahia. Em 28 por imposição do poder discricionário. O
de maio de 1947, o doutor Domingos Luz de Faria governador Milton Campos concordou plenamente
(1916 – 2011), prefeito de Monsanto, elaborou um com a solicitação, encaminhando mensagem à
memorial e o entregou pessoalmente ao governador Assembleia Legislativa, que aprovou a lei estadual
Milton Campos, no qual solicitava a volta do nome número 336, de 27 dezembro de 1948 com a
original da cidade. Nesse memorial foi apresentado denominação de Monte Santo de Minas. Segundo a
entre outras as seguintes argumentações para doutora Vera Christina Sampaio Luz de Faria:
sustentar que não seria a Bahia que deveria guardar “Isto aconteceu porque existe outro Monte Santo
o nome de Monte Santo: a cidade mineira tem no nordeste. O de lá é mais antigo e tinha direito

fundamento na mais ao nome. Então o nosso


Vista parcial da cidade de Monte Santo de Minas.
remota época, associado Fonte: https://caminhodafe.com.br/ptbr/wp- iria chamar-se Ibicaraí,
a um motivo religioso fontent/uploads/2018/10/Editadas-119.jpg nome tupi. Descobriram
relevante; sob todos os que a tradução era:
aspectos a nossa Monte Santo leva a palma a ‘morro dos velhacos’. Papai lembrou que existe
Monte Santo da Bahia; enquanto aqui temos um Patos (ao norte) e Patos de Minas. Aí propôs o
brado de paz e religião, a Monte Santo baiana está nome Monte Santo de Minas”.
ligada à campanha de Canudos, onde brasileiros e As cidades nascem, crescem e se projetam e
coirmãos se estraçalharam na mais terrível das sua história se perde no fundo do tempo. Depois os
chacinas; a importância econômica e o estado da historiadores, num trabalho paciente, vão ajustando
cultura da cidade mineira sobrelevam a baiana; a os pedaços que se refiram a elas e que
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recomponham feitos, cenas que destacam definidas e grandes áreas com seu paisagismo
personagens, formando o painel histórico. harmonicamente construído com muito verde que
O Monte Santo, como gostavam de falar engalana os jardins das praças. O Jardim Velho,
com o artigo definido os antigos monte-santenses. como é chamado, é o mais importante e expressivo,
O azul límpido do céu de Monte Santo, a sua bela com seu desenho urbano característico e original,
paisagem, de pura clorofila, aquela variedade cujo traço diferencial é o requinte das construções
infinita de verdes que se descortina do alto da do “Museu Municipal Dr. Joaquim Ernesto
Santa Casa, que se esfumaça no cinza do horizonte Coelho”, do Hotel Bruno e da antiga residência do
e já é São Paulo, é a paisagem das histórias e tenente Plácido Borges Campos (atualmente
romances sul-mineiro dos livros de Autran pertencente aos herdeiros do coronel Antônio
Dourado (1929-2012). À noite essa mesma Paulino da Costa), construções marcantes dos
paisagem se transmuda em puríssimo céu de avoengos solares dos fazendeiros, evidenciando a
estrelas cintilantes e se veem as luzes da cidade presença da “aristocracia do café”. O coreto
paulista de Mococa e, mais distante, esmaecidas, as construído na oficina de “Mazzaro Primo &
luzes de Casa Branca. É se lembrando dessa Amado”, foi inaugurado em 25 de dezembro de
paisagem que ele procurou, nos seus contos e 1912, na gestão do prefeito coronel Francisco Gê
romances, recuperar sua infância perdida, o menino Pereira Lima, mantendo uma tradição, evocando a
livre e de pés descalços que também foi o menino cidade interiorana das bandas e retretas.
tão monte-santense! A Igreja Matriz de São Francisco de Paula,
A riqueza do café introduzida no município edificada em 1937, majestosa em suas linhas,
por volta de 1845, de uma viagem que o futuro guarda expressivo acervo de arte sacra.
comendador Coelho fez ao Rio de Janeiro e trouxe As fazendas típicas de café, que fizeram a
para aqui as primeiras sementes de café grande economia da cidade, povoam o município
selecionadas e que plantou em uma de suas como lugares símbolo carregados de história.
propriedades, a fazenda do Engenho. O apogeu Assim é Monte Santo de Minas, o retrato
aconteceu em 1890, quando a grande alta do café vivo do café com suas lindas praças, suas ruas
produziu em Monte Santo um delírio de progresso. tranquilas, a beleza de sua arquitetura e a índole
Monte Santo torna-se a cidade-modelo da região hospitaleira de seu povo.
com sua estrutura econômica, social e cultural “Quem passa por Monte Santo e bebe água
definida em torno da “aristocracia do café”. da caixinha, conta a lenda do lugar, de saudade e
Hoje, duzentos anos depois, Monte Santo por encanto sempre aqui há de voltar”.
de Minas cresce, segundo um plano urbanístico
bem projetado: sua malha urbana é regular e
agradável com suas ruas largas, tranquilas, bem

MONTE SANTO

MONTE SANTO. Recordo-a com ternura O meu segundo berço, á amada Terra,
Num trecho azul de minha mocidade. Como me lembro. O Pinheirinho ufando
Casas brancas de límpida brancura A murmurar o côncavo da serra.
Almas boas de explêndida bondade.
E a Aparecida ao Norte empoleirada
MONTE SANTO, recordo-a com amargura, E os Dois Irmãos ao longe namorando
Nessa amargura que meu ser invade, O anil do céu e o verde da chapada.
Por ver que se perde em noite escura,
O sol que me deu a vida e liberdade. Noraldino Lima

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MONTE SANTO EM TOM DE SALMO

Minha cidade foi assinalada, E floresceram filhos galardoados em letras e


Desde toda a eternidade, como o Monte Santo, dinheiros:
Porque foi a Porta de Sião bem amada, Ó terra minha, cidade do meu Deus!
Mais amada que todas as moradas de Israel.
Canaã tropical onde correm rios de leite e de mel: Sempre soube das Oropas, Franças e Bahias,
Ó terra minha, cidade do meu Deus! Que ficavam muitos além das fumaças de Mococa.
Baliza menina das conquistas do meu sonho,
E logo passo a cantar minha terra: Que tanto espiei da atalaia da Santa Casa,
Lugar alto, de ventos montanheiros, E que, na pobreza, meu irmão me fez partir:
Ninho de aves condoreiras, Ó terra minha, cidade do meu Deus!
Água boa, clima seco.
Berço de gente mineiras: Embora. Em Sião, o Monte Santo, contudo, será dito:
Ó terra minha, cidade do meu Deus! Este e aquele predestinados nasceram aqui.
E o próprio Altíssimo terá dito sim.
Neste canto de louvor, eis a terra dos Franciscos Por ter curtido os trens que sobem e descem
Que eles chamaram de paraíso – fala do Ouvidor – Para a conquista de São Paulo – o sucesso! –
Gleba milagreira do café cinco, Ó terra minha, cidade do meu Deus!
Onde despontou um presidente da República
José Ferreira Carrato

MONTE SANTO

Foi assim...
A história foi assim: fez-se o veneno, Tomou da paz, do amor e da harmonia,
Devido ao episódio do pecado Da bem aventurança e da alegria,
Por isso aquele Éden tão sereno, E pôs em tudo um beijo sacrossanto.
Tinha que ser excomungado.
Tomou do mapa secular de Minas,
Nosso Senhor, entanto, o pai amado, Fez nele um ponto. E, abrindo as mãos disse:
Na sua compaixão de Nazareno, É mais que o Paraíso, é Monte Santo.
Teve piedade do filho amaldiçoado,
Paranhos de Siqueira
E quis lhe dar um novo eden terreno.

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FRANCISCO LEAL ALEMÃO (1752 - 1839)
FUNDADOR DE MONTE SANTO DE MINAS

Segundo nos diz o historiador, Luiz sabia ler e escrever, conforme declarou no Censo
Antonio Novelli, que "... a história de Jacuí ficou de 1831. Supõe-se que Francisco Leal Alemão, foi
ligada de maneira indissolúvel aos bairros que um dos garimpeiros que iam em busca do ouro
iam nascendo". pelo território dos Sertões do Jacuí, abandonando,
Dois desses bairros eram o PINHEIRINHO aos poucos, o garimpo e se dedicando aos trabalhos
e o SAPÉ. Esses dois povoados estavam distantes e da agricultura e consequentemente desbravando as
dificultavam a ida de seus moradores a Jacuí, para matas do lugar. Iam, assim, aparecendo pequenos
assistir a missa dominical. Segundo, o nosso bairros (fazendas) que, por sua vez, iriam
Novelli, "... Numa dessas visitas dominicais, dois transformar-se em novos povoados, como ocorreu
habitantes desse (sic) bairro, FRANCISCO com o Tejuco.
MENDES CARNEIRO e FRANCISCO LEAL Foram seus FILHOS:
ALEMÃO - (meu avô afirmava que eles eram 1 - Valentim Leal Alemão, batizado em
cunhados, embora não encontrasse até o presente São José Del Rey, a 24 de fevereiro de 1799 e
comprovação documental disso) - , dirigiram-se ao falecido em data desconhecida;
vigário e queixaram-se das dificuldades 2 - Manoel Leal Alemão (1802 - ?);
enfrentadas por suas famílias para ir à Matriz, 3 - Dona Francisca (1807 - ?);
pois grande era a distância em que moravam e 4 - Dona Silvéria (1822 - ?).
quase intransponíveis os caminhos que deviam Segundo a tradição oral, as terras de seu
percorrer. Para resolver esse problema, o vigário filho Valentim Leal Alemão - que talvez seja parte
orientou-os para que requeressem ao bispo de São da atual fazenda Sapé, que pertence aos herdeiros
Paulo uma PROVISÃO que lhes permitisse erigir do Chico Paulino - faziam divisa com a fazenda
uma capela onde moravam"... A autorização foi Três Posses, de cujos terrenos surgiu a doação do
dada pelo bispo, em 26 DE JUNHO DE 1820, data patrimônio territorial para a construção da
que é considerada como a de fundação do capela. Tal controversa doação teria sido lavrada
incipiente povoado de SÃO FRANCISCO DE no Cartório de Notas de Jacuí, pelos doadores:
PAULA DO TEJUCO PRETO. João Ferreira da Costa; Inácio Alves de Lima e
Mas, o que sabemos de FRANCISCO LEAL José Ferreira Barbosa, em 1844.
ALEMÃO? Muito escassas são as informações Ainda não foi encontrado o registro de
sobre esse patriarca. sepultamento de FRANCISCO LEAL ALEMÃO,
Francisco Leal Alemão, nasceu em 1752, mas ele faleceu em 1839, pois seu inventário está
natural de Prados, Minas Gerais, filho de Manoel arquivado no Cartório do 3° Ofício da Comarca de
Leal Alemão e de dona Antônia de Jesus. Casou- São Sebastião do Paraíso, Minas Gerais, na caixa
se com dona Clara Maria Pinto, batizada a 06 de número 27, sendo a inventariante, dona Clara
abril de 1779, natural de São José Del Rey, Minas Maria Pinto. Francisco Leal Alemão, morreu com
Gerais, filha do furriel Manoel Pinto de Barros e de cerca de 87 anos de idade e passou para a História
dona Ana Maria da Encarnação. O casamento foi de Monte Santo de Minas como uma das mais
realizado em 25 de abril de 1798, em São José Del significativas figuras de seu patriarcado.
Rey. Dedicava-se a lavoura e possuía 05 escravos,

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FRANCISCO MENDES CARNEIRO (1755 - 1838)
FUNDADOR DE MONTE SANTO DE MINAS

Diz nos o historiador, Luiz Antonio Novelli, Francisco Mendes Carneiro, nasceu em 1755,
que "... a história de Jacuí ficou ligada de maneira supostamente em Lavras, comarca de São João Del
indissolúvel aos bairros que iam nascendo". Rey, Minas Gerais. Era casado com dona Francisca
Dois desses bairros eram o PINHEIRINHO e o Luiza do Nascimento, nascida em 1788. Dedicava-se a
SAPÉ. No PINHEIRINHO, em 1817, já vivia lavoura e possuía 11 escravos, sabia ler e escrever,
FRANCISCO MENDES CARNEIRO, conforme pode- conforme declarou no Censo de 1831. Foram seus
se atestar devido a esse batistério: "Aos vinte e quatro FILHOS:
de julho de mil, oitocentos e dezassete anos nesta 1 - Antônio Mendes Carneiro (1809 - ?),
Matriz de Jacuhy, batizei digo "sub extremis" e pus os casou-se com dona Delfina Candida Ferreira (? - ?);
Santos Óleos à Adão nascido a quatorze de Maio 2 - Claudino Mendes Carneiro (1814 - ?), foi
próximo passado filho legítimo de Joaquim e Maria, casado com dona Emerenciana Maria de Jesus;
escravos de FRANCISCO MENDES CARNEIRO, 3 - José Mendes Carneiro (1818 - ?), foi
morador do PINHEIRINHO; forão padrinhos casado com dona Mariana Lopes do Prado (? - ?), é
Francisco da Silva, que validamente o baptizei e Joana sua TRINETA, dona Alacir de Lima (1920), casada
Vieira, viúva de José Lopes, todos d'esta freguezia do com Orlando Paulino da Costa (1918 - 1968);
que fiz este assento que assigno. O vigário coadjutor, 4 - Francisco Mendes Carneiro Filho (1819 -
Francisco Moreira de Carvalho". (Livro de Batismo de ?);
São Carlos Borromeu, 1810/1848, Jacuí, MG). 5 - Manoel Mendes Carneiro (1821 - ?);
Esses dois povoados estavam distantes e 6 - Joaquim Mendes Carneiro (1823 - ?);
dificultavam a ida de seus moradores a Jacuí, para 7 - dona Luiza Francisca do Nascimento
assistir a missa dominical. (1817 - ?);
Segundo, o nosso Novelli, "... Numa dessas 8 - dona Maria Francisca do Nascimento
visitas dominicais, dois habitantes desse (sic) bairro, (1820 - ?), foi casada com o alferes Cassiano José de
FRANCISCO MENDES CARNEIRO e FRANCISCO Lima (1811 - 1877), neto: major Francisco Cassiano de
LEAL ALEMÃO - (meu avô afirmava que eles eram Lima (1858 - 1925), c. c. dona Emília Ribeiro de Faria
cunhados) -, dirigiram-se ao vigário e queixaram-se (1881 - 1952); bisneto: João Ribeiro de Lima (1904 -
das dificuldades enfrentadas por suas famílias para ir à 2009), c. c. dona Maria Júlia Barboza (1915 - 1997);
Matriz, pois grande era a distância em que moravam e trineta: dona Maria do Carmo Ribeiro, c. c. José
quase intransponíveis os caminhos que deviam Candido Pereira; tetraneto: dr. André Luís Ribeiro
percorrer. Para resolver esse problema, o vigário Pereira, c. c. Karen Jacqueline da Silva; pentaneto:
orientou-os para que requeressem ao bispo de São Emmanuel Augusto Silva Ribeiro Pereira;
Paulo uma PROVISÃO que lhes permitisse erigir uma 9 - dona Victoria Francisca do Nascimento
capela onde moravam" ... A autorização foi dada pelo (1829 - ?). FRANCISCO MENDES CARNEIRO,
bispo, em 26 DE JUNHO DE 1820, data que é faleceu em 1838, com cerca de 83 anos de idade. Seu
considerada como a de fundação do incipiente povoado inventário está arquivado na caixa número 28, no
de SÃO FRANCISCO DE PAULA DO TEJUCO Cartório do 3° Ofício da Comarca de São Sebastião do
PRETO. Paraíso, Minas Gerais, sendo inventariante, dona
Mas, o que sabemos de FRANCISCO MENDES Francisca Luiza do Nascimento. Francisco Mendes
CARNEIRO? Muito escassas são as informações sobre Carneiro passou para a História de Monte Santo de
esse patriarca. Minas como uma das mais significativas figuras de seu
patriarcado.

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PADRE MACHADO (1783 - 1848), O PRIMEIRO
CAPELÃO DO TEJUCO

Construída a primeira capela no Sapé, no fazenda. O padre Machado aí residiu até depois da
ano de 1820 e que segundo o historiador Luiz fundação de Mococa, tendo ele celebrado a
Antonio Novelli, esta localizava-se nas imediações primeira missa inaugural da capela de São
da atual Escola Estadual Américo de Paiva e junto Sebastião da Boa Vista, pertencente a freguesia e
a ela havia um cruzeiro que, por longos anos, vila de Casa Branca, termo e comarca de Mogy-
protegeu os que eram sepultados à sua sombra Mirim, província de São Paulo (futura Mococa), no
(tem-se notícias orais de que o primeiro cemitério Natal de 1846. O padre Machado, relativamente
fora construído onde hoje está o edifício do Fórum aos meios de que dispunha, bons serviços prestou
de Justiça), era necessário um capelão ou cura para aos seus curados, apesar de seu temperamento
atender as necessidades espirituais dos primeiros violento e atrabiliário, muito desculpável, quando
moradores. Em 1825, o bairro do Sapé, era era certo que o padre Machado perdia as estribeiras
chamado de Aplicação de São Francisco de Paula fosse com quem fosse, que lhe chegasse "a
do Tejuco e o capelão era mostarda ao nariz".
o padre Manoel Machado da Assumpção. "MACHADO É DE FERRO DURO, AÇO
O padre Machado, era natural de Oliveira, QUE NÃO VERGA E ALCOBAÇA É PANO
Minas Gerais, nascido em 1783, filho de MOLE", - dizia ele batendo o pé dentro da capela,
Bartolomeu Machado Borges e de dona Teodora ao padre Alcobaça, de Casa Branca, então vigário,
Antônia de Moraes e pertencia ao clero da diocese a propósito de um desconcerto qualquer - era
de São Paulo. Havia sido removido de Jacuhy para um padre independente e muito rico.
o incipiente Tejuco. Em 1831, ele foi listado como Foi em 1848, que se retirou da incipiente
morador na Lista Nominativa do Districto de São Mococa, o padre Machado, indo para Casa Branca
Francisco do Tejuco Preto, na freguesia de São e ali falecendo, em 20 de outubro de 1848, aos 65
Carlos do Jacuhy, na comarca do Rio das Mortes, anos de idade. Em suas disposições testamentárias
província de Minas Geraes e possuía 24 escravos pediu um enterro humilde e deu liberdade para
(era o maior proprietário de escravos do lugar). todos seus escravos. A seu pedido seu corpo foi
Permaneceu no Tijuco até 1841, quando enterrado com simplicidade, no cemitério que
influenciado pelos capitão José Gomes de Lima, existia em frente à Igreja Matriz de Casa Branca,
Gabriel Garcia de Figueiredo (futuro barão de São Paulo. O padre Machado participou da
Monte Santo) e Diogo Garcia de Figueiredo, fundação de Monte Santo de Minas e de Mococa,
transferiu sua residência para a futura Mococa. Lá foi um pioneiro!
comprou por seis contos de reis a fazenda da Uma cruz plantada num pedaço de chão, a
Grama - que está hoje localizada no município de capela em louvor a São Francisco de Paula, as
Arceburgo - , anos depois vendida por 800 contos, primeiras casas levantadas, a população
e vindo dedicar-se à criação de gado, pelo qual era aumentando, a fé se consolidando, a vida
apaixonado, nos campos da fazenda da Alegria começando: assim nasceu Monte Santo de Minas.
(pertencente aos Garcia de Figueiredo), fazendo ao
mesmo tempo o serviço religioso da ermida da

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JOÃO FERREIRA DA COSTA, 1784 – 1849?
PATRIARCA DA FAMÍLIA PAULINO DA COSTA

As terras que hoje constituem o município há a tese de que "... o atual distrito de Monte Santo
de Monte Santo de Minas, centralizam no início do fazia parte então da fazenda Três Posses,
século XIX, uma região - de fazendas e sítios - pertencente aos três posseiros seguintes: JOÃO
formada pelos "entrantes mineiros e paulistas", que FERREIRA DA COSTA, do qual descende a
desenvolveram um vigoroso trabalho produtivo e família Paulino da Costa; INÁCIO ALVES DE
foram conquistando os "Sertões do Jacuhy". LIMA, do qual descende a família Alves e JOSÉ
Nessa época, talvez não existia ainda uma FERREIRA BARBOSA, do qual descende a família
única casa onde nasceu, em 1820, o povoado de Vieira. A escritura dessa doação foi passada em
São Francisco de Paula do Tejuco; entretanto, Jacuí, no cartório do tabelião José Ribeiro (...) e
precedendo o ato de criação da capela curada, está assinada pelos três doadores (...) a doação,
aparece - como episódio histórico relevante dos bem como a divisão da fazenda "Três Posses",
primórdios da fundação de Monte Santo de Minas - julgadas em Jacuí, no ano de 1844, pelo então juiz
a presença dos abastados povoadores mineiros e municipal daquela comarca, (sic) dr. Vicente
paulistas. Eles aqui formaram as primeiras Carvalhais..."
fazendas, preparando assim as bases econômicas e No inventário de JOÃO FERREIRA DA
sociais, que estimularam a fundação do povoado. COSTA, transcrito pelo professor José Ferreira
Um desses mineiros, era JOÃO FERREIRA DA Carrato (1916 - 1996), embora sem a data, consta
COSTA (São João Del Rey, MG, b. a 30.07.1786 e os seguintes bens: 60 oitavas de prata (13$000);
f. em Monte Santo de Minas, MG, em 1849?), que um "taicho" de cobre (20$000); um dito velho
estava estabelecido no bairro rural das (12$000); um dito pequeno (8$000); um almofariz
PITANGUEIRAS, e era casado com dona ANNA (2$000); uma mesa com gaveta (6$000); 2
LEONARDA DOS PASSOS ou dona ANNA gamelões (cada 800$); alambique de cobre (80$);
LEONARDA DOS SANTOS (Lavras, MG, b. a tachas de cobre (20$); cochos para garapa (2$); 2
18.11.1796 e f. em Monte Santo de Minas, MG, cochos de bálsamo com tampa (4$); 1 engenho
sepultada no interior da antiga Igreja Matriz de São inferior (12$); balança de pesar "oiro" (2$400); 6
Francisco do Monte Santo, a 12.09.1865). O escravos e sua esposa - como todas daqueles
casamento deles foi realizado na capela das Dores, tempos - fiandeira e tecedeira, com suas rodas de
paróquia de Santa Ana das Lavras do Funil, MG, fiar e de tecer "teçumes" de algodão, lã e fibras -
em 28.05.1813. Uma curiosidade histórica é que "colcha de baeta" (1.500$), roupas caseiras e
INÁCIO ALVES DE LIMA, era casado com dona chapéus.
ANNA LUIZA DO NASCIMENTO, por sua vez, Nascendo do casamento de JOÃO
irmã de JOÃO FERREIRA DA COSTA, portanto FERREIRA DA COSTA e dona ANNA
INÁCIO e JOÃO eram cunhados. E JOÃO LEONARDA DOS SANTOS, os filhos:
FERREIRA DA COSTA, INÁCIO ALVES DE CLEMENTE, ANTONIO, FRANCISCA, JOSÉ,
LIMA e FRANCISCO MENDES CARNEIRO, RITA e VICTORIA.
eram cunhados, pois casados com dona ANNA Dentre os filhos do casal, cumpre-nos
LUIZA DO NASCIMENTO e dona FRANCISCA ressaltar JOSÉ FERREIRA DA COSTA ou JOSÉ
LUIZA DO NASCIMENTO, respectivamente e as PAULINO DA COSTA (Jacuí, MG, n. a
duas eram irmãs de JOÃO FERREIRA DA 23.04.1827 e f. em Monte Santo de Minas, MG, a
COSTA e INÁCIO ALVES DE LIMA, era irmão 22.06.1903). Segundo antiga tradição familiar a
de dona ANNA LEONARDA DOS SANTOS, origem da mudança do sobrenome "FERREIRA
esposa de JOÃO FERREIRA DA COSTA. DA COSTA" para "PAULINO DA COSTA" deu-
Segundo, o dr. Joaquim Ernesto Coelho, em se quando, um negro entrou na família não se sabe
seu Anuário de Monte Santo, publicado em 1942, como empregado, agregado ou casamento. Dizia-se
-39 -
que o negro era chamado de "PAULINO" e muito matrimônio, depois de recebido o Sacramento da
estimado pela família e assim o "FERREIRA" Penitência, JOSÉ PAULINO DA COSTA e D.
vagarosamente foi substituído pelo sobrenome MARIANNA LUCIANA DE JESUS, com as
"PAULINO". presenças das testemunhas Cassiano José de Lima
Do relacionamento amoroso e antes de ser e Florêncio José da Luz, do que para constar faço
oficializado, JOSÉ PAULINO DA COSTA e dona este assento. O vigario João da Fonseca e Mello."
MARIANA LUCIANA DE JESUS (Jacuí, MG, n. (Livro Número 01 de Casamentos da Paróquia de
em 1830 e f. em Monte Santo de Minas, MG, a São Francisco de Paula, Monte Santo de Minas,
01.10.1870), filha de MARÇAL VIEIRA HOMEM Diocese de Guaxupé, MG, p. 12v.)
(Bom Sucesso, comarca de São João Del Rey, MG 5. Coronel JOAQUIM PAULINO DA
n. em 1786 e f. em Monte Santo de Minas, em COSTA (b. a 03.09.1858 e f. a 25.03.1926), c. a
1846) e de sua esposa, dona RITA MARIA DE 15.01.1878, com dona Vitalina Garcia de Oliveira
JESUS ou dona LUCIANA MARIA DE JESUS (b. a 05.11.1867 e f. a 13.07.1936), filha de
(Moji, comarca de Itu, SP, n. em 1813 e f. em Candido José de Oliveira (? - ?) e de dona Maria
Monte Santo de Minas, MG, em 1852), - Marçal Garcia Duarte (? - 18.05.1905). O casal era
Vieira Homem era dono da fazenda do Ouvidor, "parentes de 3° grau de consanguinidade em linha
comprada em 09.10.1837 - , nasceram os seguintes lateral", com geração;
filhos batizados e reconhecidos como legítimos: 6. AMÂNCIO PAULINO DA COSTA (b. a
1. JOSÉ PAULINO DA COSTA 29.01.1860 e f. a 30.09.1925), c. c. dona Vitalina
(10.03.1850 - 05.10.1859), sem geração; Vieira da Fonseca ou dona Vitalina Francisca de
2. Dona MARIA ZEFERINA DE JESUS Jesus (b. a 05.11.1868 e f. a 01.08.1936), filha de
(b. a 29.09.1851 e f. a ?), c. a 31.05.1874, com João Vieira da Fonseca (? - ?) e de dona Ponciana
Francisco Vicente de Paula (? - ?), filho de Vieira de Paula (? - ?); com geração;
Francisco Antônio de Alvarenga (? - ?) e de dona 7. Dona LUCIANA MARIA DE JESUS (b.
Josepha Maria do Nascimento (? - ?), com a 03.04.1864 e f. a ?), sem geração;
geração; 8. JOSÉ PAULINO DA COSTA ou JOSÉ
3. Coronel FRANCISCO PAULINO DA VICENTE DA COSTA ( ZÉ MENINO, b. a
COSTA ou FRANCISCO FERREIRA PAULINO 20.05.1865 e f. a 06.10.1934), c. c. dona
DA COSTA (CHICO PAULINO, b. a 08.11.1853 Archangela Marcolina de Jesus (? - ?), sem
e f. a 02.09.1932), c. a 24.01.1874, com dona geração;
Mariana Gonçalves da Silva (b. a 18.05.1856 e f. 9. JOÃO PAULINO DA COSTA (1865 -
em 1952), filha de Pedro José Rodrigues (Pedro 05.12.1880), faleceu com o "pescosso deslocado
Fumeiro, ? - ?) e de dona Maria Gonçalves Barbosa proveniente de uma grande queda de cavallo", sem
(? - ?), com geração; geração;
4. Dona ANNA LUCIANA DE JESUS (b. 10. GRACIANO PAULINO DA COSTA
a 21.10.1855 e f. a ?), c. a 04.02.1874, com João (n. em 1869 e f. em ?), c. em primeiras núpcias, em
Franco das Neves (? - ?), filho de João Antônio das 24.10.1896, com dona Maria Salomé do
Neves (? - ?) e de dona Anna Alves (? - ?). O casal Nascimento (? - ?), filha de Constantino Lopes do
era "parentes de 3° grau em linha igual, pois o avô Nascimento (? - ?) e de dona Candida Maria de
do contraente irmão do avô da contraente"; Jesus (? - ?) e em segundas núpcias, em
Depois de 08 anos do nascimento do primeiro 21.07.1918, com dona Maria Baptista (? - ?), filha
filho, a 06 de agosto de 1858, foi que JOSÉ de João de Rezende (? - ?) e de dona Baptista
PAULINO DA COSTA e dona MARIANA Victalina (? - ?), com geração;
LUCIANA DE JESUS, casaram-se oficialmente 11. Dona LUCIANA MARIA DE JESUS
conforme o assento que transcrevo: (b.a ? e f. a 16.09.1870, aos 06 meses de idade),
"Aos seis dias do mez de agosto de 1858 na ainda não foi encontrado o seu registro de batismo.
Matriz desta Freguezia de São Francisco das Em 01.10.1870, dona MARIANA LUCIANA DE
Chagas do Monte Santo por despacho do muito JESUS, faleceu aos 40 anos de idade.
Revdo. Conego José Bento d'Andrade, Vigario JOSÉ PAULINO DA COSTA, contraiu
Geral da Visita, perante mim se validarão em segundas núpcias com dona ANNA FRANCISCA
-40 -
DE JESUS (? - ?), viúva de Domingos Francisco (? consanguinidade em linha lateral igual", com
- ?), em 20.11.1875, conforme o assento que geração;
transcrevo: 3. EUGÊNIO PAULINO DA COSTA (? -
"Aos vinte dias de novembro de 1875 nesta ?), c. a 23.01.1897, com dona Maria Thereza da
Matriz de São Francisco de Monte Santo, com Luz (? - ?), filha de Eufrazino Eugênio da Luz (? -
licença do Revmo. Parocho da mesma, Pe. ?) e de dona Maria Anacleta das Dôres (? - ?), com
João Immediato, celebrei o casamento geração;
digo, em prezença das testemunhas João Vieira da 4. Dona PAULINA MARIA DE JESUS (b.
Fonseca e Cassiano José de Lima, celebrei o a 25.06.1881 e f. a 12.02.1903), c. c. Laurindo
casamento contractado entre JOSÉ PAULINO DA Carolino de Mello (? - ?);
COSTA, viúvo por óbito de Mariana Luciana de 5 - Dona VITÓRIA MARIA DE JESUS (b.
Jesus; e ANNA FRANCISCA DE JESUZ, viúva por a 01.01.1885 e f. a ?), c. c. José Herculano (? - ?).
óbito de Domingos Francisco. Por ser verdade Do primeiro casamento de dona Anna Francisca de
faço o prezente assento para em todo o tempo Jesus com Domingos Francisco, sabe-se da
constar. Pe. José Inácio Rodrigues". (Livro existência dos seguintes filhos:
Número 02 de Casamentos da Paróquia de São 1. Dona MARIANA (? - ?), c. c. João
Francisco de Paula, Monte Santo de Minas, Vicente (? - ?);
Diocese de Guaxupé, julho/1858 a fevereiro/1876, 2. Dona MARIA (? - ?), c. c. Paulino
p. 26v.), nascendo desse casamento os seguintes "Cabrito" e
filhos: 3. ELIEZER (? - ?).
1. Dona ANNA LUIZA DE JESUS (? - ?), Essa pequena exposição genealógica, sem a
c. a 07.11.1896, com José Constantino Lopes (? - pretensão de um rigor, que demandaria muitas e
?), filho de Constantino Lopes do Nascimento (? - muitas páginas, está restrita apenas ao filho e netos
?) e de dona Candida Maria de Jesus (? - ?). José de João Ferreira da Costa, através de JOSÉ
Constantino Lopes era irmão de dona Maria PAULINO DA COSTA, cujos descendentes ainda
Salomé do Nascimento, que foi a primeira esposa hoje estão muito bem representados em Monte
do Graciano Paulino da Costa; Santo de Minas.
2. Dona FRANCISCA ANNA DE JESUS A intenção não é senão homenagear a
(b. a 24.10.1880 e f. a 04.03.1899), c. a memória dos que passaram com tanta elevação,
07.11.1896, com Hipólito José Marçal (b. a legando aos seus descendentes nomes honrados e
11.02.1877 e f. em 193?), filho de Francelino José exemplos edificantes, e, ao mesmo tempo, oferecer
Theodoro (? - ?) e de dona Maria Conceição de à comunidade monte-santense os meios para
Jesus (? - ?), ela era sobrinha de dona Mariana conhecer melhor o entrelaçamento da família
Luciana de Jesus, que foi primeira esposa de José PAULINO DA COSTA, que ajudaram criar o
Paulino da Costa. O casal Francelino e dona Maria engrandecimento dessa terra.
Conceição, era "parentes de 3° grau por

“Uma geração vai, e outra geração vem; porém a Terra para sempre permanece. E nasce o Sol, e
põe-se o Sol, e volta ao seu lugar de onde nasceu. O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o
norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo seus circuitos”. (Eclesiastes – I, 4,5,6).

-41 -
FRANCISCO COELHO MONTE CLARO
1812 - 1861

Um nome, em Monte Santo de Minas, povoado era elevado à condição de vila, por ato do
jamais ficou circunscrito tão somente ao âmbito do príncipe-regente dom João. Em 1824, o capitão
município. Transpôs fronteiras e dominou com a João Pedro Coelho era presidente da Câmara da
auréola que o envolvia toda a região que constituía Villa de São Carlos do Jacuhy e morava no bairro
os termos reunidos de Passos e Jacuhy e rural "Pinheirinho". Na “Lista nominativa dos
ultrapassou os limites com a província de São moradores de São Francisco do Tejuco Preto”
Paulo, cingindo as insígnias de chefe prestigiado e (1832), o capitão João Pedro Coelho, figura como
considerado pelos poderes oficiais, mesmo quando seu 1° juiz de paz e por ela sabe-se os nomes dos
se encontrava o seu partido fora do governo. Esse filhos do casal: José (02.11.1809 - ?); Francisco
nome, reverenciado ainda com terno respeito nos Coelho Monte Claro, o Comendador Coelho
fastos das crônicas monte-santenses, foi o do (1812-1861); Dona Francisca (30.03.1820 - ?);
comendador Francisco Coelho Monte Claro, que capitão Urias de Souza Coelho ou Urias Coelho
sob a orientação, o amparo e o auxílio de quem Monte Alegre (04.02.1823 - 01.02.1876); Luís
Monte Santo cresceu e progrediu em seus (19.04.1824 - 18.11.1868); Dona Ana (1827 - ?);
primeiros anos, abrindo as portas aos brasileiros de Dona Ambrosina (1829 - ?); Elozio ou Elizeu (
todas as plagas, portadores do entusiasmo com que 09.04.1830 - 27.06.1878) e João (1831 - ?). A Lista
se dedicaram ao trabalho e das qualidades morais supracitada diz que o morador tinha 53 anos de
com que se credenciaram ao entrelaçamento com a idade e possuía 19 escravos. Ele morreu em 1838,
família local. Muito falado, contava-se dele muitas pois seu inventário, encontrado pelo historiador
histórias e entre essas que ele tinha dinheiro nos Wilson Remédio Ferraz, está arquivado na Vara da
bancos da Inglaterra e um baú cheio de libras- Família da Comarca de São Sebastião do Paraíso,
esterlinas. Mas, detenhamo-nos nos documentos na caixa número 40, ano 1838, sendo inventariante
históricos para narrar sua trajetória: seu filho José de Souza Coelho. Segundo tradição
FRANCISCO COELHO, nasceu em 12 de oral familiar um dos filhos do capitão João Pedro
abril de 1812, no território do arraial do Jacuhy, Coelho, teria ido para a Bahia e lá passou a assinar
filho legítimo do capitão João Pedro Coelho, como sobrenome Monte Azul. No "Mapa da
nascido em 1779, natural de São Nicolau, População do Distrito de São Francisco do Tejuco,
arcebispado do Porto, reino de Portugal e que Termo de Jacuhy, Ano de 1839", há a seguinte
imigrou em data ignorada para o Brasil, e de dona notícia sobre o comendador Francisco Coelho
Escolástica Ferreira de Souza Brito, nascida no Monte Claro: "Francisco Coelho, tenente da
arraial do Jacuhy, em 1793 e que haviam se casado Guarda Nacional, branco, com 24 anos de idade,
naquela localidade em 27 de agosto de 1807. O negociante, sabe ler, natural de Jacuhy, comarca da
capitão João Pedro Coelho, foi um dos signatários Campanha, casado com dona Geracina Candida, de
do auto da criação de São Carlos do Jacuhy, em 20 anos de idade, branca, sabe ler, natural de
primeiro de novembro de 1815, pelo qual o
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Alfenas, comarca da Campanha, com uma filha bens materiais do casal. Dona Francisca é
Maria, de um ano de idade e possui 6 escravos". condenada a pagar as custas dos autos, em que foi
O comendador Coelho casou-se com dona condenada por virtude dos mesmos acórdãos,
Geracina Cândida de Almeida, (nascida e batizada estipulados em dois contos de réis, o equivalente a
em Alfenas, Minas Gerais a primeiro de abril de cerca de duzentos e quarenta e seis mil reais. Os
1819, com o nome de "Maria" e falecida e bens do casal foram avaliados em 46 contos de réis
sepultada em Monte Santo, Minas Gerais a 13 de (equivalentes a oito milhões, seiscentos e dez mil
fevereiro de 1888), filha do capitão Antonio Alves reais). No trânsito desse processo, dona Francisca,
de Almeida (1771 - 1852) e de dona Francisca no estado agora de solteira teve uma filha natural, a
Lopes de Faria (1795 - 08.06.1854) e desta união menina Francisca, que nasceu a 03 de julho de
foram seus filhos: 1878. A 23 de julho de 1878, dona Francisca
1. João Pedro Coelho Monte Claro (1837- faleceu - segundo consta, ela estava de resguardo e
?), casado em 20 de fevereiro de 1863 com sua teria cortado um dos dedos com uma tesoura,
prima dona Francisca Coelho Monte Alegre enquanto costurava e consequentemente ter tido
(18.10.1848- 23.07.1878), filha do capitão Urias tétano - , e a 06 de dezembro de 1878, sua filha
de Souza Coelho ou Urias faleceu. Dona Malvina
Coelho Monte Alegre Candida Monte Alegre,
(1823 - 1876) e de dona casada com o tenente-
Estela Carolina de coronel José Cassiano
Almeida (1828 - 1852), o Gomes, e dona Maria das
casamento de João Pedro Dôres Monte Alegre,
Coelho Monte Claro com casada com o tenente José
sua prima-irmã, dona de Almeida Freitas, irmãs
Francisca Coelho Monte de dona Francisca, se
Alegre, foi talvez o declararam herdeiras da
primeiro casamento falecida e os bens do casal
anulado nessa região e um foram divididos
dos maiores escândalos da judicialmente da seguinte
história de Monte Santo, forma: João Pedro Coelho
por Sentença Cível de Monte Claro: 46 contos de
Apelação do Acórdão do réis; irmãs de dona
Superior Tribunal Francisca Coelho Monte
Eclesiástico da Relação Alegre: 22 contos de réis. O
Metropolitana da Cidade processo do inventário dos
da Bahia, datada de 05 de bens da finada dona
maio de 1876. Consta do Dona Maria José Monte Claro (1838 – 1887), Francisca Coelho Monte
processo da anulação do esposa do major Vicente Ferreira Carvalhaes Alegre de que é
casamento, dois anos Sobrinho (1836 – 1912). inventariante dona Geracina
depois (1865), que o Candida Monte Claro, acha-
enlace tinha sido imposto pelo capitão Urias se arquivado no Museu Municipal “Doutor
Coelho Monte Alegre, pai da noiva, que, de Joaquim Ernesto Coelho”. Após a anulação do
canivete afiado na mão, arremeteu-se sobre ela, casamento e morte de dona Francisca Coelho
para obrigá-la, à mais bonita das irmãs, a um Monte Alegre, seu ex-marido e agora viúvo, supõe-
casamento que todos sabiam ser um desastre... pois se que, passe a se chamar João Pedro Coelho e
o noivo, João Pedro era completamente sandeu ou teria contraído um segundo casamento com dona
mentecapto, incapaz de raciocinar, como incapaz Feliciana Lopes de Faria e desta união nasceram os
de praticar atos sérios e considerados, embora ele seguintes filhos: Josina, Bernardino, Clarinda,
já estivesse com 27 anos de idade. Inicia-se, então, João, Sebastião, Rita e Wenceslau, não se sabendo
uma batalha judicial entre dona Geracina (tia e até o momento se há descendentes desses filhos. O
sogra) e dona Francisca (sobrinha e nora), pelos fato é que se desconhece o paradeiro do filho, João
-43 -
Pedro Coelho Monte Claro, após a anulação de seu Antônio Augusto Pereira Lima (Doutor Antonico),
casamento; (15.11.1867 - 16.05.1937), filho de Antônio
2. Dona Maria José Monte Claro Pereira Lima e de dona Guilhermina Antônia do
(nascida em 1838 e falecida em 03.04.1887), Nascimento, com geração;
casada com o tenente-coronel Vicente Ferreira 2.4 – José Ferreira Carvalhaes, falecido
Carvalhaes Sobrinho (1836-20.11.1912) ou major em 29 de março de 1868, com a idade de onze
Vicente Carvalhaes, como ficou conhecido, foi meses e vinte dias;
figura de relevância em Jacuí, São Sebastião do 2.5 - Circassiano Amélio Carvalhaes
Paraíso e Monte Santo. Nascido em Jacuí, era (Cadete), nascido em 1873 e falecido em
filho de João Ferreira dos Santos Carvalhaes e de 12.10.1878;
dona Jacyntha Ferreira 2.6 - Dona
Carvalhaes. Por decreto Francisca Ferreira
imperial de 31.07.1860, foi Carvalhaes (22.05.1875 -
promovido o major Vicente 09.11.1949), casou-se em
Ferreira Carvalhaes Sobrinho, 12.04.1890 com o coronel
a tenente-coronel comandante Francisco Gê Pereira Lima
do Batalhão de Infantaria (Gê Lima), n. em
número 78 da Guarda 26.03.1870 e f. em
Nacional da Província de 30.08.1944, filho de
Minas Gerais, do Município Francisco Augusto Pereira
de Jacuí. Foi presidente da Lima e de dona Anna
Câmara Municipal de São Ferreira Carvalhaes, com
Sebastião do Paraíso geração.
(prefeito), de 07.01.1874 a Do relacionamento
07.01.1878. Foi juiz de paz e do major Vicente
sub-delegado de polícia na Carvalhaes com sua escrava
freguesia de São Francisco de Lucinda Silvéria de Jesus
Monte Santo. (1849 - 12.05.1927) houve
Filhos: os filhos reconhecidos como
Major Vicente Ferreira Carvalhaes
2.1 - Dona Maria legítimos:
Sobrinho (1836 – 1912), foi casado com
Amazília Carvalhaes Monte dona Maria José Monte Claro (1838 – 1 - Dona Auta
Claro (Dona Mazília), 1887). Carvalhaes (Autina), n. em
(30.11.1858 - 17.01.1940), foi 31.07.1887 e f. em
casada em primeiras núpcias, a 24.07.1875 com 03.11.1972, estudou no Colégio Mackzenzie, em S.
Deocleciano Baptista Carvalhaes (1851 - 1888), Paulo, ela falava francês e tocava piano, casou-se a
filho de João Baptista Carvalhaes e de dona Maria 10.02.1906, com o coronel Joaquim Bernardes da
José Ferreira Carvalhaes, com geração; em Silva (12.11.1879 - 13.10.1926), prefeito de Monte
segundas núpcias, casou-se em 09.02.1889 com Santo no período de 22.03.1924 a 13.10.1926, com
Antenor Ferreira Carvalhaes (1862 - 02.07.1905), geração;
filho do capitão Evaristo Ferreira Carvalhaes e de 2 - Coronel Olímpio Carvalhaes (? -
dona Geracina Francisca Monte Alegre, sem 08.06.1927) farmacêutico, c. c. dona Hermenegilda
geração; de Meirelles Andrade (Mulata), sem descendentes.
2. 2 - Dona Aurelizia Carvalhaes Monte Com a morte do capitão Antônio Alves de
Claro (1858 - 1859), falecida na primeira infância; Almeida, em 1852, sua filha, dona Geracina
2.3 - Dona Geracina Monte Claro Carvalhaes Candida de Almeida, herda a fazenda Ribeirão dos
(batizada em 19.09.1863, aos 70 dias de idade e Patos (Pederneiras). No Jornal do Commercio, de
falecida na infância); 08 de setembro de 1847, publicado no Rio de
2.3 - Dona Geracina Magnólia de Janeiro, saiu a seguinte notícia: “Ao público –
Carvalhaes ( Dona Magnólia), (12.02.1870 - Francisco Coelho, morador no arraial de S.
31.03.1952), c. em 09.02.1889, com o doutor Francisco de Paula do Tejuco, termo de Jacuhy,
-44 -
em Minas Gerais, querendo evitar continuados foram parentes e confinantes entre si, aconteceu
equívocos de nomes iguaes faz sciente aos seus que os latifúndios ficaram ainda maiores, tão
amigos, e ao publico, que de hoje em diante ele se grandes, que ainda hoje restam bons bocados
assignará – Francisco Coelho Monteclaro”. deles...
A Lei de Terras, de 18 de setembro de Com certeza, como outros posseadores
1850, tinha a intenção de disciplinar o uso das herdeiros, o futuro comendador Francisco Coelho
terras devolutas, isto é, aquelas terras do governo Monte Claro lucrou com a Lei de Terras e
posseadas pelos fazendeiros. Mas como toda lei expandiu o seu império fundiário em toda a década
brasileira, deixou aberta a porta: no seu artigo 2°, de 1850. Por outro lado, se a outra grande lei da
era proibido o uso da terra devoluta posseadas, década de 1850/60 - a Lei Eusébio de Queiroz -
excetuada apenas nos atos possessórios entre fechava o tráfico de novos escravos para a lavoura,
heréus confinantes. Como em nosso sertão de São obrigou afortunadamente os fazendeiros a
Francisco de Paula do Tejuco os heréus (herdeiros) empregar o antigo dinheiro da compra de negros

Imperial Ordem de Nosso Senhor Jesus A Imperial Ordem da Rosa foi uma ordem
Cristo é uma antiga ordem honorífica honorífica brasileira. Foi criada em 17 de
brasileira, originada a partir outubro de 1829 pelo imperador dom (1822
da portuguesa Ordem Militar de Cristo, a — 1831) para perpetuar a memória de seu
qual por sua vez remonta à medieval Ordem matrimônio, em segundas núpcias, com dona
de Cristo. Foi a segunda ordem imperial Amélia de Leuchtenberg e Eischstädt, um dia
brasileira com mais titulares, logo atrás após sua chegada ao Brasil. Foi extinta em
da Imperial Ordem da Rosa, e premiava tanto 1891, juntamente com todas as outras ordens
militares quanto civis. e títulos nobiliárquicos existentes no Brasil.

-45 -
em sua própria produção agrícola: aquele superávit transcrevo em partes, assinada por dom Antonio
de um milhão de contos de reis, no comércio Joaquim de Mello, bispo de São Paulo: CARTA DO
exterior da época, devido ao café foi resultado BISPO DE SÃO PAULO A SUAS OVELHAS
dessa nova situação econômico-financeira. VISITADAS A 1857 E 1858 - "... Não concluiremos
Pensamos que foi a partir daí que nasceu a este testemunho de vosso reconhecimento e
economia cafeeira em São Francisco de Paula do gratidão, sem fazer especial menção de duas
Tejuco. Uma produção cafeeira de vulto, a ponto povoações, a quem somos mais devedores. A nova
de começar a ser exportada, vinte anos antes de freguesia de Tijuco, hoje São Francisco das
Ribeirão Preto ter seu primeiro pé de café, o surto Chagas do Monte Santo, abrio suas mãos com
do progresso. mais liberidade em sua esmola para nosso
Dos antigos moradores de Monte Santo de seminário. O sr. commendador Francisco Coelho
Minas, o nome mais notável foi sem dúvida o de Monte Claro, que por si só nos deu 500$ (cerca de
Francisco Coelho Monte Claro, homem nobre, 61 mil reais); o Rev. Vigário da Vara Antonio
inteligente e de grande atividade, dono de Xavier, nos deu 600$: toda a povoação, embora
apreciável fortuna e pelos múltiplos méritos foi principiante, foi animada de zelo para esta
nomeado pelo imperador dom Pedro II e pela obra....".
chancelaria do Ministério dos Negócios do Império Das 42 localidades visitadas pelo bispo a
do Brasil, por despacho publicado em 25 de março que mais doou foi a da "Freguesia de São
de 1849, assinado por José de Paiva Magalhães Francisco do Monte Santo", com a contribuição de
Calvet: "Cavaleiro da Imperial Ordem de Nosso 3:251$000 mil reis (cerca de 369 mil reais),
Senhor Jesus Cristo" e por despacho publicado em seguida da "Cidade de Mogymirim", que
14 de março de 1855, assinado por Fausto Augusto contribuiu com 2:700$000 mil reis. Dessa visita
de Aguiar foi nomeado: "Oficial da Imperial pastoral surgiu um compadrio entre o comendador
Ordem da Rosa". O comendador Coelho foi Coelho e dom Antônio Joaquim de Mello, bispo de
nomeado também pelo imperador dom Pedro II, São Paulo, pois a nove de maio de 1858, foi
com a patente militar de coronel para o cargo de batizada dona Maria Amazília Carvalhaes Monte
Comandante do Comando Superior dos Batalhões Claro, neta do comendador e seu padrinho na pia
Números 77, 78 e 79 da Guarda Nacional dos batismal foi o próprio bispo. O padre Antônio
Termos Reunidos de Jacuhy e Passos, estando Xavier da Costa, que foi o segundo capelão e que
todos os subalternos e oficiais subordinados à ele. veio para cá em 1843 e paroquiou até 1870, quando
Foi graças aos esforços do comendador Coelho, foi embora, segundo dizem levou farto pecúlio em
que doou as terras e construiu a Igreja, para que o barras de ouro e prata, a ponto de o cargueiro, no
distrito do Tejuco, fosse elevado à categoria de primeiro dia de viagem, cair esfalfado com o peso.
freguesia, com a denominação de São Francisco do Faleceu o padre Xavier em Lençóis, estado de São
Monte Santo, por força da lei provincial número Paulo, pouco tempo depois, desaparecendo o
908, de 08 de junho de 1858, decretada pela tesouro talvez devido ao seu peso... dizem.
Assembleia Legislativa Provincial de Minas Gerais No jornal Correio Mercantil e Instructivo
e sancionada pelo doutor Carlos Carneiro de Universal publicado no Rio de Janeiro, em 10 de
Campos, presidente da Província de Minas Gerais. dezembro de 1860, há a seguinte notícia:
Particularmente, após anos de demandas de “Matriculado no Tribunal do Comércio do
pesquisas, acredito que a substituição do nome Rio de Janeiro: Francisco Coelho Monte-Claro,
Tejuco pelo de Monte Santo, não foi só originário cidadão brasileiro, com commercio de fazendas
devido à topografia do terreno em que se encontra por atacado e exportação de gêneros nacionais na
edificada a cidade, um planalto entre dois freguesia de São Francisco das Chagas do Monte
contrafortes da Serra da Mantiqueira e sim de um Santo no termo de Jacuhy da província de Minas
acordo entre o comendador Coelho e o bispo dom Geraes”.
Antônio Joaquim de Mello. Foi de uma de suas viagens ao Rio de
No "Jornal do Commercio", publicado no Janeiro, em visita ao imperador dom Pedro II, que
Rio de Janeiro, em sua edição número 127, página o comendador Coelho trouxe as primeiras sementes
01, de 09 de maio de 1859, há a seguinte nota que de café que foram plantadas na fazenda do
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Engenho de sua propriedade, e a propósito sabe-se Por ocasião do 30º dia de sua morte, foram
também que as seguintes fazendas: Morro publicados no “Correio Mercantil e Instructivo
Vermelho, Retiro, Sapé, Cruzeiro, Serra, Poço Político Universal”, do Rio de Janeiro, em 28 de
Vermelho, Buracão, Cachoeirinha e Sete Lagoas maio de 1861, dois necrológios escritos por
eram de sua propriedade. Pelo menos em suas Antonio Caetano de Argeu Mamede e Manoel
origens, a fazenda do Cruzeiro teria sido aberta Germano Corrêa, respectivamente e “oferecido aos
pelo comendador Francisco Coelho Monte Claro, Ilms. Srs. Comendador Vicente Ferreira
sogro do major Vicente Carvalhaes, ali pelas Carvalhaes; tenente-coronel Joaquim Ferreira
alturas de 1850, quando a cultura do café começou Carvalhaes; tenente-coronel João Baptista
a ser intensificada na região. O fato é que, com os Carvalhaes; major Vicente Ferreira Carvalhaes
decênios posteriores, em que Vicente Carvalhaes, Sobrinho; Manoel Borges Campos; Floriano
pela morte do comendador (1861), herdou o vasto Potenciano e Silva e mais amigos do finado”.
império fundiário, a fazenda, pela proximidade da No Almanak Sul Mineiro, página 354,
povoação e pela sua gleba excelente, passou a ser editado por Bernardo Saturnino da Veiga em 1874,
uma das propriedades agrícolas mais importantes. dá entre outras notícias, a seguinte sobre o
Há 140 anos, o major Vicente já escolhera como a comendador Coelho: “...É padroeiro da freguesia
sede preferida de seu império. Por isso, foi S. Francisco das Chagas e a elle consagrarão uma
dotando-a de melhorias e instalações, as melhores igreja, erguida em um dos pontos mais elevados da
do tempo: a casa-grande, ampla e elegante, com povoação; esta igreja foi construída às expensas
seus jardins pergolados, sua horta e pomar, com do comendador Francisco Coelho Monte Claro,
frutas exóticas, e um caminho famoso, que que fez doação do terreno que constitue o
começava na vizinha fazenda Paraíso, passava pelo patrimônio da freguesia que elle criou, e por cujo
Cruzeiro e chegava ao arraial. As senzalas eram progresso se esforçou até que a morte o ferio, inda
onde viviam os pobres escravos do Major, o braço moço, no dia (sic) 6 de fevereiro de 1861. Existem
cativo e sofrido da sua grandeza fundiária. O ahi 150 casas espalhadas em 7 ruas pouco
comendador Coelho criava gados para corte, para regulares; uma dessas casas seria um sumptuoso
fornecimento e abate no Rio de Janeiro. Há edifício si seu proprietário, o comendador Monte
notícias de que por algumas vezes o comendador Claro, não tivesse morrido antes de concluí-la”.
Coelho foi autorizado pelo presidente da província O ambicionado título de barão de Monte
de Minas Gerais a fazer os consertos mais urgentes Santo, seria com certeza concedido a Francisco
de que necessitava a estrada que comunicava essa Coelho Monte Claro, se a morte não lhe tivesse
com a província de São Paulo, a parte de São ceifado a vida tão cedo, porém, seu genro, o
Francisco de Monte Santo até o ribeirão das tenente-coronel Vicente Ferreira Carvalhaes
Areias, com a finalidade de facilitar o comércio Sobrinho tentou por todos os meios conquistá-lo,
dos munícipios de Jacuhy, Passos e outras mas em torno de seu nome formou-se mesmo uma
localidades com as cidades de Campinas, lenda que veio até os nossos dias e que o retrata em
Sorocaba, São Paulo e outros pontos desta. O cores intensas com uma característica de
comendador Coelho faleceu em 24 de fevereiro de perversidade, o que levou o criterioso dom Pedro
1861, aos 47 anos de idade, conforme o registro II, pelo decreto imperial de 19 de dezembro de
documental: “Aos vinte e quatro de fevereiro de 1885, outorgado a Gabriel Garcia de Figueiredo,
mil oitocentos e sessenta e um, dentro da Igreja chefe político de Mococa e proprietário da fazenda
desta Freguesia de São Francisco do Monte Santo da Grama, no município de Monte Santo, o título
foi sepultado o Comendador Francisco Coelho de terceiro barão de Monte Santo, porque o título
Monte Claro de quarenta e sete annos, cazado com faz referência à cidade mineira de Monte Santo e
D. Geracina, digo Anna Geracina Alves do que não a Mococa. Foi o comendador Coelho, figura
para constar fiz este assento”. O vigário, João da marcante quem deu início à lavoura de café, no
Fonseca e Mello”. (Livro Número 01 de Óbitos da município de Monte Santo, lançando, assim as
Paróquia de São Francisco de Paula de Monte bases econômicas da futura riqueza da região.
Santo de Minas – Fevereiro 1851 – Setembro 1880 Segundo consta pela tradição oral e endossada pelo
– Folhas 27). historiador Luiz Antônio Novelli a casa que
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pertenceu ao comendador Coelho e que ele não Acontece que por ocasião da anulação do
pôde concluí-la, pois morreu durante sua casamento não foi feita a remissão dos bens que
construção, é a mesma que em 1892, foi instalada a cada um dos cônjuges já possuía antes do
Casa da Intendência, Fórum e Cadeia, na esquina matrimônio, permanecendo em comum.
do Largo do Rosário, que a partir de 1926, tomou o Após a anulação do casamento, dona Francisca
nome de praça Coronel Joaquim Bernardes e que Coelho Monte Alegre teve uma filha natural, que
embora descaracterizada, ainda resiste ao tempo. foi batizada com o nome de Francisca. A suspeita é
Entre os anos de 1952 a 1954, quando a antiga de esta filha de dona Francisca Coelho Monte
Igreja foi demolida, talvez não tiveram o cuidado Alegre fosse filha de pai incógnito, portanto não
de se identificar a ossada do comendador Coelho, seria do ex-marido, João Pedro Coelho Monte
perdendo-a para sempre. O nome de rua Claro. Caso a menina fosse filha de João Pedro, o
Comendador Coelho é a única homenagem aquele patrimônio deixado por dona Francisca Coelho
que deveria ser homenageado com justiça: Monte Alegre, caberia a ela (menina Francisca) e
comendador Francisco Coelho Monte Claro, o com a sua morte reverteria a seu pai. Como o
fundador e patriarca de Monte Santo de Minas e a patrimônio deixado por Francisca Coelho (mãe)
sua memória ser reverenciada e cultuada por todos foi revertido para suas irmãs, presume-se que a
os monte-santenses. menina não era filha de João Pedro.
NOTA: Resumo do inventário de dona Francisca Coelho Monte Alegre faleceu em
Francisca Coelho Monte Alegre, feito por Wilson 23 de julho de 1878, sem testamento, deixando
Remédio Ferraz, residente em Guaxupé, Minas uma única filha de nome Francisca, a qual veio a
Gerais : “O que se vislumbra dos autos é que João falecer em 6 de dezembro daquele ano,
Pedro Coelho Monte Claro, filho do comendador sobrevivendo João Pedro Coelho Monte Claro.
Francisco Coelho Monte Claro e de dona Como a menina “Francisca” não deixou
Geracina Cândida Monte Claro teria sido casado descendentes e nem ascendentes vivos, sendo que
com dona Francisca Coelho Monte Alegre. duas de suas tias maternas: dona Fausta Coelho
Ao que se verifica dos autos, antes do Monte Alegre, falecida em 30 de abril de 1874 e
matrimônio, João Pedro já possuía um patrimônio, dona Geracina Francisca Monte Alegre, falecida
assim como dona Francisca, que também possuía em 21 de maio de 1874, seu patrimônio foi
um acervo de bens, possivelmente recebido de revertido para suas únicas duas tias maternas,
herança de seus ascendentes. dona Malvina Candida Monte Alegre, casada com
Deste consórcio não resultou filhos. Em o tenente-coronel José Cassiano Gomes e de dona
determinada ocasião o casamento foi anulado. A Maria das Dôres Monte Alegre, esta casada com o
suspeita é de que o casamento tenha sido anulado tenente José de Almeida Freitas, pois elas eram as
pelo fato de João Pedro ter sido considerado únicas irmãs da mãe da “menina” Francisca,
“mentecapto”, uma vez que foi nomeada sua Francisca Coelho Monte Alegre”.
curadora, sua mãe, dona Geracina Candida (de
Almeida) Monte Claro.

“Feliz aquele que recorda com prazer de seus antepassados, quem conversa com estranhos sobre
eles, suas ações e suas grandezas e que sente uma satisfação secreta por se ver como o último elo de
uma bela corrente”. (Johann Wolfgang Goethe, 1749 – 1832).

-48 -
TENENTE URIAS COELHO MONTE ALEGRE
1822 – 1876

Urias Souza Coelho ou Urias Coelho Monte casada em 16.11.1867, com o tenente José
Alegre era irmão do comendador Francisco Coelho Cassiano Gomes (nascido em 1847 e falecido em
Monte Claro, filho do capitão João Pedro Coelho 09.10.1914), filho de José Gomes Ribeiro (nascido
(1779 – 1838) e de dona Escolástica Ferreira de em 1820 e falecido em 03.08.1847) e de dona
Souza Brito (1793 - ?). Nasceu no dia 03 de janeiro Ponciana Maria de Oliveira (nascida em ? e
de 1822, no Pinheirinho e foi batizado a 20 de falecida em 03.09.1864), com geração;
março de 1822, na Igreja Matriz de São Carlos do 5. Dona Maria das Dores Monte Alegre
(nascida em ? e falecida em 25.05.1905), casada
Jacuí, sendo seus padrinhos na pia batismal,
com o tenente José de Almeida de Freitas (nascido
Thomé Fernandes de Camargo e sua mulher dona
em 1841 e falecido em 1914), em 26.08.1870,
Maria de Sousa.
viúvo por óbito de dona Maria da Glória Ávila,
Casou-se em primeiras núpcias com dona com geração.
Estela Carolina de Almeida ou dona Estela Lopes Enviuvando-se em 1852, o tenente Urias
de Faria ou ainda dona Estela Alves de Faria, Coelho Monte Alegre, contraiu segundas núpcias
batizada a 06 de julho de 1825, filha de dona com sua cunhada dona Constantina Lopes de Faria,
Francisca Lopes de Faria (1795 – 08.06.1854) e batizada a 07.08.1823, na capela de São José e
supostamente seu pai era o capitão Antonio Alves Dores (Alfenas), filial da matriz de Cabo Verde,
de Almeida (1771 – 1852), moradores no bairro da filha legítima de José de Souza Dinis e dona
Pedra Branca, na capela de São José e Dores Francisca Lopes de Faria, moradores no bairro do
(Alfenas), filial da matriz de Cabo Verde, nascendo Sapucaí e falecida a 23.04.1902, em Monte Santo
desse casamento os seguintes filhos: de Minas, nascendo desse casamento os seguintes
1. Dona Francisca Coelho Monte Alegre filhos:
(nascida em 17.10.1848 e falecida em 23.07.1878). 1. Dona Maria José Monte Alegre (Sá Zé,
Casou-se a 20 de fevereiro de 1863 com seu primo- nascida a 15.04.1855 e falecida a ?), casada com
irmão João Pedro Coelho Monte Claro (1837 - ?), coronel Raymundo de Paula Ferreira Xavier
filho do comendador Francisco Coelho Monte (nascido em 1841 e falecido em 05.09.1912), filho
Claro (12.04.1812 – 24.02.1861) e de dona legítimo de João Paulo Matildes e dona Domiciana
Geracina Candida de Almeida (01.04.1819 – Maria de Jesus, com geração;
13.02.1888), casamento anulado e sem geração; 2. João Coelho Monte Alegre (nascido em
2. Dona Geracina Candida Monte Alegre 26.06.1859 e falecido em 29.03.1893), casado com
ou dona Geracina Francisca Monte Alegre (nascida dona Maria da Conceição Carvalhaes (? - ?), filha
em ? e falecida em 21.05.1874). Casou-se com o do comendador Vicente Ferreira Carvalhaes e de
capitão Evaristo Ferreira Carvalhaes (nascido em dona Francisca Emygdia Moreira Lara, com
1840 e falecido em 05.02.1872), filho do geração;
comendador Vicente Ferreira Carvalhaes e de dona 3. Francisco Monte Alegre (nascido em
Francisca Emygdia Moreira Lara, com geração; 29.02.1861 e falecido em 01.12.1944), casado com
3. Dona Fausta Candida Monte Alegre ou dona Edwiges Emygdia Carvalhaes (nascida em
dona Fausta Coelho Monte Alegre (nascida em 1864 e falecida em 08.08.1890), filha do
1852 e falecida em 30.04.1874, casada em comendador Vicente Ferreira Carvalhaes e de dona
26.08.1870, com José Ferreira dos Santos Francisca Emygdia Moreira Lara; com geração.
Carvalhaes (? - ?), filho do comendador Vicente Enviuvando-se, Francisco Monte Alegre contraiu
Ferreira Carvalhaes e de dona Francisca Emygdia segundas núpcias com dona Maria José de Paiva
Moreira Lara, com geração. (nascida em ? e falecida em 27.09.1935), filha de
4. Dona Malvina Candida Monte Alegre Luiz Antonio de Paiva Coutinho e de dona Maria
(nascida em 1853 e falecida em 29.09.1919), José Carvalhaes, com geração;
-49 -
4. Pedro Constantino Monte Alegre (Pierre, “Secção Particular – Monte Santo.
nascido em 01.08.1864 e falecido em 20.07.1945), Mais um tumulo appareceu na superfície do
casado com dona Mariana Osório do Nascimento cemitério de S. Francisco do Monte Santo, no dia
(? - ?), com geração. 1º de Fevereiro de 1876!!
Do relacionamento amoroso do tenente Para quem seria construída essa horrivel
Urias Coelho Monte Claro com dona Mariana morada eterna?
Maria de Jesus (nascida em ? e falecida em ?), Para jazigo do cadáver do tenente Urias
nasceu Francisco Coelho Monte Alegre, que Coelho Monte-Alegre, que sendo victima de uma
também usava os nomes de Francisco Urias Monte lesão orgânica do coração, motivada pela
Alegre e Francisco Coelho Monte Alegre Irmão ( profunda paixão que sofreu, pelo fallecimento de
nascido ? e falecido ?), casado em primeiras suas duas idolatradas filhas, succumbio
núpcias em 06.07.1867, com dona Maria Carolina asphyxiado por uma hemorrhagia às 10 horas do
de Castro (nascida em 1852 e falecida em dia 31 de Janeiro.
23.08.1912), ela, filha legítima de João Barboza de O infeliz dispunha de recursos e não os
Castro e de dona Candida Honória de Castro, e poupou, gastando com diversos médicos avultadas
casou-se em segundas núpcias com dona ? Ferreira sommas; porém tudo fôra perdido porque a
Carvalhaes, em Jacuí a 26 de junho de 1887, com moléstia sempre impavida, progredio, até que
geração. terminou com a vida do paciente, depois de longo
Seu nome, como o de seu pai, capitão João soffrimento.
Pedro Coelho, e o de seu irmão, comendador A fortuna que o finado legou a sua familia
Francisco Coelho Monte Claro, já se inscrevera, fôra adquirida com toda modestia e honradez,
entre os benfeitores da zona sertaneja da futura principiada pelo commercio e depois pela
cidade, afazendando nas terras denominadas Sapé. agricultura, sendo sempre protegido pelo dedo
Foi comerciante e exerceu o cargo de oculto da Providencia Divina, porque o finado era
delegado da instrução na freguesia e distrito de São sumamente religioso; tanto assim que em verba de
Francisco do Monte Santo. testamento deixou para a nova matriz que se vai
Como político ativo e justo, como construir 1:000$; para a egreja do Rosario 500$;
comerciante e fazendeiro abastado e como cidadão para o cemitério 200$ e para repartir com pobres
generoso, sempre foi útil à comunidade, no dia de seu enterro 100:000!
trabalhando pelos empreendimentos que fizeram o Lamentai, desditosa esposa porque perdestes um
início do desenvolvimento da freguesia. O tenente marido fiel e dedicado!!!
Urias Coelho Monte Alegre faleceu em 31 de Lamentai, filhos, porque perdestes um pai
janeiro de 1876, conforme o assento de terno e extremoso, que devia fazer a felicidade de
sepultamento que transcrevo: “No dia primeiro de vosso futuro!!!
fevereiro de 1876, no interior desta Matriz de São Lamentai, catholicos, porque perdestes um
Francisco do Monte Santo foi sepultado o fallecido benemérito irmão!!!
Urias Coelho Monte Alegre, de 50 anos de idade, Lamentai, amigos, porque perdestes um
cazado com D. Constantina de Faria Monte amigo leal.
Alegre, morreu de moléstia interna, o seu corpo foi Lamentai, berço que o vio nascer, porque
solemnemente encomendado e envolto em panno perdeste um vulto que concorria para a
preto mortalha e para a verdade me assingno ‘in prosperidade de sua pátria. A terra lhe seja leve.
fide parochi’. O vigário João Immediato”. Monte Santo, 4 de fevereiro de 1876”.
A repercussão de sua morte alcançou até o
Rio de Janeiro, sendo notícia publicada no jornal
“O Apóstolo”, de 03 de março de 1876, que
transcrevo:

-50 -
A POLÊMICA HISTÓRIA SOBRE O TÍTULO DO
BARÃO DE MONTE SANTO

Notícia publicada no jornal “Correio


A maior ambição Paulistano”, de 13.02.1886, onde o barão de Jesus Cristo e, em 1855, foi
do comendador Francisco Monte Santo agradece ao povo de São Francisco nomeado Oficial da
Coelho Monte Claro de Monte Santo, pelas manifestações de afeto e Imperial Ordem da Rosa,
(1812-1861), era possuir o reconhecimento. duas importantes distinções
título de barão de Monte do Império e, a próxima,
Santo ou barão do Cruzeiro, essa era a sua maior deveria ser um título de nobreza. Assim deveria
fazenda, e talvez o seria, não fosse a sua morte pensar o comendador Coelho.
precoce, não sendo possível concretizar o seu Com a morte do comendador Coelho, em
sonho. Em 1849, lhe fora concedido o título de 1861, aos 47 anos de idade, seu único genro,
Cavaleiro da Imperial Ordem de Nosso Senhor major Vicente Ferreira Carvalhaes Sobrinho (1836-
-51 -
1912), casado com dona Maria José Monte Claro e um seleto grupo de amigos que seriam
(1838 - 1888), herdou o vasto império fundiário. especialmente convidados para a ocasião. Um
Dizia-se que 40% da área do município pertencia professor de etiqueta e um professor de dança
ao comendador Coelho. passaram uma temporada em Monte Santo,
Junto com as terras e as benfeitorias instruindo os felizardos amigos e respectivas
herdadas, o major herdou também a ambição do famílias. Enfim, todos os detalhes para que o
baronato. Cabia ao major Vicente tentar reaver esse imperador não notasse qualquer falha no modo de
direito. Esteve na corte várias vezes pesquisando. proceder da sociedade que o receberia.
Lá, tomou conhecimento que o imperador dom Passaram-se anos nesses preparativos e eis
Pedro II iria à Casa Branca, o que de fato que chega, no ano de 1885, a feliz notícia de que o
aconteceu em 15 de setembro de 1877, mas não foi imperador visitaria pela segunda vez a cidade de
possível ao major Vicente encontrar-se com o Casa Branca. Dom Pedro II iniciou sua viagem. Foi
imperador – mas tomou conhecimento que dom de trem até São Paulo. Major Vicente estava lá o
Pedro II planejava voltar àquela cidade paulista. esperando. Foi aconselhado a ir à frente e não junto
Nessa segunda viagem, prometeram-lhe, o com a comitiva do imperador, pois iriam ocorrer
imperador iria até Monte Santo fazer a entrega de várias e prolongadas paradas até Casa Branca. Ele
tão merecido título. seria avisado da chegada do imperador em Casa
Major Vicente tratou que receberia Branca e, então, faria parte da comitiva até Monte
condignamente Santo. A 26 de
Sua Majestade outubro de 1885, o
Imperial. Mandou imperador e a
reconstruir o imperatriz, dona
palacete que tivera Thereza Christina,
sua construção chegaram a Casa
iniciada pelo Branca. Estavam
comendador acompanhados de
Coelho e não uma enorme
havia sido comitiva. Naquela
finalizado e que oportunidade,
pertencia à sua permaneceram
sogra, dona alguns dias. Foi
Geracina Candida nessa viagem que
de Almeida Monte dom Pedro II
Claro, (é o prédio plantou as cinco
que fica na esquina do O palacete de dona Geracina Candida de palmeiras imperiais no largo
“Jardim Velho”, ao lado do Almeida Monte Claro (1819 – 1888), no do Rosário. O imperador foi
Museu Histórico “Dr. tempo em que nele funcionava a recepcionado pela segunda vez
Joaquim Ernesto Coelho”) Câmara, o Fórum e a Cadeia Pública, no sobrado do Vicente Ferreira
para hospedá-lo. Contratou localizado hoje na praça Coronel de Silos Pereira, que não era
artistas para fazer o Joaquim Bernardes. Teve sua construção muito distante da igreja do
acabamento interno do iniciada por volta de 1860, pelo Rosário. Mandou preparar a
palacete – infelizmente, esta comendador Francisco Coelho Monte casa e a calestra especial para a
pintura se perdeu, quando de Claro (1812 – 1861). recepção do imperador: toda
esdrúxulas reformas foram forrada com tecidos
feitas mais tardes –, contratou cozinheiros dos estampados em flores, laços e fitas (uma
melhores restaurantes de São Paulo. Contratou uma curiosidade é que Vicente Ferreira de Silos Pereira
orquestra de câmara para tocar no baile que iria faleceria a 08 de maio de 1886 e poucas horas
oferecer ao imperador após o banquete. Mandou depois de sua morte, chegava a notícia que o
vir alfaiates e modistas do Rio de Janeiro para a imperador acabava de agraciá-lo com o título de
confecção de vestidos e de casacas para sua família barão de Casa Branca).
-52 -
Enquanto isso, o major Vicente esperava. notícia e a 19 de dezembro de 1885, por decreto
Esperava. Como não recebeu qualquer aviso após imperial, Gabriel Garcia de Figueiredo foi titulado
um mês, resolveu ir até Casa Branca. Então, fora o barão de Monte Santo, quando foi publicada a
informado que dom Pedro II já tinha passado por lá seguinte notícia no Correio Paulistano, de 13 de
há quinze dias e dera o título de barão de Monte fevereiro de 1886:
Santo ao tenente-coronel Gabriel Garcia de “Mocóca – Tendo tecebido de diversas
Figueiredo, residente em Mococa, grande localidades, inequívocas provas de apreço e
proprietário de terras, em suas propriedades consideração, por ter sido agraciado pelo governo
denominadas Borda da Mata nas terras da Alegria, imperial com o título de Barão de Monte Santo,
em Mococa; Jardim, em Casa Branca e Grama, em venho por meio da imprensa patentear meu
Monte Santo – esta fazenda era constituída das reconhecimento por tão valiosas manifestações,
atuais Grama, Barreiro, Serra e São Manoel e hoje visto não poder fazel-o particularmente a cada um
a área pertence ao município de Arceburgo de meus amigos, que me tem honrado com suas
(segundo consta a fazenda da Grama, pertenceu ao felicitações, e, agradecendo a todos cordialmente,
padre Machado, que teria sido o primeiro capelão peço permissão para especialisar os meus amigos
do Tejuco e ali permaneceu até 1841, quando residentes em S. Francisco do Monte Santo, dos
influenciado pelos capitão José Gomes de Lima, quaes acabo de receber inexcedíveis provas de
Gabriel Garcia de Figueiredo (futuro barão de affecto e consideração. A todos a minha sincera e
Monte Santo) e Diogo Garcia de Figueiredo, profunda gratidão. Mocóca, 31 de janeiro de 1886.
transferiu sua residência para a futura Mococa. Lá, (a) Barão de Monte Santo.”
então comprou por seis contos de reis a fazenda da De outro lado, houve consternação por
Grama - conforme já foi dito, localizada então, no outros habitantes de Monte Santo com o fato. O
distrito de São Francisco de Paula do Tejuco - , major Vicente recebeu provas de solidariedade dos
anos depois vendida por 800 contos, ao Gabriel súditos mais proeminentes da freguesia. Houve,
Garcia de Figueiredo e vindo dedicar-se à criação contudo, uma voz discordante, de seu próprio
de gado, pelo qual era apaixonado, nos campos da genro e sobrinho, marido de dona Amazília. Era
fazenda da Alegria (pertencente aos Garcia de um belo homem totalmente sem caráter. Casou-se
Figueiredo), fazendo ao mesmo tempo o serviço com sua prima por puro interesse econômico.
religioso da ermida da fazenda). A justificativa do Deocleciano Baptista Carvalhaes era um mau
geomorfotopônimo nobiliárquico Monte Santo elemento que causava consternações às pessoas de
deve-se nesse caso à fazenda da Grama. bem na freguesia. Os aborrecimentos que este
Há duas justificativas para a recusa do sobrinho e genro vinha causando ao major Vicente
nome do major Vicente Carvalhaes não ter sido já eram antes deste infausto acontecimento. Ria do
titulado barão de Monte Santo. A primeira foi que fato nas tavernas.
formou-se uma lenda, que veio até os nossos dias e Major Vicente superou sua desilusão. Em
que o retrata em cores intensas com uma agradecimento à solidariedade recebida, resolveu
característica de perversidade, o que levou dom fazer o banquete e o baile que programara para o
Pedro II a vetar seu nome utilizando-se do seu imperador. Vieram os cozinheiros e a orquestra de
famoso “lápis azul”. E a segunda, contava-se que câmara já contratados. Era seu aniversário. Monte
alguns elementos de Mococa, já em São Paulo, Santo, talvez até os dias de hoje, nunca viu uma
subornaram um dos membros da comitiva que o festa tão refinada como aquela. Os cavalheiros
recebera naquela capital. E a entrega do título de todos de casacas e as damas ostentavam finíssimas
barão de Monte Santo para um súdito residente em confecções de gala. As portas do palacete foram
Mococa fora resultado de um suborno feito por então abertas. Foi uma visão deslumbrante!
pessoas proeminentes daquela cidade. O imperador Cortinas do mais refinado brocado azul e veludo
de nada soubera, pois apenas tomava conhecimento amarelo e verde – cores heráldicas da Família
do cronograma quando chegava a uma determinada Imperial – guarneciam as janelas. Os lustres de
cidade... cristal da Bohemia iluminavam profusamente o
Algumas pessoas de Monte Santo – ambiente. Os criados todos vestidos a caráter, de
inimigos do major Vicente – vibraram com a libré (vieram de São Paulo, junto com os
-53 -
cozinheiros). Convidados ao salão de banquete foi enviuvado, contraiu segundas núpcias com Antenor
outro deslumbramento! Em cada canto do salão, Ferreira Carvalhaes (1862-02.07.1905), em 09 de
colunas de mármore sustentavam cachepots de fevereiro de 1889. Estranhamente, pesquisando no
prata com uma profusão de flores. A mesa livro de sepultamentos da paróquia de São
ricamente adornada. As cadeiras eram todas em Francisco de Paula, não foi encontrado o óbito de
gobelin. Na distribuição dos lugares, major Vicente Deocleciano.
foi de uma refinada ironia – no lugar antes ● Em 1890, a freguesia de São Francisco do
destinado ao imperador ele convidou para sentar-se Monte Santo foi elevada à categoria de vila e
o major Antônio José da Cunha, notório constituída em município, desmembrada da vila e
propagador dos ideais republicanos. Após o jantar município de São Carlos do Jacuhy. Era necessário
servido com iguarias que os presentes nunca dantes um prédio para nele ser instalada a cadeia pública e
haviam provado e vinho da mais requintada a câmara e, segundo consta, o prédio escolhido foi
procedência, começou o baile. Foi quando o antigo palacete de dona Geracina Candida de
aconteceu um fato lamentável. O detestável genro Almeida (1819-1888), viúva do comendador
Deocleciano que previamente fora proibido de Francisco Coelho Monte Claro, que foi totalmente
entrar na festa, durante uma polca que os presentes reformado e funcionou como fórum também, até
dançavam com a alegria de terem aprendido graças cerca de 1943. O prédio atualmente tem sua
ao professor de dança, entrou no salão montado à arquitetura totalmente descaracterizada e está
cavalo e completamente bêbado, gritando situado na praça Coronel Joaquim Bernardes, ao
palavrões de baixo calão. Os empregados do major lado do “Museu Municipal Dr. Joaquim Ernesto
Vicente que se encontravam postados do lado de Coelho”.
fora do palacete, prontamente agiram tirando tão ● Com a expansão da cultura cafeeira na
indesejável criatura. O baile continuou. Major segunda metade do século XIX, o sul de Minas
Vicente retirou-se e cochichou com o seu capataz. Gerais e o oeste de São Paulo transformaram essa
Depois voltou desculpando-se com os presentes região numa das mais ricas do país para o período
por tão desagradável incidente. No dia seguinte, em questão. Esta importância econômica se
em uma curva da antiga estrada para Mococa, traduziu automaticamente em poder político a
encontraram, morto com um tiro, o malfadado partir da concessão dos títulos da Guarda Nacional,
Deocleciano, genro do major Vicente. Dona de comendas de ordens honoríficas do Império e
Amazília, em prantos porque apesar de tudo amava dos títulos de nobreza, como barão de Dores do
aquele crápula, mandou erguer uma cruz no local Guaxupé; barão de Passos; barão de Casa Branca;
onde seu marido tombou morto. Major Vicente barão do Cabo Verde e barão de Monte Santo,
nunca cultivou desafetos. Matava-os... contudo a proeminência e importância da cidade de
Algumas observações: Mococa justificaria um baronato nominal, o barão
● Barão de Monte Santo é um título de Mococa, o que não ocorreu. Analisando as
nobiliárquico criado por dom Pedro II a favor nobrezas mineiras e paulistas demonstra como o
primeiramente de Luís José de Oliveira Mendes, poder político irá permanecer ligado as regiões
sendo seus titulares: mais tradicionais, contribuindo assim para as
1. Luís José de Oliveira Mendes (1779- discussões sobre economia e poder na formação
1851); das regiões mineiras e paulistas do século XIX.
2. Joaquim Simões de Paiva (1850-1880) e
3. Gabriel Garcia de Figueiredo (1816-
(Texto escrito baseado em depoimentos do
1895).
dr. Ronald Martins da Cunha (in
● Dona Maria Amazília Carvalhaes Monte
memorian) e Ataliba Pereira Lima).
Claro (30.11.1857-17.01.1940), c.c. em primeiras
núpcias com Deocleciano Baptista Carvalhaes
(1851-1886), em 24 de julho de 1875, tendo

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DOUTOR JOÃO AUGUSTO RIBEIRO GUIMARÃES
1843 - 1901
Natural de São João del-Rey, Minas Gerais, em São João del Rey, onde mantém seu
onde nasceu em 1843, era filho do dr. João Ribeiro consultório. Nos anos de 1881 a 1882, o dr. João
Guimarães, advogado, professor e figura relevante Ribeiro exerceu o mandato de vereador na Câmara
na Revolução Liberal de 1842, como auxiliar Municipal da Vila Bela do Turvo (atual
imediato de Teófilo Otoni, segundo obra histórica Andrelândia, Minas Gerais). Nessa época, transfere
do cônego José Antônio sua residência para Monte
Marinho e de sua esposa, dona Santo, onde foi o médico
Maria Tertuliana de Oliveira responsável e dedicado que
Mafra, sendo seus irmãos: viajava léguas e léguas
1 – Doutor Antenor para socorrer com sua
Augusto Ribeiro Guimarães, ciência os indigentes que o
capitão-tenente-médico da idolatravam. Jamais em sua
Armada Imperial na Guerra do profissão teve o que se
Paraguai, casado com dona chama – o interesse.
Augusta Leopoldina Nascentes, Na era da Abolição
com geração; (1880 – 1888), fazendeiros
2 – Dona Virgínia monte-santenses ligados ao
Augusta de Oliveira Partido Republicano,
Guimarães, casada com seu tio alforriaram cerca de 300
João José de Araújo e Oliveira escravos, antes de 13 de
Mafra (foi seu filho o maio: é uma glória do
normalista Joaquim José de civismo e da humanidade
Oliveira Mafra, nomeado em do povo de Monte Santo,
1887, pelo presidente da sob a liderança dos chefes
província de Minas Gerais, dr. João Ribeiro e coronel
professor da cadeira de instrução Lucas Magalhães.
Dr. João Ribeiro, 1847 – 1901.
primária, da freguesia de São Foi um dos
Francisco de Monte Santo), com fundadores e o primeiro
geração e descendência em Monte Santo de Minas; presidente do Partido Republicano de Monte Santo,
3 – Dona Amália Ribeiro Guimarães; fundado em 04 de outubro de 1888.
4 – Dona Malvina Ribeiro Guimarães; Detinha o título de capitão-cirurgião da
5 – Dona Prudenciana Ribeiro Guimarães; Guarda Nacional de Monte Santo, nomeado por
6 – Ernesto Ribeiro Guimarães; decreto presidencial de 21 de dezembro de 1893,
7 – Dona Maria Augusta Ribeiro sancionado pelo presidente Prudente de Morais.
Guimarães, casada com Francisco Messias da Dr. João Ribeiro foi um destes que se
Trindade, com geração; impõe à admiração pública: um bom e justo.
8 – Dona Carolina Augusta Guimarães, Como médico, como espírita-kardecista,
casada com Joaquim Ernesto Coelho, com geração como político de raro prestígio. Enfim, sempre, em
e grande descendência em Monte Santo de Minas. toda a sua existência foi um verdadeiro apóstolo do
Dr. João Augusto Ribeiro Guimarães, Bem!
formou-se em medicina, na Faculdade de Medicina Faleceu solteiro, em 02 de fevereiro de
do Rio de Janeiro, onde apresentou e defendeu a 1901, aos 58 anos de idade.
sua brilhante tese, aprovada em 29 de novembro de Uma rua em Monte Santo de Minas guarda
1867. Retornou ao seu estado natal, permanecendo o seu nome.
-55 -
Quando da fundação do “Centro Espírita José Pina Buente e Joaquim José de Oliveira
Amor e Caridade”, em 26 de junho de 1908, pelos Mafra, o retrato do dr. João Ribeiro, foi ali
fundadores: João Baptista Guide, Vetrúvio Sereno colocado, honrando-o como benfeitor espiritual
do Amaral, Antônio de Paula Braga, Cassaino de daquela casa.
Moraes Preto, Felix Antonio Pereira Guimarães,

CORONEL LUCAS TOBIAS DE MAGALHÃES


1844 - 1923
O cel. Lucas Tobias de Magalhães, o torna-se tão grande produtor de café, que somente
venerando líder da evolução política, social e o major Vicente Ferreira Carvalhaes Sobrinho
econômica de Monte Santo, nasceu na então conseguirá superar. No decênio de 1880-1890, a
Freguesia de Bambuí, no oeste de Minas, aos 24 de imigração italiana acentuara-se na região,
Maio de 1844, filho legítimo de Florentino José de especialmente depois de 1888, data da Libertação
Magalhães e de dona Mariana Rita de Magalhães dos Cativos. Lucas que nunca tivera escravos em
Chaves. Como esta era neta de dona Antônia Rita suas fazendas – é o primeiro a contratar os
de Jesus Xavier, irmã caçula de Joaquim José da imigrantes, mas, dotado de visão de humanidade,
Silva Xavier, o Tiradentes, foi o cel. Lucas, dá-lhes condições de trabalho que jamais se
sobrinho-bisneto do Protomártir da nossa pareceram com a simples reposição cruel do braço
Independência. escravo: os italianos nunca esqueceram isso e sua
Pertencia a uma numerosa família de nove gratidão coletiva valeu, por muitos anos, como um
irmãos e, seguindo os passos de seu pai, fez-se dos maiores sustentáculos políticos do grande
agricultor. E teve sorte, pois vamos encontrá-lo em chefe monte-santense.
Passos, já nos fins da década de 1870, como jovem Após a colheita de 1886, Lucas desceu a
e próspero fazendeiro. Pôde, assim, casar-se com Serra, à frente de quatro lotes de barros, para
sua eleita, dona Cota (Maria Cândida de Barros, vender seu café ao major Vicente Carvalhaes, o
26.11.1852 – 08.06.1928, filha de Manoel Caetano potentado que até então dominara a vida política e
de Barros e de dona Marciana de Abreu Barros), econômica local; desentenderam-se no preço da
que seria mãe exemplar dos seus filhos, dentre os mercadoria e, saindo da casa do major, batendo o
quais se destacaria o deputado Valdomiro de chicote nas botas, Lucas gritou para os tropeiros -:
Barros Magalhães, político hábil e prestigioso de - “Minha gente, toca pra Mococa!” E foi colocar
muitas legislaturas, na Assembléia Estadual, na na praça vizinha, a melhor preço, o seu café. Mas,
Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Em a partir daquele momento, a política de Monte
1882, Monte Santo era um faroeste rico e Santo passou a ter mais um chefe. Ostensivamente,
fascinante, já um grande produtor de café, Lucas, que apoiava o Partido Liberal, entrou em
oportunidade aberta aos que desejavam vencer na luta partidária, em oposição ao Partido
vida. Lucas e seus irmãos Cypriano e Florentino Conservador do major Vicente Carvalhais. De
vieram conhecer a freguesia e gostaram. Três liberal a republicano, numa época em que a
irmãos casados com três irmãs,eram sempre propaganda republicana vivia seus dias decisivos,
solidários: vieram todos. foi um passo. Ouro Preto, numa assembléia para
É quando se inicia para o futuro do cel. levantar fundos destinados à fundação do jornal –
Lucas uma fase de reduplicada atividade que republicano, na hora das subscrições os
resultará numa crescente expansão do seu convencionais retraíram-se; então Lucas levantou-
patrimônio econômico. Nos próximos dez anos, até se e, diante da estupefação geral, sem elevar a voz,
1892, vai comprando ou ampliando as fazendas fez sua oferta: “Senhores, entro com um conto de
Montanha, Floresta, Serra e Libéria; com os irmãos réis!” Era dinheiro demais para a circunstância e,
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envergonhados, os republicanos mineiros tiveram em público. Amigo da natureza, foi o introdutor da
que concorrer também. E o jornal foi fundado. silvicultura entre nós, mandando buscar as
Logo depois de proclamar a República, a primeiras mudas de eucaliptos e de outras espécies
freguesia de Monte Santo foi elevada à Vila (1890). arbóreas, para plantas nas vias públicas, em suas
Em seguida, em 1892, instalou-se o Município. Em propriedades e distribuir aos amigos; fruticultor
1894, com a criação da comarca, chegou o dr. entendido, importa e planta laranjeiras, caquis,
Wenceslau Braz (Wenceslau Braz Pereira Gomes), ameixas japonesas, ameixas “Rainha Cláudia”,
futuro presidente da República, que iniciou sua vida palmeiras de coco, quase todas desconhecidas na
em Monte Santo. É evidente que essas etapas da região. Floricultor aclimatara rosas seletas,
vila, da cidade e da comarca tiveram no chefe heliotrópios, begônias e outras flores exóticas.
republicano uma ação decisiva. Durante mais de Porém, não era apenas o cultivador de amenidades.
trinta anos, a sua presença predominante na política Unia o prático ao agradável.
e na administração será constante. Em 1891 – 1892, Em 1908, à frente de algumas dezenas de
Lucas é eleito para o Conselho da Intendência fazendeiros e amigos políticos, funda a
(Câmara Municipal) como Conselheiro (Vereador). Cooperativa Agrícola de Monte Santo. Era uma
Data dessa época o seu requerimento para instalar iniciativa ousada para o tempo. Nossa gente é
um serviço de “bondes a vapor”, que iria de Monte individualista e desconfiada. Lucas empurrou todos
Santo à estação de Canoas; esta preocupação adiante e a Cooperativa foi um sucesso. Agrupando
pioneira com transporte ferroviário prosseguirá por os cafeicultores locais em sua entidade local –
muitos anos, pois temos cartas do presidente coisa lamentavelmente não ocorre hoje – o
Wenceslau Braz reportando-se às instâncias de presidente os assistia em suas lavouras
Lucas, junto dos governos, para que estenda até (financiando-os e vendendo-lhes a preços bons,
Monte Santo os trilhos da Estrada de Ferro mudas selecionadas), fomentava a sua produção
Muzambinho, o que acontecerá, em 1913, mas com (promovendo campanhas de cafés finos), protegia a
a chegada da Mogiana. Durante os anos em que o comercialização (estocando a safra, para obter
dr. Wenceslau Braz esteve à frente da melhores preços) e lhes facilitava o embarque do
administração municipal (1895 – 1898), Lucas era produto, graças à força que tinha sobre a
o seu companheiro mais próximo e o substituiu, Companhia Mogiana.
quando partiu para a sua marcha até a presidência Contudo, a política tem o seu destino de
da República, despedindo-se, em carta comovida, realizações e de frustrações. Chefe inconteste e
de seu “chefe” e compadre. O cel. Lucas assume a líder prestigiado em toda a sua longa existência, o
Agência Executiva (Prefeitura), de 1898 a 1902; cel. Lucas Tobias de Magalhães conheceu grandes
marca seu governo instalando o Instituto horas de vitória e amargou também com alguns
Municipal, a primeira escola pública urbana, assim revezes. Nas eleições de 1907, os seus “Araras”
como as primeiras escolas rurais para filhos de foram fragorosamente derrotados pelos
colonos. O Grupo Escolar só surgiria quase dez “Gafanhotos”, do cel. Francisco Ge Pereira Lima.
anos depois. Já então chefe inconteste da cidade e Ele só retornaria ao poder cinco anos depois, em
região, Lucas elegeu-se de novo para o mandato de 1912, para somente perdê-lo em 1922, nas famosas
1902 - 1904. O exame das atas da Câmara esclarece pugnas dos “Caranguejos” e “Aranhas”. Já então
a operosidade do mandatário, nas obras públicas de era um frágil ancião de 78 anos, maltratado pela
construção e consertos de estradas e pontes, na doença e desiludido dos homens. Morreu
ultimação das obras do novo cemitério e tranqüilamente no dia 23 de agosto de 1923, ao
abaulamento de ruas e, principalmente, um fato pleno recesso dos dias inquietos que agitavam a
novo na administração monte-santense: arborização sua cidade amada. A morte, porém, trouxe-lhe a
de ruas da cidade, que ataca em duas veneração e o respeito póstumo até dos seus mais
administrações suas. ferrenhos inimigos (adversários). Como símbolo,
Se bem que não formado, o cel. Lucas era sua figura serena inspirou os entendimentos e
um homem de razoável cultura. Muito lido, dava harmonais selados praticamente sobre o seu túmulo
receitas e conhecia a formulação farmacêutica. ainda recém-aberto, quatro meses após.
Tinha boa redação, embora não gostasse de falar
-57 -
Hoje, quase 58 anos do seu afetiva de todos à mesma oportunidade, e na
desaparecimento, Lucas Tobias de Magalhães é fraternidade dos irmãos que não exploram e não se
apontado como o criador do liberalismo deixam explorar.”
republicano em Monte Sato. Isto significa que os
verdadeiros direitos humanos – que decorrem do
Prof. Dr. José Ferreira Carrato (1916 –
liberalismo e por ele implantado entre nós –
haverão de constituir-se na essência de nossa 1996), escreveu este texto em 1981.
própria vida cotidiana, baseada na liberdade sem
privilégios de classe ou fortuna, na igualdade

CORONEL FABIANO SOARES DE MORAES


1847 - 1924

Nasceu Fabiano Soares de Moraes, em 08 marcar sua vida, pois durante anos, tanto no regime
de setembro de 1847, no então distrito de São monárquico, quanto no regime republicano, ele iria
Francisco de Paula do Tijuco, do termo de Jacuí, exercer o cargo de sub-delegado de polícia.
que só seria elevado à categoria de Freguesia de Em 1874, no “Almanack Sul-Mineiro”, de
São Francisco das Chagas do Monte Santo, pela lei Bernardo Saturnino da Veiga, Fabiano é listado
número 908 de 08 de junho de 1858, filho de como um dos Eleitores Gerais e também como
Manoel Soares da Silva (natural de Pará de Minas) negociante de molhados e gêneros da terra na
e de dona Thereza de Moraes Preto, casados a 26 Freguesia de São Francisco das Chagas do Monte
de abril de 1826, em Jacuí, MG. Fabiano Soares de Santo.
Moraes usava também o nome de Fabiano Soares Em 1885, Bernardo Saturnino da Veiga, em
da Silva. seu “Almanack da Província de Minas Gerais”,
Casou-se em primeiras núpcias com dona cita-o como a primeira autoridade judiciária da
Constantina Alves de Lima (1850 – 13.10.1904), freguesia. Tratava-se do cargo de primeiro juiz de
nascendo desse consórcio três filhos: o alferes paz, que então exercia.
Primo Soares de Moraes, o capitão Manoel Soares Sempre pertenceu, no regime monárquico,
da Silva, que deixaram descendência e Urias, ao Partido Conservador, de que era um dos chefes
falecido em 20 de outubro de 1887, aos treze anos locais mais atuantes. Proclamada a República,
de idade. filiou-se ao Partido Republicano Mineiro.
Enviuvando-se, contraiu segundas núpcias, Em 1892, ele é listado como um dos
em 1905 com dona Lydia Dias Branco, nascendo principais cafeicultores do município de Monte
dessa união dois filhos: o doutor Urias Soares de Santo, com uma plantação de dez mil pés de café,
Moraes (20.10.1906 – 18.02.2002), médico, que foi na Fazenda Alves.
casado com dona Palmira Ponte Joele, com Durante quase toda a sua vida, exerceu
descendência e doutor Garibaldi Soares de Moraes, cargos eletivos de vereador e juiz de paz, além da
advogado, solteiro, sem descendência. função de delegado de polícia.
Ao estourar a Guerra do Paraguai, Fabiano Pelo decreto de 21 de dezembro de 1893,
encontrava-se recém-casado. Mobilizado para o sancionado pelo então presidente da República,
serviço militar, foi designado para o destacamento marechal Floriano Vieira Peixoto, foram nomeados
auxiliar de milícias – os chamados “bate-paus”, respectivamente, para o 151º Batalhão de Infantaria
encarregados de substituir as forças policiais da Guarda Nacional da Comarca de Monte Santo,
enviadas para a frente de batalha. Nessa condição no Estado de Minas Gerais, como
serviu até 1870. Esse episódio da mocidade iria
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Tenente-Coronel Comandante, Fabiano escorrem pelas sarjetas; isto, além de produzir
Soares de Moraes e Alferes, Primo Soares da Silva, péssima impressão, deve ser perigoso à saúde
dentre outros. pública, em vista da estagnação das águas ser
Em 1897 e 1898, ele é eleito e exerceu o cauza de moléstias.
cargo de primeiro Juiz de Paz. Para attenuar esse mal, procurei ensaiar
Na sessão do dia 1º de janeiro de 1905, um modesto serviço de limpeza pública: destinei
procedeu-se à eleição da mesa, sendo eleitos uma carroça, especialmente para conduzir as
presidente e agente executivo municipal, major águas servidas e o lixo, para fóra da cidade. Esse
Américo Benicio de Paiva; vice-presidente, doutor rudimentar meio de limpeza, entretanto, não deu o
Aristides da Silveira Lobo Sobrinho; e secretário, resultado desejado, apezar dos esforços que
Urias de Paula Xavier. Entretanto, major Américo empreguei para levál-o avante, a bem da saúde e
renunciaria à Agência Executiva e à presidência da da boa hygiene da cidade.
Câmara vinte dias depois de empossado, não Dentro do limite que podia supportar a
renunciando, contudo, ao cargo de vereador. receita orçamentária, empreguei reaes esforços e
Elegeu-se, então, para a vaga na Presidência o particular empenho em fazer no Município novos
doutor Aristides da Silveira Lobo Sobrinho; melhoramentos materiaes, procurando, também,
Francisco Gê Pereira Lima assumiu a vice- conservar os já existentes. Não sendo possível, em
presidência. razão da situação financeira, aventurar-se grandes
Fabiano Soares de Moraes, antigo chefe do empreendimentos de que tanto somos carecedores,
Partido Conservador, eleito vereador a 28 de esforcei-me especialmente em aperfeiçoar os
agosto de 1905, tomou posse no cargo de serviços feitos modestamente, fazer novos
presidente e agente executivo no dia 1º de melhoramentos urgentemente reclamados e de
setembro do mesmo ano, pela votação dos reconhecida utilidade pública. Assim mereceu
membros da Câmara. especial cuidado da minha administração, o
Nesse ano, Monte Santo sofria o reflexo de serviço da conservação das ruas. Fil-o sob a
uma crise econômica que assolava todo o país. minha immediata administração, tendo o prazer de
Assim, diminuíram-se as rendas provenientes dos salientar, que durante o exercício do meu cargo, as
impostos, acarretando a falta de alguns ruas estiveram sempre limpas e muito bem
pagamentos, aumentando a despesa e conservadas. Não me limitei, porém a isso,
desorganizando as finanças municipais. procurei fazer mais; cuidei, também, de abahular
O novo administrador não se deixou, algumas, onde essa necessidade tornou-se
portanto, seduzir pelo desejo de traçar um grande palpitante. Foram abahuladas as seguintes ruas,
programa administrativo, pois, convinha-lhe, que têm os nomes de Wenceslau Braz, Silva Jardim
principalmente, recuperar as finanças do e um trecho da Rua Dr. João Ribeiro. Foi também
município. nivelado o largo de S. Francisco e consertado um
A Câmara Municipal era devedora, nessa boeiro à Rua Aristides Lobo.
época, da importância de 66:768$605 Rs., O emplacamento das ruas e largos era uma
incluindo os respectivos juros. Liquidar essa necessidade reclamada pelo adeantamento da
dívida, sem prejudicar os indispensáveis serviços nossa cidade. Mandei collocar placas com os
públicos, foi o principal objetivo de Fabiano Soares nomes das ruas, pequenas e elegantes, em todos os
de Moraes. largos e ruas desta cidade. Esse melhoramento
Recuemos até o ano de 1907 e deixemos torna mais bella a nossa cidade e cauza boa
que o Agente Executivo nos fale, ele mesmo, sobre impressão ao viajante que nos visita.
sua administração: “...O estado sanitário de nossa Tendo o meu predeccessor o Sr. Cel. Lucas
cidade foi sempre bom, devido a amenidade do seu Tobias de Magalhães, então Agente Executivo
clima, embora não esteja apparelhada ainda, com Municipal, iniciado a arborização da cidade,
um serviço de hygiene conveniente ao seu procurei continuar esse tentamen, mandando
adeantamento. É de necessidade inadiável o plantar algumas árvores nas ruas. Foi um pequeno
estabelecimento de uma rêde de esgottos, a fim de ensaio; os cofres públicos não permitiram dar
servir de escoadouro às águas servidas que maior desenvolvimento a esse melhoramento.
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De accordo com a legislação Municipal, as votada uma verba de auxílio que já paga à
rêzes são abatidas no matadouro sob as vistas do Comissão construtora.
respectivo Fiscal. A carne era conduzida em Mereceu especial carinho a instrucção
vehículos não apropriados para esse mister, o que pública, por parte da Câmara, sendo mantidas três
podia ser prejudicial à hygiene. Para obviar esse escolas municipais.
mal, mandei adquirir um carroção especialmente Tendo já o actual Governo do Sr. Dr. João
destinado à condução de carne para os açougues. Pinheiro, que inscreveu em seu programa, uma
É imprescendível a elaboração de uma lei, em que política sã de trabalho e de instrucção, iniciado no
se obrigue a abater no Matadouro, os suínos Estado, um movimento salutar para a
destinados ao consumo público. concretização desses ideaes em realidade, veio a
Depois das ruas, o conserto e abertura de Câmara concorrer também para esse impulso em
estradas se impunha, porque prestam inestimáveis prol do ensino. É assim que, procurando attender
serviços à lavoura e ao commercio. Não pude ao appello do illustre Dr. Carvalho de Britto, que
empregar de um modo mais útil o dinheiro público, na pasta do Interior, tem sido uma esplendida
do que na conservação das estradas, porque além revelação de estadista, na obra santa do ensino em
de ser nellas que se faz a circulação das riquezas, Minas Gerais, votou a Câmara no orçamento do
servem ao transito, beneficiando, portanto, todos anno passado a quantia de 10:000$000 para a
que dellas se utilizam. Foi aberta uma estrada construcção de um Grupo Escolar. Sendo
nova para o próspero Districto de São João da insuficiente essa quantia, deixei de iniciar a
Fortaleza. Fizeram-se consertos: numa estrada do construcção do referido estabelecimento, que é
Bahú, numa estrada dos Sete Cabeças e numa uma necessidade. Ainda dominada pelas mesmas
estrada na parte da Serra Antenor Carvalhaes, etc. idéas, tão merecedoras de encômios, a Câmara
Mandei construir e consertar várias pontes Actual votou no orçamento a quantia de
dentro do Município. Era um serviço inadiável, 30:000$000 para a construção do Grupo Escolar.
porquanto com as enchentes, muitas pontes foram De modo que em breve, também teremos em nossa
danificadas. O honesto Governo do Estado, sempre cidade um Grupo Escolar, onde se tem de diffundir
solícito em attender e ajudar as Municipalidades, com proveito o ensino primário. Providenciei,
nos seus melhoramentos necessários auxiliou a também, para que fosse cumprida, a louvável
nossa com a quantia de 3:000$000 para a rezolução da Camara que mandou adottar nas
construção de pontes. Nos balancetes pode-se escolas Municipais o mesmo processo de ensino
verificar as quantias dispendidas com esses das escolas estadoaes, e que tantos benefícios tem
melhoramentos. dado como se pode ver nos relatórios dos
Não descurei a illuminação, esforçando-me Inspetores Técnicos.
para melhorál-a. Com esse intuito, foram Tem a municipalidade concorrido com uma
augmentados 9 lampeões, que vão prestando pequena verba de auxilio para expediente dos
serviços ao público. A iluminação como é sabido, é Delegados da séde e dos Districtos. A ordem
pelo processo rudimentar do Kerozene, mas, pública tem sido magnífica, como sempre tem sido
apezar disso presta útil serviço à cidade. Logo que traço distinctivo e orgulhoso do nosso povo, no
as finanças o permitiram, urge substituíl-a pela luz respeito às leis e às autoridades.
eléctrica, que se torna não muito dispendiosa, em Fazem parte do Município, os prósperos
vista das forças existentes nas cachoeiras deste Districtos de São João Baptista de Posses e São
Município. João da Fortaleza, que têm merecido especial
Quanto à Santa Casa de Misericórdia, carinho da aministração pública, dominada pelo
antiga aspiração do povo, devido ao denodo de desejo de impulsionar o seu progresso. Attendi
alguns legionários da caridade, vai se tornar em sempre com o máximo cuidado todas as
realidade. A primeira pedra do edifício já foi necessidades dos districtos procurando
lançada e como somente em solo fecundo, há de desenvolver o seu adeantamento material e
em breve se erguer em edifício para abrigo dos intellectual. Em ambos a Câmara Municipal
desamparados. Foi pelos ilustres Vereadores mantém escola, tendente à diffusão do ensino. Em
Posses mandei descortinar o patrimônio,
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derribando o pequeno matto dentro do Districto. Presidente e agente executivo: Cel. Fabiano
Tornou-se preciso, fazer-se também rampas de Soares de Moraes, a partir de setembro de 1905;
pedras em Posses e limpeza do Largo, o que se Américo Benicio de Paiva, de 1º a 20 de janeiro de
executou immediatamente. Em S. João da 1905; Francisco Gê Pereira Lima, de 11 a 24 de
Fortaleza, iniciou-se o serviço de abahulamento fevereiro de 1906; Aristides da Silveira Lobo
das ruas, sendo abahulada a principal desse logar, Sobrinho, de 21 de janeiro a 10 de fevereiro e de
a Rua Cel. Cândido de Souza Dias; foi construída 25 de fevereiro a 31 de março de 1906; secretário,
dentro da povoação uma ponte insistentemente João Nantes de Castilho (Américo Borges), 1906.
reclamada pela necessidade do trânsito público. Procurador: Theophilo Dias Branco (João
Tendo contractado o serviço de placas para esta Nantes de Castilho); Contínuo, João Mafra; Fiscal,
cidade, fil-o também para os dois districtos. Luiz Flaminio dos Reis; Zelador do Cemitério,
Conservei todos os funcionários Francisco P. Guimarães; Conservador das ruas,
municipais, havendo apenas a substituição do Sr. Ferri Bartholomeu; Zelador da água, Vitrúvio
Cap. Theophilo Dias Branco, que solicitou a sua Sereno do Amaral; Zelador do manancial, João
exoneração de Procurador da Câmara. Nomeei Theodoro; Sub-Fiscal de Posses, Plínio Pance;
para occupar esse cargo, o Sr. João Nantes de Sub-Fiscal de São João da Fortaleza, Antônio
Castilho em 1º de janeiro de 1.906, que então Godoy; Arrematante da iluminação, Antônio
exercia o cargo de Secretário do Executivo. Para Pellegrini (1905).
este cargo nomeei o Sr. Américo Borges da Costa, Câmara: Presidente, Fabiano Soares de
que tem prestado bons serviços, revelando-se um Moraes (doutor Aristides da Silveira Lobo
funcionário correcto e trabalhador. Para o Sobrinho); Vice-Presidente, doutor Aristides da
Districto de Posses foi nomeado Fiscal o Sr. Silveira Lobo Sobrinho (Francisco Gê Pereira
Anselmo das Chagas. Lima); Secretário, Urias de Paula Xavier; Américo
Eis o succinto relatório dos factos Benicio de Paiva; José Gomes Ribeiro; Isaac
principaes da minha administração, feito Soares de Moraes; Álvaro Pereira de Mello;
rapidamente, contendo decerto lacunas, mas feito Manoel Joaquim de Andrade; José Pereira da Silva
com lealdade. No exercício espinhoso do cargo de Jr.; Ítalo Provincialli; Zacharias Furtado de
Agente Executivo procurei de preferência Medeiros e Francisco Gê Pereira Lima.
administrar, alliando a prudência à energia, e Renúncias: Isaas Soares de Moraes
imparcialmente praticando os soberanos (01.02.1905), Ítalo Provincialli (01.05.1905).
princípios de justiça a todos que me procuraram, Posses: Fabiano Soares de Moraes;
em razão do cargo que occupava. Não me deixei Francisco Paulino da Costa; Salathiel Becker; João
deslumbrar pela posição; exerci o mandato Baptista Gonçalves (28.08.1905); Antônio José
criteriosamente, applicando a lei com brandura e Feliciano (15.10.1906); Manoel Joaquim de
calma, de modo a evitar descontentamento; mas, Andrade; Isaac Soares de Moraes (28.08.1905).
jamais me submeti a interesses subalternos:
sempre cuidei com especial devotamento dos JUIZES ELEITOS PELOS POVO:
interesses superiores do Município. Entretanto, se
mesmo assim a má vontade não abrir os olhos, 1905 – Juiz de Paz – Capitão Antônio de
para me fazer justiça, é porque cada vez mais me Paula Braga
convenço quão diffícil é contentar a todos no Suplentes – Alferes Aristóteles Goulart
exercício de uma funcção publica. Diz-me a Manoel Antônio de Carvalho Pinto
consciência que cumpri rigorosamente os deveres Principais obras públicas do período:
do meu cargo: é esta a íntima satisfação que levo Conserto na estrada dos Mendes e na Rua Quintino
no coração ao volver de novo à vida privada, Bocaiúva, esgoto na Mocoquinha, consertos na
fazendo votos para que a nossa terra encaminhe estrada de Posses, pontes no Engenho, na estrada
sempre para um amanhã de novos progressos e de Guaranésia, no córrego do Padre, nos Mendes,
civilização”. no ribeirão do Guaritá, no córrego do Barreiro, no
Quadro demonstrativo do período de córrego da Grama, em Fortaleza, consertos de
01.09.1905 a 30.12.1907: pontes no Tomba Perna e Macahúbas, construção
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de um paredão de tijolos e nivelamento do Largo é eleito 3º suplente. Faleceu em Monte Santo, a 03
da matriz, doação de terreno para a construção da de novembro de 1924.
Santa Casa. Segundo consta na crônica “A Dança das
É inaugurado, a 01.08.1907, o telégrafo Placas”, do historiador Luiz Antônio Novelli,
nacional, pelos esforços do deputado federal pelo publicada no livro “Cronistas Montesantenses”,
distrito, dr. Wenceslau Braz. organizado por Luiz Antônio Novelli, publicado
Por força do decreto estadual número 2.026, em 2012, há a seguinte nota, que transcrevo:
de maio de 1907, sancionado pelo então presidente (...) Em 1923, a tradicional Rua Quintino
do estado, doutor João Pinheiro da Silva, foi Bocaiúva, conhecida anteriormente por Cesário
instalado oficialmente a 14 de julho de 1907, o Alvim, passou a denominar-se Rua Coronel
distrito de São João da Fortaleza. Fabiano Soares de Moraes, recebendo, ainda,
Foi durante sua gestão que foi doado à posterior e sucessivamente as denominações de
Comissão Construtora da Santa Casa de Rua Presidente Vargas e, hoje, Doutor Pedro
Misericórdia de Monte Santo o terreno para sua Paulino da Costa. (...)”. P. (138).
construção e que foi inaugurada a 20 de junho de De 1907 a 08 de novembro de 1938, a atual
1910. “Rua Presidente Getúlio Vargas”, em Arceburgo,
Em 1915, o tenente-coronel Fabiano Soares denominou-se “Rua Coronel Fabiano Soares”,
de Moraes é nomeado 1º suplente do delegado quando foi substituído pelo nome atual.
especial de Monte Santo e também é novamente Pelo decreto Número 15, de 08 de
listado como um dos grandes fazendeiros e novembro de 1938, sancionado pelo então prefeito,
cafeicultores do município. capitão Adolpho de Souza Caldas, a “Rua 15 de
Em 1918 é novamente eleito juiz de paz e Novembro” (assim denominada desde 07 de
em 1919 é eleito primeiro suplente do juiz de paz. setembro de 1922), passou a ser denominada “Rua
Em 1923 é eleito segundo suplente de juiz Coronel Fabiano”, que conserva em Arceburgo até
de paz e seu filho, o alferes Primo Soares da Silva os dias de hoje.

UM NOME ESQUECIDO: MAJOR FRANCISCO


CASSIANO DE LIMA, 1858 – 1925

O major Francisco Cassiano de Lima é um participação ativa em várias oportunidades nos


nome importante da história de Monte Santo de júris realizados na Vila de São Carlos do Jacuhy e
Minas. Era um pioneiro. O fato de ter morrido há em Monte Santo. Também foi agricultor
bastante tempo, há quase cem anos, faz com que o experimentado.
povo monte-santense não tenha qualquer memória Nasceu Francisco Cassiano de Lima, em 14
dele. Mas isso não é motivo suficiente para o de maio de 1858, filho do alferes Cassiano José de
esquecimento. Lima (1811 – 1877) e de dona Maria Francisca do
Político, pensador sensível, de inteligência Nascimento (1820 - ?), na então freguesia de São
viva e de espírito irrequieto, orador fluente, teve Francisco do Monte Santo, conforme consta em

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seu batistério, que transcrevo: “Aos treze de junho mais de trinta sócios, sendo sua diretoria assim
de mil novecentos e cincoenta e oito baptizei e puz constituída: Presidente, doutor João Augusto
os santos óleos a Francisco, filho de Cassiano José Ribeiro Guimarães; Diretor, tenente Luiz Antônio
de Lima e de (sic) dona Maria Cassiana do de Paiva Coutinho; Primeiro Tesoureiro, Manoel
Nascimento, nascido a quatorze de maio p. p. Antônio Lopes Pereira; Segundo Tesoureiro,
Forão padrinhos: capitão Francisco de Moraes Bernardino José de Freitas; Primeiro Secretário,
Preto e de dona Ponciana Maria de Oliveira. (a) O Sydalino Silvino da Silva e Segundo Secretário,
Pe. João da Fonseca Mello”. Francisco Cassiano de Lima. Como se sabe, por
Seu pai, o alferes Cassiano José de Lima foi razões desconhecidas, essa fábrica não se
o primeiro escrivão de paz e escrivão da desenvolveu.
subdelegacia do distrito e sua mãe, dona Maria No “Almananak Sul Mineiro 1874 – 1884”,
Francisca do Nascimento, era filha de Francisco organizado, redigido e editado por Bernardo
Mendes Carneiro (1755 – 1838). Tem-se notícias Saturnino da Veiga, na cidade da Campanha,
de que foram seus irmãos: Martiniano Mendes de Minas Gerais, Francisco Cassiano de Lima é citado
Lima, casado com dona Antônia Geracina de Lára; como escrivão da justiça e da polícia, e diretor da
dona Dioga Maria de Lima, casado com João banda de música, iguais citações são encontradas
Custódio de no “Almanak
Oliveira; dona Laemmert”,
Maria Cândida de editado no Rio de
Lima, casada com Janeiro, em 1885.
Fermino Antunes de No jornal
Oliveira; Justiniano “A Província de
José de Lima, Minas”, publicado
casado com dona em Ouro Preto,
Joana Querubina de Minas Gerais, de
São José; dona 05 de março de
Theolinda Maria de 1884, ano IV,
Lima, casada com número 195,
Manoel Franco propriedade de
Marôcho e teriam José Pedro Xavier
sido também seus irmãos: O major Francisco Cassiano de Lima (1858 da Veiga, órgão do Partido
Bellino José de Lima e – 1925) e sua primeira esposa, dona Fausta Conservador, há a seguinte
Candida de Faria (1862 – 1904).
Aramínio de Lima, dos quais publicação:
não se tem maiores “Ao sr. Pedro de
informações e nem confirmação exata se realmente Oliveira Machado:
eram irmãos, sobrinhos ou primos dele. O abaixo-assignados, moradores em Monte
Estudou as primeiras letras com o professor Santo, tendo a saudade e a gratidão gravada em
Joaquim Honório Cutis e trabalhou como caixeiro seus corações, por isso procurarão este meio para
na loja de Elias Marçal Vieira, a quem chamava de testemunhar ao muito digno sr. de Oliveira
tio Elias. Era dotado de vivaz inteligência e foi Machado, que aqui esteve em comissão
autodidata, detendo grande conhecimento fiscalizando a recebedoria d’este lugar, os
intelectual para sua época. Tem-se notícias de que protestos de sincera amizade, o que ainda não
ele foi “coroinha” quando criança e na fase adulta fizeram por uma circunstancia alheia às suas
foi por anos organista da igreja paroquial. vontades.
Em 1882 foi criada, na freguesia de Monte Nos tempos modernos um homem que se
Santo, uma sociedade para a exploração de caulim, apresenta em um lugar estranho sem trazer uma
do qual, segundo se diz, foram feitas apreciáveis recommendação pela sua posição pecuniaria ou
louças. Essa sociedade foi fundada pelo tenente títulos que o elevem, fica olvidado pela sociedade e
Luiz Antônio de Paiva, Norberto de Assis Fragoso pouca importancia lhe ligão, porem um homem
e Francisco Nantes de Castilho, e compunha-se de como o sr. Pedro de Oliveira Machado que
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distingue-se pela honestidade e virtude além de Mello e Domingos Custódio da Luz (membros),
todas as qualidades distinctas e admiráveis que o para, por meio de subscrições, agenciar donativos
cercão, sabe captar a estima e consideração de em favor das obras da matriz de Monte Santo”.
uma sociedade qualquer e elevar-se no conceito Por força da lei estadual número 243, de 21
dos homens honestos e amantes do adiantamento de novembro de 1890, a freguesia de São Francisco
moral de seu paiz. do Monte Santo, foi elevada à categoria de vila e
Oxalá que o governo escolhesse sempre constituída em munícpio, desmembrada do
para empregados, homens distinctos como o sr. município de São Carlos do Jacuhy. Recebia
Pedro de Oliveira Machado. Monte Santo, enfim, sua maioridade política.
Monte Santo, 5 de setembro de 1883. Embora a nova Intendência (proclamada a
(aa) Francisco Cassiano de Lima. República, os municípios passaram a ser
Ten. Cor. Raymundo de P. Ferreira. governados por “Intendentes”, administradores
Francisco de P. P. Magalhães. executivos nomeados pelo governo estadual, até
Antonio Calimerio. posterior eleição) fosse instalada somente em 03 de
Bernardino José de Freitas. março de 1891, Monte Santo já a aguardava bem
Antenôr Caetano. antes de ser sancionada a lei. Dois meses antes da
O Sargento Manoel Martins Pereira. emancipação, Miguel Xavier e, logo depois, o
Joaquim Francisco Dias Branco. médico doutor Aristides da Silveira Lobo Sobrinho
Andronico de S. Vieira percorriam as pequenas ruas da fueguesia
José Pedro Ferreira. interpelando as pessoas que encontravam, e
João Antonio de Almeida Nogueira. levando sob o braço um talão impresso com
José Cassiano Gomes. esmero, onde se lia: “Obras da Cadêa e
José de Almeida Freitas. Intendencia de Monte Santo”.
Justiniano José de Lima. Durante onze meses conseguiram setenta e
Francisco Cassiano de Lima casou-se em sete subscrições, arrecadando 7:850$340 réis entre
primeiras núpcias por volta de 1882, com dona os habitantes. Francisco Cassiano de Lima foi o
Fausta Cândida de Faria (1862-1904), filha do primeiro a oferecer sua participação (50$000);
português João Manoel Ribeiro de Faria (1836- Balbino Soares Nogueira (1827 – 1910), o último.
1896) e de dona Senhorinha Cândida de Almeida Folheando hoje esse talão, deduz-se que a
(1840-1865), e desta união nasceram os filhos: importância arrecadada fora suficiente para o que
Raul Ribeiro de Lima (Raul Cassiano, 1889-1951), se pretendia ou, então, ninguém mais se interessara
casado com dona Mariana Garcia de Oliveira em subscrever, pois das duzentas páginas do talão,
(1893-196?) e Sebastião Ribeiro de Lima 173 encontram-se em branco.
(Chimbica, 1894-1959), casado com dona Rita Gozando de prestígio junto ao governo do
Teixeira, que deixaram descendências. estado, Francisco Cassiano de Lima, até então
Em 1884 já estava em mal estado de exercendo a chefia da agência do correio, é
conservação a Igreja Matriz de São Francisco do nomeado escrivão de paz e tabelião, permanecendo
Monte Santo, projetando, assim, a sua reconstrução neste cargo até junho de 1891, quando exonera-se
ou construção de uma outra, e a 25 de novembro de dos cargos em favor do amigo e compadre capitão
1884, a secretaria do bispado de São Paulo, emitiu Theophilo Dias Branco, a pedido deste. Mais ou
a seguinte portaria: “... Portaria nomeando uma menos nessa época, chega a Monte Santo a artista
junta parochial, composta dos cidadãos coronel Anita Gelli e o major Francisco Cassiano de Lima
Lucas Tobias de Magalhães (presidente), tenente encomenda a ela o seu retrato e de sua esposa,
José Cassiano Gomes (thesoureiro), Francisco dona Fausta e de dona Maria José de Almeida,
Cassiano de Lima (secretário), capitão esposa de seu sogro João Manoel Ribeiro de Faria.
Deocleciano Baptista Carvalhaes, coronel Em 1892, Francisco Cassiano de Lima é
Raymundo de Paula Xavier, capitão Ignacio citado entre os principais cafeicultores do
Soares de Moraes e Souza, tenente José de município de Monte Santo, com 15.000 pés de
Almeida Freitas, tenente José de Almeida Freitas, café, plantadas em seis alqueires de terra em sua
João Manoel Ribeiro de Faria, Silvério Pereira de fazenda Retiro.
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Neste período Francisco Cassiano de Lima Nacional da Comarca de Monte Santo, Estado de
empreende várias viagens e numa de suas idas a Minas Gerais: Estado-maior – Major ajudante de
São Paulo, trava grande amizade com o médico ordens, Francisco Nantes de Castilho; Major
doutor Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho (1867- quartel-mestre, Francisco Cassiano de Lima e
1920). Junto com o capitão Álvaro Pereira de Major cirurgião-mor, doutor Aristides da Silveira
Mello, empreende viagem a Três Pontas, Minas Lobo Sobrinho.
Gerais, onde vão ao encontro do cônego Francisco No jornal “O Paiz”, de 06 de janeiro de
de Paula Victor (1827-1905), o “Padre Victor” , 1894, ano X, nº 4261, publicado no Rio de Janeiro,
que devido a seus milagres foi beatificado e está há a notícia de que o major Francisco Cassiano de
em processo de canonização no Vaticano. Lima doou 50$000 para a subscrição promovida
Conta-se que, padre Victor, ao avistá-los e pela Câmara Municipal de Monte Santo e seus
sabê-los de tão longe teria falado: “Mas, os munícipes para o fim patriótico a ajudar e socorrer
senhores vieram de tão longe, para conhecer um o hospital de sangue dos bravos defensores da
negro feio e beiçudo, como eu?!”. causa legal, militares ou civis, que se batem com
No dia 03 de novembro de 1892, tanto denodo em prol da República e sustentam o
encontravam-se presentes, na sala das sessões da governo do marechal Floriano Peixoto.
Câmara Municipal, os senhores coronel Vicente Na sessão extraordinária, de 09 de março de
Ferreira Carvalhaes, cônego João Osório 1894, o vice-presidente major Francisco Cassiano
Marcondes, tenente José de Almeida Freitas e de Lima, depois de anunciar que o presidente lhe
Francisco Cassiano de Lima, procedia-se, naquele passara verbalmente o cargo, fez com que os
momento, a apuração do pleito para os cargos de problemas políticos nacionais voltassem
presidente e agente-executivo e de nove novamente à baila, argumentando que a Câmara
vereadores. “não podia ficar silenciosa, atendendo-se
Conhecido o resultado da apuração, a principalmente a que com a derrota sofrida pela
Câmara comunicou-se oficialmente com Antenor Revolta (da Armada) firmaram-se de uma vez as
Ferreira Carvalhaes, convidando-o para, no dia 19 instituições republicanas”. Propôs-se, então, nesse
de novembro, prestar compromisso e tomar posse momento, uma moção de felicitações ao governo
no cargo que fora eleito. da República, por intermédio do presidente do
Na sessão de 07 de outubro de 1893, os Estado, Afonso Penna, nestes termos:
membros da Câmara solicitavam para que se “Ilmo. E exmo. Sr. – A camara municipal
protestasse contra o “procedimento de parte da desta cidade hoje reunida, por unanimidade de
armada e de alguns brasileiros desnaturados que votos e representando a opinião geral dos
tanto mal causavam à nossa Pátria”. habitantes deste município, por tantas vezes
A crise política no Rio de Janeiro manifestada, vem patentear-vos a satisfação
proporcionaria discussões acaloradas no plenário indizível de que se acha possuída com a
da Câmara monte-santense. Era o episódio que na brilhantíssima victória alcançada pelas forças
História do Brasil, se chamaria “Revolta Armada”. legaes contra a revolta attentatoria dos brios e
Na reunião de 16 de dezembro, o dignidade do povo brasileiro, que com uma
presidente, ao dizer que “sendo público e notório maioria esmagadora contra ella se levantou.
que a revolução de seis de setembro, com a Esta camara exprimindo o enthusiasmo que
adhezão do senhor Saldanha da Gama, tomou um invade a alma de todos munícipes, saúda o
caracter restaurador”, convidava os vereadores primeiro magistrado deste Estado e pede que por
para, juntos, prestarem total solidariedade ao seu intermédio e em nome do povo deste município
governo do presidente Floriano Peixoto, convindo seja solicitado o inclyto e glorioso marechal
que se angariasse donativos para auxiliar os Floriano Peixoto, cuja energia cívica, serenidade
“bravos defensores da Pátria”. de animo e serenidade de conduta no exacto
Pelo decreto presidencial de 21 de cumprimento de seus elevados deveres, salvou as
dezembro de 1893, do Ministério da Justiça e instituições republicanas e tornou-se digno não só
Negócios Interiores, da Diretoria da Justiça, foram de nossos enthusiasticos aplausos, como digno
nomeados para o Comando Superior da Guarda também dos aplausos do mundo inteiro.
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Pede, pois, a v. excia. faça conhecida do de Faria (1883-193?), que em 1904 se casou com o
digno Presidente da República a moção de major Vicente Ferreira Paulino (1881-193?).
felicitação que unanime lhe dirige a camara A 23 de março de 1896, é fundada em
municipal desta cidade. Monte Santo a Loja Maçônica “Caridade Monte-
Monte Santo, de 19 de março de 1894. – santense” e o major Francisco Cassiano de Lima é
Saúde e fraternidade. – (a) major Francisco nela iniciado como irmão-maçom.
Cassiano de Lima, vice-presidente”. Em 1897 é fundada pela colônia italiana a
Ao terminar sua administração, Antenor “Societá Filantropica Italiana di Monte Santo”, por
Ferreira Carvalhaes e o major Francisco Cassiano iniciativa dos imigrantes italianos: Italo
de Lima, apresentavam aos monte-santenses uma Provincialli, Anibal Marcheroni, José Farinelli,
cidade abaulada, nivelada e iluminada a lampiões; José Grassano, Paulo Victtorio Lanzoni, Vicente
e à Câmara, as contas de uma gestão honesta e um Arcipreti, entre outros. O major Francisco Cassiano
saldo de 51:479$005 réis. As principais obras de Lima faz a doação do prédio da sociedade, onde
públicas do período: ponte sobre o ribeirão do hoje está instalado o Centro Vocacional
Sapé, abaulamento da rua Aristides Lobo (atual Tecnológico (CVI), situado na rua Doutor Pedro
Coronel Antônio Paulino da Costa), serviços no Paulino da Costa, número 333, tendo recebido, na
Curral do Conselho, sargetamento e abaulamento ocasião, da Sociedade Italiana, o título de
da rua 15, consertos na rua Quintino Bocaiúva, presidente honorário.
consertos na ponte do Sapé, iluminação da cidade a No dia 15 de novembro de 1898, além do
querosene. normal rebuliço que toda eleição proporcionava,
Nessa época (1891), chega a Monte Santo, pairava sobre Monte Santo um clima nostálgico: a
o doutor Wenceslau Braz Pereira Gomes, população preparava-se para homenagear o doutor
advogado recém-formado pela tradicional Aristides da Silveira Lobo Sobrinho, que, de
Faculdade de Direito de São Paulo, em 1890, onde mudança para Passos, despedia-se da cidade.
passa a exercer advocacia, foi o primeiro promotor Ao meio dia, a sala das sessões da Câmara
público e, depois, seguiu carreira política. Em encontrava-se apinhada de pessoas que desejavam
Monte Santo, doutor Wenceslau Braz, faz logo levar-lhe o abraço, destacando-se entre elas os
amizade com o major Francisco Cassiano de Lima, vereadores Amazílio Pinto de Magalhães, major
que juntamente com o coronel Lucas Tobias Francisco Cassiano de Lima, José Bernardino
Magalhães e o cônego João Osório Marcondes, o Leite, Filinto Erlindo, major Isaac Soares de
promovem politicamente, sendo eleito agente- Moraes e João Baptista Gomes de Azevedo.
executivo (prefeito) de Monte Santo (1895-1897). Distinguiam-se ainda entre os presentes, o juiz de
A 17 de abril de 1896, falece seu sogro, João direito, doutor Luciano de Souza Lima, doutor
Manoel Ribeiro de Faria, já viúvo de sua segunda Francisco Augusto Pereira Lima e Urias de Mello
esposa, dona Maria José de Almeida (1854-1890), Botelho.
deixando na orfandade quatro filhos menores, sob a Após ouvir inúmeros oradores, doutor
tutela do major Francisco Cassiano de Lima, a Aristides da Silveira Lobo Sobrinho agradeceu
seguir: tenente Sebastião Ribeiro de Faria (Neném comovido as homenagens que lhes prestavam.
Faria, 1876-1961), que em 1899, se casou com Pouco tempo depois o doutor Aristides da
dona Rita de Cássia da Luz (Ritinha, 1880-1950); Silveira Lobo Sobrinho, voltaria a residir
coronel Antônio Ribeiro de Faria (Tonico Ribeiro, novamente em Monte Santo.
1878-1928), que em 1899, casou-se em primeiras O major Francisco Cassiano de Lima, na
núpcias com dona Amélia Rita dos Santos (1873 – qualidade de vereador, foi quem sugeriu a mudança
1916), em segundas núpcias casou-se com dona do antigo cemitério para um local mais distante do
Maria Júlia Anacleto e em terceiras núpcias com centro da cidade, o que ocorreu em 1898, com a
dona Francisca de Faria (Chiquita); dona Emília doação do chamado “Pasto do Meio”, pelo doutor
Ribeiro de Faria (1881-1952), que foi a segunda Antônio Pereira de Lima, sendo inaugurado em
esposa do major Francisco Cassiano de Lima, 1901, como é sabido o coronel Lucas Tobias de
como veremos adiante e dona Estephânia Ribeiro Magalhães na qualidade de agente-executivo, não
se interessava pela mudança mas
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democraticamente aceitou o resultado da discussão ponte do Sapé, canalização do esgoto da cadeia,
sobre a lei. inauguração do abastecimento de égua de Posses.
Sob a presidência do doutor Francisco Tem-se notícias de que os traçados das ruas
Augusto Pereira Lima, no dia 09 de setembro de de Monte Santo com canteiros no meio teriam sido
1899, foi fundado em Monte Santo o Club da construídos baseados em projetos deixados ou
Lavoura, com programa idêntico aos do estado de sugeridos pelo major Francisco Cassiano de Lima,
São Paulo. Sendo eleita a seguinte diretoria: revelando-se um urbanista de certo talento para a
presidente, coronel Lucas Tobias de Magalhães; época, pois essas divisões venceram o tempo: não
vice-presidente, doutor Antonio Pereira Lima; sofreram alterações e sob o aspecto urbanístico
primeiro secretário, major Francisco Cassiano de atendem as reais necessidades da movimentação
Lima; segundo secretário, capitão Francisco Monte urbana da cidade, com aspecto urbanístico
Alegre e tesoureiro, coronel Fabiano Soares de agradável, pelas áreas verdes que apresenta e pelo
Moraes. traçado regular de suas ruas.
Em 1901, incentivado pelo seu amigo Segundo antigos depoimentos orais, por
particular, major Francisco Cassiano de Lima, veio volta de 1903, quando da formatura de dona Auta
de mudança para Monte Santo, o major Américo Carvalhaes Bernardes da Silva (Autina, 1883-
Benicio de Paiva (1861-1929), para instalar o 1972), no Colégio Mackenzie, em São Paulo, seu
Colégio Espírito Santo, que funcionou por vinte e pai, o major Vicente Ferreira Carvalhaes (1836-
quatro anos e educou centenas de crianças. Sobre a 1912), deu uma grande recepção em sua fazenda
mudança de São Sebastião do Paraíso para Monte Cruzeiro, pela chegada de sua filha, que embora
Santo, um comentário de Américo de Paiva vem fosse filha natural recebeu educação esmerada, e
sendo transmitido através dos descendentes do nessa ocasião o major Francisco Cassiano de Lima
major Francisco Cassiano de Lima: “Vim para executou vários números musicais, no piano inglês,
Monte Santo nos carros do Chico Cassiano”. que Vicente Carvalhaes havia importado para sua
Conhecedor do poder da educação, o major filha, que era também exímia pianista.
Francisco Cassiano de Lima, enquanto viveu Em 1904, sua esposa, dona Fausta Cândida
manteve escola em sua fazenda para seus colonos. de Faria, faleceu e a 13 de agosto de 1904, o major
Quando da construção da primitiva capela Francisco Cassiano de Lima casou-se com sua
de Nossa Senhora Aparecida, o major Francisco cunhada, dona Emília Ribeiro de Faria (1881-
Cassiano de Lima foi o doador do sino da mesma. 1952) e desta união nasceram os seguintes filhos:
A 02 de janeiro de 1901 procedeu-se a João Ribeiro de Lima (Joãozinho Cassiano, 1904-
eleição para presidente, vice-presidente e secretário 2009) foi casado com dona Maria Júlia Barbosa
da Câmara, sendo eleitos, respectivamente, cônego (Piruca, 1915-1997); dona Hortênsia Ribeiro de
João Osório Marcondes, major Francisco Cassiano Lima (1906-1980) foi casada com Jayme Antunes
de Lima e João Bernardino de Freitas. de Oliveira; Antônio Ribeiro de Lima (Tonico,
Neste período (1900-1904), o major 1909-1969) foi casado com dona Mariana Garcia
Francisco Cassiano de Lima presidiria a Câmara de Oliveira e Alípio Ribeiro de Lima, falecido na
algumas vezes. primeira infância.
Principais obras públicas do período: Ainda em 1904, o major Francisco
consertos na estrada dos Alves, ponte sobre o Rio Cassiano de Lima transferiu-se com sua família
Canoas, reconstrução da ponte do Sapé, compra de para a cidade de Poços de Caldas, onde ele já
matérias para o novo cemitério, plantio de algumas possuía um imóvel, onde é a Drogaria Rosário, sito
árvores na cidade, consertos na estrada de Canoas, à rua Assis Figueiredo, número 719 de hoje.
auxílio para a abertura de estrada para Mococa, Em 1905, em uma visita a sua fazenda
construção de duas pontes no Guaritá, consertos no Retiro, em Monte Santo, o major Francisco
matadouro, na estrada de Posses e na ponte do Cassiano de Lima sofreu um acidente doméstico,
Taboão, sarjeta no largo da Matriz, consertos na deslocando o fêmur, devido à precariedade da
rua que vai à Capelinha, na rua Quintino Bocaiúva, medicina da época, embora buscando facultativos
nas pontes da Grama e Canoas, reconstrução da até do Rio de Janeiro, ele se tornou paralítico até a

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sua morte. Este fato fez com que ele ficasse tendo sido também o primeiro escrivão de paz e
definitivamente na fazenda Retiro. agente do correio desta cidade, isto em 1891. O
Embora condenado fatalmente ao seu enterro teve um grande acompanhamento,
ostracismo em sua fazenda, o major Francisco comparecendo a Sociedade Italiana com a sua
Cassiano de Lima sempre era consultado nas bandeira, da qual era presidente honorário e
decisões políticas de Monte Santo pelos chefes grande benfeitor”.
políticos daqueles tempos, que se dirigiam até a Em sua missa de 7º dia, seu inseparável
fazenda Retiro para ouvi-lo em seus conselhos. amigo Ítalo Provincialli fez questão de ser o
Quando em 1914 o doutor Wenceslau Braz foi organista, homenageando a memória daquele que
empossado presidente da República, ele não por muitos anos exercera tal mister nos ofícios
esqueceu-se do amigo montes-santense, enviando religiosos da igreja matriz.
ao major Francisco Cassiano de Lima, um Morto, recolhido, embora, pelo tempo ao
exemplar jornal “O Século”, autografado onde panteon do Nada, onde tudo se cala e todos se
havia a notícia da posse presidencial. nivelam, o major Francisco Cassiano de Lima não
Só em 1921, por ocasião do casamento de tem em Monte Santo uma rua ou um beco sequer e
sua filha Hortênsia, é que ele voltaria à cidade de evocar à memória de quem possuía o dom dos
Monte Santo, onde foi recebido com festas e predestinados: ver mais, adiantando-se a seu
passaria uma semana visitando e recebendo a visita tempo, prevendo, planejando e construindo – com
de seus antigos amigos e correligionários. uma visão clara e segura do futuro. Monte Santo
Faleceu na fazenda Retiro, a 16 de julho de tem um débito a resgatar com a memória do major
1925, sendo sua morte, noticiada no “Correio Francisco Cassiano de Lima.
Paulistano”, de 29 de julho de 1925, nos seguintes Seu nome está gravado, de maneira
termos: marcante, na consciência de seus descendentes e de
“ – Falleceu em sua propriedade agrícola, algumas poucas pessoas que ainda recordam do seu
o sr. major Francisco Cassiano de Lima, que nome e de seu exemplo: como cidadão e como
deixou numerosa família. Era um dos fundadores homem público, embora hoje esquecido pelas
desta terra, por cujo progresso sempre trabalhou. autoridades, fez-se ao seu tempo admirado e
O grande morto foi presidente da camara, por respeitado, como uma figura marcante da história
diversas vezes, juiz de paz e vereador municipal, social e política de Monte Santo de Minas.

MAJOR AMÉRICO BENICIO DE PAIVA


1861 - 1929
Américo Benicio de Paiva nasceu em Pouso Paiva Coutinho e Anna Elisa de Paiva. Casou-se
Alegre, Minas Gerais, no ano de 1861. Era filho de com dona Aurelízia de Paiva e Silva (? -
Francisco Antonio Teixeira de Paiva e de dona 01.03.1927). Seus filhos: doutor José Benicio de
Mariana Silvéria Coutinho, perdeu a mãe, ainda Paiva, dona Maria Amélia de Paiva (Sinhá), doutor
bebê. Foi criado por sua irmã, dona Anna Elisa de Júlio Benicio de Paiva, Artur Paiva, dona Elvira de
Paiva, com dez anos na época. Paiva, dona Alzira de Paiva, dona Florianita de Paiva
Eram seus irmãos: coronel José Aureliano Gomes, dona Zulmira de Paiva, Álvaro José de Paiva
de Paiva Coutinho, coronel Luiz Antônio de Paiva e dona Jandira de Paiva.
Coutinho, Fausto A. de Paiva, Gaspar José de Paiva, Américo de Paiva foi, por excelência, um
Ananias de Paiva Coutinho, Evaristo Herculano de educador, desde sua cidade Pouso Alegre e em
Paiva, Martiniano de Paiva, Antônio Ildefonso de outras onde residiu: São Sebastião do Paraíso e
Paiva, Francisco Antônio de Paiva, dona Maria de Mococa. Segundo relatos sobre sua vida pública, em

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São Sebastião do Paraíso exerceu os cargos de (1858 – 1925), Américo de Paiva mudou-se para
promotor (sendo nomeado em 22 de novembro de Monte Santo de Minas. Sobre a mudança, um
1892 e exonerado em 1896) e vereador nas comentário de Américo de Paiva vem sendo
legislaturas de 1894 – 1898/1898 – 1901. transmitido através dos descendentes do major
Por decreto Francisco
presidencial datado Cassiano de Lima:
de 13 de novembro “Vim para Monte
de 1892, sancionado Santo nos carros
pelo marechal do Chico
Floriano Peixoto, Cassiano”.
presidente da Para cá
República, foi transferiu o seu
Américo Benicio de tradicional
Paiva nomeado Colégio “Espírito
Major-Secretário- Santo”, que
Geral, do 82º Batalhão da Guarda Nacional da funcionou por 24 anos.
Comarca de São Sebastião do Paraíso. Era um colégio particular, localizado à
Em São Sebastião do Paraíso foi membro rua Cel. Lucas Magalhães, com a fachada do
da histórica Loja Maçônia “Fraternidade antigo casarão voltada para o local onde hoje está
Universal”, sendo eleito venerável. a E. E. “Américo de Paiva”. O fato de o Colégio

O major Américo, na porta de sua residência, junto aos


professores e alunos do Colégio Espírito Santo. Cerca de 1925.

Américo de Paiva fundou o Colégio “Espírito Santo” ser uma escola particular, não
“Espírito Santo” em 1878, em São Sebastião do impediu que Américo de Paiva, que teve uma
Paraíso, MG, onde funcionou por 22 anos. vida dedicada à educação, acolhesse os meninos
Em 1901, incentivado pelo amigo pobres que, na maioria, não conseguiam
particular, major Francisco Cassiano de Lima permanecer na escola. O único desses meninos,
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que foi perseverante, foi Noraldino Lima, que Américo de Paiva também foi diretor do
muito impressionou o professor Américo de Grupo Escolar “Dr. Wenceslau Braz” (atual
Paiva, por interesse e dedicação aos estudos. O Escola Estadual “Dr. Wenceslau Braz”), de 1914
Colégio “Espírito Santo” era um internato, onde a 1916.
os meninos moravam e estudavam. Era uma Américo de Paiva faleceu em 03 de
escola tradicional, muito disciplinada, onde se fevereiro de 1929, deixando sua escola para a
ensinava conhecimentos e hábitos de boa filha mais velha dona Maria Amélia de Paiva
educação. Todavia, funcionava nos moldes da (dona Sinhá). Por pouco não pôde ver a Escola
Escola Antiga, própria da época, sendo as falhas Normal fundada em 1932, que recebeu o seu
dos alunos severamente punidas. nome, um gesto de gratidão de Noraldino Lima.
Na verdade, Américo de Paiva se fazia O belo ato tornou-se, assim, uma homenagem
respeitar e as regras eram realmente cumpridas. póstuma àquele que fez da educação seu ideal de
Os alunos que não se adaptavam, eram expulsos. vida.
Foi eleito vereador à Câmara Municipal Em seu túmulo lê-se o seguinte epitáfio:
de Monte Santo, no seguintes mandatos: “Aqui jaz o espírita Américo Benicio de Paiva.
01.01.1905-30.12.1907, tendo sido eleito ao "Quem passou pela vida em branca nuvem, E em
cargo de agente-executivo, tomando posse no dia plácido repouso adormeceu; Quem não sentiu o
01.01.1905 e renunciando ao mesmo cargo, em frio da desgraça, Quem passou pela vida e não
20.01.1905, porém manteve-se no cargo de sofreu; Foi espectro de homem, não foi homem,
vereador e reelegendo-se ao cargo de vereador no Só passou pela vida, não viveu...".
período de 06.01.1919 a 04.06.1921. Pertenceu “Pai, viveste porque lutaste, mas não
ao quadro associativo da Loja Maçônica morreste, porque os heróis não morrem”.
“Caridade Monte-santense”.

DOUTOR WENCESLAU BRAZ PEREIRA GOMES


1868 - 1966
Sagacidade, prudência e grande habilidade sábia do pai, para o caminho do bem, dona Izabel,
para o diálogo eram qualidades notórias da sua devotada mãe, cuidou de sua formação cristã.
personalidade do dr. Wenceslau Braz Pereira Tais princípios moldaram-lhe o caráter até ao final
Gomes. Filho do cel. Francisco Braz Pereira de sua vida.
Gomes e de dona Izabel Pereira dos Santos, nasceu O jovem Wenceslau Braz recebeu, em sua
em 26 de fevereiro de 1868, na fazenda Bom terra natal, os ensinamentos dos mestres Ezequiel
Sucesso, em São Caetano da Vargem Grande (atual Correa de Melo e Evaristo José Rabelo. Com eles,
Brasópolis) que, na época, era distrito de Itajubá, aprendeu as primeiras letras. Em 1881, o pai
Minas Gerais. matriculou-o no Colégio Moretzsohn (mais tarde
O grande homem público tinha o sangue de Ateneu Paulista). Frequentou, depois, o Ginásio e
políticos nas veias e, desde a infância, foi criado no Seminário Episcopal, onde estudou Humanidades.
meio deles. Seu pai foi vereador e, depois, agente Após os estudos preparatórios, em 1886, o
executivo Municipal de Itajubá. Foi, também, jovem Wenceslau Braz ingressou na famosa
deputado à Assembléia Provincial de Minas Faculdade de Direito do Largo de São Francisco,
Gerais, no biênio de 1888-1889. Reeleito para o em São Paulo. Entre seus colegas, destacaram-se
biênio seguinte, não tomou posse. O cel. Francisco Delfim Moreira da Costa Ribeiro (seu primo e,
Braz transmitiu ao filho os princípios rígidos da mais tarde, presidente da República), Washington
honestidade e do trabalho. Além da orientação Luiz Pereira de Souza (que, também, seria

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Presidente da República) e Antônio Carlos Ribeiro O casal viria a ter sete filhos: dr. José Braz Pereira
de Andrada (que seria governador de Minas Gomes, dona Odete Braz, Francisco Wenceslau
Gerais). Em seu tempo de estudante, em São Paulo, Braz, dr. João Braz Pereira Gomes, Mário Braz
entregou-se de corpo e alma ao movimento em prol Pereira Gomes, dona Maria Isabel Braz e dona
da abolição da escravatura e do movimento Maria de Lourdes Braz.
republicano. Participou de encontros e Em 1892 foi eleito deputado à Sessão
manifestações públicas e na tribuna revelou-se Constituinte e Primeira Legislatura do Congresso
orador magnífico. Levou para sua terra natal os Mineiro (posse em 1893). Enquanto o pai era o
sentimentos liberais e filiou-se ao Partido Agente Executivo Municipal de Itajubá, dr.
Republicano e Abolicionista de São Caetano da Wenceslau era reeleito para Deputado Estadual
Vargem Grande, agremiação pioneira, com (1895 a 1898), quando participou, ativamente, dos
marcante trabalho realizado. trabalhos parlamentares, revelando-se político
Durante as férias acadêmicas, o jovem hábil.
Wenceslau Braz abriu, em sua terra natal, escola Foi Secretário do Interior, Justiça e
noturna de alfabetização de adultos, onde deu aulas Educação do Estado de Minas Gerais e, em duas
e arregimentou outros professores, cumprindo um oportunidades, ocupou, cumulativamente, a
dos objetivos do Partido Republicano e prefeitura de Belo Horizonte.
Abolicionista Na
de São Câmara Federal,
Caetano da para a qual foi
Vargem eleito para o
Grande. mandato de 1903
Em 11 a 1905 e reeleito
de dezembro para 1906 a
de 1890, 1908, ocupou a
Wenceslau alta função de
Braz formou- líder de sua
se em Direito. bancada e do
Iniciou sua Governo, no
carreira de quadriênio do
advogado, em presidente
São Carlos do Jacuí, atual Rodrigues Alves. Da tribuna
Jacuí, MG. E foi seu primeiro Casa a muitos anos demolida, onde viveu da assembleia, agiu com
promotor, depois da criação da o Dr. Wenceslau Braz e sua família, no muita habilidade, no
tempo em que residiu em Monte Santo
comarca, em novembro de apaziguamento dos ânimos,
de Minas. Estava localizada na antiga
1891. durante a chamada Revolta
rua Estreita.
Pouco tempo da Vacina, que eclodiu em 10
permaneceu em Jacuí. Veio, no de novembro de 1904, no Rio
início de 1892, para Monte Santo, Minas Gerais, de Janeiro, diante da obrigatoriedade da vacina
como 1º promotor público da nova comarca e contra a febre amarela e combate ao mosquito
depois como advogado. Foi eleito vereador e transmissor, medidas tomadas pelo sanitarista dr.
presidente da Câmara Municipal de Monte Santo, o Oswaldo Cruz, no governo de Rodrigues Alves.
que transformou o jovem político em agente Foi presidente do Estado de Minas Gerais,
executivo municipal (cargo atual de Prefeito) da entre 2 de abril de 1909 a 7 de setembro de 1910,
cidade. Realizou trabalhos importantes no para completar o mandato do presidente João
município de Monte Santo, onde incentivou a Pinheiro da Silva, prematuramente, falecido.
agropecuária, canalizou a água potável da cidade e Deixou o governo de Minas e foi eleito para
melhorou as estradas municipais. vice-presidente da República, no quadriênio do
Casou-se, em 12 de setembro de 1892, em presidente marechal Hermes da Fonseca (15 de
Itajubá, com dona Maria Carneiro Pereira Gomes. novembro de 1910 a 15 de novembro de 1914).
-71 -
Antes de finalizar o seu mandato, foi eleito para fosse aprovado pelo decreto nº 3.071, em 1º de
presidente da República, em 1º de março de 1914. janeiro de 1917.
Assumiu a presidência, em 15 de novembro de Tinha como passatempo predileto a
1914. pescaria. Com amigos ou na companhia de pessoas
O dr. Wenceslau Braz encontrou o país em simples, gostava de realizar acampamentos às
situação financeira muito difícil. O Brasil estava margens do Rio Sapucaí, no município de Itajubá,
com enorme dívida; o Tesouro sem recursos; a onde pescava, com vara e anzóis, magníficos
importação e a exportação abalada pela 1ª Grande mandis, piabas e dourados. Era muito habilidoso
Guerra; o comércio e a indústria em situações como pescador amador. Por isso, recebeu a alcunha
precárias. carinhosa de “Pescador Estadista”. Aos amigos
Mesmo com todas as dificuldades, afirmava que era no silêncio das madrugadas, junto
governou o País com equilíbrio e bom senso, no ao remanso das águas do seu querido Sapucaí, que
quadriênio de 1914-1918, período que coincidiu meditava e tomava decisões sobre os destinos da
com o da Primeira Guerra Mundial. O nação, aos seus cuidados, e transformava tais
torpedeamento covarde dos navios mercantes decisões em ações administrativas, quando voltava
brasileiros “Paraná”, “Tijuca”, “Lapa”, “Macau”, ao Palácio do Catete, sede do Governo Federal, na
“Acari” e “Guaíba”, em 1917, obrigou o presidente antiga capital, o Rio de Janeiro.
Wenceslau Braz a declarar guerra ao Império O grande estadista retirou-se da vida
Alemão, em 26.10.1917. A participação brasileira pública, ao final de seu mandato de presidente da
foi feita com sacrifício financeiro. Foi enviada República. Passou a residir, em Itajubá, onde
equipe médica para a França e seis navios construíra uma casa sóbria, de porões elevados e
colocados para patrulhar o Atlântico. Além dessa sombreada varanda, cercada de jardins, bem
participação na guerra, vários militares brasileiros, cuidados. Era ali que recebia os amigos para
entre os quais, aviadores, lutaram a favor da conversas amenas, repletas de aconselhamentos
França. sobre a política vigente. Em Itajubá, cuidou de seus
Em seu governo, foi solucionada a “Guerra negócios particulares, que envolviam uma fábrica
do Contestado” – disputa de limites entre os de tecidos e um banco, o progressista Banco de
estados do Paraná e de Santa Catarina, pendência Itajubá, hoje inexistentes.
interestadual anterior ao seu governo, agravada Em 15 de maio de 1966, com idade de 98
pela presença de fanáticos religiosos e jagunços. anos, cercado pelos seus familiares, faleceu na paz
Houve, também, durante seu governo, a do senhor, em sua residência, em Itajubá. Deixou
devastação causada pela “Gripe Espanhola”, que de herança, para seus conterrâneos, o exemplo de
ceifou milhares de vítimas, em 1918. uma vida sóbria, calcada nos princípios éticos da
A Revolução Russa de 1917 repercutiu, honestidade e do trabalho.
também, no Brasil. São Paulo assistiu a um sem
NOTA: O dr. Wenceslau Braz assumiu o cargo
número de greves, com manifestações contra a
de agente-executivo, ou seja, Prefeito de Monte
carestia, contra a especulação com gêneros
Santo, em 02 de janeiro de 1895, na mesma sessão
alimentícios e contra as condições indignas de
em que o ex-agente-executivo Antenor Ferreira
trabalho a que eram submetidos os trabalhadores.
Carvalhaes apresentava seu relatório, duas
Mas, não eram temidas manifestações bolchevistas.
comissões previamente eleitas reconheceram
Eram manifestações contra as condições precárias
legítimos os diplomas de Wenceslau Braz, eleito
de trabalho e contra as dificuldades sociais,
agente executivo municipal, Fabiano Soares de
reflexos da época da Guerra Mundial, em curso.
Morais, Antônio Ferreira Carvalhaes e Hypólito
Destaque administrativo do governo do dr.
Gomes Ribeiro, eleitos 1º, 2º e 3º Juízes de Paz.
Wenceslau Braz foi a aprovação do Código Civil
Elegeram-se ainda dr. Polycarpo Rodrigues
Brasileiro. Até 1916, o Sistema Judiciário
Viotti, presidente da Câmara; dr. Aristides da
Brasileiro guiava-se pelas leis portuguesas. Eram,
Silveira Lobo Sobrinho, vice-presidente e Juvêncio
ainda, aplicadas as “Ordenações Filipinas”, datadas
Cornélio Alves, Secretário.
do século XVII. O dr. Wenceslau venceu a
oposição e conseguiu que o Código Civil Brasileiro
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Instalada a nova câmara, uma das primeiras Nesse mesmo dia, a Câmara recebia ainda
medidas de Wenceslau Braz foi organizar o outro comunicado, assinado desta vez pelo seu
Estatuto Municipal, pois até aquele momento eram Presidente, dr. Polycarpo Rodrigues Viotti:
obedecidas pela Câmara de Monte Santo as velhas “Cumpre-me levar ao vosso conhecimento que em
posturas da antiga Intendência de Jacuí. officio datado de hoje, o digno Agente Executivo
Aprovado o estatuto, trabalho elaborado por deste Município, Dr. Wenceslau Braz Pereira
uma comissão composta de João Ernesto Coelho, Gomes, visto ter necessidade de retirar-se do
Pierre Constantino Monte Alegre e dr. Aristides da Município para occupar o seu posto na Assembléia
Silveira Lobo Sobrinho, e elaborada a primeira lei do Estado, da qual faz parte como deputado”.
do ano, orçando a receita e despesa em Durante a ausência de Wenceslau Braz,
40.000$000rs. para o exercício de 1895, entregou continuariam o abaulamento de ruas e a abertura de
à câmara diversos serviços que requeriam urgência. uma rua que, partindo do largo Cesário Alvim
Nessa época, uma epidemia de cólera (Pça. Cel. Silvério de Mello), iria em direção à
invadiu Monte Santo, causando inúmeras vítimas lagoa, possibilitando aos moradores das redondezas
fatais e demandando enérgicas providências por servirem-se daquela água, como já o faziam os da
parte da municipalidade. Enquanto a cidade era rua Aristides Lobo e Tiradentes.
saneada e pontes eram erguidas, criava-se, também Chamado constantemente aos debates no
quatro escolas rurais. Congresso Estadual, não pôde Wenceslau Braz
Quanto à canalização da água potável, entregar-se a vários problemas do município;
antiga aspiração monte-santense, antevia a câmara entretanto, somente o abastecimento da água
as enormes dificuldades para sua realização. potável bastaria para que permanecesse na
Embora se entregasse com ânimo ao memória dos monte-santenses.
empreendimento, Wenceslau Braz deparou-se com Foi reconhecendo o valor desse ousado
obstáculos até então imprevistos. Anteriormente, empreendimento (nota-se que, de todas as cidades
vira-se obrigado a despender enorme quantia no circunvizinhas, Monte Santo foi a primeira a ter
combate à cólera; e o que sobrara nos cofres água encanada) que, a 31 de dezembro de 1897, os
municipais, agora quase vazios, embora anexado às vereadores apresentaram a seguinte resolução: “A
rendas futuras, não seria suficiente para fazer com Câmara Municipal de Monte Santo; considerando
que Monte Santo bebesse água encanada. os grandes e inolvidáveis serviços prestados pelo
Necessário tornou-se, então, recorrer a um Agente Executivo Municipal, Dr. Wenceslau Braz
empréstimo. Entretanto, devido à caótica situação Pereira Gomes, durante o triênio que ora finda,
financeira que dominava o Brasil nessa época, foi serviços que foram muito e muito além dos
com dificuldade que se conseguiu 70 contos de réis inerentes ao exercício de seu cargo; considerando
que seriam pagos em prestações semestrais, no o grande concurso de ilustração e patriotismo
prazo de 10 anos. prestados à corporação, cujo mandato ora se finda
A partir de abril de 1895, Wenceslau Braz no seu difícil encargo de legislar para o município,
se ausentaria inúmeras vezes de Monte Santo, pois, resolve que se mande lavrar na ata um voto de
deputado estadual, via-se obrigado a estar louvor e gratidão pelos inestimáveis serviços
constantemente em Ouro Preto, para os debates no prestados ao Município, já referidos, e que se
Congresso Estadual. mande publicar a sua mensagem no órgão oficial
No primeiro dia daquele mês, depois de do Estado. Sala das sessões da Câmara Municipal,
apresentar um relatório sobre os três meses 31 de Dezembro de 1897. Ass.: Aristides da
passados, dirigiu o seguinte comunicado aos Silveira Lobo Sobrinho, João Ernesto Coelho, José
membros da câmara: “Levo ao vosso conhecimento Grassano, José Bernardino Leite, Filinto Erlindo,
que nesta dacta, retirando-me para tomar parte Isaac Soares de Morais, Francisco Leonel de
dos trabalhos legislativos do Congresso Estadoal Magalhães”.
transmetti as funções do meu cargo ao digno Antes dessa resolução, a população monte-
Presidente dessa corporação, substituto na forma santense já o tinha homenageado a seu modo: na
da lei em vigor”. eleição de 1º de novembro de 1897, reelegera-o
agente executivo para mais um período.
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Quadro demonstrativo do período de Meu falecido avô materno João Ribeiro de
02.01.1895 a 31.12.1897. Lima (1904 – 2009), nos contava que seu pai, o
Agente Executivo Municipal, dr. major Francisco Cassiano de Lima, fora
Wenceslau Braz Pereira Gomes; Secretário, João contemporâneo e colega do dr. Wenceslau Braz, na
Nantes de Castilho; Contínuo, João Mafra; Câmara de Monte Santo, e que quando juntos eram
Procurador, Theóphilo Dias Branco; Fiscal, José de identificados de longe, pois o major Chico
Souza; Arrematante da iluminação, Antônio Cassiano, muito sóbrio, usava constantemente
Pereira Guimarães (1895), Francisco Nantes de fatiota de casimira inglesa preta e o dr. Wenceslau
Castilhos (1896/7); Conservador de ruas, Fausto Braz, um dândi, na época, vestia-se de acordo com
Bressan (1895), Reggi Ariodante (1896), Francisco o estilo inglês, sempre de costume xadrez, o que
Nantes de Castilhos (1897); Zelador da água demonstrava um ar citadino se opondo ao
potável, Emiliano Mascheri. provincianismo de Monte Santo, daqueles tempos.
Câmara: Presidente, dr. Polycarpo Segundo consta, o imigrante italiano Pedro
Rodrigues Viotti; Vice-Presidente, dr. Aristides da Lodovici, antes de se estabelecer no incipiente São
Silveira Lobo Sobrinho; Secretário, cap. Juvêncio João da Fortaleza, fixou-se por volta de 1890, nos
Cornélio Alves; dr. Antônio Pereira Lima, Felinto Mendes, vilarejo próximo, onde instalou padaria e
Erlino, Pierre Constantino Monte Alegre, Felix restaurante. Graças à cozinha toscana, logo
Antônio da Luz, Antônio de Paula Braga, cel. adquiriu assídua freguesia e marcante
Lucas Tobias de Magalhães, major Isaac Soares de prosperidade. Um de seus frequentadores, o dr.
Morais, João Ernesto Coelho. Wenceslau Braz, na época advogado e promotor
Renúncias: Pierre Constantino Monte público em Monte Santo, quem granjeou grande
Alegre (04.05.1895), dr. Antônio P. Lima, capitão amizade e estima.
Felix Antônio da Luz (13.05.1895). Em Arceburgo, o nome do dr. Wenceslau
Posses: José Grassano, capitão Francisco Braz, foi a primeira denominação que recebeu o
Leonel de Magalhães (26.06.1895), José então largo da Matriz, lá pelo início dos anos 1900,
Bernardino Leite (15.07.1896), Joaquim Theóphilo por força da Câmara de Monte Santo, pois até 1912
de Mello (27.07.1896). estávamos jurisdicionados a ela. Esta denominação
permaneceu até 1930, quando os rumos da
JUÍZES ELEITOS PELO POVO: Revolução de 30, mudou o nome para “Praça João
Pessoa”, que permaneceu até 1967, quando
1895 – Juiz de Paz – Fabiano Soares de finalmente recebeu a denominação atual, “Praça
Morais. Doutor Herculano de Paula Borges”. Em 1930, foi
Suplentes: - Antenor Ferreira Carvalhaes e dado o nome de “Rua Wenceslau Braz”, a uma via
Hypólito Gomes Ribeiro pública de Arceburgo, que ainda conserva a
Principais obras públicas do período: denominação.
Combate à epidemia de cólera; abulamento da rua
Demétrio Ribeiro; reconstrução da ponte no
Fernando Antônio Xavier Brandão,
córrego da Sophia; consertos na estrada do Sapé;
Engenheiro, Membro do Instituto Histórico e
empréstimo de 70:000$000 para o abastecimento
Geográfico de Minas Gerais e é Sócio
de água; Estatuto Municipal, abertura de uma rua
Correspondente do Instituto Histórico e Cultural
partindo do Largo Cesário Alvim; abertura de uma
de Arceburgo.
estrada no pasto grande (av. Vicente Carvalhaes);
alargamento da rua Antenor Carvalhaes; consertos
na casa de instrução pública; abertura da travessa
do Elias Turco; abaulamento da Rua Tiradentes;
inauguração do abastecimento de água potável.

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CORONEL FRANCISCO GÊ PEREIRA LIMA
1870 - 1944

No seu livro "As imaginações acachapante derrota aos "araras" do outro grande,
pecaminosas", Autran Dourado, cujas histórias se coronel Lucas Tobias de Magalhães, até então
passam na sua inventada e mítica Duas Pontes, nunca vencido; assumiu, de 1908 a 1912, a chefia
reaparecem alguns personagens que já tinham do poder municipal e, entre outros feitos, ajudou a
desempenhado um papel em "O risco do bordado" concluir-se a Santa Casa de Misericórdia, instalou
e voltam a aparecer em "Novelário de Donga a luz elétrica em Monte Santo e em Posses,
Novais", "Armas & Corações" e "Violetas e construiu e deixou pronto para funcionar o Grupo
Caracóis". Um desses personagens é Bê P. Lima, Escolar "Dr. Wenceslau Braz", assistiu e inaugurou
cuja fonte inspiradora foi o coronel Francisco Gê as primeiras estações da Companhia Mogiana no
Pereira Lima. Em abono da figura cívica do município e promoveu obras públicas gerais, como
coronel Gê Pereira Lima, pode-se dizer, que Gê o Jardim Velho e seu artístico coreto, os passeios
Lima foi um homem lido e poliglota, o coronel de pedra de quase todas as ŕuas da cidade, até então
mais culto e viajado da terra; em momento de ira poucos existentes, pedras essas trazidas da Serra da
sagrada, fundou o partido dos "gafanhotos" e Dona Mazilia em dezenas e dezenas de carradas de
infligiu, em primeiro de novembro de 1907, uma bois ajaezados, que fizeram época.

DOUTOR VALDOMIRO DE BARROS MAGALHÃES


1883 -1944

Valdomiro de Barros Magalhães nasceu em eleito vereador em Monte Santo e deputado à


Passos, MG, no dia 19 de abril de 1883, filho do Assembleia Legislativa mineira. Em 1911, foi
coronel Lucas Tobias de Magalhães (1844 – 1923), reeleito vereador e eleito agente executivo e
propagandista republicano, e de dona Maria presidente da Câmara de Monte Santo. Ainda em
Cândida de Barros (1852 1928). Embora, tenha 1911, foi reeleito deputado estadual para cumprir
nascido em Passos, veio com seus pais, para Monte mandato até 1914 e, como tal, foi escolhido para
Santo, em 1887, passando aqui sua infância e compor o Tribunal Especial do Estado, que tinha
juventude, onde fez o curso de primeiras letras. por função julgar os crimes de responsabilidade de
Estudou humanidades no Ginásio Baependi, em desembargadores, juízes, senadores estaduais e
Baependi, MG, e prosseguiu seus estudos no deputados. Presidiu também a Comissão de
Instituto de Ciências e Letras da cidade de São Constituição, Legislação e Justiça da Assembléia.
Paulo. Ingressou em 1902 na Faculdade de Direito Foi deputado estadual na 5ª e 6ª Legislaturas da
de São Paulo e, durante sua vida acadêmica, República Velha (1907-1910 e 1911-1914).
exerceu atividades jornalísticas. Formou-se em Foi duas vezes prefeito de Monte Santo.
1906. Eleito deputado federal pelo PRM em 6
Pecuarista em Minas Gerais e legislaturas (1915-1917, 1918-1920, 1921-1923,
posteriormente no Rio Grande do Sul, radicou-se 1924-1926, 1927-1929, 1930) Na Câmara Federal,
em Monte Santo, onde exerceu a advocacia e fez parte da Comissão de Redação, foi suplente da
iniciou sua carreira política. Ingressou na política mesa e presidiu a Comissão de Poderes. Fez
filiando-se ao Partido Republicano Mineiro (PRM), também parte da comissão executiva do PRM, do
do qual seu pai também fazia parte. Em 1907 foi qual foi secretário de 1922 a 1926. Em 1927

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representou o governo de seu estado no Congresso para acertar uma fórmula que fixasse o calendário
do Café em São Pauto. Apoiou a candidatura de político eleitoral de modo a que, entre a dissolução
Getúlio Vargas à presidência da República pela da Constituinte e a instalação da Assembléia
Aliança Liberal no pleito de março de 1930, no ordinária, não houvesse um espaço muito grande
qual voltou a se eleger deputado federal. de tempo, o que obrigaria o Poder Executivo a
Participou, em seu estado, das articulações da governar através de decretos-leis, possibilidade que
Revolução de Outubro de 1930 que, vitoriosa, estava desagradando a diversas bancadas. Com a
depôs o presidente Washington Luís no dia 24 promulgação da nova Constituição (16.07.1934) e
desse mês e dissolveu todos os órgãos legislativos a eleição do presidente da República no dia
do país, interrompendo os mandatos parlamentares. seguinte, teve seu mandato prorrogado até maio de
Foi um dos fundadores, em janeiro de 1933, 1935. Nas eleições de outubro de 1934 candidatou-
do Partido Progressista se novamente a deputado
(PP) de Minas Gerais, de federal na legenda do PP,
cuja comissão diretora mas obteve apenas uma
participou. Em maio desse suplência. Em 1935, foi
ano foi eleito nessa eleito senador pela
legenda deputado à Assembléia Constituinte
Assembléia Nacional de seu estado. Assumindo
Constituinte, que iniciou o mandato no mesmo
seus trabalhos em ano, exerceu-o até o dia
novembro. No mês 10 de novembro de 1937,
seguinte, teve seu nome quando, com o advento
incluído numa das duas do Estado Novo, foram
listas formuladas pelo PP e suprimidos todos os
apresentadas como órgãos legislativos do
alternativas para ocupar a país. No Senado, presidiu
interventoria em Minas a Comissão de Economia
Gerais, vaga com a morte e Finanças e foi líder da
de Olegário Maciel maioria e presidente da
ocorrida em setembro. A Casa. Entre a
escolha do presidente proclamação da república
Getúlio Vargas, que e o Golpe de 1964 foi
terminou contando com o uma das duas pessoas a
apoio do PP, recaiu, no serem presidente do
entanto, em Benedito senado que não foi vice-
Valadares, que se presidente da República.
encontrava desvinculado de qualquer dos grupos Após deixar o mandato de senador, tornou-
mineiros. se ministro-conselheiro do Tribunal de Contas do
Como líder da bancada mineira na Distrito Federal, no Rio de Janeiro.
Assembléia pronunciou-se, em 9 de março de Colaborou em diversos jornais de São Paulo
1934, contra a tendência de transformar a e de Minas Gerais e foi redator do Comércio e
Constituinte em Assembléia ordinária. No mês Lavoura, de Monte Santo.
seguinte, antes do pronunciamento oficial de seu Foi um dos fundadores do Instituto
partido, declarou seu compromisso de votar em Histórico e Geográfico de Minas Gerais (IHGMG).
Getúlio Vargas para presidente da República e Era casado com dona Georgina Moreira
assinou um manifesto de lançamento dessa Antunes Maciel, filha do conselheiro Francisco
candidatura, juntamente com Antônio Carlos Antunes Maciel, deputado-geral de 1881 a 1889,
Ribeiro de Andrada, presidente da Constituinte. ministro do Império em 1883, um dos chefes do
Em maio do mesmo ano participou de Partido Federalista do Rio Grande do Sul e
reunião com as principais lideranças constituintes deputado federal de 1906 a 1911. Sua mulher era
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também irmã de Francisco Antunes Maciel Júnior, interventor federal em Mato Grosso de 1931 a
que foi deputado federal pelo Rio Grande do Sul de 1932. Valdomiro e sua esposa dona Georgina, não
1915 a 1917 e de 1921 a 1923, revolucionário em deixaram filhos.
1923, novamente deputado federal de 1924 a 1926, Valdomiro Magalhães faleceu no Rio de
revolucionário em 1930 e ainda ministro da Justiça Janeiro no dia 14 de janeiro de 1944.
de 1932 a 1934, e de Artur Antunes Maciel,

DOUTOR ARISTIDES CUNHA


1888 - 1972

Dr. Aristides, sua esposa, Avelina e seus filhos reunidos.


Década de 1940.

Nasceu em Monte Santo de Minas em 31 de Prudente, em 1890 criou o Município de Monte


Maio de 1888. Era filho do Major Antônio José Santo e dois anos depois criou a Comarca de Monte
Barros da Cunha e de Dª Silvéria Clarinda Pimenta Santo. Este curto espaço entre a criação do
de Abreu Caetano Machado da Cunha. Naquele Município e a Comarca, é fato único no Brasil.
tempo, para mostrar o quão ilustre era a família, Aristides Cunha formou-se em farmácia em
não era de bom tom suprimir nomes de seus São Paulo em 1908, com vinte anos de idade. Foi
antepassados, daí o nome extenso de Dª. Silvéria, para Mococa, e em companhia de seu colega
de tradicionais famílias de Passos. Mas o Major Clodoaldo Figueiredo, fundou a Farmácia Santa
Antônio José, que era um homem de ideias Maria. Em Setembro de 1909 casou-se com a irmã
avançadas pois era republicano e abolicionista, de Clodoaldo, Anália Figueiredo. Deste casamento
além de cortar o Barros de seu próprio nome, teve duas filhas, Haydée nascida em 12 de Junho de
registrou seu filho apenas como Aristides Cunha. O 1910 e Ivone, nascida em 9 de Abril de 1912.
nome Aristides, foi uma homenagem que Major Anália veio a falecer em Abril de 1914. Morreu em
Antônio José quis prestar ao Dr. Aristides Lobo. consequencia do parto de Antônio que também
Aristides Lobo, em retribuição, já na condição de morreu. Aristides, viúvo, desiludido, vendeu sua
Ministro do Interior do Governo de Presidente parte da farmácia e veio para Monte Santo, onde
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sua mãe cuidou de suas duas filhinhas. Em 1915, de Dª. Conceição do Nascimento Furtado de
fundou o Jornal “A Notícia”. Em 1917 foi para o Medeiros, filha do verdadeiro fundador de Itamogi,
Rio de Janeiro estudar medicina. Como possuía o coronel José Furtado de Medeiros. Este casamento
curso de farmácia era-lhe facultado o direito de se deu em 30 de Dezembro de 1922. Desta união,
entrar no terceiro ano do curso. Entrou na nasceram:- Geraldo, falecido aos 18 anos, Alice,
Faculdade de Medicina da Praia Vermelha, então a casada com Dr. Guido Gonçalves Cavalcanti,
mais conceituada Escola de Medicina do País. Em engenheiro. Ela é pedagoga. Gastão Roberto,
1919 formou-se em medicina e em 1920 recebeu o médico pediatra, casado com Dª. Terezinha
titulo de Doutor em Medicina graças à tese por ele Espósito da Cunha. Aristides Cunha Filho, médico
defendida. Veio para Monte Santo onde estabeleceu ginecologista e ex-deputado federal, casado com
sua clínica que atingia as cidades de Monte Santo, a Dª. Maria José Paulino da Cunha. Ronald,
então Arari, hoje Itamogi, Arceburgo e Cuscuzeiro, engenheiro, casado com Dª. Mary Cléa Luz da
hoje Santo Antônio da Alegria . A Santa Casa de Cunha, Yeda, pedagoga, viúva de Dr. Itagiba
Monte Santo era incipiente para atender a todas D’Ávila Ribeiro, Juiz de Direito e Roberto,
essas localidades, razão que levou o médico a economista e advogado, casado com Cláudia
atender os seus doentes no próprio domicilio do Cunha.
paciente. Nunca se preocupou em entrar num Dr. Aristides clinicou até aos 78 anos,
palacete ou num casebre. Por isso viajava muito. quando parou por julgar-se deficiente auditivo, o
Nos tempos de seca, até 1928 viajava em que não inspirava mais confiança em seus
seu carro, um Ford Bigode 1911, em 1928, passou a diagnósticos.
usar um Dodge. Depois da guerra teve outros carros Dª. Avelina faleceu em 25 de Abril de 1972.
. Sempre tinha um motorista ajudando-o. Nas Dr. Aristides, inconformado com a perda de sua
águas, ia com o que lhe ofereciam:- cavalo, charrete companheira de 50 anos, faleceu em 1º de Maio do
e até carro de boi. Ao assistir o doente em seu mesmo ano ou seja, seu enterro, com missa de
próprio domicilio, proporcionou-lhe uma corpo presente, era a mesma missa de sétimo dia de
experiência que o ajudou muito no acerto de seus sua esposa.
diagnósticos que segundo ele, era de 98%. Naquele Dr. Aristides não se notabilizou somente por
tempo não existiam laboratórios de análises. sua competência profissional, mas também por sua
Tratava-se de ver os hábitos domésticos do caridade e carinho que sempre tratou os seus
paciente, sua forma de se alimentar, de se doentes. Adotou a medicina como um sacerdócio.
higienizar, e o próprio ambiente social em que Nunca perguntou a quem lhe procurasse se
vivia. Conversava muito com os familiares. Os tinha dinheiro ou não para pagar-lhe por seus
“modos vivendi” do paciente são fatores serviços profissionais. Se pudesse pagar, cobrava:
importantes no auxilio do diagnóstico, segundo Dr. senão, o tratamento era o mesmo e ainda dava o
Aristides. Rarissimamente, receitava remédios já remédio ao pobre.
formulados, como estes de hoje que compramos em Uma rua em Monte Santo de Minas, guarda
drogarias. Ele próprio formulava os remédios seu nome e o “Centro Municipal de Educação
prescritos. O Sr. Aristides Monte Alegre, Infantil”, leva o nome de seu filho, doutor Gastão
farmacêutico, contemporâneo de Dr. Aristides, Roberto da Cunha.
possuía uma rara coleção destas receitas. Este
Doutor Ronald Martins da Cunha, natural de
processo, proporcionava ao doente tomar as
quantidades exatas de suas necessidades, dos Monte Santo de Minas, nascido dia 28 de julho de
componentes do remédio. Raramente acontecia ter 1930, formou-se em Engenharia Civil, Mecânica e
efeitos colaterais. Sua cura era sempre mais rápida Elétrica, na Universidade Federal de Itajubá no ano
e bem mais barata.
de 1956, faleceu aos 89 anos no dia 17 de
Casou-se em segundas núpcias com Dª
fevereiro de 2020.
Avelina Martins da Cunha, itamojiense, filha de
Manoel Martins de Oliveira (Manoel Domingos) e

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CORONEL FRANCISCO GRASSANO
1888 - 1971

Um dos grandes benfeitores e chefe político Santo de Minas (que depois foi transferida para
no cenário brasileiro e mineiro, foi o CORONEL São Sebastião do Paraíso, MG).
FRANCISCO GRASSANO ou CHICO Graças aos seus esforços foi criado o Posto
GRASSANO, como era de Saúde e Higiene,
conhecido. O coronel embora a prefeitura de
Francisco Grassano, Monte Santo não tivesse
nasceu em 06 de junho de cedido um imóvel para
1888, em São Pedro da sediar o posto, ele cedeu
Aldeia, estado do Rio de uma casa para que o Posto
Janeiro, filho de José de Saúde viesse para cá.
Grassano e de dona Maria A Rádio Progresso
Inês Rossi. de Monte Santo Limitada
Veio ainda criança foi criada pela portaria
para Monte Santo, onde número 475, de 29 de
casou-se com dona maio de 1953, expedida
Ernestina de Morais Preto, pelo ministro da Viação
nascendo dessa união os Alvaro de Souza Lima.
seguintes filhos: José Foi autorizado o
Grassano Neto, dona funcionamento e os
Laura Grassano Abdala monte-santenses Wilson
Jorge, dona Maria Inês José Parisi, coronel
Grassano Straicher, dona Ranulpho Faria, José
Jessy Grassano, dona Ilza Ferreira Carrato, coronel
Grassano Vilella e dona Francisco Grassano, dr.
Coronel Francisco Grassano, 1888 – 1971.
Terezinha Grassano Borges. Domingos Luz de Faria e
Em 1916, era coletor federal José Colombino Grassano
em Guaranésia, MG. Foi chefe político por vários fundaram após uma luta ferrenha a Rádio
anos, militando no Partido Republicano. Progresso. Com muita dificuldade burocrática e
Em 1947, contribuiu com o pagamento de porque não dizer política da época, finalmente
todos os emolumentos para a oficialização do entrou no ar a tão sonhada emissora, cumprindo o
antigo Ginásio Estadual "Américo de Paiva". seu papel de levar a todos as informações,
Nesse mesmo ano, ele indicou o dr. Domingos Luz comunicados dos órgãos públicos, publicidades,
de Faria para ser nomeado prefeito de Monte campanhas educativas e gerando emprego. No
Santo, pelo governo do estado. Foi ele que princípio era ZYV – 41 e após muitos anos de
conseguiu no período de gestão do dr. Daniel de funcionamento, por determinação governamental,
Carvalho, ministro da Agricultura, a criação do obedecendo o plano nacional de radiofusão o
posto agropecuário em Monte Santo, hoje prefixo foi mudado para ZYL – 262.
EMBRAPA. Conseguiu também no período de Em 21 de novembro de 1962, a Rádio
gestão do dr. Abgar Reunalt, a criação da Escola Progresso Ltda., foi vendida para a paróquia de São
Técnica de Comércio Monte-santense, fundada Francisco de Paula, era pároco, o padre Hélio G.
pelo dr. Brasiliano Santana. Na gestão do Sousa, na ocasião a Rádio estava arrendada ao
governador Clóvis Salgado, conseguiu a criação da Hughes Mesiara. Com a venda, a Rádio Progresso
Inspetoria Regional de Ensino com sede em Monte passou a ter a denominação de Fundação Charitas.

-79 -
Muitos foram os que percorreram os trabalhou na Rádio Inconfidência e Rede Minas de
corredores da emissora e muito contribuíram para o Televisão em Belo Horizonte e Edson Martins
seu funcionamento, tanto na parte técnica, como na Acácio, rádio e televisão no norte de Minas.
administrativa e artística. A Rádio Progresso vem cumprindo os
O “Show Infantil Progresso”, que era objetivos de seus fundadores, pessoas que sempre
conduzido pela desejaram o
locutora, dona progresso de
Zilsa Novelli Monte Santo de
(Zizi), levava ao Minas.
palco auditório O
para apresentação coronel
de pequenos Francisco
artistas, Grassano,
promovendo faleceu no dia
também o “Natal 15 de outubro
das Crianças e de 1971, em
dos Pobres”, Campinas, SP.
nestes festivais Por força de lei
tomavam parte estadual de 11
como músicos, de novembro de
Noraldino e 1981 e por
Mauro Paulino da Costa. Antiga sede da Rádio Progresso. indicação do deputado
A Rádio Progresso foi estadual Luiz Vicente
uma escola para muitos, pois através de seus Ribeiro Calicchio, foi dada a denominação de
microfones, na prática do dia a dia, preparam Centro de Saúde Coronel Francisco Grassano ao
profissionais para a radiofusão brasileira; citamos Centro de Saúde de Monte Santo de Minas.
Sebastião Ribeiro de Faria Júnior (Sadi), o Infelizmente, a história de Monte Santo de
primeiro locutor; Domingos Leone, que da Rádio Minas é contada como existisse só os partidários
Progresso foi se destacar no cenário nacional nas do PSD que dominaram a política local por
rádios Jovem Pan, Record, rádio e emissora de décadas. E hoje sequer há um beco a evocar a
televisão Bandeirantes e Chiquinho Pequetito, que memória desse grande benfeitor.

DOUTOR PEDRO PAULINO DA COSTA


1898 – 1967
Nascido na fazenda Onça, propriedade de Batismos, junho de 1892 a Novembro de 1900,
seus pais, sendo batizado na Igreja Matriz de São página 427).
Francisco de Paula, conforme o assento que Fez seus primeiros estudos no Colégio
transcrevo: “Aos dous de outubro de 1898, nesta “Espírito Santo”, do major Américo Benicio de
Matriz, baptizei e puz os Santos Oleos, à Pedro, Paiva e o curso secundário no “Colégio Sagrado
com 25 dias de idade, filho legítimo de Francisco Coração de Jesus”, em Itajubá, Minas Gerais.
Paulino da Costa e de Marianna Rodrigues da Ingressou na Faculdade de Direito, do largo de São
Conceição, forão padrinhos Francisco Pereira dos Francisco, onde formou-se bacharel a 13 de
Santos e Virginia Joaquina de Paula. O vigário, dezembro de 1923, tornando-se assim o primeiro
Conego João Ozório Marcondes”. (Livro de monte-santense a formar-se naquela conceituada

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instituição. Casou-se a 08 de outubro de 1924, com dr. Waldomiro Magalhães, dr. Dolor de Brito e dr.
dona Yolanda Pereira Lima (1905 – 1977), filha do Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, presidente do
dr. Antonio Pereira Lima (1867-1937) e de dona estado de Minas Gerais que conheceu
Geracina Magnolia Carvalhaes (1870 – 1952), pessoalmente quando de sua visita a Monte Santo,
nascendo dessa união os seguintes filhos: dona em 1928. Devido à sua ativa participação na vida
Maria Thereza Paulino da Costa, casada com dr. política da cidade e da região, principalmente
José Furtado de Mendonça; dona Maria Aparecida naquele período agitado anterior à Revolução de
Paulino da Costa, casada com dr. João Pereira 1930, grangeou simpatias entre os chefes políticos
Quinetti; Pedro Ivo Paulino da Costa, casado com da capital, o que resultou em sua nomeação para
dona Diná Pereira Castejón; dr. Francisco Paulino prefeito, com base na Lei da Organização do
Lima, casado com dona Auta Bernardes de Governo Provisório da Revolução. Assim foi
Andrade; dona Maria do Rosário Paulino da Costa, nomeado o primeiro prefeito de Monte Santo,
casada em primeiras núpcias com Nicolino tomando posse a 20 de novembro de 1930.
Mazzaro e em segundas núpcias com Edson Restaurado o regime democrático, a 31 de julho de
Novelli; dona Maria Rita Paulino da Costa, casada 1936, toma posse a nova Câmara eleita, em 07 de
com doutor Enio junho, que seria
Menicucci; dona de curta duração e
Maria Antônia no mesmo dia
Paulino da elegem o prefeito.
Costa, casada A eleição para
com Délio prefeito foi por
Ferreira de via indireta, isto
Melo; dona é, pela Câmara,
Maria José que elegeu o
Paulino da mesmo dr. Pedro
Costa, casada Paulino da Costa,
com dr. Aristides que no caso
Cunha Filho; deixava a
dona Maria condição de
Benedicta nomeado para o
Paulino da de prefeito eleito.
Costa, casada Durante alguns
com dr. Edson meses exerceu o
Machado Parisi e cargo de prefeito
José Antônio municipal, em
Paulino da Costa substituição a dr.
(Zezinho), Pedro Paulino da
casado com dona Zilá Veloso Santana. Costa, o vereador Lindolpho Paulino da Costa.
Exerceu a sua profissão por pouco tempo, Mas em novembro de 1937, o golpe de estado
passando a gerente do Banco de Monte Santo, praticado pelo próprio presidente da República,
fundado por seu pai, coronel Francisco Paulino da Getúlio Vargas, liquidou com os legislativos das
Costa (Chico Paulino, 1853 – 1932), em 1919, que três esferas do referido poder. Voltaram os
possuía mais da metade das suas ações. Em 1925 prefeitos a serem nomeados e o dr. Pedro Paulino
recebeu de doação de seu pai, a fazenda Cachoeira, da Costa manteve o poder, sendo nomeado prefeito
de 90 alqueires. Candidatou-se ao cargo de juiz de em 27.11.1937, permanecendo no cargo até
paz, elegendo-se 1º suplente e tomando posse a 02.01.1947, quando o sistema democrático de
17.05.1927. eleições foi restabelecido.
Desde a sua juventude, dr. Pedro seguia as Apesar das enormes dificuldades naqueles
orientações políticias de seu pai e de outras tempos desfavoráveis, dr. Pedro, como prefeito,
lideranças da época como o dr. Wenceslau Braz, trabalhou com afinco para dar aos monte-
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santenses, mais água, energia elétrica, ensino, então conviveu com lideranças políticas de todo o
saneamento básico, além da tranquilidade política estado como, Mello Viana, Benedicto Valadares,
que impôs por seu espírito amigável e equilibrado. Israel Pinheiro, Bias Fortes, Tancredo Neves,
Após sua passagem pela prefeitura, Juscelino Kubitschek, José Maria Alckmin, entre
dedicou-se apenas às suas atividades políticas e à tantos outros.
sua fazenda. Recusando inúmeros convites para cargos
No início dos anos 1950, dr. Pedro Paulino públicos ou cargos de confiança, manteve sua
da Costa, juntamente com sua família, transferiu liberdade e independência, sendo por isso mais
sua residência para Belo Horizonte, tendo recusado requisitado ainda por sua integridade, honestidade
diversas ofertas de posições políticas naquela e equilíbrio. Chefe político até sua morte, nunca
ocasião, convidado pelo governador Juscelino perdeu uma eleição municipal em sua cidade natal.
Kubitschek, pois ele não queira se desligar da Dr. Pedro Paulino da Costa faleceu em Monte
fazenda e de Monte Santo. Santo de Minas, a 27 de maio de 1967.
Nessa ocasião, foi convidado a ser um dos
membros do Diretório estadual do PSD, quando

DOUTOR TITO LÍVIO LAGES DA SILVA


PONTES - 1887 - 1982

Poliglota, foi talvez o homem mais culto renomado, editando vários livros, sendo o primeiro
que Monte Santo conheceu. Dele deles “Comentários sobre o
escreveu Paranhos de Siqueira “Código Processual Civil
(1910-1988): “Dr. Tito foi o maior Mineiro”, publicado em 1927.
valor entre os demais valores. A Dentre suas obras jurídicas,
humildade em forma de gente. O destacam-se os estudos sobre
cultor apostolar do Direito Civil. Posse, bem como Tratados
Passou a vida inteira debruçado em sobre Divisões e Demarcações
livros, indagando deles os grandes de Terras, estudos sobre Atos
segredos da vida e da natureza. Ilícitos em Direito Civil,
Autor traduzido até nos cenáculos Tapumes, etc.
de cultura alemã. Nomes que Em 1915, já estava
constitui, no silêncio da própria estabelecido como advogado
Eternidade à qual se recolheu há em Monte Santo, onde já
pouco, uma legenda de sabedoria e viviam seus parentes doutor
de bondade”. (Campinas, fevereiro José Patrocínio da Silva Pontes
de 1988). e doutor José Piedade da Silva
Era filho do coronel João Pontes. Casou-se com dona
Mamede da Silva Pontes e de dona Georgina de Barros Magalhães,
Mariana Luiza Lages Pontes, filha do major Cypriano José
nascido a 02 de fevereiro de 1887, de Magalhães e de dona
Dr. Tito Livio Lages da Silva
na cidade de Caeté, Minas Gerais. Foi Pontes, 1887 – 1982. Mariana Candida de Barros,
estudar em Belo Horizonte, onde se tendo os seguintes filhos: dr.
formou na Faculdade Livre de Direito, onde hoje é Washington Magalhães Pontes (Fito), advogado;
a Universidade Federal de Minas Gerais. Foi jurista dona Maria José Pontes; José Gabriel de

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Magalhães Pontes e dona Elza de Magalhães Dr. Tito faleceu em 13 de abril de 1982, e
Pontes. por força da lei estadual números 9.047, de 28 de
Em 1919 foi eleito juiz de paz. novembro de 1985, sancionada pelo doutor
Dr. Tito foi professor na Escola Normal Newton Cardoso, governador de Minas Gerais, foi
Oficial “Américo de Paiva”. Foi também dada a denominação de “Dr. Tito Lívio Pontes” ao
presidente da 27ª Subseção da Ordem dos Fórum da Comarca de Monte Santo de Minas. É
Advogados do Brasil, instalada em São Sebastião também patrono da 9ª cadeira da Academia
do Paraíso, Minas Gerais. Poçoscaldense de Letras.

DOUTOR BRASILIANO SANTANA


1915 – 2004

Nascido nesta cidade de Monte Santo de Minas, deixando uma filha Brasilener Ferreira
Minas, estado de Minas Gerais, aos 19 dias de Santana Bhering e viúvo Feijó Newton Bhering;
agosto de 1915, filho de Brasilino Santana e de 2 – Dona Brasiljane Santana, nascida nesta
dona Maria Benedita de cidade de Monte Santo de
Jesus. Foi casado em única Minas, MG, em 26 de
núpcia com dona Rejane outubro de 1948,
Alves Ferreira (nascida em comerciante, casada com
19 de março de 1919 e Mário Dean, falecido, das
falecida em 24 de junho de núpcias nasceram dois
1999), em 31 de janeiro de filhos: dona Rejane Santana
1943, sendo ela filha de Dean e Brasiliano Santana
Laudemiro Alves Ferreira e Dean;
de dona Maria Augusta 3 – Doutor Brasilaude
Malta. Fez curso de Santana, nascido nesta
formação para professora, no cidade de Monte Santo de
Colégio Sagrado Coração de Minas, MG, em 19 de março
Jesus, em Belo Horizonte, de 1950, advogado,
onde diplomou-se em 1935 e divorciado, sem filhos,
formou-se na Escola de residente e domiciliado na
Belas Artes de Niterói, RJ, cidade de Belo Horizonte,
em 1939. Foi professora no MG, onde exerce sua
Liceu de Belas Artes de profissão;
Niterói de 1939 a 1944. 4 – Doutora Brasilalves
Sendo que desta união Ferreira Santana, nascida
nasceram os filhos: nesta cidade de Monte Santo
1 - Dona Brasilmar Dr. Brasiliano Santana, 1915 – 2004. de Minas, MG, em 03 de
Ferreira Santana, nascida na agosto de 1957, advogada e
cidade do Rio de Janeiro, RJ, em 26 de maio de professora, tendo um filho: Brasilino Ferreira
1945; professora, casada, falecida em 14 de Santana Tortorelli.
janeiro de 2014, nesta cidade de Monte Santo de Doutor Brasiliano Santana começou seus estudos
em 1923, nesta cidade de Monte Santo de Minas,

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onde cursou o primário no extinto Colégio Foi junto do comendador Sebastião de Sá e
“Espirito Santo”. Cursou o antigo ginasial e outros, fundador da Fundação Educacional de
colegial no Colégio “Paraisense”, na vizinha Guaxupé, depois, Faculdade de “Filosofia e
cidade de São Sebastião do Paraíso. Letras” da cidade de Guaxupé, MG, e hoje, Centro
Ingressou na Universidade Federal de Minas Universitário de Guaxupé. Lecionou na Fundação
Gerais em 1936, no curso de Direito. Educacional de Guaxupé ou FAFIG, ocupando
Mudou-se para o estado da Guanabara, as cadeiras de História e Geografia, bem como
hoje, Rio de Janeiro, em 1942, onde cursou foi coordenador do curso de Estudos dos
Jornalismo, História e Geografia, tendo sido Problemas Brasileiros na mesma Faculdade. Foi
professor nos Colégios “Leverge”, ministrando decano da faculdade.
aulas de Língua Francesa, e no Colégio Lutou com outras personalidades da
“Acadêmico”, aulas de Geografia e História. Educação na década de 1970 e conseguiram junto
Na cidade do Rio de Janeiro, a então capital ao Governo de Minas Gerais trazer a 22ª Delegacia
nacional, exerceu também a profissão de jornalista, de Ensino, hoje, Superintendência Regional de
sendo o primeiro presidente da Federação Nacional Ensino, para a cidade de São Sebastião do Paraíso.
dos Jornalistas Profissionais do Brasil. Em ata de inauguração da 22ª SRE, do dia 16 de
Como advogado, iniciou na profissão na outubro de 1970, assina com as autoridades, como
cidade do Rio de Janeiro; depois transferiu sua Inspetor Seccional. Foi Inspetor Regional de
inscrição para a Ordem dos Advogados de Minas Ensino para a região da Delegacia de Ensino de
Gerais, e foi um dos fundadores da Subseção 97º São Sebastião do Paraíso e Guaxupé, por mais de
da Ordem dos Advogados do Brasil, seção de uma década em 16 municípios da então Delegacia
Minas Gerais nesta cidade de Monte Santo de de Ensino.
Minas, MG, onde ocupou o cargo de Orador Foi juntamente com sua esposa, dona
Oficial e foi presidente da 27ª Subseção da Ordem Rejane Alves Ferreira, na década de 1950,
dos Advogados do Brasil, São Sebastião do fundador-proprietário da extinta Escola “Técnica
Paraíso, MG. de Comércio” de Monte Santo de Minas, com
Ainda como advogado militou por mais o curso de primeiro grau: Auxiliar de Escritório, e
de cinquenta anos, nesta cidade de Monte Santo de curso de segundo grau: Técnico em
Minas e todas cidades próximas, até Ribeirão Contabilidade. Fundou em 15 de novembro de
Preto, estado de São Paulo. Especializou-se 1951 os mesmos cursos na cidade próxima de
em Direito Penal e Direito Previdenciário, como Arceburgo, MG (hoje é o Colégio Arceburguense),
jurista, no Tribunal do Júri, fez defesas brilhantes. onde foi diretor e professor, bem como sua
Morando na cidade do Rio de Janeiro, foi esposa foi professora nas duas escolas das duas
convidado para ser diretor da Escola Estadual cidades.
“Américo de Paiva”, por indicação política. Foi com seu amigo pessoal, Natalino
Aceitou ao convite e mudou-se para Monte Santo Triginelli, fundador, depois de conseguirem
de Minas, em 1948. Foi diretor da escola por duas verba junto ao governador de Minas Gerais na
vezes e exerceu sua função brilhantemente. época, Magalhães Pinto, para a criação da Praça de
Foram anos de glória aos esportistas Esportes; local de lazer de todos monte-
medalhistas da Escola Estadual “Américo de santenses, com piscinas, sauna, campo de futebol,
Paiva”, de 1948 a 1952 e 1961 a 1965. Sempre quadra de vôlei, parque com brinquedos para
acreditou na máxima: “Mens sane in Corpore crianças e restaurante. Este lindo lugar
sane”. arborizado funcionou dos anos 1960 até meados
Foi professor titular da cadeira de geografia de 1998, quando o prefeito da cidade cortou as
por trinta anos na Escola Estadual “Américo de árvores e transformou a área em escola
Paiva”. Aposentou-se na década de 1970, na municipal de concreto. (Há uma sala com o
mesma escola. nome de “Dr. Brasiliano Santana”, aquele que
Foi presidente do Sindicato dos Professores foi até mesmo mestre de obras nas horas vagas, da
do Brasil por quatro anos. Praça de Esportes de Monte Santo.)

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Pertenceu ao Rotary Club da cidade de Benemérito e foi membro honorário até seu
Monte Santo, onde ocupou vários cargos de falecimento.
direção. Foi presidente do Lar das Crianças de
Também pertenceu à Loja Maçônica Kardec, por vários mandatos.
Capitular “Caridade Monte-santense”, nº 115, Foi co-fundador da Creche “Maria Benedita
onde foi iniciado no dia 07 de fevereiro de de Jesus Santana”, nome de sua genitora,
1942, tendo ocupado os cargos de venerável, funcionando inicialmente na Escola Técnica de
orador (por mais de 17 gestões), porta- Comércio que acabara de encerrar sua atividade
bandeiras, porta-estandarte, presidente das depois de 1974 e serem transferidos os cursos
comissões de Instrução do Grau e o de Finanças e para a Escola Estadual “Américo de Paiva”.
Planejamento. Foi representante da Loja na Faleceu em 07 de agosto de 2004.
Soberana Assembleia Geral da Ordem no Rio de Doutor Brasiliano Santana foi um elemento
Janeiro por vários anos. Em sessão solene do dia de marcante presença na vida cultural, educacional,
27 de março de 1990 recebeu o título de assistencial e social de Monte Santo de Minas.

FÚLVIA CARVALHAIS DE FREITAS


1917 - 2010
Fúlvia Carvalhais de Freitas nasceu em sociais, organizando eventos e ensaiando peças
Monte Santo de Minas, em 19 de setembro de para serem encenadas em benefício de idosos e
1917, filha de Vicente Carvalhais e de dona Rita de crianças carentes. Apenas em 1971 estreou nas
Paula Xavier. letras com a publicação de “Versos, ainda que seja
Era diplomada na primeira turma de outono”. O livro, de natureza extremamente lírica,
normalistas da Escola Normal Oficial “Américo de tem como temática recorrente o cotidiano e a
Paiva, em 1933, onde posteriormente lecionou até memória.
a sua aposentadoria. A escritora pertenceu a diversas entidades
Foi casada com Galdino de Freitas, culturais e literárias, como a Academia de Letras
nascendo dessa união sua filha, dona Dulce Alice de Uruguaiana e a União Brasileira de Escritores e
de Freitas. Foi poeta, cronista, contista, professora recebeu prêmios e homenagens por suas atividades
e pianista. Participou desde cedo da vida cultural culturais, beneficentes e literárias.
do estado, através de crônicas, contos e poemas Fúlvia Carvalhais de Freitas faleceu em 20
que eram divulgados através da imprensa regional. de maio de 2010.
Foi presidente do grêmio teatral de Monte
Santo de Minas, tendo participado de projetos

“A história ensina o bem a quem lhe ausculta o coração, no propósito desinteressado de


conhecer a verdade”. (Oliveira Lima).

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JOÃO BATISTA CASTEJÓN BRANCO

1919 - 1985
João Batista Castejón Branco nasceu em Renovadora Nacional (ARENA), partido de
Monte Santo de Minas, MG, no dia 23 de março de sustentação do regime militar instaurado no país
1919, filho do serventuário da Justiça Diomar Dias em abril de 1964. Empossado em fevereiro
Branco e de dona Maria seguinte, fez parte das
Castejón Branco. comissões de Fiscalização
Estudou no de Contas e de Saúde.
Instituto Cesário Mota em Após a extinção do
Campinas, SP e concluiu o bipartidarismo, em
secundário no Colégio novembro de 1979, filiou-se
Pedro II do Rio de Janeiro. ao Partido Democrático
No antigo Distrito Federal, Social (PDS), sucessor da
trabalhou como jornalista ARENA, pelo qual foi
e integrou a equipe de reeleito em novembro de
redação dos jornais Diário 1982.
de Notícias, Jornal do Castejón Branco não
Brasil e Última Hora, e compareceu à sessão de 25
das sucursais de O Estado de abril de 1984 em que a
de S. Paulo e da Folha de Câmara rejeitou a emenda
S. Paulo. Dante de Oliveira, que
Funcionário do previa eleições diretas para
Senado Federal, transferiu- presidente da República.
se para Brasília com a Derrotada a proposição —
inauguração da nova faltaram 22 votos para que
capital do país em abril de fosse levada à apreciação do
1960. Superintendente da Senado — no Colégio
Fundação Cultural do Eleitoral, reunido em 15 de
novo Distrito Federal, janeiro de 1985, apoiou o
João Batista Castejín Branco, 1919 – 1985.
desempenhou as funções de candidato oposicionista
chefe de gabinete do Tancredo Neves, eleito pela
primeiro governador de Brasília, Israel Pinheiro. Aliança Democrática, uma união do PMDB com a
No Senado foi secretário da Comissão de Relações dissidência do Partido Democrático Social (PDS)
Exteriores e das delegações que compareceram à abrigada na Frente Liberal. Doente, Tancredo
Conferência Interparlamentar realizada em Viena, Neves não chegou a ser empossado, vindo a falecer
Áustria, e às assembleias gerais da Organização em 21 de abril de 1985. Seu substituto foi o vice
das Nações Unidas (ONU) em 1959, 1961 e 1965. José Sarney, que já vinha exercendo o cargo
De volta a Minas Gerais, ocupou a diretoria interinamente desde 15 de março deste ano.
administrativa da Autarquia de Construção, Transferindo-se para o Partido da Frente
Ampliação e Reforma de Prédios Escolares de Liberal (PFL), Castejón Branco faleceu em Belo
Minas Gerais (CARPE) durante o governo de Horizonte no dia 11 de novembro de 1985.
Aureliano Chaves (1975-1978).
Iniciou a carreira política em novembro de
1978, elegendo-se deputado federal pela Aliança

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DOUTOR HUMBERTO FALBO
1934 - 2015
Dr. Humberto Falbo (01.07.1934 - Dr. Humberto fez carreira na política, sendo
22.07.2015), monte-santense, cirurgião-dentista eleito vice-prefeito por dois mandatos e vereador à
graduado, em 1956 pela EFOA, hoje UNIFAL, Câmara Municipal, por um mandato.
Alfenas, MG. Aos 22 anos de idade, já formado Ele ficou conhecido e é lembrado por todos,
passou a exercer sua profissão em Monte Santo de devido ao fato de ter sido dentista na Escola
Minas, onde obteve grande sucesso em sua carreira Estadual Dr. Wenceslau Braz e na Escola Estadual
profissional, pois era um profissional acreditado e Lucas de Magalhães, onde era muito atencioso com
muito respeitado no seu seus pacientes. Nas
mister. escolas ele tratava dos
Naquele ano de dentes de todos os alunos.
1956, como estava No começo do ano letivo,
planejado, o dr. Humberto ele iniciava os tratamentos
se casava com dona Denir passando por todas as
Balbino. A partir desse turmas de alunos da
laço matrimonial, escola. Ressalte-se que
nasceram os filhos Gisela todos eram atendidos, sem
de Fátima Falbo Grecco, exceção.
dr. Humberto Amadeu Sempre querendo o
Falbo, dr. César Augusto melhor de nossa cidade,
Falbo e Joseane Tarcia foi um dos fundadores da
Falbo. Loja Maçônica Aerópago
Dr. Humberto, XX de Agosto, praticando
além de exercer sua trabalhos filantrópicos e
profissão como cirugião sociais. Foi venerável por
dentista, foi professor de vários anos consecutivos e
Educação Física, na rede atingiu o Grau 33.
estadual de ensino, e Homem íntegro, culto e
sempre será lembrado muito inteligente, com
pelas caminhadas, que tantas qualidades, ele foi
fazia com seus alunos, fonte de inspiração aos
indo de Monte Santo até seus filhos e netos, para
Itamogi, e quem não serem pessoas de bem,
Dr. Humberto Falbo, 1934 – 2015.
chegasse a tempo perdia o honestas e acolhedoras. Dois
trem de volta... Ele de seus filhos, dr. Humberto
acompanhava seus alunos em sua lambreta. Amadeu e dr. César Augusto, seguiram os passos
Inesquecível! do pai, sendo dentistas conceituados. Os netos, dra.
A fanfarra da Escola Estadual Américo de Priscila Falbo e dr. Humberto Falbo Neto, são
Paiva, era ensaiada e conduzida por ele, muito cirurgiões-dentistas e Humberto Amadeu Falbo
exigente com todos seus alunos, exigindo respeito, Júnior é acadêmico de Odontologia, na
ordem e comprometimento, causando a maior UNIARARAS/SP (Fundação Herminio Ometto),
admiração nas pessoas que assistiam, os desfiles Seus netos, acompanharam a trajetória do
pelas ruas da cidade de Monte Santo de Minas. avô em seu consultório sendo fonte de inspiração.
E hoje são profissionais reconhecidos e lembrados
pelo seu inesquecível avô.
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CARLOS ALBERTO PAULINO DA COSTA
1939

Carlos Alberto Paulino da Costa, nasceu em Cooxupé no ano de 2003, cargo liderado até o final
Monte Santo de Minas a 03 de junho de 1939, filho do mandato de 2018.
de Lindolpho Paulino da Costa e de dona Maria Atuou de forma a garantir as melhoras
José Grassano. contínuas da cooperativa, que na época
Formou-se em Engenharia Agronômica na congregava cerca de 11.500 associados e possuia
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da nove núcleos, sete filiais e seis unidades
Universidade de São Paulo, em Piracicaba, em avançadas, englobando área de ação formada por
1960. Casado com dona Maria Aparecida Paulino 220 municípios nos estados de São Paulo e Minas
da Costa. Gerais. Empregava cerca de 1.800 colaboradores.
Cafeicultor atuante no sul de Minas e na Em 2008, foi a maior exportadora de cafés do país:
região do cerrado mineiro, tem se dedicado à recebeu 4.697.189 sacas de seus cooperados, o
prática do cooperativismo desde meados da década equivalente a 13% da produção nacional de café
de 1970, quando passou a ser cooperado da arábica e embarcou 1.813.519 sacas ao exterior.
Cooxupé em 1970. Em 1974, integrou o Conselho Carlos Paulino representou também a Cooxupé na
Fiscal da Cooperativa. Carlos Paulino foi prefeito Diretoria do Conselho Nacional do Café (CNC) e
de Monte Santo de Minas de 1983 a 1988. Foi foi também membro efetivo do Conselho Diretor
presidente do Rotary Clube da cidade e provedor da OCEMG - Organização das Cooperativas do
da Santa Casa de Misericórdia local. Passou Estado de Minas Gerais.
também pelo Conselho de Administração da Integra o Conselho de Administração da
Cooperativa entre 1987 e 1990. Foi vice- Cooxupé, cooperativa fundada em 1932,
presidente na gestão de 1991 até 1998. Em 1995, mundialmente conhecida por ser a maior em café
assumiu a presidência da AGROCREDI - do mundo. Ao deixar a presidência, disse que:
Cooperativa de Crédito Rural dos Cafeicultores e “Concluo esta etapa com a Cooperativa muito feliz
Agropecuaristas em Guaxupé, cargo que ocupou com os resultados que construímos ao longo de
até março de 2003, quando assumiu a tarefa de todos esses anos, compartilhando toda esta nossa
presidir a Cooxupé. Assumindo a presidência da trajetória com nossos cooperados e colaboradores,
fundamentais para o sucesso da Cooxupé".

PROFESSOR-DOUTOR JOSÉ FERREIRA CARRATO


1914 - 1996

Um homem que dedicou sua existência a É importante levar o nome José Ferreira
pesquisa e a divulgação da história regional e geral. Carrato ao conhecimento cientifico, para que a
Expor sua autoridade na área da educação e da importância de sua obra se mantenha viva em
pesquisa, sua bibliografia, associações científicas, nossa memória. O valor literário de seus trabalhos
seu conteúdo radialista, conteúdos teatrais, obras oriundos de pesquisas históricas regionais e gerais
publicadas, pesquisas históricas gerais e regionais, é indiscutível. Assim, citemos o texto em
como seu vasto currículo e projetos dos quais foi propaganda a uma de suas obras “AS MINAS
autor e co-autor. GERAIS E OS PRIMÓRDIOS DO CARAÇA”,
São Paulo, Companhia Editorial Nacional (Coleção
-88 -
Brasiliana, nº 317, 1963, 463 p., ilus.) em coluna agosto de 1970, obteve o título universitário de
produzida pela FOLHA DE S. PAULO - Domingo, Livre-Docente, com sua tese intitulada
10 de novembro de 1963: “HISTÓRIA DO COLÉGIO DO CARAÇA”, pela
“AS MINAS GERAIS E OS PRIMÓRDIOS instituição Faculdade de Filosofia, Letras e
DO CARAÇA”, de José Ferreira Carrato. O Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.)
famoso colégio mineiro e a história de seu Em sua experiência de ensino José Ferreira
fundador num livro de grande importância Carrato participou de inúmeras atividades
cultural. Uma instituição religiosa que se docentes. Entre os anos de 1934/1935 foi professor
transforma em colégio, com uma crônica rica de de História da Civilização, no Seminário
episódios e beleza. Volume ilustrado de 464 Metropolitano de Belo Horizonte, MG. Professor
páginas,prefácio de Sérgio de História da Civilização e
Buarque de Holanda Cr$ do Brasil, no Colégio
2.500,00. Companhia “Joaquim Ribeiro”, da
Editora Nacional”. Prefeitura Municipal do Rio
José Ferreira Carrato Claro, SP, em 1937/1939.
foi professor universitário e Professor de Latim do
jornalista. Nasceu na cidade Colégio Estadual do Piraju
de Monte Santo de Minas, (SP), de 1938 a 1942.
MG, em 1º março de 1914. Professor de Latim da
Filho de Antônio Carrato e Escola Normal “Peixoto
dona Aristina Ferreira. Gomide”, de Itapetininga,
Concluiu em 1936, pela SP, em 1942/1944. Professor
Faculdade de Teologia e de História do Brasil e de
Filosofia, do Seminário Língua Portuguesa do
Metropolitano de Belo Colégio Alemão de São
Horizonte (MG), o curso de Paulo e Colégio Benjamim
História Eclesiástica e Constant, de 1944 a 1947.
Filosofia. Conta-nos Em grau superior foi
Roberto Campos (1917 – professor regente de História
2001), no seu livro de da Cultura, da Faculdade de
memórias “A Lanterna na Filosofia, Ciências e Letras
Popa”, página 137, de Assis, em regime de
publicado em 1994 a cerca tempo integral, de 1958 a
de seu colega no seminário: Professor-Doutor José Ferreira Carrato, 1962. Professor regente de
“... Uma outra figura 1914 – 1996. História da Civilização
interessante era o José Brasileira da mesma faculdade,
Carrato, de prodigiosa memória historiográfica, de 1963 a 1965, em regime integral. Professor
que tirou a batina ao mesmo tempo que eu, regente de Geo-história, na mesma faculdade, em
tornando-se depois professor de História em 1964/1965. Professor regente da cadeira de Cultura
universidades paulistas”. e Civilização do Brasil Contemporâneo, em regime
Em quatro de dezembro de 1961, obteve o integral, da Escola de Comunicações Culturais, da
título universitário de Doutor, pela instituição Universidade de São Paulo, de 1967 a 1971 (por
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da concursos de títulos).
Universidade de São Paulo. Redistribuído, pela reforma universitária,
Em primeiro de fevereiro de 1967, obteve o para a disciplina de História da Civilização
título universitário de regente, pela instituição Brasileira, do Departamento de História, da
Escola de Comunicações Culturais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Universidade de São Paulo. (Concurso de Títulos Humanas, da Universidade de São Paulo, em
para provimento da Disciplina Cultura e 1971/1972. Após ter requerido sua aposentadoria
Civilização do Brasil Contemporâneo. Em 13 de de Professor Livre-Docente no Departamento de
-89 -
História da Faculdade de Filosofia, Letras e José Ferreira Carrato foi chefe da secção de
Ciências Humanas da USP, concorreu ao concurso radiodifusão, da divisão de rádio, do Departamento
de Professor Titular da Cadeira de História do de Cultura e Ação Social da Reitoria da
Brasil, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Universidade de São Paulo, a atual CODAC,
de Marília, SP e obteve a cadeira, sendo nela função que o tornou o primeiro redator do primeiro
provido, de 1972 a 1974, quando solicitou a programa de rádio da USP para a população de São
rescisão do contrato. Professor colaborador da Paulo.
disciplina Evolução do Pensamento Filosófico e Sócio-fundador da Rádio Progresso de
Científico, da Escola de Comunicações e Artes da Monte Santo, MG, a qual deu o nome, tendo sido o
USP, em seu Departamento de Biblioteconomia e orientador das suas atividades de “broadcasting” no
Documentação, de 1974 a 1976. Professor ano de 1952 a 1953.
Colaborador de Fundamentos Históricos do No ano de 1954 foi detentor do Prêmio
Turismo, do Departamento de Relações Públicas, Roquette Pinto, concedido por unanimidade pela
Turismo e Propaganda, da Escola de crítica especializada paulista, tendo recebido o
Comunicações e Artes da USP, em 1974, quando título de “Melhor Programador Cultural Paulista do
exerceu a coordenadoria do Curso de Turismo, no IV Centenário”.
mesmo departamento. Diretor da Rádio IX de Julho, órgão oficial
Em suas atividades jornalísticas ocupou o da Comissão do IV Centenário da Cidade de São
cargo de diretor da Revista de Administração, Paulo, em 1954/1955. Programador Oficial de
órgão oficial do Instituto de Administração da todas as atividades radiofônicas da Faculdade de
Faculdade de Ciências e Econômicas e Filosofia, Ciências e Letras de Assis (UNESP), de
Administrativas da USP, em 1947. 1958 a 1964, nas emissoras da Alta Sorocabana.
Chefe da sala de imprensa do gabinete do Coordenador do setor de rádio da comissão
governador Lucas Nogueira Garcez (Palácio dos de planejamento de lazer e recreação da
Campos Elísios), no ano de 1954. Universidade de São Paulo, em 1969.
Foi membro da Comissão de Redação da Foi membro fundador da Academia Paulista
Revista de Letras da Faculdade de Filosofia, de História; sócio do Instituto Histórico e
Ciências e Letras de Assis, atual UNESP, no ano Geográfico de São Paulo; sócio da Sociedade
de 1964. Brasileira de Geografia; sócio da Associação
Coordenador da Comissão de Redação da Paulista de Imprensa de São Paulo; portador da
Revista da Escola de Comunicações e Artes, da Medalha Anchieta, da prefeitura do Distrito
USP, em 1968. Federal, em 1954; sócio correspondente da
Orador oficial da Ordem dos Velhos Academia Mineira de Letras; bolsista da Fundação
Jornalistas, em 1982/1985, subsecção de Ribeirão Calouste Gulbenkian, de Lisboa, para estudo nos
Preto. arquivos, museus e bibliotecas de Portugal; bolsista
Publicou no Diário da Manhã, a partir de do Instituto de Cultura Hispânica, de Madri, para
outubro de 1983, como decano da imprensa de estudos e conferências na Espanha; bolsista da
Ribeirão Preto, a secção “História em Quadrinhos”, Fundação Calouste Gulbenkian,de Lisboa, para
diariamente, até junho de 1985, de diversos artigos estudos em instituições científicas do Vaticano e da
referentes à história de Ribeirão Preto. Itália; especialista em estudos sobre o século XVIII
A partir de outubro de 1986, todos os pela Universidade de Oxford, da Inglaterra, entre
domingos, em “O Diário”, matutino outros estudos, títulos e prêmios.
ribeirãopretano, assinou a secção “Ribeirão, meu Como mensurar a importância da obra de
Amor”, com artigos sobre coisas e acontecimentos José Ferreira Carrato? José Ferreira Carrato,
factuais da vida da cidade. professor, escritor, jornalista, comunicador e poeta.
Como comunicador destacou-se em Um nome pouco conhecido na sua região natal
diversos trabalhos radiofônicos, como sócio- dedicou grande parte de sua vida a pesquisa e a
fundador, diretor, programador, coordenador e trabalhos voltados para educação. O mineiro
outros. morou na cidade de Ribeirão Preto por muitos
anos, mas a terra natal, Monte Santo de Minas,
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sempre esteve presente nos seus trabalhos, aventureiros, a diferenciação social, a consolidação
pesquisas e versos. Para se compreender a dos povos); “A Igreja mineira”, (a religião popular,
importância de José Ferreira Carrato, é preciso o clero primitivo da terra, as elites na Igreja
encarar sua contribuição sob os aspectos distintos, mineira); As escolas eclesiásticas em Minas
embora, alguns deles, complementares. Gerais” (as escolas domésticas, o seminário de
Primeiramente, é preciso considerá-lo sob a Mariana, outras escolas eclesiásticas); “O
perspectiva da literatura histórica regional Iluminismo em Minas Gerais” (as reformas
brasileira, compreendendo a contribuição que o fez pombalinas do ensino, as escolas régias de Minas
escritor. Suas obras e teses se encontram Gerais, os doutores de Coimbra em Minas Gerais);
disponíveis no IEB – Instituto de Estudos “A crise dos fins da era colonial e os doutores
Brasileiros – USP. Em 1963 escreveu o livro “AS mineiros” (o trauma da Inconfidência, a
MINAS GERAIS E OS PRIMÓRDIOS DO administração e a crise, e a crise e os doutores
CARAÇA”. São Paulo, Companhia Editorial mineiros).
Nacional (Coleção Brasiliana, nº 317, 1963, 463 p., Como autor José Ferreira Carrato trouxe a
ilus.), recebendo Menção Honrosa do PEN CLUB história de sua região, também gerou a
DO BRASIL de 1965. No primeiro capítulo desta identificação através de seus livros que
obra, o autor narra desde a expedição de Fernão contribuíram para o reconhecimento histórico de
Dias Pais até a decadência das minas, quando se Minas Gerais. A importância da obra literária de
refere ao enorme fluxo humano provocado pela José Ferreira Carrato se da para os fins científicos
descoberta dos metais preciosos, aos costumes e (em colaboração com o estudo da história regional
cidades, cultura e sociedade. Os primeiros de Minas Gerais, tal como sua paisagem natural e
capítulos formam um verdadeiro ensaio sobre artificial, a formação dos primeiros grupos sociais
religião e a Igreja nas Minas do século XVIII. Em e religiosos e sua intrínseca importância para
seu capítulo VI, “A Serra do Caraça”, o livro exploração das minas de metais preciosos); quanto
também nos relata a formação geológica da serra, para o senso de pertencimento e identidade
sua fauna, vegetação, etc. Após esta análise que cultural.
quase poderíamos chamar de “Casa Grande e Foi um dos fundadores e redator do jornal
Senzala das Minas” é possível entender a “Folha de Monte Santo” nos anos de 1919 – 1950.
grandiosidade atribuída a esta obra. Outra Fez a editoração dos seguintes livros: Velhos
importante obra de sua autoria que também consta Jornais de Monte Santo, que dividiu em três
no portal de revistas da USP “revista IEB” é coletâneas, publicados pela Prefeitura Municipal de
“IGREJA , ILUMINISMO E ESCOLAS E Monte Santo, em 1988. O professor José Ferreira
ESCOLAS MINEIRAS COLONIAIS: Notas Carrato foi um dos maiores incentivadores para a
sobre a cultura da decadência mineira setencetista.” criação e instalação do Museu Municipal Doutor
Sua outra obra “Igreja, Iluminismo e Joaquim Ernesto Coelho. Viveu junto a seus livros
Escolas Mineiras Coloniais” foi lançada pela e escritos, que muito amava e escrevendo
Universidade de São Paulo (USP). A obra que brilhantes artigos para os jornais, terminou seus
possui 334 páginas pertence à série Brasiliana e foi dias deixando o exemplo de humildade e de amor à
feita em colaboração da Companhia Editora cultura e à história. Faleceu no dia 23 de setembro
Nacional. Trata-se de uma coletânea de ensaios de 1996.
sobre a história da cultura e da decadência de
Minas Gerais no século XVIII. O autor fez Otávio Bufoni Ferreira, nascido em Monte
pesquisas nos arquivos e bibliotecas do Brasil, Santo de Minas, professor de História.
Portugal e Vaticano sobre o assunto, e seus
trabalhos, concluídos nos livros, tratam sobre os
seguintes temas: “As gentes mineiras” (os

-91 -
MONTE-SANTENSES ILUSTRES

Aristides da Silveira Lobo (Monte Santo Em suas entrevistas, ele fazia questão de dizer que
de Minas, 27 de maio de 1905 — São Paulo, 09 de era monte-santense.
novembro de 1968) foi professor, jornalista e Em várias obras, ele faz alusão a Monte
militante comunista brasileiro. Santo, ou melhor, na ficção, "Duas Pontes" (uma
Por parte de seu pai, Aristides da Silveira referência às suas pontes da antiga "Rua do
Lobo Sobrinho, era sobrinho-neto do famoso Córrego"), por meio do personagem - narrador
propagandista e ministro da República, Aristides João Fonseca Ribeiro. Mas é uma de suas obras
da Silveira Lobo e, por parte de mãe, dona Emília mais conhecidas e premiadas que o enredo traz
da Silveira Lobo, do poeta Alberto de Oliveira. nossa cidade como cenário. Essa obra é O Risco do
Não usava o nome inteiro. Assinava artigos e Bordado.
traduções como Aristides Lobo e assim era A esquina do Banco Itaú (o qual ele chama
conhecido. de "Banco Duas Pontes") também aparece como
Trotskista foi um dos fundadores da cenário para seus contos. Ele se refere a essa
Oposição de Esquerda no Brasil, em 1931 e, em esquina como "esquina do ponto " (ponto de
seguida, da Liga Comunista Internacionalista. Em ônibus) e era onde os monte-santenses mais velhos
1973, após cinco da morte de Aristides Lobo, seu gostavam de se reunir para "jogar conversa fora"
amigo Edson Flosi contratou o artista A. ou discutir o preço do café. Autran Dourado teve
Camarotto, do Liceu de Artes e Ofícios de São mais de 20 livros escritos e diversos sucessos.
Paulo, para fazer uma escultura dele. O trabalho Mário Américo (Monte Santo de Minas,
durou seis meses e dele participaram parentes de 28 de julho de 1912 - São Paulo, 09 de abril de
Aristides Lobo. Em 1994, vinte e quatro anos 1990), foi massagista da seleção brasileira de
decorridos, a estátua foi encaminhada ao Sindicato futebol nas copas de 1950, 1954, 1958, 1962, 1966,
dos Jornalistas de São Paulo, que a mantém até 1970 e 1974. Em Monte Santo de Minas, uma rua e
hoje na sua sede, prestando, desta forma, a “Academia de Saúde”, guarda o seu nome.
homenagem a Aristides Lobo. Milionário & José Rico foi uma dupla de
Waldomiro Freitas Autran Dourado, cantores de música sertaneja do Brasil, formada
mais conhecido como Autran Dourado (Patos de por Romeu Januário de Matos, o Milionário
Minas, 18 de janeiro de 1926 – Rio de Janeiro, 30 (Monte Santo de Minas, 04 de janeiro de 1940) e
de setembro de 2012), foi um advogado, escritor e José Alves dos Santos, o José Rico (São José do
jornalista brasileiro. Embora tenha nascido em Belmonte, PE, 29 de junho de 1946 - Americana,
Patos de Minas, passou a infância e viveu até os 17 SP, 03 de março de 2015). Uma das mais famosas
anos na cidade, que reconhecidamente influenciou do país, ficaram conhecidos nacionalmente com a
suas obras. Recebeu os seguintes prêmios: alcunha "As Gargantas de Ouro do Brasil". Com
Prêmio Goethe (1981); quarenta e três anos de carreira, a dupla vendeu
Prêmio Jabuti (1982); cerca de 35 milhões de exemplares de seus 29
Prêmio Camões (2000); discos gravados desde 1973. Além disso, gravaram
Prêmio Machado de Assis (2008); dois DVDs e dois filmes, Na Estrada da Vida, de
Grã-Cruz da Ordem do Mérito Cultural (2012). 1980, e Sonhei Com Você, de 1988.
Autran Dourado sempre se considerou Milton Gonçalves (Monte Santo de Minas,
monte-santense, porque eles residiam em Monte 09 de dezembro de 1933) é um ator, diretor, cantor,
Santo, e seu pai era juiz de direito aqui nessa dublador e produtor brasileiro. Casado com Oda
época. E foi aqui que Autran Dourado passou sua Gonçalves desde 1966, com quem tem três filhos,
infância e juventude até aos 17 anos, quando foi incluindo o ator Maurício Gonçalves. Recebeu os
para Belo Horizonte para continuar seus estudos. seguintes prêmios:

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1974 - Pelo filme Rainha Diaba ganhou, num só 2011 - Elite Prata Campo Largo (Paraná)
ano, os quatro principais prêmios brasileiros de 2009 - Elite Prata São Bento do Sul
melhor ator - Troféu Candango, Air France, 2008 - Elite Ouro Ouro Preto
Governador do Estado e Coruja de Ouro. 2007 - Elite Campeonato Brasileiro
1978 - Festival de Gramado - Melhor Ator XCM Prata Caconde 2010 - Elite
Coadjuvante pelo filme Barra Pesada. 2006 - Elite Bronze São Lourenço
1981 - Prêmio Estácio de Sá, pelos serviços Segundo José Paranhos de Siqueira
prestados ao teatro carioca. (Tapiratiba, 18 de janeiro de 1910 - Campinas, 06
1990 - Prêmio de melhor ator do festival de Natal, de maio de 1988), um influente jornalista, escritor
pelo filme Natal da Portela. e poeta brasileiro, outros monte-santenses que
2003 - Festival de Gramado - Troféu Oscarito. merecem destaque são:
2005 - Melhor ator no Festival de Gramado - pelo “Michelet Navarro, embora nascido em
filme As Filhas do Vento. Muzambinho, MG, viveu parte de sua curta
2006 - Prêmio TECO de Teatro, pelo conjunto de existência em Monte Santo de Minas. Gênio da
trabalhos. oratória que era a arte de Cícero. Iluminou, em
2008 - Troféu Raça Negra - pelo conjunto de plena madrugada da existência, com o sol de seu
trabalhos talento incomparável, a paisagem multiforme da
2009 - Festival de Teatro do Rio - pelo conjunto de cultura monte-santense. Não era, propriamente,
trabalhos. como feiticeiro da palavra, um orador que falasse
2010 - Prêmio Camélia da Liberdade - Pelo ao gosto do povo: era um verdadeiro cenário que
conjunto de trabalhos cantava em louvor à natureza. Faleceu aos 24
2013 - Troféu Top of Business - pelo conjunto de anos de idade. Dele mereceu esta frase de
trabalhos consagração do doutor Valdomiro Magalhães:
2014 - Prêmio Cesgranrio de Teatro - Pelo ‘Dentre a grande quantidade de oradores que
conjunto de trabalhos. conheci, só um é comparável a Michelet – Antonio
2015 - Festival de Cinema CineOP - pelo conjunto José de Almeida’.
de trabalhos José Luz de Magalhães, companheiro meu
2018 - Troféu Mário Lago - pelo conjunto de de tertúlias guaxupeanas. Ilustrou pela cultura do
trabalhos cérebro e pelo equilíbrio de espírito, a Promotoria
Rubens Donizete Valeriano, conhecido Pública de Minas. Palavra fácil e envolvente que
como Rubinho (São Pedro da União, MG, 14 de dava aos júris de sua época, o fascínio da beleza,
agosto de 1979) é um ciclista brasileiro. Foi pela beleza do fascínio.
integrante da seleção brasileira de mountain bike José Provinciali, a quem chamei, certa vez,
masculina. Nasceu em São Pedro da União e aos no texto de um artigo de jornal de “figura do
três anos mudou-se para Monte Santo de Minas. Evangelho”. Apóstolo da benquerença e a
Conquistou a vaga para os Jogos Olímpicos de caridade cristã. Criatura maravilhosa, pelas
Pequim em 2008, onde foi o brasileiro melhor virtudes da alma e pelos dotes de coração. Deus o
classificado, ficando na 21º colocação. Em 2012 fez e jogou a forma fora para não fazer outro igual
representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de a ele.
Londres, e chegou na 24º posição. Participou dos São vultos que, cada qual em seu setor de
Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, e ficou atividades, enobreceram, sobretudo pela honradez,
em 30º lugar. Seus principais prêmios foram: pelos costumes da moral e pela moral dos
Competidor do Brasil costumes, a antologia humana dessa terra. Vultos
Jogos Pan-Americanos do Rio – 2007 - Prata; ante a memória dos quais o povo se inclina e a
Mountain Bike Jogos Sul-Americanos - Prata cidade se ajoelha. Monte-santenses que levaram
Medellín - 2010 Mountain Bike - Prata pelo labor do espírito, o nome de Monte Santo aos
Santiago - 2014 Mountain Bike – Campeonato mais distantes rincões do território pátrio. Monte-
Pan-Americano de MTB - Prata Guatemala 2010 - santenses, portanto, que honraram, na vida, e que
Elite Bronze México honram, na morte, a história inconfundível de
2012 - Elite Campeonato Brasileiro XCO Prata Monte Santo”.
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OS HERÓIS ESQUECIDOS DA HISTÓRIA DE
MONTE SANTO DE MINAS

Não há registro na história de Monte Santo WENCESLAU BRAZ PEREIRA GOMES (1868 -
de Minas da existência de heróis. Tivemos alguns: 1966), com fortes ligações políticas com Monte
Santo de Minas. Após o final da guerra, imigrou
GUERRA DO PARAGUAI (1865 - 1870)
para o Brasil, vindo residir em Monte Santo de
JOSÉ DAS CHAGAS, mulato, era nascido Minas, o italiano Primo Grotto, que havia sido
em Carmo do Rio Claro, MG, em 1838, mudou-se combatente e condecorado como herói de guerra,
para Guaxupé e de lá para Monte Santo. Era pelo governo italiano.
tropeiro. Dizia que tinha estado na guerra ao lado
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939 - 1945)
do imperador dom Pedro I I e do conde d'Eu.
Faleceu em 05 de maio de 1935. Segundo o memorialista, doutor Ronald
LAUREANO, NABOR E EUSÉBIO, Cunha (1930-2020), tivemos a participação de um
eram escravos, morreram em combate durante a único "pracinha" monte-santense a integrar a Força
guerra. TOBIAS, escravo, morreu em Expedicionária Brasileira, durante a Segunda
consequência da picada de uma cobra, depois do Guerra Mundial, assim ele escreveu: "... Na
final da guerra, às margens do rio Paranaíba, Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945), tivemos
quando retornava à Monte Santo. um único monte-santense. Lutou na Itália. Segundo
GERÔNIMO, conhecido como consta, nasceu no Itiguaçu. Quando voltou da
MARIMBONDO, negro, faleceu no Asilo São guerra, prestaram-lhe homenagens no CINE
Vicente de Paulo, em 08 de maio de 1935, com THEATRO CRUZEIRO. Foi só. Era um negro.
mais de 100 anos de idade. Quem iria paparicar um negro? Pelo menos foi o
TENENTE-CORONEL FABIANO que se pensou na época. Foi logo esquecido.
SOARES DE MORAES (1847 - 1924), ao iniciar Sequer falaram-me o nome dele. 'Foi um negrinho
a Guerra do Paraguai, foi mobilizado para o lá do Itiguaçu', foi o que me contaram quando vim
serviço militar, sendo designado para o para as minhas férias escolares. Parece-me que
destacamento auxiliar de milícias - os famosos tão, desencantado ficou que se mudou daqui, para
"bate-paus", encarregados de substituir as forças o alívio das autoridades de então..."
policiais enviadas para a frente de batalha. Serviu Seu nome de registro civil e batismo se
até o fim da guerra, em 1870. perdeu nas brumas do tempo.
Monte Santo teve heróis, mas só a maioria
PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914 - 1918)
negra foram os HERÓIS.
Embora a participação do Brasil na
Primeira Guerra fosse modesta, cumpre destacar
que ocupava a presidência da República, o doutor

“Aqueles que não conseguem lembrar do passado estão condenados a repeti-lo”. (George
Santayana, 1863 – 1952).

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ODE A MONTE SANTO DE MINAS
Plantada na planura dum socalco imenso Em paz tranquila pasta o manso gado
Qual alvo lenço a trapejar mansinho, Em verde prado rumina sonolento;
Altiva e bela é da palmeira a fronde No horizonte as frimbrias da montanha
A qual esconde a ave, o implume ninho. O vento acanha, adoçando o alento.

As suas praças, ruas, avaridas Tem água pura, clara, cristalina


São revestidas de beleza natural; Que fácil mina e jorra aos borbotões;
Jardins tranquilos, assombrados e tranquilos Povo pacato, acolhedor – é boa gente
Trazem rutilos: - a luz é singular. Que está frequente, alegre, nos salões.

Tem clima estável, fresco e bom verão, Seus nobres filhos adoram com ternura
Inverno são, sem horas tiritantes: E com altura, afoita, a internece,
É futurosa na riqueza que promete Buscando as lides nos trabalhos construtores
E que reflete para o bem dos habitantes. Os seus favores, na mais fecunda messe.

Suas campinas, ubertoso seio, Eu te saúdo pelo teu aniversário


Em cujo meio reinam calma e doce paz. Cujo sacrário é para todos belo manto
Uma lavoura florescente e bom comércio Onde guardamos a lembrança do passado.
E que exerce-o sabe o quanto é capaz. Santificado é o teu nome; - Monte Santo.

Elpídio Alves

APARECIDA

Quanto é belo e outeiro da Aparecida! Santa!... E gravá-la em pedras cristalinas,


Seu bairro pitoresco é um encanto. Para sempre humilde, os seus pés beijar.
Ali tudo é prazer! E tudo é vida!
Na visão sublime de Monte Santo. Aparecida! Eu me prosto ao altar
Em horas dolentes e matutinas,
Minha alma se exalta embevecida, E me ponho neste enlevo a cismar...
O seu deslumbramento me suplanta...
Bem Noraldino, em rima encandecida Antônio Francisco de Oliveira

Descreve dos montes, - beleza tanta!...


Eu quisera sempre alto pronunciar

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A HISTÓRIA DA COMARCA DE MONTE SANTO
DE MINAS

A inauguração do novo prédio do Fórum da Comarca de Monte Santo de Minas, em 1943, foram
identificados: Dr. Pedro Paulino da Costa, Dr. Tito Lívio Lages da Silva Pontes, Dr. Telêmaco Autran
Dourado e Dr. Felício Cintra Neto, entre outros.

A história não deve ser entendida como fatos grande área no sul da capitania de Minas Gerais.
que emergem repentinamente nas diversas Junto ao surgimento desta, no mesmo ano deu-se
localidades do globo. Na realidade, as origem às Comarcas do Rio das Velhas, cuja sede
transformações históricas são resultados de um era em Sabará, e a de Vila Rica, sendo a sede Ouro
processo, cuja existência talvez nunca cesse. Ao se Preto.
tratar da Comarca de Monte Santo de Minas não é As dimensões territoriais desta Comarca
diferente. Para traçar a sua origem, se faz abrangiam a região a qual seriam fundadas várias
necessário um retrospecto até a formação da cidades da região do Sudeste de Minas: Guaxupé,
Comarca do Rio das Mortes. Arceburgo, Guaranésia, Monte Santo de Minas,
São João del-Rei era, em 1713, um arraial, etc. A região possuía vários quilombos, e a Câmara
mas em 08 de dezembro do mesmo ano, seria de São João del-Rei e o governador da capitania
elevado à categoria de vila. No ano seguinte, em investiram contra estes locais, para destruí-los.
1714, a vila de São João del-Rei seria incumbida Supõe-se que entre as atuais cidades de Guaxupé e
de sediar a cabeça da recém-criada Comarca do de Guaranésia existia o Quilombo do Cala-Boca,
Rio das Mortes. Esta Comarca, que iria ter seu fim que teria sido destruído pelos bandeirantes
apenas em 1892 com a reestruturação judiciária liderados por Bartolomeu Bueno do Prado (?-
após a Proclamação da República, abrangia uma
-96 -
1768), em 1759, cujo principal alvo era o Já no ano de 1820, no dia 20 de junho
Quilombo do Campo Grande. segundo conta-se nos anais da história, seria
Consta-se que Jacuí teria sido fundada por construída, com a autorização do Bispo de São
Francisco Martins Lustosa, que é o fundador do Paulo, uma capela, marcando a fundação de São
arraial do Ouro Fino, quando nomeado pelo Francisco de Paula do Tejuco. O arraial esteve, na
governador de São Paulo, Luiz Mascarenhas, como época, vinculado à São Carlos do Jacuhy.
responsável pelas minas do Sapucaí. Consta-se que A Comarca do Rio das Mortes, a partir do
em Jacuí encontrou ouro e fundou o arraial. Supõe- ano de 1833, passa a ser desmembrada. Uma
se que a localidade tenha sido colonizada há muito Resolução de 30 de junho deste mesmo ano cria a
mais tempo, pois em uma construção daquele local, Comarca do Sapocahy, que compreendia os
já demolida, foi encontrada uma telha datada de Termos de Campanha, Pouso Alegre e Jacuhy,
1725, conforme o artigo “Reminiscências da sendo a freguesia de Caldas a cabeça da Comarca.
Comarca de Jacuhy”, publicado na “Revista Alguns anos mais tarde, teve-se uma reestruturação
Archivo Público Mineiro”, escrito por Nelson de do poder judiciário em Minas Gerais, e a lei
Senna, em 1908. número 464, de 22 de abril de 1850, criou a
Sabe-se que na localidade existiu um Comarca das Três Pontas, contendo os Termos de
quilombo, chamado de Zundum, que foi destruído Jacuhy, Cabo Verde e Três Pontas, sendo a sede da
em 1760, talvez pela expedição de Bartolomeu Comarca Três Pontas.
Breno do Prado. O arraial fora descoberto e Com o decreto número 934, de 15 de março
clamado pelos paulistas entre os anos de 1761 e de 1852, o Termo da vila de Passos, que acredita-
1762, em nome do bispado e da ouvidoria de São se ter sido fundada em 1823, passa a ficar reunido
Paulo. Somente em 1764, quando o governador da do Termo de Jacuhy. Contudo, em 1855, pela lei
capitania de Minas Gerais, Luiz Diogo Lobo Silva número 719, de 16 de maio daquele ano, Jacuhy,
(1717-?), acompanhado de seu secretario de Passos e Caldas passam a configurar uma outra
governo, Claudio Manoel da Costa (1729-1789), comarca, a do Sapocahy. O decreto número 3.180,
que fazia parte do movimento da Inconfidência de 07 de novembro de 1863, separa o Termos do
Mineira, em viagem à Cabo Verde, chegou em São Jacuhy do de Passos. É importante ressaltar que,
Pedro de Alcântara do Jacuhy e, por meio de um em 08 de maio de 1858, o distrito de São Francisco
documento conhecido por “Bando”, constituiu o do Tejuco Preto – antes, São Francisco de Paula do
arraial em Julgado, passando, então, a pertencer a Tejuco e Aplicação de São Francisco de Paula do
capitania de Minas Gerais. A data do documento é Tejuco (1825) – é elevado à categoria de Freguesia
24 de setembro de 1764. e Distrito de São Francisco do Monte Santo, pela
Em 20 de outubro de 1799, o arraial de Lei Provincial número 908.
Campanha da Princesa fora elevado à categoria de Com a Lei n° 1.391, de 14 de novembro de
vila, tendo sido feito um Termo que levava o nome 1866, surgiu a Comarca do Rio Grande, que
da vila, mesmo com a constante oposição feita pela incorporou os Termos de Passos, Jacuhy e Piumhi.
vila de São João del Rei. Já em 1800, os limites Por um breve período, Jacuí foi contemplada como
territoriais de Campanha foram alargados, sede de município pela lei provincial número
passando compreender o território de Jacuhy. 1.611, de 15 de outubro de 1869, tendo, porém,
No ano de 1814, precisamente no dia 19 de perdido esta categoria pela lei número 1641, de 13
julho, a freguesia de São Pedro de Alcântara do de setembro de 1870, que incorporou Jacuí ao
Jacuhy, parte do Termo de Campanha da Princesa, território de São Sebastião do Paraíso, que havia
consegue sua elevação à categoria de vila por meio sido elevado à categoria de vila. A instalação se
de um Alvará Régio, tendo sido renomeada como deu em 12 de setembro de 1871. O Termo de São
São Carlos do Jacuhy, estando vinculada a Sebastião do Paraíso compreendia,
Comarca do Rio das Mortes. A instalação da vila administrativamente, as freguesias de São Carlos
se deu em primeiro de novembro de 1815, com a do Jacuhy, São Francisco do Monte Santo, Nossa
solenidade tendo sido presidida pelo ouvidor da Senhora das Dores do Guaxupé, Santa Bárbara das
Comarca de São João del Rei. Canoas, dentre outros, estando o Termo sob a
jurisdição da Comarca do Rio Grande.
-97 -
O distrito de São Carlos do Jacuhy seria em 23 de setembro, a lei número 912 conferiria à
elevado à categoria de município pela lei número Monte Santo Comarca de segunda entrância.
2.784, de 22 de setembro de 1881. Seu nome seria Em 24 de junho de 1893, foi erguida nas
alterado para Jacuí e seu território incorporaria as terras do coronel Candido de Souza Dias, com
freguesias de Monte Santo e de São Pedro da financiamento do mesmo, uma capela, marcando a
União, que estariam desvinculados de São fundação de São João da Fortaleza,
Sebastião do Paraíso. Contudo, Jacuí estaria sob a administrativamente vinculada a Monte Santo, crê-
jurisdição da Comarca de Passos até 1884, quando se, desde o início do século XX. O povoado seria
foi promulgada a lei número 3.276, de 30 de elevado a distrito pela lei municipal número 280,
outubro, que transferiu Jacuí para a Comarca de de 10 de agosto de 1901. Em 1908, o coronel
Muzambinho e São Sebastião do Paraíso, à de Candido seria empossado pelo juiz da época,
Passos. Neste ínterim, aconteceria a Proclamação doutor João Batista da Costa Honorato, como
da República, em 15 de novembro de 1889, com a primeiro juiz de paz eleito, tendo atuado até o ano
deposição da família imperial brasileira e expulsão de 1911. São João da Fortaleza seria emancipada e
desta do solo brasileiro. Um contexto de reformas elevada à categoria de vila em 30 de agosto de
administrativas ocorreria. Na região, pelo texto do 1911, sendo rebatizada “Arceburgo”, e em toda a
decreto número 232, de 13 de novembro de 1890, sua história nunca Arceburgo sediou uma comarca,
Jacuí é incorporado a Comarca de Passos. estando sujeito o município à de Monte Santo de
Pouco depois, o decreto estadual número Minas em quase toda a sua história.
243, de 21 de novembro de 1890, eleva Monte Arari, antes conhecida por Posses e por São
Santo à categoria de vila, desmembrando-a de João Batista das Posses, foi elevada à categoria de
Jacuí e possibilitando a instalação de uma Comarca vila pela lei número 843, de 07 de setembro de
ali. Ainda neste ano, em 22 de junho, o decreto 1923. A instalação ocorreu em 22 de junho de
estadual número 152 criaria o distrito de Posses, 1924. Com a lei número 879, de 24 de janeiro de
que seria incorporado vinculado à Monte Santo 1925, Arari passou a fazer parte da Comarca de
pela lei estadual número 2, de 14 de setembro de Monte Santo. Já em 1935, o decreto número 155,
1891, desmembrado de São Sebastião do Paraíso . de 29 de julho, elevou Arari à categoria de termo,
Até a data da instalação do município, que ocorreu anexado à Comarca de Monte Santo. No ano de
em 03 de janeiro de 1891, Monte Santo ficou 1938, o decreto-lei número 88, d 30 de março,
submetida à Muzambinho. O primeiro juiz de Arari tornou-se apenas município vinculado ao
Monte Santo foi o doutor Severino Eulógio Ribeiro Termo de Monte Santo e, no mesmo ano, o
Rezende, e o primeiro promotor, o doutor decreto-lei número 148, de 17 de dezembro, a
Wenceslau Brás Pereira Gomes (1868-1966), comarca passa a abranger o Termo de Arari.
futuro presidente da República. O decreto número Em 1936, o doutor Pedro Paulino da Costa,
420, de 12 de março de 1891, transferiu Jacuí para prefeito, adquiriu por 25 contos de reis o terreno
Monte Santo, desvinculando-o da Comarca de destinado à construção do novo fórum, doando-o
Passos. Jacuí, pela Lei n° 11, de 13 de novembro ao governo do estado de Minas Gerais. Inaugurado
de 1891, seria elevado à Comarca e município. O no ano de 1943, situa-se à rua doutor Pedro Paulino
primeiro fórum foi instalado em um edifício da Costa, n° 193, no Centro. O prédio foi o
situado no encontro da rua Comendador Coelho resultado de anos de intenção de se construir um
com a avenida Governador Valadares. novo fórum para a Comarca.
Já no início do século XX, Monte Santo seria Arari teria seu nome modificado novamente
uma Comarca de primeira entrância, contando com em 1943, pelo decreto-lei número 1,058, de 31 de
Jacuí e Guaranésia, conforme a lei número 375, de dezembro, sendo renomeado Itamogi, e quatro anos
19 de setembro de 1903. Contudo, novamente seria depois, já em 1947, por força do Ato das
elevado à categoria de Comarca Jacuí, pela lei Disposições Constitucionais Transitórias do
número 663, de 18 de setembro de 1915. Estado, de 14 de julho, Itamogi seria elevado à
Guaranésia, pela lei número 879, de 24 de janeiro Comarca. Monte Santo também teria sua
de 1925, sediaria comarca própria. No mesmo ano, nomenclatura alterada, pelo mesmo Decreto-lei,
para Monsanto.
-98 -
A lei número 336, de 27 de dezembro de Ayres Ferreira; Luciana Bretas Baer; e Emílio
1948, extinguiu os termos judiciários, Carlos Walter.
reorganizando o judiciário mineiro em Comarcas e
Distritos. A mesma Lei rebatizou Monsanto para JUÍZES DA COMARCA DE MONTE
Monte Santo de Minas, mantendo esta SANTO DE MINAS DESDE SUA FUNDAÇÃO
denominação até os dias atuais. A lei número 336 E O SEU PERÍODO DE ATUAÇÃO
vigorou de 01 de janeiro de 1949 até 31 de SEVERINO EULÓGIO RIBEIRO
dezembro de 1953, com a promulgação da lei REZENDE (1892-?)
número 1.039, de 12 de dezembro de 1953, que, da JOÃO BATISTA DA COSTA HONORATO
mesma forma que sua antecessora, tratava acerca LUCIANO DE SOUZA LIMA
das mudanças judiciárias em Minas Gerais, sendo CUSTÓDIO DE ALMEIDA LUSTOSA
que a Comarca compreendia até então Monte Santo DEMOSTENES SILVEIRA LOBO
de Minas e Arceburgo. JOSÉ EDUARDO AMARAL
A lei número 1.098, de 22 de junho de 1954, FIDELÍS DE ANDRADE DE BOTELHO
tornou Monte Santo comarca de segunda entrância OLÍMPIO TITO RIBEIRO
e, em 1965, com a lei número 3.344, à comarca de PEDRO ANÍSIO MAIA
terceira entrância. Itamogi teria sua comarca LUIZ EVANGELISTA DE OLIVEIRA
suprimida e incorporada à de Monte Santo com a TELEMACO AUTRAN DOURADO (1926-
resolução número 46, de 29 de dezembro de 1970, 1938)
que também conferiu à Comarca como de segunda JOSÉ MARIA SOARES (1946-1953)
entrância novamente. A lei número 9.548, de 04 de JOSÉ DE CASTRO (1954-1956)
janeiro de 1988, Itamogi seria elevada à Comarca JOSÉ NORBERTO VAZ DE MELO (1956-
novamente e Monta Santo, à Comarca de primeira 1962)
intermediária, até 2001, com a lei complementar GERARDO DE SOUZA MEDEIROS (1962-
número 59, de 18 de janeiro, quando seria 1967)
declarada comarca de primeira entrância. ZOROASTRO DE PAIVA FERREIRA
O atual juiz de direito de Monte Santo de (1967)
Minas é o doutor Angelo de Almeida, que atua JOÃO ROBERTO LISBOA (1968-1974)
desde o ano de 2017 na comarca. O gerente de KELSEN DO PRADO CARNEIRO (1974-
secretaria é o senhor Paulo Aparecido Dias de 1978)
Lima. O Fórum leva o nome do doutor Tito Lívio RANULPHO GIACOMELLI (1978-1981)
Pontes, advogado e escritor que teve considerável ANTÔNIO PEREIRA GATTO (1981-1984)
participação jurídica na região. JOSÉ CARLOS DOS SANTOS MENDES
A Defensoria Pública de Monte Santo está (1984-1986)
presente desde o ano de 1983 na comarca, tendo ANTÔNIO SERVULO DOS SANTOS
sido instalada por meio de um convênio com a (1987-1989)
prefeitura, que sedia um advogado para atuar como ALBERTO DEODATO MAIA BARRETO
defensor público. Em 1997, houve um concurso NETO (1989-1991)
público e foi aprovado o doutor Milton César de CIBELE KAHLER DE MORAIS BARROS
Lima, empossado em primeiro de julho do mesmo (1991)
ano, e desde então presta os serviços jurídicos AFONSO CELSO DE FREITAS PATELLI
àqueles que não podem arcar com as custas (1991-1998)
processuais e contratar um advogado. PATRÍCIA MARIA OLIVEIRA LEITE
O Ministério Público da Comarca atua com a (1999-2009)
cooperação dos promotores de São Sebastião do LÚCIA REGINA VERTUAN FRESCHI
Paraíso, contando com a atuação dos doutores LANDGRAF (2009)
Rodrigo Colombini, Promotor de Justiça em FLÁVIO BRANQUINHO DA COSTA
exercício das funções sem prejuízo de suas DIAS (2009-2012)
atribuições; Manuella de Oliveira Nunes Maranhão MARINA DE ALCÂNTARA SENA (2012)

-99 -
BRENO REGO PINTO RODRIGUES DA ESTAGIÁRIOS CEDIDOS PELA
COSTA (2013-2017) PREFEITURA DE MONTE SANTO DE
ANGELO DE ALMEIDA (2017- MINAS
PRESENTE) GEOVANA MARTINS MOREIRA
JAQUELINE CORTEZ FRANCO VICENTE
*
SERVIDORES DO TRIBUNAL DE ESTAGIÁRIA DA PÓS-GRADUAÇÃO
JUSTIÇA DE MINAS GERAIS AMANDA RESENDE DE SOUSA
JUIZ DE DIREITO
DOUTOR ANGELO DE ALMEIDA *

ASSESSORA DE JUIZ MINISTÉRIO PÚBLICO DE MONTE SANTO


JUSSARA APARECIDA VENTORIN BENTO DE MINAS

GERENTE DE SECRETARIA PROMOTORES DE JUSTIÇA


PAULO APARECIDO DIAS DE LIMA DOUTOR RODRIGO COLOMBINI
CONTADOR DOUTORA MANUELLA DE OLIVEIRA
DANIEL FONSECA BORGES NUNES MARANHÃO AYRES FERREIRA
DOUTORA LUCIANA BRETAS BAER
OFICIAIS DE APOIO JUDICIAL: DOUTOR EMÍLIO CARLOS WALTER
FABRÍCIO BORGES MARAVELLI
FILIPE FERNANDES DA SILVA OFICIALA DO MINISTÉRIO PÚBLICO
KARINA TAÍS PINTO MARAVELLI CRISTINA DE FÁTIMA CRUZ E SILVA
MARIA CAROLINA BUOZI
NAIMARA FIGUEIREDO VEIGA DE LARA ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO EM
SIBELI FONSECA BORGES COOPERAÇÃO
RAFAEL FIRMINO CORRAL
OFICIALAS DE JUSTIÇA
JÚLIA FRANCIA VIEIRA E SILVA ESTAGIÁRIO DE GRADUAÇÃO EM
JULIANA MÁRCIA FÉLIX DE LIMA GROTTO DIREITO
SANDRA LÚCIA DE ALMEIDA BOSQUINI LEONARDO APARECIDO DA SILVA
WANESSA CARLA DE SOUZA NETO
*
ASSISTENTE SOCIAL
ROSANE SILVA THEODOZIO BARBOSA DEFENSOR PÚBLICO
DOUTOR MILTON CÉSAR DE LIMA
ESTAGIÁRIOS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA
DE MINAS GERAIS
ISADORA PEIXOTO DIAS *
LEONARDO BORGHETI MARQUES
FALARINI BELOTTI TERCEIRIZADOS
LUCAS DIAS SÁVIO
ASSISTENTE ADMINISTRATIVA
ESTAGIÁRIOS CEDIDOS PELA LOLITA HONÓRIO DOS SANTOS
PREFEITURA DE ARCEBURGO
ANNA CAROLLINE DE OLIVEIRA ROBUSTI RECEPCIONISTA
ISABELLA DA COSTA BEVILACQUA KAROLINE LORENA SILVA
LUIZ FELIPE SILVA
VIGIAS
ALINE ROBERTA DE OLIVEIRA LIMA
-100 -
JOSÉ BRANDÃO ALVES
Leonardo Borgheti Marques Falarini Belotti,
graduando em Direito (2016-2020) no Centro
VIGILANTE ARMADO
Universitário da Fundação Educacional
VANDERLEI APARECIDO LUIS
Guaxupé - UNIFEG, é pesquisador de iniciação
científica da instituição e é membro do Instituto
AUXILIARES DE SERVIÇOS GERAIS
Histórico e Cultural de Arceburgo.
EUNICE DIAS LOTERIO DE OLIVEIRA
IRAÇI GOMES

MONTE SANTO

Eu te saúdo, doce terra amada, Aqui vivo feliz, sem outro anseio,
Paraíso terrestre, meu torrão! Namorando tua mata esmeraldina,
És a linda mansão alcandorada Respirando teu ar, de aromas cheio.
Do amor, da Paz, da Luz, e do Perdão.
Queira Deus, que me fez tão venturosa,
Quanto mais te perscruto, mais te amo, Pois ventura é nascer nesta colina,
Admirando, ainda mais, tudo o que tens! Meus dias finda nesta terra airosa!
Do teu céu, a beleza canto e clamo,
E o teu rio me embala em seus vaivéns. Fúlvia Carvalhais de Freitas

MONTE SANTO
A serra é alta, qual painel de cores
alicerçada em paredes de escora:
ali cafezais desatam flores
e grãos que viajam pelo mundo afora.

Aqui a urbe irrompe na colina


que sobreleva as vastidões do sul
e a orquestra do trabalho afla e domina
os verdes vales sob o céu azul.

Nas noites brancas, revivendo a vida,


de alma serena sem remorsos ou mágoas
no lar paterno que os umbrais abriu.

Dr. Urias Soares de Moraes

-101 -
A GUARDA NACIONAL DE MONTE SANTO

A extinta Guarda Nacional foi uma Por decreto imperial de 31 de julho de


instituição política e paramilitar que existiu por 1860, foi promovido o major Vicente Ferreira
quase um século, criada nos momentos incertos de Carvalhaes Sobrinho, a tenente-coronel
transição do regime colonial para consolidação da comandante do Batalhão de Infantaria número 78
independência do Brasil. Estava vinculada ao da Guarda Nacional da Província de Minas Gerais
Ministério da Justiça, motivo inicial de conflitos e do Município de Jacuí. No “Almanak
divergências com os militares vinculados ao Administrativo, Civil e Industrial da Província de
Ministério da Guerra. Mais precisamente, foi Minas Geraes do Anno de 1869 Para Servir no de
organizada no contexto da abdicação de dom Pedro 1870”, organizado e redigido por Antônio de Assis
I, ocorrida em 7 de abril de 1831, quando o Martins, publicado no Rio de Janeiro, em 1870, há
imperador abriu mão do trono, em favor do seu a seguinte relação dos oficiais da Guarda Nacional
filho dom Pedro de Alcântara, futuro dom Pedro II. do Município da Vila de Jacuí, que era composta
O evento marcou o final do Primeiro Reinado e do distrito de Santa Bárbara, da freguesia e distrito
início do Período Regencial (1831 - 1840). Nessa de Nossa Senhora das Dores de Guaxupé, da
quadra histórica, parte das tropas existentes no freguesia e distrito de São Sebastião do Paraíso e
Brasil permaneceu fiel à Coroa Portuguesa, da freguesia e distrito de São Francisco do Monte
ameaçando não apoiar a consolidação da Santo, da seguinte forma:
independência. Houve então um acirrado combate
e perseguição aos portugueses que não aceitavam o COMMANDO SUPERIOR DA GUARDA
rompimento dos vínculos com os poderes reais, NACIONAL DO MUNICÍPIO DE JACUHY
muitos deles foram obrigados então a deixar as
principais cidades, onde estavam instalados os Estado-maior
quarteis, para se embrenharem pelos interiores e Coronel commandante superior, Vicente Ferreira
sertões, buscando novas condições de trabalho e Carvalhaes.
vida. A Guarda Nacional exerceu assim um papel Tenente-coronel chefe do estado maior, Manoel
de grande relevância no momento inicial da Joaquim Ribeiro do valle.
constituição da identidade nacional, participando Major ajudante d’ordens, Jeronymo Pereira de
da defesa armada contra os insurgentes, membros Mello e Souza.
do antigo exército português. Os primeiros oficiais Dito, João Candido de Mello e Souza.
da Guarda Nacional, que temos notícias ainda no Capitão secretário geral. Vago.
tempo do incipiente Tejuco, datam de 1831, e são Capitão quartel-mestre, Antonio Caetano
eles o capitão João Pedro Coelho (1779-1838); o Machado.
capitão Antônio Alves de Almeida (1771-1852), o Dito cirurgião-mor. Vago.
tenente Francisco Coelho Monte Claro (1812-
1861) e o sargento-mor Francisco de Moraes Preto 77º BATALHÃO
(1808-1888). Estado-maior
Posteriormente o tenente Francisco Coelho Tenente-coronel commandante, João Baptista
Monte Claro, seria nomeado pelo imperador dom Carvalhaes.
Pedro II, com a patente militar de coronel para o Tenente quartel-mestre, José Theodoro Pereira da
cargo de Comandante do Comando Superior dos Cruz.
Batalhões Números 77, 78 e 79 da Guarda Tenente cirurgião, José Manoel de Freitas.
Nacional dos Termos Reunidos de Jacuhy e Passos, Alferes secretario, Joaquim Antonio Proença.
estando todos os subalternos e oficiais Alferes porta-bandeira, José Bernardino Ferreira.
subordinados à ele.
1ª companhia
-102 -
(Parada no largo da Matriz de Jacuhy). Capitão, Joaquim Norberto Ribeiro do Valle.
Capitão, Ignacio Soares de Moraes e Souza. Tenente, João Baptista Pereira de Magalhães.
Tenente, Josias da Silva Chaves. Alferes, João Alves de Moraes.
Alferes, José Ferreira Carvalhaes Junior.
Alferes Francisco Ricardino Mendes. 78º BATALHÃO
(Parada na freguesia de S. Joaquim).
2º companhia Tenente-coronel commandante, Vicente Ferreira
(Parada no largo do Rosario de Jacuhy). Carvalhaes Sobrinho.
Capitão, Flavio Gonçalves Lopes. Tenente quartel-mestre, Antonio Joaquim
Tenente, Luciano Innocencio de Queiroz. Rodrigues Mendes.
Alferes, José Francisco Neto. Dito Vago. Tenente cirurgião, Benjamin Antunes Cintra.
Alferes secretario, José Luiz Ferreira da Cunha.
3ª companhia Alferes porta-bandeira, José Daniel Rodrigues
(Parada na ponte do Rosario de S. Sebastião do Terra.
Paraíso).
Capitão, José Theodoro de Souza. 1ª companhia
Tenente, Antonio Francisco Soares Netto. (Parada no largo da Matriz de S. Joaquim).
Alferes, José Bento Soares. Capitão, Ananias Fulgencio Rodrigues Terra.
Tenente, João Alves Lima.
4ª companhia Alferes, José Francisco Terra.
(Parada no largo do Rosario da freguesia de S.
Sebastião). 2ª companhia
Capitão, João Carlos Carvalhaes. (Parada no largo do Rosario da freguesia de S.
Tenente, Manoel Luiz Gomes. Joaquim).
Alferes, Antonio de Padua da Silva Netto. Capitão, Theodoro José Luiz Alves.
Tenente, Francisco Joaquim Pereira.
5ª companhia Alferes, José Hyppolito Machado.
(Parada no largo da matriz da freguesia de S.
Francisco do Monte Santo). 3ª companhia
Capitão, Evaristo Ferreira Carvalhaes. (Parada no largo da capella do Senhos dos
Tenente, Elizêo Coelho de Souza. Passos, de S. Joaquim).
Alferes, Bernardino Gonçalves da Costa. Capitão Manoel Dias de Avellar.
Tenente, Manoel Jacintho de Carvalho.
6ª companhia Alferes Fortunato José Marques.
(Parada no largo da Capella do districto de Santa
Barbara). 4ª companhia
Capitão, José Gomes Ribeiro. (Parada no largo da cadêa de S. Joaquim).
Tenente, Florentino Ferreira da Cunha. Capitão José Francisco da Silva.
Alferes, José Furtado de Medeiros. Tenente, Manoel Ferreira de Oliveira.
Alferes, Isaias Ribeiro da Silva.
7ª companhia
(Parada no largo da Igreja do districto de Santa 5ª companhia
Barbara). (Parada no largo do Rosario do arrayal de Santa
Capitão, Gabriel de Souza Dias. Rita).
Tenente, Antonio Custodio da Silva. Capitão, José Aureliano de Paiva Coutinho.
Alferes, Manoel Gomes Pontes. Tenente, Francisco Gonçalves de Rezende.
Alferes, Constantino de Souza Vieira.
8ª companhia
(Parada no largo da Matriz das Dôres do 23ª SECÇÃO DE BATALHÃO DE RESERVA
Guaxupé. Vaga.
-103 -
Tenente-coronel commandante, José Cassiano
Ficou na história a heroica atuação de seus Gomes;
batalhões na Guerra do Paraguai (1865 - 1870). Estado-maior – Major fiscal, Izaac Soares de
Entretanto, após a proclamação da República, suas Moraes;
honrosas funções militares começaram a entrar em Capitão-ajudante, Antonio de Paula Braga;
conflito com a atuação profissional dos militares Tenente-secretário, José Villela de Freitas;
vinculados ao Ministério da Guerra. Tenente quartel-mestre, Felinto Erlino;
Tendo uma extensa organização dispersa Capitão-cirurgião, Dr. Antonio Pereira Lima.
nos mais diversos rincões do interior, reunindo 1ª companhia-Capitão, Aprigio Tobias de
sempre as lideranças regionais mais abastadas, a Magalhães;
Guarda Nacional passou a ser muito mais uma Tenente, José Bernardino de Freitas;
instituição política do que militar. Diretamente Alferes, José Custódio Leite e Sydalino Silvino da
vinculada aos poderes do governo central, somente Silva;
os cidadãos mais abastados podiam pagar as 2ª companhia – Capitão, Juvencio Cornelio Alves;
elevadas taxas ministeriais cobradas para receber Tenentes, Antonio Pereira de Mello e Luiz Mendes;
as patentes. Do passado glorioso dos primeiros Alferes, Norberto Baptista da Silva e Francisco
tempos, a corporação funcionou para manter o Gomes Ribeiro;
poder político da Primeira República, quando os 3ª companhia – Capitão, Pedro Constantino Monte
seus "coroneis" indicavam seus fiéis mandatários Alegre;
para os cargos eletivos, quando não havia ainda o Tenente, José Custódio Dias;
voto secreto, cultivando práticas nem sempre Alferes, Francisco Pereira da Luz.
republicanas. A Guarda Nacional mantinha tanto 4ª companhia – Capitão, Francisco Monte Alegre;
quanto possível na época, o princípio de ordem e Tenente, Joaquim Theophilo de Mello;
de disciplina, suprindo a deficiência de Alferes, Tiburcio Pereira dos Santos.
militarização do país e representava na organização
republicana, as últimas influências psicológicas do 151º batalhão de Infantaria
regime monárquico, já que imitava, pelo menos Tenente-coronel commandante, Fabiano Soares de
nos motivos de sua criação a nobreza das cortes. Moraes;
A Guarda Nacional foi transferida em 1892 Estado-maior – Major-fiscal, Ignacio Soares de
para o Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Moraes e Souza;
Em 1893, foram nomeados os primeiros oficiais da Capitão-ajudante, Francisco Gê Pereira Lima;
Guarda Nacional ( da era republicana), na Comarca Tenente-secretário, Theophilo Dias Branco;
de Monte Santo, pelo presidente da República, dr. Tenente-quartel-mestre, Eduardo Mafra.
Prudente de Morais, como se segue: 1ª companhia – Capitão, Hyppolito Gomes
Ribeiro;
Ministério da Justiça e Negocios Interiores Tenente, João Baptista Mafra e Domingos
Directoria da Justiça Custódio da Luz;
Por decretos de 21 de dezembro de 1893, foram Alferes, Primo Soares da Silva e José Garcia de
nomeados para a guarda nacional: Oliveira.
ESTADO DE MINAS GERAES 2ª companhia – Capitão, Manoel Joaquim da
Comarca de Monte Santo Silveira Magalhães;
Commando superior Tenente, Felix Antonio da Luz Sobrinho;
Estado-maior – major ajudante de ordens Alferes, José Gomes Ribeiro e Francisco Pereira
Francisco Nantes de Castilho; Guimarães.
Major quartel-mestre, Francisco Cassiano de
Lima; 3ª companhia
Major cirurgião-mor, Dr. Aristides da Silveira Capitão, João Ernesto Coelho;
Lobo Sobrinho. Tenente, Samuel de Paula Soares;
Alferes, Pedro Pereira Guimarães.
150º batalhão de Infantaria
-104 -
4ª companhia 2ª companhia
capitão, Francisco Leonel de Magalhães; Capitão, o tenente Felinto Erlino.
Tenente, João Pedro Coelho;
Alferes, Orance Custódio da Luz. 90º batalhão da reserva
2ª companhia
90º batalhão da reserva Capitão, o tenente Theophilo Dias Branco.
Tenente-coronel commandante, Silveira Pereira de - Foram privados dos respectivos postos, nos
Mello. termos do art. 05, §1º da lei, n. 602, de 19 de
Estado-maior – Major fiscal, Antonio José da setembro de 1850, os seguintes officiaes da guarda
Cunha; nacional:
Tenente-secretário, Antonio Ataliba Silva; ESTADO DE MINAS GERAES
Tenente-quartel-mestre, Francisco Urias Monte Comarca de Monte Santo
Alegre;
Capitão-cirurgião, Dr. João Augusto Ribeiro 15º batalhão de infantaria
Guimarães; O tenente-coronel commandante José Cassiano
1ª companhia – Capitão, João Antonio de Almeida; Gomes.
Tenente, José Ernesto Coelho;
Alferes, Joaquim Gonçalves Netto e Cassiano de 151º batalhão de infantaria
Moraes Preto. O major-fiscal Ignacio Soares Moraes e Souza.
2ª companhia – Capitão, Joaquim Antonio Pereira
Quinetti; 2ª companhia
Tenente, Hyppolito Garcia de Oliveira; O capitão Manoel Joaquim da Silveira Magalhães.
Alferes, José Maximiano Pinto.
3ª companhia – Capitão, Francisco Antonio de 90º batalhão da reserva
Oliveira; 2ª companhia
Tenente, Miguel Antonio da Luz; O capitão Joaquim Antonio Pereira Quinetti.
Alferes, José de Souza Teixeira Dias;
4ª companhia – Capitão, José Augusto Pereira Em 1897, o dr. Prudente de Morais,
Lima; presidente da República, criou uma brigada de
Tenente, Urias Ferreira Carvalhaes; infantaria da Guarda Nacional, na Comarca de
Alferes, José Ferreira de Oliveira. Monte Santo, conforme o decreto que transcrevo:

Em 1896, novamente o presidente dr. DECRETO N. 2.716 – DE 3 DE DEZEMBRO


Prudente de Morais, fez as seguintes nomeações de DE 1897
oficiais da Guarda Nacional da Comarca de Monte Crea uma brigada de infantaria de guardas
Santo: nacionais na comarca de Monte Santo, no Estado
de Minas Geraes.
ACTOS DO PODER EXECUTIVO O Presidente da República dos Estados
Ministério da Justiça e Negocios Interiores Unidos do Brazil, para execução do decreto n.
Directoria da Justiça 431, de 14 de dezembro de 1895, resolve decretar:
Por decretos de 20 de julho de 1896 mez findo: Artigo único. Fica creada na guarda nacional da
Foram nomeados para a guarda nacional os comarca de Monte Santo, no Estado de Minas
seguintes officiaes: Geraes, uma brigada de Infantaria com a
ESTADO DE MINAS GERAES denominação de 40ª, a qual se constituirá de três
Comarca de Monte Santo batalhões do serviço activo, com as designações
15º batalhão de Infantaria de 118ª, 119ª e 120ª, e um do da reserva, sob n. 40,
Tenente-coronel commandante, Antenor Ferreira que se organizarão com os guardas qualificados
Carvalhaes. nos districtos da mesma comarca; revogadas as
disposições em contrário.
151º batalhão de Infantaria
-105 -
Capitão Federal. 3 de dezembro de 1897, 9º da O Presidente da Republica dos Estados
Republica. Unidos do Brazil para execução do decreto n. 431,
PRUDENTE J. DE MORAES BARROS. de 14 de dezembro de 1896, decreta:
Em 1899, o coronel Lucas Tobias de Artigo único. Fica creada na guarda
Magalhães, recebeu a seguinte nomeação: nacional da comarca de Monte Santo, no Estado
de Minas Geraes, mais uma brigada de infantaria,
ACTOS DO PODER EXECUTIVO com a designação de 179ª a qual se constituirá de
Ministério da Justiça e Negócios Interiores três batalhães do serviço activo, ns. 535, 536 e
Por decreto de 25 de fevereiro de 1899: 537, e um do da reserva, sob n. 179, o que se
Foi nomeado o coronel Lucas Tobias de organisarão com os guardas qualificados nos
Magalhães para o cargo de commandante da 40ª districtos da referida comarca; revogadas as
brigada de infantaria da guarda nacional da disposições em contrario.
comarca de Monte Santo, no Estado de Minas Rio de Janeiro, 19 de setembro de 1904, 16ª da
Geraes. Republica.
Em 1904, o presidente, conselheiro Francisco de Paula Rodrigues Alves.
Rodrigues Alves, cria mais uma brigada de J. J. Sebrae
infantaria da Guarda Nacional, na Comarca de Em 1910, o presidente da República,
Monte Santo, como se segue: marechal Hermes da Fonseca, nomeia vários
DECRETO N. 5.321 – DE 19 DE SETEMBRO cidadãos de Monte Santo, Guaranésia, distrito de
DE 1904. São João Batista de Posses e distrito de São João
Crea mais uma brigada de infantaria de da Fortaleza, para oficiais da Guarda Nacional da
guardas nacionais na comarca de Monte Santo, no Comarca de Monte Santo, conforme o decreto
Estado de Minas Geraes. presidencial que transcrevo:
O Presidente da Republica dos Estados Ministério da Justiça e Negocios Interiores
Unidos do Brazil para execução do decreto n. 431, Por decreto de 11 do mez próximo findo, foram
de 14 de dezembro de 1896, decreta: nomeados para a Guarda Nacional:
Artigo único. Fica creada na guarda ESTADO DE MINAS GERAES
nacional da comarca de Monte Santo, no Estado Comarca de Monte Santo
de Minas Geraes, mais uma brigada de infantaria, 188ª brigada de infantaria
com a designação de 179ª a qual se constituirá de Estado-maior – Capitães assistentes, Lucas Tobias
três batalhães do serviço activo, ns. 535, 536 e de Magalhães Junior e Manoel Soares da Silva;
537, e um do da reserva, sob n. 179, o que se Capitães ajudantes de ordem, Emilio Forli e
organisarão com os guardas qualificados nos Theophilo Alves Barroso;
districtos da referida comarca; revogadas as Major cirurgião, Dr. Antonio Pereira Lima.
disposições em contrario.
Rio de Janeiro, 19 de setembro de 1904, 16ª 56º batalhão de infantaria
da Republica. Estado-maior – Major fiscal, Domingos Custódio
Francisco de Paula Rodrigues Alves. da Luz;
J. J. Sebrae Capitão ajudante, Lucas Caetano Vasco;
Em 1905, mais uma brigada de infantaria é Tenente secretario, Antonio Teixeira Branco.
criada na Comarca de Monte Santo, conforme o 1ª companhia – capitão, José Gomes Ribeiro;
decreto presidencial do conselheiro Rodrigues Tenente, Joaquim Clemente de Oliveira.
Alves, presidente da República: 2ª companhia – Capitão, Candido Gonçalves
DECRETO N. 5.321 – DE 19 DE SETEMBRO Bastos;
DE 1904. Tenente, José Orestes da Luz;
Crea mais uma brigada de infantaria de Alferes, João Roberto Medeiros.
guardas nacionais na comarca de Monte Santo, no 3ª companhia – Capitão, Primo Soares de Moraes;
Estado de Minas Geraes. Tenente, João Pedro Rodrigues;
Alferes, Orance Custódio da Luz.

-106 -
4ª companhia – Capitão, José Pereira da Silva Alferes, José Joaquim de Andrade.
Júnior; 4ª companhia
Tenente, Sebastião Ribeiro de Faria; Capitão, José de Lima de Souza Dias;
Alferes, Manoel da Silva Ventura. Tenente, Luiz Flaminio dos Reis;
Alferes, Joaquim José de Andrade.
563º batalhão de infantaria
Estado-maior-Major-fiscal, Arthur Garcia de 564º batalhão da infantaria
Figueiredo. Estado maior – Tenente-coronel commandante,
Capitão-ajudante, Eduardo Theodoro Dias; João Baptista Gonçalves;
Tenente-secretário, Manoel Pereira da Silva; Major-fiscal, José Ferreira de Araujo Arantes;
Capitão-cirurgião, o pharmaceutico Marciano de Capitão-ajudante, Francisco Matheus;
Barros Magalhães. Tenente quartel-mestre, David Longo;
2ª companhia Capitão-cirurgião, o pharmacêutico Demosthenes
Capitão, Victal Leite Ribeiro (Vital Ribeiro do Gonçalves;
Valle). 1ª companhia

Carta patente datada de 28 de junho de 1911, assinada pelo marechal Hermes da Fonseca, presidente da
Republica, nomeando Manoel Pereira da Silva (Néca Pereira, 1884 – 1969) para o posto de tenente-
secretário da Guarda Nacional da Comarca de Monte Santo, MG.

Tenente, Pedro Ferreira de Oliveira; Capitão, Francisco Lima de Souza Dias;


Alferes, Antonio Ribeiro de Faria. Tenente, Urias Gomes Ribeiro;
3ª companhia Alferes, José Branco Ribeiro.
Capitão, Alvaro Pereira de Mello; 2ª companhia
Tenente, José de Paula Braga; Capitão, Adolpho de Souza Caldas;
-107 -
Tenente, Francisco Fernandes Pinheiro; Tenente, Antonio Pereira Lima Junior;
Alferes, Joaquim dos Santos Villas Boas. Alferes, Saturnino Custódio da Luz.
3ª companhia 2º esquadrão
capitão, João Nantes de Castilho Capitão, Leonel de Magalhães;
Tenente, Antonio Borges de Lima; Tenente, Feliciano José Cardoso;
Alferes, Antonio José Barbosa. Alferes, Blandino de Moraes Preto
4ª companhia 3º esquadrão
Capitão, Azarias Pereira da Silva; Capitão, Eugenio Leite Ribeiro.
Tenente, Affonso de Souza Figueiredo; Tenente, Floro José Batista;
Alferes, Jonas Arantes. Alferes, Joaquim José da Silva Pereira.
4º esquadrão
188º batalhão da reserva Capitão, Cincinato de Magalhães Chaves;
Estado-maior – Tenente-coronel commandante, Tenente, Antenor Paulino da Costa;
Pio Felix da Silva; Alferes, Augusto Paulino da Costa.
Major-fiscal, Antonio José Feliciano; Contava-se que era de ver-se o garbo e a
Capitão-ajudante, Manoel Antonio de Carvalho elegância dos milicianos e seus comandantes todas
Pinto; as vezes que envergavam o soberbo uniforme, o
Tenente-secretário, Augusto de Abreu; que acontecia sempre que, falecido um oficial,
Tenente quartel-mestre, Felix Pio da Silva; prestavam-se-lhes as honras militares.
Capitão-cirúrgico, o farmacêutico Francisco Essa missão, já pelo capricho com que a
Anacleto de Rezende. executava, já pelo gosto que sempre demonstrou no
rigor e na conduta militares, foi por anos atribuída
1ª companhia ao major quartel-mestre, Francisco Cassiano de
Capitão, José Augusto do Nascimento; Lima. E ele punha no desempenho tanta ordem e
Alferes, José Vicente Barbosa. tanto garbo que a transformavam em uma
2ª companhia cerimônia tocante e bela. Pelo Ministério da Justiça
Capitão, Gamaliel de Souza Castro; e Negócios Interiores, no expediente de 13 de
Tenente, Virgilio Dias de Castro; novembro de 1918, remeteram-se: "Ao coronel
Alferes, João Antonio Alves; delegado do Departamento das Forças de 2ª Linha
3ª companhia do Exército no Estado de Minas Gerais, 13
Capitão – Ernesto Chaves; patentes de oficiais da Guarda Nacional
Tenente, Vitruvio Sereno do Amaral; pertencentes as comarcas de Arassuahy, Formiga,
Alferes, Francisco Domiciano Pereira Dias. Monte Santo, Prado e Uberaba". A Guarda
4ª companhia Nacional passaria naquele ano, então a ser
Capitão, Arthur Ildefonso Caldeira; subordinada ao Ministério de Guerra, através da
Tenente, Plinio Ponce; organização do Exército Nacional de 2ª Linha, que
Alferes, Antonio Pereira Ribeiro. constituiu de certo modo sua absorção pelo
exército. Sua última aparição pública a nível
190º regimento da cavalaria nacional foi no dia 7 de setembro de 1922, quando
Estado-maior – Tenente-coronel commandante, do desfile pela independência do Brasil no Rio de
Francisco Paulino da Costa; Janeiro, marcando aquele, também, o ano de sua
Major-fiscal, Manoel Joaquim de Andrade; oficial desmobilização. Apesar de sua
Capitão-ajudante, Pedro de Souza Penna; desmobilização, o presidente da República, Arthur
Tenente-secretário, João Baptista da Luz; Bernardes, continuou a emitir cartas-patentes de
Tenente quartel-mestre, Manoel de Barros oficiais da Guarda Nacional: há casos de cidadãos
Magalhães; que prestaram compromisso de lealdade à
Capitão-cirurgião, Dr. Orlando Orbelando; corporação em 6 de agosto de 1924, cumprindo a
Alferes-veterinário, José Frazão. determinação da carta-patente de 2 de janeiro de
1º esquadrão 1924, assinada pelo presidente da República e pelo
Capitão, João Jacques Carvalhaes; secretário da Guerra, com o seu registro ocorrendo
-108 -
na Secretaria de Estado da Guerra, em 4 de quem a eles tivesse acesso, justificando a intenção
fevereiro de 1924. Diplomas estes de elevado de consolidar o poder do patenteado junto à sua
visual artístico, feitos mesmo para impressionar a comunidade.

MONTE SANTO NO TEU DIA

Monte Santo, Monte Santo As brincadeiras fogosas


Quero em versos te saudar
Tua magia, teu encanto Monte Santo, na saudade
Quero pra todos cantar Nem te conto o meu sofrer
Distante, noutra cidade
Monte Santo, a festa é tua Por destino ou por dever
Vêm rever-te os teus amigos
Estão aí, por toda rua Monte Santo, a tua história
Lembrando casos antigos Contada de pai pra filho
Mostra hoje a tua glória
Monte Santo, minha gente Que em meus versos compartilho
É terra de geração
De gente amiga da gente Monte Santo, amigos meus
De um povo de tradição É um pedaço de chão
Neste mundo de Deus
Monte Santo, nas lembranças Que trago no coração.
Ternas e tão saudosas
De quando éramos crianças Nilda Machado Parisi Ribeiro

REMINISCÊNCIAS DE MONTE SANTO DE MINAS


(Infância feliz na casa do vovô Juca e vovó Terezinha)
Saudades de minha terra querida, dos tempos de Saudades das sopas de Joaninha Bufoni, do Vito Manco
meninote que corria sobre avenida. e Maria do Cachimbo, de correr da Isabel Doida, de
Saudades dos paralelepípedos na ausência do asfalto, cantar na praça da igreja, de ter lembranças com
das mangueiras no buracão, das carroças de leite, das levezas, de brincar de esconde esconde, de ver os
roscas e dos pães . cavalos beberem água na bica no centro da cidade, dos
Saudades da venda do turco Nassin, dos cavalos sendo natais e carnavais ...
trotados, da igreja matriz no fim do dia, da sorveteria Que saudades das gincanas, das descobertas da
Americana. juventude, dos abraços de meus avós, dos amigos que
Saudades do mudinho pedalando sua barra forte , do se foram, de jogar bocha na Mocoquinha, de torcer para
Torquato na porta do clube, do Luciano recebendo no seleção, de caminhar na garoa fina e neblina reluzente,
Butequim. das montanhas que cercam o coração da gente.
Saudades do consórcio panorama, da rádio Progresso, Do café tipo exportação, assim como hoje me encontro
das quermesses do Seminário, de confessar no longe muito longe, mas as lembranças no coração!
confessionário, dos cachorros correndo no pasto, dos
bezerros separados no curral. Huxley Ivens Pontes Luz de Pádua Cerqueira
Saudades do fusquinha da polícia , da fulia de reis , dos
brinquedos do Palacini recém chegados do Paraguai.
-109 -
O MOVIMENTO DE ALFORRIA DOS ESCRAVOS
EM MONTE SANTO
O major Vicente Carvalhaes foi, mais de "Livro de Baptizados de Ingênuos, de agosto de
uma vez, no Largo da Memória, em São Paulo, 1872 a abril de 1888", é do seguinte teor: "Aos
para comprar seus escravos. A operação vinte e sete de agosto de 1872 nesta Matriz de São
funcionava com os senhores e as sinhás olhando, Francisco do Monte Santo baptizei solemnemente e
avaliando e escolhendo as "peças" mais puz os Santos Oleos a IPHIGENIA de dous mezes
interessantes. Aliás, não era apenas o major de idade, filha natural de Josepha, Escrava de
Vicente a comprar seus escravos, ele seguia a Felizarda Maria do Carmo forão padrinhos
tradição dos senhores, Constantino Lopez
já existente há séculos. do Nascimento e
Os negros vinham sua mulher Candida
para as senzalas e aqui Maria de Jesus;
consumiam sua força todos desta
de trabalho, explorada Freguezia. O
ao máximo. Desde as vigario, João
origens, a população Immediato".
escrava local foi Progredindo
grande. Em 1839, o movimento
numa população de abolicionista, em
2.688 habitantes, o todo o Brasil, este
distrito do Tejuco já atingiu regiões
mantinha 270 onde o trabalho
escravos, entre negros escravo era
"de nação" (da África) indispensável à
e pardos e crioulos, já produção agrícola,
nascidos aqui. Eram mormente cafeeira.
10% dos moradores, a Mesmo assim,
mesma porcentagem iniciativas
dos que sabiam ler... particulares
O primeiro fato começaram a se
histórico a assinalar o A ex-escrava ‘Felicidade’ foi uma das cativas alforriadas destacar aqui e ali,
movimento da pelo major Balbino Soares Nogueira (1827 – 1910), dono antecedendo à
abolição da da antiga fazenda Esmeril, uma vez liberta continuou com promulgação da Lei
escravatura, em Monte a família até sua morte, quase centenária, quando Áurea, pela princesa
Santo, aconteceu em mormente residia com a família de dona Jandira Cândida dona Isabel.
Nogueira, neta do major Balbino. (Fotografia gentilmente
27 de agosto de 1872, Em 1887 foi
cedida por dona Maria Jandira Berti Gabriel - Lola
quando o padre João dado os primeiros
Berti).
Immediato, fez passos para
adornar de flores a velha pia batismal e foi ao aorganização do Partido Republicano de Monte
estrugir de foguetes e ao repicar dos sinos que se Santo e faziam parte de seu diretório: doutor João
celebrou o batismo do primeiro "ingênuo", que em Augusto Ribeiro Guimarães; doutor Aristides da
São Francisco do Monte Santo, aproveitava a Silveira Lobo Sobrinho; coronel José Cassiano
humanitária lei número 2.040, de 28 de setembro Gomes, major Antônio José da Cunha e coronel
de 1872, conhecida como Lei Rio-Branco ou Lei Lucas Tobias de Magalhães, que defendiam o ideal
do Ventre Livre, cujo primeiro registro inscrito no do sistema de governo republicano e a libertação
-110 -
dos escravos e, a propósito, o jornal “Gazeta Urias Ferreira Carvalhaes, José de Almeida
Nacional”, órgão republicano, ano II, número 76, Freitas, Maximiano Custódio da Luz, Joaquim
de 01 de abril de 1888, ou seja, um mês e doze dias Pereira Quinetti, Balbino Soares Nogueira,
antes da Lei Áurea, editado no Rio de Janeiro, Saturnino Marianno de Tolledo, Emygdio
publicou a seguinte notícia: Marianno de Tolledo, José Garcia de Oliveira,
“MUITO BEM”! Domingos Custódio da Luz, Félix Antônio Pereira
Exultemos com a declaração que um nosso Guimarães, Luciano de Mello Nogueira, José
distincto correligionário acaba de enviar-nos, e Manoel da Silva, Hyppolito Gomes Ribeiro,
dando um bravo aos dignos lavradores que a Francisco Nantes de Castilho, Capitão Cypriano
subscreveram passamos a publicá-la. José de Magalhães, João Manoel Ribeiro de Faria,
Os lavradores abaixo declarados José Furtado de Medeiros."
pertencentes ao districto de S. Francisco do Monte Muitos desses senhores de escravos tinham
Santo da província de Minas Geraes, libertaram os suas fazendas onde hoje está o município de
seus escravos sem condição alguma. Arceburgo.
Coronel Lucas Tobias de Magalhães, De certa forma esse fato constituiu
Félix Antônio da Luz, Félix Antônio da Luz acontecimento marcante na história de Monte
Sobrinho, Antônio de Paula Braga, José Cassiano Santo pelo seu elevado sentido humano e
Gomes, Raymundo de Paula Ferreira Xavier, patriótico.

XAMBÁ

O Xambá está na cidade! Este grito fazia as depois da venda do café, sem juros) O Sr. João
mães recolherem seus filhos, as casas eram Machado tirava no armazém tudo o que precisava.
trancadas, e a ruas ficavam desertas. Até a Polícia Vovô dava as casas que ele necessitava. Depois da
ficava receosa. Só tinha um homem que Xambá venda do café, fazia-se o acerto de contas. O lucro
respeitava:- era o Sr. Alfredo Donabella era dividido pelos dois. Este sistema era novo.
Isto ocorria nos fins da década de 1940 e O Sr. Elpidio procurou alguém que topasse
começo da década de 1950. Mas tudo começou na fazer semelhante contrato em Monte Santo. Só
década de 1930. Logo depois da quebradeira de 29, achou um. E com família pequena. Precisava mais.
O Sr. Elpidio de Freire olhou para os seus cafezais Voltou a procurar meu avô, para ver se ele
bem cuidados e disse para Dª Vera, sua esposa: conhecia alguém mais para ajudá-lo. Meu avô
“Mulher é um pecado a gente acabar com tudo isso. então lhe disse: “Tem uma família que agora só
Aqui estão anos de trabalho. Mas tocar essa lavoura tem dois homens, mas as mulheres trabalham
como, sem dinheiro!” Por sorte ficou sabendo que o muito mais que muitos marmanjos que conheço. É
Sr. Manoel Domingos de Oliveira, sogro de dr. gente honesta. São negros. Trabalham do clarear ao
Aristides Cunha e meu avô, apesar de ter perdido anoitecer. O irmão mais velho foi assassinado o
um bom dinheiro estava cuidando de sua lavoura ano passado em Paraíso. Ele entrou num bar para
em Arary no sistema de emparceiramento com comprar balas para suas duas filhinhas e um
algum sucesso. pinguço o chamou de Cortina de Velório. Ele
“-Vou lá falar com o Manoel Domingos. meteu-lhe um murro na cara que foi parar longe. O
Quero saber qual a mágica que ele está fazendo”. companheiro do pinguço chegou por trás e meteu-
Conversando com meu avô ficou sabendo lhe uma facada nas costas. Morreu na hora. Ambos
que ele fizera m contrato de meação com o Sr. João saíram livres. Sabe como é: legitima defesa só
Machado, família de muitas enxadas, honestíssimo. funciona para os brancos. O pai deles trabalhou
O trato era assim. O sr. Ramon Sanches abriu um muitos anos para mim. Morreu cedo, deixou todos
crédito de prazo de safra (A conta só era paga os filhos meninos ainda. Eu os ajudei. Fizeram

-111 -
questão de me pagar até o ultimo tostão que você dorme aqui, amanhã cedo eu o levo lá para
arrumei para eles. Eu nunca cobrei nada deles. Tem Serra”. Por lá ficou um bom tempo. Perguntaram
um porém: não são de levar desaforo para casa. ao seu Alfredo qual era o segredo para ter tanto
Tomou, levou na hora. O menor, ainda adolescente domínio sobre Xambá. “Segredo nenhum, eu o
é o mais brigão. Só fez o primário. Na escola trato como um ser humano. Sempre o respeitei,
brigava todos os dias. Também puseram apelidos ouço suas carências que são muitas, e na medida do
de todo o jeito:- Filhote de Cruz Credo, Chaminé possível procuro ajudá-lo”. Sabendo que Enor
do Avesso,e assim por diante. Quer brigar é só Machado viajava muito para Mogi das Cruzes, Seu
chamá-lo por apelido. Davi é o mais velho, é o Alfredo pediu-lhe para arrumar um emprego para o
chefe da casa. É com ele que você deve tratar”.Foi Xambá. De preferência na roça. Enor arranjou com
assim que a família Xambá veio para Monte Santo. um japonês para cultivar alface. Lá, longe do
Tudo correu normal até no acerto de contas. preconceito (os japoneses não tem preconceito para
Com o Sr. Elpidio, tudo certo. 50% da colheita era com o negro), respeitado, reconhecido pela sua
dele. Agora os outros 50% não chegaram a um capacidade de trabalho, logo pode levar toda sua
acordo. Davi queria 30% para sua família que era família para lá. Compraram um sítio. Progrediram.
maior e trabalhou muito mais que a outra que era Hoje, estão na terceira geração. Tem médicos,
menor e só trabalhava das sete da manhã as quatro advogados, dentistas e outras profissões que lhes
da tarde, portanto só receberia 20%. O parceiro não dão maior status. E tudo isto porque Xambá
concordou, era 25% para cada um. Na discussão, o encontrou na vida um homem como o Seu Alfredo
parceiro começou a ofender Davi e sua família. Donabella que lhe deu o respeito, estimulou o seu
“Trabalhar com crioulo é isto que dá, só besteira”. amor próprio, acima de tudo, dignidade e lhe disse:
Saíram do terreiro e caminharam para suas casas. - “Você é um Homem”.
No caminho havia uma cerca de arame farpado. NOTA: No romance “O risco do bordado”,
Quando o outro meeiro abaixou para passar a publicado em 1970, o escritor Autran Dourado
cerca, Davi não titubeou. Sacou da garrucha 380 (1926 – 2012), em muitos casos do romance, nem
que estava escondida debaixo da camisa e atirou- os nomes de pessoas e lugares de Monte Santo de
lhe na nuca. Morte instantânea. Davi foi condenado Minas, onde ele passou sua infância são mudados:
a 30 anos de prisão. Dr. Felício Cintra Neto, o juiz as prostitutas notórias e os jagunços de dente de
determinou que ele cumprisse a pena na cadeia ouro, aqueles terríveis jagunços e capangas
local –“Se mandarmos Davi para a penitenciaria, acoitados pelos coronéis têm o mesmo nome da
com o gênio violento eu ele tem, vamos criar um vida real. De um deles, Xambá – um dos mitos da
bandido da pior espécie. Aqui, conservaremos sua infância de Autran Dourado – a história foi
honestidade”. Davi cumpriu 23 anos de reclusão. contada. Inicialmente apresentada em sua versão
Durante esse tempo especializou-se em fazer infantil, a que não faltou a contribuição cheia de
brinquedos para as crianças. A maioria dos Natais calor humano do médico (dr. Alcebíades) que
das crianças de Monte Santo era alegrada pelos tratou do bandido ferido, Xambá aparece como
brinquedos que Davi fazia. Já o João, só deu herói. O autor muda o nome, mas trata-se do
trabalho. Com a prisão de Davi, algumas mulheres doutor Aristides Cunha, o médico e a providência
continuaram com empregadas do Sr. Elpidio, amiga de toda a comunidade monte-santense.
outras foram trabalhar como domésticas na cidade.
O João não. Vivia de serviços ocasionais. Quando Doutor Ronald Martins da Cunha, natural
vinha para a cidade era aquele Deus nos acuda.
de Monte Santo de Minas, nascido dia 28 de
Brigava com todo mudo. Era bom de briga. Deu
uma surra num outro valentão da cidade que teve julho de 1930, formou-se em Engenharia Civil,
de ir para Santa Casa. Para prendê-lo, precisava de Mecânica e Elétrica, na Universidade Federal
no mínimo, quatro soldados, Se não, apanhavam.
de Itajubá no ano de 1956, Faleceu aos 89 anos
Já com o Seu Alfredo Donabella era um
cordeirinho. Certo dia ele aprontou tantas que Seu no dia 17 de fevereiro de 2020.
Alfredo foi chamado. Levou para a cadeia,
sozinho, sem escolta. Disse-lhe: “Xambá, hoje
-112 -
A IMIGRAÇÃO ITALIANA EM MONTE SANTO DE
MINAS

A Sociedade Philantropica Italiana, fundada em 1897, por iniciativa dos italianos Anibal
Macheroni, Italo Provincialli, José Farinelli, José Grassano, Paulo Vittorio Lanzoni, Vicente
Arcipreti, entre outros.

Quando aqui chegaram, os primeiros Cremona, Toscana, Cagliari, Messina, Ambruzzi,


imigrantes italianos encontraram o antigo São etc.
Francisco do Monte Santo na condição de distrito Os imigrantes italianos que se fixaram em
de São Carlos do Jacuí. As terras do distrito eram Monte Santo se integraram e influenciaram na vida
cobertas por cafezais. comunitária, não só como trabalhadores eficientes,
Os imigrantes italianos chegaram a Monte com sua mentalidade progressista, mas também
Santo, procedentes de várias regiões da Itália: com sua cultura diferenciada, criaram novos
Montemurro, Salermo, Venesia, Roma, Conzensa, hábitos e interferiram de forma expressiva na
Verona, Napoli, Bari, Catanzaro, Ferrara, Terni, estrutura econômica, cultura e social de Monte
Montova, Luca, Rovigo, Sicilia, Bologna, Piza, Santo de Minas.
Treviso, Ancona, Vicenza, Padova, Palermo, Em Monte Santo de Minas, os imigrantes
Calabria, Catania, Modena, Arezzo, Castagnaro, italianos concentraram-se, de início, nas grandes
Campobasso, Torino, Como, Parma, Milano, fazendas de café: vieram substituir o trabalho
escravo pelo remunerado. Houve os que se

-113 -
dedicaram ao comércio e foram empreendedores, e cervejeiro); Vicente Triginelli (comerciante e
operando com grandes estabelecimentos cervejeiro); Carmo Triginelli (sapateiro e seleiro);
comerciais, com suas indústrias, com pequenas José Fichina (folheiro); João Larisca (hoteleiro);
oficinas, colaboraram para com o progresso da Vicente Grassano (folheiro); Cesario Paschoalini
cidade. (trançador), ele foi o último imigrante italiano
Outros italianos, movimentando a economia monte-santense a morrer; Agostinho Gheraldini
em desenvolvimento na cidade, exerceram as mais (cervejeiro); José Tortorelli (oleiro); Paulo Pardini
variadas profissões. Como arquiteto construtor, (fábrica de macarrão, padeiro); João Lamana
Paulo Vittorio (fábrica de macarrão);
Lanzoni. Na década José Camarota
de 1880, aqui viveu (alfaiate); Basílio
o padre Antonio Libonatti (ourives);
Savastano, vigário da Tranquilo Viani
paróquia, italiano, (comerciante); José
recebeu os primeiros Donabella
patrícios e, foi muito (comerciante e
mais interessado em empresário de
“fare e’ America” do telefones); Felício
que em salvar vidas. Bruno (hoteleiro);
Negociava e dava Antonio Parisi
dinheiro a juro. (comerciante); Roque
O apogeu da Ventura; padre
imigração italiana Antônio Savastano;
em Monte Santo de padre Braz Mazzaro;
Minas – que padre Celso Para;
aconteceu entre os padre Paschoal
anos de 1887 a 1910 Beraldo; Vicente
– trazidos os Marino (comerciante);
primeiros imigrantes Vicente Lattaro
italianos, nas suas (padaria); Adolfo
fazendas Serra, Bressan (padaria);
Liberia e Floresta, o Emilio Forli
esclarecido (banqueiro); Domingos
fazendeiro coronel Grauss (empresário de
Lucas Tobias de cinema e ferreiro);
Magalhães (1844 – Francisco Mazzaro
1923). Muitas delas, Primo (construtor de
depois de anos de aparelhos hidráulicos);
permanência aqui, Fausto Bressan
motivados por várias Manifestação patriótica em um dia 20 de setembro, data (construtor);
circunstâncias, comemorativa da unificação da Itália, que era Bernardino Pansard
tomaram outros festivamente comemorada pelos imigrantes italianos. (oleiro); Caetano
rumos, no entanto, as Década de 1920. Santoro (fazendeiro e
que aqui se fixaram, oleiro); Torquato Rossi
adaptaram-se à nova terra e se integraram à nova (comerciante); Henrique Pretti (cervejeiro); Ezio
vida de tal forma que, do casamento de italianos e Pucci (sapateiro); Stefano Rigobello (padeiro);
monte-santenses, formaram-se outras famílias – Arthur Zaghini (fábrica de veículos a tração
famílias cujos descendentes ainda hoje mantém animal); Antonio Saraceni (alfaiate e músico);
viva a presença do “italiano” na cidade. Chegaram Paschoal Salomoni (mecânico hidráulico); Angelo
da Itália os seguintes italianos: Pedro Russo (oleiro
-114 -
Paschoal (sorveteiro); Carlos Giacomelli descendentes são cidadãos atuantes na sociedade
(comerciante); Antonio Bruschetti (oleiro); monte-santense.
Giácomo Genari (carroceiro); Afonso Loguercio; Aqui chegaram, deixando parentes e amigos
Francisco Mazzaro (músico); Adolfo Saitini na Itália. A saudade da pátria tão distante era muita
(marceneiro); Antônio e Felipe Piconi – apesar das dificuldades que nela enfrentaram.
(carpinteiros); Anibal Macheroni (funcionários dos Assim, passaram a sonhar com a prosperidade na
Correios); Jorge Meletti (açougueiro); Nicola “nova terra”.
Esposito (folheiro); Vicente Falbo (confeiteiro); Para superar o desespero, passaram a
Manoel Demasi (comprador de café); Antonio conviver unidos em “societá”: uma comunidade
Carrato (alfaiate); Antonio Novelli (telegrafista); fraterna a lhes proporcionar assistência de natureza
Italo Provincialli (farmacêutico); Adolfino material e social, além de condições de manter as
Campagnolli; Francisco Campani; Augusto raízes italianas e consolidar as amizades. Essa
Triginelli (padaria); Alberto Macheroni (loja de “societá” era, para os imigrantes, uma grande
tecidos); Serafim Corsi (loja de tecidos); Emiliano família: a língua, os hábitos e os costumes, as
Meschieri (funcionário público e prático em tradições e a culinária deveriam se manter. Dessa
hidraúlica); Flaviano Augusto (comerciante); maneira, os “italianos monte-santeneses” passaram
Angelo Campagnoli (comerciante); José Farinelli; a conviver em torno da “Sociedade Philantropica
José Grassano; Domingos Barotto (comerciante); Italiana”, fundada em 1897, por iniciativa dos
Francisco Mori; Salvador Cêntola (banqueiro); italianos Anibal Macheroni, Italo Provincialli, José
Vicente Felicetti (marceneiro); Domingos Leoni; Farinelli, José Grassano, Paulo Vittorio Lanzoni,
Giuseppe Palermo; Primo Grotto (foi combatente Vicente Arcipreti, entre outros. O prédio social foi
na Primeira Grande Guerra), João Marangoni, doado à colônia italiana pelo major Francisco
Ricardo Antonioli; Matheus Luchini; Henrique Cassiano de Lima (1858 – 1925), sendo-lhe então
Pretti; Basílio Baldo; Pedro Boschini; Rinaldo concedido o título de Presidente Honorário. Com a
Guidorizzi (Nando); Olimpio Boraschi; Rizieri extinção da “Sociedade Philantropica Italiana”, em
Maravelli; Alfredo Marchesini; João Luchini; 1947, o velho prédio de sua sede social fica ocioso
Jacomo Pelegrini; Nicola Lettieri; Antonio até 1951, quando os antigos sócios remanescentes
Seraceni; Victorino Viani; Reggi Ariodante; Paulo doaram o prédio para o dr. Brasiliano Santana
Pelegrini; Edmundo Foschini, Luís Bufoni e Egisto (1914-2004), nele instalar a “Escola Técnica de
Angeli. Comércio Monte-santense”, que funcionou de 1951
Todas essas famílias se fixaram em Monte a 1974. Atualmente, o prédio se encontra
Santo de Minas – uns por pouco tempo; outros, restaurado e ampliado e nele funciona a Casa de
definitivamente – e criaram raízes; hoje, seus Cultura “Dr. Brasiliano Santana”, mantida pela
Prefeitura de Monte Santo de Minas.

A COLÔNIA SÍRIO-LIBANESA E OS IBÉRICOS

Não se sabe ao certo o porquê da presença provavelmente em Beirute, para a longa travessia
de tantos sírio-libaneses em Monte Santo de Minas. do Mediterrâneo e do Atlântico, olhando pela
Chegados a partir da última década dos mil última vez aquelas montanhas brancas que, por
oitocentos e do início dos mil e novecentos vieram causa da abundância de rochas calcáreas, deram o
eles da Síria e do Líbano, países mediterrâneos nome à sua pátria: Djebel el Libnam.
vizinhos da Turquia ao norte, do Iraque ao oeste, Descendentes remotos dos fenícios
da Jordânia e Israel ao sul. Procedentes por encontraram entre nós as condições mais propícias
exemplo de Homs, Trípoli, Miniara, Damasco e, para aderirem de pronto à atávica sedução do
particularmente de Baino Akkar, embarcaram, comércio. Começaram como mascates a levar no
-115 -
lombo de burros suas mercadorias a pontos os mais Jorge Miguel, Evaristo Elias Jorge, Raphael Cury,
distantes. Ainda com seu estoque peculiar e Felipe Nicolau, João Elias Thomaz, Nicolau
característica sofreguidão no trabalho, sabiam elas Abrão, João Domingos, Salomão Silva, Jorge de
a arte de aumentar a clientela e de fazer amigos e Jorge, Salomão Miguel Nasser, Gibrim Miguel, dr.
assim, com o tempo, passaram a negociantes bem Luiz Alberto Heluany, Tufi Elias, Tufi Antonio
estabelecidos na sua nova terra de adoção. Nasser, Abrão Elias, José Nasser, Gibrim Abrão,
Mas as coisas não eram sempre fáceis no Salim Nasser, Miguel Nasser, Abrão J. Farah,
São Francisco do Monte Santo. Havia também Antônio Abrão, Spir Nicolau, Álvaro Elias Achkar,
incompreensões e malquerenças, pois o espírito de Elias Nassim, Tuffi Sabbag, Antonio Abrão Jorge e
hostilidade de alguns de expandia ao chamá-los outros mais que fizeram a história do comércio
“turcos”, alcunha pejorativa, felizmente sem local e timbraram em agradecer e dignificar a
conotação maldosa. Até meados da década de hospitalidade do país de adoção.
1930, a rua Antenor Carvalhaes era conhecida Nos fastos monte-santenses, consta que o
como a “Rua dos Turcos”, tal era a quantidade de primeiro descendente de sírio-libaneses a ser eleito
para o cargo de
prefeito de Monte
Santo de Minas foi o
dr. Miguel Abrão da
Silva, que exerceu o
cargo de 1963 a
1967.
Aqui os
radicados
definitivamente e
seus descendentes
passaram a ocupar
com o correr do
tempo, posição de
destaque na lavoura
e na política. E hoje
não são mais “sírio-
libaneses” e sim
brasileiros, como
todos nós.
Ao longo da
história de Monte
Santo de Minas,
tivemos as presenças
lojas de sírio-libaneses. Com a “quebradeira de dos imigrantes
1929”, aos poucos, muitos destes comerciantes espanhóis: Ricardo Benito, Cyriaco Martinez,
migraram para outras paragens. Diego ou Diogo Dearo, Frutuoso Saez Najarro,
Tem-se notícias dos seguintes imigrantes José Valverde Dearo, Antonio Linares e Francisco
sírio-libaneses: Tufi Nicolau, João Abrão da Silva, Castejon e dos seguintes imigrantes portugueses:
Nicolau Jorge, Vicente Nasser, Miguel João, Felipe capitão João Pedro Coelho, João Manoel Ribeiro
Nicolau, Elias Jorge, João Elias, Miguel da Silva, de Faria (João Novato), Manoel Affonso de
Espiridião Abrão, Demétrio Sayeg, Barbosa Cerqueira, Joaquim José da Cunha, Joaquim
Mecca, José Fadul, Salem Thomé, Sarkis João, Francisco Dias Branco, José Esteves Pereira,
Pedro Jacob da Silva, Elias Jacob (Elias Turco), Manoel da Silva Verdura e Antonio José da Cunha,
Nicolau Antonio, Jacob Elias Jorge, João Sabba, entre outros.

-116 -
RELAÇÃO DOS CAPELÃES, VIGÁRIOS, PÁROCOS
E ADIMINISTRADORES DA PARÓQUIA DE SÃO
FRANCISCO DE PAULA (1820-2020), DE MONTE
SANTO DE MINAS – MG
Monte Santo de Minas nasceu católico na 2 – Padre Amancio Joaquim Gonçalves – 1853 –
invocação de São Francisco de Paula como seu 1857 (faleceu como capelão de Posses de Monte
padroeiro. Numa homenagem aos guias espirituais Santo).
que passaram pela vida de Monte Santo de Minas 3 – Padre Antonio Xavier da Costa – 1857 – 1869.
buscando resguardar a alma de seus filhos e a * No livro de Batizados é assinado por:
moral de sua gente, registramos a seguir os nomes * Padre João da Fonseca Mello – (pela 2ª
de todos os padres, e as épocas em que exerceram vez) – 1858 – 1861 (como vigário desde 1859).
o sacerdócio frente aos destinos da paróquia. 4 – Padre Antonio Xavier da Costa – 1861 – 1869.
A relação dos capelães e vigários de Monte 5 – Padre Thomaz d’Affonseca e Silva – 1869
Santo de Minas está desorganizada: no primeiro (pela 1ª vez).
Livro do Tombo à página 50 v. – 51 encontramos 6 – Padre Antonio de Sant’Anna Ribas Sandrim –
uma lista, e revendo os livros de batizados da 1869 – 1872.
paróquia encontramos outra. Procuramos, ao rever 7 – Padre João Immediato – 1872 – 1878.
as duas, a do primeiro Livro do Tombo e a dos que 8 – Padre Marciano Pereira da Fonseca – 1878 –
assinam os Livros de Batizados adotarmos a mais 1881 (faleceu em 18 de fevereiro de 1916, em
provável: Passos).
A – CAPELÃES 9 – Padre João da Fonseca Mello – 1881 (pela 3ª
1 – Padre Manoel Machado da Assumpção – 1820 vez).
- 1841. 10 – Padre José Thomaz Ancassuerd (interino)
2 – Padre Francisco Moreira de Carvalho – 1832. 1881.
3 – Padre Antonio Joaquim Gonçalves – 1834. 11 – Padre Zacarias Pinto Tavares – 1882 – 1884.
4 – Padre Manoel Coelho Vital – 1845 – 1850. 12 – Padre Antonio Savastano – 1884 – 1886.
5 – Padre João da Fonseca Mello – 1850 - 1855 13 – Cônego Thomaz d’Affonseca e Silva – 1886 –
(vivia em companhia de sua irmã, "Siá" Margarida, 1887 (pela 2ª vez. Faleceu em São Tomás de
cega, que apesar disso, bordava, tecia e dançava a Aquino).
fazer maravilha. Foi um padre popular, estimado e 14 – Cônego João Ozorio Marcondes – 1887 –
cumpriu com singeleza os deveres de seu curato. 1902.
6 – Padre João de Moraes Balbino – 1855 (a data * P.S. No 5º Livro de Batizados o vigário,
não confere). cônego João Ozorio fala de um incêndio no
7 – Padre Amancio Joaquim Gonçalves – 1853 – cartório de Jacuhy, anos atrás, onde alguns
1857; documentos relativos a Monte Santo foram
destruídos.
B – VIGÁRIOS, PÁROCOS E 15 – Padre Braz Mazzaro (interino) – 1902 (pela 1ª
ADMINISTRADORES PAROQUIAIS vez).
1 – Padre Antonio Xavier da Costa – 1843 – 1870. 16 – Padre Joaquim Pinto Fraissat – 1902 – 1908.
* Padre Francisco de Paula Fernandes *Coadjutor – Padre Pedro José da Silva
Fialho – 1852. Brito.
* Padre Cunha – 1852. * Coadjutor – Padre Salvador Morelli –
* Padre Manoel Marques de Abreu – 1852. 1903.
17 – Padre Braz Mazzaro – 1908 – 1910 (pela 2ª
vez. Faleceu e está sepultado na Igreja Matriz).

-117 -
*Cônego Oscar Sampaio (interino), * Cônego Ricardo Grella – Vigário
1910. Ecônomo e Substituto – 1948.
18 – Padre Manoel Lopes da Costa – 1910 – 1911. * Padre Aurélio Uiyara Tomagnini –
19 – Padre Innocencio Reidick – 1911 – 1913. Vigário Cooperador – 1949.
* Padre Carlos Augusto dos Santos – 1911 29 – Padre Gerardo Ferreira Reis – 1949 – 1955.
(encarregado na ausência do padre Innocencio *Padre Roque Colombo – Vigário
Reidick). Encarregado – 1955 – 1970
* Cônego José Felipe da Silveira – 1911 30 – Padre João Pedro Sarto – 1857 – 1958.
(encarregados na ausência do padre Innocencio 31 – Padre Mário Manieri – 1958 – 1959.
Reidick).
* Padre Antonio Fusari – Vigário
* Padre David da Motta Pinho – 1911 (pela 1ª vez.
Cooperador – 1958 – 1959.
Encarregado na ausência do padre Innocenzio
32 – Padre Luiz Girotti – 1959 – 1962.
Reidick).
* Padre José Bussetti, coadjutor, com sede em * Padre Léo Damiani – Vigário Cooperador
Arceburgo – 1912. – 1955.
20 – Padre David da Motta Pinho – 1913 – 1914 * Padre Egídio Dóldi – Vigário Cooperador
(pela segunda vez). – 1958.
21 – Padre João Pedro Sofforgue – 1914 – 1915. * Padre José Dias da Costa – Vigário
* Padre Doutor Eduardo Baptista – 1915 - 1916. Cooperador – 1960.
* Padre Adolfo Carneiro – 1916. * Padre Pedro Cérri – Vigário Cooperador –
* Monsenhor Theophilo Guimarães – 1916. 1960.
* Padre Antonio d”Almeida – 1916. * Padre André Agazzi – Vigário
22 – Cônego Herisberto Cooperador – 1961.
Goettersdorfer – 1916 – * Padre Nelson
1917. Leocádio – Vigário
23 – Padre Domingos Cooperador – 1962.
Roque do Nascimento – * Padre
1917 – 1919. Jefferson Ildefonso da
24 – Padre João Cunha – Costa – Vigário
1919 – 1920. Cooperador – 1962.
25 – Padre Manoel de * Padre Jair
Brito Franco – 1920 – Abreu Lemes – Vigário
1924. Cooperador – 1962.
* Padre José 33 – Padre Hélio
Augusto da Silva – 1921. Grande Pousa – 1962 –
* Padre Exupério 1963.
A. Corrêa – 1922. 34 – Frei Gabriel S. O.
26 – Padre Celso Para – F. M. – 1962 (não foi
22.02.1924 – 19.01.1933. pároco, apenas esteve
27 – Monsenhor José em Monte Santo de
Maria Pereira – 1933 – Minas no ano de 1962
1946. em Missões).
*Padre Frei 35 – Padre Alfonso
Atanásio Maria de Cattaneo – 1963 –
Pircacicaba, Ofm. Cap. 1967.
Vigário Ecônomo – 1946. * Padre Hélio Grande Pousa – Vigário
* Padre Gerardo Naves, Vigário Ecônomo – Substituto – 1963.
1946. 36 – Padre Léo Damiani – 1964 – 1967.
28 – Padre Gerardo Naves – 1946 – 1947. 37 – Padre José Hermano Torres Portugal – 1967 –
* Padre Roberto Cavour G. Carletto – 1969.
Vigário Substituto – 1947. 38 – Padre Domingos Guglielmino – 1969 – 1976.
-118 -
* Padre Nelson Rodrigues Rabelo – Vigário Padre Tadeu dos Reis Ávila, MI.
Substituto – 1976-1977.
– Padre Luis Tavares de Jesus – 1977 – D – SACERDOTES NASCIDOS EM MONTE
1982. SANTO DE MINAS
* Padre Luiz Januário dos Santos – Vigário Frei Arcanjo Maria de Monte Santo, OFMcap, foi
Substituto – 1982. o primeiro sacerdote filho de Monte Santo de
39 – Padre Egídio Marcelo Rosa – 1982 – 1983. Minas, celebrando sua primeira missa no dia
* Padre Ernesto Boff – Vigário Substituto 24.06.1942.
Camiliano – 1983 – 1984. Padre José Marques (nascido e batizado em
* Padre Elias José Zago – Vigário Itamogi).
Cooperador Camiliano – 1983 – 1984. Padre Luiz Januário dos Santos, MI.
40 – Padre Luiz Gonzaga Lemos – 1984. Padre Ariseu Ferreira de Medeiros.
* Padre Ernesto Boff – Vigário Cooperador Padre Francisco Albertin Ferreira.
Camiliano – 1983 – 1985. Padre José Hamilton de Castro.
* Padre Elias José Zago – Vigário Padre Marcelo Valentim de Oliveira.
Cooperador Camiliano – 1983 – 1985. Padre Denis Nunes de Araújo.
41 – Padre Antonio Carlos Maia – 1985 – 1986. Padre Lucas Rodrigo da Silva, MI.
42 – Monsenhor Enoque Donizetti de Oliveira – Padre Marcelo Valentim de Oliveira, MI.
1986 – 1997 (A paróquia é entregue aos cuidados Padre Geovani Antonio Dias, MI.
dos religiosos camilianos, no dia 06.03.1997).
43 – Padre José Patrício de Souza – 1997 – 1999. OBSERVAÇÃO:
* Padre Roberto Moreira da Silva – Vigário A respeito dos primeiros capelães e vigários
Substituto – 1999. desta paróquia, esta pesquisa foi copiada do
44 – Padre Ângelo Pasqual Filho – 1999 – 2002. primeiro Livro do Tombo. Entretanto, as datas não
45 – Padre Elias José Zago, MI – 2002 – 2012. conferem com as assinaturas dos respectivos
46 – Padre Juliar Nava, MI – 2012 – 2014. vigários nos livros de batizados da época.
47 – Padre José Maria dos Santos, MI – 2014 – A observação feita pelo 14º vigário: padre
2016 (entrega da paróquia à diocese de Guaxupé, João Osório Marcondes talvez explique alguma
em 19.10.2016). coisa. Daí em diante as datas seguem normalmente
48 – Padre Francisco Clóvis Nery – 2016 – 2019. e só voltam a complicar nos anos de 1955 até 1976,
49 – Padre João Ademir Vilela – 2020. quando os padres sacramentinos aqui estavam.
Quaisquer uns dos padres do seminário
C - VIGÁRIOS COOPERADORES podiam vir celebrar na paróquia e davam as
CAMILIANOS devidas orientações aos fiéis e como não havia
tomada de posse, os fiéis ficavam sem saber quem
Padre Luiz Gemelli, MI. era o vigário.
Padre Camilo João Monaro, MI. Pesquisa feita por: Lucas Duarte de Paula.
Padre Américo Pinto de Cristo, MI. Referências bibliográficas:
Padre Francisco de Lélis Maciel, MI. Livro do “Tombo” I, II e III, de Monte Santo.
Padre Raimundo Santos dos Santos, MI. Paróquia São Francisco de Paula, Monte Santo de
Padre Carlos Toselli, MI. Minas – MG. 1887/1942/1985.
Padre Aristeu Ferreira de Medeiros, MI.

“Vem, para subirmos no telhado e, lá do alto, nosso olhar consiga ultrapassar a torre da igreja
para encontrar os horizontes que nunca se vêem, nesta cidade onde estamos presos e livres,
soltos e amarrados”. (Caio Fernando Abreu).

-119 -
O BAÚ COM LIBRAS ESTERLINAS

Primeiro, veio um jovem advogado. canastras Preso por um cabresto, um belo cavalo
Comprou um terreno no largo da capela de São acompanhava a carruagem. Com as cortinas
Francisco de Paula, ao lado da casa do padre abaixadas, o povo não viu quem estava dentro do
Antonio Xavier da Costa (depois da ida do padre veiculo. Entrou pelo portão que foi imediatamente
Manoel Machado da Assumpção para a ainda não fechado. Após algumas horas, o advogado
incipiente São Sebastião da Boa Vista (nome despediu-se dos poucos conhecidos que fizera e
primitivo de Mococa, São Paulo, veio para o sem dizer quem eram os donos da casa, foi embora
Tejuco, o padre Antônio Xavier da Costa, por volta da vila.
de 1843). No Domingo o casal foi à missa. Ele, alto,
O padre Antônio Xavier da Costa foi o cabelos louros, olhos azuis, usava suíças. Vestia
segundo capelão e paroquiou até 1870, quando foi um fato negro de cara confecção. Bengala com
embora, e segundo dizem levou farto pecúlio em castão de ouro, cartola de seda negra. Via-se que
barras de ouro e prata, a ponto de o cargueiro, no seus trajes eram importados. A mulher, porte
primeiro dia de viagem, cair esfalfado com o peso. elegante, toda de negro chapéu elegante tinha a
Faleceu o padre Xavier em Lençóis, estado de São face oculta por um véu também negro. Finda a
Paulo, pouco tempo depois, desaparecendo o missa, voltaram para a casa, sem falar com
tesouro talvez devido ao seu peso... dizem. ninguém apesar da tentativa de alguns moradores
Ano de 1858. Providenciou, então, o da vila tentarem uma aproximação.
transporte do material de construção para uma casa Na segunda-feira, montado em seu cavalo
de alvenaria. Naquele tempo, só tinha uma dirigiu-se à casa de Manoel Abraão Soares, uma
construção daquele tipo no lugar. As outras 50 espécie de banqueiro do lugar, onde trocou uma
casas existentes eram de taipa. O material veio de libra esterlina pelo dinheiro corrente. Manoel
carro de boi, lá de Casa Branca. A casa, enorme conseguiu umas poucas informações do cavalheiro.
para os padrões da vila, ficou pronta no começo de Chamava-se Everardo dos Reis Pimenta. Sua
janeiro de 1860. Para o largo, a casa tinha apenas esposa, Maria das Graças e vieram da corte em
uma grande janela ricamente adornada. Um muro busca do clima e sossego muitos necessários à
bem alto completava e cercava todo o terreno. Um saúde dela. Quem fazia as compras da casa era
portão de madeira, todo trabalhado, largo o Esmeralda, a escrava, que sabia ler escrever e
suficiente para passar uma carruagem, era a única falava francês. Quando era perguntada pelo casal,
forma de acesso à moradia. A porta principal ficava calava-se. Joel, o escravo, marido de Esmeralda,
no meio da longa casa. O acesso se dava por uma também tinha o mesmo grau de cultura da esposa.
escada dupla, onde no topo uma graciosa varanda, Era cocheiro, tratador dos animais, e servia de
permitia entrar-se na casa.. Face norte, os quartos mordomo da casa.
eram iluminados por janelas que davam para o A rotina do casal era assim: Domingo,
leste. As janelas do lado oeste arejavam as salas e missa. Segunda feira visita à casa de Manoel para
áreas de serviço. Em decorrência do desnível do trocar uma libra esterlina por moeda corrente para
terreno, do meio da casa até a face sul a parte as despezas. Quando havia quermesse no largo, o
inferior servia de acomodações para os serviçais, casal permitia-se ficar algumas horas na janela que
depósitos e outras serventias, como abrigo aos dava para o largo apreciando o movimento. Joel ia
animais e carruagem. A casa foi pintada com a cor até as barracas e comprava alguma prenda,
de rosa. Fechado o portão nada se via da casa. Em arrematava alguma coisa e levava para casa.
Março de 1860 chegou, causando grande alvoroço Quando Monte Santo, já era esse o seu
no povo da vila, uma rica carruagem puxada por nome, passou a ser paróquia, o povo houve por
quatro bestas iguaizinhas. Na boléia, um casal de bem construir uma igreja no próprio largo, em
negros muito bem vestidos, sobre o teto da frente a capela. Uma comissão foi até a casa de
carruagem e na parte traseira quatro grandes Everardo, pedir uma colaboração. Everardo os
-120 -
recebeu fidalgamente. Ofereceu-lhes um raro vinho apenas baixelas de ouro e prata. Nada das libras
do Porto, e quando solicitado, pediu licença, esterlinas.
retirou-se da sala por alguns instantes. Os membros O advogado, avisado, voltou a Monte Santo.
da comitiva puderam admirar a riqueza e o bom Fez um levantamento dos bens do infeliz casal e
gosto da decoração da sala. Nada se igualava na providenciou a remoção dos bens móveis para o
vila àquele luxo e beleza. Everardo voltou com um Rio de Janeiro. Everardo tinha um primo que
pequeno saco de camurça nas mãos e entregou ao herdou todos os seus bens, A casa foi vendida para
chefe da comitiva. Continha, como depois foram a Professora Isaltina. O negrinho ficou sob a
verificadas, 50 moedas de libra esterlina do mais custódia do padre. Tinha o apelido de Colete. O
puro ouro. advogado procurou pelas libras esterlinas.
Estes acontecimentos provocaram comentários Ninguém deu noticias. Segundo ele, o casal
em toda a comunidade: trouxera para Monte Santo um baú grande cheio
- Eram nobres, donos de grande fortuna que daquele dinheiro. Soube-se então que Everardo foi
haviam caído em desgraça na corte. Estavam uma espécie de aventureiro, andou por todo o
fugidos. mundo e acumulou considerável fortuna. Conheceu
- Tratava-se de pirata que abandonara sua vida de Maria no Rio de Janeiro. Casaram-se. Com a saúde
crimes e procuravam refúgio para usufruir o lucro de Maria abalada, conheceu alguns tropeiros de
de sua vida criminosa. Franca, no porto do Rio de Janeiro, que lhe falaram
- Milionários excêntricos cuja mulher em estado da excelência do clima de Monte Santo. Foi essa a
terminal de doença, procuraram o sossego de uma razão de sua mudança.
pequena vila para viver em paz os seus últimos E o baú? Muitos julgam que ficou enterrado no
momentos. quintal da casa. Em algum compartimento secreto
Mas a fama do casal extrapolou o povoado. no subsolo. Hoje é impossível saber. No lugar da
Foi parar em outras povoações. De Jacuí, sede do casa foi construído um seminário.
município vieram autoridades se informar. A fama
do casal deixou de ser um assunto local. Era Doutor Ronald Martins da Cunha, natural
regional. Despertou a cobiça de malfeitores. de Monte Santo de Minas, nascido dia 28 de
Finalmente aconteceu a tragédia. Dois
julho de 1930, formou-se em Engenharia Civil,
bandidos, durante a noite, invadiram a casa e
mataram todos os ocupantes, menos o negrinho Mecânica e Elétrica, na Universidade Federal
filho do casal de escravos. Este fugiu e pediu de Itajubá no ano de 1956, Faleceu aos 89 anos
socorro na casa paroquial. O pároco acionou o sino
no dia 17 de fevereiro de 2020.
da igreja e alertou toda a população. Os marginais
foram alcançados na altura da Fazenda Três Posses
de José Ferreira, que com seus homens matou os
assassinos. No poder dos meliantes encontraram

“O conhecimento do passado é indispensável à formação de cidadão. Além de funcionar como


exemplar lição sobre o elo entre causa e efeito, permite rememorar episódios e personagens que
recolocam em seus devidos lugares valores perenes e universais, mas que ultimamente andam
esquecidos e até mesmo ignorados”. (Luiz Gonzaga Bertelli).

-121 -
REMINISCÊNCIAS DA ARTE DE FAZER NADA...

O passatempo do canivete tirando caracóis trabalhavam. A providência da concessionária da


de tábuas de pinho era praticado pelas figuras mais luz e força foi considerada pelos praticantes da
conspícuas de Monte Santo, cultivado nos seus nobre arte como uma afronta aos brios e à honra
vários lugares de reunião, da farmácia Carvalhaes, dos moradores de Monte Santo. Um dos maiorais
do Soí, ao Ponto. Uma deliciosa arte de fazer da terra, um homem desabusado que não era de
nada, que consistia em ficar com um canivete bem aceitar desacato nem de levar desaforo para casa,
afiado, tirando de um toco de pau longas aparas, foi buscar uma picareta e arrancou a cinta metálica.
finíssimos caracóis, até reduzi-los a uma coisinha A honra de Monte Santo estava salva e a
de nada. Conta-se que um sitiante, passou anos Companhia Sul-Mineira de Energia Elétrica ficou
lavrando tábuas de pinho Jacaré, guardando, dia a sabendo que com os brios dos monte-santenses não
dia, os gravetos da féria, com que acendia fogo em se brinca. Foi então que se plantou em Monte
casa: a única herança que deixou para a viúva Santo o primeiro poste de ferro e de concreto,
foram três grandes sacos, cheinhos de gravetos... aspiração geral de todos para substituir os postes de
No Ponto, aliás, deu-se um episódio ainda mais madeira pelos de cimento, em todas as ruas. Este
notável, que passou para a crônica pitoresca de caso hilariante aparece com outras cores e nomes
Monte Santo. E foi que, na esquina do Banco de no romance Ópera dos Mortos, de Autran Dourado,
Monte Santo, do Chico Paulino, hoje Banco Itaú, publicado em 1967.
havia um poste de luz, de madeira muito macia, Agora, a história dessa originalíssima arte
logo descoberta pelos amadores da grande arte, que monástica de não fazer nada e de seus exímios
começaram dia a dia a desbastá-la praticantes (entre os quais, Autran Dourado põe o
pachorrentamente, enquanto falavam de todos os seu avô materno Osório de Freitas, Gê Pereira
assuntos imagináveis, das altas e baixas do Lima, Adolpho Santana, Jorge Lima, José Preto,
café, aos podres e escândalos da vida alheia. E o Gêzinho Pereira Lima, José Coelho de Souza, José
poste foi se afinando, e se inclinando Bernardino de Freitas, Placidio Pinto de
perigosamente, de tal maneira que a Companhia Magalhães, José Orestes da Luz, Júlio Ferreira
Sul-Mineira de Energia Elétrica resolveu protegê- Lopes, entre tantos outros) é contada em "Os
lo com uma larga cinta de lata, exatamente na mínimos carapinas do nada", que está no seu livro
altura em que os sublimes artistas monte-santenses Violetas e Caracóis, publicado em 1987.

“A vida vale a pena ser vivida, apesar de todas as suas dificuldades, tristezas e momentos de dor e
angústia. O mais importante que existe sobre a face da terra é a pessoa humana. E surpreender o
homem no ato de viver é uma das coisas mais fantásticas que Deus nos permitiu”. (Érico Veríssimo).

-122 -
REMINISCÊNCIAS DAS COMEMORAÇÕES DO
PRIMEIRO CENTENÁRIO DA FUNDAÇÃO DE
MONTE SANTO DE MINAS, EM 26 DE JUNHO DE
1920.
Era o dia 26 de junho de 1920, ao Joaquim Leonel de Michelet Navarro, que proferiu
amanhecer, a população monte-santense foi um belíssimo discurso, sendo ao final muito
despertada pelos repiques dos sinos, pelos aplaudido.
vibrantes acordes da banda de música "Santa Na atual praça Coronel Joaquim Bernardes
Cecília", regida pelo Francisco Mazzaro e o - o Jardim Velho, naquele tempo praça Marechal
estrugir das bombas e morteiros. A cidade Deodoro -, que estava todo embandeirada, foi
apresentava um aspecto festivo. A velha Monte erguido um pedestal onde foi colocada uma urna:
Santo, completava naquele dia 100 anos, desde contendo a ata assinada por muitas pessoas da
quando dois habitantes do SAPÉ, FRANCISCO cidade e das cidades vizinhas, fotografias de
MENDES CARNEIRO e FRANCISCO LEAL pessoas e de diversos prédios e algumas moedas.
ALEMÃO, requereram e obtiveram de dom Em 07 de setembro de 1922, dois anos após,
Matheus de Abreu Pereira, bispo de São Paulo, durante as comemorações da Independência do
uma provisão datada de 26 DE JUNHO DE 1820, Brasil, o monumento do centenário, foi aumentado,
que permitia-lhes erigir uma capela sob a dando-lhe a forma de um obelisco, que se conserva
invocação e o nome de SÃO FRANCISCO DE até os dias de hoje.
PAULA DO TEJUCO, nascendo assim o Nessa ocasião, falou o doutor Pedro
incipiente povoado, embrionário da atual cidade de Saturnino Vieira de Magalhães, poeta e tido como
MONTE SANTO DE MINAS. grande orador, que residia em Muzambinho e
As escolas e o comércio fecharam e às dez que tinha vindo especialmente para assistir os
horas houve missa cantada pelo padre Manoel festejos do centenário. Foi também plantando um
Brito Franco, estando o antigo templo da Igreja carvalho, num dos canteiros do jardim, falando
Matriz repleto. nesse momento, o doutor Telêmaco Autran
Às 15 horas, na sala do prédio do Fórum Dourado, que era o promotor público. Consta que
(onde hoje é o prédio do antigo Sindicato, ao lado mais de mil pessoas assistiram à inauguração do
do Museu Histórico), onde também se realizavam monumento, e entre eles sabemos do doutor
as sessões da Câmara Municipal, estando a sala Valdomiro de Barros Magalhães, doutor Othon de
repleta de senhoras, senhoritas e cavalheiros, todas Figueiredo Baena, Arthur de Paiva, doutor Tristão
as autoridades locais, os vereadores: Álvaro Pereira Tavares de Lima, Marciano de Barros Magalhães,
de Mello, José Orestes da Luz, Américo Benicio de Álvaro Benicio de Paiva, Francisco Grassano, João
Paiva, José Pereira da Silva Junior, Antonio José Ernesto Coelho, Antonio Parisi, Emílio Forli,
Feliciano, Isaac Soares de Moraes, Francisco Antonio de Oliveira Pontes, Virgínio de Carvalho,
Paulino da Costa, Theóphilo Dias Branco e Pedro Domingos Custodio da Luz, Miroveu de Souza
Bernardino da Costa, foi realizada uma sessão Vieira, Sebastião Ribeiro de Faria (Nenê Faria),
cívica presidida pelo então chefe do município, Alfredo Donnabella, Tranquilo Viani, Manoel
coronel Lucas Tobias de Magalhães, que passou a Demasi, Salvador Centola, Sebastião Feliciano,
presidência ao doutor João Baptista da Costa doutor José Luz de Faria, Francisco Teixeira
Honorato, que era o juiz de direito da comarca. Branco, Olyntho Coelho, Arnaldo Preto, Benedicto
Todos os municípios da região enviaram Elias de Oliveira, João Baptista dos Santos,
representantes. O orador oficial foi o doutor Melchiades Alves Moreira, João Abrahão da Silva,

-123 -
José de Campos Cardoso, Joaquim Alves Mafra, Magalhães Sobrinho, João Luchini, José Sant'Ana,
Luiz Parisi, doutor Tito Lívio Lages da Silva José Custodio de Assumpção, Alfredo Marchesini,
Pontes, Lucas Luz de Magalhães, Lucas de Ezio Pucci, Gonçalves de Souza, Francisco
Magalhães Júnior, Orestes Macheroni, Jacomo Goulart, José Maria Mazzaro, João Ribeiro de
Pellegrini, Nicola Lettiere, Miguel Eugênio da Luz, Lima.
Francisco Eugênio da Luz, João Nantes de A noite, na Igreja Matriz houve solene Te Deum e
Castilho, João Nantes Júnior, Fausto Bressan, várias manifestações festivas que abrilhantaram o
Joaquim Machado, Antonio Seraceni, Caetano PRIMEIRO CENTENÁRIO DE MONTE SANTO.
Leone, Victorino Viani, Paulo Pellegrini, Antonio

REMINISCÊNCIAS DA VISITA DO PRESIDENTE


ANTÔNIO CARLOS A MONTE SANTO DE MINAS,
EM 1928
De todas as ocorrências importantes da altura de seus esforços, para que a homenagem
história de Monte Santo de Minas, talvez a que tivesse o máximo do brilho possível, de que aquela
mais destaque mereça, seja a visita do então digna e importante personalidade era merecida.
presidente do estado de Minas Gerais – assim Do elemento de escolha e mais
chamado o governador do estado naquele tempo – representativo local, foram organizadas diversas
o dr. Antônio Carlos comissões,
Ribeiro de Andrada. que
Foi o primeiro gentilmente se
governador do encarregaram
estado que a cidade de todo o
teve a imensa movimento
satisfação de abrir as festivo, tendo
suas portas para o Antonio
receber. Constituiu, Paulino da
sem dúvida, um dia Costa, posto à
histórico para Monte disposição o
Santo de Minas. Dr. seu palacete –
Antonio Carlos um dos salões
chegou aqui no dia era ricamente
21 de abril e mobiliado a
permaneceu no dia Luís XV –
22 de abril, quando Foi nessa casa, no dia 22 de abril de 1928, que o dr. Antônio onde o
partiu no final da Carlos assinou dois decretos estaduais: autorizando a criação governador do
tarde para Itamogi. do segundo grupo escolar, que foi denominado de “Lucas estado esteve
A população Magalhães” e expediu o decreto regulamentando a lei que hospedado
promoveu a mais estabeleceu o voto secreto em Minas Gerais. juntamente
entusiástica e com sua
carinhosa das ilustre
manifestações ao ilustre hóspede e sua comitiva, e comitiva, então composta dos senhores: dr. Djalma
a municipalidade, que sempre esteve à frente das Pinheiro Chagas, secretário da agricultura; dr. Raul
festividades, não dispensou nenhum elemento, na de Almeida Magalhães, diretor da saúde pública;

-124 -
dr. Abilio Machado, diretor da Imprensa Oficial; No dia seguinte, 22 de abril, o dr. Antônio
tenente-coronel Oscar Paschoal, assistente militar. Carlos assistiu à missa das 10 horas, celebrada pelo
Ali, receberam-no os senhores: dr. Pedro Paulino padre Celso Para, na Igreja Matriz.
da Costa, coronel Francisco Paulino da Costa, dr. Após a cerimônia, o governador visitou o
Valdomiro de Barros Magalhães, dr. Dolor Brito Grupo Escolar “Dr. Wenceslau Braz” e a Santa
Franco, coronel Theodoro Paulino da Costa Casa demoradamente.
(prefeito), dr. Telemaco Autran Dourado, deputado Dr. Antônio Carlos observou todos os
Valladares, dr. Thomé de Freitas, Columbano nossos elementos de progresso, tendo em seus
Duarte, dr. Antonio Pereira Lima, dr. Tito Livio discursos, deixado bem frisante, a sua boa
Lages da Silva Pontes, dona Maria Amélia de impressão no tocante ao grau de desenvolvimento
Paiva, dr. José Caetano da Cunha e Plínio Silva, de material e adiantamento moral de Monte Santo.
Mococa, S.P. e diversos outros dignos e Como lembrança de sua passagem e muito
importantes pelos seus méritos e títulos. apreço à população monte-santense, dr. Antônio
À noite, no salão do fórum foi-lhe Carlos deixou na sua pasta, dois decretos estaduais,
oferecido, pela municipalidade, um banquete de autorizando a criação do segundo grupo escolar,
120 talheres, servido pela “Sociedade Aliança de S. que foi denominado de “Lucas Magalhães” e
Paulo”. O salão estava amplamente iluminado e expediu o decreto regulamentando a lei que
decorado com arte. Durante a refeição, a orquestra, estabeleceu o voto secreto em Minas Gerais. E
regida pelo maestro Vespasiano de Cerqueira Luz, ficou a promessa de um estabelecimento
tocou escolhidas peças musicais. Às 23 horas, secundário, que só seria concretizada quando o
iniciou-se o baile oferecido ao governador e governador Olegário Maciel, decretou a criação a
comitiva. Os salões do fórum, engalanados com instalação a 16 de maio de 1932, da Escola Normal
raro capricho e gosto, regurgitavam de famílias Oficial “Américo de Paiva”. Daqui o dr. Antônio
monte-santenses e de inúmeros convidados das Carlos seguiu em trem especial com destino a
cidades vizinhas de Guaxupé, Guaranésia, Itamogi.
Arceburgo, Itamogi, Jacuí, São Sebastião do Grande foi, pois, a gratidão do povo monte-
Paraíso e Mococa. As danças correram santense ao governador mineiro, pois o dr. Antônio
animadíssimas, abrilhantadas por esplêndido “jazz- Carlos demonstrou ser um paladino da democracia,
band”, até às 05 horas da manhã. O serviço de difundindo com ardor, o princípio liberal, que o
“buffet” foi irrepreensível e farto. caracterizou sempre como descendente da
tradicional família dos Andradas.

A COMPANHIA MOGIANA DE ESTRADAS DE


FERRO (1913-1971)
ESTAÇÃO MONTE SANTO
Fepasa (1971- c.1990)
Município de Monte Santo de Minas, MG Ramal de Passos - Km 47,307 (1938) MG-1536
Altitude: 894
Inauguração: 09.03.1913
Uso atual: sendo restaurada
Data de construção do prédio atual: 1913

O ramal de Passos foi inaugurado em seu Guaxupé a Guaranésia, em 1912. Foi sendo
primeiro trecho de 15 quilômetros ligando prolongado aos poucos, chegando a Passos, onde

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terminava, somente em 1921. Em fevereiro de de maio de 1911, o governo do estado de Minas
1977, o tráfego de passageiros foi eliminado, Gerais concedeu ao coronel Lucas Tobias de
sobrando os cargueiros, que, com o tempo, Magalhães, no dia 31 de maio de 1911, o direito de
passaram a atender somente ao carregamento de construção da estrada de ferro. Pelo direito de
cimento da fábrica de Itaú de Minas, e vindo não concessão, coronel Lucas Tobias de Magalhães
por Guaxupé, mas por São Sebastião do Paraíso, ali pagou ao estado a quantia de quatro contos e
chegando pela antiga linha da São Paulo-Minas. quatrocentos mil réis.
Com isso, o trecho entre Guaxupé e São Sebastião A instalação desta estrada de ferro
do Paraíso foi abandonado, e teve os trilhos colaborou muito para o desenvolvimento do
retirados por volta de 1997. O trecho entre Paraíso município, atraindo uma série de investimentos. O
e Itaú de Minas ainda tem seus trilhos, mas as agente executivo, dr.
cargas de cimento deixaram de circular já há anos e Valdomiro de Barros Magalhães,
o abandono da linha é total. O trecho final até promulgou a lei datada de 23 de outubro de 1912,
Passos teve também os trilhos retirados. autorizando a abertura de duas avenidas ligadas do
A ESTAÇÃO: Através da lei número 276, centro do município à estação ferroviária. Enfim,
de 18 de setembro de 1899 (que não teve efeito, no dia 09 de março de 1913, a Companhia
porque o conde Ribeiro do Valle, assinou em Mogiana de Estradas de Ferro inaugurou o trecho
Campinas, SP, com Bento Quirino, diretor da que chegou à Monte Santo de Minas. Esse ramal
Companhia Mogiana, o contrato malfadado que incluía as estações localizadas nas fazendas Catitó,
desviou os trilhos da estrada de ferro, que já Itiguaçú, Vicente Carvalhaes e a estação sede.

demandavam os rumos de Monte Santo... na Por alguns anos, de 1944 e 1948, teve, por
ocasião, somente um grande monte-santense se determinação do CNG, o nome (tanto dela como da
apercebeu do prejuízo irreparável que sofriamos) e cidade) alterado para Monsanto, revertendo no
da lei número 534, de 27 de setembro de 1910 e de final deste período para Monte Santo de Minas.
conformidade com o decreto número 3183, de 29

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A estação foi desativada depois da "Passei muitas férias escolares na minha
passagem do último trem de passageiros, em 19 de infância e juventude na residência de meus avós
março de 1976. Os trilhos foram retirados lá por que eram vizinhos desta estação, e eu e meus
1997. primos curtíamos muito quando o trem passava
"Eu e minha família nascemos em Monte apitando e buzinando, pois estava chegando à
Santo e lá diziam alguns moradores que certa noite estação, ou quando passava pelo trevo. Havia um
dois meninos, irmãos, que moravam perto dos maquinista que já nos conhecia e às vezes
trilhos, sumiram e foram encontrados mortos nos buzinava para nós, que ficávamos admirando a
trilhos com dois furos no pescoço e sem um pingo composição passar da horta de meus avós. Eu me
de sangue no corpo. No local onde morreram, lembro que existia uma composição que passava
erigiram uma capela para eles. Muitos anos por volta das 15:00 pontualmente todos os dias e
depois, o Linha Direta, programa da Rede Globo, um de meus primos sempre comentava que era
exibiu uma matéria sobre esse caso com o titulo O hora de tomar o café da tarde, claro com aquele
Vampiro de Monte Santo..." (Milton Junior, bolo de fubá e ou de laranja que havia acabado de
07/2001). sair do forno" (Waldir P. Roque Jr., São Paulo, SP,
A situação em 2001 do prédio não era tão 09/2004).
boa: "O prédio foi dividido em dois, uma parte "A estação já deu lugar à Escola Estadual
servindo como moradia, e a outra como uma Américo de Paiva nos anos 1980, quando a escola
tornearia mecânica. Muros foram construídos passou por reformas. Nesta ocasião, tive
tapando a passagem nas duas entradas frontais oportunidade de sentar nos bancos da estação
que servem à tornearia, estragando completamente ferroviária e ainda menino, contemplar a beleza
a bela fachada, mas aparentemente, por razões de daquele local" (Antonio Carlos Machado Junior
segurança. Seu estado de conservação não é dos Brasília, DF, 11/2007).
piores; é um prédio grande, imponente. Os trilhos Em 2010, o prédio estava totalmente
já não existem mais. Meu pai lembra que era nesta depredado, segundo Ana Maria Ferreira, do
estação que se fazia o carregamento de aves vivas Patrimônio Histórico da cidade. Em 2016 estava
e ovos na região, em vagões especiais, abertos, e habitado.
por isso nos dias de carregamento a plataforma se O prédio da antiga Estação Ferroviária do
enchia de penas!" (Rossana Romualdo, 07/2001). Distrito Sede, localizado a praça da Estação,
"Meu avô, e depois meu pai, tinham uma número 500, pertenceu a Companhia Mogiana de
serraria bem em frente à estação e eu tinha um Estradas de Ferro até o ano de 1971, quando a
prazer enorme em ver os trens chegando. Quando FEPASA (Ferrovia Paulista S.A.) assumiu a
tinha uns 12 anos, minha prima e eu comprávamos propriedade dos bens. Atualmente, faz parte do
um bilhete até a estação Itiguaçu, que era na acervo não operacional da extinta Rede Ferroviária
fazenda do pai dela, lá desciamos e caminhávamos Federal S.A.
até a sede para passar o dia. Jamais vou me O prefeito Paulo Sérgio Gornati, não têm
esquecer da viagem numa cabine, de Monte Santo medido esforços para que o patrimônio histórico,
até São Paulo. Hoje, a antiga estação é uma cultural e artístico de nossa cidade seja preservado,
grande tristeza, pelo grau de desprezo com que as perpetuando a história de seu povo.
autoridades trataram um marco histórico na No dia 09 de novembro 2017, o Diretor de
história do ciclo do café em Minas e São Paulo. Os Cultura e Turismo, Pedro Roberto da Silveira,
móveis, os banheiros que possuiam pias esteve em uma reunião na cidade de Belo
maravilhosas, as maçanetas das portas eram Horizonte, defendendo o Projeto de Revitalização,
estremamente elaboradas, bem como os bancos de Reforma e Restauração da Estação Ferroviária,
madeira, o relógio que marcava a chegada e saída bem tombado pelo município. Esta proposta foi
dos trens, tudo foi perdido num grande mar de elaborada pela Secretaria de Obras, através da
descaso que as autoridades brasileiras possuem Arquiteta e Urbanista Flávia Avelino.
com a memória histórica" (Maria Tereza Paulino Após aprovação da referida proposta o
Costa, New York, EUA, 04/2003). município recebeu a quantia de R$ 150.000,00
(cento e cinquenta mil reais) para iniciar as obras
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na Estação, sendo este destinado a troca e No local é perceptível ver como ficará o
renovação do telhado. auditório, a implantação dos banheiros, a salas de
Esta foi uma primeira conquista que trará cursos, a biblioteca, a secretaria e a sala de
frutos e benefícios para a nossa cidade, pois o local reuniões.
encontra-se fechado. Assim, num futuro próximo o Nesta etapa acontece também a restauração
imóvel passará a abrigar a Estação da Cultura que e revitalização das portas e janelas.
contará com uma biblioteca, um anfiteatro, salas de Tudo acompanhado de perto, assim nossa
oficinas culturais e de artesanato, espaço para Estação vai ganhando forma e demonstrando sua
músicas e um pequeno museu dedicado à história importância para todos os munícipes.
da ferrovia, além de espaços de convivência. Mesmo em fase de revitalização, obra
Atualmente, está na sua segunda fase de inacabada dá para ver o brilho aos olhos dos
revitalização a Estação Ferroviária - Bem Tombado monte-santenses que visitam o local e sonham ver
do Município de Monte Santo de Minas, em o espaço utilizado pela nossa rica cultura.
constante movimento.

LOJA MAÇÔNICA “CARIDADE MONTE-


SANTENSE”

Fundada em 27/03/1896 – Cadastro nº 499 adotou o nome de “Caridade Monte-santense” em


junto ao GOB-Grande Oriente do Brasil. clara alusão à “Caridade Mocoquense”.
Até os dias de hoje, a
Loja Capitular “Caridade Monte-
santense” considera a Loja
Capitular “Caridade Mocoquense”
como sua Loja-mãe e, por
conseguinte, a Loja Capitular
“União Mocoquense”.
Relação dos membros,
ramos de atividade, data de
iniciação na “Caridade
Mocoquense”
Afonso Sicilia – Artista – Italiano –
15/06/1893;
Bernardino Pansardi – Proprietário
– Italiano – 26/03/1895;
Francisco Fernandes Pedrosa –
O terreno e o prédio da Loja Maçônica “Caridade
Negociante – Brasileiro - 31/10/1894;
Monte-santense” foi doação do coronel Francisco
Gê Pereira Lima. Francisco Gê Pereira Lima – Fazendeiro –
Brasileiro – na 29/01/1896;
Todos os fundadores da Loja “Caridade
João Bernardino de Freitas – Fazendeiro –
Monte-santense” eram membros ativos da Loja
Brasileiro – 25/10/1895;
Capitular “Caridade Mocoquense” e nela
José Pinto da Cunha Junior – Artista –
permaneceram sempre, tanto é que, o título
Brasileiro – 25/10/1895;
distintivo da Loja então fundada em Monte Santo,
José Bruno – na Negociante - Italiano –
07/11/1889 (*)
-128 -
(*) – Esta data se refere à sua iniciação na Ir∴José Bruno, o de 2º. Vigilante o Ir∴João
Italia; regularizou-se na “Caridade Mocoquense” Bernardino de Freitas, o de orador o
em 14/08/1895. Ir∴Wenceslau Braz Pereira Gomes, o de
Em 07/03/1896, foi iniciado na Loja Secretário o Ir∴Francisco Pedrosa, o de
“Caridade Mocoquense”, Wenceslau Braz Pereira Tesoureiro o Ir∴José Pinto da Cunha Junior e o de
Gomes. Nesta mesma data, foi exaltado ao Grau de cobridor o Ir∴Bernardino Panjardi, na forma do
Mestre Maçom (grau 3.´.). Art. 99 do Regulamento Geral. Pelo presidente
Participou da fundação da “Caridade foi declarado estar instalada provisoriamente a
Monte-santense”, sendo eleito orador, cargo que Loja Maçônica – “Caridade Monte-Santense” – e
ocupou enquanto residiu em Monte Santo. mandou que fosse lavrada esta em que todos os
“Ata de instalação da Loja Maçônica Ir∴assinam.
Caridade Monte-Santense Eu Francisco Pedrosa secretario que escrevi e
Aos vinte e sete dias do mês de Março de assino
mil oitocentos e noventa e seis, nesta cidade de O Venerável interino Francisco Ge Pereira Lima,
Monte Santo, ás sete horas e meia da noite, em Gr∴3∴
sala reservada, presentes os IIr∴ José Bruno, 1º. Vigilante interino José Bruno, Gr∴18∴
gr∴18, Francisco Gê Pereira Lima, Gr∴3∴, João 2º. Vigilante interino João Bernardino de Freitas,
Bernardino de Freitas, gr∴3∴, Francisco Pedrosa, Gr∴3∴
gr∴3∴, Bernardino Panjardi, gr∴ 3∴, José Pinto da Orador interino Wenceslau Braz Pereira Gomes,
Cunha Junior, gr∴3∴ e Wenceslau Braz Pereira Gr∴3∴” (sic)
Gomes, gr∴3∴ para o fim de instalar a Loja
provisória – Caridade Monte-Santense, munido Antonino Silva, mocoquense, professor.
todos os Ir∴ dos documentos exigidos pelo art. 99
do Regulamento Geral, assumindo a presidência
por acordo unânime dos IIr∴ o Ir∴Francisco Ge
Pereira Lima, ocupando o lugar de 1º. Vigilante, o

PEQUENA HISTÓRIA DO CARNAVAL DE MONTE


SANTO

O carnaval existe em Monte Santo desde o líquidos mal cheirosos nos limões, o que provocou
século XIX, na forma do entrudo como os o seu desaparecimento.
portugueses o trouxeram para o Brasil no início da Com o surgimento dos primeiros
colonização, mesmo porque a população inicial da automóveis na década de 1910, teria surgido o
cidade era de origem portuguesa. Segundo o Corso de automóveis enfeitados, com as capotas de
costume português, eram confeccionadas bolas lona descidas. Os automóveis levavam foliões e
finas de cerca com água-de-cheiro dentro. As bolas quando um veículo cruzava com outro, eles
eram lançadas nas pessoas. Chamavam-se “limões- jogavam confetes e serpentinas e um tipo de
de-cheiro” ou laranjinhas-de-cheiro. O entrudo até perfume guardado em uma bisnaga de vidro,
as primeiras décadas do século XX, com o uso dos provavelmente o vidro lança-perfumes. Os próprios
limões de cheiro e com o costume de jogar água donos dirigiam os carros e nas capotas abaixadas
nas pessoas, quando passavam debaixo de alguma iam sentadas duas ou três moças bonitas. Quem
janela, por ocasião dos festejos anteriores à quisesse, podia acompanhar o Corso. Formava-se
quaresma. Esse tipo de brincadeira tornou-se alguns blocos pequenos, que iam atrás do Corso.
desagradável, quando algumas pessoas colocavam Esses desfiles e as batalhas de confetes na rua eram
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interessantes tanto para os participantes, como para Essa história é bastante antiga, ainda no
as pessoas que assistiam nas calçadas. O Corso tempo do Corso.
durou até o início do século XX. Bailes carnavalescos de salão também
Havia também desfiles a cavalo, eram existiam. Eram realizados no Hotel Bruno somente
comuns durante o carnaval. Sobre a participação para adultos e contavam com a participação de
das pessoas montadas a cavalo em festejos de grande número de pessoas, que apresentavam
carnaval, Faria (Dr. Domingos Luz de Faria, muito bem vestidas, com trajes sociais ou fantasias.
cidadão monte-santense , antigo folião, Conforme Faria (entrevista, agosto 2005):
entrevistado em agosto de 2005) conta um fato que Houve um ano que choveu demais, teve enchente.
acabou virando piada: A cidade ficou sem luz nos dias do carnaval. Os
O pai de Magalhães Pinto (este governador de bailes do Hotel foram realizados à luz de lampiões
Minas Gerais) veio a passeio, a Monte Santo e e velas. Levaram um automóvel e o colocaram,
participou do desfile de carnaval a cavalo. funcionando, com as rodas de trás suspensas.
Passando pela atual Rua Dr. Wenceslau Braz, Tiraram os pneus e puseram correias e usando um
descendo já no terceiro quarteirão, mais ou menos dínamo, produziram eletricidade para iluminar o

Da esquerda para a direita, Celuta Nasser, a rainha do carnaval de 1937 e Noêmia Luz Castro Moscardi.
Os demais não foram identificados.

no meio da quadra, do lado esquerdo havia um Hotel. E teve o baile de carnaval. A música era
terreno, onde tinha uma cisterna. Ele entrou com o executada por uma ou mais clarinetas. As músicas
cavalo no terreno e, não se sabe como, a garupa tocadas eram marchinhas carnavalescas. Até o
do cavalo, com o cavaleiro ainda montado, caiu na final da década de 20, não existiam na cidade,
cisterna, ficando ali meio enlatado, com as patas entidades carnavalescas. Os blocos formavam-se
dianteiras para cima. Juntou uma porção de gente, nos dias, cada qual com meia dúzia de pessoas ou
que tirou ambos da cisterna, o cavalo e o um pouco mais.
cavaleiro. No início da década de 30, o carnaval
iniciava-se com a chegada do Rei Momo, ao
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escurecer. Ele chegava de trem. Embarcava na Na história do carnaval em tempos mais
estação ferroviária de Itiguaçu (propriedade rural) e remotos, observa-se a distância social existente
vinha descer na estação de Monte Santo, onde os entre “popular”, representado pelo carnaval de rua
blocos já fantasiados iam recebê-lo. Da estação e a “elite”, que se divertia nos bailes selecionados
todos desciam dançando e seguiam até o Jardim dos melhores salões da cidade.
Velo. Soltavam-se fogos de artifício para receber o Isso explica Coelho (1942), ao afirmar:
Rei Momo. Quando aludimos ao carnaval de rua,
Os instrumentos utilizados pelos foliões queríamos dar apenas uma ideia de que aqui
eram caixas de percussão e os adereços de também se faz o carnaval externo, porém a nota de
brincadeira eram serpentinas e lança-perfumes. relevo é dada pelo gosto na organização dos bailes
Depois passou a existir uma pequena orquestra que nos salões mais amplos que a cidade possui. É nos
tocava na rua. Eram poucos músicos e entre os salões que se pode apreciar a presença da família
instrumentos já existentes, apareceu o saxofone. monte-santense na sua maioria, como diz o rifão –
Coelho (Dr. Joaquim Ernesto Coelho foi “E ali que ela entra na dança”.
médico monte-santense) afirmou em artigo escrito Apenas dois blocos antigos sobreviveram.
para o Anuário de Monte Santo, em 1942: Surgiram em 1934 os dois blocos que existem até
Monte Santo, pelo gênio comunicativo de sua os dias atuais: “Flor do Braz” e “Coração do
gente, dá um “que” todo singular nos festejos, Belém”. É bastante interessante a origem desses
pois há aqui aquele carnaval individual dos blocos.
grandes centros, em que cada um brinca quase Monte Santo era uma cidade muito pacata e
que isoladamente em meio de um turbilhão de com pouca opção de lazer. Havia chegado um
foliões, ou com grupos de amigos. parque de diversão na cidade e instalou-se no largo
De modo todo diferente é organizado nosso da Matriz, cuja construção estava começando. O
tradicional carnaval, pois ele é aqui uma festa dono do parque era um italiano, que não media
pública, embora não seja oficializado, e para a esforços para atrair a população. Não se pode negar
qual toda a população contribui com satisfação; que estava em jogo o interesse financeiro. E como
é, portanto uma festa popular e todos têm a sua todo italiano era um mafioso, o dono do parque
parte de compensação. decidiu promover um concurso de beleza, com o
O carnaval de rua era animado com a objetivo de atrair as pessoas e arrecadar mais
presença de blocos pequenos que iam surgindo ou dinheiro. Para a realização do concurso, ele dividiu
se organizando antes das comemorações. Alguns a cidade em três partes e cada qual apresentaria sua
blocos eram mais refinados, outros eram mais candidata à rainha da cidade. A divisão era a
simples, porém todos já demonstravam o gosto dos seguinte: da Casa Braga, loja situada numa esquina
monte-santenses pelo carnaval. da rua Presidente Vargas (atual Dr. Pedro Paulino
Coelho (1942) explica: da Costa) até ao jardim Velho, compreendendo uns
Muitos são os blocos que apaixonam os dos quarteirões em linha reta e adjacências, isto é,
aficionados da festa estonteante e dentre elas, dois ruas paralelas, seria o Belém. O nome Belém foi
se sobressaem para disputar primazia nas dado em virtude da existência da Igreja Velha
colocações, não só de carros alegóricos como em localizada nesse setor da cidade e dizia-se que
fantasias, o que são feitos com o maior gosto Belém era a porta do Céu. Da rua da Santa Casa
artístico e estes sem deixar nada a dever, quer pelo (atual Dr. João Ribeiro) até a praça da Matriz e
gosto, quer pela riqueza de adornos. adjacências era a outra parte: o Braz, setor onde
Para tanto, a cidade se divide em duas partes, sem morava a maioria dos italianos que haviam se
que haja outro objetivo senão defender as cores de estabelecido em Monte Santo. E entre o Belém e o
seu bando. Braz estava o Centro, a terceira parte.
“Flor de Liz” e “Coração do Belém” são os Oliveira (Graciano de Oliveira, o sr. Fiúca,
grandes competidores nessa corrida anual e outros cidadão monte-santense, antigo folião, entrevistado
como “Flor do Sertão”, “Última Hora”, etc., em junho de 2005), afirma:
completam a alegria monte-santense no tríduo do O italiano do parque era inteligente, fez o Braz
Momo. maior que o Belém, era apenas dois quarteirões.
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Atrás do Jardim Velho era o beco da Porteira, com Existe uma outra versão sobre a origem do
poucos moradores. O bairro, onde é hoje o Jardim carnaval do Braz e do Belém. Alguns atribuem o
Magnólia, era um pasto grande, pertencia ao dr. início e a criação dos blocos a Natalino Triginelli e
Antônio Pereira Lima, herdeiro do major Vicente, Odoni Viani, sendo que este aprendia a profissão
que foi o primeiro chefe da cidade (Chefe de alfaiate em São Paulo e residia no bairro do
Executivo). A parte do Braz era a rua da Santa Belém, enquanto aquele, residente no bairro do
Casa inteira, a rua do Caetano (Caetano Braz, era advogado na capital paulista. De volta a
Camarota, comerciante, filho de italianos), até na Monte Santo, teriam fundado os blocos, cujos
igreja e depois no quarteirão da Igreja e a nomes escolhidos seriam os dos respectivos bairros
Mocoquinha (rua Isaac Soares). As casas em roda em que moravam em São Paulo. O nome de
da Igreja eram tudo Braz. Eram vendidos bilhetes Caetano Camarota, filho de italianos, aparece

Componentes do Braz, no carnaval de 1937.

para o concurso de beleza para ele ganhar o também nesse início.


dinheiro. O Belém lançou como candidata Edith Todavia, monte-santenses como Oliveira (o
Magalhães. Edith Magalhães era bonita, mas não sr. Fiúca) e Faria (o dr. Domingos), que
era uma beleza de chamar atenção. Maria presenciaram a criação dos dois blocos e
Lanzoni, que era descendente dos italianos do participaram dos mesmos desde o começo,
Braz, já era outro tipo de beleza, era bonita, apontam como verdadeira a origem histórica a
vistosa. Ela era animada, dançava nos bailes de partir do parque de diversões.
roça, no baile da Serra. E a Marieta Magalhães já Em 1935 saiu à rua o Zé Pereira (que surgiu
era mais velha, já tinha uns quarenta anos naquele no Brasil em 1848) ao som de bate-caixa e bate-
tempo. A Maria Lanzoni venceu o concurso de lata, anunciando o desfile dos blocos
beleza. Até os moços do Belém votaram na carnavalescos: Braz e Belém. O Belém saía do
candidata do Braz. Cada um conta uma história, Jardim Velho e o Braz saía da matriz. As fantasias
mais isso é o que eu gravei bem. eram muito simples. Foi nesse momento que
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apareceram os foliões pioneiros de um e outro Santos, Iolanda Paulino, Yole Salotti, Argentina
lado. E a rivalidade também. Leone, Janyra Godoy, Dijanira Valini, Ruth Valini,
Entre os pioneiros antigos, antigos foliões, Eunice dos Reis, Aparecida Luz, Maire Luz, Doris
além de organizadores, podem ser citados Odoni Parisi, Neide Parisi, Anita Ribeiro, Elza Greghi,
Viani; José Lattaro de Oliveira; Alberto Marino; Ermengarda Greghi, Joana Netto, Elza Netto, Júlia
Roque Marino (vais velhos) e também a ala jovem Netto, Nair Marinzechi, Geralda Luz, Nilva Luz,
da época: Graciano de Oliveira, Nahor Luz de Nair Rigobello, Aparecida Rigobello, Maria José
Faria, Domingos Luz de Faria, Sebastião Ribeiro Ribeiro, Cleufe Oliveira, Elia Paiva, Raquel
de Faria Júnior (Sadi), Pedro Luz, José Luz, Elias Rigobello, Hortensia Ribeiro de Lima e outras.
Abrahão, Domingos Luz, Laércio Silva, Elio Luz, Isaura Luz era do Belém, ajudava bastante, mas
Otacilio Luz, Odilon Luz, Edwar de Oliveira, não desfilava.
Osmar Gomes de Paiva, José Espósito, Otávio Do lado do Braz, os pioneiros foram:

Componentes do Belém, no carnaval de 1939.

Meda, Fabiano Soares, José Donabella Filho, Natalino Triginelli, Caetano Camarota, José
Waldemar Ribeiro, Benedito Marques, Oríode Larisca, José Salomoni, Natalino Piccinini e
Viani, Olímpio Viani, Jorge Ribeiro, Alcides outros.
Santana, Ary Magalhães, Joel Paulino, Wilson José As moças do Braz da mesma época eram:
Parisi, Sebastião Parisi, Nicola Espósito, Noraldino Celuta Nasser, Magnólia Pereira Lima, Noêmia
Paulino, José Coelho, Manoel Ribeiro, Alberto Luz Luz, Maria Lanzoni, Maria Demasi, Dirce, Nirce,
e outros, do Belém (1935). Alifonsina Braga e Alda Braga, Maria, Rosa,
Entre as jovens do Belém, da época, Filomena e Aparisina Parisi, Vanda Pereira Lima,
destacavam-se Ada e Anísia Viani, Olga Freitas, Alice e Fausta Armond e outras.
Arminda de Souza, Lourdes Mazzaro, Edith
Magalhães, Zizi e Diva Magalhães, Sebastiana
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Há quem diga que as moças da família O carnaval era feito pela classe média e pela
Braga pertenciam ao bloco da Cidade, mas classe operária. As famílias mais ricas não
acabaram indo para o Braz. participavam. Alguns ajudavam um pouco.
O farmacêutico José de Campos Cardoso, Com o tempo os desfiles de carnaval começaram a
era grande incentivador do carnaval e participava evoluir, tomaram maior vulto e passaram a ter
do Bloco do Belém. mais expressão. A turma da Cidade, passou a
O Centro, que também era chamado participar também, porém quase sempre do lado
Cidade, por ser o miolo de Monte Santo, não tinha do Braz, que aumentou ainda mais o número de
bloco grande, mas pequenos blocos de seis a oito participantes.
pessoas, grupinhos como o “Bando da Luz”, Na segunda metade da década de 30, o
“Banda Estrela”. Eram luxuosas e existiam à parte, carnaval monte-santense apresentava-se por três
separados do Braz e do Belém. noites. Cada noite com uma fantasia diferente. As
A respeito do bloco Bando da Lua, Oliveira fantasias eram simples. Uma camisa listrada já era
(entrevista), jun. 2005), comenta: uma fantasia. Geralmente deixava-se para a última
O Chico Cebola vivia trancado em casa. Suas noite a melhor fantasia. AS fantasias mudavam de
sobrinhas eram muito bonitas e tinham vozes ano para ano. Por exemplo: um ano o Belém saía
maravilhosas. O Braz não quis se unir com elas. com fantasia de cigano e o Braz saía de pirata.
Carros alegóricos
davam um toque especial aos
desfiles chamando a atenção
do público, pois eram muito
enfeitados, traziam jovens
bonitas fantasiadas, além de
mostrarem a habilidade de
muitas pessoas que gostavam
de apresentar novidades,
usando criatividade e técnica.
Oliveira (entrevista,
jun. 2005) explica:
Os carros existiam desde o
início dos blocos. Em 1937, o
Sociedade Recreativa Belém. carnaval melhorou bastante.
Os carros foram melhorando, progressivamente.
Então formaram o Bando da Lua. Era lá do alto da Os carros do Braz eram melhores, mais
caixa d’água, um bloco pequeno, com oito ou dez elaborados. Nessa questão, o Belém não competia
pessoas, que cantavam no meio da rua. Existia com o Braz.
também o bloco “Flor do Sertão”, que fazia baile Sobre os carros, Faria (entrevista, ag. De
na Operária (Sociedade Operária). Era alinhado, 2005), observa:
formado quase só de gente da roça, um bloco Teve um ano (provavelmente em 1938) que
simples, mas bonito. Ainda havia o bloco “Última Sizinho (Tarsízio Luz), Paulão (Paulo Romeu Luz),
Hora”, de Giovanni Tortorelli e José Felicetti. Bertinho Luz (Alberto Luz), Nahor (Nahor Luz de
Os blocos do Braz e do Belém contavam Faria) e eu (Domingos Luz de Faria), passamos a
com a participação de famílias distintas da cidade, noite trabalhando no carro do Belém. Era o carro
de classe média, tanto na sua organização, como principal e trazia César no trono de Roma e
contribuição com trabalho, ajuda para a confecção Cleópatra a seus pés. Tinha uma escolta de
de fantasias, mas no geral, os participantes soldados romanos, escravos e muitas alegorias.
pertenciam à classe operária. A duração dos Um escravo abanava o César. O chapéu de César
festejos carnavalescos era de três noites. foi feito por Isaura Luz. E à noite, quase que o
Oliveira (entrevista, jun. 2005), constata: carro não saiu, porque a luz da cidade apagou.

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Um outro ano, quando Zizi Magalhães foi rainha Em 1938, a rainha do Belém foi Samira Abrão e
do Belém, o Joaquim Luz fez um carro em formato em 1939, a rainha foi Ada Viani. No Braz
de flor, que abria e fechava. A Zizi foi no carro. E destacaram-se belas rainhas como: Celuta Nasser,
o Bertinho inventou de fazer um dragão enorme, Noêmia Luz e Toti.
que quase não virava a esquina. O Bertinho e o A tradição oral traz à tona lembranças de
Roque Marino faziam carros muito bem feitos. Os casos e episódios do passado que marcaram
tios da família Luz também ajudavam. Toda a determinados anos, talvez face á rivalidade
família Luz participava ativamente do Belém, não existente entre o Braz e o Belém. Muitas pessoas
só fazendo parte mais velhas,
dos desfiles, que
como também participaram do
ajudando também carnaval ou que
na organização, conheceram os
na criação e blocos na
elaboração dos juventude,
carros gostam de
alegóricos. Paulo contar alguma
Luz e Tarcísio passagem
Luz gostavam de curiosa.
trabalhar na Faria
confecção dos (entrevista, ag.
carros. 2005), lembra
Havia alguns fatos
também as acontecidos no
famosas Escola de Samba do Braz. carnaval do
marchinhas de Belém:
carnaval, que animavam os foliões e os desfiles. O Provavelmente em 1939, surgiu um boato
Belém trouxe o Tigani para Monte Santo, para que o Belém recebeu um aviso que não deveria
tocar no Belém. Ele era pistonista. E como tinha passar do ponto (o ponto era ali na “divisa”, onde
profissão de tipógrafo, montou aqui, o hoje está a panificadora “Ao pão gostoso” e a
Estabelecimento Gráfico Tigani. residência da Maria Benedita Paulino da Costa). E
O Braz sempre exibiu carros alegóricos ficou aquele clima de desconfiança. Os homens de
muito bons, bem iluminados. Eram feitos por responsabilidade do Belém foram na frente dos
pessoas que entendiam do assunto e que possuíam blocos sisudos, com as mãos para trás e abriram
técnica necessária. caminho para o Belém. Houve o desfile e eles
Costa (Maria Benedita Paulino da Costa, levaram o bloco até a Igreja. Esses homens eram
cidadã monte-santense, foi figurinista do Braz), em José Custódio Luz, Nenê Faria, Chiquito
entrevista realizada em novembro de 2005, faz Magalhães, Antônio Parisi. Quando o assunto era
comentários sobre os carros do Braz: dinheiro, o Antônio Paulino abria a lista do Belém
Natalino Piccinini era quem confeccionava os todo ano.
carros alegóricos, cuidava de toda a parte elétrica Foi na primeira fase de existência dos
e iluminação. Seu filho, José Ângelo, continua com blocos, quando estavam em plena atividade, que
o trabalho em que o pai foi pioneiro. algumas divergências aconteceram provavelmente
Os blocos do Braz e do Belém passageiras, próprias dos dias de carnaval.
apresentavam belas rainhas. Cada ano, um e outro FARIA (entrevista, ag. 2005) relata:
bloco escolhia uma rainha entre as mais belas Uma outra coisa interessante foi um
moças da época. Suas fantasias eram especiais e encontro: O Belém saiu do Jardim Velho e o Braz
geralmente desfilavam nos carros, em lugar de saiu da Praça Silvério de Melo. Encontraram no
destaque. ponto. Um queria passar para cá, o outro queria
Faria (entrevista, ag. 2005), comenta: passar pra lá e quase que saiu briga. Os foliões
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jogavam terras nos olhos uns dos outros (a atual Zarita (Maria do Rosário Paulino da Costa)
rua Dr. Pedro Paulino da Costa não era calçada). trabalhou demais pelo bloco. Hoje, a Dita (Maria
Misturou gente de todo nível e virou uma confusão. Benedicta Paulino da Costa) também trabalha
Após o término dos festejos, sobravam os muito pelo Braz. Acho o Egmar (atual presidente
comentários sobre pontos positivos e negativos, do Braz) espetacular e o José Piccinini também.
críticas, elogios, enfim passavam-se vários dias até As rivalidades políticas desapareceram no
que o assunto se esgotasse. carnaval. Alguns daqui (do Belém) pendiam para o
Outro caso relatado por Faria (entrevista, Braz e vice-versa. Naquela época (1934 a 1939)
ag. 2005), é o seguinte: não existia samba-enredo, eram cantadas
Numa quarta-feira de cinzas teve uma briga marchas. Aproveitava-se para uma marcha
na estação. Gente que vinha de trem para voltar, carnavalesca e fazia-se a paródia. O “Abre Alas”
que morava fora embarcou para seguir viagem. é uma paródia de uma marcha de carnaval
Havia tocado no carnaval uma orquestra de São chamada ‘Turista’ e foi feita por Chiquinho
Sebastião do Paraíso. De repente formou um Magalhães; ficou como um hino do Belém, todo
“fuá”, que eu provoquei sem querer. “Meti o pau” ano canta e nunca deve parar.
na orquestra. Eles quiseram me bater e o Belém Interessante, eu que participo desde o começo,
reagiu. O trem teve que andar devagar, quase posso dizer. O Belém pode estar desanimado para
parou fora da estação. sair, toca o Abre Alas, parece que o povo reanima.
O fato é que a rivalidade entre os dois Só tem um problema: Monte Santo tem um povo
blocos realmente existia, era ferrenha, muito mais de memória curta, não dá valor no carnaval que
forte no passado do que na atualidade. tem.
Sobre a rivalidade, Costa (entrevista, nov. Ô Abre Alas
2005), comenta: Que eu quero passar;
Meu pai (Dr. Pedro Paulino da Costa) dizia Sou do Belém e venho farrear.
que na esquina de casa, onde era o “ponto”, A nossa turma não pode haver outra igual
encontravam-se os dois blocos e o “pau comia”. Deixa saudade em todo carnaval.
Mas aquela rivalidade monstruosa, eu combati Já vi carnaval por aí
muito. A rivalidade diminuiu muito, melhorou. Hi! Hi!
O curto período do carnaval era reservado à Já vi carnaval
alegria. Era um momento de diversão esperado por Lá no Braz
todos que desejavam comemorar, desligar-se dos Az, Az!
afazeres do cotidiano, estar em companhia de E mesmo que visse cem,
amigos ou pessoas queridas. O que era importante Nenhum carnaval
era preparar a “brincadeira”, contanto, cada bloco Seria igual do do Belém.
com a maior ajuda possível, para o sucesso de seu O “Abre Alas” tornou-se o hino do Belém.
desfile. Tem o poder de animar o bloco todo. Quando se
Oliveira (entrevista, jun. 2005), afirma: faz ouvir, todos os foliões já sabem que devem
O Belém toda vida teve um carnaval alegre, pra estar a postos porque chegou a hora. É o bloco que
divertir. Diziam que os ricos eram de cá, mas os pede passagem, se faz anunciar. O público também
ricos daqui não ajudavam. O carnaval era feito sabe que aquele é o momento. Corações batem
por gente pobre. A unidade daqui (a turma do acelerados. A expectativa é geral. Começa o rufo
Belém) é que fazia nosso carnaval. A união de dos surdos, soa a voz do samba e no embalo do
todos, porque entre o nosso povo (do Belém), todos “Abre Alas”, surge a Escola do Belém, ostentando
trabalhavam. E hoje continua sendo assim. Chega o vermelho e branco na bandeira.
no carnaval, todos no Belém se unem. Vital No Braz, de acordo com Ribeiro e Costa,
Paulino, Noraldino Paulino, Orlando Paulino e destacou-se o samba “Nas Ruas de Monte Santo”,
Joel Paulino sempre foram do Belém. Quem mais letra e música de Adylson Godoy, 1976.
contribuía era a Dª Maria Paulino, mãe de Joel. Nas ruas de Monte Santo de Minas
Tito Paulino também contribuía muito. Todos eles É hora do nosso bloco cantar
moravam nesse pedaço (no Belém). No Braz, a A tradição, a riqueza das pedras do Imperador.
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Do sangue inconfidente, a liberdade nasceu. O traço mais parecido com o carnaval do
Que os filhos de Monte Santo se lembram do vai e Recife era a presença dos cabeções, que apesar de
vem modestamente preparados, faziam sucesso,
Seja Braz ou Belém. despertando a curiosidade do público, que achava
Das águas do Pinheirinho, da bênção do nosso rei, muita graça nessas figuras. O boi, típico das festas
Do carnaval, do folclore, a Folia de Santos Reis. do Norte (Amazonas e Pará) e do Nordeste
É Braz, é Braz, é Braz. (Maranhão) também chamava atenção do público,
Branco e preto nossas cores nas terras de Minas pela originalidade e pela característica folclórica.
Gerais. Ferreira (entrevista, nov. 2005), explica
A flor, a flor de Liz como eram feitos os cabeções:
Tradição do nosso bloco, do povo desse Além do boi e do burrinho, os cabeções chamavam
país. atenção nos blocos. Eram também feitos de jornal.
No ano de 1940 não houve carnaval. Os Ia molhando o jornal e modelando os cabeções.
blocos não desfilaram. O carnaval de rua de Monte Depois eram pintados com piche. No meio do
Santo parou. Há quem diga que o motivo foi a cabeção, no lugar do pescoço, era colocado um
Segunda Guerra Mundial, que começou em 1º de bambu para segurar. Sempre usava um pouco de
setembro de 1939, causando tensão em todo o cola, que era feita de farinha de trigo, porque não
mundo. dava para comprar. A chita cobria o bambu até se
Houve um tempo, possivelmente dos anos arrastar no chão e eram os braços, também de
50 aos anos 70 (não é possível precisar a data chita. Uma pessoa entrava na roupa e segurava no
exata), período em que o Braz e o Belém pareciam bambu para carregar o boneco.
estar extintos, que um mineiro, do norte do estado Os foliões do Bloco do Braguinha
(Antônio Carlos Braga) da cidade de Curvelo, e divertiam-se de modo diferente. Não era
radicado em Monte Santo, fazia um carnaval de desenvolvido um tema. As fantasias não
rua, no estilo do nordeste, parecido com os representavam personagens históricos, sociais ou
carnavais de Olinda e Recife, muito popular, políticos. Saíam à rua para se divertirem e divertir
simples e criativo. Foi daquela região que ele o público, com muitos figurantes. Ferreira,
trouxe a inspiração. Era o carnaval do Braguinha. entrevista, nov. 2005), relata:
O povo saía à rua para ver o Bloco do Braguinha. Os homens se vestiam de mulher e as
Ferreira (Rosemeire Braga Ferreira, monte- mulheres se vestiam de homem. Adultos, jovens e
santense, filha do Braguinha) relata em entrevista crianças participavam do bloco. Era muito
realizada em novembro de 2005, como seu pai animado, pois não tinha outra coisa, então o povo
organizava o bloco: saía para ver o Bloco do Braguinha. Tempos mais
No bloco tinha o boi, que era feito de tarde, o Corridinha começou a sair junto com o
bambu e coberto de pano de chita estampada. Uma bloco. O Luizão começou a tocar. Eu fui porta-
pessoa entrava naquela armação, que parecia uma bandeira do bloco e meus irmãos saíam de
cesta grande. As pernas ficavam livres para andar burrinho.
e dançar, mas o pano que cobria o boi chegava até O Braguinha era figura popular na cidade,
o chão e o corpo da pessoa, da cintura para baixo, muito conhecido, gostava de carnaval. Há
ficava aparecendo sobre um lombo do boi. A comentários de que fez mais de quarenta anos de
cabeça do boi era modelada em jornal molhado e Carnaval em Monte Santo. Promovia também
ficava perfeita. Era colocada a rédea e a figura bailes de Salão.
que carregava a fantasia ficava como se tivesse Sobre os bailes, fala Ferreira (entrevista,
montada. Colocava o chapéu e parecia um nov. 2005):
“cavaleiro”. Havia também fantasia de burrinho, Aqui tinha três clubes. O Minas Clube que
no mesmo estilo do boi, com a mesma técnica. A era dos ricos, a Associação Comercial que era da
molecada gostava de puxar o rabo do burrinho e o classe média e a Sociedade Operária que era dos
rabo do boi. Então punha alfinetinho no rabo dos pobres, das quengas. Quem ia lá eram essas
animais. Aí ninguém puxava mais. mulheres “assim”, ne?! Meu pai tinha o bloco de
rua e fazia bailes de carnaval na Operária. O sr.
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Vital (Vital Paulino da Costa), que era prefeito, estavam: Celuta Nasser, Paulinho Veloso, Márcio
deu à Sociedade Operária para meu pai fazer os Paulino. Do lado do Belém: Mércia Paulino,
bailes. Nesse tempo a prefeitura dava uma Cidinha Paulino, Terezinha Lima, Teodora
ajudazinha, tanto para esses bailes, como para o Oliveira Vitório, Maria Zélia M. Pereira de Melo,
bloco. Depois meu pai perdeu a Operária. Ana Donabella, Dirce Luz e outros. Mas o
E Ferreira (entrevista, nov. 2005), conclui: carnaval de rua é cíclico, tem fases. Teve ano que
Teve um ano em que o Belém (O Belém e o saiu, ano que não saiu. Depois parou. Em 1985,
Braz já haviam recomeçado os desfiles), fez 1986 e 1987, tanto o Braz como o Belém
homenagem para meu pai. Apresentou uma ala da desfilaram. Em 1985 e 86, o Belém trouxe estilista
escola, a Ala do Boi, lembrando o Bloco do (o Dudu) de São Paulo e em 1987, veio o Cláudio,
Braguinha. do Rio de Janeiro. Por um ou dois anos o Braz
A homenagem ao Braguinha aconteceu no saiu e o Belém não. Em 1992, o Belém desfilou.
ano 2000, quando o Belém apresentou o tema “A Em 1996 e em 1997, o Belém saiu com o Blocão.
História foi assim”, tema este que homenageou a Em 1998 não saiu. Em 2001. O Belém estava sem
cidade, contando sua história, isto é, os aspectos dinheiro, meio desestruturado, não deu para sair o
principais do passado de Monte Santo. bloco. O Braz saiu sozinho.
Histórias e mais histórias, lembranças e Muitos talentos são canalizados para o
mais lembranças... Ah! “Aqueles carnavais” têm carnaval e outros afloram ou são aperfeiçoados em
história e deixaram saudade. função dele, produzindo um verdadeiro show de
Todavia, como diz o vulgo popular “tudo o arte, um espetáculo de bom gosto. Lideranças
que é bom dura pouco”, assim também foram os também são definidas e habilidades de pessoas dos
carnavais de outrora. A primeira fase do Braz e do dois blocos são aproveitadas. Foi assim que
Belém encerrou-se por volta de 1940, para renascer surgiram os carnavalescos e figurinistas,
mais de trinta anos depois. costureiras, bordadeiras, organizadores de alas,
Na verdade, empregar o termo renascer letristas, elaboradores de arranjos musicais,
seria demasiado forte, pois ambos os blocos eram construtores de temas.
especiais demais para acabar. Não chegou a Piovesani (entrevista, ag. 2005), explica:
acontecer a sua extinção, uma vez que sua história Quando os dois blocos saíam regularmente
foi muito bem guardada na memória e no coração às ruas, era o João de um lado (Belém) e o Egmar
dos participantes, que, saudosos, não deixam de (Braz) do outro. Eles são dois símbolos, dois
repetir aos descendentes, centenas de vezes, carnavalescos que marcaram época, seguindo a
histórias do Braz e do Belém. linha de luxo e da ostentação. Na fase dois,
Na década de 1970, reiniciaram-se os tivemos na diretoria do Belém: Waldemar Salgado
desfiles carnavalescos do Braz e do Belém. de Oliveira Filho (presidente), Graciano de
Piovesani (Maria de Fátima Jorge Oliveira, o Fiúca (vice-presidente), João Batista
Piovesani, monte-santense, foi presidente do Jorge (diretor social), Célio Marcio Lanza
Belém e hoje ocupa o cargo de vice-presidente) (tesoureiro) e outros componentes. O Egmar
conta em entrevista realizada em agosto de 2005: continua até hoje como carnavalesco do Braz. O
Jovens e famílias do Braz e do Belém João ficou 15 anos na diretoria do Belém. Faleceu
participavam da gincana do Minas Clube. Parece em 2000, mas preparou o Adriano, a Ana Paula,
que uma prova da gincana era sobre o carnaval. eu mesma, Fátima Abrão. Ele foi delegando,
Um grupo de jovens se mobilizou para trazer o dividindo funções com outras pessoas. Mesmo
carnaval de rua. Realizou-se uma reunião com a assim, após o falecimento dele, o pessoal
participação do João Abrão e de outros jovens, apanhava. O Toninho (José Antônio Alvarenga)
com grande incentivo ao sr. Antônio Carlos aprendeu com ele a trabalhar com os carros e é
Alcântara, que era gerente do Banco do Crédito muito dedicado.
Real. Conseguiram atingir seu objetivo. E, na Todo o trabalho com figurino, confecção
década de 70, parece que em 1975 ou 1976, Braz e das fantasias, que são ricamente bordadas,
Belém voltaram a desfilar. É lógico que as equipes elaboração de adereços, alegorias, carros, enfim
apoiaram os dois blocos. Do lado do Braz, tudo é feito na cidade, pelas pessoas das duas
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escolas de samba, embora o material seja cabeças das baianas e dos destaques, reúnem-se
comprado em São Paulo e um pouco em Ribeirão na “casa das cabeças”, todas as noites por um
Preto. Isso se deve à divisão das responsabilidades. período de um a dois meses antes do carnaval. Dª
Sobre isso, explica Piovesani (entrevista, Marlene já fez muita cabeça, principalmente dos
ag. De 2005): destaques. Ela é muito habilidosa. Enfim, no geral
No Belém, não há uma centralização na todos ajudam também nas promoções (almoços,
mão de uma pessoa ou um líder forte. O trabalho é bingos, bailes, jantares, festas), para angariar
dividido e há equipes de trabalho. A Ana Paula fundos.
(Ana Paula Pereira de Melo Ramalho) é a estilista. As escolas de samba necessitam de uma
A Nilda Parisi faz o samba-enredo, trabalho que boa estrutura econômica, organizada, uma vez que
começou ainda na época do João. A Nilda também o custo anual dos blocos é alto. Cada bloco reúne,
já fez tema. A Dª Marlene (Marlene Félix Pucci no mínimo, 450 figurantes, lembrando que um dos
Palacini) trabalham com o tema. Dª Marlene e a blocos já saiu com 700 componentes. Isso é um dos
Sílvia Faria (Sílvia Maria de Faria Castejón) motivos responsáveis para que o carnaval seja
prepararam juntas a comissão de frente por vários cíclico. Nos últimos anos, o empenho em prol dos
anos. Depois pararam. Foi a vez da Thelma Parisi desfiles é intenso. Prova disso é o que conta
e da Cidinha do Caburé (Maria Aparecida de Piovesani (entrevista, ag. 2005):
Freitas Donabella) se encarregarem da comissão. Em 2002, 2003, 2004 e 2005, tanto o Braz
A Cléa também se responsabilizou um ano pelas como o Belém saíram. Nesses anos houve mais
fantasias dos rapazes da comissão. E atualmente a apoio da prefeitura, que estimulou os dois blocos,
Dª Marlene retomou e a Sílvia passou a preparar oferecendo verbas, através da Montfest, enfim
os destaques do bloco do Ricardinho. A Fátima subsidiando o carnaval. A iluminação da Rua Dr.
Faria (Fátima Regina de Faria Lanza) e a Nenê Pedro foi melhorada e a rua foi asfaltada.
(Cleudenir Longo Pereira Lima) são responsáveis O espírito carnavalesco desses blocos de
pela bateria. A madrinha da bateria depende de Monte Santo que hoje já constituem verdadeiras
um trabalho individual; já foi responsabilidade de escolas de samba é tão forte, que mesmo diante das
Maria Zélia; agora é da responsabilidade da Cléa maiores dificuldades, não se deixa abater, não se
Faria, pois a madrinha é a própria filha, que foi extingue. Continua vivo em cada coração, tanto,
rainha do Belém por quatro anos e agora em 2006 que nos dias de carnaval as diferenças
já é o segundo ano que sai nesse posto. Existem desaparecem, sejam elas sociais, culturais ou
três casais de mestre-sala e porta-bandeira: políticas.
adulto, juvenil e infantil. A principal porta- Mais de um mês antes do carnaval, os
bandeira é a Cristina Pereira de Melo Moreno há preparativos aceleram-se: fantasias, carros, ensaios
15 anos e a responsável por sua fantasia é a sua das baterias. O assunto é carnaval. E as perguntas
mãe, a Maria Zélia. A Dora, a Angélica, a Fátima, mais comuns, ouvidas em todos os cantos da
a Cleuza, a Dª Elza e a Madalena tomam conta dos cidade são as seguintes: “você é Braz ou Belém”?
blocos das crianças e da juventude. A Imaculada é “Você vai sair”? “Onde”?
a responsável pelas baianas. O Rick dirige um No mês de janeiro, enquanto pessoas
bloco de jovens. A Toninha (Maria Antonia bordam, enfeitam, Confeccionam as fantasias,
Alvarenga Palacini) e a Ana Cláudia (Ana Cláudia elaboram os carros, as baterias ensaiam. A
Lima) tomam conta dos passistas. A Ana Paula animação é geral. Os ensaios atraem grande
João tem o bloco dela. As senhoras e os casais número de pessoas que comparecem para ouvir o
também. Os destaques principais contam com samba-enredo e o som da batucada de cada uma
pessoas e equipes distintas, responsáveis, como das escolas. O gingado do samba é um grande
Paulinha João, a Maria Zélia, a Vânia Luz, a atrativo desde os ensaios. Nos dois blocos existem
Luciana, o Luís Henrique, a Negia. Os carros pessoas que sambam bem. Têm o dom, enquanto
ficam com o Toninho, a Nilda e a Luciene. Em outros têm a técnica nos pés. Ao som das baterias
geral saem dois ou três carros, dependendo da oferecem verdadeiros shows de samba, primando
situação financeira. Cidinha Paulino, Maria Nilza, pelo molejo, pela leveza e pela graça com que se
Júnia, Dirce, Ana Donabela, Diva fazem todas as deixam conduzir pela batucada e pelo samba-
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enredo, que é cantado pelos puxadores e pelos dedicados, formando uma equipe que faz o
elementos do bloco. carnaval do Braz.
Nas últimas noites que antecedem aos Ribeiro (entrevista, ag. 2005) explica:
desfiles, as baterias saem às ruas. As calçadas Em 1993 assumi o Braz, junto com a Dita
ficam cheias de gente e muitos acompanham o Paulino e acabei me tornando figura
ensaio cantando ou dançando. administrativa, presidente e carnavalesco. A Dita e
O trabalho é intenso tanto no barracão do eu assumimos e formamos uma equipe, do qual
Braz, como na sede do Belém. participam: Gislene Furlan, Teresa Rossi, Fátima
Ribeiro (Egmar Garcia Ribeiro, monte- Melo, Edson Soares e outros. O José Ângelo
santense, presidente do Braz) relata em entrevista Piccinini é responsável pelos carros,
realizada em agosto de 2005: especialmente a parte técnica, iluminação. As
Em 1974 eu participava da gincana do roupas da porta-bandeira, madrinha da bateria,
Clube e numa prova solicitada um equipe fez O destaques, são feitas nas casas. No barracão são
Braz e o Belém. O povo entusiasmou e em 1975, os feitas fantasias de blocos, os costeiros, plumeiros,
blocos reiniciaram os desfiles de rua. Cada bloco ombreiras, alegorias. Por exemplo: determino o
fazia uma fantasia, alegorias. Quem tomava conta dia dos costeiros. Todos que vão usar fantasias
do Braz naquele tempo eram a Marta Paulino e a com costeiros, vão ao barracão e eu ensino como
Regina Salgado. fazer. Antes, eu fazia todos, mas agora é assim que
Nesse despertar do Braz, pessoas de antigas acontece, a gente vai ensinando os componentes do
famílias que participavam, foram se interessando bloco a trabalhar. Quanto à escolha das fantasias,
por essa nova fase do carnaval. quem quer participar vai ao barracão; lá
Costa (entrevista, nov. 2005), lembra: mostramos os desenhos e eles (jovens e adultos)
Celuta Nasser também fazia parte junto escolhem. Mas colocar o bloco na rua é muita
com a Marta e a Regina, do reinício do bloco, mas responsabilidade. A gente cansa, fala que vai
foi o Nanau quem encabeçou. Nessa época da deixar, já entreguei a presidência, mas me
Celuta, no ano de 1976, o Pedro Luís, da Rosas de devolveram. Enfim, faz-se tudo por amor ao bloco.
Ouro fez os desenhos. Eles telefonaram para o O carnaval não pode acabar.
Joãozinho Trinta, queriam que ele fizesse o Os temas variam bastante de ano para ano,
figurino, mas ele não pôde e indicou o Pedro Luís. tanto no Braz como no Belém. Temas
Essa fase durou de 1976 a 1978. desenvolvidos pelo Belém: “Festa Cigana” e
O clima do carnaval de rua voltou a “Ritmos Brasileiros” (1976); “Ai que saudades que
contagiar os foliões e os organizadores. As eu tenho” (1977); “Belém de 1000 a 2000” (1984);
expectativas passaram a ser cada vez maiores. Para viver um grande Amor” (1985); “Belém e
Ribeiro (entrevista, ag. 2005) relata: Revista” (1986); “Em Noites de Lua Cheia”
Os blocos saíram por três anos. Em 1978, o (1987); “O Mundo é Todo Teu” (1993); “Da Magia
Braz saiu. Depois parou. No início da década de à Alegria, os Passos da Dança” (1994); “Um dia de
80 parte dos figurantes do Braz e parte do Belém rei” (1999). “A História foi assim” (2000); “No
uniram-se no bloco “Coração de Liz. Nos anos final do arco-íris, um paraíso tropical” (2002); “Em
seguintes, um grupo de pessoas assumiu a busca de uma fortuna” (2003); No Murmúrio das
responsabilidade pelos desfiles do Braz. Em 1984, Águas... O Canto da Vida” (2004); “No Rastro da
os responsáveis foram a Zarita, o Márcio Paulino Vassoura” (2005). E Verso e Reverso” é o tema de
e o Paulinho Veloso e nos anos de 1985. 1986 e 2006.
1987, passaram a fazer parte dessa equipe a Temas desenvolvidos pelo Braz: “A Rainha
Celutinha, o Edson, a Mariângela, o Antônio de Sabá na corte do Rei Salomão” (1976); “Os
Augusto Rigobello e eu (Egmar). Jogos “1977); “Caribe em festa” (1984); “O Reino
Há muitos anos uma dupla dirige o Braz: o de Angola na Corte de Nassau” (1985); “O Arco-
Egmar (Egmar Garcia Ribeiro) e a Dita Paulino íris da ilusão” (1986); “Espumas flutuantes”
(Maria Benedita Paulino da Costa). Trabalham (1987); “As Viagens de Marco Pólo” (1993); “O
muito, sempre bem assessorados por amigos Braz nas telas de Hollywood” (1994); “Braz, Axé”!
(1999); “E o fim do Mundo vai ficando pra depois”
-140 -
(2000); “Os heróis da Inconfidência” (2001); “Sem A memória histórica do carnaval de Monte
limites pra sonhar” (2002); “A Flor de Liz” (2003); Santo também se preserva pela Genealogia. Muitas
Nosso Braz Brasileiro” (2004); “O Brasil nas famílias fizeram história no Belém e no Braz e
Olimpíadas” (2005). E “Quem canta seus males contam com descendentes da terceira ou quarta
espanta” é o tema de 2006. geração que participam dos blocos, mantendo a
O carnaval de Monte Santo possui tradição. Muitos jovens que participam hoje, já são
características peculiares diferentes dos de outras do Belém ou do Braz, desde seus bisavós, como é o
localidades. caso das famílias Magalhães, Luz, Faria, Paulino,
Costa (entrevista, set. 2005), afirma: Marino, Parisi, Alvarenga, Oliveira, Pereira de
O carnaval monte-santense é diferente dos Melo, Bruno, Lopes, Falbo e outras, do Belém. E
outros porque aqui quem dirige é a sociedade. Mas do Braz as famílias mais tradicionais são: Piccinini,
há uma coisa Camarota,
que nos Triginelli,
desanima: o Paulino,
povo da Melo,
cidade não dá Tortorelli,
valor”. Braga,
O Neves,
carnaval de Nantes,
Monte Santo Larisca,
tem raízes, Pereira
memória viva, Lima e
desde seu outras.
início, nas E
fases pelas são mais os
quais passou, graus de
nos temas, nas parentesco
Escola de Samba Anastácia
músicas, nas e não a
pessoas que antiga
fazem questão de conservar essa festa que se divisão da cidade que definem, atualmente, quem é
tornou atração turística, chamando a atenção de Braz e quem é Belém. Isso vale para as famílias
pessoas das cidades vizinhas e de grandes centros, mais antigas. Porém, há quem escolha este ou
que vêm especialmente para assistir ao carnaval. aquele bloco por simpatia ou porque se identifica
Há anos, pessoas de Monte Santo que moram em mais com o Braz ou com o Belém ou ainda porque
São Paulo, Ribeirão Preto e outras localidades seus amigos estão em um ou outro por tradição
costumam vir passar o carnaval aqui e acabam familiar, participam ano no Braz, ano no Belém.
trazendo amigos, parentes, não apenas para assistir, Existe certa mobilidade. Afinal, a diversão é o que
como para participar. conta.
No último carnaval, pessoas do Rio de Dias antes do carnaval é realizado o sorteio
Janeiro vieram para Monte Santo no carnaval. para saber qual das duas escolas deve iniciar o
Uma curiosidade foi a presença de um desfile no sábado e qual deve fechar na segunda-
inglês no carnaval de 2005. Com a esposa monte- feira.
santense, estava entusiasmado, filmando a No sábado de carnaval, o Belém começa o
concentração dos foliões do Belém no Jardim desfile do Jardim Velho e termina na Praça da
Velho, inclusive quis ser fografado ao lado de Matriz. O Braz inicia na Praça da Matriz e termina
vários destaques. Parecia estar gostando muito. no Jardim Velho. Os dois blocos não saem ao
Depois filmou todo o desfile do Braz, parecendo mesmo tempo. Sai um, depois o outro e essa ordem
encantado com o que assistia. Com certeza, outros também é determinada pelo sorteio. Já na segunda-
ingleses tiveram oportunidade de conhecer o feira, cada qual sai do lado contrário, para encerrar
carnaval de Monte Santo através desse filme. o seu desfile em seu território.
-141 -
Quando chega, afinal a hora do desfile, é comprometimento com as escolas Braz e Belém.
que pode ser apreciado o resultado de todo esforço. Precisamos mostrar que a nossa Monte Santo é de
Primeiro os fogos de artifício iluminam a grande potencial. Nosso carnaval pode ser
noite, sinal que a escola está pronta para iniciar o comparado ao do Rio de Janeiro e São Paulo, mas
desfile. As alas vão se formando, a bateria começa com um diferencial: aqui nós brincamos o
a tocar. Os puxadores do samba começam a cantar, carnaval com segurança e tranquilidade. Não
os cantores acompanham. E o bloco sai. Animação, podemos deixar de exaltar também a beleza das
luxo e beleza fazem o espetáculo. É um momento mulheres de Monte Santo. Estas se diferenciam
de esplendor, quando som e samba ocupam espaço pela simpatia e carisma e, como se não bastasse,
da avenida. Ambas escolas vivem esse momento de são privilegiadas com um corpo “esculpido pelos
magia, que a cada ano parece ser único. deuses”. Os visitantes não se cansam de elogiar e
Os monte- enaltecer a
santenses, virtude de nossas
principalmente os folionas. E aos
organizadores do líderes das duas
evento, muito se escolas, o meu
orgulham da sincero respeito e
magnitude do seu admiração...
carnaval. Lutam e
Prova administram os
disso são os problemas com
comentários a sabedoria. A
seguir: estas pessoas
Melo que, com
(Maria Zélia M. pedaços de
Pereira de Melo, panos, alguns
paraisense, Escola de Samba Unidos do Boas Novas. adereços e muita
adotou Monte criatividade, tem
Santo com sua cidade; é estudiosa da história local o poder de transformar sonho em realidade,
e atua no bloco do Belém) concedeu entrevista à permitindo-nos acreditar na possibilidade de um
Revista Atitude, 2003, na qual fez uma bela mundo mais promissor, em nome do povo monte-
comparação sobre o carnaval: santense, nossos agradecimentos.
Foi uma semente bem plantada porque Reis (Sílvio Henrique Reis), jornalista,
formou uma árvore lindíssima que floresce Revista Atitude, 2004), faz um comentário
anualmente no carnaval. interessante:
Nogueira (Adriano Jorge Nogueira, monte- Toda concorrência é saudável quando gera
santense, folião, puxador de samba e atual crescimento profissional entre os competidores e o
presidente do Belém) assim definiu sua escola: público sai ganhando em termos de qualidade. No
O Belém é a minha vida, a minha paixão. carnaval de Monte Santo a disputa é bem
Braga (José do Carmo de Paula Braga, acentuada. Mas tudo em perfeita harmonia, já que
monte-santense, atual prefeito da cidade) foi não há vencedores: as duas escolas são sempre
entrevistado pela Revista Destaque, 2003 e campeãs. Mesmo assim, todos os anos o Braz e o
afirmou: Belém buscam se superar na criatividade e no
O carnaval hoje pode ser considerado o profissionalismo. O objetivo é fazer o melhor e
primeiro passo para o desenvolvimento turístico mais bonito desfile na avenida, além da nota 10 no
em nosso município. As administrações precisam quesito organização. Fantasias luxuosas,
olhar com bons olhos este evento e dar o suporte sensualidade e muita animação, tudo faz parte da
necessários para as Escolas trabalharem e competição.
continuarem com a festa que virou tradição. E continua Reis:
Gostaria de deixar evidenciado aqui o meu
-142 -
Na verdade, ambas estão em pé de No dia 12 de fevereiro de 2016 com toda
igualdade desde que foram criadas. Dependem dedicação e grande amor ao samba e aos negros,
uma da outra para brilhar. Daniel Magrão e sua equipe conseguem o coração
NOTA: uma novidade aconteceu em 2013, da escola: a bateria e assim inicia o primeiro ano de
quando foi criado um evento chamado “Us sua celebração com o novo bloco carnavalesco que
Mininus”, organizado por José Tortorelli Marques decidiram batizar como Grêmio Recreativo Escola
(Zezinho), Caio Ferreira e Gustavo Machado. O de Samba Anastácia, em homenagem a uma Negra
evento foi criado pelos amigos para divertimento de olhos cor do céu. Oju Orun, negra africana
próprio e a partir de 2014, resolveram expandir trazida ao Brasil e batizada como Anastácia.
vendendo abadás, visando lucro financeiro. O Guerreira que sempre lutou pela igualdade e
evento fundado por eles é totalmente diferente dos liberdade de seus irmãos, e no ano de 2017 faz o
blocos do Braz e do Belém, pois, são realizados seu primeiro desfile na Avenida.
shows de ritmos variados no Minas Clube, sem
qualquer ligação com os desfiles dos blocos
Cléa Lúcia da Silva Faria, monte-santense,
tradicionais. O público alvo são os foliões em
educadora, professora de História, pós-
geral, tanto de Monte Santo de Minas, como das
graduada em metodologia do ensino de
cidades vizinhas de Minas Gerais e também do
História, historiadora e autora de muitos
estado de São Paulo.
projetos voltados para a cidadania, realizados
Em 2014, o bloco Unidos do Boas Novas
em escolas. Foi foliã no carnaval da cidade, é
também foi criado e desfilou pela primeira vez nas
Belém por tradição e colaboradora atuante.
ruas de Monte Santo Minas. Esse bloco, segundo o
atual presidente Carlos Aparecido Perlotti, veio pra
somar e alegrar a cidade juntamente com o Braz e
o Belém. Em 2015 toda a documentação do bloco
foi registrada em cartório.

BREVE HISTÓRICO DO SAMBÓDROMO


"SEBASTIÃO ANTÔNIO DA SILVA" -
"TERREIRÃO DO SAMBA"
Por volta de novembro de 2006 iniciou-se o município. Tudo dentro dos padrões de
processo de canalização do córrego do Tijuco, sob praticabilidade e higiene exigidos.
a responsabilidade da Prefeitura Municipal de A cidade tem um carnaval com muita
Monte Santo de Minas, ainda na gestão do ex- tradição, - mais de 90 anos de história - em
prefeito José do Carmo de Paula Braga, mais desfiles de Escolas de Samba, os quais eram
conhecido como Cacau. Logo em seguida, deu-se realizados na rua principal da cidade, rua Dr. Pedro
início a construção do projeto que era nomeado Paulino da Costa, no entanto, com o passar dos
como “Centro de Lazer”, o atual Sambódromo anos a festividade foi tomando outra forma e por
"Sebastião Antônio da Silva", sendo o primeiro consequência expandiu-se, tornando um evento de
sambódromo do estado de Minas Gerais. O projeto grande porte, por esta razão, surgiram questões
tinha como objetivo criar um conjunto integrado como segurança e conforto a serem oferecidos ao
com uma praça de alimentação, banheiros públicos, povo monte-santense e aos turistas. Portanto, se
boxes comerciais e camarotes. Além da passarela, idealizou o espaço suficiente para servir a
destinada aos desfiles dos blocos carnavalescos do população com a possibilidade de um desfile mais
-143 -
técnico, devido a pavimentação da passarela, O sambódromo já é uma referência regional
iluminação, sonoplastia e acústica. Com espaço no sul de Minas, e interior de São Paulo e
para montagem de arquibancadas e palco para pretende-se expandir a uma referência estadual.
shows. O prédio muito espaçoso, com ampla praça Após eleita, Sandra deu continuidade as obras do
de alimentação, sanitários nas duas extremidades sambódromo, inclusive as primeiras festas
do prédio, com todas as condições de higiene. No realizadas no local, foram em seu mandato, em
piso superior onde localizam-se os camarotes com 2008, 2009 e 2010.
capacidade para quatrocentos e cinquenta pessoas, No ano de 2008, a Prefeitura Municipal
dois sanitários e instalação para bar. Pela dimensão promoveu a festa dos 188 anos de Monte Santo de
da obra, ela foi executada por etapas, tendo início Minas no “Terreirão”, o município contou com 4
em 2006, no mandato do ex-prefeito José do dias de festa, com grandes atrações, artistas de
Carmo de Paula Braga, mais conhecido como nível nacional, como a Banda Mel e as duplas
Cacau, que permaneceu no poder até o ano de sertanejas Matheus Minas e Leandro e Salim e Zé
2008, quando a ex-prefeita Sandra Cecílio Vitor, além de diversas duplas e grupos de pagode
Aparecida Silva foi eleita. da cidade. Em 2009, o carnaval foi transferido para
Durante uma entrevista com o ex-prefeito o "Terreirão", e em junho, no aniversário da cidade
Cacau, ele disse que a construção de um centro de foi novamente no "Terreirão", denominado como
lazer que poderia ser utilizado por todos era um “Montfest 2009”. Mais uma vez, o carnaval foi
sonho muito antigo, desde antes de se tornar comemorado no "Terreirão" em 2010, no mandato
prefeito. Até que surgiu a possibilidade de criar um de Sandra Cecílio, porém ela teve seu mandato
espaço grande com intuito de divertimento e interrompido em junho de 2010, e então, com a
comunicação entrada do
para toda ex-prefeito
população. A Militão
ideia, desde o Paulino de
conceito até o Paiva, as
projeto em si festividades
foi do Cacau, mudaram de
o prédio foi local
construído novamente,
aos poucos retornando
com recurso para a rua Dr.
próprio. Pedro
A Paulino da
base para o Costa. Em
projeto era o junho de
carnaval, mas 2013, o ex-
o prédio e o prefeito
"Terreirão" Militão fez a
deveriam ser instalação de
utilizados Vista aérea do Sambódromo Sebastião Antônio da Silva – Terreirão do equipamentos
durante todo o Samba. de ginástica e
ano, como um de palmeiras
centro cultural. Ele pretendia disseminar o em pequenas manilhas na passarela do “Terreirão
carnaval, passando de uma festa da elite, para uma do Samba”, a construção ficou inacabada e sem
festa do povo. investimento da administração no período de sua
Foi a melhor forma de valorizar a cidade, gestão, se tornando um verdadeiro “elefante
profissionalizar o carnaval e fortalecer o turismo de branco” por motivo de briga política. As palmeiras
Monte Santo de Minas. foram plantadas de forma esporádica, sem consulta

-144 -
de profissionais do ramo ambiental, danificando o caminhadas, passeios de bicicleta, patins, jogos de
solo, e causando problemas de infiltração no piso. basquete, danças, entre outras atividades. No dia 21
Com o tempo, a população foi descobrindo de fevereiro de 2019, foi oficialmente inaugurado o
neste espaço outras formas de utilização durante Sambódromo "Sebastião Antônio da Silva" -
todo o ano, como caminhadas, ciclismo, jogos de "Terreirão do Samba", pelo prefeito Paulo Sérgio
basquete, skate, entre outras modalidades Gornati. Em 28 de novembro de 2019, os membros
esportivas. Em 2017 começa a gestão de Paulo do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e
Sergio Gornati, atual prefeito do município. Desde Artístico de Monte Santo de Minas, sob a
sua campanha, já tinha propostas para o presidência de dona Luciene Aparecida de Lima
sambódromo. Em seus primeiros dias de mandato, Bressan, se reuniram e consideraram que o bem
o "Terreirão" e toda a estrutura foram lavados, e cultural Sambódromo "Sebastião Antônio da
em seu primeiro ano de mandato já começaram as Silva", vulgo "Terreirão do Samba", com suas
inúmeras intervenções, reformas e adaptações. características arquitetônicas e estilísticas, por seu
Inúmeros eventos são e já foram realizados no valor histórico, cultural e sentimental, era
espaço, tais como: terreirão "food truck"; declarado tombado, sendo inscrito no Livro do
aniversário da cidade; folia de reis; ciência móvel Tombo Histórico, segundo o número 05 e sujeito a
etc. A população também aproveita do espaço no proteção especial de acordo com a lei municipal
dia a dia, praticando atividades de lazer, como número 1.726, de 19 de novembro de 2010.

O MUSEU MUNICIPAL DR. JOAQUIM ERNESTO


COELHO

Nas palavras de dona Fúlvia Carvalhais de estavam presentes o prefeito municipal, Carlos
Freitas (1917 - 2010), professora, escritora e Alberto Paulino da Costa e o professor-doutor José
pianista monte-santense: "... Um fato, porém é Ferreira Carrato (1914-1996), que aproveitou a
necessário aqui ressaltar: a ideia da criação de um ocasião para registrar em ata a importância de tal
museu em Monte Santo, ideia está que está sendo obra.
entusiasticamente levada avante, nos dias atuais, Com aval e apoio incomensurável do
não é nada realidade muito recente. Ela foi prefeito Carlos Alberto Paulino da Costa, iniciou-
lançada, há muitos anos, pelo dr. Brasiliano se a reforma do prédio destinado ao museu. Sua
Santana, quando assumiu ele a direção de nosso inauguração aconteceu em 26 de junho de 1988,
principal educandário. E os corredores de nossa através de uma exposição histórica denominada
escola testemunharam o interesse que tal ideia ACERVO CULTURAL DAS GERAÇÕES
despertou na alegre juventude que por ali passava. MONTE-SANTENSES. Foi graças ao professor
Foi nessa época (1952), por conseguinte, o José Ferreira Carrato, que doando grande número
lançamento de tão preciosa semente, que só agora, de documentos, jornais, cartas e fotografias, tudo
anos e anos depois, começa a germinar..." ( 'A de valor incalculável para o nosso município, e que
história do museu', artigo publicado na Folha de ele vinha obtendo e guardando desde a década de
Monte Santo, ano I, número 06, página 03, em 1940, com muito zelo, é que se pode, iniciar o
30.08.1985). patrimônio histórico do Museu Municipal, a que se
A ideia da construção do museu municipal seguiram doações importantes das antigas famílias
ganhou força de fato num jantar no dia 28 de monte-santenses. Cumpre-nos ressaltar o dedicado
outubro de 1986, oferecido pela Prefeitura, em trabalho das senhoras dona Nilda Machado Parisi
homenagem aos professores. Neste evento Ribeiro, dona Maria Zélia Mafra Pereira de Mello,
-145 -
dona Marlene Félix Pucci Palacini (1ª presidente Itajubá, MG onde concluiu o ensino secundário.
da diretoria do Museu Municipal), dona Fúlvia Ingressou na Faculdade Federal de Medicina, do
Carvalhaes de Freitas, dona Maria Estela Ernesto Rio de Janeiro, onde formou-se em medicina, em
Espósito e dona Teodora 1918. Retornou a Monte Santo
Victório. e abriu seu consultório
No ano seguinte, a médico, onde atendia a todos
consolidação do museu se deu indistintamente. Porém, foi na
através do projeto-lei número educação que se dedicou a
903, de 15 de junho de 1989, maior parte de sua vida. Foi
sancionada pelo prefeito professor quando da criação
Sebastião de Castro Teixeira da Escola Normal Oficial
(1926-2000) e a abertura a "Américo de Paiva", em 1932,
visitação pública aconteceu no (posteriormente assumiu a
dia 25 de junho de 1989. Foi direção desse estabelecimento
escolhido para patrono do museu de ensino, permanecendo no
o "Dr. Joaquim Ernesto Coelho". cargo nos anos de 1947 e
O museu continuou aberto por 1948 e encerrando sua carreira
alguns anos, quando a no magistério em 1952). A
administração pública da época partir de 1939 atuou também
resolveu fechá-lo para utilização como colaborador efetivo do
do prédio para outros fins. 0 jornal “O Monte Santo (Nova
museu só seria reaberto em 22 Fase)”, onde era colunista e
de dezembro de 2016, com divulgava suas produções,
utilização apenas dos espaços da levando aos leitores
parte superior do prédio. A credibilidade dos fatos
administração do prefeito Paulo ancorados numa visão de um

Sérgio Gornati, viu a Dr. Joaquim Ernesto Coelho, patrono mundo real. Era um
necessidade de reorganização do do Museu Municipal. intelectual, conhecedor
espaço, catalogação dos profundo da realidade do
documentos e de todo acervo. nosso povo, um leitor voraz e
Devido a isto foi reaberto no dia 08 de setembro de especial por temas relacionados a literatura,
2017 e se encontra à disposição da população para valendo-se disso, em 1942, juntamente com
visitação e pesquisa. Elpidio Alves e José Tigani, redigiram e
Dr. Joaquim Ernesto Coelho nasceu em publicaram o Anuário de Monte Santo, trabalho
Monte Santo de Minas, filho de João Ernesto muito bem escrito, com muitas informações
Coelho (farmacêutico formado em 1888, pela diversificadas e fartamente ilustrado sobre os
Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro) e de municípios de Monte Santo, Arari (hoje Itamogi) e
dona Stella Gomes Ribeiro. Foi batizado no dia 30 Arceburgo. Em 23 de julho de 1945, tomou parte
de maio de 1897, com 78 dias de idade. Iniciou na fundação do Partido Social Democrático. Foi
seus estudos no Colégio Espírito Santo, do major casado com dona Ondina Luz, deixando geração
Américo Benicio de Paiva e após o término dos desse consórcio.
estudos em Monte Santo de Minas, seguiu para

“Uma nação somente é grande quando seus filhos sabem cultuar seus antepassados e seus feitos,
conhecendo sua história para nela inspirarem-se Para fazerem o futuro da pátria é necessário
conhecer primeiro a história do seu torrão natal”. (Anônimo).

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HOMENAGEM A LUIZ ANTONIO NOVELLI

Luiz Antonio Novelli, além de ser o cultura, e erudição, graças ao grande trabalho de
historiador de Monte Santo, artista plástico é hábil pesquisa e divulgação que o historiador Luiz
desenhista e ilustrador, tendo sido vencedor do I Antonio Novelli tem feito há décadas, grande parte
Grande Concurso de Histórias em Quadrinhos da informação sobre Monte Santo de Minas e
(HQ) promovido pela Editora Brasil-América sobre a sua história, deve-se á iniciativa deste
(Ebal) para comemorar os 150 anos da grande monte-santense. Á custa de muito sacrifício
Independência do Brasil, em 1972. Sua HQ – Uma e muitas despesas pessoais, editou o primeiro e
Estória na Independência – foi escolhida por único livro sobre a história de Monte Santo de
unanimidade por um juri de alto nível, composto Minas, da qual se podem ler extratos em muitos
pelos editores do Pasquim, Millôr Fernandes, sites e livros de história de cidades do sul de Minas
Ziraldo, Jaguar, Henfil e Sérgio Augusto. Nas Gerais. Embora radicado na Alemanha, Luiz
palavras de Ziraldo, o quadrinista Luiz Antonio Antonio Novelli ama apaixonadamente a sua terra,
Novelli "desenha como um anjo". onde tem residência e visitando-a regularmente.
Nossa homenagem, gratidão e Registramos aqui a nossa gratidão e numa justa
reconhecimento de Monte Santo de Minas a este homenagem e o reconhecimento a este cidadão que
grande monte-santense. Com grande caráter, tanto contribui com nossa história.

-147 -
MONTE SANTO DE MINAS, PARTE DE MIM

Sempre demandas locais, fui Vereadora - três mulheres,


soube que sou pela primeira vez, na Câmara Municipal.
um pouco de Ao ser indicada para o cargo de Diretora da
tudo que já vivi, Superintendência Regional de Ensino, com sede
um pouco de em São Sebastião do Paraíso, cuja circunscrição de
onde e com 16 municípios abarca Monte Santo de Minas,
quem andei, se minha primeira providência foi conhecer a situação
assim não fosse, da EE de Educação Especial Padre Paschoal
nas mais de Berardo, cuja construção do novo prédio estava
quatro décadas paralisada. Os primeiros recursos liberados na
como educadora, minha gestão foram destinados ao seu término,
não teria me atendendo aos reclamos de tantas famílias e
preocupado tanto valorizando o trabalho de qualidade desenvolvido
com o bem-estar pela Direção e quadro de funcionários.
das crianças e jovens, com o desenvolvimento de Eram tempos difíceis, o governo anterior ao
suas virtudes e com as boas relações intra e de Itamar Franco deixara o Estado, especialmente a
interpessoais no âmbito escolar. Tenho certeza de Secretaria de Estado de Educação, com muitas
que o tempo escolar é inesquecível, parte da dívidas, o que demandou acordos com os credores
formação de cada estudante, o que implica - inclusive com os prefeitos -, contando com a
responsabilidade dos educadores. imprescindível cooperação da equipe do órgão
Eu sou muito dos meus pais, um tanto dos regional. Isso feito, conhecendo suas necessidades,
meus demais familiares, dos meus filhos – com pude interceder por reformas, ampliações e
quem tanto aprendo - e dos amigos. Sou um pouco construção de quadras das escolas da região, entre
das músicas que hoje teimam em me emprestar elas, as escolas estaduais de Monte Santo de Minas
saudade, dos meus livros e dos filmes a que assisti, e de Milagre.
das palavras dos professores e dos pensadores que Pude também propor a permuta do prédio
me fazem refletir. da Escola Estadual Américo de Paiva pelo prédio
Há alguns anos, saí de Monte Santo de da Escola Estadual Lucas Magalhães – com a
Minas, mas Monte Santo de Minas não saiu de municipalização das turmas dos anos iniciais, o
mim. Sou um bom bocado de Monte Santo de prédio da Escola de Curso Normal fora doado ao
Minas. Nessa cidade, constituí minha família, vi Município. Mediante uma consulta pública
meus filhos crescerem e construírem amizades, e acertada entre a SRE e a Prefeitura Municipal, o
fui feliz. Monte Santo de Minas me deu a povo decidiu pelo retorno da comunidade escolar
oportunidade de conhecer a Américo de Paiva e a Américo de Paiva ao seu endereço de origem. As
Wenceslau Braz, instituições educacionais que turmas da rede municipal foram então para o
tanto dignificam a história da cidade. Fui Diretora imóvel da antiga Escola Estadual Lucas
da Escola Estadual Dr. Wenceslau Braz, pioneira Magalhães, onde a comunidade monte-santense,
em ensino de 1º grau, e lá fiz as mais sinceras sob a liderança do Diretor João Abrão, já
amizades, com as quais até hoje mantenho contato. construíra mais duas salas de aula para acomodar
Em Monte Santo, fui despertada para a os alunos.
importância de trabalhar em favor da comunidade, Em Monte Santo, principalmente como
por isso, apresentei Monte Santo ao Deputado Orientadora Educacional, pude ratificar e renovar
Estadual Dr. Jorge Eduardo que, como eu, criou diuturnamente meu encanto pela Educação, junto
laços de carinho com a cidade. Além da assessoria de colegas educadores de alta competência. Lá
que lhe prestava, levando ao seu conhecimento as também conheci dons artísticos dos mais variados;

-148 -
quanta criatividade! Festividades em Monte Santo com uma sensibilidade ímpar. As gincanas de
são singulares, inusitadas, sempre surpreendentes! férias reúnem a juventude que ali reside, bem como
A população monte-santense tem orgulho jovens que vivem em outras cidades em virtude de
de sua terra e de suas belezas, o que é traduzido por estudo e trabalho.
seus cantores, pela coreografia de suas Escolas de No sentido de prestar auxílio e oferecer
Samba e dos alunos da tradicional Academia amparo aos mais necessitados, a sociedade se
Espaço Livre, pelas apresentações das escolas organiza, sem haver quais dissensões em relação às
públicas e particulares e pelas manifestações competições do carnaval ou da política.
religiosas. Os trabalhos manuais são de Solidariedade! Todos num só partido!
impressionar por sua técnica e bom gosto –
quadros a óleo e aquarela, pinturas em cerâmica, Sara Maria Caixeta de Oliveira, professora
as peças de tricô, crochê e os mais diferentes em Poços de Caldas, MG.
bordados. Os historiadores e poetas de Monte
Santo também honram sua terra natal e o fazem

OS SÍMBOLOS HERÁLDICOS DE MONTE SANTO


DE MINAS: A BANDEIRA, O BRASÃO E O HINO

A bandeira e o brasão do município de Monte DISPOSIÇÕES PRELIMIRARES


Santo de Minas foram desenhados por Alberto Lima, do Seção I
Rio de Janeiro, em 1970, sob encomenda do prefeito Dos símbolos em geral
Vital Paulino da Costa (1916 – 1997) e foram
regulamentados pela lei número 2.210, de 18.09.2019, Art. 2º - Consideram-se padrões dos Símbolos
como segue: Municipais os modelos compostos de conformidade
Lei Nº 2.210/2019 com as especificações e regras básicas estabelecidas
“DISPÕE SOBRE A FORMA E APRESENTAÇÃO nesta Lei.
DOS SÍMBOLOS DO MUNICÍPIO DE MONTE Art. 3º - No site institucional da Prefeitura Municipal de
SANTO DE MINAS E DÁ OUTRAS Monte Santo de Minas
PROVICÊNCIAS”. www.montesantodeminas.mg.gov.br, Secretaria
A Câmara Municipal de Monte Santo de Minas, Municipal de Educação, Departamento de Cultura e
Estado de Minas Gerais, por seus representantes aprova, Turismo e Câmara Municipal serão conservados
e eu, Prefeito Municipal em exercício, sanciono a exemplares padrões dos símbolos municipais, no
seguinte lei: sentido de servirem de modelo obrigatório para a
respectiva confecção, constituindo-se em elementos de
CAPÍTULO I comparação para a comprovação da correta reprodução
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES dos símbolos, sejam eles confeccionados pela iniciativa
pública ou privada.
Art. 1º - São símbolos do Município de Minas, de Art. 4º - O Logotipo da Prefeitura de Monte Santo de
conformidade com o §2º, do Art. 13 da Constituição Minas será o Brasão Municipal para quaisquer fins de
Federal e ainda Art. 2º da Lei Orgânica do Município identificação e corresponderá ao modelo apresentado no
de Monte Santo de Minas: Anexo I da presente lei, podendo ser instituída uma
I – O Brasão Municipal; logomarca extraoficial, em caráter excepcional, nas
II – A Bandeira Municipal; comemorações centenárias do município.
III – O Hino Municipal; Art. 5º - O Brasão do Município de Monte Santo de
Minas será usado obrigatoriamente nos papéis de
CAPÍTULO II
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expediente da Prefeitura, Departamentos e Secretarias no Anexo II desta Lei com as seguintes
Municipais. Representatividades:
Art. 6º - O Brasão Municipal será reproduzido em I – O Branco representa a paz;
clichês, para timbrar os documentos, papéis e II – O Vermelho (goles) identifica a situação mineira do
publicações oficiais do Município de Monte Santo de Município;
Minas, com a representação iconográfica das cores, em III – O Brasão de emblema heráldico é um dos símbolos
conformidade com a Convenção Heráldica oficiais do Município.
Internacional, quando a impressão é feita a uma só cor, Art. 10 – Para cálculo das dimensões tomar-se-á as
em impressões monocromáticas e com a obediência das regras heráldicas e a Bandeira Municipal terá as
cores heráldicas, quando a impressão é feita em dimensões oficiais adotadas para a Bandeira Nacional,
policromia. levando-se em considerações o comprimento do
§1º - Poderá ser utilizado o Brasão como logotipo em retângulo:
todos os seus impressos institucionais, assim entendidos I – Primeira faixa ou retângulo vermelho (goles):
materiais publicitários para veiculação em mídias e medindo 10 de largura;
peças de veiculação institucional referentes a eventos e II – Segunda faixa ou retângulo branco: medindo 25 cm
campanhas de utilidade pública na cor típica, de largura;
admitindo-se ainda, o uso em preto e branco ou em III – Terceira faixa ou retângulo vermelho (goles):
escala de cinza, conforme Anexo I desta Lei. medindo 10 cm de largura.
§2º A reprodução do Brasão Municipal poderá ser feita De acordo com a LEI Nº 5.700, DE 1º DE SETEMBRO
por meio audiovisual, impresso ou digital, nas DE 1971, as bandeiras podem ter tamanhos diversos e
diferentes mídias, levando-se em consideração as podem ser classificadas em tipos:
dimensões, a tipologia, as cores e as áreas de  Tipo 1 (bandeira cujo pano possui 45 cm de
preservação necessárias para a inclusão de texto largura);
institucional.  Tipo 2 (bandeira cuja largura do pano ou outro
§3º - Objetivando a divulgação municipalista, o Brasão material possui 90 cm. A bandeira de tipo dois
Municipal poderá ser reproduzido em decalcomanias possui o dobro da largura da bandeira do tipo
(técnica de colagens de gravuras ou impressões em 1);
cerâmicas ou outros materiais), placas para fachadas,  Tipo 3 (bandeira cuja largura possui 135 cm).
flâmulas, clichês, distintivos, medalhas, selos adesivos A bandeira do tipo três possui o triplo da
e outros materiais, bem como a objetos de arte ou de largura da bandeira do tipo 1 e assim por
uso pessoal em campanhas cívicas, assistenciais, diante, ou seja,
culturais ou de divulgação turística, atendendo as  Tipo 4, quatro panos de largura;
normas desta Lei, quando por particulares heráldicas.  Tipo 5, cinco panos de largura;
Art. 7º - O Brasão Municipal deverá ser aplicado na  Tipo 6, seis panos de largura;
lateral dos veículos automotores e máquinas  Tipo 7, sete panos de largura;
pertencentes à frota da Administração Pública §1º - Os tipos enumerados são os normais e poderão ser
Municipal. fabricados tipos menores ou intermediários, conforme
Art. 8º - O Brasão do Município também poderá ser as condições de uso, mantidas as devidas proporções.
usado: §2º - A Bandeira Municipal poderá ser reproduzida em
I – Na fachada dos edifícios públicos; bandeirolas de papel, nas comemorações de efemérides,
II – No Gabinete do Prefeito Municipal ou na Sala das observando-se sempre os módulos e cores heráldicas.
Sessões da Câmara Municipal e no Gabinete de seu §3º - Para se determinar esses valores, devemos realizar
Presidente; as seguintes etapas:
III – Nas identificações dos Servidores Públicos 1 – Dividir a largura medida da bandeira por 14. O
Municipais como crachás, uniformes. valor encontrado será considerado uma medida ou
módulo (M);
Seção III 2 – A esse módulo serão multiplicados fatores que nos
Da Bandeira Municipal darão as outras medidas que a bandeira deve ter. Essas
proporções das medidas que a bandeira deve ter podem
também ser observadas no Anexo II.
Art. 9º - A Bandeira Municipal de Monte Santo de
Art. 11 – Na faixa branca serão colocados os seguintes
Minas, feita e descrita nos termos da Heráldica
símbolos que compõem o Brasão Municipal:
Municipalista, traz faixas ou “retângulos” constituídos I – Escudo português (ibérico). Em campo de blau
de duas cores: branco e goles (vermelho), com o Brasão (azul) um cruzeiro de ouro, sainte de um monte de sable
Municipal ao centro, obedecendo o modelo estabelecido (negro), parte de um conjunto do mesmo esmalte, tendo
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em cada um dos picos, em faixa, três besantes de ouro, §2º - As bandeiras em mau estado de conservação
formando uma campanha de sinople (verde), separado (rasgadas ou desbotadas) devem ser entregues à
por uma faixa ondada, de prata, em chefe, também de corporação militar, para serem incineradas no dia 19 de
prata, como peça honrosa, um triângulo de goles novembro, dia da Bandeira.
(vermelho). §3º - Não será incinerada, mas recolhida ao Museu
II – Como suportes, duas hastes de cafeeiro, frutados na Municipal Dr. Joaquim Ernesto Coelho, o exemplar da
sua cor, surgindo a destra (direita), e, a sinistra Bandeira Municipal ao qual esteja ligado fato de
(esquerda) de um listão, de prata, ostentando os relevante significação histórica do Município.
seguintes dizeres em sable (preto); 1820 – MONTE
SANTO DE MINAS – 1890 Subseção III
Conjunto encimado pela coroa mural de prata, de cinco Da Utilização das Bandeiras
torres, que é da cidade.
Art. 12 – A Bandeira do Município de Monte Santo de Art. 16 – A Bandeira Municipal deve ser hasteada de
Minas, em tecido, para repartições públicas, escolas sol a sol, sendo permitido o seu uso à noite, uma vez
públicas e particulares municipais, será confeccionada que se encontre convenientemente iluminada;
observadas rigorosamente, suas proporções, normalmente, far-se-á o hasteamento às 8 horas e o
obedecendo ao previsto no artigo 10º desta Lei. arreamento às 18 horas.
§1º - A confecção da Bandeira Municipal somente será § 1º - A Bandeira Nacional é hasteada no mastro central
executada mediante determinação do Poder Legislativo ladeada pela Municipal à esquerda e a Estadual à
ou do Poder Executivo e com autorização especial direita, colocando-se a Nacional em plano superior às
escrita, quando a execução for efetuada por conta de demais.
terceiros, observadas as disposições desta lei Municipal. §2º - Quando a Bandeira Municipal é distendida e sem
§2167 – Por se tratar de Símbolo confeccionado com mastro, em rua ou praça entre edifícios ou em portas,
tecido, a Bandeira não comporta metais. será colocada ao comprido, de modo que o lado maior
do retângulo esteja em sentido horizontal e a coroa
Subseção I mural voltada para cima.
Do Registro Oficial
§3º - Quando aparecer em sala ou salão, por motivo de
Art. 13 – No Departamento de Cultura e Turismo será reuniões, conferências ou solenidades, ficará a Bandeira
mantido um livro especial para registro de todas as Municipal distendida ao longo da parede por trás da
Bandeiras Municipais mandadas confeccionar, por cadeira da Presidência ou, do local da tribuna, sempre
conta do Município ou de terceiros mediante acima da cabeça do respectivo ocupante, observando-se
autorização especial. o disposto no §1º deste artigo, quando colocada em
Parágrafo único – Para autorização, o solicitante deverá conjunto com as Bandeiras Nacional e Estadual.
fazer pedido através de requerimento protocolado na §5º - Hasteia-se a Bandeira Municipal facultativamente,
Prefeitura Municipal. observados os termos desta Lei, por quaisquer pessoas
Art. 14 – Quando da inauguração de cada Bandeira jurídicas de direito público ou privado ou ainda por
Municipal, poderá ser efetuada solenidade, podendo ser particulares, como expressão do sentimento patriótico e
designados padrinhos e madrinhas, procedendo-se nas hipóteses do §1º deste artigo.
bênção da Bandeira e, em seguida, seu hasteamento, ao Art. 17 – A Bandeira Municipal deve ser hasteada:
som da marcha batida ou Hino Municipal. I – nos dias de festa ou de luto municipal, estadual ou
Parágrafo único – Após o hasteamento, os padrinhos nacional obrigatoriamente na Sede dos Poderes
farão o juramento, que poderá ser acompanhado por Legislativos e Executivo;
todos os presentes, com o braço direito estendido e mão II – nos estabelecimentos de ensino público e particular,
espalmada para baixo, nas seguintes palavras: “JURO em ato solene, durante o ano letivo, pelo menos uma
HONRAR, AMAR E DEFENDER OS SÍMBOLOS DE vez por semana;
MONTE SANTO DE MINAS E LUTAR PELO
ENGRANDECIMENTO DESTE MUNICÍPIO COM Subseção IV
LEALDADE E PERSEVERANÇA”. O acontecimento Das Demais Utilizações da Bandeira
será consignado em ata e registrado no livro próprio.
Art. 18 – Em funerais de autoridades municipais, para
Subseção II hasteamento, será a Bandeira Municipal levada ao topo
Da Destinação Final das Bandeiras do mastro, antes de ser baixada a meia adriça ou meio
mastro, e subirá novamente ao topo, antes do
Art. 15 – As bandeiras velhas ou toras serão registradas arriamento.
no livro especial, inclusive sua destinação. §1º - Sempre que conduzida em marcha ou cortejo
§1º - A Bandeira do Município, quando não estiver em fúnebre, o luto será indicado por um laço de crepe na
uso, deve ser guardada em local digno. cor preta atada junto à lança.
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§2º - Quando distendia sobre esquife mortuário de §1º - Torna obrigatória a execução do Hino Nacional e
cidadão que tenha direito a esta homenagem, ficará a Municipal, uma vez por semana, nos estabelecimentos
tralha do lado da cabeça do morto e a coroa mural do de ensino municipais e nos demais, facultativamente;
Brasão à direita, devendo ser retirada por ocasião do §2º - O Hino estadual deverá ser entoado nas escolas
sepultamento. públicas e particulares do Município, pelo menos uma
§3º - Considera-se lado direito, nas janelas, portas, vez a cada mês.
sacadas e balcões, o lugar que fica à direita do Art. 23 – Nas cerimônias em que houver o hasteamento
observador nesses pontos, de frente para a rua. simultâneo das Bandeiras Nacional, Estadual e
Observar-se-á a critério análogo para a determinação do Municipal, o Hino Oficial do Município de Monte
lado direito em qualquer outro caso. Santo de Minas será executado, facultativamente, após
Art. 19 – A Bandeira do Município pode ser o Hino Nacional Brasileiro.
apresentada: §1º A execução será instrumental ou vocal de acordo
I – Hasteada em mastro ou adriças, nos edifícios com o cerimonial previsto em cada caso.
públicos ou particulares, templos, campos de esporte, §2º - Durante a execução do Hino Oficial do Município
escritórios, salas de aula, auditórios, embarcações, ruas de Monte Santo de Minas, todos devem tomar atitude
e praças e em qualquer lugar em que lhe seja de respeito, de pé e em silêncio.
assegurado o devido respeito; §3º - Não será permitida a execução de arranjos
II – Distendida e sem mastro, conduzida por aeronaves artísticos instrumentais do Hino Oficial do Município
ou balões, aplicada sobre parede ou presa a um cabo de Monte Santo de Minas que não sejam autorizados
horizontal ligando edifícios, árvores, postes ou mastro; pelo Prefeito Municipal, ouvida a Secretaria Municipal
III – Reproduzida sobre paredes, tetos, vidraças, de Educação.
veículos e aeronaves; Art. 24 – Haverá na sede da Prefeitura Municipal de
IV – Distendida sobre ataúdes, até a ocasião do Monte Santo de Minas, Secretaria Municipal de
sepultamento. Educação e Departamento de Cultura e Turismo,
Art. 20 – Os estabelecimentos de ensino municipal exemplar-padrão de uma gravação em arquivo digital
deverão manter a Bandeira Municipal em lugar de acompanhada da respectiva Letra e Partitura Musical do
honra, quando não esteja hasteada, do mesmo modo Hino oficial do Município de Monte Santo de Minas, a
procedendo-se com as Bandeiras Nacional e Estadual. fim de servir de modelo obrigatório para a respectiva
feitura, cópia ou reprodução, constituindo-se
Subseção V instrumento de confronto para a aprovação de
Do Hino Municipal exemplares destinados ao público.
Parágrafo Único – Os exemplares reproduzidos do Hino
Art. 21 – A composição “Monte Santo de Minas”, letra Oficial do Município de Monte Santo de Minas não
atribuída a Noraldino Lima e música a Maria de Ruth podem ser postos à venda, nem distribuídos
Luz, passa a ser o Hino Oficial do Município de Monte ratuitamente sem que tragam o nome de seus autores,
Santo de Minas, conforme Anexo III desta Lei. bem como a Lei Municipal que o instituiu.
§1º - O Hino retrata as belezas naturais, a grandeza e o Art. 25 – É obrigatório o ensino do canto e da
potencial do povo monte-santense. interpretação da letra do Hino Oficial do Município de
§2º - Para qualquer alteração no Hino Municipal, Monte Santo de Minas em todos os centros e
deverá o Poder Executivo instituir concurso próprio estabelecimentos educacionais, públicos ou particulares,
entre compositores para este feito, seguindo e ensino infantil, fundamental e médio, no município de
regulamento específico estabelecido para este fim. Monte Santo de Minas.
Art. 22 – É recomendável a execução do Hino Parágrafo Único – Incumbe ao Departamento de
Municipal em todas as sessões cívicas, de caráter oficial Cultura e Turismo organizar e promover a reprodução
ou particular, e ainda: das partituras de orquestras do Hino Oficial do
I – Em continência à Bandeira Municipal, ao Prefeito Município de Monte Santo de Minas, adaptando-as para
Municipal e aos Vereadores, quando reunidos em atos bandas e fanfarras, disponibilizando-as a músicos e
cívicos locais; interessados.
II – Na abertura ou encerramento de sessão e
solenidades de caráter cívico local; CAPÍTULO III
III – No início dos eventos desportivos. DA APRESENTAÇÃO DOS SÍMBOLOS
IV – Nas cerimônias em unidades escolares, esportivas MUNICIPAIS
e culturais;
V – Nas cerimônias e ocasiões festivas promovidas por Da reprodução, uso, apresentação e execução
entidades particulares de datas festivas da cidade; dos símbolos do Município:
VI – Em cerimônias civis, militares ou religiosas a que Art. 26 – A reprodução, uso, apresentação e execução
se associe sentido patriótico ao município de Monte dos símbolos do Município dependerá de autorização
Santo de Minas ou exprima regozijo público. do Prefeito Municipal, do Presidente da Câmara
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Municipal, ou daqueles atos aos quais for delegada tal Art. 33 – As cores oficiais do Município de Monte
atribuição quando por conta de terceiros, será Santo de Minas e seus significados são:
indispensável autorização expressa pelo Chefe do I – OURO (amarelo) – força;
Executivo, e observação, em tudo o que lhe for II – PRATA (cinza) – candura;
aplicável, as disposições da Lei federal nº5.700, de 1º III – GÓLES (vermelho) – intrepidez;
de setembro de 1.971. IV – BLAU (azul) – serenidade;
§1º - Exemplares reproduzindo os símbolos do V – SINOPLE (verde) – abundância;
Município poderão ser distribuídos pelo Executivo VI – SABLE (preto) – sabedoria.
Municipal, mediante prévia autorização do prefeito Art. 34 – A identificação dos veículos, máquinas e
Municipal. equipamentos municipais faz-se mediante afixação de
§2º - Os exemplares dos símbolos do Município, cuja destaque do Brasão; na traseira serão afixadas a
reprodução estiver em desacordo com as descrições Bandeira do Brasil, Bandeira de Minas Gerais e
constantes desta lei, serão apreendidos e incinerados Bandeira do Município, vedado o uso de quaisquer
pelo Poder Público Municipal, sem que os outros símbolos.
transgressores possam alegar qualquer direito de Art. 35 – As cores oficiais do Município de Monte
indenização, independente das contravenções penais em Santo de Mians poderão ser usadas:
que possam ser inquinados. I – Como adorno, em todas as manifestações festivas
Art. 27 – Quando as reproduções do Brasão ou da que comportem, ou não, a apresentação da Bandeira
Bandeira Municipal forem feitas por conta de terceiros, Municipal;
o beneficiário deverá fazer prova de peça reproduzida, II – Em conjunto com as cores nacionais e estaduais;
com o arquivamento um exemplar no setor competente III – Em uniformes de instituições escolares e
da Prefeitura Municipal, que será examinado para a desportivas, filhos, laços, rosetas, laços, rosetas, lenços,
constatação de sua correção. etc;
Parágrafo Único – Não se aplica à Bandeira Municipal IV – Em palanques, postes, árvores, tribunas e sacadas.
confeccionada em tecido a exigência do arquivamento;
a apresentação será feita para simples verificação e
registro no livro próprio. CAPÍTULO V
Art. 28 – É obrigatório o ensino na rede municipal do DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
significado e reprodução do Brasão, da Bandeira
Municipal e do canto do Hino Nacional. Em todas as Art. 36 – Fazem parte da presente Lei:
suas festividades cívicas, o Brasão com suas cores I – Anexo I;
heráldicas, deverá ser usado em todos os papéis e II – Anexo II;
prédios municipais, podendo, neste caso, ser em metal, III – Anexo III:
madeira ou pedra, sem o colorido.
Art. 37 – Os impressos do Município, atualmente em
Seção II uso, continuarão a sê-los até sua extinção normal.
Das Proibições Art. 38 – O uso dos Símbolos Municipais ora
instituídos, com infração dos dispositivos desta Lei,
Art. 29 – É proibida expressamente a reprodução do sujeitará o infrator à multa a ser arbitrada por decreto do
Brasão, do Hino e da Bandeira Municipal, para Executivo, e bem assim, à apreensão dos exemplares e
servirem de propaganda política ou comercial. objetos em que estiverem impressos ou apostos, sem
Art. 30 – É terminantemente proibido o uso da Bandeira quaisquer ônus para os cofres municipais.
Municipal para servir de pano de mesa em solenidades, Art. 39 – O Poder Executivo Municipal no âmbito do
devendo ser obedecido o previsto nesta Lei. Município fará ampla divulgação da presente lei,
Art. 31 – É proibido o uso e hasteamento da Bandeira principalmente na rede municipal, estadual e particular
Municipal em locais considerados inconvenientes pelos de Ensino.
Poderes competentes, e ainda é vedado colocar, aplicar, Art. 40 – Revoga-se a Lei 375, de 27 de janeiro de
inscrever ou alterar, por qualquer forma ou processo, 1971.
quaisquer inscrições sobre os símbolos do Município. Art. 41 – esta lei entra em vigor na data de sua
Art. 32 – É terminantemente proibida qualquer publicação.
modificação no Brasão tal como distorções; alterações Monte Santo de Minas/MG, aos 18 de setembro de
no tamanho deverão ser efetuadas, de forma 2019.
proporcional. (a) Paulo Sérgio Gornati
Prefeito Municipal
CAPÍTULO IV
DAS CORES OFICIAIS Significado do Brasão de Monte Santo de Minas

Torres: representa a colonização portuguesa.


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Faixas branca com triângulo vermelho: representa a Besantos (círculos na cor amarela): representam o
localização do município no Estado de Minas Gerais, ouro e as riquezas minerais procuradas pelos
trazendo a bandeira de Minas. bandeirantes.
Fundo Azul: representa o céu brasileiro como na Faixa sinuosa abaixo dos triângulos pretos (cor
Bandeira Nacional. prata): representa o córrego do Tijuco, às margens do
Cruz: representa a origem cristã da cidade, que surgiu qual se estabeleceram antigos habitantes.
em torno de uma capela (a primeira capela de pau-a-
pique, coberta de folhas de coqueiro indaiá), sob a Parte verde abaixo do córrego: representa a vegetação
invocação de São Francisco de Paula (o padroeiro), nativa do local (mata ciliar).
localizada no local onde hoje está a E.E. Américo de
Paiva”. Em torno dessa capela surgiram as primeiras Ramos de café: representam em geral, a agricultura,
casas. Foi ali que a cidade começou. base econômica do município como também a riqueza
Elevações em forma triangular (cor preta): do café, o “ouro verde”.
representam as três serras do município: ao centro a
serra de Monte Santo de Minas, onde está edificada a 1820: é a data da fundação da cidade de São Francisco
cidade; a leste a serra da Bocaina e a oeste a serra do do Tijuco (hoje Monte Santo de Minas).
Baú.
1890: emancipação de Monte Santo de Minas como
cidade.

HINO DE MONTE SANTO DE MINAS Hei de ter sempre em meu coração,


Essa terra de paz e esplendor.
No planalto majestoso e altaneiro
Sombreado pela Mantiqueira, Monte Santo de Minas!
Tu surgiste ufano e fagueiro De ti não esqueço jamais,
Para orgulho da gente mineira. Teus rios e colinas,
Tesouros sem iguais.
Bandeirantes, heróis, lutadores
A todos encantas e fascinas,
Imbuídos de nobres ideais,
Salve, salve Monte Santo de Minas!
Descobriram essa terra de amores
Com ajuda de braços leais. Letra atribuída a Noraldino Lima. Música
atribuída a Maria Ruth Luz.
Monte Santo de Minas! A referência à serra da Mantiqueira (na letra do
De ti não esqueço jamais, hino de Monte Santo) provavelmente
considerando-se algumas ramificações de relevo
Teus rios e colinas,
dos últimos braços da Mantiqueira. No município
Tesouros sem iguais. de Monte Santo as denominações das serras são:
A todos encantas e fascinas, Serra de Monte Santo, onde está edificada a cidade,
Salve, salve Monte Santo de Minas! Serra do Baú e Serra da Bocaina.

Grandes vultos construíram nossa história Cléa Lúcia da Silva Faria, monte-santense,
educadora, professora de História, pós-
Nos albores da nacionalidade,
graduada em metodologia do ensino de
E o passado coberto de glórias História, historiadora e autora de muitos
Nos faz plenos de felicidade. projetos voltados para a cidadania, realizados
em escolas.
Eu que sou filho desse rincão,
Onde a força maior é o labor,

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NORALDINO LIMA
1885 - 1951

Noraldino Lima nasceu em 12 de janeiro de Em 1910 casou-se com dona Dejanira


1885, em São Sebastião do Paraíso, Minas Gerais. Era Aquino Vieira (15.04.1891 – 13.05.1972), filha de
filho de Francisco Martimiano de Souza e América Elói José Vieira e de dona Ana Aquino Vieira e
Brasiliana de Souto Souza (ou América de Souto constituiu família. Teve dois filhos: doutor Paulo
Lima). Consta em alguns arquivos que o Augusto de Lima, casado com dona Iónice Giffoni,
sobrenome Lima lhe foi colocado, em homenagem com descendência e Carlos Augusto de Lima.
à parente da família Ana Jacinta de Lima. Seu pai Tendo fixado residência em Belo Horizonte,
era funcionário fiscal do estado de Minas gerais. Noraldino Lima foi professor, ministrando aulas de
Noraldino era de origem humilde. Começou a geografia em importantes escolas: Colégio Izabella
trabalhar muito cedo para ajudar no sustento da Hendrix, Colégio Dom Viçoso, Instituto
família. Desde os dez anos de idade ensinava as Fundamental, escola de Comércio. Em 1914
primeiras letras às crianças da fazenda Araras, em formou-se em Direito pela Faculdade de Direito de
São Tomás de Aquino, Minas Gerais. Belo Horizonte, mas continuou seu trabalho de
Veio para Monte Santo ainda adolescente, escriturário até 1915, quando tornou-se secretário
quase um menino. Fez curso primário em São particular e, posteriormente, oficial de gabinete de
Sebastião do Paraíso e o curso secundário no Teodomiro Carneiro Santiago, secretário de
Colégio ‘Espírito Santo”, escola de propriedade do Finanças do governo Delfim Moreira.
major Américo de Paiva. Nessa escola recebeu as Noraldino Lima era político e poeta,
bases de sua educação em direção a uma carreira conhecido como “o Poeta da terra natal”. A obra
de grande sucesso. No Colégio “Espírito Santo” “Vésperas” (1919), uma coletânea de sonetos e
destacou-se pela brilhante inteligência, ocupando valiosa produção poética, foi admirada pela
sempre os primeiros lugares. Escreveu seu comunidade literária de Belo Horizonte. Essa obra
primeiro livro, “Albores”, em 1903, aos 18 anos, mostra seu estilo literário ajustado ao tempo e ao
quando ainda morava em Monte Santo. contexto social em que vivia. Pelo grande valor
Mudou-se, em 1905, para Juiz de Fora, dessa obra, o poeta foi admitido como membro da
onde continuou os estudos no Colégio Granbery, Academia Mineira de Letras. Noraldino vivia um
conquistando todos os prêmios destinados aos tempo de realizações no trabalho. Sua trajetória
primeiros alunos em sabedoria e aplicação. Para política e literária e a vida de grande estudioso
custear os estudos, trabalhou como inspetor de caminhavam concomitantemente. Produziu ainda
alunos e foi redator chefe do jornal “O Granbery”. as obras: “No Vale das Maravilhas” (prosa –
Diplomou-se em Farmácia em 1910. 1925); “Elogio dos Mortos (prosa – 1926); “O
Em Juiz de Fora foi também primeiro Momento Pedagógico” e “Discursos” (1934), nas
secretário da Liga Literária. Publicou, nessa época, quais reuniu suas peças de oratória; “O Café no
o livro Meridianas (livro de versos). A partir do Estado Nacional (1944); “Pela Educação”.
ano de 1910, muitos acontecimentos marcaram a Ocupou ainda os seguintes cargos:
vida de Noraldino Lima. Nesse ano, mudou-se para  Suplente de deputado estadual de Minas
Belo Horizonte, sendo nomeado escrevente da Gerais (1919-1920);
Prefeitura Municipal. Logo depois foi convidado  Membro do Conselho Deliberativo de Belo
para um cargo comissionado no gabinete de Horizonte (1920-1922);
Wenceslau Braz, então presidente do Estado de  Deputado estadual (1922);
Minas. Aprovado em concurso público, foi  Chefe da Imprensa Oficial e Redator-chefe
nomeado escriturário da Secretaria de Finanças do
do jornal “Minas Gerais” (1922 – 1924);
estado, chefiada por Artur Bernardes.

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 Secretário particular do presidente de Em Monte Santo de Minas, com a iniciativa
Minas, Olegário Maciel (1924), mantendo também do Dr. Noraldino Lima, a influência do Dr.
os cargos na Imprensa Oficial, onde trabalhou até Valdomiro de Barros Magalhães, o apoio do
1826; presidente de Minas Olegário Maciel e também
 Diretor de Instrução Pública do Estado de do prefeito Dr. Pedro Paulino da Costa, foi
Minas Gerais (1927), cargo que deixou para fundada em 16 de maio de 1932, a Escola Normal
lecionar e exercer a advocacia. Oficial “Américo de Paiva” (atual Escola
 Novamente Diretor da Imprensa Oficial do Estadual “Américo de Paiva”), cujo prédio foi
Estado de Minas Gerais (1930-1931); tombado em 26 de agosto de 1988 pela lei
 Secretário de Educação e Saúde Pública de municipal nº 1254, sendo o tombamento
Minas Gerais (1931-1933); publicado em 16 de março de 2005.
 Membro da Comissão Executiva do Partido O próprio Noraldino escolheu o nome de
Progressista (1933); “Américo de Paiva”, para a Escola Normal, em
 Deputado Estadual (1935 – 1937); homenagem ao seu grande professor,
demonstrando assim sua gratidão ao antigo
 Membro do Conselho Diretor do
mestre. A obra cultural de Noraldino Lima
Departamento Nacional do Café (1937 – 1944);
estendeu-se à cidade de Arceburgo, onde ele
 Membro do Partido Social Democrático.
criou o Grupo Escolar “Cel. Lucas Magalhães”
Foi eleito deputado federal da Assembleia
(atual Colégio Arceburguense).
Nacional Constituinte (1945), mas não exerceu o
Noraldino Lima faleceu em 30 de
mandato;
novembro de 1951, no Rio de Janeiro. Seu nome
 Diretor da Caixa Econômica Federal no Rio
ficou gravado na história de São Sebastião do
de Janeiro (fevereiro a novembro de 1946);
Paraíso, Monte Santo de Minas, Arceburgo e
 Interventor do Estado de Minas Gerais
Belo Horizonte.
(17/11 a 12/12/1946);
“Sabemos apenas que vivemos para morrer
 Membro do Conselho Superior de Guerra
aos poucos; dias há, no entanto, em que
das Caixas Econômicas Federais (dezembro/1946-
morremos demais, morremos muito, morremos
1948);
tanto e tanto, que temos dentro de nós a sensação
 Vice-presidente do Conselho Superior das exta, perfeita, quase concreta, dos desabamentos
Caixas Econômicas Federais no Rio de Janeiro e definitivos” (Noraldino Lima).
depois diretor de sua Carteira Imobiliária.
Fontes: “Paraíso História e Tradições” (Luís Ferreira);
 Membro do Instituto Histórico e Geográfico
“História de Minas” (João Camilo de Oliveira Torres);
de Minas Gerais; “Obra Poética de Noraldino Lima” (comentários de Luiz
 Presidente da Federação das Academias de Carlos Pais); Ata de fundação do Colégio Arceburguense
Letras do Brasil. cedida pelo professor Sander Rogério Ribeiro Pereira,
Quando foi Secretário de Educação do Estado de informações da professora Shirley Preto Gomes, de São
Sebastião do Paraíso.
Minas Gerais, Noraldino Lima contribuiu para a
educação, ampliando o ensino oficial, com a
construção de várias escolas em Belo Horizonte e Cléa Lúcia da Silva Faria, monte-santense,
cidades do interior do estado. Em São Sebastião educadora, professora de História, pós-
do Paraíso fundou as escolas “Cel. José graduada em metodologia do ensino de
Cândido”, “Francisco Daniel” (Guardinha) e História, historiadora e autora de muitos
“Termópolis”. projetos voltados para a cidadania, realizados
A terceira escola de Primeiro Grau (hoje em escolas.
Ensino Fundamental) de São Sebastião do
Paraíso, construída em 1950, foi denominada
“Interventor Noraldino Lima” em sua
homenagem.

-156 -
LIGAÇÃO DE NORALDINO LIMA COM MONTE
SANTO DE MINAS

Noraldino Lima considerava a cidade de referência seus riscos e colinas. Noraldino fez
Monte Santo de Minas como sua segunda terra também referência à história da cidade, lembrando
natal, pelos anos que aqui viveu e pela os bandeirantes que vieram à procura de ouro.
oportunidade de estudar no Colégio “Espírito Destacou ainda o passado histórico de
Santo” de Américo Benicio de Paiva. O Colégio Monte Santo construída por grandes homens, no
“Espírito Santo” era uma escola particular. caso fundadores e homens de relevante importância
Percebendo a inteligência de Noraldino, Américo para a história da cidade. A letra é também uma
de Paiva permitiu que ele estudasse gratuitamente. homenagem a Monte Santo.
Nas horas vagas, Noraldino ajudava em algumas
tarefas. Cléa Lúcia da Silva Faria, monte-santense,
Assim, Noraldino amava esta terra e tinha educadora, professora de História, pós-
pelo professor Américo de Paiva enorme gratidão. graduada em metodologia do ensino de
Por isso deu o nome de Américo de Paiva à Escola História, historiadora e autora de muitos
Normal, fundada em 1932. A letra do hino a Monte projetos voltados para a cidadania, realizados
Santo é, muito provavelmente, uma de suas poesias em escolas.
adaptada ao formato de letra de música. Nos
versos, é evidente o amor pela cidade de Monte
Santo, exaltando suas belezas naturais, fazendo

MARIA RUTH LUZ


1928 - 2010
Maria Ruth Luz nasceu em 07 de dezembro de solfejo, música e artes no Conservatório, onde
de 1928, em Monte Santo de Minas, onde passou trabalhou por 11 anos, sendo ainda a fundadora do
sua infância e iniciou seus estudos. Era filha única primeiro coral dessa instituição. Em 1960, Maria
de Francisco Antônio Gomes da Luz (1884 – 1967) Ruth foi eleita para o Conselho Técnico
e de Ana Custódia da Luz (1884 – 1931). Administrativo, junto com Yolanda Rigonelli e o
Em 1954, casou-se com seu primo Paulo maestro Spastaco Rossi, entre outros membros.
de Cerqueira Luz (1915 – 19.04.1978). Foram Maria Ruth lecionou em várias escolas de
morar em Tatuí, SP, onde residiram até o fim de Tatuí e outras cidades. Músicos importantes e
suas vidas. Em 16 de agosto de 1954, Maria Ruth cidadãos tatuianos foram seus alunos. Maria Ruth
participou da primeira reunião para a fundação do foi notável compositora e professora de música,
Conservatório de Tatuí, criado em 13.04.1951, por sempre dedicada e exigente em seu trabalho.
lei estadual. Ainda no ano de 1954, o Com o tempo, uma creche fundada na
Conservatório Dramático Musical “Dr. Carlos de cidade recebeu o seu nome. Compareceram à
Campos” foi instalado num antigo casarão cerimônia de inauguração e homenagem, três dos
pertencente à família Guedes. quatro filhos de Maria Ruth Luz e Paulo Cerqueira
Maria Ruth destacou-se como professora de Luz: Paulo Afonso de Cerqueira Luz, João
Educação Artística e musicista, ministrando aulas Gualberto de Cerqueira Luz, Antônio Sérgio de
-157 -
Cerqueira Luz, ainda noras, netos e sobrinhos do respectivamente, atribuída a Noraldino Lima e
casal. Maria Ruth Luz, pela tradição oral de muitos anos,
Maria Ruth e Paulo eram um casal artístico. fonte histórica aceita e considerada de valor legal
Paulo era negociante, também autodidata, para a historiografia. Porém, a pesquisa sobre a
tornando-se pintor e músico amador. Tocava origem do Hino a Monte Santo continua.
alguns instrumentos de corda: violão, cavaquinho e Futuramente, caso novas fontes ou documentos
banjo. Eles são autores da obra “Tatuí, cidade mais convincentes, dignos de credibilidade, sejam
ternura” (1961), música de Maria Ruth Luz e letra encontrados e comprovados, poderá ser feita
de Paulo de Cerqueira Luz. Em 10.08.1964, a correção.
Câmara Municipal de Tatuí aprovou o projeto de Podemos afirmar com segurança, que só
lei do vereador Aido Luiz Lourenço, que alguém com conhecimento literário e portador de
estabeleceu a música “Tatuí”, Cidade Ternura” bagagem cultural poderia ter escrito a letra do hino,
como hino do município de Tatuí. Em 10.08.1964, como também só uma pessoa culta, conhecedora de
o prefeito Paulo Ribeiro promulgou e sancionou a música poderia ter feito esta composição musical.
lei em solenidade pública realizada no salão nobre Esta observação é um dos argumentos que apontam
da Escola Industrial “Salles Gomes”, encerrando a para Noraldino Lima e Maria Ruth Luz.
Semana da Música Organizada pelo Conservatório. Fontes que contribuíram para a produção deste
É muito provável que a música do Hino de texto: informações obtidas no site da Prefeitura de
Monte Santo de Minas seja uma composição de Tatuí, Wikipédia Enciclopedia Livre, postagem de
Maria Ruth Luz, sendo a letra uma adaptação de Henrique Autran Dourado e informações de
um poema de Noraldino Lima. Outras obras do Sander Rogério Ribeiro Pereira.
casal Maria Ruth Luz e Paulo de Cerqueira Luz:
Hino de Caconde, Hino da E. E. José Tomás
Cléa Lúcia da Silva Faria, monte-santense,
Borges; Os Meninos Cantores; Treze de Maio,
educadora, professora de História, pós-
Criança, Criança e Caridade. Maria Ruth faleceu
graduada em metodologia do ensino de
em Tatuí em 31.10.2010, aos 81 anos, tendo
História, historiadora e autora de muitos
oferecido grande contribuição à história de Tatuí,
projetos voltados para a cidadania, realizados
durante os 56 anos em que viveu naquela cidade.
em escolas.
RESSALVA IMPORTANTE
Até o presente momento, a autoria da letra e
música do Hino de Monte Santo de Minas é,

“... É impossível negar que em suas naturais e suavisíssimas predileções o coração distingue
sempre entre todos os distritos, cidades e diversos pontos do país o torrão limitado do berço
pátrio; pobre ou mesquinho, esquecido ou decadente, agreste ou devastado é sempre amado por
nós e sempre grato para nós”. (J. M. de Macedo).

-158 -
MEMORIAL DOS PREFEITOS DE MONTE SANTO
DE MINAS

Intendente

1 – João Coelho Monte Alegre


(03.03.1891 – 03.03.1892)

Agentes-Executivos:

2 – Doutor Aristides da 3 – Major Isaac Soares de 4 – Antenor Ferreira


Silveira Lobo Sobrinho Moraes (03.07. a Carvalhaes (19.11.1892 –
(08.03. a 03.07.1892), (1898: 02.10.1892), (1899: 17 a 31 08.03.1894/10.03.1894
55 dias alternadamente), de janeiro, 26.02 a 05.03, 20 02.01.1895)
(21.01 a 01.09.1905 / 25.02 a a 31.08, 12 a 23.12); (1900:
31.03.1906) 01° a 15.02, 20 a 26.03), (nos
anos de 1914 a 1915,
substituiu alternadamente o
doutor Valdomiro de Barros
Magalhães, no exercício do
cargo de agente-executivo)

-159 -
5 – Major Francisco 6 – Doutor Wenceslau Braz 7 - Doutor Polycarpo
Cassiano de Lima Pereira Gomes (02.01.1895 – Rodrigues Viotti (substituiu
(09.03.1894), (02.08 a 31.12.1897), (01.01.1898 – alternadamente o doutor
30.09.1904) 28.09.1898) Wenceslau Braz, nos anos
de 1895 e 1897)

8 – Coronel Lucas Tobias 9 - Amazilio Pinto de 10 – Cônego João Osório


de Magalhães (01.01.1898 Magalhães (22.11 a Marcondes (08 a 22.10 e
– 129 dias alternadamente; 10.12.1898) 23.11 a 11.12.1901)
- 1899 - 3° trimestre, com
exceção de 20 a 31 de
agosto; 4° trimestre; 1900:
01° trimestre, com exceção
de 01°a 15 de fevereiro e
de 20 a 26 de março);
(02.01. a 08.10.1901),
(23.11.1901 – 31.12.1904) e
(06.01.1919 – 31.12.1922)

-160 -
12 – Tenente-Coronel 13 – Coronel Francisco Gê
11 – Major Américo Benicio
Fabiano Soares de Morais Pereira Lima (11 a
de Paiva (01 a 20.01.1905)
(01.09.1905 – 30.12.1907) 24.02.1906), (01.01.1908 –
31.05.1912)

14 – Doutor Valdomiro de 15 – Coronel José Cassiano 16 – Coronel Francisco


Barros Magalhães Gomes (02.10. a 18.11.1892), Paulino da Costa
(01.06.1912 a 31.12.1915), (substituiu alternadamente (01.01.1916 a 31.12.1918)
(empossado a 22.03.1924, o doutor Valdomiro de
renunciou no mesmo dia) Barros Magalhães, nos anos
de 1912 a 1914, quando
faleceu no exercício do cargo
de agente-executivo)

-161 -
17 – Capitão Álvaro Pereira 18 - Doutor Antonio Ernesto 19 - Capitão Theophilo Dias
de Mello (01.01 a 01.04.1923 Coelho (01.04 a 31.05.1923) Branco (18.01 a 22.03.1924)
e 01.06.1923 – 05.01.1924)

20 – Coronel Joaquim 21 – Coronel Theodoro


Bernardes da Silva Paulino da Costa
(22.03.1924 – 13.10.1926, (13.10.1926 – 16.05.1927 a
quando faleceu no exercício 20.11.1930)
do cargo de agente-
executivo)

-162 -
PREFEITOS NOMEADOS

22 – Doutor Pedro Paulino 23 - Lindolpho Paulino da 24 – Oswaldo Otavio


da Costa (20.12.1930 – Costa (durante alguns Provincialli (02.01.1947 –
07.06.1936 - Prefeito meses de 1936 exerceu o 04.04.1947)
nomeado), (07.06.1936 - cargo de prefeito em
27.11.1937 - Prefeito eleito), substituição ao doutor
(14.12.1937 a 02.01.1947 - Pedro Paulino da Costa)
Prefeito nomeado)

25 – Doutor Domingos Luz


de Faria (04.04.1947 a
08.12.1947)

-163 -
PREFEITOS ELEITOS

26 – Doutor José Pereira 27 – Doutor Humberto 28 – Vital Paulino da Costa


Quinetti (08.12.1947 – Lattaro (07.02.1951 – (01.02.1955 – 31.01.1959),
06.02.1951, foi o primeiro 31.01.1955) (01.02.1967 – 31.01.1971),
prefeito constitucional (01.02.1973 – 31.01.1977)
eleito)

29 – Olyntho Paulino da Costa 30 – Doutor Miguel Abrão da 31 – Marcio Wamilton


(01.01.1959 – 31.01.1963) Silva (01.02.1963 – 31.01.1967) Magalhães (01.02.1971 –
31.01.1973)

-164 -
32 – Luiz Alberto Paulino 33 – Forte José da Silva (01. 34 – Carlos Alberto Paulino
da Costa (01.02.1977 – 04 a 01.11.1981) da Costa (01.02.1983 –
31.01.1982), (01.01.1993 – 31.12.1988)
31.12.1996)

35 – Sebastião de Castro 36 – Laudevino dos Santos 37 – José do Carmo de Paula


Teixeira (01.01.1989 – (22.04 a 31.12.2000) Braga (01.01.2001 –
31.12.1992), (01.01.1996 – 31.12.2004), (01.01.2005 –
22.04.2000, quando faleceu 31.12.2008, foi o primeiro
no exercício do cargo de prefeito reeleito
prefeito) constitucionalmente para
dois mandatos consecutivos)

-165 -
39 – Militão Paulino de Paiva 40 – Paulo Sergio Gornati
38 – Sandra Aparecida Cecílio
(26.05.2010 – 31.12.2012), (01.01.2017 – 11.03.2019 /
Silva (01.01.2009 – 26.05.2010,
(01.01.2013 – 31.12.2016) 03.03.2019 – 31.12.2020)
foi a primeira mulher eleita a
exercer o cargo de prefeita)

41 – Maria de Fátima Jorge


Piovesani (11.03 a 03.03.2019)

-166 -
CÂMARA MUNICIPAL DE MONTE SANTO DE MINAS

VEREADORES DA 13ª LEGISLATURA (2017 - 2020)

Adauto Guerzoni Geovane dos Reis Silva Hugo Zotti Rotta

Jhonny Alexandre Marques Dr. Paulo Rubens C. Donnabella


Jean Lucas Biaggio

Paulo Sérgio Naves Dra. Priscila Maria Paulino Santos Renato Vitor Marçal

Dra. Sandra Soares de


Moraes Ferreira

Sebastião Pereira

-167 -
APONTAMENTOS PARA A HISTÓRIA DO
DISTRITO DE MILAGRE

A Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Milagres teve sua construção


iniciada em 1920 e foi inaugurada em 19 de dezembro de 1945.

Em face dos poucos dados históricos do Tombo desta Parochia. Monte Santo, 26 de
disponíveis, a fundação do distrito de Milagre tem fevereiro de 1888. O Vigario Joao Ozorio
início com o documento encontrado no 1º Livro do Marcondes”.
Tombo da Paróquia de São Francisco de Paula de Supõe-se, pela tradição oral, que uma
Monte Santo de Minas, página 04, que transcrevo: pequena capela foi construída nos arredores de
“... Declaração, Eu abaixo assignado, vigário da onde hoje se encontra a Igreja Matriz de Nossa
Freguesia de S. Francisco de Monte Santo, declaro Senhora dos Milagres, e houve a doação de terras
que recebi, em moeda corrente do Império, a para constituir o patrimônio pelos senhores:
quantia de quatrocentos e cincoenta mil reis do Graciano Marçal Sobrinho; José Maria de Souza;
Snr. Graciano Marçal Sobrinho; quantia esta que, José Cardozo da Silva; dona Maria Joana Cardozo;
do mesmo Snr. Foi entregue pela liberta Thereza, dona Francisca Cardozo e dona Ana Cardozo, que
sendo pela doante imposta a condição de erigir na supostamente totalizaram uma área de cerca de 25
Igreja desta Freguezia um oratório, em lugar alqueires. Até o presente não foi encontrada a
determinado pelo Vigario, afim de depois da morte escritura de doação dessas terras. Essa pendência
da doante, nesse oratório, ser collocada a imagem só seria resolvida entre a Câmara Municipal de
de N. Senhora do Milagre, que se acha em poder Monte Santo e a Fábrica Geral da Diocese de
da mesma, e, caso essa imagem seja defeituosa, Guaxupé, sobre os patrimônios de Monte Santo,
será collocada uma nova, porém, da mesma em novembro de 1919, pondo termo a essa questão
invocação. Esta declaração fica também no Livro e evitando, assim, futuras dúvidas.

-168 -
Entre os proprietários de terras que estavam avenida Plínio Pereira Quinetti era a única entrada
estabelecidos próximos ao distrito sabemos dos que ligava Monte Santo de Minas ao estado de São
seguintes: capitão Joaquim Antonio Pereira Paulo e outras cidades da região.
Quinetti; capitão Hipólito Gomes Ribeiro; Ismael Os italianos chegaram nos primeiros anos
Pereira Quinetti; Plínio Antonio Pereira; José do século XX e entre as famílias de imigrantes
Honório Pereira; tenente João Pedro Rodrigo; José pode-se citar: Pietro Ferracin; Giovanni Ferracin;
de Oliveira Forte; Braziel Garcia de Oliveira; Jerônimo Piovan; Tito Piovan, Matteo Sandroni,
Manoel Paulino de Souza; José Cândido de entre outras.

Banda Antoniana, era maestro Antonio Masceo e músicos Joti Piovan, Natal Piovan, Florindo Pazzoto,
Jovino Leão, Hermeto Leão, Anacleto de Pieri, Tomaz Prícoli, Atilio Zamarian, Luiz Gregório e Pedro
Piovan. Cerca de 1925. Acervo do comendador José Olívio Ferracin de Andrade.

Oliveira; Brasiliano Feliciano da Silva; Francisco O primeiro farmacêutico foi o Oliveiros


Custódio Júnior e Francisco Crispim. Coelho de Moraes, estabelecido por volta de 1912.
Contava-se que a primeira casa foi Em 1914, Matteo Sandron, Jerônimo
construída pelo baiano Francisco Cardozo da Silva, Piovan e Fioravante Ferracin promoveram a
secundados pelos conterrâneos Eustázio Secundo construção da capela de Santo Antonio de Pádua e
dos Santos, Ernestino Leão, Antonio Joaquim de Matteo Sandron fundou a Confraria de Santo
Carvalho, entre outros. Esses migrantes chegaram Antônio, que relevantes serviços assistenciais e
fugindo da seca, muitos vieram a pé. A atual espirituais prestou naqueles tempos.

-169 -
Pela provisão de dom Antonio Augusto de Em 1919 eram comerciantes no povoado de
Assis, bispo de Pouso Alegre, datada de 26 de Milagres os senhores: Antonio Ibba, Jorge Miguel
dezembro de 1915, a capela de Nossa Senhora dos e Rosário Fioretto.
Milagres foi desmembrada da paróquia de Monte Com o aumento populacional do povoado
Santo, conforme se lê: “D. Antonio Augusto de de Nossa Senhora dos Milagres, os senhores
Assis, por mercê de Deus e da Santa Sé Apostólica, capitão Hipólito Gomes Ribeiro, José de Oliveira
Bispo de Pouso Alegre. Aos que esta nossa Forte, os irmãos Ismael Pereira Quinetti e Plínio
Provisão virem, saúde e bênção no Senhor – Antônio Pereira solicitaram do doutor Valdomiro
Fazemos saber que, attendendo a necessidades de Barros Magalhães (1883 – 1944), deputado
espirituais dos habitantes do Bairro dos estadual, sua interferência junto ao governo do
“Milagres” – Estado de Minas
Havemos por Gerais, para que o
bem desanaxal-a povoado fosse
da parochia de elevado à categoria
Monte Santo e de distrito, o que
anexal-a a ocorreu através da
parochia da lei número 843, de
Villa de 07 de setembro de
Arceburgo, 1923, artigo 5º,
quanto não parágrafo LIX,
mandar-nos o sancionada pelo
contrario: governador Raul
recomendando Soares de Moura,
ao respectivo que transcrevo: “...
encarregado que que criou o distrito
procure attender de Milagres, com
do melhor modo Os imigrantes italianos Marco Ferracin (1876 – 1931) e dona as seguintes
pôssivel as Paschoa Greggio (1877 - 1929). Acervo do comendador José Olívio confrontações: LIX
necessidades Ferracin de Andrade. – de Milagres, no
espirituais dos fieis naquele Bairro da capella de povoado do mesmo nome, município de Monte
a
N Senhora dos Milagres, prhegando-lhes a Santo, com a seguinte divisa: partindo da
palavra de Deus, administrando-lhes os Santos confluência do ribeirão Macaúbas com o Areias a
Sacramentos, providenciando sobre o ensino divisa sobe por este até o Córrego Marçal e por
religioso das crianças e fazendo o mais que lhe ele acima até a nascente deste; daí em linha reta,
inspirar o seu zelo. Está deverá ser lida na Estação ao pico do morro Sete Cabeças e, na mesma
da Missa e registrada no Livro do Tombo de direção, à nascente do Córrego Fundão; depois
Arceburgo. Dada e passada na Camara por este abaixo, até o Macaúbas, pelo qual desce,
Ecclesiastica em Guaxupé, sob o nosso signal e o afinal até o ponto de partida – confluência do
sello de nossas armas aos 14 de Dezembro de ribeirão Macaúbas com o Areias”. Entretanto,
1915. Eu, P. Braz Raffa, secretário da Curia a devido a disputas políticas a instalação do distrito
escrevi: + Antonio. Certifico que dei cumprimentos de Milagres só aconteceria muitos anos depois,
a tudo que se refere a presente provisão e tomei como veremos.
posse da capella. Arceburgo, 26 de Dezembro de Em 21 de junho de 1925, foi dada a
1915 – Padre Paschoal Manoel Quércia – seguinte notícia sobre o distrito de Milagres:
Vigário”. "Os fazendeiros do distrito de Milagres, à frente
O primeiro sub-fiscal do povoado de Nossa dos quais se colocaram os prestantes cidadãos srs.
Senhora dos Milagres, mantido pela Câmara de Adolfo Santana, Ismael Antonio Pereira, José de
Monte Santo, que se tem notícias foi Gualtério Oliveira Forte e Plínio Antonio Pereira, acabam
Joaquim de Carvalho, em 1916. de reunir-se para custear a construção de uma
estrada de automóveis que ligará aquele distrito a
-170 -
esta cidade. Essa estrada, partindo da cidade, irá de 1930 e 1932. O preço do café caiu, lavouras
até a fazenda do Campo Redondo, do cel. Adolfo escassas e muitas famílias foram obrigadas a
Santana, numa extensão de 6 km e aí, bifurca-se a migrar para outras regiões que oferecessem
um ramal, atravessando as terras dos srs. Ismael melhores opções de trabalho. Os estados do Paraná
Antonio Pereira e José de Oliveira Forte, na e de São Paulo foram os dois locais mais
fazenda do Taquaral, o arraial de Milagres, e a escolhidos para a migração. Incentivou-se, então, a
fazenda de Macaubas, do Sr. Plinio Antonio cultura do algodão, do milho, do arroz, do feijão e
Pereira, irá entroncar-se na estrada de Arceburgo da batata, além de novos cafezais. Ao mesmo
a Mococa". tempo, a pecuária visava
Entre os anos de principalmente à
1920 a 1928, deu-se a produção de leite,
construção da atual Igreja melhorando seus
Matriz de Nossa Senhora rebanhos. Com o passar
dos Milagres pela dos anos, houve uma
comissão formada pelos reação, no sentido de
senhores: Amadeu Bacci, valorizar a lavoura
Gregório Ferracin, cafeeira, com a
Constante Ferracin, recuperação dos
Oliveiros Coelho de cafezais existentes e
Moraes, entre outros, com o plantio de novos.
ficando faltando apenas a O café voltou, assim, a
torre sineira. Em frente à se impor como cultura
Igreja foi construído um predominante em nossas
coreto, posteriormente atividades agrícolas,
demolido. graças ao
Concomitantemente à comportamento dos
construção da Igreja, havia antigos produtores, que
sido levantado um preservaram suas
cruzeiro, aos pés do qual lavouras, nos momentos
se acendiam velas votivas, Casal de imigrantes italianos Gregório Ferracin difíceis vividos pelos
pelas promessas cumpridas (1877 – 1959) e dona Joana Campioli. Acervo do cafeicultores – momentos
nas graças alcançadas. comendador José Olívio Ferracin de Andrade. ocasionados pela crise de
Segundo a tradição oral, o superprodução ocorrida
primeiro casamento realizado na capela de Nossa em 1929.
Senhora dos Milagres aconteceu em 09 de abril de Em 31 de março de 1934, graças aos
1931, quando casaram-se dona Maria Crispim e esforços do dr. Noraldino Lima, então Secretário
Hipólito Gomes Ribeiro Netto, sendo celebrante o de Educação e Saúde Pública, por decreto de
padre André Sierkiewicz. Benedicto Valadares Ribeiro, governador de Minas
Em 1930, tem-se notícias dos seguintes Gerais, foi criado o Grupo Escolar “Getúlio
estabelecimentos no districto de Milagres: José de Vargas”, que também teve as denominações de
Alencar Coelho (dentista); José Zamarco Escola Reunida e Escola Combinada “Getúlio
(negociante de gêneros, bebidas, artigos Vargas”, sendo nomeada sua primeira diretora,
inflamáveis, corte e barbearia); Joaquim Ayres de dona Florianita de Paiva Gomes e professoras as
Montenegro (dentista); Jerônimo Piovan (táxi); dona Terezinha de Paiva Piovan e dona Francisca
Miguel João (negociante de fazendas); Marcos Rebeck, posteriormente teve sua denominação
Ferracin (máquina de café, máquina de arroz, alterada para Escola Estadual de Milagre, que
caminhão e automóvel) e Oliveiros Coelho de conserva atualmente.
Moraes (farmacêutico). Em 1952, o Grupo Escolar “Getúlio
Nessa época, muitas dificuldades surgiram, Vargas” era dirigido por dona Florianita de Paiva
em consequência da crise de 1929, das revoluções
-171 -
Gomes, sendo professora dona Jandira e era algum tempo, viveram num entrevo para
inspetor escolar, José Donabella Filho. solucionar o impasse criado pela divergência.
O desenvolvimento da educação no distrito Então, em julho de 1932, o capitão Adolpho de
de Milagre tem um nome que também não pode ser Souza Caldas, prefeito de Arceburgo, encaminhou
esquecido: professora Maria Cássia Ragazzi de um ofício à Comissão Revisora da Divisão
Castro, que em 1972, iniciou suas atividades e de Administrativa do Estado de Minas Gerais, sob a
professora passou à coordenadora, depois diretora presidência do doutor Pedro Aleixo, que registrou
da escola e o fato na data da
também reunião realizada
diretora da em 18 de outubro
creche. Foi de 1932, em Belo
durante sua Horizonte, que
participação na transcrevo em
vida escolar da partes: “Na
comunidade ordem do dia, o
que o distrito dr. Arthur
ganhou um Eugênio Furtado
novo prédio apresenta o
para a Escola trabalho abaixo,
Estadual de sobre o município
Milagre, em de Arceburgo,
1978. Outra peça esta que
grande conquista Casal de imigrantes italianos Pietro Ferracin e Margherita Pillon. havia sido
foi a autorização Acervo do comendador José Olívio Ferracin de Andrade. convertida em
das extensões das diligência na
séries (5ª e 8ª) em sessão de 23 de
fevereiro de 1981, pelo governador do estado, Agosto último, por deficiência de dados na carta
Francelino Pereira dos Santos, a pedido do geográfica respectiva. DISTRIBUIÇÃO N. 7 –
deputado João Baptista Castejon Branco. Anos MUNICÍPIO DE ARCEBURGO.
mais tarde, veio a instalação do Ensino Médio e o Relatório
desmembramento do ensino infantil e a O processo de Arceburgo contém as
municipalização do Ensino Fundamental (1ª a 4ª seguintes peças:
séries). Em 1998 veio o prédio da Escola a) Resposta do Prefeito à circular de “5 de
Municipal “Florianita de Paiva Gomes”. Em 2000, Abril” do corrente ano, informando que o povoado
Cássia deixou a direção da Escola Estadual de de Milagres, elevado a distrito pela lei n. 843, mas
Milagre, sendo sucedida pela professora Marli não instalado, deve ser transferido para este
Aparecida Correira de Oliveira, que conseguiu município de Monte Santo, pelas razões seguintes:
recursos estaduais para a realização da reforma do 1º) distancia desse povoado á séde de Arceburgo é
prédio, instalação de novas salas, muros, muito menos do que a séde do município a que
pertence, sendo as estradas para Arceburgo
equipamentos de acessibilidades e construção da
incomparavelmente melhores do que as de Monte
quadra poliesportiva, muitas dessas conquistas
Santo;
deve-se também à professora Sára Maria Caixeta
2º) os enterramentos, casamentos e serviços
de Oliveira, diretora da Superintendência Regional religiosos e registro civil são todos feitos em
de Ensino de São Sebastião do Paraíso, junto ao Arceburgo, pela dificuldade de comunicação com
governo do estado de Minas Gerais. a séde de Monte Santo;
Durante muito tempo a polêmica surgiu 3º o escoadouro natural da produção agrícola de
entre vários estados do país no que diz respeito às Milagres é feito pela estação de Canôas, ramal de
divisas de seus territórios. São Paulo e Minas Mocóca, bem como todo o comércio desse povoado
Gerais não escaparam desse confronto, e até Monte é feito por intermédio da estação via Arceburgo;
Santo de Minas, Arceburgo e Mococa, durante
-172 -
4º) a assistencia medica e serviço postal são feitos d) Um pequeno mapa do município de
em Arceburgo; Arceburgo.
5º) finalmente, a população de Milagres já e) Informação do Serviço de Estatística do
manifestou o desejo de ser Estado, por onde se vê a
aquele povoado incorporado renda do município, foi: -
definitivamente ao município em 1928... 152:717$820;
de Arceburgo; em 1929 – 124:954$576 e
O município só tem em 1930, de 77:312$650;
um distrito, o da séde. que tem uma divida
A população desse flutuante de 38:800$000;
povoado (Milagres) é uma área de 162
calculada, segundo informa quilometros quadrados e
o prefeito, no total de 6.000 uma população de 10.061
habitantes, mais ou menos. habitantes; finalmente, que
A renda arrecada nos o municipio de Monte
tres penultimos anos foi a Santo discorda da linha
seguinte: em 1928 – publica no “Minas-Gerais”
134:220$820; em 1929 – de 18 de janeiro de 1927,
124:954$575 e em 1930 – linha essa organizada pelo
760:012$650. Serviço de Estatistica
Informa ainda o Geral do Estado, sob a
prefeito que as linhas alegação de que as divisas
divisórias do município com legais são as da lei n. 556,
os vizinhos de Monte Santo e de 1911, art. 7 n. XXXIX e
Guaranésia não estão bem 9 n. L.
definidas e indica razões f) Informação do
dessas dúvidas, e qual a Serviço Geográfico do
melhor maneira de fixar Estado sobre as duvidas
O farmacêutico Oliveiros Coelho de Moraes,
essas divisas. sua esposa dona Maria Bacci e seu filho, existentes nas divisas do
Acompanham essas Francisco Coelho de Moraes (Chiquito), que municipio com as de Monte
informações num memorial e foi prefeito de Mococa nos anos de 1973 a Santo e Guaranezia.
um “croquis” do município 1977. Década de 1910. g) Mapa organizado
feitos pelo engenheiro- pelo Serviço Geografico do
agronomo Mathias Estado,
Barbosa. compreendendo
b) Um oficio do o novo distrito
Prefeito remetendo de Milagres.
copia proferido pela Assim relatado,
Comissão que, em passo o
1921, estudou as processo ao 1º
questões de limites revisor.
entre Arceburgo e Belo
Monte Santo. Horizonte, 23
c) Copia da lei n. de agosto de
556, de 1911, sobre as 1932.
divisas do antigo - (Arthur
distrito de São João Antiga residência e farmácia de Oliveiros Coelho de Moraes. Eugenio
da Fortaleza e das Furtado,
novas divisas de relator).
Arceburgo com os municípios de Monte Santo e - Visto, 24-8-932 – (Hildebrando Clark, 1º
Guaranésia. revisor).

-173 -
- Visto, critério traçou as
25-8-932 (Feu de seguintes divisas:
Carvalho, 2º DIVISAS
revisor). MUNICIPAIS
MUNICIP LINHA
IO DE DIVISÓRIA COM
ARCEBURGO – O MUNICIPIO DE
DISTRIBUIÇÃO MONTE SANTO: -
N. 7 Partindo do alto
Parecer do Morro do
Comissão Pedregulho entre
Revisora da cabeceiras do
Divisa Corrego da Grama
Administrativa do e Ribeirão do
Estado de Minas Guaritá, atinge as
Gerais, tendo em mais altas
consideração as nascentes deste
informações do Natal Piovan, dona Eugênia Ferracin e filhos. Acervo do ultimo ribeirão,
Prefeito de comendador José Olívio Ferracin de Andrade. pelo qual desce até
Arceburgo, é de sua confluencia
parecer que seja mantido este com o Ribeirão Macaúbas
municipio, com as abaixo até sua foz no Ribeirão das
descritas: Arêas, nos limites com o
Embora o desejo Estado de S. Paulo.
manifestado pelo Prefeito deste LINHA DIVISÓRIA COM O
municipio no sentido de ser ESTADO DE S. PAULO –
transferido para este o distrito de Parte da foz do Ribeirão
Milagres, não foi possível a Macaúbas, no Ribeirão das
Comissão atender essa justa Arêas e desce por este
aspiração, não só porque muitos ultimo até sua confluencia
dos motivos apontados como no Rio Canôas, sóbe pelo
justificativas dessa transferencia Rio Canôas até o ponto em
desaparecem com a instalação que faz barra o Corrego da
efetiva do distrito de Milagres, Barreira, seu afluente da
como ainda é o próprio prefeito margem direita.
quem declara, como se vê a fls. 5 LINHA DIVISÓRIA COM O
do processo que “o municipio de ESTADO DE GUARANÉSIA
Arceburgo pleitea e até já entrou – Começa na confluencia do
em negociações e entendimento Rio Canôas com o Corrego
com a Prefeitura de Monte Santo da Barreira nos limites com
– é uma linha que exclue do seu o Estado de S. Paulo; sóbe
Olivio Ferracin (1903 – 1984), dona
território o distrito de Milagres. A pelo Corrego da Barreira
Maria Toffoli (1904 – 1999), dona Elça
Comissão aceitando esta linha, até sua cabeceira; continua
Gomes de Andrade (1930 – 2004) e
retificada num pequeno trecho, e dona Joana Campioli. Acervo do por espigões rodeando a
tendo em vista a pequenez da área, comendador José Olívio Ferracin de cabeceira do córrego que
procurou melhorar a configuração Andrade. passa na Fazenda da
geográfica do municipio, sem Cachoeira e desagua na
grandes sacrifícios dos seus margem esquerda do
municípios vizinhos e com esse Ribeirão da Onça, junto à

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Fazenda da Tapera; e confrontando também a aparece constituído do distrito sede não figurando
cabeceira de um pequeno córrego que deságua no o distrito de Milagres.
Ribeirão da Colonia do Meio, segue por espigões Em 31 de dezembro de 1945, o cônego
em direção á barra deste ultimo córrego no Gerardo Garcia SantAnna escreveu o seguinte
Ribeirão da Onça; sóbe por este ribeirão até a registro no 2º Livro do Tombo da Paróquia de São
confluencia do Corrego da Gordura; deste ponto João Batista de Arceburgo, conforme transcrição
sóbe o espigão ganhando o divisor de águas dos abaixo:
Ribeirões da Onça e da Grama e continua por este “Milagres – Sob um vivo entusiasmo do povo desta
divisor até defrontar as cabeceiras do Ribeirão da Capela terminamos a restauração interna e
Grama. externa da nossa Matriz, como chama o povo deste
Sala das Sessões, em Belo Horizonte, 18 de bairro. Constando do término da torre, construção
outubro de 1932. de um passeio em volta da capela, troca de portas,

Capela de Santo Antônio de Pádua construída em 1914, por iniciativa de Matteo Sandron.

Arthur Eugenio Furtado, relator) limpesa a têmpera, feitio do presbitério e um altar


Hildebrando Clark, primeiro revisor). – (Feu de novo, adquirido do Apostolado da Oração de
Carvalho, segundo revisor). – Pedro Aleixo) – Arceburgo. Orçando tudo isto em Cr$20.000,00
Benedito Quintino dos Santos). (vinte mil cruzeiros). Aqui fica bem patente quanto
Nada mais havendo a tratar levanta-se a de gratidão devo ao povo de Milagres e permita-
sessão. me destacar ou estampar o nome do sr. Floriano
A solução do problema só ocorreria no dia da Silva e sr. Eustazio Secundo dos Santos. Aquelle
09 de abril de 1937, que a pendente Monte Santo fiscal das obras e este Tesoureiro. Milagre teve a
de Minas, Arceburgo e Mococa chegou ao seu honra inaudita de receber no dia 19 de agosto
final, quando foi erigido nas pontes do rio Canoas e deste ano (1945) a visita do ilustre Prelado: D.
na do ribeirão das Areias os respectivos marcos Hugo Bressane de Araújo. Sua Excia. Revma.
divisórios entre os estados Minas Gerais e São chegou pela manhã para celebrar o Santo
Paulo. Arceburgo, apesar de tentar, não conseguiu Sacrifício da Missa. À porta da Capela de Santo
anexar ao seu território o distrito de Milagre. Antonio foi sua Excia. Saudado pelo Professor
Em divisões territoriais datadas de Floriano da Silva. Ahi aguardava a chegada de D.
31.12.1936 e 1937, o município de Monte Santo, Hugo o Povo de Milagres, as Escolas Reunidas e
-175 -
os srs. Prefeito de Monsanto (dr. Pedro Paulino da denominação de Milagre (singular), de acordo com
Costa) e de Arceburgo (capitão Adolpho de Souza a lei número 336, de 27 de dezembro de 1948,
Caldas). O Sr. Bispo em breves palavras satisfez sancionada pelo dr. Milton Soares Campos,
ao povo. Após a Missa o Sr. Bispo visitou a Capela governador do estado de Minas Gerais, cujo teor é
de S. N. dos Milagres brevemente restaurada e o seguinte: “Distrito de Milagre – Município de
depois foi-lhe oferecido um lauto almoço no salão Monte Santo de Minas – Entre os distritos de
das Escolas Reunidas. Às 2 horas, S. Excia. Milagre e Monte Santo de Minas: Começa na foz
ministrou o Crisma à 580 crianças e logo partiu do córrego Guaritá, no ribeirão das Macaúbas;
partiu para Guaxupé. Arceburgo, 31 de Dezembro continua por este ribeirão acima, até a confluência
de 1945. O Paroco Cônego Gerardo SantAnna”. do córrego das Pedras, sobe por este, até a
Em 1948, o padre José Maria Luz adquiriu confluência do córrego do Sapé; continua por este
uma casa paroquial com camas, colchões, roupas córrego acima, até a foz do córrego da fazenda do
de cama, mesa, cadeiras, copos, xícaras, etc. E Campo Redondo; daí sobe o espigão e prossegue
comprou também um motor pelo divisor de águas da
à óleo diesel margem direita do córrego
“International”, com o qual do Sapé, até atingir o ponto
se iluminou a capela, a casa fronteiriço à lagoa do Sapé,
paroquial e a praça Nossa próximo ao Cruzeiro; daí
Senhora dos Milagres. segue em rumo á foz do
Nessa época foram córrego que vem do alto da
fundadas as associações fazenda do Gordura, no
leigas católicas: Apostolado ribeirão das Areias, nos
da Oração, Pia União das limites com o Estado de São
Filhas de maria, Liga Paulo”. O Cartório de
Católica Jesus, Maria e Registro Civil e
Cruzada Eucarística. Tabelionato de Notas do
As festas religiosas Distrito de Milagre só seria
mais festejadas em instalado em 16 de janeiro
Milagres eram a de São de 1950, sendo nomeado
Sebastião, Mês de Maria como primeiro oficial,
(maio) e Santo Antônio. As Euripedes Barsanulpho da
folias de Reis continuam Luz (1920 – 1989) e oficial
sendo realizadas com muita substituto Odélio Bento da
devoção. Silva e o primeiro juiz de
Atualmente em paz a tomar posse do cargo
Milagre, Alceu de Lima foi o Elmano Secundo dos
Alves é um dos Santos, funcionando até
responsáveis pela preservação Professora Florianita de Paiva Gomes 1977, quando foi
da tradição das folias de reis. (dona Anita, 1898 – 1990). Foi professora transferido para a cidade de
Folião dedicado, há cerca de 70 no distrito de Milagre de 1915 – 1955. Monte Santo de Minas. Em
anos ele dá sua contribuição 08 de setembro de 1977, o
para manter a tradição das folias de reis. Com essa cartório retomou suas atividades no distrito de
dedicação, o distrito de Milagre conseguiu manter Milagre, sendo nomeada como primeiro oficial,
duas Companhias de Reis: a Estrela Guia – dona Maria Inez da Silva Ferracin (até o presente)
coordenada por Luiz Rosa e João Justino; e a Ouro, e atualmente, são seus oficiais substitutos, Haroldo
Incenso e Mirra – coordenada por “Gavião” e Fernando Silva Ferracin e Bráulio Laerte Silva
“Tito”. Graças a essas pessoas, essa manifestação Ferracin.
da cultura popular se manteve viva em nosso meio. Um dos primeiros vereadores dito
Com o aumento populacional e urbano, o “especiais” que representou o distrito de Milagre
povoado de Milagres é criado distrito com a
-176 -
na Câmara Municipal de Monte Santo de Minas foi também a capela de Santos Reis, que foi construída
Ismael Pereira Quinetti (1951). em local considerado pela Prefeitura Municipal de
O Cemitério Distrital de Milagre teve seu Monte Santo de Minas como área institucional.
primeiro sepultamento realizado em 14 de abril de Em 1953 tem-se notícias das seguintes
1950, e pela lei municipal número 219, de 05 de pessoas estabelecidas no distrito de Milagre:
maio de 1962, sancionada pelo prefeito Olyntho Angelo Ferracin, Eustázio Secundo dos Santos e
Paulino da Costa, a Câmara Municipal de Monte Mário Gomes de Andrade (comerciantes); Alberto
Santo de Minas autorizou a reconstrução dos de Souza Lima, Ismael de Oliveira Forte
muros do cemitério. Sabe-se que desde 1950 até (fazendeiros); Elmano Secundo dos Santos
maio de 2014, havia 74 pessoas sepultadas no (lavrador) e Juarez Travasso (funcionário público).
local. Entretanto, a desativação do cemitério Pelo censo demográfico de 31 de dezembro
resultou no sumiço de todos os restos mortais lá de 1955, a população do distrito de Milagre era
sepultados, sem que houvesse resposta sobre qual composta de 392 pessoas.
destino foi dado aos restos mortais das pessoas que Em 1959 escreveu o padre Adolfo Morán,
lá estavam sepultadas, e se houve, na época da no 2º Livro do Tombo da Paróquia de São João
remoção dos despojos, autorização judicial para Batista, as seguintes linhas de interesse para a
aberturas dos túmulos e remoção das ossadas. Sem história de Milagre, que transcrevo: “... Em
o cemitério próprio, as pessoas falecidas em Milagre foi construída a nova e confortável Casa
Milagre são enterradas Paroquial um
nos cemitérios de verdadeiro palacete,
Arceburgo, Monte Santo residência bem
de Minas, Mococa ou São construída, sólida, com
Benedito das Areias. alicerce de ferro e
A paróquia de concreto, vitrôs, janelas
Nossa Senhora dos em venezianas,
Milagres foi criada instalações sanitárias e
canonicamente em 02 de esgotos, tacos,
julho de 1950, pelo mosaicos, etc., pintura a
decreto episcopal número óleo os forros, as
501/01, de dom Hugo portas, janelas, os vitrôs
Bressane de Araújo, bispo e o portão da casa...
diocesano de Guaxupé. Nos dias 20, 21 e 22 de
No período de 1915 a janeiro do corrente
1972, a paróquia 1959, além da já
alternadamente pertenceu relatada Festa de São
sob orientação espiritual e Sebastião celebrada
administrativa dos nesta Paróquia, foi
párocos da paróquia de realizada a Festa de
São João Batista e de São São Sebastião em
Francisco de Paula. Milagre e nos dias
Cumpre ressaltar o acima referidos
incansável trabalho das compareceu S. Excia.
irmãs da Congregação das Revma. Dom Inacio
Filhas da Cruz: irmã A parteira Josephina Sandron (dona Pina, 1901 – João Dal Monte, D. D.
Aghnes; irmã Maria Paula 1993). Bispo Diocesano a fazer a
e irmã Ana Maria, que visita pastoral, a
muito trabalharam e administrar o sacramento
contribuíram materialmente e espiritualmente para da crisma e inaugurar a Casa Paroquial, por ele
o crescimento da paróquia, nos anos em que benta, na presença de concorrida multidão,
residiram no distrito. Há no distrito de Milagre, ocasião em que se fizeram ouvir diversos oradores
-177 -
ressaltando o trabalho da nova e moderna Casa tomar conhecimento do lugar dos moradores, da
Paroquial construída pelo pe. Adolfo Morán; Igreja, do estado da casa que deveria servir de
discursaram a jovem Santina Passoto, ressaltando residência paroquial, tomar os entendimentos
o trabalho do Padre Morán e hipotecando eterna preliminares com pessoas dali: Quanto à
gratidão; o snr. Alceu Rodrigues de Carvalho que paróquia, como também quanto a organização dos
fez constar o progresso desenvolvido pelo Padre trabalhos pela reforma da pequena construção
Morán tanto em Milagre, construindo a nova Casa para adaptá-la à função de Casa Paroquial; e no
Paroquial, reformando a igreja Santo Antonio etc. mesmo tempo para avisar que, a partir do
como Arceburgo construindo um novo hospital, Domingo seguinte, de 09 de janeiro, teria ido a
acabando a igreja de São Vicente de Paulo no celebrar a Missa Vespertina todos os domingos,
asilo e reformando a Casa Paroquial de até o dia em que a execução dos trabalhos da
Arceburgo, falou ainda para prestar contas dos reforma da casa permitisse de poder transferir a
donativos o pe. Adolfo Morán agradecendo a residência permanente na sede paroquial. Feito
colaboração finalmente usou da palavra o Sr. conhecimento com diversas pessôas do lugar, (a
Bispo agradecendo o trabalho da construção da dizer: de algumas pessôas da Comissão das Obras
Casa Paroquial e congratulando-se com este Paroquiais); feita a visita a Igreja Paroquial;

Vista aérea atual da Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Milagres, que tem como pároco o padre Carlos
Virgílio Saggio.

grande melhoramento”. tomado também conhecimento do abandono e


Os primeiros televisores chegaram em decadência da pequena construção, que deveria
Milagre entre os anos de 1962/1964 e foram de fazer da Casa Paroquial, e tomados os primeiros
dona Florianita de Paiva Gomes, Irineu de Morais entendimentos quanto aos respectivos trabalhos de
e Orlando Custódio de Carvalho. executar, e sendo encarregado aquelas pessôas de
Em 1972, o padre Omero Campanelli avisar os fieis quanto as celebrações das Missas
escreveu as seguintes notas no 2º Livro do Tombo Vespertinas nos Domingos, o Vigário voltou para a
da Paróquia de São João Batista, que transcrevo: residência paroquial de Arceburgo...”.
“... Pela manhã do dia três de janeiro de 1972, o O padre Campanelli fez uma pertinente
escrevente, no seu munus de Vigário Ecônomo de observação sobre os bens da paróquia, relatando o
Milagre, dirigiu-se para aquele povoado a fim de seguinte caso: “... Como aconteceu não muito
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tempo atraz na Capela de Santo Antônio de A assistência às parturientes do distrito de
Milagre, em que alguns fingidos compradores ou Milagre foi prestada por parteiras práticas, ou
admiradores de antiguidades, inesperadamente e melhor, curiosas. Josephina Sandron (Dona Pina),
sem culpa alguma dos zeladores, de noite que ao longo de 64 anos, ajudou muita gente vir ao
arrombaram uma janela e roubaram uma imagem mundo, assistindo grávidas e as ajudando a dar à
de um Cristo Crucificado, de madeira entalhada e luz. Dona Pina tinha o aval do doutor Humberto
esculpida de um certo valor, que foi trazida cá da Lattaro, médico residente em Monte Santo de
Itália por algum dos primeiros imigrantes que Minas, que, inclusive, ajudou a melhorar os
vieram para cá”. trabalhos da parteira, no acompanhamento das
Os primeiros postos telefônicos foram grávidas e na condução dos nascimentos. Dona
instalados nas casas de Antônio Secundo dos Pina fazia tudo de forma voluntária e não cobrava
Santos, secundado por Martins Ferracin. Em maio pelos partos que ajudava a realizar – ao contrário
de 1982, o farmacêutico Paulo Ribeiro Bouças, que de médicos, hospitais e maternidades atuais que,

Capela Sagrada Família, pertencente a José Olívio Ferracin de Andrade e sua esposa, dona Selma
Barbosa Ferracin de Andrade, inaugurada em 09.09.2003.

era vereador, comprou ações da Telemig e saiu mesmo públicos, cobram do Sistema Único de
vendendo os primeiros números de telefones Saúde (SUS). Contam os moradores mais antigos
automáticos, num total de 35 linhas. do distrito que Dona Pina realizava os partos a
Em 15 de agosto de 1982 foi inaugurado no qualquer hora do dia ou da noite. Bastava que fosse
distrito de Milagre, o Posto de Saúde Mário chamada. Sob chuva ou sol, frio ou calor, ela não
Magalhães Mafra, que contou com a participação se intimidava. Andava quilômetros para atender
de inúmeras pessoas e, dentre elas, os senhores: dr. pacientes em sítios e fazendas da região. Os
José Magalhães Mafra, alto funcionário da registros da época são poucos e as histórias ficaram
autarquia INAMPS; Luiz Alberto Paulino da mesmo é na cabeça dos moradores mais antigos. E
Costa, prefeito; deputado estadual dr. Luiz Vicente assim, com dedicação e discrição, Dona Pina foi
Ribeiro Calicchio; deputado federal João Baptista parteira até 1993, quando faleceu, aos 92 anos de
Castejon Branco; Carlos Alberto Paulino da Costa idade. Pelo trabalho de ajuda na formação da
e Plínio Pereira Quinetti. comunidade de Milagre, a prefeitura de Monte
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Santo de Minas, sendo prefeito, José do Carmo de Família, segundo o casal, foi construída em
Paula Braga (Cacau), em 2004, a homenageou, homenagem especial aos seus avós maternos
atribuindo seu nome do Posto de Saúde, onde há Olívio Ferracin e dona Maria Tóffoli e a todos os
uma placa com sua fotografia. Ferracin. Nela já foram realizados: casamento,
Entre os farmacêuticos que residiram em batizados e missas. Assim que anoitece, uma
Milagre, um houve que se dedicou com paciência e grande imagem de Nossa Senhora ao lado da
disposição, trata-se de Paulo Rodrigues Bouças, capela é automaticamente iluminada. Na época do
que vindo da região de Alfenas, Minas Gerais, aqui Natal, quando um colar de luzes é aceso ao seu
chegou em 1957, aos 22 anos de idade, onde redor, fica mais bonito ainda. Tornou-se um cartão
estabeleceu sua farmácia para atender os postal de Milagre, juntamente com os três sinos
moradores de Milagre e São Benedito das Areias. programados para tocar de 3 em 3 horas,
Em reconhecimento ao seu trabalho e dedicação, diariamente, a partir das 6 até a meia-noite. Todo o
destacando-se como um líder do distrito de distrito ouve esse badalar. Dessa forma, segundo os
Milagre, foi eleito vereador da Câmara Municipal seus proprietários, José Olívio e dona Selma, “esta
de Monte Santo de Minas por três mandatos: capela também pertence aos milagrenses”.
1964/1968; 1976/1982 e 1992/1996, graças ao seu Pela lei municipal número 1644, de
prestígio social e amizades em realizações, sendo setembro de 2008, sancionada pelo prefeito José do
estes os fatores para os seus sucessivos mandatos. Carmo de Paula Braga, foi instituído o “Dia Oficial
Paulo aposentou-se do comércio em 1994 e já é do Distrito de Milagre”, segundo o texto, este dia
falecido. será sempre “na sexta-feira que antecede o quarto
Em 1980 havia cerca de 53 casas no distrito domingo do mês de maio”. Embora não tenha
de Milagre, com uma escola e uma cadeia. fixado uma data específica, ficou estabelecido que
Em maio de 1982, o prédio da antiga “a sexta-feira será destinada a atividades cívicas,
delegacia de política foi reconstruído e foi festividades e comemorações locais”.
instalado o destacamento policial. Na história de A lei observava ainda que o quarto
Milagre há notícias de ter exercido o cargo de domingo do mês de maio é voltado às
delegado de polícia os senhores: Jô, Eustázio comemorações religiosas em louvor à Nossa
Secundo dos Santos, Divino Félix da Silva, Senhora dos Milagres, padroeira da paróquia e do
Hipólito José dos Santos, Alvino Piovan (Dida) e distrito.
Paulo Gomes Ribeiro. Um dos grandes nomes do distrito de
A área onde se localiza o campo de futebol Milagre é o de José Mateus de Castro Ribeiro
“Milagre Futebol Clube” foi oficialmente doada (Teteu), que é um dos três maiores adestradores de
pela Prefeitura de Monte Santo de Minas, através cavalos do Brasil, é um dos destaques da atividade
da lei municipal número 873, de 22 de junho de hípica e um requisitado profissional desta área. Em
1988, na gestão do prefeito Carlos Alberto Paulino 2012 foi homenageado pela rainha da Inglaterra,
da Costa. O “Milagre Futebol Clube” havia sido Elizabeth II, pelo trabalho que realizou, sobretudo,
fundado em 25 de março de 1988. Em outubro de “pelos extraordinários esforços para eliminar a
2013, o “Milagre Futebol Clube” teve sua violência no treinamento de cavalos”, dizia o
denominação alterada para “Estádio José Olívio certificado. A homenagem veio pouco tempo
Ferracin de Andrade”, em homenagem a esse depois de Mateus atuar de Monty Roberts –
grande benfeitor do distrito de Milagre. adestrador que prepara cavalos para a rainha. Teteu
A capela Sagrada Família é um oratório desenvolveu seu trabalho em parceria com o
particular, propriedade do comendador José Olívio Centro de Treinamento Equestre, da Haras Monte
Ferracin de Andrade e dona Selma Barbosa e está Santo, propriedade bastante conhecida no cenário
localizada na fazenda Taquaral, no distrito de do hipismo, localizada em Milagre e conquistou
Milagre. A capela foi inaugurada em 09 de centenas de títulos.
setembro de 2003, sendo solenemente benzida pelo Em novembro de 2013, o distrito pôde
padre Celso de Abreu Jesus, pároco da paróquia contar com o “Jornal de Milagre”, informativo
Santa Luzia, de Mococa, diocese de São João da mensal, apoiado pela ‘Associação dos Moradores
Boa Vista, estado de São Paulo. A capela Sagrada de Milagre”, cuja razão social é o Conselho
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Distrital de Desenvolvimento de Milagre, e que O distrito de Milagre tem atualmente uma
havia sido fundado em 03 de novembro de 1994. O população de 2.630 pessoas, um ramo econômico
informativo foi patrocinado pelo casal de muito promissor para o distrito de Milagre seria o
benfeitores José Olívio Ferracin de Andrade e dona turismo, se contasse com um “marketing” e apoio
Selma Barbosa de Andrade. Em seu primeiro mais efetivo da prefeitura, a exemplo dos encontros
editorial, o Jornal de Milagre se propôs ser um de Folia de Reis. Ele está localizado na região
canal informativo a fim de melhorar a informação sul/sudoeste (mesorregião) do estado de Minas
sobre cultura, esporte, saúde, educação, assistência Gerais, sua economia gira em torno da agricultura,
social, segurança, agricultura, economia, lazer, sobretudo nas plantações de café, apresentando
eventos, religiosidade, tradições, enfim, sobre a características fortemente rurais no que tange à
vida cotidiana do povo que faz esta terra. E economia, cultura, formação social, entre outras.
realmente, enquanto circulou, por cerca de dois Com a mecanização das lavouras de café a partir
anos, o Jornal de Milagre levou a todos, da década de 1980, houve intensa migração da
independentemente da classe social, religião, etnia população rural para a área urbana do distrito, com
o que tem de melhor nos moradores de Milagre – consequente criação de novos bairros na sua
sua beleza, união, participação na comunidade, periferia.
suas reivindicações e suas conquistas.

LAMENTÁVEL DESASTRE (1939)

Janeiro, dia 03, de 1939. Trágico acidente desprovida de balaustradas, projetou-se em águas
de automóvel abala a cidade. Oliveiros Coelho de revoltas.
Moraes (com 46 anos de idade) e seus filhos: Dos sete ocupantes do veículo salvou-se
Francisco Francisco que, ao
(com 21 anos ser projetado para
de idade), fora, sofreu apenas
Ofélia (com ligeiras lesões.
08 anos de Francisco
idade); Coelho de Moraes
Helvécio foi casado com
(com 05 anos dona Jandira
de idade) e Felício e anos mais
Maria Isabel tarde foi eleito
(com 03 anos prefeito de Mococa
de idade) e o – S.P. Oliveiros era
motorista irmão do
Hypólito farmacêutico
Gomes Sátyro Coelho de
Ribeiro Netto, Moraes, residente
dirigiam-se de em Arceburgo. Era
Milagre a Sepultamento de Oliveiros Coelho de Moraes e seus quatro filhos no farmacêutico em
Arceburgo, Cemitério Municipal de Arceburgo. Milagre e membro
quando ao de tradicional
tentar atravessar a ponte do rio Macaúbas, família radicada em Arceburgo. Era casado com
-181 -
dona Maria Bacci, deixando na orfandade os encarregado do tratamento urgente ao jovem
jovens Francisco (já mencionado), José, que se Francisco, o doutor Arthur De Lucca Netto.
casaria com dona Terezinha Giordano e dona Os cadáveres das vítimas, com exclusão do
Beralda Coelho de Moraes. Era filho do então já motorista, Hypólito Gomes Ribeiro Netto, foi
falecido Francisco Coelho dos Santos e de dona transferido para Milagre e posteriormente
Beralda Cândida de Moraes, falecida em 1950, aos sepultado no cemitério municipal de Monte Santo
98 anos de idade. Todos os filhos já são falecidos. de Minas. Vieram para Arceburgo, onde ficaram
O motorista Hypólito Gomes Ribeiro Netto, em casa de dona Beralda Cândida de Moraes, mãe
membro da conceituada família Gomes Ribeiro, de de Oliveiros. (Esta casa já demolida, é hoje
Monte Santo de Minas, deixou viúva, dona Maria propriedade de Andréia Piovan Jayme Resende).
Chrispim e na orfandade três filhas então menores: Arceburgo recebeu com profundo pesar os
Cleuffe Gomes Ribeiro de Souza Dias (Tati), corpos de Oliveiros e seus filhos, que mereceram
casada com o falecido doutor Gabriel de Souza as devidas reverências de sua gente com realização
Dias, residente em Arceburgo; Cleuza Gomes de missa de corpo presente em sua Igreja Matriz,
Ribeiro Bouças, casada com o farmacêutico Paulo celebrada pelo então pároco, monsenhor Felipe
Rodrigues Bouças e srta. Cleide Gomes Ribeiro, Abrão de Oliveira (padre Salim).
solteira, residentes em Milagre e um filho Esta ocorrência foi alvo de destaque na
Clasmelindo Gomes Ribeiro (já falecido), que foi imprensa da região, inclusive no jornal “O
casado com dona Clarinda Ferracin. ARCEBURGO”, em sua edição nº 402, de 08 de
Os médicos locais da época, doutor janeiro de 1939, propriedade de Ovídio Vieira de
Herculano de Paula Borges e doutor Arthur De Carvalho e redator, Nicolau Balbino.
Lucca Netto, prestaram o seu concurso e atenção No Rio de Janeiro, então capital da
de maneira mais solícita possível, quer no local do República, foi notícia no Jornal “A NOITE” e na
desastre, onde se transportou imediatamente o Rádio Nacional, ganhando grande consternação e
doutor Herculano de Paula Borges, tendo-se repercussão.

A ENERGIA ELÉTRICA EM MILAGRE

A energia elétrica só chegaria em Milagre Em 15 de maio de 1953, o Exmo. Sr. Cel.


em 1954, graças aos esforços do coronel Adolfo Adolfo Santana, vice-presidente da Câmara
Santana, do doutor Domingos Luz de Faria, doutor Municipal e membro do Diretório do P.R. entrou
com um projeto-lei que abria um crédito de
Pedro Paulino da Costa, doutor José Pereira
Cr$80.000,00 em favor da Cia. Sul Mineira de
Quinetti, doutor Humberto Lattaro e José Feliciano Energia Eletrica desta cidade, a fim de ser
da Silva, conforme podemos constatar nesse artigo instalada energia elétrica no Distrito de Milagre.
publicado no jornal “Fôlha da Monte Santo”, de 26 Essa tão importante iniciativa do Cel. Adolfo
de setembro de 1954, que transcrevo: Santana foi aprovada por unanimidade pelos
A luz eletrica em Milagre é um assunto que desde ilustres vereadores da nossa Câmara Municipal.
muito tempo vem sendo discutido. Todos os A Empresa Força e Luz local aceitou a
políticos, principalmente do situacionismo falam proposta apresentada pelo eminente chefe político
em resolvê-lo nas vésperas das eleições. do P.R. Logo tratou a Empresa de solicitar licença
Eleitos, nem admitiam falar sobre o para o Governo Federal para concretizar o desejo
assunto. Faz mais de 40 anos que o rico e próspero de todos. Oficiou-se para o Ministério da
distrito de Milagre vem pedindo aos poderes Agricultura. A solução não vinha. Mediante esta
municipais de Monte Santo para solucionar esse demora o povo de Milagre solicitou do Governo
tão importante problema para os milagrenses. Até Federal por intermédio da Prefeitura Municipal de
em 1º de maio de 1953 não havia nada de Arceburgo a autorização para a Empreza de
concreto. Mococa fornecer luz para aquele Distrito.

-182 -
O povo pediu a intervenção do operoso escola primária que temos é insuficiente, e sem
Prefeito de Arceburgo, coronel Ranulpho Faria, meios para tratar de nossa saúde.
porque estava cansado de dirigir aos poderes A promessa de luz e água encanada é tão
municipais de Monte Santo e não ser atendido. Eis velha que os velhos do nosso distrito já não creem
aqui na íntegra o memorial enviado ao Governo mais nas palavras das autoridades de nosso
por intermédio da Prefeitura de Arceburgo: município. A escola primária aqui existente não
‘Exmo. Sr. Dr. Presidente da República. tem capacidade para alojar um terço de nossos
Rio de Janeiro. filhos. Mais de dois terços das crianças deste
Nós, infra-assinados, moradores, distrito ficam analfabetos por falta de expediente
comerciantes, proprietários, lavradores, das autoridades municipais.
arrendatários, funcionários e demais pessoas deste O nosso distrito é riquíssimo. É o que mais
distrito, vêm expor a Vossa Excelência o seguinte: concorre para os cofres públicos de Monte Santo

Casa onde funcionou uma antiga ferraria, sendo um dos seus proprietários o baiano Algemiro
Rodrigues da Silva (Lico). Na esquina o único transformador do distrito, ponto de encontro nos finais
de tarde. Fonte: Revista Atitude Interior, número 11, abril de 2004.

Desde muito tempo que vimos solicitando de Minas. A nossa água é uma das melhores desta
dos poderes competentes do município de Monte região mineira. Estamos cercados de redes de luz
Santo de Minas, a melhoria deste rico distrito e elétrica e, no entanto, os poderes e chefes políticos
não temos tido apoio nos nossos justos pedidos. municipais nada fazem por nós.
Faz mais de 40 anos que o povo de Milagre Por isso, mediante a nossa exposição acima
vem solicitando aos chefes políticos e Prefeitos de pedimos a V. Excia. se digne solucionar este nosso
Monte Santo de Minas um tratamento condigno grande problema que é a luz em nosso distrito.
aos honrados cidadãos deste distrito, no entanto, Certos de que V. Excia. fará todo esforço
até a data presente só temos tido promessas e mais junto às autoridades competentes nesse sentido,
nada. O tempo passa e, com tristeza, vemos que as agradecemos a V. Excia. penhoradamente.
promessas não se realizaram e Milagre continua Distrito de Milagre de Monte Santo de
nesta situação tremenda sem nenhum conforto. Minas, 4 de abril de 1954’.
Este distrito tem mais de 50 anos de (Este memorial está assinado por trezentos
existência, contando da sua fundação, entretanto, e onze pessoas residentes e domiciliado naquele
não temos energia eletrica (luz), água encanada, a distrito conforme documento que se acha em poder

-183 -
do sr. José Feliciano da Silva, agrário República, assinando decreto autorizado a Cia. Sul
especializado que encabeçam este movimento). Mineira Energia Eletrica a construir linha de
Em resposta ao memorial acima transmissão entre o Distrito de Milagre, município
encaminhado, os Srs. signatários receberam o de Monte Santo de Minas e distrito São Benedito
seguinte comunicado da Presidência da República: das Areias, pertencente a Mocóca, Estado de São
“Gabinete Civil. Paulo. Saudação, a) J. Monteiro de Castro, Chefe
Srs. José Feliciano da Silva, agrário especializado da Casa Civil’.
e outros. Com a aprovação da lei apresentada pelo
O SECRETÁRIO DA PRESIDÊNCIA DA vereador Cel. Adolfo Santana, membro de
REPÚBLICA cumprimenta e tem o prazer de destaque do Diretório do P.R., a qual abriu crédito
comunicar que o seu pedido endereçado ao de Cr$80.000,00 para instalação da luz elétrica
Excelentíssimo Sr. Presidente da República, a fim em Milagre, as atividades dos partidos políticos
de ser examinado, foi remetido ao Ministério da locais, principalmente o P.R. e a U.D.N., e a
Agricultura, protocolado sob nº PR-047.458. Rio atitude do povo milagrense, enviando ao governo o
de Janeiro, 2-8-1954. memorial acima com mais de 300 assinaturas é
Ilegível”. que forçou as autoridades competentes a atender
Logo que o processo foi encaminhado para as justas reclamações do povo milagrense.
o Ministério da Agricultura, o Diretório do PR Mais uma vez os partidos políticos da
local solicitou a intervenção do deputado Daniel oposição de Monte Santo concorreram para o bem
de Carvalho, ex-Ministro da Agricultura, a fim de estar único e importante distrito de Milagre. Por
ser solucionado com a maior rapidez possível o isso, o povo milagrense deverá eleger nas
caso da luz em Milagre. próximas eleições de 3 de outubro os candidatos
Com a mudança de Governo Federal, foi da coligação U.D.N., P.R., P.S.P., porque eles
nomeado para Chefe da Casa Civil do Presidente continuarão atendendo os desejos da altiva e
da República o Exmo. Sr. Dr. José Monteiro de honrada população de Milagre”.
Castro, dd. Deputado da U.D.N., de Minas Gerais. Não se registrou com exatidão a data em
Com isso foi reforçado o pedido pelo diretório da que se acendeu a primeira lâmpada elétrica no
U.D.N. de Monte Santo para a instalação imediata distrito de Milagre. Ficou, porém, na memória
da luz em Milagre.
coletiva que houve uma grande comemoração
No dia 10 de setembro o Diretório da
U.D.N. de Monte Santo recebeu do deputado regada a muito “chopp” com gelo, distribuído à
federal dr. José Monteiro de Castro, Chefe da Casa população.
Civil do Sr. Presidente da República, o seguinte Visto assim, quando tudo era mormente
comunicado: difícil, rendamos nossa homenagem aos homens
‘Diretório da U.D.N. Municipal de Monte públicos daquele tempo, que com grande
Santo de Minas – M.G. dificuldade lutaram para que a população de
Comunico-vos prazeirosamente que o vosso
Milagre, gozasse do privilégio da energia elétrica
pedido foi atendido pelo Sr. Presidente da
até os dias de hoje.

O FORNECIMENTO DE ÁGUA EM MILAGRE

A população de Milagre buscava água nas artesiano e iniciaram as montagens dos


nascentes, a parte alta da sede do distrito usava o equipamentos para o bombeamento de água até o
sistema de cisternas, sendo que em algumas a água reservatório.
era salobra. Até 1969 não existia água canalizada
em nenhuma residência. A primeira rede de água Em primeiro de julho de 1970 foi
encanada, com a instalação de captação e inaugurado o primeiro poço artesiano que levaria
distribuição foi implantada por iniciativa de água até o reservatório. A construção desse poço
Antônio Barreto (Fiuca). Naquele ano foi deve-se ao Romeu Miranda e apoio da prefeitura
construída a casa de bombas, onde foi instalado os de Monte Santo de Minas, sendo prefeito Vital
compressores para a retirada da água do poço Paulino da Costa.

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Antônio Barreto, atento às necessidades da Em 2002, a administração dos sistema de
população, fez a instalação da torneira na lateral do água passou à responsabilidade da COPASA, e
reservatório de água para facilitar e evitar o longo Rafael Barreto continuou seu trabalho, pela
trajeto até a nascente. Nesse tempo, a rede de água empresa, somando ao todo 37 anos de dedicação.
estava em fase de construção para a distribuição – Com a COPASA, através de novas
as valas para as tubulações eram feitas de amianto tecnologias, foi substituído o velho reservatório (o
e de ferro galvanizado e o solo era aberto por primeiro) por um novo que está localizado ao lado
enxadão. Foi em meados de 1971 que a água do Posto de Saúde “Josephina Sandron” e foram
canalizada jorrou nas casas dos milagrenses. Com a feitas trocas das tubulações com melhor qualidade
morte de Antônio Barreto (1983), sucedeu-o seu e durabilidade.
filho, Rafael Barreto, no trabalho de fornecimento Milagre dispõe de excelente serviço com
de água. rede estendida por todo o distrito e a COPASA
mantém um bem equipado escritório.

UM PEDAÇO DE MONTE SANTO DE MINAS


CHAMADO MILAGRE
Milagre é um Distrito de Monte Santo de Na página 4 do primeiro livro Tombo da
Minas, sudoeste mineiro, com aproximadamente Paróquia Francisco de Paula, em Monte Santo de
131 anos, e está localizado a 13 quilômetros de Minas, temos o registro que no dia 26 de fevereiro
Monte Santo, sentido estado de São Paulo. de 1888, o Vigário João Marcondes, recebeu uma
Com uma pequena população de pouco quantia de 450 mil reis, do Sr. Graciano Marçal
mais 3.000 habitantes, uma certeza pode ser Sobrinho.
percebido, Milagre é o mais globalizado dos Esse valor de Graciano era uma doação de uma
distritos mineiros, porque está na divisa entre os mulher liberta por ele, que se chamava Thereza,
dois Estados, e toda a sua história tem a marca de que naquela ocasião pediu que fosse erguida um
muitos povos, e muitas culturas. oratório, em qualquer local determinado pelo
Recompor sua história não é tarefa fácil, os Vigário João Marcondes.
dados são poucos precisos, e nasceram muito mais A ex-escrava Thereza tinha uma imagem de
de histórias faladas do que histórias escritas, de Nossa Senhora dos Milagres, e pediu que após a
qualquer forma vamos às elas. sua morte, ela fosse colocada na Capela que seria
Milagre, Distrito do Munícipio de Monte erguida com o dinheiro doado, e a Thereza ainda,
Santo de Minas surgiu em 1889 com as doações de com um coração cheio de amor e devoção à Nossa
terra de 3 famílias: Senhora dos Milagres, pediu que caso a imagem
Maria Joana Cardozo doou 6 alqueires de sofresse algum dano, ela deveria ser substituída por
terra em nome da família Cardozo; outra da mesma devoção.
José Maria de Souza que doou 13 alqueires e Esse carinho da ex-escrava por Nossa
Graciano Marçal Sobrinho que doou mais 6 Senhora dos Milagres, começou provavelmente
alqueires. com alguma família portuguesa por onde passou
Com 25 alqueires de terra começou então a em seu tempo de escravidão, uma vez que a
formação da Vila, que até então não apresentava devoção à Nossa Senhora dos Milagres foi trazida
nenhum nome. pelos portugueses.
Porém, um pouquinho antes dessa história Sua generosidade fez com que sentisse em
das doações, temos um outro pedacinho da história seu coração a necessidade da construção da Capela
que nos levará ao nome atual do Distrito de à Nossa Senhora dos Milagres.
Milagre.
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O Vigário João Marcondes, convencido construção. Os italianos que ajudaram foram
com certeza, por Graciano Marçal, resolve Jeronimo Piovan, Fioravante Ferracin e Mateus
construir, a capela pedida por Thereza, e nas terras Sandron.
doadas por Graciano, Maria Joana Cardozo e José Então até 1915 já temos uma mistura de
Maria de Souza. vários povos e várias famílias: Paiva Gomes,
Com a Capela construída, Nossa Senhora Gomes Ribeiro, Piovan, Rodrigues da Silva,
dos Milagres batiza esse pedacinho de terra, e a Cardozo da Silva, Brasiel, Marçal, Piovan,
deixa marcada, como uma terra filha da Mãe dos Ferracin, e assim foi seguindo, baianos, italianos,
Milagres. português, alemãs, e deste povo lutador vai
No começo, Milagre, chamado a princípio surgindo um povo bom territorialmente mineiro, e
por Milagres, começa com uma pequenina desta forma, podemos enxergar, que mesmo com
população. tantas diferenças, todos encontram-se em um único
Primeiro, foi a chegada da família de José objetivo, um único sonho: um futuro melhor.
Cardozo da Silva, que veio da Bahia, pela forte Desejo comum de “ganhar a vida”.
seca que estavam passando no Nordeste, e em Mas o que pode ser considerado vida
seguida, vieram o senhor Ernesto leão e Jerônimo melhor, ou ganhar a vida? Vamos deixar que o
Piovan. resto da história nos responda.
Após eles, chegam as famílias italianas Em 1926, começou a construção da hoje
como os Ferracin, e algumas outras que foram se Matriz Nossa Senhora dos Milagres, que foi
unindo ao povo que iam se formando pelo trabalho finalizada em 1928. Construída por Policarpo
árduo e a vontade de fazer a vida valer a pena. Bacci, Amadeu Bacci, Gregório e Constante
Já no final do século XIX vieram para Ferracin,
Milagres, o senhor Alfredo Rodrigues da Silva, Há registros de que em 1927 haviam 22
José Paulino de Souza, os irmãos Brasiel e Hipólito residências, todas das famílias citadas acima.
Garcia de Oliveira, Plinio Quinete, e Hipólito Porém, o Distrito vai ganhando forma e encorpa
Gomes Ribeiro, casado com dona Maria mais um pouquinho pessoas e em seus anais, e em
Ancassuerd, de origem alemã. 1935 é inaugurada a Escola Estadual de Milagre,
Hipólito Gomes Ribeiro era irmão do onde a Florianita, chamada carinhosamente pelo
Coronel José Cassiano Gomes, que participou povo de dona Nita ainda lecionava, nesta época,
diretamente da emancipação de Monte Santo de chega, e se une ao povo de Milagre, família de
Minas, quando essa foi elevada de freguesia para origem japonesa, para compor a cultura do povo
município. deste Distrito.
O café e a agropecuária são as grandes Chegamos em 1957, Milagre tem 98
razões para que pessoas da Itália adviessem para residências, e a escala populacional vai
esse pedacinho de terra. E o povo baiano tinha o aumentando em 10% por ano, e assim, até os dias
desejo de construir povoados. E com a constante atuais, onde Milagre registra aproximadamente 700
chegada de pessoas e povos, Milagre vai se habitações que comporta os 3000 habitantes.
tornando um pouco mais habitada, porém sempre Porém, deste então muitas coisas foram compondo
com uma característica de lugar tranquilo. esse Distrito, nas décadas de 80 e 90 houve a
Em 1915 Américo Benicio de Paiva envia chegada do povo nordestino, pernambucanos,
sua filha Florianita de Paiva Gomes para Milagre cearenses, baianos e até paraibanos, que trouxeram
para assumir a educação dos filhos daqueles à vontade de trabalhar nas lavouras de cana de
imigrantes, que aqui trabalhavam de sol a sol. açúcar, e assim, de cultura em cultura Milagre vai
Florianita casada com João Gomes Ribeiro, filho formando sua própria identidade.
do Coronel José Cassiano Gomes, fica responsável Junto com a sua diversidade de povo,
pela educação do Distrito por 40 anos, até 1955. também, há a diversidade religiosa, com templos
Também, em 1915, começou a construção evangélicos e, também, com uma devoção, bem
da igreja para Santo Antônio de Pádua, uma especial que conquistou ao povo que são as
devoção muito forte entre os italianos, que fizeram Companhias de Reis. Uma devoção com total
suas doações com mão de obra e dinheiro para influência europeia, ganhou uma característica
-186 -
totalmente peculiar com esse povo milagrense, que com as encostas verdejantes, que rodeiam esse
mistura tantas culturas. Distrito podemos dizer com ousadia, que a gênesis
Hoje, as Companhias de Reis unem desde se deu aqui, a primeira pincelada do mundo foi
jovens até velhos na mesma mesa, na mesma aqui, o sol quando se põe se despede com
partilha do pão (ou melhor, do arroz e feijão), algo majestade, deixando estrelas no céu puro, e o sol
tão folclórico que atraem para suas Bandeiras dos quando nasce acorda o povo com suavidade. Em
Três Reis Magos, curiosos, devotos, ateus, que de Milagre toda a natureza sussurra de alegria, em
todas as formas são filhos de Deus, é assim que tudo ela canta um canto de paz. Tudo é vida, tudo
eles pensam, e desta forma, divulgam de casa em se transforma em vida.
casa o que acreditam, o que a fé de seus corações Aquele povo que no final do século XIX
escolheu para ser de Deus. chegou aqui com o objetivo de ganhar a vida, nos
Milagre é totalmente administrada pelo deixou um legado, a vida se ganha vivendo, com
Município de Monte Santo de Minas, mas tem vida amor, com paixão, com música, com alegria e com
própria, seu povo, continua tentando “ganhar a trabalho suado. E em comum aquele povo com
vida” na lavoura, de café e laranja, alguns têm esse povo de Nossa Senhora dos Milagres e dos
maior emancipação financeira com suas atividades Santos Reis, há uma única certeza de que a vida se
agropecuárias ou com suas almas empreendedoras, ganha com muita devoção.
para uma cidade de pouco mais de 3000 habitantes
3% da sua população atuam nos comércios do Eliete Gomes, escritora, consultora financeira e
Distrito. Os números que circundam Milagre de desenvolvimento humano, coach, atua como
principalmente nas dimensões financeiras, mostra o apoio em Grupos de Reflexão as Perdas e
que é que significava vir para Milagre e ganhar a Orientadora Espiritual.
vida.
E em Milagre, acontece muitos Milagres?
Há resposta é sim, e todos os dias. Ao nos deparar

COMENDADOR JOSÉ OLÍVIO FERRACIN DE


ANDRADE (1953)

Nascido em 09 de julho de 1953, no sítio financeiras (bancos), onde permaneceu por 30


Taquaral – hoje fazenda Canadá –, distrito de anos, passando por todas as atividades e segmentos
Milagre, município e comarca de Monte Santo de bancários.
Minas, estado de Minas Gerais, sendo filho de Casou-se com dona Selma Barbosa de
Mário Gomes de Andrade e de dona Elça Ferracin Andrade, professora em escolas públicas e
de Andrade. Iniciou seus estudos no Grupo Escolar particulares, nascendo os seguintes filhos:
“Getúlio Vargas”, saindo dessa escola aos 9 anos Alexandre, Luana, Camilla e Andressa.
de idade, quando sua família transferiu residência Com esforço e dedicação, fundou o grupo
para São Paulo. SCOR, em 1997, empresa voltada para prestação
Na capital paulista, José Olivio começou a de serviços ao sistema financeiro.
trabalhar com a idade de 11 anos, quando teve sua Preocupado e zeloso com sua terra natal,
primeira cadeira profissional registrada, em novembro de 2013, José Olívio e dona Selma
trabalhando nos mais variados empregos e funções, fundaram o “Jornal de Milagre” com a finalidade
sempre trabalhando durante o dia e estudando à de preservar a história e divulgar o distrito de
noite. Por fim, foi trabalhar em instituições Milagre, na sede da “Associação dos Moradores
-187 -
de Milagre”. Enquanto circulou, por cerca de dois Através de suas fazendas, José Olívio e
anos, o Jornal de Milagre levou a todos, dona Selma geram muitos empregos diretos e
independentemente da classe social, religião, etnia indiretos para os moradores do distrito de Milagre.
o que tem de Nos anais
melhor nos da história de
moradores de Milagre, há de
Milagre, ficar assinalada a
concomitante a data de
isso José Olívio 07.10.2006, pois
e Selma, nesse dia, José
filantropicamnet Olívio e dona
e custearam as Selma
obras de realizaram, na
reconstrução do fazenda Canadá,
“Estádio Milagre um evento para
Futebol Clube”, todos os
em 2013, que membros da “Família
justificativamente O casal José Olívio Ferracin de Andrade e dona Selma Ferracin”, que
Barbosa Ferracin de Andrade.
passou a ser nomeado estavam radicados no
oficialmente como Brasil, onde reuniu e
“Estádio José Olívio Ferracin de Andrade”. contou toda a história dessa família de imigrantes
Realizou e patrocinou vários eventos no italianos: naquela ocasião reuniram-se 1.250
distrito de Milagre: dia das Crianças, festejos pessoas oriundas dos Ferracin.
natalinos com distribuição de presentes, brinquedos Atualmente, José Olívio e dona Selma
e cestas básicas, tudo patrocinado por José Olívio e residem na fazenda Canadá, onde se dedicam à
dona Selma. criação de gado de corte, deixando as empresas
José Olívio e dona Selma patrocinaram a sediadas em São Paulo sob a administração de seus
reforma da Igreja Matriz Nossa Senhora dos filhos.
Milagres, do Salão Paroquial e da Capela de Santo
Antônio de Pádua, doando vários equipamentos
para a paróquia.

“Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há
os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são
imprescindíveis”.(Bertold Becht).

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O Correio de Monte Santo teve sua primeira edição em
05.08.1894, sendo o primeiro jornal editado em Monte Santo
de Minas. Era seu diretor José Vilela de Freitas.

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ABERTURA DA PEDRA FUNDAMENTAL DO
OBELISCO DO 1° CENTENÁRIO DA FUNDAÇÃO
DE MONTE SANTO DE MINAS, 1920/2020

No dia 26 de junho de 2020, após 100 anos, a pedra fundamental do obelisco da praça Coronel
Joaquim Bernardes foi oficialmente aberta na presença do prefeito Paulo Sérgio Gornati; dos secretários
municipais, dentre eles, a Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Turismo, Esporte e Desenvolvimento,
representada por seu titular, Pedro Roberto da Silveira, e o Departamento de Cultura, Turismo, Indústria e
Comércio, representado pelo seu diretor, Bruno Tripoloni Balista, dos vereadores da Câmara Municipal de
Monte Santo de Minas, de outras autoridades, dos conselheiros do Conselho Municipal do Patrimônio
Histórico e Artístico de Monte Santo de Minas e dentre eles, dona Marlene Félix Pucci Palacini e algumas
pessoas, pois a cerimônia foi restrita ao público por conta da pandemia do COVID-19. De dentro do obelisco
foram retirados alguns manuscritos do major Américo Benicio de Paiva, de José Orestes da Luz, de Miroveu
de Souza Vieira, dentre outras pessoas daquela época. Junto aos papéis acondicionados em garrafas de vidro
foram encontrados jornais, folhetos, a ata do evento centenário com assinaturas dos presentes e o discurso
do orador Michelet Navarro. Todo o material histórico foi recolhido e depositado no Museu Municipal Dr.
Joaquim Ernesto Coelho. Guarda viva lembrança do fato, dona Noêmia Luz Castro Moscardi, nascida em
11 de abril de 1913, na época com 07 anos de idade e hoje ainda perfeitamente lúcida aos 107 anos de idade.

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Um dos manuscritos mais sugestivos encontrados junto à pedra fundamental do Obelisco do
Primeiro Centenário da Fundação de Monte Santo de Minas foi o escrito por José Orestes da Luz, que foi
casado com dona Maria das Dôres Monte Alegre (Dolores, 1881 – 1927), onde está descrita sua árvore
genealógica, remontando a um parentesco com Francisco Mendes Carneiro, um dos fundadores da cidade.
Para a geração atual ele deixou a seguinte mensagem, que transcrevo: “A Câmara Municipal junto à Igreja
reprezentada pelo seu Vigário festejaram o Centenário – desta cidade. Fornecendo um mappa da minha
família, festejando hoje, também, com os meus o dia de hoje – felicito a nossa geração familiar futura e aos
povos modernos de 2020, dezejando muita sortes de felicidades. Deus vos guiarão. Lembrança: Existe aqui
uma mulher viva ainda Siá Antonia com 113 annos, desde o começo desta terra, já tinha 13 annos. Monte
Santo, 26 de junho de 1920. (a) José Orestes da Luz.

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Escritura de compra e venda da fazenda do Ouvidor, lavrada em 09 de outubro de 1837,
pelo escrivão Cassiano José de Lima, em favor de Marçal Vieira Homem (1786 – 1846) e
de sua esposa, dona Luciana Maria de Jesus (1813 – 1846), sogros do primeiro
casamento de José Paulino da Costa, 1827 - 1903.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

- Velhos Jornais de Monte Santo - coletânea organizada por José Ferreira Carrato, 1986 e 1988;
- Nação Brasileira, diretores: Alfredo Horcades e Théo Filho, anos variados de 1925 a 1942;
- Anuário de Monte Santo, diretores redatores: Doutor Joaquim Ernesto Coelho, Elpídio Alves e José Tigani,
1942;
- Monte Santo de Minas, História e Atualidade. Luiz Antonio Novelli, 1978;
- Cronistas monte-santenses. Organizado por L. A. Novelli, 2012;
- Itamogi: Caminhos de sua História, Terezinha Barbosa Guimarães, 2010;
- História de Arceburgo. Orlando Lodovici, Sebastião Campos e Sander Rogério Ribeiro Pereira, 1993;
- Eu e Minha Família, Francisco Paulino Lima;
- São Pedro da União: História e Política. Sander Rogério Ribeiro Pereira e Edino Alves Pacheco;
- Lanterna na Popa. Roberto Campos, 1994;
- Livros do Tombo da Paróquia de São Francisco de Paula, Monte Santo de Minas, diocese de Guaxupé, MG;
- Livros do Tombo da Paróquia de São João Batista, Arceburgo, diocese de Guaxupé, MG;
- Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional;
- Acervo digital do Arquivo Público Mineiro;
- Acervo do Museu Municipal Histórico Doutor Joaquim Ernesto Coelho;
- Acervo do Instituto Histórico e Cultural de Arceburgo;
- Site Estações Ferroviárias do Brasil.

AGRADECIMENTOS

Aqui estão registradas, com fidelidade, as informações que consegui obter de viva voz e as que colhi nos
arquivos, cartórios, registros paroquiais e outras fontes. Sou sobremaneira grato às seguintes pessoas pelos mais
variados favores: Maria José Neves Falbo; Alcides Monteiro da Silva Neto; Raul Monte Alegre Netto; Sérgio
Salgado de Oliveira; José Antônio Paulino da Costa; doutor Francisco Paulino Lima; Tiago Ambroscevicius
Monte Alegre; Edson de Faria; Ataliba Pereira Lima; Vera Christina Sampaio Luz de Faria; Gladstone Marck de
Pádua Monte Alegre; Dinoherci Romanini Maravelli; Tânia Maria de Souza Lopes; doutora Brasilalves Ferreira
Santana; doutora Priscila Maria Paulino dos Santos; Lucas Duarte de Paula; Maria Inês Silva Ferracin; Maria
Anita de Carvalho Ferracin; Adriana Ferracin; Marli Aparecida Correia de Oliveira; Eustázio Secundo dos Santos
Neto; Marlene Félix Pucci Palacini; Maria Zélia Mafra Pereira de Mello; Ricardo Luz Cunha; doutor Lysias
Paulino Luz; José Olívio Ferracind e Andrade; Selma Barbosa Ferracin de Andrade; Cleuffe Gomes Ribeiro de
Souza Dias; Fátima Aparecida Silva Savioli; Cecilia Galvani Guidorizzi David; Amélia Aparecida Trindade Cilli;
Antonino Silva; padre João Ademir Vilela; Cidinha Grotto; doutor Jairo Navarro Magalhães (in memorian);
Wilson Remédio Ferraz; padre Hiansen Vieira Franco; Otávio Bufoni Ferreira; Cléa Lúcia da Silva Faria; Eliete
Gomes; doutor Fernando Antônio Xavier Brandão; Leonardo Borgheti Marques Falarini Belotti; Sara Maria
Caixeta de Oliveira; Nilda Machado Parisi Ribeiro; José Ferreira Carrato (in memorian); José Paranhos de
Siqueira (in memorian); Fúlvia Carvalhais de Freitas (in memorian); Noraldino Lima (in memorian); Elpidio
Alves (in memorian); Hebe Mary Navarro Pontes Campos (in memorian); Huxley Ivens Pontes Luz de Pádua
Cerqueira; Antonio Francisco de Oliveira (in memorian); Paulo Aparecido Dias de Lima, doutor Angelo de
Almeida, doutora Manuella de Oliveira Nunes Maranhão Ayres Ferreira; Lilian Saldanha; doutor Milton César de
Lima; Ana Regina Angeli e doutor Urias Soares de Moraes (in memorian).

-196 -
DADOS ATUAIS DO IBGE DE MONTE SANTO DE
MINAS

CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS

A topografia de Monte Santo de Minas é predominantemente ondulada com formações de serra e


planaltos elevados principalmente na parte leste e norte do município, sendo a “Serra do Monte Santo” o final
extremo noroeste da Serra da Mantiqueira. Parte do município é de terreno acidentado com algumas formações
de colinas e morros, sendo os “Dois Irmãos” os mais marcantes e conhecidos. A vegetação é de transição da Mata
Atlântica para o Cerrado apresentando grande variedade de espécies e de biótipos, se este estiver em uma área
montanhosa, vale ou chapada.
Não há grandes áreas florestais contínuas no município, somente pequenas parcelas fragmentadas de
florestas que dependem basicamente dos produtores rurais para sua preservação. Outrora, era comum a caça de
perdizes e codornas nos campos de altitude, pastos e cerrados do município, acompanhada da criação de cães
perdigueiros, atividade hoje proscrita. Dos anos de 1930 a 1960, caçadores costumavam extrair até cem codornas,
em uma só surtida, tal era a abundância dessa ave. O falecido Amílcar Melleti, foi um dos principais envolvidos
com essa atividade predatória. O clima é subtropical de altitude e ameno. Em algumas áreas do município a
temperatura chega a ser bem fria durante a noite, ocorrendo formação de geada esporádica no inverno. No verão
o clima é úmido, quente e agradável.
A temperatura média anual é de 20,6 graus. A precipitação média anual é de 1690 mm concentrando-se
principalmente entre os meses de dezembro e fevereiro.

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SUMÁRIO

Mensagem do Prefeito.................................................................................................................................................................3
Mensagem do Presidente da Câmara dos Vereadores.................................................................................................................4
Mensagem do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico....................................................................................4
Mensagem da Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Turismo, Esporte e Desenvolvimento...........................................5
Mensagem da Secretaria Municipal de Finanças.........................................................................................................................6
Mensagem da Secretaria Municipal de Saúde Pública................................................................................................................7
Mensagem da Secretaria Municipal de Admininistração Geral..................................................................................................8
Mensagem da Secretaria Municipal de Assistência Social..........................................................................................................8
Conselheiros do Conselho Municipal de Cultura......................................................................................................................10
Conselheiros do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico..............................................................................12
Apresentação..............................................................................................................................................................................13
Monte Santo (Minha Terra) – Hebe Mary Navarro Pontes Campos.........................................................................................15
Apontamentos para a História de Monte Santo de Minas.........................................................................................................16
Monte Santo – Noraldino Lima.................................................................................................................................................34
Monte Santo em tom de salmo - José Ferreira Carrato.............................................................................................................35
Monte Santo – Paranhos de Siqueira.........................................................................................................................................35
Francisco Leal Alemão (1752 – 1839)......................................................................................................................................36
Francisco Mendes Carneiro (1755 – 1838)...............................................................................................................................37
Padre Machado (1783 – 1848)...................................................................................................................................................38
João Ferreira da Costa (1784 – 1849)........................................................................................................................................39
Comendador Francisco Coelho Monte Claro (1812 – 1861).....................................................................................................41
Tenente Urias Coelho Monte Alegre (1822 – 1876).................................................................................................................49
A polêmica história sobre o título do Barão de Monte Santo....................................................................................................51
Doutor João Augusto Ribeiro Guimarães (1843 – 1901)..........................................................................................................55
Coronel Lucas Tobias de Magalhães (1844 – 1923).................................................................................................................56
Coronel Fabiano Soares de Moraes (1847 – 1924)...................................................................................................................58
Um nome esquecido: Major Francisco Cassiano de Lima (1858 – 1925).................................................................................62
Major Américo Benicio de Paiva (1861 – 1929).......................................................................................................................68
Doutor Wenceslau Braz Pereira Gomes (1868 – 1966).............................................................................................................70
Coronel Francisco Gê Pereira Lima (1870 – 1944)...................................................................................................................75
Doutor Valdomiro de Barros Magalhães (1883 – 1944)...........................................................................................................75
Doutor Aristides Cunha (1888 – 1972).....................................................................................................................................77
Coronel Francisco Grassano (1888 – 1971)..............................................................................................................................79
Doutor Pedro Paulino da Costa (1898 – 1967)..........................................................................................................................80
Doutor Tito Livio Lages da Silva Pontes (1887 – 1982)...........................................................................................................82
Doutor Brasiliano Santana (1915 – 2004).................................................................................................................................83
Fúlvia Carvalhais de Freitas (1917 – 2010)...............................................................................................................................85
João Batista Castejón Branco (1919 – 1985).............................................................................................................................86
Doutor Humberto Falbo (1934 – 2015).....................................................................................................................................87
Carlos Alberto Paulino da Costa (1939)....................................................................................................................................88
Professor-Doutor José Ferreira Carrato (1914 – 1996).............................................................................................................88
Monte-santenses ilustres............................................................................................................................................................92
Os heróis esquecidos da História de Monte Santo de Minas.....................................................................................................94
Ode a Monte Santo de Minas – Elpídio Alves..........................................................................................................................95
Aparecida – Antônio Frederico de Oliveira...............................................................................................................................95
A História da Comarca de Monte Santo de Minas....................................................................................................................96
Monte Santo – Fúlvia Carvalhais de Freitas............................................................................................................................101
Monte Santo – Doutor Urias Soares de Moraes......................................................................................................................101
A Guarda Nacional de Monte Santo........................................................................................................................................102
Monte Santo no teu dia – Nilda Machado Parisi Ribeiro........................................................................................................109
Reminiscências de Monte Santo de Minas – Huxley Ivens P. L. de Pádua Cerqueira............................................................109
O movimento de alforria dos escravos em Monte Santo.........................................................................................................110

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Xambá.....................................................................................................................................................................................111
A imigração italiana em Monte Santo de Minas.....................................................................................................................113
A colônia sírio-libanesa e os ibéricos......................................................................................................................................115
Relação dos Capelães, Vigários, Párocos e Administradores da Paróquia de São Francisco de Paula..................................117
O Baú com Libras Esterlinas...................................................................................................................................................120
Reminiscências da Arte de Fazer Nada...................................................................................................................................122
Reminiscências das Comemorações do Primeiro Centenário da Fundação de Monte Santo de Minas..................................123
A Companhia Mogiana de Estradas de Ferro – 1913 – 1971..................................................................................................124
Loja Maçônica Caridade Monte-santense...............................................................................................................................128
Pequena História do Carnaval de Monte Santo.......................................................................................................................129
Breve Histórico do Sambódromo “Sebastião Antônio da Silva” – “Terreirão do Samba”.....................................................143
O Museu Municipal Dr. Joaquim Ernesto Coelho...................................................................................................................145
Homenagem a Luiz Antonio Novelli.......................................................................................................................................147
Monte Santo de Minas, parte de mim – Sara Maria Caixeta de Oliveira................................................................................148
Os símbolos heráldicos de Monte Santo de Minas: a bandeira, o brasão e o hino..................................................................149
Noraldino Lima – 1885 - 1951................................................................................................................................................155
Ligação de Noraldino Lima com Monte Santo de Minas........................................................................................................157
Maria Ruth Luz – 1928 – 2010................................................................................................................................................157
Memorial dos Prefeitos de Monte Santo de Minas..................................................................................................................159
Vereadores da 13ª Legislatura (2017 – 2020) da Câmara Municipal de Monte Santo de Minas............................................167
Apontamentos para a história do Distrito de Milagre..............................................................................................................168
Lamentável Desastre................................................................................................................................................................181
A energia elétrica em Milagre.................................................................................................................................................182
O fornecimento de água em Milagre.......................................................................................................................................184
Um pedaço de Monte Santo de Minas chamado Milagre – Eliete Gomes..............................................................................185
Comendador José Olívio Ferracin de Andrade........................................................................................................................187
Abertura da pedra fundamental do Obelisco do 1º Centenário da Fundação de Monte Santo de Minas – 1920 – 2020........193
Referências bibliográficas.......................................................................................................................................................196
Agradecimentos.......................................................................................................................................................................196
Dados atuais do IBGE de Monte Santo de Minas...................................................................................................................197
Características geográficas......................................................................................................................................................197

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